Construção Enxuta (Lean Construction)
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM
GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA DA CONSTRUÇÃO
ENXUTA APLICADA AS CONSTRUÇÕES DE
PEQUENO PORTE
KLAYRTON ROMMEL SANTOS FERREIRA
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2012
KLAYRTON ROMMEL SANTOS FERREIRA
Aluno do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da
Construção Civil – URCA
ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA DA CONSTRUÇÃO
ENXUTA APLICADA AS CONSTRUÇÕES DE
PEQUENO PORTE
Monografia elaborada para fins de avaliação final do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil, pela Universidade Regional do Cariri – URCA, sob a orientação do Prof° MSc. Dimas de Castro e Silva Neto.
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2012
ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA DA CONSTRUÇÃO
ENXUTA APLICADA AS CONSTRUÇÕES DE
PEQUENO PORTE
Elaborado por: Klayrton Rommel Santos Ferreira
Aluno do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil – URCA
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Prof. MSc. Dimas de Castro e Silva Neto
Orientador
____________________________________ Prof. MSc. Jefferson Luiz Alves Marinho
____________________________________ Prof. MSc. Luiz Soares de Lima
Monografia aprovada em ______ /_______ /_________, com nota_________.
JUAZEIRO DO NORTE – CE 2012
Dedico esse trabalho as mulheres de
minha vida: minha amada esposa, que
tanto me motiva e a minha mãe, que
sempre me incentiva na busca do melhor.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, Senhor de minha vida por me escolher
para glorificá-lo e me capacitar para o desenvolvimento desse trabalho, assim como
em todas as minhas atividades.
A Maria dos Milagres, minha doce mãe, pelo apoio contínuo e sábios
ensinamentos ao longo da vida.
A minha maravilhosa esposa Lutércia Sampaio por estar sempre ao meu lado,
motivando-me diariamente na busca dos meus ideais.
A todos os familiares que acompanham e incentivam minha trajetória,
desejando-me sucesso profissional e pessoal.
Ao grande amigo e irmão Jefferson Marinho, pelas constantes demonstrações
de amizade, assim como a toda sua família.
Ao professor Dimas de Castro pela orientação, tempo investido, material
cedido e esforço, para a realização deste trabalho.
A colega Neurinha, do Departamento de Construção Civil da URCA, pelo
carinho, atenção e confiança.
A Janiere Bandeira, pelo apoio e auxílio no desenvolvimento desta
monografia.
A todos que, de alguma forma, colaboraram direta ou indiretamente.
“Porque o SENHOR dá a sabedoria; da sua
boca é que vem o conhecimento e o
entendimento.”
Provérbios 2:6
RESUMO
Mesmo sendo a maior provedora de empregos diretos e indiretos, a construção civil
ocupa lugar de destaque junto aos outros setores industriais no que se refere ao
desperdício de matéria-prima, mão-de-obra e tempo. Devido a essa forte realidade,
vários esforços são somados na tentativa de minimizar tamanha perca. Atualmente
muitas empresas estão discutindo o emprego e os benefícios que novas filosofias
podem gerar. Uma delas é a incorporação dos conceitos da mentalidade enxuta
para a construção civil. O desenvolvimento desse trabalho tem o objetivo de estudar
essa nova forma de pensar e a aplicabilidade dos conceitos da Lean Construction
nas construções de pequeno porte, assim como outras ferramentas que podem
auxiliar a concretização dos três principais resultados esperados: a entrega do
produto no prazo, a redução do desperdício e a maximização do valor. Para tal fim,
foram realizados estudos exploratórios em bibliografias já desenvolvidas sobre o
tema, através de consultas literárias, teses e internet. Dessa forma, verificou-se que
as empresas que já detém domínio dessa ferramenta, conseguem melhores
resultados na gestão dos profissionais e dos insumos e, consequentemente,
acúmulo de lucros. Nas construções de pequeno porte, os resultados também
podem ser expressivos e tornar essa prática cada vez mais presente. É notório que
a construção enxuta trouxe inovações ao processo de planejamento e gestão na
produção civil, mas sua aplicação ainda não é amplamente considerada no setor.
Um dos problemas para esse fato é a dificuldade de transmitir e sedimentar seus
conceitos, uma vez que o principal instrumento dessa nova filosofia foca na
mudança de pensamento de como se deve planejar e executar tarefas.
Palavras-chave: Construção enxuta. Planejamento.
ABSTRACT
Despite being the leading provider of direct and indirect jobs, construction occupies a
prominent place alongside other industrial sectors with regard to the waste of raw
materials, labor, manpower and time. Due to this strong reality, several efforts are
added in an attempt to minimize such waste. Currently many companies are
discussing employment and the benefits it can generate new philosophies. One is the
incorporation of the concepts of lean thinking for the construction industry. The
development of this work is to study this new way of thinking and applicability d
concepts of Lean Construction in small buildings, as well as other tools that can help
achieve the three main outcomes: delivering the product on time, reducing waste and
maximizing value. To this end, we performed exploratory studies in bibliographies on
the subject has developed, through consultation literary theses and internet. Thus, it
was found that companies that already owns this domain tool, achieve better results
in the management of professional and inputs and, consequently, accumulation of
profits. Constructs N small, the results can also be expressive and make this practice
increasingly present. It is clear that building lean brought innovations to the process
of planning and management in civil production, but its implementation is still not
widely regarded in the industry. One of the problems for this fact is the difficulty of
conveying their concepts and sediment, since the main instrument of this new
philosophy focuses on changing the thinking of how to plan and execute tasks.
