Como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade ... · financia a pesquisa “Como nasce...
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Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Relatório científico 01
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
pesquisa de mestrado:
Como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade de São Paulo
bolsista – Felipe Anitelli
orientador – Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano
processo n. 2008/52964-5
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Sumário
1 – Introdução
2 - Resumo do projeto de pesquisa:
2.1 - Resumo;
2.2 - Objetivos – geral e específicos;
2.3 - Etapas de trabalho propostas;
2.4 - Cronograma proposto.
3 - Resumo das atividades desenvolvidas:
3.1 - Planilha de atividades;
3.2 - Atividades realizadas, não previstas inicialmente no plano;
3.3 - Planilha dos créditos cumpridos.
4 - Atividades e produtos:
4.1 - Disciplinas:
4.1.1 - Disciplina SAP 5842-3 - "A cidade no século dezenove – representações e
projetos", ministrada pela Profa. Dra. Telma Correa;
4.1.2 - Disciplina SAP 5824-5 - "O espaço da cidade I – gênese e formação do urbanismo
moderno", ministrada pelo Prof. Dr. Carlos Andrade;
4.1.3 - Disciplina SAP 5825-4 - "Arquitetura e cidade na poética das vanguardas",
ministrada pelo Prof. Dr. Carlos Martins;
4.1.4 - Disciplina SAP 5879-1 – tópicos especiais: "Avaliação pós ocupação no contexto da
gestão do processo de projeto", ministrada pelos Profs. Drs. Sheila Ornstein, Marcelo Tramontano e Márcio
Fabrício;
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4.1.5 - Disciplina SAP 5892-6 - "Metodologia e pesquisa bibliográfica", ministrada pela
Profa. Dra. Lauralice de Campos Franceschini Canale;
4.2 - Atividades de pesquisa:
4.2.1 - Discussões no nomads.usp:
4.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de Morar;
4.2.1.2 - Seminário Flash;
4.2.1.3 – reuniões com Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano
4.2.2 – Entrevistas (etapa alterada):
4.2.2.1 - Hugo Segawa;
4.2.3 - Submissão de trabalhos;
4.2.3.1 - 8° Seminário Docomomo Brasil
4.2.4 - Produção de textos:
4.2.4.1 - Texto 1: "A produção de apartamentos – três momentos"
4.2.4.2 - Texto 2: "Algumas referências modernistas em São Paulo"
4.2.5 - Construção de site;
4.3 - Outras atividades:
4.3.1 - Atividades no nomads.usp:
4.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos
4.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh
4.3.1.2 - Projeto de pesquisa T-Híbridos;
4.3.1.3 - doc.nomads;
4.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU da EESC-USP:
4.3.2.1 - Bancas de mestrado:
4
4.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira de Barros Pereira
4.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz
4.3.2.1.3 - Fábio Abreu de Queiroz
5 - Atividades realizadas, não previstas inicialmente no plano:
5.1 - Visitas técnicas a edifícios residenciais em São Paulo;
5.1.1 - Visita técnica 1: edifícios modernistas;
5.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942;
5.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos Elíseos;
5.1.4 - Visita técnica 4: Higienópolis;
5.1.5 - Próximas visitas técnicas.
5.2 - PAE – Programa de Aperfeiçoamento do Ensino: monitoria na disciplina SAP 617 – "Projeto
III", do curso de Arquitetura e Urbanismo da EESC, ministrada pelos Profs. Drs. Renato Anelli e Marcelo
Tramontano.
6 - Participação em eventos
6.1 - Palestras:
6.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil Bonduki
6.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel Rolnik
6.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu Perrin
6.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira
6.2 - Café com Pesquisa:
6.2.1 - Café com Pesquisa – Maristela Janjulio
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6.3 - Seminários:
6.3.1 - Seminário TIC ARQ URB
7 - Plano de trabalho para as próximas etapas da pesquisa
7.1 – Próximas etapas de trabalho
7.2 - Planilha das próximas atividades
8 – Bibliografia
9 – Índice de figuras
10 – Anexos
10.1 – Ficha do aluno
10.2 – Visitas a edifícios de apartamentos em São Paulo
10.2.1 – Mapa
10.2.2 – Ficha
10.3 – Agendamento entrevistas
10.3.1 – Prof. Dr. Nabil Bonduki
10.3.2 – Profa. Dra. Raquel Rolnik
10.3.3 – Profa. Dra. Rossella Rossetto
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1 - Introdução
Este é o primeiro relatório referente à bolsa de Mestrado – processo número 2008/52964-5 –
outorgada à Felipe Anitelli, aluno regular do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP). A bolsa
financia a pesquisa “Como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade de São Paulo”
desenvolvida no Nomads.usp – Núcleo de Estudo de Habitares Interativos – sob a orientação do Prof.
Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Além da descrição das atividades acadêmicas e de pesquisa realizadas
pelo bolsista desde março de 2008, quando se deu o ingresso no programa de pós-graduação, o relatório
descreve na Introdução alguns outros estudos sobre habitação realizados no PPG da EESC-USP desde o
início de 2007.
O pesquisador começou seus estudos sobre projetos de habitação contemporânea antes do seu
ingresso no Programa de Pós Graduação. No Trabalho Final de Graduação foram analisados projetos de
habitações de interesse social e as possibilidades de flexibilidade e adaptação do ambiente doméstico às
novas demandas sociais surgidas com a diversidade de arranjos familiares. Este trabalho foi orientado pela
arquiteta Dra. Simone Barbosa Villa na Universidade Barão de Mauá em Ribeirão Preto. A professora
Simone realizou seu mestrado sobre apartamentos no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo sob orientação do prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, e foi através dela que o pesquisador
teve contato com esse grupo.
No ano de 2007, o bolsista participou de duas disciplinas como aluno especial no mesmo Programa:
SAP 5846 - "Habitação, metrópole e modos de vida", do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano; e SAP 5831 -
"Habitação social – contextualização histórica e perspectivas de intervenção". A primeira mostra as
transformações ocorridas no espaço doméstico desde o fim da Idade Média, sua evolução nos séculos XVII
e XVIII, com o surgimento de conceitos como o de intimidade, privacidade, conforto; e a consolidação de um
modelo habitacional no século XIX, no bojo das transformações ocorridas na cidade de Paris realizadas
pelo Barão Haussmann. Mostra também a importação desde modelo para as cidades brasileiras, a evolução
do projeto de habitação até os dias de hoje, e as transformações sofridas no seu desenho. Já a segunda
disciplina cursada mostra a evolução da habitação social no século XX, em países europeus e também no
Brasil. Também enfoca algumas políticas públicas tomadas pelo governo brasileiro durante o século, como
a produção dos IAPs ou através do financiamento do BNH. As duas disciplinas foram importantes porque
contextualizaram historicamente o produto e a produção de habitações.
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Também no ano de 2007, o pesquisador participou de um estágio no Nomads.usp sob a supervisão
do arquiteto Fábio Queiroz, doutorando, e que desde o início de seu mestrado pesquisa sobre apartamentos
- também sob orientação do coordenador do grupo, professor Marcelo Tramontano. O estágio se realizou
durante dois meses e tinha como objetivo entender a espacialidade dos apartamentos a partir de um
levantamento de informações e peças gráficas de edifícios residenciais produzidos nas décadas de 1990 e
2000 na cidade de São Paulo. O trabalho consistia em procurar em livros, periódicos, campanhas
publicitárias em jornais e em websites das empresas as plantas, perspectivas, fotos, ilustrações; mas
também dados, como o número de pavimentos, a metragem das unidades, os equipamentos e usos
externos à unidade habitacional oferecidos, o autor do projeto, o construtor, etc. O trabalho de levantamento
foi realizado com a ajuda de um pesquisador em iniciação científica, e serviu para atualizar o banco de
dados sobre apartamentos do Nomads.usp. Esta foi a primeira experiência do bolsista com métodos e
pesquisas acadêmicas: a forma de coleta das informações, as seleções e recortes das amostras, o
armazenamento e a organização dos dados, e posteriormente as leituras e análise. Conforme se cumpria as
etapas de trabalho, eram realizadas reuniões com os pesquisadores. Nestas reuniões técnicas foram
analisados os resultados e a configuração espacial dos apartamentos vistos.
No mês de janeiro de 2008, o bolsista participou do Treinamento.Nomads para graduandos.
Anualmente, o grupo recebe estudantes de graduação de outras universidades do país para participar do
seu cotidiano de pesquisa por uma semana. Nesse período, os estagiários realizam atividades referentes a
alguma etapa dos projetos de pesquisa em andamento. Pretendeu-se, com esse treinamento, aproximar os
alunos das atividades relacionadas à pesquisa acadêmica.
Figura 1 - estagiários do treinamento.Nomads de 2008
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Entre os grupos de trabalho havia o de apartamentos, também supervisionado pelo doutorando
Fábio Queiroz. O objetivo do grupo foi analisar as soluções espaciais dos apartamentos. Para tanto, foram
coletados dados de apartamentos em diversas cidades, comparando os projetos de cada uma. O
levantamento foi dividido em alguns módulos: exemplares na cidade de São Paulo; em outras cidades
brasileiras; em cidades da América Latina; e em cidades européias. O bolsista participou da coleta e análise
dos apartamentos, e também ajudou na monitoria deste grupo. Foi mais uma oportunidade para contato
com produção de pesquisas científicas, mas também com os métodos de trabalho do Nomads.usp.
A análise das plantas destes apartamentos mostrou que elas obedecem aos mesmos princípios de
agenciamento dos espaços, baseados na planta da habitação da burguesia francesa do século XIX
(Tramontano, 1998). Independentemente da cidade onde ele se localiza ou de quem o produziu ou mesmo
em quais circunstâncias, na amostra estudada as plantas apresentam, em geral, essas características.
Como no exemplo a seguir, de um edifício residencial em Curitiba, no Paraná. A planta apresenta os
mesmos dispositivos espaciais que foram verificadas também nas demais: a hierarquia dos espaços, o uso
dos ambientes sempre associados à existência de cômodos monofuncionais, a tripartição da moradia em
três zonas estanques – social, íntima e de serviços, etc. No treinamento, eram feitas discussões diárias para
análise dos resultados obtidos em todos os grupos de trabalho – Design Paramétrico, E-Pesquisa Nomads,
Modos de Vida, Projeto Pix e Projeto Pacto Digital. As opiniões dos diversos graduandos e pesquisadores
permitiram conclusões mais amplas e plurais para o estudo.
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Figura 2 - edifício Spazio Chateaubriant, incorporado pela empresa MRV em 2008 na cidade de Curitiba – levantamento realizado no
Treinamento.nomads 2008 e que hoje faz parte do banco de dados sobre apartamentos.
Nestas duas oportunidades de estudo sobre apartamentos – o estágio no segundo semestre de
2007 e o treinamento em janeiro de 2008 – o pesquisador também teve o primeiro contato com o banco de
dados de apartamentos do Nomads.usp. Foi possível fazer uma leitura da evolução desta modalidade
habitacional a partir das peças gráficas do banco, entendendo as características das plantas, as suas
influências e mudanças ao longo do tempo. Auxiliado por uma bibliografia indicada pelo professor Marcelo
Tramontano, foi possível observar alguns motivos destas transformações. As pesquisas sobre apartamentos
já realizadas pelo Núcleo deram suporte teórico para as leituras.
Esse estudo dos espaços dos apartamentos continuou durante o ano de 2008 e 2009 no ambiente
de discussões do grupo Espaços de Morar (item 4.2.1.1), que propôs atividades acadêmicas como as
visitas técnicas a edifícios residenciais em São Paulo (item 5.1). Foi também através do grupo Espaços
de Morar que o bolsista teve contato com pesquisadores e temas co-relacionados, que sempre ajudaram na
construção de visões mais plurais e críticas sobre a pesquisa: palestra de Mathieu Perrin (item 6.1.3) e
seus estudos sobre condomínios, e o projeto Territórios Híbridos (item 4.3.1.2), encaminhado à FAPESP
para análise no Programa de Políticas Públicas.
Ainda nas atividades do Nomads.usp, o bolsista participou de dois Seminários Flash! (item
4.2.1.2), um como ouvinte, e outro apresentando a sua pesquisa. O Flash é um evento em formato de
congresso, com os pesquisadores expondo para discussão seus estudos em blocos temáticos. Outro
seminário organizado pelo Nomads com participação do bolsita foi o TIC ARQ URB (item 6.3.1), em que
grupos que tem pesquisas relacionadas com a inserção de tecnologias de informação e comunicação na
arquitetura expõem suas pesquisas. Os eventos e pesquisas sobre estas tecnologias mostram proposições
que estão sendo feitas em ambiente acadêmico para a habitação contemporânea. Outra atividade dentro do
grupo foi a organização do acervo documental do Nomads, com a sua catalogação eletrônica e sua
disponibilização para consulta (item 4.3.1.3). Também foram realizadas reuniões periódicas com o
orientador do bolsista, o Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano (item 4.2.1.3).
O bolsista também coletou dados através de fontes primárias, numa reunião sobre verticalização
com a Profa. da FAU-Mackenzie Dra. Nadia Somekh (item 4.3.1.1.1), ou em palestras sobre políticas
públicas para habitação, como as do Prof. Dr. Nabil Bonduki (item 6.1.1), e da Profa. Dra. Raquel Rolnik
(item 6.1.2). Também foi realizada uma entrevista com o professor da FAU-USP Dr. Hugo Segawa (item
4.2.2.1).
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Este relatório mostra também um resumo do projeto de pesquisa (item 2), com a descrição da
proposta, seus objetivos e as etapas de trabalho; as disciplinas (item 4.1) cursadas e as aproximações dos
seminários e monografias com a pesquisa; e um estágio em monitoria do PAE (item 5.2) na disciplina de
Projeto 3, do curso de Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP.
Baseado nos estudos realizados até agora foram produzidas duas reflexões: "A produção de
apartamentos – três momentos" (item 4.2.4.1); e "Algumas referências modernistas em São Paulo"
(item 4.2.4.2). Por fim, foi realizado um plano de trabalho para as próximas etapas da pesquisa (item 7).
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2 - Resumo do projeto de pesquisa
2.1 - Resumo
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, pesquisas do Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares
Interativos, da Universidade de São Paulo, têm notado no mercado imobiliário paulistano de apartamentos
um processo de padronização das soluções espaciais, com a introdução e consolidação do emprego de
projetos com plantas-tipo e mesmo edifícios-tipo. A pesquisa de Mestrado aqui proposta tem como objetivo
investigar os fatores que influenciaram a padronização acontecida neste período, estudando o contexto em
que ocorreu o processo de verticalização e a produção dos edifícios, bem como os elementos constitutivos
de sua espacialidade, buscando construir um olhar sobre os princípios adotados na concepção dos
edifícios. A análise dessas questões será circunscrita ao recorte cronológico das décadas de 1950 a 1970.
Pretende-se com essa pesquisa contribuir para o entendimento da história e evolução dessa modalidade
habitacional, dando continuidade e ampliando um trabalho que já vem sendo desenvolvido há nove anos
sobre o assunto, por vários pesquisadores do Nomads.usp, sempre contando com financiamento de
agências de fomento à pesquisa.
2.2 - Objetivos
Objetivo geral
Investigar os fatores envolvidos no processo de padronização de soluções espaciais na produção
de apartamentos na cidade de São Paulo entre as décadas de 1950 e 1970.
Objetivos específicos
● Estudar o contexto em que se desenvolveu o processo de verticalização da cidade de São Paulo na
primeira metade do século XX, assim como da modalidade habitacional apartamento;
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● Estudar as conjunturas política, econômica, construtiva, legislativa, entre outras, que possam ter
contribuído para a uniformização dos projetos de apartamentos efetivada pelos agentes imobiliários;
● Analisar a produção de edifícios de apartamentos nas décadas de 1950, 1960, 1970 na cidade de
São Paulo, assim como os elementos constitutivos de sua espacialidade;
● Estabelecer um breve histórico dos princípios adotados na concepção dos edifícios de
apartamentos na cidade de São Paulo nas décadas de 1950 a 1970;
2.3 - Etapas de trabalho propostas
etapa 1 – Construção de site dentro do site do Nomads.usp para divulgação dos resultados parciais e finais,
considerando a extrema importância da divulgação desses dados a uma parcela maior da população, pelo
grande interesse que seus resultados representam para pesquisadores externos ao grupo e à USP, assim
como para órgãos da grande imprensa, o que se verifica em freqüentes consultas feitas ao Núcleo sobre o
tema;
etapa 2 – Revisão bibliográfica através da leitura de livros, periódicos, artigos, dissertações e teses na
biblioteca de Engenharia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), e em São Paulo, na
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e na sua biblioteca de Pós Graduação. Busca de
informações também em sites especializados da Internet, buscando coletar material documental de
exemplos dessa modalidade habitacional no período abordado pela pesquisa;
etapa 3 - Entrevistas a serem realizadas com pesquisadores em Universidades, profissionais que trabalhem
com esse assunto, a fim de aprofundar a análise do objeto de estudo.
etapa 4 - Organização e sistematização de informações coletadas;
etapa 5 - Análise do material coletado, realizada em conjunto com outros pesquisadores do Nomads.usp,
como é hábito no Núcleo. O procedimento de análises conjuntas constitui uma prática consolidada dentro
do Núcleo, reunindo pesquisadores desde a iniciação científica até o pós-doutorado, de diferentes linhas de
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pesquisa. Tal postura proporciona uma oportunidade de desenvolver um olhar ampliado sobre o objeto de
estudo, tendo como resultado, leituras mais críticas e plurais;
etapa 6 – Elaboração de relatório parcial da FAPESP;
etapa 7 – Coleta de dados complementares;
etapa 8 – Organização e análise de dados complementares;
etapa 9 – Elaboração de relatório parcial para a FAPESP (esta etapa foi retirada porque a FAPESP não
exige um segundo relatório parcial – somente 1 relatório parcial e 1 relatório final)
etapa 10 – Produção do memorial de qualificação e realização do exame;
etapa 11 – Avaliação e registro dos resultados;
etapa 12 – Produção da dissertação e elaboração do relatório final da FAPESP.
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2.4 - Cronograma proposto no plano inicial (agosto 2008)
1º SEMESTRE 2º SEMESTRE 3º SEMESTRE 4º SEMESTRE
Atividades
mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Créditos em disciplinas*
Etapa 1. Divulgação de
dados
Etapa 2. Coleta de dados de
fontes
bibliográficas e documentais
Etapa 3. Coleta de dados de
fontes primárias
Etapa 4. Organização e
sistematização dos
dados coletados
Etapa 5. Leitura e análise
dos dados
Etapa 6. Elaboração
Relatório parcial
FAPESP
Etapa 7. Coleta de dados
complementar
Etapa 8. organização e
análise complementar
Etapa 9. Elaboração
Relatório parcial FAPESP
Etapa 10. Qualificação
Etapa 11. Avaliação e registro dos
resultados
Etapa 12. Dissertação e Relatório final
FAPESP
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3 - Resumo das atividades desenvolvidas
3.1 - Planilha de atividades
A seguir, planilha de atividades realizadas referentes às etapas de trabalho propostas no plano de
pesquisa e sua localização no relatório.
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Etapa
Descrição da atividade
Localização no relatório
Etapa 1:
Divulgação dos dados (construção do site
e divulgação dos resultados)
Construção de um website para a
divulgação dos resultados da pesquisa –
feito utilizando ferramentas do software
Dream Weaver e disponibilizado em área
no site do Nomads.usp
Item 4.2.5
Etapa 2:
Coleta de dados de fontes bibliográficas e
documentais (revisão bibliográfica)
Foi realizada através das leituras para
apresentações em seminários e para a
produção de monografias nas disciplinas
cursadas. E também com as referências
bibliográficas vistas no item "Produção de
textos"
Itens: 4.1.1 / 4.1.2 / 4.1.3 / 4.1.4 / 4.1.5 /
4.2.4.1 / 4.2.4.2
Etapa 3:
Coleta de dados de fontes primárias
No que diz respeito às entrevistas –
previstas inicialmente no plano - esta
etapa foi alterada, e reprogramada para
este segundo semestre. Os motivos, bem
como os objetivos, estão relatados no item
"Entrevistas".
Além disso, foi entrevistado o Prof. Dr.
Hugo Segawa da FAU-USP. Houve
também um encontro com a Profa. Dra.
Nadia Somekh na FAU-Mackenzie. E
algumas palestras assistidas, como as dos
Profs. Drs. Nabil Bonduki e Raquel Rolnik.
Itens: 4.2.2 / 4.2.2.1 / 4.3.1.1.1 / 6.1.1 /
6.1.2 / 6.1.3 / 6.1.4
Etapa 4:
Organização e Sistematização dos dados
coletados
As informações coletadas foram
organizadas através da preparação das
apresentações em seminários e na
produção das monografias das disciplinas
cursadas; e também na produção do artigo
e preparo da apresentação no Seminário
Flash!. Também foram organizadas fichas
com informações e peças gráficas dos
edifícios, que foram usadas nas visitas
técnicas.
Itens: 4.1.1 / 4.1.2 / 4.1.3 / 4.1.4 / 4.1.5 /
4.2.1.2 / 9.2.1 / 9.2.2
Etapa 5:
Leitura e análise dos dados coletados
Para a análise das informações coletadas
foram usadas as reuniões do grupo de
estudos Espaços de Morar, e também
através do artigo submetido ao Seminário
Docomomo; e na reflexão feita no item
"Produção de textos".
Itens: 4.2.1.1 / 4.2.3.1 / 4.2.4.1 / 4.2.4.2 /
4.2.1.3
Etapa 6:
Elaboração relatório 01 FAPESP
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3.2 - Atividades realizadas, não previstas inicialmente no plano
atividade realizada, não
prevista no plano
contribuição para a pesquisa localização no relatório
Estágio de monitoria no
PAE – Programa de
Aperfeiçoamento do Ensino
– na disciplina Projeto III, do
curso de Arquitetura e
Urbanismo da EESC-USP
Permitiu que bolsista entrasse em contato com as atividades
acadêmicas e de docência do curso de graduação.
Item: 5.2
Visitas técnicas a edifícios
de apartamentos em São
Paulo
Possibilitou um aprofundamento na compreensão dos projetos dos
edifícios, seus espaços, o funcionamento e as intenções plásticas do
autor – detalhes que por vezes não aparecem nas peças gráficas.
Itens: 5.1.1 / 5.1.2 / 5.1.3
/ 5.1.4 / 5.1.5
TIC ARQ URB
Seminário que reúne grupos de pesquisa que estudam a inserção de
tecnologias de informação e comunicação na arquitetura. Oportunidade
que o bolsista teve de entrar em contato com pesquisadores de outros
grupos de estudo. O evento também mostrou algumas proposições que
estão sendo feitas em ambiente acadêmico para a habitação
contemporânea.
Item: 6.3.1
Café com Pesquisa
Oportunidade que o bolsista teve de conhecer outras pesquisas do
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC-
USP. E também de participar da discussão da pesquisas, que sempre
acontecia depois das apresentações.
Item: 6.2.1
Bancas assistidas
Além do tema de pesquisa de cada banca, o bolsista também pode
perceber como se apresenta uma pesquisa – a postura, o tempo, os
enfoques, etc.
Itens: 4.3.2.1.1 / 4.3.2.1.2
/ 4.3.2.1.3
Projeto de pesquisa
Territórios Híbridos
Participação na elaboração de um projeto de pesquisa em Políticas
Públicas submetido a FAPESP
Item: 4.3.1.2
Doc.nomads
Organização de um acervo documental do Nomads.usp
Item:4.3.1.3
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3.3 - Planilha dos créditos cumpridos
atividade docente
responsável
local crédito produtos localização no
relatório
disciplina SAP 5842-3 –
"a cidade no século
dezenove –
representações e
projetos"
Profa. Dra. Telma
Correia
EESC-USP 12 ● seminário - análise do texto
“Maneiras de Morar“, de
Michele Perrot
● monografia - “O café e a
modernização em São Paulo“
Item: 4.1.1
disciplina SAP 5824-5 –
"o espaço da cidade I –
gênese e formação do
urbanismo moderno"
Prof. Dr. Carlos
Andrade
EESC-USP 12 ● seminário - análise do
plano de Atilio Correa Lima e
Armando Godoy para a
cidade de Goiânia
● monografia - “Camillo Sitte“
Item: 4.1.2
disciplina SAP 5825-4 –
"arquitetura e cidade na
poética das vanguardas"
Prof. Dr. Carlos
Martins
EESC-USP 12 ● monografia - “algumas
referências modernistas em
São Paulo“
Item: 4.1.3
disciplina SAP 5892-6 –
"metodologia e pesquisa
bibliográfica"
Profa. Dra.
Lauralice de
Campos
Franceschini
Canale
EESC-USP 6 ● análise e resumos de
artigos;
● apresentação da pesquisa
em seminário.
Item: 4.1.5
disciplina SAP 5871-1 –
"tópicos especiais –
avaliação pós ocupação
no contexto da gestão do
processo de projeto"
Profs. Drs.
Marcelo
Tramontano,
Márcio Fabrício,
Sheila Ornstein
EESC-USP 12 ● monografia e apresentação
– “APO no Conjunto
Habitacional da CDHU
Waldomiro Lobbe Sobrinho“
Item: 4.1.4
monitoria PAE - disciplina
SAP 617 – "projeto III"
Profs. Drs.
Renato Anelli e
Marcelo
Tramontano
EESC-USP 6 ● relatório – descrição das
atividades
Item: 5.2
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4 - Atividades e produtos
4.1 - Disciplinas
Para complementar a pesquisa, procurou-se, sempre que possível, escolher disciplinas e realizar
monografias que remetessem ao objeto de estudo. Assim, os trabalhos e atividades, com base nas
questões e nas bibliografias específicas de cada uma delas, permitiram abordar o tema da pesquisa sob
diferentes enfoques. As disciplinas auxiliaram na revisão bibliográfica: tanto a produção de monografias
quanto a preparação dos seminários, foram essenciais na construção do quadro teórico desta pesquisa.
Apresenta-se a seguir, a descrição das disciplinas cursadas pelo bolsista, com as respectivas
bibliografias, tema e resumo das monografias e seminários apresentados, totais de créditos e conceitos
alcançados:
4.1.1 - Disciplina: SAP 5842-3 - "A cidade no século XIX – representações e projetos"
Docente responsável: Profa. Dra. Telma Correia
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
As cidades européias do século XIX sofreram transformações por causa dos desdobramentos do
advento da indústria. Foram mudanças significativas, como as provocadas pelo êxodo rural e o crescimento
populacional urbano, e o conseqüente alojamento destas pessoas em condições precárias. É neste
contexto que a disciplina se desenvolve: sobre a evolução das cidades e as interferências no seu espaço
físico e no modo de vida de seus habitantes. Também mostra as propostas de melhoramentos e
intervenções, numa época em que o urbanismo ainda se formava enquanto disciplina. Avança, estudando
os ideais modernistas das primeiras décadas do século XX.
Nestes ideais reformadores, a disciplina priorizou uma análise seguindo principalmente: a cidade
como questão sanitária, econômica e social. Uma das primeiras questões abordadas foi a de saúde pública,
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feita pelos médicos sanitaristas. O habitat precário dos operários das fábricas foi alvo de rigorosas normas
que, por vezes, chegavam a desapropriação e a derrubada da casa. A questão sanitária também ajudava
na ação de alguns empresários do setor fundiário para a viabilização de seus empreendimentos na cidade.
Outro problema é que a conformação espacial da cidade medieval não era mais válida para os interesses
capitalistas. Algumas reformas foram feitas com o objetivo de aumentar o fluxo de pessoas, veículos e
mercadorias. Por fim, o espaço da cidade como forma de segregação social, numa luta de classes que se
acentuava cada vez mais.
Foram realizadas aulas expositivas realizadas pela docente e seminários apresentados pelos
alunos. Os temas abordados foram os seguintes: as representações da cidade: a cidade como questão
sanitária e moral; a cidade como questão social e econômica; a construção do modelo de habitat moderno:
novos requisitos de higiene, conforto e privacidade; economia e velocidade. As reformas urbanas e os
modelos alternativos de cidade: as utopias urbanas do século XIX (os modelos teóricos e as experiências);
os núcleos fabris e cidades mineiras; as cidades-jardim; os projetos de expansão urbana e reforma de áreas
centrais. Movimento Moderno e Cidade - as vanguardas modernistas na arquitetura e urbanismo: rupturas e
continuidades com o século XIX; a cidade moderna e aceleração.
Bibliografia:
AYMONINO, C. La vivienda racional. Ponencias de los congressos CIAM 1929-1930. Barcelona, Gustavo Gili, 1973.
BEGUIN, F. As Máquinas Inglesas do Conforto. Espaço & Debates, São Paulo, N.34: 39-54, 1991.
BENEVOLO, L. As Origens da Urbanística Moderna. 2 ed. Lisboa, Editorial Presença, 1987.
BENJAMIN, W. Paris, capital do século XIX. In: Sociologia. Ática, São Paulo, 1985.
BRESCIANI, M. S. Metrópolis: as faces do monstro urbano (as cidades do século XIX). Revista Brasileira de História, São Paulo,
N. 8 e 9:35-68, 1985.
BURKE, E. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas idéias do sublime e do belo. Campinas, Papirus, Ed. da
UNICAMP, 1993. CIUCCI, Giorgio et alli. La Ciudad Americana. De la guerra civil al New Deal. Barcelona, Gustavo Gili, 1975.
CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realidades - uma Antologia. São Paulo, Perspectiva, 1979.
CONSIDÉRANT, V. L’architectonique du phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
CORBIN, A. O Território do Vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo, Cia. das Letras, 1989.
ENGELS, F. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Coleção Bases, N. 47. 2 ed. São Paulo, Global, 1985.
FOURIER, C. Le Phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
21
GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo, Perspectiva, 1977. HALL, Peter. Cidades do Amanhã. São Paulo, Perspectiva,
1995.
LE CORBUSIER. A Carta de Atenas. São Paulo, Edusp-Hucitec, 1993.
