CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO ... · atenção plena, concentração no momento...
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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
ELIANA DE ALMEIDA
EXAMINANDO O PAPEL DO MINDFULNESS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, BASEADA NA
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL: TEORIA E PRÁTICA
São Paulo
2015
ELIANA DE ALMEIDA
EXAMINANDO O PAPEL DO MINDFULNESS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, BASEADA NA
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL: TEORIA E PRÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização
Área de Concentração: Terapia Cognitivo-
Comportamental
Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins
São Paulo
2015
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
Almeida, Eliana de
EXAMINANDO O PAPEL DO MINDFULNESS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, BASEADA NA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL: TEORIA E PRÁTICA
43 f. + CD-ROM
Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). 2015. Orientação: Profª. Dra Renata Trigueirinho Coorientação: Profª. Msc Eliana Melcher Martins
1. Terapia Cognitivo-Comportamental. 2. Mindfulness. 3. Transtornos de Ansiedade. I. Almeida, E. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Eliana de Almeida
EXAMINANDO O PAPEL DO MINDFULNESS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE,
BASEADA NA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL: TEORIA E PRÁTICA
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: _____________________________________
Prof. ________________________________________
Parecer:______________________________________
Prof. ________________________________________
São Paulo, ___ de ________de ____
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho de conclusão de curso ao meu
irmão, Sérgio Nistal Gargiulo e as minhas amigas e
incentivadoras Jaci Ferfila e Profª Drª Marina
Boccalandro, por terem sempre acreditado no meu
potencial e nos meus sonhos.
EPÍGRAFE
“Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em ações, em ações que tragam resultados.”
(Florence Nightingale)
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon e
coorientadora Profª. Msc. Eliana Melcher Martins: pela oportunidade, confiança
e disponibilidade durante toda minha trajetória, o que contribuiu para o meu
crescimento profissional.
A Maria Stela de Souza Pereira e Ana Aparecida Roma Lino
Romain, que se tornaram grandes amigas ao longo destes dois anos.
Aos meus familiares que estiveram ao meu lado, incentivando-me e
dando-me apoio necessário e que souberam compreender minhas ausências.
RESUMO
No mundo contemporâneo e principalmente nas grandes metrópoles, a população está exposta a diversos fatores que aumentam o nível de ansiedade no cotidiano, como a poluição ambiental, a violência urbana, os alimentos industrializados e os aspectos das relações sociais, como a competitividade, a falta de solidariedade, o individualismo e a ambição. Nesse contexto, o aumento de desarmonias mentais relacionadas à ansiedade é considerável. A motivação desta pesquisa partiu do interesse em estudar e avaliar a eficácia do uso de mindfulness como intervenção de tratamento para os transtornos de ansiedade. O objetivo deste trabalho foi identificar quais os benefícios da meditação mindfulness no protocolo de tratamento na TCC existente para o tratamento de pacientes diagnosticados com transtorno de ansiedade. A revisão bibliográfica demonstrou que a aplicação da terapia baseada em mindfulness, a terapia cognitiva baseada em mindfulness e regulação emocional podem ser utilizadas no processo psicoterapêutico. A maioria dos estudos analisados evidenciaram que o tratamento do transtorno de ansiedade por meio de estratégias psicoterápicas fundamentadas nas terapias comportamentais, cognitivas e abordagens da terceira onda (mindfulness ou atenção plena), produziu efeitos terapêuticos benéficos, consequentemente, deram aos pacientes uma expectativa de melhor qualidade de vida, livrando-os das sintomatologias deste transtorno. Para os profissionais que buscam atenuar os sintomas vivenciados por seus pacientes, pode-se concluir que meditação mindfulness traz benefícios cognitivos e emocionais.
Palavras-chave: terapia cognitiva comportamental. meditação mindfulness.
ansiedade. atenção. regulação emocional.
ABSTRACT
In the contemporary world and, mainly in big cities, the population is exposed to several factors that increase the level of anxiety in daily life, such as environmental pollution, urban violence, processed foods and aspects of social relations, such as competitiveness, lack of solidarity, individualism and ambition. In this context, the increased of mental disharmony linked with anxiety is considerable. The motivation for this research came from the interest in studying and assessing the efficacy of mindfulness as an intervention treatment for anxiety disorders. The objective was to identify the benefits of mindfulness meditation in the treatment protocol in the existing CBT for the treatment of patients diagnosed with anxiety disorder. The review of bibliography has demonstrated that the application of mindfulness-based therapy; cognitive therapy based on mindfulness; and the emotion regulation can applied in the therapeutic process. The majority of scientific articles studied has showed that the treatment of anxiety disorder by psychotherapeutic strategies based on behavioral therapy, cognitive and approaches the third wave (mindfulness or mindful) have achieved beneficial therapeutic effects, and they have proportioned to the patients an expectation of better quality of life, getting them off the symptomatology of this disorder. The professionals seeking to alleviate the symptoms experienced by their patients, it is conclusive that mindfulness meditation may have cognitive and emotional benefits.
Keywords: cognitive behavioral therapy. mindfulness meditation. anxiety.
attention. emotional regulation.
SUMÁRIO
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO................................................................................................9
2 OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO...............................................................14
3 MATERIAL E MÉTODO.................................................................................15
4 RESULTADOS................................................................................................16
4.1 Mindfulness e Regulação Emocional...............................................16
4.2 Mindfulness e Transtorno de Ansiedade........................................ 21
5 DISCUSSÃO...................................................................................................31
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................34
REFERÊNCIAS.................................................................................................35
ANEXO .............................................................................................................43
9
1 INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo e principalmente nas grandes metrópoles, a
população está exposta a diversos fatores que aumentam o nível de ansiedade
no cotidiano, como a poluição ambiental, a violência urbana, os alimentos
industrializados e os aspectos das relações sociais, como a competitividade, a
falta de solidariedade, o individualismo e a ambição. Nesse contexto, o
aumento de desarmonias mentais relacionadas à ansiedade é considerável.
O Transtorno da Ansiedade (TA), segundo o Manual de Classificação de
Doenças Mentais (DSM-5, 2014) é um distúrbio caracterizado pela
“preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil
controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três
ou mais sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de
concentração, tensão muscular e perturbação do sono (A.M.B; C.F.M, 2008).
A ansiedade é mais frequentemente associada à tensão muscular e à
vigilância que preparam para um perigo futuro, ou a comportamentos de
evitação ou cuidado em relação a algum objeto ou situação (DSM-5, 2014).
A estimulação do sistema nervoso autônomo se evidencia através de
sintomas como taquicardia, cefaléia, disfunção intestinal, dor epigástrica, falta
de ar (dispnéia), “bolo na garganta”, “aperto no peito”, dores nos braços,
turvação visual, tremores, etc. Estas manifestações não estão necessariamente
correlacionadas com a sensação subjetiva de ansiedade, pois podem estar
presentes em outras situações clínicas, várias delas de natureza orgânica.
