Conformação Dos Metais

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CONFORMAÇÃO PLÁSTICA DOS METAIS ETTORE BRESCIANI FILHO (Coordenação e Revisão) IRIS BENTO DA SILVA (Pesquisa e Atualização de Bibliografia) GILMAR FERREIRA BATALHA (Transcrição Digital e Revisão do Original) SÉRGIO TONINI BUTTON (Revisão Geral da Edição Digital) 2011 6 a Edição (Primeira digital) ISBN 978-85-86686-64-1

Transcript of Conformação Dos Metais

  • CONFORMAO PLSTICA DOS METAIS

    ETTORE BRESCIANI FILHO (Coordenao e Reviso)

    IRIS BENTO DA SILVA

    (Pesquisa e Atualizao de Bibliografia)

    GILMAR FERREIRA BATALHA (Transcrio Digital e Reviso do Original)

    SRGIO TONINI BUTTON

    (Reviso Geral da Edio Digital)

    2011

    6a Edio (Primeira digital)

    ISBN 978-85-86686-64-1

  • FICHA CATALOGRFICA

    Conformao plstica dos metais / coord. rev. E. Bresciani Filho; pesq. atual. I.B. Silva; transc. dig. G.F. Batalha; rev. ed. dig. S.T. Button. 1. ed. dig. -- So Paulo : EPUSP, 2011.

    ISBN 978-85-86686-64-1 www.poli.usp.br/pmr/lefa www.fem.unicamp.br/~sergio1/CONFORMACAOPLASTICADOSMETAIS.pdf

    1. Conformao mecnica 2. Laminados 3. Processos de fa-

    bricao 4. Estampagem I. Bresciani Filho, Ettore II. Silva, Iris Bento da III. Batalha, Gilmar Ferreira IV. Button, Srgio Tonini V. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. VI. t. CDU 624.012.004.54

  • APRESENTAO

    A publicao eletrnica Conformao Plstica dos Metais destina-se a alunos de graduao e

    de ps-graduao dos cursos de Engenharia Mecnica e Engenharia de Materiais. Para os

    graduandos, pode ser utilizada como texto complementar no acompanhamento das aulas tericas

    e, para os ps-graduandos, como texto que contem informaes para iniciar os estudos e

    pesquisas em nvel mais aprofundado. Esta publicao de acesso eletrnico livre, respeitando-se

    os direitos autorais para eventual reproduo parcial ou total.

    A publicao est dividida em trs partes, que abrangem as principais reas de estudo da

    matria:

    Parte 1 - Processos de Conformao Plstica

    Parte 2 - Metalurgia da Conformao Plstica

    Parte 3 - Mecnica da Conformao Plstica

    Esta edio eletrnica resultou de um trabalho de transcrio, reviso e atualizao de Ettore

    Bresciani Filho, Iris Bento da Silva, Gilmar Ferreira Batalha e Srgio Tonini Button, a partir da

    seguinte publicao impressa esgotada:

    BRESCIANI Filho, Ettore (coord.); ZAVAGLIA, Ceclia Amlia Carvalho; BUTTON, Srgio Tonini;

    GOMES, Edson; NERY Fernando Antonio da Costa. Conformao Plstica dos Metais.

    Campinas: Editora da Unicamp, 1997 (5a. edio), 383p.

    Campinas, Maio de 2011.

  • Prof. Dr. Ettore Bresciani Filho. Engenheiro Aeronutico (Produo), Instituto Tecnolgico de Aeronutica (1962); Doutor em Engenharia, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (1968); Professor Livre Docente, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (1980); Professor Adjunto, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (1983); Professor Titular Aposentado (1995) e Professor de Curso de Especializao (desde 1995), Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas; Professor Titular Contratado, Centro de Cincias Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pontifcia Universidade Catlica de Campinas (desde 1997); Membro do Centro de Lgica, Epistemologia e Histria da Cincia, Universidade Estadual de Campinas (desde 2007). Alm de desenvolver atividades acadmicas (ensino, pesquisa, orientao, coordenao e extenso) trabalhou como engenheiro, coordenador de projetos, gerente executivo e consultor tcnico, em empresas da rea industrial e associaes e entidades patronais da indstria. reas de atuao: Engenharia de Materiais, Engenharia de Processos, Engenharia de Produo, Engenharia da Qualidade e Engenharia de Sistemas.

    Prof. Dr. Iris Bento da Silva. Engenheiro Mecnico, Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo (1975); Mestre em Engenharia Mecnica, Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas (1989); Doutor em Engenharia Mecnica, Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas (2000); Engenheiro trabalhando por 30 anos na indstria de autopeas ocupando cargos de direo em engenharia e unidades de negcios (1975/2005); Diretor Tcnico do Sindicato Nacional das Forjarias (desde 1993), Professor Doutor da Universidade Metodista de Piracicaba, Engenharia de Produo e Mecnica (desde 1980), Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Fabricao, Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas (desde 2007).

    Prof. Dr. Gilmar Ferreira Batalha. Engenheiro Mecnico, Universidade de Braslia (1982); Mestre em Engenharia Mecnica, Universidade Federal de Santa Catarina (1987); Doutor em Engenharia Mecnica (1995), e Livre Docente em Processos de Fabricao (2010) pela Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (1995); Ps-Doutorado, Friedrich Alexander Universitt Erlangen-Nuremberg (Alemanha) (1997-1998); Professor Visitante, cole Centrale de Lille (Frana) (2004-2006); Professor da Faculdade de Engenharia de Joinville UDESC (1984-1989). Professor Associado do Departamento Engenharia Mecatrnica e de Sistemas Mecnicos, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (desde 1989).

    Prof. Dr. Srgio Tonini Button. Engenheiro Mecnico (1981), Mestre, Doutor e Professor Livre-Docente em Engenharia Mecnica (1985, 1990 e 1995) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na rea de Materiais e Processos de Fabricao. Professor Associado da Faculdade de Engenharia Mecnica da UNICAMP, da qual docente desde 1985 e onde atua no ensino de graduao e ps-graduao, pesquisa e prestao de servios na rea de conformao mecnica.

  • 1

    ndice

    Parte 1 Processos de conformao plstica

    1 Classificao dos processos de conformao ............................................................................... 12

    1.1 INTRODUO ........................................................................................................................ 12

    1.2 CLASSIFICAO QUANTO AO TIPO DE ESFORO PREDOMINANTE ........................... 13

    1.3 CLASSIFICAO QUANTO A TEMPERATURA DE TRABALHO ........................................ 14

    1.4 OUTROS METODOS DE CLASSIFICAO .......................................................................... 15

    2 Laminao..................................................................................................................................... 17

    2.1 CONCEITOS INICIAIS DA LAMINAO ............................................................................. 17

    2.2 MECNICA DA LAMINAO ............................................................................................... 18

    2.3 LAMINADORES...................................................................................................................... 21

    2.4 CILINDROS DE LAMINAO ..............................................................................................24

    2.5 DESCRIO DO PROCESSO DE LAMINAO ................................................................. 25

    2.5.1 Laminao a quente de blocos e placas .......................................................................... 25

    2.5.2 Laminao a quente de chapas finas .............................................................................. 26

    2.5.3 Laminao a frio de chapas finas.................................................................................... 28

    2.5.4 Controle do processo de laminao ............................................................................... 30

    2.5.5 Projeto dos passes de laminao .................................................................................... 31

    2.6 PRODUTOS LAMINADOS .................................................................................................... 32

    2.6.1 Classificao dos produtos laminados ............................................................................ 32

    2.6.2 Defeitos tpicos dos produtos laminados ...................................................................... 33

    2.6.2.1 Defeitos em produtos semi-acabados ...................................................................... 33

    2.6.2.1 Defeitos em produtos acabados ............................................................................... 34

  • 2

    2.6.3 Propriedades de produtos laminados ............................................................................ 36

    3 Extruso ........................................................................................................................................ 37

    3.1 CONCEITOS INICIAIS DA EXTRUSO ................................................................................ 37

    3.2 MECNICA DA EXTRUSO .................................................................................................. 38

    3.3 MQUINA DE EXTRUSO.................................................................................................... 39

    3.4 FERRAMENTA DE EXTRUSO ............................................................................................. 41

    3.5 DESCRIO DO PROCESSO DE EXTRUSO ......................................................................42

    3.5.1 Etapas do processo de extruso ...................................................................................... 42

    3.5.2 Controle do processo de extruso ............................................................................................. 43

    3.6 PRODUTOS EXTRUDADOS.................................................................................................. 45

    3.6.1 Classificao dos produtos extrudados .......................................................................... 45

    3.6.2 Defeitos tpicos de produtos extrudados ....................................................................... 46

    3.6.3 Propriedades de produtos extrudados ........................................................................... 46

    4 Trefilao .................................................................................................................................. 48

    4.1 CONCEITOS INICIAIS DA TREFILAO ........................................................................... 48

    4.2 MECNICA DA TREFILAO ..................................................................................................... 48

    4.3 MQUINAS DE TREFILAO ............................................................................................. 49

    4.3.1 Mquina de trefilar sem deslizamento ........................................................................... 49

    4.3.2 Mquinas de trefilar com deslizamento ........................................................................ 50

    4.3.3 Observao quanto ao desgaste da fieira ..................................................................... 52

    4.3.4 Sistemas de lubrificao ................................................................................................. 52

    4.3.5 Mquinas para os diversos produtos.............................................................................. 52

    4.3.6 Instalaes complementares ........................................................................................... 53

    4.4 FERRAMENTAS DE TREFILAO ....................................................................................... 53

    4.5 DESCRIO DO PROCESSO DE TREFILAO ..................................................................56

  • 3

    4.5.1 Tratamentos qumicos e mecnicos ............................................................................... 56

    4.5.2 Tratamento trmico de recozimento ............................................................................. 56

    4.5.3 Fatores de influncia na trefilao ................................................................................. 58

