Certificação ambiental de produtos da construção com ... · A aplicação contribui para...

164
Certificação ambiental de produtos da construção com elevado conteúdo reciclável João Paulo Machado Ramos Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Presidente: Prof. Doutor Luís Alves Dias Orientador: Prof. Doutor Manuel Duarte Pinheiro Vogal: Prof. Jorge de Brito Novembro 2012

Transcript of Certificação ambiental de produtos da construção com ... · A aplicação contribui para...

Certificação ambiental de produtos da construção com

elevado conteúdo reciclável

João Paulo Machado Ramos

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Presidente: Prof. Doutor Luís Alves Dias

Orientador: Prof. Doutor Manuel Duarte Pinheiro

Vogal: Prof. Jorge de Brito

Novembro 2012

Título: Certificação ambiental de produtos da construção com elevado conteúdo reciclável

Resumo

Face ao elevado impacte ambiental associado ao sector da construção, o caminho para a sua

sustentabilidade passa pela procura de uma utilização racional dos recursos, por conseguinte, dos

materiais.

Os produtos de construção têm vindo a ser alvo de diversos estudos e avaliações no sentido de

encontrar alternativas aos materiais primários, recorrendo à reutilização ou reciclagem dos resíduos de

construção e demolição, pelo facto de permitirem uma redução significativa da extracção de matéria-

prima e, consequentemente, da pegada ecológica.

Como tal, esta dissertação de mestrado investiga quais os processos essenciais para abordar o

conteúdo reciclado nos produtos da construção, procurando entender o sector no âmbito nacional, com o

intuito de recolher informação acerca dos mesmos e categorizá-los segundo o seu desempenho ambiental.

A elaboração deste estudo visa a introdução dos elementos recolhidos no catálogo online de produtos

sustentáveis 4Rs.

Para o efeito, foi efectuada a revisão do estado da arte, foram definidos critérios e escalas de

avaliação, utilizando a lógica do sistema de avaliação da sustentabilidade LiderA, quanto ao grau de

procura do conteúdo reciclado e custos, tendo sido aplicados a quatro tipologias de produtos: decks,

bancos, papeleiras e isolamentos. A aplicação contribui para evidenciar a importância de considerar o

conteúdo reciclado (em diferentes graus) e a possibilidade da sua aplicação como forma de apoio à

selecção de produtos.

A partir da pesquisa elaborada e consequente aplicação à metodologia desenvolvida, pôde-se constatar

que a avaliação do conteúdo reciclado pode ter um papel importante na redução do consumo de recursos,

tendo em conta que destaca os produtos com alto índice de material reciclado permitindo desta forma o

crescimento do mercado destes produtos de construção.

Sendo este tema repleto de cepticismo em Portugal, aliando ainda a falta de abertura do complexo

sector da construção nacional, os resultados demonstram-se escassos quanto a elementos cientificamente

válidos, sendo que para uma avaliação mais consistente seria necessário ter acesso a estudos de análise de

ciclo de vida dos produtos que ainda não existem.

Palavras-chave: Conteúdo reciclado, categorização ambiental, sustentabilidade, produtos de

construção, sistema LiderA

Title: Environmental certification of building products with high recycled content

Abstract

Given the high environmental impact associated with the construction industry, the path to its

sustainability involves the search for a more balanced use of resources and therefore of the materials.

The construction products have been the subject of several studies and evaluations in order to find

alternatives to primary materials, resorting to the reuse or recycling of construction and demolition waste

in order to achieve a significant reduction in the extraction of raw materials and consequently a reduction

of the ecological footprint.

Therefore, this dissertation investigates what the essential processes to address the recycled content in

construction products are, trying to understand the construction sector at a national level in order to

collect enough information about materials made in Portugal and categorize them according to their

environmental performance. The aim of this study is the introduction of the evidence gathered in the

online catalog of sustainable products 4Rs.

A state-of-the-art review was made, the criteria and rating scales were defined, using the logic of the

LiderA sustainability evaluation system for the recycled content and costs demand. It was then applied to

four types of products: decks, benches, paper bins and insulation. This study helps to highlight the

importance of considering the recycled content (at different degrees) and the possibility of supporting the

selection of products.

From this research it was possible to conclude that the recycled content evaluation and certification

can have a major role in reducing the consumption of resources, taking into account that highlights the

products with high rate of recycled material in the market.

Since this subject is the object of some skepticism in Portugal and there is a lack of openness of the

complex national construction sector, the results were weak in terms of scientific validity showing that

there is still a long way to go in order to achieve a more environmentally friendly market.

Key-words: Recycled content, environmental categorization, sustainability, building products,

LiderA system.

Agradecimentos

Várias foram as pessoas que contribuíram para a conclusão desta dissertação, mas tenho que saudar:

O Prof. Dr. Eng.º Manuel Pinheiro, pelo vasto conhecimento que partilhou e pela orientação sempre

repleta de simpatia, que tornou o trabalho ainda mais aliciante.

Ao Eng.º Rui Barros (SGR) e ao Sr. Jorge Fernandes (Flex2000), que entre tantas dificuldades na

obtenção de informação, mostraram-se sempre dispostos a contribuir para o aperfeiçoamento deste

trabalho.

À minha família, pela motivação constante e incansável.

A todos aqueles que, não sendo preciso enunciar, foram essenciais para ver concluída mais uma fase

da minha vida, por toda a paciência demonstrada e incentivos imensuráveis.

Índice geral

Capítulo 1 ............................................................................................................................................... 1

1.1 – Introdução ...................................................................................................................................... 1

1.2 – Enquadramento geral ..................................................................................................................... 1

1.3 – Objectivos ...................................................................................................................................... 5

1.4 – Metodologia ................................................................................................................................... 5

1.5 – Organização da dissertação ............................................................................................................ 6

Capítulo 2 – Abordagens e sistemas de certificação ambiental .............................................................. 7

2.1 – Considerações preliminares ........................................................................................................... 7

2.2 – Formas de categorização .............................................................................................................. 12

2.2.1 – ISO 14040 ......................................................................................................................... 12

2.2.2 – ISO 14025 ......................................................................................................................... 16

2.2.3 – EN 15804 .......................................................................................................................... 16

2.3 – Sistemas de certificação existentes .............................................................................................. 18

2.3.1 - Tipos e principais sistemas existentes ............................................................................... 18

2.3.2 - BRE Global – Environmental Profiles of Construction Products ..................................... 20

2.3.3 - Suécia: Um exemplo de cooperação .................................................................................. 29

2.4 – Conclusões de capítulo ................................................................................................................ 36

3 – Reciclagem e conteúdo reciclável ................................................................................................... 39

3.1 – Materiais recicláveis e reciclados ................................................................................................ 39

3.1.1 - Resíduos e materiais recicláveis ........................................................................................ 39

3.1.2 - Leis nacionais .................................................................................................................... 42

3.1.3 - Aproveitar os materiais e a importância da desconstrução ................................................ 43

3.1.4 - Recurso a agregados reciclados na perspectiva dos tomadores de decisões ...................... 46

3.1.5 - Projectos que fomentaram a utilização de materiais reciclados ......................................... 48

3.2 – Exemplos de sistemas .................................................................................................................. 48

3.2.1 - Centrais de reciclagem de resíduos de construção e demolição (SGR ambiente).............. 49

3.2.2 - Rematerialise ..................................................................................................................... 52

3.2.3 - MOR Online ...................................................................................................................... 53

3.2.4 - Matrec ................................................................................................................................ 54

3.2.5 - Recovinyl ........................................................................................................................... 55

3.2.6 - RECYHOUSE ................................................................................................................... 56

3.2.7 - Certificação ambiental de sistemas e produtos com conteúdos reciclados ........................ 57

3.2.8 – Sistema 4rs.pt .................................................................................................................... 58

4 – Importância e desempenho a considerar na certificação ambiental ................................................ 61

4.1 - Opinião do mercado ..................................................................................................................... 61

4.1.1 - Inquérito a não profissionais (NP) ..................................................................................... 61

4.1.2 – Inquérito a profissionais .................................................................................................... 64

4.2 - Classes de desempenho ................................................................................................................ 69

4.2.1 - Metodologia e processo de investigação ........................................................................... 69

4.2.2 - Abordagem ........................................................................................................................ 70

5 – Aplicação ao caso de estudo ........................................................................................................... 73

5.1 - Decks ............................................................................................................................................ 73

5.2 - Mobiliário urbano ......................................................................................................................... 74

5.2.1 - Bancos ............................................................................................................................... 75

5.2.2 - Papeleiras ........................................................................................................................... 76

5.3 - Isolamentos ................................................................................................................................... 77

5.4 – Discussão de resultados ............................................................................................................... 80

6 – Conclusões ...................................................................................................................................... 83

Bibliografia ........................................................................................................................................... 87

Anexos

A.1 Cópia de documento esquema dos perfis ambientais BRE

A.2 Excerto do esboço das Regras de Categoria de Produtos segundo a metodologia BRE

A.3 - Cópia de excerto das Directrizes do Ecocycle Council– BPD3 (Junho 2007)

A.4 Avaliação de Materiais de Construção - Critérios de Avaliação segundo metodologia BVB

A.5 Contacto via e-mail com colaborador da SundaHus

A.6 Avaliar a capacidade de reciclagem de materiais de construção e componentes

A.7 Exemplos de materiais recicláveis

A.8 Excerto de lista de operadores de gestão de resíduos não urbanos (Instituto dos resíduos)

A.9 Elementos de funcionamento de uma central de reciclagem

A.10 Inquérito não profissional

A.11 Inquérito profissional

A.12 Fichas de produto e sítios relevantes – Decks

A.13 Informação relevante – Mobiliário Urbano

A.14 Informação relevante – Isolamentos

A.15 Exemplo da metodologia sobre conteúdo reciclado inicialmente avançada

I

Índice de figuras

Fig. 1 - Pegadas ecológicas no Planeta ................................................................................................... 2

Fig. 2 - Complexidade da cadeia de valor do sector da construção ...................................................... 11

Fig. 3- Esquema do ciclo de vida de um produto .................................................................................. 13

Fig. 4- Diagrama dos fluxos do sistema de produto de uma viga de aço .............................................. 14

Fig. 5- Fases da metodologia de ACV - ISO 14040 ............................................................................. 14

Fig. 6- Tipos de esquemas de certificação ............................................................................................ 19

Fig. 7- Diagrama tipo ............................................................................................................................ 24

Fig. 8 - Processo dos perfis ambientais ................................................................................................. 27

Fig. 9 - Representação da nota avaliativa do produto no sistema BVB ............................................... 33

Fig. 10 - Página específica do produto na base de dados SundaHus ..................................................... 35

Fig. 11 - Estrutura de resíduos gerados por actividades económicas em Portugal 2004 – 2009 .......... 40

Fig. 12 - Taxa de reciclagem de RCD em alguns países europeus ....................................................... 41

Fig. 13 - Resíduos recolhidos por operação de gestão .......................................................................... 42

Fig. 14 - Cenários para a reutilização de materiais no ambiente construído ........................................ 45

Fig. 15 - Cadeia de fornecimento de materiais na construção ............................................................. 46

Fig. 16 - Estádio Municipal de Braga .................................................... Erro! Marcador não definido.

