Conflitos e Reflexões da pós modernidade na arquitetura do efêmero
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FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO
FACULDADES INTEGRADAS ESPÍRITO-SANTENSES
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO
GRACE RODRIGUES QUEIROZ ANDRÉA CURTISS ALVARENGA
CONFLITOS E REFLEXÕES DA PÓS-
MODERNIDADE NA ARQUITETURA
DO EFÊMERO
Vitória – Espírito Santo
2004
EDUCAÇÃO SUPERIOR
GRACE RODRIGUES QUEIROZ
ANDRÉA CURTISS ALVARENGA
CONFLITOS E REFLEXÕES DA PÓS-
MODERNIDADE NA ARQUITETURA
DO EFÊMERO
Vitória – Espírito Santo
2004
Monografia apresentada ao Centro
de Pós-Graduação da FAESA, como
requisito parcial para a obtenção do
certificado de conclusão do curso
de Pós-Graduação Lato Sensu em
Design de Interiores
Orientador: Marcia Roxana Cruces
Cuevas
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Presidente da Mantenedora
Antário Alexandre Theodoro
Diretor das Faculdades
Alexandre Nunes Theodoro Coordenadora do Centro de Pós-Graduação
Maria da Penha Cunha Bassul
GRACE RODRIGUES QUEIROZ ANDRÉA CURTISS ALVARENGA
CONFLITOS E REFLEXÕES DA PÓS-
MODERNIDADE NA ARQUITETURA
DO EFÊMERO
Professor Orientador
Profa. Marcia Roxana Cruces Cuevas
Nota de Aprovação
10,0 (Dez)
Monografia apresentada ao Centro de Pós-
Graduação da FAESA como requisito parcial para a
obtenção do certificado de conclusão do curso de
Pós-Graduação Lato Sensu em Design de Interiores
À Professora Marcia Roxana
Pelo incentivo durante todo o
período do curso.
AGRADECIMENTOS
À Professora Márcia Cruces, pelo incentivo e dedicação na
orientação da nossa monografia. Obrigada pela paciência e
amizade.
Aos Professores Jethero Cardoso e Janine Mattos por ter-nos
mostrado uma nova maneira de “ver” o design de interiores.
Aos funcionários da Secretaria e da biblioteca pela atenção
dedicada.
Ao meu esposo Lincoln e aos meus filhos Pedro, Henrique e
Isabella pela compreensão, incentivo e amor dedicados.
Agradeço também à minha mãe, Santa, pela ajuda e carinho
prestados em todo o tempo de meus estudos.
Grace
Aos meus pais, Affonso e Mara e à minha filha Manuela, pelo
carinho e paciência, me incentivando sempre nos meus estudos;
e aos meus amigos que me apoiaram em mais esta etapa
vencida da caminhada. Um agradecimento especial à minha
colega de monografia, Grace, por termos concluído este
trabalho.
Andréa
“Não basta sair da escola como um bom
arquiteto, importa também conhecer o mundo
em que vive”.
OSCAR NIEMEYER (1995)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....--...................................................................................... 09
2 AS RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE............................................. 11
2.1 DEFINIÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE ........................................................... 11
2.2 A SUBJETIVIDADE NA PÓS-MODERNIDADE .................................................. 17
2.3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO ....................................................................... 24
3 O ARQUITETO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR NA MODERNIDADE E PÓS-
MODERNIDADE ...................................................................................
28
3.1 A MORADIA E SUA PRODUÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL .................................. 28
3.2 O ARQUITETO COMO PRODUTO E PRODUTOR DA PÓS-MODENIDADE ......... 34
3.3 O ARQUITETO NA PÓS-MODERNIDADE FRENTE AS EXPECTATIVAS DE SEUS
CLIENTES....................................................................................................
37
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 40
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva analisar o lugar do profissional de arquitetura e seu
trabalho na arquitetura de interiores no mundo atual e compreender como se
configurou esta profissão ao longo dos tempos e como esta história se reflete nas
exigências atuais. Assim, também, procura entender como esse profissional deverá
posicionar-se frente às novas demandas, necessidades e expectativas sociais em
constantes mudanças para, a partir daí, contribuir com uma análise, compreensão e
despertar, tanto dos profissionais de arquitetura, como dos leitores em geral, acerca
da produção do espaço interno que demanda um pensar histórico e enfrentamento
das necessidades e movimentos atuais, tanto pessoais como sociais.
Também contribui para a compreensão das relações sociais atuais e, em
especial, a do profissional de arquitetura com o seu cliente que, mediados pelo
consumo, encontram-se numa constante tensão e conflito devido às exigências
instantâneas do ―estilo‖, ―tendência‖ e/ou ―moda‖.
Ao abordar a produção do espaço interno pelo arquiteto é destacada sempre
a interferência que o trabalho deste profissional provoca na realidade objetiva e
subjetiva construindo, desta forma, uma reflexão do processo de transformação
social e pessoal vividos atualmente, que contribui com o desenvolvimento do
conhecimento na área de arquitetura de interiores.
O trabalho tem como objetivo geral compreender como a arquitetura de
interiores configurou-se ao longo dos tempos e como essa história se reflete nas
exigências atuais do mercado de trabalho.
Para atingir o pretendido neste trabalho foram traçados os seguintes
objetivos específicos:
Analisar a pós-modernidade e suas implicações na subjetividade social e
individual;
Examinar a sociedade de consumo como conseqüência das mudanças
econômicas, políticas e sociais;
Analisar a história da atuação profissional do arquiteto de interiores,
focalizando a relação deste com seus clientes de forma geral;
Identificar a influência da pós-modernidade na definição dos conceitos
contemporâneos;
Identificar a posição do profissional de arquitetura de interiores na pós-
modernidade;
Identificar as demandas sociais apresentadas pelos clientes a este
profissional;
Refletir a respeito das implicações advindas da relação profissional – cliente
para entendimento de sua posição frente às novas demandas, necessidades e
expectativas sociais.
Essa pesquisa foi direcionada pela orientação qualitativa de investigação,
sendo especificamente documental e bibliográfica. Segundo Gil (1996), este tipo de
investigação advém de materiais já elaborados cientificamente e a partir dessa
premissa foram tomados como fontes livros de referências e publicações periódicas
da área da arquitetura.
2 AS RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS- MODERNIDADE
2.1 DEFINIÇÃO DA PÓS – MODERNIDADE
Antes de abordar a pós-modernidade é importante verifica as mudanças
sociais ocorridas entre os séculos XVIII e XIX, pois foi neste período que aconteceram
na Europa grandes mudanças nos meios de fabricação, distribuição e na organização
do trabalho. Estas transformações causaram um impacto tremendo sobre a sociedade
da época e ficaram sendo conhecidas como Revolução Industrial.
O termo se refere essencialmente à ―criação de um sistema de fabricação que
produz em quantidades tão grandes e a um custo que vai diminuindo tão
rapidamente que passa a não depender mais da demanda existente, mas gera o seu
próprio mercado‖ (HOBSBAWN, 2001, p.48).
O capitalismo florescia na forma de pequenas e numerosas empresas que
competiam por uma fatia do mercado, sem que o estado interferisse na economia.
Nessa fase (liberal), predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o
mercado deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da
demanda.
De acordo com Denis (2000) ocorreram, ao longo do século XVIII, pelo menos
quatro transformações fundamentais na forma de organização industrial.
Primeiro, a escala de produção começava a aumentar de modo significativo, atendendo a mercados maiores e cada vez mais distantes do centro fabril. Em segundo lugar, aumentava também o tamanho das oficinas e das fábricas, as quais reuniam um número maior de trabalhadores e passavam a concentrar um investimento maciço de capital em instalações e equipamentos. Terceiro, a produção se tornava mais seriada através do uso de recursos técnicos(...). Por último, crescia a divisão de tarefas com uma especialização cada vez maior de funções(...) (DENIS, 2000, p.26).
As modificações desse período foram muito mais de ordem social do que
tecnológica, advindo menos de novas maquinarias e mais de uma mudança na
organização do trabalho, da fabricação e da distribuição.
No século XIX houve um crescimento urbano inédito na história da
humanidade, com um grande número de pessoas em busca de empregos nas
fábricas que surgiam. A sociedade passou de uma economia agrária tradicional para
uma sociedade urbana, predominantemente assalariada. Esse ―trabalho assalariado
também colocava ao alcance de um público, maiores possibilidades até então
restritas à pequena elite‖ (DENIS, 2000, p.40).
Foucault (2000) estudou e situou nos séculos XVIII e XIX o que denominou de
sociedades disciplinares, que atingiram seu apogeu no início do século XX. Nessas
sociedades os indivíduos (soldados, alunos, trabalhadores) eram fabricados como
sendo parte da engrenagem de uma máquina. Como explica Deleuze (1995, p. 24),
... o indivíduo não cessa de passar de um espaço fechado a outro, cada um com suas leis: primeiro a família, depois a escola (‗você não está mais na sua família‘), depois a caserna (‗você não está mais na escola‘), depois a fábrica, de vez em quando o hospital, eventualmente a prisão.