OWEN, R. Plan d’un village industriel. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.
SCHORSKE, C. Viena Fin-de-Siècle. São Paulo, Companhia das Letras, 1988.
SITTE, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo, Ática, 1992.
URGERS, L. Comunas em el Nuevo Mundo: 1740-1971. Barcelona, Gustavo Gili, 1978.
Trabalhos desenvolvidos:
● seminário - análise do texto “Maneiras de Morar“, de Michele Perrot
● monografia - “O café e a modernização em São Paulo“
Conceito: B
Foram realizados dois trabalhos para a disciplina, uma apresentação de seminário e uma
monografia. O seminário partiu de uma análise do artigo "Maneiras de morar" de Michele Perrot, integrante
da coleção História da Vida Privada. Através da compreensão do modo de vida burguês, o texto ajudou esta
pesquisa de mestrado a contextualizar historicamente as origens de um modelo de agenciamento
habitação, que se consolidou posteriormente nos projetos de apartamentos brasileiros.
“A ordem dos ritos e lugares apropriados compartimenta o espaço e o tempo“, diz a autora. Através
da descrição, nota-se como a classe dominante vivia em suas casas. O desenho da planta previa uma
atividade específica para cada cômodo, demandando uma hierarquia entre eles. Os ambientes eram
agrupados conforme os usos, demarcando zonas estanques. Os empregados foram cuidadosamente
retirados das vistas dos moradores e visitantes, que tem agora, acessos e circulações particulares.
Encontra-se similaridades entre esta configuração e as plantas de apartamentos paulistanos
estudados nesta pesquisa - das décadas de 1940 a 70. A apresentação deste seminário mostrou as origens
de um modelo que o mercado imobiliário sempre teve como base nos seus empreendimentos, num
processo que levou a uma padronização espacial.
Outros autores mostram como esse modelo de planta tripartida foi importada e adaptada em
projetos realizados no Brasil. Na análise dos apartamentos da década de 1910 – projetos que compõe o
22
banco de dados de apartamentos do Nomads.usp – é possível notar que no início foi feito um desenho com
características da planta colonial brasileira, e que somente depois de algum tempo é que foi introduzido a
solução francesa. Carlos Lemos (1976) afirma que desde o começo existia um esforço para aproximar o
espaço dos apartamentos com os palacetes da classe abastada. Ele descreve alguns elementos notados
nos apartamentos brasileiros, que percebemos também através do texto de Michele Perrot sobre a
burguesia francesa. A distinção das circulações, a existência de cômodos com usos determinados, e a
predominância de um certo "gosto francês":
"Os edifícios deveriam ter `entradas nobres´ e entradas de serviço (...) Deveriam ter
pelo menos duas salas, inclusive a de visitas (...) Os estilos arquitetônicos, variados,
com a predominância do `gosto francês´ (...) Precisava-se alardear que o
apartamento era coisa de família; casa de respeito. Moradia completa, com copa e
cozinha, salas de jantar e de visitas, e com acomodações para criadagem,
principalmente." (Lemos, 1976)
Sobre os palacetes construídos em São Paulo, Maria Cecília Naclério Homem (1996) afirma que
reproduziam-se aqui as mesmas soluções encontradas na casa francesa, como a circulação feita a partir do
vestíbulo: "Aparecia quase sempre a mesma série de dependências e de funções designadas pela mesma
nomenclatura". Apesar disso, a autora diz que nestas moradias de elite também havia reminiscências da
casa colonial, como o gabinete e um quarto de hóspedes na parte fronteira do térreo. Ela ainda dá uma
idéia de como era a relação da elite cafeeira paulista com a cidade de Paris, que acabou virando referência
cultural para os brasileiros: ”Ia-se para lá a negócios, estudos, lazer, tratamentos médicos, e mesmo para
morar. Era em Paris, a grande meca, que o fazendeiro passava longas temporadas. Acompanhado da
família e de criados, alugava apartamentos e andares inteiros de hotéis.” (Homem, 1996). As viagens para a
Europa se acentuaram a partir das primeiras décadas do século XX por causa dos progressos no transporte
marítimo (Durand, 1989).
23
Figura 3 - edifício de apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio de Abreu esquina rua Senador Queiroz
– duas unidades por andar, duas propostas de plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção da
direita, os quartos estão no centro, com um gabinete a uma sala na frente e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção da
esquerda, já existe uma indicação de agrupamentos em zonas e uma seqüência de usos, como sala de jantar -copa-cozinha (fonte:
banco de dados de apartamentos Nomads.usp)
Queiroz (2008) mostra que as plantas dos apartamentos construídos nos boulevares parisienses a
partir de 1853 – sob o comando do Barão Georges Haussman, no Império de Napoleão III – se constituíram
num modelo difundido e adotado ”em diversos lugares no mundo, inclusive no Brasil.”
As análises feitas com o seminário apresentado na disciplina, somado a revisão bibliográfica sobre
a história da habitação brasileira (Durand, 1989; Homem, 1996; Lemos, 1976 e 1985; Reidy, 1987; Reis
Filho, 1970; Souza, 1978), mais a reflexão teórica realizada pelo Nomads sobre esse tema em quase dez
anos de pesquisa, nos ajudaram a entender a origem deste modelo de apartamento, que é tão difundido até
os dias de hoje. Todas estas informações deram suporte teórico para a leitura do banco de dados de
apartamentos.
No seminário tentou-se uma aproximação do texto de Perrot com os exemplares burgueses de
apartamentos, analisando os usos na unidade habitacional. Por outro lado, na monografia, procurou-se
compreender as origens da verticalização no Brasil. Como foram produzidos os primeiros edifícios, em que
24
contexto político e com que capital. Como se organizaram os primeiros empresários da fase caracterizada
como rentista: o trabalho investiga a evolução do capital dos cafeicultores paulistas, e sua utilização na
modernização da cidade de São Paulo no início do século XX. Principalmente, no que contribuiu para a
origem do processo de verticalização urbana.
A geógrafa Maria Adélia de Souza (1994) afirma que a analise do “processo de verticalização é
extremamente complexo e sugere inúmeros caminhos de investigação”. Um deles, indicado por ela – o que
particularmente interessou – é a verificação das “grandes etapas do desenvolvimento brasileiro [procurando]
na configuração da cidade a sua projeção”. A arquiteta Sylvia Ficher (1994) confirma a possibilidade de uma
análise macro econômica e histórica para a compreensão da verticalização: “falar da história dos edifícios
altos no Brasil é falar das vastas transformações ocorridas de fins de século XIX em diante em duas cidades
brasileiras – o Rio de Janeiro e São Paulo”. A autora indica alguns acontecimentos econômicos e sociais
que contribuíram para a produção de edifícios: a agricultura cafeeira de exportação, a abolição da
escravatura, a atração de correntes migratórias externas e a importação de produtos industrializados.
Estudou-se, portanto, esses determinantes históricos para a compreensão da origem do processo de
verticalização paulistano. Foi o café, portanto, que viu posteriormente o seu capital mudando as
características físicas das cidades, lhe dando novas feições. (Lemos, 1976).
Referências do seminário:
Berquó, E. A família no século XXI – um enfoque demográfico. In: Revista Brasileira de Estudos de População. v. 6. n. 2. São
Paulo, julho/dezembro 1989
Durand, J. C. Arte, privilégio e distinção. Parte II – Importação do "Modernismo" (1890-1945). Capítulo 4,5 e 6. São Paulo:
Perspectiva / EDUSP, 1989
Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas de morar da elite cafeeira – 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes,
1996
Lemos, C. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 1985
Lemos, C. Cozinhas, etc. – um estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976
Perrot, M. Maneiras de morar. In: História da Vida Privada volume 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1991
Queiroz, F. A. de. Apartamento modelo – arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo.
Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2008
25
Reidy, A. E.. Inquérito nacional de arquitetura. In: Xavier, Alberto (org). Arquitetura moderna brasileira – depoimento de uma
geração. São Paulo: ABEA / FVA / PINI, 1987
Reis Filho, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970
Souza, A. de. Arquitetura no Brasil – depoimentos. São Paulo: EDUSP/Diadorim, 1978
Referências da monografia:
Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976
Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977
Dean, W. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.
Ficher, S. Edifícios altos no Brasil. In: Revista Espaços e Debates n. 37. São Paulo, 1994
Ficher, S. Os arquitetos da Poli – ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005
Foot, F.; Leonardi, V. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1982
Lemos, C. Cozinhas, etc. – um estudo sobre as zonas de serviço da Casa Paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976
Pereira, J. C. Estrutura e Expansão da Indústria em São Paulo. São Paulo: Nacional, 1967
Segawa, H. Arquiteturas no Brasil – 1900-1990. São Paulo: EDUSP, 1997
Segawa, H. Prelúdio da metrópole – arquitetura e urbanismo na passagem do século XIX ao XX. São Paulo: Ateliê, 2000
Serapião, F. Quatro pecados louváveis. In: Arcoweb, artigos. 2006. Disponível em www.arcoweb.com.br/debate/debate87. Acesso
em 1 maio 2008
Silva, L. O. da. A constituição das bases para a verticalização na cidade de São Paulo . In: Vitruvius, arquitextos. 2007. Disponível
em www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp399. Acesso em 1 de maio de 2008
Silva, S. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-omega, 1976
Somekh, N. A cidade vertical e o urbanismo modernizador – São Paulo 1920-1939. São Paulo: EDUSP, Nobel, 1997
Souza, M. A. A. de. A identidade da metrópole – a verticalização em São Paulo. São Paulo: HUCITEC / EDUSP, 1994
Tramontano, M. Paris, São Paulo, Tókio – novos modos de vida, novos espaços de morar. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-
USP, 1998
Wilheim, J. São Paulo metrópole 65. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1965
26
4.1.2 - Disciplina:
SAP 5824-5 - "O espaço da cidade I – gênese e formação do urbanismo moderno"
Docente responsável: Prof. Dr. Carlos Andrade
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A disciplina estuda as teorias e proposições urbanísticas aparecidas na Europa desde o
Renascimento, passando pelo Barroco e pelo Iluminismo, até as utopias formuladas no século XIX. O
objetivo foi o entendimento das propostas da vanguarda arquitetônica dos anos 1920 a partir de um
referencial que se construiu ao longo destes séculos. Teve o seguinte conteúdo programático: ●
formulações pioneiras do urbanismo moderno: planos de cidades ideais e principescas do Renascimento e
Barroco; as reformas do Papa Sixto V em Roma (1585-90); os planos de Wren e Evelyn para Londres
(1666); o plano de Léblond para São Petersburgo (1717); o plano de Patte para Paris (1748); o plano de
reconstrução de Lisboa por Pombal (1755); antecipações da idéia de cidade jardim nas propostas
setecentistas de John Sinclair e John Claudius Loudon; o plano de Ledoux para as Salinas de Chaux
(1780); o plano de L’Enfant para Washington (1791) ● As reformas haussmannianas em Paris ● a “Teoria
General de la Urbanización” de Ildefonso Cerdá e seu plano de expansão para Barcelona. ● os planos de
Weinbrenner para a expansão de Karlsruhe (1859) e de Hobrecht para o desenvolvimento de Berlim (1862).
A tratadística germânica: Baumeister e Stübben ● expansão e reforma da cidade de Viena: o projeto da
Ringstrasse e as concepções de Camillo Sitte ● o urbanismo norte-americano: planos de Frederick Law
Olmsted e do Movimento “City Beautiful”. ● o urbanismo sanitarista e a atuação dos engenheiros na
construção e reforma das cidades: os planos de Aarão Reis para Belo Horizonte (1894), de Pereira Passos
para o Rio de Janeiro (1902) e de Saturnino de Brito para Santos (1904).
Bibliografia
Ashworth. The Genesis of Modern British Town Planning, Londres, Routledge and Kegan Paul, 1972
Aymonino. Orígenes y Desarrollo de la Ciudad Moderna, Barcelona, G.Gili, 1970
Bassols, M. et alli (eds.). Atlas Histórico de Ciudades Europeas, Barcelona,Salvat, 1996
Bergeron (ed.). Paris. Génèse d’une Paysage. Paris, Picard, 1989
27
Calabi e Folin. Eugène Hénard. Alle origini dell'urbanistica. La costruzione della metropoli, Padova, Marsilia, 1972
Cerda. Las Cinco Bases de la Teoria General de la Urbanización, Barcelona, Electa, 1996
Choay. The Modern City: planning in the 19th century, New York, 1970
Duby (ed.). Histoire de la France Urbaine 4. La ville de l’âge industriel : le cycle haussmannien, Paris, Du Seuil, 1983
Giedion. Space, Time and Architecture. The growth of a new tradition, Cambridge, Harvard University Press, 1954
Dupuy. Urbanisme et Technique, ParisCentre de Recherche d'Urbanisme, 1979
Hegemann e Peets. The American Vitruvius: an architect's handbook of civic art. Nova Iorque, Princeton Architectural Press, 1989
Mancuso. Las Experiencias del Zoning, Barcelona, Gustavo Gili, 198O
Manieri Elia et alli. La Ciudad Americana. De la Guerra Civil al New Deal, Barcelona, Gustavo Gili, 1975
Munford. The Culture of Cities, New York. ________ (1961). The City in History, New York, 1938
Olsen. The City as a Work of Art: London, Paris, Viena, Yale Univ. Press, 1966
Quilici. Ciudad Rusa y Ciudad Sovietica, Barcelona, Gustavo Gili, 1978
Piccinato, La Costruzione dell'Urbanistica. Germania 1871?1914, Roma, Officina, 1977
Pinon. Les Traversées de Paris : deux siècles de révolutions dans la ville, Paris, Moniteur, 1989
Pinkney. Napoleon III and the Rebuilding of Paris, Princeton, New Jersey, Univ. Press, 1972
Reps. Urban Planning, 1794-1918: an International Anthology of Articles, Conference Papers and Reports,
http://www.library.cornell.edu/Reps/, 2001
Roncayolo e Paquot. Villes et Civilisation Urbaine XVIIIe – XXe siècle, Paris, Larousse, 1992
Salgueiro. Engenheiro Aarão Reis : o progresso como missão, Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1997
Sica. Historia del Urbanismo. El Siglo XIX, 2 vols, Madri, IEAL. ________ (1982). Historia del Urbanismo. El Siglo XVIII, Madri, IEAL,
1981
Sitte. A Construção das Cidades segundo seus Princípios Artísticos, São Paulo, Ática, 1992
Sutcliffe (ed.). The Rise of Modern Urban Planning, 1800-1914. Londres, Mansell, 1980
Sutton. Civilizing American Cities. A selection of Frederick Law Olmsted's writings on city landscapes. Cambridge,
Massachusetts, The MIT Press, 1971
Vercelloni. Atlante Storico dell’Idea Europea della Città Ideale. Milão, Jaca Book, 1994
Wieczoreck. Camillo Sitte et les Débuts de l'Urbanisme, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1981
Wilson. The City Beautiful Movement. Baltimore e Londres, The John Hopkins University Press, 1994
Zuconni. Camillo Sitte e i suoi Interpreti, Milão, Franco Angeli, 1992
28
Trabalhos desenvolvidos:
● seminário - análise do plano de Atilio Correa Lima e Armando Godoy para a cidade de Goiânia
● monografia sobre Camillo Sitte
Conceito: B
Os seminários foram realizados em grupos de 3 alunos e tinham a proposta de análise de cidades
projetadas entre meados do século XIX e os anos 30 do século XX. O docente indicou a cidade que o grupo
do bolsista deveria analisar: Goiânia, e os planos iniciais de Atilio Correa Lima e Armando Godoy. No
seminário priorizou-se o contexto de mudança da capital do Estado; o projeto e suas influências; e a
implantação. O estudo da mudança de capital no Estado de Goiás evidenciou as transformações políticas e
sociais da época. Entendeu-se as opções que o governo de Getúlio Vargas tomou para o desenvolvimento
do país. Este estudo também mostrou as relações do governo com a produção imobiliária privada, e
questões como a especulação fundiária e as restrições para a construção na nova cidade. Foi importante
perceber a projeto da cidade inserido num contexto político, legislativo, econômico e social.
Figura 4 - plano de Atílio Correa Lima para a cidade de Goiânia, que previa inicialmente uma população de 50.000 habitantes
29
O tema da monografia da disciplina também foi indicado pelo docente: estudo das idéias de Camillo
Sitte através de sua principal obra, "A construção das cidades segundo seus princípios artísticos". O estudo
procurou mostrar as principais características da teoria formulada por Sitte, inserindo-a num contexto de
mudanças nas cidades européias, adaptando-as ao desenvolvimento industrial. A monografia desta
disciplina foi a primeira desenvolvida pelo bolsista, e gerou um aprendizado também do ponto de vista
metodológico. A procura de uma bibliografia adequada para o tema, a sistematização e a leitura e análise
dos dados, a reflexão teórica, as discussões em classe e a produção da monografia ajudaram na
compreensão de procedimentos metodológicos de uma pesquisa científica.
Referências da monografia:
Ananian, P.; Silva, B. F. C.. Das passagens cobertas aos calçadão comercial – uma busca pela humanização do espaço público.
In: Anais do I Congresso Internacional de história Urbana. Agudos, 2004
Andrade, C. R. M. de. Ressonâncias sitteanas no urbanismo brasileiro. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana.
Agudos, 2004
Benevolo, L. As origens da urbanística moderna. Lisboa: Presença, 1987
Bittencourt, L. C. Regularidades desejadas. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Bresciani, M. S. M.. Camillo Sitte entre a estética romântica e a eficiência moderna . In: Anais do I Congresso Internacional de
História Urbana. Agudos, 2004
Calabi, D. Camillo Sitte. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Choay, F. A regra e o modelo – sobre a teoria da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1985
Choay, F. Urbanismo – utopias e realidades. São Paulo: Perspectiva, 1979
Costa, L. A. M. De Immanuel Kant a camillo Sitte – as noções de história, estética e projeto em "A construção das cidades
segundo seus princípios artísticos". In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Enokibara, M. Joseph Antoine Bouvard e o debate das propostas elaboradas para a cidade de São Paulo no início do século
XX. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 1996
Le Corbusier. A Carta de Atenas. São Palo: EDUSP, 1993
Le Corbusier. Precisões de um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004
Leme, M. C. da S. Princípios da composição dos conjuntos arquitetônicos nas cidades brasileiras. In: Anais do I Congresso
Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Paoli, P. de. Camillo Sitte e Frederick Law Olmsted – duas utopias do espaço público. In: Anais do I Congresso Internacional de
30
História Urbana. Agudos, 2004
Perrot, M. (org). História da vida privada – da revolução francesa a primeira guerra. V. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
Retto Junior, A. da S. Victor da Silva Freire e Camillo Sitte: o debate urbano da ENCP a São Paulo. In: Anais do I Congresso
Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Rodrigues, A. A. V.. Campinas Fin-de-siècle. In: Anais do I Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Rossi, A. A arquitetra da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998
Rybczynski, W. Casa – pequena história de uma idéia. Rio de Janeiro: Record, 2002
Salgado, I. Uma leitura sobre a concepção estética de Camillo Sitte – a construção do espaço perspectivo. In: Anais do I
Congresso Internacional de História Urbana. Agudos, 2004
Sitte, C. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992
Schorske, K. Viena-fin-de-siècle – política e cultura. São Paulo: Schwarcz, 1990
Referências do seminário:
ACKEL, L. G. M. Attílio Corrêa Lima: um urbanista brasileiro (1930-1943). Dissertação (Mestrado). Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 1996.
BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.
CHAVEIRO, E. F. Goiânia: uma metrópole em travessia. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Goiânia. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto, 1942.
LEME, M. C. S. (org). Urbanismo no Brasil, 1895-1965. São Paulo: FUPAM, Studio Nobel, 1999.
MANSO, C. F. A. Goiânia: uma concepção urbana, moderna e contemporânea – Um certo olhar. Goiânia: edição do autor, 2001.
MORAES, L. M. A segregação planejada: Goiânia, Brasília e Palmas. 7- Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2003.
MOTA, J. C. Planos diretores de Goiânia, década de 60: A inserção dos arquitetos Luís Saia e Jorge Wilheim no campo do
planejamento urbano. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2004.
PIAZZALUNGA, R. Tempo e cidades: o tempo como condição fundamental ao desenvolvimento das cidades contemporâneas.
Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 1998.
RIBEIRO, M. E. J. Goiânia: os planos, a cidade e o sistema de áreas verdes. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2004.
SABINO JUNIOR, O. (org). Goiânia Documentada. São Paulo: Edigraf, 1960.
UNES, W.. Identidade Art Déco em Goiânia. São Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2003.
31
4.1.3 - Disciplina: SAP 5825-4 - "Arquitetura e cidade na poética das vanguardas"
Docente responsável: Prof. Dr. Carlos Martins
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A proposta da disciplina foi mostrar as idéias das diferentes correntes de pensamento das
vanguardas européias das primeiras décadas do século XX, como o Futurismo, o neo-Plasticismo e o
Purismo, percebendo seus pontos de contato e sua heterogeneidade. Para tanto, a análise foi feita a partir
de artigos e livros escritos pelos protagonistas do Movimento Modernista. O programa da disciplina previu o
estudo: ● metrópole como espaço da abstração; ● o Futurismo e a cidade como lócus da velocidade; ● Neo-
plasticismo e a dissolução da arquitetura na cidade; ● o urbanismo Expressionista e a Kronenstadt; ●
urbanismo Alemão de entre-guerras e as Siedlungen; ● Hilberseimmer, a Nova Objetividade e a Grosstadt;
● Le Corbusier: cidade, paisagem e território; ● Construtivismo e Cidade: Urbanismo e desurbanismo na
União Soviética; ● leituras e Críticas da Carta de Atenas.
Bibliografia:
Azevedo, R. M.. Metrópole: Abstração. São Paulo, Perspectiva, 2005
Banhan, R. Teoria e Projeto na Primeira Era da Máquina. São Paulo, Perspectiva, 1975
Colquhoun, A. La Arquitectura Moderna. Una historia desapasionada. Barcelona, Gili, 2005.
DebenedettiI, M. e Pracacchi, A. Antologia dell'architettura moderna. Testi, manifesti e utopie, Bologna, Zanichelli, 1988.
Droste, M. Bauhaus 1919-1993, Berlim, Taschen, 1991
Fabris, A. Futurismo: uma poética da Modernidade, S. Paulo, Perspectiva /EDUSP, 1987
Fishmann, R. L'Utopie Urbaine au XX e Siécle: Ebenezer Howard, F.L. Howard, Le Corbusier, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1979
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Hulten, P.; Celant, G.; Faucherau, Serge; G. (orgs) Futurismo & Futurismi. Milan: Bompiani, 1986
Hall, P. Cities of Tomorrow: an intellectual history of urban planning and design in the XXth century, Oxford: Blackwel, 1988
Hilberseimer, L. La Arquitectura de la Gran Ciudad. Barcelona, Gili, 1979. Ed. orig.: Suttgart: Julius Hoffmann, 1929.
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Le Corbusier. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 19??
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Le Corbusier. Precisões sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
Le Corbusier e Ozenfant, A. Depois do Cubismo. São Paulo: Cosac Naify
Martins, C. A. F. Razón, Ciudad y Naturaleza: La génesis de los conceptos en el urbanismo de Le Corbusier, (Tese de
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Sica, P. Historia del Urbanismo. El Siglo XX, Madrid Instituto de Estudios de Administración Municipal, 1984
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Cambridge: Harvard Univ. Press, 1944
Tafuri, M. e Dalco, F. Modern Architecture, Londres, Academy Editions. (2 vols), 1980
TafuriI, M. e outros. De la Vanguardia a la Metrópoli, Barcelona, Gili, 1973
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VV.AA., Constructivismo, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 19), 1973.
VV.AA., Socialismo, Ciudad, Arquitectura URSS 1917-1937, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 23) 1973.
Worringer, W. Naturaleza y Abstracción. México: Fondo de Cultura. 1996.
Trabalho desenvolvido:
● monografia - “Alguns modernistas brasileiros que projetaram edifícios em São Paulo“
Conceito: B
O objetivo da monografia foi identificar algumas influências de arquitetos modernistas que
projetaram edifícios residenciais na cidade de São Paulo nas décadas de 1930, 1940 e 1950. A
identificação das referências acadêmicas, mais suas experiências profissionais iniciais auxiliaram na
construção de uma matriz comparativa através da qual se pôde entender melhor sua produção.
33
Dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de edifícios de apartamentos, quis-se
comparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormente
atuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade apartamentos era mais difundida e mais
antiga. Comparou-se, ainda, a produção de profissionais formados em instituições de ensino nacionais e
estrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção de Rino Levi e Gregori Warchavchik; e também
Álvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.
O estudo evidencia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram,
mas nota também que, apesar de coincidências na formação, a obra de cada um apresenta
particularidades. Os arquitetos formados no Rio, por exemplo, foram autores de obras modernas desde o
início de suas carreiras, apesar da formação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Eles tiveram
contato com personalidades importantes, como Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveram
experiências de viagens, numa época em que a profissão de arquiteto e a sua atribuição legal ainda se
prenunciava.
Uma análise da evolução dos espaços dos apartamentos mostra que o projeto foi perdendo
qualidade na mesma época em que estes arquitetos modernos deixaram de atuar profissionalmente. Foi
justamente nos anos 1950 e 60 que a produção de um edifício residencial deixou de ser um problema de
arquitetura. O estudo do processo de projeto, as relações que estes profissionais tinham com o mercado
imobiliário, suas referências acadêmicas e seus primeiros trabalhos, ajudaram a entender a qualidade dos
apartamentos projetados por eles.
Referência do trabalho
Anelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995
Atique, F.. Memória Moderna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004
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mestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006
Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981
Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000
Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981
Drebes, F J. O Edifício residencial e a arquitetura brasileira (1945-1955). Disponível em: www.docomomo.org.br/seminario 5
Acesso em: 6 nov 2008
34
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Izaga, F. G. de. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em:
<www.docomomo.org.br/seminario6> Acesso em: 12 nov 2008
Leal, D. V. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950 – o escritório satélite sob a direção do
arquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em
<www.docomomo.org.br/seminario5> Acesso em: 13 nov 2008
Le Corbusier. Precisões de um estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2004
Lira, J. T. C. de. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: <www.sielo.br/scielo.php?pid=s101-
330020070002000138script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em: 28 out 2008
Pereira, M. A. Arquitetura, texto e contexto – o discurso de Oscar Niemeyer. Brasília: Universidade de Brasília, 1997
PROJETO DESIGN. Pioneiros do moderno. In: Revista Projeto. n. 298, dezembro de 2004
Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio de Janeiro: IAB, junho 1965
Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002
Underwood, D. Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002
Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 2006
4.1.4 - Disciplina:
SAP 5879-1 - "tópicos especiais – avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo de projeto"
Docente responsável: Profs. Drs. Marcelo Tramontano, Márcio Fabrício, Sheila Ornstein
Número de créditos: 12
Conteúdo da disciplina:
A disciplina analisou o conceito da APO desde suas origens, sua metodologia e suas aplicações.
Tem como pressuposto que as edificações devem ser sistematicamente avaliadas depois de construídas,
do ponto de vista estrutural, espacial, de usos, etc. Conferir eventuais falhas e aferir virtudes projetuais, com
o objetivo de melhorar o processo de projeto. Além dos Profs. Drs. Tramontano e Fabrício do Departamento
de Arquitetura da EESC-USP, as aulas tiveram a participação da Profa. Dra. Sheila Ornstein, que tem
pesquisas em APO realizadas no Departamento de Tecnologia da Arquitetura da FAU-USP desde 1984. A
35
professora trouxe, além de seus estudos acadêmicos, alguns projetos de APO com sua participação em
escritórios e edifícios de habitações de interesse social. O conteúdo da disciplina previa: gestão do
processo de projeto e a qualidade do ambiente construído; Avaliação Pós-Ocupação na gestão do processo
de projeto - conceitos; procedimentos metodológicos; estudos de caso: habitação e escola.
Bibliografia
ADAPTIVE Environments Center. .. FEDERAL FACILITIES COUNCIL. Learning from Our Buildings - a state of the practice
summary of post-occupancy evaluation. Washington, DC: National Academy Press, 2001 (Federal Facilities Council Technical
Report n.º 145).
Fabricio, M. Projeto Simultâneo de Edifícios. Tese (doutorado) EP-USP, São Paulo, 2002.
Grandjean, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1998.
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équipements et matériels adaptés. Paris : Le Moniteur, 1996.
Jong, T.M. de; Voordt, D.J.M V. D. (editores). Ways to Study and Research. Urban, Architectural and Technical Design. Delft,
Holanda: Delft University Press, 2002.
Kernohan, D. et al. User Participation in Building Design and Management. Oxford, England: Butterworth-Heinemann Ltd., 1996.
Mace, R. Definitions: Accessible, Adaptable, and Universal Design. Carolina do Sul : The Center for Universal Design, 1990.
Disponível em NAOUM, Shamil G. Dissertation Research and Writing for Construction Students. Oxford, MA, USA: Butterworth
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Foundation Fellowship Program; Disaster Prevention Research Institute, 1999.
Ono, R.; Tatebe, K. A study on school children's attitude towards fire safety and evacuation behavior in Brazil and the
comparison with data from Japanese children. In: Proceedings of the 3rd Human Behavior in Fire Symposium, Belfast, 2004.
Preiser, W. F.E. Health Center Post-Occupancy Evaluation. Toward Community-wide Quality Standards. In: NUTAU´98 -
Arquitetura e Urbanismo: Tecnologias para o Século XXI. São Paulo: NUTAU- Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (Anais em CD-ROM), 1998.
Preiser, W. F. E..; OSTROFF, Eliane (editors). Universal Design Handbook. New York: Mc. Graw Hill, 2001.