Fig. 17 - Progressão do número de operadores legais de RCD em Portugal até 2008 ......................... 49

Fig. 18 - Fluxos internos de resíduos entre as empresas dos Pei........................................................... 50

Fig. 19 - Processo de trituração............................................................................................................. 51

Fig. 20 - Resultado final da trituração e moldagem do produto final .................................................. 51

Fig. 21 - Base de dados Rematerialise .................................................................................................. 53

Fig. 22- Rede MATREC ....................................................................................................................... 54

Fig. 23 - Resíduos de PVC Pós-consumo Reciclados ........................................................................... 55

II

Fig. 24 - Volumes reciclados registados no Recovinil por país em 2010 ............................................. 55

Fig. 25 Representação internacional do conteúdo reciclado de um produto ......................................... 58

Fig. 26 - Conceito 4Rs .......................................................................................................................... 59

Fig. 27 - Questão 1 inquérito NP .......................................................................................................... 61

Fig. 28 - Questão 2 inquérito NP .......................................................................................................... 62

Fig. 29 - Questão 3 inquérito NP .......................................................................................................... 62

Fig. 30 - Questão 4 inquérito NP .......................................................................................................... 63

Fig. 31 - Questão 5 inquérito NP .......................................................................................................... 63

Fig. 32 - Questão 6 inquérito NP .......................................................................................................... 64

Fig. 33 - Questão 1 inquérito P ............................................................................................................. 65

Fig. 34 - Questão 2 inquérito P ............................................................................................................. 65

Fig. 35 - Questão 7 inquérito P ............................................................................................................. 66

Fig. 36 - Questão 3 inquérito P ............................................................................................................. 66

Fig. 37 - Questão 4 inquérito P ............................................................................................................. 67

Fig. 38 - Questão 5 inquérito P ............................................................................................................. 67

Fig. 39 - Questão 6 inquérito P ............................................................................................................. 68

Fig. 40 - Questão 8 inquérito P ............................................................................................................. 68

Fig. 41 - Escala dos níveis de desempenho segundo a metodologia LiderA ........................................ 70

Fig. A.7-1 - Elementos recicláveis num imóvel ............................................................................... A.7-1

Fig. A.9-1 - Fluxograma resumo dos procedimentos na PEi da SGRambiente ............................... A.9-1

Fig. A.9-2 - Lay-out da unidade de separação de resíduos .............................................................. A.9-2

III

Índice de tabelas

Tabela 1 - Normas utilizadas para cada tipo de certificação ambiental .................................................. 8

Tabela 2 - Principais sistemas europeus ............................................................................................... 20

Tabela 3 - Tipos de Perfis Ambientais .................................................................................................. 22

Tabela 4 - Dados normalizados - impacte ambiental de um cidadão europeu ..................................... 26

Tabela 5 - Pesos dos indicadores ambientais traduzido de ................................................................... 26

Tabela 6 - Termos de avaliação global do sistema BVB ..................................................................... 33

Tabela 7 - Resíduos gerados por actividades económicas .................................................................... 40

Tabela 8 – Percentagem de inquiridos por áreas profissionais ............................................................. 64

Tabela 9 – Percentagem de inquiridos por áreas profissionais ............................................................. 64

Tabela 10 – Níveis avaliativos para cada classe ................................................................................... 64

Tabela 11 - Intervalos de valores referentes a cada classe ponderada .................................................. 72

Tabela 12 – Avaliação de decks - hipótese 1 ........................................................................................ 74

Tabela 13 - Avaliação de decks - hipótese 2 ......................................................................................... 74

Tabela 14 - Avaliação de decks - hipótese 3 ......................................................................................... 74

Tabela 15 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 1 ...................................................................... 75

Tabela 16 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 2 ...................................................................... 75

Tabela 17 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 3 ...................................................................... 76

Tabela 18 - Resultados obtidos numa hipótese de presença de 50% de conteúdo reciclado pós-

consumidor em bancos de mármore triturado ............................................................................................ 76

Tabela 19 - Avaliação de papeleiras - hipótese 1 .................................................................................. 77

Tabela 20 - Avaliação de papeleiras - hipótese 2 .................................................................................. 77

Tabela 21 - Avaliação de papeleiras - hipótese 3 .................................................................................. 77

Tabela 22 - Materiais de isolamento térmico e alguns impactes no seu ciclo de vida ......................... 78

Tabela 23 - Avaliação de isolamentos - hipótese 1 ............................................................................... 79

IV

Tabela 24 - Avaliação de isolamentos - hipótese 2 ............................................................................... 79

Tabela 25 - Avaliação de isolamentos - hipótese 3 ............................................................................... 79

Tabela A.7-1 - Opções de recuperação recomendadas para resíduos de plástico de acordo com as suas

características físicas ............................................................................................................................. C.7-5

Tabela A.7-2 - Possibilidade de reutilização e reciclagem de resíduos de madeira ......................... A.7-6

Tabela A.12-1 - Informação relevante dos decks para o estudo efectuado .................................... A.12-1

Tabela A.13-1- Informação relevante dos bancos para o estudo efectuado ................................... A.13-1

Tabela A.13-2- Informação relevante das papeleiras para o estudo efectuado .............................. A.13-1

Tabela A.14-1- Informação relevante do isolamento AGLOMEX para o estudo efectuado ......... A.14-1

Tabela A.14-2- Informação relevante do isolamento em lã de rocha para o estudo efectuado ...... A.14-1

Tabela A.14-3- Informação relevante do isolamento em lã de vidro para o estudo efectuado ...... A.14-1

Tabela A.14-4- Informação relevante do isolamento em poliestireno expandido para o estudo

efectuado ............................................................................................................................................. A.14-2

Tabela A.14-5- Informação relevante do isolamento em poliestireno extrudido para o estudo efectuado

............................................................................................................................................................. A.14-2

Tabela A.15-1- Pesos de cada parâmetro de avaliação nas várias hipóteses consideradas ............ A.15-1

Tabela A.15-2- Avaliação de tubagens - hipótese 1 ...................................................................... A.15-2

Tabela A.15-3- Avaliação de tubagens - hipótese 2 ...................................................................... A.15-2

Tabela A.15-4- Avaliação de tubagens - hipótese 3 ...................................................................... A.15-2

Tabela A.15-5- Avaliação de tubagens - hipótese 4 ..................................................................... .A.15-3

Tabela A.15-6- Avaliação de tubagens - hipótese 5 ...................................................................... A.15-3

Tabela A.15-7- Avaliação de tubagens - hipótese 6 ...................................................................... A.15-3

Tabela A.15-8- Correspondente avaliação atribuída para cada hipótese considerada ................... A.15-3

V

Lista de abreviaturas

ACV Avaliação de Ciclo de Vida

DAP Declarações Ambientais de Produtos

RCD Resíduos de Construção e Demolição

ISO International Organizations for Standardization

COV Compostos Orgânicos Voláteis

CO2 Dióxido de Carbono

LCI Inventário de Ciclo de Vida - Life Cycle Inventory

RCP Regras de Categorização de Produtos

MOR Mercado Organizado de Resíduos

CML Universidade de Leiden (Institute of Environmental

Sciences - CML)

1

Capítulo 1

1.1 – Introdução

A evolução humana está intimamente ligada à evolução dos materiais e de como estes foram

progressivamente melhorando a qualidade de vida. No mundo contemporâneo, o ser humano está inserido

num cenário construído com recursos transformados, directa ou indirectamente, a partir da Natureza. A

estes processos de transformação estão associados altos valores energéticos despendidos e,

consequentemente, alterações consideráveis no meio ambiente, chegando o sector da construção a

consumir cerca de 50% dos recursos mundiais (Edwards, 2002).

Face às mudanças que os materiais de construção exercem sobre o Ambiente desde o momento de

extracção das matérias-primas até ao fim da sua vida útil, tem-se vindo a elaborar estudos que

quantifiquem o peso ambiental dos materiais. A avaliação do ciclo de vida e a sua composição geram

elementos capazes de orientarem para uma escolha sustentada daqueles que causam menos impactes

ambientais.

Como tal, desenvolveu-se a certificação ambiental como forma de avaliar e comunicar esses

conteúdos de um modo conciso e expedito, abrangendo uma panóplia de características inerentes aos

materiais que possuem influência nas alterações climáticas e no bem-estar dos ocupantes dos edifícios.

Um dos parâmetros considerados nestas certificações é o conteúdo reciclável/reciclado, que está

directamente relacionado com o término do ciclo de vida dos materiais e que possui extrema importância

no fecho desse ciclo.

Assim, face à quase inexistência de estudos relacionados com a certificação ambiental de produtos da

construção com elevado conteúdo reciclável/reciclado, elaborou-se então uma pesquisa acerca da

envolvência desta temática, constituindo assim o âmbito da presente dissertação.

1.2 – Enquadramento geral

O termo sustentabilidade foi inicialmente introduzido no relatório UN “Our Common Future”

(Brundlandt, 1987). A sustentabilidade foi então considerada como “o desenvolvimento que satisfaça as

necessidades da geração actual sem comprometer as gerações futuras”. Contudo, não existe uma definição

unânime e específica, mas esta englobará sempre os aspectos sociais e económicos e não apenas o meio

ambiente.

O aumento da sensibilização acerca das consequências ambientais intrínsecas às actividades humanas

provocou uma crescente preocupação sobre a disponibilidade dos recursos naturais e o futuro do Planeta.

A diminuição das reservas de combustíveis fósseis, a extracção em larga escala de matérias-primas e os

conseguintes efeitos sobre o clima mundial contribui como instigadores de uma discussão que começou

nos anos 90 e que continua, com ênfase crescente, extremamente actual.

2

Como tal, apresentando-se como um dos maiores e mais activos sectores em todo o mundo, a indústria

da construção, por ser uma das maiores consumidoras tanto de matérias-primas como de energia, tem

vindo a ser alvo de estudo intenso com o intuito de eliminar os maus hábitos provenientes do passado.

Contudo, tal objectivo tem-se vindo a constatar ser difícil de alcançar num futuro próximo, dado o

aumento exponencial da população mundial e, consequentemente, da necessidade de infra-estruturas,

agravando-se o consumo desenfreado de matérias-primas não renováveis e a produção de resíduos. Desta

forma, a ideia de que o caminho para uma redução significativa da acção prejudicial do homem passa pela

procura de sustentabilidade nesta indústria reforça-se progressivamente, sendo a eco-eficiência dos

materiais de construção o primeiro passo a reflectir (Jalali, 2008).

Segundo Edwards (2002), o sector da construção consome 50% dos recursos mundiais, 40% da água,

60% da terra cultivável e 70% dos produtos que utilizam madeira e seus derivados.

Um dos primeiros pontos a reflectir centra-se na cada vez maior incapacidade do Planeta suportar as

actividades humanas, o aumento de áreas construídas e a procura de recursos. Assim, de modo a

quantificar a área de terra necessária para suportar as necessidades de recursos e absorver os resíduos

gerados por uma determinada entidade ao longo de um ano, desenvolveu-se o conceito de pegadas

ecológica. A sua quantificação é fornecida em hectares (do espaço do Planeta Terra biologicamente

produtivo) e considera os consumos do indivíduo assim como as variações na capacidade de produção e

de depuração de poluentes do Planeta. A partir deste conceito, constatou-se que a capacidade de

regeneração dos recursos naturais do Planeta está esgotada, tendo em conta o aumento progressivo da

população mundial, excedendo já a pegada ecológica mundial em mais de 20% a sua capacidade total

(Pinheiro, 2006), como se pode constatar a partir da Fig. 1.

Fig. 1 - Pegadas ecológicas no Planeta (Blog, 2010)

3

Este facto alerta para a necessidade urgente de reduzir as necessidades de matérias-primas, correndo o

risco de as esgotar e assim sofrer as consequências inerentes.

Cada metro quadrado da Natureza que se ocupa com construções inertes para albergar as actividades

humanas, reduz a capacidade da terra de se regenerar e de produzir o necessário. Assim, é um desafio

importantíssimo que as superfícies, que já se ocupou ao Planeta, se tornem tão eficientes quanto possível,

no sentido de satisfazerem as necessidades, evitando que se ocupem mais superfícies e se gastem mais

recursos. “A necessidade de extracção de matérias-primas, associada à indústria extractiva, pode originar

igualmente, nas zonas intervencionadas, alterações nos sistemas ambientais, com vários efeitos que vão

desde a remoção do solo, a alteração da ecologia local, o aumento dos processos erosivos, até alcançar um

importante impacte paisagístico, com reflexos ambientais irreversíveis” (Pinheiro, 2006).

Devemos apenas explorar recursos naturais provenientes de ecossistemas bem geridos, utilizando-os

da forma mais eficiente e produtiva, exercendo cautela em todas as modificações que fazemos à Natureza

(Karl-Henrik Robert, citado por (Tirone, 2010)).

Contudo, não é só na incapacidade de regeneração por parte da Natureza que se centram as

preocupações actuais, visto que os impactes ambientais relacionados com as actividades construtivas têm

vindo a ser um dos factores primordiais para se caminhar na direcção de um cenário quase irreversível.

De facto, se se considerar o ciclo de vida dos materiais utilizados nas actividades ligadas à indústria da

construção desde a sua extracção, passando pela transformação, transporte e aplicação, até à sua

desactivação (“berço à cova”- do inglês “cradle to grave”), é seguramente um dos sectores com maior

emissão de gases com efeito de estufa, com especial destaque para o dióxido de carbono (CO2).

