Condutividade Elétrica Do Solo

114

Click here to load reader

description

Esta apostila descreve diversos métodos para se apurar a resistividade do solo em diferentes condições antropizadas.

Transcript of Condutividade Elétrica Do Solo

  • DESENVOLVIMENTO E ENSAIOS DE UM SISTEMA DE MENSURAO DE CONDUTIVIDADE ELTRICA DO SOLO

    ANDR LUIS SACOMANO PINCELLI

    Dissertao apresentada Escola Superior de

    Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em Agronomia, rea de Concentrao: Mquinas Agrcolas.

    P I R A C I C A B A

    Estado de So Paulo - Brasil

    Setembro - 2004

  • ii

    DESENVOLVIMENTO E ENSAIOS DE UM SISTEMA DE MENSURAO DE CONDUTIVIDADE ELTRICA DO SOLO

    ANDR LUIS SACOMANO PINCELLI Engenheiro Mecnico

    Orientador: Prof. Dr. Jos Paulo Molin

    Dissertao apresentada Escola Superior de

    Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de

    So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em

    Agronomia, rea de Concentrao: Mquinas

    Agrcolas.

    P I R A C I C A B A

    Estado de So Paulo - Brasil

    Setembro 2004

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    DIVISO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAO - ESALQ/USP

    Pincelli, Andr Luis Sacomano Desenvolvimento e ensaios de um sistema de mensurao de condutividade eltrica

    do solo / Andr Luis Sacomano Pincelli. - - Piracicaba, 2004. 96 p. : il.

    Dissertao (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2004. Bibliografia.

    1. Condutividade eltrica do solo 2. Solos-propriedades fsico-qumicas I. Ttulo

    CDD 631.432

    Permitida a cpia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte O autor

  • iii

    A

    Deus Fora maior de todo ser humano.

    Aos meus pais,

    Clerior Pincelli e Maria Joanita Sacomano Pincelli,

    pelos inmeros bons exemplos que propiciaram, os quais me

    impulsionaram na batalha do dia-a-dia

    E minha namorada Fernanda, pelo amor, pelo apoio e, principalmente, pela compreenso nos momentos

    difceis.

    Dedico

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    De maneira simples, mas, sincera, quero registrar meus

    agradecimentos e a gratido s seguintes pessoas e entidades que me

    permitiram desenvolver este trabalho:

    Ao Professor Dr. Jos Paulo Molin, pela oportunidade, orientao e

    confiana em mim depositada.

    CAPES pelo fundamental suporte concedido na forma de bolsa e ao

    CNPq pelo suporte financeiro ao projeto.

    Aos Professores Drs. Marcos Milan e Walter Francisco Molina Junior

    do Departamento de Engenharia Rural da ESALQ/USP e ao pesquisador

    Ladislau Marcelino Rabello da EMBRAPA Instrumentao Agropecuria,

    responsveis pelas sugestes e orientao na correo desta dissertao.

    Ao professor Dr. Pedro Valentim Marques, do Departamento de

    Economia da ESALQ/USP, pelo incentivo na realizao deste trabalho.

    Ao Departamento de Engenharia Rural da ESALQ/USP, pela

    oportunidade concedida.

    empresa ENALTA Inovaes Tecnolgicas, pelo grande apoio na

    realizao das etapas fundamentais deste trabalho.

    A todos os funcionrios do Departamento de Engenharia Rural, em

    especial ao Eng. Juarez Ren Amaral e ao Tc. ureo Santana de Oliveira,

    pela colaborao no desenvolvimento dos sistemas eletrnicos e ao Francisco

    de Oliveira, pela colaborao na montagem do prottipo.

    A todos aqueles que, de alguma forma, contriburam para a realizao

    deste trabalho, principalmente aos colegas de ps-graduao, muito obrigado.

  • v

    SUMRIO

    Pgina

    LISTA DE FIGURAS................................................................................ vii

    LISTA DE TABELAS................................................................................ x

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS............................................. xi

    RESUMO................................................................................................. xiv

    SUMRIO................................................................................................ xvi

    1 INTRODUO.............................................................................. 1

    2 REVISO DE LITERATURA......................................................... 3

    2.1 Resistividade e Condutividade Eltrica......................................... 3

    2.2 Agricultura de preciso.................................................................. 10

    3 MATERIAL E MTODOS.............................................................. 18

    3.1 Desenvolvimento do sistema de Resistncia Eltrica do Solo..... 19

    3.1.1 Equipamentos mecnicos............................................................. 19

    3.1.2 Equipamentos eletrnicos............................................................. 22

    3.1.2.1 Sistema de alimentao e mensurao da condutividade

    eltrica.......................................................................................... 22

    3.1.2.2 Sistema de aquisio e armazenamento da condutividade

    eltrica.......................................................................................... 25

    3.1.3 Montagem do equipamento........................................................... 27

  • vi

    3.2 Desenvolvimento do sistema Duas Pontas................................... 30

    3.2.1 Equipamentos eletrnicos do sistema Duas Pontas..................... 31

    3.3 Sistema utilizado como referncia nas comparaes.................. 34

    3.4 Caracterizao das reas experimentais e recursos auxiliares.... 36

    3.5 Atributos do solo............................................................................ 36

    3.6 Anlise dos dados......................................................................... 37

    3.6.1 Anlise descritiva e exploratria ................................................... 38

    3.6.2 Anlise geoestatstica ................................................................... 39

    3.6.3 Interpolao e mapas de superfcie.............................................. 40

    3.6.4 Anlise da correlao e da regresso........................................... 41

    4 RESULTADOS E DISCUSSO..................................................... 43

    4.1 Os sistemas desenvolvidos........................................................... 43

    4.2 Anlise descritiva e exploratria dos dados amostrados.............. 45

    4.3 Anlise geoestatstica dos dados amostrados.............................. 50

    4.4 Mapas de superfcie dos dados interpolados................................ 52

    4.5 Anlise da correlao dos dados interpolados.............................. 64

    4.6 Anlise da regresso linear mltipla dos dados interpolados....... 68

    5 CONCLUSES............................................................................. 73

    ANEXOS................................................................................................. 74

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................ 87

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    1 Amostra retangular para definir a resistividade eltrica atravs da

    resistncia eltrica do material........................................................... 3

    2 Amostra de um material para definir a resistividade eltrica do

    material pelo mtodo das duas pontas............................................... 4

    3 Amostra de um material para definir a resistividade eltrica pelo

    mtodo das quatro pontas.................................................................. 5

    4 Semivariograma experimental, modelo terico e o semivariograma

    tpico e seus componentes (adaptado de Oliveira, 2003).................. 16

    5 Fluxograma da metodologia de desenvolvimento dos sistemas....... 18

    6 Acoplamento das rodas limitadoras aos discos de corte................... 20

    7 Disco de corte na vista em perfil e decomposio das suas reas... 21

    8 Esquema do circuito regulador da tenso......................................... 22

    9 Esquema do circuito de mensurao da resistncia eltrica do

    solo.................................................................................................... 23

    10 Forma simplificada do circuito de mensurao da resistncia

    eltrica do solo.................................................................................. 23

    11 Coletor de dados do sistema Resistncia Eltrica do Solo.............. 26

    12 Tela do computador mostrando o sistema Resistncia

    Eltrica do Solo:(A) identificao dos parmetros, (B) coleta de

    dados............................................................................................... 27

  • viii

    13 Desenho esquemtico do equipamento composto pela barra

    porta-ferramentas e os quatro discos de corte............................... 27

    14 Esquema do isolamento dos discos de corte por placas de PVC.. 28

    15 Estrutura mecnica acoplada a barra porta-ferramentas que

    permitiu a conduo do prottipo por arrasto................................ 28

    16 Disposio final da barra porta-ferramentas do sistema

    Resistncia Eltrica do Solo.......................................................... 29

    17 Linhas do campo eltrico formado na rea da semicircunferncia

    entre dois eletrodos........................................................................ 30

    18 Tela do computador mostrando o sistema Duas Pontas:

    (A) identificao dos parmetros e (B) coleta dos dados.............. 32

    19 Disposio final da barra porta-ferramentas do sistema Duas

    Pontas........................................................................................... 33

    20 Equipamento comercial Veris 3100 : (A) disposio do

    equipamento para funcionamento e (B) coletor de dados............. 34

    21 Disposio dos seis discos no equipamento Veris 3100 ........... 35

    22 Prottipo montado demonstrando a disposio dos discos de

    corte na barra porta-ferramentas................................................... 43

    23 (A) e (B) isolamento e fixao do disco de corte na barra porta-

    ferramentas................................................................................... 44

    24 (A) suporte de conduo por arrasto e (B) circuito estabilizador

    de tenso dos sistemas RES e DP montado em uma placa......... 44

    25 Mapas de superfcie das propriedades do solo: (A) umidade a

    0,1 m, (B) umidade a 0,3 m, (C) argila a 0,1 m e

    (D) argila a 0,3 m.......................................................................... 54

    25 Mapas de superfcie das propriedades do solo: (E) areia a

    0,1 m, (F) areia a 0,3 m, (G) silte a 0,1 m e (H) argila a 0,3 m..... 55

    26 Mapas de superfcie de condutividade eltricado solo: (A) Veris

    de 0 a 0,3 m, (B) Veris de 0 a 0,9 m, (C) DP a 0,6 m e 27 ohm

    e (D) DP a 0,6 m e 47 ohm............................................................ 56

  • ix

    26 Mapas de superfcie de condutividade eltricado solo: (E) DP a

    0,6 m e 220 ohm, (F) RES a 27 ohm e 0,3m, (G) RES a 27 ohm

    e 0,6 m e (H) RES a 27 ohm e 0,9 m............................................ 57

    27 Mapas de superfcie das propriedades do solo: (A) umidade a

    0,1 m, (B) umidade a 0,3 m, (C) argila a 0,1 m e

    (D) argila a 0,3 m.......................................................................... 59

    27 Mapas de superfcie das propriedades do solo: (E) areia a

    0,1 m, (F) areia a 0,3 m, (G) silte a 0,1 m e (H) argila a 0,3 m..... 60

    28 Mapas de superfcie de condutividade eltricado solo: (A) Veris

    de 0 a 0,3 m, (B) Veris de 0 a 0,9 m, (C) DP a 0,6 m e 27 ohm

    e (D) DP a 0,6 m e 47 ohm............................................................ 61

    28 Mapas de superfcie de condutividade eltricado solo: (E) DP a

    0,6 m e 220 ohm, (F) RES a 27 ohm e 0,3m, (G) RES a 27 ohm

    e 0,6 m e (H) RES a 27 ohm e 0,9 m............................................ 62

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Pgina

    1 Indicadores da anlise descritiva para as amostras de umidade

    (%),textura (%) e para o sistema de referncia (mS.m-1)............. 45

    2 Indicadores da anlise descritiva para o sistema Resistncia

    Eltrica do Solo (mS. m-1) e Duas Pontas (mS. m-1).................... 46

    3 Sistemas de mensurao de condutividade eltrica do solo e os

    respectivos pontos discrepantes detectados ............................... 49

    4 Resultado da anlise geoestatstica para as variveis umidade,

    textura e condutividade eltrica do solo na rea 1....................... 50

    5 Resultado da anlise geoestatstica para as variveis umidade,

    textura e condutividade eltrica do solo na rea 2....................... 51

    6 Matriz dos coeficientes de correlao de Pearson entre as

    variveis em estudo na rea 1..................................................... 66

    7 Matriz dos coeficientes de correlao de Pearson entre as

    variveis em estudo na rea 2..................................................... 67

    8 Modelos de regresso linear mltipla para as variveis de CE

    na rea 1..................................................................................... 69

    9 Modelos de regresso linear mltipla para as variveis de CE

    na rea 2..................................................................................... 70

  • xi

    LISTA ABREVIATURAS E SMBOLOS

    = Resistividade eltrica. R = Resistncia eltrica.

