«COP deve assumir-se como grande instituição desportiva nacional» · 2018. 11. 2. · Projecto...
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Revista do Comité Olímpico de Portugal
Publicação Bimestral - Novembro/Dezembro de 2004 - Nº 113 - PUBLICAÇÃO GRATUITA
«COP deve
assumir-se
como grande
instituição
desportiva
nacional»
«COP deve
assumir-se
como grande
instituição
desportiva
nacional»
ENTREVISTA
Vicente Moura
ENTREVISTA
Vicente Moura
REPORTAGENS
Festa do
95º aniversário
do Comité
Inauguração
da Nave
de Vila Real
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6 ENTREVISTA
No termo de um ciclo
olímpico e antes das
eleições da Comissão
Executiva para a próx-
ima Olimpíada, o presi-
dente do C.O.P. faz o
balanço do trabalho
realizado e projecta os
próximos anos, com
os olhos postos no
grande objectivo
Pequim-2008, onde
conta duplicar o
número de medalhas e
chegar aos 15 diplo-
mas.
16 DOCUMENTO
Já há quem a considere a proposta
que vai revolucionar o Desporto por-
tuguês: é o Projecto Olímpico 2008-
2012, avançado pelo C.O.P. e em vias
de ser aprovado pelo I.D.P. que con-
ferirá ao Comité total responsabili-
dade pela preparação olímpica, não só
pela gestão dos recursos e subsídios,
mas também pela coordenação técni-
ca através de uma estrutura profis-
sional, a DAPO
40 INAUGURAÇÃO
A Nave Desportiva de Vila Real de
Santo António foi inaugurada pela
Primeira Dama, Drª. Maria José
Ritta, possibilitando a formalização
do protocolo que institui o segundo
Centro de Preparação Olímpica do
C.O.P.
34 FESTA
O 95º aniversário do Comité
Olímpico de Portugal foi o pretexto
de uma grandiosa festa de home-
nagem aos atletas que se
destacaram em 2003 e obtiveram
nos Jogos de Atenas os melhores
resultados de sempre, além de
expressivas homenagens a diri-
gentes ímpares como Shintaro
Kobayashi, Reis Pinto, Boa de
Jesus, Lima Belo, e também ao jor-
nalista Rodrigo Pinto.
21 CALENDÁRIO
Já é um clássico de fim de ano, o
Calendário Olímpico com fotos de
atletas em destaque. Este ano
os modelos foram os doze atle-
tas medalhados e diplomados em
Atenas. A Olimpo acrescenta ao
Calendário propriamente dito a
agenda dos principais eventos
desportivos previstos para 2005
OLIMPO 113
foto capa
Carlo
s A
lberto M
atos
Propriedade e Edição
Comité Olímpico de Portugal, Travessa da Memória, 36 1300-403 Lisboa
Tel.: 21 361 72 60 Fax: 21 363 69 67
Director José Vicente Moura
Director Executivo João Querido Manha
Textos João Q. Manha
Manuela Hasse (Comissão Mulher e Desporto)
Edição Fotográfica Carlos Alberto Matos
Fotos Carlos Alberto Matos, Alexandre Koch
Projecto Gráfico e Paginação Rogério Bastos
Impressão Mirandela - Artes Gráficas, S.A.
Tiragem 2000 exemplares
Periodicidade Bimestral
Numero de Registo ICS 102203
Depósito Legal 9083/95 Distribuição gratuita
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Desporto inspira
portugueses
C
om os Jogos do nosso contentamento terminou a XXVIII
Olimpíada.Não foram quatro anos fáceis nem isentos de
obstáculos. Mas percorremo-los com a certeza das nossas
opções e convictos que o tempo traduziria a justeza dos
nossos objectivos. Haverá, ainda, um longo e sinuoso
caminho a prosseguir, mas os resultados encorajam-nos a persistir.
As acções e atitude de mudança revelaram-se consequentes.
Portugal enfrenta complexos desafios e o nosso desporto reflecte obvia-
mente essa realidade.
Contudo, o ano de 2004 ficará especialmente assinalado pelos êxitos
desportivos. Na falta, infelizmente, de factos relevantes em outras áreas.
Os êxitos desportivos inspiram positivamente a nossa vida colectiva, os
nossos concidadãos e compatriotas espalhados pelo Mundo.
Importa sublinhar que o Olimpismo português, indesmentivelmente,
progrediu. Melhorou a organização, aumentaram as nossas capacidades e
cresceu a credibilidade.
Assumiram-se crescentes responsabilidades no campo da gestão do
Projecto Olímpico e adoptámos uma moderna e inovadora matriz de pre-
paração olímpica projectada para os próximos ciclos.
Estão assim criados os alicerces para se atingir níveis mais exigentes de
intervenção no denominado desporto de excelência.
Não podemos perder oportunidades. A opinião pública de hoje com-
preende-nos e apoia-nos.
Por isso, o Comité Olímpico de Portugal conta com todos para a patrió-
tica missão de, com base no trabalho desenvolvido ao longo do Ciclo
Olímpico que ora termina, darmos, em 2005, novos passos rumo ao desen-
volvimento desportivo.
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Estão criados
os alicerces
para se atingir
níveis mais
exigentes de
intervenção
no
denominado
desporto de
excelência.
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JOSÉ V ICENTE MOURA
Presidente do Comité Ol ímpico de Portugal
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COMANDANTE JOSÉ VICENTE MOURA
Presidente do Comité Olímpico de Portugal
«Considerar-me-ia muito defraudado
se em Pequim não duplicássemos
as medalhas e não aumentássemos
o número de diplomas em 50 por cento»
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OLIMPO: No momento de transição
entre duas Olimpíadas históricas
para o movimento olímpico interna-
cional, o COP também pode fazer
um balanço positivo dos últimos
quatro anos?
- O balanço da nossa acção é extrema-
mente positivo e conducente a um
aumento de importância do Comité
Olímpico na sociedade portuguesa,
especialmente na área desportiva. O
COP libertou-se da dependência eco-
nómica atávica do Estado o que lhe
permitiu uma independência de
actuação muito importante porque
sem autonomia financeira é muito
difícil uma instituição ser completa-
mente independente e agir sem cons-
trangimentos e segundo os seus pró-
prios ditames. Em termos desporti-
vos, transformou-se e equipou-se de
novos serviços para proporcionar
melhores condições e preparação às
Federações e aos atletas portugueses.
Destaco o Centro de Preparação
Olímpica de Rio Maior, graças à visão
do seu presidente da Câmara, Silvino
Sequeira, e também numa fase poste-
rior o Centro de Preparação de Vila
Real de Santo António, que se encon-
tra já em pleno funcionamento.
Infelizmente ainda não conseguimos
implantar no terreno o Centro de
Preparação Olímpica de Vila Nova de
Gaia, devido a algumas opções inter-
nas na própria autarquia. Quando
este processo for finalizado, o COP
disporá de três Centros de Preparação
Olímpica, no Sul, no Centro e no
Norte, o que facilitará muito o acesso
dos atletas a condições de treino mais
dignas e também aos apoios médicos
sistemáticos necessários nas várias
etapas de preparação dos ciclos olím-
picos.
- Outra área onde se conseguiu evo-
luir bastante foi no apoio médico.
- Era um dos problemas mais graves
no apoio aos atletas, os quais não ti-
nham onde se dirigir quando se lesio-
nam ou adoecem. Só temos dois
Centros de Medicina Desportiva, em
Lisboa e Porto, com horários incom-
patíveis com a prestação desportiva
dos atletas. Na parte final do ciclo
olímpico de preparação para Atenas,
graças à visão do Dr. José Manuel
Constantino, abriu-se um gabinete
médico do IDP junto à piscina do
Jamor, mas que tinha algumas dificul-
dades de horário de atendimento
pelos constrangimentos da função
pública, o que o COP veio colmatar
com a abertura de um gabinete médi-
co praticamente 24 sobre 24 horas que
permitiu, nos últimos meses antes dos
Jogos, resolver todos as dificuldades
de apoio em particular aos atletas da
zona centro do país. Mantiveram-se
as de alguns atletas do Sul e na totali-
dade ainda os problemas que existem
a Norte, mas o COP procura soluções
alternativas, com a criação de um
pólo de apoio médico em colaboração
com o Centro de Medicina Desportiva
do Porto e algumas empresas, à
semelhança do que já temos em
Lisboa.
- O Comité Olímpico vai avançando
nessas áreas por falta de resposta do
Estado?
- Temos um contacto directo com os
atletas e mesmo muito próximo com
os membros da Comissão de Atletas
Olímpicos (CAO), cujas carências e
queixas estamos sempre a ouvir, e à
medida que obtemos meios financei-
ros e meios humanos vamos avançan-
do com respostas. Tudo tem sido feito
com planeamento e segurança, invia-
bilizando as soluções que se afigurem
«Pela primeira vez o COP
vai assumir
total responsabilidade
pela preparação dos Jogos»
Entrevista de João Querido Manha Fotos de Carlos Alberto Matos
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incomportáveis para os nossos meios
financeiros, sabendo que não pode-
mos chegar a todo o lado. O Estado
tem dificuldades em resolver estes
problemas, mas acaba por nos seguir
quando avançamos, pelo que temos
encontrado muita compreensão no
IDP, que tem realizado também um
enorme esforço. No entanto, subsis-
tem problemas que volta e meia são
focados na comunicação social, em
particular a não isenção do IRS das
bolsas olímpicas, que considero um
disparate uma vez que elas se desti-
nam fundamentalmente a compensar
despesas que os atletas realizam na
sua preparação, e também um outro,
muito grave, que o COP ainda não
conseguiu resolver, que é o seguro
desportivo adequado ao desporto de
excelência. Nos Jogos de Atenas fize-
mos os seguros de viagem, de baga-
gem, de acidentes, tudo e todos esta-
vam seguros, excepto... os acidentes
em competição. Não foi possível
encontrar em Portugal nem no estran-
geiro nenhuma empresa que estivesse
disposta a fazer esse seguro, dada a
diversidade dos atletas, quer pelas
características da modalidade quer
pelo seu valor intrinseco e natural-
mente também devido à diversidade
de lesões que podem ocorrer.
- É um problema comum a todos os
países?
- Afecta Portugal em particular, pois
os outros países têm-no resolvido
fundamentalmente através do Estado.
Se nós transferirmos esta responsabi-
lidade total para uma seguradora,
esta cobra-nos um prémio completa-
mente incomportável, uma verba
astronómica - basta imaginar o valor
de um atleta como Cristiano Ronaldo.
Achamos que o Estado tem de assu-
mir algum risco nesta matéria, como
por exemplo o estabelecimento de
uma franquia que faça descer o valor
do prémio. Nos Jogos de Atenas, foi o
COP que assumiu este ónus, uma
responsabilidade enorme, o que teve
como consequência que no caso da
lesão do João Gomes (Esgrima), que
ocorreu em plena prova, esteja o
Comité a pagar todos os tratamentos
ao longo de meses.
- Os resultados de Atenas, os melho-
res de sempre, foram uma surpresa
para o COP e para si pessoalmente?
- Estava mais ou menos à espera des-
tes resultados, mas não através dos
atletas que os conseguiram... Houve
desde o início algumas expectativas,
tendo por base os elementos que
conhecemos. Toda a gente confiava
por exemplo que a equipa de futebol
conseguiria no mínimo uma medalha,
a Vela e o Judo também eram modali-
dades que nos pareciam perto do
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Dois problemas
graves que ainda não
conseguimos resolver
e que têm de merecer
a intervenção do
Estado são o seguro
de competição, que
pode atingir verbas
astronómicas e
incomportáveis e a
reinserção social e
profissional dos ex-
atletas internacionais
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pódio. Noutras sabíamos que exis-
tiam atletas de grande talento e capa-
cidade, capazes de chegar a bons
resultados, eventualmente finais, mas
ainda não às medalhas. O que acabou
por acontecer foi um pouco à revelia
destas ideias, com os novos atletas a
preponderarem. Apareceram em
força, quer nas medalhas quer nas
classificações até ao oitavo lugar,
enquanto os mais velhos, ou por não
estarem em forma ou por estarem a
sair de lesões recentes, acabaram por
ficar aquém das expectativas.
- Faz um balanço positivo do modo
como decorreu a Olimpíada?
- O início do ciclo olímpico não foi
nada bom, pois houve grandes atra-
sos em parte provocados pela aprova-
ção do Orçamento Geral do Estado na
Assembleia da República, o que se
repercutiu nos apoios aos atletas que
tinham cumprido os objectivos em
Sydney, os quais - atletas, técnicos e
Federações - estiveram muitos meses
sem receber os apoios financeiros a
que tinham direito. A seguir houve
um primeiro entendimento com o
IND para que o Comité Olímpico
assumisse maiores responsabilidades
na condução da preparação para os
Jogos, como nós desejávamos, mas
ainda com uma visão muito estatizan-
te do sistema, pois criou-se uma
Comissão enorme e com representan-
tes da parte do Estado que não eram
especialistas na matéria e que apenas
ali figuravam para efeitos de votação
- de forma a assegurar que nenhuma
decisão fosse tomada sem se fazer
sentir o peso institucional do Estado.
Esta Comissão de Preparação
Olímpica começou a trabalhar com
enormes dificuldades até que numa
célebre reunião, numa altura em que
as coisas não progrediam, porque as
pessoas não conheciam os problemas
que estavam a ser discutidos, eu
declarei que o Comité Olímpico se
afastava do processo. Felizmente, o
presidente do IND na altura percebeu
que nós tínhamos razão e inverteu o
processo, o que foi seguido na
mudança do Governo, pelo Dr. José
Manuel Constantino que entendeu
desde o início a importância e o cor-
recto posicionamento do Comité ao
querer assumir a liderança da prepa-
ração para os Jogos e a condução da
Missão, até porque em termos finais é
sempre o Comité Olímpico a ser jul-
gado pelos resultados. Depois disso,
os últimos dois anos correram muito
bem, com o Comité a assumir a
responsabilidade total com a
Comissão formada internamente,
mantendo uma relação directa entre
mim e o presidente do IDP.
- Foi encontrada a fórmula de enqua-
dramento futuro das Missões olím-
picas?
- No final, ficámos muito satisfeitos
pois a Missão prestigiou-se e permite
ao COP continuar agora nesta senda
de maior responsabilização e autono-
mia do processo olímpico. Foi neste
contexto que acabámos de entregar ao
Estado para aprovação o nosso pro-
jecto não apenas para os Jogos de
2008, mas para 2008 e 2012, com o
grande benefício de não ter sido inter-
rompido o processo entre os Jogos de
Atenas e os seguintes - o que é uma
situação inédita. Se este documento
for aprovado, como nós esperamos, o
Comité Olímpico vai ficar responsá-
vel total, inclusive em termos finan-
ceiros, pela preparação dos próximos
Jogos.