Trabalho desenvolvido:
● monografia e seminário – "APO no Conjunto Habitacional da CDHU Waldomiro Lobbe Sobrinho"
Conceito: B
36
Foi realizado um trabalho no Conjunto Habitacional da CDHU "Waldomiro Lobbe Sobrinho" em São
Carlos, com o objetivo de avaliar a adequação ao uso nas unidades através de métodos de APO. Os
resultados se tornaram importante instrumento para o entendimento das deficiências do projeto do
apartamento. O levantamento de dados foi realizado através de visitas feitas no Conjunto pelos três
integrantes da equipe. Foram abordadas questões referentes ao uso dos ambientes através da percepção
do entrevistado. A documentação se deu através de registro fotográfico, entrevista com os moradores e
medição do layout do mobiliário.
Figura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008
A análise das informações colhidas em campo mostrou as dificuldades de uso e adaptações feitas
pelas famílias nos espaços. Existe uma grande quantidade de equipamentos – computadores, video games,
televisores, DVDs players, impressoras – que supõe usos diversos, e que apesar disso situam-se em
cômodos monofuncionais. A própria mobília tem dimensões desproporcionais ao tamanho do ambiente. Na
entrevista, uma das questões levantadas foi Onde costuma comprar seus móveis? A grande maioria dos
entrevistados dissera que compram seus móveis em grandes lojas populares que tem linhas de crédito para
financiamento, como Casas Bahia e Magazine Luiza. Pelo levantamento do layout do mobiliário, pode-se
notar que a maioria das salas, por exemplo, tem os mesmos móveis e que eles se localizam nos mesmos
lugares: sofá 2 lugares + sofá 3 lugares + estante com TV.
37
Figura 6 - sala de apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição de funções e
improviso nos usos: mesa para refeições, computador e sofá.
Nota-se que a falta de qualidade no projeto e a padronização das plantas também são comuns em
outros apartamentos para classes de baixa renda produzidos pela CDHU – o website da companhia mostra
que existem algumas variações de um mesmo modelo de planta. O estudo destas unidades reforça o
problema inicial desta pesquisa de mestrado: de que o projeto é padrão e que existe uma incompatibilidade
das demandas dos moradores com o produto que lhes é oferecido.
Os dados levantados no trabalho serão utilizados por outros pesquisadores do Nomads.usp no
projeto Territórios Híbridos, que será descrito neste relatório no item 4.3.1.2, e que também será realizado
no mesmo Conjunto Habitacional.
Referência do trabalho
Barros, R. P. de et. al. O nível do salário mínimo no Brasil frente à evidência internacional
http://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_006h.pdf ‐ acessado em 01/12/2008
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Bonduki, N. (Organizador)‐ Habitat As práticas bem Sucedidas em Habitação, Meio Ambiente e Gestão Urbana nas Cidades
Brasileiras, Ed. Studio Nobel, 2ª Ed., São Paulo, 1997
CDHU. Manual técnico de projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008
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Dias, M. (Des) Interesse social – procedimentos metodológicos para análise de peças gráficas de apartamentos. Dissertação de
Mestrado. São Carlos: EESC‐USP, 2007
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Estatuto da Cidade. ‐ Federação Lei 10.257 de 10 de JULHO de 2001. FUNDAÇÃO JOÃO RIBEIRO. CENTRO DE ESTATÍSTICA E
INFORMAÇÕES. Déficit Habitacional no Brasil 2000/ Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações Belo Horizonte,
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Gitahy, M. L. C. & Pereira, P. C. X. O Complexo Industrial da Construção e a Habitação Econômica Moderna 1931‐ 1964; /
Organizado por Maria Lucia Caira Gitahy e Paulo César Xavier Pereira São Carlos: Rima, 2002.
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Ornstein, S. Avaliação pós‐ ocupação (APO) do ambiente construído/Sheila Ornstein, Marcelo Roméro (colaborador). – São Paulo:
Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1992
Ornstein, S. W.; Bruna, G. C.; Romero, M. Avaliação Pós‐ Ocupação do Ambiente Construído. 1a.. ed. São Paulo: Studio
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Romero, Marcelo de Andrade; ORNSTEIN, Sheila Walbe. (coordenadortes/editores). Avaliação Pós‐ Ocupação. Métodos e
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Site IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/
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acessado em 25/11/08
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39
Tramontano, M. SQCB – apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo. Tese de Livre Docência. São Carlos: EESC-USP,
2004
Villa, S. Apartamento Metropolitano: Habitações e Modos de Vida na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Carlos:
EESC‐USP, 2002.
4.1.5 - Disciplina: SAP 5892-6 - "metodologia e pesquisa bibliográfica"
Docente responsável: Profa. Dra. Lauralice de Campos Franceschini Canale
Número de créditos: 6
Conteúdo da disciplina:
Mostrou princípios básicos para a produção de uma pesquisa científica. Desde o plano e os seus objetivos,
justificativas e métodos; o levantamento de documentos na biblioteca de Engenharia da EESC através de
interfaces gráficas computacionais; coleta e sistematização de dados; e análise e apresentação dos
resultados. Também foi visto regras para resumos de trabalhos. Conteúdo da disciplina: ● discussão do
método científico, sua natureza, conceitos e tipos. Como transmitir o conhecimento. ● acesso, analise e
avaliação do conhecimento em engenharia: situação brasileira e internacional; tipos de instituições,
atividades e programas de atendimento: bibliotecas, serviços de documentação e informação, bases e
bancos de dados no Brasil e no exterior. ● estruturas e tipos de informação documentais, numéricas e
cadastrais em sistemas de informações (bases e bancos de dados); análise e avaliação do conhecimento
formal – documentado, organização de sua estrutura e síntese (resumos, tabelas, quadros, folhas
cadastrais); métodos de acesso e busca; categorias e tipos de documentos especializados. ● delimitação
temática da pesquisa, mediante determinação de terminologia; descritores, palavras-chaves, sub-áreas e
área de assunto: planejamento e organização de sistemas específicos de informações especializadas;
glossários, “thesaurus” e indexação coordenada. ● normalização da documentação; instituições
normalizadoras; apresentação de artigos de periódicos, trabalhos de congresso, referenciação bibliográfica
e documental; redação de sinopses, resumos e resenhadas. ● revisão da literatura e relatórios de estado-
da-arte; avaliação e análise de documentos destes tipos, orientador para organização e redação;
organização de citações e notas. ● estrutura e redação da dissertação e tese: apresentação, partes do
corpo e complemento desses documentos; análise e avaliação de exemplares destes tipos e documentos
elaborados no Brasil e no exterior.
40
Bibliografia
Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Normas sobre documentação: coletânea de normas. Rio de Janeiro, ABNT, 1989.
Barras, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes, 2a ed. São Paulo, T. A.
Queiroz, 1986.
Barros, A. J. P. & Lehfel, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica . São Paulo, McGraw-Hill,
1986.
Brunetti, I. S. Proposta de uma metodologia para integrar os programas de educação do usuário. Campinas, 1983.
Cervo, A. L. Metodologia Científica, 4a edição, Makron Book, 1996.
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP. Normas para a elaboração de dissertações e teses. Piracicaba, ESALQ,
1987.
Hamar, A. A. A bibliografia universitária brasileira e sua missão de memória agilizada. São Paulo, 1983.
Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Fundamentos da Metodologia Científica, Editora Atlas, 1991.
Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. Metodologia do trabalho cientifico. 4a ed., São Paulo, Editora Atlas, 1992.
Mesquita, L. S. Pesquisas bibliográficas em tecnologia. São José dos Campos, ITA, 1970.
Mildren, K. V. Use of engineering literature. London, Butter-worths, 1982.
Moretti Filho, J. Redação de dissertações e teses. Piracicaba, FEALQ, 1982.
Rey, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo. E. Blucer, 1978.
Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Serviço de Bibliotecas. Diretrizes para apresentação de dissertações e teses. S.
Paulo, Escola Politécnica, USP, 1991.
Vieire, S. Como escrever uma tese. São Paulo, Livraria Pioneira, 1991. Vários textos do tipo “state-of-the-art”.
Trabalhos desenvolvidos:
● análise e resumo de artigos;
● apresentação da pesquisa em seminário.
Conceito: A
Para todas as aulas foi feita uma análise prévia de algum artigo referente ao seu conteúdo. As
análises eram documentadas em resumos, feitos seguindo as normas técnicas. Isso ajudou na
41
compreensão da importância da organização e sistematização de dados analisados. A disciplina também
previu a apresentação da pesquisa um em seminário. Para isso, o bolsista aprendeu técnicas de
apresentação: de organização das informações para a apresentação, de postura e linguagem adequada,
etc.
4.2 - Atividades de pesquisa
4.2.1 - Discussões no nomads.usp
4.2.1.1 - Grupo de estudos Espaços de Morar
O Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos – contém vários grupos de pesquisa,
entre eles o Espaços de Morar, que faz estudos sobre habitações. Supervisionado pelo Prof. Assoc. Dr.
Marcelo Tramontano, conta com a participação de pesquisadores em iniciação científica, mestrandos,
doutorandos e pós-doutorandos.
No ano passado, as primeiras discussões do projeto de pesquisa Territórios Hibridos (item 4.3.1.2)
aconteceram no Espaços de Morar - será realizado em um conjunto habitacional da CDHU em São Carlos
e tem como objetivo perceber e medir possíveis implicações que o uso da internet traz para o ambiente
construído. Para a compreensão da problemática, foi importante a participação do bolsista em uma
disciplina sobre APO (Avaliação Pós Ocupação), ministrada pelos professores Drs. Marcelo Tramontano,
Márcio Minto Fabrício e Sheila Ornstein no Programa de Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP (item 4.1).
A monografia desenvolvida para esta disciplina teve como objetivo avaliar a adequação ao uso nas
unidades habitacionais deste mesmo conjunto. Com isso foi possível acrescentar algumas informações
sobre o Conjunto às discussões no grupo.
Ainda em 2008, foi desenvolvido um estudo sobre condomínios residenciais e loteamentos fechados
na cidade de São Carlos. O objetivo do trabalho foi entender como estas famílias vivem nestes espaços e
saber os motivos que as levaram a esse tipo de moradia. Foi feito um levantamento dos condomínios
construídos em São Carlos até o ano de 2008. O responsável pelas visitas em alguns dos residenciais foi o
urbanista doutorando Mathieu Perrin, do Instituto de Urbanismo de Grenoble, da Universidade Pierre
42
Mendes-France, na França, que esteve em intercâmbio acadêmico no Nomads.usp. Foram realizadas
entrevistas com os moradores, através de um questionário. O trabalho gerou um banco de dados sobre
condomínios, mais relatórios em pesquisas individuais em iniciação científica e de doutorado.
A participação do bolsista neste estudo se deu no desenvolvimento da metodologia de pesquisa:
nas discussões sobre a forma de abordagem dos moradores, nos tipos de perguntas levantadas, e no
conteúdo das entrevistas. E posteriormente na análise dos dados.
Figura 7 - planta do condomínio residencial Mont Serrat
Figura 8 - planta e foto de residência no loteamento fechado Bosque de São Carlos
Está previsto para o segundo semestre de 2009, uma segunda etapa de levantamento de dados nos
condomínios. Nesta fase todos os integrantes do grupo participarão das visitas, da organização e da análise
das informações. Estes pesquisadores, que tem seus estudos focados em outros temas, terão a
oportunidade de contribuir sobre a questão, ampliando a visão geral sobre os resultados.
As etapas de trabalho previstas são:
43
● a revisão do questionário – serão vistas as dificuldades e restrições que os pesquisadores tiveram com as
informações colhidas na primeira fase de levantamento;
● visitas aos condomínios – agendamento com os moradores, entrevistas, visitas às unidades e aos
espaços de uso público. As informações serão documentadas através de registro fotográfico, filmagens,
anotações em planilhas e computadores;
● organização e análise do material coletado;
Estes dois estudos – T-Híbridos e Condomínios – apesar de objetivos diferentes, ajudam a entender
a forma como as pessoas vivem nos ambientes domésticos e tiveram uma importante contribuição para esta
pesquisa.
Desde o começo do ano passado, há um pesquisador bolsista (CNPQ) em iniciação científica no
grupo levantando dados sobre apartamentos na cidade de São Paulo. A orientação deste estudo é do
coordenador do Nomads.usp, prof. Marcelo Tramontano, e o bolsista tem participação na orientação. Os
dados são inseridos num banco de dados sobre apartamentos que é continuamente atualizado pelo
Nomads.usp. Este Banco traz peças gráficas, como fotos, perspectivas, plantas e cortes, e também
informações relativas ao incorporador, ao proprietário, ao número de pavimentos, etc. Neste último
levantamento foram colhidas informações sobre edifícios produzidos atualmente e que trazem alguma
inovação espacial em suas plantas. Foram considerados espaços inovadores os projetos que traziam
alterações em pelo menos um destes aspectos, encontrados desde os apartamentos burgueses da Belle
Epoque francesa na segunda metade do século XIX - e que foram sistematizados pelo doutorando Fábio
Queiroz em sua pesquisa de mestrado:
■ a divisão da planta em cômodos, como estratégia de organização de usos;
■ a estanqueidade funcional de espaços, com a vinculação de atividades a cômodos determinados;
■ a existência de uma relação de hierarquia entre os espaços;
■ a tripartição com o agrupamento de cômodos em zonas Social, Íntima, e de Serviços;
■ a articulação dos cômodos por meio de corredores e dispositivos de circulação;
■ a existência de uma relação de hierarquia também entre circulações, separadas para o uso de patrões e
empregados, inclusive no âmbito coletivo do edifício.
44
Figura 9 - opção de planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremidades do apartamento, tirando a
hierarquia dos ambientes. Não existe mais um corredor íntimo que leva a uma zona íntima (fonte: banco de dados sobre apartamentos
Nomads.sp)
45
Figura 10 - opção de planta do edifício Combinatto – notar a existência de um ambiente de trabalho com entrada independente (fonte:
banco de dados sobre apartamentos Nomads.sp)
Tanto no estudo sobre apartamentos quanto no de condomínios foram periodicamente realizadas
reuniões em que os pesquisadores diretamente envolvidos apresentavam os seus resultados e os relatórios
produzidos.
Todos os documentos produzidos por pesquisadores do Espaços de Morar, como apresentações,
relatórios, planos, artigos, dissertações ou teses são discutidas e revisadas por todos. O procedimento de
análises conjuntas constitui uma prática consolidada no Nomads.usp, reunindo pesquisadores de iniciação
científica, mestrandos e doutorandos e pós-doutorandos. Tal postura proporciona a oportunidade de
desenvolver um olhar ampliado sobre o objeto de estudo, tendo como resultado, leituras mais críticas e
plurais. O bolsista também submeteu sua pesquisa em algumas oportunidades às reuniões do grupo,
quando produziu estudos para as disciplinas.
Neste ano seguem as discussões sobre estudos do banco de apartamentos, com a coleta de
exemplares publicizados nos websites das empresas no ano de 2009. Para o segundo semestre de 2009
está prevista a entrada de outro pesquisador em iniciação científica, que continuará a coleta de dados de
apartamentos, acrescentando dados no Banco; e também sobre o projeto T-Híbridos, que tem previsão para
o início de suas atividades ainda neste ano.
No mês de maio de 2009 o Grupo participou de uma reunião em São Paulo, na Universidade
Mackenzie, junto com o grupo de pesquisa da profa. Dra. Nadia Somekh (item 4.3.1.1.1). Organizou-se
também algumas visitas a edifícios residenciais em São Paulo. Os detalhes, bem como a metodologia
usada, e os edifícios escolhidos estão descritos neste relatório no item 5.1.
4.2.1.2 - Flash! seminário Nomads.usp de pesquisas em curso
O Flash! é um seminário realizado uma vez no ano pelo Nomads.usp sobre as pesquisas em curso
no núcleo, com o objetivo de criar um espaço para discussão coletiva.
O Flash! 02, o primeiro que o bolsista participou, no dia 04 de abril de 2008, teve como tema
Interface. Quatro pesquisadores discutiram o tema dentro de suas pesquisas e uma apresentação foi
46
realizada pelos pesquisadores do D.O.S. – Designers on Spot para discutir a idéia de interface dentro do
projeto. O bolsista não apresentou artigo, mas participou da discussão dos trabalhos.
No dia 1 de junho de 2009 o pesquisador participou do Flash! 03, agora apresentando um trabalho.
Como a pesquisa de mestrado está voltada para a produção dos apartamentos, foi mostrado como se deu
essa produção ao longo dos anos: desde a introdução da modalidade na cidade de São Paulo na década de
1910 até o fim da década de 1970, quando a pesquisa termina. Foram identificadas três grandes fases: até
1942, caracterizado pelo período rentista, com edifícios produzidos com o objetivo de renda; de 1942 até
1964, com o surgimento da figura do incorporador e o início de uma produção para a venda; e a partir de
1964, sob a influência do BNH:
- 1° período: como o capital cafeeiro se diversificou e foi investido na cidade, nos setores bancário,
industrial, comercial, e diretamente na construção civil;
- 2° período: o surgimento da incorporação imobiliária, e o processo de metropolização da cidade na década
de 1950;
- 3° período: a incorporação segue as diretrizes determinadas pelo BNH, numa época em que a produção
de edifícios residenciais passa cada vez mais ser uma questão quantitativa.
O flash deu oportunidade para o bolsista discutir sua pesquisa com outros integrantes do
Nomads.usp, alunos e professores do departamento – o seminário foi aberto ao público. Depois da
apresentação, houve um tempo reservado para discussões sobre a pesquisa.
Figura 11 - capa apresentação Flash – junho 2008
47
4.2.1.3 – reuniões com Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano
Neste primeiro ano de pesquisa foram realizadas periodicamente reuniões com o orientador do
bolsista, o Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Nelas, foram analisados os dados coletados. As
informações colhidas, depois de sistematizadas, eram discutidas com o orientador. Ele orientou também os
encaminhamentos da pesquisa, e ajudou na escolha dos temas para as monografias. As conversas foram
gravadas, e o seu conteúdo, organizado.
4.2.2 – Entrevistas (etapa alterada)
A etapa de trabalho número 3, prevista inicialmente no plano de pesquisa, foi alterada. O bolsista
percebeu a necessidade de fazer uma revisão bibliográfica mais ampla antes do agendamento das
entrevistas com pesquisadores. A estrutura das entrevistas ficaria incipiente sem o conhecimento adquirido
através da produção das monografias e seminários das disciplinas, mais os estudos feitos no âmbito do
grupo Espaços de Morar. Foi realizada até o momento uma única entrevista, com o professor da FAU-USP
Dr. Hugo Segawa (descrita a seguir). Agora, com um maior entendimento da problemática da produção dos
edifícios, será possível direcionar as entrevistas com maior precisão, estabelecendo questões mais
específicas e objetivas. Será dada preferência a pesquisadores que tenham estudos relacionados a
evolução da arquitetura paulistana nas décadas de interesse desta pesquisa. A entrevista será estruturada
basicamente nos seguintes temas:
- a forma de produção de edifícios residenciais ao longo do tempo: os agentes, seus
interesses, o processo e o produto resultante;
- as políticas públicas no campo da habitação: principalmente nos anos de ação do
BNH;
- e o processo de verticalização na cidade de São Paulo.
Algumas entrevistas já foram programadas e agendadas (ver e-mails no anexo 9.3) para o mês de
agosto, com a profa. Dra. Raquel Rolnik, com o prof. Dr. Nabil Bonduki e com a profa. Dra. Rossella
Rossetto.
48
4.2.2.1 - Entrevista Prof. Dr. Hugo Segawa
Foi entrevistado no dia 23 de abril de 2008 em São Paulo o arquiteto e professor da FAU-USP Dr.
Hugo Segawa. Na conversa foram levantadas questões sobre a pesquisa de mestrado, que ajudaram o
bolsista na compreensão dos diversos enfoques que poderiam ser dados para o estudo. Por exemplo,
determinando um recorte de renda para a análise dos apartamentos; analisando quais eram os produtores
em cada época e quais os seus interesses; comparando apartamentos destinados a renda e a venda;
investigando a influência do BNH nos projetos; etc. Além de dúvidas relacionadas a pesquisa e da indicação
de uma bibliografia complementar, o prof. Hugo Segawa ajudou em questões relativas a monografia feita
para a disciplina "A cidade no século XIX – representações e projetos" (item 4.1.1), que tinha como objetivo
entender como se deu a produção dos apartamentos na fase rentista, analisando o contexto em que o
capital cafeeiro se diversificou e foi investido na cidade. A entrevista foi registrada em áudio e documentada
através de anotações que foram posteriormente sistematizadas.
4.2.3 - Submissão de trabalhos
Está prevista a submissão de artigos em algumas revistas ainda este ano. O bolsista preferiu
cumprir primeiro as etapas de trabalho previstas para este primeiro ano de pesquisa, para depois submeter
mais trabalhos (além do que já foi enviado para o 8° Seminário Docomomo, descrito a seguir). A revisão
bibliográfica, as discussões no grupo de estudos Espaços de Morar e com o orientador do bolsista, as
participações em eventos, como o Seminário Flash! e o encontro com a professora Dra. Nadia Somekh,
deram subsídios para o aprofundamento do quadro teórico da pesquisa, e serão fundamentais na produção
destes textos.
Os artigos abordarão questões sobre a produção de apartamentos ao longo dos anos. A forma
como se deu tal produção, em que contexto político e social, e o resultado disso. Serão avaliadas as
possíveis implicações que as formas de financiamento têm sobre os projetos. Os arquitetos projetistas de
edifícios residenciais também serão estudados.
Já foram consultadas algumas revistas que tem datas abertas para submissão de trabalhos neste
segundo semestre, e que possivelmente terão artigos enviados: a revista ARQTEXTO, do Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRS; a revista portuguesa Cidades, Comunidades e
49
Territórios; e a revista eletrônica Vitruvius. Os artigos serão escritos em co-autoria com o orientador Prof.
Assoc. Dr. Marcelo Tramontano.
4.2.3.1 - 8° Seminário Docomomo Brasil
No mês de abril de 2009 foi submetido um artigo para o 8° Seminário Docomomo Brasil. O trabalho,
que teve o título "Apartamentos modernos: produção paulistana entre as décadas de 1930 e 1950", não foi
aceito. Não houve parecer sobre o artigo. A seguir o resumo enviado:
O objetivo desse artigo é identificar influências acadêmicas e arquitetônicas de alguns arquitetos
modernistas, que, no início de sua atuação profissional, projetaram edifícios de apartamentos na cidade de
São Paulo nas décadas de 1930, 1940 e 1950. Espera-se que a identificação das referências que
influenciaram a produção arquitetônica de cada um, suas experiências profissionais iniciais e sua formação
acadêmica auxilie a construção de uma matriz comparativa através da qual se poderá melhor entender sua
produção de edifícios residenciais verticalizados.
A verticalização da cidade de São Paulo naquele período foi marcada pela ação intensa dos
arquitetos e, em especial, dos arquitetos modernos. Debates organizavam-se em vários fóruns, como o IAB,
buscando planejar a introdução dessa modalidade habitacional na paisagem e nos hábitos da cidade. Do
pensamento moderno, os incorporadores imobiliários preferiram priorizar conceitos como o de “andar-tipo” e
“apartamento-tipo”, em detrimento de aspectos mais qualitativos do habitar, originando um processo de
padronização de soluções espaciais e construtivas que se consolidou definitivamente com a
profissionalização do mercado, nas décadas de 1960 e 1970.
A produção anônima, como os edifícios atuais costumam ser considerados, limita o papel do
arquiteto dentro da cadeia produtiva imobiliária, preferindo repetir soluções mercadológicas exitosas.
Resgatar a maneira como a produção dos arquitetos modernos se estruturou, em décadas passadas,
quando o programa edifício de apartamentos ainda era, em São Paulo, um problema de arquitetura e não
unicamente de mercado, pode permitir entender o processo pelo qual as qualidades arquitetônicas
deixaram de ser prioritárias.
Categorias analíticas simples balizaram a seleção de arquitetos para a pesquisa, dos quais apenas
algumas serão apresentados no artigo. Assim, dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de
edifícios de apartamentos, quis-se comparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com
50
outros que tiveram anteriormente atuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade
apartamentos era mais difundida e mais antiga. Compara-se, ainda, a produção de profissionais formados
em instituições de ensino nacionais e estrangeiras. Dessa forma, o artigo abordará a produção de Rino Levi,
Gregori Warchavchik, Álvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.
Utilizaram-se fontes secundárias sobre projetos e realizações, além de textos acadêmicos sobre os
arquitetos e sua atuação profissional. Visitas técnicas foram organizadas a vários edifícios, com objetivos,
roteiros, meios de registro e sistematização de informações previamente definidos. As peças gráficas
utilizadas pertencem à base de dados do grupo de pesquisa XXXX sobre apartamentos paulistanos, desde
1910 aos nossos dias.
O artigo evidencia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram, mas
nota também que, apesar de coincidências na formação, a obra de cada um apresenta particularidades. Os
arquitetos formados no Rio foram autores de obras modernas desde o início de suas carreiras, apesar da
formação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Estiveram em contato com personalidades
importantes, como Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveram experiências de viagens, numa época
em que a profissão de arquiteto e a sua atribuição legal ainda se prenunciava.
4.2.4 - Produção de textos:
Neste item pretende-se apresentar algumas considerações sobre a exploração teórica desenvolvida
pelo bolsista. Envolve a pesquisa feita através da revisão bibliográfica, das monografias e seminários
apresentados nas disciplinas cursadas, e discussões com outros pesquisadores dentro do grupo Espaços
de Morar. No primeiro texto buscou-se compreender a produção dos apartamentos, inserindo-os num
contexto histórico, político e econômico. No segundo texto, analisou-se referências acadêmicas e
profissionais de alguns arquitetos modernistas que projetaram edifícios de apartamentos na cidade de São
Paulo nas décadas de 1930, 40 e 50.
51
4.2.4.1 - Texto 1: "A produção de apartamentos – três momentos"
O café e a modernização de São Paulo
Até o início do século XIX, o Brasil ainda não mostrava traço de desenvolvimento industrial nenhum
e a influência da aristocracia rural marcava a paisagem das cidades com certo provincianismo. Francisco
Foot e Victor Leonard (1982) expõe a insegurança dessa elite:
“O horror a tudo que parecia heresia no Brasil [universidades, imprensa] era tão
forte que até os primeiros anos do século XIX a língua francesa era tida como suspeita,
não só pelo temor que a Revolução de 1789 infundira às classes dominantes, como
também por efeito da pedagogia colonial dos jesuítas”.
Porém, no decorrer da primeira metade do século XIX, alguns acontecimentos - como a chegada da
família real portuguesa e a abertura dos portos em 1808, e a independência política em 1822 - podem ser
considerados como as cartas magnas da burguesia brasileira (Silva, 1976). Com o fim do monopólio
comercial português, um Brasil ainda colonial foi inserido no grande comércio global de importação e
exportação – principalmente exportação do café e importação de bens industrializados. E com a construção
das estradas de ferro, as cidades interioranas se viram integradas com a capital, e o país, aberto agora a
influência européia. “Adormecida em seus três primeiros séculos de existência, a acanhada capital da
Província despertou de sua sonolência colonial ao barulho do trem” (Segawa, 2000).
Como marco zero para uma periodização da modernização da capital paulista, Tramontano (1998)
aponta “a transformação da província de São Paulo em um imenso cafezal sulcado por linhas de trem
convergindo para a capital e de lá para o mar”. Essas estradas de ferro diminuíram distâncias (Silva, 1976)
e aproximaram culturas, pessoas, máquinas, economias, arquiteturas. O desenvolvimento do próprio
capitalismo dependia da integração das nações, com a padronização dos modos de vida e dos hábitos de
consumo:
“A medida que a indústria, comércio, navegação e estradas de ferro se
desenvolvem, a burguesia crescia, multiplicando seu capital (...) Pela exploração do
mercado mundial a burguesia conferiu um caráter cosmopolita à produção e ao
consumo de todos os países.” ¹
Carlos Lemos (1976) confirma que o progresso começou a marcar nossa sociedade com a
construção das estradas de ferro, e indica a que ligava Jundiaí a Santos (passando por Campinas e São
52
Paulo), construída em 1867, como a precursora. Mostra também que sua utilização - que no princípio foi
para o escoamento e exportação de matéria-prima - serviu para a importação de bens e para a chegada dos
imigrantes europeus. Lemos, mas também Segawa², dizem que a mão-de-obra utilizada na construção
naquele período era basicamente formada por esses imigrantes. Esse desenvolvimento nas cidades foi
visível antes de tudo nas casas urbanas. (Lemos, 1976)
Os próprios fazendeiros acabaram se distanciando da gestão das lavouras, se tornando
empresários. A rapidez no deslocamento possibilitou que eles começassem a investir em outros setores da
economia, e também em outros lugares, inclusive nas cidades – sem abandonar o controle das safras de
café. A proximidade com a capital gerou um contato com o conforto material e a agitada vida metropolitana,
sem perder o contato com as fazendas (Lemos, 1976).
A construção das ferrovias possibilitou um aumento significativo das exportações, chegando em
1900 a 33,5 milhões de libras (Silva, 1976), cerca de 25% do PIB brasileiro na época – que era de 132,93
milhões de libras. Com a proclamação da república em 1889, os Estados ganharam autonomia, e como São
Paulo era o grande produtor de café, numa época em que este era o principal produto do país, os seus
governantes puderam aumentar significativamente a receita advinda dos impostos cobrados sobre os
produtos que eram exportados (Dean, s. d.). Em 1921, por exemplo, em São Paulo, as receitas municipais
eram de “17 mil contos de réis, saltando para 80 mil em 1930 (Silva, 2007)”.