Além destes sintomas, também há componentes cognitivos, que comprometem
funções como pensamento, atenção, concentração, memória, percepção,
capacidade de fazer relações, etc. Tais alterações levam a perdas e distorções
na percepção, captação e interpretação do mundo ao redor, favorecendo uma
seleção inadequada de estímulos, que predispõe à manutenção do quadro e
queda no desempenho funcional (SADOCK; SADOCK, 2007; SADOCK;
SADOCK, 2008).
A ansiedade é uma função adaptativa ao meio ambiente e também uma
resposta normal ao stress. Em baixos níveis, ela alerta para ameaças internas
ou externas, preparando o indivíduo para tomar medidas que previnam o perigo
10
ou que atenuem suas consequências, preservando assim a vida (KAPLAN;
SADOCK, 1999).
O conceito mindfulness começou a ser pesquisado na década de 1970
(LANGER; MOLDOVEANU, 2000) e a partir de 1980, Jon Kabat-Zinn,
biomédico e fundador da Clínica de Redução do Stress e do Centro de Atenção
Plena em Medicina, da Universidade de Massachusetts Medical School,
concebeu os primeiros estudos terapêuticos com a prática de exercícios de
meditação mindfulness.
Kabat-Zinn (1990), define mindfulness como uma forma específica de
atenção plena, concentração no momento atual, intencional, e sem julgamento.
Concentrar-se no momento atual significa estar em contato com o presente e
não estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro.
Considerando que as pessoas funcionam muito num modo que o autor
chama de piloto automático, a intenção da prática de mindfulness seria
exatamente trazer a atenção plena para a ação no momento atual
(VANDENBERGHE; SOUSA, 2006). “Intencional” significa que o praticante de
mindfulness faz a escolha de estar plenamente atento e esforça-se para
alcançar esta meta, em contradição com a tendência geral das pessoas de
estarem desatentas, ou de se perderem em julgamentos e reflexões que as
alienam do mundo que as cerca. “Sem julgar” significa que o praticante aceitará
todos os sentimentos, pensamentos e sensações como legítimos. A atitude de
não julgar está em contraste com a tendência automática das pessoas de
investirem na luta contra vivências aversivas, deixando de viver o resto da sua
realidade (AR, NEVES NETO, 2011).
Vorkapic (2013), mindfulness é a atenção completa aos detalhes.
Bishop e colaboradores (2004) propõem dois componentes para a
atenção plena ou mindfulness. O primeiro é adotar, na experiência, uma atitude
particular de curiosidade, abertura e aceitação ao que surge na consciência. O
segundo é a „Auto-Regulação da Atenção‟, que tem como finalidade aumentar
o reconhecimento dos eventos mentais daquele momento. Regula-se o foco da
atenção para se observar as mudanças nos pensamentos, sentimentos e
sensações, momento a momento. Isso conduz a uma sensação de estar
presente e atento à experiência. Para se conseguir esse estado é necessário
sustentar a atenção por um período prolongado de tempo em algum foco, como
11
a respiração; mudar o foco; detectar e reconhecer os estímulos que surgem na
consciência, como um pensamento, sentimento ou sensação física; retornar ao
foco. Esse movimento de reconhecer o estímulo e retornar incessantemente ao
foco é a essência da meditação.
"A auto-regulação da atenção e a mudança do foco envolvem uma
experiência direta dos eventos da mente e do corpo, evitando, porém,
ruminações e elaborações sobre a natureza desses eventos" (BISHOP, 2004,
p.232).
Um estudo realizado por Hasenkamp e Barsalou (2004), analisou os
efeitos da experiência de meditação sobre a conectividade funcional de redes
cerebrais. A amostra foi constituida por quatorze homens, entre 28 a 66 anos
de idade, com no minimo um ano de experiencia em meditação. Uilizaram a
ressonancia magnetica durante a meditação para detectar atividade na região
da rede de saliencia durante a conscência da distração e atividade na região da
rede executiva durante a mudança e manutenção da atenção. Os resultados
encontrados foram que, quanto maior o tempo de experiencia, maior
conectividade entre as da rede atencional e destas com a região frontal medial.
Estas areas podem estar envolvidas no desenvolvimento de habilidades
cognitivas, como a manutençao da atenção e desligar-se de distrações. A
conexão alterada destas regiões cerebrais foram vistas em meditadores
experientes tanto na pratica, quanto em não-pratica, além da possivel
transferencia de habilidades cognitivas do estado meditativo para o cotidiano.
Em seu livro, Roemer e Orsillo (2010 p.153-154), afirmam que,
mindfulness é uma experiência pessoal capaz de trazer a flexibilidade à nossa
vida e acrescenta alguns pontos.
Mindfulness é um hábito. Exatamente como aprendemos a seguir um
piloto automático ao praticar determinada coisa muitas vezes,
podemos aprender mindfulness pela prática. O objetivo fundamental é
usar mindfulness para nos manter por inteiro na nossa vida e
aumentar a nossa satisfação global e bem-estar (ROEMER;
ORSILLO, 2010).
Para Vitor Friary (2015), Terapeuta Cognitivo-Comportamental,
Especialista em Mindfulness e Terapia da Aceitação e Compromisso, a
meditação mindfulness aumenta a nossa a consciência de momento a
12
momento, de modo que passamos a estar atentos de nossas reações
automáticas não funcionais. Isso nos permite responder criativamente a
situações ativadoras de estresse e dificuldades com maior poder de decisão e
escolha, amplificando as habilidades diretamente ligadas ao que denominamos
inteligência emocional.
Ainda segundo Vitor Friary (2015), o sofrimento e a angústia são fruto
em grande parte de nossa tendência em se apegar rigidamente ao que
julgamos como agradável, e nossas tentativas de rejeitar e banir o que
julgamos como desagradável. Essa forma de lidar com situações podem muito
facilmente tornar difícil o nosso contato com a realidade presente. A tendência
que temos de tentar "consertar" as coisas e evitar sofrimento emocional é
comum a todos nós, e ao persistirmos na tentativa de resolver situações
estressantes repetindo padrões habituais, tende a aumentar os sentimentos de
estresse, medo, ansiedade e depressão.
Para Deci e Ryan (2000), as necessidades psicológicas, de caráter
essencial e universal, são indispensáveis ao funcionamento psicológico. As
necessidades são reguladas pelas emoções, que influenciam os processos de
percepção, memória e cognição nos contextos intrapsíquico e interpessoal
(VASCO, 2005).
A perspectiva das emoções enquanto tendências de ação, com impacto
motivacional, em que o indivíduo se modula, bem como a discrepância entre as
tendências de ação e a expressão emocional levaram ao estudo de como, por
que e quando é que as pessoas tentam regular as suas tendências de ação
tingidas emocionalmente, para uma maior adaptação e promoção de bem-estar
(VASCO, 2009).
