CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM ADOLESCENTES ...
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Departamento de Estatística e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências
Universidade de Lisboa
CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM ADOLESCENTES
– VALIDAÇÃO DA VERSÃO PORTUGUESA DA
“ESCALA DE CONSUMO ALCOÓLICO OBSESSIVO-COMPULSIVO
POR ADOLESCENTES”
Augusto Filipe Silva Almeida
Mestrado em Bioestatística
2011
Departamento de Estatística e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências
Universidade de Lisboa
CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM ADOLESCENTES
– VALIDAÇÃO DA VERSÃO PORTUGUESA DA
“ESCALA DE CONSUMO ALCOÓLICO OBSESSIVO-COMPULSIVO
POR ADOLESCENTES”
Augusto Filipe Silva Almeida
Dissertação orientada pela Professora Doutora Margarida Mendes Leal
Coorientadora: Professora Doutora Cristina Ribeiro Gomes
Mestrado em Bioestatística
2011
i
Resumo
Contextualização: Os padrões de alto risco de consumo de bebidas alcoólicas em
adolescentes têm aumentado, como é o caso do binge drinking, podendo estes
apresentar efeitos de longo prazo sobre a saúde e aumentar o risco de problemas
sociais. Nos Estados Unidos foi provada a relação entre estes padrões e aspetos
inerentes a comportamentos obsessivos-compulsivos no consumo de bebidas
alcoólicas por adolescentes/jovens adultos, tendo sido construído um instrumento de
medição de problemas causados na vida do jovem por estes comportamentos –
Adolescent Obsessive Compulsive Drinking Scale (A-OCDS). É hipotetizado que em
Portugal este comportamento obsessivo-compulsivo também se verifica em
adolescentes mais jovens. Objetivos: Tradução, adaptação cultural e validação da A-
OCDS numa amostra de alunos do 3º ciclo e secundário da Escola Secundária com 3º
ciclo do Fundão. Métodos: Utilizou-se a metodologia de tradução/retro-tradução para
a adaptação cultural da A-OCDS. Foi determinada a dimensionalidade da versão
portuguesa da escala e calculada a consistência interna das suas dimensões
(subescalas). Foram criados modelos de regressão logística para a identificação de
jovens com consumo de bebidas alcoólicas possivelmente problemático e encontrados
pontos de corte para esta identificação. Variáveis consideradas teoricamente
relevantes para a explicação das dimensões da escala (variáveis-chave) foram
comparadas com as pontuações de cada subescala, de forma a validar a construção
efetuada. Resultados: A escala revelou duas subescalas: Irresistibilidade e
Interferência. As subescalas mostraram boa consistência interna (alpha de Cronbach
entre 0,89-0,97) e boas capacidades predictivas para identificação de consumo de
bebidas alcoólicas possivelmente problemático (sensibilidade entre 0,68-0,89;
especificidade entre 0,90-0,98; AUC entre 0,87-0,98). As análises de validação da
construção confirmaram os aspetos medidos pela escala. Conclusões: A versão
portuguesa da A-OCDS permitiu identificar aspetos inerentes a um comportamento
obsessivo-compulsivo no consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes, podendo
ser útil na identificação de jovens com consumo de bebidas alcoólicas possivelmente
problemático.
Palavras-Chave: binge drinking, adolescentes, A-OCDS, tradução, validação
ii
iii
Abstract
Background: Patterns of high-risk alcohol consumption among adolescents have
increased, as is the case of binge drinking, and may have long-term effects on health
and increase the risk of social problems. In the United States it has been proven the
relationship between these patterns and aspects related to obsessive-compulsive
behaviors in alcohol consumption by adolescents/young adults, having been built a
measuring instrument of problems caused in the adolescent's life by those behaviors –
Adolescent Obsessive Compulsive Drinking Scale (A-OCDS). It is hypothesized that in
Portugal this obsessive-compulsive behavior is also observed in younger adolescents.
Aims: Translation, cultural adaptation and validation of the A-OCDS in a sample of
students in the 3rd cycle and secondary from Secondary School with 3rd cycle of
Fundão. Methods: We used the methodology of translation/back-translation for the
cultural adaptation of the A-OCDS. We determined the dimensionality of the
Portuguese version of the scale and calculated the internal consistency of their
dimensions (sub-scales). We created logistic regression models to identify adolescents
with possibly problematic alcohol consumption and found cut-off points for this
identification. Theoretically relevant variables considered to explain the dimensions of
the scale (key variables) were compared with the scores for each sub-scale, in order to
validate the construction. Results: The scale revealed two sub-scales: Irresistibility and
Interference. The sub-scales showed good internal consistency (Cronbach's alpha
between 0.89-0.97) and good predictive capabilities for identifying possibly
problematic alcohol consumption (sensitivity between 0.68-0.89; specificity of 0.90-
0.98; AUC from 0.87-0.98). The construction-validation confirmed the aspects
measured by the scale. Conclusions: The Portuguese version of the A-OCDS identified
aspects inherent in an obsessive-compulsive behavior in the consumption of alcohol by
adolescents and may be useful in identifying adolescents with possibly problematic
alcohol consumption.
Key-words: binge drinking, adolescents, A-OCDS, translation, validation
iv
v
Índice
Lista de Figuras ................................................................................................................. ix
Lista de Tabelas ................................................................................................................ xi
Lista de Acrónimos e abreviaturas ................................................................................ xiii
1. Contextualização .......................................................................................................... 1
1.1. A problemática do consumo excessivo de álcool .............................................. 1
1.2. O consumo de álcool em Portugal ..................................................................... 2
1.3. O consumo de álcool nos jovens ....................................................................... 2
1.3.1. Projeto ESPAD ............................................................................................. 3
1.3.2. Inquérito INME ........................................................................................... 4
1.3.3. Representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas ....................... 7
1.4. A Adolescent Obsessive-Compulsive Drinking Scale (A-OCDS) .......................... 7
2. Objetivos do estudo ..................................................................................................... 9
3. Tipo de estudo, população, materiais e métodos .................................................... 11
3.1. Tipo de estudo ..................................................................................................... 11
3.2. População em estudo .......................................................................................... 11
3.2.1. Amostra ......................................................................................................... 12
3.2.2. Critérios de inclusão ...................................................................................... 12
3.2.3. Critérios de exclusão ..................................................................................... 12
3.3. Materiais .............................................................................................................. 13
3.3.1. Instrumento de recolha de dados ................................................................. 13
3.3.2. Operacionalização das variáveis em estudo ................................................. 13
3.4. Métodos ............................................................................................................... 13
3.4.1. Autorização da DGIDC ................................................................................... 13
vi
3.4.2. Tradução para língua portuguesa da versão original da A-OCDS ................. 14
3.4.3. Metodologias estatísticas utilizadas ............................................................. 14
3.5. Descrição dos métodos estatísticos utilizados .................................................... 16
3.5.1. Alpha de Cronbach ........................................................................................ 17
3.5.2. Análise fatorial .............................................................................................. 17
3.5.3. Análise paralela ............................................................................................. 19
3.5.4. Regressão logística e curva ROC.................................................................... 20
3.5.5. Análises não paramétricas ............................................................................ 21
4. Apresentação de resultados ...................................................................................... 23
4.1. Tradução para a língua portuguesa da A-OCDS ................................................... 23
4.2. Caracterização da amostra .................................................................................. 24
4.2.1. Sócio-demográfica e escolar ......................................................................... 24
4.1.2. Consumo de bebidas alcoólicas .................................................................... 26
4.2.3. Representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas ......................... 29
4.2.4. Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por adolescentes ........ 41
4.3. Análise fatorial para a escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por
adolescentes ............................................................................................................... 48
4.3.1. Validade da análise fatorial ........................................................................... 48
4.3.2. Fatores a reter e transformação oblíqua ...................................................... 49
4.4. Consistência interna da escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por
adolescentes ............................................................................................................... 53
4.4.1. Subescala Interferência ................................................................................. 53
4.4.2. Subescala Irresistibilidade ............................................................................. 54
4.4.3. Subescala Irresistibilidade-corrigida ............................................................. 54
4.5. Regressão logística e curvas ROC para o consumo possivelmente problemático
de bebidas alcoólicas .................................................................................................. 55
4.5.1. Regressão logística ........................................................................................ 55
4.5.2. Curvas ROC .................................................................................................... 57
4.6. Análises de validação da construção ................................................................... 59
4.6.1. Comparação face a variáveis chave .............................................................. 59
4.6.2. Resumo das análises de validação da construção ........................................ 67
5. Discussão e conclusões .............................................................................................. 69
5.1. Discussão .......................................................................................................... 69
vii
5.2. Limitações ........................................................................................................ 71
5.3. Conclusão ......................................................................................................... 71
5.4. Trabalho futuro ................................................................................................ 72
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 73
Anexos ............................................................................................................................ 77
Anexo A: A-OCDS – Versão original ............................................................................ 77
Anexo B: Instrumento de recolha de dados ............................................................... 83
Anexo C: Plano de operacionalização das variáveis ................................................... 89
Anexo D: Autorização dos encarregados de educação .............................................. 97
Anexo E: A-OCDS – Tradução para português ............................................................ 99
Anexo F: A-OCDS – Tradução de português para inglês ........................................... 103
viii
ix
Lista de Figuras
Figura 1 – Resultados do ESPAD para Portugal (1995-2007): prevalências de consumo
alguma vez na vida, consumo nos últimos 30 dias e ocorrência de episódio de consumo
exagerado nos últimos 30 dias (figura gerada em http://www.espad.org) .................... 4
Figura 2 – Prevalências de consumo de bebidas alcoólicas alguma vez na vida, 3º ciclo e
secundário, por NUTS III [dados INME/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)] ............. 5
Figura 3 – Prevalências de consumo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias, 3º ciclo
e secundário, por NUTS II [dados INME/2001/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)] .. 6
Figura 4 – Embriaguez nos últimos 30 dias, 3º ciclo e secundário, por NUTS II [dados
INME/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)] ................................................................. 6
Figura 5 – Sexo, idade e residência dos alunos .............................................................. 24
Figura 6 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica por período de tempo ....... 27
Figura 7 – Número de bebidas alcoólicas consumidas por dia ...................................... 45
Figura 8 – Valores próprios da matriz de correlações entre-items e obtidos através da
análise paralela ............................................................................................................... 49
Figura 9 – Gráfico dos fatores (interferência e irresistibilidade) no espaço de fatores
obliquamente transformados ......................................................................................... 52
Figura 10 – Curvas ROC para as três subescalas da A-OCDS .......................................... 58
x
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Amostra pretendida e amostra obtida, por ano escolar .............................. 12
Tabela 2 – Caracterização sócio-demográfica dos estudantes ...................................... 25
Tabela 3 – Caracterização escolar do estudantes .......................................................... 26
Tabela 4 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica por período de tempo ...... 27
Tabela 5 – Idade de ínicio de consumo de bebidas alcoólicas ....................................... 28
Tabela 6 – Embriaguez e frequência a aulas .................................................................. 28
Tabela 7 – Binge drinking nos últimos 30 dias ............................................................... 29
Tabela 8 – Caracterização de consumo possivelmente problemático de bebidas
alcoólicas ........................................................................................................................ 29
Tabela 9 – Indicadores de consciência dos efeitos (items 1 e 2) ................................... 30
Tabela 10 – Indicador de consciência dos efeitos (items 3) ........................................... 31
Tabela 11 – Subescala consciência dos efeitos (items 1 a 3) ......................................... 32
Tabela 12 – Indicadores de falsos conceitos (items 1 e 2) ............................................. 33
Tabela 13 – Indicadores de falsos conceitos (items 3 e 4) ............................................. 34
Tabela 14 – Indicadores de falsos conceitos (items 5 e 6) ............................................. 35
Tabela 15 – Indicadores de falsos conceitos (items 7 e 8) ............................................. 36
Tabela 16 – Subescala falsos conceitos (items 1 a 8) ..................................................... 37
Tabela 17 – Indicadores de aspetos inerentes à justificação recreativa (items 1 e 2) .. 38
Tabela 18 – Indicadores de aspetos inerentes à justificação recreativa (items 3 e 4) .. 39
Tabela 19 – Indicador de aspetos inerentes à justificação recreativa (item 5)............. 40
Tabela 20 – Subescala aspetos inerentes à justificação recreativa (items 1 a 5) .......... 40
Tabela 21 – Pontuação final da escala de representações sociais de consumo de
bebidas alcoólicas ........................................................................................................... 41
Tabela 22 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 1 e 2) ............. 42
Tabela 23 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 3 e 4) ............. 43
Tabela 24 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 5 e 6) ............. 44
Tabela 25 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 7 e 8) ............. 45
Tabela 26 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 9 e 10) ........... 46
Tabela 27 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 11 e 12) ......... 47
Tabela 28 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 13 e 14) ......... 48
xii
Tabela 29 – Variância explicada pelos fatores ............................................................... 50
Tabela 30 – Resultados da transformação Promax dos fatores: items da escala
atribuídos ao primeiro fator (Irresistibilidade) ............................................................... 50
Tabela 31 – Resultados da transformação Promax dos fatores: items da escala
atribuídos ao segundo fator (Interferência) ................................................................... 51
Tabela 32 – Pontuação final e consistência interna da subescala Interferência ........... 53
Tabela 33 – Pontuação final e consistência interna da subescala Irresistibilidade ...... 54
Tabela 34 – Pontuação final e consistência interna da subescala Irresistibilidade-
corrigida .......................................................................................................................... 55
Tabela 35 – Resultados da regressão logística para predição de consumo
possivelmente problemático de bebidas alcoólicas ....................................................... 56
Tabela 36 – Validade, ajustamento, qualidade de ajustamento dos modelos de
regressão logística .......................................................................................................... 56
Tabela 37 – Ponto de corte para consumo possivelmente problemático de bebidas
alcoólicas, sensibilidade, especifidade e taxa de validade do modelo .......................... 57
Tabela 38 – Valores da AUC para os três modelos estudados ....................................... 58
Tabela 39 – Diferenças entre AUC .................................................................................. 59
Tabela 40 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias por
pontuação nas subescalas do A-OCDS ........................................................................... 60
Tabela 41 – Frequência a alguma aula embriagado por pontuação nas subescalas do A-
OCDS ............................................................................................................................... 61
Tabela 42 – Falta a alguma aula por estar embriagado, por pontuação nas subescalas
do A-OCDS ...................................................................................................................... 62
Tabela 43 – Número de reprovações no percurso académico por pontuação nas
subescalas do A-OCDS .................................................................................................... 63
Tabela 44 – Associação entre idade de consumo da primeira bebida alcoólica e
pontuação nas subescalas do A-OCDS ........................................................................... 64
Tabela 45 – Associação entre pontuação na subescala de consciência dos efeitos e
pontuação nas subescalas do A-OCDS ........................................................................... 64
Tabela 46 – Associação entre pontuação na subescala de falsos conceitos e pontuação
nas subescalas do A-OCDS .............................................................................................. 65
Tabela 47 – Associação entre pontuação na subescala de aspetos inerentes à
justificação recreativa e pontuação nas subescalas do A-OCDS .................................... 66
Tabela 48 – Associação entre pontuação na escala de representações sociais de
consumo de bebidas alcoólicas e pontuação nas subescalas do A-OCDS...................... 67
xiii
Lista de Acrónimos e abreviaturas
ESPAD – European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs INME – Inquérito Nacional em Meio Escolar NUTS – Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas A-OCDS – Adolescent Obsessive-Compulsive Drinking Scale OCDS – Obsessive-Compulsive Drinking Scale DGIDC - Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular KMO – Medida de adequabilidade de Kaiser-Meyer-Holkin ROC – Receiving Operator Characteristic AUC – Area Under Curve
xiv
1
CAPÍTULO 1
Contextualização
1.1. A problemática do consumo excessivo de álcool O álcool é a substância de abuso mais comercializada a nível mundial, sendo
também a principal substância de abuso nos jovens.
O consumo excessivo de álcool representa um elevado impacto para a saúde e
gera elevados custos relacionados com os cuidados de saúde, segurança e ordem
pública, e, consequentemente um impacto negativo sobre o desenvolvimento
económico e a sociedade em geral (Breda, 2010). O consumo abusivo de álcool é um
determinante da saúde e uma das principais causas de mortes prematuras e evitáveis.
Estima-se que este represente cerca de 7,4% da morbilidade e morte prematura na
Europa sendo igualmente responsável por importante impacto negativo sobre a força
de trabalho e a produtividade (Anderson et al, 2006).
Na origem destes problemas ligados ao álcool estão efeitos devidos à
intoxicação aguda – embriaguez, dependência e outros. Um dos comportamentos mais
dramáticos actualmente é o do aumento muito grave do designado binge drinking
(consumo de cinco ou mais bebidas por ocasião), muito comum entre os jovens
Europeus, em particular em Portugal (Mello et al, 1988; Harkin et al, 1995).
O consumo de álcool é referido por vários autores como estando associado a
60 ou mais condições clínicas (Aguiar, 2010; Marinho, 2008; Ribeiro, 2008; Anderson,
2007), como por exemplo condições neuropsiquiátricas (depressão, perturbações
cognitivas, demência e lesão cerebral), problemas gastrointestinais (alterações
hepáticas, pancreatite, gastrite, úlceras pépticas, má absorção intestinal), problemas
cardiovasculares (hipertensão, acidente vascular cerebral), neoplasias (neoplasia da
boca, esófago, fígado, mama), entre outras (Ribeiro, 2010).
2
O consumo excessivo de álcool está também associado a negativas
consequências familiares, como maus-tratos, abandono e abuso de menores, e
consequências negativas a nível social, como desinibição nas respostas sexuais e
agressivas com aumento na probabilidade de relações sexuais não protegidas (Ribeiro,
2010), aumento da criminalidade, de actos violentos e do desemprego (Aguiar, 2010).
1.2. O consumo de álcool em Portugal Em Portugal, o efeito dos problemas ligados ao consumo de álcool é de grande
dimensão. Mello et al considera mesmo o consumo excessivo de álcool como sendo
“..um dos mais graves problemas de saúde em Portugal..” (Mello et al, 2001), muito
devido ao peso tão significativo que tem na mortalidade da população. É também
referido no Plano Nacional de Saúde 2004-2010 (Portugal, Ministério da Saúde,
Direcção-Geral da Saúde, 2004), que os dados relativos ao consumo excessivo de
álcool continuam a ser extremamente preocupantes, sendo o nível de consumo
português e suas consequências um grave problema de saúde pública.
Portugal era, em 2003, o oitavo maior consumidor de álcool do mundo,
encontrando-se no terço superior de consumidores de álcool de todos os países da
União Europeia (Breda, 2010). Estimou-se que cerca de 10% da população portuguesa
apresentava graves incapacidades ligadas ao álcool – no entanto, estima-se que
apenas 15% a 25% dos indivíduos se abstenham ou consumam esporadicamente
bebidas alcoólicas (Mello et al, 2001).
1.3. O consumo de álcool nos jovens Os jovens encontram-se em particular risco associado com o consumo de
álcool: mais de 10% da mortalidade nas mulheres e 25% na mortalidade nos homens
no grupo de idades entre os 15 e os 29 anos encontra-se associado ao consumo
excessivo de bebidas alcoólicas (Anderson et al, 2006; Mann, 2001). Mais de 60% dos
jovens com idades entre os 12 e os 16 anos, e mais de 70% acima dos 16 anos,
consomem regularmente bebidas alcoólicas (Breda, 2010). Estes resultados são
preocupantes e demonstram um aumento na experimentação do álcool por parte de
adolescentes mais jovens. Os padrões de alto risco de consumo de bebidas alcoólicas
têm aumentado, como é o caso da embriaguez e do binge drinking, especialmente
entre adolescentes e jovens adultos (Breda, 2010).
3
Os padrões de ingestão de bebidas alcoólicas e em particular consumo em
idades precoces, o binge drinking e a elevada frequência de consumo podem
apresentar importantes efeitos de longo prazo sobre a saúde e aumentar o risco de
problemas sociais (Anderson, 2006). Como consequência do consumo de álcool os
jovens apresentam um risco mais elevado de sofrer problemas físicos, emocionais e
sociais, os quais atingem o indivíduo ou os que o rodeiam (Anderson, 2006). Também
Cabral (2007) refere estas consequências, acrescentando ainda que, nos jovens, os
problemas ligados ao álcool, são considerados um importante problema de saúde
pública, com repercussões a nível de insucesso escolar e de violência na escola.
Apesar da idade legal em Portugal ser de 16 anos, não se deve consumir antes
dos 18 anos, pois o risco de dependência aumenta (Marinho, 2008). Existem estudos
que demonstram que 40% dos jovens que começam a beber de forma excessiva aos 13
anos ficam dependentes do álcool (Hingson, 2006). Segundo Marinho (2008), os
portugueses começam a beber muito cedo, em média aos 13 anos.
1.3.1. Projeto ESPAD
O ESPAD - European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs – é um
projeto que consiste na aplicação de questionários a adolescentes de 15 e 16 anos
sobre o consumo de álcool e outras drogas. Este questionário é aplicado em cada país
europeu de 4 em 4 anos, tendo sido realizada a primeira aplicação no ano de 1995. Os
últimos resultados até à presente data são de 2007.
A Figura 1, gerada através do website oficial do ESPAD (http://www.espad.org),
apresenta os resultados obtidos para Portugal nos anos de 1995, 1999, 2003 e 2007 de
prevalências de consumos de bebidas alcoólicas alguma vez na vida, nos últimos 30
dias e ocorrência de algum episódio de consumo exagerado de bebidas alcoólicas nos
últimos 30 dias.