Para além da energia consumida na operação dos edifícios, a qual tem vindo a estar no centro das

atenções, a produção dos materiais e todas as actividades inerentes à construção consomem energia,

usualmente designada por energia incorporada e estimada em cerca de 10 a 15%, quando considerado o

seu ciclo de vida global (Pinheiro, 2006). Este conceito define-se como a soma da energia necessária à

extracção das matérias-primas, com a energia necessária ao seu processamento e manuseamento, com a

energia utilizada nos processos de transformação da matéria-prima em produtos finais, com a energia

utilizada no respectivo transporte de um lado para o outro e, ainda, com a energia necessária para pôr tudo

de pé (Bento, 2007).

Não se deve igualmente descurar outras emissões e cargas poluentes durante o ciclo de vida dos

materiais, nomeadamente resíduos sólidos e semi-sólidos, as escorrências e os efluentes líquidos, a

poluição sonora e vibrações e ainda a poluição térmica e/ou luminosa. Destes, os resíduos são dos que

mais atenção requerem, tendo em conta que quando um determinado produto perde as suas qualidades ou

uma infra-estrutura termina o seu ciclo de vida, os resíduos resultantes podem causar inúmeros

problemas, incluindo a difícil separação de materiais, fraca degradação, emissões de poeiras para a

atmosfera, ocupação de espaço ou lixiviação em aterros, bem como a libertação de substâncias nocivas

resultantes da incineração. Se os resíduos entrarem em contacto com o ambiente após a demolição de um

edifício, seja através de aterros ou de outra forma, a poluição ambiental inerente dependerá da

4

combinação particular entre a capacidade do material em causar danos e a sua capacidade de degradação

(Anink, 1998).

De acordo com estimativas comunitárias, este tipo de actividade gera uma quantidade de resíduos de

construção e demolição (RCD) equivalente a 22% do total de resíduos produzidos na União Europeia, o

que corresponde a cerca de 290 milhões de toneladas por ano, uma vez que o total de produção, à data,

era cerca de 1,3 mil milhões de toneladas por ano (excluindo os resíduos agrícolas) (C.E., 2003). Dados

de fontes mais actuais, apontam para 100 milhões de toneladas de RCD produzidos anualmente na União

Europeia. Em Portugal, e com base na proporção apresentada pela UE, estima-se uma produção de 7,5

milhões de toneladas respeitantes ao ano de 2005 (APA, 2010).

Os desastres durante a extracção, transporte, armazenamento, produção e uso de certos materiais,

também devem ser tidos em consideração, pois, apesar de cada vez mais raros, podem ocorrer, sendo

possível que as consequências para o ser humano e ambiente sejam desastrosas (Anink, 1998). É portanto

necessário ter em atenção o percurso que cada material percorre até ser colocado no mercado,

quantificando o seu grau de perigo como forma de obter o grau de risco para o meio ambiente.

Pode-se então afirmar que a sustentabilidade da indústria da construção, e em particular o caso dos

materiais de construção, assume desta forma um papel primordial que necessita de ser urgentemente

aprofundado.

Segundo Kibert (citado por Cepinha (2007)), todo o ciclo de vida de um projecto deve ser tido em

conta quando se recorre a processos de construção sustentável, tendo, a partir desta premissa, estabelecido

os cinco princípios básicos da construção sustentável:

1. Reduzir o consumo de recursos;

2. Reutilizar os recursos ao máximo;

3. Reciclar materiais do fim de vida do edifício e usar recursos recicláveis;

4. Proteger os sistemas naturais e a sua função em todas as actividades;

5. Eliminar os materiais tóxicos e os subprodutos em todas as fases do ciclo de vida.

Como tal, pode-se afirmar que a escolha de materiais é um factor central no contexto da construção

sustentável, devendo-se sempre reter o facto de esta não poder ser exercida numa base casuística, já que é

essencial possuir uma noção global de todos os impactes ambientais causados pelo material. A título de

exemplo, não é possível saber à partida se o betão é mais amigo do ambiente do que o aço. De facto, no

primeiro podem ser utilizados materiais locais assim como vários resíduos industriais, mas origina uma

elevada quantidade de dióxido de carbono. Já o segundo apresenta a vantagem de poder ser reciclado

indefinidamente, mas a sua produção envolve elevado consumo energético para além de ser propício à

degradação por corrosão (Torgal, et al., 2007).

Por conseguinte, no âmbito internacional, tem-se vindo a criar diversas ferramentas de avaliação

certificadas que têm em consideração as características particulares dos materiais assim como os cenários

em que se inserem. Porém, em Portugal ainda não existe nenhum programa vocacionado para esse

5

propósito que seja padronizado, fidedigno e capaz de proporcionar uma abordagem expedita e de simples

utilização. É, então, fulcral existir tal abordagem no âmbito nacional que contemple os principais

produtos nacionais.

1.3 – Objectivos

Face ao exposto, o objectivo da presente dissertação é contribuir para definir como se pode abordar o

conteúdo reciclado (e reciclável) nos produtos da construção. Como objectivos secundários, sistematizar

as principais características e percentagens dos conteúdos reciclados, definir uma metodologia, bem como

testar a sua aplicação a tipologias diferentes dos produtos da construção, concluindo com a possibilidade

da sua aplicação e aspectos a desenvolver, incluindo a oportunidade de consideração no catálogo de

produtos (4Rs).

1.4 – Metodologia

De maneira a ir ao encontro dos objectivos acima descritos, a revisão do estado da arte passa por

avaliar diversas abordagens de cerificação existentes de modo a definir uma metodologia e graus de

desempenho a considerar para o conteúdo reciclável/reciclado dos produtos de construção. Apoiando este

propósito na metodologia concebida pelo sistema LiderA, pretende-se perceber os conceitos e

fundamentos inerentes às diversas certificações, através da compreensão das normas internacionais

vigentes, e estudos já existentes internacionalmente, de maneira a os adaptar à realidade nacional, de

modo a traçar um caminho para a aplicação de um método expedito que avalie os materiais usados na

construção quanto ao seu potencial de reutilização.

Como tal, deve-se igualmente compreender, e divulgar, mais aprofundadamente que tipo de sistemas

já existem em Portugal, percebendo o seu funcionamento, assim como quais as ideias defendidas pelos

especialistas na área e projectos de sucesso como exemplo de boas práticas e viabilidade do recurso ao

fecho do ciclo de vida dos materiais. Com o mesmo propósito, apresentar-se-á também um inquérito

elaborado a um público geral (não profissional) e outro a elementos de diversos sectores da construção

nacional, com o intuito de averiguar quais as opiniões e respectivas aberturas para a certificação no sector

dos materiais de construção.

Por conseguinte, a partir de uma pesquisa acerca do mercado nacional de produtos de construção,

pretende-se igualmente perceber quais as suas fraquezas quanto a esta temática, de modo a poder discutir

um caminho para a sua evolução, e elaborar uma comparação entre produtos mais comuns e outros com

alto conteúdo reciclado a partir do método de avaliação ambiental atrás referido. Tal comparação poderá

dar a entender se tem, ou não, fundamento o estigma associado aos produtos reciclados e quais os

problemas associados ao desenvolvimento deste mercado.

6

1.5 – Organização da dissertação

O presente trabalho resultante da aplicação desta metodologia, está organizado em sete capítulos,

sendo que em cada um se pode encontrar:

capítulo 1 – Introdução: exposição do problema e objectivos associados ao tema da investigação,

apresentando um pequeno enquadramento acerca do estado da construção e sua influência no meio

ambiente;

capítulo 2 – Abordagens e sistemas de certificação ambiental: apresentação das regras que regem o

desenvolvimento normalizado de um sistema de certificação ambiental de produtos, assim como de

alguns exemplos já existentes e respectivos métodos de trabalho;

capítulo 3 - Reciclagem e conteúdo reciclável: enunciam-se algumas iniciativas (empresas, estudos,

personalidades, entre outros) que de alguma forma fomentam e contribuem para o desenvolvimento

da reciclagem a nível nacional e internacional;

capítulo 4 - Importância e desempenho a considerar: exposição das abordagens inerentes às

investigações efectuadas e apresentação dos resultados de um inquérito;

capítulo 5 - Aplicação ao caso de estudo: exposição do método elaborado no âmbito do objectivo da

presente dissertação;

capítulo 6 - Discussão de resultados e recomendações de futuros trabalhos: após o contacto com os

resultados obtidos, procede-se a uma reflexão acerca dos mesmos e, em seguimento disso, a

propostas de futuros trabalhos;

capítulo 7 - Conclusões: descreve as conclusões basilares do trabalho apresentado;

anexos - pode-se encontrar informação complementar ao presente trabalho, desde excertos de

documentos a elementos essenciais para os estudos efectuados e fichas de produtos, que serviram

como base para alguns dos capítulos acima descritos.

7

Capítulo 2 – Abordagens e sistemas de certificação ambiental

O presente capítulo tem como propósito apresentar o estado da arte relativo às metodologias, critérios

e exemplos relacionados com a certificação ambiental, assim como uma abordagem ao tema central do

presente estudo, que é a reciclagem.

2.1 – Considerações preliminares

Uma abordagem reguladora dos materiais de construção é, cada vez mais, um passo fundamental na

procura por um meio mais sustentável, aliando o facto de que, em termos nacionais, pouco tem sido feito

nesse sentido. Para que tal seja possível, deve-se ter um conhecimento geral acerca de uma panóplia de

factores e de elementos essenciais à sua elaboração.

Antes de mais, deve-se salientar que os impactes dos edifícios quantificam-se de modo distinto ao

longo das diferentes fases do ciclo de vida que os caracterizam, ou seja, desde a concepção até à

demolição (Pinheiro, 2006). Como tal, defende-se que cada um destes períodos deve ser considerado

distintamente:

1. fase de concepção – associada à tomada de decisões, esta fase pode-se considerar a mais importante

do processo, já que é quando se prevêem possíveis reduções tanto dos impactes ambientais ao longo

das restantes fases do edificado como também a racionalização dos gastos com materiais e energia,

principalmente na fase de construção e demolição;

2. fase de construção – é nesta fase que se concentram os impactes directos e indirectos mais

significativos para o meio ambiente e se gera maior transtorno para o ser humano. Para além de

todas as cargas ambientais intimamente relacionadas com a produção e aplicação dos materiais

necessários, a mudança paisagística e o aumento de zonas impermeabilizadas são algumas das

inúmeras interferências que se podem verificar ao longo deste período. Deve-se então exaltar as

diversas modificações geradas em tão curto espaço de tempo, as quais devem, obrigatoriamente, ser

levadas em consideração na fase de concepção;

3. fase de operação / manutenção – o consumo de energia, água, materiais e a produção de resíduos

como impactes directos, para além dos indirectos relacionados com a utilização e manutenção do

edificado, são cargas ambientais que, por se verificarem por grandes períodos referentes ao tempo de

vida que possuem, podem alcançar valores elevados. No caso particular dos materiais, estes exercem

um peso importante decorrente do facto de os edifícios poderem ser considerados como locais de

armazenamento por largos períodos, sendo, por isso, crucial o seu bom funcionamento pelo maior

tempo possível;

4. fase de renovação / desactivação – podendo ser equiparada à fase de construção, dado a alteração

exercida no espaço construído, esta induz impactes ambientais de igual grandeza. Porém, estes

encontram-se intimamente ligados com a forma como são levados a cabo os trabalhos e se se

preconiza a reutilização ou reciclagem dos resíduos, podendo deste modo reduzir a pegada ecológica

relacionada com esta fase.

8

Posto isto, antes de uma análise de sustentabilidade dos materiais, deve-se ter um conhecimento

acerca das suas funções no edificado, já que só assim é possível decidir conscientemente e de acordo com

a resposta que se pretende obter (Duarte, et al., 2010). A partir deste ponto, é então indispensável

conhecer o ciclo de vida e os respectivos constituintes dos materiais. A metodologia à qual se recorre

actualmente para este efeito é designada por análise de ciclo de vida (ACV), do inglês Life Cycle

Assesment, que se pode definir como o processo de avaliação dos impactes que um determinado produto,

processo ou actividade tem no Ambiente ao longo de todas as fases do seu ciclo de vida.