Com o tempo, o homem foi sendo moldado de acordo com o ritmo do
sistema, transformando-o numa máquina eficiente de produção. Foucault (2000)
analisou muito bem o projeto ideal destes meios de confinamento, visível
especialmente na fábrica: concentrar; distribuir no espaço; ordenar no tempo;
compor no espaço-tempo uma força produtiva cujo efeito deve ser superior à soma
das forças elementares.
Uma das características mais importantes da segunda metade do século XIX
foi a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo
produtivo. Pela primeira vez, tendo como pioneiros a Alemanha e os Estados Unidos,
a ciência era apropriada pelo capital, sendo posta a serviço da técnica, ao contrário
da primeira revolução industrial, onde as tecnologias eram resultado de pesquisas
espontâneas e autônomas. Agora empresas eram criadas com o fim de descobrirem
novas técnicas de produção.
Outro fator importante desse período foi a transformação do Estado – Nação,
inspirado nos ideais da Revolução Francesa, garantindo a liberdade do indivíduo, a
igualdade de todos perante a sociedade política e o Estado e o direito de todos à
propriedade. A partir de então se forma o Estado – Nação moderno, no qual a
cidadania e a democracia são pilares políticos e o livre mercado seu pilar econômico.
O sentido de território foi mantido e, nos séculos posteriores, o Estado – Nação
tomou várias formas de acordo com cada sociedade e com a dinâmica do mercado
(BOCK, 1996).
No início do século XX surge o fordismo1 com o objetivo de racionalizar e
aumentar a produção. As transformações efetuadas pelo sistema fordista ocorreram
nos campos trabalhista, gerencial e mercadológico, e não somente na criação de sua
linha de montagem.
O fordismo constitui-se, sem dúvida alguma, em uma das ideologias mais influentes do séc. XX e continua, com razão, a ser tomado como importante paradigma histórico na definição dos grandes movimentos econômicos, sociais e culturais de toda uma época (HARVEY apud DENIS 2000, p. 151).
Assim, para vários autores, Ford foi responsável pela propagação de um
modelo sócio-econômico onde a produção em massa estimulava o consumo coletivo.
O aumento do poder de compra garantia uma democratização do consumo e, para
ele, o dinheiro adicional no bolso de operários os tornaria consumidores dos
automóveis da própria empresa (DENIS, 2000).
O panorama político na década de 1930 era dominado por grandes líderes
populistas, que não hesitavam em delegar ao Estado o papel de principal agente
econômico, social e cultural. Como resposta aos problemas do desemprego e da
ausência generalizada de poder de compra, os governos de vários países foram
assumindo políticas de empreendimento de obras públicas e de auxílio popular. O
Estado torna-se aí o grande gerenciador da sociedade.
No limiar da Segunda Guerra Mundial, as grandes embates ideológicos da época haviam sido essencialmente encampados pelo Estado, assumindo, por conseguinte uma feição nacionalista que colocava projeto estatal contra projeto estatal e que condicionava a contínua recuperação econômica de cada um à destruição do modelo político alheio. (DENIS, 2000, p.140)
Esta etapa do desenvolvimento social, baseado na industrialização, na
expansão da ciência e da tecnologia, no Estado – Nação moderno, no mercado
capitalista mundial, na urbanização e no controle social e político, foi o que
caracterizou o período chamado de modernismo.
1 Termo usado para designar um conjunto de princípios desenvolvidos pelo empresário norte-americano Henry
Ford, em sua fábrica de automóveis.
O paradigma cultural dessa modernidade constituiu-se entre o século XVI e
finais do XVIII coincidindo, aproximadamente, com a emergência do capitalismo
enquanto modo de produção dominante nos países da Europa. Nesse processo
podem ser distinguidos três períodos: o primeiro, cobrindo todo o século XIX, é
denominado como capitalismo liberal. O segundo, que vai do fim do século XIX até o
período após à Segunda Guerra Mundial, caracteriza-se pelo capitalismo organizado.
E o terceiro, que se inicia no final da década de sessenta, observa-se o capitalismo
financeiro, também designado de capitalismo desorganizado (SANTOSa, 1995).
Segundo Harvey (1992, p.135) ―o período que vai de 1965 a 1975 tornou cada
vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo2 de conter as
contradições inerentes ao capitalismo‖, isto é, a chamada ―era de ouro‖ do
capitalismo estava em decadência. Esse período era caracterizado, pelo menos nos
países centrais, pelo pleno emprego, altos salários, desenvolvimento da indústria,
dentre outras características (HOBSBAWN, 1995).
O indivíduo era disciplinado e o comportamento tinha um fim: o trabalho;
existia a idéia e a concepção de ―limite‖: o trabalho era um limite em si mesmo; a
escola, a fábrica, a família constituíam o mundo, e a ideologia, partido político ou a
prática religiosa davam a sensação de poder modificar esse mundo para melhor. A
história era percebida com um princípio e um fim, no caminho tudo era progresso e
evolução. É nesse período que a sociedade, sobretudo a da informação, começa a
passar por mudanças drásticas: o desenvolvimento do microchip, a massificação da
televisão, a implantação de multinacionais.
Isso levou a formar novas ―experiências nos domínios da organização
industrial e da vida social e política, mais―flexível‖, onde a ―rigidez‖ do fordismo não
seria mais possível. Segundo Harvey (1992), essa nova experiência ―se apóia na
flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e padrões de consumo‖
(p.140).
Dessa maneira, todo um contexto de pleno emprego e estabilidade, que era
característica da ―era de ouro‖ e toda uma ―lógica cultural‖ fordista, foi substituída
2 Política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande capital.
por uma outra, o capitalismo multinacional, onde se fez necessário uma nova
―expansão global da forma mercadoria‖ (JAMESON, 1996, p.5).
O consumo se tornou um fenômeno de larga escala e passou-se a viver numa
sociedade de descartáveis, onde o funcionalismo do modernismo, com sua
uniformidade e ideais coletivos, que mobilizavam as massas para as lutas políticas e
por melhores condições de vida, não atenderam mais. A sociedade se despolitizou, o
seu interesse não foi mais o coletivo, e sim o individual. A busca por símbolos de
prestígios como forma de construir uma identidade se tornou
importante.(SANTOSb,1986)
A produção de símbolos e signos foi uma marca fundamental desta nova
etapa da modernidade. O homem lida mais com imagens do que com coisas,
estamos na era da informática, da sociedade pós-industrial (SANTOSb, 1986).
As manifestações das mudanças sociais, econômicas e históricas, ocorridas
nas sociedades desde 1959, quando se convencionou dar por encerrado o
modernismo, receberam o termo de pós-moderno.
Simbólicamente o pós-modernismo nasce às 8h e4 15min. Do dia 6 de agosto de 1945, quando a bomba atômica fez boooom sobre Hiroxina. Ali a modenidade – equivalente à civilização industrial – encerrou seu capitulo. (...) Historicamente o pós-modernismo foi gerado por volta de 1955, para vir à luz lá pelos anos 60. Nesse período, realizações decisivas irromperam na arte, na ciência e na sociedade. Perplexos, sociólogos americanos batizaram a época de pós-moderna, usando termo empregado pelo historiador Toynbee em 1947.(SANTOS b, 1986, p.20).
São inúmeras as áreas nas quais o termo foi empregado para as mudanças
ocorridas: musica, artes plásticas, cinema, arquitetura, literatura, filosofia etc.
Falar do pós-modernismo significa abrir um leque de indagações. O próprio
termo pós-moderno não tem definição precisa considerando-se que pós significa algo
que vem depois. Neste caso ele seria uma negação do moderno, um rompimento das
características do moderno.
Isto torna o termo indefinido, pois não se trata de um rompimento com o
moderno e sim de uma atualização histórica, onde estamos apenas no limiar e não
em posição de vê-lo plenamente desenvolvido. (SANTOS b, 1986)
Segundo Gonçalves (2001) podem-se encontrar diferentes posições dentro do
estudo da pós-modernidade:
Um primeiro enfoque define a pós-modernidade como uma nova condição e não como um novo momento histórico. Esta nova condição seria caracterizada por alguns pontos básicos reveladores de modificações de uma condição anterior.(...) A análise realizada descreve as mudanças em si e não como reveladoras de um processo histórico em curso.
