Compilação de Paulo Victorino - pitoresco.com · O termo Maneirismo, derivando da palavra...
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Compilação de Paulo Victorino
005 – Maneirismo - Turbulência na arte
009 - Allori, Alessandro (pai) – (1535-1607) - Itália
011 - Allori, Cristofano (filho) - (1577-1621) - Itália
013 - Amaro do Vale (? – 1629) - Portugal
015 -António Campelo – (? - ?) - Portugal
017 -António da Costa - (? - ?) - Portugal
019 -António Nogueira – (? – 1575) - Portugal
021 - Aspertini, Amico - (1474-1552) - Itália
023 -Bartholomeus Spranger (1546-1611) - Flandres
025 -Battista Franco Veneziano (1510-1561) - Itália
027 -Belchior, Paulo (1554?-1619) - Brasil
029 - Bellange, Jacques (1575-1616) – França
031 - Benvenuto Cellini (1500-1571) - Itália
033 - Biliverti, Giovanni (1585-1644) - Italia
035 -Bitti, Bernardo (1548-1610) - Peru
037 -Bordone, Paris (1500-1571) - Itália
041 - Bugiardini, Giuliano (1475-1555) - Itália
043 - Buontalenti, Bernardo (1521-1608) - Itália
045 - Calvaert, Denis (1540-1619) - Flandres
047 - Caron, Antoine (1521-1599) - França
049 – Cavalier D'Arpino (1568? -1640) - Itália
051 - Circignani, Antonio (1560–1620 - Itália
053 - Circignani, Niccolò (1517?-1596) - Itália
055 - Condivi, Ascanio (1625-1574) - Itália
057 - Cristóvão de Figueiredo (? – 1543?) - Portugal
061 - Cristóvão de Morais (ativo: 1551-1571)
063 - del Conte, Jacopino (1510-1598) - Itália
065 - Contreiras, Diogo de (ativo: 1521-1562) -
Portugal
067 - Diogo Teixeira (1540-1612) - Portugal
069 - Domingos Vieira Serrão (1570-1632) - Portugal
071 - Dornicke, Jan van (1470? - 1527?) - Flandres
073 - El Greco (1541-1614) - Espanha
077 - Fernão Gomes (1548-1612) - Portugal
079 - Fiorentino, Rosso (1494-1540) - Itália
081 - Francisco de Campos (Século XVI) - Portugal
083 - Francisco Venegas (1525?-1594) Espanha
085 - Gaspar Dias (ativo 1560-1591) - Portugal
087 - Giorgio Ghisi (1512?-1582) – Itália
093 - Giulio Romano (1491-1546) - Itália
089 - Grão Vasco (1475-1572) – Portugal
095 - Givanni da Bologna (1529-1608) - Itália
091 - Giovanni Guerra (1544-1618) - Itália
099 - Haarlem, Cornelis van (1562-1638) - Flandres
101 - Hans von Aachen (1552-1615) - Alemanha
103 - Herri met de Bles (1510?-1560) - Flandres
105 - Jacopo Bassano (1510-1592) - Itália
107 - Lomazzo, Gian Paolo (1538-1592) - Itália
109 - Loyola, Juan Íñigo de
(Século XVI) - Peru
111 - Heemskerck, Maarten van (1498-1574) -
Flandres
113 - Marten de Vos (1532-1603) – Flandres)
115 - Mestre de Abrantes (Século XVI) - Portugal
117 - Nebbia, Cesare (1536?-1622?) - Itália
121 - Palma, o Jovem, Jacopo (1548-1628)
123 - Parmigianino (1503-1540) – Itália
127 - Pontormo, Jaboco (1494-1557) - Itália
129 - Primaticcio, Francesco (1504-1570) - Itália
131 - Roncalli, Cristoforo (1552-1626) - Itália
133 - Sadeler, Ägidius (1570-1629 - Flandres
135 - Samacchini, Orazio (1532-1577) - Itália
137 - Scrots, William (ativo 1537 e 1553) - Inglaterra
137 - Simão Rodrigues (1560-1629) - Portugal
141 - Tiziano Vecellio (1480-1576) - Itália
147 - Tintoretto (1518?-1594) – Itália
Abaixo: Tintoretto, “O encontro de Tamar and Judah” 1555-58
151 - Ugo da Carpi (1455?-1523?) - Itália
153 - Vasari, Giorgio(1511-1574)- Itália
155 - Veronese, Paolo (1528-1588) - Itália
161 - Wtewael, Joachim (1566-1638) - Flandres
163 - Zuccari, Federico (1542-1609) – Itália
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.
Turbulência na arte
Após o aparecimento de Leonardo Da Vinci, Rafael e Michelangelo a
tríade de gênios que se destacou na Alta Renascença, muitos artistas italianos
tentaram buscar um novo caminho para a atividade artística, que viesse a
contraditar os princípios renascentistas.
A ideia era criar um conceito mais turbulento, capaz de mexer com os
alicerces do classicismo, trazendo inovações insólitas, capazes de surpreender
e criar uma ampla discussão.
Nesse sentido, as novas regras deveriam romper, por inteiro, com o clássico,
criando parâmetros incomuns, cheios de significados obscuros e referências à
alta cultura.
Tintoretto, “A origem da Via Láctea” (detalhe)
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Elo entre a Renascença e o Barroco
Arte, em certo sentido, é o reflexo de um momento histórico e, assim,
acredita-se que o Maneirismo, em oposição à Renascença, tenha sido
influenciado, em parte, pela contra-reforma católica e pelo clima de inquietação
do momento.
Nesse entendimento, ele seria uma ante-sala do Barroco, que estava por vir
e que conduziria as artes, de volta, aos desígnios do catolicismo. Na busca de
uma definição que moldaria seu caráter, o Maneirismo era reticente,
apresentando ora alguns elementos mais próximos da Renascença, ora criando
paradigmas para o Barroco, ainda que este sequer ainda existsse como estilo.
O período maneirista se estende mais ou menos entre 1520 e o fim do Séc. 16.
O termo Maneirismo, derivando da palavra italiana maneira (estilo), pode
nos dar mais informações sobre esse tipo de arte.
