Conto de Cordel

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Autor: Pedro Queiroz A DISCUSSÁO DO CHENTE E 0 MACUMBEIRO LITERATURA DE CORDEL Recífe, Maio de 2003 - Ia Edlyao

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Autor: Pedro Queiroz

A DISCUSSÁO DO CHENTE E 0 MACUMBEIRO

LITERATURA DE CORDEL Recífe, Maio de 2003 - Ia Edlyao

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A Discussáo do Orente e o Macumbeiro

Autor: Pedro Queiroz

Ha trés assuntos distintos Que discutir nao convém Política, religiáo E o futebol iambém Ás vezes termina em brigas, Rebeliáo ou intrigas E a razáo ninguém tem.

Viajando ao Maranháo, Lá pras bandas de Codo, Fui conhecer urna feira Com o poeta Dió E foi naquele lugar Onde mais ouvi falar Em macumbé e catimbó.

Era urna bela tarde, Dessas do mes de Janeiro A feira com tanta gente, Parecia um formigueiro Ali houve a confusáo, Essa grande discussáo Do crente e o macumbeiro

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O órente, de paleto, Com urna Biblia na máo, Em voz alta e estridente, Fazia urna prega^áo Foi quando apareceu O macumbeiro Bedeu Fazendo reclama^áo.

Bedeu estava bebendo Na barraca de Joáo Braz Aproximou-se do órente E Ihe disse: Oh! Rapaz Prooura outras ribeiras Pra falar tuas asneiras Que já nao agüento mais.

O órente se enfureoeu Com essa provocado E arregalou os olhos Parecendo um leáo, Retruoou: És um Incréu, Pois nunca verás o céu Oh, enviado do Cao!

Macumbeiro: — EmissáriO de Sata, Acho que posso até ser Mas que disso tu nao sabes, Nem possuis esse poder De saber da minha vida Vai logo dando.partida, Em paz, nos deixe beber

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Cnente;— Náo queiras ser insolente Oh, ovelha desgarrada, Anticristo, Belzebu Tens a vida depravada Procura ó senhor Jesús, Que morreu por nós na cruz Vai ler a Biblia Sagrada.

Mac: —És um grande fanfarráo, Sou contra o que estás dizendo Com es$e livro na máo, Achando que é reverendo Vives a fazer trapa9a, Tentando engañar a pra^a Mereces viver sofrendo.

Cr.; — Saibas que eu sou um crente, Que já leu as Escrituras Eu náo sou igual a tu, Que és qhelo de diabruras Procura te converter Pra melhorar teu viver E fugir das amarguras.

Mac: —Pois eu sou um macumbeiro E tenho o maior prazer Entendo de bruxarla, Tudo que é ruim sei fazer Sou o reí do catimbó Vou te transformar em pó, Se eu mé aborrecer.

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Cr: —Sangue de Cristo! Aleluia! Rei dos reis, Oh, Pai dos pais! O Diabo encarnou No corpo desse rapaz Com a forga do Senhor, Pe^o com todo fervor Vade-retro, Satanás!

Mac.;—Nao julgues assim os outros "O bom cabrito nao berra" Pois todos nós temos erros Aqui na face da térra Pois gosto do fuzué Fa^o um "tereteté" E a tua vida encerra.

Cr.: —Bu nao sou da tua laia Pra isso fui doutrinado E nao tenho a tua índole, Que anda em caminho errado Tua luz é um eclipse, Besta do apocalipse Tu és amaldi9oado,

Mac.;—Há muito crente hipócrita Que provocou escarcéu Já roubou, assassinou E quer direto ir ao céu Diz que tem entrada franca E irá em nuvem branca Envolto num branco véu.

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—Desconjuro, oh, Lucifer! Provocador de miséria Que tenta levar os outrcis Para vida deleíéria Tira as garras imundas, Vai direto ás profundas Desencarna essa matéria!

—Pelo que eu estou notando, Nesse teu jeito irritado Precisas de um "descarrego" Andas meip atrapalhado Vai fazerrme urna visita. Que acabo tua desdita Tu estás é "macumbado".

*-Tens o espirito maligno, O Capeta te conduz Nunca vais me seduzlr, Creio na djvina luz Pois náo sou um sálafrário Até mesmo no caívário O Diabo tentou Jesús.

^c. ;—Acei ta o meu convite, Pra conhecer minha tenda Tomar algumas "caebas" E fazer tua oferenda Ao teu guia predileto E á meia-noite, com areto, Serviremos a merenda."

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Cr: —Com o poder de Jesús, Vencerei essa batalha Nao temo a nenhum perigo Nem caio na tua malha Tenho a fé de Jacó E nunca estarei só Cristo tarda mas nao falha.

Mac:—Conhecerás minha for^a, Provarás do que é ruim Vou fazer urna mandinga, Isso será o teu fim Tu és um órente ranzinza, Serás transformado em cinza. Por ter zombado de mim.

Cr.: —Nao temo tuas amea9as, Nem as tuas bruxarias Tu irás para o inferno Com as tuas ingresias Afasta-te oh, cao sámente! Foi com simples armamento Que Davi venceu Golias.

Mac.;—Jamáis pederás comigo, Sou um mestre na macumba Pra ver a tua derrota, Fa9o a maior quizumba E podes dizer adeus Manda os amigos teus Ir cavando tua tumba."

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Cr.; —Mundrünga nao me amedronta, Porque estou protegido Com as grabas de Jesús Eu também estou ungido A grande luz me ilumina É com a for^a divina, Destrogo qualquer bandido.

^ a c . —Invocarei Zé Pelintra, Berifute, Exu Caveira, Tranca-Rua, Treme Terra, Pé-de-pato e Molambeira Pra ajudar no ' trabalho" Pois eu vou meter-te o malho Dia 13, sexta-feira.

Cf.; —Desalmado, imprestável, Ordinario, desordeiro Percebi, nao vale a pena Discutir com macumbeiro Para mim tu náo és nada De Cristo tenho a espada Pois dele sou um guerreiro.

Wac.:—Vou fazer um bom despacho No centro da encruzilhada Com vela preta e farofa, Sapo de boca amarrada, Treze asás de morcego Pra tirar dteu sossego Terás a vida arrasada.

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A confusao autnentpu, E o tempo ficou "quente". De vários outros lugares, Come^ou a chegar gente. Pra assistir á disputa Essa verdadeira luta Do macumbeiro e o crente,,.

Logo chegou a policía, Que estava de plantáo E sem nenhuma delonga, Fez a intercep^áo Para evitar um confiito, Foram todos ao distrito Pra resolver a questáo,

Portanto está correta, Essa antiga teoría Discutir esses assuntos Raramente tem valia Os mais velhos tém razao Que sao contra essa porfía.

FIM Lela também do mesmo autor os cordéis: * O Beabá da Cachaga; * O Beabá da Cachaga 2.a Ligáo; * Lula: Um Metalúrgico que Virou Presidente (Toda sua trajetória) * PAZ.

amigo Biu Pedro, Nossos cumplimento*

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