CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO ... · paciente depressivo, pois ainda hoje é...
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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
DANIELA DANELUZ AGUIAR CAVALIERE GUILHERME
A IMPORTANCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NO TRATAMENTO
DE DEPRESSÃO
São Paulo
2019
DANIELA DANELUZ AGUIAR CAVALIERE GUILHERME
A IMPORTANCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NO TRATAMENTO
DE DEPRESSÃO
Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu
Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins
São Paulo
2019
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
Guilherme, Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere A importância da psicoeducação no tratamento da Depressão. Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019. 27 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Psicoeducação, 2. Depressão I. Guilherme, Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme
A importância da psicoeducação no tratamento de depressão
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das
exigências para obtenção do título de Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
São Paulo, ___ de ___________ de _____
DEDICATÓRIA
A Deus, o responsável pela minha existência e à minha Família, meu
suporte em todos os momentos!
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente ao Centro de Estudos de Terapia Cognitiva
Comportamental – CETCC, pela oportunidade de aprendizagem, contribuindo
na minha formação pessoal e profissional, minha eterna gratidão.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo pesquisar a prática da psicoeducação como
importante ferramenta para o tratamento da depressão na abordagem cognitivo-
comportamental. Desta maneira, pode ser verificado, através da revisão literária, que
a Depressão tem alcançado grandes índices, acometendo pessoas de todos os
níveis sociais e econômicos. A terapia cognitivo-comportamental vem se mostrando
eficaz para o tratamento da depressão, com resultados eficientes em suas mais
variáveis técnicas, entre elas a psicoeducação, a pratica com propósito de informar e
orientar o paciente sobre o curso de sua doença física e psíquica de maneira clara,
proporcionando para o paciente mudanças em seu comportamento e em sua
cognição, gerando melhor desenvolvimento em todas as áreas de sua vida.
Palavras-chave: Depressão”, “Terapia Cognitivo-comportamental” e
“Psicoeducação
ABSTRACT
The present study aimed to investigate the practice of psychoeducation as an
important tool for the treatment of depression in the cognitive-behavioral approach. In
this way, it can be verified, through the literary revision, that Depression has reached
great indices, affecting people of all social and economic levels. Cognitive-behavioral
therapy has proven to be effective for the treatment of depression, with efficies
results in its most varied techniques, among them psychoeducation, practice with the
purpose of informing and orienting the patient about the course of their physical and
psychic illness in a clear way, giving the patient changes in his behavior and in his
cognition, generating better development in all areas of his life.
Keywords: “Depression”, “Cognitive-Behavioral Therapy”, "and “ Psychoeducation”
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 11
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 12
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 13
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 21
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 24
9
1 INTRODUÇÃO
Após muitos estudos no século XXI, a Depressão foi considerada uma doença
mental, sendo catalogada na Classificação Estatística Internacional de Doenças
(CID) e no Manual de Diagnostico dos Transtornos Mentais (DSM), tendo como
contribuições algumas abordagens como a área cientifica, médica, psicanalítica e
cognitivista (GONÇALES E MACHADO, 2006).
Leahy (2015) define depressão como um grupo de sintomas, pensamentos,
sentimentos, comportamentos e experiências, contendo humor deprimido e uma
perda de interesse nas atividades diárias por, pelo menos, um período de duas
semanas, contendo ao menos quatro desses sintomas: dificuldade na concentração,
baixa energia, insônia/hipersônica, agitação ou retardo psicomotor, perda ou ganho
de peso, perda de apetite e pensamentos de morte/suicido.
O Ministério da Saúde (2018) destaca a Depressão como sendo um dos
problemas mais comuns da saúde mental no mundo, com características que afetam
emocionalmente o individuo (tristeza profunda, falta de apetite, de ânimo e
interesse), porém no âmbito patológico, os sintomas aparecem com maior
frequência.