Os resultados encontrados são alarmantes: a prevalência de consumo de
bebidas alcoólicas ao longo da vida manteve-se estável de 1995 a 2003, embora
elevada (78%/79%), e em 2007 aumentou 6%, para 84%. Mais alarmantes ainda foram
os resultados relativos à prevalência de consumo de bebidas alcoólicas nos últimos 30
dias – aumento de 12% em relação a 2003, de 48% para 60%. Ainda mais alarmantes
foram os resultados encontrados para a prevalência de ocorrência de algum episódio
de consumo exagerado no últimos 30 dias, observando-se uma tendência crescente
desta prevalência desde 1995, e obtendo em 2007 os 56%, valor já muito próximo da
prevalência de consumo de alguma bebida alcoólicas nos últimos 30 dias para esse ano
(60%). Este resultado vai de encontro ao referido por Breda (2010) em relação ao
aumento dos padrões de consumo de alto risco de bebidas alcoólicas.
As tendências de consumo de bebidas alcoólicas nos jovens, observadas através
do projeto ESPAD, para Portugal, mostram que este não é um problema adormecido,
4
muito pelo contrário: os jovens parecem começar a consumir bebidas alcoólicas cada
vez mais cedo, e com padrões de consumo que envolvem maior risco. A quantidade e
tipo de consumo deve portanto ser detetada/rastreada o mais cedo possível, de
preferência a partir do 3º ciclo de escolaridade e de forma contínua no percurso
escolar/académico do aluno, para que se possam realizar intervenções educativas com
os mesmos.
Figura 1 – Resultados do ESPAD para Portugal (1995-2007): prevalências de consumo alguma
vez na vida, consumo nos últimos 30 dias e ocorrência de episódio de consumo exagerado nos últimos 30 dias (figura gerada em http://www.espad.org)
1.3.2. Inquérito INME
Resultados do INME (Inquérito Nacional em Meio Escolar), realizado em 2001 e
2006 em amostras representativas, a diversos níveis geográficos, dos alunos que
frequentavam o 3.º ciclo do ensino básico ou o ensino secundário públicos, permite ter
uma melhor noção das prevalências de consumos de bebidas alcoólicas estratificadas
por NUTS II/NUTS III e por alunos a frequentar o 3º ciclo e o ensino secundário.
Feijão (2010) analisou alguns dos dados destes inquérito. A Figura 2 apresenta
os dados relativos à prevalência de consumo de pelo menos uma bebida alcoólica ao
longo da vida, por alunos do 3º ciclo/secundário, e por NUTS III. Naturalmente,
observaram-se prevalências mais elevadas nos alunos do secundário (entre 77,9% e
95,6%), comparativamente aos alunos do 3º ciclo (entre 50,7% e 87,7%). Estas
5
prevalências são em qualquer dos casos preocupantes – em certas regiões do país
(tendencialmente no interior e interior/sul) – cerca de 9 em 10 alunos já consumiram
alguma vez bebidas alcoólicas.
Figura 2 – Prevalências de consumo de bebidas alcoólicas alguma vez na vida, 3º ciclo e secundário, por NUTS III [dados INME/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)]
Também em Feijão (2010), é feita a comparação entre os resultados obtidos no
INME em 2001 e em 2006, para o consumo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias,
por NUTS II (Figura 3). Verificou-se um aumento de prevalências de 2001 para 2006,
tanto nos alunos do 3º ciclo (aumento de 7%), como também nos alunos do
secundário (aumento de 13%). As regiões do Alentejo e Algarve merecem especial
atenção pelos piores motivos – prevalências de consumo de bebidas alcoólicas nos
últimos 30 dias, em 2006, entre 40% a 50% e de 70% a 80% nos alunos do 3º ciclo e
secundário, respetivamente.
6
Figura 3 – Prevalências de consumo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias, 3º ciclo e secundário, por NUTS II [dados INME/2001/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)]
Por último, e ainda em Feijão (2010), verificamos que a prevalência de
embriaguez nos últimos 30 dias (em 2006) foi muito elevada, principalmente em zonas
do interior do país, chegando a valores entre os 20% e 40% para alunos do secundário
(Figura 4).
Figura 4 – Embriaguez nos últimos 30 dias, 3º ciclo e secundário, por NUTS II [dados
INME/2006, figuras obtidas de Feijão (2010)]
7
1.3.3. Representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas
Segundo Breda (2010), a tentativa de compreensão de comportamentos
relativos ao consumo de bebidas alcoólicas, em particular nos jovens, não se pode
desligar das raízes socioculturais que são base para este mesmo consumo, como por
exemplo as tradições e falsos conceitos transmitidos ao longo de gerações. Breda
(2010) refere ainda que, porque de uma forma controlada ou automática, consciente
ou não consciente, muitos dos comportamentos dos jovens (e não só) são motivados
pelas suas representações sociais, torna-se essencial medir conhecimentos, que
complementam as informações sobre os padrões de consumo alcoólico.
Como exemplo, o efeito que as bebidas alcoólicas provocam em grande parte
dos consumidores, é muitas vezes tido como estimulante que ativa os processos físicos
e mentais, mas a realidade é substancialmente diferente. Na verdade, o álcool é de
facto, um depressor que prejudica as capacidades psicofisiológicas, mesmo se ingerido
em pequenas doses (Gonçalves, 2008).
Embora possam ser alterados ao longo da vida do indivíduo, é na infância e
adolescência que se formam as primeiras representações relativas às bebidas
alcoólicas. É por isso importante, por um lado (e inicialmente), educar para este
aspeto, e por outro lado, quantificar estas representações e relacioná-las com o
consumo de bebidas alcoólicas. Uma maior consciência e conhecimento acerca de
bebidas alcoólicas e seu consumo proporcionam uma diminuição de consumo nocivo,
assim como uma diminuição de padrões de consumo de maior risco.
1.4. A Adolescent Obsessive-Compulsive Drinking Scale (A-
OCDS) A Adolescent Obsessive-Compulsive Drinking Scale (A-OCDS), ou em português,
Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por adolescentes, foi construída
pelos investigadores Deborah Deas, James Roberts, Carrie Randall e Raymond Anton
da Medical University of South Carolina, em Charleston, nos Estados Unidos da
América, e publicada em 2001 (Deas et al, 2001).
Esta escala foi inicialmente baseada em outra escala, a OCDS – Compulsive
Drinking Scale – que pretende quantificar o comportamento obsessivo-compulsivo
associado ao alcoolismo, em adultos. Este comportamento obsessivo-compulsivo é
caracterizado por pensamentos intrusivos, indesejados sobre alcoól, e impulsos em
consumir bebidas alcoólicas de forma constante e repetitiva, muitas vezes de forma
não completamente consciente. Estes impulsos em beber, normalmente designados
como “craving” (desejo/ânsia) estão associados a consumo prolongado de álcool e
recaídas (Deas et al, 2001). A OCDS foi já confirmada como um ótimo instrumento de
8
predição de recaída alcoólica, assim como medida de outcome em estudos
farmacológicos, sendo consensual a existência de três fatores explicativos das relações
entre os items desta escala: resistência/controlo, obsessão e interferência (Roberts,
1998).
Devido à inexistência de instrumentos de quantificação do comportamento de
“craving” (desejo/ânsia) alcoólico em adolescentes/jovens adultos, Deas et al (2001)
procuraram fazer uma adaptação da OCDS, da qual resultou a A-OCDS (consultar:
Anexo A: A-OCDS – Versão original).
A A-OCDS foi validada pelos autores (Deas et al, 2001), e mostrou ser um
instrumento capaz de identificar e quantificar comportamentos obsessivos-
compulsivos em jovens, expressos em “craving” alcoólico, e problemas relacionados
com o consumo de bebidas alcoólicas. Esta escala revelou duas
dimensões/fatores/subescalas: Irresistibilidade (desejo pelo consumo alcoólico,
possível dependência alcoólica) e Interferência (problemas em atividades escolares,
sociais ou familiares relacionadas com o consumo de bebidas alcoólicas). Outra das
qualidades da escala é a possibilidade de acompanhamento do progresso de
adolescentes/jovens com consumo problemático de bebidas alcoólicas, ao longo do
tempo.
9
CAPÍTULO 2
Objetivos
Foram objetivos deste estudo:
1. Traduzir para língua portuguesa a versão original da A-OCDS;
2. Validar a versão portuguesa da A-OCDS para uma amostra de estudantes do
3º ciclo e ensino secundário com consumo de bebidas alcoólicas acima da
média nacional, através de identificação das suas propriedades métricas
(fiabilidade e validade da construção).
A escolha de uma amostra com consumo de bebidas alcoólicas acima da média
nacional é justificada pelo nível de ensino (e consequente idade) dos alunos escolhidos
para validação. Na validação da A-OCDS original (Deas et al, 2001) foram detectados
aspectos obsessivos-compulsivos relativos ao consumo de bebidas alcoólicas, numa
amostra-alvo de alunos ao nível universitário (com média de idade de cerca de 19
anos). Como o presente trabalho investiga a existência dos aspectos referidos, em
estudantes ainda mais jovens, é lícito hipotetizar que estes aspectos, existindo, são
mais evidentes em populações com consumo de bebidas alcoólicas acima da média
nacional – contribuindo assim para a validação da escala. Desta forma, o presente
estudo tenta ir um pouco mais longe que Deas el al (2001), testando a validade e
aplicabilidade da escala em jovens com média de idade de 15/16 anos.
10
11
CAPÍTULO 3
Tipo de estudo, população, materiais e métodos
3.1. Tipo de estudo O presente trabalho consistiu num estudo transversal, ou seja, com
questionários aplicados apenas uma vez. Tratou-se também de um estudo de carácter
observacional, uma vez que não foi efectuada nenhuma intervenção com os alunos.
3.2. População em estudo A população em estudo foram os alunos da Escola Secundária com 3º ciclo do
Fundão. A escolha desta escola baseou-se em dois critérios, um primário e outro
secundário:
Critério primário: vários estudos, em particular os estudos INME 2001/2006
(Feijão, 2010), referem a região da Cova da Beira (concelho de Belmonte,
Covilhã e Fundão) como uma das regiões com prevalências de consumos de
bebidas alcoólicas mais elevadas, acima da média nacional. A Escola
Secundária com 3º ciclo do Fundão, estando situada na cidade do Fundão,
satisfaz por isso uma das condições definidas para aplicabilidade do estudo
– a validação da A-OCDS ser efectuada numa amostra de estudantes com
consumos acima da média;
Critério secundário: das várias escolas possivelmente elegíveis para a
realização deste estudo, o autor escolheu a Escola Secundária com 3º ciclo
do Fundão por conveniência geográfica e logística.
12
3.2.1. Amostra
A amostra foi obtida por conveniência. No que diz respeito ao seu tamanho,
inicialmente planeou-se, por uma questão de equilibrio e representativade em todos
os anos escolares, obter um número mínimo de alunos por ano igual número de alunos
inscritos no ano escolar com menos inscrições. Observando a Tabela 1, o ano escolar
com menos inscrições em 2010/2011 foi o 8º ano, com 40 alunos inscritos.
Caso tivesse sido essa a amostra conseguida, obteríamos respostas de 240
alunos. Tal não foi conseguido, conseguindo-se uma amostra final válida de 226 anos
alunos da Escola Secundária com 3º ciclo do Fundão (Tabela 1).
Embora aquém do pretendido, este tamanho de amostra pareceu razoável,
tendo também em consideração que o tamanho de amostra de validação da A-OCDS
original foi de 228 alunos (Deas et al, 2001).
Tabela 1 – Amostra pretendida e amostra obtida, por ano escolar
Ano escolar Alunos inscritos
(2010/2011) Amostra pretendida, n (%) Amostra obtida, n (%)
7º ano 51 40 (16,7) 35 (15,5) 8º ano 40 40 (16,7) 29 (12,8) 9º ano 60 40 (16,7) 39 (17,3)
10º ano 149 40 (16,7) 40 (17,7) 11º ano 130 40 (16,7) 32 (14,2) 12º ano 190 40 (16,7) 51 (22,6)
Total 620 240 (100,0) 226 (100,0)
3.2.2. Critérios de inclusão
O único critério de inclusão para este estudo foi estar inscrito como aluno na
Escola Secundária com 3º ciclo do Fundão.
3.2.3. Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão para este estudo foram: incapacidade física e/ou
mental do aluno para responder ao questionário (por indicação do professor), o aluno
não querer responder ao questionário, o encarregado de educação não assinar a folha
de autorização de resposta do seu educando, ser aluno nascido após 1999 e ser aluno
nascido antes de 1990.
13
3.3. Materiais
3.3.1. Instrumento de recolha de dados
O instrumento de recolha de dados foi um questionário em papel, de 5 páginas,
e de autopreenchimento (consultar Anexo B: Instrumento de recolha de dados). Este
incluiu questões sócio-demográficas, questões relacionadas com a escolaridade do
aluno, questões sobre o consumo de bebidas alcoólicas, uma escala de representações
sociais de bebidas alcoólicas e a A-OCDS, versão em língua portuguesa.
A folha de autorização aos encarregados de educação para que o seu educando
pudesse responder ao questionário encontra-se em anexo – Anexo D: Autorização dos
encarregados de educação.
3.3.2. Operacionalização das variáveis em estudo
A operacionalização das variáveis presentes no instrumento de recolha de
dados pode ser consultada no Anexo C: Plano de operacionalização das variáveis.
Adicionalmente foram definidas outras variáveis para a realização da análise
estatística:
Idade, variável contínua, definida como a diferença entre a data de aplicação
do questionário e a data de nascimento do aluno;
Grupo etário, variável categórica nominal, 0 – Idade < 16 anos; 1 – Idade ≥ 16
anos;
Escolaridade, variável categórica nominal, 0 – 3º ciclo (7º, 8º ou 9º ano escolar);
1 – secundário (10º, 11º ou 12º ano escolar);
Consumo possivelmente problemático, variável categórica nominal, 0 –
consumo não problemático (sem prática de binge drinking nos últimos 30 dias e
menos de 16 de idade ou prática de binge drinking no máximo 1 vez nos
últimos 30 dias e 16 ou mais anos de idade); 1 – consumo possivelmente
problemático (prática de binge drinking alguma vez nos últimos 30 dias e
menos de 16 anos de idade ou prática de binge drinking 2 ou mais vezes nos
últimos 30 dias e 16 ou mais anos de idade).
3.4. Métodos
3.4.1. Autorização da DGIDC
O primeiro passo para que a aplicação dos questionários pudesse ser efetuada,
foi o pedido de autorização de aplicação de questionários em meio escolar à DGIDC –
14
Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (Ministério da Educação).
A autorização foi requerida através do website específico para estes assuntos
(http://mime.gepe.min-edu.pt/), juntamente com o instrumento de recolha de dados
e justificação metodológica do estudo.
A resposta final da DGIDC foi positiva, sendo o estudo considerado pela mesma
como bem justificado cientificamente, e desta forma a aplicação dos questionários foi
autorizada. A única condição imposta foi que os encarregados de educação dos alunos
tivessem de dar a sua autorização para que os seus educandos pudessem responder e
entregar os questionários. A mesma pode ser consultada no Anexo D: Autorização dos
encarregados de educação.
3.4.2. Tradução para língua portuguesa da versão original da A-OCDS
Nesta secção será descrito o processo até obtenção da versão final da tradução
para língua portuguesa da versão original da A-OCDS, após adaptação cultural
(consultar Anexo E: A-OCDS – Tradução para português). O método utilizado foi
semelhante aos usados em Van Ommeren et al (1999) e em Iglésias et al (2004), e
consistiu em:
1. Tradução da A-OCDS original por um indivíduo bilingue (o autor);
2. Aplicação de sugestões de correção à tradução por um perito na área do álcool
(Professora Doutora Cristina Ribeiro);
3. Aplicação do questionário a uma pequena amostra (n=13) de indivíduos com
características (sexo, idade, escolaridade) o mais próximas possível das da
amostra a ser posteriormente obtida, com objetivo de recolher informações
sobre as dificuldades e dúvidas de preenchimento da escala;
4. Alterações à tradução da escala, com base nas informações recolhidas no ponto
anterior;
5. Retro-tradução da escala – português para inglês – por pessoa bilingue alheia
ao estudo e temática do álcool: tradutor independente (consultar Anexo F: A-
OCDS – Tradução de português para inglês);
6. Comparação da versão original da A-OCDS com a retro-tradução para inglês
pelo autor e perito na área do álcool (Professora Doutora Cristina Ribeiro);
7. Caso as duas versões referidas no ponto anterior não diferissem
significativamente na tradução e seu sentido, a adaptação cultural/tradução
ficava completa. Caso contrário, teria sido revista de novo.
3.4.3. Metodologias estatísticas utilizadas
Sempre que possível, foi seguida a metodologia estatística aplicada na
validação da A-OCDS original (Deas et al, 2001).
15
Nesta secção são apenas apresentadas as metodologias estatísticas utilizadas
neste trabalho. A descrição mais detalhada das mesmas será realizada na secção
seguinte.
As variáveis quantitativas foram descritas através de medidas de tendência
central e dispersão (média, mediana, desvio padrão, mínimo e máximo). Estas
estatísticas descritivas foram introduzidas nas tabelas dos resultados com duas casas
decimais.
As variáveis qualitativas foram sumariadas através do cálculo de frequências
absolutas (n) e relativas (%).
Nos casos em que a questão não se aplicava, classificou-se a resposta como não
aplicável.
A consistência interna de cada escala (ou subescala) foi quantificada através do
alpha de Cronbach.
Foi efetuada uma análise fatorial para determinar a dimensionalidade da A-
OCDS e perceber com que dimensão os items desta escala estavam mais
correlacionados. O número de fatores (dimensões) a reter da análise fatorial foi
analisado através da observação do Scree Plot dos valores próprios da matriz de
correlações entre-items, através do critério de Kaiser, e também através da
comparação dos valores próprios referidos, com os valores próprios médios obtidos
após uma análise paralela realizada com método Monte Carlo (100 repetições), sendo
fornecida a esta o número de casos (n=226) e items (n=14) em questão (Ledesma R. et
al, 2007; Franklin S.B. et al, 1995). A extração de fatores foi efetuada usando o método
do fator principal iterado com as correlações múltiplas quadradas como estimativas
iniciais das comunalidades. A solução inicialmente obtida foi transformada
obliquamente, usando o critério Promax com k = 4, obtendo-se a matriz com os
loadings finais. Cada item da escala foi atribuído ao fator para o qual o respetivo
loading era mais elevado (em módulo). A adequabilidade da análise fatorial foi
estudada através da medida KMO e teste de esfericidade de Bartlett.
Foram efetuadas regressões logísticas para a variável ‘Consumo possivelmente
problemático’ (definida na página 13) em função de cada subescala (dimensão)
encontrada na análise fatorial (uma regressão logística por cada subescala). O
ajustamento dos modelos face aos dados foi avaliado através do teste de Hosmer e
Lemeshow. Para cada modelo foi calculada a sensibilidade, especificidade e taxa de
validade do mesmo, e construída uma curva ROC. Foi testada a diferença entre as
áreas abaixo da curva ROC ser diferente para cada par de curvas ROC. Os pontos de
corte para classificação de um aluno como tendo um ‘Consumo possivelmente
problemático’ foram obtidos para cada subescala, através dos valores predictivos
produzidos pelas análises de regressão logística respetivas, sendo um aluno
classificado como pertencendo a esta categoria se tivesse probabilidade predicta igual
ou superior a 50% de pertencer à mesma.
16
Para validações da construção efetuada, as variáveis-chave consideradas
foram: consumo de pelo menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias, ter
frequentado aulas embriagado, ter faltado a aulas por estar embriagado, número de
reprovações no seu percurso escolar, subescalas e escala de representações sociais de
bebidas alcoólicas e idade de experimentação da primeira bebida alcoólica foram
comparadas face à pontuação obtida em cada uma das subescalas da A-OCDS.
Nos casos de variáveis-chaves numéricas ou categóricas ordinais, a correlação
entre a pontuação das subescalas da A-OCDS e estas variáveis foi analisada através do
coeficiente de correlação de Spearman, uma vez que o pressuposto da normalidade
dos dados para aplicação da significância do coeficiente de correlação de Pearson
nunca se verificou.
Nos casos de variáveis-chave categóricas nominais com duas categorias, a
pontuação das subescalas da A-OCDS foi comparada entre categorias através do teste
não paramétrico de Mann-Whitney, uma vez que o pressuposto da normalidade dos
dados para o teste t-Student nunca se verificou.
Nos casos de variáveis-chave categóricas nominais com mais de duas
categorias, a pontuação das subescalas da A-OCDS foi comparada entre categorias
através do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, uma vez que o pressuposto da
normalidade dos dados para a ANOVA nunca se verificou.
O nível de significância utilizado para todos os testes estatísticos foi de 5%.
O software utilizado para as análises estatísticas foi o IBM SPSS Statistics 19,
exceto: análise paralela – software utilizado: Monte Carlo PCA por Marley W. Watkins
– e testes para diferenças entre as áreas das curvas ROC – software utilizado: MedCalc,
Versão 12.1.0.0.
3.5. Descrição dos métodos estatísticos utilizados Nesta secção é realizada a descrição dos métodos estatísticos utilizados neste
trabalho, de uma forma simples e direta. É descrito em que situações estes métodos
são aplicados, qual o seu objetivo e interpretação. Esta descrição é sempre
apresentada no contexto da análise efecticvamente realizada, e quando pertinente é
dada a justificação para sua aplicação, assim como uma breve descrição de como estes
se processam até à obtenção do seu resultado final. Em nenhum caso será feita uma
apresentação formal, teórica e completa dos mesmos.