A regulação emocional consiste na tendência de orientar a experiência
relativamente às emoções em função do “quando” e do “quê”, isto é, do
contexto e de que elementos as constituem. Acedem à experiência subjetiva da
emoção, levando-o a expressar a regulação emocional a um nível
comportamental, com impacto fisiológico (GROSS; THOMPSON, 2007).
A técnica mindfulness (Segal; Williams; Teasdale, 2002), promove uma
regulação emocional cada vez mais adaptativa, estando associada à
consciência das emoções, a consciencialização de sentimentos e a processos
de atenção. Estas evidências não significam que o indivíduo deixe de
13
experienciar emoções desagradáveis, mas que é possível minimizar a
ruminação enquanto estratégia de regulação emocional que, em excesso,
torna-se não adaptativa (FELDMAN; et. al., 2007).
Os benefícios do mindfulness para Keng, Smoski e Robins (2011), estão
bem estabelecidos quanto aos efeitos da atenção plena na saúde psicológica.
Os benefícios encontrados são diminuição dos níveis de cortisol, aumenta a
resposta imune, melhora o humor, aumenta a concentração, a recuperação do
stress é mais rapida, além da alteração em areas do cerebro ligadas à atenção
e regulação emocional.
Um estudo epidemiológico de base populacional, o São Paulo Megacity
Mental Health Survey avaliou uma amostra representativa de residentes da
região metropolitana de São Paulo em 2009, com 5.037 pessoas avaliadas em
seus domicílios, a partir de entrevistas feitas com base no mesmo instrumento
diagnóstico. Os questionários incluíram dados sociais.
Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de
São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à
entrevista. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando
19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de
comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de
substâncias (3,6%). Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as
mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram
grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens
migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade
ao transtorno de ansiedade. (ANDRADE, 2004-2009).
Sendo assim diante deste aumento dos transtornos de ansiedade é de
grande valia estudar e analisar o quanto a terapia cognitiva baseada no
treinamento mindfulness pode ser benéfica em pessoas para o alívio dos
transtornos de ansiedade.
14
2 OBJETIVO
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste estudo foi procurar na literatura as evidências
crescentes sobre a prática da meditação mindfulness no tratamento para
pacientes com o diagnóstico de transtornos de ansiedade, através de
intervenções da TCC, utilizando premissas do modelo cognitivo
comportamental.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar quais os benefícios da meditação mindfulness no protocolo de
tratamento na TCC existente para o tratamento de pacientes diagnosticados
com transtorno de ansiedade.
15
3 MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica da literatura.
A metodologia do trabalho consistiu em uma pesquisa bibliográfica, para
fundamentação conceitual desta. De acordo com Marconi e Lakatos (2005, p.
185), “a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito
sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou
abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
Para uma revisão de literatura nas bases de dados eletrônicas Pubmed,
Bireme, Scielo, Google acadêmico, Medline, Elsevier. Foi pesquisada a
combinação das seguintes expressões: terapia cognitiva comportamental
(cognitive behavioral therapy) combinada com meditação mindfulness
(mindfulness meditation), ansiedade (anxiety), atenção (attention), regulação
emocional (emotional regulation).
Os critérios de inclusão dos artigos foram idioma: português e inglês;
histórico da mindfulness, estudos piloto e estudos de caso especificamente
sobre as técnicas e/ou os efeitos da TCC nos transtornos de ansiedade, e no
período de publicação entre 1990 e 2015. Os critérios de exclusão foram:
estudos abrangendo outros transtornos e a abordagem medicamentosa.
A literatura baseada em mindfulness tem crescido ao longo dos anos,
possível conceitualizá-la e verificar como está sendo utilizada em indivíduos
com transtornos de ansiedade.
Dentre os artigos encontrados, foi realizada uma seleção de
publicações, levando em conta sua relevância sobre conceitualização de
mindfulness, regulação emocional e transtorno de ansiedade.
A maioria dos artigos e estudos são produzidos em instituições norte-
americanas e publicados em língua inglesa. Há poucos estudos sobre
mindfulness no Brasil
16
4 RESULTADOS
4.1 MINDFULNESS E REGULAÇÃO EMOCIONAL
A.R. Neves Neto (2011) cita em seu artigo definições de diversos
autores sobre a terapia cognitivo comportamental (TCC), como sendo uma
abordagem psicoterápica que reconhece o papel das cognições disfuncionais
e/ou limitantes na geração da resposta psicofisiológica do estresse. As pessoas
podem reagir de forma repetitiva e automática às situações adversas
eliciadores de estresse, através de alguns erros cognitivos comuns, tais como:
catastrofização, pensamento dicotômico ou “tudo ou nada”, generalização,
diminuir o lado positivo, leitura mental, previsão do futuro, magnificação ou
minimização, rotulação, entre outros (A.R. NEVES NETO, 2003; DOBSON,
2006; LEAHY, 2007). Além de promover a reestruturação cognitiva, a
expressão emocional reguladora e o desenvolvimento de um repertório de
comportamentos mais adaptativos.
Neves ( 2011), em sua dissertação de mestrado apresenta uma
coletânea de definições de mindfulness. O mindfulness é a tradução inglesa do
termo ― Sati (em Pali, língua original de Buda), que significa recordar,
consciência, intencionalidade da mente, mente vigilante, atenção plena, alerta,
mente lúcida, e auto-consciência (Pali Text Society, 1921;1925, In: SILLIFANT,
2007). Este conceito está relacionado com qualidades particulares de atenção
e consciência, que podem ser cultivadas e desenvolvidas através da
meditação.
O mindfulness consiste em focar a atenção no momento presente com
um determinado propósito e sem julgar e quer os fenômenos que surgem na
consciência individual durante a prática do mindfulness, quer as percepções,
cognições, emoções ou sensações, são observadas cuidadosamente mas não
são avaliadas como boas ou más, verdadeiras ou falsas, saudáveis ou
doentes, importantes ou triviais (MARLATT; KRISTELLER, 1999, cit. In: BAER,
2003).
A atenção é uma das funções cognitivas que parecem estar
particularmente envolvidas nas mudanças que a pratica meditativa acarreta
(VORKAPIC, p. 51 2013).
17
O mindfulness, habitualmente definido como a consciência do
conhecimento que emerge ao prestar atenção deliberada, no momento
presente e sem realizar qualquer juízo valorativo sobre a própria experiência,
permite a focalização da mente com uma maior consciência/atenção plena,
autoconhecimento e redução dos pensamentos automáticos (BROWN; RYAN,
2007; SHAPIRO; SCHWARTZ; SANTERRE, 2005).
Mindfulness ou atenção plena refere-se à habilidade de prestar atenção
em qualquer situação que se encontre com a intenção de se envolver no aqui e
agora de uma forma aberta, curiosa e autêntica, antes de fazer um julgamento
sobre a situação (ROEMER; ORSILLO, 2010; DANE; BRUMMEL, 2013).