    4.5.4 Lubrificao na trefilao ................................................................................................ 59

    4.6 PRODUTOS TREFILADOS ....................................................................................................59

    4.6.1 Classificao dos produtos trefilados ............................................................................. 59

    4.6.2 Defeitos tpicos de produtos trefilados.......................................................................... 60

    4.6.3 Propriedades de produtos trefilados.............................................................................. 60

    5 Estampagem ................................................................................................................................. 61

    5.1 CONCEITOS INICIAIS DA ESTAMPAGEM ........................................................................... 61

    5.1.1 Estampagem profunda ..................................................................................................... 62

    5.1.2 Conformao em geral .................................................................................................... 64

    5.2 MECNICA DA ESTAMPAGEM ............................................................................................65

    5.2.1 Estampagem profunda de chapas ................................................................................... 65

    5.2.2 Dobramento de chapas ................................................................................................... 68

    5.3 MQUINAS DE ESTAMPAGEM ........................................................................................... 69

    5.4 FERRAMENTAS DE ESTAMPAGEM .....................................................................................70

    5.4.1 Ferramentas de corte ...................................................................................................... 70

    5.4.2 Ferramentas de dobramento .......................................................................................... 71

    5.4.3 Ferramentas de estampagem profunda ............................................................................ 72

    5.4.4 Materiais para ferramentas de estampagem ..................................................................... 73

    5.5 CONTROLE DO PROCESSO DE ESTAMPAGEM .................................................................74

    5.6 PRODUTOS ESTAMPADOS .................................................................................................. 75

    5.6.1 Classificao dos produtos estampados ............................................................................ 75

    5.6.2 Defeitos na estampagem profunda..................................................................................... 76

  • 4

    5.6.3 Propriedades dos produtos estampados ............................................................................... 76

    6 Forjamento ................................................................................................................................... 77

    6.1 CONCEITOS INICIAIS ........................................................................................................... 77

    6.2 MECNICA DO FORJAMENTO ..............................................................................................78

    6.3 MQUINAS DE FORJAMENTO ..............................................................................................78

    6.3.1 Martelo de queda livre ...................................................................................................... 79

    6.3.2 Martelo de dupla ao .................................................................................................... 80

    6.3.3 Martelo de contragolpe .................................................................................................. 81

    6.3.4 Prensas para forjamento ................................................................................................. 81

    6.4 MATRIZES DE FORJAMENTO ................................................................................................82

    6.5 DESCRIO DO PROCESSO DE FORJAMENTO ................................................................ 83

    6.5.1 Forjamento em matriz aberta ......................................................................................... 83

    6.5.2 Forjamento em matriz fechada ........................................................................................ 84

    6.5.3 Tratamentos trmicos de forjados ................................................................................. 85

    6.5.4 Temperatura e velocidade de forjamento...................................................................... 85

    6.5.4.1 - Temperatura de forjamento ...................................................................................... 85

    6.5.4.2-Perdas de temperatura ............................................................................................ 86

    6.5.4.2-Ganhos de temperatura ........................................................................................... 86

    Velocidade de deformao .................................................................................................. 86

    6.6 PRODUTOS FORJADOS .........................................................................................................87

    6.6.1 Classificao de produtos forjados ................................................................................. 87

    6.6.3 Propriedades de produtos forjados ................................................................................ 87

  • 5

    Parte 2 Metalurgia

    1 Conceitos Fundamentais da Estrutura Cristalina dos Metais

    1. 1 ELEMENTOS DE CRISTALOGRAFIA ................................................................................... 90

    1.2 ESTRUTURA CRISTALINA DOS METAIS ............................................................................ 90

    1.3 PARMETROS DA ESTRUTURA CRISTALINA .................................................................... 91

    1.4 ESTRUTURA CRISTALINA DAS LIGAS METLICAS.......................................................... 94

    1.5 DEFEITOS CRISTALINOS ..................................................................................................... 96

    1.6 NOTAO CRISTALOGRFICA ...........................................................................................97

    2 Deformao plstica do cristal .......................................................................................................... 100

    2.1 MECANISMOS DE DEFORMAO PLSTICA ............................................................................... 100

    2.2 TENSO DE CISALHAMENTO DO CRISTAL..................................................................... 101

    2.3 SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO DO CRISTAL .................................................. 103

    2.3.2 Sistemas de escorregamento em cristais de estrutura hexagonal compacta ...................... 105

    2.3.3 Sistemas de escorregamento em cristais cbicos de corpo centrado ................................ 105

    2.4 PROJEO ESTEREOGRFICA .......................................................................................... 106

    2.5 ORIENTAO DO CRISTAL NO ESCORREGAMENTO ................................................... 108

    2.6 SISTEMAS DE MACLAO NO CRISTAL........................................................................... 110

    2.7 DISCORDNCIAS ................................................................................................................. 110

    3 Deformao plstica do agregado policristalino ........................................................................ 114

    3.1 CONSIDERAES INICIAIS ................................................................................................. 114

    3.2 CONTORNO DE GRO ........................................................................................................ 114

    3.3 POLIGONIZAO................................................................................................................. 115

    3.4 SOLUES SLIDAS .............................................................................................................. 116

    3.5 SEGUNDAS FASES ................................................................................................................ 117

  • 6

    4 Encruamento e Recozimento ..................................................................................................... 118

    4.1 ENCRUAMENTO DO CRISTAL ............................................................................................ 118

    4.2 ENCRUAMENTO DO AGREGADO POLICRISTALINO ...................................................... 119

    4.2.1 Metais de estrutura cbica de face centrada (cfc) ....................................................... 120

    4.2.2 Metais de estrutura cbica de corpo centrado (ccc) ................................................... 122

    4.2.2 Metais de estrutura hexagonal compacta (hc) ............................................................ 122

    4.3 MUDANAS DE PROPRIEDADES COM O ENCRUAMENTO ........................................... 123

    4.4 RECRISTALIZAO .............................................................................................................125

    4.4.1 Influncia do tempo e da temperatura ......................................................................... 128

    4.4.2 Influncia do grau de encruamento............................................................................. 128

    4.4.3 Influncia da natureza do metal .................................................................................. 129

    4.5 MUDANAS DE PROPRIEDADES COM A RECRISTALIZAO...................................... 129

    5 Textura e anisotropia .................................................................................................................. 131

    5.1 DEFINIO E REPRESENTAO DA TEXTURA................................................................ 131

    5.2 TEXTURA DE DEFORMAO PLSTICA .......................................................................... 132

    5.2.1 Textura de laminao .................................................................................................... 133

    5.2.2 Textura de trefilao ..................................................................................................... 134

    5.2.3 Textura de conformados em geral ................................................................................ 135

    5.2.4 Controle da formao de texturas de deformao ...................................................... 136

    5.3 TEXTURA DE RECRISTALIZAO ..................................................................................... 139

    5.3.1 Texturas de recristalizao em laminados .................................................................... 140

    5.3.2 Texturas de recristalizao em trefilados .................................................................... 140

    5.4 ANISOTROPIA DAS PROPRIEDADES MECNICAS .......................................................... 141

  • 7

    6 Fratura Dctil ............................................................................................................................. 143

    6.1 TIPOS DE FRATURA ............................................................................................................ 143

    6.2 MODOS DE FRATURA DCTIL ......................................................................................... 144

    6.3 MECANISMOS DA FRATURA DCTIL .............................................................................. 145

    6.4 INSTABILIDADE DO ESCOAMENTO ......................................................................... 147

    7 Conformabilidade plstica ......................................................................................................... 149

    7.1 CONCEITOS DE CONFORMABILIDADE ........................................................................... 149

    7.2 FATORES DE INFLUNCIA NA CONFORMABILIDADE .................................................. 149

    7.3 ENSAIOS DE CONFORMABILIDADE ................................................................................. 150

    7.3.1 Ensaios de conformao a frio de chapas metlicas .................................................... 151

    7.3.2 Ensaios de conformao a quente de corpos metlicos .............................................. 155

    7.3.3 Consideraes sobre a tenso de escoamento ............................................................. 156

    7.4 EXEMPLOS DE ANLISE DE FATORES DE INFLUNCIA NA CONFORMABILIDADE .157

    7.4.1 Chapas de ao para estampagem .................................................................................. 157

    7.4.2 Tarugos de lato para forjamento ................................................................................ 159

    Parte 3 Mecnica da conformao plstica

    1 Teoria das tenses em corpos slidos ........................................................................................ 162

    1.1 VETOR DA TENSO ............................................................................................................. 162

    1.2 TENSOR DE TENSO........................................................................................................... 163

    1.3 EQUAES DE EQUILBRIO .............................................................................................. 165

    1.4 TENSES PRINCIPAIS ......................................................................................................... 166

    1.5 TENSO DE CISALHAMENTO MXIMA .................................................................................... 168

    1.6 CRCULOS DE MOHR .......................................................................................................... 169

    1.7 TENSES OCTADRICAS ................................................................................................ 171

  • 8

    1.8 ESTADOS TRIPLOS DE TENSO PARTICULARES.............................................................172

    1.9 TENSES REDUZIDAS ........................................................................................................ 174

    1.10 INVARIANTES DO TENSOR DE TENSO ........................................................................ 176

    1.11 ELIPSIDE DE TENSES .....................................................................................................177

    1.12 INTENSIDADE DE TENSO DE CISALHAMENTO ................................................. 178

    2 Teoria das deformaes em corpos slidos ...................................................................................... 179

    2.1 DESLOCAMENTO E DEFORMAO .......................................................................................... 179

