Coleção Erosão - Rodrigo Ferreira
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COLEÇÃOEROSÃO
—Rodrigo Ferreira Silva
Produção Joalheira
A G R A D E C I M E N T O S
Agradeço primeiramente à Deus, pois ele foi meu fôlego para
elaboração deste trabalho.
A minha esposa, que se empenhou neste trabalho sendo minha
companheira e me dizendo palavras de ânimo.
Aos meus familiares, colegas de trabalho, aos meus orientadores e
professores, em especial: Maya Guizzo, Bruno Candiotto e Pinatti.
Agradeço também aos parceiros que contribuíram para este projeto
como as empresas Prisma e 3M Recuperadora através do Sr. Francisco.
Gostaria de lembrar também de meus colegas moradores do Complexo
da Maré que me ajudaram com este trabalho e a ONG Ativa Mares Brasil.
Agradeço aos artistas, Mestre Armando Barbosa e sua esposa Heloisa
e Guilherme Vieira que dedicaram seu tempo a acrescentar um
repertório em meu trabalho. Agradeço aos meu alunos joalheiros que
sempre me apoiaram e acreditaram em mim.
Agradeço ao SENAI pois através desta instituição tive a oportunidade
de concluir essa graduação.
Muito obrigado a todos verdadeiramente pelo apoio, sinto que este
trabalho não é somente meu e sim de todos nós.
INTRODUÇÃO—08
EXTRAÇÃO—12
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS— 13
PROCESSO CRIATIVO— 20
MATERIAIS— 24
COLEÇÃO— 28
PÚBLICO-ALVO— 16 INSPIRACIONAL
— 19
CONCLUSÃO— 48
CORES, TEXTURAS E FORMAS— 27
A EROSÃO QUE CAUSAMOS
É A EROSÃO QUE SOFREMOS
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—8
INTRODUÇÃOMais e mais empresas se dedicam a promover serviços utilizando-
se de apelos ecológicos para motivar seus consumidores a
adotar seus produtos e, mais que isso, para mostrar ao público em
geral uma imagem de empresa consciente e ecologicamente correta
nas suas atividades gerais.
Considerando-se a grande e rápida modificação do ambiente competitivo
das empresas nas últimas décadas, quanto aos aspectos culturais, sociais,
políticos e econômicos, essas empresas têm, em sua maioria, procurado se
adaptar de modo a satisfazer as necessidades dos consumidores.
Algumas atividades podem fazer com que o solo perca sua estrutura
e estabilidade, como retirar uma grande quantidade de terra de uma
jazida de minério ou grande quantidade de plantas, que absorvem a
água do solo. Não tendo mais as plantas, o solo ficaria infiltrado pela
água, afetando a sua estabilidade.
Sob esse foco, a crescente preocupação mundial com os problemas
ecológicos têm pressionado as corporações a dar maior importância
a esse tema, não só em suas atividades operacionais, mas também no
desenvolvimento de seus produtos e serviços e em sua estratégia de
comunicação com o mercado, por meio de campanhas de propaganda
e publicidade.
Nos últimos vinte anos, percebeu-se
um aumento na intenção da população em
dar suporte às atividades de proteção ao
meio ambiente. Apesar de uma pequena
variação nesse comprometimento, em
alguns países, o movimento ecológico
ou ambiental é um dos mais importantes
movimentos sociais da história recente.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—10
Os minérios são indispensáveis para a
manutenção da atividade industrial, tendo
em vista que produtos como automóveis,
máquinas, tratores, cimento, entre outros, são
fabricados a partir de matérias-primas vindas
de sua extração.
A exploração mineral no Brasil se tornou
mais evidente a partir da Primeira Revolução
Industrial (final do século XVIII, início do
século XIX), quando a produção em massa
intensificou a extração de minérios para
abastecer a crescente indústria. Com o
crescimento populacional mundial, houve a
necessidade de retirar da natureza um volume
cada vez maior desse tipo de recurso.No Brasil, a extração de pedras preciosas ou semipreciosas é
desenvolvida por uma atividade denominada garimpo; nela são
obtidos ouro, diamantes, esmeraldas, cassiteritas etc. A garimpagem
geralmente é executada de forma tradicional nas margens de rios, em
locais que recebem grande volume de sedimentação e em planícies
fiuviais, principalmente nas Bacias hidrográficas do Amazonas e do
Paraguai.
