Como Fazer Uma Horta Caseira
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Como fazer uma horta caseiraPublicado em 8 de julho de 2011 por Anderson Porto
por Anderson Porto
De tempos em tempos recebo pedidos de ajuda de pessoas
do mais variados locais do Brasil (e até do exterior)
querendo dicas de como iniciar um cultivo caseiro de
alimentos.
Em geral procuram saber qual a melhor forma de aproveitar um espaço que
possuem em casa ou apartamento para fazer uma hortinha com verduras e
legumes, talvez um canteiro de ervas medicinais ou mesmo de temperos e
ervas aromáticas.
Ao meu ver estas pessoas que se pegam olhando um espaço no quintal, ou um
pedaço da casa que bate sol uma parte do dia, ficam ali pensando em como
seria bom se pudessem colher alguns tomates, alfaces, temperos… Vegetais
fresquinhos e orgânicos.
Bem… O que está faltando? Conhecimentos básicos, ferramentas e disposição
para começar!
Uma vez tomada a decisão de cultivar pequenas hortas residenciais; seja
porque gostam de alimentos mais saudáveis, sem agrotóxicos ou fertilizantes
inorgânicos (destroem o equilíbrio da terra), seja porque entendem que cultivar
uma horta em casa pode ser muito prazeroso e excelente terapia; enfim, seja lá
o motivo que for, a tarefa sem dúvida é uma das formas prazerosas de voltar a
ter um contato maior com a Natureza, através do cultivo de plantas.
Cultivar hortas é simples: requer um pouco de conhecimento, atenção e
bastante disposição para pequenas tarefas rotineiras. O segredo de uma horta
bem cuidada é, através da observação minuciosa, utilizar o que vamos
aprendendo durante o processo de desenvolvimento de cada planta,
percebendo necessidades de água, nutrientes ou luz solar, cor das folhas,
pragas que possam tentar se instalar etc.
Foto: Ernildo José Lanzarini
Todas as dicas de como cuidar delas são elas mesmo que nos ensinam, através
de uma linguagem de sinais. As plantas falam através de sinais químicos,
visualmente perceptíveis ou mesmo através de odores, como cheiros na terra e
no ar.
Basicamente irei tentar passar adiante um pouco do conhecimento que adquiri
desde o início do projeto Tudo Sobre Plantas e irei destacar algumas dicas
importantes para um bem sucedido cultivo.
Se tiverem dúvidas é só perguntar no espaço para comentários, ok?
Bem… Vamos lá!
Para fazer uma horta caseira você precisará de:
ETAPA 1 – PLANEJAMENTO
.
Tudo começa no planejamento. É imprescindível que você descubra o melhor
lugar (ou os melhores lugares) em seu terreno, para construir os canteiros de
sua horta.
Existem alguns fatores importantes que devem ser levados em conta:
1) Posição do sol durante o dia ( e ) ao longo das estações do ano –
Plantas necessitam de luz para se desenvolver, é fato. A fonte de luz mais
barata que temos é nosso Sol. Acontece que o sol muda de posição ao
longo das estações do ano. Na parte da manhã de uma primavera ele está
num determinado ponto do céu. Se você prestar atenção ao longo do ano,
o sol estará em outro ponto do céu, ás vezes diametralmente oposto,
numa manhã de outono.
Por isso é importante descobrir o melhor lugar para
instalar sua horta, porque em geral o melhor lugar
tende a ser sempre aquele que recebe sol
parcialmente durante o Verão e bastante sol
no Inverno. Nem sempre isso acontece e aprender
como lidar com isso ajuda muito no planejamento da
horta.
DICA: anote! Escolha um ponto de referência no centro do terreno e marque
com estacas, mês a mês, a posição do sol no horizonte tanto no nascer quanto
no poente = trace uma linha imaginária entre o ponto de referência e o
sol, marque com o bambu ou madeira um ponto no meio desta linha imaginária.
Perceba também as sombras que ele poderá fazer ao longo do dia.