- A instabilidade política que entre-
tanto se desencadeou, a par do pró-
prio processo eleitoral do Comité,
pode atrasar ou prejudicar este pro-
cesso?
- Não me preocupam nem as eleições
do Comité nem as do país, porque o
caminho que estamos a trilhar é o
correcto. Nunca se tinha vivido uma
harmonia entre o Comité e o Estado
como a que vivemos agora. No
Comité em princípio as eleições não
provocarão grandes alterações, mas
mesmo que provocassem julgo que
ninguém se atreveria a alterar esta
dinâmica prestigiante. Ao nível do
Governo, presentemente em gestão,
há indicações que tudo será resolvido
ainda antes das mudanças decorren-
tes das eleições de Fevereiro e depois
delas, seja qual for o partido que
ganhe, não me parece que seja rever-
sível o actual percurso.
- A implementação definitiva deste
projecto é o grande objectivo do
próximo ciclo a nível directivo?
- O que sempre pretendi ao longo
destes anos que tenho estado à frente
do Comité Olímpico foi sempre fazer
crescer a instituição. Numa primeira
fase crescemos em importância social
e desportiva, preocupámo-nos com a
questão da sede, preocupámo-nos
com a parte visível, o que veio a reve-
lar-se decisivo para o reconhecimento
da importância do Comité. O local e a
forma como estamos instalados per-
mitem uma ligação às grandes
empresas completamente diferente da
situação anterior - um rés-de-chão em
Algés -, ajudando a situar-nos em ter-
mos institucionais num patamar
muito elevado, com relações e liga-
ções privilegiadas com autarquias,
universidades e empresas de renome.
Temos hoje parceiros ao mais alto
nível na sociedade portuguesa, mas
toda a nossa acção tem como único
objectivo o reforçar a qualidade da
nossa participação olímpica, porque
essa é que é a razão da existência do
Estava à espera
destes resultados em
Atenas, mas não
através dos atletas
que os conseguiram
“
“
“
“A Missão
prestigiou-se
e permite ao COP
continuar agora nesta
senda de maior
responsabilização e
autonomia
do processo olímpico
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Comité Olímpico. No meu entender e
das pessoas que me têm acompanha-
do, o COP deve assumir-se como a
grande instituição desportiva nacio-
nal.
- Como é que o movimento associati-
vo acompanha a velocidade de cres-
cimento do COP?
- Nos processos eleitorais há sempre
um grupo que apoia e outros que
eventualmente não apoiam ou têm
outras preferências o que dá origem a
um período em que sempre se nota
alguma desconfiança em particular da
parte dos que apoiaram as candidatu-
ras que não vingam, com medo de
serem prejudicados no futuro.
Quando se verifica que tal não acon-
tece, por ser o Comité Olímpico uma
emanação das Federações conduzin-
do-se a todo o instante de acordo com
a opinião maioritária do movimento
associativo, tal desconfiança desapa-
rece. No termo do meu segundo man-
dato posso dizer que tenho relações
boas com todas as Federações que,
felizmente, me telefonam a incenti-
var-me para continuar, destacando-se
uma das que há oito anos integrava
uma lista contrária.
- Que responsabilidades assume,
além da coordenação da preparação
olímpica?
- Realço uma situação que considero
histórica. Pela primeira vez por una-
nimidade as Federações olímpicas
votaram favoravelmente a transferên-
cia do dinheiro para o projecto olím-
pico para 2008 para o Comité
Olímpico e ser este a geri-lo directa-
mente. Esta situação tem uma grande
importância por significar uma enor-
me confiança quer na equipa directi-
va quer na possibilidade de inverte-
rem tal situação em caso de insatisfa-
ção. O movimento associativo começa
a ter consciência de que unido tem
muito mais força e que obtém maio-
res contrapartidas se estiver unido em
torno de um grupo com capacidade
dinamizadora e credibilidade.
- Há cada vez mais defensores dos
benefícios que Portugal teria em ele-
ger as modalidades com mais possi-
bilidades de sucesso desportivo e de
nelas concentrar os esforços de pre-
paração...
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OLIMPO - Em Atenas, o mau rendimento da selecção
da modalidade rainha, o futebol, gerou alguma distan-
ciação da parte do Comité Olímpico relativamente à
Federação...
VICENTE MOURA - Eu não me distanciei, o futebol é
que se distanciou de mim...
- Como vão ser essas relações no futuro, ponderando
até o facto de o futebol se encontrar um pouco distan-
ciado do seio do próprio movimento associativo?
- Para nós não está à parte e encaramos a Federação
de Futebol como exactamente igual às outras. Quando
falamos do futebol nos Jogos Olímpicos, falamos da
parte mais negativa do movimento olímpico, que é o
dinheiro - deixamos de falar de desporto e passamos a
falar de dinheiro. Enquanto todas as outras modalida-
des sem excepção - e ainda algumas que estão fora e
querem entrar, casos do raguebi e do golfe - desejam
participar com o melhor dos seus atletas porque
entendem que os Jogos as prestigiam, a FIFA recusa a
presença das suas melhores selecções porque isso
retiraria importância aos seus campeonatos do Mundo,
diminuindo eventualmente a espectacularidade destes
e, obviamente, também as receitas que geram.
Portanto, tudo se reduz a dinheiro.
- E o COI não tem força para impor outro enquadra-
mento para o futebol?
- Por um lado a FIFA quer estar presente, para não
perder a boa imagem de ser uma modalidade olímpica, e
por outro ao COI também interessa que o futebol este-
ja, pela sua grande reputação mundial, razões que os
fizeram convergir para esta solução intermédia de utili-
zar equipas de segundo nível, embora com o recurso a
três jogadores extra, de seguirem uma fórmula de apu-
ramento também esquisita, sem as melhores equipas,
e finalmente de o próprio torneio olímpico, como foi
este de Atenas, ter decorrido à margem, de modo que
os jogadores de futebol nem chegaram a saborear a
vivência de uma participação olímpica. Vimos uma vez
mais a UEFA e a Federação Portuguesa a iniciarem
competições europeias e nacionais no mesmo período,
como se os Jogos Olímpicos não existissem. Não houve
qualquer subordinação dos calendários da FIFA, da
UEFA ou da FPF à realização do torneio olímpico, o que
é gerador da situação que vivemos, com jogadores a
entrarem em campo desmotivados, com medo de se
aleijarem, com os telemóveis a tocar, etc., etc. E acon-
teceu que tivemos equipas altamente profissionais a
actuar condicionadas e outras absolutamente descon-
hecidas mas com a vontade de realizar uma proeza,
como foi o caso do Iraque, a darem tudo por tudo para
fazer história, como aconteceu. Isto não interessa a
ninguém, nem ao movimento olímpico, nem aos
Comités, nem às Federações, nem aos clubes - e por
isso não pode continuar, até porque é gerador perma-
nente de conflitos.
- Está a ser feito algo para mudar?
- Após os Jogos de Atenas, escrevi ao Dr. Jacques
Rogge sobre esta matéria, dizendo-lhe que a situação
era insustentável e devia ser objecto de reflexão quer
por ele quer pela comissão do programa olímpico e de
uma discussão quer com a FIFA quer com a UEFA e as
outras associações continentais. Talvez mais valesse
um torneio de um escalão etário inferior, mas que
garantisse a presença dos melhores jogadores.
Jacques Rogge respondeu-me e mais tarde falámos em
Duvrovnik sobre a matéria, tendo anunciado que de
facto a situação vai ser objecto de reflexão e estudo no
COI. Defendemos que os jogadores, quando chamados a
participar nos Jogos Olímpicos, tenham um enquadra-
mento especial que lhes permita perceber o tipo de
espectáculo diferente em que vão tomar parte e
apreenderem o espírito do olimpismo internacional.
- Podemos então voltar a levar o futebol aos Jogos de
Pequim?
- Espero bem que sim, com uma equipa bem represen-
tativa e que traga uma medalha para Portugal!
A DECEPÇÃO DE ATENAS
«Futebol olímpico tem de ser repensado»
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- Pela primeira vez
isso está contemplado
no projecto que entre-
gámos no IDP, atra-
vés de uma proposta
para premiar com dez
por cento das verbas
totais dos projectos
olímpicos as
Federações que tive-
ram mais pontuação
nos últimos três Jogos
Olímpicos. Isto quer
dizer que as
Federações que conse-
guiram melhores resultados vão ter
um financiamento extra. É um cami-
nho que deve ser trilhado de uma
forma lenta e progressiva, pois nor-
malmente esta escolha corresponderia
a uma sociedade desportiva já desen-
volvida, o que não é manifestamente
o nosso caso. Em Portugal há muitas
modalidades que ainda estão ao nível
da sobrevivência, por causa das difi-
culdades do próprio país, e se nós
quisermos aumentar os índices de
prática desportiva não podemos
deixar morrer as modalidades que
estão menos desenvolvidas. O que
está consagrado no documento que
entregámos ao Secretário de Estado é
uma forma de conciliar o direito à
vida e ao desenvolvimento de muitas
modalidades com o apoio declarado e
assumido às Federações que garan-
tem melhores resultados internacio-
nais.
- Também se olha de forma diferente
para o desporto feminino?
- Este documento prevê um apoio
específico às Federações que mais
apostam nas atletas femininas,
porque verificamos que temos muito
poucas mulheres a praticar desporto
e em muitas modalidades seria mais
fácil obter resultados de grande rele-
vo neste sector do que no masculino
- o que recomenda tal aposta. Bem
como nos parece óbvio apostar mais
em desportos que nos Jogos
Olímpicos têm mais medalhas em
disputa, em contraste por exemplo
com as modalidades que normal-
mente apenas oferecem três meda-
lhas.
- Os critérios de selecção para os
Jogos, nomeadamente de um núme-
ro elevado de atletas de nível olím-
pico médio ou médio baixo, vão ser
alterados?
- A ideia de restrição não é aceitável
se nos lembrarmos que tivemos um
medalhado, Sérgio Paulinho, que nem
sequer era suposto ir aos Jogos. As
prestações desportivas são completa-
mente imprevisíveis e não podem ser
limitadas pelos resultados. À poste-
riori é fácil fazer análises, mas se nós
só tivéssemos levado aos Jogos ape-
nas os atletas que ao longo de 2004
mostraram estar em grande forma,
estas três medalhas e os
dez diplomas teriam
sido reduzidos a menos
de metade. E pelo
contrário, outros a quem
projectávamos sucesso
garantido acabaram por
falhar rotundamente,
mas quem poderia assu-
mir a responsabilidade
de, antes dos Jogos,
decidir que não valia a
pena a selecção de fute-
bol ir a Atenas?
- Mas devem ser apertados os crité-
rios de selecção ou não?
- Defendo que os critérios sejam
mais exigentes de forma a evitar ao
máximo que haja situações em que
os mínimos sejam obtidos muito
perto dos Jogos, o que também não é
linear. Vamos discuti-lo modalidade
a modalidade, porque nalgumas os
atletas e os treinadores sentem os
seus esforços premiados apenas pelo
apuramento e as próprias
Federações apostam praticamente
todos os meios económicos disponí-
veis nesse objectivo de qualificar um
atleta.
- Em 2004 já os resultados menos
bons (ou mais normais...) foram me-
lhor aceites pela opinião pública,
não houve as manifestações de desâ-
nimo e decepção de outros Jogos. O
que mudou?
- O Comité Olímpico - e eu próprio -
conseguimos "fugir" a declarações
bombásticas, mantendo pelo contrário
um discurso de baixa expectativa pos-
sibilitando que as pessoas pudessem
relativizar os resultados. Depois,
conseguimos transmitir essa mensa-
gem de expectativas moderadas à
opinião pública quer através do
Comité Olímpico, quer através das
estruturas das Federações: as pessoas
começaram a perceber melhor o que
estava em jogo. Até este ano, apenas
as medalhas estavam em jogo e os
diplomas não tinham qualquer rele-
vância, mas agora entende-se final-
mente que ir aos Jogos Olímpicos e
ficar em quinto ou sexto lugar é
muito positivo.
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“O COP deve
assumir-se como a
grande instituição
desportiva nacional.
Já se percebeu que
temos uma dinâmica
própria, temos
prestígio e, mais que
tudo, temos vontade
de ser a instituição
que reflicta todos os
anseios e desejos do
associativismo
português
“
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- O número de modalidades e atletas
para Pequim vai aumentar?
- Esse é um dos objectivos principais,
previsto no documento apresentado,
que tem critérios de exigência bastan-
te elevados. Pretendemos não só
aumentar o número de atletas com
expectativas de participar em finais e
meias-finais, logo com perspectiva de
medalhas, bem como aumentar o
número de modalidades, atendendo à
evolução positiva que se está a verifi-
car na sociedade portuguesa em ter-
mos de participações olímpicas e à
evolução em curso no próprio Comité
que, sendo aprovada pelo Estado,
implicará o reforço dos nossos recur-
sos humanos profissionais. O nosso
documento prevê a existência de um
departamento de apoio à preparação
olímpica com grande parte dos ele-
mentos profissionais e as Federações
por seu lado ao encararem positiva-
mente esta proposta também se pre-
param para melhorar os seus esque-
mas de trabalho, pelo que considerar-
me-ia muito defraudado se em
Pequim não duplicássemos as meda-
lhas e não aumentássemos o número
de diplomas em 50 por cento.
- O Comité já pensa também em
2012?
- O projecto 2012 começou em 2003.
Com o apoio do IDP foi possível
apoiarmos durante os últimos três
meses do ano as esperanças olímpi-
cas, cerca de 70 atlfetas, apoios que
em 2004 tiveram de ser complementa-
das com recursos do próprio Comité,
pois só no final do ano chegou o
financiamento do IDP para 2004, o
que nos vai possibilitar financiar os
atletas a título retroactivo. No progra-
ma para o futuro, está previsto o
apoio sistemático através do Comité
das esperanças para 2012. O que
importa é que pela primeira vez não
houve interrupção nos apoios entre
Atenas, Pequim e os Jogos seguintes,
que ainda nem têm sede designada.
Pela primeira vez trabalhamos com
um horizonte de duas Olimpíadas,
como acontece em toda a Europa.
- Pedra angular do projecto para os
próximos anos é a profissionalização
do Comité Olímpico. Ainda está
dependente da aprovação do Estado
ou é uma decisão assumida em qual-
quer caso?
