COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE ...
Transcript of COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE ...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL JATAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E
PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS DE
AMENDOIM NO SUDOESTE DE GOIÁS
Jorge Luís Sousa Ferreira
JATAÍ – GOIÁS - BRASIL
Outubro, 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL JATAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E
PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS
DE AMENDOIM NO SUDOESTE DE GOIÁS
Jorge Luís Sousa Ferreira
Orientador: Prof. Dr. Hildeu Ferreira da Assunção
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal)
JATAÍ – GOIÁS – BRASIL
OUTUBRO, 2015
Ficha Catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos
pelo autor, sob orientação do Sibi/UFG
Ferreira, Jorge Luís Sousa Cobertura vegetal, Teor de óleo e Produtividade de linhagens interespecíficas de amendoim no Sudoeste de Goiás [manuscrito] / Jorge Luís Sousa Ferreira. - 2015. LXIII, 63 f.
Orientador: Prof. Dr. Hildeu Ferreira da Assunção. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Jataí, 2015. Bibliografia. Apêndice. Inclui gráfico, tabelas.
1. Amendoim. 2. Produtividade. 3. Simulação. 4. Teor de óleo. 5. Arachis hypogaea. I. Assunção, Hildeu Ferreira da, orient. II. Título.
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Jorge Luís Sousa Ferreira – Nascido em 1 de outubro de 1989, no município de
Jataí, Estado de Goiás. Ingressou no curso de Agronomia na Universidade Federal de
Goiás, Regional de Jataí em março de 2008. Durante a graduação, em 2010,
participou de um projeto de iniciação científica, no qual trabalhou com sementes
crioulas, para o Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar
(NEAF) no projeto intitulado: “Diversificação, manutenção e gerenciamento do banco
de sementes crioulas como estratégia de ampliação da produção de alimentos e de
biodiesel pelos agricultores familiares do Sudoeste de Goiás”. Em julho de 2013
adquiriu o título de Bacharel em Agronomia. Em agosto de 2013 iniciou o curso de
mestrado agronomia, na UFG – Regional de Jataí com o projeto: Cobertura vegetal,
teor de óleo e produtividade de linhagens interespecíficas de amendoim no Sudoeste
de Goiás.
EPÍGRAFE
“O passado é história, o
futuro é um mistério, e o
hoje é uma dádiva. Por
isso é chamado de
Presente. ”
Provérbio Chinês
A todos aqueles que batalham para um futuro com melhores perspectivas e
consciência.
OFEREÇO
A minha mãe, Vanéia Sousa Ferreira,
Aos meus avós, Laura Pereira de Sousa
Carvalho e Sebastião Ferreira de Carvalho,
E a todos os meus familiares.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Deus primeiramente por me conceder o direito à vida e me guiar por cada caminho
com sabedoria e respeito. Obrigado por mais essa conquista.
A minha mãe Vanéia por ter sido durante toda a minha vida mão e pai, por nunca ter
desistido de mim e por acreditar nos meus sonhos e ajudar a realiza lós.
Aos meus avós por cada ajudar desde a infância até os dias atuais, sempre me
auxiliando.
Ao Hildeu, sempre apoiando e construindo ideias importantes durante a minha vida
acadêmica, pela orientação e amizade.
Aos professores, funcionários do programa de pós-graduação em Agronomia, da
Universidade Federal de Goiás.
Ao Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar – NEAF. Grupo
de pessoas competentes e amigas, que sem o apoio, as concretizações dos
trabalhos em campo não teriam sido realizadas.
A Embrapa Algodão pelo fornecimento do material para a pesquisa.
Ao Dr. Everaldo Medeiros, do CNPA, pelo apoio a pesquisa.
Aos amigos do PPGA, Carolina, André, Tiago, Edivan, Guilherme e demais pelo
apoio e amizade, sempre incentivando e ajudando em tudo.
Aos meus amigos da vida, Taís, Kennya, Ronaldo, Christiane, Daiane, Diego,
Lorena, Kelly, Cristian, e os vários que sempre estiveram presentes durante toda a
minha sobrevivência, eu agradeço muito pelo suporte, sempre me apoiando na
alegria e na dificuldade.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - TÉCNICAS DE MANEJO E EXIGÊNCIAS DA CULTURA DO
AMENDOIM ................................................................................................................ 1
RESUMO..................................................................................................................... 1
SUMMARY .................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 4
2.1 Condições de cultivo no Brasil ....................................................................... 4
2.2.Classificação e morfologia .............................................................................. 6
2.3 Fenologia .......................................................................................................... 9
2.4 Manejo da cultura ........................................................................................... 10
2.5 Utilização do óleo de amendoim ................................................................... 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 15
CAPÍTULO 2. PRODUÇÃO E SIMULAÇÃO DE GRÃOS E BIOMASSA E FATOR DE
COBERTURA VEGETAL DE LINHAGENS DE AMENDOIM NO SUDOESTE DE
GOIÁS ....................................................................................................................... 21
RESUMO................................................................................................................... 21
ABSTRACT ............................................................................................................... 22
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 23
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 26
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 30
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFRICAS ...................................................................... 41
CAPÍTULO 3. QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓLEO E PODER
CALORÍFICO SUPERIOR DAS LINHAGENS DE AMENDOIM ............................... 47
RESUMO................................................................................................................... 47
SUMMARY ................................................................................................................ 48
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 49
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 51
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 54
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 60
APÊNDICE ................................................................................................................ 64
CAPÍTULO 1 - TÉCNICAS DE MANEJO E EXIGÊNCIAS DA CULTURA DO
AMENDOIM
RESUMO - O amendoim é uma planta originária do continente sul americano, apesar
que indícios de espécies selvagens foram encontrados em abundâncias nas regiões
Sul da Amazônia, no Brasil, ao norte da Argentina, precisamente nas regiões do Gran
Chaco, entre os rios Paraná e Paraguai. Cultivado praticamente em todos os países
do mundo, pois se trata de uma planta que se adapta a quase todos os tipos de clima
e assim constitui-se numa das principais oleaginosas comestíveis, juntamente com a
soja, o algodão e o girassol. Deve-se buscar atender as necessidades durante o ciclo
da cultura, tanto as climáticas quanto as nutricionais. Contudo, a partir do início do
florescimento, a cultura do amendoim apresenta elevada demanda nutricional, e para
alcançar eleva das produtividades é necessário que as condições ambientais, o
fornecimento de nutrientes e o manejo sejam adequados. O óleo de amendoim,
juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo estudado para a utilização como
biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em mistura com o óleo diesel, com
resultados promissores. A produção de óleo vegetal é uma oportunidade tecnológica
e estratégica para o Brasil, tendo em vista que o País possui em abundância espécies
vegetais de onde se extraem óleos, matérias primas necessárias para a produção
deste combustível, que já tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente
exemplo nesse aspecto. Objetivou se nesse contexto revisar os alguns dos principais
tratos culturais feitos na cultura do amendoim.
Palavra-chave: Arachis hypogaea L, Óleo vegetal, Biocombustível.
2
CHAPTER 1. TECHNICAL MANAGEMENT AND REQUIREMENTS OF PEANUT
CULTURES.
SUMMARY - The peanut is a plant of the South American continent, though evidence
of wild species were founded in abundance in the south of the Amazônia, in Brazil,
northern Argentina, precisely in the regions of the Gran Chaco, between the Parana
and Paraguay rivers. Cultivated in almost every country in the world, because it is a
plant that adapt in almost all types of climate and thus constitutes one of the main
edible oil, along with soybeans, cotton and sunflower. We should seek to meet the
needs during the crop cycle, both climate as nutritional. However, from the beginning
of flowering the crop peanut has a high nutrient demand, and to achieve increases the
productivity is necessary that the environmental conditions, nutrient supply and
handling are suitable. Peanut oil, together with other vegetable oils studied were for
use as biofuels for diesel engines, either alone or in mixture with diesel oil, with
promising results. Vegetable oil production is a technological and strategic opportunity
for Brazil, given that the country has in abundance plant species from which to draw
oils, raw materials necessary for the production of this fuel, which already has in
ethanol production from sugarcane of sugar an excellent example in this regard. The
objective with this context, review some principals of the cultivation done in the peanut
crop.
Keywords: Arachis hypogaea L, Vegetable oil, Biofuel
3
INTRODUÇÃO
O amendoim (Arachis hypogaea L) é uma planta originária do continente sul
americano, com descrições de espécies selvagens encontradas nas regiões Sul da
Amazônia, no Brasil, ao norte da Argentina, precisamente nas regiões do Gran Chaco,
entre os rios Paraná e Paraguai. Muito antes dos portugueses terem chegado ao
Brasil, em 1500, o amendoim já era conhecido e utilizado pelos índios brasileiros. Em
algumas tribos ele era chamado de Mandubi ou Mandobim e, em outras, de Manobi.
A primeira referência escrita sobre o amendoim, em toda a história da
humanidade, é citada num texto escrito em 1578 e registrado por Jean de Lery. São
relatos de franceses que viajaram pelo Nordeste brasileiro, junto às primeiras
expedições que aportaram no Novo Mundo. Mais tarde, já largamente conhecidas na
Europa, provavelmente pelo gosto semelhante do Manobi com as amêndoas, os
colonizadores portugueses adaptaram o seu nome para amendoi derivado de
amêndoa, e daí, acabou surgindo a denominação atual, amendoim (MARTIN, 1985).
A introdução do amendoim na Europa ocorreu por volta do século XVIII, tendo
sido cultivado inicialmente no Jardim Botânico de Montpellier, na França, e em
Valência, na Espanha, onde ocorreu sua disseminação por outras partes do país
(PEIXOTO, 1972).
O amendoim é cultivado praticamente em todos os países do mundo, pois se
trata de uma planta que se adapta a quase todos os tipos de clima e assim constitui-
se numa das principais oleaginosas comestíveis, juntamente com a soja, o algodão e
o girassol (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011). No cenário agrícola brasileiro o
amendoim já teve posição de destaque. No entanto fatores tecnológicos,
mercadológicos e políticos levaram a cultura a uma posição quase marginal dentro do
quadro atual da agricultura brasileira (LIMA, 2011).
Deve-se buscar atender as necessidades durante o ciclo da cultura, tanto as
climáticas quanto as nutricionais. Contudo, a partir do início do florescimento, a cultura
do amendoim apresenta elevada demanda nutricional, e para alcançar elevadas
produtividades é necessário que as condições ambientais, o fornecimento de
nutrientes e o manejo sejam adequados. Temperaturas diurnas de 35 °C e noturnas
de 25 °C são ideais neste período, assim como a exigência hídrica que é máxima nas
fases de florescimento e frutificação. A planta não sofre influência do fotoperíodo e em
4
condições de campo a luz não é fator limitante. Um dos fatores primordiais para que
as necessidades climáticas da planta sejam atendidas durante o ciclo é a época de
semeadura (FERRARI NETO et al., 2012).
Nesse contexto, objetivou se abordar na cultura do amendoim os principais
tópicos referentes ao seu desenvolvimento e exigências edafoclimática e restritiva.
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mercado nacional e internacional
O amendoim é consumido mundialmente, e cerca de 8 milhões de toneladas
anuais de grãos destinam-se ao consumo “in natura” ou industrializados, e de 15 a 18
milhões são esmagados para fabricação de óleo comestível (ARAÚJO & SOBREIRA,
2008). É utilizado ainda como torrado, em forma de manteiga (muito consumido nos
EUA) ou transformado em doces. Os grãos caracterizam-se por seu alto valor
energético e pela presença de vitaminas: B1 (tiamina), ácido nicotínico (niacina),
outras do complexo B e vitamina E. A atividade agrícola com amendoim no Brasil está
associada à cadeia produtiva de doces e confeitos. A produção não só atende à
demanda de consumo interno como também registra um crescimento adicional,
motivado pelas oportunidades de exportação do produto brasileiro, constituindo um
mercado lucrativo, atrativo e cada vez mais exigente quanto à qualidade para o
consumidor (GODOY et al., 2003).
Segundos dados da FAO (2013), maiores produtores de amendoim do mundo
são: China, Índia, Nigéria, Estados Unidos da América e Myanmar. O Brasil ocupa a
17ª posição. Os Estados Unidos e a China, além de produtores, são grandes
consumidores de amendoim como alimento. Juntos consomem cerca de 3 milhões de
toneladas. O Japão, a Indonésia e os países europeus importam anualmente cerca
de 1 milhão de toneladas de grãos para confeitaria.
A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato das sementes
possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína
(20 a 30%). No Brasil, São Paulo, destaca-se como o maior Estado produtor do Brasil,
o restante é produzido no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso.
5
Estima-se que 80% das áreas de reforma dos canaviais seja ocupada pela cultura do
amendoim (MACÊDO, 2007).
Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB, 2014), a safra de
2013/14 teve uma produção de 315,8 mil toneladas (t) em sua totalidade e um
rendimento médio de 2.998 kg ha-1, enquanto que para a safra de 2014/15, a produção
aumentou para 346,8 mil t e o rendimento médio para 3.183 kg ha-1. Há uma estimativa
de produção de 351,9 mil t para a safra 2015/16 e um rendimento de 3.305 kg ha-1.
A participação do Brasil no mercado internacional é baixa, em torno de 1 %.
Todavia, a produção brasileira já atingiu 965 mil t, na safra de 1971/72 (CONAB,
2013).
Até o início da década de 70, o Brasil foi importante produtor de amendoim,
sendo os estados de São Paulo e Paraná os principais produtores, responsáveis por
90% da produção nacional. A produção era destinada a fornecer farelo para a
alimentação animal e óleo vegetal utilizado para consumo direto, como também para
a fabricação de produtos industrializados como margarinas. Nesta mesma década,
diversos fatores político-econômicos facilitaram a expansão da cultura da soja, e
alteraram o perfil da produção e consumo do amendoim no Brasil (DE FREITAS et al.,
2005).
Não só os fatores políticos fizeram com que diminuísse os recursos investidos
na cultura do amendoim, outros aspectos contribuíram para o seu declínio, como
crescentes custos de produção, baixa produtividade, susceptibilidade às variações
climáticas e intensas variações nos preços durante a comercialização. Pequenos e
médios produtores continuaram a produzir o amendoim devido ao baixo nível
tecnológico exigido.
Dificuldades técnicas na produção também serviram como fontes limitantes que
corroboraram para o decréscimo da produção, fazendo com que indústrias e
produtores concluíssem que se mantido o mesmo sistema de produção precário, a
cultura iria desaparecer em pouco tempo. Como soluções, a introdução de
equipamentos de colheita e pós-colheita além da substituição das cultivares por outras
de ciclo mais longo, para que a colheita não coincidisse com o período mais chuvoso,
foram empregadas (DE FREITAS et al., 2005)
Na década de 90 o setor entrou em crise de modo que, no triênio de 1994 a
1997 o Brasil experimentou quedas sucessivas da produção de, respectivamente,
10,7%; 2,3% e 1,2%, quando saiu do patamar de produção de 159,6 mil t, na safra
6
1994/95, para 137,3 mil t, na safra de 1996/97. Diante deste cenário, o setor foi forçado
a inovar na tomada de decisão, recorrendo às expectativas exitosas da Argentina e
importando tecnologias (sementes e máquinas) deste país, de forma que em 2000 o
setor conseguiu avanços importantes no domínio da tecnologia com desenvolvimento
da variedade de IAC Runner (CONAB, 2013).
Respondendo aos desafios, a produção brasileira de amendoim, a partir de
2000 vem resultando em ganhos sucessivos, alcançando, na safra 2004/05, 301,6 mil
t, ou seja, um aumento de 76% da produção no período safra de 1999/2000 à 2004/05.
(CONAB, 2013).
As exportações de óleo de amendoim em bruto revelam uma dinâmica
semelhante à observada no comércio externo do amendoim descascado. Em simples
comparação entre os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível
verificar os resultados alcançados. Assim, especificamente no período de 2002 a
2004, foram produzidas 582 mil toneladas de amendoim em casca para 277 mil
hectares plantados, exportadas 53 mil toneladas de amendoim descascado e 10 mil
toneladas de óleo bruto de amendoim, já de 2008 a 2010, foram produzidas 830 mil
toneladas de amendoim em casca para 314 mil hectares, exportações de 148 mil
toneladas de amendoim descascado e 73 mil toneladas de óleo bruto de amendoim
(Martins, 2011). Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Industrial e
Comércio Exterior (MDIX, 2015), nos anos de 2013 e 2014, a exportação de óleo bruto
de amendoim foi acima das 101 mil toneladas somando os valores nesse período.