Hülsheger, et. al. (2013), em um dos seus estudos buscou investigar se
mindfulness é um agente causal e se diminui à exaustão emocional e melhora
a satisfação no trabalho. Foram envolvidos 203 participantes separados em
dois grupos de trabalhadores de vários tipos de atividade. Um grupo de
controle com 101 participantes e outro grupo com 102 trabalhadores onde foi
utilizada uma intervenção de auto treinamento com práticas de mindfulness
MBCT (terapia cognitiva baseada em mindfulness) e MBSR (redução de
estresse baseado em mindfulness). O tempo desta intervenção foi de 10 dias.
Os resultados deste experimento sugerem que a prática da meditação resulta
na diminuição da exaustão emocional e no aumento na satisfação no trabalho,
auxiliando na regulação emocional.
Reb, et. al., (2013), em sua pesquisa desenvolvida sobre mindfulness no
trabalho examinou os antecedentes e as consequências de dois aspectos de
mindfulness (atenção plena) no ambiente de trabalho: o trabalhador atento e
consciente e o trabalhador distraído. O objetivo desta pesquisa foi verificar
como esses dois aspectos relacionados à mindfulness se relacionam com
diferentes dimensões de bem estar (que inclui exaustão emocional, satisfação
no trabalho e necessidade psicológica de satisfação) e desempenho (que inclui
desempenho na atividade e comportamentos que vão além do que é
considerado parte de uma descrição do trabalho) no local de trabalho. A
pesquisa envolveu 231 trabalhadores adultos de uma variedade de
organizações e profissões. Os resultados ofereceram considerável suporte à
ideia que um trabalhador atento, com mindfulness é benéfico para seu bem-
estar e desempenho.
18
O estudo a seguir investigou se o contato com 15 minutos de imagens
aversivas gravadas, focando na respiração em uma população normal,
diminuiria a intensidade e a negatividade de respostas emocionais e
aumentaria a vontade de permanecer em contato com slides de imagens
aversivas. Os efeitos da indução da respiração focada foram comparados com
os efeitos do grupo que permaneceram 15 minutos com atenção desfocada. O
grupo de respiração focada manteve respostas consistentes e positivas antes e
após a indução, enquanto que o grupo de atenção desfocada responderam
negativamente as imagens aversivas. Os resultados são discutidos como
sendo consistente com propriedades reguladoras emocionais da atenção plena
(ARCH; CRASKE, 2006).
Após um estudo sobre as diversas definições encontradas Germer,
Siegel e Fulton (2005), sugerem que mindfulness é composta de 3
características base: (1) consciência (2) da experiência presente (3) com
aceitação. Nota-se que a consciência diz respeito aos eventos internos de
nossa consciência, como sensações, sentimentos e pensamentos.
Baer, et. al., (2006) exploraram as diversas facetas do programa de
treino em mindfulness e identificaram cinco que consideram as principais: (1)
Não reactividade à interior, (2) Observação das sensações, percepções,
pensamentos e sentimentos, (3) Agir com consciência, (4) Descrição das
sensações, percepções, pensamentos e sentimentos através de palavras, (5)
Não julgar a experiência presente. Todos os indivíduos têm a capacidade de
aprender o mindfulness.
Somos aquilo que pensamos; é com o nosso pensamento que
construímos o mundo (KORNFIELD, 1996).
Grande parte do que o corpo sente é influenciado pelos pensamentos e
pelas emoções, e tudo que pensamos é influenciado pelo o que esta ocorrendo
no corpo. Emoções são feixes de pensamentos, sentimentos, sensações
físicas e impulsos para agir. A atenção plena nos traz de volta à consciência:
um local de escolha e intenção que proporciona a capacidade de se conectar
consigo de tempos em tempos para que se possa fazer escolhas intencionais.
É simples, quando se torna mais atento, as intenções e ações ficam alinhadas,
e é possível deixar de ser desviado a todo instante pelo piloto automático
(WILLIAMS, MARK,p. 38, 2015).
19
De acordo com Mayer, Roberts e Barsade (2006), as emoções
caracterizam-se por um conjunto de respostas integradas que envolvem
alterações fisiológicas e motoras (que preparam o indivíduo para agir) e
sentimentos associados a experiências internas (que propiciam uma avaliação
da situação). Gazzaniga e Heatherton (2005) complementam afirmando que as
emoções são respostas imediatas a eventos ambientais e envolvem avaliação
subjetiva, processos psicológicos e crenças cognitivas. Agüera (2008), define a
emoção como um impulso para ação desencadeado por variáveis fisiológicas
que podem ser mensuráveis e observáveis, tais como ritmo de batimentos
cardíacos, respiração, tensão arterial, sudorese e dilatação das pupilas.
Em Freitas (2011), Shapiro, et. al., (2006) propuseram quatro possíveis
mecanismos que podem explicar como mindfulness funciona: auto-regulação;
clarificação de valores; flexibilidade cognitiva e comportamental; exposição.
Sumariamente consideraram que o estado de mindfulness surge quando a
intenção, atenção e atitude são simultaneamente cultivadas. Através deste
processo, uma nova avaliação da situação ocorre facilitando uma mudança de
perspectiva que é o cerne da transformação afetada pela prática mindfulness.
A auto-regulação é desenvolvida com a capacidade de ficar como
observador e testemunhar estados emocionais negativos como ansiedade e
medo com atenção plena, no momento presente, sem julgamento e com
aceitação. Perceber sentimentos, pensamentos ou emoção que surgem e vê-
los como estados impermanentes que surgem e desaparecem no tempo,
possibilita novas percepções e reavaliações. Isto permite um maior nível de
tolerância para estados internos desagradável. Ao mesmo tempo, capacita a
pessoa a ser menos controlada por emoções e a usar uma gama mais vasta e
mais adaptável de habilidades de coping evitando desregulação e subseqüente
doença. A clarificação de valores ocorre quando as pessoas reconhecem o que
é significativo e o que é realmente importante para eles (FREITAS, 2011).
Com frequência, se é empurrado e puxado por aquilo em que se acredita
(com base no condicionamento cultural ou familiar). No entanto, quando se é
capaz de observar os próprios valores e refletir com maior objetividade sobre o
que é verdadeiramente importante no contexto de nossas próprias vidas,
podem-se realizar escolhas de comportamentos que são congruentes com as
20
próprias necessidades, interesses e valores (HAYES, 2002; SHAPIRO; cols,
2006).
Para Pires (2014), as práticas de mindfulnes é vista como uma das
formas para alcançar autorregulação emocional, em razão de a mesma levar o
praticante a um distanciamento de "si próprio", a fim de permitir a observação
das emoções sem julgamento, para, então, a aplicação de técnicas para sua
autorregulação, tais como o escaneamento corporal, a atenção sobre a
respiração, a aceitação consciente, dentre outras.