A Organização Mundial da Saúde (2017) emitiu um relatório com o tema”
Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais de saúde”, onde
apontam um aumento significativo em todo o mundo, no período de 2005 e 2015,
chegando a um índice de 18% de aumento. Os números apontam que, no mundo,
322 milhões de pessoas convivem com a Depressão e, sua grande maioria, são
mulheres. No Brasil os números chegam a 11,5 milhões de pessoas afetadas, em
torno de 5,8% da população brasileira.
Nas pesquisas realizadas pela OMS (2017) também foi verificado que, além
do Brasil e Estados Unidos, outros países também apresentaram índices
significativos de depressão como: Ucrânia (6,3%), Austrália (5,9%) e Estônia (5,9%),
podendo ser observado um crescente índice a cada dia.
A Organização Pan-Americana da Saúde- OPAS (2018), emitiu um relatório
tendo como tema “A carga dos transtornos mentais na região das Américas”
constatando que se faz necessário maiores financiamentos para atender, de
maneira mais eficaz e satisfatória, as pessoas que sofrem com os transtornos
10
mentais. Na região das Américas, os transtornos mentais representam 34% das
deficiências e os transtornos depressivos respondem a 7,8%.
Beck (2014) destaca que elementos importantes para a terapia cognitivo-
comportamental focada na depressão incluem como base o auxílio do terapeuta
esclarecer as dificuldades do paciente, tornando as explicitas para que o mesmo
identifique, avalie e tenha uma resposta diante de sua visão de si, do outro e do
mundo.
O trabalho na abordagem cognitivo-comportamental baseia-se em dois
princípios centrais, entendendo que nosso conhecimento ou percepção tem
influência direta sobre as emoções e comportamentos, e a maneira como nos
comportamos pode afetar um padrão de pensamentos e emoções (WRIGHT, 2008)
Desta maneira, a Terapia cognitivo-comportamental é composta por muitas
técnicas de trabalho e a Psicoeducação tem o objetivo direto de Orientação do
processo de aprendizagem no acompanhamento psicoterápico como nos impactos
diretos e indiretos que suas emoções e comportamentos repercutem em sua vida
diária (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA E PRADO, 2017).
Por este motivo é de suma importância entender de maneira mais diretiva os
efeitos desta ferramenta na qual vem repercutindo de maneira positiva na vida dos
indivíduos em tratamento da depressão e desta maneira, servir de suporte a outros
profissionais que buscam maneiras eficazes ao tratamento.
11
2 OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar a prática da psicoeducação como
importante ferramenta para o tratamento da depressão na abordagem cognitivo-
comportamental.
12
3 METODOLOGIA
Este estudo é uma revisão bibliográfica, realizada através a busca eletrônica
de artigos indexados nas bases de dados Scielo, Bireme (BVS), Lilacs, Google
Acadêmico e sites como o do Ministério da Saúde.
Palavras-chave utilizadas – “Depressão”, “Terapia Cognitivo-comportamental”
e “Psicoeducação”.
O material foi selecionado através de leitura de resumos de artigos e livros
encontrados da base de dados, levando se em consideração os estudos a partir do
ano 2000, que citavam sobre “Depressão”, “Terapia Cognitivo-comportamental” e
“Psicoeducação”, sendo excluídos os artigos que a publicação e tema não
estabeleciam relação com os dados solicitados.
13
4 RESULTADOS
4.1 – DEPRESSÃO
Há três diferentes significados da palavra depressão; relacionado a um
sintoma de tristeza, com características patológicas ou sentimentos comuns do ser
humano; uma síndrome psiquiátrica, com um conjunto de sintomas e sinais em
evolução e por último, um transtorno mental de acordo como DSM V (QUEVEDO,
NARDI E SILVA, 2019).
Segundo Carvalho, Nardi e Quevedo (2015), a depressão é um transtorno
mental que persiste de maneira abrangente, ou seja, podendo perdurar em torno dos
20% dos casos por um grande período na vida do indivíduo. Porém, com a evolução
dos fármacos, observou-se uma melhora no perfil de segurança e tolerância dos
pacientes.