Um segundo enfoque, que também aponta modificações as vê entretanto, como decorrentes de um processo histórico, devendo aí ser entendidas, em seu caráter histórico e ideológico. (p.56)
Como representantes deste primeiro enfoque, temos Lyotard e Baudrilhard
(apud GONÇALVES, 2001). De acordo com esses pensadores as novas mudanças
ocorridas apontam para o surgimento de uma nova condição como resultado do
desenvolvimento do capitalismo. Uma sociedade dependente das novas formas de
tecnologia e do desenvolvimento dos signos e símbolos, constituindo um mundo sem
distinção entre realidade e aparência. Deste modo as relações sociais se dissolvem,
levando o fim das classes sociais e das ideologias.
Nesta condição social nega-se a existência de um processo histórico, pois os
projetos coletivos não teriam mais sentido, sendo a sociedade vista como um
conjunto anárquico.
No segundo enfoque temos Jamenson, Harvey e Souza Santos (apud
GONÇALVES, 2001).
(...) São autores que, dentro da pós-modernidade, fazem uma análise estrutural dessa condição, identificando na atualidade um movimento do capitalismo revelador não só de sua permanência, como apontava o outro enfoque, mas simultaneamente revelador de possibilidades de sua superação. Por esse aspecto, diferenciam-se do enfoque anterior, pois reafirmam em vez de negar, a historicidade permanente do desenvolvimento do capitalismo (p.60).
Este enfoque evidência o início do pós-moderno e sua relação com o
desenvolvimento do capitalismo. Diante desta perspectiva podemos ver novas
possibilidades e alternativas para a transformação da sociedade.
O sociólogo francês Maffesoli (Apud Teixeira, 2002) define a pós-modernidade
como sendo a junção do arcaísmo e da tecnologia, e isso estaria acontecendo
principalmente no Brasil e no Japão. O Brasil é uma espécie de ―laboratório da pós-
modernidade‖, onde os valores resgatados do passado estão em comunhão com as
mais avançadas tecnologias:
Para mim, a pós-modernidade é a sinergia entre arcaísmo e desenvolvimento tecnológico. E isso vemos claramente no Brasil e não vemos na Europa. Uma razão importante para o Brasil ser considerado um laboratório da pós-modernidade é que, através de sua geração jovem – que tem uma vitalidade muito forte –, o país dita novas formas de pensamento e comportamento do que são os valores pós-modernos. Assim como a Europa foi o lugar onde se desenvolveram os grandes valores modernos, o Brasil é onde identificamos esses novos padrões. O que eu identifico de pós-modernidade nessa civilização que está nascendo é o retorno dos valores do passado, mas que não são ultrapassados (p. 23).
Bauman (Apud PALLARES- BURKE, 2003, p.7) chama esta nova condição do
mundo de ―modernidade líquida‖
(...) pós-modernidade é para mim, modernidade sem ilusões. Diferentemente da sociedade moderna anterior, a que eu chamo de modernidade sólida, que também estava sempre a desmontar a realidade herdada, a de agora não faz com uma perspectiva de longa duração, com a intenção de torná-la melhor e novamente sólida. Tudo está agora sempre a ser permanentemente desmontado, mas sem perspectiva de nenhuma permanência. Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da ―liquidez‖ para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma.
Dentro deste contexto social, isto é, da intensificação dos movimentos
econômicos, políticos, culturais e simbólicos em âmbito mundial, deve-se questionar
se os indivíduos vêem aumentado as possibilidades para elaboração de suas
identidades.
2.2 A SUBJETIVIDADE NA PÓS-MODERNIDADE
A definição de subjetividade e de sujeito é muito ampla e em sua tese Lara
(2003) defende que a partir da ―compreensão da religião a subjetividade se
confundiu com a alma, com a divindade, que seria a subjetividade absoluta‖ e que
poderíamos definir o sujeito como alguém capaz de pensar e agir por conta própria.
Assim subjetividade vem a ser a condição de ser sujeito, ou seja, alguém que tenha
a capacidade de pensar , emocionar e agir.
Do ponto de vista da Psicologia Social, segundo Silva (1996), a subjetividade
pode ser vista por diferentes pontos, podendo ser epistemológica, paradigmática,
metodológica, prática, ética, estética e política e, dependendo da linha que se
escolha para definir subjetividade, implica em um percorrido na história dos saberes,
remontando à Grecia Antiga, nos pensamentos pré-socráticos e as fortes indagações
sobre a constituição do mundo.
Rolnik (1997, p.27) define a subjetividade como sendo ―o perfil de um modo de ser,
de pensar, de agir, de sonhar, de amar etc – que recorta o espaço, formando um
interior e um exterior‖.
A subjetividade pode então ser entendida como tudo aquilo que pertence ao
pensamento e ao desejo humano em composição dialética com o mundo físico, à
natureza dos objetos, o material, a objetividade. Com isso podemos observar o
homem e seu pensamento através do tempo reconhecendo o sujeito de cada
momento histórico e o mundo objetivo e material, através da história da
humanidade em um constante movimento dinâmico e dialético,
Uma pessoa é síntese do particular e do universal, ou seja, sua individualidade se constitui, necessariamente, na relação objetiva com o seu meio físico, geográfico, histórico e social que irão, através de suas ações, desenvolver o psiquismo humano constituído, fundamentalmente, pelas categorias: consciência, atividade e afetividade (LANE, 2002 , p.12).
Os fatores subjetivos e objetivos são que constroem o processo histórico, como
afirma Furtado:
Tanto o fato objetivo quanto o fato subjetivo integrarão um mesmo processo histórico e serão inseparáveis. Seja qual for a ―leitura que se faça desse processo –via objetividade ou subjetividade -,estaremos sempre trabalhando com essa dinâmica. A separação ―analítica‖ do processo terá necessariamente caráter metafísico.(2002, p.92)
No nosso mundo globalizado economicamente, onde não existem mais
fronteiras para as grandes industrias, os avanços tecnológicos e a comunicação, vive-
se a aproximação de troca das mais variadas culturas. As subjetividades constituem-
se na miscelânea de costumes, culturas e hábitos, independentes do lugar geográfico
de origem.
Dado o avanço tecnológico na industria, agricultura e comunicações poder-se-
ia acreditar no surgimento de um novo sujeito histórico mais consciente e
humanitário devido à aproximação dos diferentes ―mundos‖. Esperar-se-ia homens
conhecedores das necessidades e costumes dos diferentes países. Mas não é o que
se presencia. A perversidade da globalização em curso é apontada por Santos-c
(1997, p.17), que assinala:
A concentração e centralização da economia e do poder político, cultura de massa, cientificização da burocracia, centralização agravada das decisões e da informação, tudo isso forma a base de um acirramento das desigualdades entre países e entre classes sociais, assim como da opressão e desintegração do indivíduo.
Neste mundo globalizado nunca se produziram tantos bens industriais e
alimentícios e o que se vê é a existência de uma cruel miséria humana, criando um
abismo entre as diferentes classes sociais, marcado pela desigualdade social.
A sociedade do momento cria em seu seio os personagens que constróem e
compõem esta história, e suas caraterísticas principais são o hedonismo e
individualismo, típicos do sujeito pós-moderno. A partir da década de 50 começou-se
a ver o desaparecimento do homem coletivo e idealista da era moderna e assistiu-se
à indiferença do sujeito atual frente à situação mundial, marcada pela intolerância e
a indiferença. (BAUDRILLARD, 1995)
Essa mesma globalização que integra as diferentes culturas, quebrando
fronteiras recria um mundo universal fragmentando as identidades independentes do
país e da cultura, promovendo o desaparecimento de identidades locais, para dar
lugar a identidades globalizadas flexíveis e mutáveis ao sabor do mercado.
Sobre globalização Rolnik (1997, p.19) esclarece,
A globalização da economia e os avanços tecnológicos, especialmente a mídia eletrônica, aproximam universos de toda espécie, situados em qualquer ponto do planeta, numa variabilidade e numa densificação cada vez maiores. As subjetividades, independentes de sua morada, tendem a ser povoadas por afetos dessa profusão cambiante de universos; uma constante mestiçagem de forças delineia cartografias mutáveis e coloca em cheque seus habituais contornos.
Por outro lado existem movimentos que tratam de demarcar essas diferenças,
assegurando a identidade cultural. Assim, pode-se viver numa sociedade globalizada
onde as igualdades convivem com as diferenças, a tradição e a cultura local.
Para Rolnik (1997) essa troca de informações e costumes acarreta diferentes
formas de ver o futuro do homem e sua subjetividade em dois processos de destinos
opostos o enrijecimento de identidades locais por um lado e a ameaça de
pulverização total de toda e qualquer identidade coletiva por outro. Assim para
Guatttari (1992, p. 62) ―a subjetividade entrou no reino de um nomadismo
generalizado‖, pois com a globalização, se esta perdendo a referencia de território,
desta forma ―O ser humano contemporâneo é fundamentalmente desterritorizado‖.
Tanto faz estar em qualquer lugar do planeta que se estará ouvindo as mesmas
músicas, vendo os mesmos slongs, assistindo os mesmos filmes e programas
televisivos e vestindo as mesmas roupas, ou seja, os símbolos e signos passam a ser
universais e desprovidos de valores.