    2.2 TENSOR DE DEFORMAO .............................................................................................. 180

    2.3 EQUAES DE COMPATIBILIDADE ................................................................................. 180

    2.4 DEFORMAES PRINCIPAIS .............................................................................................. 181

    2.5 DEFORMAO VOLUMTRICA ........................................................................................ 182

    2.6 CRCULOS DE MOHR ......................................................................................................... 182

    2.7 DEFORMAO OCTADRICA ........................................................................................... 183

    2.8 ESTADOS TRIPLOS DE DEFORMAO PARTICULARES ............................................... 183

    2.9 DEFORMAES REDUZIDAS ............................................................................................ 184

    2.10 INVARIANTES DO TENSOR DE DEFORMAO ............................................................ 185

    2.11 ELIPSIDE DE DEFORMAO ......................................................................................... 185

    2.12 INTENSIDADE DE DISTORO ....................................................................................... 186

    2.13 DEFORMAO DE UM CRCULO .................................................................................... 186

    2.14 VELOCIDADE DE DEFORMAO.................................................................................... 188

    2.15 TRABALHO DE DEFORMAO ........................................................................................ 189

    3 Teoria da plasticidade ................................................................................................................ 191

    3.1 LEI DO COMPORTAMENTO ELSTICO......................................................................... 191

    3.2 COMPORTAMENTO PLSTICO......................................................................................... 192

    3.3 CRITRIOS DE ESCOAMENTO ........................................................................................... 194

  • 9

    3.4 TENSO E DEFORMAO EFETIVAS ............................................................................... 198

    3.5 TEORIA DO ESCOAMENTO .......................................................................................... 199

    3.6 ESTADO DE DEFORMAO PLANA ................................................................................. 202

    3.7 TRABALHO DE DEFORMAO PLSTICA ..................................................................... 209

    3.8 TEOREMA DO TRABALHO MXIMO E TENSES LIMITES ........................................... 210

    4 Mtodos de anlise dos processos de conformao .................................................................. 213

    4.1 CLASSIFICAO DOS PROCESSOS DE CONFORMAO ............................................... 213

    4.2 INTRODUO AOS MTODOS DE ANLISE .................................................................. 214

    4.3 MTODO DA ENERGIA UNIFORME ..................................................................................215

    4.4 MTODO DA DIVISO EM ELEMENTOS ..........................................................................217

    4.5 MTODO DO LIMITE SUPERIOR E INFERIOR ................................................................ 218

    4.6 MTODO DAS LINHAS DE DESLIZAMENTO .................................................................. 220

    4.7 MTODO DE VISUALIZAO ........................................................................................... 221

    4.8 MTODO DA SIMULAO ................................................................................................ 222

    4.9 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................................................. 222

    5 Aplicaes para forjamento ........................................................................................................ 224

    5.1 MTODO PARA ESTIMATIVA SIMPLIFICADA ...................................................................... 224

    5.2 MTODO PARA ESTIMATIVA SIMPLIFICADA APRIMORADA ............................................. 224

    5.3 MTODO DA ENERGIA UNIFORME...................................................................................... 227

    5.4 MTODO DA DIVISO EM ELEMENTOS ......................................................................... 230

    5.4.1 Condies de atrito pequeno e placa plana fina .......................................................... 231

    5.4.2 Condies de atrito grande e placa plana fina............................................................. 234

    5.4.3 Condies de atrito pequeno e perfil fino losangular ................................................. 236

    5.4.4 Condies de atrito pequeno e de aderncia e disco plano ........................................ 239

    5.4.5 Forjamento em matriz fechada .................................................................................... 242

  • 10

    5.5 MTODO DO LIMITE SUPERIOR ......................................................................................244

    5.6 MTODO DAS LINHAS DE DESLIZAMENTO...................................................................246

    5.6.1 Condies limites e determinao do ponto C ............................................................ 246

    5.6.2 Determinao dos outros pontos ................................................................................. 247

    5.6.3 Construo do hodgrafo de velocidades .................................................................... 247

    5.6.4 Determinao das tenses ........................................................................................... 249

    Bibliografia .......................................................................................................... 251

    Bibliografia Complementar ................................................................................................................ 254

  • 11

    Parte 1

    Processos de conformao plstica

  • 12

    1

    Classificao dos processos de conformao

    1.1 INTRODUO

    Entende-se o processo de conformao dos corpos metlicos como o processo de modificao

    da forma desse corpo metlico para outra forma definida. Os processos de conformao podem ser divididos em dois grupos: processos mecnicos, nos

    quais as modificaes de forma so provocadas pela aplicao de tenses externas, e s vezes em altas temperaturas, mas sem a liquefao do metal; e processos metalrgicos, nos quais as modificaes de forma podem estar relacionadas tambm s tenses externas, e s vezes em altas temperaturas, mas com liquefao do metal (como no processo de fundio) ou com a difuso de partculas metlicas (como no processo de sinterizao).

    Os processos mecnicos so constitudos pelos processos de conformao plstica, para os

    quais as tenses aplicadas so geralmente inferiores ao limite de resistncia ruptura do material, e pelos processos de conformao por usinagem, para os quais as tenses aplicadas so sempre superiores ao limite mencionado, sendo a forma final, portanto, obtida por retirada de material. Devido sua natureza, esses processos so tambm denominados processos de conformao mecnica.

    importante o estudo dos processos de conformao plstica dos metais porque em sua maior

    parte, quase todos os produtos metlicos produzidos so submetidos, em um ou mais estgios de seu processamento, a tais processos.

    Os processos de conformao plstica dos metais permitem a fabricao de peas, no estado

    slido, com caractersticas controladas. De uma forma resumida, os objetivos desses processos so a obteno de produtos finais com especificao de:

    a) dimenso e forma, b) propriedades mecnicas, c) condies superficiais, Conciliando a qualidade com elevadas velocidades de produo e baixos custos de fabricao. Os processos de conformao plstica podem ser classificados de acordo com vrios critrios: a) quanto ao tipo de esforo predominante;

  • 13

    b) quanto temperatura de trabalho; c) quanto forma do material trabalhado ou do produto final; d) quanto ao tamanho da regio de deformao (localizada ou geral); e) quanto ao tipo de fluxo do material (estacionrio ou intermitente); f) quanto ao tipo de produto obtido (semi-acabado ou acabado).

    1.2 CLASSIFICAO QUANTO AO TIPO DE ESFORO PREDOMINANTE

    Os processos de conformao plstica podem ser classificados de acordo com o tipo de esforo

    predominante em (Figura 1.1): a) processos de conformao por compresso direta;

    b) processos de conformao por compresso indireta;

    c) processos de conformao por trao;

    d) processos de conformao por cisalhamento;

    e) processos de conformao por flexo.

    Nos processos de conformao por compresso direta, predomina a solicitao externa por

    compresso sobre a pea de trabalho. Nesse grupo podem ser classificados os processos de forjamento (livre e em matriz) e laminao (plana e de perfis).

    Nos processos de conformao por compresso indireta, as foras externas aplicadas sobre a

    pea podem ser tanto de trao como de compresso. Porm as que efetivamente provocam a conformao plstica do metal so de compresso indireta, foras desenvolvidas pela reao da matriz sobre a pea, Os principais processos que se enquadram nesse grupo so a trefilao e a extruso, de tubos e fios, e a estampagem profunda (embutimento) de chapas (parcial). No processo de trefilao a solicitao externa de trao e nos processos de extruso e embutimento de chapas, de compresso. Nesse ultimo processo, porm, somente parte da pea (a aba) e submetida a esse tipo de esforo.

    O principal exemplo de processo de conformao por trao o estiramento de chapas, em que

    a pea toma a forma da matriz por meio da aplicao de foras de trao em suas extremidades. Os processos de conformao por cisalhamento envolvem foras cisalhantes suficientes ou no

    para romper o metal no seu plano de cisalhamento. Os melhores exemplos desse tipo de processo so a toro de barras e o corte de chapas.

    No processo de conformao por flexo as modificaes de forma so obtidas mediante a

    aplicao de um momento fletor. Este princpio utilizado para dobrar chapas, barras e outros produtos. Como exemplos podem ser citados os processos de dobramento livre, dobramento de borda, dobramento de matriz e calandragem.

  • 14

    Figura 1.1 Esquema simplificado da classificao dos processos de conformao. [Desenho: BRESCIANI, 1991]

    1.3 CLASSIFICAO QUANTO A TEMPERATURA DE TRABALHO

    Em relao temperatura de trabalho, os processos de conformao podem ser classificados

    em processos com trabalho mecnico a frio e com trabalho mecnico a quente. Quando a temperatura de trabalho maior do que a temperatura que provoca a recristalizao do metal, o processo designado como de trabalho a quente e, abaixo dessa temperatura, e designado como de trabalho a frio.

    No trabalho mecnico a frio provoca-se o aparecimento no metal do chamado efeito de

    encruamento, ou seja, o aumento da resistncia mecnica com a deformao plstica. 0 trabalho

  • 15

    mecnico a frio permite aumentar a resistncia mecnica de certos metais no-ferrosos que no so endurecveis por tratamentos trmicos.

    No trabalho mecnico a quente, a deformao plstica realizada numa faixa de temperatura, e

    durante um determinado tempo, em que o encruamento eliminado pela recristalizao do metal.

    Um metal na sua condio encruada possui energia interna elevada em relao ao metal no-

    deformado plasticamente. Aumentando-se a temperatura, h uma tendncia do metal retornar a condio mais estvel de menor energia interna. O tratamento trmico para obter esse efeito denominado recozimento e, alm da recuperao da estrutura cristalina do metal, este tratamento provoca a diminuio da resistncia mecnica e a elevao da ductilidade.