Quevedo, Nardi e Silva (2019) destacam pontos a serem observados,
envolvendo pelo menos duas semanas de um humor deprimido, ou sensação de
incapacidade de sentir prazer associadas a alterações como: neurovegetativas,
psicomotoras, de cognição, de pensamento, ansiedade e ideação suicida. A
prevalência da depressão no Brasil é de 16,8% ao longo do último ano, seguindo de
modo crônica e recorrente, comprometendo vida do indivíduo de modo global.
No Manual Diagnostico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2014), pode ser
verificado que dentro dos transtornos depressivos, incluem-se também outros
transtornos como: transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno
depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfônico pré-
menstrual, transtorno depressivo induzido por substancias ou medicamentos,
transtorno depressivo especificado e não especificado, porém a característica mais
comum consiste na presença do humor triste, vazio e irritável, juntamente com
alterações somáticas e cognitivas, afetando de maneira significativa a capacidade de
um bom funcionamento do indivíduo em seu meio.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10, 1993), a Depressão está
categorizada em três graus: leve, moderada e grave, apresentando em todos os
casos um rebaixamento do humor, redução de energia e das atividades cotidianas.
14
A baixa capacidade de concentração, dificuldades com o sono e falta de apetite, a
baixa autoestima, a falta de autoconfiança e sentimento de culpa são
frequentemente observados em pacientes depressivos. O humor depressivo pode
ser variável, de acordo com as circunstâncias da rotina do paciente, por este motivo
a quantidade e a gravidade determinam os graus de um episódio depressivo: leve,
moderado e grave.
Verificou-se que a depressão pode atingir qualquer faixa etária e sexo, porém
existem alguns fatores de risco que auxiliam o indivíduo a desenvolver a depressão
como um histórico familiar, estresse e ansiedade crônica, disfunções hormonais,
excesso de peso, sedentarismo ou dieta desregrada, vícios no geral, pancadas na
cabeça, enxaqueca crônica e separação conjugal (MINISTERIO DA SAUDE, 2018).
De acordo com a Agência Nacional de Saúde suplementar (2009), a
depressão não se origina apenas por uma questão específica, e sim por variáveis,
como fatores biológicos, psicológicos, familiares, sociais e culturais. Por este motivo,
se faz necessário uma escuta especializada, colhendo informações de todos os
âmbitos da vida, tanto passada como atual do indivíduo para se formular um
tratamento apropriado para suas dificuldades.
Gonçales e Machado (2006) levantam a discussão sobre a importância do
conhecimento da história da doença para melhor compreensão e manejo do
paciente depressivo, pois ainda hoje é perceptível o estigma, e diante desta postura,
se faz necessário que o profissional da área da saúde esteja consciente de tais
conceitos.
Diante da necessidade existente de profissionais da área da saúde com
melhores qualificações, a Organização Mundial de Saúde (2017), contribui com um
dado importante referente a tratamentos, sendo observado que mesmo havendo
tratamentos eficientes, menos da metade das pessoas acometidas pela doença
buscam tratamento devido a barreiras como falta de recursos, falta de profissionais
capacitados, preconceito e a avaliação inconsistente.
Fleck (2009) cita que a depressão é pouco diagnosticada nos serviços
médicos de profissionais que não são Psiquiatras, o número se apresenta em torno
de 30% a 50%, e esta situação ocorre devido a fatores como: o paciente demonstra
preconceito ao diagnóstico e incerteza no tratamento. Já na área médica, percebe-
se que existe a falta de treinamento, clareza na identificação apenas dos sintomas
15
físicos, dificuldade com o tempo de atendimento e a incerteza da eficácia do
tratamento.
4.2 – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Aaron Beck, psiquiatra, com formação em psicanálise, desenvolveu um
método de tratamento, em torno da década de 60 e 70, denominado terapia
cognitiva, atualmente o termo mais usual seria a “terapia cognitivo-comportamental”,
e elaborou um trabalho muito estruturado para o tratamento da depressão de
maneira direcionada a solução de problemas com foco na mudança de pensamentos
e comportamentos (BECK, 2014).Desde então os estudos tem se intensificado
demonstrando sua eficácia em vários quadros clínicos, inclusive na depressão,
juntamente com o tratamento medicamentoso (WRIGTH, 2008).