2.2.Classificação e morfologia
A planta de amendoim é uma dicotiledônea, da família Leguminoseae,
subfamília Papilionoideae, gênero Arachis. Dentre as inúmeras espécies conhecidas,
as mais importantes são: Arachis hypogaea L. (a mais cultivada), Arachis prostrata
Benth e Arachis nhambiquare Hoehne (FREITAS et al., 2003). A espécie Arachis
hypogaea L. (o amendoim) se subdivide em duas subespécies, Arachis hypogaea
subespécie hypogaea e Arachis hypogaea subespécie fastigiata (GRACIANO, 2009).
O amendoim pode ser classificado agronomicamente como pertencente aos
grupos Spanish, Valência ou Virginia, para distinguir os tipos, seguindo uma
classificação botânica de variedades.
7
O grupo Spanish apresenta porte ereto, ciclo curto e sementes de tamanho
pequeno, coloração vermelha, duas sementes por vagem e nós produtivos tanto na
haste principal como nas ramificações (SANTOS et al., 1997). O grupo Valência
apresenta porte ereto, ciclo curto, sementes de tamanho médio, tegumento de
coloração vermelha e de três a cinco sementes por vagem. Possuem nós produtivos
tanto na haste principal como nas ramificações (SANTOS et al., 1997). Já as plantas
do grupo Virgínia podem apresentar hastes intermediárias ou semi - decumbentes
(‘bunch’), ou rasteiras ou procumbentes (‘runner’), ciclo longo, vagens geralmente com
duas sementes grandes, coloração bege, presença de dormência e ausência de flores
na haste principal (GODOY et al., 2005). No aspecto fenológico, as fases de
crescimento e desenvolvimento entre os genótipos do tipo Valência e Virgínia são
particularmente definidas, mas podem variar, dependendo do local e das condições
climáticas, principalmente temperatura, onde são cultivados (SANTOS et. al., 1997).
A planta do amendoim é herbácea, anual, pubescente, ramificada, de porte
rasteiro, ereto ou intermediário, alcançando uma altura em torno de 0,70 m
(NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).
As folhas são compostas, alternas, com dois pares de folíolos, pubescentes,
ovalados e elípticos, arredondados na base e mais ou menos agudos no ápice. O
pecíolo é canaliculado, longo, podendo alcançar comprimento de até 10 cm. O
tamanho dos folíolos varia entre cultivares, sendo maiores na subespécie fastigiada
que na subespécie hypogaea. Na planta, os folíolos do caule são pouco maiores que
os dos ramos, e o par apical é geralmente maior que o basal. (RAMANATHA RAO &
MURTY, 1994).
O caule é pubescente, ereto, ramificado desde a base (nó cotiledonar), sendo
menor nos cultivares rasteiros, e maior nos demais. As ramificações primárias podem
por sua vez também se ramificar. As hastes (caule e ramificações) são de coloração
verde ou purpúrea (presença de antocianina). A altura do caule depende do genótipo,
porém é influenciada pelo ambiente, podendo variar de 12 a 65 cm (RAMANATHA &
MURTY, 1994).
A parte vegetativa, quando convenientemente preparada, é forragem de grande
valor alimentício, principalmente para o gado leiteiro. Há possibilidade de se aproveitar
de uma mesma cultura, além das vagens para comercialização, a parte aérea para a
produção de feno, desde que na colheita, a secagem seja feita pelo sistema de medas
8
e não haja problema de resíduos dos defensivos agrícolas. E, sendo leguminosa pode
ser cultivada e empregada como adubo verde (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).
As flores surgem nas axilas das folhas em inflorescência do tipo espiga que
produz de três a cinco flores. A inflorescência é semelhante a um ramo vegetativo, de
dimensões muito reduzidas. Em uma mesma axila normalmente abre-se uma flor por
vez, sendo rara a abertura de duas ao mesmo tempo. A flor é séssil, completa. O
cálice é verde, composto de cinco sépalas soldadas nas hastes, formando um tubo
calicinal que se insere na axila da folha. A corola é laranja, com cinco pétalas inseridas
na parte superior do tubo calicinal, a pétala maior é o estandarte que apresenta
diversos tons de amarelo, ás vezes com estrias de coloração diferente e que permitem
diferenciar tipos de cultivares.
Os frutos são vagens: indeiscentes, uniloculadas, estranguladas, de cor
amarelo-palha, com superfícies mais ou menos reticuladas, encerrando uma a cinco
sementes presas à face interna e ventral do pericarpo. Os frutos desenvolvem-se no
interior do solo (geocarpia), sendo ligados à axilas das folhas (parte aérea) através de
uma estrutura denominada carpóforo, ginóforo ou “peg”. A casca do amendoim
apresenta composição variável, porém, apresenta elevado teor de material lenhoso e
de carboidrato. Entre os seus usos mais frequentes ou possíveis, temos combustíveis
(pela queima), raçao animal (trituradas e misturadas às raçoes para ruminantes,
desde que sem micotoxinas), fertilizantes (como matéria orgânica “in natura” ou forma
de composto), placas de aglomerados (triturada, seca e com adição de goma). Além
disso, tem sido o substrato preferido para utilização em “camas” de aviários de corte,
o que lhe confere bom valor comercial.
As sementes constam de um tegumento seminal (película) delgado e do
embrião. O tegumento pode ser branco, rosado, vermelho, roxo e ou negro, inclusive
manchado de branco e vermelho. O embrião é constituído por dois cotilédones
volumoso, ricos em óleo e proteína e um eixo reto compreendendo um epicótilo de
três gemas, uma apical e duas cotiledonares, os elementos de seis a oito folhas e uma
radícula; esta é perceptível externamente como um pequeno bico da semente
(MAZZANI, 1961; FONSECA, 1981; CAMARA et al., 1982).
O sistema radicular é constituído de uma raiz principal pivotante vigorosa, de
estrutura lenhosa, da qual saem numerosas raízes secundárias que se subdividem
formando um conjunto bastante ramificado. Por se tratar de uma leguminosa, as
raízes apresentam nodulação, indicadora da presença de bactérias simbióticas
9
fixadoras de nitrogênio atmosférico, no caso do amendoim, a bactéria Bradyrizobium
sp. Pertence ao grupo do cow-pea, e é encontrado em quantidade na maioria dos
solos utilizados. Os nódulos, que se caracterizam por sem em grande número (400 a
800) e de pequeno tamanho (1 a 4 mm), encontram-se nas raízes principais, primárias
e secundárias, porém concentram-se mais nos primeiros quinze centímetros do
sistema radículas (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011; GILLIER & SILVESTRE, 1970).
2.3 Fenologia
O amendoinzeiro apresenta estádios fenológicos divididos em duas fases
distintas: vegetativa e reprodutiva. A fase vegetativa compreende as seguintes etapas:
emergência (VE), cotilédones abertos na ou sob a superfície do solo (V0) e 1 (V1) a n
(Vn) folhas tetrafolioladas. A fase reprodutiva compreende as seguintes etapas: início
do florescimento (R1), formação dos ginóforos ou pegs (R2), formação de vagens
(R3), vagens cheias (R4), formação das sementes (R5), sementes cheias (R6), início
da maturação (R7), maturação para colheita (R8) e vagem acima do ponto de
maturação (R9) (BOOTE, 1982).
No aspecto fenológico, as fases de crescimento e desenvolvimento entre os
genótipos do tipo Valência e Virgínia são particularmente definidas, mas podem variar,
dependendo do local e das condições climáticas, principalmente temperatura, onde
são cultivados. No Estado de São Paulo, com semeadura no período das águas
(setembro-outubro), os genótipos do grupo Valência iniciam a floração geralmente
entre os 30 a 32 dias após a semeadura (DAS), e o ciclo é completado 110 a 115 dias
após o plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração e o final do ciclo ocorrem,
respectivamente, entre 35 e 40 e entre 120 e 140 dias após o plantio (Godoy et al.,
1985). Nas condições de cultivo de sequeiro, nos estados da Bahia e Paraíba (abril-
maio), entretanto, tem sido observado que os genótipos do grupo Valência iniciam a
floração e são colhidos, respectivamente, entre 27 e 30 e entre 100 e 110 dias após o
plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração geralmente se inicia, em média,
35 dias após o plantio, e a colheita é realizada a partir dos 120 dias após o plantio
(Guerreiro, 1973; Silva et al., 1991).
Foi realizado um experimento para determinar estágios fenológicos dos grupos
Virgínia e Valência, em 1992, no Centro Nacional de Pesquisa de Algodão (CNPA),
atual EMBRAPA Algodão, em Campina Grande, PB, no ano de 1992. O plantio foi
10
realizado em 20 de fevereiro. A colheita dos genótipos do tipo Valência foi realizada
em 29 de maio, e a do tipo Virgínia, em 26 de junho. Os genótipos utilizados para este
estudo foram escolhidos por apresentarem características morfo-agronômicas
definidas, dentro de seus respectivos tipos botânicos. Tais materiais foram: TATU,
BR-1 e IAC POITARA, do tipo Valência, e CNPA 52 AM, CNPA 53 AM e CNPA 125
AM, do tipo Virgínia. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com modelo
de classificação hierárquica e cinco repetições. As principais características
fenológicas dos dois tipos botânicos são apresentadas na Tabela 1 (SANTOS et al.,
1997).
Fonte: Santos et al. (1997), adaptador pelo autor. 1 Dias após a semeadura (DAS) pode variar de acordo com as condições climáticas. Valência: precoce; Virgínia: rasteiro.
2.4 Manejo da cultura
Alguns fatores podem determinar a necessidade de inoculação do amendoim
em regiões tropicais, tais como a reduzida população de rizóbio nativo, principalmente
em áreas submetidas a temperaturas elevadas ou à baixa umidade do solo, ou áreas
sem histórico de cultivo anterior com leguminosas (SANTOS et al. 2005).
Assim, SANTOS et al. (2005) verificaram que a quantidade e a massa de
nódulos foram muito dependentes dos isolados nativos, do genótipo e do tipo de
cobertura do solo. Além disso, a efetividade dos rizóbios foi influenciada pelo tipo de
cobertura do solo, com maior nodulação quando se utilizou rizóbios nativos, refletindo
Símbolo Denominação Tipo Botânico
Valência Virgínia
DAS1
G Germinação 06 07
PFT Primeiras Folhas Tetrafoliadas 09 10
APR Aparecimento dos Primeiros Ramos 14 14
IF Início do Florescimento 29 33
AG Aparecimento do Ginóforo 36 40
AlG Alongamento do Ginóforo 46 50
IFV Início da Formação das Vagens 47 51
FF Final da Floração 74 95
MCV Maturação Completa das Vagens 99 123
Tabela 1. Fenologia das plantas de amendoim dos tipos Valência e Virgínia
11
no aumento do nitrogênio total acumulado e no rendimento de matéria seca de parte
aérea.
GIARDINI et al. (1985) constataram que a inoculação com rizóbios específicos
não alterou a quantidade de nódulos nas raízes, independentemente da aplicação de
nitrogênio.
Assim, verifica-se que na literatura nacional são escassos os trabalhos que
relatam resultados positivos quanto à produtividade do amendoim decorrente da
inoculação com microrganismos fixadores de nitrogênio.
A avaliação de características fenológicas permite conhecer tanto o ciclo de
crescimento vegetativo, como o comportamento reprodutivo, dados estes importantes
para a definição das principais técnicas de manejo em lavouras comerciais. Na
fenologia quantitativa ou fenometria, podem ser analisados a taxa de crescimento e o
desenvolvimento da cultura, os quais são avaliados e relacionados com os padrões
de produtividade (COSTA et al., 2003).
A cultura do amendoim é considerada como planta neutra, ou seja, não há
efeito do fotoperíodo nas plantas. Em condições de campo a luz não é um fator
limitante para a fotossíntese, porém para que se tenha o desenvolvimento normal dos
frutos faz-se necessário a ausência de luz na extremidade dos ginóforos, sendo a
frutificação subterrânea (NOGUEIRA & TÁVORA, 2005).
É cultivado em mais de 80 países nos dois hemisférios, principalmente em
regiões tropicais na faixa de latitude 30 °N e S. Apesar desta ampla adaptabilidade, a
produtividade é fortemente influenciada por fatores ambientais, especialmente
temperatura, disponibilidade de água e radiação. Condições ambientais adversas
reduzem o crescimento da planta, de maneira diferenciada, dependendo do estágio
em que está se encontra – vegetativo ou reprodutivo (SANTOS et al.,2006).
O amendoim e muito recomendado em programas de rotação de culturas, por
ser de ciclo curto, relativamente resistente a seca (GROTTA et al., 2008). Apresenta
característica de plasticidade, ou seja, possui mecanismos fisiológicos que lhe confere
a capacidade de desenvolver em ambientes edafoclimáticos diversos por meio de
modificações na sua morfologia e fenologia, influenciando diretamente nos
componentes de produção da planta e refletindo na sua produtividade (GONÇALVES,
2004 e PEIXOTO et al., 2008).
A cultura desenvolve-se bem em solos de textura arenosa, geralmente, estes
solos possuem boa drenagem e aeração, favorecendo o desenvolvimento das raízes
12
e frutos, como também o suprimento de nitrogênio para a fixação simbiótica. Como
desvantagem, os solos arenosos apresentam baixa capacidade de reter água
podendo ocorrer reduções de produtividade em função de veranicos, menor
fertilidade, devido à baixa capacidade de troca catiônica, e muitas vezes necessitam
da correção da acidez por meio da aplicação de calcário, assim como frequentes
aplicações de fertilizantes. O produto final colhido nos solos arenosos possui
qualidade superior, pois nos solos argilosos grande parte das vagens colhidas
apresentam coloração mais escura, devido a partículas de argila que ficam aderidas
ao fruto.
Já os solos de textura argilosa, em geral, são mais férteis que os solos
arenosos, porém se não estiverem bem estruturados, apresentam problemas de
aeração, drenagem, por consequência da compactação e isto dificulta a penetração
dos ginóforos e o crescimento dos frutos. Outro problema é a maior dificuldade de
colheita em solos mal estruturados, onde podem ocorrer maiores perdas de vagens.
Mesmo apresentando qualidade inferior no produto final, os solos argilosos oferecem
melhores produtividades de vagens de amendoim do que os solos arenosos.
Solos de textura argilosa, do ponto de vista da nutrição mineral são de manejo
mais fácil quando se pretende praticar uma agricultura moderna. São solos mais
coesos, menos erodidos, possuem maior capacidade em reter umidade, e nestes
solos, quando se realiza semeadura direta do amendoim e pratica-se rotação de
culturas, podem ter sua estrutura melhorada com relação à aeração, drenagem e
disponibilidade de nutrientes (NOGUEIRA & TÁVORA, 2005). Os mesmos autores
citam que a absorção de nutrientes se dá, principalmente pelas raízes, ginóforos e por
frutos em desenvolvimento. Há frequentes respostas com relação à aplicação de
fósforo, potássio e cálcio. Com relação ao nitrogênio os resultados dos estudos são
contraditórios, havendo respostas à aplicação em alguns estudos e em outros não.
A partir do estudo da fenologia, das características agronômicas e dos dados
de crescimento pode-se aferir ainda sobre a atividade fisiológica, isto é, estimar de
forma precisa, as causas de variações de crescimento entre plantas geneticamente
diferentes ou entre plantas iguais, crescendo em ambientes diferentes (BENICASA,
2003).
A aplicação de calcário na cultura do amendoim é de grande importância. O
calcário é uma fonte de cálcio, que é aplicado visando neutralização do alumínio e do
manganês, e aumenta a disponibilidade do nutriente na zona de frutificação da planta
13
no solo, refletindo na espessura do tegumento das sementes (maior espessura de
casca das vagens) que atua como uma barreira na penetração de fungos e a perda
de água. Este elemento é absorvido pelas raízes, ginóforos e cascas do fruto em
formação (PEREIRA, 2006).
O amendoim mesmo tendo ampla adaptabilidade, a sua produtividade é
altamente influenciada por fatores ambientais, especialmente temperatura,
disponibilidade de água e radiação (SILVEIRA et al., 2009).
2.5 Utilização do óleo de amendoim
O óleo do amendoim refinado tem praticamente todas as propriedades
necessárias a um óleo próprio para alimentação. É um óleo de belo aspecto, quase
incolor, de gosto agradável e de aroma suave e característico. Conserva-se bem, com
menor tendência a ficar rançoso que o azeite de dendê e outros. Em valor nutritivo,
equivale às demais gorduras de origem animal ou vegetal, usadas na alimentação.
Além da alimentação humana, o óleo é utilizado para fins medicinais e farmacêuticos,
como veículo solvente de medicamentos, em produtos injetáveis. (NAKAGAWA &
ROSOLEM, 2011).
O óleo além de ser usado na alimentação humana e animal, é empregado
também na indústria pesqueira, apesar de haver restrições para alguns produtos
específicos como enlatamento de sardinhas, por ser suscetível ao ranço; na
fabricação de sabões e sabonetes, tintas, vernizes e ainda como combustíveis e
lubrificantes (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).