Esta metodologia de estudo é preconizada na série de normas ISO 14020, a qual foi desenvolvida pela

Comissão Técnica 207 da ISO (International Organization for Standardization) como resposta à procura

mundial por directivas de base para uma gestão ambiental de produtos mais confiável, como meio de

certificação e rotulagem ambiental. Os estudos de ACV’s são a base para o desenvolvimento das

declarações ambientais de produtos (DAP), mais conhecidas por EPD (Environmental Product

Declaration), existindo para além desta (Proesler, 2008) outros tipos de avaliações, resumidas na Tabela

1, orientadas segundo as seguintes normas:

tipo I - Norma ISO 14024 – são destinados tanto para usuários particulares como comerciais;

chama a atenção para um ou dois aspectos ambientais críticos; são relevantes para compras

públicas; possuem um alto nível de credibilidade; são emitidos por organismos

independentes;

tipo II - Norma ISO 14021 - destinam-se especialmente para os usuários finais; focam-se

frequentemente num aspecto ambiental específico; possuem como princípio o recurso a

informação complexa; são rótulos em que o fabricante assume total responsabilidade;

tipo III – Norma ISO 14025 - são destinados a usuários do comércio e indústria, assim como

usuários finais; fornecem informações quantitativas extensas; baseiam-se numa avaliação do

ciclo de vida (ACV); contêm uma descrição imparcial do impacto ambiental; envolve

directamente as partes interessadas; são declarações em que o fabricante assume exclusiva

responsabilidade; poderão ser certificadas por terceiros.

Tabela 1 - Normas utilizadas para cada tipo de rotulagem ambiental

Denominação

Não verificado Verificado

Rótulos ambientais 14021 (Tipo II) 14024 (Tipo I)

Auto declarações 14021 (Tipo II) -

Declarações ambientais de

produtos (DAP)

- 14025 (Tipo III)

9

No caso dos produtos da construção, as declarações ambientais aplicáveis são as do tipo III, e podem ser

encaradas como um elemento chave no propósito desta procura por sustentabilidade. Actualmente, existe

ainda uma outra norma ISO desenvolvida especificamente para a criação de regras a aplicar na norma

ISO 14025: ISO FDIS 21930 Sustentabilidade na construção – Declaração ambiental de produtos da

construção. De referir ainda que as ACV em que estas declarações se baseiam são igualmente reguladas

pelas normas ISO, (BRE, 2008), mais especificamente por:

ISO 14040:2006, gestão ambiental – Análise de ciclo de vida. Princípios e quadro geral;

ISO 14040:2006, gestão ambiental – Análise de ciclo de vida. Requisitos e orientações

De facto, a partir destas declarações, que possuem uma informação rigorosa e verificada / certificada

por uma 3ª parte independente sobre aspectos ambientais dos produtos, pode-se então encorajar a procura

desses produtos que causam menores impactes no ambiente e, desta forma, estimular hábitos e processos

mais sustentáveis direccionados pelo mercado. Não sendo obrigatório proceder a estas declarações e

rotulagens, este procedimento aumenta a sua credibilidade e acarreta um conjunto de vantagens (IPP,

2007), como:

marketing ambiental: comunicação objectiva e fiável de informação sobre o desempenho ambiental

de produtos e serviços;

benchmarking ambiental: permite a comparação do desempenho ambiental de produtos pertencentes

à mesma categoria de produtos, desde que ambos possuam DAP’s;

reforço da imagem de marca do produto;

aplicável a todos os produtos (uma vez que não exige o cumprimento de determinado nível de

desempenho ambiental);

facilmente actualizável;

facilita o processo de desenvolvimento do produto.

É com base nestes propósitos, mas sobretudo nos benefícios inerentes para o meio ambiente, que

diversos organismos internacionais já desenvolveram programas de DAP para os produtos de construção,

como por exemplo, na Europa, o BRE (Environmental Profiles for Construction Materials – RU), RTS

(Building Information Foundation – Finlândia) ou ainda o sistema americano BEES (Building for

Environmental and Economic Sustainability).

Deve-se salientar que todos estes programas recorrem a ACV simplificadas e normalizadas, de modo

a promover um uso prático e mais atingível pelos utilizadores. No entanto, é de referir que o programa

apresentado pela BEES se baseia numa base de dados relativa a produtos produzidos nos EUA, o que se

torna um entrave à sua utilização por outros países, pelo que pode então ser encarado como mera

ferramenta experimental e de estudo (Torgal, et al., 2007).

Para além destas ferramentas focadas unicamente para os materiais de construção, outros programas

de certificação ambiental de edifícios também incluem algumas categorias relacionadas com os produtos

utilizados. De facto, o programa desenvolvido pela LiderA é, em Portugal, um exemplo com provas dadas

10

neste capítulo. Categorias como a durabilidade dos materiais, a utilização de materiais locais e de baixo

impacte, são já preconizados neste sistema. Porém uma abordagem mais focalizada nos produtos de

construção carece de maior atenção no âmbito nacional.

É irrisório o número de materiais de construção, em Portugal, certificados ambientalmente, sendo na

área dos acabamentos onde se encontram os poucos produtos deste género. Esta situação prende-se

principalmente com os hábitos retrógrados ainda patentes no sector da construção e factores de âmbito

económico, sendo este último o que possui maior peso. Devido à falta de procura, estes materiais ainda

são bastante onerosos comparados com os usualmente utilizados, apesar de num ponto de vista de

rendimento serem bastante semelhantes ou melhores.

Contudo, como referido, já existem produtos de construção possuidores de rótulos certificados, como

é o caso de algumas empresas de tintas nacionais. Estas marcas têm vindo a focar-se, cada vez com mais

afinco, na investigação e desenvolvimento de novos produtos com o objectivo de reduzir o teor de

compostos orgânicos voláteis (COV) de modo a assegurar uma protecção eficiente do ambiente e da

saúde, desenvolvendo inclusivamente estudos de ACV.

Na base desta filosofia, encontra-se a directiva europeia 2004/42/CE que prevê limites em termos de

conteúdo em COV em dois períodos: primeiro em 2007 e segundo em 2010 (CIN, 2010). De facto, este

incentivo veio dar um novo fulgor aos estudos de impacte ambiental aos produtos destas empresas, para

além de muitas outras marcas europeias deste ramo, juntando-se à cada vez melhor imagem no mercado

que estas iniciativas acarretam.

Por conseguinte, seria de extrema importância existir um processo cooperante entre os vários

intervenientes no ciclo de vida dos materiais, directa ou indirectamente, ou seja, desde o fabricante do

produto à empresa responsável pelo vazamento dos resíduos de construção. No entanto, a complexidade

destas ligações é tão grande, como se pode observar na Fig. 2, que se torna crucial uma metodologia que

faça acompanhar os materiais de toda a sua informação ambiental de modo claro e conciso.

Para ser possível esta ligação entre intervenientes, como ficou expresso, a ACV é o método que

melhor traduz os impactes ambientais dos materiais em detrimento das propriedades singulares. No

entanto, mesmo que os produtos possuam estes relatórios de impactes ambientais, a sua compreensão não

está ao alcance de todos face ao cariz técnico que o caracteriza, realçando, mais uma vez, a importância

da existência de um esquema de classificação claro e fornecido por uma entidade reguladora credível.

11

Na busca por este objectivo, antes de mais é preciso ter em consideração que, actualmente, no

momento da escolha por parte de um projectista, de um determinado tipo de material, existem certos

condicionantes que influenciam directamente a sua decisão, como o preço, desempenho ou aspecto visual,

não tendo ainda em consideração as questões relacionadas com os impactes ambientais, já que se focam

apenas no fim do ciclo de vida dos materiais. Como tal, o projectista possui um papel central no recurso

aos materiais mais apropriados e eficientes do ponto de vista ambiental, a partir da sua capacidade de

incutir no cliente os benefícios na escolha em produtos que tenham em conta todo o seu ciclo de vida

(Arrifano, 2009).

Segundo o arquitecto Pedro Bento (Bento, 2007), os factores que influenciam a escolha dos materiais

de construção podem ser enquadrados segundo alguns parâmetros ecológicos como a depleção de

recursos naturais, a saúde e conforto e a gestão de resíduos:

• depleção de recursos naturais – o consumo energético despendido ao longo do ciclo de vida de um

material é o principal contributo deste para o aumento da pegada ecológica. Como tal, deve-se ter em

conta se o material é ou não renovável, se a sua extracção provoca danos ambientais irreversíveis e a

distância que tem de percorrer até chegar ao local de implementação, devendo-se dar primazia a produtos

da região;

• saúde e conforto – materiais como os de revestimento, devido às suas características tóxicas,

emitem quantidades significativas de gases poluentes para a atmosfera, sendo, por isso, necessário ter em

conta o seu grau de toxicidade e os efeitos a longo prazo suscitados pelo seu uso, principalmente no ser

humano;

• gestão de resíduos – o fim de vida dos materiais é uma fase de importância análoga às precedentes,

razão pela qual deve ser igualmente tida em conta no processo de escolha, já que, ao privilegiar materiais

que possam ser facilmente reparados, desmantelados e reciclados, está-se a ter em conta a minimização

do consumo dos recursos e de energia necessária para fabrico de novos materiais.

Fig. 2 - Complexidade da cadeia de valor do sector da construção (WBCSD, 2008)

12

São nestes pressupostos que se deve focar esta avaliação e enquadrá-la num sistema de classificação

expedito e prático que conceda aos materiais uma apreciação qualitativa, atribuindo notas de fácil

percepção consoante o seu impacte ambiental.

Em suma, pode-se afirmar que em Portugal o caminho para uma construção sustentável já começou a

ser traçado, existindo já algumas ferramentas que auxiliam neste sentido. Porém, este alvo ainda se

encontra distante, sendo por isso o desígnio desta dissertação um passo importante que deve ser estudado

e desenvolvido com cuidado de modo a implementar rapidamente no país.

2.2 – Formas de categorização

Da tomada de consciência acerca dos impactes ambientais, inerentes à procura por satisfazer as

crescentes necessidades do ser humano, nasceu o interesse pela criação de metodologias que possibilitem

ter um conhecimento mais profundo das consequências negativas que as actividades humanas têm no

ambiente e, consequentemente, reduzi-las. Deste modo, e como referido, o conceito de ciclo de vida tem

vindo a reforçar o seu papel preponderante no estudo e melhoria do desempenho ambiental dos produtos e

sistemas de produção. É por essa razão que a construção, sendo uma actividade consumidora de recursos

e com um impacte significativo no ambiente, deve procurar crescentemente minimizar ou compensar os

impactes negativos e valorizar os impactes positivos.

As Declarações Ambientais de Produtos (DAP – tradução de Environmental Product Declarations)

são então metodologias cujo objectivo é comunicar os resultados específicos de um produto ao longo do

seu ciclo de vida, através de um estudo de ACV, de um modo expedito e comparável com outros produtos

da mesma categoria. Para além desses resultados, as DAP possuem informações complementares às

ACV, como dados técnicos ou particularidades do produto.

Como tal, os programas de DAP não têm como objectivo fornecer critérios de escolha, preferências de

produtos ou níveis mínimos a serem atingidos, mas sim resultados quantitativos que possibilitem os

compradores fazer uma escolha baseada numa comparação fidedigna e com informação suficiente e

consistente.

As metodologias para a realização destes estudos encontram-se baseadas em normas ISO, como se

pode verificar de seguida. Para além destas normas internacionais, encontra-se também em discussão uma

norma europeia, a EN 15804, à qual é igualmente feita uma breve descrição nos subcapítulos seguintes.

2.2.1 – ISO 14040

Análise de ciclo de vida é um método usado para estimar as cargas ambientais associadas ao fabrico

de um produto ao longo de todas as fases a que é exposto. O cálculo destas cargas é baseado nas

quantidades e tipos de terreno e energia fluida que possam ser quantificados directamente, como por

exemplo o potencial de aquecimento global, destruição da camada de ozono, acidificação ou esgotamento

dos recursos naturais. Como tal, factores como a erosão do solo ou ameaças à extinção de espécies, não

são alvo de estudo numa ACV, tendo em consideração o seu carácter indirecto.

13

De maneira a definir princípios e normas que padronizem os estudos de ACV, foi criada a ISO 14040,

com a versão mais recente datada de 2006. Segundo esta norma, o ciclo de vida de um produto pode ser

esquematizado com base nos seus estágios globais e a que se dá o nome de sistema do produto, o qual

está contido numa fronteira que constitui o interface entre o sistema do produto e o ambiente ou outros

sistemas de produto, sendo mais comummente designado, por exemplo, como “cradle to gate” ou “cradle

to grave” (Optis, 2008). Este esquema está representado na Fig. 3.

