Compilação de Paulo Victorino - pitoresco.com · O termo Maneirismo, derivando da palavra...

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Compilação de Paulo Victorino 005 Maneirismo - Turbulência na arte 009 - Allori, Alessandro (pai) (1535-1607) - Itália 011 - Allori, Cristofano (filho) - (1577-1621) - Itália 013 - Amaro do Vale (? 1629) - Portugal 015 -António Campelo (? - ?) - Portugal 017 -António da Costa - (? - ?) - Portugal 019 -António Nogueira (? 1575) - Portugal 021 - Aspertini, Amico - (1474-1552) - Itália 023 -Bartholomeus Spranger (1546-1611) - Flandres 025 -Battista Franco Veneziano (1510-1561) - Itália 027 -Belchior, Paulo (1554?-1619) - Brasil 029 - Bellange, Jacques (1575-1616) França 031 - Benvenuto Cellini (1500-1571) - Itália 033 - Biliverti, Giovanni (1585-1644) - Italia 035 -Bitti, Bernardo (1548-1610) - Peru 037 -Bordone, Paris (1500-1571) - Itália

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Compilação de Paulo Victorino

005 – Maneirismo - Turbulência na arte

009 - Allori, Alessandro (pai) – (1535-1607) - Itália

011 - Allori, Cristofano (filho) - (1577-1621) - Itália

013 - Amaro do Vale (? – 1629) - Portugal

015 -António Campelo – (? - ?) - Portugal

017 -António da Costa - (? - ?) - Portugal

019 -António Nogueira – (? – 1575) - Portugal

021 - Aspertini, Amico - (1474-1552) - Itália

023 -Bartholomeus Spranger (1546-1611) - Flandres

025 -Battista Franco Veneziano (1510-1561) - Itália

027 -Belchior, Paulo (1554?-1619) - Brasil

029 - Bellange, Jacques (1575-1616) – França

031 - Benvenuto Cellini (1500-1571) - Itália

033 - Biliverti, Giovanni (1585-1644) - Italia

035 -Bitti, Bernardo (1548-1610) - Peru

037 -Bordone, Paris (1500-1571) - Itália

041 - Bugiardini, Giuliano (1475-1555) - Itália

043 - Buontalenti, Bernardo (1521-1608) - Itália

045 - Calvaert, Denis (1540-1619) - Flandres

047 - Caron, Antoine (1521-1599) - França

049 – Cavalier D'Arpino (1568? -1640) - Itália

051 - Circignani, Antonio (1560–1620 - Itália

053 - Circignani, Niccolò (1517?-1596) - Itália

055 - Condivi, Ascanio (1625-1574) - Itália

057 - Cristóvão de Figueiredo (? – 1543?) - Portugal

061 - Cristóvão de Morais (ativo: 1551-1571)

063 - del Conte, Jacopino (1510-1598) - Itália

065 - Contreiras, Diogo de (ativo: 1521-1562) -

Portugal

067 - Diogo Teixeira (1540-1612) - Portugal

069 - Domingos Vieira Serrão (1570-1632) - Portugal

071 - Dornicke, Jan van (1470? - 1527?) - Flandres

073 - El Greco (1541-1614) - Espanha

077 - Fernão Gomes (1548-1612) - Portugal

079 - Fiorentino, Rosso (1494-1540) - Itália

081 - Francisco de Campos (Século XVI) - Portugal

083 - Francisco Venegas (1525?-1594) Espanha

085 - Gaspar Dias (ativo 1560-1591) - Portugal

087 - Giorgio Ghisi (1512?-1582) – Itália

093 - Giulio Romano (1491-1546) - Itália

089 - Grão Vasco (1475-1572) – Portugal

095 - Givanni da Bologna (1529-1608) - Itália

091 - Giovanni Guerra (1544-1618) - Itália

099 - Haarlem, Cornelis van (1562-1638) - Flandres

101 - Hans von Aachen (1552-1615) - Alemanha

103 - Herri met de Bles (1510?-1560) - Flandres

105 - Jacopo Bassano (1510-1592) - Itália

107 - Lomazzo, Gian Paolo (1538-1592) - Itália

109 - Loyola, Juan Íñigo de

(Século XVI) - Peru

111 - Heemskerck, Maarten van (1498-1574) -

Flandres

113 - Marten de Vos (1532-1603) – Flandres)

115 - Mestre de Abrantes (Século XVI) - Portugal

117 - Nebbia, Cesare (1536?-1622?) - Itália

121 - Palma, o Jovem, Jacopo (1548-1628)

123 - Parmigianino (1503-1540) – Itália

127 - Pontormo, Jaboco (1494-1557) - Itália

129 - Primaticcio, Francesco (1504-1570) - Itália

131 - Roncalli, Cristoforo (1552-1626) - Itália

133 - Sadeler, Ägidius (1570-1629 - Flandres

135 - Samacchini, Orazio (1532-1577) - Itália

137 - Scrots, William (ativo 1537 e 1553) - Inglaterra

137 - Simão Rodrigues (1560-1629) - Portugal

141 - Tiziano Vecellio (1480-1576) - Itália

147 - Tintoretto (1518?-1594) – Itália

Abaixo: Tintoretto, “O encontro de Tamar and Judah” 1555-58

151 - Ugo da Carpi (1455?-1523?) - Itália

153 - Vasari, Giorgio(1511-1574)- Itália

155 - Veronese, Paolo (1528-1588) - Itália

161 - Wtewael, Joachim (1566-1638) - Flandres

163 - Zuccari, Federico (1542-1609) – Itália

- 005 –

.

Turbulência na arte

Após o aparecimento de Leonardo Da Vinci, Rafael e Michelangelo a

tríade de gênios que se destacou na Alta Renascença, muitos artistas italianos

tentaram buscar um novo caminho para a atividade artística, que viesse a

contraditar os princípios renascentistas.

A ideia era criar um conceito mais turbulento, capaz de mexer com os

alicerces do classicismo, trazendo inovações insólitas, capazes de surpreender

e criar uma ampla discussão.

Nesse sentido, as novas regras deveriam romper, por inteiro, com o clássico,

criando parâmetros incomuns, cheios de significados obscuros e referências à

alta cultura.