    L = Comprimento da amostra.

    I= Corrente eltrica.

    A = rea da seo transversal.

    ADP = rea da semicircunferncia.

    dXdV = Relao entre a leitura de tenso e a distncia entre os eletrodos.

    V = Leitura de tenso eltrica.

    S = Distncia entre eletrodos.

    = Condutividade eltrica. r = Raio do disco de corte.

    = ngulo de formao do setor circular.

    b = Base do tringulo.

    h = Altura do tringulo.

    Re = Resistncia eltrica padro.

    Ve = Potencial eltrico entre os eletrodos.

    a = Alcance.

    Co/Co+C1 = Relao entre Efeito pepita e Patamar.

    AI = Amplitude Interquartlica.

    AM = Amplitude.

    ARE 10 = amostra de Areia a 0,1 m.

  • xii

    ARE 30 = amostra de Areia a 0,3 m.

    AG 10 = amostra de Argila a 0,1 m.

    AG 30 = amostra de Argila a 0,3 m.

    AS = Assimetria.

    C = Patamar.

    CE = Condutividade eltrica.

    Co = Efeito pepita.

    CV = Coeficiente de variao.

    CT = Coeficiente de curtose.

    DGPS = Sistema de Posicionamento Global Diferencial.

    DP = Sistema Duas Pontas.

    DP 27 = Sistema Duas Pontas com 0,6 m de distncia entre eletrodos e 27 ohm

    de resistncia padro.

    DP 47 = Sistema Duas Pontas com 0,6 m de distncia entre eletrodos e 47 ohm

    de resistncia padro.

    DP 220 = Sistema Duas Pontas com 0,6 m de distncia entre eletrodos e 220

    ohm de resistncia padro.

    DV = Desvio padro.

    GPS = Sistema de Posicionamento Global.

    LS = Limite Superior.

    LI = Limite Inferior.

    QS = Quartil Superior.

    QI = Quartil Inferior.

    MA = Mximo.

    ME = Mdia.

    MD = Mediana.

    MI = Mnimo.

    MO = Moda.

    RES = Sistema Resistncia Eltrica do Solo.

  • xiii

    RES 30 = Sistema Resistncia Eltrica do solo com 0,3 m de distncia entre

    eletrodos e 27 ohm de resistncia padro.

    RES 60 = Sistema Resistncia Eltrica do solo com 0,6 m de distncia entre

    eletrodos e 27 ohm de resistncia padro.

    RES 90 = Sistema Resistncia Eltrica do solo com 0,9 m de distncia entre

    eletrodos e 27 ohm de resistncia padro.

    SIG = Sistema de Informao Geogrfica.

    SIL 10 = amostra de Silte a 0,1 m.

    SIL 30 = amostra de Silte a 0,3 m.

    UM 10 = amostra de Umidade a 0,1 m.

    UM 30 = amostra de Umidade a 0,3 m.

    VR = Sistema de referncia de 0 a 0,3 m.

    VP = Sistema de referncia de 0 a 0,9 m.

  • xiv

    DESENVOLVIMENTO E ENSAIOS DE UM SISTEMA DE MENSURAO DE CONDUTIVIDADE ELTRICA DO SOLO

    AUTOR: ANDR LUIS SACOMANO PINCELLI

    Orientador: Prof. Dr. Jos Paulo Molin

    RESUMO

    A correlao entre as medidas de condutividade eltrica e propriedades

    fsico-qumicas do solo uma das linhas de estudo que vem sendo exploradas

    onde os conceitos de agricultura de preciso esto mais avanados. Este estudo

    teve como objetivo avaliar a eficincia do monitoramento da condutividade eltrica

    do solo a partir do desenvolvimento de dois sistemas. O primeiro, denominado de

    Resistncia Eltrica do Solo (RES), consiste em definir a condutividade eltrica

    de um material atravs de uma amostra de dimenses conhecidas, para medir

    a sua resistncia eltrica utilizando dois eletrodos. O segundo, denominado de

    Duas Pontas (DP), consiste em definir a condutividade eltrica de um material

    aplicando uma corrente eltrica em uma amostra para medir a alterao no

    potencial eltrico, gerado pelo meio em que a corrente eltrica transitou,

    utilizando dois eletrodos dispostos linearmente. Para a avaliao dos resultados

    obtidos pelos sistemas desenvolvidos foi utilizado como referncia um sistema

    comercial de origem norte americana e algumas propriedades do solo. Os

  • xv

    equipamentos de condutividade eltrica do solo foram aplicados em duas reas

    pertencentes Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e em poca

    distintas. Na rea 1, com 4,97 ha, o levantamento dos dados foi feito na primeira

    quinzena de Agosto de 2003 e na rea 2, com 1,3 ha, o levantamento dos dados

    foi feito na segunda quinzena de Dezembro de 2003. Aps a aquisio dos dados

    experimentais foram feitas anlises estatsticas descritivas e exploratrias,

    anlises geoestatsticas, construo de mapas de superfcie, anlises de

    correlao e regresso linear mltipla a fim de avaliar os sistemas. De acordo

    com a metodologia desenvolvida e anlises de funcionamento dos

    equipamentos, foi possvel verificar que os sistemas construdos para a coleta,

    transformao e armazenagem dos dados foram eficientes no levantamento

    dos pontos amostrais. No entanto os sistemas de condutividade eltrica do solo

    no apresentaram a eficincia desejada no monitoramento das propriedades do

    solo em ambas as reas experimentais. Quando os sistemas desenvolvidos

    foram comparados ao sistema comercial, tambm foi possvel observar que no

    houve correlao no monitoramento, o que sugere a necessidade da

    continuidade e aprofundamento no desenvolvimento desses sistemas.

  • xvi

    DEVELOPMENT AND FIELD EVALUATION OF A SOIL ELECTRICAL CONDUCTIVITY MEASURING SYSTEM

    AUTHOR: ANDR LUIS SACOMANO PINCELLI

    Adviser: Prof. Dr. Jos Paulo Molin

    SUMMARY

    The correlation between electrical conductivity and physical-chemical

    properties of the soil is one of the research areas that have been explored where

    precision agriculture concepts are more advanced. This study had the objective of

    evaluating the soil electrical conductivity mapping efficiency of different measuring

    systems. The first one, known as Electrical Resistance of the Soil consists in

    defining the electrical conductivity of any given material using a sample of known

    dimensions, to measure its electrical resistance using two electrodes. The second

    one, the Two Edges method, consists in defining the electrical conductivity of a

    material applying an electric current in a sample to measure any change on the

    electric potential, generated by the environment in which the electric current

    transited through, using two linearly displaced electrodes. To evaluate the results

    obtained by the developed systems some soil properties and a commercial soil

    electrical conductivity measuring system where used as guidelines. The soil

    electrical conductivity equipments mapped two fields, at the Escola Superior de

  • xvii

    Agricultura Luiz de Queiroz. In Field 1 (4,97 ha) the data collecting process took

    place in the first fortnight of august 2003, and, in Field 2 (1,3 ha), the sampling

    process took place in the second fortnight of December 2003. After the acquisition

    of the experimental data, descriptive and exploratory statistical and geostatistical

    analysis were made, electrical conductivity surface maps were obtained and

    correlation and multiple linear regression analysis, in order to evaluate both

    systems, were made. In accordance to the developed methodology and analysis

    of the equipment, it was possible to check that the systems developed to acquire,

    transform and store the data were efficient in mapping the sampling points.

    However, the soil electrical conductivity systems did not show the desired

    efficiency in mapping the soil properties in both experimental fields. When the

    developed systems were compared to a commercial one it was also possible to

    observe that there was no correlation in the measurements, which suggests the

    necessity of new developments on these systems.

  • 1

    1 INTRODUO

    Os elevados nveis de produtividade agrcola esto associados ao uso

    intenso de insumos. Diante isto, h a necessidade de se encontrar novos

    conceitos que permitam reduzir o uso de insumos e conseqentemente dos

    custos de produo e o impacto ambiental e incrementar a produo. A busca a

    esse novo meio de produo agrcola tem levado ao conceito de agricultura de

    preciso, conceito segundo o qual o gerenciamento da atividade agrcola feito

    levando-se em conta a variabilidade espacial e temporal da cultura alm das

    demais variveis no processo de produo.

    O conceito de gerenciamento localizado defendido pela agricultura de

    preciso faz uso de novas tecnologias, que esto constantemente sendo

    geradas para a investigao de fatores relacionados ao ambiente solo-planta-

    atmosfera. O gerenciamento localizado em uma lavoura exige a construo de

    mapas das propriedades do solo para identificar a variabilidade da

    produtividade e os fatores a ela relacionados. Esses mapas so gerados com

    grande quantidade de dados, conseguidos atravs de tcnicas de amostragem

    em grande nmero.

    As tcnicas de amostragem em grande nmero provocaram o

    surgimento de uma srie de sistemas, alguns em carter experimental e outros

    j em utilizao comercial, na tentativa de desenvolver tcnicas de medidas

    indiretas das propriedades do solo atravs do estudo de sistemas pticos,

    eletromagnticos, eletroqumicos, mecnicos, fluxo de ar e acsticos

    (Adamchuk & Jasa, 2003). Os pases mais desenvolvidos nesses conceitos

    vm utilizando h alguns anos a condutividade eltrica como um indicador no

  • 2

    monitoramento de caractersticas do solo como textura, umidade, salinidade,

    entre outras.