- O Comité Olímpico tem de dissociar
definitivamente o benevolato do pro-
fissionalismo. Defendo em absoluto
uma separação entre a administração
e a parte executiva. O administrador,
neste caso o dirigente, não tem obri-
gatoriamente de conhecer as marcas,
os mínimos, nem sequer os atletas.
Devem trabalhar no Comité especia-
listas nessa matéria que possam ela-
borar documentos rigorosos e funda-
mentados para as decisões serem
tomadas. Uma instituição como o
Comité não pode ter uma organiza-
ção mais ou menos amadora em que
toda a gente assume responsabilida-
des em todas as áreas. Hoje, já não é
assim e no futuro muito menos o
será!
- Quais as áreas em que mais se
fará sentir essa mudança?
- Em primeiro lugar, a criação do
Departamento de Apoio Técnico
(DAPO), que será composto por ele-
mentos benévolos do Comité
Olímpico e alguns técnicos convida-
dos das Federações, mas que englo-
bará fundamentalmente técnicos pro-
fissionais. Vamos ao mercado procu-
rar um Director Técnico, que será a
pessoa com poderes delegados que
responderá directamente ao secretá-
rio geral, e contrataremos mais três
ou quatro técnicos com experiência,
nomeada e aceitação no mundo asso-
ciativo. Também vamos criar um
gabinete de comunicação com um
responsável e um quadro à medida
das necessidades, enquanto na área
de Marketing vamos estudar se será
englobado no COP, como eu gosta-
va, ou se continuaremos em regime
de 'outsourcing' como tem funciona-
do até agora. Também vamos resol-
ver alguns problemas estruturais,
nomeadamente a indemnização dos
prejuízos causados aos dirigentes
que dedicam o seu tempo ao COP
quase em 'full time', mas que só o
podem fazer por estarem reformados
ou por possuírem fortuna própria.
Entenda-se que esta mudança não
representa a profissionalização dos
dirigentes, que aliás nem é possível
no âmbito da Carta Olímpica, mas
procuraremos um meio-termo que
permita a indemnização do tempo
concedido ao Comité.
- E em matéria de infra-estruturas?
- Vamos instalar um Centro de
Preparação Olímpica no Norte, ou
em Vila Nova de Gaia, como está
previsto, ou noutro local, com apoio
médico sistemático e permanente da
responsabilidade do COP, com o
recurso a empresas de diagnóstico e
clínicas à semelhança do que já
acontece em Lisboa. No edifício-
sede, depois de concluído o processo
de cedência dos terrenos envolven-
tes, procederemos ao arranjo do jar-
dim, à construção do parque de esta-
cionamento a que a Câmara nos
obriga e à construção do Museu
Olímpico.
13
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bro 2004
“Pela primeira vez está
previsto premiar com
dez por cento das
verbas totais dos
projectos olímpicos as
Federações que
tiveram mais
pontuação nos
últimos três Jogos
Olímpicos. Isto quer
dizer que pela
primeira vez
Federações que
conseguiram melhores
resultados vão ter um
financiamento extra, o
que foi aprovado por
elas próprias
“
olimpo_6_15.qxd 05-01-2005 23:40 Page 13
OLIMPO - A candidatura de Lisboa aos Jogos Olímpicos
vai mesmo avançar?
VICENTE MOURA - Tem sido um trabalho muito lento de
convencimento geral, mas estamos agora muito mais
adiantados do que há um ano. A sociedade portuguesa
começa a reagir muito positivamente a esta ideia e já
foram feitas sondagens que revelaram que a maioria da
população encara positivamente a iniciativa de uma candi-
datura. Por outro lado, os contactos que vou estabele-
cendo, em particular com empresas, com o mundo finan-
ceiro, com a área da construção, gabinetes de arquitec-
tura, com a área dos serviços - muita gente já percebeu
que é possível avançar. Finalmente, temos uma perspecti-
va muito favorável do presidente da Câmara Municipal de
Lisboa, eng.º Carmona Rodrigues, que é um elemento fun-
damental nesta iniciativa. A candidatura olímpica é sub-
scrita pelo presidente do Comité Olímpico para uma cida-
de que, este caso, tem de ser Lisboa, mas ela tem de ter
âmbito nacional, é preciso alargá-la às autarquias que
constituem a zona metropolitana de Lisboa e, tanto quan-
to possível, levar alguns desportos a outras zonas do
país, tentando evitar que todas as infra-estruturas edifi-
cadas se concentrem na capital.
- Quais são os passos seguintes deste processo?
- Nesta altura vai ser necessário saber elementos
concretos e estamos a preparar um dossiê sobre o
assunto, um dossiê prospectivo e com perspectiva de
futuro, analisando os custos e investimentos realizados
em Sydney e Atenas, indicando o que precisamos de
construir e materializar, de forma a sabermos ao porme-
nor tudo o que é necessário para o momento em que
tenha de ir à Junta Metropolitana de Lisboa, à Câmara,
ao Governo, ao Presidente da República, poder levar comi-
go um dossiê o mais informativo possível de tudo o que
está em jogo. É nesta fase em
que nos encontramos, até
porque a alteração governa-
tiva criada pela dissolução
da Assembleia da
República e o processo
eleitoral concede-nos um
compasso de espera
para averiguar se os
futuros responsáveis
políticos, seja qual for o
partido vencedor, estão
na disposição
de estudar
esta ideia
ou não.
- Sente que existem esses apoios?
- Eles estão a aparecer e o problema já não se levanta
tanto ao nível das infra-estruturas, pois pelos estudos
prévios realizados concluiu-se que não será necessário
construir tanto quanto se pensava inicialmente, nem ao
nível da organização propriamente dita, porque cada
competição é da responsabilidade organizativa da respec-
tiva Federação internacional, como constatámos em
Atenas. Onde temos um défice enorme e muito trabalho
a desenvolver, sob pena de não haver candidatura vence-
dora, é na quantidade e qualidade dos atletas, para
todos os desportos.
- A candidatura é para 2016 ou para 2020?
- Enquanto não se souber qual a cidade escolhida para
2012 podemos apontar para 2016, mas se em Julho a
escolhida for Madrid, que está muito bem colocada,
obviamente não será possível dois Jogos consecutivos na
Península Ibérica e portanto devíamos apontar para
2020. Aliás, esta segunda hipótese também nos dá mais
tempo para a transição e desenvolvimento desportivo
que são necessários. Para tomar uma decisão definitiva
quanto ao processo de candidatura é preciso implemen-
tar um plano de desenvolvimento desportivo em Portugal
que, no mínimo, demora uma década ou três Olimpíadas,
doze anos, a concretizar.
- Já tem ideias de locais a aproveitar para a candidatu-
ra?
- Temos muitas infra-estruturas que podem ser aprovei-
tadas. O Estádio Nacional, por exemplo, é magnífico em
termos de implantação, mas está completamente ultra-
passado, tem uma despesa enorme em termos de manu-
tenção e já nem o futebol o quer aproveitar para a final
da Taça de Portugal, portanto tem de ser modernizado.
É um exemplo de uma infra-estrutura que pode ser
modernizada e transformado em Estádio Olímpico como
fez Barcelona em Montjuich. É um desafio aliciante para
os arquitectos, pois com os terrenos que tem à sua
volta o Estádio Nacional podia ser um pólo basilar numa
candidatura olímpica, bem como a zona da Expo e algu-
mas áreas da cidade que se encontram devolutas. Penso
que a Aldeia Olímpica podia ser construída onde está hoje
o Aeroporto, partindo do princípio que mais tarde ou
mais cedo ele vai ter de ser mudado da Portela, sendo
substituído por uma zona residencial para a classe
média-alta que, portanto, se pagaria a si próprio e aca-
baria por financiar a organização dos Jogos.
- Vai ser um processo demorado...
- É preciso estudar tudo devidamente e não ter pressa.
Só o facto de Portugal aparecer capaz de pensar numa
candidatura - senti isto recentemente em Duvronik - já
faz com que olhem para nós de
um modo completamente diver-
so. Podermos falar da perspecti-
va de uma candidatura
olímpica sem nin-
guém achar a ideia
ridícula já constitui um
grande avanço. Há dez
anos, quando comecei a
falar nisto, a reacção imediata
das pessoas era uma gar-
galhada.
ENTREV ISTA
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JOGOS OLÍMPICOS DE LISBOA
«Candidatura é um meio para
transformar o desporto em Portugal»
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Pequim 2008
Jogos Olímpicos 2012
Documento regulamentador dos apoios à Preparação Olímpica aprovado
em reunião de Federações Olímpicas e enviado para análise ao Secretário
de Estado do Desporto, Dr. Hermínio Loureiro, e ao Presidente do
Instituto do Desporto de Portugal, Dr. José Manuel Constantino.
P R O J E C T O O L Í M P I C O
I. INTRODUÇÃO
Considerada a experiência acumu-
lada das três olimpíadas transactas,
em que se verificou a programação
e execução da preparação enqua-
dradas numa estrutura de projecto
denominada Projecto Olímpico,
visa-se nos próximos ciclos consoli-
dar o trabalho desenvolvido, numa
lógica de continuidade, sustentabi-
lidade e racionalidade, com projec-
ção a longo prazo, suportado por
um organograma hierárquico, fun-
cional, acordado com as entidades
e agentes que integram o
modelo olímpico português.
A prorrogação do Projecto Atenas
2004, de Setembro a 31 de
Dezembro de 2004, foi a forma
encontrada para não interromper o
formato e a continuidade do apoio
àqueles que cumpriram os objecti-
vos definidos para o Projecto
Atenas 2004.
O lançamento do Projecto
Olímpico 2008-2012, no início de
Janeiro de 2005, acarretará altera-
ções metodológicas e funcionais na
sua estruturação, não obstante a
manutenção de alguns dos objecti-
vos nucleares e da matriz doutriná-
ria do anterior, uma vez reflectidas
as experiências e as críticas perti-
nentes veiculadas pelos diversos
intervenientes, tanto directos como
colaterais.
Será criado o Departamento de
Apoio ao Projecto Olímpico
(DAPO), consubstanciado numa
estrutura dotada dos necessários
recursos humanos e materiais, com
carácter misto, incluindo técnicos
contratados e eventuais, que acom-
panhará permanentemente a prepa-
ração e avaliação dos atletas inte-
grados no Projecto Olímpico, cum-
prindo-lhe, concomitantemente,
promover a articulação entre os
diversos intervenientes no processo,
bem como desempenhar funções de
recolha de informação, providência
de suporte logístico, avaliação e
controlo. As Federações, enquanto
entidades preponderantes no per-
curso de preparação
dos atletas, beneficiam de apoios
específicos, destinados essencial-
mente a melhorar as suas condições
materiais e técnicas nas áreas e
domínios relevantes. Pretende-se
mobilizar as instituições e os agen-
tes desportivos no sentido da
evolução das condições de prepara-
ção inerentes ao desporto de exce-
lência, com consequente aumento
das expectativas e responsabilida-
des em termos de êxito.
O Projecto Pequim 2008, feito em
grande parte à imagem do seu pre-
decessor, Atenas 2004, colmata
algumas deficiências e discrepân-
cias encontradas pelos diferentes
intervenientes e perspectiva de
forma mais clara, objectiva e trans-
versal a aplicação dos apoios
inerentes ao mesmo. Tendo como
objectivo primordial uma maior
abrangência quantitativa e qualitati-
va da participação portuguesa nos
futuros Jogos Olímpicos, é enfatiza-
da a concessão de apoio às
Esperanças Olímpicas, o que per-
mitirá a inclusão de atletas indivi-
duais ou selecções nacionais com
reconhecida potencialidade, que
permitam conjecturar o cumpri-
mento dos objectivos do Projecto
Olímpico nos Jogos de 2012.
Pela primeira vez inclui-se no
Projecto Olímpico uma área de
apoios onde a obtenção continuada
de bons resultados é premiada de
forma concreta com uma linha de
financiamento atribuída às
Federações – Selecção de
Prioridades. Ainda nesta linha
poder-se-ão financiar projectos
específicos que promovam directa-
mente as áreas desportivas onde a
probabilidade de obtenção de
resultados de relevo é mais elevada.
Dentro de uma necessidade estrutu-
ral de concordância de objectivos
atribui-se-ão a cada uma das áreas
de aplicação e investimento finan-
ceiro percentagens distintas que
permitem o seu enquadramento
objectivo. Ao Projecto Pequim 2008
caberia a maior fatia com cerca de
70 %, à denominada ‘Selecção de
prioridades’ cerca de 10 % e ao
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Projecto Esperanças Olímpicas
seriam atribuídos fundos que cor-
respondessem a cerca de 20 % do
montante global disponível
II. OBJECTIVOS
A participação nos Jogos
Olímpicos é o objectivo central do
Projecto, tendo presente que, predo-
minantemente, a participação olím-
pica está reservada a uma elite
desportiva e que para a obtenção de
resultados de destaque é preciso
um investimento continuado, desde
a formação à evolução dos pratican-
tes no plano competitivo internacio-
nal.
III. ENQUADRAMENTO
INSTITUCIONAL
O Projecto é objecto de um finan-
ciamento específico, suportado pelo
Estado,através do Instituto do
Desporto de Portugal, pressupondo
o seu enquadramento a assinatura
de um contrato - programa entre o
IDP e o COP, com a duração que
vier a ser acordada entre estas duas
Instituições, definidor das verbas
concessionadas necessárias à sua
prossecução, competências e dele-
gações atribuídas a cada parte.
O desenvolvimento do Projecto
assenta na articulação sistemática
entre o Instituto do Desporto de
Portugal, o Comité Olímpico de
Portugal e as Federações desporti-
vas olímpicas, na observância das
seguintes competências,
exclusivas ou partilhadas:
IV. ESTRUTURA
ORGÂNICA E FUNCIONAL
O Projecto Olímpico terá como
principais responsáveis os presiden-
tes do Comité Olímpico de
Portugal e do Instituto do
Desporto de Portugal.
O DAPO será a entidade responsá-
vel pelo desenvolvimento do
Projecto Olímpico e funcionará em
permanência no Comité Olímpico
de Portugal, sob a presidência do
seu Secretário - Geral.
O Departamento, que integra um
elemento com as funções de direc-
tor técnico, com competências dele-
gadas, será composto por um
núcleo de profissionais contratados
pelo COP para o efeito e por um
grupo de técnicos oriundos de
modalidades olímpicas, em número
não superior a cinco, detentores de
qualificações e experiência profis-
sional no contexto da preparação
olímpica e do
enquadramento da prática desporti-
va de alta competição.