Tintoretto, “A origem da Via Láctea” (detalhe)

- 006 -

Elo entre a Renascença e o Barroco

Arte, em certo sentido, é o reflexo de um momento histórico e, assim,

acredita-se que o Maneirismo, em oposição à Renascença, tenha sido

influenciado, em parte, pela contra-reforma católica e pelo clima de inquietação

do momento.

Nesse entendimento, ele seria uma ante-sala do Barroco, que estava por vir

e que conduziria as artes, de volta, aos desígnios do catolicismo. Na busca de

uma definição que moldaria seu caráter, o Maneirismo era reticente,

apresentando ora alguns elementos mais próximos da Renascença, ora criando

paradigmas para o Barroco, ainda que este sequer ainda existsse como estilo.

O período maneirista se estende mais ou menos entre 1520 e o fim do Séc. 16.

O termo Maneirismo, derivando da palavra italiana maneira (estilo), pode

nos dar mais informações sobre esse tipo de arte.

Ele era utilizado pelo pintor, arquiteto e historiador de arte Giorgio Vassari,

no sentido de graça, sofisticação, estabilidade, elegância. Por extensão, a

denominação prosseguiu para a arte análoga à realizada pelo artista.

De aceitação difícil

Esse novo estilo, como qualquer inovação artística, foi visto com

desconfiança pelos críticos até o Século XX, criticado sistematicamente pela

ostentação e exagero de forma e cores. Esses críticos consideravam o

Maneirismo uma arte menor, uma falha de compreensão por parte dos artistas

da época sobre a arte dos grandes mestres, sendo definido como imitações sem

alma. O próprio termo Maneirismo era relacionado ao mau gosto e excesso.

Entretanto, mais ou menos no período entre as duas guerras mundiais, com

o Modernismo sacudindo os alicerces acadêmicos, o Maneirismo passou por

uma revisão e os maneiristas do período Cinquecento passaram a ser melhor

compreendidos e admirados pelos críticos do Século XX.

Artistas que se destacaram

O pintor e, mais que tudo, historiador de arte Giorgio Vasari teria sido o

primeiro a definir o estilo como Maneirismo O termo foi criado para definir a

"maneira" de cada artista trabalhar.

Vasari, também maneirista, ficou conhecido pela posteridade por seu livro "A

Vida dos Artistas" - uma das principais fontes de informações sobre a Itália

Renascentista - e vale por seus conceitos e opiniões que acabaram por pautar,

durante longo tempo, o trabalho dos críticos e historiadores de arte que o

seguiram.

- 007 -

Sem o desmerecer Vasari como artista, sua arte é de certa forma obliterada

pela importância de seu livro, fonte indispensável para quem, em qualquer

momento, tenha tido necessidade de estudar os artistas na passagem do Século

XV (Quatrocento) para o Século XVI (Cinquecento).

Dentro do maneirismo, são colocados vários artistas que desenvolveram

atividades no período, e é grande a diversidade das obras. Não há, pois, uma

linha limítrofe definida para separar os estilos renascentista e maneirista.

Entretanto, podemos destacar outros nomes importantes que ajudaram na

formação da escola. Se você tiver dificuldades, não se preocupe: até hoje a

separação entre os dois estilos não se encontra muito clara para os

pesquisadores.

Além de Vasari,, já mencionado, destacam-se Rosso Fiorentino (1494 -

1540) e Jacopo Pontormo (1494 - 1557), na pintura; Benvenuto Cellini (1500

- 1571) e Giovanni da Bologna (1529 - 1608), na escultura; e Giulio Romano

(1492 - 1546), na arquitetura.

A Escola Veneziana

O Maneirismo contagiou toda Europa, mas talvez seja na Escola Veneziana

que podemos encontrar o maior mestre do período: o pintor Tintoretto (Jacopo

Robustini (1518-1594). Seu pai, Battista Comin, era tintore (tintureiro), daí a

origem do nome, em diminutivo.

Tintoretto produziu grande número de obras de temas históricos ou religiosos,

notáveis pelo arrebatamento inventivo e vigor do colorido. Suas principais obras

estão no Palácio dos Doges e na Scuola di San Rocco, em Veneza.

Enquanto grande parte dos artistas do período contentavam-se em imitar os

mestres, ele utilizou-se de maneira extremamente pessoal e crítica o que

aprendeu com suas maiores influências: Michelângelo e Ticiano.

- 008 -

Era conhecido por sua grande imaginação, por sua composição assimétrica

e por produzir grandes efeitos dramáticos em suas obras.

Para obter os resultados, às vezes, sacrificava até as bases da pintura

desenvolvida por seus antecessores, como, por exemplo "a suave beleza" de

Giorgione e de Ticiano).

O São Jorge e o Dragão, de Tintoretto, retratando o auge da batalha entre

as duas figuras, através de um jogo de luz e tonalidades, produz grande tensão.

Em alguns países da Europa, principalmente na França, Espanha e Portugal,

o maneirismo foi o estilo italiano quinhentista que mais se adaptou à própria

cultura desses países, encontrando mais seguidores que a própria arte da Alta

Renascença. (Enciclopédia Digital Master, Enciclopédia Koogan-Houaiss e

outras fontes.

- 009 -

Alessandro Allori 1535-1607

Alessandro Allori, nascido em Florença no dia 3 de maio de 1535 e falecido

na mesma cidade em 22 de setembro de 1607, foi pintor histórico e retratista

italiano do Maneirismo, também conhecido como Alessandro Bronzino. Ele foi

discípulo de Michelangelo e de Agnolo Bronzino, havendo estudado também em

Roma.

As suas obras principais são: Cristo entre os escribas, Expulsão dos

mercadores do templo e os retratos de Giuliano de Medici, Duque de Memours

e Rafael. Era pai do também pintor Cristófano Allori (1577-1621).

Suas principais obras estão na igreja florentina de Santa Maria Novella,no

Museu de Belas Artes de Budapeste, no Palazzo Vecchio de Florença e na

Gemäldegalerie, em Berlim. (Wikipedia e outras fontes)

Abaixo, Vênus e Cupido, 1570 circa

- 010 –

Acima, Alessandro Allori, “O rapto de Proserpina”, 1570, Commons

Abaixo, “A última ceia”, 1582, Fonte: http://www.bergamosera.com/

- 011 -

Cristofano Allori

1577-1621

Cristofano Allori, nascido em 17 de outubro de 1577 e falecido em 1º de

abril de 1621, foi um pintor de retratos italiano do Maneirismo pertencente à

escola de Florença.