    A condutividade eltrica definida como sendo a capacidade que um

    material possui em conduzir corrente eltrica e a sua utilidade na rea agrcola

    provm do fato que os diferentes componentes fsicos existentes no solo,

    apresentam diferentes nveis de condutividade eltrica (Lund et al.,1998).

    Sendo assim, o mapeamento da condutividade eltrica tornou-se uma

    ferramenta eficiente na investigao do comportamento e da variabilidade

    espacial de propriedades do solo, pois permite identificar reas com

    propriedades semelhantes e delimitar unidades de gerenciamento diferenciado

    (Lck & Eisenreich, 2001). Na agricultura de preciso os sistemas de

    condutividade eltrica so aplicados prioritariamente como indicadores

    qualitativos de propriedades fsico-qumicas de solo.

    Alguns pases que desenvolveram as tcnicas de mapeamento da

    condutividade eltrica esto utilizando comercialmente alguns sistemas na

    investigao da distribuio espacial dos componentes do solo e,

    posteriormente, na aplicao localizada de insumos. No Brasil, as linhas que

    envolvem a aplicao destes conceitos esto sendo realizadas de forma

    experimental.

    Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um sistema de

    mensurao e mapeamento da condutividade eltrica do solo e avaliao do

    seu desempenho no monitoramento, em condio de campo, utilizando como

    parmetro de referncia um sistema de condutividade eltrica comercial, por

    contato, de origem norte americana e algumas propriedades do solo.

  • 3

    2 REVISO DE LITERATURA 2.1 Resistividade e Condutividade Eltrica

    Segundo Runyan (1975), uma das formas de se definir a resistividade

    eltrica de uma material utilizar uma amostra retangular de dimenses

    conhecidas (Figura 1) para medir a sua resistncia eltrica, com dois eletrodos,

    conforme a relao:

    LAR = (1)

    onde: = resistividade eltrica (.m); R = resistncia eltrica (); L = comprimento da amostra (m);

    A = rea seo transversal (m2).

    ELETRODO A ELETRODO B

    L

    A

    R

    Figura 1 - Amostra retangular para definir a resistividade eltrica atravs da resistncia eltrica do material

  • 4

    A resistividade eltrica tambm pode ser determinada atravs do

    mtodo que utiliza dois eletrodos na captao dos dados, denominado mtodo

    das duas pontas. A configurao desse sistema consiste em colocar dois

    eletrodos em linha, afastados por uma distncia (S), e aplicar uma corrente

    eltrica (I) na amostra (Figura 2), a fim de medir a alterao no potencial eltrico

    (V), gerada pelo meio em que a corrente eltrica transitou. Este mtodo

    definido pela equao:

    dxdV

    IA = (2)

    onde: = resistividade eltrica (.m); I = corrente eltrica (A);

    A = rea da seo transversal (m2);

    dXdV = relao entre a leitura de tenso e a distncia entre os eletrodos.

    S

    I

    I

    V

    ELETRODO BELETRODO A

    Figura 2 - Amostra de um material para definir a resistividade eltrica pelo

    mtodo das duas pontas

    A forma mais utilizada para medir resistividade eltrica atravs do

    mtodo que utiliza quatro eletrodos em sua configurao, denominado mtodo

  • 5

    das quatro pontas. A geometria habitual desse sistema colocar os quatro

    eletrodos em uma linha (Figura 3) e utilizar espaamentos iguais (S) entre os

    mesmos. A corrente eltrica (I) passada pelos dois eletrodos externos e o

    potencial eltrico (V) medido pelos dois eletrodos internos. A equao desse

    mtodo representada por:

    ( ) ( )

    +++

    =

    322131

    1111

    2

    SSSSSS

    IV

    (3)

    onde: = resistividade eltrica (); V = leitura de tenso (v);

    I = corrente eltrica (A);

    321 ,, SSS = distncias entre eletrodos (m).

    S1

    S3S2

    I

    I

    ELETRODOS

    V

    Figura 3 - Amostra de um material para definir a resistividade eltrica pelo

    mtodo das quatro pontas

    Os espaamentos entre os eletrodos , e so respectivamente

    as distncias em entre o primeiro e o segundo, o segundo e o terceiro e o

    1S 2S 3S

  • 6

    terceiro e o quarto eletrodos. Quando as distncias ( ) entre os

    eletrodos forem iguais, a equao 3 fica reduzida a:

    321 ,, SSS

    IVS= 2 (4)

    onde: = resistividade eltrica (); V = leitura da tenso (v);

    I = corrente eltrica (A);

    S = distncia entre os eletrodos (m).

    A partir da definio da resistividade eltrica de um material a sua

    condutividade eltrica facilmente encontrada, pois so relaes inversamente

    proporcionais. Assim:

    1= (5)

    onde: = condutividade eltrica (S.m-1); = resistividade eltrica (.m).

    A condutividade eltrica definida como a capacidade que um material

    possui em conduzir corrente eltrica. A utilidade dessa corrente eltrica no meio

    agrcola provm do fato que os componentes fsicos existentes no solo,

    apresentam diferentes nveis de condutividade eltrica (Lund et al.,1998). A

    corrente eltrica pode ser conduzida atravs da gua intersticial que contm

    eletrlitos dissolvidos e atravs dos ctions trocveis que residem perto da

    superfcie de partculas de solo carregadas e so eletricamente mveis em

    vrios nveis (Nadler & Frenkel, 1980).

  • 7

    A condutividade eltrica depende principalmente da soluo eletroltica

    existente no solo. Solos com baixo teor de umidade apresentam resistncia

    eltrica muito alta. Alguns minerais presentes aparecem como isolantes, apesar

    de que em alguns solos pode existir uma pequena corrente sendo conduzida

    atravs da superfcie das partculas. Portanto, o valor obtido para a

    condutividade eltrica de um solo principalmente devido ao seu teor de gua

    e de sais dissolvidos (Freeland, 1989).

    Os pases mais desenvolvidos na aplicao das tcnicas de

    agricultura de preciso vm utilizando h alguns anos os conceitos de

    condutividade eltrica como uma ferramenta de trabalho no monitoramento de

    um maior nmero de caractersticas do solo como textura, umidade, salinidade,

    entre outras. Existem vrios equipamentos sendo utilizados para mapeamento

    da condutividade eltrica aparente do solo, disponveis comercialmente, como

    MuCEP (Panissod et al., 1998), Veris 3100, EM 38, GEM 300 e o Soil Doctor

    (Lck & Eisenreich, 2001), Geocarta (Dabas, 2001) e ERM-01 (Landviser,

    2004).

    O mapeamento da condutividade eltrica uma ferramenta eficiente

    na investigao do comportamento e da variabilidade espacial de propriedades

    do solo em grandes reas. Ela permite identificar reas com propriedades

    semelhantes e delimitar unidades de gerenciamento para agricultura de

    preciso (Lck & Eisenreich, 2001).

    Para mensurar a condutividade eltrica, geralmente so utilizados os

    sistemas de induo eletromagntica e o de contato direto (Rhoades &

    Corwin,1984). A induo eletromagntica uma tcnica para medir a

    condutividade eltrica em solos sem contato com o mesmo, sendo um mtodo

    de amostragem no destrutiva (Davis et al., 1997). Esse mtodo utilizado em

    reas, onde o revolvimento no desejvel por algum motivo, como por

    exemplo, alguma forma de contaminao (Brevik & Fenton, 2000). O sistema

    por induo eletromagntica trabalha a uma distncia de 0,30 m em relao

    superfcie, realizando uma medida de condutividade eltrica a uma

  • 8

    profundidade mxima de 1,20 m na configurao vertical e a uma profundidade

    de 0,30 m na configurao horizontal.

    O sistema por contato direto penetra no solo, geralmente utilizando

    como eletrodos de fluxo de corrente eltrica, discos de corte lisos, e capta a

    condutividade eltrica a uma profundidade diretamente proporcional aos

    espaamentos entre os eletrodos. Esse sistema fornece valores de

    condutividade eltrica sem nenhuma calibrao, sendo dependente apenas das

    caractersticas fsico-qumicas do solo. O solo sob condies de baixa umidade

    provoca um aumento na resistncia eltrica dos eletrodos, o que resulta em

    leituras equivocadas durante o mapeamento (Lck & Eisenreich, 2001).

    Em pesquisa realizada por Fritz et al. (1998) comparando as

    tecnologias do mtodo de induo eletromagntica e do mtodo por contato

    direto, concluram que a condutividade eltrica est relacionada com a

    topografia do terreno, onde, nas reas de menor altitude a condutividade

    eltrica era maior que nas reas de maior altitude. O equipamento por induo

    eletromagntica apresentou leituras de maiores valores nas reas mais secas e

    leituras de menores valores nas mais midas, comparado com o equipamento

    de contato direto. Mesmo assim, os autores afirmam que ambos equipamentos

    fornecem dados similares.

    Durante dcadas de estudos, os pesquisadores se empenharam na

    descoberta dos fatores que afetam a condutividade eltrica do solo. O teor de

    gua, as propriedades fsicas e as propriedades qumicas podem ser citados

    como fatores de grande influncia na condutividade eltrica (Nadler & Frenkel,

    1980; Fritz et al. 1998; Rhoades, 1993). As mudanas de temperatura tambm

    influenciam a condutividade eltrica do solo (Rhoades et al., 1976; Brevik &

    Fenton, 2000). O aumento da temperatura provoca uma diminuio na

    viscosidade do lquido, o que aumenta a facilidade com a qual os ons se

    movimentam na soluo (Harstock et al., 2000).

    As principais linhas de estudo da condutividade eltrica e os fatores

    que influenciam sua mensurao, esto concentradas em trs propriedades:

  • 9

    textura, umidade e salinidade. Isso devido a uma boa correlao existente na

    distribuio destes fatores no solo com o mapeamento da condutividade eltrica

    (Rhoades, 1993).

    Shea & Luthin (1961) foram os precursores na utilizao do mtodo

    dos quatro eletrodos no desenvolvimento do monitoramento da salinidade do

    solo.

    Um mtodo de campo para avaliar a salinidade apresentado por

    Rhoades & Ingvalson (1971), no qual foram feitas medidas de condutividade

    eltrica com quatro eletrodos, situados sobre a superfcie do solo. A partir das

    medidas coletadas, foi elaborada uma srie de representaes grficas do

    campo analisado, que definiram os vrios nveis de salinidade. Os resultados

    apresentaram uma excelente relao entre a condutividade eltrica e a

    salinidade. Rhoades & Van Schilfgaarde (1976), aps anos de pesquisa,

    desenvolveram uma sonda para obteno de medidas de salinidade.