Ele era utilizado pelo pintor, arquiteto e historiador de arte Giorgio Vassari,
no sentido de graça, sofisticação, estabilidade, elegância. Por extensão, a
denominação prosseguiu para a arte análoga à realizada pelo artista.
De aceitação difícil
Esse novo estilo, como qualquer inovação artística, foi visto com
desconfiança pelos críticos até o Século XX, criticado sistematicamente pela
ostentação e exagero de forma e cores. Esses críticos consideravam o
Maneirismo uma arte menor, uma falha de compreensão por parte dos artistas
da época sobre a arte dos grandes mestres, sendo definido como imitações sem
alma. O próprio termo Maneirismo era relacionado ao mau gosto e excesso.
Entretanto, mais ou menos no período entre as duas guerras mundiais, com
o Modernismo sacudindo os alicerces acadêmicos, o Maneirismo passou por
uma revisão e os maneiristas do período Cinquecento passaram a ser melhor
compreendidos e admirados pelos críticos do Século XX.
Artistas que se destacaram
O pintor e, mais que tudo, historiador de arte Giorgio Vasari teria sido o
primeiro a definir o estilo como Maneirismo O termo foi criado para definir a
"maneira" de cada artista trabalhar.
Vasari, também maneirista, ficou conhecido pela posteridade por seu livro "A
Vida dos Artistas" - uma das principais fontes de informações sobre a Itália
Renascentista - e vale por seus conceitos e opiniões que acabaram por pautar,
durante longo tempo, o trabalho dos críticos e historiadores de arte que o
seguiram.
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Sem o desmerecer Vasari como artista, sua arte é de certa forma obliterada
pela importância de seu livro, fonte indispensável para quem, em qualquer
momento, tenha tido necessidade de estudar os artistas na passagem do Século
XV (Quatrocento) para o Século XVI (Cinquecento).
Dentro do maneirismo, são colocados vários artistas que desenvolveram
atividades no período, e é grande a diversidade das obras. Não há, pois, uma
linha limítrofe definida para separar os estilos renascentista e maneirista.
Entretanto, podemos destacar outros nomes importantes que ajudaram na
formação da escola. Se você tiver dificuldades, não se preocupe: até hoje a
separação entre os dois estilos não se encontra muito clara para os
pesquisadores.
Além de Vasari,, já mencionado, destacam-se Rosso Fiorentino (1494 -
1540) e Jacopo Pontormo (1494 - 1557), na pintura; Benvenuto Cellini (1500
- 1571) e Giovanni da Bologna (1529 - 1608), na escultura; e Giulio Romano
(1492 - 1546), na arquitetura.
A Escola Veneziana
O Maneirismo contagiou toda Europa, mas talvez seja na Escola Veneziana
que podemos encontrar o maior mestre do período: o pintor Tintoretto (Jacopo
Robustini (1518-1594). Seu pai, Battista Comin, era tintore (tintureiro), daí a
origem do nome, em diminutivo.
Tintoretto produziu grande número de obras de temas históricos ou religiosos,
notáveis pelo arrebatamento inventivo e vigor do colorido. Suas principais obras
estão no Palácio dos Doges e na Scuola di San Rocco, em Veneza.
Enquanto grande parte dos artistas do período contentavam-se em imitar os
mestres, ele utilizou-se de maneira extremamente pessoal e crítica o que
aprendeu com suas maiores influências: Michelângelo e Ticiano.
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Era conhecido por sua grande imaginação, por sua composição assimétrica
e por produzir grandes efeitos dramáticos em suas obras.
Para obter os resultados, às vezes, sacrificava até as bases da pintura
desenvolvida por seus antecessores, como, por exemplo "a suave beleza" de
Giorgione e de Ticiano).
O São Jorge e o Dragão, de Tintoretto, retratando o auge da batalha entre
as duas figuras, através de um jogo de luz e tonalidades, produz grande tensão.
Em alguns países da Europa, principalmente na França, Espanha e Portugal,
o maneirismo foi o estilo italiano quinhentista que mais se adaptou à própria
cultura desses países, encontrando mais seguidores que a própria arte da Alta
Renascença. (Enciclopédia Digital Master, Enciclopédia Koogan-Houaiss e
outras fontes.
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Alessandro Allori 1535-1607
Alessandro Allori, nascido em Florença no dia 3 de maio de 1535 e falecido
na mesma cidade em 22 de setembro de 1607, foi pintor histórico e retratista
italiano do Maneirismo, também conhecido como Alessandro Bronzino. Ele foi
discípulo de Michelangelo e de Agnolo Bronzino, havendo estudado também em
Roma.
As suas obras principais são: Cristo entre os escribas, Expulsão dos
mercadores do templo e os retratos de Giuliano de Medici, Duque de Memours
e Rafael. Era pai do também pintor Cristófano Allori (1577-1621).
Suas principais obras estão na igreja florentina de Santa Maria Novella,no
Museu de Belas Artes de Budapeste, no Palazzo Vecchio de Florença e na
Gemäldegalerie, em Berlim. (Wikipedia e outras fontes)
Abaixo, Vênus e Cupido, 1570 circa
- 010 –
Acima, Alessandro Allori, “O rapto de Proserpina”, 1570, Commons
Abaixo, “A última ceia”, 1582, Fonte: http://www.bergamosera.com/
- 011 -
Cristofano Allori
1577-1621
Cristofano Allori, nascido em 17 de outubro de 1577 e falecido em 1º de
abril de 1621, foi um pintor de retratos italiano do Maneirismo pertencente à
escola de Florença.
Ele nasceu em Florença e recebeu as primeiras lições de seu próprio pai,
Alessandro, mas, insatisfeito com os desenhos rigidamente anatômicos e com
um colorido que considerava frio, decidiu entrar para o estúdio de Gregorio
Pagani, um dos líderes da escola florentina, onde encontrou o que queria, qual
seja, a riqueza de cores e o desenho vívido. Consta que treinou também sob a
orientação do mestre Ludovico Carli (il Cigoli) (1559-1613)
Sua pintura se destaca pela aproximação à natureza e pela delicadeza,
aliada à perfeição técnica na execução dos trabalhos. Sua habilidade decorre
também por ter feito seguidas cópias de obras de Correggio, assimilando as
características do mestre renascentista.