    1.4 OUTROS METODOS DE CLASSIFICAO

    Os mtodos de classificao dos processos de conformao plstica mais comuns so os dois

    mencionados anteriormente (quanto ao tipo de esforo predominante e quanto temperatura de trabalho).

    Existem tambm outros mtodos, cujos empregos, no entanto, so menos comuns. Um deles

    a classificao de acordo com a forma do metal trabalhado, como por exemplo, os processos de conformao de chapas (laminao, estampagem, dobramento, etc.) e de tubos e fios (trefilao, extruso, etc.).

    Pode-se tambm classificar os processos de acordo com o tamanho da regio deformada em:

    processos com regio de deformao localizada, que incluem a laminao, a trefilao e a extruso, e processos com regio de deformao generalizada, como por exemplo, os processos de estampagem profunda e o forjamento.

    De acordo com o tipo de fluxo de deformao do metal, os processos podem ser classificados

    em processos de fluxo contnuos ou quasi-estacionrios (com movimento constante) e processos de fluxo intermitente. Como exemplos do primeiro tipo podem ser citados os processos de laminao, trefilao e extruso a quente. Os processos de extruso a frio, estampagem e forjamento so exemplos de processos com fluxo intermitente.

    Os processos de conformao podem ser separados em duas categorias de acordo com o

    produto obtido: processos de conformao primria, por meio dos quais se obtm produtos semi-acabados e processos de conformao secundrios, por meio dos quais se obtm produtos acabados.

    O Quadro 1.1 apresenta um resumo da classificao dos processos de conformao plstica.

  • 16

    Quadro 1.1 Processos e produtos tpicos de conformao plstica.

    Processo Fora

    preponderante

    Trabalho Ilustrao

    Semi-produtos ou produtos

    A quente

    A frio

    Aos No

    ferrosos

    Laminao

    Compresso direta

    x

    Placas Chapas Barras Perfis

    Placas Chapas Barras

    x Chapas

    Trefilao Compresso indireta

    x

    Barras Arames

    Fios

    Barras Arames

    Fios Tubos

    Extruso Compresso indireta

    x

    Tubos Barras Tubos Perfis

    x

    Peas pequenas

    extrudadas

    Peas longas Extrudadas

    Forjamento

    Compresso direta

    x

    Peas forjadas

    x Peas pequenas forjadas

    Estampagem

    (profunda)

    Compresso indireta em

    parte

    x

    Peas grandes estampadas

    (a partir de placas)

    x

    Peas de chapas estampadas

    Estiramento de chapas

    Trao x Peas de chapas

    estiradas

    Dobramento

    Flexo x x

    Peas de chapas e tiras

    dobradas

    Calandragem

    Flexo x

    Tubos

    Corte Cisalhamento x x Peas cortadas de chapas ou pequenos diversos

    [Desenho: BRESCIANI, 1991]

    Observao: o texto deste captulo foi elaborado com base na experincia profissional dos autores e em referncias, algumas mais antigas, utilizadas na poca da primeira edio impressa, e outras mais recentes: AVENAS, 1996; ALTAN, 1983, 1999; AVITZUR, 1977; BAQUE et al.,1973; GRUNING, 1973; HOSFORD & CADDEI, 2007; RODRIGUES & MARTINS, 2005; ROWE, 1977.

  • 17

    2

    Laminao

    2.1 CONCEITOS INICIAIS DA LAMINAO

    A laminao um processo de conformao que essencialmente consiste na passagem de um corpo slido (pea) entre dois cilindros (ferramentas) que giram mesma velocidade perifrica,

    mas em sentidos contrrios (Figura 2.1). Dessa forma, tendo o corpo da pea inicial uma dimenso maior do que a distncia entre as superfcies laterais dos cilindros, ele sofre uma deformao plstica na passagem entre os cilindros que resulta na reduo de sua seco transversal e no aumento do seu comprimento e largura. Para se obter uma determinada dimenso (espessura) do corpo, deve-se submeter a pea a sucessivos passes atravs dos cilindros, com as distncias entre si decrescentes .

    A passagem da pea pelos cilindros ocorre atravs da ao da fora de atrito que atua na superfcie de contato entre as peas e os cilindros. Essa fora proporcional ao coeficiente de atrito entre pea e cilindro e fora normal na superfcie de contato. A fora normal dividida pela rea da superfcie de contato a presso exercida pelos cilindros que, por sua vez, resulta da

    Figura 2.1 - Ilustrao do processo de laminao

  • 18

    resistncia deformao plstica do material da pea nas condies de processamento (temperatura e velocidade de trabalho).

    O processo de laminao pode ser conduzido a frio ou a quente, dependendo das dimenses e da estrutura do material da pea especificada para o incio e final do processamento.

    a. Laminao a quente - a pea inicial comumente um lingote fundido obtido de lingotamento convencional, ou uma placa ou tarugo processado previamente em lingotamento contnuo; a pea intermediaria e final assume, apos diversos passes pelos cilindros laminadores, as formas de perfis diversos (produtos no planos) ou de placas e chapas (produtos planos). A temperatura de trabalho se situa acima da temperatura de recristalizao do metal da pea, a fim de reduzir resistncia a deformao plstica em cada passagem e permitir a recuperao da estrutura do metal, evitando o encruamento para os passes subseqentes. A laminao a quente, portanto, comumente se aplica em operaes iniciais (operaes de desbaste), onde so necessrias grandes redues de sees transversais.

    b. Laminao a frio - a pea inicial para o processamento, nesse caso, um produto semi-acabado (chapa), previamente laminado a quente. Como a temperatura de trabalho (temperatura ambiente) situa-se abaixo da temperatura de recristalizao, o material da pea apresenta uma maior resistncia deformao e um aumento dessa resistncia com a deformao (encruamento), no permitindo, dessa forma, intensidades elevadas de reduo de seo transversal. Um tratamento trmico de recozimento, entre uma e outra seqncia de passes, pode se tornar necessrio em funo do programa de reduo estabelecido e das propriedades exigidas do produto final. A laminao a frio aplicada, portanto, para as operaes finais (de acabamento), quando as especificaes do produto indicam a necessidade de acabamento superficial superior (obtido com cilindros mais lisos e na ausncia de aquecimento, o que evita a formao de cascas de xidos) e de estrutura do metal encruada com ou sem recozimento final.

    As temperaturas de laminao e as de recozimento tm seus limites, superior e inferior, definidos criteriosamente em funo do tipo de material a ser processado e das condies de cada processamento em particular.

    Na laminao a quente um conjunto de dois cilindros utilizado para as primeiras etapas de reduo, de tal modo que a pea conduzida diversas vezes para o passe entre esses cilindros. Nas etapas finais da laminao a frio, e na maioria das etapas de laminao a frio, o trabalho efetuado em diversos conjuntos (gaiolas) de cilindros dispostos em seqncia (trem de laminao).

    A seqncia e o nmero de etapas de laminao dependem das condies iniciais da pea (forma e natureza) e das condies finais especificadas (dimenses, formas, acabamento superficial, propriedades mecnicas e metalrgicas).

    2.2 MECNICA DA LAMINAO

    A laminao pode ser classificada como um processo de compresso direta pelo fato dos cilindros atuarem, com esforo de compresso, diretamente sobre a pea.

  • 19

    Na laminao, a intensidade de deformao plstica na direo da largura da pea depende de sua forma inicial e da intensidade da deformao da seco transversal. Por exemplo, nas etapas iniciais de reduo de uma barra - em que a largura e a espessura (altura) na seco transversal so prximas - a intensidade de deformao (a quente) elevada e, conseqentemente, o espalhamento do material nas direes lateral e longitudinal grande. Caso diverso ocorre na laminao de uma placa, pois, sendo a espessura muito menor do que a largura, a deformao plstica predomina na direo longitudinal e a deformao na direo lateral relativamente pequena.

    Essa mecnica da deformao indica que a pea entra no espao entre os cilindros com uma velocidade menor do que a velocidade com que sai, pois se pode admitir a hiptese da constncia do volume na deformao plstica. Como a velocidade perifrica dos cilindros constante, existe uma linha na superfcie de contato, ou um ponto no arco de contato: se for considerada a projeo em perfil - onde a velocidade da pea se iguala velocidade do cilindro (e no qual a tenso de laminao, ou seja, a presso aplicada pelos cilindros pea mxima).

    Esse ponto denominado ponto neutro (Figura 2.2). O ngulo formado pelo arco de contato, tendo como vrtice a projeo do eixo do cilindro, o chamado ngulo de laminao, ou ngulo de contato, ou ainda ngulo de ataque. Esse ngulo tem um valor mnimo, denominado ngulo de mordida, abaixo do qual os cilindros no conseguem mais arrastar a pea sob ao das foras de atrito atuantes na superfcie de contato. A tangente desse ngulo deve ser menor ou igual ao coeficiente de atrito na interface pea-cilindro para que possa ocorrer a laminao.

    As foras de atrito atuam tangencialmente ao arco de contato, e no sentido de movimentao da pea at o ponto neutro, pois o cilindro gira a uma velocidade perifrica menor do que a pea. A partir desse ponto, a situao de velocidade relativa se inverte e as foras de atrito passam a atuar no sentido contrrio.

    A carga da laminao, ou fora normal superfcie de contato, aumenta at o ponto neutro e, a partir da, diminui. Essa fora decorre da resistncia deformao oferecida pelo material da pea nas condies mecnicas de processamento (temperatura, velocidade e estado de tenso). A reao s foras atuantes na superfcie da pea so as foras exercidas sobre os cilindros com a denominao de foras de separao. A carga de laminao dividida pela rea de contato define a presso sobre os cilindros, ou seja, a tenso de laminao.