17
3.5.1. Alpha de Cronbach
O alpha de Cronbach é uma medida de consistência interna, ou seja, mede o
quanto relacionados um conjunto de items estão, como um grupo (ou escala). Não é
um teste estatístico, mas sim um coeficiente de consistência. Tem variação possível
entre 0 e 1, e um valor elevado sugere que os items são indicadores da mesma
realidade, opinião, característica ou comportamento. Pode-se considerar um valor
elevado do alpha de Cronbach, ou seja, uma boa consistência interna dos items, se
este for superior a 0,8.
Este coeficiente pode ser escrito (IBM SPSS Statistics 19) em função do número
de items da escala (k) e da razão da média da covariância interitem (cov) com a média
da variância dos items (var):
𝛼 = 𝑘 (𝑐𝑜𝑣 / 𝑣𝑎𝑟 )
1 + 𝑘 − 1 (𝑐𝑜𝑣 / 𝑣𝑎𝑟 )
3.5.2. Análise fatorial
O objetivo principal da análise fatorial é descrever, se possível, a estrutura de
covariâncias entre variáveis (items, no contexto deste trabalho) em termos de um
número menor de variáveis latentes, chamadas fatores. Por outras palavras, a análise
fatorial estuda a inter-relação entre os items, tentando encontrar um conjunto de
fatores que exprima o que os items originais partilham em comum.
De forma a que a análise fatorial possa ser aplicada, deve ser verificada que a
correlação entre os items é suficientemente elevada. Para tal, é calculada a medida de
adequabilidade de Kaiser-Meyer-Holkin (KMO) – variação possível entre 0 e 1, que
deve ser elevada (preferencialmente superior a 0,9) – e efetuado o teste de
esfericidade de Bartlett, que tem como hipótese nula a matriz de correlações ser a
matriz identidade (correlações nulas entre os items). A rejeição da hipótese nula neste
teste de hipóteses permite concluir a existência de items correlacionados e
consequente aplicabilidade da análise fatorial. No entanto, este teste exige a
normalidade dos dados.
Existem vários critérios que poderão ajudar na escolha do número de fatores
que devemos reter de uma análise fatorial. Um dos métodos utilizados neste trabalho
é o critério de Kaiser, que consiste na escolha dos fatores cujos valores próprios da
matriz de correlações entre-items (dados standardizados) sejam superiores a 1. Note-
se que estes valores próprios correspondem a uma proporção da variância total
explicada pelo fator, pelo que quanto mais elevado um valor próprio associado a um
fator, maior é a proporção da variância total explicada por esse fator. Outro dos
métodos utilizados é um método gráfico, o scree plot (eixo das abcissas: fatores; eixo
da ordenadas: valores próprios associados aos fatores), que permite distinguir as
contribuições dos diversos fatores para a explicação da variância total, através da
avaliação dos declives das retas formadas na união sequencial dos pontos (fator; valor
18
próprio). Porque os fatores são apresentados por ordem decrescente de explicação de
variância, o número de fatores a reter será encontrado quando houver uma mudança
mais evidente de declive. Por fim, e para garantir replicabilidade de resultados
(número de fatores a reter), pode ser utilizada a análise paralela, que será descrita na
próxima secção.
Dado um item e um fator, a correlação entre estes é denominada de loading do
fator (em relação ao item em questão). A soma dos quadrados dos loadings para um
dado item é a proporção de variância desse item explicada pelos fatores, e tem o
nome de comunalidade (do item em questão).
A extração de fatores (estimação dos loadings) foi efetuada neste trabalho
usando o método do fator principal iterado, com as correlações múltiplas quadradas
como estimativas iniciais das comunalidades. Foi escolhido este método para extração
de fatores devido à não normalidade dos dados, tal como sugerido por Fabrigar et al
(1999); de facto, para além de não normais, os dados relativos à escala em validação
mostraram ter uma distribuição muito assimétrica (à esquerda).
O método segue um processo iterativo na obtenção das estimativas das
comunalidades, tendo como iterada inicial as correlações múltiplas quadradas dos
items. Estas são, de seguida, colocadas na diagonal da matriz de correlações entre-
item, sendo calculados os valores próprios (γ) e vetores próprios (ω) desta nova
matriz. A nova comunalidade do item j é dada por (solução com m fatores
considerados):
ℎ𝑗 = 𝛾𝑖 𝜔𝑗𝑖2
𝑚
𝑖=1
Este processo é repetido até ser atingido o número máximo de iterações
definido a priori (25 iterações), ou caso a mudança na estimativa da comunalidade
entre iteradas, para todas as comunalidades, seja inferior a 0,001 (critério de
convergência das estimativas). Os loadings de cada fator são também obtidos através
deste processo.
De forma a melhorar a interpretação dos fatores, tentando que cada item seja
explicado por apenas um fator (e fazendo isso tentando tornar os loadings elevados
ainda mais elevados e os loadings mais baixos ainda mais baixos), pode ser realizada
uma rotação ortogonal/transformação oblíqua dos fatores.
Segundo Fabrigar et al (1999), as dimensões (fatores) de interesse na área da
psicologia (aplicável neste caso pois trata-se da validação de uma escala de
comportamento obsessivo-compulsivo perante bebidas alcoólicas), não são
normalmente esperadas como sendo ortogonais. Os autores referem ainda que se os
items avaliados são, de facto, correlacionados, então uma transformação oblíqua irá
produzir melhores estimativas dos verdadeiros fatores, e uma melhor e simples
estrutura, do que uma rotação ortogonal.
19
Numa transformação oblíqua, os novos eixos têm liberdade para tomar
qualquer posição no espaço de fatores, permitindo que se ganhe simplicidade na
interpretação dos mesmos.
A transformação oblíqua Promax é considerada como uma das mais rápidas
computacionalmente, e é também conceptualmente simples: necessita apenas de dois
passos (Hendrickson et al, 1964). No primeiro passo, é definida uma matriz “alvo” de
loadings, suposta ideal (no contexto dos loadings), resultante de uma rotação
ortogonal (normalmente varimax, não descrita aqui), cujas entradas (loadings) são
elevadas a uma certa potência – potência de 4, neste estudo, tal como recomendado
pelos autores do método, Hendrickson et al (1964), de forma a simplificar ao máximo a
solução sem obter fatores muito correlacionados – e este processo força os loadings a
ficarem mais elevados (os que já eram elevados) ou mais baixos (os que já eram
baixos). No segundo passo, a matriz de loadings (final) é obtida ajustando a matriz de
loadings (rodada) pelo método dos mínimos quadrados.
A matriz de loadings finais é obtida através da aplicação da transformação
oblíqua descrita, sendo cada item associado a um fator de acordo com o valor do
loading mais elevado de entre todos os loadings correspondentes a esse fator.
3.5.3. Análise paralela
A análise paralela tem como objetivo, neste contexto, garantir replicabilidade
de resultados, isto é, garantir que o número de fatores retidos na análise fatorial
efetuada sobre dados da amostra do estudo continua a ser o mesmo, caso se trate de
outra amostra.
Esta análise/procedimento é baseada na comparação dos valores próprios
obtidos através da amostra em estudo com os valores próprios que seriam esperados
obter através de dados completamente aleatórios, ou seja, as médias predictas dos
valores próprios produzidos por conjuntos de dados aleatórios.
Dado o número de casos da amostra em estudo e o número de items da escala,
são gerados aleatoriamente dados provenientes de uma população com distribuição
normal, com valor médio igual a zero e desvio padrão igual a um. Este processo é
replicado um número de vezes predefinido (no caso deste estudo, 100 vezes). Em cada
replicação efetuada calculam-se com os valores próprios da matriz de correlação
entre-item. Finalmente, é obtida a média dos valores próprios calculados.
O número de fatores a reter, após efetuada a análise paralela, é igual à
quantidade de valores próprios médios que sejam inferiores aos valores próprios
obtidos pela análise fatorial, quando comparados dois a dois (por fator). Note-se que
os valores próprios (da análise paralela e análise fatorial) têm de estar ordenados por
ordem decrescente para que se possa aplicar este critério.
Deve ser feita uma última nota relativa a esta análise, aplicada ao presente
estudo. Como referido anteriormente, não se verificou a normalidade dos dados para
20
a escala em validação. Desta forma, a interpretação dos resultados desta análise deve
ser realizada com especial atenção e cuidado face à presença de uma limitação: os
dados desta são gerados a partir de uma distribuição normal.
3.5.4. Regressão logística e curva ROC
A regressão logística é um método estatístico que tem como objetivo a
predição ou explicação de um resultado (outcome – variável dependente), expresso
como variável binária (0/1), em função de outra ou outras variáveis independentes
(covariáveis ou variáveis predictoras), que podem ser numéricas ou categóricas. Na
restante descrição deste método será considerado que o modelo apenas inclui uma
variável independente, categórica ordinal (a escala em validação). Este tipo de análise
envolve a estimação de Odds Ratio (medida estatística de interesse para a medição da
magnitude de efeitos ou associações entre a variável predictora e a variável outcome),
que, no caso particular deste trabalho, podem ser vistos como a relação da
possibilidade (ou risco) de ocorrência do outcome, por cada unidade de aumento da
variável categórica ordinal.
Para que se possa considerar válido um modelo de regressão logística, terá de
se comparar este a um modelo inicial, em que o parâmetro de regressão (variável
independente) é nulo. O resultado desta comparação permite atribuir uma
significância estatística ao modelo de regressão, sendo para isso efetuado o teste da
razão de verosimilhanças. No processo de realização deste teste estatístico é calculado
o valor de -2 vezes o logaritmo de verosimilhança (-2LL) – que permite decidir se o
modelo é considerado estatisticamente significativo, e que pode, posteriormente, ser
comparado com o valor obtido sob modelos com a mesma variável dependente, mas
com variável independente diferente, avaliando assim o ajustamento destes, e
permitindo perceber qual o modelo melhor ajustado.
O modelo de regressão logística permite estimar a probabilidade de ocorrência
do outcome num indivíduo em função da variável independente. Neste trabalho é
predicta a ocorrência do outcome num indivíduo se a probabilidade estimada pelo
modelo de ocorrência deste for igual ou superior a 50%.
Assim, apesar de um modelo de regressão logística poder ser considerado
estatisticamente significativo, pode ter uma fraca qualidade, isto é, pode não
representar adequadamente a realidade em estudo. Para atribuir um significado
estatístico à adequabilidade do modelo, é realizado o teste de Hosmer e Lemeshow,
sob a hipótese nula do modelo ser adequado. Desta forma, quando mais elevado for o
valor-p obtido através deste teste estatístico, maior confiança teremos a assumir a boa
qualidade do modelo.
É também adequado calcular a taxa de validade do modelo (% de indivíduos
bem classificados pelo modelo como tendo o outcome), a sensibilidade do modelo
(taxa de predição de verdadeiros positivos) e especificidade do modelo (taxa de
21
predição de verdadeiros negativos). Quanto maiores forem estas taxas, mais adequado
é o modelo.
Através da predição da ocorrência do outcome pelo modelo, descrita
anteriormente, é possível encontrar um ponto de corte da variável independente
(categórica ordinal) para a ocorrência do outcome.
Para além dos métodos descritos de avaliação da qualidade de ajustamento do
modelo de regressão, existe outro método, utilizado neste trabalho, com muito
interesse para esse fim: a denominada área sob a curva ROC. Se pensarmos na
sensibilidade e especificidade do modelo para o ponto de corte definido no parágrafo
anterior, baseado numa probabilidade estimada igual ou superior a 50% do outcome
poder ocorrer num indivíduo, é lícito concluir que se definirmos outros pontos de corte
(baseados noutras percentagens), iremos obter sensibilidades e especificidades
diferentes. Quanto maior for a capacidade do modelo de detetar verdadeiros positivos
(sensibilidade), também é maior o risco do modelo detetar falsos positivos (1 menos a
especificidade). A curva que cruza os valores da sensibilidade e 1 menos a
especificidade é a já referida curva ROC, que desta forma pode revelar até que ponto
um modelo mostra bom ajustamento. Quanto mais perto esta curva estiver do canto
superior esquerdo do gráfico, melhor desempenho predictivo (ajustamento) tem o
modelo (maximização de sensibilidade/especificidade). Por outro lado, quanto mais
afastada a curva estiver deste canto, pior será o desempenho predictivo do modelo.
Note-se que se a curva for a diagonal que une o canto inferior esquerdo ao canto
superior direito do gráfico, a área sob a curva é de 50%, o que corresponde a um
modelo que tem um desempenho predictivo tão bom quanto um lançamento de
moeda ao ar (mau desempenho). Valores da área sob a curva ROC superiores a 80%
revelam normalmente um modelo com boas capacidades predictivas.
3.5.5. Análises não paramétricas
As análises não paramétricas surgem no contexto deste trabalho pela não
aplicabilidade das análises paramétricas, que seriam aplicadas caso os seus
pressupostos se verificassem. As análises não paramétricos utilizadas tiveram como
objetivo a atribuição de um significado estatístico à comparação de dois grupos face à
escala em validação (utilização do teste de Mann-Whitney – grupos independentes), à
comparação de três ou mais grupos também face à escala em validação (utilização do
teste de Kruskal-Wallis – grupos independentes), e por último, à correlação existente
entre a escala em validação e variáveis categóricas ordinais com pelo menos 4
categorias, ou variáveis numéricas (análise de correlação de Spearman).
Estes testes e análise são baseados na atribuição de uma ordenação crescente
das pontuações da escala. Intuitivamente, é esperado que caso existam diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos em comparação (teste de Mann-
Whitney e Kruskal-Wallis), pelo menos um dos grupos em questão tenha ordenação
22
média de pontuações consideravelmente superior ou inferior à do(s) outro(s) grupo(s).
A análise de correlação de Spearman consiste no cálculo do coeficiente de correlação
de Pearson após efetuada a ordenação referida, tendo uma interpretação muito
semelhante à do coeficiente de correlação de Pearson, variando também, como este,
entre -1 e 1: valores muito próximos de -1 e 1 indicam uma correlação muito forte, e
valores próximos de 0 indicam uma correlação muito fraca, quase inexistente.
Note-se que, por um lado, os testes não paramétricos são menos potentes
(maior dificuldade de rejeição de hipótese nula falsa) que os testes paramétricos, mas
por outro lado, têm a vantagem da inexistência de pressupostos sobre a distribuição
de probabilidade das variáveis, de forma a garantir a sua aplicabilidade.
23
CAPÍTULO 4
Apresentação de resultados
4.1. Tradução para a língua portuguesa da A-OCDS A versão portuguesa da A-OCDS foi denominada por “Escala de consumo
alcoólico obsessivo-compulsivo por adolescentes”.
Após tradução inicial da A-OCDS e aplicação das sugestões à tradução por um
perito na área, o questionário foi aplicado a 13 indivíduos. Oito dos indivíduos eram do
sexo masculino e 5 do sexo feminino, sendo a média de idade igual a 16,4 anos. O nível
de escolaridade mediano destes foi o 10º de escolaridade.
Estes indivíduos afirmaram que a escala foi, no geral, de fácil compreensão e
resposta, sendo que as dúvidas mais comuns prenderam-se com a generalização de
uma resposta para todos os dias, como por exemplo “depende do estado de
espírito/psicológico”, “normalmente responderia x, mas depende dos dias ”, “há dias
em que a resposta seria y, mas se for um dia de festa já respondia z”. Com base nestas
afirmações, foi acrescentado ao início da escala um “guião” para dúvidas deste género:
“Nas questões seguintes, sempre que achares que nenhuma das opções se
enquadra à tua realidade, escolhe a opção mais próxima do que se passa contigo. Se
considerares que algumas destas situações “dependem do dia”, escolhe aquela que se
adapta a metade ou mais dos teus dias.”
A escala propriamente dita manteve-se inalterada, podendo ser consultada no
Anexo E: A-OCDS – Tradução para português. A retro-tradução da escala encontra-se
também no Anexo F: A-OCDS – Tradução de português para inglês. Esta versão não
diferiu significativamente da versão original da A-OCDS (opinião do autor e do perito
na área do álcool), pelo que se decidiu que a versão traduzida seria a versão final
portuguesa a aplicar no estudo.
24
4.2. Caracterização da amostra
4.2.1. Sócio-demográfica e escolar
A média de idades dos alunos inquiridos foi cerca de 15 anos, tendo os alunos
mais novos 11 anos e os mais velhos 20 anos. Verificou-se que 46,5% dos alunos tinha
pelo menos 16 anos, idade a partir da qual é permitido por lei comprar e consumir
bebidas alcoólicas. A maioria dos alunos era do sexo masculino (55,8%) e morava na
cidade do Fundão em tempo de aulas (67,7%). Estes resultados estão apresentados em
detalhe na Tabela 2 e graficamente na Figura 5.
Figura 5 – Sexo, idade e residência dos alunos
55,8% 53,5%
67,7%
0%
20%
40%
60%
80%
Sexo masculino Menos de 16 anos Residência no Fundão (cidade)
25
Tabela 2 – Caracterização sócio-demográfica dos estudantes
Idade (anos) N 226 Média 15,31 Mediana 15,00 Desvio Padrão 2,03 Mínimo 11 Máximo 20
Grupo etário, n (%)
< 16 anos 121 (53,5) ≥ 16 anos 105 (46,5) Total 226 (100,0)
Sexo, n (%)
Masculino 126 (55,8) Feminino 100 (44,2) Total 226 (100,0)
Residência em tempo de aulas, n (%)
Fundão (cidade) 153 (67,7) Outra 73 (32,3) Total 226 (100,0)
Cerca de um quinto dos alunos já tinha reprovado pelo menos uma vez no seu
percurso académico (20,8% do total da amostra), sendo que destes, a maior parte o
tinha feito apenas uma vez (17,3% do total da amostra). Estes resultados podem ser
consultados na Tabela 3.
26
Tabela 3 – Caracterização escolar do estudantes
Nível de ensino a frequentar, n (%) 3º ciclo 103 (45,6) Secundário 123 (54,4) Total 226 (100,0)
Reprovação alguma vez na vida, n (%)
Não 179 (79,2) Sim 47 (20,8) Total 226 (100,0)
Número de vezes reprovado, n (%) 0 vezes 179 (79,2) 1 vezes 39 (17,3) 2 vezes 6 (2,6) 3 ou mais vezes 2 (0,9) Total 226 (100,0)
4.1.2. Consumo de bebidas alcoólicas
Quando questionados sobre o consumo de bebidas alcoólicas, mais de metade
dos alunos (60,6%) referiram ter consumido pelo menos uma bebida alcoólica nos
últimos 30 dias. Note-se que a aplicação dos questionários foi feita no mês de junho,
pelo que os 30 dias anteriores à mesma coincidiram com um período em que os alunos
estavam em aulas, isto é, não houve sobreposição entre os 30 dias referidos e algum
período de férias.
Quanto ao consumo de pelo menos uma bebida alcoólica no último ano a
proporção de alunos aumenta para 76,5%, sendo que 84,1% dos alunos já consumiram
pelo menos uma vez na sua vida.
Estes resultados podem ser consultados na Tabela 4 e graficamente na Figura 6.
27
Figura 6 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica por período de tempo
Tabela 4 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica por período de tempo
Consumo de pelo menos 1 bebida alcoólica nos últimos 30 dias, n (%)
Não 89 (39,4) Sim 137 (60,6) Total 226 (100,0)
Consumo de pelo menos 1 bebida alcoólica no último ano, n (%)
Não 53 (23,5) Sim 173 (76,5) Total 226 (100,0)
Consumo de pelo menos 1 bebida alcoólica alguma vez na vida, n (%)
Não 36 (15,9) Sim 190 (84,1) Total 226 (100,0)
Considerando os alunos que consumiram pelo menos uma bebida alcoólica na
sua vida (n=190), a média de idades para a ocorrência dessa experiência foi
aproximadamente 10 anos (Tabela 5).
60,6%
76,5%
84,1%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Últimos 30 dias Último ano Alguma vez na vida
28
Tabela 5 – Idade de ínicio de consumo de bebidas alcoólicas
Idade de consumo da primeira bebida alcoólica (anos)
N 190 Média 9,74 Mediana 10,00 Desvio Padrão 2,66 Mínimo 4 Máximo 15 Não aplicável 36
Cerca de 6,6% e 14,2% do total da amostra frequentaram aulas embriagados ou
faltaram a aulas por estar embriagados pelo menos uma vez na vida, respetivamente
(Tabela 6).
Tabela 6 – Embriaguez e frequência a aulas
Frequentar aulas embriagado (pelo menos 1 vez na vida), n (%)
Não 175 (93,4) Sim 15 (6,6) Total 226 (100,0)
Faltar a aulas por estar embriagado (pelo menos 1 vez na vida), n (%)
Não 158 (85,8) Sim 32 (14,2) Total 226 (100,0)
Relativamente ao binge drinking, consumo de pelo menos 5 bebidas alcoólicas
numa única ocasião, 57,1% dos alunos inquiridos praticaram este tipo de consumo nos
últimos 30 dias, sendo que 42,1% dos alunos fizeram-no mais do que uma vez neste
período. Estes resultados podem ser consultados na Tabela 7. Note-se que a proporção
de alunos a praticar binge drinking foi semelhante à proporção de alunos que
consumiram pelo menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias (60,6% - Tabela 4).