Paralelo à expansão do café, houve a transição da mão-de-obra escrava para o trabalho livre e
assalariado. Isso foi importante para a formação de um mercado de trabalho – base do desenvolvimento
capitalista – e o posterior surgimento de um mercado consumidor. Sérgio Silva (1976) diz que a
manutenção do trabalho escravo constituía um obstáculo fundamental ao desenvolvimento do mercado de
trabalho. Grande potência global na época, a Inglaterra foi quem “exigiu que o governo brasileiro
interditasse esse tráfico [negreiro] (Silva, 1976)“. O regime escravista, portanto, dificultava o
desenvolvimento da técnica, que é um dos elementos impulsionadores da expansão industrial (Foot;
Leonardi, 1982). A inserção do país no mercado mundial, a padronização dos hábitos de consumo e dos
modos de vida eram condições para a comercialização dos bens industrializados:
“Sob pena de morte, a burguesia força todas as nações a adotarem o modo
burguês de produção, força-as a introduzir, em seu interior a pretensa civilização, isto é,
a se tornarem burguesas. Em uma palavra, ela modela um mundo à sua imagem”. 3
53
Apesar de existirem restrições ao trabalho escravo já na década de 1850, a abolição só foi
oficializada em 1888, com a libertação dos negros africanos. Esse marco histórico gerou uma imigração
massiva de europeus, que se constituiu na grande massa de trabalhadores no Brasil até o final da década
de 1920, quando as migrações internas se intensificam (Silva, 1976). Antes do processo de libertação dos
escravos – ainda no começo do século XIX – um terço da população brasileira era de escravos, ou seja, de
não consumidores. (Foot; Leonardi, 1982)
A inserção destes estrangeiros no município de São Paulo se mostra pelo aumento significativo da
população em fins de século XIX e começo de século XX: em 1890, uma cidade ainda provinciana tinha
64.934 habitantes. Em 10 anos a cidade quase quadruplica sua população, e em 1907 já estava com
340.000 habitantes. No fim da década de 1910 a população passava dos 528 mil, e na década de 1930 a
cidade já alcançava seu primeiro milhão 4.
Dos 528 mil habitantes que a cidade tinha em fins da década de 1910 - dois terços eram de
imigrantes (Dean, s. d.) – quase 10% trabalhavam em indústrias. E no restante do Estado, 40% dos
operários que trabalhavam em indústrias eram estrangeiros (Silva, 1976). Essa nova sociedade paulistana,
portanto, “amparou-se na mão-de-obra estrangeira” (Lemos, 1976). Ficher diz que além do acelerado
incremento populacional, houve também um crescimento considerável no setor da construção civil, com a
“abertura de novos bairros e loteamentos, colocando novos terrenos no mercado imobiliário (...) a
construção de edificações”, e afirma que o Brasil vivia um “boom inédito na história urbana do país” (Ficher,
1994).
A implantação da rede férrea, a abolição da escravidão, a imigração européia, o desenvolvimento
inicial da indústria paulista e a própria modernização das cidades só foram alcançadas pela expansão do
café, que tornou-se o “centro motor do desenvolvimento do capitalismo no Brasil.” (Silva, 1976). Isso,
sobretudo a partir de 1880, quando a produção média anual ultrapassa de 5 milhões de sacas (chegou a 7,2
entre 1891 e 1990).
O surgimento de uma burguesia urbana, com negócios em ramos comerciais, industriais e
bancários, por exemplo, tem origem na aristocracia rural. Os cafeicultores perceberam vantagens
econômicas em diversificar seu capital, investindo o excedente gerado pelas safras de café nas cidades.
Tornaram-se, portanto, empresários:
“O processo de transformação das plantações de café é também o processo de
formação da burguesia cafeeira. O desenvolvimento da economia cafeeira é o
54
desenvolvimento do capital cafeeiro. Mas a economia e o capital cafeeiro ultrapassam
largamente as plantações. A transformação das plantações faz parte de um processo
mais amplo e não pode ser corretamente explicado isoladamente.” (Silva, 1976)
Um exemplo de grande produtor de café que diversificou seus empreendimentos foi Antonio da
Silva Prado, que “era também o proprietário de um dos primeiros e um dos principais bancos de São Paulo
e do Brasil [numa época em que os bancos começavam a abrir crédito imobiliário]; um dos principais
dirigentes do Ofício de Imigrantes [decidia em última instância, portanto, o destino dessa nova mão-de-
obra]; o mais importante acionista da Paulista (companhia de estrada de ferro), onde exercia as funções de
presidente.” (Silva, 1976). Prado também exerceu alguns cargos públicos, como o de prefeito da cidade de
São Paulo de 1889 a 1910, época em que os fazendeiros “controlavam a máquina do governo e usavam-na
constante e eficazmente em favor de seus interesses (Dean, s. d.)”. Warren Dean comenta que outros
fazendeiros-industriais também exerceram cargos políticos paralelamente a suas atividades privadas.
Com o aumento das relações comerciais entre Brasil e Europa, o sistema comercial tornou-se mais
eficiente (Dean, s. d.), abrindo espaço para o surgimento de um novo tipo de estabelecimento comercial: as
casas de importação e exportação. No início serviam basicamente para exportar as matérias-primas do
Brasil para o exterior, mas com o passar do tempo, os empresários brasileiros perceberam vantagens em
importar produtos industrializados que não eram produzidos no país. Outro setor que se desenvolveu com a
expansão do café foi o bancário, que no princípio era utilizado como fundo para as transações a curto prazo
de café, mas que depois, com o desenvolvimento do setor, passou a financiar também indústrias e
empreendimentos no ramo imobiliário. Por outro lado, Dean (s. d.) fala de alguns agricultores que optaram
em investir diretamente em atividades imobiliárias. Fica claro, portanto, a diversificação do capital cafeeiro e
sua ligação com a modernização das cidades, especialmente nas do Estado de São Paulo, que se tornou
um dos mais progressistas do país (Pereira, 1976).
Sobre a atividade comercial de importação, seria importante certo aprofundamento, pela influência
que esta teve sobre outros setores que surgiam e se desenvolviam.
O empresário-importador levava vantagens sobre empresários de outros setores sobre as questões
pertinentes a gestão industrial, porque tinha acesso a informações fundamentais para o sucesso do
empreendimento: tinha acesso aos bancos, e portanto, ao crédito; acesso aos canais de distribuição para
as matérias-primas e para os produtos acabados; tinha conhecimento das oscilações dos direitos
aduaneiros, nos momentos em que o governo aumentava ou diminuía os impostos cobrados sobre as
55
importações. Sabiam, portanto, exatamente os produtos que justificavam sua fabricação no Brasil e os que
compensavam sua importação (Dean, s. d.). O próprio comércio interno em grande parte era controlado
pelos próprios importadores (Pereira, 1976).
Pela experiência, muitos dos importadores se transformaram em fabricantes, aproveitamento em
parte, a necessidade de adaptar-se ao declínio da capacidade do café para custear as mercadorias vindas
do estrangeiro. Apenas uns poucos dentre os “primeiros empresários industriais não iniciaram suas
carreiras como empresários-importadores (Dean, s. d.)”. Alguns imigrantes que enriqueceram aqui, como
Francisco Matarazzo, Rodolfo Crespi, Ernesto Diederichsen e os Klabin são exemplos de empresários que
começaram importando (Foot; Leonardi, 1982; Dean, s. d.), antes de investir em indústrias.
No Brasil, o plantio e comercialização do café se constituíram “numa espécie de matriz, que definia
as possibilidades do empresário (Dean, s. d.)”. E é como parte dessa “acumulação de capital [cafeeiro] que
nasce a indústria no Brasil” (Silva, 1976).
Com a industrialização, a cidade de São Paulo foi alterando sua influência arquitetônica e cultural,
modernizando-se: passou do colonial provinciano para a influência européia. A cidade passou por um
processo de metropolização, e recebeu uma influência externa cada vez maior, em grande parte, pela
inserção brasileira num mercado mundial capitalista. O depoimento abaixo de um jornal local ainda em fins
de século XIX – que contém certo exagero sobre a industrialização - deixa claro essa distinção entre o que
era considerado “caturra” e o que era “correto”:
“... progride de um modo espantoso, contrastando gloriosamente com todas as
outras cidades do Brasil, e extraordinariamente commercial, tem indústria invejável e
pujante, vai despindo garridamente o seu velho ar caturra e jesuítico, substituindo-o por
uma apparência correcta e risonha da capital moderna (...) tem cafés ruidosos e
alegres, tem bohemia, tem prosápia, tem luxo e tem chic...” ¨5
Quando da construção dos primeiros palacetes, a burguesia paulistana tratou de inovar “chamando
arquitetos de fora, construtores afeitos a outras técnicas construtivas, mestres hábeis na decoração de
estuques, decoradores ecléticos e versáteis que sabiam manejar estilos os mais variados” (Lemos, 1976).
Aqui, através da descrição de Lemos, o desprendimento da herança colonial portuguesa se evidencia: a
contratação de arquitetos estrangeiros radicados ou não em território nacional, ou de brasileiros que tinham
feito seus estudos no exterior; construtores, que como já visto, eram basicamente formados por imigrantes,
que traziam consigo novas técnicas construtivas; e sobre os estilos, sempre ecléticos.
56
A partir de 1870 - coincidindo com o início da construção das estradas de ferro e com a
intensificação do intercâmbio comercial e cultural que se forma entre Brasil e Europa - a cidade vai
conhecer uma enorme “ebulição na sua construção material” (Souza, 1994). Maria Adélia de Souza diz que
ela cresce em extensão, com a abertura de novos loteamentos, na implantação de equipamentos e de
serviços, como de água e de energia, e na própria arquitetura.
Algumas instituições de ensino técnico e superior nas áreas de tecnologia e construção foram
abertas no fim do século XIX, contribuindo para a formação e aperfeiçoamento profissional dos projetistas e
construtores que trabalhavam em São Paulo. Essas escolas, “construções expressivas e precursoras do
desenvolvimento da construção civil no Brasil, exerceram influência significativa na superação dos métodos
artesanais e de autoconstrução (Souza, 1994)”. Escolas como o Liceu de Arte e Ofício de São Paulo (1873),
a Escola Politécnica de São Paulo (1894) e a Escola de Engenharia Mackenzie (1896).
A criação destas escolas, mais os avanços tecnológicos do setor da construção que chegaram da
Europa a partir do início do século XX, sobrepõe-se ao momento histórico brasileiro (Souza, 1994) - com o
crescimento e modernização das cidades com o surgimento das indústrias, e o desenvolvimento desta, com
a diversificação do capital cafeeiro:
“São Paulo, na década de 1910, já se gabaritava como a grande metrópole brasileira do século XX.
Lugar onde a riqueza do café patrocinava um quadro de prosperidade material e capacitação industrial num
Brasil ainda dominantemente rural” (Segawa, 1997).
A própria indústria da construção civil foi paulatinamente se expandindo pela demanda surgida no
processo de crescimento das cidades, com o aparecimento de empresas construtoras de capitalistas
brasileiros ou imigrantes (Foot; Leonardi, 1982). Um dos próprios símbolos de modernidade da cidade a
partir da década de 1920 – até 1916 era praticamente uma cidade horizontal, com 92% das suas casas
térreas ou assobradadas (Somekh, 1997) - teve sua produção possibilitada pelo desenvolvimento da
técnica: o edifício vertical, que foi sendo associado ao “progresso e aos êxitos econômicos da metrópole“
(Silva, 2007).
Porém alguns autores, como Lemos (1976) e Segawa (1997), dizem que no princípio existia certa
resistência no uso dos apartamentos como opção de moradia, principalmente por parte das classes mais
altas. Essa modalidade habitacional era vista e associada aos cortiços e a precariedade material. Era um
desafio, “para uma sociedade que desconhecia esse modo de vida, tido como promíscuo” (Segawa, 1997).
Só com o tempo, é que a população foi incorporando e colocando o apartamento como sinônimo de
57
modernidade.
Já existiam alguns edifícios altos marcando a paisagem de São Paulo na década de 1910, como o
edifício Conde Pilates de 1912 (figura abaixo), mas o processo de verticalização só se acentuou nos anos
1920, como afirma Nádia Somekh (1997). Segundo a autora, do ponto de vista do investimento imobiliário, a
produção de prédios surgiu como “inovação à subdivisão do solo (loteamento), numa estratégia de
valorização do capital”, que multiplica uma determinada parcela do solo urbano, verticalizando-o. Souza
(1994) afirma que:
“O surto da construção civil, nessa época [década de 1920], especificamente o
surto de edifícios de mais de dez andares destinados a escritórios e apartamentos
no centro da cidade, vai refletir nitidamente (...) a valorização do solo” (Souza,
1994).
Numa época em que ainda não havia se formado a incorporação imobiliária, quem primeiro
empreendeu na construção de edifícios foi o próprio fazendeiro de café, aplicando seus lucros em
apartamentos para aluguel, “ávido por aqui reproduzir o padrão de vida europeu” (Somekh, 1997). Eles
adquiriam as terras, recrutavam a mão-de-obra e faziam contato para o financiamento. Caracterizados pela
fase que consideramos de produção rentista, encontram-se “datados dessa época, os edifícios com nomes
de família que os construíram e que perpetuaram o cenário da metrópole” (Souza, 1994).
Figura 12 - edifício Conde Pilates, São Paulo, 1912 – 1º andar e fachada. Exemplo de edifício de apartamentos realizado por uma
família abastada. Notar que o térreo tem uso terciário
58
No início, os prédios destinados à habitação tinham no térreo uso comercial, como no exemplo
abaixo do edifício S. Carneiro, de 1910: “formas e usos novos que vão ganhando territórios e definindo
novas formas de morar e produzir espaços” (Souza, 1994).
Figura 12 - edifício S. Carneiro, São Paulo, 1910 – 2º pavimento: residência, 1º pavimento: loja
Conclusões sobre o primeiro período
O capital cafeeiro, como foi visto, diversificou-se e transformou-se em capital bancário, comercial,
financeiro, industrial; dando bases (inclusive financeiras) para a modernização das cidades, inclusive para a
verticalização das construções. Visto também que muitos fazendeiros tinham influência política - como
Antonio Prado - e que se arriscavam gerindo outros negócios, inclusive nas cidades. Foram os próprios
empresários que vieram do café, que influenciaram o desenvolvimento das cidades. A mudança dos “meios
de produção não requer, necessariamente, mudança na composição da elite que controla e desfruta as
novas fontes de riquezas” (Dean, s. d.).
O surgimento da incorporação imobiliária
Antes de mostrar como o BNH conduziu a política habitacional brasileira durante as décadas de
1960 e 70, faremos uma introdução sobre o início da incorporação em São Paulo. Alguns empresários do
setor imobiliário financiados pelo Banco começaram suas ações já na década de 1940, reestruturando a
produção. É importante entender como estes empresários agiram, em que condições, e como um produto
59
foi sendo formatado. Foram a partir destas primeiras experiências que se estabeleceu um competitivo
mercado imobiliário.
A produção imobiliária sofreu mudanças significativas a partir da década de 1940. Um modelo
produtivo utilizado à décadas perde força em função de decisões políticas tomadas pelo governo. A
produção de casas e edifícios para o aluguel era uma das rendas mais seguras até a Segunda Guerra
Mundial, e era fonte certa de investimentos para empresários do ramo do café.
Com o desenvolvimento do café, o aumento das exportações e a diversificação do capital cafeeiro,
os investimentos começaram a ser feitos nas cidades. A construção das ferrovias permitia que o cafeicultor
passasse a morar na cidade. E nela começou a investir seus excedentes: no setor bancário, no ramo
comercial, nos serviços, na indústria, e principalmente na construção civil. Foram as famílias do setor
cafeeiro que construíram os edifícios de apartamentos por décadas.
No entanto, no ano de 1942 o governo promulgou a Lei do Inquilinato – que foi reeditada várias
vezes nos anos seguintes – que propunha o congelamento nos valores dos aluguéis, desestimulando a
construção para a renda. Esta legislação "foi um fator decisivo na alteração desse perfil, uma vez que
perseguia o locador, tornando a aplicação da renda em imóvel altamente desinteressante." (Souza, 1994). A
medida, portanto, dificultou a forma de produção da casa na época: no começo da década, quase 70% dos
domicílios existentes na cidade de São Paulo eram alugados (Rossetto, 2002). Daí pode-se imaginar o
clima de incertezas para os inquilinos, e também para os produtores.
Neste contexto, os edifícios residenciais começam a ser construídos com objetivo de venda. Nesta
nova operação imobiliária, o empresário obtinha lucro quando o imóvel era vendido. Na impossibilidade de
elevação dos preços dos aluguéis, mesmo os prédios construídos em períodos anteriores foram
transformados em condomínios e vendidos (Souza, 1994).
Estabeleceram-se relações capitalistas de compra e venda no produto imobiliário, e com isso
surgiram as primeiras empresas especializadas. Estas tinham como figura central para a viabilização do
empreendimento o incorporador, "maestro de toda a operação de prover imóveis para o mercado privado.
Ele planeja toda a ação, desde providenciar o terreno, o projeto, a fonte financiadora, a construtora e a
venda" (Maricato, 1983). Rossella Rossetto (2002) afirma que apesar de dominar o mercado a partir de
então, a atividade de incorporação só foi regulamentada na década de 1960, através da lei 4.591/64, que
disciplinou uma atividade que já ocorria a quase vinte anos. A autora mostra que a sua atuação chega numa
60
época em que os investimentos no setor imobiliário eram cada vez maiores, exigindo por isso a
profissionalização do mercado:
“a construção de edifícios de apartamentos torna-se um investimento de maior porte
que exigia capital e fluxo constante de recursos para que o investimento se
completasse. Era um sistema que acabava por afastar os pequenos investidores
imobiliários (...).Era necessário que a atividade imobiliária se tornasse empresarial e
que passasse a ser organizada pela ação de um agente.” (Rossetto, 2002)
Nota-se que o surgimento da atividade num momento em que os investimentos aumentavam fazia
aparecer também certa competitividade entre as empresas. Neste sentido, as implicações que o projeto
teria no custo final das unidades foram valorizadas. As soluções projetuais começam a dar indicações de
uma formatação: “a escolha do projeto do edifício seria fruto da proposta que apresentasse melhor
aproveitamento do solo e da possibilidade de conseguir a maior subdivisão em unidades vendáveis”
(Rossetto, 2002)
A quantidade também era outra, por causa do aumento considerável da população paulistana. As
supostas oportunidades de empregos dadas por um dinâmico mercado de trabalho incentivaram a vinda de
migrantes de outros Estados, aumentando muito a população paulistana. Esse afluxo fez com que o
município dobrasse sua população em pouco mais de 15 anos (Rossetto, 2002): de cerca de 1 milhão de
habitantes em 1934, atinge ”em 1940, 1.326.261 e no recenseamento de 1950, 2.198.096 habitantes
(...).Portanto, São Paulo ganhou nessa década uma vultuosa massa de pessoas que (...) sobretudo,
necessitavam de local para morar.”
Lemos (1976) afirma que a construção de edifícios para a venda em sistema de condomínios
começou por volta de 1948. Rossetto (2002) diz que possivelmente as primeiras experiências ocorreram na
cidade de Santos e em outras do interior paulista por iniciativa de Cipriano Marques Filho. Os empresários
começaram a testar novas formas de gerir seus negócios, e com isso, novas questões foram surgindo,
como a venda do imóvel pelo sistema de uma `quota-parte´ (Reis Filho, 1970).
O mercado se profissionalizava, e a cidade sofria nos anos 1950 um grande boom imobiliário.
Mendonça (1999) diz que o slogan `a cidade que mais cresce no mundo´, aparecia em diversos meios de
comunicação da época, como matérias jornalísticas e propagandas comerciais. Em campanhas publicitárias
de corretoras imobiliárias, como a Lion, também aparecia um sentimento ufanista do povo paulista, trazendo
histórias de luta e liberdade, como a Revolta de 32 e os Bandeirantes. Em 1954, São Paulo comemorou 400
61
anos de vida, tendo incentivado "iniciativas capazes de contribuir com a configuração de uma fisionomia
metropolitana" (Mendonça, 1999). Durante a década de 1940 os bondes da Light estampavam que `São
Paulo é a maior cidade industrial da América Latina´ (Rossetto, 2002). Souza (1994) diz que até a década
de 1960 a cidade tinha um falso atributo de Nova York dos trópicos.
Exemplo de um evento que tentou mostrar os avanços paulistas no cenário econômico, tecnológico
e cultural foi a Feira Internacional das Indústrias, exposição que inaugurou o Parque do Ibirapuera
(Mendonça, 1999). A própria construção do parque fez parte dos planos para o festejo do quarto centenário
da cidade. Muitos hotéis também foram construídos nessa época. E por fim, a verticalização também se
apresentava como símbolo de modernidade e ajudava a divulgar o progresso (Rossetto, 2002).
Os edifícios residenciais passaram a ser valorizados, e grandes arquitetos e artistas vieram
participar de projetos. Os empresários viram vantagens em associar o nome de suas empresas e seus
produtos a estes grandes nomes. Eles achavam que "bons projetos, bons arquitetos, (...) [conseguiam]
vende-los melhor" (Souza, 1994). Oscar Niemeyer, por exemplo, montou um escritório em São Paulo
durante alguns anos entre o fim da década de 1940 e o início da década de 1950 para trabalhar para a
incorporação imobiliária, projetando vários edifícios de apartamentos como o edifício Eiffel, o Montreal e o
Copan. O escritório só foi desestruturado com o início das atividades do arquiteto com o projeto de Brasília.
Otávio Frias, que nos anos 1950 foi um dos principais incorporadores da cidade, em entrevista a
Rossella Rossetto e Nabil Bonduki (Rossetto, 2002) diz que achava "que a assinatura do Oscar valia (...) [e
que] uma obra de Portinari ajudava a vender".
Até a década de 1960, antes da intervenção do BNH, não existiam linhas de crédito para o
financiamento da produção de habitações oferecidas pelo governo. Tudo era autofinanciado pelos
empresários do setor, pelos próprios compradores, ou por instituições privadas. Seguindo as descrições que
Rossetto (2002) fez, foi feito a análise de dois dos principais produtores – o BNI e a Construtora Zarzur &
Kogan. Enfocou-se dois aspectos: a forma de financiamento do BNI e condicionantes para o barateamento
da obra da Construtora Zarzur & Kogan. Estes foram alguns dos agentes que antecederam o BNH no
financiamento habitacional para a classe média.
Fundado em 1943, o Banco Nacional Imobiliário (BNI), manteve uma carteira especifica para o setor
da habitação até 1954, quando foi dissolvido com a intervenção do Bradesco. A carteira era a Companhia
Nacional Imobiliária (CNI). Otávio Frias era o diretor da carteira predial e Orozimbo Roxo Loureiro o
presidente do banco. Depois de alguns anos suas ações foram limitadas por uma ação do Ministério da
62
Fazenda do governo Café Filho, que defendia uma estabilização econômica e um controle inflacionário.
Para isso “restringiu seriamente as reservas monetárias, aumentando o saldo de caixa mínimo exigido pelos
bancos comerciais“ (Rossetto, 2002). O BNI não conseguiu aumentar seu saldo porque tinha grande parte
do capital imobilizado em muitos apartamentos em construção. O governo decreta então a intervenção do
banco a coloca-o sob responsabilidade do Banco do Brasil. Posteriormente foi leiloado, e sob nova direção
não investiu mais no imobiliário.
O BNI vendia os seus apartamentos ainda na fase de projeto. Era o chamado `condomínio a preço
de custo´. Os compradores pagavam o custo da construção mais os gastos com a administração feita pelo
banco. A valorização com a obra edificada supostamente não era repassada aos consumidores, nem
mesmo correções monetárias. “Aparece como uma formula de viabilizar o empreendimento através da
reunião de várias pequenas frações de capital” (Rossetto, 2002). Isso possibilitava ao incorporador não
investir grandes somas de capital, forma que acabou sendo copiada por outros empresários da cidade e
também de outros locais.
Maneira de financiamento diferente, por exemplo, da adotada pelo Banco Lar Brasileiro, que investia
recursos próprios em empreendimentos imobiliários, com financiamento para a venda coberto por garantia
hipotecária.
Outro grande produtor foi a Construtora Zarzur & Kogan, formada em 1947 pelo engenheiro civil e
eletricista Waldomiro Zarzur e pelo arquiteto Aron Kogan, formados na Universidade Mackenzie. A
sociedade existiu até 1961, ano da morte de Kogan. Rossetto (2002) afirma que a empresa tinha sempre o
objetivo de baratear o custo das obras, tendo implantado soluções padronizadas para conseguir uma
produção em escala próxima à industrial. Também utilizavam elementos pré-fabricados, como painéis de
vedação. A autora ainda afirma que de uma forma geral, alguns aspectos como a padronização dos
componentes construtivos e a racionalização na distribuição dos espaços foram estratégias utilizadas por
estes agentes promotores do espaço como forma de baratear a construção, numa época em que a
competitividade na indústria da construção aumentava:
“a produção da habitação na escala e nas características exigidas pela incorporação imobiliária não seria
possível se não fossem empregados métodos como padronização de componentes arquitetônicos, produção
em série, racionalização da distribuição dos espaços, entre outros princípios que permitiam que a moradia
fosse produzida de forma mais econômica (...).Constituíram métodos e elementos construtivos largamente
presentes na maioria dos casos estudados e tornaram-se fundamentais para a construção de um padrão de
competitividade da indústria da construção.” (Rossetto, 2002)
63
BNH e suas ações
O BNH, segundo alguns autores consultados, foi o grande financiador de habitação de sua época.
No contexto político em que um regime autoritário centralizou todas as suas decisões na esfera federal, foi
criado um Plano Nacional de Habitação (PNH), cujo principal instrumento era o Banco Nacional de
Habitação. Nesta etapa analisou-se o Banco e sua atuação: a estrutura que viabilizou os financiamentos; as
instituições que intermediavam o capital e os promotores; e as intenções do governo, que condicionaram a
atuação da incorporação imobiliária através de normas. Entender, por fim, um produto que tem
reconhecidamente baixa qualidade arquitetônica, através do processo de financiamento em que ele foi
produzido.
No período de ação do BNH, entre as décadas de 1960 e 1980, a opção pela aquisição da casa
própria foi totalmente priorizada. Borges e Vasconcellos (1973) ainda descrevem motivos que levaram
alguns optarem pelo aluguel, como a transitoriedade da estadia devido à instabilidade no emprego; a falta
de poupança pra comprar; ou mesmo o preço do aluguel em condições mais vantajosas. Mas o fato é que
desde as décadas de 1930 e 1940, ainda no governo de Getúlio Vargas, a compra da casa própria foi
associada a uma estabilidade financeira e social. Lago e Ribeiro (1996) dizem que em 1940 só existiam
30% de domicílios próprios nas grandes cidades brasileiras, número que passa para 57% em 1980.
Já nos anos da ditadura militar, o governo obrigava os proprietários de imóveis alugados a aplicar
4% do dinheiro ganho com os aluguéis em letras imobiliárias emitidas pelo BNH, onde renderiam juros.
(ABECIP; CBPE, 1977). Investimento que iria posteriormente ser repassado pelo Banco para a compra da
casa própria. No princípio, antes da estruturação do financiamento a partir de recursos gerados pelo FGTS,
essa era uma das formas que o governo militar arrecadava fundos para investimento em habitação – para a
produção e compra de residências.
Além da popularização da opção de compra da casa, o governo ajudou a consolidar a forma de
atuação do mercado imobiliário, que vinha se profissionalizando desde a década de 1940. Segundo Lago e
Ribeiro (1996) é justamente nesta época que se consolida a instável figura do incorporador, que até então
tinha uma atuação limitada pela inexistência de um mecanismo capaz de centralizar poupanças para
financiar empreendimentos. No decorrer da atuação do BNH o "espaço construído das grandes cidades
brasileiras se transforma sob o impacto da construção de uma grande quantidade de edifícios de
apartamentos. Algumas empresas imobiliárias já existentes conhecem um extraordinário crescimento e
inúmeras outras são criadas." (Lago; Ribeiro, 1996)
64
A própria escala de produção e investimento era outra, em função do surto populacional que as
grandes cidades tiveram nessa época. Em 1940, por exemplo, quase 70% da população brasileira vivia no
campo (Azevedo, 1996). Em apenas quatro décadas essa proporção se inverteu, com cidades abrigando
cerca de 70% da população. Hobsbawn (1997) diz que essa foi a mudança social mais impressionante da
segunda metade do século XX. E que, com exceção da Grã-Bretanha, mesmo em países industrializados, a
maioria da população ainda vivia no campo antes disso. Citando exemplos da América Latina, o autor
coloca que até o fim da Segunda Guerra Mundial, a maioria absoluta dos latinos americanos viviam no
campo. Mas que em 1970 já não existia "fora dos mini-Estados da tripa de terra centro-americana e do Haiti
um único país em que os camponeses não fossem minoria."
A população total brasileira também mais que quadruplicou em três décadas, passando de 12,9
milhões em 1950 para 52,3 milhões em 1970 (Borges, 1973). Na década de 1950, este incremento
populacional chegou a 70%; na década de 1960 o índice ainda se manteve alto, acima dos 60%.
Os mecanismos de produção são cada vez mais rigorosos por causa deste imenso volume de
edificações produzidas. Um exemplo disso é o condicionamento do financiamento concedido ao
cumprimento de um prazo de execução. ”Até o aparecimento do BNH os edifícios eram lentamente
construídos, sem financiamento tanto para construção quanto para a compra” (Coccaro, 2000). Os
empresários começavam a relacionar possibilidades construtivas e projetuais à condicionantes de
financiamento.
Outro fator priorizado pelo Banco, e explícito no discurso dos governantes é a geração de empregos
pela construção civil. No começo da década de 1960, um dos motivos alegados pelos militares para a
insegurança política e econômica era a falta de empregos. Outro grave problema era o déficit habitacional
existente, estimado em crescimento de 3% ao ano (ABECIP; CBPE, 1977). O governo então decide criar o
BNH, para produzir habitações e gerar emprego para a grande massa de desempregados (Trindade, 1971).