    A utilidade do monitoramento da condutividade eltrica para avaliao

    do teor de argila vem do fato que a areia tem baixa e a argila alta condutividade.

    Assim, a condutividade eltrica se correlaciona fortemente textura (Lund et al.,

    1998). Os testes realizados em laboratrio por Banton et al. (1997), indicaram

    boas correlaes entre a condutividade eltrica e a textura do solo.

    A pesquisa realizada por Menegatti (2002), na tentativa de definir a

    condutividade eltrica a partir da resistncia eltrica de uma seco de solo,

    obteve um sistema de simples construo, fcil operao e sensvel s

    variaes de resistncia eltrica do solo.

  • 10

    2.2 Agricultura de preciso

    A agricultura de preciso pode ser entendida como um conjunto de

    tcnicas que permite o manejo diferenciado das reas agrcolas, segundo suas

    reais necessidades, atravs do uso das tcnicas agronmicas e a aplicao

    localizada de insumos. As tcnicas de agricultura de preciso surgiram com a

    finalidade de otimizar a produo agrcola, no s reduzindo os custos como

    aumentando a produtividade.

    Shueller (1992) definiu a agricultura de preciso como um mtodo de

    administrao cuidadosa e detalhada do solo e da cultura para adequar as

    diferentes condies encontradas em cada ponto da lavoura. Para Goering

    (1993) a agricultura de preciso tem como meta final aplicar sementes,

    fertilizantes, e outros insumos variavelmente em cada talho, nas taxas

    adequadas produtividade do solo em cada ponto do talho. Segundo Searcy

    (1995) a agricultura de preciso a tecnologia que possibilita modular a

    aplicao dos insumos agrcolas numa base pontual em resposta a

    necessidade localizada das plantas.

    Segundo Balastreire (1994), na aplicao localizada, as quantidades

    de cada insumo so determinadas em funo da anlise dos mapeamentos dos

    atributos do solo e das plantas, do conhecimento agronmico e do histrico da

    rea a ser cultivada e a sua utilizao visa alocao dos insumos em funo

    dos requisitos especficos do local.

    Dessa forma, a agricultura de preciso pode ser analisada como um

    sistema de gesto das atividades agrcolas que se fundamenta no princpio da

    variabilidade de fatores relacionados ao solo e cultura, permitindo o

    tratamento individualizado de pequenas reas dentro do campo de produo.

    Seus objetivos so a otimizao do retorno financeiro pela racionalizao do

    uso de insumos e energia e a reduo dos impactos ambientais (Mantovani et

    al., 1998).

    Do ponto de vista ambiental, os benefcios podem ser contabilizados

  • 11

    pela reduo na quantidade de insumos, desperdiados em reas de baixa

    necessidade (Balastreire, 1999). Esse fato de grande importncia para a

    comunidade mundial devido s aplicaes de insumos ser efetuada de forma a

    satisfazer as necessidades de cada ponto da lavoura, evitando a contaminao

    de ambientes por excesso dos mesmos.

    Os primeiros esforos para o desenvolvimento dos conceitos da

    agricultura de preciso foram feitos em 1929, quando dois pesquisadores

    americanos sugeriram a aplicao localizada de calcrio, como forma de

    economizar, na quantidade necessria desse insumo. Devido s dificuldades de

    se aplicar o insumo de forma localizada em mdias e grandes reas, uma vez

    que no existiam equipamentos para aplicao, estes conceitos ficaram no

    esquecimento (Balastreire, 2000).

    No incio da dcada de 70, o Departamento de Defesa dos Estados

    Unidos criou o Sistema de Posicionamento Global - GPS (Global Positioning

    System), um sistema de navegao via satlite (Molin, 1998). O GPS trata-se

    de um sistema militar altamente estratgico, todavia com potencial muito grande

    para as aplicaes civis (Searcy, 1995).

    Segundo Blitzkow (1995), o sistema GPS composto por trs

    segmentos: espacial, controle e usurio. O segmento espacial constitudo por

    uma constelao de 24 satlites, dos quais 21 ativos e 3 de reserva,

    distribudos em 6 rbitas distintas. Com esta configurao, em qualquer ponto

    da superfcie do planeta Terra h no mnimo 4 satlites acima da linha do

    horizonte 24 horas por dia. O segmento de controle formado por diversas

    estaes de rastreamento espalhadas pelo mundo, cuja funo determinar a

    rbita exata de cada um dos satlites e atualizar seus sinais de navegao. O

    segmento usurio formado pelo receptor GPS, que converte os sinais vindos

    do satlite em informao de posicionamento. O princpio de funcionamento

    desse sistema considera a medio do tempo de deslocamento de um sinal

    entre um satlite e um receptor utilizado pelo usurio. Como os relgios do

    satlite e do receptor esto sincronizados possvel medir a distncia exata

  • 12

    entre dois pontos.

    No trabalho realizado por Han et al. (1995), afirmam que para se

    aumentar a acurcia do sistema GPS, pode ser utilizada uma tcnica de

    correo das posies, denominada correo diferencial. Assim, para o perfeito

    funcionamento do sistema GPS diferencial (Differential Global Positioning

    System DGPS), um segundo receptor, denominado estao de base, deve

    ser instalado em um ponto fixo sob coordenadas conhecidas. Com isso,

    possvel calcular e determinar um fator de correo (vetor) que armazenado

    para uso posterior. Esse procedimento chamado de correo diferencial pode

    diminuir o erro para centmetros ou at milmetros.

    De acordo com Balastreire e Baio (2002), uma outra forma de correo

    de posicionamento em tempo real so os algoritmos otimizados, j disponveis

    no mercado. So programas instalados nos receptores GPS que calculam a

    posio correta sem a necessidade de sinais de correo. Os autores

    concluram ser vivel sua utilizao em agricultura de preciso, ao compararem

    esse equipamento a um GPS com correo diferencial por meio de sinais de

    satlite.

    O surgimento destes sistemas de navegao e localizao, GPS, em

    inmeras situaes, provocou grande avano tecnolgico nos diversos

    segmentos voltados agricultura. O segmento que mais se destacou nessa

    etapa foi o setor computacional, auxiliado pelo desenvolvimento de circuitos

    eletrnicos no controle de sistemas localizados nas mquinas agrcolas e a

    criao de programas computacionais para a manipulao de dados levantados

    em campo.

    Os Sistemas de Informao Geogrfica SIG (Geographic Information

    System GIS) so programas computacionais utilizados para a armazenagem,

    anlise, interpretao e exibio de dados referenciados a uma posio na

    superfcie da Terra, ou seja, so sistemas destinados ao tratamento de dados

    referenciados espacialmente. Com um SIG possvel manipular e mostrar

    espacialmente os resultados colhidos em campo e atravs da interao deste

  • 13

    sistema com outros programas computacionais pode-se produzir a digitalizao

    de mapas que permitem analisar diversas camadas de dados referentes a um

    mesmo talho (Molin, 2001).

    Os SIG`s manipulam dados de diversas fontes como mapas, imagens

    de satlites, cadastros entre outras, permitindo recuperar e combinar

    informaes e efetuar os mais diversos tipos de anlises sobre os dados

    (Alves,1990). Essa tecnologia esta relacionada com vrias disciplinas e campos

    tecnolgicos em desenvolvimento, sendo cada vez mais utilizada nos processos

    de planejamento econmico, territorial e ambiental (Fernandes, 1997b). Estes

    sistemas de informao geogrfica possuem basicamente dois bancos de

    dados: o espacial responsvel pelo armazenamento da localizao espacial de

    todas as entidades encontradas e o de atributos, em que as informaes so

    armazenadas (Santana, 1999).

    Na agricultura, a utilizao mais intensa do SIG se deu em decorrncia

    da adoo das tcnicas de agricultura de preciso, que preconizam o

    conhecimento e realizao de um tratamento detalhado de cada rea da

    propriedade (Molin, 1997b). Vrios estudos vm sendo conduzidos com sua a

    utilizao; por exemplo, na aplicao localizada de defensivos, o SIG

    demonstrou seu papel fundamental na gerao dos mapas de plantas daninhas,

    gerao dos mapas de prescrio e no estudo das correlaes entre os mapas

    gerados (Baio, 2001).

    Scott e Randy (2000) comentam que o SIG tem como principal objetivo

    agregar dados de diferentes fontes de um mesmo local. Em agricultura de

    preciso estes dados so integrados e contribuem para a tomada de decises,

    embasada em um conjunto de informaes de um determinado local.

    Uma rea que obteve bastante destaque no contexto da agricultura de

    preciso tem sido o sensoriamento e suas aplicaes podem relacionar-se s

    atividades de levantamento e caracterizao dos solos ou de culturas. Molin

    (1997a) classifica o sensoriamento em trs grupos: (i) sensoriamento por meio

    do deslocamento do sensor no campo, com a finalidade de obter medidas

  • 14

    continuamente; (ii) sensoriamento por coleta de amostras com base em

    quadriculado; (iii) sensoriamentos remotos, que consiste na obteno de dados

    distncia.

    Assim como no caso do GPS, o sensoriamento remoto tambm foi

    desenvolvido para a aplicao da inteligncia militar. Essa tecnologia comeou

    com a obteno de fotografias da disposio de trincheiras obtidas por bales

    durante a Guerra Civil Americana (Drury, 1990). Senay et al. (1998) comentam

    que estudos tm demonstrado que o sensoriamento remoto relaciona-se

    intimamente com a agricultura de preciso, mas necessrio o

    desenvolvimento de tcnicas para extrair informaes das imagens.

    Na aplicao dos conceitos da agricultura de preciso existe a

    necessidade de se utilizar mtodos de clculo e gerenciamento da variabilidade

    espacial do solo. Conhecer a variabilidade espacial de propriedades do solo

    um fator indispensvel na implantao da agricultura de preciso (Cora e

    Marques Junior, 1998).

    Segundo Gonalves (1997), propriedades do solo podem apresentar

    dependncia espacial em escalas que variam da ordem de poucos milmetros a

    alguns quilmetros. As propriedades do solo, alm de variarem no espao,

    podem variar no tempo (Bernoux et al., 1998a). Essa variao decorrente da

    ao de agentes naturais, assim como da ao do homem (Bragato e

    Primavera, 1998). A variabilidade das propriedades tem sido abordada por

    vrios autores, sendo atribuda a diversos fatores, tais como, caractersticas do

    material de origem e os fatores de formao, os quais no atuam pontualmente,

    mas sim segundo um determinado padro.