O sujeito pós –moderno consome vorazmente variados e incontáveis bens,
serviços, estereótipos e valores através da sedução da mídia. O que faz do consumo
em massa uma das características da sociedade atual.
Como afirma Santos-b (1986) a filosofia que impera na cultura pós –moderna
é o hedonismo- moral ou a busca do prazer, resultando um sujeito narcisista,
preocupado consigo mesmo e com uma valorização exagerada da própria aparência.
Esta última tem papel significativo na vida do sujeito pós-moderno tendo na mídia e
os meios de informação a fonte de divulgação destes valores sociais.
Assim, existe uma grande contradição entre a necessidade de ser diferente e
individual, sendo igual a todos, fazendo as mesmas atividades e investindo nos
mesmos modelos vendidos pelo mercado.
O sujeito pós-moderno tem referências de valores sociais pouco seguras, pois de
acordo com o sistema econômico vigente, existe sempre o ―novo‖, muitas vezes
desprovido destes valores mas com forte apelo de status, desprovendo ao sujeito de
sua identidade social e cultural.
Lasch (1986, p.23) afirma:
A identidade tornou-se incerta e problemática, não porque as pessoas ocupem mais posições sociais fixas – uma explicação baseada no senso comum que incorpora inadvertidamente a equação moderna entre identidade e papel social-, mas porque elas não mais habitam um mundo que exista independentemente delas.
Santos-b (1986) defende que a subjetividade do homem na pós-modernidade
sofre várias deserções, quando comparada com a o sujeito moderno. Essas
deserções seriam no âmbito social, histórico e se localizariam no trabalho, na família
e na religião.
Ao contrario do sujeito moderno, que era um ser coletivo e politizado, o
sujeito pós–moderno não tem um envolvimento profundo com as causas coletivas,
―participa de pequenas causas inseridas no cotidiano __ associações de bairro, defesa
do consumidor, minorias raciais e sexuais, ecologia‖ (SANTOSb, 1986, p. 25).
Rolnik (1997, p.23) acrescenta que o sujeito pós-moderno engaja-se em
causas pontuais e em alguns grupos minoritários, criando uma falsa idéia de
participação social e política.
(...) as ondas de reivindicação identitária das chamadas das minorias sexuais, étnicas, religiosas, nacionais, raciais etc. Ser viciado em identidade nessas condições é considerado politicamente correto, pois se trataria de uma rebelião contra a globalização da identidade. Movimentos coletivos desse tipo são sem dúvida necessários para combater injustiças de que são vítimas sem dúvida, mas, no plano da subjetividade, trata-se aqui de um falso problema.
Na sociedade pós-moderna existiria o descompromisso ou a postura resumida
na frase ―não tenho nada com isso‖, onde as instituições sociais sofreriam um
esvaziamento sustentado pelo individualismo e a falsa liberdade. Uma liberdade
irreal, pois entende-se que pode-se ser tudo o que quiser, apenas comprando e/ou
adotando os modismos oferecidos no mercado. As escolhas já não implicam
compromisso e conseqüências, o que faz que essas escolhas resultem numa
abstenção da escolha.
Todas essa inovação e acontece de forma acelerada, como nos descreve e
Herckert (2000, p.11) .
Tomados de assalto pelas circunstâncias (EPA! Quem é o ladrão?)Para onde foi? De onde vem?)por muitas vezes , imaginamos que nos resta acompanhar , aderir , acatar e participar de um certo modo de vida. Como se não fosse possível fazer e pensar diferente. Ser moderno implicaria em ler os últimos programas das linguagens informáticas, se apropriar e aplicar as mais novas técnicas e metodologias pedagógicas. Não seria óbvio tudo isso? A expectativa é correr para não virar sucata. A ordem do dia é estar antenado, para isso uma certa reciclagem das nossas práticas e pensamentos seria urgente, se não, estiraríamos ―por fora‖, descartados e descartáveis. Neste sentido, o imperativo atual nps aponta como caminho a adoção de movimentos flexíveis, móveis e adaptáveis a quaisquer situações.
Santos-b (1986) afirma que o sujeito pós-moderno perdeu o senso de
continuidade histórica, importando o ―aqui e agora‖, descartando o passado e o
futuro. Para este autor vivem-se todos os problemas do momento, do mundo atual,
das guerras e das crises econômicas, mas fora do contexto histórico, sem uma visão
historicista. O que importa é o momento, o hoje, o presente.
Nos acontecimentos políticos, existem uma descrença com os partidos e seus
personagens, o que faz que o sujeito pós-moderno se mantenha aparte dos
processos políticos e eleitorais. Neste último, hoje prevalece a performance dos
candidatos e não suas idéias e engajamento. Por outro lado, este mesmo sujeito,
apático, cobra resultados dos serviços administrativos, mas sem se envolver no
processo e nas causas sócio-políticas. Aparecem grupos que participam de pequenas
causas, sem um cunho ideológico, levantando bandeiras de defesas ecológicas,
feministas, homossexuais entre outros. Assim como grupos em que o sujeito se
identifica na maneira de ser, vestir e agir, como os yuppis, metaleiros, fanqueiros,
etc.
O homem pós-moderno vive em constante estresse, pois não passa de uma
peça dentro do sistema operacional de uma empresa ou industria. É o capitalismo
em sua expressão mais cruel, pois o valor do homem é o mesmo que de um objeto,
podendo ser substituído a qualquer momento. O que importa é a necessidade do
capital. Para isso, o sujeito pós-moderno vive se aprimorando profissionalmente,
sempre ―reciclando‖ conhecimentos, para acompanhar os avanços tecnológicos e
industriais.
O valor do trabalho e a satisfação profissional dão lugar a uma eterna
competição e preocupação com relação ao futuro e a insegurança pela presença
constante do desemprego.
No trabalho, o sujeito pós-moderno é um sujeito polifônico, como Gonçalves
(2001, p.68):
(...)Entretanto, o sujeito que esta fase pós-moderna requer é outro. Num momento do capitalismo em que o trabalho se modifica e em que o desenvolvimento tecnológico implica exclusão, o sujeito deve estar apto a trabalhar em várias coisas, deve ter conhecimentos gerais, deve ser generalista. Na verdade, esse sujeito não pode ser formado no eixo do trabalho, ou da valorização do trabalho. Mais do que o trabalho, é o símbolo que tem valor; o domínio vem do conhecimento, a máquina que domina é a máquina do conhecimento, ou melhor, da informação.
Na sociedade pós-moderna a família deixa de ser o foco central da sociedade
delegando à escola um papel fundamental na formação desse indivíduo. O
comportamento social deste núcleo se modifica. Podemos perceber nas relações
afetivas que passam a ser mais rápidas, pois prevalecem as ambições pessoais.
No mundo contemporâneo, as mudanças ocorridas na família relacionam-se com a perda do sentido da tradição. Vivemos numa sociedade onde a tradição vem sendo abandonada como em nenhuma época da História. Assim, o amor, o casamento, a família, a sexualidade e o trabalho, antes vividos a partir de papeis preestabelecidos, passam a ser concebidos como parte de um projeto em que a individualidade conta decisivamente e adquire cada vez maior importância social. (SARTI, 2002, p.43)
Casam e descasam com mais facilidades, as famílias são menores e os filhos
ficam programados para depois do sucesso profissional do casal. Em primeiro lugar
está a profissão, o reconhecimento social, depois a construção de uma família. Novas
formas de convivência familiar são constituídas após as separações (que podem ser
várias), com filhos, enteados e novos filhos, criando um novo conceito de família.
Nos defrontamos com múltiplas possibilidades de relacionamentos, fruto das
mudanças nos comportamentos e papéis dos componentes deste núcleo. O controle
da reprodução permite uma nova posição da mulher na esfera privada e pública,
dando outra dimensão à autoridade patriarcal, pois com essas mudanças as relações
familiares passam a ser ―fundadas no principio da reciprocidade e da hierarquia‖
(SARTI, 2002, p.43).
Por outro lado, vemos as relações sendo banalizadas e, muitas vezes, tratadas
como ―produtos descartáveis‖. A família tradicional dá lugar a relações abertas, tipo
―amizade colorida‖, sem criar grandes vínculos, pois as o sujeito pós-moderno não
mede conseqüências, vive de momentos presentes, e para o prazer. Também vive o
conflito que a sociedade coloca, pois a dimensão da individualidade é de grande
apelo na atualidade.