A terapia cognitivo-comportamental é baseada em dois princípios centrais:
1. nossas cognições tem uma influência controladora sobre nossas emoções e comportamentos: e
2. o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente nossos padrões de pensamentos e nossas emoções. (WRIGTH, 2008).
Os princípios básicos para o tratamento da terapia cognitivo-comportamental
estão distribuídos em 10 tópicos a seguir (BECK, 2014):
• Em um primeiro momento o objetivo é colher informações a respeito do
paciente (diagnóstico, problemas atuais, pensamentos e crenças
disfuncionais) e sua visão de si, do mundo e do outro)
• Construir uma relação terapêutica solida onde o paciente se sinta acolhido e
compreendido em suas necessidades.
• A participação do terapeuta e paciente de maneira conjunta demonstra a
terapia como um trabalho em equipe o que estimula o paciente a alcançar
seus resultados,
• O tratamento permanece focado nos objetivos a serem alcançados e nos
problemas a serem resolvidos por uma ordem de desejo do paciente
• O foco do tratamento permanece nos problemas atuais, ou seja, no presente.
• Faz parte do processo terapêutico a orientação da doença do paciente e
sobre o processo da terapia cognitivo-comportamental.
16
• Normalmente o processo terapêutico é a curto prazo, salvos a exceções que
demandam de maior tempo.
• As sessões são estruturadas, propiciando ao paciente maior compreensão do
processo terapêutico.
• Durante o processo terapêutico o terapeuta ensina o paciente a identificar e
avaliar seus pensamentos disfuncionais, podendo possibilitar ao paciente a
restruturação cognitiva.
• A terapia cognitivo-comportamental utiliza de várias técnicas para
proporcionar a mudança de pensamento e comportamento.
Um elemento importante no acompanhamento com foco na terapia cognitivo-
comportamental para depressão tem como base no auxílio do paciente a solucionar
seus problemas, tornando seus comportamentos ativos, identificando e avaliando os
pensamentos depressivos sobre a maneira de pensar sobre si, o outro e o mundo
(BECK, 2014).
Wright (2008) salienta a importância da estruturação das sessões como
norma de um trabalho adequado, iniciando com: estipular metas, propiciando o
desenvolvimento de estabelecer alvos específicos, percebendo facilidade nas
mudanças, podendo ser modificadas durante o processo terapêutico; organização
de agenda, com o objetivo de estruturar cada sessão com o paciente, contendo
características que são orientadas na primeira sessão. Todas as características
estão interligadas na terapia, podendo ser medidos com as mudanças de
comportamento.
Muitas são as contribuições da terapia cognitivo-comportamental no
tratamento da depressão, verifica-se que as técnicas utilizadas são de grande
eficácia, o processo terapêutico é breve, propiciando um resultado rápido e durável.
Observa-se também, que através da identificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais é possível eliminar o sofrimento do indivíduo, fazendo
com que melhore sua qualidade de vida (IZIL E BELUCO, 2019).
Powell, Abreu, Oliveira e Sudak (2008) apresentam em seu artigo técnicas da
terapia cognitivo-comportamental e sua eficácia no tratamento da depressão,
demonstrando que este tratamento auxilia o paciente na modificação de crenças e
comportamentos que decorrem a um estado de humor rebaixado, tendo como foco
os pensamentos automáticos, o modo como se relaciona com o outro e na mudança
17
de comportamento de modo a auxiliar no enfrentamento de problemas. Em um
primeiro momento se estrutura o tratamento da seguinte maneira:
• As sessões iniciais são responsáveis por elaborar a conceptualização
cognitiva, auxiliando o paciente a identificar as crenças disfuncionais, as
distorções cognitivas/pensamento automático, as reações físicas, emocionais
e comportamentais, comportamentos presentes para enfrentar as crenças
disfuncionais e por fim, avaliar a maneira como as experiências passadas
interferem no presente.