  • 20

    Os cilindros de menor dimetro requerem carga de deformao, e, portanto de separao, menores do que as exigidas pelos cilindros grandes, para uma mesma intensidade de reduo de seco da pea. Isso devido a dois fatos:

    1) a rea da superfcie de contato de um cilindro de dimetro menor tambm menor em relao de um cilindro de dimetro maior, sendo que uma rea de aplicao menor, para uma dada tenso de laminao necessria para vencer a resistncia deformao do material, corresponde uma fora tambm menor;

    2) a rea menor da superfcie de contato de um cilindro de dimetro menor corresponde a foras de atrito de menores intensidades e, conseqentemente, a presses mdias menores.

    Os cilindros de dimetros menores, para uma mesma fora de separao, sofrem, contudo deformaes elsticas maiores pela ao dos esforos de flexo. Essas deformaes elsticas, mais acentuadas na parte central dos cilindros, introduzem alteraes dimensionais na pea laminada. Para aumentar ento a rigidez do par de cilindros de dimetros menores, justapem-se cilindros, aos pares, de dimetros maiores; os primeiros so denominados cilindros de trabalho e os

    segundos, cilindros de apoio ou de encosto (Figura 2.3). Contudo, alm dessa deformao elstica central nos cilindros, eles sofrem achatamento na regio de contato, tambm elstico, que conduz a um aumento de seus raios de curvatura.

    Figura 2.2 - Foras e relaes geomtricas na laminao

  • 21

    Os cilindros de dimetros maiores, para uma mesma condio de atrito, podem laminar peas de espessuras maiores. Considerando uma mesma espessura de pea e um mesmo ngulo de contato, o cilindro de dimetro maior tem uma rea de contato maior.

    Em funo do nmero e da disposio dos cilindros nas gaiolas, os laminadores (ou seja, as

    mquinas de laminao) podem ser classificados em diversos tipos (Figura 2.4).

    2.3 LAMINADORES

    Os laminadores so classificados de acordo com o nmero e arranjo de cilindros (Figura 2.4), e os trs principais tipos so os laminadores duo, trio e qudruo.

    O laminador duo possui seus dois cilindros girando somente numa direo, o que obriga a pea laminada a retornar por cima (ou pelo lado) para ser submetida a uma nova passagem. denominado "laminador de retorno por cima" e sua aplicao atualmente menos comum que a do laminador duo reversvel. Esse ltimo pode ter o movimento de rotao do cilindro nos dois

    sentidos, permitindo a passagem da pea pelos cilindros na direo de ida e volta (Figura 2.5). Com o laminador duo reversvel possvel trabalhar peas pesadas e longas (blocos, tarugos, placas, chapas grossas, vergalhes, barras e perfis). Como alternativa, pode-se adotar o laminador trio, no qual dois de seus cilindros (o superior e o inferior) so maiores do que o cilindro intermedirio, e so acionados por motores; o cilindro intermedirio se movimenta pela ao de atrito e a movimentao da pea se d com a ajuda de uma mesa de levantar ou uma mesa inclinada.

    Figura 2.3 - Ilustrao de um laminador qudruo

  • 22

    Figura 2.4 - Tipos de laminadores segundo o arranjo e nmero de cilindros.

    Figura 2.5 - Ilustrao da seqncia de passes na reduo de um lingote para uma placa em laminador duo reversvel

  • 23

    O laminador qudruo utilizado para o trabalho a quente e a frio com produtos planos (chapas grossas e finas). So necessrios dois cilindros de encostos maiores do que os cilindros de trabalho, podendo ser todos acionados por motores. Em geral esses laminadores so dispostos em srie formando linhas de laminao contnuas. Para chapas finas, utiliza-se o laminador duo com quatro ou mais cilindros de encosto.

    A instalao dos laminadores mais simples aquela que constituda de uma nica gaiola com um dos seguintes arranjos de cilindros: duo no-reversvel, duo reversvel, trio e qudruo. Para a laminao de barras, por exemplo, pode-se dispor de diversos laminadores duo e trio, combinados em diversos tipos:

    a. O laminador de guias consiste de diversas gaiolas arranjadas em trem de laminao e possui guias metlicas que posicionam a pea quando de sua passagem pelas ranhuras do laminador.

    b. O laminador de voltear (belga) consiste num conjunto de gaiolas dispostas paralelamente, ou em linha lateral, de modo a obrigar a barra, ao passar de uma gaiola a outra, a formar uma volta em arco.

    c. O laminador zigue-zague contm um conjunto de gaiolas dispostas de forma a se adaptar necessidade de movimentao de uma pea que no permite, pela dimenso de sua seco transversal, a formao de uma volta em arco.

    d. O laminador contnuo constitudo de diversas gaiolas dispostas em srie, de forma que os cilindros das gaiolas subseqentes giram a velocidades proporcionalmente maiores para evitar acmulo de material entre uma e outra gaiola. Este tipo de laminador comumente empregado para o trabalho com vergalhes, barras, tiras e chapas.

    e. O laminador semi-contnuo formado tambm com uma gaiola reversvel para laminao de desbaste, que processa a pea antes dela entrar na instalao de laminao contnua. O laminador misto aquele no qual a maior parte da reduo (inclusive o desbaste) realizada num laminador contnuo e a conformao final num laminador de guias ou belga.

    f. O laminador universal formado por um conjunto de cilindros horizontais e outro vertical, e se destina produo de placas que necessitam ter tambm as bordas laminadas.

    g. O laminador contnuo de tarugos consiste de uma srie de gaiolas de cilindros horizontais, colocadas umas aps as outras, de forma que a pea passa a ser trabalhada ao mesmo tempo em diversas gaiolas; os cilindros de cada gaiola subseqente giram a uma velocidade maior que da gaiola anterior. O trem de laminao Garret para vergalhes consiste de um laminador de desbaste (trem de voltear com trs gaiolas ou duas ou mais gaiolas em srie) seguido de dois trens, de quatro ou cinco gaiolas cada um, colocados em paralelo ao primeiro.

    h. O laminador planetrio Sendzimir , constitudos de alguns cilindros apoiados uns nos outros, foi desenvolvido para reduzir a quente, ou a frio, uma placa, ou uma chapa em bobina, em uma nica passagem.

  • 24

    i. O laminador de tubos sem costura pode ser um laminador-mandrilador de diversos tipos. A fabricao de tubos com costura se d a partir de tiras laminadas que so posteriormente conformadas em rolos e soldadas.

    2.4 CILINDROS DE LAMINAO

    Os cilindros de laminao so a principal parte de um laminador, pois promovem diretamente a conformao da pea atuando como ferramentas de fabricao.

    Analisando um cilindro, podem-se distinguir nele trs partes bsicas (Figura 2.2):

    a) corpo - onde ocorre o processo de laminao da pea

    b) pescoo - onde o peso do cilindro e a carga de laminao devem ser suportados, e

    c) trevo - onde ocorre o acoplamento com o eixo motor atravs de uma manga de engate.

    Os cilindros com superfcies cilndricas (geratriz reta) so utilizados para a laminao de placas e chapas; os cilindros com ranhuras ou passagens, que so aberturas formadas na superfcie, destinam-se laminao de perfis e barras.

    As seguintes recomendaes podem ser feitas para um projeto eficiente de um cilindro:

    1) A reduo por passe deve se adequar aos dimetros dos cilindros e capacidade da instalao do tratamento trmico, de forma a reduzir as fraturas de cilindro e a potncia necessria do laminador.

    2) As passagens devem ter suficiente inclinao lateral nas diversas partes para se adaptarem ao gabarito do perfil da pea (este deve ser elaborado com tolerncias estreitas e considerando a contrao devido ao resfriamento).

    3) As seces transversais ao longo da pea devem resultar as mais uniformes possveis.

    4) A quantidade de metal laminado por cilindro um fator de custo importante e o desgaste dos cilindros deve ser minimizado; o custo de fabricao do cilindro ser menor se for menor o nmero de passes necessrios conduo do processo de laminao.

    5) Tanto as deformaes da pea na direo longitudinal como as na direo transversal devem ser consideradas; materiais laminados diferentes apresentam espalhamentos laterais diferentes.

    6) Uma velocidade de laminao elevada restringe o espalhamento lateral e a intensidade de reduo.

    7) Uma temperatura de trabalho maior permite uma maior intensidade de reduo.

  • 25

    8) Um dimetro maior de cilindro permite uma maior intensidade de reduo, sem fratura de cilindro, e uma mais facilidade de entrada da pea com uma rea de contato maior; contudo exige uma maior potncia motora para provocar maior espalhamento e reduzir a deformao na direo da laminao.

    Os cilindros de laminao primria (de blocos e placas) tm como principal requisito a resistncia mecnica, pois so submetidos, na laminao de grandes massas com elevadas redues, a presses elevadas e choques intensos, que se associam solicitao trmica transmitida superfcie. Essa solicitao trmica pode provocar a formao de fissuras superficiais que tm a possibilidade de se expandirem com os choques mecnicos e provocarem a fratura dos cilindros. Nesses casos os cilindros so comumente constitudos de ao-liga e fabricados por fundio, com tratamentos trmicos posteriores de recozimento, tmpera e revenido. Mas de um modo geral, da laminao primria de acabamento, os dimetros dos cilindros diminuem e a durezas dos materiais constituintes se elevam.

    2.5 DESCRIO DO PROCESSO DE LAMINAO

    A seqncia de fabricao numa usina de laminao complexa e diversificada. A descrio resumida dos processos de laminao ser apresentada para alguns dos produtos tpicos em ao.

    a) blocos e placas laminados a quente,

    b) chapas finas laminadas a quente,

    c) chapas finas laminadas a frio.