O problema da nossa época é, então, o de compatibilizar a individualidade e a reciprocidade familiares. As pessoas querem aprender, ao mesmo tempo, a serem sós e a ―serem juntas‖. Para isso, têm que enfrentar a questão de que, ao se abrir espaço para a individualidade, necessariamente se insinua uma ou outra concepção das relações familiares. (SARTI, 2002, p.43)
Bauman (Apud PALLARES- BURKE, 2003, p.7) fala de seu estudo sobre ―Liquid
Love‖ que trata sobre as relações humanas e completa o pensamento de Sarti (2002)
(...) eu exploro o impacto dessa situação nas reações humanas, quando o individuo se vê diante de um dilema terrível: de um lado, ele precisa dos outros como do ar que respira, mas, ao mesmo tempo, ele tem medo de desenvolver relacionamentos mais profundos, que o imobilizem num mundo em permanente movimento.
Enquanto à religião o pós-modernismo é o túmulo da fé. Surgem várias seitas
e credos menos coletivos, existindo uma crescente procura por métodos de
meditações, zenbudismo, yoga, esoterismo, astrologia, entre outros, com forte apelo
para a dimensão individual. As religiões e seitas se voltam para a ―salvação
individual‖, e o conforto pessoal. (SANTOSb, 1986, p. 23)
(...) o homem pós-moderno não é religioso, é psicológico,(...) Há toda uma cultura psi fazendo a cabeça da moçada: psicanálise, psicodrama, gestalt, bioenergética, biodança, e outras .
Rolnik (1997, p.22) completa este pensamento destacando que
Há ainda a droga oferecida pela literatura de auto –ajuda, que lota cada vez mais as prateleiras das livrarias, ensinado a exorcizar os abalos das figuras em vigência. Essa categoria inclui a literatura esotérica, o boom evangélico e as terapias que prometem eliminar o desassossego, entre as quais a neurolinguística, programação behaviorista de última geração.
Desta forma, a condição pós-moderna é resultado da transformação do
espiritual (o homem moderno) em elementos de mercado, como afirma Baudrillard
(1995). O sujeito pós-moderno é fragmentado dadas múltiplas experiências que lhe
são apresentadas e expostas.
2.3 RELAÇÕES DE CONSUMO E DESCARTÁVEIS
A sociedade burguesa está completando a terceira etapa de sua expansão, a
primeira ficou conhecida como colonialismo, a segunda foi o imperialismo do século
XX e, atualmente, a globalização. Mandel (1980), em seu livro o Capitalismo Tardio,
examina este novo momento da sociedade e considera ser a terceira etapa da
evolução do capital, sendo esta etapa a fase do capitalismo mais pura se comparada
com qualquer outro momento que a precedeu. Segundo a sua análise o capitalismo
tem atravessado três momentos fundamentais, que são o capitalismo de mercado, o
estado monopolista ou do imperialismo, e atual momento, que denomina pós-
industrial, que também pode ser chamado de capitalismo multinacional.
Marx, no Manifesto Comunista analisou o caminho traçado pela burguesia e
prognosticou a globalização do capital e a conversão de tudo em mercadoria
vendável como caminho inevitável do sistema.
Com o mercado globalizado, os empresários já não têm fronteiras para vender
suas mercadorias. Junto com esta universalização dos produtos assisti-se a uma
diversificação de mercadorias sem precedentes. A lógica do capitalismo é a
transformação de tudo em mercadoria, superando as fronteiras.
O consumo é um componente essencial da industrialização. Quando a
produção era artesanal, produzia-se somente na medida exigida pela procura, com a
revolução industrial iniciou-se uma nova relação entre produção e consumo.
Em um sistema em que a prosperidade depende de um consumo sempre crescente, a idéia de produtos descartáveis passa não somente a fazer sentido, mas se torna uma necessidade. Quanto mais se joga fora, mais oportunidade se gera para produzir de novo o mesmo artigo, o que ajuda a manter uma taxa positiva de crescimento (DENIS, 2000, p.151).
A produção se torna um sistema infinito, não sendo acabado e duradouro, não
esperando um consumidor. Por isso, aceleram-se os ciclos de moda provocando a
procura pelo novo e estimulando as necessidades artificiais. De acordo com Santos-b
(1986), são projetadas formas atraentes, embalagens apelativas, embelezando o
cotidiano saturado por objetos de sedução que passam a ter uma duração pré-
determinada, pois os apelos pelo novo os tornam rapidamente obsoletos e
descartáveis.
Na sociedade de consumo tudo se converte em signos, tornando-se
mercadoria. O que consume-se são as imagens, signos, mensagens, sobretudo as
divulgadas pelos meios de comunicação de massa. Para Baudrillard (1995), no início,
o signo era a representação de uma realidade básica; depois se mascara e perverte a
realidade básica,
Vivemos desta maneira ao abrigo dos signos e na recusa do real.(...) A imagem, o signo, a mensagem, tudo o que consumimos, é a própria tranqüilidade selada pela distância ao mundo e que ilude, mais do que compromete, a alusão violenta ao real (BAUDRILLARD, 1995, p.25).
Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si, torna-se um
poço sem fundo, onde o desejo nunca é satisfeito. A ânsia do consumo perde toda
relação com as necessidades reais do homem e o que importa é alcançar a
felicidade, que é medida por objetos e signos que evidenciam o êxito social. ―A
felicidade constitui a referência absoluta da sociedade de consumo, revelando-se
como equivalente autêntico da salvação‖ (BAUDRILLARD, 1995, p.47).
Apesar das diferenças de classes, todos são levados a consumir não só os
bens necessários, mas também os que são supérfluos. Aí se encontra a insatisfação
em que o homem pós-moderno vive.
O princípio democrático acha-se então transferido de uma igualdade real, das capacidades, responsabilidades e possibilidades sociais, da felicidade (no sentido pleno da palavra) a igualdade diante do objeto e outros signos evidentes do êxito social e da felicidade. È a democracia do ―standing‖, a democracia da TV, do automóvel da instalação estereofônica, democracia aparentemente concreta, mas também inteiramente formal, correspondendo para lá das condições e desigualdades sociais à democracia formal inscrita na constituição. Servindo uma à outra de mútuo alibi, ambas se conjugam numa ideologia democrática global, que mascara a democracia ausente e a igualdade impossível de achar (BAUDRILHARD, 1995, p.48).
O sujeito, apresentado no capitalismo como sendo autônomo e portador de
uma independência individual, tem sua liberdade condicionada ao capital. O
capitalismo estabelece as regras e manipula a conduta do indivíduo, o seu poder de
escolha já não determina sua liberdade, pois quando escolhe determinadas
mercadorias está simplesmente servindo de instrumento ao interesse econômico,
que já preestabeleceu as opções. O movimento produção-consumo em que está
mergulhado o homem atual, impede-o de ver com clareza a própria exploração e a
perda da liberdade.
Da mesma maneira que o povo é exaltado pela democracia, contanto que fique por aí ( ou seja, que não intervenha na cena política e social), assim se reconhece aos consumidores a soberania, com a condição de não tentarem influenciar a cena social. O Povo são os trabalhadores, desde que sejam desorganizados. O Público, a opinião pública são os consumidores, contanto que se contentem em consumir (BAUDRILHARD, 1995, p.86).
3 O ARQUITETO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR NA MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE
3.1 A MORADIA E SUA PRODUÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL
A casa tem grande importância para o homem, pois suas vidas estão ligadas a ela.
É nela que se busca a intimidade e o conforto. É onde se abriga das intempéries e
se descansa.
Segundo Bachelard (1989, p. 24 – 36),
(...) a casa é nosso canto no mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo ... abriga o devaneio, protege o sonhador, permite sonhar em paz ... é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade ... é um ponto de referência de onde sempre partimos e para o qual sempre desejamos retornar.
Dovey (Apud MALARD, 2002,p. 9-10) nos oferece uma maneira interessante
de distinguir entre os dois conceitos de casa e lar. ―Casa é um objeto e lar é uma
relação emocional e significativa entre as pessoas e suas casas. A casa é onde se dá
a experiência do lar‖. Então ela seria o resultado de um processo no qual os fatores
sociais, econômicos e técnicos determinam a sua configuração. Demarcando as
fronteiras do espaço, ela delimita o público e o privado. A casa relaciona-se
intimamente com o homem, pois sua configuração depende do modo de vida de seu
habitante, podendo incorporar uma dimensão simbólica quando este lhe dá
personalidade, transformando-a em algo próprio e pessoal. Já o lar é o reflexo de
seus habitantes, é um conjunto de ritos pessoais e rotinas quotidianas onde se integram as memórias, imagens, passado e presente.
Os conceitos de casa e lar são distintos, mas sempre utiliza-se a palavra casa
para referir-se à habitação privada.
Cabanas, domus, castelos, villas, palazzos, são denominações históricas do espaço unifamiliar. São representativas da arquitetura mais elementar, mais próxima e utilizável pelo ser humano, considerada a sua real terceira pele, logo após a epiderme e a roupa que o protege do meio ambiente onde vive. Entretanto, haverá uma palavra que, independente das classes sociais, sintetizará toda noção de habitação privada: a casa (MIQUE, 2002, p. 01)
Até a era feudal a moradia era pública, ali se morava e se faziam negócios.