A atividade mineradora e o garimpo provocam impactos diretos
na natureza, levando à deterioração do ambiente. Tanto o garimpo
quanto a mineração extraem recursos que se encontram no solo ou no
subsolo, de onde são retirados diversos tipos de minérios (ouro, prata,
minério de ferro, estanho, bauxita e muitos outros).
Minérios, como o carvão e o petróleo, são utilizados como
recursos energéticos e matéria-prima. Atualmente, é impossível
imaginar que a sociedade deixe de explorar os minérios existentes
ao longo da litosfera terrestre, uma vez que são fundamentais para o
desenvolvimento industrial.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—12
EXTRAÇÃOO garimpo mecanizado produz profundos
impactos nos ambientes fuviais, destruindo
as margens dos rios e modifcando profundamente
a paisagem. Sem contar que contamina as águas
com a aplicação de mercúrio e outros detritos. O
prejuízo ambiental é muito elevado, pois os rios
são assoreados, a fauna é contaminada, a cobertura
vegetal é retirada e compromete a saúde do homem.
Os danos gerados nas áreas onde são
desenvolvidas a mineração ou garimpagem são
irreversíveis. Diante desses fatos, percebemos que
a lucratividade oriunda da extração mineral fica nas
mãos de uma minoria e os prejuízos ambientais para toda
a população atual e também futura.
Apesar dos impactos causados pela mineração serem, na maioria, pontuais, atingindo pequenas áreas no meio f ísico,
em comparação com outros setores, como a agricultura, por exemplo, eles
são intensivos e alteram negativamente o ambiente através de diversas formas de
impactos, a saber: impactos de origem física e química sobre as águas, sobre o
solo, na atmosfera, sobre a flora e fauna, na topografia original
do terreno e sobre o ambiente urbano.
—13
CONSERVAÇÃO DO SOLOÉ importante manter sob controle os impactos
que são causados ao meio ambiente, orientar
a população sobre sua importância, realizar
planejamentos, reforestamento e conservação das
áreas ambientais.
Pois, se analisarmos e alterarmos o meio ambiente
para benefícios momentâneos e não o preservamos,
chegará um momento em que não teremos mais o que
“colher”, pois tudo já estará desgastado. E as consequências
serão sofridas pelas gerações futuras.
O homem depende do ambiente para viver, cabe a nós o
reeducarmos, pois é a única forma de modificar um quadro de
crescente degradação socioambiental.
Conhecer as causas da erosão, assim como seus possíveis impactos sobre
o meio ambiente e as atividades humanas, constitui um dos objetos de
estudo da planificação de uso do solo.
“É NOSSO DEVER PROTEGER O MAIOR PATRIMÔNIO NACIONAL,
PORQUE A NAÇÃO QUE DESTRÓI O SEU SOLO DESTRÓI A SI MESMA”
—Theodore Roosevelt
“É NOSSO DEVER PROTEGER O MAIOR PATRIMÔNIO NACIONAL,
PORQUE A NAÇÃO QUE DESTRÓI O SEU SOLO DESTRÓI A SI MESMA”
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—16
A preocupação com
o meio ambiente levou
a uma transformação no perfl do
consumidor e no seu padrão de escolha de produtos e serviços.
Para determinados segmentos de mercado, o consumidor se
tornou mais crítico, bem como cético em relação ao teor das
mensagens criadas pelos anunciantes para promover atributos
ecológicos de seus produtos, e em relação ao comprometimento
da empresa em relação à preservação do meio ambiente.
Esta coleção de joias não tem foco no comércio, mas sim
na refiexão a cerca do mercado de joalheria no Brasil , tendo
como objetivo principal, atingir um público voltado a questões
ambientais, o qual se se mostra extremamente preocupado com o
impacto que suas atitudes podem ocasionar na natureza.
Trata-se portanto de um público que está cansado de discussões
vazias a cerca de questões ambientais, bem como de ações que
prezam apenas por interesses unilaterais. Público que não se sente
ouvido e por isso, questiona por meio de manifestações culturais
e politico-sociais; procura sempre se mover contra esta corrente,
levantando novas refiexões diante dos fatos. Geralmente, abordam
temas como saúde, segurança, planejamento, educação, entre
outros. Dessa maneira, para se expressarem, fazem uso do próprio
corpo; da própria voz. Fazem uso de suas próprias atitudes.
—17
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—18
—19
Considerei de suma importância entrevistar
alguns especialistas, um deles sendo
Armando Barbosa, professor de ourivesaria,
gravador e artista plástico. O objetivo era obter
dados sobre os materiais que possivelmente
seriam usados na confecção das peças.