Segundo DOORENBOS & KASSAM (1979), a viabilidade de produção de um
biocombustível é analisada em função do balanço energético, envolvendo desde a
disponibilidade de energia solar para as plantas, até os processos físicos e sócio
energéticos gastos na produção industrial. Dentro dessa temática, há poucos estudos
sobre a eficiência de uso da radiação solar na síntese de energia química pelas
plantas oleaginosas potencialmente produtoras de biodiesel, tais como amendoim,
gergelim, girassol, mamona e soja, entre outras.
O óleo de amendoim, juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo
estudado para a utilização como biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em
14
mistura com o óleo diesel, com resultados promissores (Mello et.al., 2006). Este óleo,
como os demais de origem vegetal, apresenta densidade próxima ao combustível
empregado tradicionalmente, porém com poder calorífico pouco menor, e fazem parte
do Programa Nacional de Produção e Uso de Biocombustível, que estabeleceu a
obrigatoriedade (Lei 11.097 de13/01/2005) da adição de 2% de biocombustível ao
diesel a partir de 2008 e com elevação para 5% em 2013.
Deve-se considerar ainda a grande diversidade de opções de oleaginosas para
produção de biodiesel, tais como a Elaeis Guineensis N. (dendê) e Orbignya phalerata
(babaçu) no norte, Glycine max (soja), Helianthus annuus (girassol) e Arachis
hipogaea (amendoim) nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e no semiárido
nordestino, Ricinus communis (mamona), Jatropha curcas L. (pinhão manso).
Destacam-se também como alternativa às demais regiões do país, além destas, as
oleaginosas Mauritia flexuosa L. (buriti), Caryocar brasiliense Camb (pequi), Crambe
Hochst Abyssinica (crambe), Licania rigida Benth (oiticica), Sesanum indicum
(gergelim), Carapa guianensis Aubl (andiroba), dentre outras oleaginosas, vem sendo
investigadas em suas propriedades físico-químicas, reológicas e de resistência a
degradação térmica e oxidativa, direcionadas a produção de biocombustível (ROCHA,
2007).
A produção de biodiesel é uma oportunidade tecnológica e estratégica para o
Brasil, tendo em vista que o País possui em abundância espécies vegetais de onde
se extraem óleos, matérias primas necessárias para a produção deste combustível,
que já tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente exemplo nesse
aspecto (HAAS et al., 2001). Após a extração do óleo, obtém-se como subproduto de
alto valor comercial, a torta que é empregada na alimentação animal ou como
fertilizante. As tortas, cuja riqueza nutritiva é variável em função do método de
obtenção, se destinadas à alimentação animal são transformadas em farelo. O farelo
é a torta da qual foi extraído o óleo por meio de solventes e tem cerca de 0,5 a 0,8%
de óleo residual. O farelo é comercializado com base no seu teor proteico, sendo que
para o amendoim deve conter no mínimo 46% de proteína (FONSECA, 1981).
O farelo de amendoim, por sua riqueza proteica e vitamínica, é reconhecido
como um valioso suplemento para dietas humanas, para aliviar a má nutrição em
muitos países. Do seu processamento obtêm-se farinha, concentrados e isolados
proteicos, com alto teor de proteína. A proteína do amendoim é deficiente em alguns
15
aminoácidos essenciais (metionina e lisina), mas a sua digestibilidade é superior a
muitas outras fontes de proteína vegetal (SAVAGE & KEENAN, 1994).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, W.G.; SOBREIRA, G.F. Farelo de amendoim na alimentação de não
ruminantes. Eletrônicanutime, v. 5, n. 2, p. 546-557, 2008.
BENINCASA, M. M. P. Análise de Crescimento de Plantas (noções básicas). 2ª.
ed. Jaboticabal: FUNEP, 2003. 41p.
BOOTE, K. J. Growth stages of peanut (Arachis hypogaea L.). Peanut Science,
Yoakum, v. 9, n. 1. p, 35-40, Jan., 1982.
BULGARELLI, E. M. B. Caracterização de variedades de amendoim cultivadas em
diferentes populações. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 2008
CAMARA, G. M. S.; FONSECA, H.; FILHO, J. M.; GODOY, O. P. Amendoim –
produção, pré-processamento e transformação agroindustrial – Série Extensão
Agroindustrial, FEALQ – Governo do Estado de São Paulo, ed. Hamburg, p. 01-11,
1982.
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Proposta de preços mínimos –
safra 2013/2014. Disponível em:
http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_11_22_15_41_10_pm_vera
o_13_14.pdf Acesso em: 14 abr. 2015
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Amendoim. Macêdo,
M.H.G.
16
Disponível:<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/83e31b69fc4c1f45
a1cee5eb53797f41..pdf> Acesso em: 02 out. 2015
COSTA, A. F. S.; COSTA, A. N.; ANDRADE, J. S.; LIMA, R. C. A.; COUTO, A. O.;
MARTINS, D. S. Avaliação do crescimento e fenologia do mamoeiro em sistema de
produção integrada do Estado do Espírito Santo. Papaya Brasil, 2003, p.437-439.
Acessado em: 12 mai. 2015. Disponível em:
www.fundagres.org.br/downloads/pi-mamao/2003_manejo_cult_12.pdf
DE FREITAS, S. M; MARTINS, S. S; NOMI, A. K; CAMPOS, A. F. Evolução do
mercado brasileiro de amendoim. In: DOS SANTOS, R.C. O agronegócio do
amendoim no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. p. 17-44.
DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Yield response to water. Rome: FAO, 1979. (FAO: Irrigation and Drenage, Paper 33). FERRARI NETO, JAYME; COSTA, C. H. M. ; CASTRO, G. S. A. ; Castro, Gustavo Spadotti Amaral . Ecofisiologia do amendoim. Scientia Agraria Paranaensis , v. 11, p. 1-13, 2012. FONSECA, H. Tecnologia de transformação. In: CÂMARA, G.M.S. et al. Amendoim:
produção, pré-processamento e transformação industrial. Piracicaba: FEALQ, 1981.
p. 47-83. (Série Extensão Agroindustrial, 3).
FREITAS, F. O.; PENÃLOZA, A. P. S.; VALLS, J. F. M. O amendoim contador de história. Brasília: Embrapa, 2003. p.12. GIARDINI, A. R.; LOPES, E. S.; FILHO, A. S.; NEPTUNE, A. M. L. Inoculação com
rhizobium e aplicação de nitrogênio em amendoim. Bragantia, Campinas, v.44, p.27-
39, 1985.
GILLIER, P.; SILVESTRE, P. N. El cacahuete. Barcelona: Blume, 1970. 281 p.
GRACIANO, E. S. A. Estudos fisiológicos e bioquímicos de cultivares de
amendoim (Arachis hypogaea L.) submetidos à deficiência hídrica. 2009. 66f.
Dissertação (Mestrado em Botânica/Biotecnologia e Fisiologia Vegetal) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2009.
17
RAMANATHA R. A. O.; MURTY, U. R. Botany-morphology and anatomy. In: SMARTT,
j. (Ed.). The groundnut crop. A scientific basis for improvement. London: Chapman
& Hall, 1994. p. 43-95.
GODOY, I. J.; MORAES, S. A. de; KASAI, F. S.; MARTINS, A. L. M.; PEREIRA, J. C.
V. N. A.; MORAES, A. R. A.; TEIXEIRA, J. P. F. Cultivares IAC de amendoim. O
Agronômico, Campinas, v. 55, n. 1, p. 26 – 29, 2003.
GODOY, I. J.; MORAES, S. A. de; ZANOTTO, M. D.; SANTOS, R. C. Melhoramento
do amendoim. In: BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: UFV,
2005. p.54-95. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 7p. (Embrapa Algodão.
Circular técnica, 102).
GODOY, I. J. de; SAVY FILHO, A.; TANGO, J. S.; UNGARO, M. R. G.; MARIOTTO,
P. R. Programa integrado de pesquisa - oleaginosa. Campinas: IAC, 1985. 33p.
GONÇALVES, J. A. Arranjo espacial no crescimento e rendimento de amendoim
em duas épocas de semeadura no Recôncavo Baiano. 2004. 97p. Dissertação
(Mestrado em Ciências Agrárias) – Centro de Ciências Agrárias e Ambientais.
Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, 2004.
GROTTA, D. C. C.; FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P.; REIS, G. N.; CORTEZ, J. W.;
ALVEZ, P. J. Influência da profundidade de semeadura e da compactação do solo
sobre a semente na produtividade do amendoim. Ciencia Agrotecnica, Lavras, v. 32,
n. 2, p. 547-552, mar/abr.;2008.
GUERREIRO, J.F. Cultura do amendoim. Cruz das Almas: DNPEA-IPEAL, 1973.
10p. (DNPEA-IPEAL. Circular, 28).
HAAS, M. J.; SCOTT, K. M.; ALLEMAN, T.L.; MCCORMICK, R.L. Engine Performance
of Biodiesel Fuel Prepared from Soybean Soapstok a High Quality Renewable Fuel
Produced from a Waste Feedstock. Energy Fuels, 2001, n.15, v.5, 1207p.
18
IAC – Instituto Agronômico de Campinas. Sementes melhoradas de amendoim do
Instituto Agronômico oferecem maior rentabilidade e qualidade. Disponível em
<http://www.iac.sp.gov.br/AI/noticias/Materias/Amendoim_Tatu_ST.htm>. Acesso em
14 de mar. 2015.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores IBGE – Estatística
da Produção Agrícola, 2014. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Fasciculo_Indicadores_IBGE/estProdAgr_20
1407.pdf>. Acesso em: 05 ago. 2014.
LIMA, T.M. Cultivo do amendoim submetido a diferentes níveis de adubação e
condições edafoclimáticas no sudoeste de Goiás. 2011, 132f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia – Produção Vegetal) – Universidade Federal de Goiás,
Regional Jataí, Jataí, 2011.
MARTIN, P.S. Amendoim- uma planta da história no futuro brasileiro, Coleção Brasil
agrícola. Série Principais Produtos. Ed. Ícone, p.68, 1985.
MARTINS, R. Amendoim: produção, exportação e a safra 2011/2012. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v.6, n.11, p.1-5, 2011.
MAZZANI, B. El mani em Venezuela. Macaray: Ministério da Agricultura y Cria de
Venezuela, Centro de Investigacione Agronómicas, 1961. 138 p. (Monogragia n. 1).
MELLO, F.O.T.; PAULILO, L.F., VIAN, C.E.F. O biodiesel no Brasil: panorama,
perspectiva e desafios. Informações Econômicas, São Paulo, v. 36, n. 12, p. 7-19,
2006.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIAL E COMÉRCIO EXTERIOR.
Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise das
informações de comércio exterior (ALICE). Disponível em:
<http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta-ncm/index/type/exportacaoNcm>. Acesso em:
novembro 2015.
19
NAKAGAWA, J.; ROSOLEM, C. O amendoim: tecnologia de produção. Botucatu:
FEPAF, 2011, 325p.
NOGUEIRA, R. J. M.; TÁVORA, F. J. A. F.; Ecofisiologia do amendoim. In: DOS
SANTOS, R.C. O agronegócio do amendoim no Brasil. Campina Grande: Embrapa
Algodão, 2005. p.71-122.
PEIXOTO, A.R. Amendoim. In: ______. Plantas oleaginosas herbáceas. São Paulo:
Livraria Nobel, 1972. p. 31-60.
PEIXOTO, C. P.; GONCALVES, J. A.; PEIXOTO, M. F. S. P.; CARMO, D. O.
Características agronômicas e produtividade de amendoim em diferentes
espaçamentos e épocas semeadura no Recôncavo Baiano. Bragantia, Campinas,
v.67, n.3, p.563-568, 2008.
PEREIRA, E.L. Produção e qualidade de sementes de cultivares de amendoim
(Arachis hypogaea L.) influenciadas pela calagem e pela época de colheita. 2006.
146f. Tese (Doutorado em Ciências/ Produção Vegetal) – Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, Seropédica, 2006.
ROCHA, M. A. M. Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura
Capixaba, Novo Pedeag, 2007, 285p.
SANTOS, C. E. R. E. S.; STAMFORD, N. P.; FREITAS, A. D. S. F.; BASTOS VIEIRA,
I. M. de M.; SOUTO, S. M.; NEVES, M. C. P.; RUMJANEK, N. G. Efetividade de
rizóbios isolados de solos da região Nordeste do Brasil na fixação do N2 em amendoim
(Arachis hypogaea L.). Acta Science Agronomy, v.27, n. 2, p. 301-307, 2005.
SANTOS, R. C.; MELO FILHO, P. A.; BRITO, S. F.; MORAES, J. S. Fenologia de
genótipos de amendoim dos tipos botânicos Valência e Virgínia. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 32, n.6, p.607- 612, 1997.
SANTOS, R. C.; REGO, G. M.; SANTOS, C. A. F.; PÉRICLES A.; MELO FILHO.;
SILVA, A. P. G.; GONDIM, M. S.; SUASSUNA, T. F. Recomendações Técnicas para
20
o Cultivo do Amendoim em Pequenas Propriedades Agrícolas do Nordeste
Brasileiro. Circular Técnica. Campina Grande, Setembro, 2006, 07p.
SAVAGE, G. P; KEENAN, J. I. The composition and nutritive value of groundnut
kernels. In: Smartt J. (Ed.). The groundnut crop: a scientific basis for improvement.
Chapman and Hall, Londres, p. 173-213. 1994.
SILVA, L.C.; SANTOS; R.C. dos; FARIAS, F.J.C.; MOREIRA, J. de A.N. Comportamento de genótipos de amendoim (Arachis hypogaea L.) sob condições de sequeiro. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1991. 11p.
SILVEIRA, P. S.; PEIXOTO, C. P; LEDO, C. A. S.; PASSOS, A. R.; BORGES, V. P.;
BLOISI, L. F. M. Fenologia e produtividade do amendoim em diferentes épocas de
semeadura no recôncavo sul baiano. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 29, n. 3, p.
553-561, 2013.
TASSO JUNIOR, L. C. Cultura de soja, milho e amendoim sob diferentes sistemas de
manejo de solo em áreas com palha residual de colheita mecanizada de cana Crua.
Dissertação de Mestrado – Produção Vegetal – FCAV/UNESP, Jaboticabal, p. 168,
2003.
21
CAPÍTULO 2. PRODUÇÃO E SIMULAÇÃO DE GRÃOS E BIOMASSA E FATOR DE
COBERTURA VEGETAL DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS DE AMENDOIM
NO SUDOESTE DE GOIÁS
RESUMO – A produção de amendoim no Brasil cresceu mais de 23% nos últimos 10
anos. A exigência por produtos com maior qualidade do grão tornou necessário a
introdução, avaliação e o desenvolvimento de cultivares do tipo runner no Brasil. Com
isso, os objetivos desse trabalho foram verificar a diferença de produtividade entre
linhagens de amendoim em comparação com uma cultivar em duas datas diferentes
de plantio da safra verão e comparar esses resultados com os gerados pelo programa
de simulação de produção agrícola AquaCrop®, e determinar qual linhagens
proporcionou melhor cobertura vegetal sobre o solo. Os ensaios foram conduzidos na
área experimental da Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí. A implantação
do primeiro ensaio experimental teve sua instalação no dia 15 de janeiro de 2014, e o
segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos com o intuito de serem safras de verão,
porém com datas de manejo diferentes. A colheita dos mesmos ocorreu,
respectivamente, nos dias 04/06/2014 e 30/04/2015. Foram instalados em Blocos
Casualizados, e os tratamentos foram 5 linhagens de amendoim e a cultivar Runner
IAC 886 como testemunha. Para a simulação, usou se os softwares ETo Calculator
para mensurar a evapotranspiração de referência, e AquaCrop® para gerar dados
empíricos de produção de grãos e biomassa. No primeiro ensaio as linhagens LPM
22 e LPM 12 obtiveram melhor desempenho, sendo que LPM 22 produziu maior
cobertura vegetal. No segundo ensaio, não houve diferença significativa entre os
tratamentos, e a LPM 22 também proporcionou maior cobertura vegetal. As produções
de grãos em casca e biomassa vegetal gerados pelo software AquaCrop estavam
dentro do que já foi descrito na literatura, e não ocorreu diferenciação entre os
resultados gerados pelo programa com os encontrados nos ensaios de campo.