    2.5.1 Laminao a quente de blocos e placas

    Os lingotes aquecidos podem ser laminados, para a obteno de blocos e placas e de produtos acabados, em uma instalao de laminao constituda de diversos (at vinte) conjuntos laminadores (trens de laminao) em operao contnua sem reaquecimento.

    O mais freqente o processamento do lingote para a obteno de blocos e placas que sero, posteriormente laminados, resfriados e armazenados. Essa fase do processo pode ser genericamente denominada de "laminao primria".

    A laminao primria tem dois objetivos bsicos que so:

    a) A converso do lingote fundido em produtos laminados;

    b) A obteno de produtos laminados na forma de peas, com dimenses e massas especificadas.

    Uma sequncia de operaes tpicas para a laminao primria, constituda de tratamentos trmicos e mecnicos e operaes auxiliares, consiste de:

  • 26

    1) Aquecimento dos lingotes

    realizado para tornar o material suficientemente plstico para a operao de laminao com redues grandes de seces. Essa operao conduzida em forno-poo de encharcamento a combustvel (forno profundo, para uniformizao da temperatura) com controle da temperatura, do tempo de permanncia e das condies de combusto. As temperaturas e os tempos de tratamento dependem na natureza dos materiais ferrosos a serem laminados. Para evitar o aparecimento de tenses internas, devido a um acentuado gradiente de temperatura, deve-se executar do aquecimento em diversos patamares crescentes de temperatura.

    2) Laminao a quente dos lingotes

    conduzida para transformar a estrutura cristalina grosseira (bruta de fuso) dos lingotes em uma estrutura de gros finos por meio da deformao plstica intensa e recristalizao subseqente. Alm disso, a laminao a quente provoca o caldeamento dos vazios internos decorrentes do processo de solidificao do lingote. Na seqncia do processamento, so retiradas por corte as partes do lingote que apresentam heterogeneidades fsicas e qumicas. O resfriamento dos lingotes laminados realizado at a temperatura ambiente, quando for o caso, para um posterior reaquecimento e laminao. Atinge-se, com isso, o primeiro objetivo bsico da laminao primria. O segundo objetivo atingido na continuidade do processamento, com a laminao a quente em cilindros de perfis adaptados forma dos produtos desejados e ao corte das peas laminadas nas dimenses e pesos especificados.

    A operao principal numa instalao de laminao primria a gradual compresso do lingote entre dois cilindros laminadores, em diversos passes com distncias decrescentes entre os cilindros. A seqncia dos passes estabelecida em funo da natureza do metal e economia do

    processo (Figura 2.5). O projeto da instalao de laminao, por sua vez, dependente dos seguintes fatores: fora de laminao, peso e tamanho das peas, movimentao do material, tempo de operao e produo por unidade de tempo. Em decorrncia disso, podem ser encontradas em operao diversas combinaes de equipamentos de laminao e tipos de laminadores.

    2.5.2 Laminao a quente de chapas finas

    A laminao a quente de chapas comumente conduzida numa instalao de laminao contnua, isto , numa disposio em srie de um conjunto de equipamentos de laminao. Uma seqncia tpica de processamento inicia-se com as chapas grossas, provenientes da laminao a quente das placas, sendo aquecidas em dois ou mais fornos contnuos de reaquecimento. A seguir, passam pelos equipamentos: laminador quebrador de carepa (uma gaiola duo), laminador transversal (uma gaiola quadruo), redutor (espremedor) de chapas grossas, tesoura de corte de chapa a quente, conjunto de laminadores (uma gaiola duo e duas quadruo) de desbaste, tesoura de corte das extremidades, laminador-quebrador de carepa, laminador de tiras a quente (seis gaiolas quadruo) de acabamento e bobinadeiras. A movimentao das chapas do forno de reaquecimento para gaiolas feita com auxlio de mesa transportadora de rolos. O laminador transversal utilizado para alargar a chapa, e permitir, desse modo, a laminao de chapas de largura maior; antes dessa gaiola, coloca-se uma mesa transportadora giratria para posicionar a placa a 90. Um redutor lateral e uma tesoura conferem chapa a dimenso necessria s

  • 27

    operaes seguintes de desbaste. Entre os laminadores de desbaste e de acabamento se coloca uma mesa de espera. Precedendo o trem de acabamento, coloca-se uma tesoura para corte das extremidades e um laminador quebrador de carepa. Aps os laminadores desse ltimo tipo, instala-se um jato de gua de alta presso para remoo da carepa (casca de xidos). Uma longa mesa de sada situa-se aps a laminao de acabamento e, ao final da mesa, encontra-se uma bobinadeira ou, se for especificado um produto de menor comprimento, instala-se ento uma tesoura volante.

    Essa instalao de laminao a quente contnua, com trens de laminao, de desbaste e de acabamento, apresenta elevada produtividade com uma utilizao elevada da capacidade de laminao associada a um mnimo de perda de energia. No entanto, falta a esse sistema flexibilidade para adaptao a diferentes tipos de produto, alm de apresentar elevados custos de investimento. Desse modo, outros conjuntos de equipamentos podem ser concebidos, como por exemplo, um laminador de desbaste reversvel associado a um trem de laminao de acabamento contnuo, ou ainda um laminador de desbaste reversvel (ou trem de laminao de desbaste contnuo) associado a um laminador de acabamento reversvel. Essas disposies exigem modificaes nos equipamentos de aquecimento que necessitam, dependendo do caso, de fornos para reaquecimento ou fornos de aquecimento nas bobinadeiras.

    A presena de xidos superficiais na chapa laminada a quente uma caracterstica do produto e, quando a chapa tiver que sofrer processamentos posteriores, h necessidade de sua remoo. Exemplos so os casos de estampagem (os xidos reduzem a vida da ferramenta e causam defeitos superficiais na pea estampada), os de revestimento superficial (os xidos impedem a aderncia de revestimentos metlicos ou de tintas) e os de laminao a frio (os xidos causam defeitos superficiais). O principal processo de remoo de xidos superficiais a decapagem, que consiste na imerso da pea num banho de soluo de cidos inorgnicos (clordrico, sulfrico) em gua durante um determinado tempo - esses banhos podem conter ainda agentes inibidores e umectantes. As instalaes para esse processamento podem ser dos tipos: decapagem por lotes, decapagem semicontnua e decapagem contnua. Para completar o tratamento superficial, as chapas so comumente oleadas para efeito de proteo contra a corroso at sua utilizao.

    Outras operaes, que dependendo das especificaes podem ser aplicadas aos produtos da laminao a quente, so:

    a) Laminao de acabamento e de encruamento superficial, com a finalidade de melhorar a planicidade da chapa e o acabamento superficial (reduo de rugosidade) e alterar as propriedades mecnicas;

    b) Aplainamento por rolos ou por estiramento, para elevar substancialmente a planicidade da

    chapa (Figura 2.6).

    c) Corte com facas circulares ou cilindros para reduzir largura da chapa;

    d) Tratamento trmico de normalizao ou de recozimento contnuos em fornos com rolos transportadores.

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    Figura 2.6 - Aplainamento por rolos ou por estiramento em mquina hidrulica em chapas metlicas

    2.5.3 Laminao a frio de chapas finas

    Praticamente quase toda a chapa de ao carbono laminada a frio obtida a partir de chapas semi-acabadas laminadas a quente. O processamento desse produto ocorre em dois estgios: reduo da espessura na dimenso (bitola) especificada e operaes de acabamento.

    A laminao a frio, alm de reduzir a espessura da chapa, cria nesse produto um acabamento superficial elevado (pequena rugosidade) e confere melhores propriedades mecnicas ao material laminado. A reduo da espessura inicial de 25 a 90%; o acabamento final obtido na operao de laminao de encruamento, precedida do tratamento superficial de limpeza e do tratamento trmico de recozimento ou normalizao, em que a reduo de espessura da ordem de 1 a 2%.

    A seqncia tpica de operaes a seguir descrita. Aps a laminao a quente, as chapas semi-acabadas na forma de bobinas so desenroladas, decapadas em instalao de processamento contnuo, secadas, oleadas e enroladas novamente. O leo protege as chapas da corroso e atua como lubrificante na operao de laminao a frio.

    A laminao a frio pode ser conduzida num laminador qudruo reversvel simples, onde o produto movimentado para frente e para trs, entre os cilindros de trabalho, at que a espessura especificada atingida. No processo conduzido num trem de laminao contnuo, com trs a seis gaiolas de laminadores qudruo, cada laminador promove uma determinada reduo de espessura. As velocidades dos cilindros das diversas gaiolas so sincronizadas de modo a manter a chapa sob tenso desde o carretel da bobina de alimentao, passando pelas diversas gaiolas, at o carretel de rebobinao.

    Na laminao a frio no ocorre a formao de cascas de xido como na laminao a quente, as presses e foras motoras, contudo, so muito maiores para a mesma reduo de espessura. As resultantes das foras de compresso entre os cilindros e das foras de trao entre as bobinas e as gaiolas devem provocar a deformao plstica da chapa. Os nveis dessas foras crescem medida que a pea passa pelas diversas gaiolas, devido ao encruamento do material. A programao de reduo em cada estgio deve ser estabelecida de modo que as cargas nos laminadores sejam uniformemente distribudas e aproveite a capacidade de cada estgio, capacidade esta que depende de diversos fatores: projeto do laminador, potncia disponvel, largura e reduo da chapa, condies de lubrificao, resistncia do material, planicidade da chapa, acabamento das superfcies da chapa e dos cilindros e dimetros dos cilindros. Em geral, no ltimo estgio de

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    reduo procede-se a uma pequena deformao plstica para conferir ao produto melhor acabamento, planicidade e tolerncia dimensional na espessura. Num trem de laminao com laminadores qudruos, comumente promove-se a reduo de 25 a 45% em cada estgio inicial e intermedirio e cerca de 10 a 30% no estgio final; a reduo total, dependendo do produto, pode variar de 45 a 90%. Essa reduo provoca a elevao da temperatura da pea e dos cilindros. Os nveis de temperatura na pea (materiais ferrosos) so da ordem de 65 a 120C, mas, nos trens de alta velocidade, podem atingir valores da ordem de 200C. O calor gerado dissipado com auxlio de um jato de mistura de leo ou leo solvel-gua dirigido diretamente s superfcies dos cilindros e das chapas, para manter as temperaturas nesses nveis mximos indicados.