Ele nasceu em Florença e recebeu as primeiras lições de seu próprio pai,

Alessandro, mas, insatisfeito com os desenhos rigidamente anatômicos e com

um colorido que considerava frio, decidiu entrar para o estúdio de Gregorio

Pagani, um dos líderes da escola florentina, onde encontrou o que queria, qual

seja, a riqueza de cores e o desenho vívido. Consta que treinou também sob a

orientação do mestre Ludovico Carli (il Cigoli) (1559-1613)

Sua pintura se destaca pela aproximação à natureza e pela delicadeza,

aliada à perfeição técnica na execução dos trabalhos. Sua habilidade decorre

também por ter feito seguidas cópias de obras de Correggio, assimilando as

características do mestre renascentista.

Sem sombra de dúvidas, seu trabalho mais famoso é “Judite com a cabeça

de Holofernes” (pg. 012), tema recorrente da pintura universal, que tem

seguramente duas versões de Allori, uma na British Royal Collection, que é

datada de 1613. Outra, de 1620, está no Palazzo Pitti de Florença e é mais

conhecida. Destes seus dois trabalhos, há várias cópias de estúdio, a maioria

feitas por outros artistas, mas seguindo de perto os dois originais.

De acordo com a biografia feita por seu contemporâneo, Filippo Baldinucci

(1624circa-1697), o modelo para esse quadro foi uma cortesã, a bela "La

Mazzafirra", que também posou para outra obra sua, “Madalena”. A outra

personagem deste quadro é a própria mãe da modelo. (Wikipedia em inglês e

outras fontes).

- 012 –

Cristofano Allori, “Judite e a cabeça de Holofornes” (1613)

Óleo sobre tela, 1,20 × 1,00 m, Fonte: Commons

Holofernes era um general assírio, personagem bíblico citado no livro apócrifo

de Judite. Durante o sítio a Betúlia feita por Holofernes, Judith, uma bela viúva

judia que se introduziu no acampamento de Holofernes, bebeu com o general e

o embebedou, para então decapita-lo enquanto dormia.

- 013 -

Amaro do Vale

(? – 1619)

Amaro do Vale, nascido em data ignorada e falecido em 1619, foi um pintor

maneirista português. Apesar de sua obra ter sido muito elogiada por cronistas

do seu tempo, pouco do seu trabalho sobreviveu aos nossos dias.

Por volta de 1590, ele trabalhou no Escorial, junto aos pintores romanos

Federico Zuccari (1542-1609) e Pellegrino Tibaldi (1527-1596), que muito o

influenciaram, mas sua atuação naquele monumento não está caracterizada.

Em 1584 realizou um retábulo para a igreja do Mosteiro de Santa Marta de

Lisboa, já desaparecido, mas desta obra ainda subsiste um desenho

preparatório. Para a Sé de Lisboa realizou o retábulo da capela-mor com o tema

Assunção da Virgem, além de outros painéis para várias igrejas lisboetas, mas

todas essas obras desapareceram com o passar dos séculos. Para a Sé de Leiria

também pintou um retábulo entre 1605 e 1606, igualmente perdido.

Sua mais famosa pintura, hoje extraviada, foi um retábulo para a Capela da

Irmandade de S. Lucas, no Mosteiro da Anunciada de Lisboa. Esta pintura, que

descrevia São Lucas retratando a Virgem, fora encomendada pela irmandade

dos pintores da cidade por volta de 1610. A obra, muito elogiada pelo artista

lisboeta Cirilo Volkmar Machado (1748-1823), perdeu-se após as invasões

napoleónicas. Um desenho preparatório, porém, sobrevive no Gabinete de

Desenho do Museu Nacional de Arte Antiga e revela a influência do maneirismo

romano na obra do artista. O Museu possui ainda vários outros desenhos de

Amaro do Vale, realizados como preparação para retábulos já perdidos.

É atribuído a ele um grande painel representando a Aparição de Nossa

Senhora do Porto Seguro, na Igreja de S. Luís dos Franceses de Lisboa. Nesse

painel, Nossa Senhora aparece sobre uma vista panorâmica de Lisboa, o que dá

à obra grande valor iconográfico. Na Igreja de São Roque de Lisboa, terminou

a pintura do teto de madeira da igreja, começada por Francisco Venegas. Nesta,

Amaro do Vale teria realizado os medalhões pintados da composição (ver

foto na página 014; em particular o painel Milagre da multiplicação de pães e

peixes, pela sua qualidade, é provavelmente obra sua.

- 014 -

Com base nos desenhos e obras subsistentes, o historiador de arte Vítor

Serrão (1952) atribui a Amaro um painel de grande qualidade representando a

Adoração da corte celestial, de procedência ignorada e hoje nos depósitos do

Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. (Wikipedia e outras fontes)

Abaixo, um dos medalhões pintados por Amaro do Vale

na Igreja de São Roque de Lisboa

- 015 –

António Campelo

Século XVI

António Campelo foi um importante pintor maneirista de Portugal, ativo na

segunda metade do século XVI. Foi muito elogiado por fontes portuguesas dos

séculos XVII e XVIII, mas pouco de sua obra sobreviveu aos nossos dias. Só

aparece mencionado no século XVII por Félix da Costa, que lhe chama António

e por D. Francisco Manuel de Melo, que lhe chama Manuel.

Estudou em Roma, com uma bolsa do rei D. João III. De suas pinturas, pouco

sobrou. Um painel, representando Cristo com a cruz às costas e realizado para

o Mosteiro dos Jerónimos, é a única pintura absolutamente identificada de

Campelo, e localiza-se atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em

Lisboa. Também a ele é atribuída uma Adoração dos pastores (detalhe abaixo

e por inteiro na página 016), localizada no refeitório do Mosteiro. O Museu

Municipal Carlos Reis, em Torres Novas, possui uma outra Adoração dos

pastores, também atribuída a Campelo.

Além destas poucas pinturas conhecidas, o Gabinete de Desenhos do Museu

Nacional de Arte Antiga possui oito desenhos do artista, os quais demonstram a

influência do maneirismo italiano na sua obra. Estes incluem desenhos

realizados na sua estada em Roma, assim como estudos preparatórios para

obras pictóricas já desaparecidas. (Wikipedia e outras fontes)

- 016 –

António Campelo, “Adoração dos pastores”,

Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos.