Os referidos técnicos, quatro de
modalidades individuais e um de
modalidade colectiva constantes do
programa olímpico, serão seleccio-
nados pelo COP.
O DAPO terá fundamentalmente as
seguintes atribuições, sem prejuízo
de outras que as entidades coorde-
nadoras lhe venham a delegar pon-
tualmente durante a execução do
Projecto:
Sumariar e quantificar os diferentes
objectivos das Federações com vista
a uma melhor análise do cumpri-
mento dos mesmos ao longo da
olimpíada.
Promover a articulação das várias
entidades intervenientes no Projecto
e acompanhar o desenvolvimento
do mesmo;
Apreciar e deliberar sobre as pro-
postas apresentadas pelas
Federações;
Aferir, conjuntamente com as
Federações desportivas olímpicas,
os critérios específicos de acesso ao
Projecto;
Avaliar o cumprimento dos objecti-
vos estabelecidos;
Assegurar o tratamento e a gestão
da informação relativa ao Projecto;
Reportar directa e permanentemen-
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S
Vicente Moura com José Manuel
Constantino: COP e IDP unidos com o
objectivo de melhorar as performances
olímpicas
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P R O J E C T O O L Í M P I C O
te à Direcção do Projecto todas as
informações relevantes;
Apresentar propostas conducentes
a uma melhor resposta às necessi-
dades assinaladas no desenvolvi-
mento do processo, identificar e
solucionar os problemas detectados
e corrigir os desvios da programa-
ção no âmbito da preparação olím-
pica, assim como veicular essa
eventualidade junto da Direcção;
Elaborar e apresentar à estrutura de
Direcção relatórios das avaliações
periódicas do Projecto, de periodici-
dade mínima semestral;
Propor critérios, à estrutura de
Direcção, que suportem o financia-
mento das diferentes rubricas do
Projecto, nomeadamente, no que
concerne às bolsas a atri-
buir aos atletas, ao enqua-
dramento técnico, ao ape-
trechamento, e à realiza-
ção de actividades.
O DAPO poderá, por sua
iniciativa ou a pedido das
Federações, solicitar o
apoio de especialistas da
Comissão
Multidisciplinar ou de
outras comissões do COP,
no sentido de serem esta-
belecidos contributos
potenciadores da adequa-
da
preparação dos atletas
que integram o Projecto.
� IV.3. Chefe de Missão
aos Jogos de Pequim
2008
Considerando a especifi-
cidade da função do
Chefe de Missão e a
respectiva conexão com o
desenvolvimento do
Projecto, este terá assento
nas reuniões do Projecto, como
parte integrante, podendo o adjunto
substitui-lo ou coadjuvá-lo
sempre que necessário.
� IV.4. Representação das
Federações
Cada Federação integrada no
Projecto designará um elemento
que responderá pelo desenvolvi-
mento do mesmo, o qual será o
principal interlocutor junto do
DAPO.
� IV.5. Representação dos Atletas
e Treinadores
A Comissão de Atletas Olímpicos
(CAO), e a Comissão de
Treinadores (CT) indicarão um seu
representante para colaborarem
com o DAPO.
� IV.6. Comissão Multidisciplinar
Pretendendo-se incorporar no pro-
cesso da preparação olímpica e tor-
nar acessível a todos os intervenien-
tes um conjunto alargado de sabe-
res, necessários à prossecução da
excelência desportiva, é criada a
Comissão Multidisciplinar, consti-
tuída por elementos convidados
pelo Comité Olímpico de Portugal,
seleccionados de Instituições de
Ensino Superior ou outras entida-
des com atribuições na área do
Desporto, para, com as Federações,
apoiar a preparação dos atletas inte-
grados no Projecto.
A Comissão tem as seguintes atri-
buições:
Promover a divulgação junto das
Federações, técnicos e atletas dos
serviços por ela disponibilizados e
suas abrangências no âmbito da
preparação olímpica.
Complementar e/ou colmatar defi-
ciências diagnosticadas ao nível dos
serviços de apoio à preparação
olímpica;
Apoiar o desenvolvimento dos dife-
rentes processos da preparação
olímpica e colaborar com as dife-
rentes valências ou departamentos
de caracter científico no âmbito do
Projecto;
Promover a concepção e coordena-
ção de planos de apoio psicológico
específico para os atletas integrados
no Projecto;
Apoiar a concepção e coordenação
de planos de controlo de treino,
condição física e nutrição específi-
cos para os atletas integrados no
Projecto;
Emitir pareceres sobre questões
apresentadas pelo Departamento de
Apoio ao Projecto Olímpico.
� IV.7. Acompanhamento Médico-
Desportivo
O Centro Nacional de Medicina
Desportiva e o Laboratório de
Análises e Dopagem do Instituto
do Desporto de Portugal prestam
apoio e assistência médica perma-
nente aos atletas envolvidos.
O Centro Nacional de Medicina
Desportiva assegura igualmente as
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te à Direcção do Projecto todas as
informações relevantes;
Apresentar propostas conducentes
a uma melhor resposta às necessi-
dades assinaladas no desenvolvi-
mento do processo, identificar e
solucionar os problemas detectados
e corrigir os desvios da programa-
ção no âmbito da preparação olím-
pica, assim como veicular essa
eventualidade junto da Direcção;
Elaborar e apresentar à estrutura de
Direcção relatórios das avaliações
periódicas do Projecto, de periodici-
dade mínima semestral;
Propor critérios, à estrutura de
Direcção, que suportem o financia-
mento das diferentes rubricas do
Projecto, nomeadamente, no que
concerne às bolsas a atri-
buir aos atletas, ao enqua-
dramento técnico, ao ape-
trechamento, e à realiza-
ção de actividades.
O DAPO poderá, por sua
iniciativa ou a pedido das
Federações, solicitar o
apoio de especialistas da
Comissão
Multidisciplinar ou de
outras comissões do COP,
no sentido de serem esta-
belecidos contributos
potenciadores da adequa-
da
preparação dos atletas
que integram o Projecto.
� IV.3. Chefe de Missão
aos Jogos de Pequim
2008
Considerando a especifi-
cidade da função do
Chefe de Missão e a
respectiva conexão com o
desenvolvimento do
Projecto, este terá assento
nas reuniões do Projecto, como
parte integrante, podendo o adjunto
substitui-lo ou coadjuvá-lo
sempre que necessário.
� IV.4. Representação das
Federações
Cada Federação integrada no
Projecto designará um elemento
que responderá pelo desenvolvi-
mento do mesmo, o qual será o
principal interlocutor junto do
DAPO.
� IV.5. Representação dos Atletas
e Treinadores
A Comissão de Atletas Olímpicos
(CAO), e a Comissão de
Treinadores (CT) indicarão um seu
representante para colaborarem
com o DAPO.
� IV.6. Comissão Multidisciplinar
Pretendendo-se incorporar no pro-
cesso da preparação olímpica e tor-
nar acessível a todos os intervenien-
tes um conjunto alargado de sabe-
res, necessários à prossecução da
excelência desportiva, é criada a
Comissão Multidisciplinar, consti-
tuída por elementos convidados
pelo Comité Olímpico de Portugal,
seleccionados de Instituições de
Ensino Superior ou outras entida-
des com atribuições na área do
Desporto, para, com as Federações,
apoiar a preparação dos atletas inte-
grados no Projecto.
A Comissão tem as seguintes atri-
buições:
Promover a divulgação junto das
Federações, técnicos e atletas dos
serviços por ela disponibilizados e
suas abrangências no âmbito da
preparação olímpica.
Complementar e/ou colmatar defi-
ciências diagnosticadas ao nível dos
serviços de apoio à preparação
olímpica;
Apoiar o desenvolvimento dos dife-
rentes processos da preparação
olímpica e colaborar com as dife-
rentes valências ou departamentos
de caracter científico no âmbito do
Projecto;
Promover a concepção e coordena-
ção de planos de apoio psicológico
específico para os atletas integrados
no Projecto;
Apoiar a concepção e coordenação
de planos de controlo de treino,
condição física e nutrição específi-
cos para os atletas integrados no
Projecto;
Emitir pareceres sobre questões
apresentadas pelo Departamento de
Apoio ao Projecto Olímpico.
� IV.7. Acompanhamento Médico-
Desportivo
O Centro Nacional de Medicina
Desportiva e o Laboratório de
Análises e Dopagem do Instituto
do Desporto de Portugal prestam
apoio e assistência médica perma-
nente aos atletas envolvidos.
O Centro Nacional de Medicina
Desportiva assegura igualmente as
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avaliações médicas periódicas a que
os atletas estão obrigados no âmbito
do Projecto, sem prejuízo da opção
por operadores privados quando tal
se afigurar necessário ou indispen-
sável a uma eficaz cobertura neste
domínio crucial.
Deverão ainda ser criados pólos de
valências específicas ligadas ao
apoio à preparação olímpica no
Centro de Alto Rendimento do
Jamor, ou nos Centros de
Preparação Olímpica do COP
(Norte, Centro e Sul).
IV.8. Seguro Desportivo
Deverá ser assegurado para todos
os atletas integrados no Projecto o
seguro desportivo adequado às exi-
gências da alta competição, tendo
em conta a especificidade da sua
actividade.
A efectivação deste seguro, consa-
grado nos Decretos-Lei n.ºs 125/95
e 123/96, deverá contar com o
financiamento e implementação do
Estado, podendo o COP diligenciar
a prospecção e propor as melhores
ofertas do mercado em termos das
condições de contratualização eco-
nomicamente mais favoráveis ao
propósito.
V. PROJECTO
PEQUIM 2008
� V.1. Gestão Administrativa
O Projecto Pequim 2008 é objecto de
um financiamento específico, titula-
do por contratos - programa entre o
COP e as Federações, nos termos da
legislação aplicável, sendo adminis-
trado de forma independente relati-
vamente a outros programas e pro-
jectos. Estes contratos serão realiza-
dos com periodicidade anual, reno-
vável.
� V.2. Financiamento
O valor do cofinanciamento aos pro-
jectos de preparação olímpica de
cada Federação será calculado em
função do número de atletas inte-
grados e das suas necessidades
específicas de preparação, incluindo
equipa técnica, apetrechamento e
apoio aos clubes.
Serão analisados os encargos rela-
cionados com as actividades e
acções programadas por cada
Federação, no âmbito da preparação
dos atletas envolvidos no Projecto
Pequim 2008, considerando, funda-
mentalmente, as seguintes rubricas:
* Atletas - Concessão de bolsas aos
atletas envolvidos, não acumuláveis
com outros apoios da alta competi-
ção, de acordo com o nível desporti-
vo do atleta;
* Enquadramento técnico - Apoio
financeiro aos treinadores que
enquadram os atletas envolvidos no
projecto, bem como aos restantes
elementos da equipa técnica;
* Apetrechamento - Concessão de
verbas para a aquisição do equipa-
mento e material indispensável à
maximização da preparação dos
atletas;
* Actividades - Verbas atribuídas a
título de comparticipação nos encar-
gos da preparação e participação
competitiva dos atletas e técnicos;
* Clubes – Apoios destinados a
melhorar as condições dos clubes
no que respeita à preparação
desportiva dos atletas integrados no
projecto, tendo por referência os cri-
térios e necessidades definidas por
cada Federação.
� V.4. Integração
Nas modalidades individuais, após
1 de Janeiro de 2005, são integrados
no Projecto os atletas que apresen-
tem uma elevada probabilidade de
atingirem resultados de mérito nos
Jogos Olímpicos de Pequim 2008, a
saber:
Obtenção de classificações de
pódio;
Participação em finais ou obtenção
de classificações equivalentes;
Participação em meias - finais ou
classificações equivalentes.
Para integrar o Projecto Pequim
2008 os atletas têm de respeitar,
pelo menos, um dos seguintes crité-
rios de acesso:
Atletas que em Atenas 2004 atingi-
ram resultados de mérito e possam
manter ou vir a melhorar a sua
prestação em Pequim 2008;
Atletas que obtenham classificações
de mérito, sobretudo em
Campeonatos do Mundo ou da
Europa, deixando antever a proba-
bilidade do cumprimento das exi-
gências do Projecto Pequim 2008.
Nas modalidades colectivas, a inte-
gração das selecções nacionais no
Projecto Pequim 2008 será efectua-
da com as necessárias adaptações,
considerando-se as especificidades
do sistema de apuramento olímpico
e a existência de reais probabilida-
des de participação nos Jogos
Olímpicos.
� V.6. Bolsas Olímpicas
Os atletas e treinadores das modali-
dades individuais integrados no
Projecto Pequim 2008 beneficiam de
uma bolsa mensal destinada a com-
pensar os encargos acrescidos com
o seu regime especial de prepara-
ção, através de uma
dotação específica estipulada em
contrato - programa. São estabeleci-
dos quatro níveis de bolsas olímpi-
cas a atribuir aos atletas,
ponderadas em função do currículo
desportivo, bem como da expectati-
va relativamente à obtenção de
resultados nos Jogos Olímpicos de
Pequim 2008.
VALOR DAS BOLSAS
OLÍMPICAS A ATLETAS
NÍVEL 1 MEDALHADO 1.250 �
NÍVEL 2 FINALISTA 1.000 �
NÍVEL 3 SEMI-FINALISTA 750 �
CRITÉRIOS COP QUALIFICADO 500 �
No caso da bolsa de qualificado
olímpico, esta será atribuída aos
atletas ou selecções nacionais que
obtenham qualificação para os
Jogos Olímpicos, de acordo com os
critérios do COP, e que não deten-
ham condições de integração nos
níveis do Projecto Pequim 2008. Os
treinadores receberão uma bolsa
correspondente a 75% do valor do
nível em que está integrado o seu
atleta, sendo que, em caso de acu-
mulação de vários atletas, receberão
por cada um mais 10%, até ao limite
máximo de três atletas.
� V.7. Financiamento à Preparação
MODALIDADES
INDIVIDUAIS
Ficam estabelecidos dois níveis de
subsídios à preparação dos atletas
ou selecções nacionais, ponderados
em função do currículo desportivo,
assim como da expectativa que sus-
citem relativamente à obtenção de
resultados nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008.
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VALOR DOS SUBSÍDIOS
À PREPARAÇÃO OLÍMPICA
NÍVEL 1 DE MEDALHADO a SEMIFINALISTA
22.000 �
NÍVEL 2 GRELHA DE ACESSO
10.000 �
Estes subsídios serão concedidos às
Federações com atletas enquadrados
nos níveis acima definidos, por cada
atleta ou selecções nacionais, com-
preendendo este valor o subsídio
anual. Em caso de integração após o
início do ano, o valor a
atribuir será calculado mediante
exclusão dos duodécimos respeitan-
tes aos meses vincendos.