Fig. 3 - Esquema do ciclo de vida de um produto (ISO 14040 retirado de (Optis, 2008))

A comunicação entre o sistema do produto e o ambiente dá-se através dos fluxos elementares, ou seja,

pelo que o ambiente fornece directamente ao sistema (Ex: Crude) ou o que o sistema emite para o

ambiente (Ex: emissões de CO2). Por outro lado, os fluxos entre processos é a designação dada pela

utilização de outros materiais no processo de fabrico do material em questão (Ex: combustível).

Nas fases de vida do produto, as cargas ambientais geradas advêm do(s) processo(s) unitário(s)

inerente(s) a cada fase, ou mesmo da interacção entre processos. Para uma melhor percepção da

quantificação destas cargas, o diagrama da Fig. 4, que ilustra o processo de fabrico de uma viga de aço, é

bastante esclarecedor, já que demonstra a interacção entre 2 processos unitários e os respectivos fluxos

emitidos.

14

Fig. 4 - Diagrama dos fluxos do sistema de produto de uma viga de aço (Optis, 2008)

Posto isto, a metodologia de ACV é então aplicada com o intuito de obter um relatório onde se

evidenciem todas as emissões provocadas pela produção do material / produto. Para assegurar a

transparência e clareza desta metodologia, foi então criada a ISO 14040 para que os resultados da ACV

sejam tanto esclarecedores como concisos. Esta norma organiza o estudo ACV em quatro fases

esquematizadas na Fig.5.

Fig. 5 - Fases da metodologia de ACV - ISO 14040

Definição do objectivo e âmbito

O estudo inicia-se com a definição do objectivo e âmbito da ACV, onde se deve especificar de forma

clara e concisa a aplicação pretendida e as razões para a sua execução e para quem se destinam os

resultados. Esta fase tem como propósito assegurar que toda a informação necessária esteja presente e

seja compatível de modo a satisfazer o objectivo estabelecido. Na definição do estudo, devem então, ser

definidos os seguintes itens:

15

unidade funcional – estabelecer uma referência em relação à qual os dados de entrada e saída se

relacionam de forma a possibilitar a sua comparação;

fronteira – definição dos processos unitários a incluir no sistema a modular, devendo ser claramente

descritos e justificados os critérios usados para as suas escolhas, assim como para a decisão de

omitir alguma fase do ciclo de vida, processo ou entradas/saídas (inputs / outputs);

qualidade dos dados – definição clara de factores como cobertura temporal, geográfica e

tecnológica, ou ainda precisão, consistência e reprodutibilidade, que, de maneira directa ou

indirecta, podem influenciar os resultados obtidos no estudo;

revisão crítica – assegurar a qualidade do estudo (cientifica e tecnicamente válidos) e

compatibilidade com a norma ISO 14040.

Análise de inventário

A análise de inventário (do inglês Life Cycle Inventory - LCI) é a fase onde se processa a recolha de

dados e os cálculos para quantificar as entradas e saídas relevantes, ou seja, os recursos necessários e as

emissões originadas associados ao sistema em estudo. Para este cálculo, existem várias metodologias

possíveis, mas a sua descrição já se afastaria do âmbito desta tese.

Segundo a ISO 14040, esta fase deve conter um determinado número de passos com o objectivo de

assegurar uma percepção consistente e uniforme do sistema do produto a ser estudado ( (ISO, 1998)

citado por Optis (2008), como por exemplo:

elaboração de diagramas com os fluxos detalhados de todos os processos unitários;

descrição de cada processo e informação inerente;

listagem de todas as unidades de medição;

descrição da informação recolhida e técnicas de cálculo;

instruções relacionadas com particularidades ou irregularidades dos dados recolhidos.

Todas estas informações, assim como outras consideradas necessárias, devem ser sempre devidamente

documentadas e justificadas.

Análise de impactes

De seguida, a partir dos resultados na fase anterior, executa-se a análise de impactes ambientais, os

quais devem ser claros e flexíveis na sua aplicação. Esta fase subdivide-se em 3 etapas distintas (Mata, et

al., 1998):

classificação – definem-se as categorias de impactes ambientais segundo o âmbito do estudo;

caracterização – agregam-se os dados do inventário de modo a quantificar as categorias de impactes

ambientais;

avaliação – ponderação das categorias de impacte e estabelecimento da sua importância relativa.

16

Interpretação dos resultados

Por último, procede-se à interpretação dos resultados onde se clarificam os resultados obtidos nas

fases precedentes e os relacionam com o objectivo e âmbito do estudo. Na verdade, pode ser encarado

como um processo de comunicação, compreensível e útil para o receptor do estudo, onde se encontram

identificados os aspectos ambientais mais relevantes e algumas conclusões inerentes (Mata, et al., 1998).

É então, com base nesta norma, e complementada pelas normas ISO 14041, 14042 e 14043 conforme

os casos de estudo, para além da ISO 14044: Requisitos e linhas de orientação, conjuntamente com as

restantes normas da série normativa ISO 14020, que se constituem os princípios e procedimentos para a

elaboração da informação necessária à execução de DAP - a ISO 14025.

2.2.2 – ISO 14025

As declarações elaboradas a partir desta norma, comummente designadas por declarações ambientais

do tipo III, apresentam informação quantificada acerca dos impactes de um produto ao longo do seu ciclo

de vida (ACV), possibilitando a comparação entre produtos da mesma gama funcional. Sendo este um dos

seus objectivos, pode-se ainda enumerar outros tantos como:

encorajar a procura e desenvolver o mercado de produtos com menores impactes através de uma

comunicação de mercado confiável;

fornecer informação suficiente e completa acerca do seu ciclo de vida;

encorajar o desenvolvimento ambiental do produto.

Tendo sido elaborada com intenção de se criar uma ferramenta voluntária para comunicação

empresarial (business to business), esta norma não invalida a possibilidade de elaborar informação

directamente para o consumidor final. Contudo, realça a necessidade de elaborar informação à medida do

público-alvo pretendido. Por conseguinte, de maneira a facilitar a transmissão de informação, está na

criação de um programa expedito e simplificado a chave para esta questão. Outro ponto bastante focado

nesta norma é que, de acordo com a definição geral de certificação atribuída pela ISO (“Processo no qual

uma 3ª parte elabora um relatório assegurando a conformidade do produto ou processo com os requisitos

especificados”), a organização que elabora uma declaração deve assegurar que a verificação dos dados é

independente e imparcial.

Em suma, esta norma traça o processo de criação de um sistema de certificação ambiental de produtos,

tendo como base todas as normas adjacentes necessárias para esse propósito.

2.2.3 – EN 15804

Esta norma europeia estabelece as Regras de Categoria de Produto (RCP) nucleares para todos os

produtos e serviços de construção, proporcionando uma estrutura que garante que todas as DAP de

produtos de construção, serviços de construção e processos construtivos são derivadas, verificadas e

apresentadas de uma forma harmonizada. O processo de padronização tem sido realizado em

17

conformidade com a norma EN ISO 14025, sendo todas as questões comuns abordadas horizontalmente

para todos os tipos de produtos, de modo a minimizar desvios relacionados com as especificidades de

cada ramo.

Deste modo, a abordagem exigida nesta norma é a de que os dados subjacentes devem ser

consistentes, reprodutíveis e comparáveis, de maneira a que as DAP sejam expressas em módulos de

informação, que permitam uma fácil organização e representação de dados agrupados por cada fase do

ciclo de vida do produto.

Por conseguinte, esta Norma Europeia fornece os meios para o desenvolvimento de uma declaração

ambiental de produtos de construção do tipo III e faz parte de um conjunto de normas que se destinam a

avaliar a sustentabilidade das obras de construção, do qual fazem parte as seguintes normas:

EN 15643-1, Sustentabilidade das obras - Avaliação da sustentabilidade de edifícios - Parte 1:

Quadro geral;

EN 15643-2, Sustentabilidade das obras - Avaliação de edifícios - Parte 2: Quadro para a avaliação

do desempenho ambiental;

prEN 15978, Sustentabilidade das obras - Avaliação do desempenho ambiental dos edifícios -

Método de cálculo;

CEN/TR 15941, Sustentabilidade das obras - Declarações Ambientais de Produto - Metodologia

para selecção e uso de dados genéricos;

prEN 15942, Sustentabilidade das obras - Declarações Ambientais de Produto – Formato de

comunicação: business to business.

Em suma, o âmbito desta RCP nuclear pode ser resumido em:

definir os parâmetros a serem declarados e o modo em que são recolhidos e relatados;

descrever que fases do ciclo de vida do produto são consideradas nas DAP e quais os processos que

devem ser incluídos em cada uma;

definir regras para o desenvolvimento de cenários;

incluir as regras para o cálculo do Inventário do Ciclo de Vida (do inglês Life Cycle Inventory) e

Avaliação do Impacte do Ciclo de Vida (do inglês Life Cycle Impact Assessment) subjacentes às

DAP, incluindo a especificação da qualidade dos dados a ser aplicada;

incluir as regras para a comunicação de informações pré-determinadas, ambientais e de saúde, que

não são cobertas pela ACV de um produto, processo de construção e de serviços de construção,

sempre que necessário;

definir as condições em que os produtos de construção podem ser comparados com base nas

informações fornecidas pela DAP.

Por conseguinte, já será possível executar DAP possuidoras de informação ambiental quantificada de

um modo harmonizado e científico, comunicando assim todas as emissões prejudiciais ao ar interior, solo

e água durante a fase de utilização dos edifícios, tendo sido até agora um dos maiores problemas na

18

execução destas declarações. De facto, o propósito de uma DAP no sector da construção é proporcionar

uma base para avaliar edifícios e outras obras de construção, identificando aqueles que causam menos

stress para o ambiente. Como tal, os objectivos desta norma resumem-se em assegurar:

fornecimento de dados técnicos ou cenários avaliáveis e consistentes para a avaliação do

desempenho ambiental dos edifícios;

fornecimento de dados avaliáveis e consistentes para uma DAP, (European Technical Committee,

2011), com base em ACV;

fornecimento de dados técnicos ou cenários avaliáveis e consistentes potencialmente relacionados

com a saúde dos usuários para a avaliação do desempenho energético dos edifícios;

que as comparações entre os produtos de construção sejam realizadas no contexto da sua aplicação

na construção;

comunicação das informações ambientais de produtos de construção num formato business to

business;

a base para a comunicação das informações ambientais de produtos de construção para os

consumidores, a qual fica sujeita a requisitos adicionais.

2.3 – Sistemas de certificação existentes

As normas acima descritas, para além de servirem como base para outras já constituídas, como a ISO

21930:2007 (Sustainability in building construction – Environmental declaration of building products) e

a prEN 15804 (Sustainability of construction Works. Environmental product declarations. Product

category rules), especificamente relacionadas com produtos de construção, fornecem os princípios de

constituição de programas com o intuito de certificar e rotular produtos de construção. Como tal, um

pouco por todo o mundo já se pode encontrar este tipo de programas e até, em certos casos, possuidores

de uma posição de mercado coesa e reconhecida.

Deste modo, de seguida encontraremos uma revisão aos principais programas de certificação

existentes, assim como um estudo detalhado de exemplos reconhecidos internacionalmente e com provas

dadas no âmbito da certificação de produtos de construção.

2.3.1 - Tipos e principais sistemas existentes

Face a diversos factores de cariz político, económico e comercial, o sector da construção tem-se vindo

a destacar dos outros sectores no que diz respeito ao desenvolvimento de declarações ambientais nos seus

produtos. Como tal, inúmeros sistemas de avaliação da performance ambiental dos materiais de

construção têm vindo a ser desenvolvidos, ao longo das últimas décadas, em vários países europeus

(Bogeskär, et al., 2002).

De facto, já existem diversos programas de certificação com rótulos consolidados e reconhecidos nos

respectivos países, que têm vindo a reforçar a presença de materiais com menores impactes ambientais no

19

mercado da construção. A razão para tal prende-se com o facto de estes esquemas proporcionarem uma

informação credível e expedita a engenheiros, arquitectos, e outros intervenientes no sector, servindo pois

como uma ferramenta de grande utilidade, ao contrário das designadas “listas negras” e “listas de

preferência” baseadas em metodologias bastantes questionáveis.