- 017 -

António da Costa

Século XVI

António da Costa foi um pintor tardo-maneirista, nascido no século XVI e

falecido no século XVII em Portugal. Foi discípulo e genro do pintor Diogo de

Teixeira (1540-1612).

Com seu sogro, pintou entre 1586 e 1588 o retábulo da Misericórdia de

Alcochete. Presume-se que colaborou em outras obras do mestre como o

tríptico da vida de São Brás, da Igreja de Santa Maria de Óbidos, o retábulo da

Matriz do Cadaval e as Bandeiras das Misericórdias de Óbidos e de Lourinhã.

Em 1590, substituiu Gaspar Dias (ativo entre 1560 e 1591), na pintura do

retábulo da Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai em Lisboa, por

desavenças deste outro pintor com a Irmandade. Deste conjunto, restam quatro

tábuas numa coleção particular, características do desenho irregular e da

coloração seca de António da Costa.

Atribuíveis a este autor são ainda o retábulo da Igreja do Sacramento do

Carvalhal (cerca de 1600), perto de Bombarral, bem como quatro tábuas de um

retábulo da Sé de Portalegre, uma Descida da Cruz do Seminário de Évora e

três tábuas da Ermida de S. Crispim e S. Cipriano em Lisboa, datando todas do

início do século XVII.

Falecido o seu sogro, parece que o pintor teve algumas dificuldades de

subsistência, como deixa entender uma demanda que encetou acerca dos bens

de Diogo de Teixeira. Em 1612, foi um dos subscritores da demanda coletiva dos

pintores lisboetas em favor da liberalidade da Arte da Pintura. Até 1637, viveu

em Lisboa, na Calçada do Monte, mudando-se posteriormente para o Chiado

onde, certamente já muito idoso, vivia ainda em 1640.

Figura secundária do maneirismo português, copiou, como outros, o

receituário codificado por Diogo Teixeira, mas com um desenho assaz incorreto,

figuras de gestos teatrais mas rígidos e rostos quase caricaturais de grandes

olhos postos em míticos olhares. (Wikipedia e outras fontes)

- 018 –

António da Costa, “Retábulo”

- 019 -

António Nogueira

(? – 1575)

António Nogueira, nascido em Portugal em data não sabida, e falecido em

Évora no ano de 1575, foi um pintor maneirista, ativo na segunda metade do

século XVI.

Suas primeiras obras registradas foram dois retábulos executados em 1564

para Igreja de S. Estevão de Beringel, contratados por D. Pedro de Sousa, mas

que se perderam. Em 1564, produziu um retábulo para a Misericórdia da Beja,

e depois outros para a Igreja Matriz do Lavradio e Igreja do Espírito Santo de

Ferreira do Alentejo.

Suas pinturas são caracterizadas por forte tensão entre as formas e

composição agitada por figuras e vestes em movimento, contra fundos de índole

geométrica. (Wikipedia e outras fontes).

Descida da Cruz (detalhe)

- 020 –

António Nogueira, “Retábulo” na forma de políptico

- 021 -

Amico Aspertini

1474-1552

Amico Aspertini, nascido no ano de 1474 e falecido no ano de 1552, foi um

pintor italiano precursor do Maneirismo, pelo seu estilo complexo, excêntrico e

eclético. É considerado um dos principais representantes da Escola de Bolonha.

O historiador de arte Giorgio Vasari o descreve uma personalidade excêntrica,

mas capaz de produzir obras que denotam alta expressão.

É originário de Bolonha, nascido de uma família de pintores, a começar de

seu pai, Giovanni Antonio Aspertini. Estudou com Lorenzo Costa e Francesco

Francia. Esteve em Roma entre 1500 e 1503 e retornou para a Bolonha já com

a influência de Pinturicchio.

Em 1504, juntou-se a Francia e Costa na pintura dos afrescos do Oratório de

Santa Cecília, em San Giacomo Maggiore. De 1507 a 1509, pintou um ciclo de

afrescos na Basílica de San Frediano, em Lucca.

O historiador de arte Giorgio Vasari o descreve como um excêntrico e “meio

insano” mestre, que trabalhava rapidamente usando a um só tempo as duas

mãos, dividindo entre elas o efeito “chiaroscuro”: enquanto uma das mãos

pintava o “claro”, a outra, simultaneamente ia cuidando do “escuro”...

Louco ou não ele se revelou um prodígio em afrescos, decorações de

fachadas e retábulos, criando uma antevisão do Maneirismo que se insinuava a

par com a Alta Renascença.

Aspertini estudou sob a orientação de grandes mestres bolonheses, incluindo

Francesco Francia, que, por sua vez, trazia uma influência graciosa e gentil da

maneira de pintar de Rafael.

Revelando seu estilo próprio, Aspernini frequentemente incorporava às suas

pinturas motivos retirados da arte e arquitetura antigas, mostrando não só sua

habilidade no trato com a pintura como seu profundo conhecimento da história

da arte. (Getty Museum, Wikipedia e outras fontes)

- 022 –

Amico Aspertini, Oratorio di Santa Cecilia,

Martírio de Valéria e seu irmão Tibúrcio” (1504-1506)

Afresco, Fonte: https://commons.wikimedia.org/

Adoração dos pastores (detalhe) Fonte: Commons

- 023 -

Bartholomäus Spranger

1546-1611

Bartholomew Spranger, nascido em Antuérpia (Flandres) em 1546 e

falecido em Praga (Eslováquia) em 1611, foi um pintor e gravador maneirista

flamengo. Começou seu aprendizado com Jan Mandyn, Frans Mostaert e

Cornelis van Dalem.

Enfastiado com a pintura tradicional dos renascentistas, começou a

pesquisar, por conta própria o idioma cromático do Maneirismo, copiando

gravuras de Frans Floris e de Parmigianino. Em 1565, foi a Paris e, depois, a

Milão, passando por Lyon (França) e aprendeu, nessa viagem, a técnica do

afresco.

Na Primavera de 1566, foi a Parma, onde trabalhou nos afrescos da igreja de

Santa Maria dela Steccata, sob a supervisão de Bernardino Gatti. Depois,

seguiu para Roma, onde o importante e bem relacionado cardeal Alessandro

Farnese lhe conseguiu alguns trabalhos importantes.