Palavra-chave: Arachis hypogaea, produção, biomassa, software, índice foliar
22
CHAPTER 2. PRODUCTION AND SIMULATION OF GRAINS AND BIOMASS AND
VEGETATION COVER FACTOR OF PEANUT INTERSPECIFIC LINES IN
SOUTHWEST OF GOIÁS
ABSTRACT - The peanut production in Brazil increased more than 23% over the last
10 years. The demand for products with higher grain quality made it necessary into
introduce, evaluate and develop the type of runner cultivars in peanut in Brazil. The
objectives of this study were to verify the productivity gap between peanut lines
compared with a cultivar on two different dates of planting during the summer crop and
compare these results with those generated by AquaCrop® agricultural production
simulation program, and determine which line provides better plant cover on the
ground. The experiments were conducted in the experimental area of the Universidade
Federal de Goiás - Regional Jataí, the implementation of the first experimental test had
its installation on January 15, 2014, and the second day December 7, 2014, both in
order to be summer crops, but with different management dates. The harvest of these
occurred respectively in the days 04.06.2014 and 04.30.2015. They installed the
experimental in DBC, and the treatments were five strains of groundnuts and as
attestant to cultivate Runner IAC 886. For the simulation, used if the ETo Calculator
software for measurer reference evapotranspiration, and AquaCrop to generate
empirical data from grain and biomass. In the first test, the LPM 22 and LPM 12 lines
performed better, and the LPM 22 has the most vegetation cover. In the second trial,
there was no significant difference between treatments, and the LPM 22 has the better
vegetation cover either. The grain yield of pods, and plant biomass generated by
AquaCrop® software were within what were described in the literature, and there was
no differentiation between the results generated by the program with those found in
field trials.
ABSTRACT
Keywords: Arachis hypogaea, yield, biomass, software, leaf index
23
INTRODUÇÃO
A produção de amendoim no Brasil cresceu mais de 23% nos últimos 10 anos,
passando de 187.719 toneladas de amendoim em casca, em 2003, para 301.744
toneladas, em 2012. A maior produção, contudo, ocorreu em 2005, com 315.239
toneladas de amendoim em casca, impulsionada pela demanda do produto naquele
ano (IBGE, 2012).
O mercado de amendoim no Brasil vem se diversificando em relação aos
padrões da matéria prima. Para o mercado de consumo in natura, os tipos mais
demandados são os grãos de película vermelha, de formato longo ou redondo. Para
o de confeitaria, a demanda é atendida por tipos de película clara e grãos grandes,
oriundos de cultivares rasteiras, conhecidas como runner. Materiais do tipo runner têm
como característica vagens com apenas duas sementes, ciclo médio a tardio, em
torno de 120 - 140 dias, alto teor de óleo nas sementes e maior exigência em termos
de manejo SANTOS et al., 2005). Para atender este novo segmento de mercado, a
Embrapa Algodão vem desenvolvendo pesquisas com a cultura do amendoim visando
obter cultivares rasteiras, de ciclo curto, alta produtividade e elevado teor de óleo,
incluindo linhagens interespecíficas oriundas do programa de pré-melhoramento de
amendoim (SANTOS et al., 2010; SUASSUNA et al., 2015).
Tal demanda tem promovido uma ampliação nas linhas de pesquisa de
melhoramento genético, visando gerar novas cultivares para atender aos mercados
de óleo comestível e combustível (JONNALA et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2006).
Em decorrência dos altos preços de mercado que ocorreram nos últimos anos,
a demanda por sementes de amendoim, tanto por produtores das regiões Sudeste e
Nordeste, quanto por produtores do cerrado tem aumentado. Além disso, a exigência
por produtos com maior qualidade do grão, adaptados para um sistema de produção
mais tecnificado, tornou necessário a introdução, avaliação e o desenvolvimento de
cultivares do tipo rasteiro nos programas de melhoramento de amendoim no Brasil
(GODOY, 2001). Deve-se considerar que a adoção de cultivares desse porte exige
adequação do sistema de produção como, a colheita mecanizada em área total, e em
especial, o ciclo tardio das cultivares desse tipo exige um maior investimento no
controle das doenças foliares (GODOY et al., 1999).
24
O emprego de modelos computacionais a partir de ferramental matemático que
leve em consideração a capacidade genética (ferramenta para o programa de
melhoramento de amendoim) das plantas e as condições pedológico-climáticas dos
biomas mostra-se como uma alternativa importante para a análise criteriosa de fatores
relevantes ao desenvolvimento dos sistemas de produção agrícola (BARBIERI et al.,
2010).
A simulação de processos consiste na construção de um modelo que replica o
funcionamento de um sistema real e, a partir da utilização de softwares
especializados, permite maior entendimento do estudo através da realização de testes
para sua operação e, assim, proposição de melhores formas de operá-lo. Em síntese,
a simulação permite ao gestor testar alternativas em um modelo teórico antes da
aplicação prática, estimando a distribuição de variáveis aleatórias, as hipóteses
estatísticas, os cenários e avaliando a tomada de decisão em tempo real (PINHO et
al., 2009).
Os modelos de simulações do rendimento agrícola são ferramentas que
possibilitam antever as respostas de uma determinada cultura submetida às
condições desejadas pelo pesquisador, antes mesmo de se concluir um ensaio.
Mediante a complexidade de uma cultura em responder ao déficit hídrico induzido,
faz-se necessário o uso de funções empíricas que simulam o rendimento, como forma
de avaliar a produção da planta em resposta ao uso da água. Dentre os vários
modelos usados para este tipo de pesquisa, o aplicativo AquaCrop®, desenvolvido
pela FAO, permite estimar com precisão o efeito da água no rendimento de várias
culturas, dentre estas, incluem as hortaliças, os cereais e as oleaginosas (RAES et
al., 2009).
Para simulação de produtividade foi utilizado o modelo AquaCrop®. O modelo
foi proposto como uma ferramenta de fácil utilização para diversos usuários
interessados na estimativa do crescimento em fitomassa e no rendimento de culturas,
através de reduzido número de parâmetros que facilitam a calibração e utilização para
diferentes culturas e estratégias de manejo. Este modelo teve seus conceitos e
princípios descritos por Steduto et al. (2009).
As simulações foram entre janeiro de 1980 a dezembro de 2010, com apoio do
modelo AquaCrop® 3.1+, as quais consistiram nas etapas de calibração e validação
do modelo e de simulações das épocas de semeadura e análises de risco climático
para o amendoim. O modelo AquaCrop® requer informações sobre o clima, o solo e
25
a planta. Para tanto foi utilizada a série climatológica de Jataí, de janeiro de 2013 a
junho de 2015, cedida pelo INMET, referente aos dados de precipitação, temperaturas
máxima e mínima, umidade relativa do ar e insolação (RAES et al., 2011; ASSUNÇÃO
& LIMA, 2011).
O modelo AquaCrop® requer, como parâmetros de entrada, dados diários do
clima: chuva, temperaturas máxima e mínima, evapotranspiração de referência e
concentração de CO2 (369 ppm sugerido pelo próprio sistema); dados da cultura:
densidade de semeadura, data de semeadura, data do início e fim do florescimento,
índice de cobertura foliar, índice de colheita e temperatura de estresse da cultura;
dados sobre os manejos da irrigação e do campo; e ainda o tipo de solo com as
condições iniciais de umidade e fertilidade do solo (MARTIM et al., 2009) .
Tanto quanto o desenvolvimento de técnicas para a melhoria dos rendimentos
produtivos das culturas é de grande importância, a proteção do solo contra agente de
erosão também contribui para um melhor desempenho das plantas.
O fator de cobertura do solo, isoladamente, é o fator de maior importância
relativa no controle da erosão hídrica. A utilização dos resíduos culturais como
cobertura do solo é uma maneira simples, eficaz e econômica de controlar as erosões
nas áreas cultivadas. Os resíduos, quando mantidos sobre a superfície do solo, evitam
o impacto direto das gotas de chuva, prevenindo a desagregação e selamento
superficial e mantendo taxas adequadas de infiltração de agua no solo. As raízes
propiciam uma maior sustentação mecânica do solo e as raízes mortas favorecem a
existência de canais no solo (drenagem) onde a agua pode penetrar, diminuindo a
quantidade de agua que escoa na superfície do solo (Amado et al., 1989; Portugal,
2000).
Plantas de amendoim apresentam a parte aérea com uma haste principal de
onde originam-se as ramificações primárias, secundárias e terciárias, que podem
medir de 0,20 m a 0,70 m de comprimento, de acordo com o grupo botânico, as
cultivares e as condições ambientais (TASSO JUNIOR et al., 2004). As ramificações
primárias de plantas do subgrupo runner crescem horizontalmente e se espalham pelo
solo emitindo alternadamente gemas reprodutivas ou ramificações secundárias e
terciárias, formando uma arquitetura mais espessa do que a de plantas de porte ereto
(GODOY et al., 2005).
O crescimento da parte aérea até o início de florescimento é lento, tanto em
termos de comprimento da haste como de acúmulo de matéria seca e de área foliar.
26
O crescimento vegetativo da planta continua de forma mais acentuada após o
aparecimento das flores, continuando na fase de frutificação, só paralisando quase ao
final do ciclo (BOOTE & KETRING, 1990).
Os estudos da fisiologia do crescimento das culturas requerem a estimativa da
área foliar ao longo do ciclo de cultivo. A área foliar é uma característica importante
na avaliação da eficiência fotossintética das plantas, na determinação de danos
bióticos e abióticos, na análise de crescimento, relacionado com o acúmulo de matéria
seca, metabolismo da planta, produção final, qualidade e maturação das culturas
(BUSATO et al., 2009). O Índice de Área Foliar (IAF) é uma das análises mais
utilizadas.
Existem dois métodos utilizados para determinar o IAF: método destrutivo e
método não destrutivo. O fator de cobertura foliar pode ser determinado por diversos
métodos não destrutivos como, estimativa visual, sensoriamento remoto ou imagens
digitais. A utilização de imagens digitais apresenta vantagens pela praticidade, baixo
custo e precisão. A taxa de variação do fator de cobertura foliar, durante o ciclo de
uma cultura, é o resultado do manejo cultural como, irrigação, controle de pragas e
doenças, população de plantas e fertilização (LIMA et al., 2009).
Com o presente trabalho objetivou-se avaliar: 1) a produtividade de linhagens
interespecíficas de amendoim, incluindo uma cultivar comercial em duas safras de
verão; 2) fitomassa; 3) fator de cobertura foliar; 4) comparar os resultados obtidos
com os gerados e comparar esses resultados com os gerados pelo programa de
simulação de produção agrícola AquaCrop®; 5) acompanhar o desenvolvimento da
área de matéria verde para determinar qual linhagem proporciona melhor cobertura
vegetal sobre o solo.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos na área experimental da Universidade
Federal de Goiás - Regional Jataí, GO, localizado a 17º 53' de Latitude Sul, 51º 43' de
Longitude Oeste e 670 metros de altitude. O clima da região, segundo a classificação
de Köppen, é do tipo Aw, megatérmico, com estações seca de maio a setembro, e
chuvosa definidas pelos meses de outubro a abril. O solo da área é classificado como
Latossolo Vermelho distroférrico (Embrapa, 2009), cujas características químicas e
27
físicas do solo foram determinadas mediante à análise de solos (Tabela 1). Os dados
meteorológicos foram coletados na Estação Meteorológica de Jataí (Figura 1 e 2)
durante a condução dos experimentos utilizando informações, também dados obtidos
através do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), e estão representados nas
Figuras 1 e 2.
Solo pH (Cmolc dm-3) (mg dm-3)
(CaCl2) H+Al Al Ca Mg CTC K P
LVdf
4,59 5,42 0,18 0,66 0,28 6,55 75,54 3,32
% Análise textural (%)
Sat. Bases
MO Areia grossa Areia fina Silte Argila
17,31 30,9 3,91 8,47 24,61 63,01
Tabela 1. Análise química e física do solo da área experimental na profundidade de
0 – 20 cm
0
5
10
15
20
25
30
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Tem
pera
tura
(°C
)
Pre
cip
itação (
mm
)
Intervalo de tempo
P (mm) Tmed (°C)
Figura 1. Precipitação acumulada (mm) e Temperatura média (°C) no período do
primeiro ensaio experimental em Jataí, GO, 2014.
28
Para a correção de pH e fonte de Ca (importante na formação das cascas das
vagens de amendoim), foi incorporado 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico, com PRNT de
85%, adubo esse encontrado disponível para uso nas instalações para
experimentação da faculdade de agronomia. Os dados sobre a composição do
calcário foram disponibilizados pelo fabricante do mesmo.
As sementes utilizadas em ambas safras foram tratadas com fungicidas e
inseticidas próprios para tratamento de sementes (produto com mistura pronta
contendo o inseticida Fipronil do grupo pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do
grupo das estrobilurinas e Metil Tiofanato do grupo dos benzimidazois, na
concentração de 150 g de ingrediente ativo/100 kg de sementes), procedimento usado
para se evitar o ataque de patógenos e insetos praga durante a instalação do ensaio.
A implantação do primeiro ensaio experimental foi realizada no dia 15 de janeiro
de 2014, e o segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos de com o intuito de permitir
cultivo em safra de verão, porém com datas de manejo diferentes. A colheita dos
mesmos ocorreu, respectivamente, nos dias 04 de junho de 2014 e 30 de abril de
2121,52222,52323,52424,52525,526
0
50
100
150
200
250
Tem
pera
tura
(°C
)
Pre
cip
itação (
mm
)
Intervalo de tempo
PP (mm) Tmed (°C)
Figura 2. Precipitação acumulada (mm) e Temperatura média (°C) no período do
segundo ensaio experimental em Jataí, GO, 2014-2015.
29
2015. Na condução do primeiro ensaio fez se o uso de produtos fitossanitários
(herbicidas e inseticidas) diferentes no manejo que foi adotado no segundo ensaio, já
que a aplicação desses produtos não foi realizada. As colheitas foram efetuadas
quando verificou se que de 60 a 70% das vagens apresentavam pigmentos de cor
marrom na parte interna das vagens, onde arrancou se plantas da bordadura, fez-se
a coleta das vagens e a verificação da maturação das sementes.
Os dois ensaios tiveram seu delineamento experimental em Blocos
Casualizados (DBC). O espaçamento entre blocos foi de 1,5 metros. Os ensaios
tiveram no seu total 24 parcelas cada, 6 tratamentos de amendoins com 4 repetições
cada, sendo que cada parcela teve 4 linhas de 5 metros com densidade de semeadura
de 15 sementes por metro linear. O espaçamento entre linhas foi de 0,9 metros e entre
parcelas também de 0,9 metros. Em comprimento a área experimental foi de 21,6
metros e de largura 23 metros, totalizando 496,8 m2. A parcela útil de unidade
experimental foi de 1 m2 de biomassa (essa medida foi escolhida para facilitar a
estipulação para hectare após as coletas das amostras), incluindo a parte aérea e o
sistema radicular, das duas linhas centrais, descartando um metro de cada
extremidade dessas linhas, considerados como bordadura.
Os tratamentos dos ensaios foram: a cultivar Runner IAC 886 que serviu como
tratamento testemunha e as linhagens LPM 12; LPM 13; LPM 18; LPM 20; LPM 22 (a
sigla LPM vem dos termos Linhagem de Pré-melhoramento).
O arranquio das plantas do solo foi realizado manualmente, mesma condição
condicionada para a retirada das vagens das plantas.
Para o processamento de dados no aplicativo AquaCrop, primeiramente foi
usado o programa EToCalculator® para calcular a evapotranspiração de referência
(ETo). O software foi desenvolvido pela FAO em 2009, e necessita dos dados de
temperaturas máximas e mínimas do ar (°C), umidade relativa do ar (%UR),
velocidade média do vento (U2) a 2 m (m s-1) e insolação (n) (h-1 d-1), dados esses que
foram obtidos pela estação automática da Universidade Federal de Goiás, Regional
Jataí. Os mesmos referentes as datas em que as plantas estavam em campo.
Durante todo o ciclo das plantas foram realizados registros fotográficos
realizadas semanalmente para análise do fator de cobertura do solo. Todos os
registros fotográficos efetuados foram em uma mesma posição e horário do dia,
especificamente entre as 07:30 e 08:30 da manhã, exceto nos dias em que ocorreram
precipitação. As imagens fotográficas retiradas foram avaliadas usando o aplicativo
30
ImageJ®, visando a modelagem da produção de matéria verde durante o período de
desenvolvimento, para avaliar o desempenho produtivo entre as cultivares/linhagens
de amendoim.
As fotografias foram retiradas com uma câmera Sony® Cyber-shot®, modelo
DSC – W320, com 14.1 Mega pixels de resolução, sensor CCD, zoom ótico de 4x e
LCD com 2,7”.