Por que isso é importante? Simples! Um local que recebe sol direto pode receber
cobertura com sombrite ou telas, amenizando o calor e a iluminação e, numa
estação em que o local fique na sombra, a cobertura pode ser temporariamente
retirada.
O ideal é escolher um local que receba pelo menos 6 horas de sol por dia, de
preferência na parte da manhã. Se seu quintal nos fundos não é ensolarado o
suficiente, pense na possibilidade de usar o jardim da frente.
DICA: O local ideal fica afastado de ruas e avenidas, longe de poluição
carregada pelo vento.
Se o gramado for o local mais ensolarado do seu jardim, considere mudá-lo de
lugar. Desenterre o torrão e transporte para outro lugar, elimine a grama
cobrindo-a com jornal ou plástico, ou então construa um jardim suspenso.
Não plante sua horta muito perto de árvores frondosas ou de folhas muito
grandes. Elas vão sombrear os legumes e verduras e competir por água e
nutrientes.
Resumindo: sol demais tem solução, sol de menos ou falta de sol,
não(excetuando-se, claro, as iluminações artificiais).
2) Irrigação – quanto de água disponível existe no local? É possível captar
água de chuva e armazenar em bombonas ou cisternas? A água da chuva segue
para algum ponto específico no terreno, isto é, escoa para algum lugar?
Cave um buraco com cerca de 30 cm de profundidade e encha-o d’água. Se a
água empoçar por muito tempo, você precisará instalar uma tubulação especial
para escoar o excesso de água ou cultivar em canteiros suspensos.
Um fator importante é a posição de torneiras, disponibilidade (se falta água ou
não) e distância do local da horta, simplesmente porque sem água as plantas
murcham, secam e morrem. Água é essencial.
Uma horta pequena em geral necessita de pouca água – uma mangueira resolve
o problema – mas se você cultivar vários e vários canteiros, pode ser mais
interessante investir num sistema de gotejamento, para manter o solo úmido.
Para cada caso há uma necessidade específica.
Uma boa idéia é começar com irrigação por regadores. Caso a horta cresça
e valha a pena o investimento, você pode instalar uma irrigação por
gotejamento. A fertirrigação orgânica hoje em dia está mais em conta e facilita
bastante, porque você pode adubar e irrigar ao mesmo tempo, poupando
trabalho.
Dica: atenção para os horários de rega: sempre na parte da manhã e/ou à
tardinha, quando o sol está ameno. Regar quando está muito calor com sol a
pino faz a água evaporar rapidamente e as plantas podem ficar até queimadas
nas folhas, pois as gotas concentram os raios do sol como lupas.
3) Tamanho dos canteiros – comece sempre construindo pequenos canteiros,
suficientes para cultivar 3 ou 4 espécies diferentes. Tenho certeza que, quando
você colher a primeira safra, irá se sentir tão bem que irá querer fazer mais
canteiros e ensinar seus vizinhos a cultivar também.
Uma medida ideal é:
- largura: um pouco menor que duas vezes o tamanho do seu braço;
Evite canteiros muito largos, para não ter que se apoiar na terra na hora de
cuidar das plantas ou ficar em posições muito incômodas.
- comprimento: vai variar em função do espaçamento das espécies cultivadas.
Pode-se tomar como regra um espaçamento de 40 cm, de uma planta para
outra.
Por exemplo: uma família com 4 pessoas consome, em geral, um molho de
alface, 3 tomates, metade de uma couve-flor e uma ou duas cenouras – por dia!
Se você for plantar alface, tomate, couve-flor e cenoura (4 plantas), então o
canteiro terá que ter 4 x 40cm = 1,6 metros.
Se não quiser fazer contas, comece com canteiros de 2 metros de comprimento.
Evite canteiros muito compridos, para não
ter que misturar plantas que não
possuam as mesmas necessidades de
água e iluminação solar, ou terra
preparada de formas diferentes.
- altura: quanto mais alto o canteiro fica
acima do chão, mais terra e mais
trabalho, mas menos necessidade de se
abaixar. As raízes de tubérculos
necessitam de maior profundidade e
existem alguns cultivos que precisam de
suporte para os galhos.