Sem sombra de dúvidas, seu trabalho mais famoso é “Judite com a cabeça
de Holofernes” (pg. 012), tema recorrente da pintura universal, que tem
seguramente duas versões de Allori, uma na British Royal Collection, que é
datada de 1613. Outra, de 1620, está no Palazzo Pitti de Florença e é mais
conhecida. Destes seus dois trabalhos, há várias cópias de estúdio, a maioria
feitas por outros artistas, mas seguindo de perto os dois originais.
De acordo com a biografia feita por seu contemporâneo, Filippo Baldinucci
(1624circa-1697), o modelo para esse quadro foi uma cortesã, a bela "La
Mazzafirra", que também posou para outra obra sua, “Madalena”. A outra
personagem deste quadro é a própria mãe da modelo. (Wikipedia em inglês e
outras fontes).
- 012 –
Cristofano Allori, “Judite e a cabeça de Holofornes” (1613)
Óleo sobre tela, 1,20 × 1,00 m, Fonte: Commons
Holofernes era um general assírio, personagem bíblico citado no livro apócrifo
de Judite. Durante o sítio a Betúlia feita por Holofernes, Judith, uma bela viúva
judia que se introduziu no acampamento de Holofernes, bebeu com o general e
o embebedou, para então decapita-lo enquanto dormia.
- 013 -
Amaro do Vale
(? – 1619)
Amaro do Vale, nascido em data ignorada e falecido em 1619, foi um pintor
maneirista português. Apesar de sua obra ter sido muito elogiada por cronistas
do seu tempo, pouco do seu trabalho sobreviveu aos nossos dias.
Por volta de 1590, ele trabalhou no Escorial, junto aos pintores romanos
Federico Zuccari (1542-1609) e Pellegrino Tibaldi (1527-1596), que muito o
influenciaram, mas sua atuação naquele monumento não está caracterizada.
Em 1584 realizou um retábulo para a igreja do Mosteiro de Santa Marta de
Lisboa, já desaparecido, mas desta obra ainda subsiste um desenho
preparatório. Para a Sé de Lisboa realizou o retábulo da capela-mor com o tema
Assunção da Virgem, além de outros painéis para várias igrejas lisboetas, mas
todas essas obras desapareceram com o passar dos séculos. Para a Sé de Leiria
também pintou um retábulo entre 1605 e 1606, igualmente perdido.
Sua mais famosa pintura, hoje extraviada, foi um retábulo para a Capela da
Irmandade de S. Lucas, no Mosteiro da Anunciada de Lisboa. Esta pintura, que
descrevia São Lucas retratando a Virgem, fora encomendada pela irmandade
dos pintores da cidade por volta de 1610. A obra, muito elogiada pelo artista
lisboeta Cirilo Volkmar Machado (1748-1823), perdeu-se após as invasões
napoleónicas. Um desenho preparatório, porém, sobrevive no Gabinete de
Desenho do Museu Nacional de Arte Antiga e revela a influência do maneirismo
romano na obra do artista. O Museu possui ainda vários outros desenhos de
Amaro do Vale, realizados como preparação para retábulos já perdidos.
É atribuído a ele um grande painel representando a Aparição de Nossa
Senhora do Porto Seguro, na Igreja de S. Luís dos Franceses de Lisboa. Nesse
painel, Nossa Senhora aparece sobre uma vista panorâmica de Lisboa, o que dá
à obra grande valor iconográfico. Na Igreja de São Roque de Lisboa, terminou
a pintura do teto de madeira da igreja, começada por Francisco Venegas. Nesta,
Amaro do Vale teria realizado os medalhões pintados da composição (ver
foto na página 014; em particular o painel Milagre da multiplicação de pães e
peixes, pela sua qualidade, é provavelmente obra sua.
- 014 -
Com base nos desenhos e obras subsistentes, o historiador de arte Vítor
Serrão (1952) atribui a Amaro um painel de grande qualidade representando a
Adoração da corte celestial, de procedência ignorada e hoje nos depósitos do
Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. (Wikipedia e outras fontes)
Abaixo, um dos medalhões pintados por Amaro do Vale
na Igreja de São Roque de Lisboa
- 015 –
António Campelo
Século XVI
António Campelo foi um importante pintor maneirista de Portugal, ativo na
segunda metade do século XVI. Foi muito elogiado por fontes portuguesas dos
séculos XVII e XVIII, mas pouco de sua obra sobreviveu aos nossos dias. Só
aparece mencionado no século XVII por Félix da Costa, que lhe chama António
e por D. Francisco Manuel de Melo, que lhe chama Manuel.
Estudou em Roma, com uma bolsa do rei D. João III. De suas pinturas, pouco
sobrou. Um painel, representando Cristo com a cruz às costas e realizado para
o Mosteiro dos Jerónimos, é a única pintura absolutamente identificada de
Campelo, e localiza-se atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em
Lisboa. Também a ele é atribuída uma Adoração dos pastores (detalhe abaixo
e por inteiro na página 016), localizada no refeitório do Mosteiro. O Museu
Municipal Carlos Reis, em Torres Novas, possui uma outra Adoração dos
pastores, também atribuída a Campelo.
Além destas poucas pinturas conhecidas, o Gabinete de Desenhos do Museu
Nacional de Arte Antiga possui oito desenhos do artista, os quais demonstram a
influência do maneirismo italiano na sua obra. Estes incluem desenhos
realizados na sua estada em Roma, assim como estudos preparatórios para
obras pictóricas já desaparecidas. (Wikipedia e outras fontes)
- 017 -
António da Costa
Século XVI
António da Costa foi um pintor tardo-maneirista, nascido no século XVI e
falecido no século XVII em Portugal. Foi discípulo e genro do pintor Diogo de
Teixeira (1540-1612).
Com seu sogro, pintou entre 1586 e 1588 o retábulo da Misericórdia de
Alcochete. Presume-se que colaborou em outras obras do mestre como o
tríptico da vida de São Brás, da Igreja de Santa Maria de Óbidos, o retábulo da
Matriz do Cadaval e as Bandeiras das Misericórdias de Óbidos e de Lourinhã.