    Webster e Oliver (1990) afirmam que muitas propriedades do solo

    variam continuamente no espao e, conseqentemente, os valores em locais

    mais prximos tendem a ser mais semelhantes que aqueles tomados mais

    distantes entre si, at uma distncia limite, correspondente ao domnio destas

    propriedades. Caso isto ocorra, os dados no podem ser tratados como

    independentes e um tratamento estatstico mais adequado necessrio.

  • 15

    Na ampla diversidade da cincia agronmica, a estatstica se fez

    necessria, na avaliao de diferentes ensaios. Enquanto que na estatstica

    clssica as amostras so coletadas ao acaso, ignorando-se sua posio

    geogrfica, na geoestatstica os locais de amostragem so importantes. Em

    ambos os casos, a mdia e a varincia podero ser calculados; todavia,

    somente a geoestatstica promove a obteno da estrutura da varincia, porque

    considera a dependncia entre as medidas, o que no acontece com a

    estatstica clssica. E por tal razo que a geoestatstica se apresenta como

    uma ferramenta na cincia agronmica, capaz de descrever a variabilidade das

    propriedades do meio fsico de um sistema (Libardi et al., 1986).

    Segundo Landim (1998), a geoestatstica um tpico da estatstica

    aplicada que trata os problemas referentes s variveis regionalizadas, as quais

    tm um comportamento espacial que mostra caractersticas intermedirias entre

    as variveis verdadeiramente casuais e as totalmente determinsticas. Matheron

    (1963) afirma que a geoestatstica uma funo que varia de um lugar a outro

    no espao com certa aparncia de continuidade. So variveis que podem

    tomar valores diferentes em diferentes lugares de observaes, cujos valores

    esto relacionados com a posio espacial que ocupam. Segundo Warrick e

    Nielsen (1980), a geoestatstica oferece ferramentas que permitem quantificar

    esta correlao espacial.

    O variograma uma funo que expressa a variabilidade de uma dada

    propriedade entre dois pontos separados por uma distncia h, em funo

    dessa distncia h (Fanha, 1994). Oliveira (2003) afirma que o nvel de

    dependncia entre duas variveis regionalizadas representado pelo

    variograma.

    O semivariograma expressa a dependncia espacial entre amostras

    atravs de um grfico da semivarincia pela distncia de separao entre os

    pontos amostrados, sendo necessrio o ajuste desses dados a uma funo ou

    modelo matemtico. Segundo Gonalves (2000), o semivariograma

    experimental ajustado curva que proporcione a mxima correlao possvel

  • 16

    com pontos plotados. O modelo ajustado chamado de modelo terico do

    semivariograma. Na regio onde se observa a continuidade espacial, a

    geoestatstica aplicada com eficincia (Figura 4).

    Alcance (a)

    Con

    tribu

    io

    (C1)

    Efeito Pepita (Co)

    2,0

    1,0

    0 20

    8,0

    6,0

    4,0

    7,0

    5,0

    3,0

    (h)

    40 60 80 100 120 140 (h)

    Patamar (C) = Co + C1

    Continuidade Espacial Aleatoriedade

    Geoestattistica Estatstica Clssica

    Semivariograma Experimental

    Modelo Terico

    Figura 4 - Semivariograma experimental, modelo terico e o semivariograma

    tpico e seus componentes (adaptado de Oliveira,2003)

    Quando h dependncia espacial definida pelo semivariograma,

    possvel utilizar a tcnica de interpolao chamada krigagem (Gonalves et al,

    1999). A krigagem uma tcnica de interpolao para estimativa dos valores de

    uma propriedade em locais no amostrados, a partir de valores vizinhos

    resultantes da amostragem realizada. Diversas outras tcnicas esto

    disponveis para este propsito. A krigagem, no entanto, faz uso de um

    interpolador linear no tendencioso e de varincia mnima que assegura a

    melhor estimativa (Gonalves, 2000). Segundo o autor, as estimativas no

    tendenciosas significam que, em mdia, as diferenas entre os valores

    estimados e verdadeiros para o mesmo ponto devem ser nulas; e varincia

  • 17

    mnima significa que esses estimadores possuem a menor varincia dentre

    todos os estimadores no tendenciosos.

    Gonalves et al. (1999) define que as ferramentas da geoestatstica

    permitem no s avaliar e modelar a estrutura de dependncia espacial atravs

    de interpolao geoestatstica (krigagem), mas tambm avaliar a correlao

    espacial existente entre propriedades em estudo.

    Para Vieira (2000) a geoestatstica aplicada a agricultura de preciso

    tem por finalidade projetar estimativas de valores de locais no amostrados a

    partir de alguns valores conhecidos na populao; identificar, na aparente

    desordem entre as amostras, uma medida de correlao espacial e permitir o

    estudo de padres de amostragens mais adequados.

  • 18

    3 MATERIAL E MTODOS

    Para a realizao deste trabalho foram construdos dois sistemas

    envolvendo duas metodologias de mensurao de condutividade eltrica do

    solo: o sistema Resistncia Eltrica do Solo (RES) e o sistema Duas Pontas

    (DP). Na concepo desses sistemas foi necessria a utilizao de

    equipamentos mecnicos, de sistema de posicionamento, de equipamentos

    eletrnicos, de programas computacionais e de outros materiais. A Figura 5

    apresenta o fluxograma da metodologia de desenvolvimento dos sistemas para

    a realizao deste trabalho.

    Sistemas de condutividade eltrica desenvolvidos

    configurao:27 ohm e 0,60 m

    configurao:27 ohm e 0,60 m

    Resistncia Eltrica do Solo (RES)

    configurao:27 ohm e 0,30 m

    configurao:27 ohm e 0,90 m

    Anlise dos dados

    configurao:47 ohm e 0,60 m

    Duas Pontas (DP)

    configurao:220 ohm e 0,60 m

    Raso: 0 a 0,3 m Profundo: 0 a 0,9 m

    Sistema comercial para comparao

    Figura 5 Fluxograma da metodologia de desenvolvimento dos sistemas

  • 19

    3.1 Desenvolvimento do sistema Resistncia Eltrica do Solo

    O primeiro sistema desenvolvido, Resistncia Eltrica do Solo, uma

    adaptao dinmica de se obter a condutividade eltrica de um material atravs

    da sua resistncia eltrica, descrita por Runyan (1975). O princpio dessa

    metodologia esta definido conforme a equao 1. Este sistema tambm foi

    idealizado atravs da metodologia definida por Menegatti (2002), na tentativa de

    definir a condutividade eltrica a partir da resistncia eltrica de uma seco de

    solo.

    Segundo Malvino (1987) a resistncia eltrica pode ser determinada

    atravs da aplicao de uma determinada corrente eltrica em um meio e a

    mensurao do potencial eltrico entre os eletrodos, segundo a equao:

    IVR = (6)

    onde: R = resistncia eltrica (); V = leitura de tenso eltrica (V);

    I = corrente eltrica (A).

    Atravs da definio da resistncia eltrica na equao 6 e com o

    comprimento e rea transversal da amostra tm-se a resistividade eltrica da

    amostra em questo (equao 1), e com isso, pode-se determinar a

    condutividade eltrica do solo atravs da equao 5.

    3.1.1 Equipamentos mecnicos

    Para a implementao desse sistema foi necessria a construo de

  • 20

    um prottipo mecnico e o desenvolvimento de dois equipamentos eletrnicos,

    um para definir os parmetros relativos as medidas de condutividade eltrica e

    outro para coleta e armazenagem dos dados geograficamente referenciados.

    O sistema Resistncia Eltrica do Solo constitudo de dois eletrodos,

    sendo eles discos de corte lisos de 0,40 m de dimetro, que penetram no solo,

    dispostos linearmente em uma barra porta-ferramentas. Foram utilizadas rodas

    de borracha limitadoras penetrao, acopladas de forma concntrica aos

    discos de corte, permitindo a mxima penetrao de 0,10 m, conforme Figura 6.

    0,10

    m

    Nvel do solo

    Disco de corte

    Roda limitadora

    Barra porta-ferramentas

    Figura 6 - Acoplamento das rodas limitadoras aos discos de corte

    Com essa implementao foi permitido considerar a geometria de um

    bloco de solo entre os eletrodos, definido pela distncia entre os eletrodos e a

    rea do setor semicircular do disco de corte dentro do solo. A Figura 7

    apresenta o disco de corte em perfil e a decomposio de suas reas para

    aplicao dos fundamentos da geometria analtica (Cunha, 1992) na

    determinao da rea do setor semicircular do disco de corte.

  • 21

    rea de penetrao

    Solo

    Setor circular

    Tringulo

    Figura 7 - Disco de corte na vista em perfil e decomposio das suas reas

    A rea de penetrao do disco de corte definida pela geometria

    como sendo a rea do setor circular menos a rea do tringulo.

    ( )2.

    21 2 hbrA

    = (7)

    onde: A = rea da seo transversal (m2);

    r = raio do disco de corte (m);

    = ngulo de formao do setor circular (rad);

    b = base do tringulo (m);

    h = altura do tringulo (m).

  • 22

    3.1.2 Equipamentos eletrnicos

    3.1.2.1 Sistema de alimentao e mensurao da condutividade eltrica

    Uma fonte de tenso estabilizada foi projetada para a alimentao do

    sistema Resistncia Eltrica do Solo no Laboratrio de Instrumentao do

    Departamento de Engenharia Rural da ESALQ USP. Este circuito foi proposto

    com a primeira finalidade de baixar e estabilizar a tenso eltrica de 12 volts,

    adquirida de uma bateria, para o funcionamento do sistema em 5 volts, a fim de

    evitar qualquer oscilao na tenso da bateria provocada com o consumo de

    sua carga, conforme ilustrado na Figura 8.

    VI

    1000

    mF

    C1

    GND

    +12 VDC

    3

    GND

    CC

    W

    5K

    R1

    W

    CW

    sada da tenso = 5 VDC

    +5 VDC

    LM317HA

    1A

    VO

    220R R2

    2

    U1

    Figura 8 - Esquema do circuito regulador de tenso

    Tambm montou-se um circuito paralelo ao estabilizador de tenso

    que possibilitou a mensurao da resistncia eltrica do solo. Foram utilizados

    capacitores e resistncias eltricas e as definies dos conceitos eltricos

    (Malvino, 1987), na montagem desse circuito. A Figura 9 apresenta a forma

    esquemtica do circuito e a Figura 10 apresenta a forma simplificada do

    mesmo.