Keywords: Lean Construction. Planning.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Movimentos dos trabalhadores ................................................................. 21
Figura 2: Processo de produção convencional baseado no modelo de conversão .. 22
Figura 3: Processo de produção na construção enxuta ........................................... 23
Figura 4: Programa 5S ............................................................................................. 24
Figura 5: Esquema da mentalidade Lean ................................................................. 32
Figura 6: Layout de canteiro para fabricação de concreto ....................................... 34
Figura 7: Atendendo a necessidade do cliente......................................................... 35
Figura 8: Perda de material em alvenaria ................................................................ 35
Figura 9: Falta de material........................................................................................ 36
Figura 10: Elementos pré-fabricados em aço ........................................................... 37
Figura 11: Divisórias internas em gesso .................................................................. 38
Figura 12: Flanelógrafo de aviso .............................................................................. 38
Figura 13: Estoque tipo supermercado .................................................................... 39
Figura 14: Capacitação de colaboradores ................................................................ 40
Figura 15: Caixa de sugestões ................................................................................. 40
Figura 16: Carrinho para transporte de material e utensílios ................................... 41
Figura 17: Carrinho adaptado para transporte de argamassa .................................. 41
Figura 18: Classificação das perdas ........................................................................ 42
Figura 19: Sistema Last Planner .............................................................................. 45
Figura 20: Percentual por produção concluída – PPC ............................................ 45
Figura 21: PPC por equipe em um determinado período ......................................... 46
Figura 22: Causa de descumprimento da programação .......................................... 48
Figura 23: Mapa da Região Metropolitana do Cariri (RMC) ..................................... 49
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Definições 5S .......................................................................................... 25
Quadro 2: Identificação / Providências ..................................................................... 26
Quadro 3: Grandes empreendimentos na RMC ....................................................... 50
Quadro 4: Geração de empregos formais ................................................................ 51
Quadro 5: Piso salarial 2011 .................................................................................... 52
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13
2. OBJETIVOS ................................................................................................................................ 16
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 16
3. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 17
4. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................... 18
5. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................................... 19
5.1 MENTALIDADE ENXUTA E SEUS PRINCÍPIOS ...................................................... 19
5.2 CONSTRUÇÃO ENXUTA (LEAN CONSTRUCTION) ................................................ 21
5.3 PROGRAMA 5S ........................................................................................................ 24
5.3.1 SENSO DE UTILIZAÇÃO (SEIRI) ........................................................................ 26
5.3.2 SENSO DE ORDENAÇÃO (SEITON) .................................................................. 26
5.3.3 SENSO DE LIMPEZA (SEISO) ............................................................................ 27
5.3.4 SENSO DE SAÚDE (SEIKETSU) ........................................................................ 27
5.3.5 SENSO DE AUTODISCIPLINA (SHITSUKE) ....................................................... 28
5.4 PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA .............................................................. 29
5.5 APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA NAS CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE .................................................................................................... 33
5.5.1 REDUÇÃO DA QUANTIDADE DE ATIVIDADES QUE NÃO AGREGAM VALOR AO PRODUTO.............................................................................................................. 34
5.5.2 AUMENTO DO VALOR DO PRODUTO CONSIDERANDO AS NECESSIDADES DOS CLIENTES. .......................................................................................................... 34
5.5.3 REDUÇÃO DA VARIABILIDADE DOS PROCESSOS VISANDO À PADRONIZAÇÃO. ........................................................................................................ 35
5.5.4 REDUÇÃO DO TEMPO DE CICLO DE ATIVIDADES. ......................................... 36
5.5.5 SIMPLIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES ATRAVÉS DA REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSOS. ......................................................................................... 36
5.5.6 AUMENTO DA FLEXIBILIDADE DAS SAÍDAS DOS PROCESSOS. ................... 37
5.5.7 AUMENTO DA TRANSPARÊNCIA DOS PROCESSOS. ..................................... 38
5.5.8 FOCO DO CONTROLE GLOBAL DE FORMA SISTÊMICA. ................................ 39
5.5.9 INTRODUÇÃO DE MELHORIAS CONTÍNUAS. .................................................. 39
5.5.10 EQUILÍBRIO DE MELHORIAS ENTRE FLUXO E CONVERSÃO. ..................... 40
5.5.11 BENCHMARKING. ............................................................................................. 41
5.6 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DA CONSTRUÇÃO ENXUTA ................. 42
5.6.1 LAST PLANNER ................................................................................................. 44
5.7 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................. 49
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 53
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 55
13
1. INTRODUÇÃO
A construção civil vem, ao longo da última década, passando por
transformações significativas em seus processos construtivos. Com a finalidade de
sempre buscar a melhor qualidade pelo menor preço, devido um mercado altamente
competitivo e, hoje, criterioso.
Graças a um superaquecimento através de incentivos do governo, esse setor
conseguiu um crescimento significativo em 2010, resultando em aproximadamente
11%, devido à estabilização da economia e aumento da renda no Brasil. E em 2011,
espera-se um desenvolvimento em torno de 6% (SINDUSCON – SP, 2011).
Em torno de 45% de todo investimento realizado no Brasil, em qualquer nível
de atividade, converge para o segmento, ou seja, se forem injetados recursos para o
desenvolvimento nas áreas da saúde ou educação, será necessária a contratação
de serviços para construção ou reformas de hospitais, postos de saúde, escolas,
creches, entre outros. E o mesmo nos setores da indústria, comércio e moradia
familiar, diretamente falando (SOUZA, 2006).
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou que o emprego formal nesse
segmento cresceu 10,9% no 1º trimestre de 2011. Apesar da clara redução no
crescimento, às expectativas para os próximos anos continuam sendo promissoras.
Revelando assim que a indústria de transformação está assumindo seu poder de
agente desenvolvedor do país, formalizando muitos empregos e isso se reflete
diretamente na busca da qualificação profissional, a fim de produzir obras
observando as evidentes exigências do mercado: qualidade e preço.
Como o objetivo de toda empresa é gerar lucros, na construção civil não é
diferente. E esse desejo somente será atendido se o cliente receber exatamente
aquilo que comprou, no tempo certo e pelo preço que ele esteja disposto a pagar.
Para alcançar esses objetivos, o setor está iniciando a aplicação dos
princípios da Lean Thinking (Mentalidade Enxuta), que para o setor foi batizada de
Lean Construction (Construção Enxuta). O sistema Lean pode ser resumido como
uma estratégia de aumentar o grau de exultação do cliente, com a minimização do
desperdício, utilizando assim de maneira satisfatória os seus recursos.
14
A filosofia Lean pode ser entendida como uma nova concepção do sistema de
produção desenvolvido na fábrica de automóveis Toyota, no Japão, logo após a
Segunda Guerra Mundial. Como a indústria japonesa estava com sua produtividade
muito baixa e a falta de recurso era enorme, o engenheiro Taiichi Ohno desenvolveu
esse novo sistema (BARREIRA, [S.I.]).
O STP (Sistema Toyota de Produção) objetiva aumentar a eficiência da
produção pela eliminação contínua de desperdício (MIRANDA et al., 2003).
Como a base de sustentação do STP é a absoluta eliminação do desperdício,
com o intuito de facilitar a identificação dos mesmos, Ohno (1998, apud MIRANDA,
2003) relacionou os desperdícios ocorridos no sistema e os classificou em sete (7)
tipos:
• Superprodução - Refere-se aos desperdícios que ocorrem quando se
produz quantidades maiores do que realmente é necessário.
• Tempo de Espera - Refere-se aos materiais que aguardam em filas
para serem processados ou trabalhadores ociosos.
• Transporte - Está associado ao manuseio excessivo ou inadequado
dos materiais. É uma atividade que nunca agrega valor ao produto.
• Processamento - Geralmente se dá na execução inadequada da
atividade ou operações que não precisam existir para a conclusão da
produção;
• Estoque - Existência de estoques excessivos, em função da
programação inadequada, gera desperdício de material e financeiro.
• Movimentação - Realização de movimentos desnecessários por parte
dos trabalhadores, durante a execução de suas atividades.
• Defeitos - Produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais,
mão-de-obra e tempo.
15
Ao final dos anos 80, o então conhecido STP passou a ser chamado Sistema
de Produção Enxuta (GHINATO, 1996 apud MIRANDA, 2003). E em 1992, o
finlandês Lauri Koskela apresentou um modelo de sistema de produção adaptado a
Construção Civil, o hoje conhecido Lean Construction, que em sua essência,
fundamenta-se nos cinco princípios da Mentalidade Enxuta (WOMACK e JONES,
1998 apud JUNQUEIRA, 2006):
• Valor - Preço que o cliente está disposto a pagar pelo produto.
• Fluxo de Valor - Identificar a cadeia de valor e eliminar os desperdícios
na realização do produto.
• Fluxo - Mudanças necessárias para alcançar o fluxo de valor desejado
e fazer o produto fluir sem interrupções.
• “Puxar” - Produzir somente o necessário, sem estoque. Combate ao
desperdício por superprodução.
• Perfeição - Melhoria contínua. Aprendendo com o que se faz.
A Construção Enxuta incorpora as vantagens do processo artesanal ao
processo de produção em massa, evitando as inconveniências dos altos custos com
a inflexibilidade de produção, respectivamente (DANLBAAR, 1997 apud
WIGINESCKI, 2009).
16
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os princípios que norteiam a filosofia da Construção Enxuta,
através de revisão de literatura, para verificar sua aplicabilidade em construções de
pequeno porte.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Verificar a importância do tema para a construção civil;
• Mostrar o uso dos princípios e ferramentas Lean para as construções de
pequeno porte;
• Verificar a aplicação de outras ferramentas que contribuem para a
implantação do pensamento enxuto.
