Como Diferenciar Personagens Em Histórias de Ficção
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Como diferenciar personagens em
histórias de ficção.Por Diego Schutt em 24/01/2014 em destaque, técnicas
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Texto da escritora convidada Wlange KeindéEscrever um livro exige muitas capacidades do escritor. Dentre as mais
importantes estão a criação de personagens, e a forma de revelar suas
características para o leitor. Isso acontece a partir de três elementos
fundamentais:
1. Aparência Física
2. Personalidade
3. Decisões
1. Aparência FísicaA aparência física se refere à imagem que o leitor forma sobre
o personagem a partir das descrições do escritor ao longo do texto.
Assim como o nome, os traços físicos característicos de cada
participante da história ajudam o leitor a identificar e diferenciar quem é
quem durante a narrativa.
É importante que traços marcantes dos personagens sejam mencionados
mais de uma vez para ajudar a desenvolver e solidificar uma imagem
concreta na memória do leitor. Por exemplo, é muito mais fácil lembrar-
se de Felipe, aquele da cicatriz no queixo e dos olhos caídos, do que
simplesmente de Felipe.
2. PersonalidadeA personalidade de um personagem se manifesta na forma peculiar
como ele se comporta e se relaciona com outras pessoas. É através dela
que o leitor se identifica e se envolve com o drama da história.
A personalidade do protagonista é o que dá perspectiva para a história,
criando um contexto a partir do qual o leitor vai julgar o que acontece
durante o enredo. Por exemplo, se sabemos que o personagem Felipe
detesta cachorros, podemos imaginar a culpa e o desespero que ele
sente quando ganha um de presente do seu sobrinho que tem síndrome
de down, que lhe pede que cuide do animalzinho com muito carinho.
3. DecisõesAs decisões de um personagem durante a história reforçam e solidificam
sua aparência e sua personalidade na mente do leitor. As escolhas de
cada personagem são as engrenagens que movimentam o enredo.
Por exemplo, se Felipe decide aceitar o presente do sobrinho, o leitor
pode imaginar seus olhos caídos encarando o cachorro, que lambe
freneticamente a cicatriz no seu queixo. Isso passa uma ideia clara do
tipo de pessoa que Felipe é, alguém sensível o suficiente para entender
a importância daquele gesto para o sobrinho.
As dificuldades na criação de personagens originaisAo criar personagens, geralmente usamos pessoas que conhecemos
como referência. Como a pessoa que conhecemos melhor somos nós
mesmos, é comum povoarmos nossas histórias com pessoas que têm
muitos traços e características nossas. Como consequência, podemos
cair na armadilha de, por exemplo, criar personagens que só tomam
decisões que a gente tomaria. Outra prática comum é usar como modelo
personagens de filmes, livros e novelas que admiramos.
O primeiro passo para contornar esse tipo de problema é tomar
consciência de sua existência, ou seja, perceber que seus personagens
são cópias de você ou de trabalhos de ficção já existentes. Na sequência,
você precisa definir que características precisa mudar nos seus
personagens, baseado na impressão que quer passar para o leitor.
Outro problema comum é criar personagens em uma faixa etária muito
distante da sua, já que você não sabe ao certo a influência que cada
idade tem na maneira como as pessoas veem o mundo e resolvem
conflitos. Uma alternativa é observar e conversar com pessoas que
tenham a idade do seu personagem, e anotar detalhes peculiares sobre
como elas se comportam, como expressam suas personalidades, e como
tomam decisões.
Para não se perder na criação de muitos personagens, uma boa técnica
é criar uma ficha para cada participante da história, incluindo suas
características físicas, traços da sua personalidade, e sua razão para
fazer parte do enredo.
Mudanças dos personagens durante a históriaMuitos personagens mudam durante a história. Se essas mudanças são
físicas – e são importantes para a caracterização desse personagem ou
para o desenvolvimento do enredo – é importante que você mostre o
impacto que elas tiveram na vida dele.
Por exemplo, se Ana perdeu dois dedos em um acidente, seria
interessante incluir uma cena onde ela tem dificuldades de segurar seu
telefone com essa mão. Talvez lembrar disso seja relevante mais tarde,
quando ela tiver dificuldades em segurar uma faca para se defender do
serial killer que invade sua casa.
Se as mudanças forem internas, elas devem acontecer aos poucos ao
longo da história. Se forem apresentadas de forma repentina, causarão
estranhamento no leitor. Por exemplo, se o personagem Lucas é
homofóbico, não vai mudar de opinião imediatamente após conhecer um
rapaz gay com quem simpatizou. Essa mudança deve acontecer aos
poucos, e deve ficar implícita no comportamento, nas ações, reações e
decisões do personagem.
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E você? Tem alguma dica de como diferenciar personagens em histórias
de ficção? Deixe um comentário.
Sobre a autora: Wlange Keindé é escritora de diversos gêneros, como
poesia, conto, crônica,roteiros e peças, entre outros. Desde criança, é
apaixonada por escrita e literatura, e sonha seguir a vida se dedicando a
isso. Ainda não possui livros publicados, mas atualmente está
trabalhando em um romance e em uma coletânea de poemas.