Pelo discurso da época, não valorizavam mais o projeto com a justificativa da necessidade de assistência
aos desabrigados e desempregados. Percebemos este direcionamento da política habitacional no discurso
de Mário Trindade, presidente do BNH:
“A grande virtude do sistema foi a de nos fazer entender, de saída, que, no quadro do
desenvolvimento urbano brasileiro, o problema mais importante naquele momento não
era a casa, era a abertura de oportunidades de emprego para absorvermos as massas
de trabalhadores semi-especializados ou não especializados...” (Trindade, 1971)
65
O presidente do Banco comenta também que as migrações populacionais internas iniciadas na
década de 1930, são acentuadas na década de 1940 pelas secas nordestinas. Destes recém chegados,
afirma Coccaro (2000) que na maioria dos casos, o primeiro trabalho conseguido é na construção civil. O
autor diz ainda que a maioria dos operários ocupados na construção é formada por nordestinos, e que são
eles "os que tem menor nível de instrução." Bonduki e Rolnik (1979) comparam a produtividade de
residências realizada pelo setor formal, financiado e orientado pelas diretrizes do Banco, com a
autoconstrução feita na periferia da cidade, dizendo que esta não é "significativamente menor do que aquela
apresentada pela indústria da construção residencial."
Trindade, no mesmo pronunciamento, mostra que para a indústria da construção conseguir
absorver um grande número de trabalhadores era preciso que se limitassem à utilização de técnicas
intensivas de mão-de-obra. Sobre os resultados da produção, o que mostrava era somente sobre esta
política de geração de emprego: quase metade dos empregos gerados de 1967 a 1971 estavam na
construção civil, somando 600 mil vagas por ano; ou que a cada 1 milhão de cruzeiros novos aplicados pelo
banco consegue-se cerca de mil novos empregos.
Mauricio Schulman, outro presidente do Banco, numa palestra em Washington, reitera esta opção:
“ao BNH foi entregue a tarefa de acelerar a oferta de novas moradias e apoiar a indústria de construção civil
pelo importante papel que o setor desempenha em sua atividade geradora de renda e absorvedora de
significativo contingente de mão-de-obra” (ABECIP; CBPE, 1977). O também presidente Rubens Vaz da
Costa, num discurso em 1967, diz que desde 1964, com a criação do Plano Nacional da Habitação, o que é
importante é a criação de empregos (Maricato, 1983).
Com todo o esforço do governo em priorizar a geração de empregos neste setor, a partir dos anos
1960 aumenta a participação da construção civil na população economicamente ativa, como mostram os
dados do IBGE (Fabrício, 1996): em 1960 – 3,4%; em 1970 – 5,8%; em 1980 – 7,3%.
Bolaffi (1980) afirma que essa política de manutenção dos métodos construtivos durou muitos anos,
com o BNH recusando abertamente qualquer proposta para a industrialização da construção, por causa da
”superstição econômica de que isso reduzia os efeitos multiplicadores dos investimentos, na geração de
empregos.” Por outro lado, Coccaro (2000) diz que já na etapa de planejamento, quando se define o que
fazer, ”já levam em conta tal estado de coisas, que o material não muda, que o operário só sabe fazer da
mesma forma”. Ele cita o uso do tijolo, por exemplo, que para a sua substituição exigiria a intensificação de
processos construtivos industrializados - o que ainda hoje não ocorre. A partir de uma descrição de Sérgio
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Ferro sobre o trabalho num canteiro de obras, tem-se noção da baixa produtividade e da desqualificação
dos operários:
"A areia, a pedra são descarregadas. Um servente as amontoa nos locais previstos do
canteiro; outro leva parte para o ajudante de pedreiro que ajunta água e cal ou cimento,
trazidos do depósito por um ajudante diferente; um quarto despeja a argamassa em
baldes ou carrinhos e a conduz ao pedreiro que coloca tijolos, faz um revestimento ou
enche uma fôrma, seguido por seu ajudante que segura o vibrador ou recolhe o
excesso caído. Em cima, o carpinteiro prepara outras fôrmas com a madeira empilhada
perto dele depois de encaminhamento semelhante ao da argamassa e percorrido por
ajudantes e serventes próprios; o armador dobra as barras de ferro assistido do mesmo
modo e, por todos os lados, pintores, marceneiros, eletricistas, encanadores, etc.
sempre rodeados por ajudantes e serventes, constituem equipes numerosas,
separadas, especializadas, verticalizadas." (Ferro, 1979)
Alguns autores (Maricato, 1983; Fabrício, 1996) mostram outro fator que reforça o desinteresse do
setor em mudar os seus métodos construtivos: o alto lucro com a renda da terra. A questão que surge, a
partir da constatação de que grande parte do lucro vem da valorização fundiária, é se valeria a pena aos
empreendedores investirem em etapas que não obteriam retorno financeiro, como no projeto ou nos meios
de construção.
Segundo estas declarações dadas por presidentes e técnicos do BNH, fica clara a priorização de
ações em assuntos que ficam a margem da qualidade arquitetônica dos edifícios. Nota-se que em nenhum
momento existiu preocupação com o projeto proposto, ou mesmo com os projetistas. Nem mesmo sobre os
tipos de famílias a quem se destinam estas habitações ou sua adequação ao espaço doméstico: "não
fossem realizados tais investimentos, suficientes para manter o mais alto nível de emprego da mão-de-obra
[na construção civil], quais seriam as alternativas? Provavelmente, a marginalização e o subemprego."
(Borges, 1973)
Questões qualitativas e peculiaridades projetuais são gradativamente abandonadas, com a
justificativa da necessidade de construção de grande quantidade de habitação, pra atender supostamente
populações menos favorecidas: "Logo apareceram [nos projetos das COHABs] também as primeiras
críticas, relativas à massificação arquitetônica. Contudo, foi possível a eliminação de várias favelas e mais
de 300.000 habitações de baixo custo foram construídas através desse programa." (Borges, 1973)
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"Em que pese uma série de distorções na atuação do SFH, orientando seus
investimentos para o atendimento das classes médias (...) e inúmeros questionamentos
quanto a qualidade das unidades produzidas no âmbito do sistema; o BNH tem uma
importante atuação na produção de habitações e no crescimento do setor de
construção nacional." (Fabrício, 1996)
São justamente estes motivos que dão importância ao BNH para este estudo: o redirecionamento
dos investimentos do Banco para camadas de mais alta renda, com especial atendimento a boa parte da
classe média; a falta de qualidade arquitetônica do produto; e a importância da atuação desta instituição na
construção de habitações e para o desenvolvimento do setor da construção. Souza (1994) confirma que a
política habitacional brasileira nos anos 1970 é destinada a produção de apartamentos para a classe média
e que já a partir dos anos 1960 o Estado assume "definidamente a tutela da construção civil no Brasil em
quase todos os subsetores." A influência e abrangência do BNH era tanta que com a sua desestruturação
na década de 1980 - somada aos altos índices de inflação - houve uma considerável queda das
construções nas grandes cidades brasileiras (Lago; Ribeiro, 1996). Cardoso afirma que embora "em crise
estrutural e definitiva, o BNH continua, até meados de 1983, a financiar amplamente o mercado,
solvabilizando, ao menos parcialmente, a demanda por imóveis novos." (Cardoso, 1996)
O BNH foi criado em 1964 – lei n. 4.380 - e se tornou o mais importante instrumento do processo de
verticalização no Brasil (Souza, 1994). Bonduki (1997) mostra que o Banco foi a mais importante
intervenção governamental sobre as cidades em toda a história do país, tendo financiado cerca 4,5 milhões
de moradias. Uma das primeiras propostas de lei enviadas ao Congresso pelo presidente Castelo Branco foi
a criação de um Plano Nacional de Habitação, fazendo algumas opções básicas, como a que o Estado não
construiria, mas seria "órgão regulador [que] estimularia as atividades da iniciativa privada" (Trindade,
1971). Além disso, era um banco de segunda linha, ou seja, operava através de agentes financeiros e não
diretamente com o público (Costa, 1972).
Pouco tempo depois, em 1966 - com a lei n. 5107 - o BNH se estrutura em bases financeiras mais
sólidas, com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Foi na época a principal fonte
de arrecadação do Banco (Costa, 1972), com a captação de dinheiro em fundo - um salário por ano - que
reunia recursos depositados por empregadores em nome dos funcionários. Antes do Fundo de Garantia, o
governo captava recursos das seguintes fontes (Borges, 1973): dos depósitos nas Caixas Econômicas
Federais; da contribuição das empresas inscritas nos IAPs; uma contribuição de 5 a 10% sobre o valor das
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construções, dependendo do custo da obra; mais um capital inicial de 1 milhão de cruzeiros, da União.
Alguns terrenos da União também foram vendidos e os recursos repassados para o BNH.
Além de poupança compulsória através do FGTS, o governo previa a captação de recursos com
poupança voluntária, dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. O BNH também controlava o
SBPE, propondo normas, estimulando e controlando as entidades que compõem o sistema (Borges, 1973).
Com a imposição de normas para a obtenção de recursos do sistema, ele determinava a atividade produtiva
exercida pela promoção imobiliária (Fabrício, 1996). Com a popularização das cadernetas de poupança, ele
se transforma no maior instrumento de captação de recursos do BNH, superando o FGTS – atingindo um
montante equivalente ao das exportações anuais brasileiras de produtos primários e manufaturados
(ABECIP; CBPE, 1977).
O SBPE era estruturado basicamente em três grandes instituições: as Caixas Econômicas (Federal
e Estaduais), as Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI) e as Associações de Poupança e Empréstimo
(Borges, 1973). Além destes recursos, o BNH também dava apoio financeiro a estas entidades para sua
expansão e para garantir a sua liquidez. Com isso aumentava a oferta de crédito para a classe média e para
a construção civil.
A lei constitutiva do BNH previa que as Caixas Econômicas manteriam uma Carteira de Habitação,
com recursos vindos de cadernetas de poupança, para financiamento da construção e aquisição da casa
própria (ABECIP; CBPE, 1977). Já as SCI - lei n. 4380 - não existiam antes do PNH. E como eram
priorizadas operações para empréstimo ao setor imobiliário, acabou atraindo pessoas do próprio setor:
construtores, empreiteiros e incorporadores foram os primeiros empresários, formando as primeiras
sociedades (Borges, 1973). As fontes dos recursos vinham dos depósitos feitos em cadernetas de
poupança e também do próprio BNH. As APE também iniciaram suas atividades na década de 1960 -
decreto-lei 70/66 - e tem como principal característica a divisão dos dividendos entre os seus associados,
diferenciando-as por isso de um banco comercial, que divide os seus lucros entre os seus acionistas. Elas
davam primordialmente financiamentos imobiliários, concedidos diretamente aos associados, para a
construção e a aquisição da casa própria, mas também para incorporadoras e construtoras para a produção
de edifícios residenciais (ABECIP; CBPE, 1977).
A quantidade de habitações financiadas pelo SBPE foi considerável. Durante a década de 1970,
houve anos em que ele foi a principal fonte de empréstimo (Fabrício, 1996). Em alguns anos, como 1972,
1973 e 1974 o dinheiro que saia deste sistema era mais que a metade do total investido pelo governo.
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Uma diferença entre o modo de captação de dinheiro realizado pelo BNH e o seu principal
antecessor, a Fundação da Casa Popular, era que o regime militar de 64 direcionou a obtenção do capital
através de poupanças: compulsória, com o FGTS; e voluntária, através do SBPE. Sem contar com recursos
próprios, "a FCP terminou por depender exclusivamente de dotações orçamentárias e da maior ou menor
boa vontade do governo federal" (Azevedo, 1996).
Para as operações financeiras realizadas pelo BNH, tanto através do FGTS quanto pelo SBPE, o
banco exigia que uma parte do investimento fosse feito pela própria empresa (Coccaro, 2000). No Plano
Empresário, por exemplo - que foi a opção mais utilizada para a produção de 1977 a 1982 - o empréstimo
só era dado depois que a empresa incorporadora comprasse e passasse o terreno no seu nome, e fizesse
todos os serviços de fundação (Salgado, 1987). Com as etapas de limpeza, terraplanagem, cálculo e
execução das fundações realizadas, conclui-se que antes do primeiro contato do empresário com o órgão
financiador, o projeto arquitetônico já estivesse pronto, detalhado e formatado.
Ainda sobre o PE, o prazo para o reembolso do promotor ao agente financeiro era de 30 meses. Na
época era usual que o empresário quitasse sua dívida repassando as cédulas hipotecárias ao comprador
dos apartamentos (Salgado, 1987). Para este, o prazo médio mais praticado para o pagamento era de 15
anos, apesar de o prazo máximo ser de 25 anos.
Todo esse esquema de acesso ao capital para investimento em construção foi capaz de influenciar
a economia durante décadas. Durante a década de 1970, por exemplo, segundo um relatório do Banco
Mundial, a taxa média de crescimento da construção civil no Brasil foi de 9,9% (Souza, 1994). Somente
contados os anos de 1968 a 1973, período do chamado milagre econômico, o crescimento foi de 10,9%
(Maricato, 1983). No período do milagre o crescimento vertical foi igualmente significativo, coincidindo com o
início do aporte financeiro vindo do FGTS. Coincide também com a expansão de crédito realizada pelo
SBPE e a crise no mercado de ações, tornando investimentos no setor imobiliário mais atrativos.
Apenas no ano de 1973, o SBPE conseguiu arrecadar em cadernetas de poupança cerca de U$ 1
bilhão, tendo emprestado para o setor da construção uma quantia equivalente (Borges, 1973). Até o ano de
1975, o BNH tinha investido – em todos os seus programas – mais de U$ 10 bilhões (Bolaffi, 1980). Os
valores apresentados acima devem ser ponderados, devido a participação do subsetor de habitação na
construção civil, que era de aproximadamente 40% (Borges, 1973). A ABECIP – Associação Brasileira das
Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança e a CBPE – Centro de Produtividade e Expansão do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (1977) estimam a participação de cada instituição na captação de
70
recursos no ano de 1976: 40% do FGTS – US$ 6,5 bilhões; 55% das cadernetas de poupança - US$ 8,8
bilhões; e 5% das letras imobiliárias – US$ 0,7 bilhão. Portanto, "produzir cidades é um grande negócio.
Produzir edifícios é um excelente negócio para poucos." (Souza, 1994)
Esse dinheiro acabou sustentando a produção de edifícios residenciais destinados a classe média
e alta, desvirtuando a proposta inicial de investimento para as camadas mais pobres da população. Quem
acabou se apropriando de todo esse capital foram os promotores imobiliários. A idéia inicial era que cada
investimento feito trouxesse um retorno do capital aplicado de modo a aumentar a capacidade da produção
na área residencial (Azevedo, 1996).
No começo de sua atuação, o BNH produziu – através do PLANHAP (Plano de Habitação Popular)
– mais de 300.000 moradias para famílias pobres. Mas o programa perdeu o seu dinamismo com o tempo.
E uma das causas foi o elevado número de atraso nos pagamentos das prestações (Borges, 1973). A perda
real no valor do salário mínimo, que na década de 1960 foi de 30%, seria uma das causas para a
dificuldade dos mutuários em honrar suas dívidas (Azevedo, 1996). O governo passou então a priorizar
faixas de renda em que a inadimplência era menor. Com isso a produção de habitação social foi perdendo
espaço. No total, foram financiadas cerca de 4,5 milhões de unidades, mas apenas 1,5 milhão (33,3%) foi
destinado para setores populares (Ribeiro; Azevedo, 1996). Portanto, foram construídas mais de 130 mil
unidades habitacionais por ano em média durante mais de duas décadas, todas elas para as classes média
e alta:
"Esse financiamento se fez com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (...) repassados mediante financiamentos a longo prazo à classe média, (...)
[tornando-a] o grande aliado do Estado e da incorporação, viabilizando decisivamente
esse processo pelo menos por cerca de vinte e cinco anos." (Souza, 1994)
A falta de meios e subsídios para financiar a habitação pode ter levado uma parcela da população a
autoconstrução na periferia, e ao surgimento de mais favelas e cortiços. Estima-se, segundo Azevedo
(1996) que apenas 12% das moradias foram providas dentro do sistema formal de produção, ou seja, com a
participação dos agentes da incorporação, construção, comercialização e financiamento. Já dados colhidos
em Fabrício (1996) indicam que essa participação do mercado formal seriam um pouco maior: 25,8%.
Se levarmos em conta que o custo de uma habitação popular é bem menor do que as feitas para os
demais níveis de renda, a distorção do investimento é ainda maior (Azevedo, 1996). Segundo empresários
do setor imobiliário, mais de 90% dos edifícios de apartamentos produzidos na época tinham financiamento
71
feito através do SFH (Jornal da Tarde, 7/5/82 e O Estado de São Paulo, 19/2/82. In: Maricato, 1983)
justificando o sucesso deste sistema de financiamento entre 1968 – quando se estruturou em bases mais
exeqüíveis com o FGTS – até o fim da década de 1970, com a crise econômica. O Banco ignorou "os
setores de menores rendimentos da população e (...) [tratou] a habitação como uma mercadoria a ser
produzida e comercializada em moldes estritamente capitalistas" (Maricato, 1983). No ano de 1975, por
exemplo, apenas 17,4% das unidades financiadas destinaram-se a habitações para baixa renda (Fabrício,
1996). Entre 1970 e 1974, 63% das unidades financiadas foram para o mercado médio, 25% ao econômico
e somente 12% ao popular - até 5 salários mínimos (Coccaro, 2000).
O atendimento do governo dando preferência a classe média estava institucionalizado. As leis que
estabeleceram as diretrizes originais dos órgãos que compunham o SBPE (CE, SCI, APE) "excluíam, na
origem, qualquer responsabilidade dessas entidades, que vieram a constituir o SBPE, de solução do
problema habitacional das classes de baixa renda." (Borges, 1973). Não existia, portanto, nenhuma
orientação do BNH para que seus órgãos intermediários no financiamento direcionassem parte de sua
arrecadação para as classes pobres. Mesmo o que foi financiado para os pobres, era feito pelo lucro vindo
nestas operações com a classe média. Com as taxas mais elevadas de pessoas que podiam comprar uma
moradia de maior valor, obtinha-se o subsídio para o atendimento das populações de renda baixa, através
das COHABs e Cooperativas (Costa, 1972)
Conclusões sobre o segundo e terceiro período
Importante notar como se formou as primeiras empresas incorporadoras, em que contexto e como
as maneiras de produção mudaram. As primeiras formas de financiamento experimentadas pelas empresas,
para a produção e também para e venda de seus produtos, numa época em que não existia apoio financeiro
do governo. Depois de duas décadas de empreendimentos auto-financiados aparece o BNH, que nos anos
1960 e 1970 influenciou a consolidação do mercado imobiliário mais agressivo do país.
O mercado imobiliário paulistano se profissionalizou a partir de meados dos anos 1940, coincidindo
com alguns acontecimentos políticos e econômicos, como a lei do inquilinato; os empresários produzindo
habitações para a venda e não mais para a locação; o surgimento da figura do incorporador. Mas era
apenas o início, eles ainda testavam os mecanismos de produção, como o condomínio a preço de custo. As
empresas imobiliárias começavam a se constituir e se organizar.
72
Ao longo dos próximos 20 anos a atuação do incorporador se consolidou. E é justamente depois
desta fase que começa a influência do BNH na produção de habitação. Alguns motivos levaram o mercado
a formatar o seu modo de produção, padronizando o seu produto:
- a população brasileira e especificamente urbana aumentou significativamente devido as grandes
migrações internas ocorridas a partir da década de trinta, elevando também a demanda por habitações. Por
outro lado o governo incentivou a opção pela compra da casa própria, elevando o número de habitações
necessárias para o atendimento a essa população;
- pela primeira vez se estruturou uma política habitacional nacional capaz de realizar grandes investimentos,
determinando regras para a sua produção e condicionando os métodos construtivos, os prazos de entregas,
etc. Como estas condições impostas pelo governo eram bastante rigorosas, aumentou muito a disputa pelo
mercado entre as empresas. O setor imobiliário se estrutura cada vez mais em grandes empresas, e
formata o seu produto;
Experiências e possibilidades com novas propostas para a habitação se tornam menores. O estudo
do BNH evidenciou algumas situações que condicionaram a atuação da promoção imobiliária. O Banco
ajudou a distanciar os profissionais arquitetos da produção. Acabaram se afastando pela falta de espaço
para diálogo com os outros agentes produtores do espaço. A realização de um edifício de apartamentos não
era mais uma questão de arquitetura. "Não é adequado, é promíscuo, negativo", diz Serapião (2008), que
mostra dois motivos para a secundária atuação do arquiteto:
"Em primeiro lugar, pelo lado dos arquitetos, começou a sedimentar-se uma nova
postura – calcada na suposta `função social´ da profissão, que entrava em choque
direto com a `especulação imobiliária´ (...) o segundo motivo, ligado aos meandros do
mercado imobiliário em São Paulo, que se tornou mais agressivo e profissionalizado,
especialmente estimulado pelo crescimento vertical que se alimentou do dinheiro
público do BNH e do SFH (...) [levando os] os construtores e incorporadores a diminuir,
consideravelmente, a importância da opinião dos projetistas nas decisões
arquitetônicas."
Notas
1 - Marx, K. Manifeste du Parti Communiste. In: Oeuvres Choisies. Moscou: Éditions du Progrés, 1970, p. 122 apud Foot; Leonardi,
1982;
2 – em depoimento ao autor, abril 2008;
73
3 - Marx, K.; Engels, F. Manifeste du Parti Communiste. In: Oeuvres Choises. Moscou: Éditions du Progrés, 1970, p. 115-116 apud
Foot; Leonardi, 1982, p. 131
4 - Leite, A. Subsídios para a história da civilização paulista. São Paulo: Saraiva, 1954; ** Sinopse Preliminar do Censo
Demográfico. IX Recenseamento Geral do Brasil – 1980. Volume I, tomo 1, número 8. Rio de Janeiro: IBGE, 1981, apud Souza, 1994,
p. 63;
5 - Jornal A Província de São Paulo, 5 de outubro de 1889, apud Souza, 1994, p. 53.
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4.2.4.2 - Texto 2: "Algumas referências modernistas em São Paulo"
Introdução
O objetivo do trabalho foi resgatar algumas referências acadêmicas e o início de atuação
profissional de alguns arquitetos modernistas que atuaram em São Paulo projetando edifícios de
apartamentos nas décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950.
Dentre os arquitetos modernos com produção expressiva de edifícios de apartamentos, quis-se
comparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormente
atuação marcante na cidade do Rio de Janeiro, onde a modalidade apartamentos era mais difundida e mais
antiga. Comparou-se, ainda, a produção de profissionais formados em instituições de ensino nacionais e
estrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção de Rino Levi, Gregori Warchavchik, Álvaro Vital
Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer:
● Rino Levi: edifício Eugênio Gazeau (1929), edifício Columbus (1930), edifício Nicolau Schiesser (1933),
edifício Higienópolis (1935), edifício Guarani (1936), edifício na Rua Abranches (1939), edifício na Rua
Conselheiro Furtado (1939), edifício na Rua Vieira de Carvalho (1939), edifício Porchat (1940), edifício na
Avenida São João (1942), edifício Prudência (1944), edifício Betty (1946), edifício na Rua Conselheiro
Nebias (1946), edifício na Rua Bahia esquina com Rua Sergipe (1951), edifício Andorinhas (1952), edifício
Florentina de Falco (1953).
● Warchavchik: dois edifícios na alameda Barão de Limeira (década de 1930), edifício na Rua Bahia
(década de 1930), edifício de propriedade de José Freitas Junior (1940), edifício de propriedade de Lasall
Segall (1942), edifício na Rua Araújo (1947), edifício de propriedade da Companhia Seguradora Brasileira
(1948), edifício na rua Frei Caneca (1950), edifício na rua Pinto Ferraz, edifício Joaquim Salles (1957),
edifício Anibal Ribeiro de Lima (1958).
● Álvaro Vital Brazil: edifício Esther (1935).
76
● Irmãos Roberto: edifício Anchieta (1941).
● Oscar Niemeyer: edifício Copan (1951), edifício Montreal (1951), edifício Eiffel.
O trabalho buscou informações sobre experiências que estes arquitetos passaram, entendendo os
ajudaram a conformar sua produção. São analisados e comparados, portanto: a origem, a formação
acadêmica, e o ambiente escolar; os estágios e os primeiros trabalhos como autônomos; os contatos e as
parcerias com outros arquitetos; as influências arquitetônicas.
Rino Levi e Warchavchik
Rino Levi nasceu no Brasil, em São Paulo, em 1901 e viveu até 1965. Filho de pais italianos
imigrados, foi para a Itália em 1921 para estudar arquitetura, se formando em 1926 (ANELLI, 1995).
Estudou na Scuola Superiore di Architettura em Roma. Ainda estudante, Levi escreveu um artigo (1)
publicado em São Paulo que é considerado um dos primeiros manifestos sobre arquitetura moderna no
Brasil. O texto revela “as oscilações de ânimo entre os jovens estudantes de Roma, muitos deles futuros
protagonistas do surgimento da arquitetura moderna italiana” (ANELLI, 1995). O próprio título remetia às
alterações que sofria o curso de arquitetura onde estudava: Marcello Piacentini tinha acabado de propor
uma disciplina para o estudo do urbanismo. Segundo Anelli (1995), Levi havia confirmado numa carta a
importância de Piacentini na divulgação da arquitetura moderna na Itália: “gozava da simpatia dos
estudantes mais irriquietos, que propugnavam por uma reformulação da arquitetura.” (2)
O estudo sobre a formação de Gregori Warchavchik mostra que o arquiteto passou pelos mesmos
locais por onde Rino Levi esteve, vivenciando portanto, a mesma agitação cultural. Nascido em Odessa em
1896 (viveu até 1972), na Rússia, onde começou seus estudos em arquitetura na universidade local
(FARIAS, 1990). Imigrou para a Itália, deixando pra trás o conturbado ambiente russo de 1918, e também
estudou em Roma, no Instituto Superior de Belas-Artes entre 1918 e 1920. Imigra novamente, desta vez
para o Brasil, deixando a “incerteza política, civil e diplomática que cercava a existência dos estrangeiros e
refugiados na Europa Ocidental do entre guerras” (LIRA, 2008). E é aqui que ele escreve um artigo
intitulado `Futurismo´ (3), considerado o manifesto precursor da arquitetura moderna brasileira. Nele,
Warchavchik mostra que além de Le Corbusier havia influência das propostas do Manifesto Futurista
publicado por Marinetti, “não parecendo uma casualidade que o primeiro título do artigo tivesse sido
`Futurismo´. Durante sua permanência na Itália não havia ali ainda nenhuma outra proposição modernista
em arquitetura além das elaboradas por Sant´Elia.” (ANELLI, 1995). Carlos Martins enumera os argumentos
77
prenunciados por ele neste seu primeiro texto: o caráter histórico da noção de beleza; a incongruência entre
racionalidade construtiva da engenharia e a sobreposição ornamental dos arquitetos de formação
acadêmica; a incompatibilidade entre a vida moderna e a adoção de estilos. (WARCHAVCHIK, 2006)
Os dois arquitetos, que foram tão atuantes na cidade de São Paulo, e que estudaram no mesmo
local quase na mesma época, iniciaram com seus textos as manifestações sobre o modernismo
arquitetônico em terras brasileiras:
“Os dois primeiros manifestos de arquitetura moderna no Brasil foram escritos
por arquitetos formados em Roma. Em 1925 foram publicados em São Paulo os textos
de Gregori Warchavchik, `Futurismo´, e de Rino Levi, `Arquitetura e Estética das
Cidades´, considerados pela historiografia brasileira como pioneiros nacionais na
divulgação de idéias da arquitetura moderna, assunto que havia sido muito
escassamente representado na Semana de Arte Moderna de 1992.” (Anelli, 1995)
Ainda na Itália, Warchavchik também teve contato com Piacentini, trabalhando em seu escritório por
dois anos, pouco depois que ele se tornou professor de urbanismo na Escola Superior de Arquitetura.
Piacentini era autoridade em intervenções modernas em cidade antigas, além de projetar habitações, desde
palacetes até prédios de apartamentos (LIRA, 2008). Foi o maior “cultor italiano do Classicismo e futuro
responsável pela incorporação desse estilo por parte do fascismo.” (FARIAS, 1990)
Desde o século XIX (5) existia na Itália uma divisão na formação dos profissionais envolvidos no
ramo da construção civil, que ainda repercutia nas primeiras décadas do século XX: de um lado as
academias de belas-artes, formando profissionais de acordo com as tradições artísticas; e de outro as
escolas politécnicas, introduzindo adaptações metodológicas com base no conhecimento científico (ANELLI,
1995). Essa distinção - que gerava confusão sobre as atribuições - podia ser vista também no Brasil, com
as diferenças entres as politécnicas de São Paulo ou da capital federal com, por exemplo, a Escola de
Belas-Artes do Rio de Janeiro: “o trabalho secundário e inadequado do arquiteto na formalização da obra
revelava uma coincidência entre a situação da arquitetura brasileira e a italiana.” (ANELLI, 1995). Quando
chegaram formados ao Brasil na década de 1920, Warchavchik e Levi encontraram as mesmas dificuldades
existentes no mercado italiano. Levi, por exemplo, quando iniciou atuação profissional em escritório próprio,
trabalhou como construtor (6), pois na época ainda “não era difundida a prática de contratar-se o projeto
independente da obra” (ANELLI, 1995). Warchavchik se formou no ano imediatamente anterior às
78
mudanças sofridas na estrutura da Escola de Belas-Artes – que tentavam resolver essa questão -, assunto
discutido desde 1916 por Giovanoni:
“O debate [entre as escolas politécnicas e as de belas-artes] por certo
repercutia uma tendência internacional em favor da autonomização do ensino e
redefinição do papel tradicional do arquiteto, e ganharia corpo na Itália na virada para o
século XX, sobretudo na Escola de Roma, em torno da idéia do `arquiteto integral´:
formado nas futuras escolas superiores, essa nova figura profissional deveria ser capaz
de unir saber técnico-científico e conhecimento histórico na defesa dos valores
artísticos das cidades italianas.” (Lira, 2008)
Os primeiros arquitetos modernistas brasileiros, como Rino Levi e Warchavchik, foram os que
estruturaram a profissão, fundando as suas bases contemporâneas (ANELLI, 1995). O escritório de Levi,
por exemplo, foi o primeiro a trabalhar desenvolvendo e `vendendo´ projetos arquitetônicos, distinguindo-o
do produto obra/execução.