Em 1590, substituiu Gaspar Dias (ativo entre 1560 e 1591), na pintura do
retábulo da Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai em Lisboa, por
desavenças deste outro pintor com a Irmandade. Deste conjunto, restam quatro
tábuas numa coleção particular, características do desenho irregular e da
coloração seca de António da Costa.
Atribuíveis a este autor são ainda o retábulo da Igreja do Sacramento do
Carvalhal (cerca de 1600), perto de Bombarral, bem como quatro tábuas de um
retábulo da Sé de Portalegre, uma Descida da Cruz do Seminário de Évora e
três tábuas da Ermida de S. Crispim e S. Cipriano em Lisboa, datando todas do
início do século XVII.
Falecido o seu sogro, parece que o pintor teve algumas dificuldades de
subsistência, como deixa entender uma demanda que encetou acerca dos bens
de Diogo de Teixeira. Em 1612, foi um dos subscritores da demanda coletiva dos
pintores lisboetas em favor da liberalidade da Arte da Pintura. Até 1637, viveu
em Lisboa, na Calçada do Monte, mudando-se posteriormente para o Chiado
onde, certamente já muito idoso, vivia ainda em 1640.
Figura secundária do maneirismo português, copiou, como outros, o
receituário codificado por Diogo Teixeira, mas com um desenho assaz incorreto,
figuras de gestos teatrais mas rígidos e rostos quase caricaturais de grandes
olhos postos em míticos olhares. (Wikipedia e outras fontes)
- 019 -
António Nogueira
(? – 1575)
António Nogueira, nascido em Portugal em data não sabida, e falecido em
Évora no ano de 1575, foi um pintor maneirista, ativo na segunda metade do
século XVI.
Suas primeiras obras registradas foram dois retábulos executados em 1564
para Igreja de S. Estevão de Beringel, contratados por D. Pedro de Sousa, mas
que se perderam. Em 1564, produziu um retábulo para a Misericórdia da Beja,
e depois outros para a Igreja Matriz do Lavradio e Igreja do Espírito Santo de
Ferreira do Alentejo.
Suas pinturas são caracterizadas por forte tensão entre as formas e
composição agitada por figuras e vestes em movimento, contra fundos de índole
geométrica. (Wikipedia e outras fontes).
Descida da Cruz (detalhe)
- 021 -
Amico Aspertini
1474-1552
Amico Aspertini, nascido no ano de 1474 e falecido no ano de 1552, foi um
pintor italiano precursor do Maneirismo, pelo seu estilo complexo, excêntrico e
eclético. É considerado um dos principais representantes da Escola de Bolonha.
O historiador de arte Giorgio Vasari o descreve uma personalidade excêntrica,
mas capaz de produzir obras que denotam alta expressão.
É originário de Bolonha, nascido de uma família de pintores, a começar de
seu pai, Giovanni Antonio Aspertini. Estudou com Lorenzo Costa e Francesco
Francia. Esteve em Roma entre 1500 e 1503 e retornou para a Bolonha já com
a influência de Pinturicchio.
Em 1504, juntou-se a Francia e Costa na pintura dos afrescos do Oratório de
Santa Cecília, em San Giacomo Maggiore. De 1507 a 1509, pintou um ciclo de
afrescos na Basílica de San Frediano, em Lucca.
O historiador de arte Giorgio Vasari o descreve como um excêntrico e “meio
insano” mestre, que trabalhava rapidamente usando a um só tempo as duas
mãos, dividindo entre elas o efeito “chiaroscuro”: enquanto uma das mãos
pintava o “claro”, a outra, simultaneamente ia cuidando do “escuro”...
Louco ou não ele se revelou um prodígio em afrescos, decorações de
fachadas e retábulos, criando uma antevisão do Maneirismo que se insinuava a
par com a Alta Renascença.
Aspertini estudou sob a orientação de grandes mestres bolonheses, incluindo
Francesco Francia, que, por sua vez, trazia uma influência graciosa e gentil da
maneira de pintar de Rafael.
Revelando seu estilo próprio, Aspernini frequentemente incorporava às suas
pinturas motivos retirados da arte e arquitetura antigas, mostrando não só sua
habilidade no trato com a pintura como seu profundo conhecimento da história
da arte. (Getty Museum, Wikipedia e outras fontes)
- 022 –
Amico Aspertini, Oratorio di Santa Cecilia,
Martírio de Valéria e seu irmão Tibúrcio” (1504-1506)
Afresco, Fonte: https://commons.wikimedia.org/
Adoração dos pastores (detalhe) Fonte: Commons
- 023 -
Bartholomäus Spranger
1546-1611
Bartholomew Spranger, nascido em Antuérpia (Flandres) em 1546 e
falecido em Praga (Eslováquia) em 1611, foi um pintor e gravador maneirista
flamengo. Começou seu aprendizado com Jan Mandyn, Frans Mostaert e
Cornelis van Dalem.
Enfastiado com a pintura tradicional dos renascentistas, começou a
pesquisar, por conta própria o idioma cromático do Maneirismo, copiando
gravuras de Frans Floris e de Parmigianino. Em 1565, foi a Paris e, depois, a
Milão, passando por Lyon (França) e aprendeu, nessa viagem, a técnica do
afresco.
Na Primavera de 1566, foi a Parma, onde trabalhou nos afrescos da igreja de
Santa Maria dela Steccata, sob a supervisão de Bernardino Gatti. Depois,
seguiu para Roma, onde o importante e bem relacionado cardeal Alessandro
Farnese lhe conseguiu alguns trabalhos importantes.
Com a oportunidade de desenvolver livremente seu trabalho, Spranger, em
breve, se tornou conhecido e alcançou alto reconhecimento na Itália. Em 1570,
foi nomeado pintor do Vaticano, pelo papa Pio V, e mudou-se para a cidade
santa, onde lhe forneceram aposentos apropriados para fixar residência.