Esta entrevista foi muito importante, pois,
explanando sobre meu processo criativo para
esse projeto, ele conseguiu opinar tanto no que
se refere aos materiais como aos conceitos,
pois, tendo uma visão de artista plástico,
fez-me entender que não seria um projeto de
joias comercias e, sim, um projeto artístico
envolvendo não apenas critérios estéticos,
mas trabalhando também o sensorial e indo
além do que fala apenas uma imagem.
Após as entrevistas, comecei a conversar
com empresas sobre este projeto. Assim,
comecei a criar aliados, empresários
visionários que viram em meu projeto um
caminho para poder falar do futuro.
Então, apresentei meu pensamento de
usar materiais que fossem de descarte destas
empresas. A partir daí, então, empresas
de vendas de pedras preciosas
forneceram-me pedras que não teriam
mais utilidade. Algumas escolas de joalheria
forneceram limalha de prata contaminada
que seria descartada no semestre para este
meu projeto. Fizeram-me pensar em quão
importante seria usar estes materiais para
criar uma escola de fácil acesso aos jovens de
comunidades carentes que não têm acesso a
escolas de joalherias devido ao elevado custo
das mensalidades e dos materiais a serem
utilizados.
Recebi o contato de uma ONG (Instituto
Ativa Mares Brasil) liderada por Anderson
Gonçalves Vieira, localizada no Complexo
da Maré. Esta ONG tem alguns projetos nas
favelas, tal como reestruturação e reabilitação
de jovens e colocação dos mesmos no
mercado de trabalho. Em contato com
Anderson, o mesmo me perguntou sobre
minha trajetória de vida e lhe apresentei meu
sonho de ver a possibilidade de uma escola de
artes e joalheria em uma comunidade carente.
Apresentei-lhe o projeto “Erosão”, fazendo
uma analogia entre o sonho (trabalho social) e
meu projeto de coleção de joias, que enfatiza
um trabalho ecológico.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—20
PROCESSOCRIATIVO
Para dar início à captação de ideias para fundamentar esta
coleção, analisei pontualmente alguns danos causados
pelo homem ao meio ambiente com suas interferências, e
me perguntei como poderia retratar tudo o que causamos
por meio do um design que transmitisse essa mensagem e
“estampasse” em nós o sentimento da natureza.
O movimento das ferramentas de impacto, máquinas
escavadeiras e caminhões para a remoção de
terra, para a extração de minérios tais como
ferro, prata, pedras preciosas etc. criam
crateras e rachaduras gigantescas, causando
danos irreversíveis ao solo.
A partir da refiexão sobre esse movimento,
comecei a desenvolver as joias, no contexto
deste projeto, usando técnicas de desbaste:
erosão por fogo e escavações em cera.
—21
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—22
1, 2 e 3 Pesquisa de campo, rumo à captação do “som da terra” – Inhotim Centro de Arte Conteporânea / Obra de Doug Aitken4 e 5 Apoio da Escola Mineira de Joalheria ao projeto erosão, fortalecendo a base do trabalho contando parte da história da cidade de Nova Lima6 e 7 Confecção do anel Mineradora, técnica aplicada: Modelagem de protótipo em cera 8 Processo de soldagem dos fos de ouro, para a confecção do brinco Erosão
—23
9 Processo de fundição dos metais. 10 Fotos das peças com estudo das possibilidades de backgrounds.11 e 12 Testes para o book em equipamento à laser para corte de papel, objetivo corte em camadas para a produção de uma representação de mineradora.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—24
MATERIAIS
Os materiais utilizados neste trabalho
são comparativos com casos reais de
alteração do meio ambiente, com a madeira
para representar o solo seco, desgastado e
rachado.
Foram testados diferentes tipos de madeiras:
pinho, candeia, ambas em chapas e ripas;
também testei diferentes tipos de minérios,
tais como: prata, ouro e pedras preciosas:
esmeraldas, granadas, rubis e safiras (em
formato bruto).
A madeira candeia utilizei na confecção de
duas peças do trabalho, tais como o anel e o
objeto de mesa, foi selecionada esta madeira
pois somaria com a refiexão do projeto por
sua utilidade no meio ambiente.