Com a oportunidade de desenvolver livremente seu trabalho, Spranger, em

breve, se tornou conhecido e alcançou alto reconhecimento na Itália. Em 1570,

foi nomeado pintor do Vaticano, pelo papa Pio V, e mudou-se para a cidade

santa, onde lhe forneceram aposentos apropriados para fixar residência.

Após a morte do Papa, teria condições de continuar trabalhando no Vaticano

mas aconteceu que ele foi convocado para atender o Imperador austríaco

Maximiliano II, em 1575 e, seis anos depois, recebeu convite do imperador

Rodolfo II, da Eslovênia para fixar residência em Praga.

Com seu serviço disputado pelas grandes personalidades da época,

Spranger granjeou uma pequena fortuna e morreu como um homem rico e bem

estabelecido. Aparte o excepcional talento, o que atraiu imperadores e nobres

foram os temas de suas obras, voltadas para pinturas mitológicas e alegóricas,

reforçadas depois, com cenas eróticas de bom gosto, pintadas no estilo

maneirista. Fontes: http://www.bartholomew-spranger.com/ e outras.

- 024 –

Bartholomeus Spranger: “Angelica and Medoro”,

ca.1600. Fonte: Wikimedia Commons

- 025 -

Battista Franco Veneziano

1510-1561

Battista Franco Veneziano, ou Giovanni Battista Franco, nascido no ano

de 1510 e falecido no ano de 1561, foi um pintor e gravador em água-forte,

Maneirista, atuante na Itália, particularmente em Roma, Urbino e Veneza. É

também conhecido como Il Semolei ou simplesmente Battista Franco.

Nativo de Veneza, foi para Roma aos vinte anos, mas trabalhou também em

Urbino. Pode ter sido um dos mentores de Federico Barocci (1528-1612),

juntamente com Girolamo Genga.

Suas gravuras em água-forte são mais famosas e mais bem elaboradas que

suas pinturas, já que estas perdem muito da originalidade ao imitar demais as

pinturas de Michelangelo.

Para quem não sabe, a água-forte era uma modalidade de gravura usando

como matriz algum tipo de metal, normalmente ferro, zinco, cobre, alumínio ou

latão. Menos comum que a xilografia (matriz em madeira), tinha a vantagem

de ser mais resistente e mais fiel aos detalhes. A água forte, ou ácido nítrico,

tinha por fim corroer o metal, criando o relevo necessário para a impressão.

Os dois processos sempre conviveram pacificamente, não concorrendo um

com o outro. A xilografia, talhada com cinzel, é mais artesanal, e a própria

impressão, irregular, dá um caráter muito pessoal à ação do artista. Já a água

forte é mais industrial e seu processo pode ser terceirizado, o que diminui, em

certo sentido a presença do artista no conjunto da obra, pois sua personalidade

se fixa mais no desenho do que na manufatura da matriz.

A água forte sobreviveu até o Século XX, conhecida modernamente como

“clichê”, e utilizada pela indústria gráfica na impressão gravuras em livros, jornais

e revistas. Caiu em desuso com a universalização da impressão em offset e a

diagramação digitalizada, que criaram novos parâmetros para as artes gráficas.

(Paulo Victorino)

- 026 –

Battista Franco Veneziano - Gravuras em água forte

- 027 –

Belchior Paulo

1554?-1619

Belchior Paulo, nascido em Sernande, (Bragança/Trás-os-Montes),

Portugal por volta de 1554 e falecido no Rio de Janeiro (Brasil) no ano de 1619,

foi um jesuíta português que veio ao Brasil para participar do processo de

catequização e tornou-se um dos primeiros pintores a atuar no país no final do

século XVI, produzindo obras de influxo ainda renascentista, mas com

características já dominantes do Maneirismo.

Pouco se sabe sobre sua vida. Ingressou na Companhia de Jesus em 1572,

quando estava em Coimbra. Desembarcou em Pernambuco em 1587, junto

com uma expedição de padres jesuítas que partira de Lisboa, iniciando seu

trabalho na decoração de igrejas.

Em 1589, mudou-se para a Bahia, onde trabalhou até por volta de 1614.

Esteve no Espírito Santo em 1598, onde possivelmente pintou o retrato do

padre Anchieta. Passou pelo Rio de Janeiro em 1601, fixando-se nesta cidade

a partir de 1615. Teve ainda passagens breves por Santos (1606, 1610) e São

Paulo (1616).

São suas algumas das mais antigas pinturas produzidas no Brasil, mas quase

toda sua produção se perdeu ou foi encoberta por repinturas. Serafim Leite

(1890-1969), historiador português que estudou a presença dos jesuítas no

Brasil, atribuiu ao pintor a Adoração dos Reis Magos (pg. 028), no altar da

Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, distrito de Serra, no Espírito Santo.

O mencionado retrato do padre Anchieta foi encontrado na cidade de

Anchieta na década de 1940, encoberto por uma grossa camada de tinta.

Restaurada a tela, ela foi exposta no Museu Nacional de Belas Artes em 1986.

José Roberto Teixeira Leite atribui ao artista também as pinturas não

identificadas na igreja e sacristia da Catedral de Salvador. Wikipédia, a

enciclopédia livre.

- 028 –

Belchior Paulo: Adoração dos Reis Magos,

Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida,

Espírito Santo

- 029 -

Jacques Bellange

1575?-1616

Jacques Bellange, nascido na França por volta de 1575 e falecido no ano de

1616, foi um dos mais originais gravuristas do Maneirismo europeu, e as

gravuras são as únicas obras suas cuja autoria é segura. Nasceu no ducado de

Lorraine ao Nordeste da França, cuja capital era Nancy. Artista gráfico, mais que

tudo, ficou conhecido pelas gravuras que criou e imprimiu, tendo como objeto,

principalmente os temas religiosos, que desenvolveu com alta criatividade e

superior estilo.

Ele desenvolveu seu trabalho por cerca de 15 anos na capital do Ducado,

Nancy, tendo sido nomeado o pintor dos dois Duques de Lorraine, função que

ocupou até a morte, aos 40 anos, aproximadamente. Curioso que a maior parte

de sua obra, e a mais importante dela, foi produzida nos quatro últimos anos de

vida. Tudo é duvidoso a respeito das pinturas que produziu, já que elas se

perderam no tempo e, o que sobreviveu, não se tem certeza quando à sua real

autoria. Bem ao contrário das gravuras que, estas sim, foram conservadas pelos

seus colecionadores, permitindo que fossem observadas pelos críticos e

catalogadas. (Wikipedia em inglês e outras fontes)

- 030 –

Acima: Jacques Bellange , “Anunciação”.