Após a morte do Papa, teria condições de continuar trabalhando no Vaticano
mas aconteceu que ele foi convocado para atender o Imperador austríaco
Maximiliano II, em 1575 e, seis anos depois, recebeu convite do imperador
Rodolfo II, da Eslovênia para fixar residência em Praga.
Com seu serviço disputado pelas grandes personalidades da época,
Spranger granjeou uma pequena fortuna e morreu como um homem rico e bem
estabelecido. Aparte o excepcional talento, o que atraiu imperadores e nobres
foram os temas de suas obras, voltadas para pinturas mitológicas e alegóricas,
reforçadas depois, com cenas eróticas de bom gosto, pintadas no estilo
maneirista. Fontes: http://www.bartholomew-spranger.com/ e outras.
- 025 -
Battista Franco Veneziano
1510-1561
Battista Franco Veneziano, ou Giovanni Battista Franco, nascido no ano
de 1510 e falecido no ano de 1561, foi um pintor e gravador em água-forte,
Maneirista, atuante na Itália, particularmente em Roma, Urbino e Veneza. É
também conhecido como Il Semolei ou simplesmente Battista Franco.
Nativo de Veneza, foi para Roma aos vinte anos, mas trabalhou também em
Urbino. Pode ter sido um dos mentores de Federico Barocci (1528-1612),
juntamente com Girolamo Genga.
Suas gravuras em água-forte são mais famosas e mais bem elaboradas que
suas pinturas, já que estas perdem muito da originalidade ao imitar demais as
pinturas de Michelangelo.
Para quem não sabe, a água-forte era uma modalidade de gravura usando
como matriz algum tipo de metal, normalmente ferro, zinco, cobre, alumínio ou
latão. Menos comum que a xilografia (matriz em madeira), tinha a vantagem
de ser mais resistente e mais fiel aos detalhes. A água forte, ou ácido nítrico,
tinha por fim corroer o metal, criando o relevo necessário para a impressão.
Os dois processos sempre conviveram pacificamente, não concorrendo um
com o outro. A xilografia, talhada com cinzel, é mais artesanal, e a própria
impressão, irregular, dá um caráter muito pessoal à ação do artista. Já a água
forte é mais industrial e seu processo pode ser terceirizado, o que diminui, em
certo sentido a presença do artista no conjunto da obra, pois sua personalidade
se fixa mais no desenho do que na manufatura da matriz.
A água forte sobreviveu até o Século XX, conhecida modernamente como
“clichê”, e utilizada pela indústria gráfica na impressão gravuras em livros, jornais
e revistas. Caiu em desuso com a universalização da impressão em offset e a
diagramação digitalizada, que criaram novos parâmetros para as artes gráficas.
(Paulo Victorino)
- 027 –
Belchior Paulo
1554?-1619
Belchior Paulo, nascido em Sernande, (Bragança/Trás-os-Montes),
Portugal por volta de 1554 e falecido no Rio de Janeiro (Brasil) no ano de 1619,
foi um jesuíta português que veio ao Brasil para participar do processo de
catequização e tornou-se um dos primeiros pintores a atuar no país no final do
século XVI, produzindo obras de influxo ainda renascentista, mas com
características já dominantes do Maneirismo.
Pouco se sabe sobre sua vida. Ingressou na Companhia de Jesus em 1572,
quando estava em Coimbra. Desembarcou em Pernambuco em 1587, junto
com uma expedição de padres jesuítas que partira de Lisboa, iniciando seu
trabalho na decoração de igrejas.
Em 1589, mudou-se para a Bahia, onde trabalhou até por volta de 1614.
Esteve no Espírito Santo em 1598, onde possivelmente pintou o retrato do
padre Anchieta. Passou pelo Rio de Janeiro em 1601, fixando-se nesta cidade
a partir de 1615. Teve ainda passagens breves por Santos (1606, 1610) e São
Paulo (1616).
São suas algumas das mais antigas pinturas produzidas no Brasil, mas quase
toda sua produção se perdeu ou foi encoberta por repinturas. Serafim Leite
(1890-1969), historiador português que estudou a presença dos jesuítas no
Brasil, atribuiu ao pintor a Adoração dos Reis Magos (pg. 028), no altar da
Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, distrito de Serra, no Espírito Santo.
O mencionado retrato do padre Anchieta foi encontrado na cidade de
Anchieta na década de 1940, encoberto por uma grossa camada de tinta.
Restaurada a tela, ela foi exposta no Museu Nacional de Belas Artes em 1986.
José Roberto Teixeira Leite atribui ao artista também as pinturas não
identificadas na igreja e sacristia da Catedral de Salvador. Wikipédia, a
enciclopédia livre.
- 028 –
Belchior Paulo: Adoração dos Reis Magos,
Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida,
Espírito Santo
- 029 -
Jacques Bellange
1575?-1616
Jacques Bellange, nascido na França por volta de 1575 e falecido no ano de
1616, foi um dos mais originais gravuristas do Maneirismo europeu, e as
gravuras são as únicas obras suas cuja autoria é segura. Nasceu no ducado de
Lorraine ao Nordeste da França, cuja capital era Nancy. Artista gráfico, mais que
tudo, ficou conhecido pelas gravuras que criou e imprimiu, tendo como objeto,
principalmente os temas religiosos, que desenvolveu com alta criatividade e
superior estilo.
Ele desenvolveu seu trabalho por cerca de 15 anos na capital do Ducado,
Nancy, tendo sido nomeado o pintor dos dois Duques de Lorraine, função que
ocupou até a morte, aos 40 anos, aproximadamente. Curioso que a maior parte
de sua obra, e a mais importante dela, foi produzida nos quatro últimos anos de
vida. Tudo é duvidoso a respeito das pinturas que produziu, já que elas se
perderam no tempo e, o que sobreviveu, não se tem certeza quando à sua real
autoria. Bem ao contrário das gravuras que, estas sim, foram conservadas pelos
seus colecionadores, permitindo que fossem observadas pelos críticos e
catalogadas. (Wikipedia em inglês e outras fontes)
- 031 -
Benvenuto Cellini
1500-1571
Benvenuto Cellini, nascido em Florença no dia 3 de novembro de 1500 e
falecido na mesma cidade em 13 de fevereiro de 1571, foi um, escultor, ourives
e escritor italiano, surgindo no período da Alta Renascença, mas com viés
voltado para o Maneirismo, tornando-se um dos mais importantes artistas deste
florescente estilo. Sua marca era a rebeldia e seu espírito belicoso lhe trouxe
muitos problemas, inclusive a cadeia.