MODALIDADES COLECTIVAS
São estabelecidos dois níveis de sub-
sídio à preparação dos atletas das
selecções nacionais das modalidades
ou disciplinas colectivas, ponderados
em função do currículo desportivo,
bem como da expectativa que susci-
tem relativamente à participação e
obtenção de resultados nos Jogos
Olímpicos de Pequim 2008.
VALOR DOS SUBSÍDIOS
À PREPARAÇÃO OLÍMPICA
NÍVEL 1 QUALIFICADO 15.000 �
NÍVEL 4 CRITÉRIO COP 7.500 �
VI. SELECÇÃO
DE PRIORIDADES
Prevê-se a introdução de uma linha
de financiamento complementar às
Federações que, de forma continua-
da, prossigam na obten-
ção de resultados de
mérito, tendo por desi-
derato possibilitar um
melhor enquadramento
da preparação dos atle-
tas de alto nível e conse-
quentemente ajudar na
continuação da obten-
ção de resultados de
relevo.
Este apoio enquadrará
projectos específicos e
terá em linha de conta
não só aponderação
pontual dos resultados
Olímpicos mais recentes
de cada modalidade,
mas também o historial de classifi-
cações obtidas nos Jogos Olímpicos
e Campeonatos do Mundo.
Pretende-se também, com esta linha
de financiamento premiar aquelas
Federações que implementem pro-
jectos sustentados de efectivo mel-
horamento do desporto de escalões
de peso ou escalões femininos de
alto nível, situações onde a possibili-
dade de discussão de resultados de
mérito poderá estar favorecido devi-
do ás características morfológicas da
nossa população.
VII. ESPERANÇAS
OLÍMPICAS
O Projecto Esperanças Olímpicas
será implementado a partir de
Janeiro de 2005, cabendo ao DAPO
pronunciar-se sobre a metodologia
de selecção de atletas e formas de
financiamento, entre outros aspec-
tos.
Podem ser integrados nas esperan-
ças olímpicas:
Atletas que em Atenas 2004 não
atingiram resultados de mérito, mas
que em função do seu currículo
desportivo e da sua idade reunam
condições para a obtenção de resul-
tados no âmbito das exigências defi-
nidas para o Projecto Pequim 2008;
Atletas com especial talento, ou
selecções de modalidades colectivas
que apresentem expectativas funda-
das de cumprirem os objectivos do
Projecto Olímpico, no limiar tempo-
ral dos Jogos Olímpicos de 2012.
A integração processa-se mediante
proposta fundamentada da respecti-
va Federação, analisada pelo DAPO,
ao qual compete propor os termos e
as condições de apoio à preparação.
� VII.1. Critérios de Selecção
integram as Esperanças Olímpicas os
atletas que apresentem uma elevada
probabilidade de participação nos
Jogos Olímpicos de 2012. Para inte-
grar o Projecto, os atletas têm de ter
uma idade adequada à especificida-
de da carreira temporal da modali-
dade, pertencer ao plano de alta
competição da respectiva Federação
e respeitar, pelo menos, um dos cri-
térios de acesso.
� VII.2. Financiamento
O Projecto Esperanças Olímpicas é
objecto de um financiamento especí-
fico, titulado por contratos - progra-
ma entre o COP e as Federações, nos
termos da legislação aplicável, sendo
administrado de forma independen-
te relativamente a outros programas
e projectos. Estes contratos serão rea-
lizados com periodicidade anual,
renovável.
� VII.4. Avaliação
Devido ao facto de alguns dos atle-
tas terem níveis etários em que o
alcance de resultados desportivos
relevantes está condicionado pela
imaturidade física e desportiva, estes
deverão ser assiduamente alvo de
avaliação conduzida pela Comissão
Multidisciplinar do COP.
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DOCUMENTO
P R O J E C T O O L Í M P I C O
A versão Completa do Projecto está disponível em www.comiteolimpicoportugal.pt
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Ano de Campeonatos Mundiais
Cumprindo uma tradição, o Comité Olímpico de Portugal voltou este ano a editar um Calendário com
alguns dos atletas consagrados, com fotografia de Alexandre Koch. Este ano o critério de escolha dos
modelos respeitou os resultados dos Jogos da XXVIII Olimpíada, sendo fotografados os doze atletas que
obtiveram medalhas ou diplomas em Atenas. Aos leitores da OLIMPO oferecemos, além do calendário,
também uma súmula dos principais eventos desportivos marcados para o ano de 2005, de que se desta-
cam os Mundiais de Atletismo, de Ginástica e de Judo, entre muitos outros
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7 a 24
Campeonato do
Mundo de Xadrez,
Match
Kasimdzhanov-
Kasparov, no Dubai
12 a 23
22ª Universíada de
Inverno, em
Innsbruck, Áustria
17 a 23
Pré-olímpico de
Bobsleigh, em
Turim, Itália
22 e 23
Campeonato do
Mundo de
Patinagem de
Velocidade em Salt
Lake City, Utah
25 a 30
Campeonato da
Europa de
Patinagem Artística,
em Turim, Itália
26 e 27
Campeonato do
Mundo de
Endurance Equestre,
no Dubai
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8 a 20
Campeonato do
Mundo de classe
Star (Vela), em
Buenos Aires
26
Prova do
Campeonato do
Mundo de
Motociclismo Trial,
em Lisboa
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18 a 26
Campeonato
Europeu de Juniores
de Badminton, em
Den Bosch, Holanda
19
Campeonato
Mundial de Crosse,
em França
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17 a 25
Campeonato
Europeu de
Halterofilismo, em
Leipzig, Alemanha
24
Grande Prémio do
Mundial de
Motocrosse em
Águeda
29 a 6/5
Campeonato do
Mundo Individual
de Ténis de Mesa,
em Shangai, China
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5 a 18
Campeonato do
Mundo de 49er
(Vela), em Moscovo
7 a 29
Volta à Itália em
bicicleta
9 a 19
Campeonato do
Mundo de Windsurf
One (Vela), em
Palermo, Itália
12 a 15
Campeonato
Europeu de
Ginástica Artística
Individual, em
Debrecen, Hungria
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2 a 6
Campeonato Europeu de
Ginástica Rítmica, em
Moscovo
10 a 2/7
Campeonato do Mundo de
Futebol de Juniores, na
Holanda
12 a 19
Campeonato do Mundo de
classe Tornado (Vela), em La
Rochelle, França
15 a 29
Taça Confederações FIFA de
Futebol, na Alemanha
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2 a 24
Volta à França em bicicleta
6
COI elege em Singapura a cidade-sede dos Jogos
Olímpicos de 2012 (Paris, Londres, Nova York,
Madrid ou Moscovo?).
14
Campeonato Mundial de Atletismo
de Juniores, em Marrakesh, Marrocos
14 a 17
Campeonato Mundial de Canoagem
de Juniores, em Szeged, Hungria
15 a 24
Campeonato do Mundo Feminino
Sub-19 de Basquetebol, na Tunísia
15 a 24
Campeonato da Europa de Jovens de
Ténis de Mesa, em Ostrava, R. Checa
23 a 31
Campeonato do Mundo de
Juniores de classe 470
(Vela), na Rússia
tba
Campeonato
do Mundo
de Voleibol
de Praia,
em Berlim
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1 a 7
Campeonato
Mundial de
Juniores de
Andebol, no
Qatar
5 a 14
Campeonato
do Mundo de
Atletismo, em
Helsínquia
5 a 14
Campeonato do
Mundo de Basquetebol
Sub-21, na Argentina
15 a 21
Campeonato do Mundo
de Badminton, em Los
Angeles, California
20 a 24
Campeonato do Mundo de Laser II
(Vela), em Kingston, Ontario, Canada
20 a 29
Campeonato do Mundo de classe 470
(Vela), em São Francisco, California
25 a 28
Campeonato do Mundo de
Canoagem, em Zagreb, Croácia
27 a 18/9
Volta à Espanha em bicicleta
30 a 8/9
Campeonatos do Mundo de
Halterofilismo, em Doha, Qatar
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8 a 11
Campeonato do Mundo de
Judo, no Cairo
8 a 11
Campeonatos do Mundo de
Triatlo de Juniores e Sub-23,
em Gamagori, Japão
15 a 2/10
Campeonato Mundial de
Futebol de sub-17, no Peru
15 a 18
Campeonato do
Mundo de
Trampolins, em
Eindhoven,
Holanda
19 a 28
Campeonato do Mundo de
classe Laser (Vela), em
Fortaleza, Ceará, Brasil
26 a 2/10
Campeonato Europeu de
Ginástica Acrobática, em
Salónica, Grécia
27 a 2/10
Campeonatos do Mundo de
Luta Livre e Greco-Romana,
em Budapeste, Hungria
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1
Campeonato do Mundo de
Meia Maratona, em
Edmonton, Canada
5 a 9
Campeonato do Mundo de
Ginástica Rítimica, em Baku,
Azerbaijão
8 e 9
Campeonato do Mundo de
Triatlo, em Honolulu,
Hawai
28 a 30
Campeonato Europeu de
Ginástica Aeróbica, no
Funchal
30
Grande Prémio de
Motociclismo no
Autódromo do Estoril
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9 a 14 Campeonatos WTA de Tenis, em Los Angeles, California
12 a 20 Masters Cup de Ténis, em Shangai, China
17 a 20 Taça do Mundo de Golfe, em Vilamoura, Algarve
21 a 27 Campeonato do Mundo de Ginástica Artística, em Melbourne, Austrália
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10 a 17
Campeonato do Mundo de Juniores de Ténis de
Mesa, em Linz, Áustria
12 a 19
Campeonato do Mundo de Formula Windsurf
(Vela), em Melbourne, Austrália
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Depois de pela primeira vez ter
acompanhado in loco em
Atenas os primeiros dias dos
Jogos Olímpicos, o Presidente da
República, Dr. Jorge Sampaio, não
pôde comparecer ao jantar, ao contrá-
rio do que desejava, mas fez-se repre-
sentar. E enviou uma mensagem sub-
linhando que a participação de
Portugal nos Jogos Olímpicos ao
longo dos 95 anos de existência do
COP "tem constituído motivo de
orgulho para Portugal, porque os nos-
sos atletas levam consigo a universali-
dade da nossa história e a satisfação
de representarem uma nação antiga
com uma cultura própria, rica e multi-
facetada".
Jorge Sampaio saudou particularmen-
te o presidente do COP: "Por detrás
de uma figura sóbria e discreta, escon-
de-se um batalhador incansável, de
uma tenacidade invulgar, e que à
frente do Comité tem sabido interpre-
tar como poucos a ideia de que o
'sonho comanda a vida'".
O Governo condecorou com o Colar
de Honra ao Mérito Desportivo o
membro português do Comité
Olímpico Internacional, Engº
Fernando Lima Bello, que presidiu ao
COP entre 1981 e 1989.
� De Atenas-2004 a Lisboa-2016
O Comandante Vicente Moura sau-
dou os convidados e antes da home-
nagem às figuras em destaque no pan-
orama desportivo nacional passou em
revista a existência do COP e particu-
larmente o olimpismo contemporâ-
neo, fazendo um balanço sintético da
XXVIII Olimpíada, no início de uma
alocução que encerrou com a defesa
REPORTAGEM
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A Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, foi o palco da Festa de 95º
Aniversário do Comité Olímpico de Portugal, na noite de 25 de Novembro.
Uma festa muito especial, pois foi o momento oportuno para a entrega
pública dos treze diplomas (três correspondentes a medalhas, mais dez
de classificações entre o 4º e o 8º lugares) conquistados pela Missão de
Portugal aos Jogos Olímpicos de Atenas. Estiveram presentes o
Embaixador da Grécia e o Ministro do Desporto, na ocasião, o Dr.
Henrique Chaves, e o presidente do IDP, Dr. José Manuel Constantino.
Jantar Comemorativo dos 95 anos do C.O.P.
Fecho em beleza
de um ano inesquecível
Carlos Lopes com Francis Obikwelu, encontro de campeões na festa do C.O.P.
FO
TO
S: CA
RLO
S M
ATO
S
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Nuno Merino deu espectáculo nas alturas no ano em que o Desporto olímpico portu-
guês deu um grande salto em frente
O Governo condecorou o Engº Lima
Bello, membro português do COI, com o
Colar de Honra ao Mérito Desportivo
Galeria dos premiados da
Festa dos 95 anos do C.O.P.
Filha de Rodrigo Pinto
recebeu o Prémio
Desporto e Comunicação
do COI atribuído a título
póstumo
A filha do Professor Reis Pinto recebeu a
Ordem Olímpica a título póstumo
Mestre Kobayashi recebeu a Medalha de
Mérito do C.O.P. das mãos de João
Gabriel, representante da Presidência da
República
O professor Manuel Boa de Jesus,
o senhor Gymnaestrada, foi homenageado
pelo sucesso do grande evento gímnico
de 2003
PRÉMIOS COP 2003
� ORDEM OLÍMPICA DE PORTUGAL
Prof. Henrique Reis Pinto
(F.P. Ginástica), a título póstumo
� MEDALHA OLÍMPICA
Gustavo Lima (F.P. Vela)
Menções Honrosas
Marta Loureiro
(F. Andebol de Portugal)
Vanessa Fernandes
(F. Triatlo de Portugal)
João Neto (F.P. Judo)
João Costa (F.P. Tiro)
� MEDALHA DE MÉRITO
Mestre Kiyoshi Kobayashi
(F.P. Judo)
� PRÉMIO JUVENTUDE
Diogo Botelho (F.P. Motonáutica)
Ex-Aequo
Tiago Apolónia (F.P. Ténis Mesa)
Tiago Venâncio (F.P. Natação)
MENÇÕES HONROSAS
Milton Dias (F.P. Atletismo)
Telma Monteiro (F.P. Judo)
� PRÉMIO COI (Desporto e
Comunicação Social 2004)
Rodrigo Pinto, a título póstumo
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do projecto de uma candidatura olím-
pica da cidade de Lisboa, aos Jogos de
2016.
O dirigente realçou as conquistas por-
tuguesas em Atenas, particularmente
as três medalhas e as dez classificações
até ao oitavo lugar, que renderam um
total de 44 pontos, a melhor classifica-
ção de sempre, contra os 35 pontos de
Atlanta e os 30 de Sydney. E também
enalteceu a melhor participação portu-
guesa de sempre no Festival Olímpico
da Juventude Europeia, em Paris, onde
foram conquistadas sete medalhas que
elevaram Portugal para o meio dos
melhores países europeus com um
notável 7º lugar geral.