    A disposio mais comum de cilindros na gaiola aquela do laminador tipo qudruo: os cilindros de trabalho so de dimetros menores (para reduzir a presso de laminao) e os cilindros de apoio impedem a flexo dos cilindros de trabalho. Esse laminador usado nas instalaes com uma nica unidade ou em trens de laminao. Outros tipos de arranjos de cilindros, contudo, so encontrados, utilizando mais de dois cilindros de apoio para cada cilindro de trabalho de dimetro menor. Os laminadores duos reversveis ou trens, porm, tambm so empregados.

    Na produo de chapas de ao laminadas a frio as bobinas so em geral aparadas lateralmente na mesma linha contnua de decapagem antes da laminao a frio e, aps a laminao, elas so conduzidas diretamente instalao de tratamento trmico de recozimento para, em seguida, sofrerem a laminao de acabamento com encruamento.

    A maior parte dos produtos sai na forma de bobinas. Quando so especificadas peas na forma de fardo de chapas, procede-se ao corte em linha contnua de tesoura. Para as bobinas que sero utilizadas nas linhas contnuas de estanhagem ou galvanizao, so aplicados os tratamentos de limpeza superficial para remoo dos resduos de leo que sofreram decomposio no processo de recozimento.

    Em geral as chapas laminadas so submetidas ao tratamento de recozimento ou normalizao, para recuperar a ductilidade e controlar as propriedades mecnicas de acordo com as especificaes. O tratamento pode ser conduzido em dois tipos bsicos de instalaes: fornos de tratamento intermitente (de fornadas individuais) e fornos de tratamento contnuo. No primeiro caso, uma bobina estacionria envolta pela cobertura do forno e submetida ao ciclo completo de tratamento trmico, com variao de temperatura e tempo de permanncia e com controle da atmosfera do forno. No segundo caso, a bobina desenrolada passa pelo forno em velocidade controlada sendo submetidas a diversas temperaturas, correspondentes ao ciclo de tratamento, distribudo ao longo do forno com atmosfera controlada. O recozimento , na maioria das vezes, conduzido em fornos intermitentes em caixa. Quando no possvel obter a qualidade desejada nesse tratamento, realiza-se ento a normalizao. Tanto a normalizao como o recozimento podem ser conduzidos em fornos contnuos; a relao do tipo de instalao e do ciclo de tratamento trmico depende da composio, da microestrutura e das propriedades mecnicas do material inicial e da especificao do produto final.

    Para alguns produtos necessrio elevar a resistncia, a planeza e o acabamento superficial, e isso obtido na laminao de acabamento com encruamento. O processamento pode se dar para chapas individuais ou para bobinas. Os laminadores so do tipo duo ou qudruo montados em uma gaiola nica, e, no caso de processamento de bobinas para nveis de resistncia mais

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    elevados, utiliza-se um trem de laminao com duas gaiolas com a disposio de cilindros duo. O acabamento superficial dos produtos controlado pelo acabamento superficial com que os cilindros so fabricados, podendo variar de superfcies brilhantes na pea, obtidas com cilindros polidos, a superfcies foscas, que decorrem do uso de cilindros que sofreram tratamento superficial com jato de areia. A reduo pequena e depende do grau de ductilidade especificado para a chapa; por exemplo, para o caso de chapas de ao para estampagem profunda, a reduo da ordem de 0,25 a 1% (que suficiente para eliminar as linhas de distenso que podem surgir no produto estampado). Em outras aplicaes, onde a exigncia de ductilidade menor, a reduo pode atingir valores de 1 a 1,5%.

    Como a maior parte dos produtos da laminao a frio comercializada na forma de bobinas, no se utiliza muito da operao de corte de chapas. Contudo, quando necessrio o corte transversal, este conduzido comumente com tesouras volantes dos tipos com guilhotina ou com facas montadas em cilindros. O corte lateral freqentemente realizado no final da linha de decapagem, e o produto no precisa, aps a laminao, ser novamente aparado lateralmente. Quando isto necessrio, so utilizadas facas circulares, montadas em rvores, que operam de forma contnua.

    2.5.4 Controle do processo de laminao

    O controle do processo de laminao, e o controle da qualidade da matria-prima e dos produtos da laminao so importantes procedimentos para garantir a eficincia operacional da instalao fabril de laminao.

    O controle da qualidade se inicia com a atividade de inspeo e anlise do metal fundido antes do lingotamento convencional ou contnuo. Dependendo do tipo de produto final a composio qumica do ao controlada, para estar de acordo com as especificaes, realizando-se anlises qumicas de amostras de metal lquido retiradas da panela de corrida, conduzidas por mtodos convencionais ou espectrogrficos. Outros ensaios que podem ser realizados, em corpos-de-prova retirados dos lingotes, so: anlise macro e microgrfica, anlise de fratura, determinao do tamanho do gro, determinao da temperabilidade e ensaios mecnicos.

    Aps o controle da matria-prima, na forma de lingote, procede-se ao controle do processo de aquecimento. Verifica-se inicialmente a temperatura superficial do lingote (solidificado, mas ainda aquecido), antes de coloc-lo no forno-poo, para evitar a possibilidade de um choque trmico, pela diferena entre essa temperatura e aquela do forno - as temperaturas do forno e da chama do maarico so controladas com auxlio de instrumentao.

    Na laminao a quente importante o controle das temperaturas da pea antes e aps o processamento, bem como o controle da programao de passes. Em geral, na laminao devem ser verificados, com instrumentao especfica, os seguintes parmetros do processo: posicionamento dos cilindros em funo das dimenses do produto laminado em cada passe, condio das ranhuras dos cilindros, presso de laminao (com auxlio de clulas de carga) e torque de laminao.

    As linhas de laminao contnua apresentam comumente um alto grau de automao, o que permite a operao em elevados nveis de velocidade de trabalho, particularmente no caso de laminao a frio de chapas de ao. Em face da elevada velocidade, os instrumentos de medio da

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    espessura da chapa devem operar sem manter contato com a sua superfcie da chapa, o que obtido com o emprego de aparelhos de ensaios no destrutivos apoiados no princpio da radiao penetrante (no caso, raios ou raios de istopos radioativos). Dessa forma pode-se controlar automaticamente a posio dos cilindros e a tenso de trao aplicada s chapas.

    Durante o processo de laminao retiram-se comumente amostras para determinar a qualidade do produto e, em particular, para verificar as condies da superfcie ao final do processo. A qualidade do produto confrontada com a qualidade especificada, realizando-se ensaios qumicos, metalogrficos, mecnicos e dimensionais.

    2.5.5 Projeto dos passes de laminao

    Os produtos planos so laminados em cilindros com geratriz aproximadamente reta, ou seja, ligeiramente cncava ou convexa para compensar a deformao elstica. A reduo de seco uniforme ao longo da largura da pea e o espalhamento dessa direo livre.

    A seqncia de passes, portanto, projetada para a reduo da espessura de acordo com as caractersticas de confiabilidade do material (no nvel de temperatura de trabalho), a capacidade do laminador e as especificaes do produto final.

    O projeto da seqncia de passes para os produtos no-planos tambm funo desses fatores e, ainda mais, de uma seqncia de modificao de formas da seco transversal dos produtos. Nesse caso, os cilindros de laminao apresentam um perfil com diversas ranhuras ou passagens, as quais se adaptam seqncia de formas a que a pea em processamento deve ser submetida para atingir a forma final sem apresentar defeitos.

    Os passes iniciais e intermedirios, realizados unicamente com o objetivo de reduo de seco, so denominados passes de desbaste. A seqncia de passes para a obteno de um determinado perfil pode ser estabelecida atravs de diferentes combinaes de seces. As seqncias de desbastes podem ser com sries retangulares, losangulares, quadradas e ovais (Figura 2.7).

    Os produtos no-planos, fabricados a partir de blocos, so os perfis estruturais (na forma de I, T, L, C, etc.) e os trilhos (trilhos convencionais, trilhos para pontes rolantes, etc.). Os produtos no-planos, obtidos a partir de tarugos, so as barras (de seco redonda, quadrada, hexagonal, etc.), as barras para trefilao (fio-mquina) e os tubos sem costura.

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    Figura 2.7 - Tipos de seces para passes de desbaste de perfis

    2.6 PRODUTOS LAMINADOS

    2.6.1 Classificao dos produtos laminados

    A classificao dos produtos laminados realizada em funo das suas formas e dimenses e de acordo com as normas tcnicas tradicionalmente estabelecidas. Essas normas apresentam diferenas nas indicaes entre si e quando se trata de produtos siderrgicos ou de produtos de metais no-ferrosos. (Verificar a Norma da ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas sobre Definio dos Produtos Siderrgicos Laminados)

    Os produtos laminados podem ser inicialmente classificados em: produtos semi-acabados e produtos acabados. Os produtos semi-acabados so os blocos, as placas e os tarugos (ou palanquilhas). Os produtos acabados, por sua vez, se subdividem em dois grupos: produtos no-planos e produtos planos. Os passes finais so chamados de passes de acabamento e se distinguem dos primeiros quanto ao projeto, que deve levar em considerao o coeficiente de expanso trmica do material trabalhado e as tolerncias dimensionais da seco.