Seu pai desejava torna-lo um músico, mas ele se rebelou contra esse destino
e voltou sua atenção para as artes plásticas, tornando-se aprendiz de metalurgia
no estúdio do ourives Andrea di Sandro Marcone. Em 1516, envolveu-se em
uma briga de sérias consequências e foi banido para Siena, só podendo voltar a
Florença dois anos depois. Desta vez, por vontade própria, deixou sua cidade
natal e mudou-se para Roma.
Retomando seu lado belicoso, mata o assassino de seu irmão, em 1529,
tendo de fugir para Nápoles. Pela influência de vários notáveis, obtém o perdão
e com a elevação do Papa Paulo III, volta às suas atividades, sendo que, nesse
tempo, acidentalmente, mata um ourives e comete outros deslizes, ficando preso
no Castelo de Sant’Angelo sob a acusação de trocar as gemas da tiara papal.
Depois, a convite de Francisco I, trabalha em Fontainebleau (França) e em
Paris, mas se envolve em intrigas da corte e acaba retornando a Florença em
1545, onde se ocupa de diversas obras.
Temperamento vem de nascença e não muda nunca. Surgiu, então, uma
rivalidade entre ele e o também escultor Baccio Bandinelli (1493-1560), que fez
graves acusações a Bellini, denegrindo sua imagem perante a sociedade.
Não obstante, acima de tudo, prevalece o talento e, pela alta aceitação de
suas obras, acaba tendo seu valor reconhecido pelos duques e ganha a
admiração de seus compatriotas. Cellini morreu em Florença em 1571 e foi
enterrado na igreja de Nossa Senhora da Anunciação, com grande pompa.
(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes).
- 032 –
Acima, Benvenutto Cellini, “Perseu” (detalhe da estátua)
Abaixo, “Perseu” detalhe da cabeça da Medusa
- 033 –
Giovanni Biliverti
1585-1644
Giovanni Biliverti (Bilivelt, ou ainda Bilivert), nascido em Florença no dia
25 de agosto de 1585 e falecido na mesma cidade em 16 de julho de 1644, foi
um pintor italiano do período denominado Maneirismo, mas com incursões
também pelo Barroco. Sua atividade profissional se desenvolveu, quase toda
ela, em sua cidade natal, Florença, e, posteriormente, também em Roma. Ele
era filho do pintor holandês Giacomo Giovanni Biliverti (nascido Jacob
Janszoon Bijlevelt) (1550-1603). O pai nasceu em Delft, mas exerceu a sua
atividade artística em Florença, daí que o estilo dos dois, pai e filho, estava mais
florentino que holandês.
Giovanni começou a sua aprendizagem com Alessandro Casolani em
Siena. Após a morte do pai, em 1603, trabalhou no ateliê de Ludovico Cardi,
que o acompanhou em Roma a partir de abril 1604 até 1607. Em Roma,
trabalhou em projetos aprovados pelo Papa Clemente VIII. Em 1609, Biliverti
ingressa na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, financiada pela
Família Médici. De 1611 até 1621, foi contratado por Cosme II de Médici para
trabalhos em pietra dura (incrustração de pedras coloridas).
Na Basílica de Santa Cruz, em Florença, é possível ver o seu retábulo de
Santa Helena. Sua atividade se encerrou prematuramente, pelo fato de ele ter
perdido a visão. Entre seus discípulos estavam Cecco Bravo, Agostino Melissi,
Baccio del Bianco e Orazio Fidani. (Wikipedia e outras fontes)
- 035 -
Bernardo Bitti
(ítalo-peruano)
1548-1610
Bernardo Bitti, nascido em Camerino (Itália) no ano de 1548 e falecido em
Lima (Peru) em 1610, foi um padre jesuíta, escultor e pintor da Itália, um dos
introdutores do Maneirismo no Peru. Foi também um dos expoentes da Escola
de Cuzco, uma iniciativa colonial peruana centrada na cidade do mesmo nome.
Os artistas cuzqueños concretizaram uma fusão da arte indígena com a
europeia, primeiro com o Maneirismo e depois, com o Barroco.
Bitti iniciou seu treinamento em Roma, quando era apenas um adolescente e
foi lá que teve seus primeiros contatos com o estilo maneirista. Em 1568, tornou-
se jesuíta e três anos mais tarde, foi ordenado sacerdote, juntando-se, então, à
expedição jesuíta para catequizar os índios peruanos.
Antes de seguir ao Peru, os jesuítas receberam orientação missionária na
Espanha, onde ficaram por 14 meses, tempo suficiente para tomar contato,
também, com o desenvolvimento da pintura espanhola, já “contaminada” pelo
estilo maneirista.
Bitti chegou ao Peru em 1575 e logo começou a trabalhar para os jesuítas
locais, pintando painéis e entalhando molduras para retábulos, no colégio e igreja
de São Pedro em Lima, onde colaborou frequentemente com Pedro de Vargas.
Em 1583 se transferiu para Cuzco, permanecendo lá até 1594 e dando
impulso à escola local de pintura. Ali também entalhou o altar-mor da igreja
jesuíta e pintou um painel para aquela igreja.
Não fixou residência na cidade, mas voltou a ela várias vezes, e viajou por
outras partes do Peru, influenciando muitos artistas autóctenes, entre eles
Gregorio Gamarra, Lázaro Pardo de Lagos e Diego Cusi Guamán. (Enciclopédia
Britânica, Wikipedia e outras fontes).