"O COP - destacou Vicente Moura -
executou positivamente o Projecto de
Preparação Olímpica, em concertação
com o Estado e em articulação com as
federações olímpicas, tendo afectado
significativos recursos próprios ao
esforço global de financiamento.
Verificou-se a consolidação do modelo
de gestão, estando o COP em vias de
atingir a meta da auto-sustentação eco-
nómica em termos de estrutura, o que
há bem pouco tempo era uma mira-
gem".
A propósito, foi enaltecido o papel dos
patrocinadores do COP, cujos repre-
sentantes foram obsequiados pela pri-
meira vez com um Diploma de recon-
hecimento.
Depois, Vicente Moura inventariou as
múltiplas acções da Comissão
Executiva nos últimos tempos, desde a
área da comunicação às estruturas de
apoio médico permanente, sem esque-
cer a criação dos Centros de
Preparação Olímpica de Rio Maior e
Vila Real de Santo António, as consti-
tuições da Comissão e da Associação
de Atletas Olímpicos e a formação da
Associação dos Comités Olímpicos de
Língua Oficial Portuguesa, que organi-
zarão os seus primeiros Jogos em 2006
em Macau.
Virando-se para o futuro, anunciou a
assunção plena da gestão do Projecto
Olímpico Pequim 2008 e do Projecto
Esperanças Olímpicas para 2012,
nomeadamente através da criação do
Departamento de Acompanhamento
da Preparação Olímpica (DAPO), com
carácter profissionalizado, em ligação
estreita e directa com os departamen-
tos técnicos das Federações. E reiterou
a intenção de continuar a lutar pela
REPORTAGEM
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O pai de Marta Loureiro recebeu a menção honrosa
num dia em que a filha se encontrava no Leste euro-
peu ao serviço da selecção nacional.
O atirador João Costa prometeu regressar em
Pequim-2008
O velejador Gustavo Lima recebeu a Medalha Olímpica no ano que voltou
a estar perto da outra "medalha olímpica", um incentivo para mais um
ciclo olímpico até Pequim
Vanessa Fernandes, toque feminino
num pódio ainda muito masculino O judoca João Neto
ganhou ânimo para
voltar em 2008
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resolução dos problemas de reinserção
social e profissional dos atletas de alto
rendimento, de continuar a acompan-
har o desenvolvimento normativo da
Lei de Bases do Desporto, com especial
preocupação no que concerne ao regi-
me fiscal e ao sistema de segurança
social aplicável aos atletas, sem perder
de vista as reformas necessárias nas
áreas da Educação, da luta contra o
doping, da Justiça Desportiva ou das
infra-estruturas e equipamentos.
Vicente Moura ainda anunciou o pro-
jecto de criação do Museu Olímpico na
área contígua à sede e, por fim, reite-
rou a defesa de uma candidatura de
Lisboa à organização dos Jogos
Olímpicos de 2016 ou 2020, adiantando
que o COP vai preparar um documen-
to orientador "equacionando as fontes
de financiamento inerentes ao cumpri-
mento do caderno de encargos".
"Não é uma utopia! - declarou o presi-
dente do COP. "Portugal pode investir
num projecto desta dimensão, pois
está comprovado que este desígnio
tem constituído um meio de promo-
ção dos países candidatos e uma
forma de estudar prospectivamente o
Desporto".
A propósito deste tema, o Vereador
de Desporto da C.M.L., José Moreira
Marques, afirmou que "existem condi-
ções para Lisboa acolher a maior festa
mundial do Desporto", colocando-se
ao lado do Presidente do COP para
acompanhar os actos a desenvolver
com esse objectivo, que comparou a
outras recentes grandes empresas do
povo português e em particular da
cidade de Lisboa, como a construção
do Centro Cultural de Belém, a orga-
nização da Expo-98 ou do Euro-2004.
� Medalhados em foco
No Jantar dos 95 anos do Comité, que
teve uma vez mais como anfitriã a
apresentadora de televisão Fátima
Lopes e contou com uma exibição
espectacular de uma equipa de saltos
em trampolim liderada pelo olímpico
Nuno Merino, estiveram presentes
quase todos os atletas olímpicos de
2004, à excepção dos elementos da
selecção de futebol, por motivos pro-
fissionais, com realce para os três
medalhados, Francis Obikwelu, Sérgio
Paulinho e Rui Silva.
Na ocasião, como é tradicional, tam-
bém foram entregues os prémios
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37
V Prémio APOGESD
para Chefe de Missão
O V Troféu APOGESD/TOYOTA de Gestão de Desporto de
2004 foi entregue durante o Jantar de Aniversário do C.O.P.
ao Chefe da Missão de Portugal a Atenas-2004, Professor
Alípio de Oliveira, que também foi distinguido recentemente
com a Medalha de Mérito Desportivo (Grau Ouro) do Município
de Gaia, onde nasceu.
Ex-presidente da Federação Portuguesa de Hóquei em Campo,
Alípio de Oliveira foi também Chefe de Missão aos Jogos
Mundiais da Juventude em Moscovo (1988), tendo feito parte
da Comissão Executiva do C.O.P. em duas Olimpíadas e sido
membro do C.O.P. em outras três, ao longo dos últimos 20
anos. Além disso, foi o representante do C.O.P. nos Jogos
Paralímpicos de Sydney (2000) e foi membro do Conselho
Directivo da Academia Olímpica de Portugal.
Os anteriores vencedores do Prémio Gestão do Desporto
foram Pinto da Costa, presidente do FC Porto, Francisco
Fernandes, do Governo Regional da Madeira, José Eduardo
Bettencourt, do Sporting C.P. e João Havenlange, presidente
honorário da FIFA.
Diogo Botelho, Prémio Juventude, pelo trabalho
numa modalidade não olímpica
O jovem Tiago Apolónia, uma das caras novas do
desporto nacional, esperança para 2008
Tiago Venâncio, depois da estreia olímpica em
Atenas, ainda junior
Alípio de Oliveira, Prémio Apogesd 2004
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olímpicos correspondentes a 2003,
dois deles infelizmente a título póstu-
mo. A Ordem Olímpica foi outorgada
ao antigo presidente da Federação
Portuguesa de Ginástica, saudoso
Professor Reis Pinto, e o Prémio do
Comité Olímpico Internacional
Desporto e Comunicação Social (de
2004) ao jornalista Rodrigo Pinto -
ambos representadas por suas filhas.
A Medalha de Mérito do COP foi
entregue a Mestre Kobayashi, grande
impulsionador do Judo nacional nas
últimas quatro décadas.
Gustavo Lima, campeão mundial de
Laser, recebeu a Medalha Olímpica,
tendo sido atribuídas quatro menções
honrosas, enquanto o Prémio
Juventude foi atribuído a um atleta de
uma modalidade não olímpica, Diogo
Botelho (Motonáutica) e a outros dois
jovens ex-aequo Tiago Apolónia (Ténis
de Mesa) e Tiago Venâncio (Natação),
com mais duas menções honrosas.
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Sérgio Paulinho (Ciclismo) mostrou a
sua medalha de prata sobre a camisola
usada no circuito da Acrópole
Álvaro Marinho-Miguel Nunes
(Vela, 470)
Rui Silva (Atletismo) junto das medalhas
e do facho olímpico de Atenas
Obikwelu com a
chefia de Missão
Atenas-2004,
secretário geral e
embaixador da
Grécia
João Rodrigues (Vela) despiu a farda
olímpica após quatro Jogos consecutivos
Nuno Merino (Trampolins)
Alberto Chaiça (Atletismo)João Neto (Judo)
Emanuel Silva (Canoagem)
João Pina (Judo)
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Centro de Preparação
inaugurado no Algarve
Atletas de todo o Mundo já
conhecem e utilizam há muito
as facilidades de preparação
desportiva de Vila Real de Santo
António, que mereceram a certificação
da Federação Internacional de
Atletismo, mas a inauguração da Nave
Desportiva no dia 21 de Dezembro
veio aumentar significativamente a já
elevada qualidade da oferta. Uma
indisposição de última hora impediu a
presença do Presidente da República,
Dr. Jorge Sampaio, e foi a sua esposa
Dr.ª. Maria José Ritta quem presidiu às
cerimónias que reuniram muitas cente-
nas de pessoas no interior do magnífi-
co complexo, entre as quais dezenas de
atletas "apanhados" entre o treino da
manhã e o da tarde.
A Nave tem uma arquitectura invul-
gar, que envolve o topo Sul do estádio
num semicírculo de vidro e ferro
muito bem aproveitado internamente.
Apesar das formas exteriores arredon-
dadas, o interior do pavilhão é sufi-
cientemente espaçoso para conter uma
recta de Atletismo de 80 metros com
quatro corredores e ainda pistas com
caixas de areia para salto em compri-
mento e triplo salto, sectores para salto
em altura e salto com vara e também
para lançamento contra rede de Peso,
Disco e Dardo.
A Nave Desportiva engloba um
conjunto de equipamentos desportivos
que ainda não estão terminados. Estão
ainda em construção uma Piscina e um
Campo de Futebol Sintético, algumas
instalações de apoio, e em breve um
desenvolvimento do Centro de Ténis
com mais 'courts' de terra batida a
acrescentar aos já existentes - ultrapas-
sando tudo os três milhões de euros de
investimento que vem completar a
excepcional infra-estrutura algarvia -
de que usufruíram, só em 2004, mais
de 400 atletas. Segundo o autarca
algarvia, António Murta, já passaram
pelo Centro Desportivo de Vila Real de
Santo António atletas de 30 países,
entre os quais cerca de uma centena de
campeões mundiais, europeus e olím-
picos.
Este centro de Alto Rendimento já
reconhecimento e certificado pela
Federação Internacional de Atletismo
começou a ser construído em 1988 e
ganhou o balanço em 1992 com a inau-
guração da pista de Atletismo, consti-
tuindo também para a hotelaria local
uma oferta alternativa à época baixa do
turismo balnear. Uma vez que não
existe Centro de Estágio ao contrário
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de Rio Maior, o protocolo do Centro de
Preparação Olímpica, envolve condi-
ções especiais da parte do Hotel
Iberotel de Montegordo.
O secretário de Estado do Desporto,
Dr. Hermínio Loureiro, sublinhou a
concertação entre o poder local e a
administração central que permitiu pôr
de pé este importante projecto e desta-
cou que, não apenas simbolicamente,
esta inauguração vem confirmar um
auspicioso início de preparação para os
Jogos Olímpicos de Pequim, no ano em
que pela primeira vez não se verifica
um hiato entre Olimpíadas.
Maria José Ritta, uma vilarealense
que já recebeu a Medalha de Honra da
cidade (grau Ouro) pelo apoio
concedido à edificação de um
Centro de Acolhimento infan-
til, destacou o lado prático que
a nova instalação oferece à
economia local, ao promover
uma oferta de turismo alterna-
tivo a uma indústria muito
sazonal. "Contribuirá também
para que os portugueses das
outras regiões comecem a
olhar para o Algarve não ape-
nas como um destino de férias
de Verão, mas como zona de
múltiplas ofertas. Considero necessário
mudar a forma como os portugueses
vêem o Algarve e iniciativas como esta
vão contribuir para isso", afirmou a
primeira Dama na cerimónia solene de
inauguração da Nave Desportiva.
Centro Olímpico
Com esta cerimónia foi possível
concluir o protocolo entre as várias
entidades envolvidas que instituciona-
liza o Centro de Preparação Olímpica
de V.R. de Santo António, o segundo
depois de Rio Maior, que já vigora há
dois anos. Os presidentes do Comité
Olímpico de Portugal e da Câmara
Municipal, comandante Vicente Moura
e António Murta, assinaram na ocasião
o acordo que concretizará este segundo
Centro, para servir toda a região do
Algarve e, além disso, para facultar,
numa zona privilegiada, o estágio de
atletas em modalidades diversas.
Vila Real disponibiliza aos atletas as
seguintes instalações no Complexo
Desportivo:
- Estádio para Atletismo;
- Instalações para Atletismo;
- Campos de Futebol (1 principal e 2
para treinos);
- 2 ginásios de piso sintético;
- Pavilhão Desportivo em piso sintético
(40 x 20 m);
- 5 Polidesportivos ao Ar Livre, equi-
pados para Basquetebol,
Andebol, Futebol de Salão e
Patinagem;
- 4 Campos de Ténis (em piso
rápido);
- 2 Campos de Mini-Ténis
(Paddle).
Todos estes equipamentos per-
mitem a prática das seguintes
modalidades:
- Atletismo (todas as discipli-
nas), Ciclismo (com excepção
do indoor), Futebol, Judo,
Lutas Amadoras, Taekwondo,
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António Murta, presidente da Câmara, e o
presidente do COP assinaram protocolo do Centro
de Preparação Olímpica, durante a inauguração
presidida por Maria José Ritta
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Ténis, Ténis de Mesa, Triatlo, Tiro com
Arco e Vela.
Com a ligação protocolar com o
Pavilhão de Castro Marim (a cerca de 3
kms) poderão facultar-se instalações
para as seguintes modalidades:
- Andebol, Ginástica, Voleibol,
Basquetebol e Badminton.
Além disso, prepara-se a instalação
no areal de Monte Gordo/Vila Real de
Santo António, de um recinto adequa-
do ao treino e prática de Voleibol de
Praia.
Os alojamentos para o Centro de
Preparação Olímpica são disponibiliza-
dos no Hotel Iberotel-Baía de Monte
Gordo, que fornece uma série de servi-
ços que os técnicos e atletas poderão
utilizar, incluindo regimes dietéticos
específicos.
As instalações administrativas do
Centro de Preparação funcionam, em
local autónomo, integrado no
Complexo Desportivo de Vila Real de
Santo António. O Centro de
Preparação tem, localmente, um
Responsável Executivo (Sr. João
Moreira Dias) que coordenará todas as
actividades relacionadas com os uten-
tes do Centro, promovendo também
todo o relacionamento necessário com
os Responsáveis camarários do
Complexo Desportivo.
O Responsável Executivo mantém-
se, também, em contacto directo com
os diversos Serviços do COP para
seguimento e coordenação de todos os
assuntos que necessitem desses mes-
mos Serviços.
O Centro de Preparação Olímpica
de Vila Real de Santo António faculta
assistência médica e de fisioterapia,
durante os períodos de treino com um
médico de clínica geral, um fisiotera-
peuta e uma massagista, trabalhando
na cidade, e com o apoio de um cirur-
gião ortopedista do Hospital Distrital
de Faro.