Os resultados amostrais foram submetidos à análise de variância,
acompanhada de testes de média, se necessário, bem como à análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de produtividade obtidos nos ensaios das linhagens de
amendoim podem ser verificados na Tabela 2. Pode se verificar que a linhagem LPM
22 obteve o melhor desempenho em campo no primeiro ensaio quando o parâmetro
estudado é produtividade, porém diferiu significativamente somente da linhagem LPM
13. A linhagem LPM 13 não diferiu dos demais tratamentos.
Tabela 2. Relação produtividade de grãos em vagem (Kg ha-1) e biomassa total (Kg
ha-1) durante as safras 2013/14 e 2014/15 em Jataí – GO.
Tratamentos
Ensaio 1
(Safra 2013/14)
Ensaio 2
(Safra 2014/15)
Produtividade (kg
haˉ¹)
Biomassa (kg
haˉ¹)
Produtividade (kg
haˉ¹)
Biomassa (kg
haˉ¹)
Runner
LPM 12
LPM 13
LPM 18
LPM 20
LPM 22
4620,05ab
5639,95a
2739,55b
4254,28ab
4188,78ab
6013,68a
7827,67ab
11007,5 a
5828,03 b
8044,7ab
7856,55ab
12110,85a
4085,0a
5332,5a
4157,5a
3837,5a
3605,0a
3967,5a
13820,0a
10137,5a
14087,5a
13410,0a
15207,5a
13822,5a
CV (%) 24,48 22,46 32,21 31,28
Médias seguidas por pelo menos uma letra não difere estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
31
Em relação ao segundo ensaio, não houve diferença significativa entre as
linhagens e a testemunha.
As linhagens ocuparam posições diferentes em relação a produção nos dois
ensaios. Essa diferença pode ser devido ao fato de que durante a condução dos
experimentos alguns manejos diferentes foram adotados e aos períodos de tempo em
que as plantas ficaram em campo.
A causa também pode ter sido diferentes condições climáticas que cada
experimento enfrentou durante sua permanência em campo, onde o plantio do
primeiro experimento foi antecipado no prazo de 39 dias, ao ponto que o primeiro
ensaio se deparou com alguns dias sem chuva, atrasando a germinação das
sementes e o desenvolvimento das plântulas. No segundo ensaio ocorreu
pluviosidade no final de ciclo dos tratamentos, prejudicando a colheita e a qualidade
visível das vagens e grãos. As produtividades foram maiores no 1º ensaio,
provavelmente devido as plantas se recuperarem do efeito do veranico no início de
seus ciclos de vida.
Verificamos também que a linhagem LPM 13 comportou se de maneira
diferente nos dois experimentos. Pode estar relacionado com a após aplicação do
herbicida com princípio ativo haloxifope-r éster metílico (inibidor da síntese de
lipídeos), essa linhagem apresentou sintomas de fitotoxidez na sua parte aérea, não
se recuperando totalmente e tendo uma redução em sua produtividade final, pois seu
crescimento foi paralisado por certo tempo. Como no segundo ensaio não se fez o
uso desse produto, a produtividade dessa linhagem não diferiu significativamente com
as demais e com a cultivar, superando até a linhagem de destaque no primeiro ensaio.
Para se ter uma certeza se o produto foi toxico para a linhagem um estudo posterior
deve ser realizado.
Godoy et al. (2003) observaram que a produtividade média em casca obtidos
para as cultivares de porte rasteiro Runner IAC 886 e IAC Caiapó foram
respectivamente, 5525 e 5110 Kg ha-1, resultados esses semelhantes com as
linhagens que obtiveram melhor desempenho nos dois ensaios em campo, onde a
linhagem LPM 22, no 1º ensaio obteve resultado superior ao encontrado pelos
autores. Oliveira et al. (2006) obtiveram uma média produtividade com a cultivar
Runner IAC 886 de 5068,07 Kg ha-1, após adquirir os resultados de 10 safra entre os
anos de 2003 e 2005 em 5 cidades paulistas. Santos et al. (2013) fazendo o arranquio
das plantas do cultivar Runner IAC 886 em 5 datas diferentes (120, 125, 130, 135 e
32
140 DAS) obtiveram melhores resultados (6649,3, 6352,3, 7020,9, 6041,5 e 6863,6
kg ha-1), porém a colheita foi mecanizada, diferente do processo de arranquio dos dois
ensaios das linhagens que foi manual.
Após comparar a produtividade de 7 linhagens de amendoim de porte rasteiro
com 1 linhagem de porte ereto, chegaram à conclusão que todas as linhagens de porte
rasteiro tiveram melhor desempenho que a cultivar testemunha, no caso, a cultivar
Tatu, e que a produção das linhagens variou entre 3982 a 4825 kg ha-1, resultados
esses compatíveis com as linhagens testadas nos dois ensaios deste trabalho (Zullo
et. al,1993).
Depois da estipulação da produção e da biomassa foi feita a simulação. Para
a geração de resultado no modelo AquaCrop®, em relação ao primeiro ensaio, uma
média entre os dados obtidos em campo das linhagens e do cultivar foi realizada, pois
por se tratarem de linhagens com o padrão genético semelhante, os resultados
apresentaram diferenças mínimas (entre 2 a 3 dias entre eles). A germinação ocorreu
entre 9 e 11 DAS (Dias Após a Semeadura), a indução floral ocorreu entre 28 e 31
DAS, com senescência (amarelecimento das folhas e caída das mesmas) iniciando
dos 118 a 120 DAS e colheita variando entre 142 a 144 dias.
Na Tabela 3 podem ser verificados os valores obtidos das simulações para
ambos ensaios. São resultados estipulados de produção de vagens e biomassa,
valores esses que o programa simula ao receber informações semelhantes de como
ocorreu no campo com os tratamentos, e os valores de ETo e precipitação que ocorreu
durante o período dos experimentos.
Tabela 3. Valores de produção, fitomassa, ETo e Precipitação gerados pelo
programa de simulação Aquacrop®, simulado ao período dos ensaios.
Parâmetros Simulação (Kg ha-1)
Safra 2013/14 Safra 2014/15
Produtividade (kg haˉ¹) 5540,0 6901,0
Rendimento de fitomassa (kg haˉ¹) 13467,0 12587,0
ETo (mm) 558,3 655,1
Precipitação (mm) 761,2 897,8
Ciclo (dias) 145 142
33
Verificou se que no primeiro ensaio, a linhagens LPM 22 e LPM 12 tiveram
produções de grãos em vagem superiores quando comparados com os valores
gerados pelo programa de simulação. Mesmo com esse resultado, verifica se que a
simulação gerou resultados compatíveis com os encontrados na literatura.
Já no segundo ensaio, nenhum resultado dos tratamentos foi superior ao que
o AquaCrop® gerou, apesar que os valores estão dentro do que é descrito na literatura
como já foi citado. Uma das possíveis causas do declínio desse parâmetro foi que
durante o período final do ciclo dos tratamentos, ocorreu pluviosidade inesperada,
fator esse que causa doenças de podridão das vagens e grãos, o apodrecimento do
carpóforo, o que dificulta na hora do arranquio a coleta das vagens, além da
germinação dos grãos já maduros, uma vez que esses não apresentam dormência
em sua maioria (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).
Os demais tratamentos tiveram referências inferiores quando comparados com
a simulação. Vários aspectos, como doenças, insetos praga, plantas daninhas,
momento de colheita, déficit hídrico, aplicação de produtos fitossanitários, entre outros
podem ter levado a essa redução da produtividade.
Na Tabela 2 também estão presentes os resultados de biomassa dos dois
ensaios de campo. Observou-se que as produtividades de biomassa de todos os
tratamentos acompanharam as produtividades de grãos em vagem, no sentido
estatístico, podendo concluir as que ambos estão interligados.
Na fase de germinação das plântulas, houve falta de pluviosidade, o que
dificultou a quebra da barreira física do solo pelas mesmas, resultando no atraso da
germinação e a perda de vigor pelas sementes, que converteram a energia presente
nas sementes e que seria gasta no crescimento das plântulas para que essas
plântulas ultrapassassem as camadas superficiais e secas de solo. CATO et al.,
(2008) citaram que a falta de água no início do desenvolvimento faz com que ocorram
problemas como atraso e irregularidades na germinação, porém não foi preciso fazer
correção de stand.
SANTOS et al., (2010) relataram que as perdas durante a retirada do amendoim
do solo ocorrem devido à interação entre vários fatores relacionados ao cultivo e ao
maquinário. As perdas visíveis (vagens encontradas sobre o solo) variaram entre 0,7
e 14,8% e as perdas invisíveis (vagens encontradas sob o solo), de 1,9 a 34,1%.
Trabalhos realizados com cultivares de porte rasteiros evidenciaram perdas de
produtividade por plantas daninhas que variam entre 53 e 90% (Agostinho et al., 2006;
34
Nepomuceno et al., 2007a). SALGADO et al., (2007) relataram na cultura do feijão,
houve redução de 67% na produtividade quando se compara a obtida na ausência
total das plantas daninhas testemunha no limpo (2.515,74 kg ha-1) – com a obtida na
presença delas durante todo o ciclo (1.095,09 kg ha-1), e Nepomuceno et al., (2007b),
relataram que no sistema de semeadura direta, a infestação de plantas daninhas na
cultura da soja reduziu em até 46% a produtividade de grãos quando comparado a um
sistema onde não há presença de mato. Isso mostra que a mato competição em
qualquer cultura, reduz a produtividade no final de ciclo, incluindo na produção de
amendoim.
Essas comparações de produção feitas entre os resultados obtidos com os
experimentos em campo e o programa de simulação, nos proporciona dois modos de
raciocínio. Na primeira visão, podemos concluir que o os materiais que saíram
melhores podem ter material genético superior em ralação aos demais. E um segundo
ponto de vista que, alguns materiais foram prejudicados por algum fator não ligado a
genética, como mato-competição, problema esse que prejudicou o desempenho das
plantas no segundo ensaio. Para se ter conclusões mais precisas, repetições com os
mesmos tratamentos e nas mesmas épocas deverão ser realizados e com métodos
de manejo diferentes para que se haja resultados concretos.
Com relação a produção de fitiomassa, no primeiro ensaio nenhum resultado
foi superior ao que o Aquacrop® registrou, mas 2 linhagens obtiveram resultados
próximos, linhagens essas que obtiveram melhores produtividades também (LPM 12
e LPM 22). Já no segundo ensaio, somente a linhagem LPM 12 não apresentou valor
superior ao do programa de simulação.
A aplicação de herbicida, houve a diminuição do porte das plantas da linhagem
LPM 13, atrasando seu desenvolvimento, e fazendo com que as plantas não
conseguissem se estabelecer como nos demais tratamentos. No segundo ensaio, os
resultados da produção de biomassa não diferiram estatisticamente entre si,
mostrando que todos os tratamentos demonstraram o mesmo desenvolvimento em
campo. Mesmo não tendo essa diferenciação, houve uma diferença expressiva entre
os resultados do primeiro ensaio com o os do segundo. Como o segundo experimento
foi semeado em dezembro e nesse mês ocorre grande fluxo pluviométrico, as plantas
não sofreram com déficit hídrico no início de ciclo, diferente do primeiro experimento
que foi semeado em janeiro, e na região onde foram conduzidos os ensaios, ocorrem
35
um período de escassez de chuva durante estes meses, o que coincidiu com o período
em que as plantas estavam em campo.
Doorenbos & Kassam (1979) estabeleceram que a cultura do amendoim pode
ser dividida em cinco fases de desenvolvimento. Essas fases podem ser visualizadas
na tabela 5.
Tabela 4. Fases de desenvolvimento da cultura do amendoim (Fonte: DOORENBOS &
KASSAM, 1979).
Fase de crescimento Dias
0 Estabelecimento 10¹-20²
1 Vegetativo 25-35
2 Florescimento 30-40
3 Formação da produção 30-35
4 Maturação 10-20
¹Cultivares de ciclo precoce. ²Cultivares de ciclo tardio.
Os autores ressaltaram ainda que a fase de florescimento pode se prolongar
durante a fase de formação da produção, para as cultivares de ciclo longo (runner), e
que as vagens originadas das flores que se desenvolveram durante essa fase de
formação da produção possivelmente não atingirão a maturidade.
Nos gráficos foram representadas essas fases de crescimento de acordo com
o que foi observado em campo nos dois experimentos. Nota-se que todas as fases
ocorreram de forma antecipada no segundo experimento, devido as condições
climáticas da época, pois ocorreu pluviosidade durante as fases mais importantes da
cultura, e, quando não houve chuva desta as plantas conseguiram se desenvolver
normalmente.
Na Figura 3 pode se observar como reagiu o crescimento vegetal dos
tratamentos após a análise no ImageJ® e a geração da porcentagem de área vegetal
sobre o solo do primeiro ensaio em campo, variável essa que foi analisada.
36
Figura 3. Fator de cobertura foliar médio das linhagens no período em que o primeiro
ensaio estava no campo
DAE: Dias Após a emergência.
Observa se que ocorreu um aumento de cobertura vegetal entre os dias 34 e
41 DAE (Dias após a emergência). Essa elevação da área foliar dos tratamentos
nesse período foi devido a ocorrência da floração dos mesmos. Santos et al. (1997),
descrevem que a média de floração entre 5 genótipos de porte rasteiros foi de 41 DAE.
Na fase 2 há a formação dos frutos e um aumento da exigência nutricional e
hídrica das plantas de amendoim, pois os frutos são drenos fisiológicos da planta e
necessitam de uma maior quantidade de fotoassimilados (LIMA, 2011).
Após o pico de crescimento durante o início da fase de florescimento, ocorre
um declínio aos 89 DAE. Esse evento provavelmente ocorreu devido ao início do
enchimento das vagens e formação dos grãos de amendoim, fato que exige grande
concentração de fotoassimilados e remobilização de nutrientes para esses órgãos da
planta. Segundo Nogueira & Távora (2005), na fase reprodutiva as plantas demandam
grande quantidade de energia metabólica, no caso do amendoim essa energia é
direcionada para a produção de ginóforos e de estruturas vegetativa, pois é uma
planta de hábito indeterminado, dessa forma parte da energia que será necessária
para maior eficiência reprodutiva é desviada.
Aos 104 DAE foi quando as plantas apresentaram o maior índice de área foliar,
coincidindo com o fim do florescimento e quando ocorre o início da maturação dos
grãos. Esse aumento instantâneo em área foliar pode ser explicado também pela
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
13 20 27 34 41 48 57 62 70 76 82 89 97 104 110 119 127 135 144
Fato
r de c
obert
ura
folia
r (%
)
DAE
LPM12
LPM13
LPM18
LPM20
LPM22
Runner
Fase 2 Fase 3 Fase 4Fase 0 e 1
37
quantidade de chuva que precipitou anteriormente a essa data. Dos 89 DAE até os
104 DAE ocorreu o acumulo de 159,8 mm (INMET, 2015).
No final da fase 2 e durante toda a fase 3 ocorreu a frutificação das plantas.
Após esse período, ocorre um declínio de área verde, pois as plantas entraram em
senescência e os grãos estavam formados e em maturação.
O maior valor obtido em porcentagem de área vegetal foi aos 104 DAE com a
cultivar LPM 22, com 58,30% em média de área vegetal. Significa dizer que 58,30 %
da imagem analisada era composta por área vegetal verde.
Na Figura 4 pode ser observado como foi a produção de matéria verde do
segundo ensaio de campo.
Figura 4. Teor de % de área foliar dos tratamentos no período em que o segundo
ensaio estava no campo
DAE: Dias Após a Emergência.
Seguindo o gráfico, observa se que ocorreu o mesmo evento que ocorreu no
ensaio 1 durante o início do florescimento, porém com o diferencial de ter sido um
pouco adiantado. Isso foi devido as plantas terem emergido mais cedo do que as
plantas cultivadas em janeiro.
Quando comparamos os dois ensaios, observamos que no primeiro o
crescimento de área verde se deu aos 34 DAE, e no segundo aos 28 DAE. Essa
diferença de tempo tem como possível explicação o clima de cada época de plantio
dos tratamentos. Durante o primeiro ensaio ocorreu um veranico quando as sementes
0
10
20
30
40
50
60
70
8 15 22 28 35 43 51 62 67 74 81 88 96 103 109 118 124 131 143
Fato
r de c
obert
ura
folia
r (%
)
DAE
LPM12
LPM13
LPM18
LPM20
LPM22
Runner
Fase 0 e 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4
38
estavam no solo, atrasando o desenvolvimento das plântulas e retardando a
germinação. No segundo ensaio não ocorreu esse problema e as plantas se
desenvolveram normalmente.
Outra similaridade foi o declínio de área verde durante a floração, mostrando
que não importa a época de plantio, pois durante o início da produção de grãos ocorre
um declínio da produção de matéria verde, mas posteriormente, o aumento de área
foliar. Verifica se que esse declínio ocorreu tardiamente no primeiro experimento, fato
ocorrido nas condições climáticas do período.