- 036 –
Acima, detalhe do retábulo da Coroação da Virgem, em Lima
Abaixo, “N. S. do Passarinho” (detalhe) Fonte: http://www.unilat.org/
- 037 –
Paris Bordone
1500-1571
Paris Paschalinus Bordone, conhecido também como Paris Bordon ou
simplesmente Paris Bordone, nascido em Treviso no ano de 1500 e falecido em
Veneza no ano de 1571, foi um pintor do Maneirismo italiano, dedicando-se não
somente à pintura religiosa como também à mitológica, sendo ainda conhecido
por retratos de mulheres nuas, de grande sensualidade.
Após a morte de seu pai, mudou-se com a mãe para Veneza onde, muito
provavelmente, tornou-se um discípulo de Ticiano Veccelli, por volta de 1516 e
1517. Reza a lenda que o relacionamento entre os dois era tenso e emotivo
porque o discípulo tinha talento suficiente para imitar, com perfeição, o estilo do
mestre. A formação cultural de Bordone ocorre em Veneza, por volta da década
de 1520, em um ambiente subjugado pelas conjunções entre os tonalismos de
Giorgione, de Giovanni Bellini e de Tiziano, em cujo ateliê, já o dissemos,
desenvolve sua primeira atividade.
Não obstante o peso de tais referências, Bordon mostra-se um dos pintores
mais atentos à evolução do Maneirismo em Veneza, seja na inspiração buscada
ainda na Alta Renascença (especialmente em Michelangelo), seja na utilização
pioneira de arquiteturas cenográficas inspiradas em Sebastiano Serlio, como
atesta a mais famosa de suas obras-primas da juventude, A Consignação do
Anel ao Doge, da Galleria dell´Accademia de Veneza, de 1534-1535.
Na Descrizione dell´Opere di Tiziano (1568), o historiador de arte Giorgio
Vasari dedica um esboço biográfico a Bordone, a quem conheceu pessoalmente,
registrando, entre suas obras de juventude, decorações a afresco de muitas
fachadas de residências e inúmeros retratos que notabilizariam o artista ao longo
de sua carreira, como o Retrato de Alvise Contarini. Após excursões a Vicenza
e Treviso, Bordone consegue as primeiras grandes encomendas nas principais
igrejas de Veneza, entre elas a Catedral de São Marcos.
- 038 -
Em 1538, transfere-se para a corte de Francisco I da França, ocasião em que
caminha para uma pintura de cunho estético mais erótico, possivelmente em
virtude do contato com a cultura de Fontainebleau (França). Já plenamente
estabelecido, Bordone conquista uma clientela europeia cada vez mais
prestigiosa: pinta diversos retratos femininos da aristocracia francesa, obras de
cunho religioso para Jean de Guise, cardeal de Lorena, como Ecce Homo (Eis
o homem) e cenas mitológicas para o rei da Polônia, Sigismundo Augusto, como
Júpiter e Io.
Trabalha em seguida em Augsburgo para o cardeal da cidade e para os
Függer, antes de se transferir para Milão e depois para a Espanha, a serviço do
marquês de Astorga. Bordone passa seus últimos anos em Veneza, onde Vasari,
que o visita em 1566, testemunha pessoalmente seu prestígio e prosperidade.
(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes)
Abaixo, “Cristo, a luz do mundo” c1550) – Fonte: Commons
- 039 –
Acima, Paris Bordoni, “Vênus e cupido”, (Fonte: Commons)
Abaixo, Paris Bordoni, “Júpiter e Io” (Fonte: Commons)
- 040 –
Acima, Paris Bordone, “Descanso na fuga para o Egito”,
Fonte: http://content.ngv
Abaixo: Paris Bordone, “Alegoria (Marte, Vênus, Flora e
Cupido” (Fonte: Commons)
- 041 -
Giuliano Bugiardini
1475-1555
Giuliano Bugiardini, nascido em 29 de janeiro de 1475 e falecido em 17 de
fevereiro de 1555, foi um pintor italiano do Maneirismo, havendo trabalhado
principalmente em Florença.
É também conhecido como Giuliano di Piero di Simone. Estudou com
Domenico Ghirlandaio e, em 1503, entrou para a Companhia de São Lucas, que
mais tarde se chamaria (Academia de São Lucas), e associou-se a Mariotto
Albertinelli.
O historiador de arte Giorgio Vasari afirma que Bugiardini ajudou
Michelangelo em 1508 com seu trabalho na Capela Sistina. (Wikipedia e outras
fontes).
Abaixo, Giuliano Bugiardini, “Vênus Adormecida”
- 042 -
Giuliano Bugiardini - Virgin and Child with
the Infant St John the Baptist
Fonte: commons.wikimedia.org/
- 043 -
Bernardo Buontalenti
1531-1608
Bernardo Delle Girandole, mais conhecido como Bernardo Buontalenti,
nascido em Florença no dia 15 de dezembro de 1531 e falecido na mesma
cidade em 6 de junho de 1608, era, como Leonardo Da Vinci, um “homem dos 7
instrumentos”: foi cenógrafo, arquiteto, paisagista, pintor, escultor, mecânico,
figurinista, matemático, miniaturista e engenheiro militar italiano.
Buontalenti (em português, “bom talento”) entrou, ainda jovem, a serviço dos
Medici e permaneceu com eles durante toda a vida, sem manifestar aquela
instabilidade dos grandes artistas, preferindo, ao contrário, a segurança de servir
a um único senhor. No Uffizi Palace de Florença, ele construiu um grande espaço
para reuniões, onde, durante o inverno de 1585-1586, se realizaram grandes
festas, sob sua direção.
O talento de Bernardo, associado à vida extravagante dos Medici, se juntaram
numa numa amálgama perfeita. Ele projetou roupas e fantasias para representar
ninfas, deuses, dragões e querubins; ele construiu engenhosas máquinas para
cenas de efeitos espetaculares. Na arquitetura, projetou palácios, jardins, fontes
e tudo mais que podia caber na imaginação do artista e no bolso dos mecenas.
Nas artes plásticas, estudou escultura com Michelangelo, pintura com Salviati
e Bronzino, iluminura com Giulio Clovio e arquitetura com Vasari e, na aplicação
de seu talento, passou a ser considerado um dos mais importantes arquitetos,
paisagistas e engenheiros do Maneirismo. Sua primeira obra conhecida foi o
Palazzo di Bianca Cappello em Florença, de 1568.