  • 23

    entrada da tenso = 5 VDC

    100m

    F

    100m

    F

    C2

    C3

    sada de sinal

    220R

    GND

    10R

    Jumper

    GND GND

    R8

    R5

    27R

    47R

    R6

    R4

    470RR7

    R S

    olo

    R3

    Figura 9 - Esquema do circuito de mensurao da resistncia eltrica do solo

    sada do sinal

    GND

    Ve Re

    ebtrada de tenso = 5 VDC

    Vsol

    o

    Rso

    lo

    Figura 10 - Forma simplificada do circuito de mensurao da resistncia eltrica do solo

  • 24

    Com a forma simplificada do circuito eltrico pode-se estabelecer que a

    partir da equao 6, tem-se:

    IVR solosolo = (8)

    onde:

    esolo VV = 5 (9)

    Novamente, a partir da equao 6, tem-se:

    e

    e

    RVI = (10)

    substituindo a equao 10 na equao 8, tem-se:

    e

    e

    solosolo

    RVVR = (11)

    substituindo a equao 9 na equao 11, tem-se:

    e

    eesolo V

    VRR )5( = (12)

  • 25

    e, por fim, substituindo a equao 12 na equao 1, juntamente com os

    parmetros dimensionais (distncia entre eletrodos e rea de penetrao),

    pode-se determinar a equao que define a resistividade eltrica do solo para

    esse sistema, assim:

    ( )SA

    VVR

    e

    ee = 5 (13)

    onde: = resistividade eltrica (.m); Re = resistncia eltrica padro (); Ve = leitura da tenso eltrica padro (V);

    A = rea da seo transversal (m2);

    S = distncia entre os eletrodos (m).

    3.1.2.2 Sistema de aquisio e armazenamento da condutividade eltrica

    O coletor de dados do sistema Resistncia Eltrica do Solo,

    apresentado na Figura 11, foi desenvolvido pela empresa Enalta Inovaes

    Tecnolgicas, So Carlos, SP, com a funo de captar as medidas analgicas

    de resistncia eltrica, referenciadas geograficamente por um receptor GPS

    com correo diferencial, e envi-las no formato digital para um sistema

    computacional, no caso um computador de mo (palm top).

    O processo de captao e envio dos dados de resistncia eltrica do

    solo foi dividido em trs etapas. A primeira etapa consiste na recepo do

    formato de dados do GPS em formato GGA a cada um segundo. Em seguida o

    conversor A/D (analgico / digital) faz a mdia das dez ltimas leituras de

    resistncia eltrica por segundo e envia esse dado para o computador de mo,

  • 26

    concomitantemente com o dado GGA. Na ltima etapa, a cada dado GGA

    enviado so armazenadas a latitude, a longitude e a condutividade eltrica em

    formato digital no palm top.

    Figura 11 - Coletor de dados do sistema Resistncia Eltrica do Solo

    Posteriormente, o sinal digital enviado a um programa computacional

    que foi desenvolvido pela mesma empresa Enalta, com a funo de converter

    as medidas de resistncia eltrica do solo, referenciadas geograficamente por

    um receptor GPS com correo diferencial, em medidas de condutividade

    eltrica e armazen-las em linguagem no formato texto (txt). Esse programa foi

    especificado para computadores de mo que utilizam o sistema operacional

    Windows CE.

    Para o correto funcionamento do programa necessrio gerar um

    nome para armazenamento do arquivo e indicar a resistncia eltrica que o

    sistema estar operando e a distncia entre os discos de corte. Aps esta

    etapa, inicia-se a captao dos dados, onde pode-se acompanhar o

    desenvolvimento das leituras atravs do quadro central. A identificao dos

    parmetros e a coleta dos dados podem ser vistas na Figura 12.

  • 27

    A.

    B.

    Figura 12 - Tela do computador mostrando o sistema Resistncia Eltrica do

    Solo: (A) identificao dos parmetros e (B) coleta de dados

    3.1.3 Montagem do equipamento

    A montagem do equipamento foi feita em uma barra porta-ferramentas

    de 2,0 m de comprimento, onde foram fixados quatro discos de corte lisos,

    dispostos linearmente e com espaamentos de 0,30 m entre o segundo e o

    terceiro, 0,60 m entre o primeiro e o segundo e 0,90 m entre o segundo e o

    quarto disco, conforme a Figura 13.

    1 2 3 4

    0,60 m 0,30 m 0,60 m

    Figura 13 - Desenho esquemtico do equipamento composto pela barra porta-

    ferramentas e os quatro discos de corte

  • 28

    Como os discos foram aproveitados de outra mquina, inicialmente

    foram desmontados, limpos, lubrificados e isolados da barra porta ferramentas

    por placas de PVC moldadas a quente sobre a barra, entre esta e a braadeira

    do disco de corte, conforme Figura 14, para evitar que nenhuma resistncia

    interna do mecanismo interferisse nos resultados encontrados e no houvesse

    curto circuito em algum componente eletrnico.

    Barra porta-ferramenta

    Isolamento c/ placa de PVC

    Figura 14 - Esquema do isolamento dos discos de corte por placas de PVC

    Para o deslocamento do equipamento no campo foi construda uma

    estrutura que acoplada a barra porta-ferramenta permitiu a conduo por

    arrasto de todo o sistema, para melhorar a penetrao dos discos de corte at o

    ponto delimitado pela roda de borracha, conforme Figura 14.

    0,80

    m

    1,20 m

    Figura 15 - Estrutura mecnica acoplada a barra porta-ferramentas que permitiu

    a conduo do prottipo por arrasto

  • 29

    Para o posicionamento no campo e a referncia geogrfica dos pontos

    amostrais de condutividade eltrica do solo, utilizou-se um receptor de GPS

    com correo diferencial via satlite (DGPS) em tempo real, da marca

    OminiStar, modelo 3000 L.

    Os espaamentos entre os discos de corte foram determinados para

    que, com o deslocamento do equipamento no campo, fosse possvel alterar os

    eletrodos entre os discos e, conseqentemente, a realizao de trs ensaios

    com esse sistema, produzindo blocos com o comprimento de 0,30 m entre o

    segundo e o terceiro, 0,60 m entre o primeiro e o segundo e 0,90 entre o

    segundo e o quarto disco; neste caso, com a retirada do terceiro disco.

    A Figura 16 mostra a disposio final da barra porta ferramentas do

    sistema Resistncia Eltrica do Solo e os blocos de solo formados entre os

    discos de corte.

    0,30 m0,60 m 0,60 m

    Solo

    Blocos de solo (rea de atuao do campo eltrico)

    Barra porta-ferramentas

    Roda lim itadora

    Figura 16 - Disposio final da barra porta-ferramentas do sistema Resistncia Eltrica do Solo

  • 30

    3.2 Desenvolvimento do sistema Duas Pontas

    O segundo sistema desenvolvido foi o equipamento de coleta da

    condutividade eltrica do solo, denominado de Duas Pontas (DP). Esse

    equipamento obedece metodologia dos dois eletrodos ou duas pontas, de se

    obter a condutividade eltrica de um material, descrita por Runyan (1975). Para

    a realizao do levantamento de dados com o equipamento Duas Pontas no

    foi necessria nenhuma limitao quanto penetrao dos discos de corte ao

    solo, mas somente a garantia de uma poro do disco estar introduzida no solo.

    No entanto, essa metodologia acabou utilizando o mesmo prottipo mecnico,

    montado em uma barra porta-ferramentas, para o sistema Resistncia Eltrica

    do Solo, inclusive com as rodas de borracha que limitaram a penetrao dos

    discos de corte no solo. A frmula que descreve os conceitos dessa

    metodologia dada pela equao 2.

    A resistividade eltrica definida atravs da derivao da distncia

    entre os eletrodos (dx), o seu respectivo potencial eltrico (dV) mensurado,

    atravs de uma corrente eltrica (I) aplicada ao sistema e as linhas de campo

    eltrico formado na rea (ADP) de uma semicircunferncia, entre os dois

    eletrodos, conforme a Figura 17.

    L

    r

    I (ampres) I (ampres)

    V

    Figura 17 - Linhas de campo eltrico formado na rea da semicircunferncia

    entre dois eletrodos

  • 31

    Quando fixada a distncia entre os eletrodos, tem-se a equao 2 da

    forma da equao 1. Nessa configurao a rea da semicircunferncia

    definida pela geometria como na equao 14:

    2

    2rADP=

    (14)

    O raio (r) da semicircunferncia pode ser substitudo, neste caso, pela

    metade da distncia entre os eletrodos (S/2), assim, substituindo na equao 1

    os parmetros dimensionais (distncia entre eletrodos e rea da

    semicircunferncia), pode-se determinar a equao da resistividade eltrica do

    solo para esse sistema, atravs da equao 15:

    8. 2SR = (15)

    onde: = resistividade eltrica (.m); R = resistncia eltrica (); S = distncia entre eletrodos (m).

    3.2.1 Equipamentos eletrnicos do sistema Duas Pontas A resistncia eltrica do solo, nesse sistema, ficou convencionada pelo

    circuito estabilizador de tenso eltrica, como a mensurao da alterao no

    potencial eltrico entre os dois eletrodos atravs de uma resistncia eltrica.

    Por tal motivo, o circuito foi construdo com cinco resistncias eltricas ligadas

    em paralelo, onde, por meio de um jumper, essas resistncias pudessem ser

  • 32

    trocadas para a realizao de diferentes ensaios e, conseqentemente,

    houvesse o estudo da melhor sensibilidade de leitura de condutividade eltrica

    do solo, entre as resistncias. No entanto, das cinco resistncia, foram

    escolhidas trs (27, 47 e 220 ohm) que definiram o nmero de ensaios com

    esse sistema.

    O coletor de dados e o circuito estabilizador de tenso eltrica do

    sistema Duas Pontas foram os mesmos equipamentos utilizados pelo sistema

    Resistncia Eltrica do Solo. A nica modificao foi realizada no programa

    computacional, sendo necessrio, alm de gerar um nome para

    armazenamento do arquivo, indicar a resistncia eltrica que o sistema estaria

    operando e indicar a distncia entre os discos de corte; a indicao do raio da

    semicircunferncia foi pedida para a determinao da rea de ao das linhas

    do campo eltrico. Aps esta etapa, inicia-se o processo de captao de dados,

    onde possvel acompanhar a coleta das leituras atravs do quadro central. A

    identificao dos parmetros e coleta dos dados podem ser vista na Figura 18.

    A.

    B.