Apesar de diferenças lógicas inerentes às características de cada país, os diferentes esquemas possuem

uma importante semelhança, que é o facto de aplicarem ACV’s de acordo com a ISO 14040, que, como

abordado, permite uma comparação expedita e sistemática dos produtos certificados. Para além disso,

todos estes programas dividem as ACV’s em grupos distintos consoante o tipo de produtos, com as

mesmas unidades funcionais e RCP’s harmonizadas, assegurando uma facilidade de comparação.

Porém, o desejo de evitar competição e proporcionar aos destinatários destes sistemas uma ferramenta

sistemática e simplificada levou à criação de dois tipos de esquemas distintos quanto ao modo de aplicar a

informação recolhida.

Fig. 6- Tipos de esquemas de certificação (traduzido de Bogeskär et al. (2002)

A solução escolhida para minimizar a competição entre produtos da mesma categoria foi a criação de

declarações fundamentadas em bases de dados genéricas (lado esquerdo da Fig. 6), de modo a facilitar o

processo de certificação. Esta base de dados contém a informação agrupada por tipo de produtos com

igual unidade funcional, a qual é por vezes fornecida com valores obtidos por uma média, dando origem,

por essa razão, a declarações baseados num desempenho que pode ser comparado com a média de

produtos. Este tipo de esquema é então capaz de comparar, por exemplo, uma janela com caixilho de

alumínio com outra de madeira, mas, por outro lado, impossibilita a comparação entre duas janelas com

caixilho de alumínio mas características diferentes. Por outras palavras, estas declarações apenas

transparecem o desenvolvimento de um grupo de produto e não o de um produto pertencente a um dado

grupo. Como tal, este método simplifica bastante o processo de certificação, servindo essencialmente para

criar uma base de dados para desenhadores e projectistas, sendo a declaração usada para fins publicitários

(Bogeskär et al., 2002).

20

Como alternativa, a solução visível do lado direito da Fig. 6 foca-se nas características específicas do

produto, permitindo ao comprador escolher o melhor material de um determinado grupo de produto.

Deste modo, o fabricante deve fornecer informação detalhada acerca do produto de maneira a que a

empresa certificadora elabore um ACV minucioso ou então esta pode também obter os dados necessários

a partir da informação existente no mercado. Como tal, este método já permite a comparação entre dois

produtos semelhantes, como por exemplo duas janelas com caixilho de alumínio, para além de facilitar o

processo de desenvolvimento de um determinado produto (Bogeskär et al., 2002)..

Posto isto, na Tabela 2 pode-se encontrar alguns dos esquemas mais conceituados na Europa.

Tabela 2 - Principais sistemas europeus

País Nome Abordagem Número de

categorias

Número de

Aplicações

Reino Unido BRE

(Environmental Profiles)

DAP 14 > 700

França INÍES DAP 13 > 450

Alemanha AUB DAP 21 > 100

Holanda MRPI DAP S.I. S.I.

Suécia BYKR Género de

DAP

S.I. S.I.

Dinamarca MVDB DAP S.I. S.I.

Finlândia RTS DAP S.I. > 50

(S.I. – sem informação)

2.3.2 - BRE Global – Environmental Profiles of Construction Products

A primeira versão deste sistema de certificação foi lançada em 1999, altura em que a série normativa

ISO 14020 ainda se encontrava em aprovação. No entanto, uma revisão a esta metodologia foi consumada

em 2008, face ao considerável desenvolvimento das técnicas de ACV e das normas ISO nos últimos anos.

21

Este sistema dá uma elevada ênfase ao desenvolvimento dos produtos e possibilita que uma empresa que

recorra à sua certificação se diferencie dos seus concorrentes directos a partir da possibilidade de

comparação entre distintos tipos de produtos de construção. Para além disso, o alto reconhecimento do

rótulo BRE no mercado britânico assim como o facto de, concluído o processo de certificação, o produto

passar a fazer parte da base de dados de outras ferramentas da BRE Global e as suas características

visualizadas livremente são vantagens com um peso bastante considerável nos dias que correm.

Como referido no capítulo anterior, a declaração ambiental, designada como Perfil Ambiental pela

BRE, gerada por este programa consiste na quantificação dos “outputs” de 13 indicadores e consequente

comparação com o impacte de uma pessoa europeia (baseado na Europa ocidental) ao longo de um ano,

como se pode averiguar no exemplo deste perfil patente na última página do anexo A.1. Para esta

avaliação, é utilizada a metodologia ACV preconizada na norma BES 6050 desenvolvida pelo grupo de

sustentabilidade da BRE Global - “BRE methodology of construction material, components and

buildings: Product Category Rules (PCR, sendo utilizado o acrónimo em português RCP) for type III

environmental product declaration of construction products 2008”. No anexo A.2, pode-se encontrar o

índice deste documento e um excerto considerado de maior relevância do mesmo, apresentados em inglês,

sendo que o documento completo pode ser encontrado no sítio indicado na referência (BRE, 2007). Este

documento foi baseado na norma internacional ISO FDIS 21930 (Sustainability in building construction –

Environmental declaration of construction products), a qual contém requisitos de diversas normas

necessárias para este tipo de declarações, sendo as mais influentes a ISO 14025, ISO 14040 e ISO 14044

(BRE, 2007).

Neste documento pode-se constatar, em detalhe, todos os itens usados para identificar e avaliar os

impactesdos produtos de construção ao longo do seu ciclo de vida, com o intuito de elaborar os perfis

ambientais. Como tal, neste conjunto de regras (BRE, 2007), depara-se com:

âmbito e objectivo;

procedimentos para obtenção de dados;

fontes dos dados;

tipo de transportes utilizados e cálculo das emissões inerentes;

estudos dos impactes relacionados com as linhas de produtos e reciclagem;

procedimentos de caracterização, classificação e normalização;

formato dos perfis ambientais.

Apesar da importância de todos estes itens, e da existência de muitos outros não referenciados, focar-

se-á apenas nos mais relevantes para o âmbito deste estudo.

Aspectos gerais do método dos Perfis Ambientais

Este programa tem como objectivo central servir como ferramenta para o incremento comercial de

materiais de construção com baixos impactes ambientais, através de uma comunicação confiável e precisa

22

das suas características, permitindo assim a comparação entre produtos concorrentes, servindo assim

como incremento essencial para os restantes programas da BRE Global de certificação de edifícios.

Para tal, esta metodologia foca-se apenas nos impactes ambientais inerentes ao produto, excluindo os

aspectos sociais e económicos. Para além disso, não consideram igualmente os impactes nas fases de uso

e operação, excepto a manutenção, face à complexidade e número de factores que podem influenciar estas

etapas. Para a obtenção dos dados necessários à execução destes perfis ambientais, é essencial recolher

informação ao longo de todas as fases do ciclo de vida do produto, podendo este ser dividido em:

fase de produto (fonte da matéria-prima, transporte, produção dos produtos e restantes processos até

estar preparado para comercialização);

fase do processo de construção (transporte até ao local de obra e sua instalação);

fase de utilização (manutenção, reparação, remodelação ou substituição);

fase de fim de vida (reciclagem ou depósito em aterro e todo o transporte inerente).

Esta metodologia distingue os perfis ambientais em dois tipos, para produtos ou elementos

construtivos, consoante as fases tidas em conta, como se pode constatar na Tabela 3 - Tipos de Perfis

AmbientaisTabela 33:

Tabela 3 - Tipos de Perfis Ambientais (traduzido de (BRE, 2007))

Tipo de

perfil Fases incluídas

Unidade

de estudo

Possibilidade

de

comparação

Responsável

“Berço ao

portão” Fase de produto

Por

tonelada Não

Dados da matéria-prima

fornecidos pela BRE

Certification Ltd

Dados de fábrica (“gate

to gate”) fornecidos pelo

fabricante

“Berço ao

mercado”

Fase de produto

Fase do processo de

construção

Por m2 do

elemento

construído

Não

Igual ao de cima

+

Dados do processo de

construção fornecidos pela

BRE Certification Ltd

“Berço à

cova”

Fase de produto

Fase do processo de

construção, incluindo transporte

e depósito de resíduos

Fase de utilização, incluindo

o transporte de materiais

adicionais ou resíduos ao longo

do período de 6 anos de estudo

Demolição

Por m2 de

elemento

construído

durante o

período de

6 anos de

estudo no

edifício

Sim, mas

apenas se a

unidade

funcional for

equivalente

Igual ao de cima

+

Dados acerca do tempo

de vida fornecidos pela BRE

Certification Ltd

23

Deve-se salientar que, como se pode constatar pela tabela anterior, existe igualmente uma repartição

de responsabilidades pelos perfis ambientais. De facto, no documento onde se especificam as regras para

estes perfis (BRE, 2007), diferenciam-se como responsáveis pelos perfis ambientais de produtos de

construção os fabricantes, grupo de fabricantes ou associações comerciais, dado serem estes que fornecem

as informações necessárias (LCI – Life Cycle Inventory - Inventário de Ciclo de Vida), e pelos perfis

ambientais dos elementos construtivos a própria empresa BRE Certification (BRE, 2007).

Os produtos de construção em que este sistema de certificação se foca são os que possuem uma

energia incorporada elevada e ainda os que são parte integrante dos sistemas de avaliação:

BREEAM;

EcoHomes;

Code for Sustainable Homes.

No que diz respeito a estes programas, são atribuídos tantos mais créditos quanto menor for a energia

incorporada associada ao material em questão. De uma forma esquemática, na página 2 do anexo A.1,

pode-se visualizar os elementos construtivos considerados e os respectivos programas que os consideram

(BRE, 2008).

De modo a que a certificação destes programas garanta a consideração dos impactes ambientais mais

significativos, a metodologia aqui referenciada exclui acabamentos (ex. tintas), acessórios (ex. torneiras),

especialidades (ex. AVAC) ou elementos finais (ex. portas) (BRE, 2008).

Em relação à gestão de dados, a BRE e a BRE Certification Ltd são certificadas por uma entidade

privada - UKAS (United Kingdom Accreditation Service) - reconhecida pelo Governo, que garante a

competência, imparcialidade e capacidade destas empresas em atribuir certificações (UKAS, 2010).

Como tal, todos os registos e documentos são devidamente controlados, por exemplo, em relação a (BRE,

2007):

conformidade antes de sua emissão;

revistos ou re-aprovados antes da sua emissão;

clareza da sua avaliação;

legibilidade e expeditamente identificáveis;

distinção entre certificações baseadas em versões obsoletas, que podem ser mantidas para uma

finalidade específica, a fim de impedir o uso não intencional de documentos obsoletos.

Por último, é essencial a constante renovação das Regras de Certificação do Produto (RCP) da

metodologia, com o intuito de assegurar a aplicação das boas práticas mais recentes, dentro das limitações

financeiras inerentes à exploração do sistema de maneira a que seja comercialmente viável e acessível

aos, tanto novos como já existentes, fabricantes certificados. Como tal, a BRE conjuntamente com os

representantes do quadro de revisão do RCP elaboram periodicamente, num intervalo mínimo de 3 anos,

revisões às bases de dados e às normas aplicáveis.

24

Processo metodológico

Esta metodologia foi desenvolvida com o intuito de ser consistente, cientificamente fiável e assegurar

que as cargas e impactes sejam claramente identificados, sem erros de cálculo ou depreciações. Para tal,

este processo contempla todas as fases do ciclo de vida minuciosamente e recorrendo aos parceiros

necessários.

Para a elaboração dos cálculos, os dados necessários são fornecidos pelos fabricantes utilizando um

questionário padrão, onde devem constar as entradas (“inputs” – materiais; combustível de transporte;

combustível usado no processo; calor; água) e saídas (“outputs” – emissões aéreas; descargas aquíferas;

emissões para o terreno; produtos, derivados e resíduos). Deste modo, os fabricantes elaboram um

diagrama em árvore do processo, do género da Fig. 7, onde diferenciam claramente os diversos sistemas

de produto e correspondentes fronteiras incluídas no processo. Esta informação é então verificada quanto

ao balanço energético e de massa, tendo em consideração todos os processos que possam gerar reacções

não contabilizadas pelo fabricante, e os valores globais de energia e massa que entram no sistema devem

ser comparados com os valores de energia e massa que saem.