Antes de ver como foi a chegada e a atuação dos dois no Brasil, mostraremos um pouco da
metodologia de projeto de Rino Levi, que demonstra sua preocupação com o tema num mercado imobiliário
local ainda em formação e se profissionalizando. Pelos caminhos coincidentes que Warchavchik (10)
seguiu, tanto na Itália quanto no começo no Brasil (como veremos a seguir) supõe-se que existia também
no arquiteto russo uma preocupação com o exercício de projetação, ainda que com resultados formais
diferenciados.
Existe uma manifestação de concepção clássica em vários trechos de textos de Rino Levi. Anelli
(1995) dá a definição do clássico feita por Panofsky (7), diferenciando-o do maneirismo, dizendo que esse
tem na origem da Idéia uma “dádiva divina, conferida ao gênio, independente do seu conhecimento da
natureza. Por outro lado, o classicismo se desenvolve com a idéia derivando do conhecimento das leis
universais que regem a natureza.” Anelli expõe detalhes da formação do arquiteto, mostrando que Levi teve
contato desde o tempo de faculdade com interpretações do pensamento clássico-renascentista, como por
exemplo, sobre o arquiteto integral de Giovannoni.
Levi delimita o procedimento projetual e a qualidade arquitetônica, tornando-se “explicita a sua
oposição à plena liberdade artística, pois a harmonia exige contenção.” (ANELLI, 1995). Ponto de vista
diferente tem Warchavchik, numa passagem de um artigo escrito para o Correio Paulistano em 1928
79
(WARCHAVCHIK, 2006), quando diz que “é particularidade do gênio estar sempre adiantado a sua época.
Com aguda intuição adivinha e cria”. Rino Levi, por sua vez, acha que...
“O estudo da função e das qualidades da obra arquitetônica é tão intimamente
ligado à técnica quanto às leis da proporção. Para se chegar a fins estéticos concretos,
em harmonia com a função dos vários elementos constituintes da obra, necessário se
torna conter e selecionar a fantasia, dentro de certos valores orgânicos. Esse processo
é evidentemente um limite à livre expansão artística, limite esse que constitui fator
inerente à atividade do arquiteto.” (8)
Para Levi, a expressão plástica `desabrocha´ depois de resolvidas questões de ordem funcional
(ANELLI, 1995): “... as considerações que se fazem sobre a forma mais apropriada do edifício em X, em H,
em duplo H, em pente ou meia-lua, não têm sentido. O absurdo dessas teorias reside no erro básico de
preestabelecer soluções e formas, quando estas deverão resultar do estudo funcional e técnico do
problema, livre de quaisquer injunções.” (9)
No mesmo texto, Levi expõe os procedimentos e as etapas de projetos adotadas por ele. Diz que o
projeto arquitetônico se conforma aos poucos, que ele amadurece num lento trabalho que se prolonga por
meses. Depois de surgidos - num desenvolvimento individual e paulatino - os primeiros esboços, os estudos
preliminares e o ante-projeto, organiza-se um trabalho em equipe: para solucionar problemas relacionados
com o conforto, a técnica construtiva, o rendimento. Uma vez “reunidos e assimilados todos os dados, o
arquiteto, valendo-se da sua capacidade criadora, empresta ao conjunto a sua fisionomia definitiva,
entrosando todos os elementos num organismo funcional, técnico e plástico. Nela, o arquiteto se sente
completamente dentro do assunto e senhor absoluto do problema, com visão integral de todos os seus
detalhes”
Anelli comenta que isso mantém Levi fiel a uma “concepção clássico-renascentista, que necessita
da ciência e da técnica moderna para construir sua idéia artística”. Voltamos assim na visão de um
`arquiteto integral´, como um profissional que extrapola os limites de seu campo, incorporando e dialogando
com os outros agentes envolvidos na produção do edifício: “Havia na Escola de Roma o reconhecimento da
complexidade dos raciocínios e informações exigidas por um projeto contemporâneo, e não se recusavam
os seus desafios. Exigia-se que o arquiteto integral fosse capaz de desenvolver esses raciocínios ou ao
menos dialogar com quem o fosse, incorporando-os na sua síntese artística.” (ANELLI, 1995)
80
Também existem coincidências sobre o começo da carreira de ambos quando chegaram ao Brasil.
Warchavchik chegou um pouco antes, em 1923, aos 27 anos de idade. Desembarcou com um “punhado de
cartas de recomendação [inclusive de Piacentini] e contrato firmado por um ano com a Companhia
Construtora de Santos, de propriedade do empresário Roberto Cohrane Simonsen (4).” (LIRA, 2008) O
arquiteto acabou trabalhando na construtora durante três anos e meio, até o início de 1927, quando “só
então abriu escritório próprio em São Paulo, casando-se com Mina Klabin e naturalizando-se brasileiro.”
(LIRA, 2008). Rino Levi quando voltou para o Brasil também trabalhou na mesma construtora durante um
ano e meio (ANELLI, 1995).
A Companhia Construtora de Santos (fundada em 1912) tinha escritórios em Santos, São Paulo e
Rio de Janeiro, e destacava-se na construção civil no Brasil, sendo pioneira em aspectos como a
organização racional do trabalho, com a composição de equipes especializadas, valorizando as funções de
administração, planejamento e pesquisa tecnológica, “típico de um ideal tecnocrático de reconstrução
influente no pós-guerra.” (LIRA, 2008).
José Tavares Correia de Lira (2008) afirma que, apesar de Warchavchik já ter conduzido diversas
obras na época que vivia na Itália, foi somente no Brasil, e a partir do contato com as inovações
implementadas por Simonsen que ele tomou contato com a construção taylorizada: “se naqueles anos
Behrens, na Alemanha, ou o próprio Le Corbusier, na França, vinham se convertendo às elites tecnocráticas
nacionais, o papel de Warchavchik talvez mereça ser reavaliado também a luz do envolvimento com a
empresa construtora. Note-se que Simonsen, um dos representantes mais promissores da vocação
ideológica e política dos politécnicos, empresário de sucesso e líder da burguesia industrial paulista, assim
como seu sócio Francisco da Silva Telles [que estudou na Escola de Belas-Artes no Rio de Janeiro na
década de 1920], estavam desde 1922 entre os poucos assinantes brasileiros da revista L´ Esprit Noveau,
dirigida por Le Corbusier”. Rino Levi, que trabalhou na construtora num período posterior justamente para
substituir Warchavchik, também vivenciou essas experiências sobre a organização do trabalho.
“O relacionamento de Levi com Warchavchik pode constituir outro parâmetro
importante para a compreensão do período. Após o seu retorno ao Brasil, Levi segue
alguns dos passos de Warchavchik. Um pouco mais velho, também formado em Roma,
pelo mesmo grupo de professores, ainda que em escolas diferentes, Warchavchik
representa uma referência importante para o jovem arquiteto. Os indícios são poucos
mais precisos. Rino Levi entra no lugar de Warchavchik na Companhia Construtora de
81
Santos, é apresentado por ele a Geraldo Ferraz [crítico de arte e militante modernista],
e se empolga com a exposição da sua Casa Modernista, em 1929.” (Anelli, 1995)
Quando Warchavchik abriu escritório próprio na cidade de São Paulo, seu primeiro projeto foi a
residência na rua Santa Cruz, na Vila Mariana – considerada a primeira obra brasileira de arquitetura
moderna (LIRA, 2008). Alias 1927 foi um ano de grande importância na vida do arquiteto, que casou com
Mina Klabin e se naturalizou brasileiro. Ele, que tinha imigrado para a Europa e posteriormente para a
América, decidiu passar o resto de sua vida no Brasil.
Figura 14 - foto casa na Rua Santa Cruz, de 1927 – projeto de Gregori Warchavchik (fonte: www.arcoweb.com.br/debate76)
Warchavchik (2006) mostra conhecimento de todos os avanços que os arquitetos de vanguarda
faziam desde o fim do século XIX na Europa, dando pistas de referências que apareceriam em suas
próximas obras: “... na França: os grandes arquitetos Corbusier, Tony Garnier, Irmãos Perret, Freyssinet (...)
na Alemanha, o arquiteto Gropius fundou a Bauhaus, escola modelo de arquitetura e artes aplicadas [não
nos esqueçamos que Warchavchik foi convidado por Lúcio Costa no começo da década de 1930 para
reformular o ensino e ministrar aulas na Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro]. Há inúmeros
arquitetos da escola nova na Alemanha. Queremos citar somente Poelzig, Taut, Mendelsohn (...) na Rússia
quase não se citam nomes. Tão popular ficou essa arte que a antiga não existe mais (...) na Áustria,
Houffmann, Behrens, Loos (...) na Itália Alberto Sartoris e C. E. Rava. Na Hollanda, Van de Velde, Doesburg
(...) na Hungria, Torbat, Molnar, Breuer (...) na Dinamarca, Linbey, Holm...” E mesmo um pouco antes,
quando ainda era estudante em Roma, já haviam os “Neoplásticos com Mondrian, Rietveld e Doesburg; os
Construtivistas Soviéticos com Malevich, Tatlin e Melnikov; Lê Corbusier e os seus manifestos publicados
na L´ Esprit Nouveau; e até a América do Norte com o gênio de Frank L. Wright.” (FARIAS, 1990)
82
Esta primeira grande obra-manifesto da arquitetura moderna brasileira foi construída num terreno da
família Klabin. Fato que se repetiu outras vezes na carreira de Warchavchik, por causa do “imenso
patrimônio imobiliário da família constituído desde o início do século pelo patriarca Mauricio Freema Klabin.“
(Lira, 2008). Manteve atividade profissional até a década de 1960 (WARCHAVCHIK, 2006)
Em 1930, já como delegado sul-americano do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura
Moderna), Warchavchik envia um relatório a Siegrief Giedion, descrevendo as dificuldades para a
implementação dos conceitos modernos em solos brasileiros, por causa da adesão a estilos que
resgatavam o colonial, da indústria da construção civil inexistente, e da falta de mão-de-obra qualificada.
Questões que ainda fizeram parte de seu cotidiano por algumas décadas.
Bruand (1981), afirmando a importância dos dois arquitetos para o movimento moderno e sua
introdução na cidade de São Paulo, diz que “praticamente até o começo da Segunda Guerra Mundial, ele
(Rino Levi), juntamente com seu colega de origem russa (Warchavchik) e mesma formação romana, foi o
único partidário decidido de uma renovação arquitetônica, fixado na capital paulista.”
Alvaro Vital Brazil
Vital Brazil passou a infância em São Paulo, cidade onde nasceu no dia 1º de fevereiro de 1909.
Somente aos dez anos de idade é que mudou com o pai (11) para Niterói, de onde seguiu depois de algum
tempo para o Rio de Janeiro, para estudar arquitetura no final dos anos 1920. Curioso verificarmos a
influência do pai na formação de Vital Brazil, forçando-o a cursar também engenharia civil. Ele achava que o
curso de arquitetura não seria suficiente para garantir a sobrevivência de seu filho, numa época em que era
confusa a atribuição do arquiteto. No fim, acabou se formando arquiteto pela Escola Nacional de Belas-
Artes (em 1933), mas também engenheiro civil pela Escola Politécnica, ambas no Rio de Janeiro
(CONDURU, 2000). Os estudos de engenharia deram subsídios para que Vital Brazil conseguisse integrar
as propostas de uma arquitetura funcionalista e de uma estética renovadora às técnicas construtivas. Como
no projeto do edifício Esther, que pretendeu resolver exigências de um programa diversificado, com
inovações do ponto de vista construtivo e com novos princípios formais.
Foi colega de turma de Adhemar Marinho, seu parceiro profissional durante os anos 1930 e co-autor
de seu projeto mais famoso, o Edifício Esther. Juntos, vivenciaram uma greve deflagrada pelos próprios
83
alunos, cujo objetivo era a “modificação curricular capaz de levar a uma nova linha de conduta no ensino.
Nessa época, em 1930, o arquiteto Lucio Costa assumiu a diretoria da ENBA, reunindo um novo corpo de
professores para ministrar ao lado dos mestres acadêmicos.” (Atique, 2004). Um dos arquitetos convidados
por Costa pra ministrar aulas na escola renovada foi Warchavchik, que nessa época já tinha publicados
alguns manifestos sobre arquitetura moderna (WARCHAVCHIK, 2006), e também feito sua obra pioneira, a
casa na Rua Santa Cruz na Vila Mariana.
A reformulação implementada por Costa confrontava os princípios arquitetônicos ensinados
na ENBA, que a tempos se baseava num estilo ao gosto clássico. A proposta passava por uma completa
revisão das referências, incorporando no currículo escolar princípios do movimento moderno (CONDURU,
2000). Importante lembrar que apenas alguns meses antes, Le Corbusier passou pelo Rio de Janeiro
ministrando algumas palestras e divulgando a proposta do movimento (LE CORBUSIER, 2004). Depois de
alguns meses, quando frustrada a reforma proposta por Costa, Vital Brazil fez parte do grupo de estudantes
que se revoltou contra o retrocesso da reformulação modernizadora do ensino. Já no quarto ano de
faculdade, Brazil “recusou o viés acadêmico das aulas do professor Paulo Pires, inscrevendo-se na turma
do professor Affonso Eduardo Reidy – uma experiência fundamental em sua formação” (CONDURU, 2000).
Apesar disso, Conduru afirma que a sua passagem por uma escola de belas-artes deixou marcas em sua
obra, como a simetria:
“A obra resultante [toda a obra de Vital Brazil], vinculada à estética funcionalista
e pautada pelo uso austero das inovações técnico-construtivas, sem deixar de ser
influenciada pelos princípios clássicos, notabilizou-o como um dos mais ortodoxos
praticantes do racionalismo no país. Conciliando as rupturas da moderna arquitetura
com o classicismo decantado da formação acadêmica, seus edifícios almejam um
equilíbrio que revela o caráter pacificador da revolução estética que produziu.”
No seu livro sobre a vida e obra de Vital Brazil, Roberto Conduru (2000) diz que essa reminiscência
de origem clássica se confrontava desde sua primeira obra com a intenção de incorporar preceitos
modernos, “evitando o ecletismo e o neo-colonial”. No seu primeiro projeto, uma residência para Mário
Brazil, já notamos uma aproximação da estética cubista. A porta-balcão de cada quarto dá para um terraço
jardim, numa referência a um dos cinco pontos propostos por Le Corbusier – alguns de seus projetos, alias,
são verdadeiros “exercícios de aprendizado do sistema arquitetônico proposto por Le Corbusier,
considerado pelo arquiteto sua maior influência” (CONDURU, 2000)
84
No próprio projeto do edifício Esther se enxerga este `exercício´, que nesse caso, teve seu ápice,
com uma verdadeira representação dos cinco pontos propostos por Corbusier. Observando o projeto, nota-
se a utilização de pilotis, planta livre, janela corrida, fachada livre e terraço-jardim. Uma característica
inovadora que encontra-se na planta do Esther – e que já estava presente na planta da residência de seu
primeiro projeto – é a quebra de hierarquia. Na planta da residência Mário Brazil se tem acesso aos quartos
por uma escada localizada na lateral, na parte de fora - além do acesso pelo corredor íntimo localizado no
segundo pavimento. Já na planta do Esther - nos pavimentos com apartamentos duplex (10º e 11º) –
também, com acesso direto através do elevador.
Figura 15 - residência Mário Brazil, projeto que Vital Brazil fez com a parceria de Adhemar Marinho em Niterói 1934 (fonte:
CONDURU, 2000)
Figura 16 - foto e plantas do 10º e 11º andar do edifício Esther, projetado por Vital Brazil em 1935 e de propriedade da Usina Esther
(fonte: banco de dados sobre apartamentos Nomads.usp)
85
Esse foi o primeiro projeto que Vital Brazil fez em São Paulo, mudando para a cidade depois de
ganho a concorrência (ATIQUE, 2004). Desenvolveu o projeto sozinho, enquanto Adhemar Marinho
“cuidava das obras da dupla no Rio de Janeiro” (CONDURU, 2000). O edifício desde o começo foi
considerado um símbolo de modernidade, como nota-se em fotos tiradas da obra com um zepellin ao fundo.
Também abrigou por algum tempo o escritório de Rino Levi e a residência de Di Cavalcanti.
Continuando sua descrição da obra de Vital Brazil, Conduru (2000) indica algumas contradições nas
primeiras obras do arquiteto: entre as inovações técnico-construtivas e estéticas e o programa habitacional
proposto. De fato, ao analisarmos as plantas de dois prédios de apartamentos projetados por Brazil em
1934 e 1935, notamos que suas referências foram outras: no projeto de 1934, nota-se uma clara separação
de funções em três zonas estanques - a primeira com uma sala dividida em dois ambientes mais o
vestíbulo, a segunda com os quartos agrupados no fundo, e a terceira com a cozinha e seus anexos de
serviços; já no projeto de 1935, os quartos estão dispostos entre a sala (convívio) e a cozinha (serviços), a
mesma implantação das casas do período colonial. Villa (2002) afirma que existia uma resistência para
aceitação de um espaço que mudasse a solução da planta tradicional, burguesa. Esse paradoxo era
colocado em prática nos projetos porque era mais fácil para os clientes aceitarem plantas com influência da
burguesia da Belle Époque, porém revestidas com uma plástica inovadora, cubista. Conduru (2000)
confirma a resistência da clientela com plantas comportando novos programas e disposições:
“Com relação ao programa, o avanço foi pequeno na reformulação dos espaços
das habitações [nos primeiros projetos de Vital Brazil]. As plantas, altamente tributárias
dos tipos de casa tradicionais, evidenciam não apenas o apego dos arquitetos [dele e
de Adhemar Marinho] aos padrões acadêmicos, mas, também, os preconceitos da
clientela perante as idéias arquitetônicas modernas, sua resistência em aceitar os
novos modos de organização das atividades cotidianas, de tradução dos programas em
forma e espaço.” (Conduru, 2000)
86
Figura 17 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1934
(fonte: Conduru, 2000)
Figura 18 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1935
(fonte: Conduru, 2000)
Apesar disso, nota-se já nos seus primeiros projetos de apartamentos, características que
reaparecerão no Esther, como os pilotis e as janelas corridas. No prédio de 1935, a circulação vertical se
encontra na extremidade do edifício, com um fechamento envidraçado (mesma solução utilizada no Esther).
87
Paralelamente ao desenvolvimento de seus primeiros projetos, Vital Brazil já dava mostras de seu
engajamento profissional, se filiando ao CIAM, ao IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e ao Clube de
Engenharia. Também contribuiu para o debate arquitetônico publicando alguns artigos para a Revista de
Arquitetura do Diretório Central da ENBA (CONDURU, 2000). Complementou, portanto, sua formação –
tanto no campo da engenharia quanto no da arquitetura – estando atento às renovações que aconteciam na
Europa na época.
Irmãos Roberto
Marcelo (1908-1964) foi o primeiro dos irmãos a abrir escritório em 1930, ano em que ele se
graduou pela Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro. Bruand (1981) afirma que antes de abrir
seu escritório, ele (12) fez uma viagem de estudos pela França, Itália e Alemanha. O autor diz que o recém
formado arquiteto se identificou com as vanguardas européias, especialmente Le Corbusier, e no Brasil,
com as experiências realizadas por Warchavchik.
Duas influências corbuseanas aparecem com freqüência em seus projetos de edifícios residenciais:
o conceito de immeubles villas, propostas “originalmente no plano para a cidade de três milhões de
habitantes realizada para a cidade de Paris em 1992” e os apartamentos duplex, outra referência do
“conceito do edifício-vila” (IZAGA, 2008)
Figura 19 - foto e plantas tipo A e B e implantação do edifício Anchieta, projeto Marcelo e Milton Roberto – 1941. Endereço: avenida
Paulista com Avenida Angelica. Propriedade IAPI (banco de dados sobre apartamentos Nomads.usp) - projeto realizado dois anos
88
depois de seu primeiro projeto de edifício residencial, localizado na rua do Lavradio nº106, no centro do Rio de Janeiro – com previsão
de apartamentos duplex (IZAGA, 2008)
Até 1936, Marcelo trabalhou também como construtor em parceria com outro empreiteiro (SANTOS,
1965), executando suas obras, mas também de outros autores. Verifica-se a mesma atuação no início das
carreiras de Rino Levi e Warchavchik, tanto no período em que atuaram na Companhia Construtora de
Santos como já trabalhando em escritórios próprios em São Paulo.
Formado quatro anos depois pela mesma escola – um ano depois de Alvaro Vital Brazil – Milton
(1914-1953) se juntou ao irmão no escritório: estava formado o MM Roberto. Já em 1935, venceram o
concurso para a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. Os jovens
arquitetos – Marcelo tinha 28 anos e Milton tinha 22 anos – “foram responsáveis, do ponto de vista
cronológico, pela primeira grande obra da arquitetura moderna no Brasil.” (PROJETODESIGN, 2004).
Participaram da comissão julgadora do concurso o Instituto de Arquitetos (instituição da qual Milton foi
posteriormente presidente, de 1949 até 1953, ano de sua morte), o Club de Engenharia, a ENBA; e dos
projetos submetidos, arquitetos como Oscar Niemeyer, Jorge Moreira e Ernani de Vasconcelos (SANTOS,
1965). Na década seguinte, em 1944, ingressou no escritório o irmão mais novo, Maurício (1921-1996). Os
três arquitetos, formados pela mesma escola, estabeleceram seu escritório no mercado com o nome MMM
Roberto. Vale lembrar que na fase de construção de outro grande projeto realizado por eles – o aeroporto
Santos Dumont – o ainda estudante Mauricio já participava de atividades no escritório (IZAGA, 2008)
89
Figura 20 - Associação Brasileira de Imprensa (ABI), projeto de Marcelo e Milton Roberto – Rio de Janeiro, 1935 (fonte foto:
www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq051). A utilização de brises foi uma constante na obra dos Roberto, e que no caso da ABI “torna-
se a expressão principal do projeto” (IGAZA, 2008). A autora coloca que o brise-soleil foi proposto inicialmente por Le Corbusier, em
1933-34, no projeto em Durand na Argélia.
Batista descreve constantes que condicionaram os primeiros anos de atividade do trio: “uma
arquitetura bastante eficiente e respeitada [que] advém, em grande parte, da compreensão, desde muito
cedo, da necessidade de se estabelecer um campo para a arquitetura; da busca constante, que o trio teve,
pela profissionalização e criação de métodos de trabalho que estabelecessem uma atuação do arquiteto,
não só no que tangia a criação, mas, também, no desenvolvimento de projetos de execução que
permitissem um controle eficiente sobre a obra, garantindo, assim, que o projeto inicial não se perdessem
imprevistos e improvisações comuns em um processo construtivo ainda pouco industrializado como o que
era a norma no Brasil.” Alias uma característica marcante do escritório é a preocupação com os “infindáveis
detalhamentos que acompanham seus projetos.” (BATISTA, 2006)
Numa palestra (13) proferida na década de 1940 na ENBA Marcelo indicou, através de doze
princípios, o que considerava útil para a vida profissional de um arquiteto. No que diz respeito ao
procedimento projetual, nota-se uma aproximação da opinião de Rino Levi sobre os limites da livre
90
expressão artística sobre a obra. O irmão mais velho dos arquitetos – já com dez anos de atuação – diz que
a função do arquiteto é a de coordenar as diversas colaborações, e que raramente arquitetura é obra de um
só. Ele discorda da prerrogativa da “idéia de autor único, solitário e de traço genial, que concebe o projeto
em um dado momento de inspiração.” (IZAGA, 2008) As etapas de produção do projeto descritas por
Marcelo também nos remetem ao modo que Rino Levi projetada: com uma etapa inicial de reflexão
individual do arquiteto gerando desenhos preliminares, que serão posteriormente desenvolvidos por seus
colaboradores, e por fim a “sábia aglutinação das informações”:
“Marcelo estava descrevendo o método projetual utilizado por eles, baseado em
três etapas. Primeiro o lançamento da idéia, efetuada por “um arquiteto informado,
capaz de colocar conceitos sintéticos a serem desenvolvidos por seus pares” (14). A
segunda diz respeito a ponderada classificação de constantes e variáveis. A terceira
refere-se ao trabalho árduo que envolve disciplina e concentração para a sábia
aglutinação das informações que é efetuada pelo desenho.” (IZAGA, 2008)
Antonio Batista (2006) diz que desde 1935, Marcelo Roberto também ministrou aulas no Instituto de
Artes da Universidade do Distrito Federal (UDF), uma atividade que se somava a atuação profissional na
área, tanto como construtor, como projetando edificações. Marcelo deu aulas de urbanismo na Universidade
que foi extinta em 1939 pelo governo Getúlio Vargas.
O escritório dos irmãos Roberto se manteve ativo desde a década de 1930 durante todo o século
XX, “quando, poucos anos após a morte de Maurício Roberto, seu filho Márcio decide encerrar as
atividades.” (BATISTA, 2006).
Oscar Niemeyer
Niemeyer nasceu no dia 15 de dezembro de 1907 e começou seus estudos em arquitetura aos 23 anos
no Rio de Janeiro. Também estudou na Escola Nacional de Belas-Artes, na época em que Lúcio Costa
trazia suas propostas de reforma. Passou, portanto, pelas mesmas agitações culturais que estudantes como
Marcelo Roberto e Vital Brazil. Depois de frustrada a tentativa de reformulação no ensino, Niemeyer acabou
seus estudos ainda influenciado pelas considerações de uma escola de belas-artes. David Underwood
(2002) diz que “a evolução do pensamento de Niemeyer dependeu consideravelmente de exemplos
91
estabelecidos por indivíduos pioneiros que ousaram ir além dos estreitos limites da instrução institucional –
Lúcio e Le Corbusier, principalmente.” Inclusive quando se recém formou, estagiou de forma não
remunerada no escritório de Costa, que por sua vez “lhe ofereceu amplas possibilidades de desenvolver
sua arte.” (UNDERWOOD, 2002). Experiência e convívio que talvez tenham sido fundamental para a
posterior participação do arquiteto no projeto do Ministério da Educação, proposto pelo ministro Capanema
e que teve Le Corbusier como consultor.
Nas próximas linhas será aprofundado algumas atividades do arquiteto na década de 1950 – que
correspondem a um período de atuação no mercado imobiliário da cidade de São Paulo. Em 1955, funda a
revista Módulo, onde segundo Pereira (1997) passa a escrever sistematicamente artigos. Antes disso, a sua
produção de artigos era esparsa, com alguns escritos para revistas do Partido Comunista Brasileiro, onde
entra em 1948. Nota-se uma extrapolação dos limites funcionalistas, quando o arquiteto coloca na edição de
número 21, de 1960 (PEREIRA, 1997), sua opinião sobre os limites da forma no programa de arquitetura:
“Sou a favor de uma liberdade plástica quase ilimitada, liberdade que não se
subordine servilmente às razões de determinadas técnicas ou de funcionalismo, mas
que constitua, em primeiro lugar, um convite à imaginação, às coisas novas e belas,
capazes de surpreender e emocionar pelo que representam de novo, criador. Liberdade
que possibilite, quando desejável, as atmosferas de êxtase, de sonho e poesia.”
92
Figura 21 - texto e desenhos do `poema da curva´, Oscar Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai. / Nem a linha reta, dura,
inflexível, / criada pelo homem. / O que me atrai é a curva livre e / Sensual. / A curva que encontro nas / Montanhas do meu país, no
curso sinuoso / Dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo / Da mulher amada. / De curvas é feito todo o universo. / O universo curvo
de Einsten”. Reproduzido na revista Módulo nº 97, de fevereiro de 1988. (fonte: PEREIRA, 1997)
É também na década de 1950 que Niemeyer passa a projetar edifícios em São Paulo, com a
abertura de um escritório satélite para o desenvolvimento dos projetos, que estavam sendo feitos
principalmente para o Banco Nacional Imobiliário (BNI). O BNI tinha como diretor Otávio Frias, e foi por
sugestão dele que Niemeyer resolveu abrir um escritório em São Paulo. Ele passa a ser convidado a
projetar diversas obras em São Paulo depois do sucesso internacional com o Pavilhão de Nova York (1939)
e Pampulha (1940). O Banco atuou numa época em que a cidade começou a expressar sua imagem de
grande metrópole através da construção de arranha-céus e melhoramentos urbanos:
“O mercado imobiliário paulistano passava por um momento de grande expansão,
com a cidade se transformando num importante pólo nacional. Diante da enorme
procura por imóveis, várias empresas passaram a se especializar e a investir
maciçamente no setor. Dentro desta efervescência, desenvolveu-se o Banco Nacional
Imobiliário – BNI que, como o nome indica, unia características do mercado financeiro
às do setor de imóveis. Voltado a classe média, seus clientes eram os compradores em
potencial dos empreendimentos imobiliários parcelados e de baixo custo erigidos pela
Carteira Predial do Banco.” (LEAL, 2008)
Ao todo são 5 os edifícios projetados por ele em São Paulo, tendo como cliente o BNI: o edifício
Copan, o edifício Montreal, o edifício Eiffel (de uso residencial); e o edifício Califórnia e o edifício Triângulo
(de uso comercial).
93
Figura 22- foto do edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer em 1951, encomenda do Banco Nacional Imobiliário (fonte: banco de
dados sobre apartamentos Nomads.usp)
O escritório de Niemeyer em São Paulo foi aberto em 1951, e tinha como chefe Carlos Lemos, que
ia para o Rio de Janeiro pelo menos uma vez por mês para resolver questões projetuais e
encaminhamentos com o próprio Niemeyer. Os projetos preliminares e de ante-projeto eram criados no Rio
de Janeiro por Niemeyer, passavam por uma apreciação do Banco, e posteriormente seguiam para o
escritório em São Paulo, para o seu detalhamento. No escritório, existiam cerca de cinco funcionários entre
estagiários e desenhistas, nenhum formado, e todos se reportavam diretamente ao Lemos. Uma
particularidade na estrutura do escritório é que não haviam calculistas, todos os trabalhos de cálculos eram
realizados por autônomos indicados pelo cliente.