29
Tabela 7 – Binge drinking nos últimos 30 dias
Número de dias de consumo de 5 ou mais bebidas alcoólicas numa só ocasião (nos últimos 30 dias), n (%)
Nenhum dia 97 (42,9) 1 dia 34 (15,0) 2 dias 43 (19,0) 3 dias 23 (10,2) 4 dias 11 (4,9) 5 ou mais dias 18 (8,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,57 Mediana 1,00 Desvio Padrão 2,01 Mínimo 0 Máximo 11
Recordando a definição de consumo possivelmente problemático de bebidas
alcoólicas – ter menos de 16 anos e ter praticado binge drinking alguma vez nos
últimos 30 dias, ou ter 16 ou mais anos e ter praticado binge drinking pelo menos 2
vezes nos últimos 30 dias – verificou-se que, segundo esta definição, 49,6% dos alunos
foram classificados como tendo consumo possivelmente problemático de bebidas
alcoólicas (Tabela 8).
Tabela 8 – Caracterização de consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas
Consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas, n (%)
Não 114 (50,4) Sim 112 (49,6) Total 226 (100,0)
4.2.3. Representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas
De seguida é feita a descrição dos resultados obtidos na escala de
representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas (questões 12.1 a 12.16 do
Anexo B: Instrumento de recolha de dados) e suas subescalas (consciência dos efeitos,
falsos conceitos e aspetos inerentes à justificação recreativa). Para além da
apresentação qualitativa dos resultados, optou-se também por uma descrição
quantitativa dos mesmos, de forma a se conseguir obter uma visão global e sumariada
30
da tendência das respostas. Note-se que apesar de pouco comum, esta decisão tem
uma justificação plausível: o caráter ordinal e igualmente espaçado das pontuações
atribuídas às opções de resposta. Nas tabelas de resultados, à frente das possíveis
opções de resposta figura a pontuação atribuída à opção correspondente.
4.2.3.1. Consciência dos efeitos
Verificou-se que, por um lado, a maioria dos alunos concordava, pelo menos
parcialmente, que é possível morrer de uma ingestão elevada de álcool num só dia
(cerca de 68%). Por outro lado, mais de 70% dos alunos discordava que um copo de
cerveja de 5 graus tem tanto álcool como um copo de vinho de 12 graus (Tabela 9).
Tabela 9 – Indicadores de consciência dos efeitos (items 1 e 2)
É possível morrer de uma ingestão elevada de álcool num só dia, n (%)
Discordo totalmente (1) 0 (0,0) Discordo parcialmente (2) 8 (3,5) Nem concordo, nem discordo (3) 64 (28,3) Concordo parcialmente (4) 109 (48,2) Concordo totalmente (5) 45 (19,9) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,85 Mediana 4,00 Desvio Padrão 0,78 Mínimo 2 Máximo 5
Um copo de cerveja de 5 graus tem tanto álcool como um copo de vinho de 12 graus, n (%)
Discordo totalmente (1) 90 (39,8) Discordo parcialmente (2) 78 (34,5) Nem concordo, nem discordo (3) 49 (21,7) Concordo parcialmente (4) 9 (4,0) Concordo totalmente (5) 0 (0,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,90 Mediana 2,00 Desvio Padrão 0,88 Mínimo 1 Máximo 4
31
Em média, os alunos não concordaram nem discordaram que um indivíduo que
bebeu pode conduzir desde que não se sinta embriagado: pontuação média de 2,94
pontos e pontuação mediana de 3 pontos (Tabela 10).
Tabela 10 – Indicador de consciência dos efeitos (items 3)
Um indivíduo que bebeu pode conduzir desde que não se sinta embriagadoa, n (%)
Discordo totalmente (5) 12 (5,3) Discordo parcialmente (4) 55 (24,3) Nem concordo, nem discordo (3) 84 (37,2) Concordo parcialmente (2) 58 (25,7) Concordo totalmente (1) 17 (7,5) Total 226 (100,0) N 226 Média 2,94 Mediana 3,00 Desvio Padrão 1,00 Mínimo 1 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
A pontuação média da subescala consciência dos efeitos foi aproximadamente
9 pontos, o que indica que a tendência central de respostas nesta subescala foi “Nem
concordo, nem discordo” (a subescala tem variação possível entre 3 e 15 pontos).
Note-se que a escala revelou boa consistência interna, com alpha de Cronbach de 0,88
(Tabela 11).
32
Tabela 11 – Subescala consciência dos efeitos (items 1 a 3)
Consciência dos efeitosa, n (%) N 226 Média 8,69 Mediana 8,00 Desvio Padrão 2,41 Mínimo 4 Máximo 14
Consistência interna da subescala (3 indicadores ou items)
Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,883
a Quanto mais elevada a pontuação, maior é a consciência dos efeitos; variação possível – 3 a 15 pontos
4.2.3.2. Falsos conceitos
Verificou-se que em termos medianos os alunos não concordavam nem
discordavam que depois de beber é mais fácil expressar sentimentos (pontuação
mediana de 3 pontos), e que mais de 55% concordavam erradamente que as bebidas
alcoólicas podiam aquecer (Tabela 12).
33
Tabela 12 – Indicadores de falsos conceitos (items 1 e 2)
Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos, n (%)
Discordo totalmente (1) 21 (9,3) Discordo parcialmente (2) 80 (35,4) Nem concordo, nem discordo (3) 93 (41,2) Concordo parcialmente (4) 29 (12,8) Concordo totalmente (5) 3 (1,3) Total 226 (100,0) N 226 Média 2,62 Mediana 3,00 Desvio Padrão 0,87 Mínimo 1 Máximo 5
As bebidas alcoólicas podem aquecera, n (%) Discordo totalmente (5) 4 (1,8) Discordo parcialmente (4) 30 (13,3) Nem concordo, nem discordo (3) 67 (29,6) Concordo parcialmente (2) 72 (31,9) Concordo totalmente (1) 53 (23,5) Total 226 (100,0) N 226 Média 2,38 Mediana 2,00 Desvio Padrão 1,04 Mínimo 1 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
Em termos medianos os alunos também não concordavam nem discordavam
que algumas bebidas alcoólicas podem matar a sede (pontuação mediana de 3
pontos), e a maioria discordava que Martini ou alguns tipos de vinho do Porto abrem o
apetite (Tabela 13).
34
Tabela 13 – Indicadores de falsos conceitos (items 3 e 4)
Algumas bebidas alcoólicas podem matar a sedea, n (%)
Discordo totalmente (5) 7 (3,1) Discordo parcialmente (4) 78 (34,5) Nem concordo, nem discordo (3) 97 (42,9) Concordo parcialmente (2) 43 (19,0) Concordo totalmente (1) 1 (0,4) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,21 Mediana 3,00 Desvio Padrão 0,80 Mínimo 1 Máximo 5
Martini ou alguns tipos de vinho do Porto abrem o apetitea, n (%)
Discordo totalmente (5) 37 (16,4) Discordo parcialmente (4) 92 (40,7) Nem concordo, nem discordo (3) 79 (35,0) Concordo parcialmente (2) 18 (8,0) Concordo totalmente (1) 0 (0,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,65 Mediana 4,00 Desvio Padrão 0,85 Mínimo 2 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
A maior parte dos alunos discordava, corretamente, que Whisky ou
aguardentes velhas podem ajudar a digestão. Por outro lado, mais de 70% dos mesmos
afirmaram concordar que o álcool melhora a coordenação motora e os reflexos (Tabela
14).
35
Tabela 14 – Indicadores de falsos conceitos (items 5 e 6)
Whisky ou aguardentes velhas podem ajudar a digestãoa, n (%)
Discordo totalmente (5) 35 (15,5) Discordo parcialmente (4) 80 (35,4) Nem concordo, nem discordo (3) 70 (31,0) Concordo parcialmente (2) 34 (15,0) Concordo totalmente (1) 7 (3,1) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,45 Mediana 4,00 Desvio Padrão 1,02 Mínimo 1 Máximo 5
O álcool melhora a coordenação motora e os reflexosa, n (%)
Discordo totalmente (5) 3 (1,3) Discordo parcialmente (4) 6 (2,7) Nem concordo, nem discordo (3) 43 (19,0) Concordo parcialmente (2) 71 (31,4) Concordo totalmente (1) 103 (45,6) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,83 Mediana 2,00 Desvio Padrão 0,92 Mínimo 1 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
A maioria dos alunos variara nas suas respostas entre “Nem concordo, nem
discordo” e “Discordo parcialmente” à afirmação: “As bebidas alcoólicas também são
alimentos” (pontuação média de 3,37 pontos). Quase 80% dos alunos referiram
discordar que o álcool e as bebidas alcoólicas podem dar forças (Tabela 15).
36
Tabela 15 – Indicadores de falsos conceitos (items 7 e 8)
As bebidas alcoólicas também são alimentosa, n (%)
Discordo totalmente (5) 24 (10,6) Discordo parcialmente (4) 84 (37,2) Nem concordo, nem discordo (3) 74 (32,7) Concordo parcialmente (2) 40 (17,7) Concordo totalmente (1) 4 (1,8) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,37 Mediana 3,00 Desvio Padrão 0,95 Mínimo 1 Máximo 5
O álcool e as bebidas alcoólicas podem dar forçasa, n (%)
Discordo totalmente (5) 119 (52,7) Discordo parcialmente (4) 59 (26,1) Nem concordo, nem discordo (3) 36 (15,9) Concordo parcialmente (2) 11 (4,9) Concordo totalmente (1) 1 (0,4) Total 226 (100,0) N 226 Média 4,26 Mediana 5,00 Desvio Padrão 0,93 Mínimo 1 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
A subescala de falsos conceitos revelou consistência interna (alpha de Cronback
de cerca de 0,92), e com pontuação média de aproximadamente 25 pontos, entre 8 e
40 pontos possíveis (Tabela 16). Esta pontuação revela perceções razoáveis acerca de
bebidas alcoólicas, exceto num dos indicadores – “O álcool melhora a coordenação
motora e os reflexos“ – no qual, no geral, os alunos responderam concordar.
37
Tabela 16 – Subescala falsos conceitos (items 1 a 8)
Falsos conceitosa, n (%) N 226 Média 24,77 Mediana 25,00 Desvio Padrão 5,90 Mínimo 13 Máximo 40
Consistência interna da subescala (8 indicadores ou items)
Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,918
a Quanto mais elevada a pontuação, menor a perceção criada de falsos conceitos acerca de bebidas alcoólicas (variação possível: 8 a 40 pontos)
4.2.3.3. Justificação Recreativa
Mais de 70% dos alunos concordaram que é possível organizar uma festa sem
bebidas alcoólicas, mas mostraram-se tendencialmente indecisos (“Nem concordo,
nem discordo”) relativamente à afirmação “A oferta de uma bebida alcoólica pressiona
as pessoas a beber”, com pontuação mediana de 3 pontos e pontuação média de 2,7
pontos (Tabela 17).
38
Tabela 17 – Indicadores de aspetos inerentes à justificação recreativa (items 1 e 2)
É possível organizar uma festa sem bebidas alcoólicas, n (%)
Discordo totalmente (1) 0 (0,0) Discordo parcialmente (2) 14 (6,2) Nem concordo, nem discordo (3) 50 (22,1) Concordo parcialmente (4) 83 (36,7) Concordo totalmente (5) 79 (35,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 4,00 Mediana 4,00 Desvio Padrão 0,91 Mínimo 2 Máximo 5
A oferta de uma bebida alcoólica pressiona as pessoas a beber, n (%)
Discordo totalmente (1) 35 (15,5) Discordo parcialmente (2) 61 (27,0) Nem concordo, nem discordo (3) 76 (33,6) Concordo parcialmente (4) 44 (19,5) Concordo totalmente (5) 10 (4,4) Total 226 (100,0) N 226 Média 2,70 Mediana 3,00 Desvio Padrão 1,09 Mínimo 1 Máximo 5
A maioria dos alunos (mais de 70%) discordou que ver jovens a tomar bebidas
alcoólicas os podia, por vezes, levar a beber também, mas aproximadamente 47%
concordou que a publicidade às bebidas alcoólicas podem levar os jovens a consumir
mais (Tabela 18).
39
Tabela 18 – Indicadores de aspetos inerentes à justificação recreativa (items 3 e 4)
Ver jovens a tomar bebidas alcoólicas, por vezes, leva-me a beber também, n (%)
Discordo totalmente (1) 90 (39,8) Discordo parcialmente (2) 72 (31,9) Nem concordo, nem discordo (3) 46 (20,4) Concordo parcialmente (4) 18 (8,0) Concordo totalmente (5) 0 (0,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,96 Mediana 2,00 Desvio Padrão 0,96 Mínimo 1 Máximo 4
A publicidade às bebidas alcoólicas pode levar jovens a consumir mais, n (%)
Discordo totalmente (1) 12 (5,3) Discordo parcialmente (2) 40 (17,7) Nem concordo, nem discordo (3) 68 (30,1) Concordo parcialmente (4) 58 (25,7) Concordo totalmente (5) 48 (21,2) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,40 Mediana 3,00 Desvio Padrão 1,16 Mínimo 1 Máximo 5
Aproximadamente 59% dos alunos discordaram, pelo menos parcialmente, com
a afirmação “Beber é uma das formas mais agradáveis de festejar”. De notar que,
apesar de 12,8% concordarem parcialmente com esta afirmação, nenhum aluno
concordou totalmente (Tabela 19).
40
Tabela 19 – Indicador de aspetos inerentes à justificação recreativa (item 5)
Beber é uma das formas mais agradáveis de festejara, n (%)
Discordo totalmente (5) 62 (27,4) Discordo parcialmente (4) 71 (31,4) Nem concordo, nem discordo (3) 64 (28,3) Concordo parcialmente (2) 29 (12,8) Concordo totalmente (1) 0 (0,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 3,73 Mediana 4,00 Desvio Padrão 1,00 Mínimo 2 Máximo 5
a Questão originalmente cotada inversamente
Relativamente à subescala de aspetos inerentes à justificação recreativa,
verificou-se que em média os alunos obtiveram uma pontuação de 16 pontos, em 25
pontos possíveis. Quer isto dizer que tendencialmente os alunos tiveram uma
consciência razoavelmente bem informada acerca da justificação recreativa associada
ao consumo de bebidas alcoólicas nos jovens (Tabela 20). A referida subescala teve
uma consistência interna muito boa (alpha de Cronbach de aproximadamente 0,94).
Tabela 20 – Subescala aspetos inerentes à justificação recreativa (items 1 a 5)
Aspetos inerentes à justificação recreativaa, n (%)
N 226 Média 15,81 Mediana 16,00 Desvio Padrão 4,58 Mínimo 8,00 Máximo 24,00
Consistência interna da subescala (5 indicadores ou items)
Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,936
a Quanto mais elevada a pontuação, maior a consciência acerca da justificação recreativa associada ao consumo de bebidas alcoólicas nos jovens (variação possível: 5 a 25 pontos)
41
4.2.3.4. Classificação final
Considerando os 16 indicadores (ou items) como uma única escala, com valor
mínimo possível de 16 pontos e valor máximo possível de 80 pontos, observou-se uma
média e mediana de cerca de 47 pontos. Esta pontuação revela, em termos globais,
que as respostas dos alunos estiveram um pouco abaixo do que poderia ser
considerado um resultado razoavelmente positivo – que poderá ser atribuído a um
resultado médio acima dos 48 pontos. A escala como um todo teve uma boa
consistência interna, com alpha de Cronbach de 0,88 (Tabela 21).
Tabela 21 – Pontuação final da escala de representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas
Escala representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas a, n (%)
N 226 Média 46,88 Mediana 47,00 Desvio Padrão 8,46 Mínimo 30 Máximo 70
Consistência interna da subescala (16 indicadores ou items)
Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,883
a Quanto mais elevada a pontuação, maior a consciência e conhecimento acerca de bebidas alcoólicas e seu consumo (variação possível: 16 a 80 pontos)
4.2.4. Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por adolescentes
Nesta secção serão apresentados os resultados relativos à escala de consumo
alcoólico obsessivo-compulsvio por adolescentes (A-OCDS), por cada item da escala e
para o total da amostra. A validação propriamente dita será alvo da próxima secção.
A maioria dos alunos (57,5%) referiu nunca ter ideias, pensamentos, ânsias ou
imagens relacionadas com beber (item 1). No entanto, 27% admitiram ter estes
pensamentos mais de metade do dia ou quase todo o dia.
Observou-se a existência de uma pequena inconsistência de respostas entre o
item 1 (durante quanto tempo tem os pensamentos num dia) e o item 2 (frequência de
ocorrência desses pensamentos), visto que no último a proporção de alunos que
referiu nunca ter estes pensamentos foi de 69%. Por outro lado, e em relação à
frequência destes pensamentos, aproximadamente um quarto dos alunos (25,2%)
afirmou ter estes pensamentos menos de 8 vezes por dia, enquanto que 5,8% admitiu
42
ter estes pensamentos mais de 8 vezes por dia. Estes resultados são apresentados em
detalhe na Tabela 22.
Tabela 22 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 1 e 2)
Num dia em que não estejas a beber álcool, durante quanto tempo tens ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber?, n (%)
Nunca tenho esses pensamentos (0) 130 (57,5) Menos de uma hora por dia (1) 3 (1,3) Metade do dia (2) 32 (14,2) Mais de metade do dia (3) 49 (21,7) Quase todo o dia (4) 12 (5,3) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,16 Mediana 0,00 Desvio Padrão 1,43 Mínimo 0 Máximo 4
Com que frequência te ocorrem estes pensamentos?, n(%) Nunca tenho esses pensamentos (0) 156 (69,0) Menos de 8 vezes por dia (1) 57 (25,2) Mais de 8 vezes por dia (2) 13 (5,8) Mais de 8 vezes por dia e durante a maior parte das horas do dia (3) 0 (0,0) Mais vezes do que as que consigo contar e durante todo o dia (4) 0 (0,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 0,37 Mediana 0,00 Desvio Padrão 0,59 Mínimo 0 Máximo 2
Relativamente à interferência dos pensamentos relacionados com bebidas
alcoólicas em atividades sociais, familiares ou trabalho escolar, verificou-se que 80,1%
dos alunos afirmaram que estes pensamentos nunca interferem na forma como atuam
ou funcionam. Note-se no entanto que quase 5% dos alunos referiram que estes
pensamentos interferiam nas atividades referidas, podendo mesmo causar alguns
problemas ao próprio.
Por outro lado, 38,5% dos alunos admitiram ficar de um pouco até muito
maldispostos/perturbados/aborrecidos quando tinham pensamentos relacionados
com o álcool (Tabela 23).
43
Tabela 23 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 3 e 4)
Até que ponto estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber álcool interferem nas tuas atividades sociais, atividades familiares ou qualquer trabalho escolar?, n (%)
Pensamentos relacionados com bebida nunca interferem na forma como atuo ou funciono (0)
181 (80,1)
Pensamentos relacionados com bebida interferem um pouco, mas não me causam problemas (1)
28 (12,4)
Pensamentos relacionados com bebida definitivamente interferem, mas eu consigo controlá-los (2)
6 (2,7)
Tenho alguns problemas com a minha família, amigos ou na escola, por causa desses pensamentos (3)
7 (3,1)
Pensamentos relacionados com bebida interferem muito nas minhas amizades e vida familiar (4)
4 (1,8)
Total 226 (100,0) N 226 Média 0,34 Mediana 0,00 Desvio Padrão 0,82 Mínimo 0 Máximo 4
Quando não estás a beber álcool, ficas maldisposto, perturbado ou aborrecido ao teres estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com o álcool?, n(%)
Não, nada perturbado (0) 139 (61,5) Fico um pouco perturbado, mas passo bem sem beber (1) 43 (19,0) Fico bastante perturbado, mas aguento não beber (2) 19 (8,4) Fico bastante perturbado, e é difícil aguentar sem beber (3) 13 (5,8) Fico tão perturbado que tenho que ir beber (4) 12 (5,3) Total 226 (100,0) N 226 Média 0,74 Mediana 0,00 Desvio Padrão 1,16 Mínimo 0 Máximo 4
Quando questionados sobre a dificuldade em resistir, ignorar ou abstrair o seu
pensamento de ideias relacionadas com o álcool, em alturas em que não estão a
beber, 58% dos alunos responderam que não precisam de tentar resistir a esses
pensamentos, por estes serem mínimos. Uma minoria dos alunos (3,1%) referiu que
cede a esses pensamentos. Quase todos os alunos (90,7%), afirmaram que conseguiam
sempre parar ou modificar os pensamentos sobre álcool se os tivessem (Tabela 24).
44
Tabela 24 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 5 e 6)
Quando não estás a beber, qual a tua dificuldade em resistir, ignorar ou abstrair o teu pensamento destas ideias relacionadas com o álcool?, n (%)
Os meus pensamentos sobre álcool são tão mínimos que não preciso de tentar resistir (0)
131 (58,0)
Sempre que tenho esses pensamentos, faço um esforço para resistir (1) 66 (29,2) Na maioria das vezes tenho de resistir a esses pensamentos (2) 16 (7,1) Faço algum esforço para resistir (3) 6 (2,7) Cedo a esses pensamentos sem os tentar controlar, mesmo quando não quero ceder (4)
3 (1,3)
Cedo sempre a esses pensamentos (5) 4 (1,8) Total 226 (100,0) N 226 Média 0,65 Mediana 0,00 Desvio Padrão 1,02 Mínimo 0 Máximo 5
Quando não estás a beber, consegues parar ou modificar esses pensamentos sobre o álcool?, n(%)
Consigo sempre parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool se os tiver (0)
205 (90,7)
Normalmente consigo parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool, se fizer um esforço ou me concentrar (1)
14 (6,2)
Às vezes sou capaz de parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool (2)
2 (0,9)
Raramente consigo parar esses pensamentos sobre álcool, mas consigo modificá-los se me esforçar muito (3)
1 (0,4)
Raramento sou capaz de modificar esses pensamentos sobre álcool, nem que seja por um momento (4)
4 (1,8)
Total 226 (100,0) N 226 Média 0,16 Mediana 0,00 Desvio Padrão 0,63 Mínimo 0 Máximo 4
45
Mais de metade dos alunos admitiu beber 1 ou mais bebidas alcoólicas por dia
(Figura 7). A média de bebidas alcoólicas consumidas diariamente foi de “1-2 bebidas
por dia”. Quarenta e dois por cento dos alunos afirmaram beber quase todos os dias
ou todos os dias, “6-7 dias por semana” (Tabela 25).