Fig. 7 - Diagrama tipo (traduzido de BREGlobal (2008)

Para se ter uma ideia da definição dos valores inerentes a cada processo e das respectivas fronteiras, o

esboço do RCP, disponível no endereço da referência (BRE, 2007), e o anexo às normas da metodologia

BRE1 fornecem os devidos factores e regras a ter em consideração. Como tal, pode-se encontrar

explicações acerca das unidades funcionais a utilizar, das fronteiras e regras a ter em consideração na sua

definição, as considerações que o processo assume nos cálculos das cargas emitidas em relação à energia

utilizada, transporte, resíduos, alocações, produtos importados e emissões de carbono. Para além destes

detalhes tidos em conta no processo, podem igualmente ser encontrados outros cálculos efectuados no

documento referenciado.

1 (DETR, 2000)

25

Avaliação do Impacte do Ciclo de Vida

O cálculo da carga ambiental, efectuada por esta metodologia, parte da quantificação de alguns

indicadores de caracterização desenvolvidos pela Universidade de Leiden (CML) na Holanda. Apesar de

estes indicadores terem sido baseados no trabalho de alguns dos mais entendidos investigadores nesta

área, a BRE acrescentou alguns factores que considerou serem de extrema importância dado o grau de

impacte inerente aos materiais de construção (BRE, 2007).

Deste modo, os Perfis Ambientais desenvolvidos segundo esta metodologia baseiam-se nas seguintes

categorias de impacte e conseguintes unidades de referência:

Mudanças climáticas kg CO2 eq (100anos) (CML)

Destruição da camada de ozono kg de CFC-11 eq (CML)

Eutrofização kg de fosfato (PO4) eq (CML)

Acidificação kg de dióxido de enxofre (SO2) eq (CML)

Criação fotoquímica de ozono - (Smog de Verão): kg de eteno (C2H4) eq (CML)

Toxicidade humana 1,4 kg diclorobenzeno (1,4-DB) eq (CML)

Ecotoxicidade na água 1,4 kg diclorobenzeno (1,4-DB) eq (CML)

Ecotoxicidade no solo 1,4 kg diclorobenzeno (1,4-DB) eq (CML)

Esgotamento dos combustíveis fósseis toneladas equivalentes de petróleo (tep)

(BRE)

Eliminação de resíduos tonelada de resíduos sólidos (BRE)

Extracção de água m3 de água extraída (BRE)

Esgotamento dos recursos minerais tonelada de minerais extraídos (BRE)

Resíduos nucleares mm3 de resíduos de alto nível (BRE)

Para uma informação mais detalhada acerca de cada indicador, encontra-se uma explicação acerca de

cada um deles no link do RCP acima apresentado em nota de rodapé, apresentado no idioma da respectiva

metodologia.

Como se pode constatar, as categorias de impacte revistas possuem unidades funcionais distintas.

Como tal, concluir a que causa maior impacte é de extrema dificuldade, razão pela qual se recorre à

normalização. Este processo consiste em calcular a magnitude de cada indicador relativamente a uma

informação de referência, que no caso desta metodologia é o impacte de um cidadão europeu (UE-15

mais a Noruega e Suíça) ao longo de um ano. Desta forma a informação pode ser comparada de uma

forma mais expedita e simples, sendo, por conseguinte, compreensível para qualquer usuário do perfil. Os

valores da normalização foram calculados, com base em dados do ano de 1995, pela CML, e podem

visualizados na Tabela 4.

26

Tabela 4 - Dados normalizados - impacte ambiental de um cidadão europeu (1995) (traduzido de BRE

(2008)

Indicador Unidade por cidadão Mudança no clima 12.3 ton CO2 eq. (100 anos)

Depleção da camada de ozono 0.217 kg CFC-11 eq.

Toxicidade para o ser humano 19.7 ton 1,4-DB eq.

Toxicidade para a água 13.2 ton 1,4-DB eq.

Toxicidade para o solo 123kg 1,4-DB eq.

Oxidação fotoquímica 21.5 kg C2H4 eq

Acidificação 71.2 kg SO2 eq.

Eutrofização 32.5 kg PO4 eq.

Depleção de combustível fóssil 6.51 ton de petróleo eq.(tpe)

Deposição de resíduos 3.75 ton resíduos sólidos

Radioactividade 237000 mm3 resíduos de alto nível

Extracção de minerais 24.4 ton de minerais extraídos

Extracção de água 377m3 de água extraída

Posto isto, a partir dos dados da ACV do produto a certificar e da atribuição da unidade funcional

mais relevante para a aplicação a que se destina, calculam-se os valores referentes a cada indicador.

Contudo, deve-se ter em conta que estes valores, aquando da atribuição dos ecopontos para o perfil

ambiental, não possuem pesos equivalentes, tendo em conta a carga ambiental que induzem. De referir

que 100 ecopontos são equivalentes ao impacto ambiental de um cidadão da Europa Ocidental durante um

ano. Como tal, pode-se verificar o peso de cada indicador, na Tabela 5, atribuída pela BRE (BRE, 2007).

Tabela 5 - Pesos dos indicadores ambientais (traduzido de BRE (2008))

Indicador Peso (%)

Mudança no clima 21,6

Extracção de água 11,7

Depleção de minerais 9,8

Depleção da camada de ozono 9,1

Toxicidade para o ser humano 8,6

Toxicidade para a água 8,6

Lixo nuclear 8,2

Toxicidade para o solo 8,0

Deposição de resíduos 7,7

Depleção de combustível fóssil 3,3

Eutrofização 3,0

Criação de ozono fotoquímico 0,20

Acidificação 0,05

27

Processo de certificação

Quanto ao processo de certificação, este é constituído por diversas fases distintas, as quais podem ser

esquematizadas conforme a Fig. 8 (BRE, 2008).

Fig. 8 - Processo dos perfis ambientais (traduzido de BRE (2008))

Formulário: o processo inicia-se com a solicitação da certificação através do preenchimento, e

respectivo envio para a BRE Global, de um formulário, o qual é verificado à procura de falhas ou campos

incompletos.

Texto informativo: é elaborado um texto que inclui o objectivo da certificação e todas as taxas a

aplicar aos trabalhos necessários.

Recepção e avaliação dos dados: após o requerente aceitar as condições propostas, envia a informação

necessária para completar os 13 indicadores ambientais, de modo a proceder à sua avaliação qualitativa,

ou seja, precisão e completude. Estes dados devem cobrir 12 meses de produção do produto em causa.

Verificação dos dados: confirmação da veracidade dos dados cedidos pelo requerente a partir de

visitas aos locais de produção e escritórios. Estas averiguações incluem a vistoria de documentos como

contas da luz e energia, notas de entrega, e registos de medição, tendo estes que ser originais. Cada visita

(caso sejam necessárias mais do que uma) termina com uma reunião com os representantes da empresa,

responsáveis pela certificação, sendo anunciadas as conclusões retiradas ou a necessidade de informação

mais detalhada para o término do estudo. Cessando a necessidade de mais visitas, os dados obtidos destas

são compilados e, a partir destes, escreve-se uma carta informativa à empresa requerente acerca da sua

revisão para ser aprovada.

Perfil Ambiental: os dados recolhidos na fase anterior são introduzidos no programa da BRE Global

de modo a obter o Perfil Ambiental desejado. Posteriormente, é revisto pelo gestor do programa para,

caso esteja de acordo com as normas vigentes, executar um relatório recomendando a certificação do

produto (BRE, 2008).

28

Posto isto, uma série de documentos poderá ser fornecida ao fabricante e introduzida na base de

dados da BRE Global (BRE, 2008):

certificado e anexos com os resultados do perfil ambiental;

detalhes da contribuição dos vários “inputs” para o impacte ambiental global de uma tonelada do

material;

detalhes da contribuição do(s) produto(s) para o impacte ambiental global gerado nos elementos

construtivos;

entrada do produto no guia verde (do inglês Green Guide - www.thegreenguide.org.uk );

entrada no Volume 2 do Red Book (List of Approved Companies and Approved Products – Lista de

companhias e produtos aprovados) produzido pela BRE Global e distribuído aos reguladores,

clientes e profissionais da construção por todo o mundo, para além de poder ser acedido no sítio de

internet www.breglobal.com;

entrada no sítio www.greenbooklive.com.

Concluído o processo de certificação, o certificado é válido por um período de 3 anos, ao fim dos

quais se executa um novo cálculo global dos dados, sendo que anualmente se verifica a conformidade

com os dados iniciais através de um questionário enviado ao fabricante. Caso esta averiguação anual

apresente uma variação superior a 10% em relação aos dados originais, o certificado pode ser retirado e o

fabricante é convidado a executar um novo processo de certificação. Em casos voluntários, com o intuito

de desenvolvimento do produto, pode ser solicitada uma reavaliação a qualquer momento.

Dados fornecidos (reporting)

No final do processo de certificação, um relatório sumário, escrito num modo simples e esquemático,

é elaborado com o intuito de apoiar os dados publicados no Perfil Ambiental e explicar como este foi

realizado de acordo com o RCP, incluindo igualmente uma lista dos pressupostos conferidos. Deste

modo, fornece-se a possibilidade de os fabricantes reverem os pressupostos efectuados e tecerem

comentários ou dúvidas acerca destes. De maneira a provar que todos os requisitos expressos na ISO

14025 (pontos 7.2.2, 7.2.3 e7.2.4), para a elaboração de um certificado ambiental, foram tidos em

consideração, os documentos utilizados para a execução do Perfil Ambiental são disponibilizados ao

fabricante do produto. Entre estes, pode-se destacar:

os dados de entrada e saída dos processos unitários que são empregues nos cálculos da ACV;

a documentação com os dados utilizados para formular os cálculos da ACV (medições, cálculos,

estimativas, as fontes, correspondência, referências rastreáveis à origem, entre outros);

dados que demonstram que a informação é completa;

divulgação das referências literárias e bases de dados a partir dos quais a informação fora extraída;

documentação que comprova que os processos e cenários utilizados no fabrico do produto

satisfazem os requisitos da Norma Internacional;

documentação que comprove as fases do ciclo de vida consideradas;

os dados utilizados para realizar a análise de sensibilidade;

29

documentação que comprove a forma como a informação adicional do ambiente é determinada (ver

norma ISO 14025, 7.2.4)

os procedimentos usados na obtenção dos dados necessários (questionários, instruções, material

informativo, acordos de confidencialidade, entre outros);

os critérios e as justificações usadas para determinar os limites do sistema;

documentação utilizada para justificar todas as outras escolhas e suposições.

Apesar de esta informação ser tornada pública, algumas especificações do produto não podem ser

divulgadas face às regras de confidencialidade de dados. Este facto está relacionado com questões como

competitividade empresarial ou direitos sobre o produto. Como tal, apenas os dados relevantes para a

obtenção do certificado ambiental são relatados, salvaguardando sempre os direitos do fabricante (BRE,

2007). Para um conhecimento mais detalhado acerca destas regras, um excerto do documento de esboço

do RCP desta metodologia pode ser consultado no anexo A.2.

Durante a elaboração deste estudo, foram sendo elaboradas evoluções nos documentos que regem a

execução destes perfis ambientais, podendo ser encontrados alguns esclarecimentos mais recentes acerca

dos mesmos no seu sítio da BRE (BRE, 2012). Contudo, a base desta certificação mantém-se como

exposta anteriormente.

2.3.3 - Suécia: Um exemplo de cooperação

Com o despoletar das preocupações ambientais, originadas por uma série de estudos alarmantes, e, por

conseguinte, com a execução de um conjunto de eventos onde este tema era o centro das atenções, a

Suécia foi dos países que encarou mais seriamente o objectivo de reduzir a sua pegada ecológica.

De facto, o sector da construção era dos que mais inquietava a opinião pública nos anos 90 face a um

conjunto de acontecimentos que gerou uma onda de descrédito e má reputação, como por exemplo a

questão do túnel de Hallandsas, onde foi encontrado acrilamida nas argamassas de sustentação que

poluíram os lençóis de água do Sul do país, ou a presença de PCB em diversas habitações, material

bastante prejudicial à saúde. Como tal, apoiado e integrado numa série de premissas desenvolvidas pelo

governo Sueco com o intuito de garantir um ambiente melhor e mais saudável às gerações futuras

(Environmental Code), várias companhias não-governamentais, mas amplamente apoiadas, foram criadas

e têm vindo a evoluir substancialmente ao longo dos anos, como é o caso das que se apresentam na

continuação deste subcapítulo.