Abaixo, “Cristo carregando a cruz”.

- 031 -

Benvenuto Cellini

1500-1571

Benvenuto Cellini, nascido em Florença no dia 3 de novembro de 1500 e

falecido na mesma cidade em 13 de fevereiro de 1571, foi um, escultor, ourives

e escritor italiano, surgindo no período da Alta Renascença, mas com viés

voltado para o Maneirismo, tornando-se um dos mais importantes artistas deste

florescente estilo. Sua marca era a rebeldia e seu espírito belicoso lhe trouxe

muitos problemas, inclusive a cadeia.

Seu pai desejava torna-lo um músico, mas ele se rebelou contra esse destino

e voltou sua atenção para as artes plásticas, tornando-se aprendiz de metalurgia

no estúdio do ourives Andrea di Sandro Marcone. Em 1516, envolveu-se em

uma briga de sérias consequências e foi banido para Siena, só podendo voltar a

Florença dois anos depois. Desta vez, por vontade própria, deixou sua cidade

natal e mudou-se para Roma.

Retomando seu lado belicoso, mata o assassino de seu irmão, em 1529,

tendo de fugir para Nápoles. Pela influência de vários notáveis, obtém o perdão

e com a elevação do Papa Paulo III, volta às suas atividades, sendo que, nesse

tempo, acidentalmente, mata um ourives e comete outros deslizes, ficando preso

no Castelo de Sant’Angelo sob a acusação de trocar as gemas da tiara papal.

Depois, a convite de Francisco I, trabalha em Fontainebleau (França) e em

Paris, mas se envolve em intrigas da corte e acaba retornando a Florença em

1545, onde se ocupa de diversas obras.

Temperamento vem de nascença e não muda nunca. Surgiu, então, uma

rivalidade entre ele e o também escultor Baccio Bandinelli (1493-1560), que fez

graves acusações a Bellini, denegrindo sua imagem perante a sociedade.

Não obstante, acima de tudo, prevalece o talento e, pela alta aceitação de

suas obras, acaba tendo seu valor reconhecido pelos duques e ganha a

admiração de seus compatriotas. Cellini morreu em Florença em 1571 e foi

enterrado na igreja de Nossa Senhora da Anunciação, com grande pompa.

(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes).

- 032 –

Acima, Benvenutto Cellini, “Perseu” (detalhe da estátua)

Abaixo, “Perseu” detalhe da cabeça da Medusa

- 033 –

Giovanni Biliverti

1585-1644

Giovanni Biliverti (Bilivelt, ou ainda Bilivert), nascido em Florença no dia

25 de agosto de 1585 e falecido na mesma cidade em 16 de julho de 1644, foi

um pintor italiano do período denominado Maneirismo, mas com incursões

também pelo Barroco. Sua atividade profissional se desenvolveu, quase toda

ela, em sua cidade natal, Florença, e, posteriormente, também em Roma. Ele

era filho do pintor holandês Giacomo Giovanni Biliverti (nascido Jacob

Janszoon Bijlevelt) (1550-1603). O pai nasceu em Delft, mas exerceu a sua

atividade artística em Florença, daí que o estilo dos dois, pai e filho, estava mais

florentino que holandês.

Giovanni começou a sua aprendizagem com Alessandro Casolani em

Siena. Após a morte do pai, em 1603, trabalhou no ateliê de Ludovico Cardi,

que o acompanhou em Roma a partir de abril 1604 até 1607. Em Roma,

trabalhou em projetos aprovados pelo Papa Clemente VIII. Em 1609, Biliverti

ingressa na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, financiada pela

Família Médici. De 1611 até 1621, foi contratado por Cosme II de Médici para

trabalhos em pietra dura (incrustração de pedras coloridas).

Na Basílica de Santa Cruz, em Florença, é possível ver o seu retábulo de

Santa Helena. Sua atividade se encerrou prematuramente, pelo fato de ele ter

perdido a visão. Entre seus discípulos estavam Cecco Bravo, Agostino Melissi,

Baccio del Bianco e Orazio Fidani. (Wikipedia e outras fontes)

- 034 –

Giovanni Biliverti,

“O arcanjo Rafael recusando

a oferta de Tobias”,

Fonte: Commons

- 035 -

Bernardo Bitti

(ítalo-peruano)

1548-1610

Bernardo Bitti, nascido em Camerino (Itália) no ano de 1548 e falecido em

Lima (Peru) em 1610, foi um padre jesuíta, escultor e pintor da Itália, um dos

introdutores do Maneirismo no Peru. Foi também um dos expoentes da Escola

de Cuzco, uma iniciativa colonial peruana centrada na cidade do mesmo nome.

Os artistas cuzqueños concretizaram uma fusão da arte indígena com a

europeia, primeiro com o Maneirismo e depois, com o Barroco.

Bitti iniciou seu treinamento em Roma, quando era apenas um adolescente e

foi lá que teve seus primeiros contatos com o estilo maneirista. Em 1568, tornou-

se jesuíta e três anos mais tarde, foi ordenado sacerdote, juntando-se, então, à

expedição jesuíta para catequizar os índios peruanos.

Antes de seguir ao Peru, os jesuítas receberam orientação missionária na

Espanha, onde ficaram por 14 meses, tempo suficiente para tomar contato,

também, com o desenvolvimento da pintura espanhola, já “contaminada” pelo

estilo maneirista.

Bitti chegou ao Peru em 1575 e logo começou a trabalhar para os jesuítas

locais, pintando painéis e entalhando molduras para retábulos, no colégio e igreja

de São Pedro em Lima, onde colaborou frequentemente com Pedro de Vargas.

Em 1583 se transferiu para Cuzco, permanecendo lá até 1594 e dando

impulso à escola local de pintura. Ali também entalhou o altar-mor da igreja

jesuíta e pintou um painel para aquela igreja.

Não fixou residência na cidade, mas voltou a ela várias vezes, e viajou por

outras partes do Peru, influenciando muitos artistas autóctenes, entre eles

Gregorio Gamarra, Lázaro Pardo de Lagos e Diego Cusi Guamán. (Enciclopédia

Britânica, Wikipedia e outras fontes).