Tabela 25 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 7 e 8)
Quantas bebidas alcoólicas bebes por dia?, n (%) Nenhuma (0) 67 (29,6) Menos de uma bebida por dia (1) 31 (13,7) 1-2 bebidas por dia (2) 32 (14,2) 3-7 bebidas por dia (3) 30 (13,3) 8 ou mais bebidas por dia (4) 66 (29,2) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,99 Mediana 2,00 Desvio Padrão 1,62 Mínimo 0 Máximo 4
Numa semana, em quantos dias bebes álcool?, n(%) Não bebo álcool (0) 64 (28,3) No máximo 1 dia por semana (1) 29 (12,8) 2-3 dias por semana (2) 17 (7,5) 4-5 dias por semana (3) 21 (9,3) 6-7 dias por semana (4) 95 (42,0) Total 226 (100,0) N 226 Média 2,24 Mediana 3,00 Desvio Padrão 1,73 Mínimo 0 Máximo 4
Figura 7 – Número de bebidas alcoólicas consumidas por dia
Nenhuma
Menos de uma bebida por dia
1-2 bebidas por dia
3-7 bebidas por dia
8 ou mais bebidas por dia
46
Verificou-se que 57,1% dos alunos eram da opinião de que beber álcool nunca
interferia com a sua vida escolar (abstinentes incluídos). No entanto, esta proporção
baixa para 47,8% quando a interferência de consumo alcoólico se refere à sua vida
social ou familiar (Tabela 26).
Tabela 26 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 9 e 10)
O teu consumo de álcool interfere no teu trabalho escolar?, n (%) Beber álcool nunca interfere na minha vida escolar (0) 129 (57,1) Beber álcool interfere um pouco no meu trabalho escolar, mas no geral o meu rendimento escolar á razoável (1)
71 (31,4)
Beber álcool interfere no meu rendimento escolar, mas ainda consigo lidar bem com isso (2)
16 (7,1)
Beber álcool afeta o meu rendimento escolar (3) 5 (2,2) Beber álcool interfere muito no meu rendimento escolar (4) 5 (2,2) Total 226 (100,0) N 226 Média 0,61 Mediana 0,00 Desvio Padrão 0,88 Mínimo 0 Máximo 4
O teu consumo de álcool interfere de alguma forma na tua vida social ou familiar?, n(%)
Beber álcool nunca interfere na forma como vivo normalmente (0) 108 (47,8) Beber álcool interfere um pouco com as minhas atividades sociais ou familiares, mas no geral continuo a fazer tudo normalmente (1)
68 (30,1)
Beber álcool interfere nas minhas atividades sociais ou familiares, mas ainda consigo lidar bem com isso (2)
26 (11,5)
Beber álcool afeta o funcionamento normal da minha vida social ou familiar (3)
10 (4,4)
Beber álcool interfere muito no funcionamento normal da minha vida social ou familiar (4)
14 (6,2)
Total 226 (100,0) N 226 Média 0,91 Mediana 1,00 Desvio Padrão 1,15 Mínimo 0 Máximo 4
47
Mais de metade dos inquiridos (52,2%) admitiram ficar pelo menos ou um
pouco irritado, aborrecido ou nervoso se fossem impedidos de consumir bebidas
alcoólicas quando quisessem mesmo beber. Note-se que mais de 11% referiu ficar
“muito irritado, aborrecido ou nervoso” (10,2%) ou “tão irritado, aborrecido ou
nervoso que me descontrolava” (0,9%). Por outro lado, 57,5% dos alunos afirmaram
que, na sua opinião, bebem tão pouco que não precisavam de fazer grande esforço
para evitar o consumo de bebidas alcoólicas (Tabela 27).
Tabela 27 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 11 e 12)
Se fosses impedido de beber álcool quando querias mesmo beber, até que ponto ficavas irritado, aborrecido ou nervoso com isso?, n (%)
Não ficava irritado, aborrecido ou nervoso (0) 108 (47,8) Ficava um pouco irritado, aborrecido ou nervoso (1) 29 (12,8) Ia ficando cada vez mais irritado, mas conseguia lidar com isso (2) 64 (28,3) Ficava muito irritado, aborrecido ou nervoso (3) 23 (10,2) Ficava tão irritado, aborrecido ou nervoso que me descontrolava (4) 2 (0,9) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,04 Mediana 1,00 Desvio Padrão 1,12 Mínimo 0 Máximo 4
Tens de te esforçar para evitar consumir bebidas alcoólicas?, n(%) Bebo tão pouco que não preciso de fazer grande esforço (0) 130 (57,5) Faço sempre esforço para não beber (1) 21 (9,3) A maior parte das vezes tento não beber (2) 21 (9,3) Às vezes faço um esforço para não beber (3) 8 (3,5) Consumo álcool sem o tentar controlar ou parar, mesmo quando quero evitar beber (4)
6 (2,7)
Bebo sempre o que me apetece sem me esforçar para o evitar (5) 40 (17,7) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,38 Mediana 0,00 Desvio Padrão 1,94 Mínimo 0 Máximo 5
48
Observou-se que 53,5% dos alunos eram da opinião que não têm ânsia nem
desejo de consumir bebidas alcoólicas, no entanto mais de um quarto (de todos os
alunos inquiridos) referiram que para eles era difícil pôr a bebida de parte, nem que
fosse por um momento (Tabela 28).
Tabela 28 – Escala de consumo alcoólico obsessivo-compulsivo (items 13 e 14)
Até que ponto tens ânsia ou desejo em consumir bebidas alcoólicas?, n (%) Não tenho ânsia nem desejo em beber (0) 121 (53,5) Tenho alguma ânsia ou desejo em beber (1) 29 (12,8) Tenho ânsia ou desejo forte em beber (2) 16 (7,1) Tenho ânsia ou desejo muito forte em beber (3) 21 (9,3) A ânsia ou desejo em beber é irresistível (4) 39 (17,3) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,24 Mediana 0,00 Desvio Padrão 1,58 Mínimo 0 Máximo 4
Até que ponto tens controlo sobre beber álcool?, n(%) Tenho total controlo sobre o que bebo. Posso beber ou não beber (0) 102 (45,1) Normalmente consigo controlar o que bebo sem dificuldade (1) 30 (13,3) É difícil para mim controlar o que bebo, mas muitas vezes consigo fazê-lo (2) 24 (10,6) Tenho que beber, e apenas consigo pôr de parte a bebida se me esforçar muito (3)
11 (4,9)
É difícil pôr de parte a bebida, nem que seja por um momento (4) 59 (26,1) Total 226 (100,0) N 226 Média 1,54 Mediana 1,00 Desvio Padrão 1,68 Mínimo 0 Máximo 4
4.3. Análise fatorial para a escala de consumo alcoólico
obsessivo-compulsivo por adolescentes
4.3.1. Validade da análise fatorial
A análise fatorial efetuada para os 14 items da escala de consumo alcoólico
obsessivo-compulsivo por adolescentes mostrou-se muito adequada através da
49
medida KMO (0,91). O teste de esfericidade de Bartlett não foi aplicável por não se
verificar a normalidade dos dados: valor-p do teste de Kolmogorov-Smirnov com
correção de Lilliefors inferior a 0,001, rejeitando-se por isso a hipótese de
normalidade.
4.3.2. Fatores a reter e transformação oblíqua
Os valores próprios da matriz de correlações entre-items e os valores próprios
médios obtidos através da análise paralela são apresentados na Figura 8. Através da
observação do scree plot da análise fatorial (ainda Figura 8), é sugerido que o número
de fatores a reter seriam dois, pois o declive das retas que unem dois valores próprios
(em valor absoluto), por fatores, é superior nas duas primeiras retas
comparativamente ao das restantes retas. Esta análise gráfica é confirmada não só
pelo critério de Kaiser – apenas os dois primeiros valores próprios são superiores a um,
mas também pela análise paralela – quantidade de valores próprios médios da análise
paralela inferiores aos valores próprios obtidos pela análise fatorial: dois.
Figura 8 – Valores próprios da matriz de correlações entre-items e obtidos através da análise paralela
Com base nestes resultados, foi procurada uma solução com dois fatores. Note-
se que esta foi também a conclusão a que chegaram os autores da escala original
(Deas et al, 2001). Os dois fatores explicam neste estudo 62,58% e 12,74% da variância
(fator 1 e fator 2, respetivamente), correspondendo a uma explicação de 75,32% da
variância total (Tabela 29).
8,96
2,10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Val
ore
s p
róp
rio
s
Número de factores
Análise factorial Análise paralela
50
Tabela 29 – Variância explicada pelos fatores
Fator (nº)
Variância explicada
Valores próprios iniciais Método do fator principal
iterado Transformação oblíqua
Promax
Valores próprios
% da variância explicada
Valores próprios
% da variância explicada
Valores próprios
% da variância explicada
1 8,955 63,965 8,761 62,576 8,199 a
2 2,097 14,981 1,784 12,744 6,393 a Não aplicável: fatores correlacionados
A transformação oblíqua Promax obtida da solução inicial de dois fatores
produziu uma correlação positiva de 0,614 entre os dois fatores. Os items da escala
foram atribuídos ao fator cujo loading após a transformação Promax para esse item
fosse mais elevado. Ao fator 1 foram atribuídos oito items (Tabela 30), e ao fator 2,
seis items (Tabela 31).
Tabela 30 – Resultados da transformação Promax dos fatores: items da escala atribuídos ao primeiro fator (Irresistibilidade)
Item (nº)
Questão
Loading (após transformação
oblíqua Promax)
Loading (método do fator principal iterado)
Comunalidade (final)
Fator 1a Fator 2
b Fator 1
a Fator 2
b
14 Até que ponto tens
controlo sobre beber álcool?
0,983 0,622 0,949 -0,256 0,824
7 Quantas bebidas alcoólicas
bebes por dia? 0,963 0,536 0,904 -0,340 0,932
1
Num dia em que não estejas a beber álcool,
durante quanto tempo tens ideias, pensamentos, ânsias
ou imagens relacionadas com beber?
0,961 0,624 0,934 -0,231 0,926
13 Até que ponto tens ânsia ou desejo em consumir
bebidas alcoólicas? 0,938 0,698 0,943 -0,118 0,903
11
Se fosses impedido de beber álcool quando
querias mesmo beber, até que ponto ficavas irritado,
aborrecido ou nervoso com isso?
0,937 0,507 0,874 -0,349 0,885
8 Numa semana, em quantos
dias bebes álcool? 0,900 0,457 0,829 -0,371 0,824
12 Tens de te esforçar para evitar consumir bebidas
alcoólicas? 0,886 0,726 0,915 -0,030 0,838
2 Com que frequência te
ocorrem estes pensamentos?
0,734 0,428 0,696 -0,237 0,540
a Irresistibilidade b Interferência
51
As comunalidades correspondentes a cada item variaram entre 0,540 e 0,926,
fixando-se acima de 0,8 em quase todos os casos. Este resultado mostra que a solução
de dois fatores explica uma proporção de razoável a muito boa da variância de cada
item (atribuído ao fator 1).
Relativamente aos seis items atribuídos ao fator 2, verificou-se que as
comunalidades correspondentes a cada item variaram entre 0,506 e 0,830, proporções
que embora mais baixas do que as dos items do fator 1, continuam a ser
suficientemente razoáveis em termos de explicação da variância de cada item.
Tabela 31 – Resultados da transformação Promax dos fatores: items da escala atribuídos ao segundo fator (Interferência)
Item (nº)
Questão
Loading (após transformação
oblíqua Promax)
Loading (método do fator principal iterado)
Comunalidade (final)
Fator 1a Fator 2
b Fator 1
a Fator 2
b
3
Até que ponto estas ideias, pensamentos, ânsias ou
imagens relacionadas com beber álcool interferem nas
tuas atividades sociais, atividades familiares ou
qualquer trabalho escolar?
0,573 0,911 0,751 0,516 0,830
10
O teu consumo de álcool interfere de alguma forma
na tua vida social ou familiar?
0,633 0,799 0,754 0,319 0,671
4
Quando não estás a beber álcool, ficas maldisposto, perturbado ou aborrecido
ao teres estas ideias, pensamentos, ânsias ou
imagens relacionadas com o álcool?
0,572 0,789 0,706 0,370 0,635
5
Quando não estás a beber, qual a tua dificuldade em
resistir, ignorar ou abstrair o teu pensamento destas ideias relacionadas com o
álcool?
0,407 0,747 0,569 0,488 0,562
9 O teu consumo de álcool interfere no teu trabalho
escolar? 0,380 0,722 0,540 0,486 0,527
6
Quando não estás a beber, consegues parar ou
modificar esses pensamentos sobre o
álcool?
0,355 0,704 0,515 0,490 0,506
a Irresistibilidade b Interferência
52
Note-se que antes da transformação oblíqua Promax, e seguindo o critério de
atribuição de um item a um fator de acordo com o valor mais elevado do loading (em
valor absoluto), para esse item, todos os items seriam atribuídos ao fator 1. Tal
resultado não supreende pois o fator 1 explicou cerca de 63% da variância da escala,
contra apenas cerca de 13% do fator 2, como já tinha sido referido anteriormente.
Recorrendo de novo à escala e artigo originais que estão na base deste trabalho
(Deas et al, 2001), verificamos que os fatores 1 e 2 obtidos nesse estudo têm
exatamente os mesmos items do presente estudo, apenas com “pesos” (loadings) e
comunalidades diferentes, e, no geral, mais elevados. Assim sendo, será seguida a
designação atribuída a ambos os fatores em Deas et al (2001), sendo o fator 1 referido
como “Subescala Irresistibilidade” e o fator 2 como “Subescala Interferência”.
A Figura 9 representa graficamente o resultado da transformação oblíqua
Promax aplicada aos fatores, em que cada eixo corresponde a um fator: o eixo
horizontal corresponde ao fator 1 (“Irresistibilidade”) e o eixo vertical corresponde ao
fator 2 (“Interferência”). Verificou-se um posicionamento dos items junto do respetivo
fator, reforçando a coerência e interpretabilidade de cada subescala.
Figura 9 – Gráfico dos fatores (interferência e irresistibilidade) no espaço de fatores obliquamente transformados
53
4.4. Consistência interna da escala de consumo alcoólico
obsessivo-compulsivo por adolescentes Nesta secção será apresentado um sumário da pontuação obtida pelos alunos
em cada subescala por estatísticas descritivas, assim como a consistência interna,
medida através do alpha de Cronbach, para cada uma delas.
Pode-se adiantar desde já, que a pontuação média obtida foi sempre, em todas
as subescalas, inferior à pontuação mediana. Este facto deve-se à grande proporção de
pontuações iguais a zero ou um, a que correspondem em grande parte aos alunos que
não tinham por hábito consumir bebidas alcoólicas, em contraste com uma proporção
mais baixa de alunos com pontuações muito mais elevadas a que correspondem
alunos com consumos mais elevados. Esta é também a explicação para que tenhamos
sempre um desvio padrão superior à média.
4.4.1. Subescala Interferência
Relativamente à subescala de interferência de bebidas alcoólicas na vida do
aluno, verificou-se que uma pontuação mediana de 2 pontos. A subescala revelou-se
consistente a nível interno, com um alpha de Cronbach de 0,89 (Tabela 32).
Tabela 32 – Pontuação final e consistência interna da subescala Interferência
Subescala Interferênciaa, n (%) N 226 Média 3,42 Mediana 2,00 Desvio Padrão 4,66 Mínimo 0 Máximo 25
Consistência interna da subescala (6 items) Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,893
a Quanto mais elevada a pontuação, maior a interferência das bebidas alcoólicas na vida do aluno (variação possível: 0 a 25 pontos)
54
4.4.2. Subescala Irresistibilidade
Na subescala Irresistibilidade a bebidas alcoólicas, com variação possível entre
0 e 33 pontos (sete questões com pontuação de 0 a 4 e uma questão com pontuação
de 0 a 5), verificou-se uma pontuação mediana de 7 pontos (pontuação média de 7
pontos). A consistência interna desta subescala foi muito elevada (alpha de Cronbach
de cerca de 0,97 – Tabela 33).
Tabela 33 – Pontuação final e consistência interna da subescala Irresistibilidade
Subescala Irresistibilidadea, n (%) N 226 Média 10,94 Mediana 7,00 Desvio Padrão 10,93 Mínimo 0 Máximo 30
Consistência interna da subescala (8 items) Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,967
a Quanto mais elevada a pontuação, maior a irresistibilidade a bebidas alcoólicas (variação possível: 0 a 33 pontos)
4.4.3. Subescala Irresistibilidade-corrigida
Seguindo a sugestão dos autores da escala original em língua inglesa, foi criada
uma outra subescala, semelhante à escala de Irresistibilidade, mas excluíndo os items
relativos aos consumo (“Quantas bebidas alcoólicas bebes por dia?” e “Numa semana,
em quantos dias bebes álcool?”). O racional para a exclusão destes items da escala
prende-se com a exploração da relação entre a pontuação da própria escala
Irresistibilidade (sem estes items) com outros outcomes relativos ao consumo de
bebidas alcoólicas. Como os items referidos são perguntas diretas sobre o consumo de
bebidas alcoólicas (quantidade e frequência do mesmo), é sugerido que possa existir
um enviesamento na associação entre os outcomes de consumo e a pontuação da
escala (com a inclusão dos items).
Assim sendo, designa-se esta nova escala “Irresistibilidade-corrigida” e a
mesma será alvo de análise semelhante à das escalas Interferência e Irresistibilidade.
55
Observou-se uma pontuação pontuação mediana de 2 pontos e pontuação
média de 6,71 pontos na subescala Irresistibilidade-corrigida. A consistência interna da
escala manteve-se muito elevada, embora com alpha de Cronbach duas décimas
inferior ao da subescala Irresistibilidade (aproximadamente 0,95 – Tabela 34).
Tabela 34 – Pontuação final e consistência interna da subescala Irresistibilidade-corrigida
Subescala Irresistibilidade-corrigidaa, n (%) N 226 Média 6,71 Mediana 2,00 Desvio Padrão 7,87 Mínimo 0 Máximo 22
Consistência interna da subescala (6 items) Alpha de Cronbach (0 – 1) 0,954
a Quanto mais elevada a pontuação, maior a irresistibilidade a bebidas alcoólicas (variação possível: 0 a 25 pontos)
4.5. Regressão logística e curvas ROC para o consumo
possivelmente problemático de bebidas alcoólicas
4.5.1. Regressão logística
Recordando mais uma vez a definição de consumo possivelmente problemático
de bebidas alcoólicas – ter menos de 16 anos e ter praticado binge drinking alguma vez
nos últimos 30 dias, ou ter 16 ou mais anos e ter praticado binge drinking pelo menos
2 vezes nos últimos 30 dias – foram efetuadas três regressões logísticas para a
presença deste problema (variável dependente), tendo cada regressão como variável
independente uma das três subescalas anteriormente estudadas. O objetivo de cada
uma destas regressões foi perceber qual seria o ponto de corte (cut-off) na pontuação
de cada subescala para classificação de um aluno como tendo um consumo
possivelmente problemático de bebidas alcoólicas. Esta classificação teve como base
os valores preditivos obtidos através de cada regressão logística, a partir dos quais o
aluno seria classificado como consumidor possivelmente problemático de bebidas
alcoólicas se tivesse probabilidade igual ou superior a 50% de pertencer a esta
categoria.
56
Os resultados relativos às regressões logísticas efetuadas estão apresentados
na Tabela 35. Verificou-se que o coeficiente em cada regressão foi estatisticamente
significativo (p<0,001). A possibilidade do aluno ter um consumo possivelmente
problemático, avaliada através do Odds Ratio, aumenta 63%, 130% e 215% por cada
ponto a mais obtido nas subescalas Irresistibilidade, Irresistibilidade-corrigida e
Interferência, respetivamente, comparada com a possibilidade de o aluno não ter
consumo possivelmente problemático.
Tabela 35 – Resultados da regressão logística para predição de consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas
Subescala Constante do modelo (EPa)
Coeficientes de regressão (EPa)
Odds Ratio (IC 95%b)
valor-p
Irresistibilidade -3,685 (0,537)
0,490 (0,082)
1,632 (1,389; 1,917)
<0,001
Irresistibilidade-corrigida -2,606 (0,356)
0,832 (0,167)
2,297 (1,654; 3,189)
<0,001
Interferência -2,535 (0,367)
1,148 (0,169)
3,153 (2,266; 4,388)
<0,001
a EP: Erro padrão b IC 95%: Intervalo de confiança a 95%
Todos os modelos foram considerados estatisticamente significativos (p<0,001)
e representam adequadamente a realidade em estudo (valor-p do teste de bom
ajustamento de Hosmer e Lemeshow superior a 0,05). Além disso, o valor de -2 vezes o
logaritmo de verosimilhança (-2LL) para cada regressão mostrou que o modelo com
melhor ajustamento foi o da subescala Irresistibilidade (-2LL = 76,5), seguido do
modelo para a subescala de Irresistibilidade-corrigida (-2LL = 88,2) e por último, mas
também com bom ajustamento, o modelo para a subescala da Interferência (-2LL =
194,5). Estes resultados podem ser consultados na Tabela 36.