A altura ideal fica entre 20 cm à 50 cm. Já vi alguns canteiros suspensos
utilizando caixas de madeira (aqueles de feira livre). Consegui pensar em alguns
motivos: cansa menos, é mais fácil de observar, mantém a plantação longe de
animais domésticos e facilita a colheita.
Uma horta suspensa é ótimo para quem tem disposição para construir mas não
é essencial.
ETAPA 2 – CONSTRUÇÃO
4) Material para a construção: dependendo da altura escolhida, você poderá
usar toras de madeira, tijolos e até mesmo garrafas PET cheias de terra / areia.
Aqui, a criatividade é fundamental.
Se você não quer ser criativo ou não quer economizar, pode utilizar tijolos com
cimento para o muro do canteiro. Pode até mandar ladrilhar. O canteiro é seu e
você faz do jeito que desejar.
O importante é:
a) O fundo do canteiro deve permitir a drenagem da água da irrigação.
b) Ao juntar terra para o canteiro, lembre-se de completar com terra adubada,
húmus de minhoca, composto orgânico e terra preta com um pouco de areia.
Para preparar o substrato do canteiro basta uma enxada e misturar a terra em
um monte.
c) Funciona melhor adubar antes de plantar, pelo menos 30 a 40 dias
antes, do que adubar somente depois.
d) Anote a data de início do seu plantio! Assim você poderá ter uma estimativa
de quando poderá colher.
5) Quais vegetais devo plantar?
Sem dúvida, essa é uma das perguntas mais frequentes. Aqui eu destaco o
seguinte: para pessoas com pouca experiência em plantios, o melhor é iniciar
uma horta comprando algumas mudas já em desenvolvimento – alface, rúcula,
alecrim, manjericão, tomilho, salsa, cebolinha, manjericão roxo, erva-cidreira
etc, em hortos ou viveiros.
Só tente plantar a partir de sementes se você tiver um lugar protegido do sol
para fazer de viveiro. Use copos plásticos furados no fundo, de café ou água,
com terra peneirada, para plantar as sementes que deseja germinar e deixe na
sombra protegidas de chuva e ventos fortes. Quando as mudinhas estiverem
com 3 ou 4 folhas, aí é hora de transplantá-las para os canteiros.
Procure agrupar sempre, no mesmo canteiro, plantas com necessidade de sol e
água semelhantes. Estude alelopatia, isto é, plantas que cultivadas juntas
acentuam o sabor umas das outras e/ou se protegem mutuamente.
6) Utilize a rotação de culturas como regra sempre – se você utiliza um
canteiro para cada espécie, após a colheita plante sempre espécies que sejam
de famílias diferentes da que foi cultivada antes, para evitar o esgotamento de
nutrientes da terra.
Você pode plantar as chamadas 3 irmãs ao mesmo tempo e no mesmo
local: feijão, milho e abóbora. Elas se complementam e uma espécie auxilia o
desenvolvimento da outra. Repare que para produzir um quilo de feijão são
necessárias 30 a 50 pés. Abóboras, melancias e batatas não servem para
plantar em jardins suspensos, pois são plantas que tendem a se espalhar pelo
terreno.
7) Espaçamento entre canteiros: o ideal é que permita a passagem de
duas pessoas lado a lado. Caso não seja possível, diminua o espaçamento
entre os canteiros mas também não construa canteiros muito compridos.
É importante poder caminhar ao lado das plantas sem esbarrar nelas.
ETAPA 3: MANUTENÇÃO
8) Regas / adubação: regue sua horta sempre ou na parte da manhã ou no fim
de tarde, evitando sempre regas durante as horas mais quentes.
Se for usar mangueira, lembre-se de guardá-la em local protegido do sol, para
que não esquente a água que fica dentro da mangueira.
Adube cada canteiro de acordo com as espécies que lá estão plantadas. Em
geral só é necessário adubar de 30 em 30 dias, ou 45 em 45 dias.