17
3. METODOLOGIA
Ao iniciar a discussão da metodologia adotada para a realização deste
trabalho é de fundamental importância destacar que a estratégia de observação
sobre os procedimentos técnicos adotados foi à pesquisa bibliográfica.
Esse tipo de pesquisa, por ser desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, possibilita um
estudo mais abrangente.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço (GIL, 2002, p. 45).
A pesquisa bibliográfica também se volve imprescindível quando se precisa
de dados históricos, que em muitas situações não há outra forma de conhecer os
fatos acontecidos com maior precisão e confiabilidade (GIL, 2002).
Do ponto de vista dos objetivos do trabalho, esta pesquisa poder ser
classificada como exploratória, pois visa determinar a existência ou não, de
determinado fenômeno, além de proporcionar maior conhecimento com o problema
(GIL, 2002).
Como em muitas pesquisas, essa tem o claro objetivo no aprimoramento de
ideias. Para isso, foram de extrema necessidade os levantamentos bibliográficos e
análise de exemplos que estimulam a compreensão.
As análises bibliográficas, de onde visou extrair os principais conceitos,
definições e interpretações sobre o tema proposto, foram realizadas em material
disponível na internet, literaturas e teses. Com o objetivo de coletar informações
atualizadas e confiáveis sobre o assunto, buscou-se ainda dados em sites do
governo brasileiro e instituições conceituadas.
18
4. JUSTIFICATIVA
A produtividade na indústria da construção civil pode melhorar através de um
conjunto de alterações, desde a concepção até a conclusão de todo o processo de
uma obra, ou seja, modificações organizacionais, tecnológicas, estruturais,
psicológicas e, principalmente, administrativas.
É evidente que a construção civil tem potencial de crescer ainda mais se
forem detectados as melhores técnicas de construção, gerenciamento e controle de
obras. Como resultado dessas mudanças, pode-se destacar a redução dos valores
praticados para execução das obras, melhoramento na remuneração dos
colaboradores, minimização do desperdício de materiais e, consequentemente, o
crescimento para as empresas do setor. Contudo, essas alterações nos modelos
atuais de processo de produção de edificações representa um grande desafio para
essas empresas empreendedoras (BRANCO, 2004 apud WIGINESCKI, 2009).
Como a construção civil é a maior geradora de empregos formalizados em
nosso país, e registrou em 2010 um crescimento significativo de 11%, espera-se
para o ano de 2011 uma expansão de cerca de 6% (IBGE, 2011). Há possibilidade
de ótimos retornos financeiros nesse seguimento, e consegue-se aumentar essa
rentabilidade ainda mais se desenvolvidos trabalhos de reeducação nos canteiros de
obras e construtoras.
19
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 MENTALIDADE ENXUTA E SEUS PRINCÍPIOS
Os princípios da Mentalidade Enxuta (Lean Thinking), por ser uma filosofia,
busca levar aos seus usuários uma mudança de pensamento e comportamento; e
propõe motivar a realização de práticas que geram o bem-estar ao ambiente de
trabalho, produtividade e redução nos custos da obra, seja através do uso de novas
tecnologias ou, simplesmente, a correção ou melhoria de um processo já
desenvolvido (WOMACK et al, 1992 apud JUNQUEIRA, 2006).
De acordo com esses autores, esse pensamento é denominado enxuto por
valer-se de menos quantidade de tudo o que se relaciona com a produção em
massa e requer metade de todos os esforços para desenvolver novos produtos na
metade do tempo.
Para chegar a esse objetivo, Womack et al (1998, apud JUNQUEIRA, 2006)
elaboraram cinco princípios:
1. VALOR
A princípio, deve-se compreender o que é valor para o cliente, pois este
princípio é o ponto de partida para o bom emprego de todos os demais princípios da
filosofia Lean. Essa identificação inclui definir exatamente quais características do
produto e serviços que o cliente está disposto a pagar. Esta é a base para a
identificação de possíveis desperdícios, elencados como tudo aquilo que não agrega
valor, servindo como base para a aplicação dos demais princípios.
2. FLUXO DE VALOR
Identificar e eliminar desperdícios ao longo de toda a cadeia de valor, da
matéria-prima ao cliente final. Para se chegar a esse fim, faz-se imprescindível uma
gestão de fluxos físicos de pessoas, materiais e equipamentos no canteiro de obra,
processo que deve ser observado na fase de planejamento e controle da produção.
20
3. FLUXO CONTÍNUO
Realizar todas as atividades que agregam valor sem interrupções, eliminando
os desperdícios e reduzindo o lead time (período entre o início de uma atividade até
o seu término). Seguindo este raciocínio pode-se dizer que o conceito de fluxo é
fundamental dentro da filosofia Lean, uma vez que sua implantação resulta em alta
produtividade.
4. PRODUÇÃO PUXADA
Juntamente com o princípio do fluxo contínuo, o conceito de produção puxada
pode ser considerado como o mais característico da Lean, sendo essencial na
tentativa de eliminação das perdas, pois se deve produzir somente no tempo certo.
E para que isso ocorra, todas as comunicações devem ser diretas e precisas.
5. PERFEIÇÃO
O processo em busca da perfeição se dá através da melhoria e aprendizado
contínuos, e deve ser desenvolvimento principalmente na base da hierarquia
funcional.
A aplicação desta estratégia garante que problemas possam ser detectados e
solucionados no menor espaço de tempo possível.
21
5.2 CONSTRUÇÃO ENXUTA (LEAN CONSTRUCTION)
A abordagem Lean na construção civil busca sequenciar as atividades de
modo integrado, esquematizando as atividades de forma balanceada, ou seja,
atividades cadenciadas e no mesmo ritmo. O resultado deste tipo de solução é
alcançar a quebra de isolamento da sequência de atividades na obra.
O principal foco da produção enxuta é eliminar as atividades que não
agregam valor – atividades que apenas consomem tempo, recursos ou espaço, e
não cooperam para atender as principais necessidades dos clientes. A Construção
Enxuta pode ser entendida como uma forma de desenho de sistema de produção
objetivado em gerar o máximo possível de valor (KOSKELA, 1992).
Figura 1: Movimentos dos trabalhadores
Fonte: Bulhões (2009)
Segundo o mesmo autor, enquanto os conceitos tradicionais do sistema de
produção da construção apresentam um único objetivo final, a entrega do produto, a
22
construção enxuta tem seus conceitos voltados a três objetivos principais: a entrega
do produto, a maximização do valor e a redução do desperdício.
Desta forma, compreende-se que o fim desejado afeta diretamente os meios
necessários para chegar-se até esse fim (LICHTIA, 2004, apud WIGINESCKI, 2009).
O processo de construção enxuta começou com uma tentativa de modificar a
forma de como o trabalho é gerenciado (KOSKELA, 2000), que propõem uma
melhoria organizacional das atividades (processos), eliminando mão-de-obra ociosa
e otimizando recursos disponíveis.
Na construção civil, a forma como se enxerga um processo de produção é o
Modelo de Conversão, representado pela Figura 02, segundo Koskela (1992).
Figura 2: Processo de produção convencional baseado no modelo de conversão
Fonte: Koskela (1992)
Onde o processo de produção é subdividido em subprocessos e a
minimização dos custos totais do processo somente ocorre quando o custo de cada
subprocesso é reduzido separadamente, desta forma, associando o valor do produto
somente ao custo dos seus insumos (ISATTO et al, 2000).