Não existia a idéia de intimidade, de lar. A partir do séc. XVII, com a importância que
se começava a dar à família, surge o conceito de espaço privado.
Os progressos do sentimento da família seguem os progressos da vida
privada, da intimidade doméstica. O sentimento de família não se desenvolve quando
a casa está muito aberta para o exterior. (...) Por muito tempo, as condições da vida
cotidiana não permitiram este entrincheiramento necessário da família (ARIÉS, 1981,
p.238).
As mudanças nas atitudes para com as crianças foram importantes para que
este entrincheiramento acontecesse. Elas voltaram para suas casas, de onde eram
afastadas por volta de sete anos, para serem aprendizes com outras famílias. Isso veio
fortalecer o sentimento de família e de infância (ARIÉS, 1981).
De acordo com Rybczynski (1999) a privacidade e a domesticidade, as duas
grandes descobertas da Era Burguesa surgiram nos Países Baixos burgueses, e até o
século XVIII elas já haviam se espalhado pelo resto da Europa Setentrional
Os holandeses adoravam suas casa. (...) ―Home‖ (lar) significava a casa, mas também tudo o que estivesse dentro ou em torno dela, assim como as pessoas e a sensação de satisfação e contentamento que emanava de tudo isto (RYBCZYNSKI, p.73).
Assim, Ariès (1981, p.265) complementa
No século XVIII, a família começou a manter a sociedade à distancia, a confiná-la a um espaço limitado, aquém de uma zona cada vez mais extensa de vida particular. A organização da casa passou a corresponder a essa nova preocupação de defesa contra o mundo.
De acordo com este autor o conforto data deste momento histórico e estava
associado à idéia de intimidade, discrição e isolamento.
Neste momento a casa deixa de ser só um abrigo e começa a se tornar um
lar. As novas tecnologias do século XVIII foram um fator importante para o
surgimento do conforto no sentido físico e a intimidade, para o conforto
emocional. A organização da casa passa a ter uma grande importância e, com ela,
a necessidade de profissionais que ajudassem nesta tarefa.
Neste período os arquitetos estavam mais interessados na aparência dos
prédios do que no seu funcionamento, davam mais atenção ao seu exterior do que
ao interior. Ele era considerado um artista e não um técnico, e preferiu ignorar as
novas tecnologias e continuar seguindo o conhecimento convencional. A arrumação
geralmente ficava a cargo do dono da casa. E estes, com o numero cada vez maior
de objetos que eram necessários para mobiliar uma casa, se viam necessitando da
ajuda de alguém. Este auxílio veio por meio do estofador, que originalmente se
preocupava somente com os tecidos e com os estofamentos, mas ampliou os seus
serviços para incluir toda a decoração interna. Quando os arquitetos perceberam que
tinham perdido o controle sobre a decoração da casa, já era tarde, os estofadores,
ou decoradores de interiores, já tinham dominado o conforto interno. (RYBCZYNSKI,
1999).
No século XIX, alguns arquitetos já consideravam o planejamento interno e as
novas exigências de conforto e tecnologia em seus projetos. No entanto, a aparência
externa ainda predominava e faziam com que o interior fosse subordinado às
considerações arquitetônicas e estéticas. Isto levou a uma desconfiança contra os
arquitetos, como pode ser visto em afirmações de algumas teóricas da administração
do lar.
Frederick aconselhava a dona de casa a dar projetos detalhados do que fosse necessário ao arquiteto, cuja função ela limitava a sugerir melhorias à aparência externa da casa e a preparar os desenhos técnicos para o construtor. Outra autora advertia que a dona de casa deveria esperar a oposição do arquiteto, visto que ―algumas coisas já são feitas a tanto tempo – quase séculos – que as assim chamadas novas idéias da dona de casa freqüentemente são consideradas impraticáveis‖. (...) Tais afirmações indicavam que a fenda entre a abordagem visual do arquiteto e a abordagem prática do engenheiro do século XIX - afinal estas mulheres se denominavam ―engenheiras domésticas‖, e não ―arquitetas domesticas‖ – havia aumentado ( RYBCZYNSKI, 1999, p.174).
Analisando os projetos de arquitetos da virada do século XIX e as relações que
eles estabeleciam com seus clientes pode-se perceber a pouca importância que eles
davam para os desejos e necessidades do cliente, dando maior importância à
concepção estética do projeto por eles idealizado. Assim, Wright (Apud PAIM, 2000)
explicava para os proprietários da casa que a intervenção ou participação deles
depois da obra concluída, somente se limitaria a uma simples troca de flores dos
jarros que estariam em locais já determinados por ele no projeto. ―Decoração? Sim.
Pode ser, flores frescas em belos vasos no nicho reservado para elas‖ (p.60).
Percebe-se nesta citação que o projeto era concebido na distancia da realidade de
quem iria usufruir dele, ou seja, o próprio morador. O arquiteto não permitia
interferências e nem questionamentos sobre o seu trabalho, seus projetos eram
concebidos na solidão do seu momento de inspiração artística.
Assim também Henri Van de Velde (Apud PAIM, 2000) projetou uma casa para
sua família, incluindo a mobília, as luminárias, a louça os talheres e até mesmo as
roupas de sua esposa, ou seja, tudo dependia da concepção do artista e nada
poderia intervir na proposta estabelecida.
Em Le Corbusier (Apud RYBCZYNSKI, 1999) percebe-se uma tendência de
generalizar as necessidades humanas, pois para ele as mesmas seriam universais,
podendo ser uniformizadas. Ele visualizava a casa como um objeto produzido em
massa, ao qual o indivíduo deveria se adaptar. A tarefa do projetista era identificar a
solução correta, uma vez que ela tivesse sido encontrada, cabia às pessoas se
adaptarem a ela.
Arquitetos desse período estavam muito mais preocupados em romper com os
estilos de reconstituição histórica, com os ornamentos e em propor um estilo mais
adequado ao século XX, que estivesse mais de acordo com a nova era mecânica.
Esqueciam, porém que o conforto e a eficiência não estavam vinculados a estilos.
RYBCZYNSKI (1999, p. 169) coloca que não somente Le Corbusier,
... Mas a maioria dos arquitetos não entendeu ou não quis aceitar, que o advento da tecnologia doméstica e da administração do lar havia rebaixado toda a questão do estilo arquitetônico a uma posição subordinada.
Houve então um desnudamento do interior, que ficou cada vez mais limpo,
branco e vazio. Com isso toda a idéia de aconchego foi eliminada juntamente com os
vestígios do passado de seus moradores. A casa, que deveria servir ao indivíduo que
nela vai viver não só o presente, pois segundo Bachelard (1989, p. 70) ―os
verdadeiros bem-estares têm um passado (...) e todo um passado vem viver, pelo
sonho, numa casa nova‖. Fica portanto distante e desconhecida para o seu morador.
Os arquitetos modernistas consagraram a funcionalidade e a eficiência,
descartando os aspectos simbólicos, que pertencem à dimensão do desejo. ―Ao
romper completamente com as formas e as aparências do passado, eles também
puseram de lado uma das principais características do morar: aderência ao passado‖
(DOVEY, apud MALARD, 2002, p. 12).
Contra o estilo universal modernista, surge uma reação dos arquitetos ditos
pós-modernistas. Eles se voltam para o passado, o ornamento é recuperado, as
formas retas e limpas dão lugar às curvas, à fantasia e ao ecletismo.
A marca típica da arquitetura pós-moderna é a combinatória linhas e formas curvas com linhas e formas oblíquas. Dá em desequilíbrio, decoração, movimento, bizarrice, fantasia, alegria (o oposto do modernismo) (SANTOSb,
1986, p.45).
O pós-moderno na arquitetura nasce de um movimento revisionista, surgido
desde a década de 50, com a crítica à arquitetura moderna e seu determinismo
funcional. É considerado uns dos movimentos mais controversos da cultura do século
passado. Segundo Spandoni (2003) sua proposta era contradizer o que os valores do
movimento moderno no qual cada gesto que processava só fazia sentido como
espelho invertido do antecessor (p. 01).
Não nasce de um movimento organizado, nem de manifestações intelectuais.
É antes fragmentos de um conjunto de ações simultâneas que, de forma quase
orgânica, vão se compondo para enfrentar o desgaste do moderno, em curso desde
o segundo pós-guerra.
Foram três os movimentos de maiores destaques que contestaram o
modernismo na arquitetura: o pós-modernismo historicista, que surge com Venturi,
Jencks; o high-tech, de Piano, Roger e Foster e o desconstrutivismo, com Eisenman,
Tchumi, Hadid e outros.