Em 1954, a inauguração do Parque do Ibirapuera, projetado por Niemeyer, deu projeção ainda
maior ao seu escritório. Os promotores destes empreendimentos imobiliários faziam questão de associar a
qualidade dos edifícios ao nome de Niemeyer. Mas foi justamente neste momento que o arquiteto terminou
as atividades de seu escritório em São Paulo, decidindo dedicar-se exclusivamente ao projeto de Brasília.
Poderíamos imaginar a produção posterior de Niemeyer caso tivesse continuado trabalhar em São Paulo,
devido a sua projeção cada vez maior e a maturidade das relações com o mercado imobiliário.
94
Figura 23 - anúncio do edifício Califórnia, mostrando a presença de Oscar Niemeyer no projeto (fonte: LEAL, 2008)
Conclusões
As conclusões deste trabalho se encontram na importância do entendimento do ambiente acadêmico no
ensino de arquitetura nos anos 1920 e 1930 – período em que os arquitetos pesquisados fizeram os seus
cursos; nos caminhos coincidentes ou divergentes que eles tiveram ao longo do aprendizado escolar e
início profissional; nas diferentes metodologias de projeto. E a percepção de que estas escolhas foram
determinantes na arquitetura proposta por cada um.
Notas
1 – “Arquitetura e Estética das Cidades”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, no dia 15 de outubro de 1925;
2 – carta escrita ao professor P. F. dos Santos em 24/07/1964 (ANELLI, 1995);
3 – publicado em 14 de junho de 1925 no jornal da colônia italiana II Picolo;
4 – historiador, líder empresarial, engenheiro, deputado e senador;
5 – “A origem desta divisão está nas transformações realizadas na França pela Revolução de 1789.” (ANELLI, 1995)
95
6 – Rino Levi mostra a dificuldade de atuação na “Oração aos formandos da Faculdade de Arquitetura do R.G.S.” em 1958: “Naquela
época a construção era contratada e realizada num regime predominantemente comercial. Nestas condições, ao cliente interessava,
sobretudo, a idoneidade comercial do empreiteiro de obras. O costume era de solicitarem-se propostas a vários construtores, que se
dispunham a fazer o projeto e o orçamento graciosamente. Com relação ao projeto o que interessava era a escolha do estilo. O projeto
era elaborado por desenhistas do empreiteiro, hábeis no preparo de perspectivas aquareladas. Os detalhes de execução e osmateriais
e acabamento eram apenas descritos em texto.” In: ANELLI, 1995)
7 - Panofsky, Erwin. Idea – Contribuición a La historia de La teoria Del arte. Madrid: Ediciones Cátedra, 1989
8 - Levi, Rino. O que há na arquitetura. In: Revista do Salão de Maio, 1939. In: ANELLI, 1995
9 - Rino Levi – “Técnica hospitalar e arquitetura”. In: ANELLI, 1995
10 – em um texto publicado em 1926 em Terra Roxa e outras terras , Warchavchik reintera sua influência italiana de formação,
afirmando estar “familiarizado da melhor forma com os clássicos”. In: Warchavchik, 2006
11 – o arquiteto Alvaro Vital Brazil é filho do cientista Vital Brazil Mineiro de Campanha, fundador do Instituto Butantã e do Instituto Vital
Brazil (Atique, 2004)
12 – Paulo Santos (1965) nos dá uma idéia da personalidade de Marcelo: “...irriquieto, nervoso. Ágil de movimentos, ágil também de
espírito. Instantâneo nas respostas. Exímio conversador. Conferencista brilhante.”
13 – palestra ministrada na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro em 1940 intitulada “Arquitetura e luta pela vida” (IZAGA,
2008)
14 – mesma palestra (IZAGA, 2008)
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mestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006
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– da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992
Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981
Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000
Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981
96
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introdutor da arquitetura moderna no Brasil. v. 2. Dissertação de mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, 1990
Izaga, F. G. de. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em:
<www.docomomo.org.br/seminario6> Acesso em: 12 nov 2008
Leal, D. V.. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950 – o escritório satélite sob a direção do
arquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em
<www.docomomo.org.br/seminario5> Acesso em: 13 nov 2008
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Lira, J. T. C. de. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: <www.sielo.br/scielo.php?pid=s101-
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Projeto Design. Pioneiros do moderno. In: Revista Projeto. n. 298, dezembro de 2004
Queiroz, F. A. de. Apartamento modelo – arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo.
Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2008
Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio de Janeiro: IAB, junho 1965
Thomaz, D. Entre a idealização e a realidade. In: AU. n. 43. São Paulo, agosto/setembro 1992
Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002
Underwood, D. Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002
Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 2006
4.2.5 - Construção de site
Etapa prevista no plano de pesquisa, foi produzida uma página na internet para registrar e também
divulgar informações sobre o andamento da pesquisa. A página contém as disciplinas cursadas e as
respectivas monografias produzidas, e o projeto de pesquisa proposto. A intenção desta etapa de trabalho
foi a aprendizagem da construção de um website, que é usado para a divulgação da pesquisa.
A divulgação dos resultados sobre a pesquisa na internet se mostra como uma possibilidade de
interlocução com pesquisadores de outros centros de pesquisa, uma troca de conhecimento muito bem
97
vinda no meio acadêmico. A página foi feita usando ferramentas do programa Dream Weaver. Encontra-se
no endereço:
http://nomads.usp.br/pesquisas/espacos_morar_modos_vida/concretos/como_nasce_um_modelo
4.3 - Outras atividades
4.3.1 - Atividades no nomads.usp
4.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais de outros grupos
4.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh
Reunião realizada na cidade de São Paulo na Universidade Makenzie no dia 4 de maio de 2009.
Contou com a participação de alunos do grupo de pesquisa coordenado pela professora Dra. Nadia
Somekh: Lina Galhardo, que estuda o processo de verticalização no bairro de Interlagos; e Elida Zufo, que
estuda o processo de verticalização no bairro de Higienópolis. Com o docente Antonio Cláudio, que ministra
aulas no Makenzie e também participa de atividades do grupo da professora Nadia. Com o pesquisador da
FAU-USP Lourenço Gimenez, que tem seus estudos acadêmicos centrados no transporte público, mas
também realiza projetos arquitetônicos de edifícios residenciais através de escritório próprio. E também com
pesquisadores do grupo Nomads.usp da EESC-USP: o seu coordenador, Professor Assoc. Dr. Marcelo
Tramontano, a Professora Dra. Varlete Benedente, e o doutorando Fábio Queiroz. A reunião foi proposta
pela professora Nadia, que entre outras publicações, escreveu o livro A cidade vertical e o urbanismo
modernizador.
O objetivo da reunião foi o planejamento de um trabalho sobre verticalização que será desenvolvido
em parceria pelos grupos dos professores Marcelo e Nadia. A proposta é a formação de uma equipe
multidisciplinar, formada por engenheiros, arquitetos e administradores; com pesquisadores envolvidos com
98
o tema da verticalização, mas também por profissionais do mercado imobiliários: projetistas, corretores,
construtores, empresários e representantes de entidades, como IAB e SECOVI.
Chegou-se a conclusão de que o projeto arquitetônico destes apartamentos piorou ao longo dos
anos e que o produto que é oferecido nos dias de hoje é incompatível com as expectativas dos moradores.
As possibilidades de pesquisa que se abrem sobre este problema, e que farão parte dos trabalhos desta
parceria foram determinadas a partir de 4 grandes temas já trabalhados inicialmente em uma oficina sobre
verticalização realizada no ano passado, no Mackenzie – legislação, estudo de casos, história, modo de
vida. São eles:
■ por que o projeto de arquitetura destes prédios piorou ao longo do tempo?
■ por que os arquitetos perderam espaço e diálogo no processo de produção com relação aos outros
agentes envolvidos?
■ por que a produção de um edifício de apartamento deixou de ser um problema de arquitetura?
A equipe pretende, a partir destas constatações, construir instrumentos que possam dar diretrizes
aos promotores imobiliários, ajudando a melhorar o projeto da habitação.
Na reunião houveram várias indicações sobre eventos, pesquisas e autores que trabalham o tema,
como o da professora Ivone Mautiner, que coordena um grupo de estudos na FAU-USP sobre qualidade de
projeto; alguns seminários realizados pela ENCOL, sobre a consolidação de experiências de projeto; o
mestrado de Regina Meyer, que trata da produção imobiliária; e o mestrado de Mário Figueroa, que analisa
a verticalização de 1927 a 1972. Estas fontes indicadas podem complementar e ajudar a ampliar o quadro
teórico construído pelo bolsista.
O trabalho que será desenvolvido nesta parceria é importante para esta pesquisa de mestrado
porque trata exatamente do objetivo central do estudo: motivos que teriam levado a uma padronização dos
projetos de apartamentos em São Paulo. O contato com pesquisadores de outras instituições também trará
referências e pontos de vista diferentes sobre a questão. Já a participação de representantes do mercado
imobiliário paulistano evidenciará como acontece na prática o empreendimento.
99
4.3.1.2 - Participação no Projeto de Pesquisa T-Híbridos
O projeto de pesquisa Comunidades On-Line foi realizado pelo grupo Nomads.usp numa primeira
edição na cidade de São Paulo, em Cidade Tiradentes. Agora se realizará uma nova versão da pesquisa –
com o nome de Territórios Híbridos - na cidade de São Carlos, em um conjunto habitacional construído pela
CDHU. Este trabalho tem como objetivo perceber e medir possíveis implicações que o uso da internet traz
para o ambiente construído, tanto no conjunto quanto no espaço doméstico de cada família. Conta com a
participação de vários pesquisadores em iniciação científica, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos,
além da supervisão dos professores Drs. Marcelo Tramontano, Anja Pratske e Varlete Benedente.
O projeto traz uma mudança com relação ao outro trabalho desenvolvido em Cidade Tiradentes. Ele
terá um centro móvel de acesso e uso de internet que será implantado em um reboque de carro, que será
transportado até a comunidade. Ele é composto por 4 CPUs virtualizadoras que atendem um total de 12
estações de trabalho, mais impressoras, scaners, filmadoras e câmeras fotográficas.
A parte do plano que coube ao bolsista desenvolver foram: ajudar na definição da configuração dos
computadores; fazer o levantamento do custo e do consumo de energia dos seus componentes; atualizar a
planilha geral de gastos; e preenchimento de dados relativos ao projeto nos formulários padrão da FAPESP.
O plano foi enviado para a análise na FAPESP ainda no mês de abril.
As leituras dos espaços domésticos e as qualificações no ambiente geradas por esta intervenção
ajudam a entender como as pessoas usam a sua casa, e a incompatibilidade dela com a presença de
inúmeros equipamentos eletrônicos de comunicação e informação, como televisores, computadores, video-
games, etc. Perceber estas demandas espaciais a partir do uso do espaço é importante para esta pesquisa
de mestrado, porque confirma a inadequação da habitação atual com os modos de vida contemporâneo.
Além disso, numa primeira etapa, será realizado um levantamento de informações sobre o conjunto
habitacional, como dados comportamentais dos moradores e seu perfil demográfico, características físicas e
de usos dos ambientes domésticos, etc. que também serão úteis para o entendimento de como as pessoas
usam a habitação.
Será acrescentada a estas informações, dados colhidos por um trabalho realizados no âmbito da
disciplina de APO (Avaliação Pós Ocupação) que o bolsista fez para o cumprimento de créditos no
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP (item 4.1.4). A disciplina foi
ministrada pelos professores Drs. Márcio Minto Fabrício, Marcelo Tramontano e Sheila Ornstein. O grupo
100
que realizou este trabalho fez levantamento: do mobiliário - tamanho, forma e posição; dos equipamentos
eletrônicos; dos moradores; e dos usos.
4.3.1.3 - doc.nomads
O bolsista administra o acervo documental do núcleo desde o início de 2008. O Nomads.usp
mantém um ambiente com vários tipos de documentos. São amostras de materiais de construção, catálogos
técnicos, relatórios de pesquisa, monografias, artigos, dissertações, teses, livros, revistas, CDs, DVDs, etc.
Os pesquisadores do Núcleo doam uma cópia do material acadêmico individual produzido para a
Documentação. Soma-se um grande acervo para pesquisa: são cerca de 500 livros e 1000 revistas.
No ano passado os documentos foram liberados para uso fora do Nomads, para alunos da EESC-
USP. Para isso, foi realizada uma catalogação eletrônica dos documentos em uma base de dados, que
contém informações como título da obra, autor, assunto, etc. Qualquer aluno da Escola de Engenharia de
São Carlos pode acessar o endereço do site na internet, fazer sua pesquisa, escolher o material, reserva-lo
e trocar e-mails com o administrador da doc.nomads.
Pode-se acessar a interface de busca a partir de um link no website do Nomads. Nesta interface
existem algumas informações sobre a documentação e o procedimento para a retirada do material. Foi
desenvolvida junto com uma pesquisadora em iniciação científica do curso de Ciências da Computação
utilizando recursos do software Dream Weaver.
A digitalização dos dados e sua inserção numa base fazem parte de uma reorganização maior feita
pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC. O mesmo procedimento de
catalogação foi realizado por outros grupos de pesquisa do mesmo Programa, e, a estes foi acrescentado
todo o acervo do Centro de Documentação (CEDOC) do Departamento, formando um grande e único
acervo geral.
Outro trabalho realizado pelo bolsista foi a encadernação de alguns documentos. Em alguns casos
as folhas estavam soltas, em outros grampeadas, e na maioria das vezes encadernada com espiral. Isso
dificultava a visualização do material na prateleira. Em todas as fotocópias foram feitas encadernações
padronizadas com canaleta plástica. Cada tipo de material tem uma cor diferente. Por exemplo, azul para as
teses ou vermelha para as dissertações. O próximo trabalho será a colocação de etiquetas nos exemplares
com o código.
101
Além disso está previsto para os próximos meses um trabalho de divulgação da nomads.doc no
campus. A documentação possui uma grande diversidade de temas em seu acervo, e pode ser de grande
interesse para os pesquisadores da Escola.
Figura 24 - interface de busca dos documentos do Nomads.usp que o pesquisador desenvolveu: www.nomads.usp.br/documentacao
4.3.2 - Bancas assistidas no Programa de Pós-Graduação em AU da
EESC-USP
4.3.2.1 - Bancas de mestrado:
4.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira de Barros Pereira – realizada no dia 8 de abril de 2008, a banca
examinadora teve a participação de prof. Titular Dr. Renato Luiz Sobral Anelli (orientador), prof. Dr. Carlos
Roberto Monteiro de Andrade (EESC-USP) e prof. Dr. José Tavares Correa de Lira (FAU-USP). Pesquisa
com o título "Difusão da arquitetura moderna na cidade de João Pessoa – 1956-1974"
4.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz – realizada no dia 26 de setembro de 2008, a banca examinadora teve
a participação de profa. Dra. Maria Ângela Bortolucci (orientadora), prof. Associada Dra. Akemi Ino (EESC-
102
USP) e prof. Titular Carlos Alberto Cerqueira Lemos (FAU-USP). Pesquisa com o título "Fazendas do sul de
Minas – arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX"
4.3.2.1.3 - Fábio Abreu de Queiroz – realizada no dia 1 de outbro de 2008, a banca examinadora
teve a participação de prof. Associado Dr. Marcelo Tramontano (orientador), prof. Dr. Márcio Minto Fabrício
(EESC-USP) e profa. Dra. Nádia Somekh (Mackenzie). Pesquisa com o título "Apartamento modelo –
arquitetura, modos de morar e produção imobiliária na cidade de São Paulo"
103
5 - Atividades realizadas, não previstas
inicialmente no plano
5.1 - Visitas técnicas a edifícios de apartamentos na cidade de São
Paulo
Foram realizadas 4 visitas técnicas a edifícios residenciais na cidade de São Paulo: a primeira
em Dezembro de 2008, a segunda em Fevereiro de 2009,a terceira em Abril de 2009 e a quarta e Maio de
2009. Elas tiveram grande contribuição para a compreensão destes projetos. Os objetivos das visitas foram:
• contribuir para a complementação do banco de dados sobre apartamentos na cidade de São Paulo, feito e
atualizado continuamente por pesquisadores do Nomads.usp. Informações de edifícios que foram
previamente selecionados, e de outros que eventualmente foram encontrados, e que tinham algum
interesse arquitetônico;
• verificar as informações contidas no banco. O banco de dados contém peças gráficas dos edifícios, como
plantas, perspectivas e fotos; mais dados referentes ao projeto, como número de pavimentos, áreas, autor
do projeto e proprietário. Notou-se que em alguns casos o empreendimento nem chegou a ser realizado,
como no caso de um projeto de Gregori Warchavchik na Rua Araujo. Mas também de outros que mantém
seus aspectos formais originais, como no projeto de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, com a
mesma cobertura de entrada;
• auxiliar na compreensão dos projetos. Em alguns edifícios, o bolsista teve a oportunidade de entrar nas
unidades e conversar com moradores, usuários e funcionários. Notou-se alguns detalhes, que por vezes
não aparecem nos projetos, como o duto de lixo do edifício projetado por Palanti, a abertura dos caixilhos
do edifício Esther, ou a pré-fabricação dos elementos de fechamento de um edifício projetado por Rino Levi
na avenida Visconde do Rio Branco;
• entender o processo de verticalização em São Paulo e as transformações da paisagem da cidade ao longo
do século XX. Percebeu-se a predominância de prédios em determinadas regiões em cada década; e
mudanças no uso do solo, no traçado viário, nos transportes, no porte das edificações, que influenciam na
degradação ou valorização das áreas;
104
• notar que em alguns projetos, principalmente os projetados nas décadas de 1940 e 1950 por arquitetos
modernistas, existem qualidades que se perderam com o tempo, como a relação do edifício com o entorno,
com o térreo aberto para trânsito de pedestres e moradores; ou a diversidade dos usos, que previam além
do residencial, comercial ou serviços, etc.
Para cada edifício escolhido foi feito uma ficha (anexo 9.1), com informações básicas sobre o
empreendimento, como nome do edifício, ano de projeto, autor da obra, endereço, etc. Junto a estes dados,
peças gráficas, como plantas, perspectivas, fotos de época; e mais um mapa (anexo 10.2.1) da região onde
o edifício se insere. O objetivo da ficha é a comparação de conteúdo do empreendimento idealizado com a
obra construída.
Em cada visita realizada, as informações foram documentadas através de anotações em cada
uma das fichas e também com registro fotográfico: de detalhes do saguão de entrada, da sacada, ou dos
interiores das unidades; do edifício e suas áreas externas; e do entorno. Posteriormente, todos os dados
foram organizados e analisados para uso desta pesquisa, mas também inseridos no banco de dados,
complementando-o.
5.1.1 - Visita técnica 1: projetos modernistas
Nas duas primeiras visitas o bolsista percorreu o roteiro pré-definido sozinho. Na primeira visita,
realizada no dia 23 de dezembro do ano passado foram selecionados alguns exemplares de edifícios
construídos nas décadas de 1930, 40 e 50 que foram projeto de arquitetos modernos. E outros que
surgiram no caminho e que não estavam previamente selecionados, mas que faziam parte do banco de
dados do Nomads.usp. Foram visitados:
- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil e
Adhemar Marinho;
- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;
- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;
- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto de Vilanova Artigas;
- edifício na rua Conselheiro Nebias 1057 (1946) - projeto de Rino Levi (não construído);
- edifício na rua Araújo 130 (1947) - projeto de Gregori Warchavchik (não construído);
- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto de Franz Heep;
- edifício Guatemala (1955), avenida Nove de Julho esquina rua Barata Ribeiro - projeto de Francisco Beck;
- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan.
105
5.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942
A segunda visita foi realizada dia 26 de fevereiro desde ano, e selecionou alguns edifícios
projetados até o ano de 1942. Entende-se que a lei do Inquilinato instituída neste ano – e reeditada várias
outras vezes nesta década – obrigou o mercado imobiliário a reestruturar a sua forma de produção,
influenciando o produto resultante. O objetivo foi perceber diferenças que existem entre os projetados antes
de 1942, e outros, construídos posteriormente. Foram visitados:
- palacete Riachuelo (1925), rua Dr. Falcão Filho esquina rua José Bonifácio - projeto de Luis Asson;
- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;
- prédio 7 de Setembro (década de 1930), largo Sete de Setembro esquina rua da Gloria;
- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;
- edifício Paissandu (1935), largo do Paissandu 100 - projeto de Jacques Pilon;
- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;
- edifício São Luis (1940), praça da República esquina avenida Ipiranga - projeto de Jacques Pilon;
- edifício Serpe (1940), rua Sebastião Pereira 41 - projeto de Jacques Pilon;
- edifício Goytacaz (1942), avenida Nove de Julho 254 - projeto de Jacques Pilon.
5.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos Elíseos
Na terceira e quarta ida pra São Paulo, as visitas técnicas foram acompanhadas por integrantes
do grupo de estudos Espaços de Morar do Nomads.usp: pesquisadores em iniciação; mestrandos; e
doutourandos. Todos sob a supervisão do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. A presença de
pesquisadores envolvidos com o tema da habitação contribuiu para uma leitura mais ampla dos edifícios.
Na terceira visita, realizada em 3 abril de 2009, foram escolhidos principalmente edifícios nos
bairros de Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos. Quase todos entre as décadas de 1930 e 50.
São eles:
- edifício Angel (1927), avenida Angélica - projeto de Julio de Abreu;
- palacete Carrera (década de 1930), praça Júlio de Mesquita 90;
- hotel Urca (década de 1930) alameda Barão de Limeira esquina rua Vitória;
- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete de Setembro - projeto de Álvaro Vital Brazil e
Adhemar Marinho;
- edifício na rua Barão de Limeira 1003 (1938) - projeto de Gregori Warchavchik;
- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto de Rino Levi;
106
- edifício Copan (1951), Avenida Ipiranga esquina rua Araújo - projeto de Oscar Niemeyer;
- edifício Vila Normanda (1953), avenida São Luis - projeto de Antonio José Capote Valente;
- edifício Lili (1953) - rua Barão de Tatuí - projeto de Giancarlo Palanti;
- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto de Aron Kogan;
- edifício na rua Bento de Freitas esquina rua General Jardim (1955) - projeto de Eduardo Kneese de Mello;
5.1.4 - Visita técnica 4: Higienópolis
A quarta visita aconteceu no dia 30 de Maio de 2009. Foram escolhidos prédios na região de
Higienópolis, principalmente os projetados até a década de 1960:
- edifício Higienópolis (1935), rua Conselheiro Brotero 1092 – projeto de Rino Levi;
- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto de Rino Levi;
- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto de Vilanova Artigas;
- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto de Franz Heep;
- edifício na avenida Higienópolis (1962) – projeto de Franz Heep;
- edifício Itacolomi (1964), rua Itacolomi – projeto de Victor Reif;
- edifício na rua Bahia esquina rua Maranhão (1964), projeto de Francisco Beck;
- edifício na rua Dr. Albuquerque Lins (1964) – projeto de Pedro Paulo de Melo Saraiva;
- edifício Dora Cunha Bueno (1971), rua Maranhão 829;
- edifício Colina (1973), praça Vilaboim 52;
- edifício Ilha de Nassau (1985), rua Veiga Filho 259 – projeto de Danilo Penna;
5.1.5 - Próximas visitas técnicas
Para o segundo semestre de 2009 estão previstas mais duas visitas. Uma delas já tem definido
o seu roteiro (que é sempre discutido através das reuniões Espaços de Morar): edifícios localizados no
triângulo histórico - formado pela rua XV de Novembro, rua São Bento e rua Direita – e imediações. Uma
seleção preliminar já foi feita:
- edifício na rua São Bento (década de 1910) - projeto de Ramos de Azevedo;
- edifício na rua Florêncio de Abreu (década de 1910) - projeto de Samuel das Neves;
- Grande Palazzo Médici (1912) – rua Libero Badaró - projeto de Samuel das Neves;
- edifício na rua Formosa esquina largo dos Piques (1912) - projeto de Samuel das Neves;
- edifício na rua dos Andradas (1912) - projeto de Samuel das Neves;
107
- edifício na rua Florêncio de Abreu esquina Senador Queiroz (1914) - projeto de Samuel das Neves;
- edifício na rua do Carmo (1919) - projeto de Samuel das Neves;
- edifício Luiz de Resende Puech (1921), rua Florêncio de Abreu - projeto de Ramos de Azevedo;
- edifício na rua Barão do Itapetininga esquina rua D. José de Barros (década de 1920) – projeto de Samuel
das Neves;
- edifício na rua do Carmo 20 (década de 1920) – projeto de Samuel das Neves
Figura 25 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): foto – visita Abril-
2009
Figura 26 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): perspectiva –
banco de dados Nomads.usp
108
Figura 27 - edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – visita Abril-2009
Figura 28- edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – banco de dados Nomads.usp
Figura 29 - foto – interior de apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953 - visita Abril-2009
Figura 30 - foto – interior de apartamento - edifício Esther, de 1935 - visita Dezembro-2009
109
Figura 31 - edifício Porchat, de Rino Levi, Rua São João, de 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008
Figura 32 - edifício Angel, de Julio de Abreu, Rua Angélica, de 1927 – mudança de uso: agora, uma loja de móveis – visita Abril-2008
110
Figura 33 - edifício Vila Normanda, de Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, de 1953 – galeria comercial situada no térreo do
edifício (diversidade de usos e transito de pedestres pelo interior do lote) – visita Abril-2009
Figura 34 - edifício Prudência, de Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, de 1944 – outro exemplo de térreo aberto e integrado com a
rua (hoje fechado com grades) – visita Dezembro-2009
Figura 35 - outros prédios em Higienópolis e proximidades que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato
(prédios que o banco de dados ainda não possui plantas nem autoria de projeto) – visita Maio-2009
5.2 - PAE
O bolsista participou de um estágio supervisionado em docência no PAE – Programa de
Aperfeiçoamento do Ensino – no primeiro semestre de 2009 na disciplina SAP 617 - Projeto III do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, ministrada
pelos professores Titular Dr. Renato Anelli e Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. O objetivo do estágio é
permitir que alunos da pós-graduação entrem em contato com as atividades de docência dos cursos de
graduação.
A proposta de exercício para os alunos se desenvolveu em torno de uma linha de VLT – veículo
leve sobre trilhos – para a cidade de São Carlos. Neste primeiro semestre, o trabalho foi dividido em três
etapas: a definição do roteiro da linha e suas paradas; o projeto das estações; e o projeto de uma escola
para o entorno. O tema exigiu que o pesquisador se informasse sobre este tipo de transporte urbano, suas
características, os benefícios, a implantação, alguns exemplos, e mais a leitura de textos sobre o assunto.
Os professores apresentaram em aula projetos de VLT que foram implantados em outros países, como
Itália, França e Estados Unidos. A compreensão destes exemplos mais a revisão bibliográfica sobre o tema
– sugerida pelos professores e disponibilizada no site da disciplina – deram subsídios para o entendimento
do problema e da importância de alternativas para o transporte público das cidades. Meios de locomoção
que poluam menos o meio ambiente e que causem menos congestionamento.
O pesquisador começou suas atividades antes do início das aulas desenvolvendo um website, onde
estão todas as informações referentes ao conteúdo da disciplina, como objetivos, métodos e avaliações.
111
Todo o material produzido pelos alunos nos exercícios programados, mais as referências bibliográficas
indicadas pelos professores foram continuamente postadas. A criação e atualização do site foram feitas
usando ferramentas do software – o Dream Weaver.
Figura 36 - website da disciplina que o pesquisador desenvolveu e atualizou
Também houve a necessidade do levantamento de alguns dados na prefeitura de São Carlos. Os
pontos escolhidos onde se localizam as três grandes estações são: o mercado municipal, a rodoviária, e o
hospital escola. Os mapas do traçado viário, do loteamento e da topografia foram conseguidos na
Secretaria de Habitação. Eles também foram disponibilizados no site para uso dos alunos.
Para a etapa do projeto da escola, os alunos tiveram que seguir as diretrizes determinadas pela
FDE – Fundação para o Desenvolvimento do Ensino. Foi programada para o mês de maio uma visita a
quatro escolas da FDE construídas em Campinas. O objetivo foi mostrar algumas possibilidades técnicas e
plásticas conseguidas pelos arquitetos que projetaram estas escolas, e que seguiram todas as normas
indicativas de espaços e restrições da FDE. No mesmo dia, além das escolas de Campinas, foi prevista a
visita ao CEU-Butantã em São Paulo. O bolsista entrou em contato com a direção de cada uma das escolas
de Campinas para a autorização das visitas e o agendamento dos horários. Também foram atualizados os
dados das escolas, como o nome, complemento de endereço, contato, telefones, etc. No caso do CEU o
contato foi feito diretamente com a Secretaria Municipal de Educação. O pesquisador organizou todo o
agendamento das escolas e participou das visitas.
Além disso, nas aulas práticas, o pesquisador auxiliou os professores no atendimento a cada uma
das equipes para o desenvolvimento dos trabalhos.
112
Figura 37 - EE Roberto Marinho, projeto de Andrade e Moretini;
Figura 38 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto de MMBB
Figura 39 - EE Maria de Lurdes, projeto de Veiner e Polielo;
Figura 40 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto de UNA
114
6 - Participação em eventos
6.1 - Palestras
6.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil Bonduki
Palestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron no dia 6 de
maio de 2009. Teve como tema a atual política habitacional do governo federal.
Inicialmente o palestrante contextualizou historicamente a produção habitacional destinada a
classes de renda inferiores. Com a diversificação do capital cafeeiro e o desenvolvimento da cidade de São
Paulo, chega-se ao primeiro período exposto. Os empresários ligados ao ramo do café investem os
excedentes obtidos com a exportação e começam a investir na cidade, e, uma das atividades econômicas é
a construção civil. Para os mais pobres eles constroem casas e vilas operárias, mas também começam a
surgir habitações insalubres e cortiços. Esta é uma época em que o poder público não intervêm na
produção.
A seguir, chega-se numa fase em que o governo começa a participar, com as Caixas dos Institutos
de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que construíam para os seus associados; e posteriormente com a
Fundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão criado especificamente para produzir habitações
de interesse social. É no governo de Getúlio Vargas que se começa a popularizar a opção de compra da
casa. Em parte, influenciado pela lei do Inquilinato, que congelou os preços dos alugueis e desestimulou a
construção de casas para esse fim.