23
Figura 3: Processo de produção na construção enxuta
Fonte: Koskela (1992)
A Figura 03, modelo proposto por Koskela em 1992, mostra as etapas do
processo de produção na construção civil. Dessa forma, qualquer melhoria em um
desses elementos, gera melhoria a todo o processo.
24
5.3 PROGRAMA 5S
O "Programa 5S", assim como a filosofia Lean, foi idealizado no Japão, em
1950, devido à necessidade de organizar o país após a 2ª Guerra Mundial.
De fácil aplicabilidade, seus conceitos tornaram-se famosos quando as
empresas começaram um processo de "revitalização" em seus processos.
O Programa 5S é muito mais do que uma ferramenta de apoio. Com a missão
de atingir alguns aspectos culturais da organização e assim, estimular a evolução de
pensamentos e comportamentos a níveis mais apropriados a realidade produtiva e
organizacional.
Por ser um processo educativo, o objetivo principal é o combate ao
desperdício, seja de tempo, de materiais ou na perda humana.
O Programa 5S é um conjunto de cinco conceitos simples e sua aplicação
traz grandes vantagens para as empresas e pessoas que os aplicam.
Solomon (2004 apud WIGINESCKI, 2009) afirma que o 5S é uma ferramenta
para manter a “casa” em ordem; organiza os materiais de forma customizada, de
maneira que tudo tenha um lugar e que tudo esteja em seu lugar.
Como em português não existem palavras que tradução fielmente o sentido
dos 5S, convencionou-se da seguinte forma:
Figura 4: Programa 5S
Fonte: Fernandes (2009)
25
JAPÃO BRASIL DEFINIÇÃO
SEIRI SENSO DE UTILIZAÇÃO
Selecionar os documentos, materiais,
equipamentos necessários dos
desnecessários, visando à utilização
racional.
SEITON SENSO DE ORDENAÇÃO
Efetuar a arrumação dos objetos,
materiais e informações úteis, de
maneira funcional, permitindo acesso
rápido e fácil.
SEISO SENSO DE LIMPEZA
Limpar é eliminar a sujeira,
inspecionando para descobrir e atacar as
fontes de problemas.
SEIKETSU SENSO DE SAÚDE
Eliminar fatores que possam atuar
negativamente sobre os indivíduos no
ambiente de trabalho.
SHITSUKE SENSO DE
AUTODISCIPLINA
Conscientizar as pessoas da
necessidade de buscar o
autodesenvolvimento e consolidar as
melhorias alcançadas com a prática dos
sensos anteriores.
Quadro 1: Definições 5S
Fonte: Fernandes (2009)
Segundo Barreira [S.I.], o programa 5S antecede a implantação de um
sistema Lean, deixando o local de trabalho autoexplicativo, auto-organizável e auto-
melhorável, assim fornecendo as bases para implantação da mentalidade enxuta.
26
5.3.1 SENSO DE UTILIZAÇÃO (SEIRI)
Essa técnica é utilizada para identificar e eliminar objetos e informações
desnecessárias, existentes no local de trabalho. Seu conceito chave é a utilização.
Ao aprender a diferenciar o que é necessário do que é desnecessário, é
possível focar apenas naquilo que é preciso para a realização de um trabalho.
(VALVERDE E CINTRA, 2006 apud WIGINESCKI, 2009). Dessa forma, Aplicando
corretamente esse princípio, no local de trabalho constará apenas o que é
necessário para o desenvolvimento da atividade.
IDENTIFICAÇÃO PROVIDÊNCIAS
Uso Constante Colocar no próprio local de trabalho
Uso Ocasional Colocar próximo ao local de trabalho
Uso Raro Colocar no almoxarifado, etc.
Desnecessário Descartar, disponibilizar a outro.
Quadro 2: Identificação / Providências
Fonte: Barreiras [S.I.]
5.3.2 SENSO DE ORDENAÇÃO (SEITON)
Segundo Osada (1992 apud FERNANDES, 2009), depois de eliminar tudo o
que não precisa, o próximo passo seria resolver quanto guardar e onde. De acordo
com a definição de Masao (1997, apud FERNANDES, 2009) temos que o senso de
ordenação significa “deixar os materiais a serem utilizados sempre disponíveis, sem
precisar procura-los”.
O ‘senso de ordenação’ pode ser definido como “um otimizador da área de
trabalho”, pois consiste em definir critérios e locais apropriados para estocagem,
depósitos de ferramentas e materiais, armazenamento e fluxo de informações, ou
seja, “fazer com que as coisas necessárias sejam utilizadas com rapidez e
segurança, a qualquer momento” (HABU et al, 1992 apud CAMPOS et al., [S.I.]).
27
A sistematização do ambiente de trabalho propicia o gerenciamento eficaz,
através da otimização dos insumos, força de trabalho e meios de produção. Com
isso, os benefícios gerados são inúmeros, pois em ambiente ordenado o trabalho é
mais objetivo, aumenta-se a produtividade, reduzem-se os custos e os acidentes de
trabalho, economiza-se tempo, entre outros benefícios.
5.3.3 SENSO DE LIMPEZA (SEISO)
Não sujar. Esse é o foco principal do Seiso, uma vez que equivale a praticar a
limpeza da maneira tradicional e rotineira e, sobretudo (SILVA, 1996, FERNANDES,
et al, 2009). Analisando de forma holística, a limpeza dentro do 5S significa manter
todos os equipamentos em perfeita condições de uso, transformando a limpeza
realizada em oportunidades para inspeções detalhadas, quando poderão ser
identificados problemas reais ou potenciais.
Todos os agentes que agridem o meio-ambiente podem ser englobados como
sujeira (iluminação deficiente, mau cheiro, ruídos, pouca ventilação, poeira, etc.).
5.3.4 SENSO DE SAÚDE (SEIKETSU)
Consiste basicamente em garantir ambiente não agressivo e livre de agentes
poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (banheiros, cozinha,
refeitório, etc.), zelar pela higiene pessoal, gerar e disponibilizar informações e
comunicados de forma clara e, no sentido mais amplo do senso, ter ética no trabalho
e manter relações interpessoais saudáveis, tanto dentro quanto fora da empresa
(FERNANDES et al, 2009).
De forma simplificada, o senso de saúde significa manter as condições de
trabalho, físicas e mentais, favoráveis à saúde.
Segundo Masao (1997, FERNANDES et al, 2009), esse senso, no oriente,
foca mais a saúde física, enquanto no Brasil possui um sentido mais vasto, pois
inclui a saúde mental.
28
5.3.5 SENSO DE AUTODISCIPLINA (SHITSUKE)
O compromisso individual com o cumprimento dos padrões éticos, morais e
técnicos que definem o programa 5S, solidifica-se com essa última fase do
programa. Se o Shitsuke está sendo executado, necessariamente implica dizer que
todas as etapas do 5S estão se concretizando. Quando as pessoas começam a
fazer o que tem que ser feito e da maneira correta, significa que existe disciplina.
Segundo Campos et al, este é o senso mais difícil de ser implementado, pois
envolve mudança de comportamento e pensamento. E como é próprio ao ser
humano à resistência a mudanças, quer seja por medo, comodismo, etc.
Fernandes et al, 2009, relata outros aspectos que compreendem esse senso:
• Agir com etiqueta,
• Praticar sempre a arrumação depois do trabalho concluído,
• Chamar à atenção mutuamente,
• Esforçar para se tornar um bom funcionário e um bom cidadão, ou seja,
procurar praticar naturalmente os primeiros sensos.
29
5.4 PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA
Esse tipo de filosofia foi alicerçado pelo mesmo autor através dos princípios
básicos para gestão de processo:
I - Redução da quantidade de atividades que não agregam valor ao
produto.