Tabela 36 – Validade, ajustamento, qualidade de ajustamento dos modelos de regressão logística
Subescala Modelo (valor-p)
-2LLa Teste de Hosmer e
Lemeshow (valor-p)
Nenhuma (modelo constante) 0,894 313,285 - Irresistibilidade <0,001 76,528 0,202
Irresistibilidade-corrigida <0,001 88,215 0,353 Interferência <0,001 194,528 0,137
a -2LL: -2 vezes o logaritmo de verosimilhança para a regressão correspondente
57
Após verificação da validade e bom ajustamento dos modelos, estamos agora
em condições de apresentar os pontos de corte para cada subescala a partir dos quais
é feita a definição de consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas
(Tabela 37). Recorde-se que um aluno é classificado como pertencendo ao grupo de
alunos com consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas se a sua
probabilidade (predicta pelo modelo) de pertencer a este for de 50% ou superior.
Observou-se que o ponto de corte para a subescala de Irresistibilidade foi de 8
pontos (inclusive), para a mesma subescala, mas sem os items de quantidade e
frequência de consumo alcoólico, Irresistibilidade-corrigida, foi de 4 pontos (inclusive),
e que a para a subescala de Interferência foi de 3 pontos. Estes resultados podem ser
consultados na Tabela 37, juntamente com a sensibilidade, especificidade e taxa de
validade do modelo para cada subescala, as quais variaram entre 67,9% e 89,3%,
89,5% e 98,2% e 78,8% e 92%, respetivamente, sendo que a subescala Interferência foi
a que obteve os valores mais baixos em qualquer uma destas medidas, ainda que com
valores bastante razoáveis.
Note-se que em relação às subescalas originais em língua inglesa o único ponto
de corte que se manteve igual foi o da subescala Irresistibilidade-corrigida. Tanto para
a subescala Irresistibilidade, como para a subescala Interferência, os resultados deste
trabalho foram dois pontos acima aos do estudo original.
Tabela 37 – Ponto de corte para consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas, sensibilidade, especifidade e taxa de validade do modelo
Subescala Cut-offa Sensibilidade
(%) Especificidade
(%)
Taxa de validade do modelo (%)
Irresistibilidade 8 89,3 94,7 92,0 Irresistibilidade-corrigida 4 84,8 98,2 91,6
Interferência 3 67,9 89,5 78,8 a Ponto de corte para definição de consumo possivelmente problemático de bebidas alcoólicas
4.5.2. Curvas ROC
As curvas ROC para as três subescalas estudadas estão apresentadas na Figura
10. Os resultados mostram que a curva com maior área abaixo de si é a curva
correspondente ao modelo da subescala Irresistibilidade, seguida da área da curva
correspondente ao modelo da subescala da Irresistibilidade-corrigida, e por último da
curva correspondente ao modelo da subescala da Interferência. A apresentação destes
58
valores é feita na Tabela 38 e revela que o ajustamento do modelo relativo à subescala
Irresistibilidade é perto de perfeito, com área abaixo da curva de 0,98.
Figura 10 – Curvas ROC para as três subescalas da A-OCDS
Tabela 38 – Valores da AUC para os três modelos estudados
Subescala AUCa
Irresistibilidade (IR) 0,983 Irresistibilidade-corrigida (IR-C) 0,965
Interferência (IN) 0,865 a AUC: Area Under Curve
A observação da Figura 10 e da Tabela 38 levanta a questão sobre a quase
coincidência entre a curva relativa à subescala Irresistibilidade e a curva relativa à
subescala Irresistibilidade-corrigida. Estas são, de facto, muito semelhantes e com
59
valores AUC muito próximos (como seria de esperar, visto que a segunda está contida
na primeira), e até certo ponto a coincidência entre ambas é quase perfeita. De forma
a esclarecer esta questão, foram efetuados testes estatísticos para comparação das
áreas associadas, não só destas duas curvas, mas de todas as curvas, duas a duas, e os
resultados mostram que todas são de facto, estatisticamente diferentes. Sob a
hipótese nula de igualdade de áreas abaixo das curvas, os valores-p obtidos foram os
seguintes:
Curva associada à subescala Irresistibilidade versus curva associada à subescala
Interferência: p<0,001;
Curva associada à subescala Irresistibilidade-corrigida versus curva associada à
subescala Interferência: p<0,001;
Curva associada à subescala Irresistibilidade versus curva associada à subescala
Irresistibilidade-corrigida: p=0,019.
Assim, é possível afirmar que os dois items ausentes da subescala Irresistibilidade-
corrigida melhoram a classificação global dos alunos em consumidores de bebidas
alcoólicas possivelmente problemáticos, ou não problemáticos. Este foi também o
resultado obtido pelos autores da escala original (Deas et al, 2001).
Os resultados relativos à comparação das áreas das diferentes curvas podem
ser consultados em detalhe na Tabela 39.
Tabela 39 – Diferenças entre AUC
Subescalaa Diferença entre AUCb IC 95%c valor-p
IR versus IN 0,119 (0,073; 0,164) <0,001 IR-C versus IN 0,101 (0,052; 0,149) <0,001 IR versus IR-C 0,018 (0,003; 0,033) 0,019
a IR: Irresistibilidade; IR-C: Irresistibilidade-corrigida; IN: Interferência b AUC: Area Under Curve c IC 95%: Intervalos de confiança a 95%
4.6. Análises de validação da construção
4.6.1. Comparação face a variáveis chave
Nesta secção serão apresentados os resultados relativos às análises que
pretendem validar a construção das três subescalas do A-OCDS.
Após aplicação do teste de Mann-Whitney, verificou-se que existiam diferenças
estatisticamente significativas (p<0,001) entre os alunos que consumiram pelo menos
uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias e os alunos que não o fizeram, face às
pontuações obtidas em cada uma das subescalas da A-OCDS. Em termos médios (e
60
medianos) as pontuações foram mais elevadas nos alunos que consumiram pelo
menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias (Tabela 40).
Tabela 40 – Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias por pontuação nas subescalas do A-OCDS
Consumo de pelo menos uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias valor-p
Subescala Não Sim Total
Irresistibilidade N 89 137 226 M-W Média 0,54 17,69 10,94 <0,001 Mediana 0,00 19,00 7,00 Desvio Padrão 0,89 8,97 10,93 Mínimo 0 2 0 Máximo 3 30 30
Irresistibilidade-corrigida
N 89 137 226 M-W Média 0,01 11,07 6,71 <0,001 Mediana 0,00 11,00 2,00 Desvio Padrão 0,11 7,35 7,87 Mínimo 0 0 0 Máximo 1 22 22
Interferência
N 89 137 226 M-W Média 1,27 4,82 3,42 <0,001 Mediana 1,00 3,00 2,00 Desvio Padrão 0,90 5,52 4,66 Mínimo 0 0 0 Máximo 3 25 25
M-W: Teste de Mann-Whitney
Observou-se que os alunos que alguma vez frequentaram uma aula
embriagados obtiveram pontuações média e mediana nas subescalas da A-OCDS
superior à dos alunos que nunca frequentaram uma aula embriagados. Estas
diferenças são estatisticamente significativas (p<0,001). Estes resultados podem ser
consultados em detalhe na Tabela 41.
61
Tabela 41 – Frequência a alguma aula embriagado por pontuação nas subescalas do A-OCDS
Frequência a alguma aula embriagado valor-p
Subescala Não Sim Total
Irresistibilidade N 211 15 226 M-W Média 9,97 24,53 10,94 <0,001 Mediana 5,00 25,00 7,00 Desvio Padrão 10,63 3,60 10,93 Mínimo 0 17 0 Máximo 30 30 30
Irresistibilidade-corrigida
N 211 15 226 M-W Média 6,00 16,67 6,71 <0,001 Mediana 1,00 17,00 2,00 Desvio Padrão 7,62 3,33 7,87 Mínimo 0 10 0 Máximo 22 22 22
Interferência
N 211 15 226 M-W Média 2,82 11,93 3,42 <0,001 Mediana 2,00 10,00 2,00 Desvio Padrão 3,77 7,30 4,66 Mínimo 0 2 0 Máximo 25 25 25
M-W: Teste de Mann-Whitney
Os alunos que alguma vez faltaram a uma aula por estarem embriagados
obtiveram pontuações média e mediana nas subescalas da A-OCDS superior à dos
alunos que nunca tiveram este comportamento (p<0,001). Estas diferenças são
estatisticamente significativas (Tabela 42).
62
Tabela 42 – Falta a alguma aula por estar embriagado, por pontuação nas subescalas do A-OCDS
Faltar a alguma aula por estar embriagado valor-p
Subescala Não Sim Total
Irresistibilidade N 194 32 226 M-W Média 8,99 22,75 10,94 <0,001 Mediana 3,50 26,00 7,00 Desvio Padrão 10,16 7,52 10,93 Mínimo 0 3 0 Máximo 29 30 30
Irresistibilidade-corrigida
N 194 32 226 M-W Média 5,29 15,34 6,71 <0,001 Mediana 0,00 18,00 2,00 Desvio Padrão 7,17 6,33 7,87 Mínimo 0 0 0 Máximo 21 22 22
Interferência
N 194 32 226 M-W Média 2,12 11,31 3,42 <0,001 Mediana 2,00 9,50 2,00 Desvio Padrão 2,17 7,33 4,66 Mínimo 0 1 0 Máximo 16 25 25
M-W: Teste de Mann-Whitney
Verificou-se que as pontuações média e mediana nas subescalas da A-OCDS foi
superior nos alunos que reprovaram 3 ou mais vezes, comparativamente à dos alunos
que reprovaram 2 vezes, e que por sua vez, as pontuações média e mediana destes foi
superior à dos alunos que reprovaram 1 vez. Os alunos que nunca reprovaram
obtiveram pontuações média e mediana inferiores em qualquer das subescalas à dos
alunos que têm experiência de reprovação. Estas diferenças foram estatisticamente
significativas (p<0,001 para as subescalas Irresistibilidade e Irresistibilidade-corrigida, e
p=0,001 na subescala Interferência).
Note-se que a correlação entre as pontuações obtidas nas subescalas e o
número de vezes que o aluno reprovou foi positiva e estatisticamente significativa
(p<0,001), com valores de cerca de 0,34 para as subescalas Irresistibilidade e
63
Irresistibilidade-corrigida, e de 0,23 para a subescala de Interferência. Estes resultados
podem ser consultados em detalhe na Tabela 43.
Tabela 43 – Número de reprovações no percurso académico por pontuação nas subescalas do A-OCDS
Número de reprovações valor-p
Subescala 0 1 2 3+ Total
Irresistibilidade N 179 39 6 2 226 K-W Média 9,12 16,54 23,00 28,50 10,94 <0,001 Mediana 3,00 17,00 24,00 28,50 7,00 Desvio Padrão 10,29 11,00 5,22 2,12 10,93 Mínimo 0 0 15 27 0 Máximo 30 29 29 30 30
KS 0,342 <0,001 Irresistibilidade-corrigida
N 179 39 6 2 226 K-W Média 5,40 10,69 15,33 20,50 6,71 <0,001 Mediana 0,00 10,00 16,00 20,50 2,00 Desvio Padrão 7,25 8,43 4,76 2,12 7,87 Mínimo 0 0 8 19 0 Máximo 22 21 21 22 22
KS 0,347 <0,001 Interferência
N 179 39 6 2 226 K-W Média 2,81 4,79 8,83 15,50 3,42 0,001 Mediana 2,00 3,00 4,00 15,50 2,00 Desvio Padrão 3,75 5,90 9,54 0,71 4,66 Mínimo 0 0 1 15 0 Máximo 22 25 25 16 25
KS 0,232 <0,001
K-W: Teste de Kruskal-Wallis KS: Coeficiente de correlação de Spearman
Relativamente à associação entre a idade de consumo da primeira bebida
alcoólica e as pontuações obtidas nas subescalas da A-OCDS, verificou-se uma
correlação negativa e estatisticamente significativa (p<0,001). Quanto mais cedo os
alunos experimentaram bebidas alcoólicas, maior é a pontuação em qualquer das
subescalas (Tabela 44).
64
Tabela 44 – Associação entre idade de consumo da primeira bebida alcoólica e pontuação nas subescalas do A-OCDS
Subescala
KS N
valor-p Idade de consumo da primeira bebida alcoólica
Irresistibilidade -0,584 226 <0,001
Irresistibilidade-corrigida -0,558 226 <0,001
Interferência -0,347 226 <0,001
KS: Coeficiente de correlação de Spearman
Devido à idade poder ser um fator de confundimento para a pontuação na
escala de representações sociais de bebidas alcoólicas, optou-se por fazer uma análise
estatrificada por idades: alunos com idade inferior a 16 anos e alunos com idade igual
ou superior a 16 anos.
Para a subescala de consciência de efeitos, verificou-se uma correlação
negativa e estatisticamente significativa entre a pontuação obtida nas subescalas da A-
OCDS e esta subescala, independentemente da idade do aluno (p<0,05 em todas as
correlações testadas). Em valor absoluto, os valores das correlações variaram entre
0,175 e 0,384, indicando que quanto menor a consciência dos efeitos das bebidas
alcoólicas, maior a pontuação obtida em qualquer das subescalas da A-OCDS (Tabela
45).
Tabela 45 – Associação entre pontuação na subescala de consciência dos efeitos e pontuação nas subescalas do A-OCDS
Subescala Idade (anos)
KS N
valor-p Consciência dos efeitos
Irresistibilidade
<16 -0,384 121 <0,001 ≥16 -0,299 105 0,001
Irresistibilidade-corrigida <16 -0,363 121 <0,001 ≥16 -0,306 105 0,001
Interferência <16 -0,175 121 0,028 ≥16 -0,239 105 0,007
KS: Coeficiente de correlação de Spearman
65
Não se verificaram correlações estatisticamente significativas entre a
pontuação obtida nas subescalas da A-OCDS e a subescala de falsos conceitos, para
alunos com 16 ou mais anos de idade (p>0,05). No entanto, para alunos com menos de
16 anos, verificou-se existirem correlações negativas e estatisticamente significativas
com a pontuação obtida em todas as subescalas da A-OCDS, sendo que a correlação
com a subescala Interferência foi razoavelmente baixa (0,16, em valor absoluto). Estes
resultados podem ser consultados na Tabela 46.
Tabela 46 – Associação entre pontuação na subescala de falsos conceitos e pontuação nas subescalas do A-OCDS
Subescala Idade (anos)
KS N
valor-p Falsos Conceitos
Irresistibilidade
<16 -0,288 121 0,001 ≥16 0,156 105 0,056
Irresistibilidade-corrigida <16 -0,354 121 <0,001 ≥16 0,144 105 0,071
Interferência <16 -0,160 121 0,039 ≥16 0,011 105 0,456
KS: Coeficiente de correlação de Spearman
Relativamente à subescala de aspetos inerentes à justificação recreativa,
observou-se que quanto menor a consciência acerca da justificação recreativa
associada ao consumo de bebidas alcoólicas nos jovens, maior foi a pontuação obtida
em qualquer das subescalas da A-OCDS. As correlações agora referidas foram
estatisticamente significativas (p<0,05) e têm maior peso em alunos com menos de 16
anos (Tabela 47).
66
Tabela 47 – Associação entre pontuação na subescala de aspetos inerentes à justificação recreativa e pontuação nas subescalas do A-OCDS
Subescala Idade (anos)
KS N
valor-p Aspetos inerentes à justificação recreativa
Irresistibilidade
<16 -0,523 121 <0,001 ≥16 -0,366 105 <0,001
Irresistibilidade-corrigida <16 -0,541 121 <0,001 ≥16 -0,360 105 <0,001
Interferência <16 -0,274 121 0,001 ≥16 -0,257 105 0,004
KS: Coeficiente de correlação de Spearman
Por último, foi testada a correlação entre as três subescalas da A-OCDS e a
escala de representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas como um todo.
Verificou-se existirem correlações estatisticamente significativas (p<0,05), e sempre
negativas, indicando que um decréscimo na pontuação da escala de representações
sociais de consumo de bebidas alcoólicas (e portanto um decréscimo na consciência e
conhecimento acerca de bebidas alcoólicas) corresponde a um aumento na pontuação
em qualquer das subescalas da A-OCDS. Estas correlações assumem maior força para
alunos com menos de 16 anos (Tabela 48).
67
Tabela 48 – Associação entre pontuação na escala de representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas e pontuação nas subescalas do A-OCDS
Subescala Idade (anos)
KS N
valor-p Representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas
Irresistibilidade
<16 -0,540 121 <0,001 ≥16 -0,185 105 0,029
Irresistibilidade-corrigida <16 -0,578 121 <0,001 ≥16 -0,191 105 0,025
Interferência <16 -0,291 121 0,001 ≥16 -0,201 105 0,020
KS: Coeficiente de correlação de Spearman
4.6.2. Resumo das análises de validação da construção
Nesta secção será efetuada uma visão mais global sobre os resultados obtidos
nas análises de validação da A-OCDS.
Verificaram-se associações estatisticamente significativas entre a pontuação
obtida pelos alunos na A-OCDS e as variáveis chave de validação da mesma. Estes
resultados confirmam a utilidade da escala como bom instrumento de deteção de
comportamento obsessivo-compulsivo relativamente ao consumo de bebidas
alcoólicas pelos jovens da Escola Secundária com 3º ciclo do Fundão.
Em particular, a pontuação obtida na escala foi coerente com conhecimentos
dados como adquiridos na literatura, como por exemplo o consumo de bebidas
alcoólicas nos últimos 30 dias, frequência a aulas embriagado ou faltar as aulas por
motivo de embriaguez estar muito associado a um consumo possivelmente de risco de
bebidas alcoólicas nos jovens, com inerentes possíveis consequências na vida futura
deste, ao nível da dependência (irresistibilidade), e ao nível de possíveis alterações no
que seria a vida normal do jovem sem o referido consumo de risco (interferência).
Estas são dimensões medidas pela A-OCDS, pelo que uma pontuação mais elevada em
alunos com estes comportamentos (variáveis chave referidas) valida o seu propósito e
utilidade.
68
Outras variáveis chaves que validam a escala em questão são a idade de início
de consumo de bebidas alcoólicas, sendo também sabido que alunos com início de
consumo mais precoce estão em maior risco de ter um comportamento de consumo
mais excessivo de bebidas alcoólicas. Este facto valida a pontuação obtida na A-OCDS,
que se encontra correlacionada negativamente com a idade de início de consumo.
A irresistibilidade às bebidas alcoólicas, assim como a interferência destas na
vida do aluno foram evidentes quando realizada a comparação destas, medidas
através da A-OCDS, com o número de reprovações dos alunos. A literatura diz-nos que
existe uma associação entre o insucesso escolar e um maior consumo de bebidas
alcoólicas. Este facto torna ainda mais consistentes as pontuações obtidas na escala,
contribuindo para a validação desta com forte peso, tendo-se verificado um aumento
da pontuação média e mediana da escala crescente com o número de reprovações dos
alunos.
Por último, foi calculada a correlação entre as pontuações obtidas nas
subescalas da A-OCDS com as pontuações obtidas na escala de representações de
consumo de bebidas alcoólicas e suas subescalas. A relação destas com o consumo
mais elevado de bebidas alcoólicas não é tão claro na literatura como a relação das
restantes variáveis chave, sendo por isso a interpretação dos resultados mais limitada
e cuidadosa. A relação mais comum associa uma pontuação mais baixa na escala de
representações a um maior consumo. Antes de se calcularem as correlações, a
amostra foi estratificada por idade inferior a 16 anos e idade igual ou superior a 16
anos, por ser conhecida a mudança de representações sociais de bebidas alcoólicas
com a idade. Os resultados mostraram que uma pontuação mais elevada na A-OCDS
correspondia, em geral, a uma pontuação mais baixa na escala de representações
sociais de bebidas alcoólicas e subsequentes subescalas, resultado que vai mais uma
vez ao encontro da validação da A-OCDS. Esta associação foi mais forte em alunos com
menos de 16 anos.
Concluindo, é possível afirmar que a validação construída neste sub-capítulo vai
de encontro à validação da A-OCDS como instrumento de deteção de comportamentos
obsessivos-compulsivos nos jovens, em relação a bebidas alcoólicas.
69
CAPÍTULO 5
Discussão e Conclusões
5.1. Discussão O resultado da tradução e adaptação cultural da versão original da A-OCDS
(Deas et al, 2001) foi a versão portuguesa denominada “Escala de consumo alcoólico
obsessivo-compulsivo por adolescentes”. Esta escala preserva a maior parte e
principais características da escala original, tais como:
Medição de aspectos relacionados com o “craving” (desejo/ânsia) alcoólico em
adolescentes, expresso como comportamento obsessivo-compulsivo;
É constituída por duas dimensões: Irresistibilidade e Interferência, as quais são
internamente consistentes;
Tem valores de sensibilidade e especificidade elevados para identificação de
consumo alcoólico possivelmente problemático.
Apesar das semelhanças encontradas, existe um importante aspecto que
diferiu nos dois estudos: a idade da população estudada. Enquanto que Deas et al
(2001) encontrou dimensões obsessivas-compulsivas no comportamento relativo ao
consumo alcoólico em jovens entre os 17 e os 20 anos de idade (média de 19 anos), o
presente trabalho encontrou aspectos dessas dimensões numa população ainda mais
jovem: dos 11 aos 20 anos de idade (média de 15 anos).
Desta forma, os pensamentos obsessivos-compulsivos em adolescentes e
jovens adultos encontrados em Deas et al (2001), parecem existir também numa
população mais jovem, e a escala agora validada indica ser um bom instrumento de
detecção e avaliação dos mesmos.