No segundo ensaio, o pico de maior porcentagem de área vegetal verde
diagnosticado pelo ImageJ® foi de 63,08 aos 74 DAE, com a linhagem LPM 22
representando o tratamento em destaque, porém, apesar do maior valor observado,
não houve diferença estatística entre os tratamentos.
Lima (2011) analisando o fator de cobertura vegetal de uma cultivar de ciclo
curto, durante safra e safrinha, e em dois tipos de solo através do software BitArea,
que usa o mesmo princípio do ImageJ®, de varredura de pixels verde das imagens,
constatou que durante a safrinha, o pico de maior cobertura vegetal foi de 0,69, ou
seja, 69% das imagens estava com cobertura vegetal. Esse resultado supera os
resultados que foram encontrados nos dois ensaios de campo com as diferentes
linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás.
A diferença entre os resultados é pequena, e algum fator pode ter gerados esse
diferencial. Provavelmente os diferentes materiais utilizados nos trabalhos, pois a
autora usou cultivar de ciclo curto em seus ensaios, e esse material produz uma maior
quantidade de matéria vegetal para produzir os frutos em um menor espaço de tempo.
Outras prováveis explicações podem ser: a utilização de outro software para a análise
das fotografias, gerando resultados com maiores valores dos fatores de cobertura
vegetal; a qualidade das fotografias retiradas pela autora; o modelo da câmara
fotográfica utilizada; período em que os ensaios estiveram em campo.
Testes de ANOVA foram realizados antes as fases de crescimento para
verificar se houver diferença significativa de acordo com o comportamento dos
tratamentos em campo. Os resultados podem ser observados na Tabela 6.
39
Tabela 6. Resumo da ANOVA em 4 períodos (de desenvolvimento de amendoim) nos
ensaios de campo das safras 2013/14 e 2014/15.
DAE Fonte de
variação GL QM F F crítico
Safra
2013/14
20 Bloco 3 0,313019 2,806569ns 3,287382
Tratamento 5 1,51057 13,54398* 2,901295
76 Bloco 3 22,45029 0,763876ns 3,287382
Tratamento 5 240,5056 8,183257* 2,901295
104 Bloco 3 50,67926 3,127019ns 3,287382
Tratamento 5 43,42929 2,679679ns 2,901295
135 Bloco 3 84,37258 2,320356ns 3,287382
Tratamento 5 22,20193 0,610582ns 2,901295
Safra
2014/15
22 Bloco 3 48,89478 8,77951* 3,287382
Tratamento 5 3,187196 0,572291ns 2,901295
74 Bloco 3 1,874973 0,341316ns 3,287382
Tratamento 5 10,20499 1,857694ns 2,901295
103 Bloco 3 101,2381 11,58314* 3,287382
Tratamento 5 40,86868 4,675984* 2,901295
131 Bloco 3 40,78276 0,648943ns 3,287382
Tratamento 5 86,68054 1,379277ns 2,901295
DAE: Dias Após a Emergência; GL: Grau de Liberdade; QM: Quadrado Médio; ns: não significativo; *: significativo ao nível de 5% de probabilidade
Como pode verificar, em alguns pontos dos experimentos houve diferença
significativa entre as linhagens, e até mesmo entre blocos, mostrando que a
porcentagem média de área verde oscilou, provavelmente devido à algum fator
externo.
No primeiro ensaio, nas fases de estabelecimento, vegetativo e de
florescimento, houve diferença significativa entre os tratamentos, destacando essa
diferença entre as linhagens LPM 22 (superior) e LPM 13 (inferior).
No segundo ensaio houve diferença estatística significativa entre blocos aos 22
DAE e aos 103 DAE, mostrando que algum fator não relacionado aos tratamentos
(plantas daninhas, fertilidade do solo, etc.) causou uma variação dentro dos
40
tratamentos entre os blocos do experimento, porém os blocos se igualaram dentro dos
parâmetros estatísticos no final do ciclo dos tratamentos. Mesma coisa aconteceu com
a fonte de variação tratamento nos 103 DAE, que deu F significativo, nos informando
que os tratamentos apresentaram resultados de porcentagem de área verde diferente
nesse período, mas assim como no caso dos blocos, essa produção se estabilizou no
final dos ciclos.
CONCLUSÕES
No primeiro ensaio as linhagens LPM 22 e LPM 12 se sobressaíram sobre as
demais em produtividade de grãos em vagens e biomassa.
No segundo ensaio, as linhagens LPM 12 e LPM 13 obtiveram melhores
produtividades, mas não diferiram significativamente dos outros tratamentos.
A simulação gerou valores que estavam dentro do que a literatura condiz. Os
resultados encontrados dentro dos experimentos não transbordaram demais as
margens dos valores do Aquacrop®, mostrando que pode se fazer simulação para se
ter uma base do que será produzido no futuro.
Em relação a fitomassa, a produção desse parâmetro acompanhou a produção
de amendoim em casca, mostrando que ambos estão interligados. As produções
ficaram dentro da média estipulada pela simulação realizada com o programa
Aquacrop®.
Observou que no primeiro ensaio experimental ocorreu muita variação entre as
linhagens quanto a respeito à porcentagem média de área vegetativa analisada,
porém no final de ciclo essa diferença foi anulada com a igualização dos tratamentos.
A linhagem LPM 22 obteve a maior área vegetal, com 58,30% de cobertura de solo
aos 104 DAE.
Já no segundo ensaio, houve apenas uma diferenciação estatística entre os
tratamentos com o decorrer dos ciclos de vidas das plantas, mas assim como no
primeiro ensaio, essa diferença se extinguiu. A linhagem LPM 22 também obteve um
maior percentual de cobertura vegetal analisada pelo ImageJ®, com 63,08% da
imagem analisada apresentando tons verdes, aos 74 DAE.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFRICAS
AGOSTINHO, F. H.; GRAVENA, R.; ALVES, P. L. C. A.; SALGADO, T. P.; MATTOS,
E. D. The effect of cultivar on critical periods of weed control in peanuts. Peanut
Science, Perkins, v. 33, n.1, p. 29-35, 2006.
AMADO, T. J. C.; COGO, N. P.; LEVIEN, R. Eficácia relativa do manejo do resíduo
cultural de soja na redução das perdas de solo por erosão hídrica. Revista Brasileira
de Ciências do Solo, Campinas, v.13, n. 2. p. 251-257, 1989.
ASSUNÇÃO, H. F.; LIMA, T. M. de. Simulações de épocas de semeadura do
amendoim para a região sudoeste do estado de goiás. In: Congresso Brasileiro de
Agrometeorologia, 2011, Guarapari-ES. Riscos climáticos e os cenários futuros para
a agricultura. Guarapari-ES: SBAGRO, 2011. v. 17. p. 635-639.
BARBIERI, V.; SILVA, F. C. da; DIAZ-AMBRONA, C. G. H. Modelagem de cana-de-
açúcar para previsão de produtividade de canaviais no Brasil e na Austrália. Anais de
39a JAIIO - CAI 2010: Buenos Aires (Argentina), 2010. p.745-762
BOOTE, K. J.; KETRING, D. L. Peanut. In: STEWART, B.A.; NIELSEN, D.R. Irrigation
of agricultural crops. Madison: American Society of Agronomy, 1990. p. 675 – 717.
BUSATO, C.; FONTES, P. C. R.; BRAUN, H.; COELHO, F. S.; SILVA, C. C. S.;
OLIVEIRA, L. S. Estimativa da área foliar da cultivar de batata Cupido. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 27, n. 2, p. 570-573, 2009.
CATO, S. C.; ALBERT, L. H. B.; MONTEIRO, A. C. B. A. Amendoinzeiro. In: CASTRO,
P. R.C. Manual de Fisiologia Vegetal: Fisiologia de Cultivos. Piracicaba: Editora
Ceres, 2008. p.26-35.
DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efeito da água no rendimento das culturas
(tradução de Gheyi, H.R.; Sousa, A.A. de.; Damasceno, F.A.V.; Medeiros, J.F.)
Campina Grande, UFPB,1979; 24, 306 p.: Il, 22 cm (Estudos FAO: Irrigação e
Drenagem, 33).
42
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. EMBRAPA Algodão
Disponível em: < http://www.cnpa.embrapa.br/aunidade/historico.html > Acesso em:
04 mar. 2015
EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro,
Embrapa Solos, 2006. 412p.
GODOY, I. J.; MORAES, S. A. de; SIQUEIRA, W. J.; PEREIRA, J. C. V. A.; MARTINS,
A. L. M.; PAULO, E. M. Produtividade, estabilidade e adaptabilidade de cultivares de
amendoim em três níveis de controle de doenças foliares. Pesquisa Agropecuária.
Brasileira, Brasília, v. 34, n. 7, p. 1183-1191, 1999.
GODOY, I. J. Problemas e perspectivas do melhoramento genético do amendoim no
Brasil. In: Anais. Londrina/IAPAR, 2001… 3 SIRGEALC - Simpósio de Recursos
Genéticos para a América Latina e Caribe. IAPAR: Londrina. p. 43-46.
GODOY, I. J.; MORAES, S. A. de; KASAI, F. S.; MARTINS, A. L. M.; PEREIRA, J. C.
V.; MORAES, A. R. A.; TEIXEIRA, J. P. A. Cultivares IAC de amendoim. O
agronômico, Campinas, v. 55, n. 1, p. 26-29, 2003.
GODOY, I. J.; MINOTTI, D.; RESENDE, P. L. Produção de amendoim de qualidade.
Viçosa: Centro de Produções Técnicas, 2005. 168 p.
IBGE. Banco de dados agregados: sistema IBGE de recuperação automática: SIDRA.
Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 9 mar.
2015
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas Acesso
em: 17 abr. 2015.
43
JONNALA, R. S.; DUNFORD, N. T.; DASHIELL, K. E. New high oleic peanut cultivars
grown in the Southwestern United States. Journal of the American Oil Chemists’
Society, Stillwater, v. 85, n. 02, p. 125-128, 2005.
LIMA, T. M. Cultivo do amendoim submetido a diferentes níveis de adubação e
condições edafoclimáticas no sudoeste de Goiás. 2011, 132f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia – Produção Vegetal) – Universidade Federal de Goiás,
Regional Jataí, Jataí, 2011.
LIMA, T. M. ASSUNÇÃO, H. F.; MARTIM, A.; CORDEIRO FILHO, G. Avaliação do
índice de cobertura foliar do amendoim em função de níveis de adubação em
dois tipos de solo, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA,
16., 2009, Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Sociedade Brasileira de
Agrometeorologia, 2009. Editado em CD-ROM.
MARTIM, A.; ASSUNÇÃO, H. F. da; LIMA, T. M.; CORDEIRO FILHO, G. Uso do
modelo AquaCrop® para estimar o efeito das chuvas sobre o desempenho produtivo
do Amendoim no Sudoeste de Goiás, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
AGROMETEOROLOGIA, 16. 2009, Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte:
Sociedade Brasileira de Agrometeorologia, 2009. Editado em CD-ROM.
NAKAGAWA, J.; ROSOLEM, C. O amendoim: tecnologia de produção. Botucatu:
FEPAF, 2011, 325p.
NEPOMUCENO, M. P.; ALVES, P. L. C. A.; DIAS, T. C. S.; CARDOZO, N. P.; PAVANI,
M. C. M. D. Efeito da época de semeadura nas relações de interferência entre uma
comunidade infestante e a cultura do amendoim. Planta daninha, Viçosa, v. 25, n. 3,
p.481-488, 2007a.
NEPOMUCENO, M. P.; ALVES, P. L. C. A.; DIAS, T. C. S.; PAVANI, M. C. M. D.
Períodos de interferência das plantas daninhas na cultura da soja nos sistemas de
semeadura direta e convencional. Planta Daninha, Viçosa, v.25, p.43-50, 2007b.
44
NOGUEIRA, R. J. M. C.; TÁVORA, F. J. A. F. Ecofisiologia do amendoim (Arachis
hypogaea L.) In: SANTOS, R. C. O agronegócio do amendoim no Brasil. Campina
grande: Embrapa – CNPA, 2005, 451 p.
OLIVEIRA, E. J.; GODOY, I.J.; MORAES, A. R. A. de; MARTINS, A. L. M.; PEREIRA,
J. C. V. N. A.; BORTOLETTO, N.; KASAI, F. S. Adaptabilidade e estabilidade de
genótipos de amendoim de porte rasteiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 41, n. 08, p. 1253-1260, 2006.
PINHO, B.; CAPPELLI, C.; LIMA, L.; NASCIMENTO, L.; SENNA, P.; PAIM, R.
Metodologias e Ferramentas para Simulação de Processos. Rio de Janeiro: 2009.
111 p. Relatórios Técnicos do Departamento de Informática Aplicada da UNIRIO.
Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. No.0003. Disponível em:
<http://www.seer.unirio.br/index.php/monografiasppgi/article/viewFile/240/228>
Acesso em: 02 out. 2015
PORTUGAL, G. (1992). Recursos naturais. Acesso em: 25/08/2015. Disponível em:
<http://www.gpca.com.br/gil/art80.htm>
RAES, D.; STEDUTO, P.; HSIAO, T. C.; FERERES, E. AquaCrop – The FAO crop
model to simulate yield response to water. Reference Manual. FAO, Roma, 2009,
232 p.
RAES, D.; STEDUTO, P.; HSIAO, T. C.; FERERES, E. AquaCrop –The FAO crop
model to simulate yield response to water. Reference Manual. FAO, Roma, 2011,
295p. (Version 3.1plus, disponível em http://www.fao.org/nr/water/aquacrop.html)
SALGADO, T.P.; SALLES, M. S.; MARTINS, J. V. F.; ALVES, P. L. C. A. Interferência
das plantas daninhas no feijoeiro carioca. Planta Daninha, Viçosa, v. 25, p.443-448,
2007.
SANTOS, R. C.; MORAES, J. S.; GUIMARÃES, M. B. Caracteres de floração e
reprodução em genótipos de amendoim do tipo ereto, ramador e decumbente.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 32, n. 12, p. 1257-1262, 1997.
45
SANTOS, R. C.; GODOY, J. I.; FAVERO, A. P. Melhoramento do amendoim. In:
SANTOS, R. C. (Ed.). O agronegócio do amendoim no Brasil. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica: Campina Grande: Embrapa Algodão, p.17-44,
2005.
SANTOS, R. C. dos; MELO FILHO, P. de A.; SILVA, A. F.; GONDIM, T. M. de S.;
OLIVEIRA JÚNIOR, J. O. de L.; ARAÚJO NETO, R. B. de; SAGRILO, E.; ARIEL, N.
H.; VASCONCELOS, R. A. de; OLIVEIRA, A. P. D. de; FREIRE, R. M. M.
Produtividade de amendoim rasteiro em cinco estados do Nordeste. IV CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA & I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS
ENERGÉTICAS, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina
grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1751-1755.
STEDUTO, P.; HSIAO, T. C.; RAES, D.; FERERES, E. AquaCrop – The FAO crop
model to simulate yield response to water: I. Concepts and underlying principles.
Agronomy Journal, Madison, v.101, n.3, p.426-437, 2009.
SUASSUNA, T. M. F.; SUASSUNA, N. D.; MORETZSOHN, M. C.; BERTIOLI, S. C. M.
L.; BERTIOLI, D. J.; MEDEIROS, E. P. Yield, market quality, and leaf spots partial
resistance of interspecific peanut progenies. Crop Breeding and Applied Biotechnology
(Online), v. 15, p. 175, 2015.
TASSO JUNIOR, L. C.; MARQUES, M. O.; NOGUEIRA, G. A. A cultura do
amendoim. Jaboticabal: Editora FUNEP, 2004. p. 1-220.
ZULLO, M. A. T.; GODOY, I. J.; MORAES, S. A.; PEREIRA, J. C. V. N. A.
Produtividade e qualidade do óleo de linhagens de amendoim. Brangantia,
Campinas, v. 52, n. 2, p. 105 – 112, 1993.
47
CAPÍTULO 3. QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓLEO E PODER
CALORÍFICO SUPERIOR DAS LINHAGENS DE AMENDOIM
RESUMO - Entre as oleaginosas comestíveis, o amendoim apresenta um rendimento
industrial superado somente pelo girassol, com média de aproveitamento em torno de
40% para o óleo, sendo assim uma das oleaginosas usadas na produção de
biocombustível. O aproveitamento agrícola vem se tornando cada vez mais atrativo.