Esse princípio define a melhoria contínua nos processos para ganhar maior
eficiência e redução de suas perdas. Dessa forma, as atividades desnecessárias são
todas aquelas que não atribuem valor ao produto, considerando que existem
atividades que não agregam valor, mas não podem ser eliminadas por serem
fundamentais para a eficiência de todo o processo, como por exemplo, o
treinamento da mão-de-obra (KOSKELA, 1992).
II - Aumento do valor do produto considerando as necessidades dos
clientes.
É através da clara necessidade e expectativa do cliente que se pode produzir
algo de real valor que o satisfaça. Para se chegar a isso é necessário conhecer os
desejos do cliente, uma vez que o conceito de valor está diretamente associado à
ótica desse empreendedor e o que ele precisa para alcançar essa satisfação
(KOSKELA, 1992).
III - Redução da variabilidade dos processos, visando à padronização.
Como a variabilidade tem em sua essência produtiva o aumento do tempo
necessário para condução do serviço/produto proposto e, consequentemente,
aumento dos gastos para esse fim, um produto padronizado (uniforme) tem o poder
de trazer maior satisfação, uma vez que a relação qualidade x especificação foi
atendida. Da mesma forma, quanto maior a variabilidade maior o número de
atividades que não agregam valor, gerando assim gastos desnecessários (SHINGO,
1996).
30
IV - Redução do tempo de ciclo de atividades.
Este princípio esta relacionado com a otimização dos tempos necessários
para a produção do produto/serviço determinado. O tempo de ciclo divide-se em:
transporte, espera, processamento e inspeção (KOSKELA, 1992).
V - Simplificação da execução das atividades através da redução do
número de passos.
Em processo produtivo, quanto menor o número de passos de uma atividade
maior o resultado, e menor o custo. A melhoria no rendimento dá-se pela redução ou
eliminação das atividades que não agregam valor, e a minimização do custo obtém-
se através da redução do desperdício gerado em cada passo (ISATTO et al., 2000).
VI - Aumento da flexibilidade das saídas dos processos.
Não contraditório com a simplificação de execução das atividades, o aumento
de flexibilidade busca gerar valor ao empreendimento através do uso de mão-de-
obra polivalente, por exemplo, ou seja, são princípios complementares (ISATTO et
al., 2000).
VII - Aumento da transparência dos processos.
O objetivo desse ensinamento, através do aumento das informações
disponíveis, é evitar erros e agilizar o processo de execução das tarefas (KOSKELA,
1992). Também pode ser utilizado como ferramenta para motivar a mão-de-obra,
melhorando todo o processo.
VIII - Foco do controle global, de forma sistêmica.
Com um controle bem estruturado, pode-se não só identificar, mas corrigir os
desvios que podem interferir no processo (BERNANDES, 2003). Esse princípio deve
ser aplicado de forma que não venha a prejudicar as etapas do processo, como por
exemplo, a hora correta de se efetuar uma inspeção de alvenaria, de forma que se
corrija algum erro executado sem desfavorecer a continuidade da construção da
mesma.
31
IX - Introdução de melhorias contínuas.
Após identificação das melhorias que podem ser agregadas ao processo de
forma a torná-la mais eficiente, devem ser introduzi-las. Segundo Koskela (2002),
sempre haverá melhorias que podem ser absorvidas, de forma que reduzam o
desperdício e aumento do valor.
X - Equilíbrio de melhorias entre fluxo e conversão.
Princípio que deve ser observado na etapa de planejamento, evitando assim
introdução de novos tecnologias e métodos que iriam lesar o processo, já que
comprometeria o ensinamento da redução da variabilidade (KOSKELA, 2002).
Koskela ainda comenta que quanto maior a complexibilidade do processo, o
impacto gerado pelas melhorias também será maior, assim como os benefícios
alcançados pelo controle dos desperdícios.
XI - Benchmarking.
Refere-se a uma forma de aprendizagem através dos produtos já
desenvolvidos. Não se trata de copiar a mesma mecânica de execução que está
sendo aplicada em outras empresas líder de mercado. É preciso conhecer os
próprios processos, entender os princípios que sustentam os métodos praticados
pelas empresas concorrentes e, adaptá-las considerando a realidade da própria
empresa, segundo Koskela (1992). É um princípio que em sua natureza destaca-se
a troca de informações entre usuários do processo, permitindo assim o crescimento
coletivo e entre empresas do mesmo segmento, seja através de consultas, estudos
ou observação.
Por se tratar de uma mudança na forma de pensar, a construção enxuta tem
que vencer alguns obstáculos, e um dos maiores é a implantação do processo com
as pessoas envolvidas. Para eliminar esta barreira são necessárias aulas de
treinamentos voltadas à mudança de atitudes, que, quando conquistada, observar-
se-á melhorias acontecendo realmente. Esses entraves são identificados por causa
da falta de familiaridade ou a ausência de entendimento dos conceitos Lean.
Contudo, isto pode ser alterado através de treinamentos e do reconhecimento da
mudança de comportamento (SALEM, 2005 apud WIGINESCKI, 2009).
32
Figura 5: Esquema da mentalidade Lean
Fonte: Alves (2011)
A maximização do valor e a minimização do desperdício gera um grande
lucro, que vem a ser a diferença entre o preço e o custo; consequentemente, para se
buscar lucro deve buscar aumentar o valor e reduzir o desperdício.
33
5.5 APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA NAS
CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE
A partir do momento que se utiliza os ensinamentos para tentar tornar uma
construção enxuta, sem desperdício, transferimos boa parte da responsabilidade
para os executores das tarefas, uma vez que são eles quem realmente iram gerar o
valor agregado à obra e redução de custos desnecessários.
Em um ambiente de pequeno porte, o gerenciamento da aplicabilidade e
controle dessa filosofia se torna muito mais fácil, considerando que o número de
operários é reduzido, assim como o espaço físico.
Com os olhos voltados para esse tipo de obra, os princípios da Lean
Construction garantem se aplicados corretamente, o sucesso da minimização de
custos, maximização na excelência do trabalho, cumprimento de prazos e satisfação
de todos os agentes participantes do processo, sejam operários, gerentes e clientes.
Conforme Souza e Silva e Felizardo (2007, apud WIGINESCKI, 2009), as
pequenas obras são, em sua maioria, desprovidas de planejamento e
acompanhamento; apresentando assim um grande número de problemas como
retrabalhos, desperdícios e baixa qualidade do produto final. Um dos motivos deste
descaso é o valor reduzido dos orçamentos, levando à ocorrência deste tipo de
problemas.
Segundo os mesmos autores, o uso de princípios da construção enxuta em
obras de curto prazo apresentam grandes vantagens, principalmente quando se
volta os olhos à redução do tempo de ciclos, uma vez que atrasos na obra podem
significar faturamento perdido por dias não trabalhados, como no caso de
empreendimentos comerciais, por exemplo.
Fazendo proveito desse modelo em toda sua estrutura podemos, a nível
exemplificativo, identificar as seguintes melhorias para as construções de pequeno
porte:
34
5.5.1 REDUÇÃO DA QUANTIDADE DE ATIVIDADES QUE NÃO AGREGAM
VALOR AO PRODUTO.
Como forma de exemplificar esse princípio, a figura abaixo mostra dois
layouts de canteiro de obra para a produção de concreto. Observar-se claramente
que uma melhor disposição dos materiais, cria um ambiente de trabalho mais
racionalizado, gerando produtividade e reduzindo o desperdício de tempo e material.
Figura 6: Layout de canteiro para fabricação de concreto
Fonte: O autor (2011)
5.5.2 AUMENTO DO VALOR DO PRODUTO CONSIDERANDO AS
NECESSIDADES DOS CLIENTES.