Siegel, Germer e Olendzky (2009) esclarecem:
“assim como podemos melhorar nosso desempenho físico por meio
da prática regular de exercício físico, nós podemos desenvolver
mindfulness por meio de práticas mentais deliberadas”.
Bowen e Kurz (2012), realizaram um estudo com 93 adultos com abuso
de substâncias, em tratamento ambulatorial, com objetivo de avaliar os níveis
de atenção, a aliança terapêutica utilizando-se do treinamento mindfulness,
num programa de 8 semanas. Os resultados sugerem que a prática
mindfulness e a aliança terapêutica, aumentaram os níveis de consciência após
o treinamento.
Um estudo realizado por van Vugt e Jha (2011), para investigar se o
treinamento mindfulness influência o processamento de informações em uma
tarefa de trabalho com estímulos visuais complexos, foi realizado num grupo de
29 participantes (sendo 12 do sexo feminino e 17 do sexo masculino), com
idades entre 21-70 anos. Os participantes ficaram num retiro intensivo de 30
dias praticando mindfulness. Concluiu-se com esse estudo que o treinamento
mindfulness, produz efeitos salutares sobre o desempenho do processamento
de informações.
Além dos pesquisadores citados, outros autores como Brown, Ryan e
Creswell (2007), encontraram em estudos, pessoas que desenvolveram um
grau maior de mindfulness com vários benefícios, como: melhoria no potencial
de liderança; aumento de potencial criativo; redução de comportamento no
“piloto automático” e comportamento reativo; incremento nas funções
cognitivas, como à atenção; melhoria de bem-estar.
21
Para Rodrigues (2014), a regulação emocional cumpre um papel
importante no processo de ajustamento social, pois é, por meio dela, que se
assegura a qualidade das relações sociais, familiares, de amizade e trabalho. A
forma como um indivíduo se manifesta vai interferir no comportamento e nas
emoções daqueles que com ele se relacionam, criando, assim, laços sociais
mais duradouros. Existem muitos componentes emocionais que influenciam no
processo de regulação emocional, fazendo com que a regulação seja mais ou
menos efetiva para preservar o bem-estar psicológico.
Diante dos estudos mencionados, há evidências de que mindfulness
ajuda a desenvolver eficaz regulação da emoção no cérebro (CORCORAN, et.
al., 2010; FARB et. al., 2010; SIEGEL, 2007), sendo uma habilidade que pode
ser desenvolvida por meio de treinos específicos.
Em termos de mecanismos propostos de mudança, Corcoran, et.al.,
(2010) teorizam que a meditação mindfulness promove consciência
metacognitiva, diminui ruminação via desligamento de atividades cognitivas
perseverative, e melhora as capacidades de atenção através de ganhos na
memória de trabalho; esses ganhos cognitivos, por sua vez, contribuir para
estratégias eficazes de regulação emocional.
4.2 MINDFULNESS E TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
A ansiedade é um estado cognitivo ligado a uma incapacidade de
regulação das respostas emocionais às ameaças percebidas. Ansiedade está
inversamente relacionada com a atividade do cérebro associada com a
regulação cognitiva de emoções. O treinamento mindfulness fortalece a
capacidade cognitiva do praticante na regulação das emoções, podendo
reduzir a ansiedade.
Os transtornos de ansiedade incluem: transtorno de ansiedade e
separação; mutismo seletivo; fobia específica; transtorno de ansiedade social
(fobia social); transtorno de pânico; agorafobia; transtorno de ansiedade
generalizada (DSM-V, 2014).
22
Nos dias atuais, os transtornos de ansiedade estão cada vez mais
presentes nos indivíduos, podendo ser identificados em consultórios de
psicologia, hospitais, empresas, escolas, entre outras instituições. Mas o
quanto este transtorno tem afetado e atrapalhado a rotina da população
metropolitana de São Paulo?
Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da
USP e que integra uma base de dados internacional identificou que 19,9% da
população metropolitana de São Paulo sofrem de algum transtorno de
ansiedade. Só o transtorno do pânico, um grave transtorno de ansiedade,
atinge 1,1% da população, o que representa 220 mil pessoas só na região
metropolitana de São Paulo (ZIEGLER, 2014).
“A ansiedade se torna patológica quando começa a atrapalhar a vida do
paciente”, diz Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Quando isso
acontece, pode ser sinal de transtorno. No Brasil, estima-se que 23% da
população tenham algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida (HUECK,
2008).
“Não existe terapia mais efetiva do que a TCC, para tratar qualquer
quadro psiquiátrico, inclusive os transtornos de ansiedade”, diz o professor de
psicologia da UFRJ, Bernard Rangé. A afirmação é embasada por um estudo
da Universidade de Boston: a conclusão é que a TCC é eficiente em 71% dos
pacientes com síndrome do pânico, contra apenas 25% dos outros tipos de
terapias (HUECK, 2008).
A TCC tem como objetivo propor mudanças nos afetos e
comportamentos através da reestruturação cognitiva, ou seja, modificando
crenças, pensamentos e formas de interpretar as situações negativas e
disfuncionais, por outras menos ansiogênicas/depressivas e mais baseadas na
realidade.
Ultimamente, muito se tem discutido sobre mindfulness, em psicoterapia.
Há inúmeras evidências científicas dos benefícios da prática de mindfulness,
por isso o tema tem sido tão abordado nos últimos anos e surge como uma das
principais inovações das Terapias Cognitivas de Terceira Onda (MELO, p. 211,
2014).
23
Terapia cognitiva baseada em mindfulness foi desenvolvida como um
programa de treinamento em grupo que iria abordar a vulnerabilidade entre os
episódios de depressão maior recorrente (SEGAL; WILLIAMS; TEASDALE;
2002; SEGAL, WILLIAMS; TEASDALE, 2007; KABAT-ZINN, 2006 ). Foi
derivada a partir de um modelo de vulnerabilidade cognitiva em depressivos
com recaída (TEASDALE, SEGAL; WILLIAMS, 1995).
A MBCT integra aspectos da terapia cognitivo-comportamental para a
depressão (XIE, et.al., 2014) para o programa de redução de estresse baseado
em mindfulness (MBSR) desenvolvido por Kabat-Zinn (1990), além de ensinar
os pacientes que estão atualmente em remissão de depressão maior
recorrente, para se tornar mais conscientes e se relacionar de forma diferente
com seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais.
A MBCT também partilha com a TCC, em ambas as modalidades
terapêuticas, os doentes são encorajados a observar os pensamentos e a
avaliar e analisar atividades e ocorrências do dia-a-dia relativamente aos
pensamentos sensações que suscitam, identificando os pensamentos
disfuncionais, ruminativos e depressogênicos induzidos por eventos
estressores.