O Poder Calorífico Superior (PCS) é um parâmetro usado para medir a energia
presente nos restos agrícolas. Objetivou-se com isso verificar qual linhagem de
amendoim apresentou maior teor de óleo em suas sementes, e comparar com o PCS
também dessas linhagens. O experimento foi conduzido na área experimental da
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, GO. Foram usadas 5 linhagens de
amendoim como tratamentos e a cultivar Runner IAC 886 como testemunha. A
implantação do primeiro ensaio experimental teve sua instalação no dia 15/01/2014,
e o segundo 07/12/2014, ambos de com o intuito de se serem safras de verão, porém
com datas de manejo diferentes. Após as colheitas, as amostras frescas das parcelas
úteis foram levadas à estufa de aeração forçada para desidratação, onde
permaneceram por 72 horas a 80 °C, até atingirem peso constante. Após secas, foram
trituradas e levadas para laboratório para se medir o PCS. Foram utilizadas 100
sementes aleatórias dentro de cada parcela experimental, e foram levadas para a
EMBRAPA Algodão, onde se mediu o teor de óleo através de RMN (método não
destrutivo). Os resultados foram submetidos a análise de variância pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade. Não houve diferença estatística para o teor de óleo entre os
tratamentos, em nenhum dos ensaios. Já para PCS, somente no primeiro ensaio a
linhagem LPM 13 diferiu das demais. Não houve conexão entre teor de óleo dos
tratamentos com seus devidos PCS. Houve correlação entre produção de grãos com
duas variáveis: rendimento de óleo total e PCS total.
RESUMO
Paravra-chave: Calorimetria, biodiesel, runner, porte rasteiro.
48
CHAPTER 3. MEASUREMENT AND PRODUCTION OF OIL AND SUPERIOR CALORIFIC VALUE OF PEANUT’S LINE
SUMMARY - Among the edible oil, peanut features an industrial output surpassed only
by the sunflower, with average utilization of around 40% for oil. The use of forest and
agricultural waste is becoming increasingly attractive. The Superior Calorific Value
(SCV) is a parameter used to measure the energy present in agricultural residues. It
aimed to find what peanut strain showed higher oil content in its seeds, and compare
with the SCV these lines. The experiment will be conducted in the experimental area
was the Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí, GO. Five peanut lines were
used as treatments and as an attestant the cultivate Runner IAC 886. The
implementation of the first experimental test had its installation on 01/15/2014 and the
second 12/07/2014, both in order to be summer crops, but with different management
dates. After harvesting, the fresh samples were taken to the greenhouse-forced
aeration to dehydration, where they remained for 72 hours at 80 ° C until constant
weight. After drying, were crushed and taken to the laboratory to measure the PCS. A
hundred random seeds in each plot were taken to EMBRAPA Cotton, where NMR
(nondestructive method) measured oil content. The results were submitted to analysis
of variance with Tukey test at 5% probability. There was no statistical difference for the
oil content between treatments in any of the test. As for PCS, in the first test at LPM
13 strain differed from the others, below. There was no connection between the
treatments oil content with their proper PCS. There was a correlation between grain
yields with two variables: total oil yield and overall PCS.
SUMMARY
Keywords: Calorimetric, biofuel, runner, under port.
49
INTRODUÇÃO
O amendoim era, até a década de 70, uma das principais fontes de óleo
comestível no Brasil. Com a expansão da cultura da soja, cujo custo de produção
agrícola permite a obtenção de óleo a um preço menor, o amendoim foi
gradativamente perdendo espaço como espécie oleífera. Essa mudança ocorreu não
só no Estado de São Paulo como em outras áreas produtoras da América do Sul
(GODOY & GIANDANA, 1992).
No Brasil nos anos de 2008 a 2010, foram produzidas 830 mil toneladas de
amendoim em casca para 314 mil hectares, e foram exportadas 148 mil toneladas de
amendoim descascados e 73 mil toneladas de óleo bruto. Já a área cultivada na safra
2013/14 foi de 105,3 mil hectares, e a produção de 315,8 mil toneladas, e a estimativa
para a safra 2014/15 em produção é de 346,9 mil toneladas em uma área de 109,6
mil hectares (CONAB, 2015).
Entre as oleaginosas comestíveis, o amendoim apresenta um rendimento
industrial superado somente pelo girassol, com média de aproveitamento em torno de
40% para o óleo e 50% para o farelo. Predominantemente, é utilizado na indústria de
gêneros alimentícios graças à nobre qualidade do seu óleo. O óleo do amendoim
caracteriza-se como resistente à saturação, de sabor agradável, o que o nivela ao
óleo de milho, de girassol e ao de oliva. Normalmente, cerca de 60% da produção
mundial da oleaginosa é transformada industrialmente (I.C.E.A, 1987).
Para conseguir óleo de boa qualidade e também bom rendimento, o amendoim
deve estar maduro e seco. No Brasil, o aumento progressivo do consumo do óleo de
amendoim tem impulsionado muitos lavradores a optar por sua cultura. A elevação do
consumo vem sendo registrado, mesmo nas regiões tradicionalmente consumidores
de azeite de oliva (I.C.E.A, 1987). Outro aspecto importante é a produção de biodiesel,
onde o amendoim é indicado, por possuir 50% de lipídios nas sementes. Porém, hoje
a fabricação de óleo tem custo muito elevado, já que a indústria alimentícia paga muito
bem pelo amendoim, principalmente para exportação (RIGON, 2007).
Para que se possa avaliar o rendimento econômico de um cultivar, do ponto de
vista de produção de óleo, é recomendável que se estime a produtividade em óleo por
unidade de área cultivada. Essa estimativa é importante, pois leva cm consideração
não só a produção em casca como o rendimento em grãos e o teor médio de óleo nas
sementes. Embora as variações de teor de óleo entre cultivares sejam
50
proporcionalmente menores do que as diferenças em produção bruta, elas podem
contribuir significativamente para diminuir ou aumentar o desempenho de um cultivar
quando a produção de óleo por área for considerada (GODOY et al., 1989). Segundo
a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio da
Resolução ANP n° 07 de 19/03/200 8, o biodiesel é definido como um combustível
composto de alquilésteres de ácidos graxos de cadeias longas derivados de óleos
vegetais e/ou de gorduras animais.
O conhecimento das características ecofosiológicas de uma cultivar é
fundamental para se otimizar o uso dos recursos naturais que afetam a cultura,
quando se busca aumento na produtividade. Dentre estes recursos, a radiação solar
constitui-se numa fonte energética essencial para a manutenção básica de qualquer
espécie cultivada. Assim, as interações da radiação solar com as plantas condicionam
o microclima interno da cobertura vegetal. A quantidade e a qualidade de radiação
disponível dentro do dossel afetam os processos fisiológicos das plantas.
A radiação pode chegar ao interior da cobertura vegetal, na forma direta, pelas
clareiras e margens e, na forma difusa, por reflexão da folhagem e da superfície do
solo, ou, ainda, como radiação transmitida pelas folhas. A atenuação da radiação na
cobertura vegetal depende, principalmente, da densidade da folhagem, do arranjo das
folhas no interior da vegetação, do ângulo existente entre a folha e a radiação
incidente e do coeficiente de extinção (MONTEITH & UNSWORTH 1990).
O crescimento das plantas depende do saldo de matéria seca acumulada pela
fotossíntese menos a perda por respiração. O ganho líquido é conhecido como taxa
de assimilação líquida (RADFORD, 1967; BENINCASA, 2003). Segundo Monteith
(1994), a produção de matéria seca de uma cultura pode ser expressa como o produto
de três termos: 1) disponibilidade do recurso por unidade de área cultivada; 2)
eficiência de captura do recurso pela cultura; e 3) taxa de produção de matéria seca
por unidade de recurso capturado (fator de conversão).
O uso energético de resíduos lignocelulósicos tem ganhado destaque em vários
países devido à grande quantidade desse tipo de material produzido pelo setor
agroflorestal. No entanto, no aproveitamento racional e adequado de resíduos
agrícolas e florestais, é necessário o estudo de suas propriedades energéticas. O
poder calorifico é um excelente parâmetro para se avaliar a potencialidade energética
de combustíveis de biomassa (BRAND, 2010; FRIEDL et al., 2005; PARIKH et al.,
2005).
51
A viabilidade de produção de um biocombustível é analisada em função do
balanço energético, envolvendo desde a disponibilidade de energia solar para as
plantas, até os processos físicos e sócio-energéticos gastos na produção industrial.
Dentro dessa temática, há poucos estudos sobre a eficiência de uso da radiação solar
na síntese de energia química pelas plantas oleaginosas potencialmente produtoras
de biodiesel, tais como amendoim, gergelim, girassol, mamona e soja, entre outras
(DOORENBOS & KASSAM 1979).
O aproveitamento de resíduos florestais e agrícolas vem se tornando cada vez
mais atrativo. O uso da casca de arroz, da serragem de eucalipto e do caroço de
pêssego, por exemplo, em processos de conversão térmica (pirólise) de biomassa,
pode ser opção muito interessante para diversas regiões brasileiras, uma vez que
pode tirar proveito da grande disponibilidade local de biomassa residual. A utilização
destes resíduos para a geração de energia e de insumos químicos, além de
interessante economicamente, permite que seja dado destino adequado aos mesmos,
diminuindo impactos ambientais. O calor de combustão dos carboidratos está
normalmente entre 17 a 21 KJ g-1 de matéria seca. (DINIZ et al., 2004; RADFORD,
1967).
A quantidade de energia, na forma de calor, liberada na combustão completa
de uma unidade de massa do combustível corresponde ao Poder Calorífico Superior
(PCS) do material em exame. O PCS é a quantidade de calor que pode ser produzida
por 1 kg ou por 1 g de combustível quando este entra em combustão com excesso de
O2 e os gases de descarga são resfriados até o ponto de condensação da água, como
ocorre nos calorímetros convencionais (DINIZ et al., 2004). Pode ser definido também
quando a combustão se efetua a volume constante e no qual a água formada durante
o processo é condensada e o calor latente do vapor d’água não é perdido (Brand,
2010; Friedl et al., 2005; Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984).
Objetivou se com esse trabalho comparar os teores de óleo de 5 linhagens de
amendoim de porte rasteiro (runner) no sudoeste de Goiás, e correlacioná-los com os
resultados de Poder Calorífico Superior dessas linhagens encontrados através de
calorimetria.
MATERIAL E MÉTODOS
52
Os experimentos foram conduzidos na área experimental da Universidade
Federal de Goiás - Regional Jataí, GO, localizado a 17º 53' de Latitude Sul, 51º 43' de
Longitude Oeste e 670 metros de altitude. O clima da região, segundo a classificação
de Köppen, é do tipo Aw, megatérmico, com estações seca de maio a setembro, e
chuvosa definidas pelos meses de outubro a abril. O solo da área é classificado como
Latossolo Vermelho distroférrico (Embrapa, 2006), cujas características químicas e
físicas do solo foram determinadas mediante à análise de solos, presentes na Tabela
1.
Solo
pH (Cmolc dm-3) (mg dm-3)
(CaCl2) H+Al Al Ca Mg CTC K P
LVdf
4,59 5,42 0,18 0,66 0,28 6,55 75,54 3,32
% Análise textural (%)
Sat. Bases
MO Areia grossa Areia fina Silte Argila
17,31 30,79 3,91 8,47 24,61 63,01
Para a correção de pH e fonte de Ca (importante na formação das cascas das
vagens de amendoim), foi incorporado 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico, com PRNT de
85%, adubo esse encontrado disponível para uso nas instalações para
experimentação da faculdade de agronomia. Os dados sobre a composição do
calcário foram disponibilizados pelo fabricante do mesmo.
As sementes utilizadas em ambas safras foram tratadas com fungicidas e
inseticidas próprios para tratamento de sementes (produto com mistura pronta
contendo o inseticida Fipronil do grupo pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do
grupo das estrobilurinas e Metil Tiofanato do grupo dos benzimidazois, na
concentração de 150 g de ingrediente ativo/100 kg de sementes), procedimento usado
para se evitar o ataque de patógenos e insetos praga durante a instalação do ensaio.
A implantação do primeiro ensaio experimental foi realizada no dia 15 de janeiro
de 2014, e o segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos de com o intuito de permitir
cultivo em safra de verão, porém com datas de manejo diferentes. As colheitas dos
mesmos ocorreram, respectivamente, nos dias 04 de junho de 2014 e 30 de abril de
Tabela 1. Resultado de análise química e física do solo da área experimental na
profundidade de 0 – 20 cm
53
2015. Na condução do primeiro ensaio fez se o uso de produtos fitossanitários
(herbicidas e inseticidas) diferentes no manejo que foi adotado no segundo ensaio, já
que a aplicação desses produtos não foi realizada. As colheitas foram efetuadas
quando verificou se que de 60 a 70% das vagens apresentavam pigmentos de cor
marrom na parte interna das vagens, onde arrancou se plantas da bordadura, fez-se
a coleta das vagens e a verificação da maturação das sementes.
Os dois ensaios tiveram seu delineamento experimental em Blocos
Casualizados (DBC). O espaçamento entre blocos foi de 1,5 metros. Os ensaios
tiveram no seu total 24 parcelas cada, 6 tratamentos de amendoins com 4 repetições
cada, sendo que cada parcela teve 4 linhas de 5 metros com densidade de semeadura
de 15 sementes por metro linear. O espaçamento entre linhas foi de 0,9 metros e entre
parcelas também de 0,9 metros. Em comprimento a área experimental foi de 21,6
metros e de largura 23 metros, totalizando 496,8 m2. A parcela útil de unidade
experimental foi de 1 m2 de biomassa (essa medida foi escolhida para facilitar a
estipulação para hectare após as coletas das amostras), incluindo a parte aérea e o
sistema radicular, das duas linhas centrais, descartando um metro de cada
extremidade dessas linhas, considerados como bordadura.
Os tratamentos dos ensaios foram: a cultivar Runner IAC 886 que serviu como
tratamento testemunha e as linhagens LPM 12; LPM 13; LPM 18; LPM 20; LPM 22 (a
sigla LPM vem dos termos Linhagem de Pré-melhoramento).
O arranquio das plantas do solo foi realizado manualmente, mesma condição
condicionada para a retirada das vagens das plantas.
As amostras frescas coletadas nas parcelas úteis (a parte área das plantas com
as raízes foram pesadas separadamente das vagens com grãos) foram pesadas e
levadas à estufa de aeração forçada para desidratação, onde permaneceram por 72
horas a 80 °C, até atingirem peso constante, conforme recomendam Tsubo et al.
(2001) e Benincasa (2003). Após a secagem em estufa, as amostras foram
acondicionadas e moídas com o auxílio de moinho de facas do Laboratório de
Bromatologia da UFG – Regional Jataí.
Após a trituração, as amostras secas foram levadas para fazer análises do PCS
junto ao Laboratório Central Analítica da Universidade Federal de Goiás Campus
Jataí. Para a determinação do PCS foi utilizado o calorímetro digital da marca IKA ®
C-200, segundo a norma NBR 08633 (ABNT, 1984). Nesta análise foi determinada a
quantidade de energia em calorias (cal) liberada pela queima total de 5g da planta de
54
amendoim (caule, folhas e raízes). A pressão usada dentro do cilindro de oxigênio foi
de 30 bar.
Para a determinação da quantidade de óleo presente nas sementes das
linhagens foi coletado 100 sementes aleatórias dentro de cada parcela experimental.
Essas sementes foram enviadas para o Laboratório de Tecnologia Química Avançada
– LATECQ, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
especificamente EMBRAPA Algodão, localizada em Campina Grande/PB. O material
foi analisado por um Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Um
equipamento que permite analisar, em segundos, teores de óleo em sementes e grãos
como soja, milho, girassol, amendoim, entre outras, sem destruí-las.
Os resultados amostrais foram submetidos à análise de variância,
acompanhada de testes de média, quando necessário, bem como à análise de
regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após as análises em laboratório, constatou se que não houve diferença
significativa entre os teores de óleo encontrados nos tratamentos, para o primeiro
ensaio. Os valores que as sementes analisadas apresentaram variou entre 44,35 a
48,1% de óleo. Já para o segundo experimento, fez se regressão, e os valores
estimados ficaram entre os valores apresentados no primeiro ensaio.
Tratamentos Runner LPM 12 LPM 13 LPM 18 LPM 20 LPM22
Teor de óleo (%) 45,2 a 44,35 a 46,32 a 46,22 a 45,35 a 48,10 a
CV (%) 4,91
Os resultados encontrados são compatíveis com os resultados citados na
literatura. Santos et al., (2010) analisando 8 genótipos de amendoim rasteiros durante
os anos de 2007 a 2009 em ambientes de clima tropical e semiárido no Nordeste
Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV
(%): Coeficiente de Variação.
Tabela 2. Teor de óleo (%) das linhagens/cultivar (tratamentos) de amendoim do
primeiro ensaio de campo no Sudoeste de Goiás, Jataí – GO, 2015.