- 036 –

Acima, detalhe do retábulo da Coroação da Virgem, em Lima

Abaixo, “N. S. do Passarinho” (detalhe) Fonte: http://www.unilat.org/

- 037 –

Paris Bordone

1500-1571

Paris Paschalinus Bordone, conhecido também como Paris Bordon ou

simplesmente Paris Bordone, nascido em Treviso no ano de 1500 e falecido em

Veneza no ano de 1571, foi um pintor do Maneirismo italiano, dedicando-se não

somente à pintura religiosa como também à mitológica, sendo ainda conhecido

por retratos de mulheres nuas, de grande sensualidade.

Após a morte de seu pai, mudou-se com a mãe para Veneza onde, muito

provavelmente, tornou-se um discípulo de Ticiano Veccelli, por volta de 1516 e

1517. Reza a lenda que o relacionamento entre os dois era tenso e emotivo

porque o discípulo tinha talento suficiente para imitar, com perfeição, o estilo do

mestre. A formação cultural de Bordone ocorre em Veneza, por volta da década

de 1520, em um ambiente subjugado pelas conjunções entre os tonalismos de

Giorgione, de Giovanni Bellini e de Tiziano, em cujo ateliê, já o dissemos,

desenvolve sua primeira atividade.

Não obstante o peso de tais referências, Bordon mostra-se um dos pintores

mais atentos à evolução do Maneirismo em Veneza, seja na inspiração buscada

ainda na Alta Renascença (especialmente em Michelangelo), seja na utilização

pioneira de arquiteturas cenográficas inspiradas em Sebastiano Serlio, como

atesta a mais famosa de suas obras-primas da juventude, A Consignação do

Anel ao Doge, da Galleria dell´Accademia de Veneza, de 1534-1535.

Na Descrizione dell´Opere di Tiziano (1568), o historiador de arte Giorgio

Vasari dedica um esboço biográfico a Bordone, a quem conheceu pessoalmente,

registrando, entre suas obras de juventude, decorações a afresco de muitas

fachadas de residências e inúmeros retratos que notabilizariam o artista ao longo

de sua carreira, como o Retrato de Alvise Contarini. Após excursões a Vicenza

e Treviso, Bordone consegue as primeiras grandes encomendas nas principais

igrejas de Veneza, entre elas a Catedral de São Marcos.

- 038 -

Em 1538, transfere-se para a corte de Francisco I da França, ocasião em que

caminha para uma pintura de cunho estético mais erótico, possivelmente em

virtude do contato com a cultura de Fontainebleau (França). Já plenamente

estabelecido, Bordone conquista uma clientela europeia cada vez mais

prestigiosa: pinta diversos retratos femininos da aristocracia francesa, obras de

cunho religioso para Jean de Guise, cardeal de Lorena, como Ecce Homo (Eis

o homem) e cenas mitológicas para o rei da Polônia, Sigismundo Augusto, como

Júpiter e Io.

Trabalha em seguida em Augsburgo para o cardeal da cidade e para os

Függer, antes de se transferir para Milão e depois para a Espanha, a serviço do

marquês de Astorga. Bordone passa seus últimos anos em Veneza, onde Vasari,

que o visita em 1566, testemunha pessoalmente seu prestígio e prosperidade.

(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes)

Abaixo, “Cristo, a luz do mundo” c1550) – Fonte: Commons

- 039 –

Acima, Paris Bordoni, “Vênus e cupido”, (Fonte: Commons)

Abaixo, Paris Bordoni, “Júpiter e Io” (Fonte: Commons)

- 040 –

Acima, Paris Bordone, “Descanso na fuga para o Egito”,

Fonte: http://content.ngv

Abaixo: Paris Bordone, “Alegoria (Marte, Vênus, Flora e

Cupido” (Fonte: Commons)

- 041 -

Giuliano Bugiardini

1475-1555

Giuliano Bugiardini, nascido em 29 de janeiro de 1475 e falecido em 17 de

fevereiro de 1555, foi um pintor italiano do Maneirismo, havendo trabalhado

principalmente em Florença.

É também conhecido como Giuliano di Piero di Simone. Estudou com

Domenico Ghirlandaio e, em 1503, entrou para a Companhia de São Lucas, que

mais tarde se chamaria (Academia de São Lucas), e associou-se a Mariotto

Albertinelli.

O historiador de arte Giorgio Vasari afirma que Bugiardini ajudou

Michelangelo em 1508 com seu trabalho na Capela Sistina. (Wikipedia e outras

fontes).

Abaixo, Giuliano Bugiardini, “Vênus Adormecida”

- 042 -

Giuliano Bugiardini - Virgin and Child with

the Infant St John the Baptist

Fonte: commons.wikimedia.org/

- 043 -

Bernardo Buontalenti

1531-1608

Bernardo Delle Girandole, mais conhecido como Bernardo Buontalenti,

nascido em Florença no dia 15 de dezembro de 1531 e falecido na mesma

cidade em 6 de junho de 1608, era, como Leonardo Da Vinci, um “homem dos 7

instrumentos”: foi cenógrafo, arquiteto, paisagista, pintor, escultor, mecânico,

figurinista, matemático, miniaturista e engenheiro militar italiano.

Buontalenti (em português, “bom talento”) entrou, ainda jovem, a serviço dos

Medici e permaneceu com eles durante toda a vida, sem manifestar aquela

instabilidade dos grandes artistas, preferindo, ao contrário, a segurança de servir

a um único senhor. No Uffizi Palace de Florença, ele construiu um grande espaço

para reuniões, onde, durante o inverno de 1585-1586, se realizaram grandes

festas, sob sua direção.

O talento de Bernardo, associado à vida extravagante dos Medici, se juntaram

numa numa amálgama perfeita. Ele projetou roupas e fantasias para representar

ninfas, deuses, dragões e querubins; ele construiu engenhosas máquinas para

cenas de efeitos espetaculares. Na arquitetura, projetou palácios, jardins, fontes

e tudo mais que podia caber na imaginação do artista e no bolso dos mecenas.

Nas artes plásticas, estudou escultura com Michelangelo, pintura com Salviati

e Bronzino, iluminura com Giulio Clovio e arquitetura com Vasari e, na aplicação

de seu talento, passou a ser considerado um dos mais importantes arquitetos,

paisagistas e engenheiros do Maneirismo. Sua primeira obra conhecida foi o

Palazzo di Bianca Cappello em Florença, de 1568.