Projetou as fortificações e a planta urbana de Livorno, e em Florença realizou
as fortificações do Belvedere, o paisagismo do Parco di Pratolino e do Giardino
di Boboli, e a decoração do Palácio Pitti, criando uma famosa gruta com
decoração altamente fantasiosa. Também trabalhou nas muralhas das cidades
de Pistoia, Grosseto, Prato, Portoferraio e Nápoles. Aperfeiçoou o desenho dos
canhões e inventou uma nova granada incendiária. Ainda quer mais?
(Enciclopédia Britânica, Wikipedia e outras fontes)
- 044 –
Roupas desenhadas por Bernardo Talento
para o intermezzo "La Pellegrina" em 1589 -
Fonte: Pinterest.com
- 045 -
Denis Calvaert
1540-1619
Denis (or Denys) Calvaert, nascido no ano de 1540 e falecido no dia 16 de
abril de 1619, foi um pintor flamengo originário da Antuérpia, mas que viveu a
maior parte de seu tempo na Itália, onde ficou conhecido como Dionisio
Fiammingo, ou simplesmente Fiamingo. Sua pintura não era uma
demonstração singela da arte, muito pelo contrário, ele tinha profundos
conhecimentos de arquitetura, anatomia e história, introduzindo esses elementos
nas obras que produzia.
Seus primeiros estudos se fixaram nas paisagens e aconteceram ainda na
Antuérpia, onde teve como mestre Christiaen van Queecborn. Depois, seguiu
para Bolonha, onde trabalhou sob a orientação de Prospero Fontana.
Suas pinturas adquiriram o Maneirismo da arte flamenga, que se fundiram,
mais tarde ao estilo italiano. De Bolonha, foi para Roma em 1572, onde assistiu
Lorenzo Sabattini no palácio papal do Vaticano. Aproveitando esse contato com
a cidade santa, aproveitou as horas vagas para estudar e copiar várias obras de
Rafael Sanzio. Finalmente, retornou a Bolonha e montou seu próprio estúdio,
onde teve um número enorme de jovens aprendizes, incluindo Guido Reni,
Giovanni Battista Bertusio, Francesco Albani and Domenichino, além de Vicenzio
Gotti, Francesco Gessiand e Giacomo Semenza.
Calvaert foi respeitado e considerado por seus companheiros de Bolonha e
por toda a comunidade artística italiana. Seu funeral, na Basílica de Santa Maria
dei Servi teve um grande cortejo, composto por seus ex-discípulos e pelas
personalidades mais representativas de Bolonha.
Quanto à técnica, Calvaert tipicamente usou o chiaroscuro para definir as
figuras de primeiro plano. Embora ligado à estética maneirista ao longo de sua
carreira, Calvaert nunca se afastou completamente do classicismo, ainda
presente na escola bolonhesa de seu tempo. (Wikipedia em inglês e outras
fontes)
- 047 -
Antoine Caron
1515?-1593
Antoine Caron, nascido em Beauvais (França) no ano de 1521 e falecido em
Paris no ano de 1599, foi um pintor, gravurista, vidreiro e ilustrador francês,
Maneirista e integrante da Escola de Fontainebleau. Ele foi um dos mais
significativos artistas durante o reinado de Carlos IX e de Henrique III. Seu
trabalho ganha força e importância histórica por registrar a elegante mas instável
Corte da Casa de Valois (dinastia capetina), durante as guerras religiosas que
ocorreram entre 1560 e 1598.
Caron foi contratado por Francesco Primaticcio como um pintor de estilo
maneirista, entre 1540 e 1550, para cuidar do embelezamento do castelo de
Fontainebleau. Após a ascenção de Henrique III, ele foi também comissionado
para pintar uma série de trabalhos focalizando a história de Artemisia,
glorificando a viuvez da rainha mãe, Catarina de Medicis.
Dedicou-se à arte desde a juventude realizando afrescos em igrejas. Entre
1554 e 1550 trabalhou com Francesco Primaticcio e Niccolò dell'Abbate na
Escola de Fontainebleau. Em 1561 foi indicado pintor da corte de Catarina de
Medici e Henrique II, tornando-se responsável também pela organização de
festividades reais. Poucos trabalhos seus sobreviveram, mas o que resta mostra
cenas alegóricas, cerimônias da corte, cenas históricas e outras com motivos
astrológicos. Usou cores incomuns e extravagantes para construir os planos de
fundo de suas obras.
- 049 -
Cavaliere D’Arpino
1568?-1640
Giuseppe Cesari, nascido em Roma por volta de 1568 e falecido na mesma
cidade em 1640, foi um pintor do Maneirismo italiano, também chamado il
Giuseppino ou Cavalièr d'Arpino.. Este último nome lhe foi dado porque tinha
pintado o “Cavaliere di Cristo” (Cavaleiros de Cristo) para o Papa Clemente
VIII. (Veja abaixo) trabalhou também em Roma para o Papa Sisto V.
Ele também notabilizou-se por ter sido o chefe do estúdio onde o jovem e
incipiente Caravaggio treinou quando chegou a Roma, pintando flores e frutas.
- 050 –
Giuseppe começou seu treinamento como assistente de decoração da loggia
do Vaticano, sob a direção de Niccolo Circignani. Além de Circignani, ele sofreu
influência de outros artistas envolvidos no mesmo trabalho, entre eles Cristoforo
Roncalli e Giovanni Battista Ricci. De 1589 a 1591, executou extensas
decorações na Certosa (Mosteiro) de San Martino.
Era um homem de personalidade forte e foi da pobreza à riqueza devido a
sua arte. Seu irmão, Bernardino Cesari, o ajudou em muitos de seus trabalhos.
Cesari tornou-se membro da Accademia di San Luca em 1585. Trabalharam em
seu estúdio Pier Francesco Mola (1612-66), além de Francesco Allegrini da
Gubbio, Guido Ubaldo Abatini, Vincenzo Manenti e Bernardino Parasole.
(Enciclopédia Britânica, Wikipedia em inglês e outras fontes
Cavalier D’Arpino, “Diana, a caçadora”, Fonte: Google Art Project