70
Como referido no início desta discussão, a “Escala de consumo alcoólico
obsessivo-compulsivo por adolescentes” é constituída por duas sub-escalas, a
Irresistibilidade e a Interferência. Os items incluídos em cada uma destas sub-escalas
foram os mesmos items incluídos em cada uma das sub-escalas encontradas por Deas
et al (2001), sendo assim correcto manter a denominação das sub-escalas e sua
interpretação em relação ao trabalho original. Este aspecto demonstra não só a
robustez da escala original, como também o bom trabalho de tradução e adaptação
cultural desenvolvido neste estudo.
Verificou-se que a sub-escala Irresistibilidade pode ser definida excluindo os
dois items relativos à quantidade e frequência de consumo de bebidas alcoólicas
(denominada Irresistibilidade-corrigida), mantendo, ainda assim, uma consistência
interna elevada. Os items de quantidade e frequência de consumo podem ser
interpretados, no contexto da sub-escala, como bons indicadores da mesma. A sua
inclusão melhora a consistência da escala, mas a sua não inclusão não faz com que a
sub-escala perca as suas boas propriedades psicométricas.
A definição de aluno com consumo de bebidas alcoólicas possivelmente
problemático foi diferente da utilizada em Deas et al (2001), mas enquadra-se no
contexto português e europeu, podendo no entanto não ser única. Recorde-se que um
aluno foi classificado como tendo consumo de bebidas alcoólicas possivelmente
problemático, se este tivesse menos de 16 anos de idade e tivesse praticado binge
drinking (consumo de pelo menos 5 bebidas alcoólicas numa única ocasião) pelo
menos uma vez nos últimos 30 dias, ou se tivesse 16 ou mais anos de idade e tivesse
praticado binge drinking duas ou mais vezes nos últimos 30 dias. Em Deas et al (2001),
foi atribuída esta classificação a um aluno que tivesse praticado binge drinking pelo
menos duas vezes nas últimas duas semanas. A diferença nas definições é aceitável
tendo em consideração as diferenças existentes na média de idades – 15 anos neste
trabalho e 19 anos em Deas et al (2001).
Como base na definição do ponto de corte nas diversas sub-escalas para a
classificação de um aluno como consumidor de bebidas alcoólicas possivelmente
problemático, está a definição deste tipo de consumidor discutida no parágrafo
anterior. Como é aí referido, a definição difere, justificadamente, da definição dada
por Deas et al (2001), e por esse mesmo motivo foi sem surpresa que se encontraram
neste trabalho alguns pontos de corte para cada sub-escala diferentes dos pontos de
corte encontrados por Deas et al (2001) – ponto de corte 2 pontos acima nas sub-
escalas Irresistibilidade (6 pontos e 8 pontos) e Interferência (1 ponto e 3 pontos),
sendo igual para a sub-escala Irresistibilidade-corrigida (4 pontos). A “Escala de
consumo alcoólico obsessivo-compulsivo por adolescentes” pode, desta forma, ajudar
na identificação de um jovem com consumo de bebidas alcoólicas possivelmente
problemático. Tanto a sub-escala Irresistibilidade, como a sub-escala Irresistibilidade-
corrigida apresentaram sensibilidade e especificidade superiores à da sub-escala
71
Interferência, sendo assim as primeiras melhores classificadoras/predictoras de
consumidor de bebidas alcoólicas possivelmente problemático. Entre estas, a sub-
escala Irresistibilidade teve maior sensibilidade, mas menor especificidade que a sub-
escala Irresistibilidade-corrigida.
Conjugando todos os factores referidos, com a facilidade de aplicação da escala
– apenas 14 items e tempo de preenchimento inferior a 5 minutos – é razoável afirmar
que esta poderá ser um instrumento de aplicação muito útil na identificação de jovens
com consumos excessivos (para a sua idade, ou no geral), e
problemas/distúrbios/pertubações derivadas dos mesmos, podendo ser facilmente
aplicado em escolas, centros de saúde ou outras instituições.
5.2. Limitações O presente trabalho baseou-se numa amostra obtida por conveniência,
composta por alunos entre os 11 e 20 anos, provenientes de apenas uma escola. Como
consequência desta limitação, o número de respostas possível por ano escolar foi, à
partida, muito pequeno, sendo impossível procurar uma amostra representativa por
ano escolar. Procurou-se minimizar esse problema obtendo um mínimo de respostas
por ano escolar, o que foi parcialmente conseguido. No entanto, como referido, a
amostra não é representativa. O facto da amostra ser proveniente de apenas uma
escola também limita a validade externa do estudo. Desta forma, a escala, ao ser
aplicada no futuro, pode ser considerada como correctamente traduzida e adaptada,
mas não deve ser considerada como correctamente validada para populações com
características diferentes das características da amostra estudada.
Outra limitação prende-se com a definição de aluno com consumo de bebidas
alcoólicas possivelmente problemático. Um investigador que utilize esta escala como
instrumento para identificação/detecção de consumo de bebidas alcoólicas
possivelmente problemático num jovem, deve ter presente a definição usada neste
estudo. Os pontos de corte encontrados para esta identificação/detecção baseiam-se
nessa definição.
5.3. Conclusão O processo de tradução e adaptação cultural da A-OCDS (Deas et al, 2001) foi
muito satisfatório, podendo ser a versão apresentada neste trabalho como a versão da
escala para Portugal.
A validação da escala mostrou-se robusta, principalmente se a compararmos
com a versão da validação original. A escala e sub-escalas associadas tiveram boa
72
consistência interna e a validação da sua construção corroborou as pretensões de
medição.
A escala poderá servir como instrumento de detecção/identificação de jovens
com consumo de bebidas alcoólicas possivelmente problemático, como avaliadora do
nível de distúrbios, complicações ou perturbações na vida do jovem associados ao
consumo de bebidas alcoólicas, podendo também ser utilizada longitudinalmente com
objetivo de seguir o percurso/relação do jovem com bebidas alcoólicas e possíveis
danos provocados por estas.
5.4. Trabalho futuro Como trabalho futuro, seria muito útil obter um consenso para a definição de
consumidor de bebidas alcoólicas possivelmente problemático, em adolescentes. Os
jovens começam a consumir bebidas alcoólicas cada vez mais cedo, e por sua vez um
início de consumo mais precoce está associado a maior risco de dependência futura.
Parece por isso claro que esta definição nunca deveria estar separada da idade do
jovem. Este consenso seria útil não só a nível de trabalhos com semelhanças a este,
mas também a nível da investigação na área do álcool e dos jovens, em geral.
Em termos de validação da escala, os resultados aqui apresentados são ainda
exploratórios, devendo ser confirmada a validade da escala noutras regiões de
Portugal, com culturas, frequência/quantidade/tipo de consumos diferentes. Seria
também muito interessante, e útil, fazer uma validação desta escala para estudantes
universitários.
73
Referências bibliográficas
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76
77
Anexos
Anexo A: A-OCDS – Versão original
Directions: The questions below ask you about your drinking alcohol (beer, wine,
whiskey, etc.) and your attempts to control your drinking since your last drink. Please
circle the number next to the statement that best applies to you.
1. How much of your time in a day when you're not drinking alcohol do you have
ideas, thoughts, strong desires or images related to drinking?
a. (0) None
b. (1) Less than 1 hour a day
c. (2) 1/2 of the day
d. (3) More than 1/2 of the day
e. (4) Most of the day
2. How frequently do these thoughts occur?
a. (0) Never
b. (1) Less than 8 times a day
c. (2) Greater than 8 times a day
d. (3) Greater than 8 times a day and during most hours of the day
e. (4) Too many to count and all day
78
3. How much do these ideas, thoughts, strong desires, or images related to
drinking alcohol get in the way of your social activities, family activities or
school work? Are there things that you don't do because of them (i.e., sports,
family outings, etc.)?
a. (0) Thoughts of drinking never get in the way I can function
b. (1) Thoughts of drinking get in the way a little bit, but they cause me no
problems
c. (2) Thoughts of drinking definitely get in the way, but I can manage
d. (3) I have trouble with family, friends or school because of these thoughts
e. (4) Thoughts of drinking totally get in the way of friendships and family life
4. When you are not drinking alcohol, how upset are you about these ideas,
thoughts, strong desires or images of alcohol?
a. (0) I don't get upset.
b. (1) I am a little upset, but I can make it
c. (2) I get upset a lot, but I can manage
d. (3) I get upset a lot, and it is hard to manage
e. (4) I get so upset I cannot manage
5. How hard do you try to resist these thoughts of alcohol or try to ignore or get
the thoughts of alcohol out of your mind when you are not drinking? (Tell how
hard you try, not whether you succeed or fail.)
a. (0) My thoughts are so minimal; I don't have to try to resist
b. (1) I make an effort to always resist
c. (2) I try to resist most of the time
d. (3) I make some effort to resist
e. (4) I give in to all such thoughts without attempting to control them, even
when I don't want to give in
f. (5) I always give in to these thoughts
79
6. How successful are you in stopping or changing these thoughts about alcohol
when you are not drinking?
a. (0) I am completely successful in stopping or changing these thoughts if I
have them
b. (1) I am usually able to stop or change these thoughts when I make an
effort or concentrate
c. (2) I am sometimes able to stop or change these thoughts
d. (3) I am rarely successful in stopping these thoughts, but I can change these
thoughts if I try real hard
e. (4) I am rarely able to change these thoughts even for a moment
7. How many drinks of alcohol do you drink each day?
a. (0) None
b. (1) Less than 1 drink per day
c. (2) 1-2 drinks per day
d. (3) 3-7 drinks per day
e. (4) 8 or more drinks per day
8. How many days each week do you drink alcohol?
a. (0) None
b. (1) No more than 1 day per week
c. (2) 2-3 days per week
d. (3) 4-5 days per week
e. (4) 6-7 days per week
9. How much does your drinking alcohol get in the way of your school work? Do
you miss school, use alcohol before or at school or experience a decline in
grades?
a. (0) Drinking never gets in the way-I can function normally
b. (1) Drinking gets in the way a little bit with my school work, but my overall
performance is okay
c. (2) Drinking definitely gets in the way with my school performance, but I
can still manage
d. (3) Drinking really hurts my school performance
e. (4) Drinking totally gets in the way of my school performance
80
10. How much does your drinking alcohol get in the way of your social or family
functioning? (Have you missed or stopped attending family functions, changed
friends, lost interest in hobbies?)
a. (0) Drinking never gets in the way I can function normally
b. (1) Drinking gets in the way a little bit with my social or family activities, but
my overall performance is okay
c. (2) Drinking definitely gets in the way with my social or family activities, but
I can still manage
d. (3) Drinking really gets in the way of my social or family performance
e. (4) Drinking totally gets in the way of my social or family performance
11. If you were prevented from drinking alcohol when you wanted to drink, how
irritable, upset or nervous would you become?
a. (0) I would not feel irritable, upset or nervous
b. (1) I would become a little irritable, upset or nervous
c. (2) The irritability would increase, but I can still manage
d. (3) I would get very irritable, nervous or upset
e. (4) I would get so irritable, nervous or upset that I would lose it
12. How hard do you try to avoid using alcoholic beverages? (Only tell how hard
you try to avoid drinking, not whether you were successful or not.)
a. (0) My drinking is so minimal; I don't need to try that hard
b. (1) I make an effort to always avoid drinking
c. (2) I try to avoid drinking most of the time
d. (3) Sometimes I make an effort to avoid drinking
e. (4) I usually give in to drinking without trying to control or stop it even
when I don't want to give in
f. (5) I always give in to all drinking
13. How strong is your desire to drink alcoholic beverages?
a. (0) I have no desire
b. (1) I have some desire to drink
c. (2) I have a strong desire to drink
d. (3) I have a very strong desire to drink
e. (4) The desire to drink is overwhelming
81
14. How much control do you have over drinking alcohol?
a. (0) I have total control over drinking. I can take it or leave it
b. (1) I am usually able to control my drinking without difficulty
c. (2) It is difficult for me to control my drinking, but I often do
d. (3) I must drink and can only put it off if I try very hard
e. (4) It is hard to put off drinking even for a moment
82
83
Anexo B: Instrumento de recolha de dados
84
Data de aplicação __ __ / __ __ / __ __ __ __ (DD/MM/AAAA)
CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM ADOLESCENTES
No âmbito do Mestrado em Bioestatística na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, estou a desenvolver um
estudo intitulado “Consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes”.
A resposta a este questionário demorará cerca de 20 minutos e é acerca do teu envolvimento geral com álcool e
bebidas alcoólicas. Pedia a tua disponibilidade para responderes o mais fielmente à realidade, sabendo que todas as respostas são anónimas e confidenciais, não existindo respostas certas nem erradas.
Os dados aqui recolhidos destinam-se a um tratamento estatístico.
Dados sócio-demográficos e escolares
1. Data de nascimento __ __ / __ __ / __ __ __ __ (DD/MM/AAAA) 2. Sexo M F
3. Residência em tempo de aulas Fundão (cidade) Outra, qual __________________________
4. Ano escolar 7º 8º 9º 10º 11º 12º
5. Alguma vez chumbaste um
ano?
Não (passa para a questão 7.)
Sim 6. Quantas vezes? 1 vez 2 vezes 3 ou mais vezes
Consumo de bebidas alcoólicas
7. Consumiste pelo menos uma bebida alcoólica…
7.1. …nos últimos 30 dias
Sim (passa para a questão 8.)
Não
7.2. …no último ano
Sim (passa para a questão 8.)
Não
7.3. …alguma vez na vida
Sim
Não (passa para a próxima página)
8. Idade quando consumiste a tua primeira bebida alcoólica: ___________ anos
9. Já frequentaste alguma aula embriagado? Sim
Não
10. Já faltaste a alguma aula por estares
embriagado?
Sim
Não
11. Nos últimos 30 dias, quantas vezes consumiste
5 ou mais bebidas alcoólicas em uma só
ocasião?
___________ vezes
85
12. Classifica numa escala de 1 a 5 as seguinte afirmações:
(assinala com um X a opção que corresponde à tua opinião)
Dis
co
rd
o
to
ta
lme
nte
Dis
co
rd
o
pa
rcia
lme
nte
Ne
m
co
nco
rd
o,
ne
m d
isco
rd
o
Co
nco
rd
o
pa
rcia
lme
nte
Co
nco
rd
o
to
ta
lme
nte
1 2 3 4 5
12.1. É possível organizar uma festa sem bebidas alcoólicas
12.2. A oferta de uma bebida alcoólica pressiona as pessoas para beber
12.3. Ver jovens a tomar bebidas alcoólicas, por vezes, leva-me a beber
também
12.4. A publicidade às bebidas alcoólicas pode levar jovens a consumir
mais
12.5. Beber é uma das formas mais agradáveis de festejar
12.6. Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos
12.7. As bebidas alcoólicas podem aquecer
12.8. Algumas bebidas alcoólicas podem matar a sede
12.9. Martini ou alguns tipos de vinho do porto abrem o apetite
12.10. Whisky ou aguardentes velhas podem ajudar a digestão
12.11. É possível morrer por uma ingestão elevada de álcool num só dia
12.12. Um copo de cerveja de 5 graus tem tanto álcool como um copo de
vinho de 12 graus
12.13. Um indivíduo que bebeu pode conduzir desde que não se sinta
embriagado
12.14. O álcool melhora a coordenação motora e os reflexos
12.15. As bebidas alcoólicas também são alimentos
12.16. O álcool e as bebidas alcoólicas podem dar forças
86
13. Ainda sobre bebidas alcoólicas…
(Nas questões seguintes, sempre que achares que nenhuma das opções se enquadra à tua realidade, escolhe a opção
mais próxima do que se passa contigo. Se considerares que algumas destas situações “dependem do dia”, escolhe
aquela que se adapta a metade ou mais dos teus dias)
13.1. Num dia em que não estejas a beber álcool, durante quanto tempo tens ideias, pensamentos, ânsias ou
imagens relacionadas com beber?
Nunca tenho esses pensamentos
Menos de uma hora por dia
Metade do dia
Mais de metade do dia
Quase todo o dia
13.2. Com que frequência te ocorrem estes pensamentos?
Nunca tenho esses pensamentos
Menos de 8 vezes por dia
Mais de 8 vezes por dia
Mais de 8 vezes por dia e durante a maior parte das horas do dia
Mais vezes do que as que consigo contar e durante todo o dia
13.3.
Até que ponto estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber álcool interferem nas
tuas actividades sociais, actividades familiares ou qualquer trabalho escolar? Existem coisas que não fazes
por causa disso (como por exemplo desporto, saídas em família, etc)?
Pensamentos relacionados com bebida nunca interferem na forma como actuo ou funciono
Pensamentos relacionados com bebida interferem um pouco, mas não me causam problemas
Pensamentos relacionados com bebida definitivamente interferem, mas eu consigo controlá -los
Tenho alguns problemas com a minha família, amigos ou na escola, por causa desses pensamentos
Pensamentos relacionados com bebida interferem muito nas minhas amizades e vida familiar
13.4. Quando não estás a beber álcool, ficas maldisposto, perturbado ou aborrecido ao teres estas ideias,
pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com álcool?
Não, nada perturbado
Fico um pouco perturbado, mas passo bem sem beber
Fico bastante perturbado, mas aguento não beber
Fico bastante perturbado, e é difícil aguentar sem beber
Fico tão perturbado que tenho que ir beber
13.5.
Quando não estás a beber, qual a tua dificuldade em resistir, ignorar ou abstrair o teu pensamento destas
ideias relacionadas com álcool? (Diz apenas a dificuldade que tens, não se conseguiste ou não resistir,
ignorar ou abstrair)
Os meus pensamentos sobre álcool são tão mínimos que não preciso de tentar resistir
Sempre que tenho esses pensamentos, faço um esforço para resistir
Na maioria das vezes tento resistir a esses pensamentos
Faço algum esforço para resistir
Cedo a esses pensamentos sem os tentar controlar, mesmo quando não quero ceder
Cedo sempre a esses pensamentos
87
13.6. Quando não estás a beber, consegues parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool?
Consigo sempre parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool se os tiver
Normalmente consigo parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool, se fizer um esforço ou me
concentrar
Às vezes sou capaz de parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool
Raramente consigo parar esses pensamentos sobre álcool, mas consigo modificá -los se me esforçar muito
Raramente sou capaz de modificar esses pensamentos sobre álcool, nem que seja por um momento
13.7. Quantas bebidas alcoólicas bebes por dia?
Nenhuma
Menos de uma bebida por dia
1-2 bebidas por dia
3-7 bebidas por dia
8 ou mais bebidas por dia
13.8. Numa semana, em quantos dias bebes álcool?
Não bebo álcool
No máximo 1 dia por semana
2-3 dias por semana
4-5 dias por semana
6-7 dias por semana
13.9. O teu consumo de álcool interfere no teu trabalho escolar? Faltas às aulas, consomes álcool antes ou entre
as aulas ou sentes que pioraste as tuas notas?
Beber álcool nunca interfere na minha vida escolar
Beber álcool interfere um pouco no meu trabalho escolar, mas no geral o meu rendimento escolar é
razoável
Beber álcool interfere no meu rendimento escolar, mas ainda consigo lidar bem com isso
Beber álcool afecta o meu rendimento escolar
Beber álcool interfere muito no meu rendimento escolar
13.10. O teu consumo de álcool interfere de alguma forma na tua vida social ou familiar? (Alguma vez deixaste de
estar com a tua família, mudaste de amigos ou perdeste interesse em algum passatempo?)
Beber álcool nunca interfere na forma como vivo normalmente
Beber álcool interfere um pouco com as minhas actividades sociais ou familiares, mas no geral continuo a
fazer tudo normalmente
Beber álcool interfere nas minhas actividades sociais ou familiares, mas ainda consigo lidar bem com isso
Beber álcool afecta o funcionamento normal da minha vida social ou familiar
Beber álcool interfere muito no funcionamento normal da minha vida social ou familiar
88
13.11. Se fosses impedido de beber álcool quando querias mesmo beber, até que ponto ficavas irritado,
aborrecido ou nervoso com isso?
Não ficava irritado, aborrecido ou nervoso
Ficava um pouco irritado, aborrecido ou nervoso
Ia ficando cada mais irritado, mas conseguia lidar com isso
Ficava muito irritado, aborrecido ou nervoso
Ficava tão irritado, aborrecido ou nervoso que me descontrolava
13.12. Tens de te esforçar para evitar consumir bebidas alcoólicas? (Diz apenas se tens de te esforçar e quanto
para evitar beber, não se o consegues ou não evitar)
Bebo tão pouco que não preciso de fazer grande esforço
Faço sempre esforço para não beber
A maior parte das vezes tento não beber
Às vezes faço um esforço para não beber
Consumo álcool sem o tentar controlar ou parar, mesmo quando quero evitar beber
Bebo sempre o que me apetece sem me esforçar para o evitar
13.13. Até que ponto tens ânsia ou desejo em consumir bebidas alcoólicas?
Não tenho ânsia nem desejo em beber
Tenho alguma ânsia ou desejo em beber
Tenho ânsia ou desejo forte em beber
Tenho ânsia ou desejo muito forte em beber
A ânsia ou desejo em beber é irresistível
13.14. Até que ponto tens controlo sobre beber álcool?
Tenho total controlo sobre o que bebo. Posso beber ou não beber
Normalmente consigo controlar o que bebo sem dificuldade
É difícil para mim controlar o que bebo, mas muitas vezes consigo fazê -lo
Tenho que beber, e apenas consigo pôr de parte a bebida se me esforçar muito
É difícil pôr de parte a bebida, nem que seja por um momento
Muito obrigado pela tua participação!