Um fator que agrega valor bastante satisfatório é o cumprimento das
exigências pré-estabelecidas pelo cliente.
Essas informações, segundo Isatto et al. (2000), devem ser coletadas antes
da iniciação dos projetos para que possam ser consideradas evitando assim,
mudanças na programação e execução dos serviços e, consequentemente, atrasos
e desperdícios, conforme ilustrado na figura 7.
35
Figura 7: Atendendo a necessidade do cliente
Fonte: Souza (2005)
5.5.3 REDUÇÃO DA VARIABILIDADE DOS PROCESSOS VISANDO À
PADRONIZAÇÃO.
Reduzindo a variação de medidas entre blocos cerâmicos, visando uma
uniformização, se reduzirá o excesso de argamassa necessária para emboço e
reboco e, consequentemente, se ganhará em produtividade dos operários.
Figura 8: Perda de material em alvenaria
Fonte: O autor (2011)
36
Verifica-se que devido à variação das dimensões do tijolo a quantidade de
argamassa foi maior que a quantidade definida em projeto. Esse excesso significa
gasto de material e mão-de-obra, extrapolando assim o custo do orçamento inicial.
5.5.4 REDUÇÃO DO TEMPO DE CICLO DE ATIVIDADES.
Conforme Koskela (1992) esse elemento da filosofia Lean somente é atendido
quando reduzimos ou eliminamos a atividade que prejudica o processo, já que o
objetivo é ganhar em velocidade para atender os prazos definidos.
Figura 9: Falta de material Fonte: Souza (2005) modificado pelo autor (2011)
Devido à falha no planejamento de aquisição de material, por exemplo, o
processo pode até parar por completo causando desperdício de mão-de-obra,
afetando seriamente os preceitos da Construção Enxuta quanto à produtividade e
tempo.
5.5.5 SIMPLIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES ATRAVÉS DA
REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSOS.
Uma excelente estratégia para alcançar o sucesso desse princípio,
principalmente nas construções de pequeno porte, é a utilização de elementos pré-
fabricados, como mostrado na figura 10 abaixo:
37
Figura 10: Elementos pré-fabricados em aço
Fonte: Gerdau (2011)
Com essa medida, elimina-se o passo de corte e dobra de ferragem para a
confecção da armação de uma viga ou de um pilar, por exemplo.
5.5.6 AUMENTO DA FLEXIBILIDADE DAS SAÍDAS DOS PROCESSOS.
Com o emprego de peças em gesso utilizadas como divisórias internas da
edificação, o empreendimento torna-se mais flexível às mudanças que satisfaçam a
desejos futuros dos clientes e que não foram definidos na fase de planejamento.
38
Figura 11: Divisórias internas em gesso
Fonte: O autor (2011)
Esse preceito é sinônimo de aperfeiçoamento das características do produto.
Trata-se de flexibilidade permitida, ainda que não planejada inicialmente.
5.5.7 AUMENTO DA TRANSPARÊNCIA DOS PROCESSOS.
Aplicação de meios visuais que facilitem a compreensão do processo, como
instruções das quantidades dos agregados que devem compor o concreto, utilizando
unidades de medidas de fácil entendimento por parte dos operários.
Figura 12: Flanelógrafo de aviso
Fonte: O autor (2011)
39
5.5.8 FOCO DO CONTROLE GLOBAL DE FORMA SISTÊMICA.
Definição do momento ideal para aquisição de materiais evitando, assim,
atrasos ou compra em demasia, o que poderá ocasionar desperdício por excesso de
estoque.
Figura 13: Estoque tipo supermercado
Fonte: Romanel (2009)
Com a implantação do estoque tipo supermercado, os matérias e produtos
utilizados nos processos ficam armazenados de forma a proporcionar uma ampla
visão e fácil acesso aos mesmos, além de permitir um controle mais detalhado e
assim, um melhor gerenciamento.
5.5.9 INTRODUÇÃO DE MELHORIAS CONTÍNUAS.
Através de inspeção dos serviços já executados e comparando com o
programado pelo planejamento consegue-se vislumbrar novas estratégias para
eliminar ou reduzir erros cometidos.
Considerando os nortes que a filosofia Lean defende, identifica-se que mais
importante que inspecionar é fornecer aos participantes do processo todas as
orientações pertinentes. Isso pode ocorrer através de cursos de capacitação,
reciclagem, etc.
40
Figura 14: Capacitação de colaboradores
Fonte: Romanel (2009)
Com a finalidade de sempre melhorar, a utilização de caixa de sugestões
também pode ajudar os gestores da obra na forma como os seus colaboradores
precisam ser qualificados e motivados, expressando suas reais necessidades e
anseios.
Figura 15: Caixa de sugestões
Fonte: O autor (2011)
5.5.10 EQUILÍBRIO DE MELHORIAS ENTRE FLUXO E CONVERSÃO.
A utilização de carrinhos e pallets para transportar os materiais pela obra
possibilita a acomodação dos materiais de forma adequada, pois além de evitar
danos proporciona agilidade no que se refere à quantidade de material que é
transportado.
41
Figura 16: Carrinho para transporte de material e utensílios
Fonte: Romanel (2009) 5.5.11 BENCHMARKING.
Troca de experiências entre os planejadores e executores do processo com o
intuito de aprimorar os conhecimentos.
As melhores práticas de mercado são importante estímulo para atingir
avanços nas melhorias em torno de uma reconfiguração dos processos.
Figura 17: Carrinho adaptado para transporte de argamassa
Fonte: Romanel (2009)
42
5.6 PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DA CONSTRUÇÃO ENXUTA
O desperdício inerente à construção é gerado, em sua maior parte, por
retrabalhos devidos a problemas de projetos ou erros de construção e às atividades
que não agregam valor nos fluxos de material e trabalho, tais como esperas,
movimentação, inspeção, atividades duplicadas e acidentes (KOSKELA, 1992).
Segundo Pontes (2004 apud WIGINESCKI, 2009) pode-se definir perdas
como o uso de quantidades maiores do que as necessárias para a produção de um
produto ou serviço. Estas perdas podem ser oriundas de desperdício de materiais
e/ou de execução de tarefas desnecessárias.
Para eliminar ou reduzir esses desperdícios um dos elementos de grande
relevância para a construção enxuta é o planejamento, onde, nessa fase e com
controle durante a obra, consegue-se melhorar a produtividade através da redução
de atrasos, da melhor sequência construtiva, da coordenação de atividades
simultâneas e uso racional dos materiais (BALLARD, 1994).
O sucesso de qualquer obra está diretamente ligado ao cumprimento das
orientações fornecidas pelo planejamento executivo, e com isso conseguem-se os
resultados esperados, que são:
PERDAS
FINANCEIRAS FÍSICAS
ESTRITAMENTE
FINANCEIRAS
DECORRENTE DAS
PERDAS DE
RECURSOS FÍSICOS
MÃO-DE-OBRA EQUIPAMENTOS MATERIAIS
Figura 18: Classificação das perdas
Fonte: Souza (2005)
43
• Redução dos custos diretos;
• Aumento de lucro;
• Redução dos custos de manutenção;
• Minimização de distância entre local de armazenagem de material e local
de manuseio;
• Redução do quadro de funcionários;
• Redução de retrabalhos;
• Redução do desperdício de materiais;
• Cumprimento de prazos.
Segundo Ballard (1994), o planejamento está intimamente relacionado à ideia
de produção protegida. Ele se motiva na necessidade de estabelecer metodologias
que conduzam à elaboração de um conjunto de tarefas que sejam executadas em
sua totalidade. Para a realização deste enfoque, destacam-se os pacotes de
trabalho.