• Evocação de pensamentos e pressupostos – É fundamental que o paciente
consiga identificar seus próprios pensamentos e perceber o quanto as
emoções podem afetar sua rotina diária, mesmo porque é necessário que o
paciente aprenda a ser seu próprio terapeuta.
• Como os pensamentos geram sentimentos - Através de perguntas especificas
podemos demonstrar ao paciente que o pensamento “eu penso que...”,
consequentemente gera um, “portanto sinto-me...”.
• Registro de pensamentos disfuncionais – É realizado com o paciente um
treinamento para uso de um registro onde se faz necessário anotar as
situações, os pensamentos, emoções e comportamentos problemáticos a
respeito desta situação e identificar a intensidade destas emoções através de
escalas de 0 a 100.
• Seta descendente – Nesta prática verifica-se que a possibilidade de investigar
se os pensamentos automáticos disfuncionais são reais na vida do paciente,
desta maneira podemos investigar as crenças subjacentes que reforçam os
pensamentos, havendo a confrontação das evidências pode se enfraquecer
tais pensamentos, reduzindo os sintomas depressivos.
A terapia cognitivo-comportamental funciona com grande eficácia no
tratamento da depressão, tornando-se um modelo para resultados efetivos no
processo terapêutico. Verifica-se a eficiência nas mais variáveis técnicas e práticas
aplicadas durante o processo terapêutico, obtendo alívio nos sintomas do paciente
(CARNEIRO E DOBSON, 2016).
Knapp e Beck (2008) destacam que a terapia cognitivo-comportamental
reflete uma transformação na maneira de entendimento e tratamento dos transtornos
emocionais, se tornando uma abordagem de maior validação cientifica, tendo como
18
base as evidências, e consequentemente adquirindo destaque no meio para
tratamento médico.
4.3 – PSICOEDUCAÇÃO
De acordo com Lemes e Neto (2017) a Psicoeducação é uma junção de
técnicas psicológicas e pedagógicas, tendo como propósito ensinar o indivíduo
sobre sua doença física/psíquica e o curso de seu tratamento, para que possa
propiciar um melhor desenvolvimento do trabalho de prevenção e conscientização.
A Psicoeducação é uma técnica de trabalho que tem como função principal
informar, orientar e provocar mudanças no campo cognitivo e comportamental do
indivíduo, sendo verificado grande influência no tratamento individual e grupal, tendo
como resultado melhor adesão ao tratamento e redução das taxas de recaídas e,
consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes, ocasionando um
melhor desenvolvimento físico, psico e social (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA
E PRADO, 2017).
Estudos realizados em dois grupos de pacientes com depressão unipolar no
período de 8 semanas, contendo um grupo com um trabalho focado na pratica da
psicoeducação, verificaram pontos importantes a serem levados em consideração;
percebeu-se que neste grupo os pacientes obtiverem maior tendência a aderência
ao tratamento medicamentoso, melhor funcionalidade nos aspectos sociais e
emocionais, alterando a autonomia das relações de maneira global em sua rotina de
vida, desta maneira constata-se resultados muitos positivos com o uso desta
ferramenta no tratamento da depressão (TURSI-BRAGA, 2014).
Tendo em vista os resultados positivos observados no estudo acima,
podemos validar que a Psicoeducação propicia ao paciente a redução de crenças
disfuncionais, tendo uma melhora significativa em sua funcionalidade de maneira
plena (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA E PRADO, 2017).
Wrigth (2008) refere se a três razões pela qual a Psicoeducação aumenta o
êxito no tratamento, entendendo que o paciente pode aprender maneiras de
modificar e controlar seu humor e comportamento; instrumentalizar o indivíduo para
diminuir recaídas e direcionar o paciente para torna-se seu próprio terapeuta. Nota-
se alguns métodos de autoajuda para auxiliar o paciente na constância do
19
tratamento, como; mini aulas, modelos de exercícios, caderno de terapia e leituras
de livros.
Outras maneiras de psicoeducar o paciente acerca de sua saúde mental é
através de folhetos explicativos, artigos, revistas, internet com informações
cientificas para que através desta informação se motive a modificar seus
comportamentos propiciando sua reabilitação (KNAPP, 2004).