Pereira (2003, p. 01), arquiteto e professor, defende que a arquitetura pós-
moderna surge na década de 50, a partir de alguns textos de Rossi e Venturi,
comentando
O rótulo pós-moderno veio emprestado de outras áreas, e surgiu inicialmente na crítica literária, e na arquitetura ganhou relevância pelo trabalho manifesto do crítico inglês Charles Jencks . O pós-modernismo, para ele, era um guarda-chuva a abrigar tudo o que não parecesse moderno(...)importa é entender as operações que legitimaram o pós-moderno e lhe deram alguma coerência como movimento, ou, ao menos, que delimitaram o caráter revisionista em curso desde os anos 1950. Falamos dos textos instauradores do arquiteto italiano Aldo Rossi e do norte-americano Robert Venturi, respectivamente(...)
Malard (2003) defende que o fundamento teórico do pós-modernismo na
arquitetura surge com Venturi, de 1966, quando publica seu livro ―Complexity and
contradiction in architecture, no qual ele apresenta uma série de "preferências
visuais em oposição ao modernismo".
A arquitetura brasileira, principalmente da década de 80, foi a fiel
representante da arte e do pensamento pós-moderno. A arquitetura pós-moderna
aparece com significativa expressão em Minas Gerais, representada pelos arquitetos
Éolo Maia, Silvo Podestá e Jó Vasconcellos .
Malard (2003, p.01) comenta sobre eles:
No Brasil, algumas notáveis manifestações pós-modernistas estão em Minas Gerais, protagonizadas por Éolo Maia, Silvio Podestá e Jô Vasconcellos. Esses arquitetos aderiram com muita criatividade e bom gosto ao pluralismo estético dos anos 70 e 80. A viva coloração tropical que imprimiram às suas obras certamente contribuiu para aproximá-las do gosto popular
Entende-se como high-tech a uma estetização da dimensão tecnológica da
arquitetura. É uma arquitetura onde os elementos estruturais, mecânicos, as
tubulações, assim como as infra-estruturas da obra são aparentes. Adotando um dos
princípios do movimento moderno, que pregavam a ―sinceridade‖ dos materiais.
O desconstrutivismo foi outro movimento que veio dar fôlego ao pós-moderno
historicista, e tem Kenzari como seu representante na arquitetura. Esta tendência
caracteriza-se por ser figurativo e fora de alinhamento. Malard (2003, p. 02)
comenta.
Os pilares se desmodulam, as vigas fogem dos apoios, as paredes resistem à verticalidade, as lajes se dobram e desdobram para não serem mais planas e a ortogonalidade dos espaços é radicalmente banida. Os eixos, esses são explícitas referências ante-cartesianas e sempre estão presentes na composição arquitetônica, em alguma direção tomada somente para assegurar que nada combine a 90º.
É uma arquitetura desconcertante e figurativa, de grande apelo à imaginação.
Sua aplicação foi possível com ajuda da computação gráfica na arquitetura, pois seus
projetos são de grande complexidade. Talvez a computação gráfica esteja para o
desconstrutivismo assim como a geometria plana esteve para o Renascimento, e o
desenho projetivo para o neoclassicismo. Não existindo compromisso com o racional,
o que prevalecerá é a estética, o figurativo e, por que não, o burlesco. Pode-se dizer
que o movimento pós-moderno como movimento teve uma duração de três décadas
aproximadamente, surgindo na década de 60 ate os anos 90.
3.2 O ARQUITETO COMO PRODUTO E PRODUTOR DA PÓS-MODENIDADE
Na produção de uma boa arquitetura é necessário entender que existe uma
interação entre os aspectos físicos, as necessidades psicológicas e os elementos
simbólicos.
O Arquiteto tem sob sua responsabilidade poderosos instrumentos condicionadores e, ao gerar espaços coletivos ou individuais, estará sempre interferindo, por gerações, na vida das pessoas (CASÉ, 1988, p. 02).
Botta (Apud WAMBIER, 1998, P. 04), arquiteto suíço e uns dos maiores nomes
da arquitetura atual, defende que a arquitetura tem que ter um senso do passado,
que não pode nascer do ―nada‖ para um ―nada‖, existe uma história, defende que o
arquiteto trabalha com a memória, de um povo , de uma cultura, da civilização.
(...) A arquitetura não é um fungo, que nasce do nada. Vem da luta do passado. Quando faço uma catedral, uma igreja, ela vem de mil , 2 mil anos de história. O território sobre o qual trabalha o arquiteto é o da memória . Acho que não fazemos mais que reinterpretar o que já foi feito. Com a sensibilidade do nosso tempo. Com a tecnologia do nosso tempo. Com as imagens do nosso tempo.(...)
Em sua entrevista Botta (Apud WAMBIER, 1998) critica a arquitetura
globalizada que, segundo ele, é sem identidade, onde cada prédio, cada edificação
pode ser ―qualquer coisa‖ e defende a arquitetura da identidade destacando que ―a
globalização é a arquitetura do fim da identidade. É a homogeneização. A morte. A
fabrica é igual a casa, a igreja ao escritório , tudo igual. É a morte da variedade‖.
Botta (Apud WAMBIER, 1998, p. 04) afirma que arquitetura é um produto
cultural e que deve obedecer às leis do mercado, mas preservando sua autonomia
por ser expressão humana. E finaliza criticando a arquitetura pós-moderna, ao
afirmar que ―é tudo muito frágil, efêmero, descartável‖.
Esta é uma época onde se consagrou a estetização, a novidade e o modismo.
Tudo se torna obsoleto muito rápido, inclusive os movimentos e estilos (moda)
dentro da arquitetura e decoração, fazendo parte de uma tradição de rupturas que
se iniciou com o modernismo e sua sede de progresso, mudanças e revoluções.
Tornou-se um hábito e, a partir daí, se estabeleceu uma tradição de negação,
fazendo da novidade o maior valor de um projeto ou obra.
A palavra de ordem do moderno foi, por excelência, criar o novo. (...) Mas o paradoxo ressurge: o que poderia ficar como valor autêntico do novo, na idolatria moderna, envolvendo-a e forçando-a a uma constante renovação, senão aquilo que Nietzsche — que atacava a modernidade chamando-a de decadência — denominava o eterno retorno, isto é o retorno do mesmo que se dá como um outro — a moda ou o kitsch? O conformismo do não-conformismo é o círculo vicioso de toda vanguarda. O novo não é, porém, mais simples que o moderno ou a modernidade: o culto melancólico que lhe dedicava Baudelaire parece muito diferente do entusiasmo futurista das vanguardas. (...) O eterno retorno do mesmo pode também acelerar seu ritmo, como no caso da moda, que nunca se encontra muito longe do moderno. Hoje — mas Baudelaire já constatava esse fenômeno — o moderno torna-se logo ultrapassado; opõe-se menos ao clássico, como intemporal, que ao fora de moda, isto é o que passou da moda, o moderno de ontem: o tempo acelerou-se‖ (BRANDÃO, 2003, p. 03)
Na pós-modernidade, que tem o pluralismo como sua marca registrada, os
arquitetos continuaram a esquecer de que seus projetos deveriam promover um
ambiente mais humano, capaz de melhorar a vida do homem.
Não são referências históricas diluídas o que faltam às casa das pessoas. O que se precisa é de uma sensação de domesticidade, e não de mais dados; uma sensação de privacidade, e não de janelas neopalladianas; um ambiente aconchegante, e não capitéis de gesso. O pós-modernismo se interessa mais pela história (na maior
parte das vezes, obscura) da arquitetura do que pela evolução das noções culturais que a história representa (RYBCZYNSKI, 1986, p.226).
A "estetização da arquitetura" é um fator da atualidade, um modo de se ver e
pensar a arquitetura destituída de seu compromisso com a satisfação de
necessidades simbólicas, éticas e funcionais. Assim, ela passa a ser vista apenas
como forma esvaziada do habitar, produzida para exposições, museus e revistas
especializadas, e não para um ser humano. A concepção do espaço construído é
fundamental para traduzir os sentimentos de identidade de seus usuários.
Baudrillard (1995) faz uma reflexão da questão da configuração do mobiliário
como imagem fiel das estruturas familiares e sociais de uma época. A disposição dos
móveis e dos objetos na casa personificam as relações humanas. Cada peça, com
uma função e simbolismo, integra as relações pessoais no universo semi-fechado da
família.
Borges (Apud MENDES, 1995) considerado arquiteto de interiores, afirma que
hoje a arquitetura de interiores trabalha a diversidade, a identidade cultural de cada
lugar. Defende não um abrasileiramento da arquitetura de ambientes, mas sua
regionalização, dada a diversidade cultural do nosso país.
O Brasil, ao contrário da maioria dos países da Europa, tem dimensões continentais. Nós temos várias culturas. Nossa geografia é vasta. Quero dizer com isso que o Rio de Janeiro tem semelhanças com o Espirito Santo. Mas Estados de outras regiões possuem características complemente diferentes, que influenciam no tipo de arquitetura que é feito lá. Eu não diria que há um abrasileiramento da arquitetura. O que há aqui é uma postura defendida não apenas por mim. Grandes mestres da arquitetura mundial falaram da identificação que a arquitetura precisa ter com o local onde esta sendo implantada (p.03).