Já nas décadas de 1960 e 70, novamente em um regime autoritário, o governo cria o Banco
Nacional de Habitação (BNH). Apesar de algumas críticas, como a falta de participação popular nos
processos decisórios e a falta de qualidade arquitetônica dos conjuntos, os militares conseguiram viabilizar
a produção de um número significativo de habitações. Com a desestruturação do Banco na década de
1980, chega ao fim um modelo de financiamento, que tinha como as duas grandes fontes o Fundo de
Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Os
financiamentos habitacionais do governo foram redimensionados e direcionados para a Caixa Federal (CF).
115
O palestrante também mostrou detalhes sobre o novo programa habitacional do governo federal:
"Minha casa, Minha vida". Antes do lançamento do programa, o projeto foi longamente debatido através de
interlocuções realizadas pelo Ministério das Cidades, com a participação da sociedade civil organizada,
representantes do setor da construção civil, etc. Ele mostrou as dificuldades geradas para a finalização do
projeto por causa da reestruturação sofrida neste ministério a partir de 2005.
O programa prevê o atendimento a várias faixas de renda, e terá subsídios para as de renda mais
baixa. Outras questões levantadas foram a construção de habitações para a população residente na zona
rural; a pesquisa sobre inovações nos métodos construtivos; a localização que estas habitações teriam na
cidade e a questão fundiária; a utilização de planos diretores como instrumento de restrições a especulação
fundiária, etc.
Esta apresentação do professor Dr. Nabil Bonduki se insere num ciclo de palestras sobre políticas
públicas para a habitação que o Programa de Pós-Graduação de em Arquitetura e Urbanismo da EESC-
USP organizou. A outra palestra foi a de Raquel Rolnik.
6.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel Rolnik
Dentro do ciclo de palestras sobre políticas públicas atuais para habitação, realizou-se na EESC a
palestra com a professora Dra. Raquel Rolnik no dia 3 de junho de 2009. Ela expôs detalhes da concepção
e desenvolvimento do programa Minha casa, Minha vida do governo federal, comparando com exemplos de
programas realizados em outros países, como México e Chile.
Mostrou também a influência que grandes empresários do ramo imobiliário tem sobre o governo e a
priorização do programa para a dinamização do capital da indústria da construção civil. Apenas 200
empresas no Brasil são "gericadas", ou seja, tem experiência em gestão de capital de risco e aptas a
empreender casas dentro do programa. Os próprios números evidenciam esta inversão: 1 bilhão de reais
destinado ao fundo para a produção de habitação de interesse social, e 34 bilhões para o programa Minha
Casa, Minha Vida.
Por outro lado, descreveu algumas regras que os municípios terão que adotar para conseguirem
verbas do programa: promover desonerações tributárias, doação de terrenos em áreas consolidadas,
implementar os mecanismo do estatuto da cidade, etc.
116
6.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu Perrin
Apresentação do doutorando Mathieu Perrin do Institut d´Urbanisme de Grenoble da Université
Grenoble II Pierre Mendès France. O pesquisador fez intercâmbio no ano de 2008 no Nomads.usp e no mês
de novembro deu uma palestra para o departamento de Arquitetura.
Apresentou o problema dos condomínios fechados como um fenômeno mundial – a sua pesquisa
caracteriza alguns exemplares destas moradias em três países: Estados Unidos, África do Sul e Brasil.
Evidencia a origem e as especificidades no processo de formação dos condomínios em cada um destes
lugares, inserindo-os num contexto de forte evolução das relações sociais e de poder. Essa análise integra-
se a uma reflexão mais ampla sobre as mudanças dos modelos sócio-espaciais e de morar desde o fim do
século XIX.
Ele mostrou que na construção de condomínios há uma territorialização do habitar, e que isso
acaba institucionalizando o ambiente: uma forma de defesa de interesses particulares. Segundo Lagroye, a
instituição é "um conjunto de práticas, de tarefas particulares, de ritos e regras de conduta entre pessoas.
Mas a instituição é também o conjunto das crenças ou das representações relacionadas a essas práticas,
que definem sua significação e que tem tendência a justificar sua existência". Mathieu também definiu a
territorialização do habitar como "a delimitação de um espaço que a vizinhança considera importante de
preservar para evitar que esse mesmo perca a sua qualidade original".
Além disso, expôs algumas definições sobre o habitar, como a de Heidegger: "construir, habitar,
pensar", e outras sobre o espaço habitável, como a de Chalas: "área de ritos, dos costumes, das
mobilidades, das práticas, das sociabilidades". Além de algumas referências sobre o crescimento da
individualidade: "A democracia na América" de Tocqueville, e "A democracia contra ela mesma" de
Gauchet.
O pesquisador também mostrou alguns resultados preliminares do trabalho desenvolvido na cidade
de São Carlos. Foram feitas visitas a vários condomínios fechados e entrevistas com alguns moradores (ver
detalhes no Espaços de Morar, item 4.2.1.1).
117
6.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira
Palestra realizada na Escola de Engenharia de São Carlos no auditório Jorge Caron em março de
2008. Teve como tema central a cidade global. Houve também o lançamento do livro "O mito da cidade
global", que é um desdobramento de sua tese de doutorado.
Segundo o autor, o objetivo é "contribuir para a desmistificação de um conceito amplamente
divulgado no meio urbanístico brasileiro e internacional: o de que as cidades de hoje, para conseguirem
sobreviver ao ambiente competitivo e globalizado da economia atual, devem seguir um receituário
específico, de forte perfil neoliberal, cuja implementação deve ser feita através de "novas" técnicas de
urbanismo como o Planejamento Estratégico. A esse padrão urbano foi dado o nome de "cidade-global".
Além do conceito de cidade global, mostrou também a sua incompatibilidade com São Paulo, e
como os critérios para a sua utilização não se aplicam para a cidade.
6.2 - Café com Pesquisa
O Café com pesquisa é um evento organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da EESC-USP com o objetivo de permitir aos seus alunos apresentar suas pesquisas. Também
é uma oportunidade para os pós-graduandos debateram seus estudos com outros pesquisadores. O
bolsista participou como ouvinte em uma edição, descrita a seguir.
6.2.1 - Café com Pesquisa - Maristela Janjulio
Realizada dia 25 de junho de 2008 no auditório Paulo de Camargo no Departamento de Arquitetura
e Urbanismo da EESC-USP, estava inserida no ciclo de palestras do programa "Café com Pesquisa". A
arquiteta Maristela Janjulio - mestranda do Programa - analisou o tema "Ressonâncias arts and crafts na
arquitetura residencial paulistana nos anos 1920/30".
O movimento arts and crafts surgiu na Inglaterra no fim do século XIX valorizando o ato do trabalho,
e não somente o produto final. Era uma reação contra o processo de industrialização ocorrido na Europa e a
divisão do trabalho. Segundo a autora, "na arquitetura, esta reação à divisão do trabalho transparece no
118
conceito da unidade do desenho e da obra de arte total". Mostrou as ressonâncias do movimento no Brasil,
especialmente em São Paulo no pós Primeira Guerra.
6.3 - Seminários
6.3.1 - Seminário TIC_ARQ_URB - 5
O seminário TIC_ARQ_URB acontece periodicamente desde 2004 e reúne os dois grupos de
pesquisa do Programa de Pós-Gradação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São
Carlos que trabalham a inserção das tecnologias de informação e comunicação na arquitetura: O e-Urb –
Urbanização Virtual e Serviços Urbanos Telemáticos - e o Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares
Interativos.
A edição de 2008 contou com a participação do Prof. Dr. José dos Santos Cabral Filho do LAGEAR
da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Ele mostrou trabalhos por ele propostos na disciplina de
Projeto, com instalações feitas pelos alunos na universidade usando tecnologias de informação. Foram
discutidas também metodologias de pesquisa de cada grupo, procurando fazer aproximações com os
objetos de estudo.
119
7 - Plano de trabalho para as próximas etapas da
pesquisa
A partir do que já foi estudado nas etapas anteriores, concluiu-se que na etapa 7, de coleta de
dados complementares, seria importante um aprofundamento nas seguintes questões:
- normas para financiamento do BNH: análise da documentação que possivelmente indicava diretrizes para
os projetos arquitetônicos dos edifícios financiados pelo Banco nas décadas de 1960 e 70. O interesse que
o BNH tinha em conseguir produzir um grande número de habitações pode tê-lo levado a condicionar o
financiamento à manutenção de um projeto padrão;
- outras fontes bibliográficas que acrescentem informações sobre o processo de verticalização e a produção
de edifícios.
7.1 - Próximas etapas de trabalho
etapa 7 – Coleta de dados complementares – será dada preferência para a análise das normas do BNH
referentes às condições que o Banco colocava para o financiamento das habitações. É possível que estas
regras contenham condicionantes que limitavam as soluções espaciais dos apartamentos. O bolsista já
realizou uma análise através de fontes secundárias sobre o surgimento e estruturação do BNH, relatado no
item 4.2.4 "produção de textos": ABECIP, 1977; Azevedo, 1996; Bolaffi, 1980; Bonduki, 1997; Bonduki e
Rolnik, 1979; Borges, 1973; Brandão, 1997; Cardoso, 1996; Coccaro, 2000; Costa, 1972; Fabrício, 1996;
Lago e Ribeiro, 1996; Maricato, 1983; Ribeiro e Azevedo, 1996; Salgado, 1997; Trindade, 1971. Agora, o
objetivo é analisar diretamente os documentos do banco: suas diretrizes, normas e leis que eventualmente
tenham influenciado nos projetos.
Em conversa com pesquisadores que estudam políticas públicas e produção de habitação – Profs.
Drs. Nabil Bonduki, Raquel Rolnik, Sarah Feldman, Miguel Buzzar, Rossella Rossetto, e com a doutoranda
Maria Cecília Luchese, – o bolsista soube que o acervo documental do BNH foi repassado para a Caixa
Econômica Federal quando ele foi extinto. Estes documentos se encontram numa biblioteca da CEF na
cidade de Brasília, e em função disso, será agendada uma viagem para a coleta destas informações.
120
etapa 8 – Análise dos projetos – serão analisados os projetos dos edifícios das décadas que representam
algum interesse para a pesquisa:
- as décadas de 1930 e 1940, comparando projetos anteriores e posteriores a lei do Inquilinato. Alguns
autores sugerem que o início da atividade da incorporação imobiliária começou na década de 1940, com o
surgimento e profissionalização de empresas especializadas no ramo imobiliário: o aparecimento da figura
do incorporador. O bolsista percebeu a necessidade da uma análise prévia nesta década, que é anterior ao
recorte cronológico proposto inicialmente no plano;
- a década de 1950 e início da década de 1960 – fase entre a regulamentação da lei do Inquilinato e o início
do governo militar de 1964;
- e os projetos posteriores a 1964 até o final da década de 1970 (limite cronológico da pesquisa) já sob
influência do BNH;
O objetivo desta leitura da evolução das plantas dos apartamentos ao longo do tempo - usando o
banco de dados do Nomads.usp - é associar uma determinada solução de planta ao contexto de produção
em que ela está inserida, por exemplo: quando o mercado se profissionalizou a partir da década de 1940, o
projeto sofreu alterações? E nos anos de influência do BNH? Tentar entender a planta também como
resultado de um processo que envolve decisões que por vezes margeiam a arquitetura. À essa leitura será
acrescentada informações colhidas com a revisão bibliográfica, e que reforcem estas conclusões. Depois da
organização dos dados, da percepção de recorrências e características, e da determinação de categorias
de análise para a comparação dos edifícios, será realizada uma reunião no grupo de estudos Espaços de
Morar, para que outros pesquisadores tenham a oportunidade de ajudar na análise dos apartamentos,
gerando visões mais amplas e críticas.
etapa 9 – Entrevistas - será realizada a etapa 3, prevista inicialmente no plano e que foi alterada. Os
motivos, bem como as intenções estão relatadas no item 4.2.2 "entrevistas".
121
etapa 10 – Organização e análise de dados complementares:
- para o estudo das normas do BNH (etapa 7) os documentos serão fotocopiados para posterior análise.
Serão observados possíveis implicações destas normas, comparando-as com os projetos do banco de
dados de apartamentos do Nomads.usp.
- para a análise dos projetos dos apartamentos (etapa 8) será feito uma ficha em Word com dados do
edifício, algumas peças gráficas e observações sobre as suas características. Para cada década estudada
será listada as características gerais e, a partir dela, será realizada uma planilha em Excel;
- as entrevistas (etapa 9) realizadas serão gravadas;
Para os três estudos (etapas 7, 8, 9) estão previstas reuniões no grupo de estudos Espaços de
Morar, onde serão apresentados e discutidos os resultados.
etapa 11 – Qualificação - Produção do memorial de qualificação e realização do exame;
etapa 12 – Avaliação e registro dos resultados;
etapa 13 – Produção da dissertação e elaboração do Relatório Científico 2 da FAPESP.
122
7.2 - Planilha das próximas atividades
1º SEMESTRE 2º SEMESTRE 3º SEMESTRE 4º SEMESTRE
Atividades
mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Etapa 7. Coleta de
dados
complementar
Etapa 8. Análise de
projetos
Etapa 9. entrevistas
Etapa 10. organização e
análise complementar
Etapa 11. Qualificação
Etapa 12. Avaliação e registro dos
resultados
Etapa 13. Dissertação e
Relatório final FAPESP
123
8 - Bibliografia
ABECIP – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança; CBPE – Centro de Produtividade e Expansão do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Habitação – a experiência brasileira, 1977
Anelli, R. L. S. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995
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mestrado. Rio de Janeiro: PUC, 2006
Berquó, E. A família no século XXI – um enfoque demográfico. In: Revista Brasileira de Estudos de População. v. 6. n. 2. São
Paulo, julho/dezembro 1989
Bolaffi, G. Para uma nova política habitacional e urbana – possibilidades econômicas, alternativas operacionais e limites
políticos. In: Valladares, Ligia do Prado (org). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zabar, 1980
Bonduki, N. G. Habitat II e a emergência de um novo ideário em políticas urbanas. In: Gordilho-Souza, Ângela (org). Habitar
contemporâneo - novas questões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997
BondukiI, N. Origens da Habitação Social no Brasil Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, 3ª Ed.,
São Paulo, Estação Liberdade, Fapesp, 1998.
Bonduki, N.; Rolnik, R. Periferia da Grande São Paulo - reprodução do espaço como expediente de reprodução da força de
trabalho. In: Maricato, Ermínia (org). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Omega, 1979
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Brandão, M. de A. Habitar como questão de política publica. In: Gordilho-Souza, Angela (org). Habitar contemporâneo - novas
questões no Brasil dos anos 90. Salvador, 1997
Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981
Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976
Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977
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grandes cidades – da questão da habitação à reforma urbana. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996
Cardozo, D. de M. A estagnação do modelo habitacional – uma releitura necessária sobre o apartamento paulistano.
Dissertação de mestrado. São Paulo: Mackenzie, 2005
CDHU. Manual técnico de projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008
Coccaro, J. L. Modernização urbano – industrial e arquitetura na cidade de São Paulo no período de 1960-1975. Dissertação de
mestrado. São Paulo: FAU-USP, 2000
124
Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000
Costa, R. V. da. Desenvolvimento e crescimento urbano no Brasil. Rio de Janeiro: BNH, 1972
Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981
Dean, W. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.
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Mestrado. São Carlos: EESC‐USP, 200
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Acesso em: 6 nov 2008
Durand, J. C. Arte, privilégio e distinção. Parte II – Importação do "Modernismo" (1890-1945). Capítulo 4,5 e 6. São Paulo:
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Fabrício, M. M. Processos construtivos flexíveis – projeto da produção. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 1996
Farias, A. A. C. Arquitetura eclipsada – notas sobre história e arquitetura a propósito da obra de Gregori Warchavchik,
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Ferro, S. O canteiro e o desenho. São Paulo: Projeto, 1979
Ficher, S. Edifícios altos no Brasil. In: Revista Espaços e Debates n. 37. São Paulo, 1994
Ficher, S. Os arquitetos da Poli – ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005
Foot, F.; Leonardi, V. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1982
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Organizado por Maria Lucia Caira Gitahy e Paulo César Xavier Pereira São Carlos: Rima, 2002.
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Lemos, C. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 1985
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Lemos, C. Cozinhas, etc. – um estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976
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Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002
Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 2006
Wilheim, J. São Paulo metrópole 65. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1965
127
9 – índice de figuras
Figura 1 - estagiários do treinamento.Nomads de 2008
Figura 2 - edifício Spazio Chateaubriant, incorporado pela empresa MRV em 2008 na cidade de Curitiba – levantamento realizado no
Treinamento.nomads 2008 e que hoje faz parte do banco de dados sobre apartamentos.
Figura 3 - edifício de apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio de Abreu esquina rua Senador Queiroz
– duas unidades por andar, duas propostas de plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção da
direita, os quartos estão no centro, com um gabinete a uma sala na frente e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção da
esquerda, já existe uma indicação de agrupamentos em zonas e uma seqüência de usos, como sala de jantar -copa-cozinha (fonte:
banco de dados Nomads.usp)
Figura 4 - plano de Atílio Correa Lima para a cidade de Goiânia, que previa inicialmente uma população de 50.000 habitantes
Figura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008
Figura 6 - sala de apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição de funções e
improviso nos usos: mesa para refeições, computador e sofá.
Figura 7 - planta do condomínio residencial Mont Serrat
Figura 8 - planta e foto de residência no loteamento fechado Bosque de São Carlos
Figura 9 - opção de planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremidades do apartamento, tirando a
hierarquia dos ambientes. Não existe mais um corredor íntimo que leva a uma zona íntima (fonte: banco de dados sobre apartamentos
Nomads.sp)
Figura 10 - opção de planta do edifício Combinatto – notar a existência de um ambiente de trabalho com entrada independente (fonte:
banco de dados sobre apartamentos Nomads.sp)
Figura 11 - capa apresentação Flash – junho 2008
Figura 12 - edifício S. Carneiro, São Paulo, 1910 – 2º pavimento: residência, 1º pavimento: loja
Figura 13 - foto e fachada do edifício Gazeau, de 1929 – projeto de Rino Levi (Fonte: ANELLI, 1995)
Figura 14 - foto casa na Rua Santa Cruz, de 1927 – projeto de Gregori Warchavchik (fonte: www.arcoweb.com.br/debate76)
Figura 15 - residência Mário Brazil, projeto que Vital Brazil fez com a parceria de Adhemar Marinho em Niterói 1934 (fonte:
CONDURU, 2000)
Figura 16 - foto e plantas do 10º e 11º andar do edifício Esther, projetado por Vital Brazil em 1935 e de propriedade da Usina Esther
(fonte: banco de dados sobre apartamentos Nomads.usp)
Figura 17 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1934
(fonte: Conduru, 2000)
128
Figura 18 - perspectiva e planta prédio de apartamento projetado por Vital Brazil e Adhemar Marinho no Rio de Janeiro em 1935
(fonte: Conduru, 2000)
Figura 19 - foto e plantas tipo A e B e implantação do edifício Anchieta, projeto Marcelo e Milton Roberto – 1941. Endereço: avenida
Paulista com Avenida Angelica. Propriedade IAPI (banco de dados sobre apartamentos Nomads.usp) - projeto realizado dois anos
depois de seu primeiro projeto de edifício residencial, localizado na rua do Lavradio nº106, no centro do Rio de Janeiro – com previsão
de apartamentos duplex (IZAGA, 2008)
Figura 20 - Associação Brasileira de Imprensa (ABI), projeto de Marcelo e Milton Roberto – Rio de Janeiro, 1935 (fonte foto:
www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq051). A utilização de brises foi uma constante na obra dos Roberto, e que no caso da ABI “torna-
se a expressão principal do projeto” (IGAZA, 2008). A autora coloca que o brise-soleil foi proposto inicialmente por Le Corbusier, em
1933-34, no projeto em Durand na Argélia.
Figura 21 - texto e desenhos do `poema da curva´, Oscar Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai. / Nem a linha reta, dura,
inflexível, / criada pelo homem. / O que me atrai é a curva livre e / Sensual. / A curva que encontro nas / Montanhas do meu país, no
curso sinuoso / Dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo / Da mulher amada. / De curvas é feito todo o universo. / O universo curvo
de Einsten”. Reproduzido na revista Módulo nº 97, de fevereiro de 1988. (fonte: PEREIRA, 1997)
Figura 22- foto do edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer em 1951, encomenda do Banco Nacional Imobiliário (fonte: banco de
dados sobre apartamentos Nomads.usp)
Figura 23 - anúncio do edifício Califórnia, mostrando a presença de Oscar Niemeyer no projeto (fonte: LEAL, 2008)
Figura 24 - interface de busca dos documentos do Nomads.usp que o pesquisador desenvolveu: www.nomads.usp.br/documentacao
Figura 25 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): foto – visita Abril-
2009
Figura 26 - projeto de edifício de apartamentos de Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, de 1947 (não construído): perspectiva –
banco de dados Nomads.usp
Figura 27 - edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – visita Abril-2009
Figura 28- edifício de apartamentos de Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953: foto – banco de dados Nomads.usp
Figura 29 - foto – interior de apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão de Tatuí, de 1953 - visita Abril-2009
Figura 30 - foto – interior de apartamento - edifício Esther, de 1935 - visita Dezembro-2009
Figura 31 - edifício Porchat, de Rino Levi, Rua São João, de 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008
Figura 32 - edifício Angel, de Julio de Abreu, Rua Angélica, de 1927 – mudança de uso: agora, uma loja de móveis – visita Abril-2008
Figura 33 - edifício Vila Normanda, de Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, de 1953 – galeria comercial situada no térreo do
edifício (diversidade de usos e transito de pedestres pelo interior do lote) – visita Abril-2009
Figura 34 - edifício Prudência, de Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, de 1944 – outro exemplo de térreo aberto e integrado com a
rua (hoje fechado com grades) – visita Dezembro-2009
Figura 35 - outros prédios em Higienópolis e proximidades que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato
(prédios que o banco de dados ainda não possui plantas nem autoria de projeto) – visita Maio-2009
129
Figura 36 - website da disciplina que o pesquisador desenvolveu e atualizou
Figura 37 - EE Roberto Marinho, projeto de Andrade e Moretini;
Figura 38 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto de MMBB
Figura 39 - EE Maria de Lurdes, projeto de Veiner e Polielo;
Figura 40 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto de UNA
Figura 41 - CEU Butantã – São Paulo
_____________________________________________________________
130
bolsista: Felipe Anitelli orientador: Prof. Assoc. Marcelo Tramontano
10 - Anexos
10.1 - Ficha do aluno
Ficha Aluno
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
18142 - 5980876/2 - Felipe Anitelli
Email: [email protected]
Data de Nascimento: 30/01/1980
Cédula de Identidade: RG - 27.886.258-5 - SP
Local Nascimento: Estado de São Paulo
Nacionalidade: Brasileira
Graduação: Arquiteto e Urbanista - Centro Universitário "Barão de Mauá" - - São
Paulo - Brasil - 2003
Curso: Mestrado em Arquitetura e Urbanismo
Área: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo
Data da Matrícula: 03/03/2008
Início da Contagem de Prazo: 03/03/2008
Data Limite: 03/03/2011
Orientador(es): Prof(a). Dr(a). Marcelo Claudio Tramontano - 03/03/2008 a -- E.Mail:
Proficiência em Línguas: Inglês, Reprovado em 12/12/2008
Exame de Qualificação:
Data do Depósito do Trabalho:
Data máxima para aprovação da
Banca:
Título do Trabalho:
Data de Aprovação da Banca:
Data Máxima para Defesa:
Data da Defesa:
Resultado da Defesa:
Ocorrência: Última matrícula em 08/02/2009
131
Sigla Nome da Disciplina Início Término Carga
Hor. Cred. Freq. Conc. Exc. Sit.
Matric.
SAP5842-3 A Cidade no Século XIX:
Representações e Projetos 04/03/2008 26/05/2008 180 12 100.00 B N Concluída
SAP5824-5 O Espaço da Cidade I: Gênese e
Formação do Urbanismo
Moderno 27/03/2008 18/06/2008 180 12 100.00 B N Concluída
SAP5825-4 Arquitetura e Cidade na Poética
das Vanguardas 05/08/2008 17/11/2008 180 12 100.00 B N Concluída
SAP5879-1 Tópicos Especiais: Avaliação
Pós-Ocupação no Contexto da
Gestão do Processo de Projeto 05/08/2008 27/10/2008 180 12 83.00 B N Concluída
SEM5892-6 Metodologia e Pesquisa
Bibliográfica 21/08/2008 03/12/2008 90 6 87.00 A N Concluída
Créditos mínimos exigidos Para Exame de
Qualificação Para Depósito de
Dissertação/Tese Créditos obtidos
Disciplinas: 48 48 Disciplinas: 54
Atividades Programadas: 0 0 Atividades Programadas: 0 Seminários: 0 0 Seminários: 0 Estágios: 0 0 Estágios: 0
Disciplinas ou Atividades: 12 12
Total: 60 60 54
Créditos Atribuídos à Dissertação : 60
Conceito até 31/12/1996:
A - Excelente, com direito a crédito; B - Bom, com direito a crédito; C - Regular, com direito a crédito; D -
Insuficiente, sem direito a crédito; E - Reprovado, sem direito a crédito; I - Incompleto; J - Abandono Justificado; T
- Transferência.
Conceito a partir de 02/01/1997:
A - Excelente, com direito a crédito; B - Bom, com direito a crédito; C - Regular, com direito a crédito; R -
Reprovado; T - Transferência.
Um(1) crédito equivale a (15) horas de atividade programada.
Situação em: 23/06/2009 17:28
132
10.2 - Visitas a edifícios de apartamentos na cidade em São Paulo
10.2.1 - Mapa
mapa usado na visita n. 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos – localização de cada edifício
133
10.2.2 - Ficha
edifício...
projeto: Giancarlo Palanti
ano: 1953
endereço: Rua Barão do Tatuí
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____________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________
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134
10.3 - Agendamento entrevistas
10.3.1 - Prof. Dr. Nabil Bonduki
Date: Fri, 19 Jun 2009 12:06:28 -0700
From: [email protected]
Subject: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
oi,
numa conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição na
pesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nosso
estudo.
vc teria a disponibilidade de falar comigo algum dia? se marcarmos uma entrevista?
felipe anitelli
De: Nabil Bonduki <[email protected]>
Assunto: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
Para: [email protected]
Data: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 16:44
oi Felipe, só posso a partir do 2o semestre. Então podemos marcar em agosto
Nabil
Date: Fri, 19 Jun 2009 13:10:19 -0700
From: [email protected]
Subject: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
oi professor, obrigado!
135
ok em agosto...
deixamos alguma data pré agendada?
felipe anitelli
De: Nabil Bonduki <[email protected]>
Assunto: RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
Para: [email protected]
Data: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 23:16
prefiro não deixar pois está meio longe e o risco de dar problemas é grnade. Qdo chegar perto a
gente marca
um abraço
Nabil
RE: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
Segunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:47
De: "felipe anitelli" <[email protected]>
Para: "Nabil Bonduki" <[email protected]>
ok, tudo bem... obrigado!
te escrevo novamente no fim de julho.
felipe anitelli
10.3.2 - Profa. Dra. Raquel Rolnik
Sexta-feira, 19 de Junho de 2009 16:08
De: "felipe anitelli" <[email protected]>
Para: "Raquel Rolnik" <[email protected]>
oi,
136
numa conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição na
pesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nosso
estudo.
vc teria a disponibilidade de falar comigo algum dia? se marcarmos uma entrevista?
felipe anitelli
De: Raquel Rolnik <[email protected]>
Assunto: Re: contato - mestrando em arquitetura EESC-USP...
Para: "felipe anitelli" <[email protected]>
Data: Segunda-feira, 22 de Junho de 2009, 15:12
Olá Felipe,
Diante da minha agenda de atividades da relatoria, somente será possível a partir de agosto.
Entraremos em contato novamente a partir do dia 15 de julho (quando volto de genebra)
para agendar uma data específica (me escreva novamente)!
Obrigada
Raquel
Segunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:45
De: "felipe anitelli" <[email protected]>
Para: "Raquel Rolnik" <[email protected]>
ok, tudo bem... obrigado!
te escrevo novamente no fim de julho.
felipe anitelli
137
10.3.3 - Profa. Dra. Rossella Rossetto
Date: Fri, 19 Jun 2009 12:10:04 -0700
From: [email protected]
Subject: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...
oi,
numa conversa com o Marcelo Tramontano, meu orientador, concluímos que a sua contribuição na
pesquisa seria muito importante. Achamos que vc acrescentaria informações valiosas ao nosso
estudo.
vc teria a disponibilidade de falar comigo algum dia? se marcarmos uma entrevista?
felipe anitelli
De: Rossella Rossetto <[email protected]>
Assunto: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...
Para: [email protected]
Data: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 17:05
Felipe, é claro que falo com vc. Pode ser no começo de julho?
Vc está aqui em SP ou em SCarlos?
Abç, Rossella
Date: Fri, 19 Jun 2009 13:14:46 -0700
From: [email protected]
Subject: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...
rossella, obrigado!
então, eu ainda estou fazendo algumas leituras e análises que darão suporte para estruturar esta
entrevista...
poderia ser em agosto?
eu estou em são carlos, mas posso ir pra são paulo sem problemas.
138
* eu preferi marcar com antecedência pra ver uma data melhor pra vc.
felipe anitelli
De: Rossella Rossetto <[email protected]>
Assunto: RE: dúvida - mestrando do depto arq EESC-USP...
Para: [email protected]
Data: Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 19:41
Ok agosto, mas a gente marca a data quando estiver mais perto.
RR
Segunda-feira, 22 de Junho de 2009 15:47
De: "felipe anitelli" <[email protected]>
Para: "Rossella Rossetto" <[email protected]
ok, tudo bem... obrigado!
te escrevo novamente no fim de julho.
felipe anitelli