A estruturação das sessões tem um papel importante no tratamento, trazendo
ao paciente clareza e segurança a respeito de seus sintomas. Os métodos de
estruturação como a formulação de metas e a agenda, propiciam mudanças no
comportamento fazendo com que o paciente sinta se capaz em enfrentar seus
problemas (WRIGTH, 2008).
Percebe-se que a estruturação de sessões e a psicoeducação caminham lado
a lado em um processo terapêutico, pois as técnicas demonstram um tratamento
organizado, diretivo e muito eficiente. É possível que em um primeiro momento do
tratamento o trabalho fique focado apenas na estruturação e educação, porém, com
o passar das sessões, o paciente sente-se se mais seguro e consegue assumir com
maior responsabilidade a direção da resolução dos problemas em sua rotina diária
(WRIGTH, 2008).
Bravo (2016) destaca em seus estudos “A importância da psicoeducação na
alteração do humor no doente depressivo”, onde se descreveu e analisou o
programa de intervenção com pacientes depressivos no Departamento de
Psiquiatria e Saúde Mental em Porto Alegre, onde teve como objetivo melhorar os
cuidados através da pratica de programas de educação, promovendo a saúde de
maneira global no usuário. O trabalho desenvolvido teve como objetivo educar os
usuários e a família de maneira a contribuir com informações a respeito da
depressão como: os sinais, sintomas e principais características da doença e
refletindo sobre as situações desencadeadoras.
Os resultados demonstraram que é necessário um período maior para as
sessões de psicoeducação para que estas possam obter resultados eficazes no
decorrer do processo de intervenção; na psicoeducação realizada de maneira
individual se observa um melhor vínculo terapêutico contribuindo na aceitação das
intervenções realizadas. Como principal dado foi verificado que durante o processo
de intervenção não foi constatado reinternações destes usuários e constatou-se que
20
o “diário” é uma ferramenta importante no decorrer do acompanhamento, pois
puderam identificar e acompanhar o humor e prevenir recaídas (BRAVO, 2016).
Pimentel e Siquara (2017) realizaram uma pesquisa sobre “A utilização da
psicoeducação no tratamento de pacientes com transtorno bipolar” e no
levantamento realizado verificou-se que mesmo havendo diferentes protocolos de
tratamento para o transtorno bipolar percebem-se semelhanças na forma de
aplicação e entre os principais ensinamentos constata-se a consciência do
transtorno, adesão ao tratamento, identificação precoce dos sintomas e
regularização do estilo de vida, concluindo assim um destaque em apenas um
modelo, sendo necessário mais estudos para desenvolvimento de outros modelos
de psicoeducação.
Knapp (2004) reforça que da mesma maneira que um médico explica sobre a
doença de maneira cientifica para seu paciente ou familiar, um profissional da área
da saúde mental também pode exercer este mesmo procedimento, informando de
maneira objetiva sobre sua doença, proporcionando condições ao paciente de
interpretar o modo correto sua situação atual e seus sintomas ao longo do
tratamento.
Em se tratando da Psicoeducação no âmbito familiar, Yin e Oliveira (2004)
realizaram um estudo sobre uma experiência psicoeducacional com familiares de
pacientes com transtornos de humor e, após 10 encontros com temas variados, com
o intuito de investigar a percepção familiar, desenvolveu-se um questionário onde
pode ser levantadas todas questões relativas a estas famílias, e concluiu-se que a
grande parte das famílias desconheciam o diagnostico; justificaram o motivo da
doença com um acontecimento pontual e não multifatorial; a maioria dos familiares
não sentiam se a vontade em falar sobre a doença, até mesmo por medo de causar
sofrimento, sendo perceptível o impacto na família. Deste modo, é notável a
contribuição destes grupos de orientação para estas famílias, pois, a partir disto, os
familiares relataram sentimentos de esperança, com melhores expectativas do
futuro.