—25
Madeira
Prata, ouro, cobre e latão
Pó de gemas. Pedras em bruto: esmeralda, citrino e safra
CARTELA DE MATERIAIS
—27
TEXTURAS, CORES E FORMASDando início ao processo de produção
dos meus primeiros esboços, necessitei
pesquisar formas e volumes que gostaria
de inserir ao projeto, sendo assim, passei a
procurar fotos que mostrassem os tipos de
mineradoras e movimentos dos trabalhos
realizados dentro de cada uma.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—28
COLEÇÃOEROSÃO
COLEÇÃO
—29
A pós todos os desenhos concluídos
criei um “mindmap” para coleção e
distribui cada desenho seguindo 5 famílias,
estas dividas em: cinco anéis, quatro brincos,
quatro braceletes, três peças para o corpo,
quatro colares e um objeto de mesa. Sendo
destas famílias, somente produzidos estes:
2 anéis, uma peça para o corpo, um par de
brincos, um bracelete, um colar e um objeto.
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—30
ANEL MINERADORA—Prata e gema bruta
Granada
—31
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—32
ANEL MARIANA—Candeia de demolição,
prata com junção de outros metais e suculenta
—33
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—34
BRINCOS DEGRAUS—Prata com junção de
outros metais e gema bruta - Esmeralda
—35
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—36
PINGENTE DEGRAUS—Prata com junção de
outros metais, gema bruta - Esmeralda
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—38
BRACELETEEROSÃO—Prata com junção de
outros metais, gema bruta - Esmeralda
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—40
BRINCO/MÁSCARA EROSÃO—Ouro com junção de outros
metais
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—42
OBJETO DE DECORAÇÃO—Candeia
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—44
ANEL E BRACELETE EXTRAÇÃO —Prata com junção de outros
metais
ANEL DUPLO INTERFERÊNCIA —Madeira e metal
—45
ANEL E BRACELETE CURVAS—Cobre com junção de outros
metais e gema bruta
ANEL SOLO —Prata com junção de outros
metais
BRINCOMARIANA—Madeira e metal
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—46
ANEL, COLAR E PEITORAL DEGRAUS—Prata com junção de outros
metais
BRINCOS DEGRAUS—Prata com junção de outros
metais e gema bruta
COLAR E BRACELETE EROSÃO—Madeira e metal
CO L EÇ ÃO E RO SÃO—48
CONCLUSÃO
A atividade de mineração é necessária
para o desenvolvimento da sociedade
em diversos setores por muitos anos. Porém,
os impactos causados pela mineração, e
ocupação do solo acabam gerando confitos
socioambientais.
O lado positivo: são mais empregos gera-
dos, ocorrendo o aumento da renda. Porém, o
lado negativo é que, em consequência disto, o
meio ambiente pode acabar afetado se não for
utilizado de forma correta, podendo ocorrer
prejuízos econômicos como fechamento de
rodovias, ferrovias e outras vias de transporte
e o mais prejudicado com tudo isso fica sendo
o homem, pois acaba alterando o ambiente e
correndo risco de afetar também seu bem-es-
tar físico, social e sua saúde.
Um exemplo foi o ocorrido na cidade de
Mariana (MG) no final do ano de 2015, com
o rompimento da barragem da mineradora
Samarco, tendo em consequência a contamina-
ção do Rio Doce onde o abastecimento de água
de várias cidades foi suspenso, houve mortes e
alguns sobreviventes perderam suas casas.
A atividade econômica minerária não pode
descuidar da preservação ambiental, deve sem-
pre buscar um desenvolvimento sustentável,
com projetos de gestão, inovação tecnológica,
recuperação e educação do meio ambiente,
juntando lógica econômica com ambiental.
Pode se perceber que o equilíbrio natural
entre o solo e o ambiente pode ser abalado
por fenômenos naturais, geológicos e, na
maioria das vezes, provocado e acelerado
pelo próprio homem que acaba sofrendo as
consequências como: deslizamentos de terra
em regiões habitadas de forma irregular, casas
soterradas, desmatamentos, atividades de
mineração.
Preservar o meio ambiente é um compro-
misso de todo cidadão; deve haver consciência
e planejamento em sua utilização, devendo
se pensar em um processo em longo prazo,
para que seja desfrutado e cuidado hoje e
futuramente.
Este projeto não termina com essa apre-
sentação, entraremos na luta para trazer o
conhecimento da arte da joalheria para as
favelas, e com isso, todo o compromisso de
preservação da natureza. CONTO COM VOCÊ!
COLEÇÃOEROSÃO
—Rodrigo Ferreira Silva
Produção Joalheira