    Figura 18 - Tela do computador mostrando o sistema Duas Pontas: (A) identificao dos parmetros e (B) coleta dos dados

    O sistema Duas Pontas no utilizou como varivel os espaamentos

  • 33

    entre os discos de corte, mas sim a troca de resistncia eltrica no circuito

    estabilizador de tenso. Para isso, foi estabelecida a utilizao das resistncias

    de 27, 47 e 220 ohm, determinando a realizao de trs ensaios com esse

    sistema, variando apenas as resistncias eltricas em um espaamento de 0,60

    m entre os discos. Esse espaamento foi escolhido para possibilitar a medida

    da condutividade eltrica do solo atravs das linhas de campo eltrico descrito

    pela semicircunferncia da distncia entre os dois eletrodos, ocasionando uma

    coleta de condutividade na profundidade de 0 a 0,30 m.

    A Figura 19 mostra a disposio final da barra porta-ferramentas do

    sistema Duas Pontas e a rea da semicircunferncia formada entre os discos

    de corte.

    0,60 m0,30 m0,60 m

    rea de atuao do campo eltrico

    Solo

    Barra porta-ferramentas

    Figura 19 - Disposio final da barra porta-ferramentas do sistema Duas Pontas.

  • 34

    3.3 Sistema utilizado como referncia nas comparaes

    O equipamento utilizado como referncia na coleta de dados de

    condutividade eltrica do solo foi o sistema Veris 3100 , apresentado na

    Figura 20. Esse equipamento, de origem norte-americana, vem sendo utilizado

    comercialmente no levantamento de dados para a prescrio de mapas.

    A.

    B.

    Figura 20 - Equipamento comercial Veris 3100 : (A) disposio do

    equipamento para funcionamento e (B) coletor de dados

    As caractersticas dimensionais, apresentam o comprimento de 2,40 m,

    a largura de 2,30 m e a altura de 0,80 m. Segundo seu fabricante o

    equipamento necessita de uma potncia de 15 a 20 kW para ser tracionado e

    sua velocidade de operao de at 7,0 m.s-1, dependendo das condies de

    trafegabilidade.

    Esse equipamento tem como princpio de funcionamento o mtodo das

    quatro pontas, apresentando como eletrodos trs pares de discos de cortes

    lisos que penetram no solo a uma profundidade de aproximadamente 0,06 m,

    dispostos linearmente conforme Figura 21.

  • 35

    654321

    0,72 m 0,72 m0,225 m 0,225 m 0,225 m

    Figura 21 Disposio dos seis discos no equipamento Veris 3100

    Com o deslocamento do equipamento no campo, os eletrodos

    intermedirios (2 e 5) aplicam uma corrente eltrica no solo, enquanto que os

    pares internos (3 e 4) e os pares externos (1 e 6) medem a alterao na

    diferena de potencial entre os mesmos. Com essa disposio, os eletrodos do

    equipamento esto projetados para medir a condutividade eltrica transmitida

    pelo solo a uma profundidade de 0 a 0,30 m (leitura rasa) e a uma profundidade

    de 0 a 0,90 m (leitura profunda), devido aos seus espaamentos.

    O coletor de dados do sistema Veris 3100 , apresentado na Figura

    20, tem a funo de converter as medidas de resistncia eltrica do solo,

    referenciadas geograficamente por um receptor GPS com correo diferencial,

    em condutividade eltrica. Para o armazenamento das leituras referenciadas

    geograficamente de condutividade eltrica do solo no formato digital o coletor

    possui um microprocessador 386SX, com capacidade de leitura contnua de

    dados obtidos no campo de 26 horas. O coletor de dados grava a latitude e

    longitude, alm dos valores de condutividade eltrica do solo, expressos em

    mS.m-1, para as leituras rasas e leituras profundas, em intervalos de 1 segundo.

    Os dados so ento extrados do coletor por meio de disquetes.

  • 36

    3.4 Caracterizao das reas experimentais e recursos auxiliares

    O primeiro experimento ocorreu na primeira quinzena do ms de

    Agosto de 2003 em uma rea no campo experimental da Escola Superior de

    Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ USP), pertencente ao Departamento de

    Gentica, situada no municpio de Piracicaba, SP. A rea experimental total

    possui 4,97 ha e suas coordenadas centrais so: latitude 22 70 39S e

    longitude 47 64 01 W.

    O segundo experimento ocorreu na segunda quinzena do ms de

    Dezembro de 2003 em uma rea da Fazenda Experimental Areo, pertencente

    Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ USP) situada no

    municpio de Piracicaba, SP. A rea experimental total possui aproximadamente

    1,3 ha e suas coordenadas centrais so: latitude 22 69 34S e longitude 47

    64 68 W. c

    Em ambas as reas tanto o equipamento experimental quanto o

    sistema de referncia foram operados com um trator agrcola modelo MF 285

    da marca Massey Ferguson , com uma velocidade aproximada de 2,0 m.s-1,

    operando na 7 marcha, em passadas adjacentes de aproximadamente 4 em 4

    m.

    3.5 Atributos do solo

    A incluso da varivel textura nesse trabalho foi feita considerando-se

    o objetivo maior da aplicao da condutividade eltrica para aplicaes

    agrcolas que definir padres de solo baseados em sua textura. J a incluso

    da varivel umidade do solo associada textura e tambm um fator que

    influencia a condutividade eltrica.

    Na determinao da umidade e composio textural do solo foram

  • 37

    levantados pontos amostrais nas duas reas experimentais. O primeiro

    experimento foi composto de quinze pontos amostrais, onde foram retiradas

    amostras de solo deformadas na profundidade de 0,10 m e 0,30 m. Em cada

    ponto amostral, num raio de 1 m ao redor do ponto referenciado

    geograficamente, foram coletadas trs sub-amostras para as duas

    profundidades. Essas amostras foram colocadas em recipientes especficos

    para coleta de amostra de solo, identificados pelo nmero do ponto amostral e

    levados ao laboratrio. A mdia dos valores das sub-amostras obtidos em

    laboratrio, representou o valor de cada ponto amostral. No mesmo raio, para a

    definio da textura foram retiradas cinco sub-amostras em cada ponto

    amostral para as duas profundidades. Essas amostras foram colocadas em

    sacos plsticos especficos para coleta de amostra de solo, identificadas pelo

    nmero do ponto amostral e levadas ao laboratrio. No laboratrio, cada grupo

    de sub-amostras foi colocado em um recipiente de onde retirou-se a amostra

    que representou o valor de cada ponto amostral. No segundo experimento

    foram coletadas doze amostras e respeitando as mesmas condies de coleta

    da rea anterior.

    As anlises de umidade foram feitas pelo mtodo gravimtrico

    (Bernardo, 1987) e a textura pelo mtodo de Bouyoucos (Bouyoucos, 1937) no

    Laboratrio do Departamento de Engenharia Rural da ESALQ USP.

    3.6 Anlise dos dados

    A anlise dos dados consistiu inicialmente em uma descrio geral,

    sem considerar as posies das amostras, para a identificao de tendncias e

    pontos discrepantes, utilizando a estatstica descritiva e exploratria. Outras

    etapas consideraram as posies das amostras, onde as anlises

    semivariogrficas amostrais foram aplicadas para estudar a magnitude e a

    estrutura da variabilidade espacial das variveis, com avaliao no ajuste do

  • 38

    modelo de semivariogramas e interpolaes de reas no amostradas por meio

    da krigagem e na confeco de mapas de superfcie de valores. A ltima etapa

    de anlise dos dados consistiu na determinao dos coeficientes de correlao

    e de regresso linear mltipla entre as variveis.

    3.6.1 Anlise descritiva e exploratria

    Com os dados dos atributos da umidade, textura e condutividade do

    solo, foi realizado um resumo estatstico, com medidas de posio e disperso,

    e uma anlise exploratria dos dados, utilizando o programa estatstico

    Statistica (Statsoft Inc., 1999).

    Foram realizadas as anlises de medidas de posio (mdia, mediana,

    moda, valores de mximo e mnimo), de disperso (desvio padro e coeficiente

    de variao) e da forma de disperso (simetria e curtose). O clculo dos

    momentos de terceira e quarta ordens (simetria e curtose) permitiu a

    caracterizao da tendncia normalidade das variveis mensuradas.

    Em adio utilizou-se o teste de verificao de normalidade dos dados

    amostrados dado pela estatstica W, pelo mtodo de Shapiro-Wilk em Shapiro &

    Wilk (1965). Este mtodo tem como resultado o valor da estatstica W, podendo

    variar de 0 a 1, e o valor da probabilidade (p-value), que descreve quo

    duvidosa a idia de normalidade , tambm variando de 0 a 1. Valores para W

    prximos de 1 e p-values altos caracterizam normalidade. A estatstica W e o

    p-value devem ser analisados em conjunto.

    A anlise exploratria foi utilizada para a identificao de tendncias,

    possveis pontos discrepantes, forma da distribuio, escolha da anlise a ser

    aplicada, deciso do tipo de estacionalidade que pode ser assumida e

    caracterizao da variabilidade. Uma criteriosa anlise exploratria dos dados

    deve anteceder a anlise geoestatstica. Deve-se verificar a normalidade dos

    dados, verificar se h candidatos a dados discrepantes ou se h necessidade

  • 39

    de transformao dos dados para sua normalizao (Gonalves et al., 1999).

    O clculo dos quartis da distribuio dos valores das variveis

    mensuradas auxiliou na identificao dos dados discrepantes das distribuies

    normais (outliers). A identificao dos dados candidatos a pontos discrepantes

    foi realizada pelo critrio dos limites inferior e superior de uma distribuio

    normal (Tukey, 1977; Libardi et al., 1986; Gonalves et al., 1999). Os limites

    inferiores e superiores foram obtidos pelas equaes:

    QIQSAI = (16) ).5,1( AIQSLS += (17)

    ).5,1( AIQILI = (18)

    sendo:

    AI a Amplitude Interquartlica;

    LS o Limite Superior;

    LI o Limite Inferior;

    QS e QI os Quartis Superior e Inferior.

    A estatstica clssica no permite testar a independncia entre as

    amostras; portanto, ao aplic-la, se est assumindo independncia entre elas.

    Porm, a quantificao de caractersticas e propriedades do solo so

    influenciadas pela variabilidade espacial. Assim, existe uma certa dependncia

    entre amostras. Nesse caso, mais indicado o uso de estimativas que levem

    em considerao a posio espacial dos valores amostrados (Oliveira, 2003).

    3.6.2 Anlise geoestatstica

    Na aplicao da geoestatstica foram utilizados os dados amostrais das

    variveis umidade, textura e condutividade eltrica do solo para a construo

  • 40

    dos semivariogramas tericos, que so curvas ajustadas que proporcionam a

    mxima correlao entre os pontos dos semivariogramas experimentais. A

    anlise do semivariograma uma etapa muito importante no estudo das

    variveis regionalizadas, pois o modelo de semivariograma escolhido a

    interpretao da estrutura de correlao espacial.