Yacubian e Neto (2001) destacam que as relações familiares e as doenças
mentais são foco de estudos há muito tempo, pois percebe-se o quão importante
esta relação é para o tratamento. Já a psicoeducação familiar vem contribuir no
tratamento do paciente de maneira muito eficaz, pois é possível integrar, de maneira
21
efetiva, o paciente, familiares e os profissionais na busca de melhores condições de
vida e da busca de tratamentos mais adequados.
22
5 - DISCUSSÃO
Depressão é definida pelo DSM-V (2014) como a “presença de humor triste,
vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam de
maneira significativa a capacidade de funcionamento do indivíduo”. Desta maneira,
esta pesquisa possibilitou a reflexão das mais variadas formas de conceituar,
identificar e perceber a depressão de maneira que explique a gravidade deste
problema que se arrasta ao longo da história, porém se faz tão presente em nossa
sociedade.
A Terapia Cognitivo-comportamental é uma abordagem diretiva e estruturada,
contém metas bem definidas pelo terapeuta/paciente, se mantém focada no
presente, sento utilizada muitas técnicas terapêuticas para auxiliar na diminuição
dos sintomas dos problemas emocionais, o principal objetivo é na modificação de
pensamentos disfuncionais, buscando comportamentos saudáveis ao longo de sua
vida.
Izil e Beluco (2019) destacam as contribuições da terapia cognitivo-
comportamental no processo terapêutico, enfatizando as técnicas de grande
eficácia, onde se observam resultados de maneira rápida e durável, obtendo assim a
uma melhor qualidade de vida do indivíduo.
A Psicoeducação é uma intervenção terapêutica que possibilita ao paciente a
informações a respeito de sua doença e seu tratamento de maneira didática,
promovendo conhecimento, visando melhor habilidades de manejo de si próprio
diante de suas dificuldades. Segundo Lemes e Neto (2017), a Psicoeducação é uma
junção de técnicas psicológicas e pedagógicas, tendo como propósito ensinar o
indivíduo sobre sua doença física/psíquica e o curso de seu tratamento, para que
possa propiciar um melhor desenvolvimento do trabalho de prevenção e
conscientização.
Portanto, é fundamental que mais estudos sejam realizados acerca dos
resultados da prática da psicoeducação para melhor conhecimento e valorização por
parte dos profissionais da área da saúde, reconhecendo esta prática como
necessária para o tratamento tanto da depressão como de outros transtornos
mentais.
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6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo explorar a prática da psicoeducação como
importante ferramenta na contribuição do tratamento da depressão dentro na terapia
cognitivo-comportamental. Foi possível identificar eficácia e grande importância no
uso desta técnica no tratamento da depressão.
O papel da Psicoeducação na terapia cognitivo-comportamental se faz
necessário, pois, através dela, o paciente adquire clareza e segurança a respeito de
seu tratamento e a autonomia de modificar e controlar seu humor e comportamento.
A psicoeducação tem como principal foco a aprendizagem e mostra-se importante
para instrumentalizar o paciente a diminuir as recaídas, compreender sua patologia,
compreender as técnicas e intervenções, proporcionando ao paciente meios para
desenvolver seus pensamentos a respeito de si, do outro e do mundo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática / Judith S. Beck: tradução Sandra Costa. – Porto Alegre: Artmed, 2007.
BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática / Judith S. Beck: tradução: Sandra Mallmann da Rosa: revisão técnica: Paulo Knapp, Elisabeth Meyer. – 2. Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2014.
BRAVO, R. A. C.: A importância da psicoeducação na alteração do humor no doente depressivo / Nuno Miguel Cordeiro Bravo: orientador Raul Alberto Carrilho Cordeiro, Universidade de Évora, 2016.
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CARVALHO, Ferrer; NARDI, Antonio Egidio; QUEVEDO, João. Transtornos psiquiátricos resistentes ao tratamento: diagnostico e manejo. Andre– Porto Alegre: Artmed, 2015.
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ANEXO
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme, afirmo que o presente
trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente
informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de
Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental, sob o
título “A importância da psicoeducação no tratamento da depressão”, isentando,
mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus
consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas,
assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações
realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)