No entanto, existem diferenças importantes entre o MBCT e a TCC. A
TCC baseia-se na teoria de que na base da psicopatologia estarão
pensamentos e comportamentos mal-adaptados. Objetiva-se a alteração
destas cognições disfuncionais através da recolha de evidências que ponham
em causa a sua veracidade (TEASDALE; SEGAL; WILLIAMS, 1995). A MBCT
propõe uma abordagem diferente (Quadro 1). A MBCT orienta antes o
participante a modificar a sua relação com pensamentos, emoções e
sensações corporais negativas, através da prática de mindfulness, facilitando
desta forma a realização de que se tratarão apenas de eventos transitórios da
mente e do corpo, e permitindo uma maior liberdade para os explorar, ou não.
24
Quadro 1 – Comparação das posturas terapêuticas da Terapia Cognitivo-Comportamental e do Mindfulness-based cognitive therapy.
Terapia cognitivo-comportamental
Mindfulness-based cognitive therapy
Enfoque no conteúdo Promove uma nova forma de olhar emoções dolorosas e situações desafiantes Permite distinguir os pensamentos disfuncionais e negativos dos pensamentos saudáveis Testam-se e desafiam-se crenças disfuncionais e cultivam-se novas interpretações Intervenções comportamentais focadas em reforçar respostas mais adaptativas O terapeuta orienta e instrui
Enfoque no processo cognitivo Promove uma nova forma de estar com emoções dolorosas e situações desafiantes Distinguem-se pensamentos como apenas pensamentos e não verdades absolutas Pensamentos e emoções são reconhecidos e aceitos sem procurar corrigir, alterar ou evitar Intervenções comportamentais focadas em desenvolver atenção ao momento presente O terapeuta incorpora a abordagem
Adaptado, com permissão, a partir de Sipe WEB, Eisendrath SJ. Mindfulness-based-cognitive therapy:theory and practice. Canadian journal of psychiatry. Revue canadienne de psychaitrie. Feb;57(2):63-9. 2012 In: Magalhães (2014), p.22
A partir de agora, serão apresentados vários estudos que demonstram o
quanto à terapia cognitiva comportamental baseada em mindfulness, pode ser
benéfica para indivíduos portadores de algum transtorno de ansiedade.
De forma a promover o bem-estar e a redução de sintomatologia
psicopatológica, o mindfulness tem sido incorporado em protocolos de
tratamento de várias pertubações psicológicas com o objetivo de intervir em
processos mentais que contribuem para a pertubação emocional e para o
comportamento mal-adaptativo (BISHOP et. al., 2014).
Hofmann, et. al., (2010), tiveram como objetivo realizar uma análise
sobre o efeito do mindfulness em populações clínicas em relação aos sintomas
de humor e de ansiedade. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e a meta-
análise foi baseada em 39 estudos totalizando 1.140 participantes que
receberam a terapia à base de atenção plena para transtorno de ansiedade
generalizada, depressão e outras condições psiquiátricas.Os resultados
25
sugerem que a intervenção baseada em mindfulness foi moderadamente eficaz
para melhorar a ansiedade e sintomas de humor.
Zeidan, et. al., (2014), realizaram um estudo sobre o treinamento de
atenção plena em conjunto com a ressonância magnética, com 15 indivíduos
saudáveis, sem experiência de meditação, humor ou transtornos afetivos. Os
resultados obtidos foram que 20 minutos de meditação mindfulness reduziu
22% a ansiedade em pacientes saudáveis. Meditando na sessão de
ressonância magnética a diminuição de ansiedade foi 12%. Estes resultados
fornecem evidência de que mindfulness atenua a ansiedade por meio de
mecanismos envolvidos na regulação de processos de pensamento auto-
referenciais, porém ainda são necessários mais estudos sobre atenção plena e
remissão de sintomas de ansiedade.
Nessa sequência de estudos sobre os benefícios do mindfulness,
Fortney (2013), realizou numa amostra de 30 médicos atuantes em cuidados
primários, uma intervenção de mindfulness de 8 semanas e 9 meses pós-
intervenção. Foi associado reduções nos indicadores de Burnout no trabalho,
depressão, ansiedade e estresse, indicando que mindfulness pode ser uma
ferramenta eficiente em termos de tempo para ajudar a saúde de apoio clínico
e bem-estar, tendo implicações positivas para o atendimento ao paciente.
Finucane e Mercer (2006), verificaram, através de um estudo com 13
pacientes da atenção primária com sintomas de depressão recorrente e
ansiedade, a aceitabilidade e eficácia da MBCT, utilizando também para
analisar os dados Inventários de Depressão de Beck (BDI-II) e Inventários de
Ansiedade (BAI). No geral 72% dos pacientes mostraram melhorias no BDI e
63% reduções significativas na ansiedade no BAI. Estes resultados sugerem
que a terapia cognitiva baseada em mindfulness pode ter um papel a
desempenhar no tratamento da depressão e ansiedade na atenção primária.
Um estudo foi realizado com 228 pacientes dignosticados com
transtorno de ansiedade generalizada, foram alocados aleatoriamente para o
treinamento MBCT, com cuidados habituais e psicoeducação, durante 8
sessões de 2 horas. Os resultados demonstraram a eficácia de MBCT como
um tratamento para o transtorno de ansiedade generalizada (XIE, et. al., 2014).
26
Neste estudo realizado com 11 indivíduos (seis do sexo feminino e cinco
do sexo masculino), com idade média de 49 anos que preencheram os critérios
de ansiedade, preocupação e sintomas depressivos, foi utilizada a MBCT para
verificar sua eficácia no transtorno de ansiedade generalizada. Houve redução
significativa da ansiedade e sintomas depressivos no final do tratamento. O
MBCT pode ser um tratamento aceitável e potencialmente eficaz para reduzir a
ansiedade e de humor sintomas e aumentar a consciência das experiências
cotidianas em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada (EVANS;
FERRANDO; FINDLER, 2008).
A Terapia cognitiva baseada em Mindfulness para Crianças (MBCT-C) é
uma psicoterapia de grupo para crianças de 9-13 anos de idade, que foi
desenvolvida especificamente para aumentar a resiliência sócio-emocional
através do reforço da atenção consciente. A amostra contou com 25 crianças,
que ao completarem o programa apresentaram redução nos problemas de
atenção e de comportamento, além de diminuição significativa nos sintomas de
ansiedade. Os resultados mostram que MBCT-C é uma intervenção promissora
para a atenção e problemas de comportamento, e pode reduzir os sintomas de
ansiedade na infância (SEMPLE; et.al., 2010).
Na TCC para Transtorno de Ansiedade Social (TAS), são realizadas
sessões de psicoeducação e ao longo do processo, deve ser enfatizada a
importância do reconhecimento das situações sociais temidas, das cognições
disfuncionais a elas associados e do papel dos comportamentos de segurança
na evitação das situações sociais e conseqüente manutenção do TAS. Durante
o processo os exercícios proporcionam que algumas reflexões sejam feitas
quando o paciente percebe uma piora da emoção e tome a sua decisão sobre
a forma mais saudável de pensar, de se comportar e de sentir (KNIJNIK;
KUNZLER; p. 40-41, 2014).