O mesmo autor explica que para se desenvolver um pacote de trabalho deve-
se escolher as atividades que tem as melhores condições de serem executadas. E
para essa seleção, a observância dos quesitos abaixo auxilia na melhor escolha de
pacote de serviço a ser executado:
• Definição: Pacotes de trabalhos bem especificados tornam possível a
quantidade de trabalhadores, de materiais e equipamentos a ser usado.
• Sequenciamento: Sequência coerente com a programação da obra.
• Tamanho: Tarefas dimensionadas considerando a capacidade de
produção e o período planejado.
44
• Confiabilidade: Requisitos necessários à execução da atividade. Caso um
requisito não seja atendido, a produção pode ser interrompida apresentar
baixa produtividade.
• Aprendizagem: Identificação e análise das causas que impossibilitaram a
conclusão da atividade no prazo e especificações estabelecidas.
Para um planejamento bem desenvolvido a organização é o item principal, ou
seja, é sair de um estado de alocação de tarefas para uma estruturação no ambiente
adequado para a ação humana. A execução das atividades deve ser um canal de
mão dupla, onde o alcance das metas ocorre por meio do comprometimento. O
gerenciamento de controle tem que priorizar a prevenção de problemas à auditoria,
conforme Solomon (2004, apud WIGINESCKI, 2009).
O processo de planejamento, principalmente para a construção civil, deve ser
encarado como de suma importância, devido ao caráter único dos produtos e alta
variabilidade nos processos. Formoso (1999, apud BULHÕES, 2009) comenta que
as deficiências no planejamento e controle da produção são uma das principais
causas da baixa performance desse setor quando se refere à produtividade e
cumprimento de prazos.
5.6.1 LAST PLANNER
Para obtenção dos resultados desejados, o Last Planner ou Último Planejador
é a pessoa ou grupo responsável pela decisão e coordenação das atividades que
serão desenvolvidas, com a finalidade de melhorar o fluxo de operação e controle da
produção (BALLARD, 1994).
Ballard (2000, apud WIGINESCKI, 2009), afirma que o Last Planner pode ser
compreendido como um mecanismo para transformar o que deveria ser feito e o que
pode ser feito, no que será realizado, formando um inventário de trabalho pronto.
Incluir tarefas neste planejamento significa comprometer-se com o que será
realmente executado.
45
Figura 19: Sistema Last Planner
Fonte: Villas-Bôas (2004)
Planejamento em curto prazo, esse é o nível de atuação do Last Planner, ou
seja, é onde são tomadas as últimas decisões a respeito do fluxo de trabalho, tais
como pequenos ajustes no sequenciamento das equipes, em função do
cumprimento de tarefas antecedentes e da disponibilidade de recursos, tanto de
mão-de-obra quanto de materiais e equipamentos. Visando, assim, eliminar ou
reduzir a influência de imprevistos na execução completa das tarefas (BALLARD,
1994).
Para Ballard (2000), o sistema de controle Last Planner, na realidade é uma
filosofia, com regras e procedimentos. E para esses procedimentos, existem
ferramentas que podem facilitar a sua implementação.
Uma importante ferramenta existente para uso do Last Planner é o percentual
de produção concluída (PPC), destaca Ballard (1994). E o mesmo apresenta o PPC
como o número de operações que foram planejadas e devidamente completadas,
dividido pela quantidade de operações planejadas, expresso em porcentagem:
QUANTIDADE DE TAREFAS CUMPRIDAS PPC = QUANTIDADE TOTAL DE TAREFAS PROGRAMADAS
Figura 20: Percentual por produção concluída – PPC
Fonte: Mattos (2010)
46
Esse percentual indica a eficácia do planejamento e do nível de exatidão da
programação em curto prazo. É a quantidade de atividades que os supervisores de
equipes se comprometeram a fazer, comparada com o que foi realmente feito. A
análise das inconformidades pode levar à raiz das causas, de forma que melhorias
possam ser feitas em atividades futuras. Apesar dos problemas serem encontrados
no nível do Last Planner, as causas destes problemas pode ser encontrado em
qualquer um dos níveis de planejamento (BALLARD, 1994).
Mattos (2010) destaca que PPC com índices muito baixos podem representar
uma baixa produtividade ou uma grande incidência de fatores inesperados. Em
contrapartida, índices muito altos de PPC podem representar produtividade fácil de
ser realizada o que pode vir a ocasionar acomodações nas equipes.
O mesmo autor ainda comenta que a programação deve servir para incitar as
equipes a atingir produtividades mais altas e bater metas de produção. Que um
patamar de desempenho fixado na faixa de 75% a 85%, revela uma boa
produtividade em uma programação desafiadora.
Figura 21: PPC por equipe em um determinado período
Fonte: Mattos (2010)
De posse dessas informações, o Last Planner pode mapear a causa que
originou o descumprimento das metas estabelecidas. A seguir, as causas de
descumprimento da programação segundo Mattos (2010):
• PROJETO:
o Alteração de projeto;
47
o Erro de projeto (ou falta de detalhes).
• MÃO DE OBRA:
o Falta de pessoal;
o Baixa produtividade;
o Superestimação da produtividade;
o Retrabalhos.
• MATERIAL:
o Material fora da especificação;
o Material entregue fora do prazo;
o Perda de material superior à prevista.
• EQUIPAMENTO:
o Falta de equipamento;
o Falta de operador;
o Equipamento quebrado ou parado.
• AMBIENTE DE TRABALHO:
o Condições meteorológicas adversas;
o Falta de frente de serviço;
o Interferências com outros serviços/equipes.
• PROGRAMAÇÃO:
o Atrasos na tarefa antecedente;
o Erros de programação;
o Programação incompreensível.
48
Com base nas causas de descumprimento, o planejador pode criar um
histograma que revelam quais são as fontes de erros mais comuns e, assim, possa
tomar as medidas oportunas para diminui-las ou extingui-las.
Figura 22: Causa de descumprimento da programação
Fonte: Mattos (2010)
Nota-se que essa importante ferramenta utilizada pelo Last Planner, está
fundamentada no aprendizado, fazendo uso do principio da Melhoria Contínua
defendido por Koskela. O controle, o replanejamento e a tomada de decisão são
sempre realizados utilizando informações e indicadores coletados durante o
processo anterior e buscam, sempre, a melhoria, baseados na aprendizagem,
tentando perceber os reais motivos dos problemas ocorridos, para que esses não
venham a acontecer novamente, mantendo, assim, uma atitude proativa frente aos
problemas (BERNARDES, 2001 apud KUREK, 2005).
Assim, destaca-se que um planejamento eficiente melhora a produtividade por
meio da redução de atrasos, da realização do trabalho na sequência construtiva
mais lógica, combinando a força de trabalho com o trabalho disponível, coordenando
atividades polivalentes interdependentes, entre outras. Uma das atitudes mais
eficazes para a melhoria da produtividade é a excelência no planejamento
(BALLARD, 1994).
49
5.7 CONTEXTUALIZAÇÃO
Localizada a aproximadamente 533 km de Fortaleza, capital do Ceará, a
cidade de Juazeiro do Norte é destaque no Estado e no País por ser um dos
maiores centros religioso.
De acordo com o Censo realizado pelo IBGE em 2010, esse importante
município contava com uma população de 249.939 habitantes e estimava que em 1°
de julho de 2011, ultrapassaria as 252.841 pessoas. Sendo assim a terceira maior
cidade do Ceará em número de moradores, e a centésima do Brasil.