55
brasileiro durante a estação chuvosa encontraram valores de 48,0 a 51,81% em teores
de óleo nas sementes de amendoim. Entre os genótipos encontra-se a Florunner,
cultivar de mesmo material genético que a cultivar Runner IAC 886, usado nos
ensaios. A produção de óleo da Florunner foi de 49,37, superando em 8,44% os
resultados encontrados no primeiro ensaio com a cultivar Runner IAC 886, e
superando também as demais linhagens. Os autores ainda ressaltam que, mesmo a
cultivar Florunner apresentar genótipo de boa produtividade de óleo para a indústria
de combustíveis, a cultivar BRS Pérola Branca, outra cultivar de porte rasteiro,
proporciona uma produtividade de óleo maior que a cultivar citada, além de um ciclo
de vida menor que as demais.
Utilizando a extração de óleo feita por prensagem a frio em prensa do tipo
expeller e como variáveis independentes diferentes índices de umidade e temperatura
de grãos do cultivar Runner IAC 886, encontrou teor médio de lipídeos de 44,78% nos
grãos de amendoim. Os grãos foram produzidos pela COPERCANA, no estado de
São Paulo. Os resultados encontrados no primeiro experimento foram compatíveis
com o valor encontrado pela autora (PIGHINELLI, 2007).
Negretti et al., (2011), testaram a hipótese de obter diferentes teores de óleo
nas culturas de mamona, soja, girassol e amendoim pela extração desses óleos
através de dois solventes (Éter Etílico PA e Hexano). A cultura do amendoim
apresentou teores de 47,7 e 48,1%, respectivamente, nos grãos, e a cultivar utilizada
nesse estudo foi a Runner IAC 886, mostrando que, não importando o método de
extração desse óleo, seja pelo método destrutivo como os dos solventes ou como no
método não destrutivo, como o de RMN, os teores de óleo das cultivares/linhagens de
hábitos rasteiros, apresentam os mesmos teores de óleo.
Com os teores de óleo de cada tratamento definido, estimou se a produção de
óleo total por hectare (Tabela 3).
56
Observa se que no primeiro ensaio houve diferença significativa entre os
tratamentos. Esse diferencial entre os tratamentos foi devido a produção de grãos que
cada linhagem obteve no ensaio. A correlação entre produção de grãos e produção
de óleo do primeiro ensaio pode ser visualizado na figura 1.
A correlação entre os dois parâmetros é de amplitude forte (R2= 0,9255), ou
seja, 92,55% da variação que acontecer em Y (no caso, a produção de óleo de
amendoim), pode ser explicada pela regressão.
Tratamentos RUNNER LPM 12 LPM 13 LPM 18 LPM 20 LPM 22
Ensaio 1 506,532ab 652,352a 327,705 b 491,542ab 503,532ab 685,62a
CV (%) = 20,64
Ensaio 2 444,445a 609,505a 495,572a 445,185a 430,073a 448,327a
CV (%) = 32,31
Tabela 3. Estimativa da produtividade de óleo (kg ha-1) de linhagens de amendoim
no sudoeste de Goiás
y = 0,1019x + 61,537R² = 0,9255
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Pro
dução d
e ò
leo (
kg h
a-1
)
Produção de Grãos (Kg ha-1)
Figura 1. Análise de regressão da produção de óleo (Kg ha-1) com a produção de
grãos (Kg ha-1) de linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás
Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV
(%): Coeficiente de Variação.
57
Para o segundo ensaio fez se uma estimativa usando a equação de regressão
que está representada na figura 1. Não houve diferença significativa entre os
tratamentos no segundo experimento. As equações para determinação da estimativa
e seus respectivos R2 estão presentes no apêndice A.
Zullo et al. (1993) relataram que obteve uma produção de óleo de 7 linhagens
de amendoim com variação entre 1540 e 1910 kg ha-1. Negretti et al. (2011), utilizando
dois tipos de solventes (Éter Etílico e Hexano) para a extração de óleo de sementes
do cultivar Runner IAC 886, em Uruguaiana, RS, obtiveram valores de 1800 e 1850
kg ha-1, respectivamente. Segundo o autor, esses valores estão acima da média.
Esses valores superam as linhagens de pré-melhoramento usadas nos dois ensaios
de campo.
Resultado semelhante aos que foram encontrados nos dois experimentos foi
descrito por Parente (2003), onde o autor descreve que o rendimento de óleo de uma
cultivar de amendoim que possui 50% de teor de óleo em suas sementes é de 702 kg
ha-1. Podemos citar Abdalla et al (2008) também, onde relataram que se o teor de óleo
nos grãos de amendoim estiver em torno de 49%, a produção de óleo da área plantada
será de aproximadamente 900 kg ha-1.
Diferentes são os resultados encontrados na literatura para esse parâmetro,
rendimento de óleo por área, podendo esse fator ser relacionado em como são
estipulados os valores de rendimento (produtividade) por cada autor. Para que essa
flutuação de valores não ocorra mais, uma padronização do cálculo deveria ser feita
por órgão públicos responsáveis por esse setor. A produtividade também influencia
nessa variação de rendimento de óleo.
Quanto a calorimetria, na Tabela 4, pode ser conferido os resultados obtidos
de Poder Calorifico Superior (PCS), tanto da planta inteira (raiz, caule e folhas) das
linhagens e do cultivar como das vagens (casca e grão).
58
Como pode ser observado na tabela acima, no primeiro ensaio a variável planta
inteira houve diferença significativa entre os tratamentos. Observa se que as linhagens
LPM 22 e LPM 12 diferiram das linhagens LPM 13, porém, não diferiram dos outros
tratamentos. Já a linhagens LPM 13, apesar de obter o valor de menor significância,
não diferiu da testemunha Runner IAC 886 e das linhagens LPM 18 e LPM 20.
No segundo ensaio, nenhum dos parâmetros analisados se diferiu entre si para
os referidos tratamentos após a análise estatística.
Assunção et al (2008), utilizando processo calorimétrico sobre a cultivar IAC –
Tatu – ST, relatam que a o material apresentou 14,8 MJ m-2 na fitomassa total e 8,6
MJ m-2 armazenado nos grãos. Os valores encontrados nos dois experimentos foram
inferiores para fitomassa total, porém, para os encontrados nas vagens,
principalmente no primeiro ensaio, alguns tratamentos se sobressaíram (Runner IAC
886 e LPM 22).
Assunção (2005), fazendo o uso no mesmo material genético, relata que a
magnitude calorimétrica da biomassa das plantas foi de 18 MJ m-2 em seu ciclo final.
Esse valor supera as medidas encontras nos dois ensaios com os devidos tratamentos
deste trabalho. A cultivar, as condições climáticas de quando os ensaios estavam em
Poder Calorífico Superior (MJ m-2)
Tratamentos Ensaio 1 Ensaio 2
Planta Inteira Vagens Total Planta Inteira Vagens Total
Runner 2,96ab 8,89a 11,85ab 7,36a 7,76a 13,38a
LPM12 4,09a 8,54a 12,63ab 6,37a 8,00a 14,16a
LPM13 2,24b 4,83a 7,07b 6,94a 6,82a 13,40a
LPM18 3,04ab 6,34a 9,38ab 7,07a 5,76a 12,05a
LPM20 3,64ab 7,37a 11,01ab 8,33a 6,48a 13,31a
LPM22 4,54a 9,38a 13,92a 8,97a 6,35a 13,81a
CV (%) 20,34 26,63 23,07 30,26 32,48 25,35
Tabela 4. Poder Calorífico Superior (PCS) da planta inteira (raiz, caule e folhas)
e das vagens (casca e grãos) das linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás
Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
CV (%): Coeficiente de Variação.
59
campo, os métodos de análise podem ser alguns dos parâmetros que expliquem essa
diferença entre os resultados. Para isso, um detalhamento de ambas pesquisas e uma
comparação mais aprofundada deve ser feita.
Pode se verificar que a relação entre os teores de óleo dos tratamentos e suas
calorimetrias é nula, já que não houve diferença entre os teores de óleo e para o PCS
ocorreu ao contrário.
Ao correlacionarmos a produção total de vagens (Kg ha-1) do primeiro ensaio
com a produção total de grãos (Kg ha-1), observamos que é uma correlação de forte
grau. As duas variáveis dependem uma da outra, até porque a determinação do PCS
das vagens foi feita através da produção de matéria seca das sementes dos
tratamentos. Essa correlação pode ser observada na figura 2.
Os valores do PCS das vagens do segundo ensaio foram estimados a partir da
equação da reta da correlação citado na figura 2.
As equações usadas para obtenção das medidas juntamente com os seus
devidos R2 e o Pr da análise de variância estão no apêndice B.
y = 15,232x + 5902,1R² = 0,8694
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
PC
S v
agens (
MJ h
a-1
)
Produção de Grãos (Kg ha-1)
Figura 2. Corr entre o Poder Calorífico Superior das vagens do 1 ensaio com a
Produção total de grãos de linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás
60
CONCLUSÕES
Os teores de óleo não diferiram entre si no primeiro ensaio. Os valores estão
dentro do que foi encontrado na literatura e variaram entre 44,35 e 48,1% de óleo nos
grãos.
Quanto a calorimetria, no primeiro ensaio, a linhagem LPM 22 diferiu somente
da linhagem LPM 13 (planta inteira e no total). Já no segundo ensaio, não houve
diferença entre os tratamentos.
Na estimativa de produtividade de óleo as linhagens LPM 12 e LPM 22 diferiram
significativamente das linhagens LPM 13. As mesmas revelaram melhores resultados.
Não há relação entre os teores de óleo com a calorimetria dos tratamentos.
Existe relação linear entre o rendimento de óleo total e com a produção de
grãos. Mesma condição observou com a produção de energia total com a produção
de grãos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDALLA, A. L.; SILVA FILHO, J. C. da; GODOI, A. R. de; CARMO, C. de A.;
EDUARDO, J. L. de P. Utilização de subprodutos da indústria de biodiesel na
alimentação de ruminantes. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.37, número
especial, p.260-258, 2008.
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível
em: <http://www.anp.gov.br> Acesso em 22 de julho 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8633: carvão vegetal –
determinação do poder calorifico. Rio de Janeiro, 1984.
ASSUNÇÃO, H. F. da; ESCOBEDO, J. F.; CARNEIRO, M. A. C. Eficiência de uso de
radiação e propriedades óticas da cultura do amendoim. Pesquisa Agropecuária
Tropical, Goiânia, v. 38, n. 3, p. 215-222, 2008.
61
ASSUNÇÃO, I. C. A. Avaliação da eficiência do amendoim (Arachis hypogeae L.)
na utilização da radiação fotossinteticamente ativa para produção de matéria
seca. 2005, 61 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia – Energia na Agricultura) –
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista “” Júlio de
Mesquita Filho”, Botucatu, 2005.
BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas (noções básicas).
Jaboticabal: FCAV-UNESP, 2003, 42p.
BRAND, M. A. Energia de biomassa florestal. Rio de Janeiro : Intercinência , 2010.
131p.
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Séries Históricas de Área Plantada,
Produtividade e Produção, relativas às Safras 1976/77 a 2014/15 de Grãos, 2001 a
2014 de Café, 2005/06 a 2014/15 de Cana-de-Açúcar, 2015. Disponível em:
http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252& Acesso em: 17 de jul. 2015.
DINIZ, J.; CARDOSO, A. de L.; STAHL, J. A.; VILLETTI, M. A.; MARTINS, A. F. Poder
calorífico da casca de arroz, caroço de pêssego, serragem de eucalipto e seus
produtos de pirólise. Ciência e Natura, Santa Maria, v. 26, n. 2, p. 25-32, 2004.
DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Yield response to water. Rome: FAO, 1979.
(FAO: Irrigation and Drenage, Paper 33).
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de
classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 2006. 412p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (1999). Centro Nacional
de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária. Disponível em:
http://www.cnpdia.embrapa.br/produtos/ermn.html Acesso em: 14 jun. 2015
FRIEDL, A.; PADOUVAS, E.; ROTTER, H.; VARMUZA, K. Prediction of heating values
of biomass fuel from elemental composition. Analytica Chimica Acta, v. 554, n. 1-2,
p. 191-198, 2005.
62
GODOY I. J.; GIANDANA, E. H., Groundnut production and research in South
America. In: NIGAM, S.N., ed. Groundnut a global perspective: proceedings of an
international workshop. International Crops Research Institute for the Semi-Arid
Tropics Patanchcru, India, 1992. p.77-85.
GODOY, I. J. de; PEREIRA, J. C. V. N. A.; MARTINS, A. L. M. Capacidade de
produção de grãos e óleo em linhagens e cultivares de amendoim. Bragantia,
Campinas, p.27-38, 1989.
ICEA. Instituto Campineiro de ensino agrícola. Cultura do amendoim, Campinas, ed.
I.C.E.A. pg. 01-03, 1987.
MONTEITH, J. L.; UNSWORTH, M. H. Principles of environmental physics. 2. ed.
London: Edward Arnold, 1990.
MONTEITH, J. L. Validity of the correlation between intercepted radiation and biomass.
Agriculture and Forest Meteorology. Amsterdam, v.68, p. 220- 231, 1994.
______. NBR 8633:carvão vegetal: determinação do poder calorífico. Rio de Janeiro,
1984. 13 p.
NEGRETTI, R. R. D.; NOHATTO, M. A.; TAMIOZZO, T.; DENARDIN, E. L. G.; KÖPP,
L. M.; TOESCHER, C. F. Potencial produtivo e rendimento do óleo de um grupo de
culturas oleaginosas em Uruguaiana - RS. Revista Brasileira Agrociência, Pelotas,
v.17, n.2-4, p.256-260. 2011.
PARENTE, E.J.S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado.
Fortaleza, Tecbio, 66p, 2003.
PARIKH, J.; CHANNIWALA, S. A.; GHOSAL, G. K. A correlation for calculating HHV
from proximate analysis of solid fuels. Fuel, Lonon, v. 84, n. 5, p. 487-494, 2005.
63
PIGHINELLI, A. L. M. T. Extração mecânica de óleos de amendoim e de girassol
para produção de biodiesel via catálise básica. 2007, 94 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Agrícola) - Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 2007. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/31064/1/AnnaLeticiaMontenegro
Turtelli-m.pdf > Acesso em : 03 jul. 2015
RADFORD, P.J. Growth analysis formulae: their use and abuse. Crop Science,
Madison, v.7, n.3, p.171-175, 1967.
RIGON, L. Potencial do amendoim para fabricação de biodiesel. 2005. Disponível
em: <http://proex.reitoria.unesp.br/informativo/WebHelp/2005>. Acesso em: 13 mai.
2015.
SANTOS, R. C. dos; MELO FILHO, P. de A.; SILVA, A. F.; GONDIM, T. M. de S.;
OLIVEIRA JÚNIOR, J. O. de L.; ARAÚJO NETO, R. B. de; SAGRILO, E.; ARIEL, N.
H.; VASCONCELOS, R. A. de; OLIVEIRA, A. P. D. de; FREIRE, R. M. M.
Produtividade de amendoim rasteiro em cinco estados do Nordeste. CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS
ENERGÉTICAS, 1, 2013, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina
grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1751-1755.
TSUBO, M., WALKER, S., MUKHALA, E. Comparisons of radiation use efficiency of
mono-/intercropping systems with different row orientations. Field Crops Research,
v.71, p.17-29, 2001.
ZULLO, M. A. T., GODOY, I. J. de; MORAES, S. A. de; PEREIRA, J. C. V. N. A.
Produtividade e qualidade do óleo de linhagens de amendoim. Brangantia, Campinas
v. 52, n. 2, p. 105 – 112, 1993.
64
APÊNDICE
Apêndice A. Equações para estimativa dos valores de rendimento de óleo (kg ha-1)
do segundo ensaio de campo, seus respectivos R2 e Pr de significância.
Ensaio 2
Tratamentos Equação R² Valor-P
Runner Y = 0,1088X 0,8259 1,33x10-17
LPM 12 Y = 0,1143X 0,7694 5,23x10-20
LPM 13 Y = 0,1192X 0,8622 9,20x10-21
LPM 18 Y = 0,116X 0,944 8,15x10-22
LPM 20 Y = 0,1193X 0,9609 1,04x10-22
LPM 22 Y = 0,113X 0,6827 6,07x10-24
Apêndice B. Equações para estimativa dos valores de PCS das vagens (MJ m-2) do
segundo ensaio de campo, seus respectivos R2 e Pr de significância.
Ensaio 2
Tratamentos Equação R² Valor-P
Runner y= 0,0019x 0,9941 2,56x10-08
LPM 12 y= 0,0015x 0,9104 1,30x10-08
LPM 13 y= 0,0013x 0,7785 3,05x10-09
LPM 18 y = 0,0015x 0,9233 9,07x10-10
LPM 20 y = 0,0018x 0,9426 4,21x10-10
LPM 22 y = 0,0016x 0,9772 3,39x10-11