O ciclo da ansiedade social (Figura 1) é uma técnica elaborada e
aprimorada utilizada na reestruturação cognitiva nos três níveis de
pensamento, desenvolvida especificamente para pacientes com TAS, com o
objetivo de ilustrar o papel das disfunções cognitivas na manutenção desse
transtorno.
O ciclo alternativo da ansiedade social (Figura 2) foi desenvolvido
especificamente para pacientes com TAS com o objetivo de ilustrar o papel da
27
psicoeducação e das técnicas de reestruturação cognitiva na modificação das
disfunções cognitivas com consequente melhora do TAS (KNIJNIK; KUNZLER,
p. 44-45, 2014).
Figura 1 Ciclo da Ansiedade Social. Figura 2 Ciclo Alternativo da Ansiedade Social
As figuras em cores estão disponíveis em www.sinopsyseditora.com.br/eptocfor
Pesquisadores investigaram a relação entre atenção plena e sintomas
de ansiedade social, em 98 participantes com diagnóstico de fobia social.
Mindfulness foi negativamente relacionada com sintomas de ansiedade social.
Esta relação foi parcialmente mediada por avaliações cognitivas sobre a
probabilidade eo custo de um resultado social negativo. Mais pesquisas
utilizando um design longitudinal e outras medidas de atenção plena serão
necessárias para replicar essas descobertas e mais explicar o mecanismo pelo
qual a consciência pode estar associado a avaliações cognitivas negativas
(SCHMERTZ; MASUDA; ANDERSON, 2012).
A investigação realizadas por Willians, Russel e Russel (2008), sugere
que um programa de oito semanas da terapia cognitiva Mindfulness-base
(MBCT) pode ser eficaz no tratamento de distúrbios de ansiedade
generalizada. O objetivo foi comparar a eficácia clínica do programa MBCT
com um programa psico-educação e os cuidados habituais na redução dos
sintomas de ansiedade em pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade
generalizada.
O estudo contou com 228 participantes com transtorno de ansiedade
generalizada alocados para o programa MBCT e psicoeducação e foi
28
encontrado nesta amostra efeito positivo na redução da depressão e da
ansiedade através da MBCT sendo indicado como uma opção para ajudar os
pacientes a manter uma melhor qualidade de vida a longo prazo .
Outro estudo sobre TAS, foi comparar a atenção plena e terapia de
grupo com base em aceitação com terapia cognitivo-comportamental em
relação ao ao grupo controle. Participaram 137 indivíduos com sintomas graves
de ansiedade social. Os resultados foram mais eficazes no grupo a base de
aceitação e terapia cognitivo comportamental do que no grupo controle,mas
não significativamente diferentes uns dos outros na redução da ansiedade
social e outras variáveis analisadas.A presente pesquisa fornece suporte
adicional para o uso de mindfulness e tratamentos à base de aceitação para
TAS, mas novos estudos devem examinar se estes tratamentos levam à
mudança (KOCOVSKI, et.al., 2013).
O presente estudo experimental analisou a capacidade de estratégias
metacognitivas (mindfulness ou distração) para reduzir o sofrimento em
indivíduos fobia social generalizada (N= 57) que foram alocados aleatoriamente
para receber um breve treinamento em consciência plena, distração, ou
nenhum treinamento (grupo controle). Os resultados desta investigação
experimental sugerem que mindfulness tem o potencial de reduzir o sofrimento
associado com processamento pós- evento, bem como mais afeto positivo do
que quando não receberam nenhum treinamento, sendo assim é um apoio
adicional para a utilidade clínica da atenção plena no tratamento da fobia social
generalizada (CASSIN; RECTOR, 2011).
Intervenções baseadas mindfulness têm se mostrado eficazes para o
tratamento de transtornos de ansiedade.
Nenhum estudo havia investigado o potencial de tratamentos à base de
mindfulness em indivíduos através do uso da Web. O objetivo deste estudo foi
avaliar a eficácia de um programa de tratamento mindfulness em 90
participantes que navegam na internet com diagnóstico de transtorno de
ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico
ou transtorno de ansiedade não especificados foram aleatoriamente
designados para um grupo de tratamento mindfulness e um grupo controle de
fórum de discussão on-line. Os participantes do grupo de tratamento
mindfulness mostraram melhoria moderada em sua qualidade de vida e uma
29
diminuição maior de sintomas de ansiedade, depressão e insônia do que os
participantes do grupo controle de discussão on-line. O estudo proporcionou
resultados encorajadores para um protocolo de atenção plena com base na
Web, no tratamento de transtornos de ansiedade. Repetições futuras destes
estudos irão mostrar se o tratamento mindfulness baseado na Web pode
constituir uma alternativa válida para os tratamentos existentes, com base em
técnicas cognitivo-comportamentais (BOETTCHER, et. al., 2014).
Em outro estudo o objetivo foi investigar as relações entre mindfulness ,
auto-estima e ansiedade social através de medidas de auto-relato. Foram
coletados dados de 205 estudantes australianos de graduação.Os resultados
foram que mindfulness elevou a auto-estima e diminuiu os sintomas de
ansiedade social. As implicações clínicas e sugestões para futuras pesquisas
são necessárias (RASMUSSEN; PIDGEON, 2011).
Os dados sobre estudos sobre a eficácia da MBCT para o transtorno de
pânico (TP) são escassos, mas um estudo realizado por Kim, et. al., (2013),
com 65 pacientes, para analisar os resultados a resposta ao tratamento e
remissão dos sintomas após MBCT, apresentou resultados significativos
associado com a melhora a sensibilidade à ansiedade no programa de oito
semanas, podendo levar a remissão dos sintomas de TP. No entanto, serão
necessários, com um maior número de pacientes para confirmar os achados.
A Terapia cognitiva baseada em Mindfulness foi estudada para o
tratamento de pacientes com transtornos depressivos ou de ansiedade. O
objetivo deste estudo foi examinar se MBCT é eficaz como adjuvante da
farmacoterapia no tratamento de pacientes com Transtorno de Pânico (TP).
Foram incluídos 23 indivíduos em um programa MBCT por um período de 8
semanas. A MBCT reduziu os sintomas de TP a partir da 4ª semana, podendo
ser eficaz como coadjuvante da farmacoterapia em pacientes com transtorno
de pânico. No entanto, são necessários estudos controlados randomizados
(KIM, B. et. al., 2010).
No estudo realizado por Yook, et. al., (2008), o objetivo foi examinar a
eficácia da MBCT para o tratamento de sintomas de insônia em pacientes com
transtorno de ansiedade, 19 pacientes com transtorno de ansiedade foram
atribuídos a um ensaio clínico MBCT de 8 semanas. Os participantes
apresentaram melhora significativa em comparação com os valores basais.