Atualmente, destaca-se também como a terceira maior economia do Estado
do Ceará, ficando atrás apenas da capital e do município de Maracanaú, ambas
pertencentes à Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Em junho de 2009, por força da Lei Complementar Estadual n° 78, foi criada a
Região Metropolitana do Cariri (RMC), composta pelos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato, Barbalha, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e
Santana do Cariri.
Figura 23: Mapa da Região Metropolitana do Cariri (RMC) Fonte: IPECE (2011)
50
O reflexo do desenvolvimento econômico da Região Metropolitana do Cariri
pode ser conferido pelos grandes empreendimentos que já se instalaram, e os que
estão em processo de desenvolvimento e implantação.
Segundo Marinho (2007) a posição da Região do Cariri no mercado imobiliário
é privilegiada, pois seus investidores trabalham com autofinanciamentos e recursos
oriundos da poupança ou FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), quando
se tratado de crédito.
Abaixo, alguns exemplos de obras que revelam esse crescimento
excepcional:
RECURSOS EMPREENDIMENTO LOCALIDADE STATUS
Iniciativa Pública
Hospital Regional do Cariri
(HRC) Juazeiro do Norte Concluído
Centro de Abastecimento
(CEASA) Barbalha Em conclusão
Centro de Convenções do Cariri Crato Em conclusão
Iniciativa Privada
Atacadão (grupo Carrefour) Juazeiro do Norte Concluído
Hiper Bom Preço (grupo
Walmart) Juazeiro do Norte Concluído
Maxxi Atacado (grupo Walmart) Juazeiro do Norte Concluído
Cariri Shopping (ampliação) Juazeiro do Norte Em construção
Juazeiro Shopping Center Juazeiro do Norte Em construção
Central Park Juazeiro do Norte Em construção
Office Cariri Juazeiro do Norte Em construção
Mansão Cariri Juazeiro do Norte Em construção
Quadro 3: Grandes empreendimentos na RMC
Fonte: O autor (2011)
51
O setor da construção civil é o que mais emprega atualmente, com mais de
nove mil pessoas registradas, segundo a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.
De janeiro a outubro de 2011, segundo dados coletados no sítio eletrônico, o
município de Juazeiro conseguiu preencher mais de 3.704 postos de trabalho, sendo
um recorde de desenvolvimento para a região.
Cidades Saldo Comércio Serviços Const. Civil Indústria
CEARÁ 52.580 10.221 26.606 10.221 5.532 Fortaleza – CE 35.515 4.418 20.477 9.011 1.609 Campina Grande – PB 3.759 1.045 1.573 608 533 Feira de Santana – BA 3.974 1.909 1.866 -701 900 Juazeiro do Norte – CE 3.704 927 1.267 734 776 Maracanaú – CE 2.433 441 1.092 -412 1.312 Caruaru – PE 2.222 584 1.229 90 319 Mossoró – RN 2.110 16 719 1.365 10
Quadro 4: Geração de empregos formais
Fonte: SEPLAD (2011)
Essa importantíssima indústria de transformação tem sido destaque na região,
principalmente pelo lançamento em grande escala de prédios e condomínios
residenciais, bem como grandes empreendimentos comerciais. Alcançando, assim,
altos índices de crescimento no mercado imobiliário, em torno de 10% ao ano,
segundo a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (2011).
A Região Metropolitana do Cariri destaca-se ainda como detentora do maior
projeto habitacional do interior do Estado, sendo 1.280 unidades financiadas pelo
Governo Federal através do programa Minha Casa, Minha Vida, somente em
Juazeiro do Norte.
Juntamente com as obras comerciais e residenciais, são previstas grandes
obras de infraestrutura, mobilidade urbana e logística:
• Anel viário;
• Macrodrenagem;
52
• Ampliação do aeroporto;
• Porto de cargas e descargas ligadas a Transnordestina;
• Porto seco;
• Ampliação e criação de novas linhas do metrô.
Devido ao forte crescimento no setor, a escassez de mão-de-obra é um
problema que preocupa os empreendedores, questão sendo obrigados a buscar
trabalhadores nas cidades e Estados vizinhos.
Como a oferta está maior do que a procura, os construtores se veem
obrigados a melhorar os benefícios ofertados. Segundo o Sindicato dos
Trabalhadores de Indústria da Construção Civil (2011), o aumento salarial da classe
e outros benefícios, acobertados pela convenção coletiva do trabalho da construção
civil, motiva os profissionais a buscarem estar regularizados em empresas, uma vez
que a informalidade nesse setor alcança índices altíssimos.
Função Piso Salarial
AUXILIAR R$ 556,00
PROFISSIONAL R$ 810,00
MESTRE DE OBRA R$ 1.490,00
Quadro 5: Piso salarial 2011
Fonte: O autor (2011)
53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas de gestão fundamentadas nos princípios e métodos da construção
enxuta são totalmente viáveis a qualquer tipo de empreendimento na Construção
Civil, e deve ser aplicada para tornar mais competitiva a empresa que detém a
vontade de fazer posse e uso dessa filosofia, que busca aperfeiçoar todo o processo
de produção, desde a concepção do projeto até a conclusão da obra.
O ramo da construção civil está ficando mais competitivo com o passar dos
anos, e incumbe a cada empresa a utilização de estratégias para ter sucesso nesta
disputa pelo mercado. As ferramentas da construção enxuta auxiliam as
construtoras para que tenham um maior controle na produção e na gestão de
suprimentos, procurando evitar retrabalhos e desperdícios que são comuns nesse
importante seguimento.
Como a Construção Enxuta não se baseia em implantação de novas
tecnologias, ela indica ideias e soluções alternativas para a melhoria dos processos
construtivos através da racionalização das atividades e otimização dos fluxos
existentes, necessárias à execução da obra. Assim sendo, essa filosofia pode ser
destacada como uma das melhores soluções para o sistema de gerenciamento da
construção. Embora pareça ser um processo de fácil implementação, na aplicação
dessa metodologia precisa-se de muita dedicação, empenho e organização, para
que seus resultados sejam alcançados com sucesso, pois se trata de uma mudança
não somente administrativa, mas cultural.
O bom emprego dos princípios da construção enxuta propostos por Koskela
proporcionam melhoramentos perceptíveis no sistema de construção das obras. A
inserção das ferramentas adotadas neste estudo e das boas práticas das mesmas é
uma maneira de introduzir os elementos basilares dessa nova filosofia de produção.
O ingresso do sistema Lean nas obras coopera para a visualização de um
novo paradigma de produção que proporciona ideias para desenvolver novas
pesquisas e a busca pelas melhorias contínuas nos processos produtivos de
qualquer empresa, segundo Peralta (2002).
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Este trabalho apresenta-se como ponto de conscientização do processo de
mudança necessária para a construção civil. Neste contexto, foram aglutinadas
algumas sugestões para novos estudos:
• Diagnosticar o comportamento e aceitabilidade das empresas de construção
civil com relação ao emprego da filosofia enxuta na Região Metropolitana do
Cariri;
• Estudos mais aprofundados focados no sistema de fornecimento e estoque de
materiais, assim como em modelos mais eficientes de sua logística de
entrega e logística interna no canteiro de obras;
• Novas pesquisas que possam resultar em um melhoramento nos métodos de
gerenciamento com ênfase no controle e melhora contínua dos processos de
execução;
• Desenvolver novos estudos relacionados com os modelos existentes de
orçamentação, visando à possibilidade de redução dos custos de mão-de-
obra e consumo de insumos;
• Aplicação de outras ferramentas utilizadas pela filosofia Lean, às construções
de pequeno porte.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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