Não jogue cascas e restos de alimentos diretamente na superfície do solo. O
ideal é preparar composto orgânico ao longo dos meses e ir utilizando um pouco
de cada vez.
Em casa é mais
fácil produzir
composto pois
basta construir
uma
composteira.
Separe restos de
alimentos e
folhas para fazer
seu adubo
orgânico e
depois utilize em
sua horta.
9)
Monitoração:
sua horta
precisará de acompanhamento diário (no início) e depois que as plantas
estiverem crescidas pelo menos um acompanhamento de perto a cada 2, 3 dias.
É através da observação que você perceberá algum problema no cultivo como
pragas, doenças, falta / excesso de água, sol ou nutrientes.
Além disso, é importante fazer a limpeza das plantas – retirar as folhas velhas e
galhos secos – e dos canteiros, retirando plantas daninhas, matos e outras que
ali nascerem, para que as que você plantou possam se desenvolver de forma
plena e vigorosas.
Fique de olho em pássaros e outros animais – você está cultivando alimentos e
eles irão ser atraídos pelas plantas, cores e perfumes. Os animais, da mesma
forma que nós, são atraídos pela mudança de cor dos frutos do tomate, por ex.,
pelas flores ou cheiros lançados no ar.
Para proteger sua horta você pode construir cercas em volta ou fechar a área
com telas, construindo um viveiro.
10) Colheita: retire apenas o que for utilizar naquele dia. Se você for usar
apenas algumas folhas de alface, por ex., retire o necessário da parte externa e
deixe a planta lá, se desenvolvendo. Desta forma, os pés de alface irão produzir
sementes e você poderá plantar novamente, reiniciando todo o processo.
Escolha os frutos mais maduros e deixe os verdes no pé para amadurecerem.
Colha uma parte, desfrute dos sabores e texturas, separe alguns para
presentear alguém, que tal?
Cada espécie possui formas diferentes de cultivo e colheita, então procure se
informar sobre as espécies que plantou. Acesse o [ Banco de Plantas ] e procure
por informações sobre cultivo em nosso grupo de estudos: [ GEP TSP ].
O importante da colheita é: esta é a hora da verdade. É neste momento que
iremos verificar se o cultivo foi correto, através da qualidade dos frutos que
colhemos.
Portanto, verifique todos os passos e se alguma coisa deu errado veja se você
pulou alguma parte ou esqueceu de fazer alguma coisa. Quanto mais você
tentar mais irá aprimorar-se e logo, logo estará colhendo maravilhosos
morangos, tomates, alfaces, couves etc.
– PRÓS & CONTRAS –
Cultivar em casa é econômico?
No primeiro ano, será difícil economizar por causa dos gastos com a
implementação – cercas, divisórias, fertilizantes e plantas. E, se continuar a
comprar mudas e fertilizantes, esses gastos podem ultrapassar o planejado.
Para economizar ao máximo, cultive suas plantas a partir de sementes, faça seu
próprio composto, procure fazendas que forneçam esterco de graça e reduza o
uso de substâncias químicas.
Além disso, escolha plantas que sejam mais caras nos mercados, como rúcula,
acelga e brócolis.
Faça uma mini-horta
Se o espaço for pequeno, cultive uma “salada” num vaso. Plante alface e
cebolinha ao redor de variedades de tomates que crescem pouco.
Procure formas de legumes e verduras que não sejam rasteiros, como as
de abobrinha e abóbora
Experimente a forma anã das seguintes variedades, que também são
adequadas para plantar em vasos: beterraba (você precisará de uma
profundidade de solo de pelo menos 20 cm para que as raízes tenham
espaço para crescer), pimenta-malagueta, tomate, nabo, rabanete, rúcula,
mostarda.
Não esqueça que você pode plantar tanto horizontal quanto verticalmente!
Faça um tripé para ervilhas e feijões com três estacas de madeira de lei ou
bambu amarradas no topo e depois enrole uma rede de fios ao redor das
estacas.