Em complemento, o COP está a pre-
parar, com a empresa Lusotur e com o
apoio técnico da Federação Equestre
Portuguesa, um protocolo de utilização
de instalações para treino equestre (nas
modalidades olímpicas) no Complexo
de Vilamoura. Aliás, também os atletas
de Vela poderão utilizar as instalações
da Marina de Vilamoura, em alternati-
va às de Vila Real de Santo António
(Associação Naval), mediante progra-
mação prévia com o CPOVRSA.
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ESTÁDIO
8 pistas de Atletismo (Piso Sintético)
4 sectores salto comprimento/triplo salto
2 sectores para Salto Altura
2 sectores para Salto com Vara
1 sector para Lançamento do Peso
1 sector para Lançamento do Disco/Martelo
1 sector para Lançamento do Peso
Campo de Futebol relvado (104x67 m)
2 Ginásios (40x15) piso sintético
Posto Médico
Sala de Imprensa
Bar
EXTERIOR
2 Relvados (100x65 m)
1 relvado Lançamento Disco
1 relvado Lançamento Dardo
5 sectores Lançamento Peso
1 relvado c/ sector para Disco e Martelo
Pista de crosse c/ 2300 m
Campo relvado p/ Tiro com Arco (100x60 m)
Campo de Futebol relva sintética (126x70 m)
Pavilhão Municipal
1 Piso Sintético (40x20 m)
Basquetebol, Andebol, Voleibol, Futsal, Ginástica,
Badminton, Ténis de Mesa
3 Polidesportivos ao Ar Livre
Basquetebol, Andebol, Futsal, Patinagem, etc.
Centro de Ténis
4 Campos de Ténis
2 campos de mini-ténis (piso sintético)
Zona Envolvente
Pinhal com 12500 m de trilhos
Praia com 20 kms de areal
NAVE DESPORTIVA
4 pistas atletismo piso sintético (80 m)
Sectores para
Salto em comprimento e triplo
Salto em Altura
Salto com Vara
Lançamento do Peso/Disco contra rede
Lançamento do Dardo/Bola contra Rede
Sala de Musculação
Laboratório: Avaliação/Controlo
Sala Fisioterapia
Gabinete Médico
Sala de Audiovisuais
Sala de Reuniões
Sala de Convívio e Bar
CENTRO DE PREPARAÇÃO OLÍMPICA DE V.R.S. ANTÓNIO
REPORTAGEM
JÁ EXISTENTE NOVO
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Com o final do ciclo olímpico ter-
mina também a primeira expe-
riência do Provedor do Atleta
Olímpico a nível do Comité Olímpico
de Portugal, desempenhado nos últi-
mos dois anos pelo Eng.º Marques da
Silva, chefe de Missão aos Jogos de
Sydney-2000. Na hora de fazer o balan-
ço à fase inicial desta nova entidade
olímpica, uma fase provisória em que,
todavia, foi chamado a dirimir diver-
sos processos de divergência aguda
entre atletas e Federações, o primeiro
Provedor português do atleta tem
ideias precisas sobre a evolução deste
órgão e está até disposto a prosseguir
na próxima Olimpíada "com propostas
para melhorar", no caso de ser convi-
dado pelo Comandante Vicente Moura
e merecer a concordância da futura
Comissão Executiva.
A ideia de criar um Provedor do
Atleta Olímpico resultou de uma visita
do presidente do COP aos Estados
Unidos e Canadá, países onde já exis-
tia, acabando por ser lançado em fase
experimental durante a segunda meta-
de da Olimpíada. Todos os países que
já possuíam Provedorias manifestavam
grande satisfação pela iniciativa que
servia de primeiro catalisador dos dife-
rendos envolvendo atletas.
Em Portugal, antes de avançar para
uma Provedoria propriamente dita,
começou-se apenas com o Provedor,
decalcando o regulamento de outros
países, com vigência até 2004. No
momento de fazer o balanço do trabal-
ho realizado, o eng.º Marques da Silva,
considera que "vale a pena ampliar a
experiência", existindo matéria e alcan-
ce para uma Provedoria, que seria
muito mais abrangente, incluindo a
defesa dos treinadores e de outros ele-
mentos do 'entourage' do atleta.
Na primeira fase, desde 1 de Janeiro
de 2002, o órgão só foi aberto a atletas
olímpicos, mas talvez faça sentido abrir
o leque aos atletas de alta competição
em geral, considerando desde logo que
muitos deles são pré-olímpicos, outros
entram, saem e mais tarde conseguem
regressar aos projectos olímpicos, pelo
que não faz muito sentido que dispon-
ham de um Provedor apenas a espaços
- o que seria colmatado através do alar-
gamento do seu âmbito às Federações.
"Muitos problemas dos atletas olímpi-
cos colam com problemas do Desporto
em geral", observou o eng.º Marques
da Silva. Mas um eventual alargamen-
to de âmbito acarretaria um aumento
do trabalho e justificaria outra estrutu-
ra.
No próximo ciclo olímpico, a partir
da experiência realizada, o COP já terá
mais respostas para os problemas, par-
tindo do princípio de que muitos deles
são recorrentes. Para estas queixas, o
Provedor já encontrou as soluções,
pelo que o seu trabalho pode também
ser direccionado noutras perspectivas.
"O Provedor pode exercer influência
em determinados regulamentos que
não são os mais favoráveis aos atletas,
ajudando a conformá-los com a vida
dos desportistas. Talvez a futura regu-
lamentação ou alteração de regulamen-
tos deva observar o parecer do
Provedor dos Atletas, fundamentado
no que ele vai apreendendo com os
casos concretos que, tantas vezes, pas-
sam despercebidos aos dirigentes ou
aos legisladores", afirma Marques da
Silva.
Por isso, também defende uma rela-
ção mais clara e efectiva entre o
Provedor e a Comissão de Atletas,
desafiando esta a assumir tudo o que
lhe compete para resolver finalmente
questões que há tanto tempo afligem os
atletas: "com mais ligação, o Provedor
pode ajudar a CAO a resolver final-
mente algumas questões que se vão
arrastando de Olimpíada para
Olimpíada".
O reconhecimento em geral das
situações que afectam os atletas olímpi-
cos é comum aos Provedores estrangei-
ros. Marques da Silva projecta o incre-
mento do diálogo com Provedores de
outros Comités Nacionais, em particu-
lar os nórdicos, o francês e os norte-
americanos, para com eles abordar os
problemas genéricos já identificados e
catalogados, bem como a comparação e
eventual convergência dos regulamen-
tos. "É um trabalho para o próximo
Provedor, buscar 'know how' e ideias
junto dos outros NOC", defende.
� Uma dúzia de casos
Nos dois anos de trabalho como
Provedor, o eng.º Marques da Silva
enfrentou muitos diferendos, sempre
opondo atletas e respectivas
Federações, mas apenas uma dúzia
deles evoluíram para "casos" a obrigar
a intervenção. "Cinquenta por cento
das situações resolveram-se com apelos
ao bom senso e apenas a tal dúzia exi-
giram um pouco mais de trabalho",
explicou. "Lidamos com um problemas
algo sazonais, que se agudizam no ano
dos Jogos Olímpicos. Mas como para o
ciclo olímpico seguinte nem vai haver
interrupções e há gestão e distribuição
de subsídios já a partir de Janeiro até é
possível que surjam estes conflitos mais
cedo".
Com o aproximar do ano olímpico
de 2004 a intensidade das queixas
aumentou, tendo quase sempre como
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Provedor do Atleta
experiência inovadora
Intervenções do
Provedor do Atleta
Olímpico (2002-2004)
� Federação de Atletismo
� Federação de Remo
� Federação de Ténis
� Federação de Tiro
� Federação de Vela
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pano de fundo a questão dos apoios e
alegados desfavorecimentos nas suas
atribuições, situações complicadas de
dirimir. Algumas mesmo impossíveis,
não obstante a vontade em ajudar atle-
tas olímpicos a ultrapassar todo o des-
conforto: se um atleta, por exemplo,
está em risco de ter de mudar de treina-
dor porque o técnico respectivo se recu-
sa a assinar o contrato-programa ou
está mesmo em litígio com a Federação,
não há Provedor que lhe valha. E um
caso como este ocorreu mesmo!
Curiosamente, apesar da existência
de uma Comissão de Atletas, não há
tendência de as situações concretas
serem conduzidas através deste órgão
representativo, como se os atletas efec-
tivamente necessitassem de uma enti-
dade sindical para os representar.
Da parte das Federações, o Provedor
encontrou sempre bom acolhimento:
"Sempre tentaram das explicações e
receberam bem os problemas, enalte-
cendo a existência desta entidade nego-
ciadora".
Recorda Marques da Silva que exis-
tiram mais problemas relacionados
com Federações a viver problemas
organizativos. Em ambiente de desen-
tendimento e falta de diálogo, o
Provedor funcionou como apaziguador
e evitou que diversas questiúnculas
degenerassem em conflitos. Também
foi frequente surgirem queixas (mal)
sustentadas em desconhecimento da
legislação e dos regulamentos por parte
dos atletas, "o que se resolveu com uma
conversa e bom senso".
Este é o cariz genérico da actividade
do Provedor do Atleta Olímpico,
desempenhado por um dirigente com
larga experiência e sensibilidade para a
matéria, ex-presidente da Federação de
Ténis e Chefe de Missão de Portugal a
Sydney-2000.
� Provedor de Equipa
Houve também situações não de litígio
propriamente dito, mas de divergência
de entendimentos legais e regulamen-
tares, os dois mais significativos envol-
vendo militares a quem não eram
reconhecido o estatuto de funcionários
públicos. "Dois casos complicados, tal-
vez a situação mais difícil", recorda o
Provedor, em função das instâncias
que estavam envolvidas, nomeada-
mente o Ministro da Defesa Nacional.
Do trabalho desenvolvido, por fim, lá
apareceu o necessário ofício de recon-
hecimento daquele estatuto aos atletas
em causa, das modalidades de Tiro e
de Remo, que foi encaminhado aos
recalcitrantes superiores hierárquicos
militares. Era o que se pretendia, pelo
que a tarefa foi coroada de êxito e um
dos atletas, João Costa, não necessitou,
desta vez, de "queimar" uma licença
para representar o país nos Jogos
Olímpicos, ao contrário do que sucede-
ra em Sydney.
Neste caso, a intervenção do
Provedor extravasou o seu âmbito,
uma vez que não se tratava de qual-
quer diferendo atleta-Federação ou
atleta-COP, pelo que os contactos exte-
riores com o Ministério tiveram de ser
assumidos pelo próprio Presidente do
Comité, sustentado no parecer do
Provedor.
Sendo um Provedor do Atleta, ele
não pode obviamente envolver-se nas
dificuldades dos treinadores, embora
a experiência de dois anos tenha reve-
lado que os técnicos enfrentam ques-
tões semelhantes e que muitos dos
problemas dos atletas afectam geral-
mente os respectivos treinadores e
não podem se dissociados.
"Neste caso - alvitra Marques da
Silva - talvez o Provedor do Atleta
possa evoluir para Provedor da
Equipa, para ser ainda mais abrangen-
te. Na revisão que devemos fazer ao
Regulamento provisório do Provedor
devemos alterar a noção de atleta olím-
pico: não é só a pessoa, mas sim toda a
gente que o rodeia a nível técnico,
médico e pessoal. Por isso, talvez deva-
mos alargar o alcance da intervenção
do Provedor".
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olimpo_provedor.qxd 04-01-2005 22:35 Page 45
Ofinal da XXVIII Olimpíada é
marcado pelo desejo de prepa-
rar, desde já, a próxima repre-
sentação portuguesa nos Jogos
Olímpicos de Beijing. Uma atitude
refrescante a perspectivar novas exi-
gências e outra estruturação do
desporto nacional. Com alguma aten-
ção, verifica-se que em países mais
próximos, tanto sob o ponto de vista
cultural quanto geográfico, como é o
caso de Espanha e de França, o futuro
prepara-se com a máxima antecedên-
cia. E nessa caminhada, todos partici-
pam.
A haver uma renovação de fundo,
os mais novos atletas olímpicos, pre-
sentes em 2008, têm hoje 14, 16, 18
anos. Deverão continuar a trabalhar,
com sólidos incentivos e motivação
consistente por mais quatro anos. Só
desse modo, com esforço e persistên-
cia, podem vir a representar Portugal.
Contudo, a acreditar que continuará a
existir um elevado empenhamento dos
mais novos, condições adequadas a
uma preparação ao nível da excelência
desportiva e técnica, em várias discipli-
nas olímpicas, em particular, e que o
desporto preservará um quadro huma-
no e autêntico, como é desejável, não
se poderá esquecer que os mais jovens
atletas olímpicos que chegarem a
representar Portugal, em 2012, têm
hoje entre 10, 12 e 16 anos. Seguindo
este raciocínio, os mais novos atletas
olímpicos, susceptíveis de poderem
assegurar a representação portuguesa
para 2016, têm hoje, respectivamente,
entre 6, 8 e 10 anos de idade. E para
2020, 2, 4, e 8 anos. Para os Jogos
Olímpicos seguintes, 2024, 2028, ainda
não nasceram.
Sendo assim, que mudanças de
fundo, no plano de uma Lei de Bases
do Desporto arrojada, capaz de anteci-
par, no plano da educação, no plano
da formação de quadros técnicos e pro-
fissionais, em múltiplos domínios, no
âmbito dos equipamentos, das mentali-
dades, dos que desempenham funções
de responsabilidade e de decisão, dos
actuais praticantes, dos mais recentes
olímpicos, que mudanças de fundo se
constróem, desde já, que exigências e
que empenhamento existem, da parte
de todos, e de todas, que possam vir a
garantir representações de elevado
nível, isto é, a participação de jovens,
de ambos os sexos, em igualdade de
oportunidades, de acesso, de prática,
de aperfeiçoamento, que sejam a ima-
gem de um país saudável, autónomo,
decidido e capaz de ultrapassar todos
os obstáculos? Um país que revela, na
prática, no quotidiano, na vivência
individual e colectiva, um modo de ser
que não se avalia nos momentos
extraordinários, como seria o caso do
Euro 2004, mas, antes do mais, no
conhecimento de que a sua primeira
riqueza se encontra na gente que lhe
dá corpo e materializa, numa Europa
multicultural, num mundo que se pro-
cura multipolar, nos portugueses e nas
portuguesas de todas as idades, que
todos os dias fazem Portugal, no
encontro desportivo, económico, inte-
lectual, com todos os outros, revelam a
sua qualidade, a sua forma única, e
sempre desvalorizada, de estar no
mundo. É que esses jovens, que
despontam, fazem parte de um mundo
totalmente diferente daquele que as
gerações mais velhas, ou seja, de mais
de quarenta anos, conheceram. Fazem
parte da Europa desde que nasceram,
pensam em termos Europeus, aspiram
a uma sociedade, a um desporto, de
qualidade e de nível europeu.