    O processo de validao do modelo do semivariograma uma etapa

    que precede as tcnicas de krigagem. Seu objetivo avaliar a adequao do

    modelo proposto que envolve a reestimao dos valores amostrais conhecidos.

    A escolha do melhor modelo terico ajustado foi atravs do programa

    computacional Vesper 1.5 (Minasny et. al, 2002). Os semivariogramas foram

    construdos e caracterizados por este programa devido grande quantidade de

    dados amostrais, no suportada por programas computaciomais mais comuns

    em nosso meio.

    Aps o ajuste dos semivariogramas tericos, foram tomados todos os

    parmetros necessrios para a realizao da interpolao dos mapas pelo

    processo de krigagem, utilizando-se os parmetros dos semivariogramas

    calculados.

    A relao entre o efeito pepita e o patamar foi calculada para cada

    modelo ajustado. Assim, definiu-se uma dependncia espacial forte quando o

    efeito pepita corresponde a um valor menor ou igual a 25% do patamar,

    dependncia espacial moderada, quando corresponde a um valor menor que

    25% e menor ou igual a 75%, e fraca quando maior que 75% (Cambardella et

    al., 1994).

    3.6.3 Interpolao e mapas de superfcie

    Conhecido o semivariograma da varivel em estudo e havendo

    dependncia espacial entre as amostras, a etapa seguinte a obteno de

    informaes de pontos no amostrados no campo atravs da interpolao por

  • 41

    krigagem.

    Os parmetros dos modelos dos semivariogramas obtidos na anlise

    geoestatstica foram utilizados para a realizao da interpolao dos dados. O

    tipo de krigagem escolhido para a realizao da interpolao das variveis

    mapeadas foi a krigagem ordinria em blocos de 5 x 5 m. Esta krigagem leva

    em considerao a estacionalidade somente nas vizinhanas do ponto

    amostral, sem a perda de informaes em relao krigagem simples. A

    interpolao em blocos mais adequada, pois no perde em qualidade em

    relao a pontual, reduz a varincia de krigagem e proporciona uma estimativa

    mais confivel (Gonalves et al., 1999).

    No programa SSToolbox (SSTools Development Group ) foram feitas

    as interpolaes por Krigagem e construdos os mapas de superfcie de valores.

    3.6.4 Anlise da correlao e regresso linear mltipla

    Na anlise dos dados, o que deve ser considerado a existncia,

    muitas vezes, de uma estrutura de dependncia e correlao entre os

    parmetros envolvidos no sistema. A correlao entre dois parmetros pode ser

    estimada pela correlao de Pearson (Seber, 1977), a qual pode ser utilizada

    como anlise de um conjunto de dados antes do ajuste de um modelo de

    regresso simples ou modelos de regresso mltipla; o que bastante popular

    na anlise de dados espacializados comuns em estudos de agricultura de

    preciso.

    A anlise de correlao expressa o grau de relacionamento entre duas

    variveis (Oliveira, 1999). Segundo Seber (1977) o coeficiente de correlao

    pode variar de 1 a +1; -1 significa que h uma relao perfeitamente negativa

    entre as duas variveis; +1 significa que h uma correlao perfeitamente

    positiva entre as duas variveis e 0 (zero) significa a inexistncia de correlao.

    Spiegel (1985) afirma que o coeficiente de correlao pode ser classificado,

  • 42

    considerando seu valor numrico, em cinco categorias: desprezvel (0,00 a

    0,29); baixo (0,30 a 0,49); moderado (0,50 a 0,79); alto (0,80 a 0,99) e perfeito

    (1,00).

    O coeficiente de determinao da regresso linear mltipla entre uma

    varivel independente e outras variveis dependentes tem por objetivo avaliar a

    qualidade do ajuste da reta aos pontos observados (Iemma, 1992). Seu valor

    fornece a proporo da variao total de uma varivel, explicada por outra

    varivel atravs da funo ajustada (Seber, 1977). Normalmente um

    ajustamento entre 65 e 75 % pode ser considerado regular; entre 75 e 85 %

    pode ser considerado bom e acima de 85 % pode ser considerado timo.

    Abaixo de 60 % demonstra que a varivel independente no explica com

    segurana a variao da varivel dependente. Nesse caso deve ser encontrada

    outra causa que melhor explique ou justifique a variao da varivel

    dependente (Vanni, 1998).

    Ambas as anlises, de correlao e de regresso linear mltipla, foram

    feitas a partir dos dados de condutividade eltrica, umidade e textura, extrados

    da interpolao realizada na confeco dos mapas pelo programa SSToolbox

    (SSTools Development Group ). Esses dados foram analisados pelo programa

    Statistica (Statsoft Inc., 1999) e seus resultados foram confrontados para a

    verificao na qualidade das informaes apresentadas entre os atributos de

    umidade, textura e os sistemas de mensurao da condutividade eltrica do

    solo.

  • 4 RESULTADOS E DISCUSSO 4.1 Os sistemas desenvolvidos

    O sistema mecnico desenvolvido para ser utilizado nos ensaios de

    condutividade eltrica do solo, apresentado na Figura 22, foi eficiente no

    funcionamento para o levantamento dos dados experimentais, devido ao fcil

    manuseio de seus componentes.

    Figura 22 - Prottipo montado demonstrando a disposio dos discos de corte

    na barra porta-ferramentas

    Os quatro discos de corte lisos utilizados como eletrodos foram fixad s o

  • 44

    e isolados da barra porta-ferramentas. A Figura 23 mostra a fixao e o

    isolamento dos discos de corte na barra porta-ferramentas.

    A. Isolamento com placas de PVC

    B.

    Figura 23 - (A) e (B) Isolamento e fixao do disco de corte na barra porta-

    ferramentas

    O suporte construdo para o deslocamento do prottipo por arrasto

    permitiu a penetrao do disco de corte no solo at a roda limitadora, devido

    fora de trao exercida pelo trator e pela influncia dos pesos alocados na

    barra porta-ferramentas (Figura 24A). A montagem do circuito estabilizador de

    tenso eltrica e mensurao da resistncia eltrica do solo atravs de

    componentes eletrnicos em uma placa, pode ser visto na Figura 24B.

    A.

    B.

    Figura 24 (A) suporte de conduo por arrasto e (B) circuito estabilizador de

    tenso dos sistemas RES e DP montado em uma placa

  • 45

    4.2 Anlises descritiva e exploratria dos dados amostrados

    A estatstica descritiva para as amostras de umidade, textura e para os

    dados amostrados do sistema de condutividade eltrica do solo de referncia,

    nas duas reas experimentais, esto representadas na Tabela 1 e para os

    dados amostrados dos sistemas de condutividade eltrica do solo Duas Pontas

    e Resistncia Eltrica do Solo, nas duas reas experimentais, esto

    representadas na Tabela 2.

    Tabela 1. Indicadores da anlise descritiva para as amostras de umidade (%), textura (%) e para o sistema de referncia (mS.m-1)

    Indicadores

    ME MD MO DV CV CT AS AM MI MA

    rea 1 0,1 m 8,38 8,30 8,10 0,68 8,11 -1,13 0,06 2,10 7,30 9,40

    Umidade 0,3 m 9,17 9,40 9,40 0,86 9,37 -0,56 -0,23 3,10 7,60 10,70

    rea 2 0,1 m 9,93 9,20 9,80 2,21 22,25 3,95 2,08 7,70 8,10 15,80

    0,3 m 11,90 12,00 10,30 1,37 11,51 -1,37 0,23 3,80 10,30 14,10

    Argila 0,1 m 40,79 42,01 --- 9,65 23,65 0,46 0,75 33,37 30,03 63,40

    0,3 m 44,32 43,92 --- 8,57 19,33 2,01 -0,94 33,96 22,30 56,26

    rea 1 Silte 0,1 m 18,64 15,62 --- 6,42 34,44 2,14 1,67 21,68 13,59 35,28

    0,3 m 19,79 17,01 --- 8,55 43,20 3,48 1,78 32,43 11,10 43,54

    Areia 0,1 m 40,55 40,75 --- 8,35 20,59 2,14 -0,53 36,32 19,94 56,26

    Textura 0,3 m 35,87 36,27 --- 8,67 24,17 1,05 -1,20 28,62 17,27 45,89

    Argila 0,1 m 35,53 34,15 --- 11,43 32,16 3,59 1,73 42,15 24,10 66,25

    0,3 m 33,15 37,72 --- 12,46 37,58 1,96 -1,73 45,18 3,12 48,30

    rea 2 Silte 0,1 m 31,23 32,19 --- 3,34 10,69 0,75 0,04 13,24 25,12 38,36

    0,3 m 26,76 26,22 --- 3,46 12,92 -0,27 0,49 11,13 21,98 33,11

    Areia 0,1 m 37,61 38,16 --- 6,06 16,11 1,07 -0,77 22,62 24,60 47,22

    0,3 m 35,91 36,50 --- 5,99 16,68 -0,94 -0,22 19,08 26,03 45,11

    rea 1 0 - 0,3 m 5,44 5,30 4,70 1,31 23,99 -0,14 0,36 7,50 1,50 9,00

    Sistema referncia 0 - 0,9 m 9,11 9,10 8,40 2,23 24,44 -0,27 -0,01 12,20 3,00 15,20

    rea 2 0 - 0,3 m 7,88 7,60 7,10 1,99 25,25 0,07 0,62 10,30 3,80 14,10

    0 - 0,9 m 7,09 6,50 6,40 2,15 30,32 2,21 1,52 11,00 3,10 14,10

    ME = mdia; MD = mediana; MO = moda; DV = desvio padro; CV = coeficiente de variao; CT = coeficiente de

  • 46

    curtose; AS = assimetria; AM = amplitude; MI = mnimo e MA = mximo.

    Tabela 2. Indicadores da anlise descritiva para o sistema Resistncia Eltrica do Solo (mS. m-1) e Duas Pontas (mS. m-1)

    Indicadores

    ME MD MO DV CV CT AS AM MI MA

    Duas Pontas

    27 ohm e 0,60 m 2,91 2,49 2,49 1,08 36,91 -0,45 0,35 3,99 1,02 5,01

    rea 1 47 ohm e 0,60 m 3,51 2,92 2,92 1,23 35,07 -0,40 0,37 4,70 1,20 5,89

    220 ohm e 0,60 m 5,46 5,42 5,14 1,57 28,80 -0,08 0,17 8,61 1,16 9,76

    27 ohm e 0,60 m 4,27 4,00 4,00 1,71 40,04 0,12 0,82 7,50 1,40 8,90

    rea 2 47 ohm e 0,60 m 4,52 4,25 4,60 1