Como a vida pós-moderna priva pela individualização, e a arquitetura
globalizada, como definiu Botta (Apud WAMBIER, 1998) é a morte da identidade, vê-
se surgir com maior força o arquiteto de interiores que trabalha para o espaço desse
novo sujeito no seu privado, na sua individualidade.
Vários arquitetos e designers de interiores acreditam que a pós-modernidade
foi uma revitalização da arquitetura de interiores, pois a massificação da produção
arquitetônica e de interiores teria condenado o design moderno a vulgarição através
da produção em massa e do desenvolvimento dos meios de comunicação. Como
atualmente o design de interiores pretende ser um produto único e personalizado ele
se recupera e ganha fôlego com a crescente procura de personalização no
tratamento de interiores.
A indiferenciação e a hostilidade da paisagem urbana estimulam um maior
investimento da subjetividade na decoração. A casa torna-se um refúgio para sonhos
individuais alimentados pelo cinema, rádio, fotonovelas e revistas de variedades. O
pós-moderno recupera o valor comunicativo da arquitetura e do design, colocando
em cheque os determinismos funcionalistas.
Pode-se dizer que o arquiteto se encontra em busca de novas referências para
nortear as formas espaciais, como define Malard (2003, p. 04)
A arquitetura parece hoje, procurar o seu tempo não sabe mais o que ela vai mediar, pois ainda não criamos as formas que podem mediar as relações virtuais, se é que elas podem ser criadas. Não sabemos, ainda, quais são as espacializações da sociedade da informação. Não sabemos como ela se espacializa, se é que ela se espacializa. (...) Diante da estupefação que nos causam as maravilhas da tecnologia, criamos formas desespacializadas, mimetizando um mundo virtual onde o espaço não mais importa. Nesse processo, o espaço de nossa experiência, o espaço vivido, é substituído por alegorias computadorizadas, primas irmãs dos simulacros do Século XIX. Espero que, como aqueles, estejam prenunciando uma nova ordem arquitetônica, que dará fim ao delírio e lugar para um mundo melhor.
3.3 O ARQUITETO NA PÓS-MODERNIDADE FRENTE AS EXPECTATIVAS DE SEUS
CLIENTES
―Não basta sair da escola como um bom arquiteto, importa também conhecer
o mundo em que vive‖ (NIEMEYER, 1995).
Os profissionais de arquitetura de interiores trabalham com uma dimensão
privilegiada do espaço construído, pela estreiteza dos vínculos corporais e simbólicos
que estabelecem com seus usuários. Transformar sonhos em realidade é uma tarefa
um tanto árdua, porém são esses sonhos o que a maioria das pessoas querem
quando resolvem contratar um arquiteto para objetivar os seus desejos.
Certa vez uma amiga me disse: Realizadora de sonhos é o que você é! Desde então esta frase me marcou… Realizar sonhos... Aprender a captar idéias, vontades e ideais e transformá-los em realidade. Esse é o verdadeiro desafio do arquiteto de interiores (PENTEADO, 2003, p.03).
Outro fator importante para que se tenha um bom projeto é a afinidade entre
cliente e profissional. Hábitos, gostos, hobbies e vontades são alguns dos elementos
que compõem o perfil do cliente e, neste momento, a receptividade e franqueza
proporcionam um relacionamento íntimo, capaz de tornar o cliente em amigo. Na
revista ―Arquitetura e Construção‖ identificou-se uma referência que identifica a
expectativa de um pessoa quando procura um arquiteto:
Acabei de comprar um terreno para construir a casa em que vou morar. É um projeto de vida, dinheiro que a gente guarda a um tempão. Tenho expectativas acumuladas, sonhos, aspirações. Quem será o profissional que pode me dar isso? Quero que ele não tenha resistência à minha expectativa. (...)Espero não encontrar um arquiteto impermeável, cheio de convicções. Espero cumplicidade, parceria. Quem sabe não tem um bacana que não vai me achar caipira e vai fazer a casa que estou esperando. Estou construindo minha história, quero final feliz (SILVÉRIO, 2002, p. 22).
O arquiteto tem a função de interpretar de maneira criativa as necessidades
do cliente e sua relação com o ambiente. Um contato rico entre o profissional e o
cliente é indispensável, deve haver uma coleta de dados e da história familiar que
envolve os hábitos, a rotina, o lazer e as paixões e fantasias que existem nas
pessoas.
O arquiteto deve, por conseguinte, receber orientação do sociólogo, do filósofo, do político, do antropólogo, mas também deve saber prever, ao dispor formas que correspondam às exigências desses estudiosos, a falência das suas hipóteses e a cota de erro nas suas investigações. Cumpre-lhe, em todo o caso, saber que sua tarefa é antecipar e acolher, não promover, os movimentos da história (ECO, 1977, p. 247).
Ainda em outra publicação da área de arquitetura encontram-se
esclarecimentos acerca a relação entre o profissional e o seu cliente
... projetos são viagens conjuntas, afirma (arquiteto). Eu perguntava como faríamos cada coisa, propunha idéias e ele sempre acreditava nelas. O cliente devolve a gentileza: Fiquei muito feliz com o resultado (VAINER, 2003, p. XX).
Cabe ao arquiteto conciliar a liberdade de seu projeto com as necessidades ou
as imposições de seu cliente. ―É fato comprovado que a boa arquitetura não depende
apenas de um bom arquiteto: um bom cliente é quase tão importante‖ (MAHFUZ,
2001, P. 05). Senão tem-se um profissional que somente prestará serviços
significando uma rendição quase total aos desejos do cliente e às imposições do
mercado e a conseqüente perda da dimensão cultural da arquitetura. A arquitetura
consumida na fogueira das vaidades (editorial)
Neste sentido a Arquitetura é um serviço; não porém, porque nos dê aquilo que dela esperamos, e sim porque, para dar aquilo que dela não se espera, estuda o sistema das nossas expectativas possíveis, sua responsabilidade, sua compreensibilidade e aceitabilidade, a possibilidade que têm de relacionar-se com outros sistemas dentro da sociedade (ECO, 1977, p.233).
4 CONCLUSÃO
Vive-se um tempo de grandes mudanças onde o homem, obcecado pelo
culto à personalidade individual, relaciona-se com o mundo através da fama e do
espetáculo, preocupando-se mais com sua imagem do que com o valor de seus
projetos, confundindo o que é inovação com qualidade.
O profissional da arquitetura de interiores não está imune a esta realidade e
encontram-se no mercado de trabalho arquitetos que trocam o objetivo profissional
de contribuir com a ordem dos espaços que abrigam as atividades humanas,
potencializando relações orientadas pela ética do respeito e do compromisso com a
urgência de atender a última moda instantânea.
Lidam-se com os espaços dos clientes como se fossem uma geometria inerte
desconsiderando que esses lugares íntimos/privados são vivos, possuem história e
recriam a complexidade das relações sociais cotidianas.
É preciso que haja uma interação entre o homem e os espaços que o
abrigam, e os arquitetos devem usar o processo criativo, conduzido pelas
necessidades sociais e culturais, para potencializar espaços cada vez mais
multiplicadores de subjetividades desejantes.
Acostumou-se a imitar e copiar o que vem de fora. Em vez de produzir,
simplesmente, se reproduz e/ou imita-se o que já foi vendido como o padrão de
sucesso.
A moda em alta rotatividade e o mundo cada vez mais globalizado parecem
ter esvaziado os sentidos e tirado o valor da experiência com as formas e espaços,
isto é, a capacidade de observação, experimentação e crítica.
A capacidade crítica ou questionamento torna-se fundamental para os
profissionais de interiores nesse momento onde impera a falsa estética, as
tendências e as imposições do mercado.
Precisa-se de mais ética e menos estética. Ética das relações sociais e do
compromisso com a identidade cultural e condições ou características locais, usando
as inovações tecnológicas como ferramenta que potencializem a construção de
sentidos qualitativos, artísticos e históricos.
Para Alberti (Apud BERRIEL, 2004), humanista e arquiteto renascentista do
século XIV, a arquitetura se faz projetando racionalmente e realizando praticamente,
fundindo o processo mental com o pragmático, um processo onde a beleza, a ciência
e a funcionalidade estejam vinculadas entre si, articulando um sistema capaz de
ordenar o cosmos, de modo a ―fazer feliz a existência‖ e construindo lugares ―para
viver de modo digno e agradável‖.
Assim considera-se a arquitetura uma função social, um instrumento ético e
moral para atuar e agir no complexo e difícil mundo, para atingir a modernidade a
partir da tradição e a superação da história.
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