Bastaria, para se dar conta dessa cli-
vagem, de onde os mais velhos os
(não) vêm, ouvir as jovens jogadoras
de futebol feminino, Sub-18 e Sub-19,
no seu breve estágio em Rio Maior,
devidamente orientadas pela Dra.
Mónica, sob a coordenação do Dr.
Arnaldo Cunha, e treinadas, agora, por
José Augusto, para assinalar que o
futuro é delas e que para ele se prepa-
ram com a energia, e a clareza, das
suas idades. Assim como acontece, por
exemplo, face aos jovens estudantes de
educação física e desporto, que siste-
maticamente desafiam os números
mais desencorajadores e persistem na
escolha de áreas de intervenção onde o
trabalho não falta, de facto, mas o
emprego escasseia.
Com maior ou menor receio do
embate com um mercado de trabalho
agitado, onde a concorrência é feroz, os
mais jovens que hoje se preparam
estão atentos, principalmente, ao que
cada um, cada professor, treinador, téc-
nico, gestor, lhe pode oferecer em ter-
mos de perspectivas, ou seja, de prepa-
ração para o futuro. Naturalmente, o
futuro é, principalmente, deles. Um
COMISSÃO A MULHER E O DESPORTO
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MANUELA HASSE
Professora da Faculdade de
Motricidade Humana
Presidente da Comissão A
Mulher e o Desporto do COP
TEXTO
2008
2028
2024
2020
2016
2012
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futuro europeu, rico de experiências,
diversificado, pleno, afinal, de oportu-
nidades. E, naturalmente, de escolhos.
Onde cada um, onde cada uma, valerá
e será respeitado, será requisitado,
contratado, procurado, pelo seu pró-
prio valor, pela sua competência, pela
sua capacidade de adaptação a um
mundo em acelerada mudança. O
caminho está já traçado, pelos jogado-
res e pelas jogadoras, pelos treinadores
portugueses, que percorrem a Europa,
os USA, o Canadá, a América do Sul, a
Ásia, a África. E aí deixam, agora, a
marca portuguesa de seriedade, de
competência, de compreensão e de
afecto. As nações unidas do desporto,
como alguém já apelidou.
Enquanto isso, no plano administra-
tivo, as mudanças necessárias arras-
tam-se, demoram, atrasam-se. Mais
ainda para as mulheres, as mais jovens,
atentas ao mundo que as rodeia, que as
integra ou lhes impõe ritmos e opções
que estas não hesitam em acolher - tra-
balhar em França? Partir para
Shanghai? Aceitar um contrato tempo-
rário de trabalho na Polónia? Por que
não? Enquanto isso, no país de origem,
as mudanças, a haver, pela pressão
externa e interna, pela acção social,
encontram-se longe de ser delineadas,
quanto mais decididas, concretizadas.
Enquanto isso, na verdade, mais impa-
cientes que os jovens de outras gera-
ções, que é esse o ritmo do tempo, os
jovens não esperam. De tal maneira,
que através dos mais novos, o mundo
se revela diferente, verdadeiramente
jovem - e a diferença, entre o envelhe-
cimento e a maturidade, reside somen-
te na incapacidade, ou na capacidade,
de os observar, de os compreender e
de os acompanhar. Através da abertu-
ra, da construção de outras formas de
viver, de outras escolhas. O mundo
não espera pelas hesitações, pelos
avanços e recuos nacionais.
Enquanto em Portugal se olha com
desconfiança, em muitos casos, o pro-
blema da participação feminina no
desporto, situação que leva ao afasta-
mento das mulheres mais competentes
e experientes, por exemplo, de algu-
mas Federações, enquanto outras, pelo
contrário, só avançam por que estas
lançam mãos ao trabalho, enquanto
nas universidades dedicadas especial-
mente à formação para o desporto se
põe, ainda hoje, em finais de 2004, em
causa os estudos sobre as mulheres -
áreas que, em todo o mundo, inclusive
no Oriente, tem permitido reunir
dados e informações rigorosas que têm
vindo a apoiar, com rigor e segurança,
as decisões a tomar - enquanto em
outras universidades, públicas e priva-
das, estes avançam (por que será tão
conservador o meio desportivo, carac-
terística esta que parece afectar, tam-
bém, o meio universitário mais ligado
ao campo desportivo?), a direcção 'das
coisas sérias' permanece nas mãos
masculinas, secretariadas por enxames
de activas assistentes e colaboradoras,
ou subs, ou vices. O que implica, é evi-
dente, uma orientação marcadamente
desigual. Esquecendo-se as particulari-
dades femininas, a especificidade que
os treinadores, que as treinadoras, e
técnicos, e técnicas, mais experientes
não deixam de destacar (consultem-se,
sobre esta questão, os manuais de trei-
no, de preparação física, de gestão e de
liderança), a maneira particular como
se deve preparar, propor e dirigir, o
desenvolvimento do desporto entre as
camadas femininas mais jovens.
A preparação do futuro, de 2008 a
2028, e em geral, exige, nestes termos,
um planeamento a nível nacional, uma
reestruturação de fundo, uma transfor-
mação de maneiras de ver e de actuar
que os mais novos, os principais inte-
ressados, reclamam diariamente. Se as
medidas de fundo devem partir do
poder central, que não pode nem deve
escusar-se, a mudança a viver deve ser
construída por todos, e todas, nas ati-
tudes que tomam, nas escolhas que
fazem, na obra que edificam. Um país,
como um desporto, é feito por todos, a
cada instante. Exigindo e trabalhando,
em igual medida, por um futuro que
se prepara, em especial, para os que
estão a chegar. Que 2005 possa ser o
ano do arranque para um desporto
português preparado para acolher
todos os cidadãos, um meio de encon-
tro, de descoberta, de conhecimento,
de aceitação, de respeito e de fortaleci-
mento mútuo. Com trabalho e persis-
tência, vontade e confiança, a participa-
ção de todos e todas. Valha a palavra
de ordem adoptada pelo desporto
escolar, neste Ano Europeu da
Educação pelo Desporto (2004) - a pre-
parar a chegada do Ano Internacional
da Educação Física e do Desporto
(2005): 'Eu não desisto'.
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Que 2005 possa ser
o ano do arranque
para um desporto
português preparado
para acolher todos
os cidadãos, um meio
de encontro,
de descoberta,
de conhecimento,
de aceitação,
de respeito e de
fortalecimento mútuo.
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Eleições
do C.O.P.
durante o mês
de Março
O mandato da
Comissão Executiva
do Comité Olímpico
de Portugal para a
XXVIII Olimpíada ter-
minou oficialmente a
31 de Dezembro,
encontrando-se
agora aberto o perío-
do eleitoral, que cul-
minará na
Assembleia Geral
eleitoral no mês de
Março.
Durante o mês de
Janeiro serão
entregues as listas
a sufrágio. O presi-
dente cessante do
C.O.P., José Vicente
Moura, vai recandi-
datar-se à frente de
uma lista baseada na
Comissão anterior,
mas em que procura
congregar três ele-
mentos femininos,
ultrapassando final-
mente uma
"resistência" das
eleições anteriores
em que foi manifes-
tamente impossível
respeitar as direc-
trizes do próprio
Comité Internacional
sobre a matéria.
Frischknecht presidente da FPN
contra estratagemas e intrigas
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A sede do Comité
Olímpico foi o palco
da tomada de posse
do novo presidente
da Federação
Portuguesa de
Natação, o antigo
atleta e treinador
olímpico Paulo
Frischknecht, vence-
dor das disputadas
eleições de sucessão
a Isidoro Morgado,
realizadas em
Novembro. A posse
da lista vencedora,
sob o lema "Mais
Acção, Melhor Natação" e muito marcada
por uma nova geração ao incluir 26 ex-atle-
tas, oito dos quais olímpicos, foi testemun-
hada pelo presidente do C.O.P., Vicente
Moura, antigo dirigente da modalidade,
que sublinhou a importância da Natação no
programa olímpico.
Na cerimónia, Frischknecht declarou a
intenção de não perder tempo com "estrata-
gemas e intrigas estéreis" e "fogueiras de
vaidades inconsequentes", que tão frequen-
temente consomem recursos, tempo e ener-
gias no meio associativo, sem qualquer
benefício para atletas ou treinadores.
Na votação, a lista vencedora tinha obti-
do 195 dos 281 votos expressos (cerca de 70
por cento), contra 50 votos da lista A enca-
beçada por Teresa Oliveira, antiga nadado-
ra da Associação Académica de Coimbra.
Atleta nos Jogos Olímpicos de Montreal-
76 e Moscovo-80 e treinador olímpico de
Nuno Laurentino, entre outros nadadores
nos certames de Barcelona-92, Atlanta-96 e
Sydney-2000, Paulo Frischknecht sucede no
cargo de presidente da FPN a Isidoro
Morgado, que liderou a federação por três
anos, após as eleições de 2001.
Curiosamente Laurentino, membro da
Comissão de Atletas Olímpicos, é um dos
novos vice-presidentes da Federação.
Como novo presidente da Assembleia
Geral da FPN, foi eleito Manuel Brito, anti-
go presidente do Instituto do Desporto de
Portugal (IDP).
José Eduardo Santos
eleito para Pequim
O português José Eduardo Santos foi eleito presidente da Comissão de
Sinalização Eléctrica, Material e Instalações da Federação Internacional
de Esgrima, realizada a 5 de Dezembro, em Paris. O dirigente da
Federação Portuguesa de Esgrima, que já desempenhara funções nos
Jogos Olímpicos de Atenas, será assim o principal responsável pelo
enquadramento técnico da competição de Esgrima nos Jogos de Pequim,
em 2008.
A Comissão é constituída por outros nove membros eleitos, representan-
do Itália, Coreia, Japão, Estados Unidos, Canadá, China, Turquia,
Polónia e Rússia. Na eleição do presidente, Eduardo Santos obteve sete
votos, contra três do delegado italiano.
Trata-se do segundo português a presidir a uma Comissão Técnica com
responsabilidades já consignadas para os Jogos de 2008, depois de Jorge
Salcedo, da Federação Internacional de Atletismo.
Paulo Frischknecht assina o auto de posse na sede do C.O.P.
José Eduardo Santos com Victor Mota e Inês
Henriques no Dia Olímpico
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Rogge analisa 2004
e projecta 2005
2005 vai ser o ano de revisão do programa
olímpico, de cuja comissão faz parte o
secretário-geral do COP, Victor Mota, e da
escolha da sede dos Jogos de 2012 - desta-
cou o presidente do Comité Olímpico
Internacional, Jacques Rogge, na sua entre-
vista de balanço do ano e da Olimpíada à
revista olímpica. Outras tarefas prioritárias
para o primeiro ano do novo ciclo são as
negociações dos direitos televisivos para os
Jogos de 2010 e 2012, bem como a con-
clusão das negociações do programa TOP
para 2012 com os patrocinadores, após o
que a Comissão de Marketing iniciará os estu-
dos de uma nova estratégia para os ciclos
olímpicos posteriores a 2012.
Rogge sublinhou o sucesso dos Jogos de
Atenas, cuja "organização perfeita" na sequên-
cia dos de Sydney e de Salt Lake City, fortale-
ceu o COI e o Movimento Olímpico. "O
Movimento está robusto, beneficiando da con-
fiança do mundo político e também do mundo
económico e dos media", afirmou. Com os
recursos angariados pelos Jogos de Atenas,
cujos direitos televisivos cresceram 40 por
cento relativamente aos anteriores, as
Federações internacionais vão receber 240
milhões de dólares e a Solidariedade Olímpica
terá uma comparticipação semelhante para
os programas do ciclo 2005-2008.
Apoio a Atletas olímpicos
não sofreu interrupção
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Pela primeira vez na história das participações olím-
picas portuguesas, os apoios estatais aos atletas não
sofreram interrupção após os Jogos de Atenas, com
o Estado a manter os subsídios aos que obtiveram
resultados que os qualificaram automaticamente
para prosseguirem dentro do Projecto Olímpico.
Estão neste lote todos os classificados até ao 16º
lugar.
Normalmente, nos meses que medeiam entre um
ciclo olímpico e outro, em particular os últimos
meses do ano olímpico e os primeiros do ano
seguinte, os atletas viam interrompido o fluxo de
verbas, por razões administrativas e não obstante
não haver justificação desportiva para esse corte.
A intervenção governamental neste caso foi deci-
siva, confirmando uma proximidade crescente entre
a Secretaria de Estado, liderada por Hermínio
Loureiro, e o meio desportivo e olímpico.
Candidatos aos Jogos de 2012
mostram-se em Dubrovnik
Vicente Moura e Victor Mota participaram no primeiro fim-de-
semana de Dezembro na 33ª Assembleia Geral dos Comités
Olímpicos Europeus, presidida pelo italiano Mario Pescante, que
reuniu cerca de 200 delegados de 48 países em Dubrovnik,
Croácia.
O momento mais alto da reunião foi o contacto formal dos
delegados com os 'mayors' e delegados das cinco candidaturas
aos Jogos Olímpicos de 2012, que dispuseram de dez minutos,
seguidos de contactos directos, para apresentarem as respectivas
propostas.
O maior impacto terá sido causado pelo 'mayor' de Nova
York, Michael Bloomberg, mas também Lord Sebastian Coe rea-
lizou uma impressionante demonstração da candidatura de
Londres. Madrid e Moscovo também recuperaram terreno relati-
vamente a Paris, que tem sido apontada em geral como a grande
favorita à escolha final a realizar no dia 6 de Julho, em
Singapura. Uma das curiosidades avançadas pelo político norte-
americano foi a garantia de que a multiplicidade étnica de Nova
York garante que qualquer atleta de qualquer país sentirá apoio
em todos os estádios "como se estivesse em casa".
Antes da apresentação, os delegados das cinco cidades reuni-
ram com Jacques Rogge, que os obrigou a um pacto de 'fair
play', colaboração mútua e respeito absoluto pelas regras, colo-
cando ponto final a uma sequência de múltiplas queixas.
Na reunião de Dubrovnik foi analisada a situação dos Jogos
de Inverno Turim-2006, a menos de 500 dias de distância, tendo
sido garantido que os atrasos não colocam em perigo a organiza-
ção.
Hermínio Loureiro esteve perto dos atletas (Gustavo Lima na
imagem) durante os Jogos de Atenas
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