89
Anexo C: Plano de operacionalização das variáveis
Variável data de aplicação do questionário
Variável Valores da variável Tipo de variável
Dia de aplicação do questionário
Dia Categórica ordinal
Mês de aplicação do questionário
Mês Categórica ordinal
Ano de aplicação do questionário
Ano Categórica ordinal
Variáveis sócio-demográficas e escolares
Variável Valores da variável Tipo de variável
Data de nascimento Dia Categórica ordinal
Mês de nascimento Mês Categórica ordinal
Ano de nascimento Ano Categórica ordinal
Sexo 0 – Masculino 1 – Feminino Categórica nominal
Residência em tempo de aulas
0 – Fundão 1 – Outra Categórica nominal
Ano escolar
1 – 7º ano 2 – 8º ano 3 – 9º ano 4 – 10º ano 5 – 11º ano 6 – 12º ano
Categórica ordinal
Reprovação alguma vez na vida
0 – Não 1 – Sim Categórica nominal
Número de vezes reprovado 1 – 1 vez 2 – 2 vezes 3 – 3 vezes ou mais
Categórica ordinal
90
Variáveis do consumo de bebidas alcoólicas
Variável Valores da variável Tipo de variável
Consumo de uma bebida alcoólica nos últimos 30 dias
1 – Sim 0 – Não Categórica nominal
Consumo de uma bebida alcoólica no último ano
1 – Sim 0 – Não Categórica nominal
Consumo de uma bebida alcoólica alguma vez na vida
1 – Sim 0 – Não Categórica nominal
Idade de consumo da primeira bebida alcoólica
Anos Numérica
Frequentar aulas embriagado 1 – Sim 0 – Não Categórica nominal
Faltar a aulas por estar embriagado
1 – Sim 0 – Não
Categórica nominal
Consumo de 5 ou mais bebidas alcoólicas em uma só ocasião, nos últimos 30 dias
Dias Numérica
91
Variáveis da escala representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas
Variável Valores da variável Tipo de variável
É possível organizar uma festa sem bebidas alcoólicas
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
A oferta de uma bebida alcoólica pressiona as pessoas para beber
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Ver jovens a tomar bebidas alcoólicas, por vezes, leva-me a beber também
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
A publicidade às bebidas alcoólicas pode levar jovens a consumir mais
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Beber é uma das formas mais agradáveis de festejar
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
As bebidas alcoólicas podem aquecer
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Algumas bebidas alcoólicas podem matar a sede
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
92
Variáveis da escala representações sociais de consumo de bebidas alcoólicas (continuação)
Variável Valores da variável Tipo de variável
Martini ou alguns tipos de vinho do porto abrem o apetite
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Whisky ou aguardentes velhas podem ajudar a digestão
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
É possível morrer por uma ingestão elevada de álcool num só dia
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Um copo de cerveja de 5 graus tem tanto álcool como um copo de vinho de 12 graus
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
Um indivíduo que bebeu pode conduzir desde que não se sinta embriagado
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
O álcool melhora a coordenação motora e os reflexos
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
As bebidas alcoólicas também são alimentos
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
O álcool e as bebidas alcoólicas podem dar forças
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo parcialmente 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo parcialmente 5 – Concordo totalmente
Categórica ordinal
93
Variáveis da A-OCDS
Variável Valores da variável Tipo de variável
Num dia em que não estejas a beber álcool, durante quanto tempo tens ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber?
0 – Nenhum 1 – Menos de uma hora por dia 2 – Metade do dia 3 – Mais de metade do dia 4 – Quase todo o dia
Categórica ordinal
Com que frequência te ocorrem estes pensamentos?
0 – Nunca 1 – Menos de 8 vezes por dia 2 – Mais de 8 vezes por dia 3 – Mais de 8 vezes por dia e durante a maior parte das horas do dia 4 – Mais vezes do que as que consigo contar e durante todo o dia
Categórica ordinal
Até que ponto estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber álcool interferem nas tuas actividades sociais, actividades familiares ou qualquer trabalho escolar? Existem coisas que não fazes por causa disso (como por exemplo desporto, saídas em família, etc)?
0 – Pensamentos relacionados com bebida nunca interferem na forma como actuo ou funciono 1 – Pensamentos relacionados com bebida interferem um pouco, mas não me causam problemas 2 – Pensamentos relacionados com bebida definitivamente interferem, mas eu consigo controlá-los 3 – Tenho alguns problemas com a minha família, amigos ou na escola, por causa desses pensamentos 4 – Pensamentos relacionados com bebida interferem muito nas minhas amizades e vida familiar
Categórica ordinal
Quando não estás a beber álcool, ficas maldisposto, perturbado ou aborrecido ao teres estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com álcool?
0 – Não, nada perturbado 1 – Fico um pouco perturbado, mas passo bem sem beber 2 – Fico bastante perturbado, mas aguento não beber 3 – Fico bastante perturbado, e é difícil aguentar sem beber 4 – Fico tão perturbado que tenho que ir beber
Categórica ordinal
94
Variáveis da A-OCDS (continuação)
Variável Valores da variável Tipo de variável
Quando não estás a beber, com que dificuldade tentas resistir, ignorar ou abstrair do teu pensamento estas ideias relacionadas com álcool? (Diz apenas a dificuldade que tens, não se conseguiste ou não resistir, ignorar ou abstrair)
0 – Os meus pensamentos sobre álcool são tão mínimos que não preciso de tentar resistir 1 – Sempre que tenho esses pensamentos, faço um esforço para resistir 2 – Na maioria das vezes tento resistir a esses pensamentos 3 – Faço algum esforço para resistir 4 – Cedo a esses pensamentos sem os tentar controlar, mesmo quando não quero ceder 5 – Cedo sempre a esses pensamentos
Categórica ordinal
Quando não estás a beber, consegues parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool?
0 – Consigo sempre parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool se os tiver 1 – Normalmente consigo parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool, se fizer um esforço ou me concentrar 2 – Às vezes sou capaz de parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool 3 – Raramente consigo parar esses pensamentos sobre álcool, mas consigo modificá-los se me esforçar muito 4 – Raramente sou capaz de modificar esses pensamentos sobre álcool, nem que seja por um momento
Categórica ordinal
Quantas bebidas alcoólicas bebes por dia?
0 – Nenhuma 1 – Menos de uma bebida por dia 2 – 1-2 bebidas por dia 3 – 3-7 bebidas por dia 4 – 8 ou mais bebidas por dia
Categórica ordinal
Numa semana, em quantos dias bebes álcool?
0 – Não bebo álcool 1 – No máximo 1 dia por semana 2 – 2-3 dias por semana 3 – 4-5 dias por semana 4 – 6-7 dias por semana
Categórica ordinal
95
Variáveis da A-OCDS (continuação)
Variável Valores da variável Tipo de variável
O teu consumo de álcool interfere no teu trabalho escolar? Faltas às aulas, consomes álcool antes ou entre as aulas ou sentes que pioraste as tuas notas?
0 – Beber álcool nunca interfere na minha vida escolar 1 – Beber álcool interfere um pouco no meu trabalho escolar, mas no geral o meu rendimento escolar é razoável 2 – Beber álcool interfere no meu rendimento escolar, mas ainda consigo lidar bem com isso 3 – Beber álcool afecta o meu rendimento escolar 4 – Beber álcool interfere muito no meu rendimento escolar
Categórica ordinal
O teu consumo de álcool interfere de alguma forma na tua vida social ou familiar? (Alguma vez deixaste de estar com a tua família, mudaste de amigos ou perdeste interesse em algum passatempo?)
0 – Beber álcool nunca interfere na forma como vivo normalmente 1 – Beber álcool interfere um pouco com as minhas actividades sociais ou familiares, mas no geral continuo a fazer tudo normalmente 2 – Beber álcool interfere nas minhas actividades sociais ou familiares, mas ainda consigo lidar bem com isso 3 – Beber álcool afecta a o funcionamento normal da minha vida social ou familiar 4 – Beber álcool interfere muito no funcionamento normal da minha vida social ou familiar
Categórica ordinal
Se fosses impedido de beber álcool quando querias mesmo beber, até que ponto ficavas irritado, aborrecido ou nervoso com isso?
0 – Não ficava irritado, aborrecido ou nervoso 1 – Ficava um pouco irritado, aborrecido ou nervoso 2 – Ia ficando cada mais irritado, mas conseguia lidar com isso 3 – Ficava muito irritado, aborrecido ou nervoso 4 – Ficava tão irritado, aborrecido ou nervoso que me descontrolava
Categórica ordinal
96
Variáveis da A-OCDS (continuação)
Variável Valores da variável Tipo de variável
Tens de te esforçar para evitar consumir bebidas alcoólicas? (Diz apenas se tens de te esforçar e quanto para evitar beber, não se o consegues ou não evitar)
0 – Bebo tão pouco que não preciso de fazer grande esforço 1 – Faço sempre esforço para não beber 2 – A maior parte das vezes tento não beber 3 – Às vezes faço um esforço para não beber 4 – Consumo álcool sem o tentar controlar ou parar, mesmo quando quero evitar beber 5 – Bebo sempre o que me apetece sem me esforçar para o evitar
Categórica ordinal
Até que ponto tens ânsia ou desejo em consumir bebidas alcoólicas?
0 – Não tenho ânsia nem desejo em beber 1 – Tenho alguma ânsia ou desejo em beber 2 – Tenho ânsia ou desejo forte em beber 3 – Tenho ânsia ou desejo muito forte em beber 4 – A ânsia ou desejo em beber é irresistível
Categórica ordinal
Até que ponto tens controlo sobre beber álcool?
0 – Tenho total controlo sobre o que bebo. Posso beber ou não beber 1 – Normalmente consigo controlar o que bebo sem dificuldade 2 – É difícil para mim controlar o que bebo, mas muitas vezes consigo fazê-lo 3 – Tenho que beber, e apenas consigo pôr de parte a bebida se me esforçar muito 4 – É difícil pôr de parte a bebida, nem que seja por um momento
Categórica ordinal
97
Anexo D: Autorização dos encarregados de educação
98
Autorização do Encarregado de Educação
Participação no estudo „Consumo de bebidas alcoólicas em
adolescentes‟
Eu, ____________________________________________________
encarregado de educação de _______________________________,
autorizo o meu educando a responder ao questionário „Consumo de
Bebidas alcoólicas em adolescentes‟.
Os dados recolhidos destinam-se a um tratamento estatístico, sendo
toda a informação mantida anónima e confidencial.
Data
____, de Junho de 2011
Assinatura (do Encarregado de Educação)
______________________________________________________
99
Anexo E: A-OCDS – Tradução para português
1. Num dia em que não estejas a beber álcool, durante quanto tempo tens ideias,
pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com beber?
a. (0) Nenhum
b. (1) Menos de uma hora por dia
c. (2) Metade do dia
d. (3) Mais de metade do dia
e. (4) Quase todo o dia
2. Com que frequência te ocorrem estes pensamentos?
a. (0) Nunca
b. (1) Menos de 8 vezes por dia
c. (2) Mais de 8 vezes por dia
d. (3) Mais de 8 vezes por dia e durante a maior parte das horas do dia
e. (4) Mais vezes do que as que consigo contar e durante todo o dia
3. Até que ponto estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com
beber álcool interferem nas tuas actividades sociais, actividades familiares ou
qualquer trabalho escolar? Existem coisas que não fazes por causa disso (como
por exemplo desporto, saídas em família, etc)?
a. (0) Pensamentos relacionados com bebida nunca interferem na forma
como actuo ou funciono
b. (1) Pensamentos relacionados com bebida interferem um pouco, mas não
me causam problemas
c. (2) Pensamentos relacionados com bebida definitivamente interferem, mas
eu consigo controlá-los
d. (3) Tenho alguns problemas com a minha família, amigos ou na escola, por
causa desses pensamentos
e. (4) Pensamentos relacionados com bebida interferem muito nas minhas
amizades e vida familiar
100
4. Quando não estás a beber álcool, ficas maldisposto, perturbado ou aborrecido
ao teres estas ideias, pensamentos, ânsias ou imagens relacionadas com
álcool?
a. (0) Não, nada perturbado
b. (1) Fico um pouco perturbado, mas passo bem sem beber
c. (2) Fico bastante perturbado, mas aguento não beber
d. (3) Fico bastante perturbado, e é difícil aguentar sem beber
e. (4) Fico tão perturbado que tenho que ir beber
5. Quando não estás a beber, com que dificuldade tentas resistir, ignorar ou
abstrair do teu pensamento estas ideias relacionadas com álcool? (Diz apenas a
dificuldade que tens, não se conseguiste ou não resistir, ignorar ou abstrair)
a. (0) Os meus pensamentos sobre álcool são tão mínimos que não preciso de
tentar resistir
b. (1) Sempre que tenho esses pensamentos, faço um esforço para resistir
c. (2) Na maioria das vezes tento resistir a esses pensamentos
d. (3) Faço algum esforço para resistir
e. (4) Cedo a esses pensamentos sem os tentar controlar, mesmo quando não
quero ceder
f. (5) Cedo sempre a esses pensamentos
6. Quando não estás a beber, consegues parar ou modificar esses pensamentos
sobre álcool?
a. (0) Consigo sempre parar ou modificar esses pensamentos sobre álcool se
os tiver
b. (1) Normalmente consigo parar ou modificar esses pensamentos sobre
álcool, se fizer um esforço ou me concentrar
c. (2) Às vezes sou capaz de parar ou modificar esses pensamentos sobre
álcool
d. (3) Raramente consigo parar esses pensamentos sobre álcool, mas consigo
modificá-los se me esforçar muito
e. (4) Raramente sou capaz de modificar esses pensamentos sobre álcool,
nem que seja por um momento
101
7. Quantas bebidas alcoólicas bebes por dia?
a. (0) Nenhuma
b. (1) Menos de uma bebida por dia
c. (2) 1-2 bebidas por dia
d. (3) 3-7 bebidas por dia
e. (4) 8 ou mais bebidas por dia
8. Numa semana, em quantos dias bebes álcool?
a. (0) Não bebo álcool
b. (1) No máximo 1 dia por semana
c. (2) 2-3 dias por semana
d. (3) 4-5 dias por semana
e. (4) 6-7 dias por semana
9. O teu consumo de álcool interfere no teu trabalho escolar? Faltas às aulas,
consomes álcool antes ou entre as aulas ou sentes que pioraste as tuas notas?
a. (0) Beber álcool nunca interfere na minha vida escolar
b. (1) Beber álcool interfere um pouco no meu trabalho escolar, mas no geral
o meu rendimento escolar é razoável
c. (2) Beber álcool interfere no meu rendimento escolar, mas ainda consigo
lidar bem com isso
d. (3) Beber álcool afecta o meu rendimento escolar
e. (4) Beber álcool interfere muito no meu rendimento escolar
10. O teu consumo de álcool interfere de alguma forma na tua vida social ou
familiar? (Alguma vez deixaste de estar com a tua família, mudaste de amigos
ou perdeste interesse em algum passatempo?)
a. (0) Beber álcool nunca interfere na forma como vivo normalmente
b. (1) Beber álcool interfere um pouco com as minhas actividades sociais ou
familiares, mas no geral continuo a fazer tudo normalmente
c. (2) Beber álcool interfere nas minhas actividades sociais ou familiares, mas
ainda consigo lidar bem com isso
d. (3) Beber álcool afecta a o funcionamento normal da minha vida social ou
familiar
e. (4) Beber álcool interfere muito no funcionamento normal da minha vida
social ou familiar
102
11. Se fosses impedido de beber álcool quando querias mesmo beber, até que
ponto ficavas irritado, aborrecido ou nervoso com isso?
a. (0) Não ficava irritado, aborrecido ou nervoso
b. (1) Ficava um pouco irritado, aborrecido ou nervoso
c. (2) Ia ficando cada mais irritado, mas conseguia lidar com isso
d. (3) Ficava muito irritado, aborrecido ou nervoso
e. (4) Ficava tão irritado, aborrecido ou nervoso que me descontrolava
12. Tens de te esforçar para evitar consumir bebidas alcoólicas? (Diz apenas se tens
de te esforçar e quanto para evitar beber, não se o consegues ou não evitar)
a. (0) Bebo tão pouco que não preciso de fazer grande esforço
b. (1) Faço sempre esforço para não beber
c. (2) A maior parte das vezes tento não beber
d. (3) Às vezes faço um esforço para não beber
e. (4) Consumo álcool sem o tentar controlar ou parar, mesmo quando quero
evitar beber
f. (5) Bebo sempre o que me apetece sem me esforçar para o evitar
13. Até que ponto tens ânsia ou desejo em consumir bebidas alcoólicas?
a. (0) Não tenho ânsia nem desejo em beber
b. (1) Tenho alguma ânsia ou desejo em beber
c. (2) Tenho ânsia ou desejo forte em beber
d. (3) Tenho ânsia ou desejo muito forte em beber
e. (4) A ânsia ou desejo em beber é irresistível
14. Até que ponto tens controlo sobre beber álcool?
a. (0) Tenho total controlo sobre o que bebo. Posso beber ou não beber.
b. (1) Normalmente consigo controlar o que bebo sem dificuldade
c. (2) É difícil para mim controlar o que bebo, mas muitas vezes consigo fazê-
lo
d. (3) Tenho que beber, e apenas consigo pôr de parte a bebida se me esforçar
muito
e. (4) É difícil pôr de parte a bebida, nem que seja por um momento
103
Anexo F: A-OCDS – Tradução de português para inglês
1. In a normal day while not consuming alcohol, how often do you have ideas,
thoughts, cravings or feel the need for an alcoholic drink?
a. I never have such feelings
b. Less than an hour a day
c. Half the day
d. More than half the day
e. Almost all day
2. How often do you have such thoughts?
a. I never have such thoughts
b. Less than 8 times a day
c. More than 8 times a day
d. More than 8 times a day, and most of the time during the day
e. More often than I can remember at all times of the day
3. To which extent these drinking ideas, thoughts, cravings or needs affect your
social, family and school activities? Are there activities you don’t do because of
them (such as sports, family events, etc.)?
a. Drinking related thoughts never affect my normal social behavior
b. Drinking related thoughts affect my social behavior mildly, but they never
put major restraints
c. Drinking related thoughts affect my social behavior moderately, but I’m still
in control
d. I’ve had problems with my family, friends or school because of such
thoughts
e. My social and family life has been deeply affected by these thoughts
104
4. While not drinking, do you feel unwell, upset or annoyed by these ideas,
thoughts, cravings or needs?
a. No, not at all
b. A bit, but I can handle it
c. Somewhat, but I can handle it
d. Pretty much, and it gets hard to go by without drinking
e. Very much, and I have the need to go drinking
5. How hard is it for you to ignore or resist these cravings while not drinking?
(Only focus on the difficulty for you to ignore these needs, not whether you
gave in to them or not)
a. Such thoughts are so weak it’s not hard at all for me to resist them
b. Whenever I have such thoughts, I make a good effort to resist them
c. Most of the times I try to resist them
d. I do a mild effort to resist them
e. I finally give in to such thoughts, even when I’m trying not to
f. I give in every time
6. While not drinking, are you able to modify or stop such alcohol related
thoughts?
a. I’m always able to modify these thoughts, if I have them
b. I have to make an effort but ultimately I can control them
c. I can control these thoughts sometimes
d. I can rarely control these thoughts, but I’m able to modify them if I
concentrate hard enough
e. I can rarely control these thoughts, not even if I make an effort to
105
7. How many alcoholic beverages do you drink a day?
a. None
b. Less than one
c. One or two
d. Three to seven
e. More than eight a day
8. How many days a week do you drink alcohol?
a. I don’t
b. 1 day a week, at most
c. 2-3 days a week
d. 4-5 days a week
e. 6-7 days a week
9. How does your drinking habit affect your school work? Do you skip school,
drink before or after classes, or felt your grades had been affected by alcohol?
a. Drinking has never affected my school related life
b. Drinking has affected my school work slightly, but my performance is quite
normal
c. Drinking affects my school work, but I can still handle it
d. Drinking affects my school work and performance
e. Drinking severely affects my school work and performance
10. How does your drinking habit affect your social or family life? (Have you
stopped interacting with your family, found new friends or lost interest in an
activity?)
a. Drinking has never affected my social or family life
b. Drinking has slightly affected my social or family life, but overall I’m still
doing the same things
c. Drinking has affected my social or family life, but I can handle it
d. Drinking affects my social or family life
e. Drinking deeply affects my social or family life
106
11. If you really wanted a drink, how nervous, irritated or annoyed would you get if
it was denied to you?
a. I wouldn’t get nervous, irritated or annoyed
b. I’d get a little nervous, irritated or annoyed
c. I’d get nervous, irritated or annoyed, but I could handle it
d. I’d get very nervous, irritated or annoyed
e. I’d get so nervous, irritated or annoyed, that I could turn violent
12. Do you have to make an effort to not consume alcoholic drinks? (Answer
whether you need to make an effort to stop yourself from drinking, not if you
can or cannot stop yourself)
a. I barely drink, so I don’t have to make an effort
b. I always make an effort to not drink
c. Most of the times I make an effort
d. Sometimes I make an effort
e. Even when I try to make an effort, I end up drinking anyway
f. I always end up drinking and don’t make an effort not to
13. To which degree do you feel a craving or desire to drink alcoholic beverages?
a. I don’t have cravings or a need for alcoholic drinks
b. I have some craving and desires
c. I have cravings and desires
d. I crave or desire frequently for alcoholic drinks
e. The craving or desire for alcoholic drinks is irresistible
14. To which degree you consider you have self control about drinking alcoholic
beverages?
a. I have total control; I decide to drink or not to drink.
b. I can normally control what I drink without much difficulty
c. It’s hard for me to control myself, but I often manage
d. I have to drink, and would have to make a great effort not to
e. I can’t control it, it’s hard not to drink, even for a moment