Projetou as fortificações e a planta urbana de Livorno, e em Florença realizou

as fortificações do Belvedere, o paisagismo do Parco di Pratolino e do Giardino

di Boboli, e a decoração do Palácio Pitti, criando uma famosa gruta com

decoração altamente fantasiosa. Também trabalhou nas muralhas das cidades

de Pistoia, Grosseto, Prato, Portoferraio e Nápoles. Aperfeiçoou o desenho dos

canhões e inventou uma nova granada incendiária. Ainda quer mais?

(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes)

- 044 –

Roupas desenhadas por Bernardo Talento

para o intermezzo "La Pellegrina" em 1589 -

Fonte: Pinterest.com

- 045 -

Denis Calvaert

1540-1619

Denis (or Denys) Calvaert, nascido no ano de 1540 e falecido no dia 16 de

abril de 1619, foi um pintor flamengo originário da Antuérpia, mas que viveu a

maior parte de seu tempo na Itália, onde ficou conhecido como Dionisio

Fiammingo, ou simplesmente Fiamingo. Sua pintura não era uma

demonstração singela da arte, muito pelo contrário, ele tinha profundos

conhecimentos de arquitetura, anatomia e história, introduzindo esses elementos

nas obras que produzia.

Seus primeiros estudos se fixaram nas paisagens e aconteceram ainda na

Antuérpia, onde teve como mestre Christiaen van Queecborn. Depois, seguiu

para Bolonha, onde trabalhou sob a orientação de Prospero Fontana.

Suas pinturas adquiriram o Maneirismo da arte flamenga, que se fundiram,

mais tarde ao estilo italiano. De Bolonha, foi para Roma em 1572, onde assistiu

Lorenzo Sabattini no palácio papal do Vaticano. Aproveitando esse contato com

a cidade santa, aproveitou as horas vagas para estudar e copiar várias obras de

Rafael Sanzio. Finalmente, retornou a Bolonha e montou seu próprio estúdio,

onde teve um número enorme de jovens aprendizes, incluindo Guido Reni,

Giovanni Battista Bertusio, Francesco Albani and Domenichino, além de Vicenzio

Gotti, Francesco Gessiand e Giacomo Semenza.

Calvaert foi respeitado e considerado por seus companheiros de Bolonha e

por toda a comunidade artística italiana. Seu funeral, na Basílica de Santa Maria

dei Servi teve um grande cortejo, composto por seus ex-discípulos e pelas

personalidades mais representativas de Bolonha.

Quanto à técnica, Calvaert tipicamente usou o chiaroscuro para definir as

figuras de primeiro plano. Embora ligado à estética maneirista ao longo de sua

carreira, Calvaert nunca se afastou completamente do classicismo, ainda

presente na escola bolonhesa de seu tempo. (Wikipedia em inglês e outras

fontes)

- 046 –

Denis Calvaert, “Madona

com criança e santos”

- 047 -

Antoine Caron

1515?-1593

Antoine Caron, nascido em Beauvais (França) no ano de 1521 e falecido em

Paris no ano de 1599, foi um pintor, gravurista, vidreiro e ilustrador francês,

Maneirista e integrante da Escola de Fontainebleau. Ele foi um dos mais

significativos artistas durante o reinado de Carlos IX e de Henrique III. Seu

trabalho ganha força e importância histórica por registrar a elegante mas instável

Corte da Casa de Valois (dinastia capetina), durante as guerras religiosas que

ocorreram entre 1560 e 1598.

Caron foi contratado por Francesco Primaticcio como um pintor de estilo

maneirista, entre 1540 e 1550, para cuidar do embelezamento do castelo de

Fontainebleau. Após a ascenção de Henrique III, ele foi também comissionado

para pintar uma série de trabalhos focalizando a história de Artemisia,

glorificando a viuvez da rainha mãe, Catarina de Medicis.

Dedicou-se à arte desde a juventude realizando afrescos em igrejas. Entre

1554 e 1550 trabalhou com Francesco Primaticcio e Niccolò dell'Abbate na

Escola de Fontainebleau. Em 1561 foi indicado pintor da corte de Catarina de

Medici e Henrique II, tornando-se responsável também pela organização de

festividades reais. Poucos trabalhos seus sobreviveram, mas o que resta mostra

cenas alegóricas, cerimônias da corte, cenas históricas e outras com motivos

astrológicos. Usou cores incomuns e extravagantes para construir os planos de

fundo de suas obras.

- 048 –

- 049 -

Cavaliere D’Arpino

1568?-1640

Giuseppe Cesari, nascido em Roma por volta de 1568 e falecido na mesma

cidade em 1640, foi um pintor do Maneirismo italiano, também chamado il

Giuseppino ou Cavalièr d'Arpino.. Este último nome lhe foi dado porque tinha

pintado o “Cavaliere di Cristo” (Cavaleiros de Cristo) para o Papa Clemente

VIII. (Veja abaixo) trabalhou também em Roma para o Papa Sisto V.

Ele também notabilizou-se por ter sido o chefe do estúdio onde o jovem e

incipiente Caravaggio treinou quando chegou a Roma, pintando flores e frutas.

- 050 –

Giuseppe começou seu treinamento como assistente de decoração da loggia

do Vaticano, sob a direção de Niccolo Circignani. Além de Circignani, ele sofreu

influência de outros artistas envolvidos no mesmo trabalho, entre eles Cristoforo

Roncalli e Giovanni Battista Ricci. De 1589 a 1591, executou extensas

decorações na Certosa (Mosteiro) de San Martino.

Era um homem de personalidade forte e foi da pobreza à riqueza devido a

sua arte. Seu irmão, Bernardino Cesari, o ajudou em muitos de seus trabalhos.

Cesari tornou-se membro da Accademia di San Luca em 1585. Trabalharam em

seu estúdio Pier Francesco Mola (1612-66), além de Francesco Allegrini da

Gubbio, Guido Ubaldo Abatini, Vincenzo Manenti e Bernardino Parasole.

(Enciclopédia Britânica, Wikipedia em inglês e outras fontes

Cavalier D’Arpino, “Diana, a caçadora”, Fonte: Google Art Project