    Os produtos planos, provenientes do processamento de placas, so as chapas grossas, as chapas e tiras laminadas a quente, as chapas e tiras laminadas a frio, as fitas e tiras para a fabricao de tubos com costura e as folhas. As chapas laminadas- a frio podem ainda se apresentar na forma de chapas revestidas (chapas zincadas, estanhadas, chumbadas, cromadas e pintadas).

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    2.6.2 Defeitos tpicos dos produtos laminados

    Os defeitos tpicos dos produtos laminados podem ser analisados de acordo com os tipos de produtos: semi-acabados e acabados

    2.6.2.1 Defeitos em produtos semi-acabados

    Os defeitos de forma na laminao de blocos mais comuns e as causas provveis so as seguintes

    (a) blocos losangulares desalinhamento das ranhuras dos cilindros, aquecimento desuniforme do lingote, laminao numa passagem maior do que a seco do bloco contido, laminao de esquadriar com uma relao de lados > 1,5;

    (b) e (c) blocos com colarinhos desalinhamentos de ranhuras e penetrao da pea lateral da ranhura.

    (c) blocos com nervuras alterao do programa de desbaste, inclinao insuficiente dos lados das ranhuras.

    (d) blocos torcidos desalinhamento das passagens, cilindros no paralelos, penetrao da pea na lateral, aquecimento desuniforme.

    (e) blocos cambados diferena de folgas entre as extremidades laterais da ranhura do cilindro;

    (f) blocos bojudos paredes das ranhuras excessivamente gastas.

    Os tarugos podem apresentar defeitos semelhantes aos blocos cujas causas tambm so aproximadamente as mesmas, ou seja:

    (h) tarugos com uma nervura lateral - guias de entrada assimtricas em relao ao eixo vertical da passagem;

    (i) tarugos com duas nervuras laterais - excesso de metal entrando no espao entre os cilindros;

    (j) tarugos com colarinhos - desalinhamento das ranhuras, rotao insuficiente da pea antes de entrar na passagem;

    (k) tarugos com cantos incompletos - falta de metal entrando na passagem;

    (l) tarugos retangulares (ao invs de quadrados) - desalinhamento de ranhuras;

    (m) tarugos bojudos - paredes das ranhuras excessivamente gastas.

    Alm dos defeitos de forma na seco transversal, ou na dimenso longitudinal, podem surgir os defeitos de superfcie tanto nos blocos e tarugos como nas placas. So defeitos tais como trincas comuns, trincas capilares, fissuras e descontinuidades, que tm sua origem nos defeitos

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    dos lingotes (como trincas, bolhas de gs, gota fria, fissuras superficiais, incluses de escria e outros) e no descontrole dos processos de tratamento trmico e de laminao.

    As trincas comuns so, muitas vezes, descontinuidades muito maiores do que as trincas de dimenso capilar. Essas ltimas, quando surgem, so numerosas e se alinham direo de laminao. As trincas capilares tm a sua origem em bolhas e incluses subsuperficiais no lingote que, com o aquecimento e deformao, afloram na superfcie. As fissuras tendem a se alinhar na direo transversal podendo se transformar, com o processamento, em descontinuidades grandes. Tm sua principal origem nos tratamentos de resfriamentos desuniformes e excessivamente rpidos. Podem ainda surgir outros defeitos superficiais, tais como: superposio devido laminao sobreposta de uma nervura e marcas ou riscos causados pelos defeitos superficiais dos cilindros.

    Os defeitos internos e externos mais comuns so:

    (a) trincas externas - formadas no momento do resfriamento ou em alguns dias posteriores - apresentam-se comumente como linhas intermitentes na direo de laminao e s vezes podem at mesmo penetrar o centro da pea;

    (b) trincas internas (escamas) - formam-se no momento do resfriamento e se apresentam como diversas descontinuidades que se espalham por toda a seco da pea.

    2.6.2.1 Defeitos em produtos acabados

    No caso de produtos acabados na forma de perfis, os defeitos mais comuns so os erros de forma como: falta de material, formao de nervuras, desencontro das duas metades da seco, abaulamento, flambagem e retorcimento. Esses defeitos decorrem do descontrole no ajuste e posicionamento dos cilindros de laminao e das guias auxiliares e, ainda, do projeto errado da seqncia de passes e de ciclos de aquecimento e resfriamento. Alm dos defeitos de forma, podem estar presentes tambm defeitos de superfcie como superposies, costuras, rugas, marcas, riscos e escamas. Esses podem ter origem no ajuste, posicionamento e acabamento superficial dos cilindros e das guias, na presena de cascas de xidos e na seqncia de passes. As condies de esfriamento aps a laminao podem conduzir formao de trincas externas e internas (escamas) nos perfis e o controle dos ciclos de aquecimento e resfriamento permite evitar os defeitos de natureza microestrutural, corno o excessivo crescimento de gros, precipitao de fases e perda de componentes da liga. No caso de aos esses dois ltimos defeitos correspondem, respectivamente, precipitao de carbonetos em contornos de gro e descarbonetao.

    As chapas laminadas a quente podem apresentar problemas de qualidade quanto a dimenses, forma (ondulaes, abaulamento, etc.), aparncia superficial (defeitos superficiais) e propriedades mecnicas. As variaes de espessura podem se dar ao longo da largura e do comprimento da bobina. As variaes ao longo da largura so freqentemente causadas pelo desgaste excessivo dos cilindros, em condies de operao com grandes redues e temperaturas finais baixas. Por sua vez as variaes ao longo do comprimento tm como principal causa o aquecimento desuniforme da placa inicial e o resfriamento desuniforme durante a laminao. Os defeitos superficiais mais comuns so originados pela presena de cascas de xidos e pelo acabamento superficial dos cilindros. As propriedades mecnicas devem ser controladas pelas temperaturas de aquecimento, de laminao e de bobinamento e pelas velocidades de resfriamento.

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    Os principais defeitos de forma e suas causas, encontrados nos produtos planos laminados a frio so:

    a) encurvamento - surge como resultado de uma condio de assimetria na passagem que decorre das posies, dimetros, condies superficiais e velocidades dos cilindros de trabalho;

    b) arco transversal - decorre da presena de tenses internas e pode atingir, total ou parcialmente, a largura da chapa; a sua origem atribuda flexo dos cilindros de trabalhos de forma diferenciada, que cria nveis de deformao plstica diferentes em cada lado da chapa;

    c) retorcimento - conseqncia de tenses internas atuando na direo intermediria entre a direo de laminao e a direo transversal laminao; a causa provvel o desalinhamento dos cilindros de trabalho entre si e em relao ao rolo tensor na sada do laminador.

    d) cambamento uma curvatura lateral em grande arco e resulta da laminao da tira com as laterais mais finas num laminador com a distncia entre os cilindros constantes, ou com uma tira de espessura uniforme mas num laminador com essa distncia no uniforme.

    e) Defeitos devido laminao excessiva causada pelo abaulamento do cilindro no centro ou nas extremidades (laterais alongadas, centro alongado, espinha de peixe, ondulao a um quarto) que cria tenses internas de trao e compresso ao longo da direo transversal da tira.

    Os defeitos de superfcie dos produtos planos so de diversos tipos como:

    a) cascas - material escamoso sobreposto e irregular contendo incluses no-metlicas ou de xidos;

    b) carepas - pequenas descontinuidades que aparecem como numerosas cascas na direo da laminao;

    c) costuras - riscos paralelos direo de laminao;

    d) orifcios - descontinuidades pequenas ou grandes atingindo os dois lados da chapa;

    e) marcas de cilindros - elevaes e depresses de diversas formas;

    f) linhas de distenso - riscos paralelos entre si e posicionados a 45 com a direo de deformao;

    g) casca de laranja - rugosidade superficial com a aparncia da denominao;

    h) ferrugem - resduos de produtos de corroso.

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    Alguns desses defeitos so provenientes da fundio (como as cascas), da laminao (como as marcas de cilindros), da composio (como as linhas de distenso), do tratamento trmico (como a casca de laranja) e do armazenamento (como ferrugens).

    2.6.3 Propriedades de produtos laminados

    As propriedades mecnicas, metalrgicas e geomtricas dos produtos laminados dependem da composio qumica da matria-prima, do processo de laminao a quente e a frio e da forma do produto. Diversos parmetros de qualidade devem ser controlados durante o processamento para se atingir as propriedades especificadas, ou seja: a sanidade interna, a uniformidade da composio qumica, a ausncia de defeitos superficiais e a uniformidade microestrutural da matria-prima (lingote). As propriedades mecnicas e geomtricas so condicionadas pelos parmetros de processamento (temperaturas e tempos de aquecimento e resfriamento associados s intensidades de deformao plstica).

    Muitos dos tipos de produtos tm as suas propriedades especificadas - em funo da aplicao - em normas nacionais e internacionais. (Verificar a Norma da ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas sobre Chapas Finas a Quente de Ao-Carbono para Estampagem).

    No caso de chapas laminadas a frio para estampagem, so indicados os graus EM (estampagem mdia), EP (estampagem profunda) e EEP (estampagem extra-profunda resistente ao envelhecimento). A norma especifica: as condies de superfcie e de acabamento, com existncia ou no de proteo com leo; a apresentao de bordas aparadas ou no-aparadas; a quantidade e a natureza de defeitos superficiais; a intensidade da rugosidade, classificando o acabamento em brilhante, fosco e spero; as composies qumicas dos aos dos diferentes graus, indicando os teores mximos de elementos presentes; as propriedades mecnicas, indicando a sua manuteno aps a entrega do material por quinze dias para os graus EM e