30
Estes resultados sugerem que MBCT pode ser eficaz no alívio de sintomas de
insônia, reduzindo preocupação associada distúrbios do sono em pacientes
com transtorno de ansiedade. No entanto, estudos randomizados e controlados
são necessários para confirmar os achados.
31
5 DISCUSSÃO
Analisando os achados citados anteriormente foi possível identificar o
quanto a terapia baseada em mindfulness (MBT) e a terapia mindfulness
baseada em terapia cognitiva (MBCT), estão sendo cada vez mais explorados
no contexto clínico e o quanto sua aplicabilidade nos indivíduos com
transtornos de ansiedade estão se beneficiando positivamente na redução ou
remissão de sintomatologias.
Enquanto em 2005, apenas 365 artigos sobre mindfulness revisados por
pares apareceram na literatura psicológica (PsycINFO), em 2013 havia mais de
2.200 artigos e mais de 60 centros de tratamento e pesquisa sobre a técnica
somente nos Estados Unidos (ver Figura 3).
FIGURA 3. Número de publicações sobre mindfulness por ano: 1980-2011. Figura fornecida por David S. Black, PhD, Institute for Prevention Research, Keck School of Medicine, University of Southern California, e reimpressa com permissão do autor (www. mindfulexperience.org) In GERMER, C.K.; SIEGEL, R.D., FULTON, P.R. Mindfulness e Psicoterapia.pp.12-13 Editora: Artmed, 2ªEdição, pp.400, 2015.
Nos dias atuais, temos intervenções estruturadas fundamentadas em
mindfulness para tratar uma ampla variedade de transtornos mentais e físicos,
ensaios clínicos controlados randomizados que apoiam essas intervenções,
bem como revisões e metanálises desses estudos.
32
Além disso, a pesquisa neurobiológica sofisticada está demonstrando o
poder do treinamento da mente para mudar a estrutura e a função do cérebro.
Parece que estamos testemunhando o surgimento de um modelo novo e
unificado de psicoterapia com base no construto de mindfulness ( GERMER,
p.12-13, 2015).
A terapia baseada em mindfulness (MBT) que inclui a terapia
mindfulness baseada em terapia cognitiva (MBCT) de Segal, Willian e Teasdale
(2002) ainda está caminhando para um consenso positivo sobre seus
benefícios em relação aos transtornos de ansiedade.
Não obstante, pesquisas tem mostrado que a MBT, repercute
positivamente na qualidade de vida do indivíduo, aumentando níveis de
consciência após treinamento, conforme citado por Bowen e Kurz, (2012).
Foi encontrada uma associação significativa entre os praticantes do
MBT, quanto ao desempenho do processamento de Informação van Vugt MK e
Jha AP (2011), redução de comportamento “piloto automático” (Brow, Ryan;
Creswell, 2007). Portanto, quanto maior for o treino, maior poderá ser a
capacidade do indivíduo de auto regular positivamente de forma mais
consciente, facilitando a resolução de problemas.
Os resultados dos estudos apóiam que indivíduos que praticam
mindfulness têm mais benefícios na redução ou remissão da sintomatologia de
TA, quando comparados à indivíduos não orientados para o treinamento.
Estes resultados estão alinhados com alguns achados anteriores de
Hofmann, et. al., (2010), Fortney (2013); Finucane; Mercer (2006).
A prática da atenção plena, ao promover uma relação de aceitação com
as experiências cognitivas, emocionais e físicas de medo e preocupação, ao
cultivar a atenção, presença, aceitação e auto-compaixão em relação ao
próprio medo, pode facilitar uma forma mais saudável e efetiva de
relacionamento com as experiências de medo e ansiedade, em parte, devido à
atitude de curiosidade, abertura e aceitação para com o próprio, os outros e o
mundo (GREESON; BRANTLEY, 2009).
A participação de estudantes do ensino superior de música num
programa baseado em atenção plena, do tipo MBCT, mostrou ter efeitos
benéficos observáveis. Os sintomas de estado geral de tensão psicológica
mostraram tendência a reduzir-se significativamente da situação de pré para a
33
de pós-intervenção entre os indivíduos que praticaram meditação da atenção
plena. Assim, o treino baseado em atenção plena revelou ter um efeito benéfico
na regulação dos estados gerais de humor e ansiedade nestes músicos
estudantes, mesmo na presença de crescentes níveis de tensão (Fernandes,
2010). Oman, et. al., (2008), recomendam a incorporação de programas
baseados em atenção plena na formação profissional de enfermeiros baseados
nos resultados de uma intervenção em estudantes de enfermagem.
Dois estudos anteriores sobre os efeitos da MBCT em TA, chegaram a
conclusões contraditórias no que diz respeito à eficácia desta intervenção
sendo que nos estudos de Rasmussen e Pidgeon (2011), os resultados foram
positivos e nos estudos de Schmertz, Masuda e Anderson (2012), foram
negativos, indicando que estudos futuros são necessários para estabelecer
claramente a eficácia da MBCT através de ensaios clínicos controlados
randomizados.
As pesquisas de Kim, et. al. (2013), Kim, B. e Choi, et al. (2010)
mostraram que a MBCT pode reduzir os sintomas de pânico, dentro do
programa de 8 semanas de treinamento, porém ambos simpatizam com a idéia
de que novos estudos controlados e randomizados serão necessários para
afirmar sua eficácia em outros pacientes.
Achados empíricos dos efeitos mindfulness em fobia específica, ainda
são poucos, mas num estudo realizado com 60 universitários com fobia de
aranhas, os resultados obtidos apóiam que a atenção plena (mindfulness)
reduz a ansiedade frente aos pensamentos indesejados, quando comparados
ao grupo que não praticaram a técnica (HOOPER, et. al., 2011).
Diante do exposto no decorrer deste trabalho foi possível estudar e
analisar o quanto a terapia cognitiva e/ou comportamental baseada no
treinamento mindfulness pode ser benéfica em indivíduos para o alívio dos
transtornos de ansiedade.
34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) está sendo
frequentemente utilizada para tratar distúrbios psiquiátricos. Apesar de um
potencial considerável da MBCT para melhorar a saúde psicológica para
pacientes com transtornos de ansiedade, há pouca evidência empírica para
apoiar a sua aplicação na prática clínica. Apesar da constatação e confirmação
sobre os benefícios da mindfulness, futuras pesquisas ainda são necessárias
para afirmar que a MBCT, possa ser um tratamento aceitável e potencialmente
eficaz para reduzir a ansiedade e aumentar a consciência das experiências
cotidianas em indivíduos com Transtornos de Ansiedade.
35
REFERÊNCIAS
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Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Eliana de Almeida, afirmo que o presente trabalho e suas
devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho
de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo
Comportamental, sob o título “EXAMINANDO O PAPEL DO MINDFULNESS
PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, BASEADA NA TERAPIA
COGNITIVA COMPORTAMENTAL: TEORIA E PRÁTICA”, isentando,
mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus
consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim
praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais
decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)