De ter em conta que alguns elementos apresentados, como o nome de cada empresa, estão

apresentados na língua do respectivo programa (Sueco).

Byggsektorns Krestloppsråd (BYKR) – The Ecocycle Council for the Building Sector

O Ecocycle Comission, criado em 1993 pelo Governo, com o intuito de desenvolver estratégias de boa

prática ambiental a implementar pelos produtores de bens na Sociedade Sueca. Nessa altura, depararam-

se com a inexistência de uma organização capaz de representar os interesses do sector da construção no

30

seu todo, face à sua elevada fragmentação. Na realidade, é prática comum na Suécia criar um género de

sindicato para cada mercado existente e, tendo em conta a existência de um grande número de actores na

construção, este sector não é excepção (Kretsloppsradet, 2011).

Face a esta situação, quatro grupos de representantes mais generalistas e com maior peso, criaram um

conselho (Ecocycle Council for the Building Sector) de modo a fazerem de elo de ligação com a Ecocycle

Commission e a precaverem os seus interesses. Este conselho é então formado por um presidente de

assembleia independente e apartidário e por três representantes de cada um dos seguintes grupos de

interesse: sector imobiliário; arquitectos e consultores; indústria da construção; produtores de materiais de

construção.

Volvido um ano da sua constituição (1994), esta assembleia apresentou à comissão governamental um

plano que visava uma ampliação das responsabilidades ambientais dos produtores de materiais de

construção, através da constituição de um compromisso voluntário com vista a limitar os impactes

ambientais adversos e promover a redução, a longo prazo, do uso de recursos naturais. De ter em conta

que este plano de acção teve em consideração a necessidade de garantir uma informação diversificada e

credível ao longo de todo o ciclo-de-vida dos materiais, dando elevada importância ao fecho do ciclo, ou

seja, à fase de fim de vida, assim como à partilha de responsabilidades pelos vários intervenientes. De

facto, em contraste com outros sectores de produtos na comunidade, não é possível apontar um único

partido para assumir a responsabilidade do produtor ou impor a responsabilidade de apenas uma parte

desta indústria, tendo em consideração a sua vida longa e a diversificação de proprietários. Como tal, este

modelo devia garantir que os envolvidos ao longo de todo o ciclo se comprometessem a trabalhar em

conjunto e garantir que as suas actividades são adaptadas às necessidades de um sistema fechado e

eficiente.

Tal modelo foi extremamente apoiado tanto a nível governamental como social, tendo sido defendida

a sua implementação como voluntária e sem legislação associada, como modo de sensibilização e

responsabilização da sociedade Sueca. Posto isto, os pontos capitais em que o plano de acção com que o

sector da construção se comprometeu implementar, através das companhias que o representam, podem ser

resumidos do seguinte modo (Kretsloppsradet, 2011):

desenvolver conhecimentos e competências acerca das questões ambientais, recorrendo a campanhas

de sensibilização e marketing, para alastrar a mensagem do propósito deste plano não só para o

sector da construção mas também para um público mais generalizado, assim como a diversas acções

de formação disponibilizadas para os diversos actores do sector;

limitar futuros problemas ambientais, através da formulação de directrizes e listas de verificação

para o uso de projectistas e consultores no auxílio do seu trabalho nas fazes de projecto e

planeamento, onde os aspectos ambientais e de reciclagem são considerados;

elaboração de documento com directrizes para a formulação voluntária de BPDs (Building Product

Declarations), de modo a proporcionar informação dentro do sector (business to business) relevante

para materiais individuais, produtos compostos e sistemas completos. Apesar de se aplicar

31

essencialmente na indústria dos materiais de construção, a informação inerente aos seus produtos é

essencial para a tomada de decisão dos actores da fase de decisão e planeamento;

adaptação dos padrões industriais em função de um sistema de ciclo fechado, ou seja, de modo a

aumentar a quantidade de materiais com base em produtos reciclados é essencial que os hábitos e

documentos do sector industrial, assim como da construção civil, sejam revistos e direccionados

neste propósito, tornando o processo mais simples e automatizado;

identificar resíduos perigosos e classificá-lo na fonte, de maneira a que , ao longo do seu ciclo de

vida, os resíduos de construção e demolição sejam acompanhados com precaução e

eliminados/reciclados de forma segura, tornando o processo de reciclagem mais simples e a

eliminação de resíduos poluentes mais fiável;

certificação de empresas de tratamento de resíduos, a partir da criação de uma legislação que confere

segurança no tratamento ou depósito de resíduos da construção através de requisitos

consideravelmente mais rigorosos sobre estas empresas. O intuito é aliviar as empresas de materiais

de construção, empresas de construção, donos de obra, entre outros, da responsabilidade e dos

obstáculos burocráticos relacionados com este assunto, para além de garantir que os resíduos terão

um fim mais apropriado às suas características, ou seja, depósito em aterro ou o devido tratamento;

reduzir para metade o volume de resíduos de aterro ao incentivar o comércio de produtos de resíduos

e certificando-se de que a maioria dos pontos atrás anunciados seja implementada.

Destes pontos, deve-se realçar o trabalho desenvolvido com a formulação das directrizes para as

declarações dos produtos de construção, que implica um compromisso voluntário como alternativa à

completa legislação e regulamentação detalhada. Deste modo, conseguiu-se, desde 1997, introduzir no

mercado da construção informação mais detalhada acerca dos produtos, existindo inclusive um

regulamento actualizado (2007), que simplifica e assegura a existência de informação essencial à

transparência e fiabilidade das declarações. Para uma melhor compreensão do trabalho desenvolvido por

esta organização no âmbito dos materiais de construção, pode-se consultar no anexo A.3 as directrizes do

Ecocycle Council – BPD3, as respectivas instruções de configuração das declarações de produtos de

construção e ainda a ficha utilizada para a elaboração dessas declarações, apresentado em inglês.

Em suma, esta organização, que se baseia numa cooperação voluntária e de proximidade entre os

vários intervenientes no sector da construção, elaborou uma série de requisitos e metas para melhorias

ambientais plausíveis de serem atingidas sobretudo por serem assentes num simples propósito primordial:

cooperação. Deste modo, constitui-se como a base para o desenvolvimento de várias companhias de

avaliação de materiais de construção, como é o caso das seguidamente anunciadas (Kretsloppsradet,

2011).

32

Byggvarubedömningen (BVB) - Building Material Assessment

Após os problemas levantados em relação à presença de materiais prejudiciais à saúde em alguns

edifícios, como supracitado na introdução a este subcapítulo, os proprietários imobiliários entraram em

alerta face à possibilidade de contraírem elevados prejuízos se algum dos materiais presentes nos seus

imóveis tivesse o mesmo destino. Por essa razão, no início do século XXI, cerca de dez proprietários de

imóveis reconheceram a necessidade de elaborar uma ferramenta simples e expedita para avaliação dos

produtos de construção que os auxiliassem nas escolhas para os seus investimentos. O objectivo é que os

edifícios do futuro sejam construídos utilizando somente os produtos que foram ambientalmente

avaliados e aprovados. Por esta razão, a colaboração de várias empresas resultou num padrão para a

evolução ambiental de produtos de construção, resultando então neste sistema (Byggvarubedömningen,

2011).

Como tal, este sistema tem-se vindo a desenvolver, possuindo já cerca de sete mil produtos na sua

base de dados, através da necessidade de recurso a um dado material por parte dos seus membros. Por

outras palavras, se um dado produto não constar na base de dados, inicia-se um processo de avaliação

com a recolha de informação ao produtor. Porém, os produtores podem igualmente tomar a iniciativa de

avaliar os seus produtos, tendo em conta a grande aceitação do sistema no sector imobiliário. A interacção

entre BVB, membros e produtores destina-se a garantir uma base de dados continuamente actualizada de

produtos relevantes, tornando mais fácil para um empreiteiro viver de acordo com as difíceis estipulações

ambientais impostas pelo poder político (o Parlamento Sueco estipulou o objectivo de reduzir o uso a

produtos químicos perigosos na Suécia a quase zero até 2025) (Byggvarubedömningen, 2011).

Estipulada por uma série de critérios, que podem ser consultados no anexo A.4, a avaliação efectuada

pela BVB consiste na apreciação de sete áreas distintas, avaliadas separadamente, sendo estas:

conteúdo químico (declaração de conteúdo);

materiais introduzidos (matérias-primas);

produção;

distribuição e embalagem;

fase de uso;

resíduos e demolição;

ambiente interior.

Posto isto, a avaliação individual é então ponderada em conjunto dando origem a uma avaliação

global, sendo atribuído a avaliação de Recomendado, Aceite ou A Ser Evitado consoante o cumprimento

das condições apresentadas na Tabela 6.

33

Tabela 6 - Termos de avaliação global do sistema BVB (traduzido de documento em

(Byggvarubedömningen, 2011))

Recomendado Aceite A ser evitado

Todos os termos a seguir indicados

devem ser cumpridos:

todos os critérios de conteúdo

são avaliados Recomendado;

nenhum critério de ciclo de vida

é avaliado A Ser Evitado;

pelo menos 50% dos critérios

relevantes, para o produto

específico, de ciclo de vida são

avaliados Recomendado.

Todos os termos a seguir

indicados devem ser cumpridos:

nenhum critério de

conteúdo é avaliado A Ser

Evitado;

não mais que um critério de

ciclo de vida é avaliado A

Ser Evitado.

Se se verificar qualquer um

dos termos a seguir

indicados:

um ou mais critérios de

conteúdo é avaliado A

Ser Evitado;

dois ou mais critérios de

ciclo de vida são

avaliadas A Ser Evitado.

Deste modo, o utilizador da base de dados ao executar uma pesquisa, se o produto que procura estiver

presente, vai encontrar uma resposta simples a um processo de escolha que usualmente seria bastante

complexo e repleto de incertezas, sendo assegurada por um grupo de administradores do sistema de

elevada fiabilidade e representada na folha do produto como a Fig. 9 expõe, consoante a sua avaliação.

Para além da facilidade de utilização do sistema, deve-se realçar igualmente a interligação que o

sistema BVB possui com outros sistemas, em particular com o sistema BASTA. Este avalia as

propriedades químicas dos produtos, certificando que estes não possuem valores de substâncias nocivas

acima dos valores permitidos pelos seus critérios. De facto, a existência de uma avaliação por parte do

BASTA é incluído como um critério de grande peso no sistema BVB.

Fig. 9 - Representação da nota avaliativa do produto no sistema BVB

(Byggvarubedömningen, 2011)

34

SundaHus

Criada em 1990, com o objectivo de prestar serviços de consultoria orientada para a melhoria das

condições de clima interior, esta companhia é actualmente o sistema independente líder no mercado de

avaliações ambientais e de saúde de produtos da construção e sector imobiliário na Suécia. A razão para

tal foi o desenvolvimento de um banco de dados, desde 2002, que actualmente conta com 184 materiais e

mais de 60 mil produtos, de naturezas diversas, de cerca de 2400 marcas.

Impulsionados pela vontade de transformar o ambiente construído, onde se passou a maior parte do

tempo, em lugares saudáveis e aprazíveis, desenvolveram um sistema de avaliação de materiais e

produtos de construção a partir de uma perspectiva ambiental e de saúde, ao evitar substâncias nocivas

nos materiais, tendo em consideração todos os estágios da sua vida. Com o nome de SundaHus Miljödata,

este sistema oferece vários serviços e funções para todas as fases da construção, contendo inúmeras

vantagens que o permitem posicionar-se como um sistema de valor acrescentado no seu país.

De facto, para além da considerável base de dados referida, este sistema assenta ainda num banco de

dados de substâncias que é actualizado automaticamente após qualquer alteração na sua classificação,

contendo actualmente cerca de 5 mil substâncias, fornecendo uma capacidade de busca alargada,

consistente e a partir de inúmeras informações. Para além disso, o sistema integra ainda informação de

materiais fornecida pela colaboração com uma consultora de construção e infraestruturas (Tyréns

Temaplan).

Quanto às avaliações, estas são baseadas na documentação ministrada pelo fornecedor, as quais são

armazenadas no sistema para visualização permanente, efectuadas sempre com uma abordagem holística,

ou seja, cobrindo todo o ciclo de vida do produto, e assentes em critérios rigorosos fundamentados nos

elaborados pela Agência dos Produtos Químicos sueco PRIO. Os elementos de referência possuem um

controlo automático que verifica todas as actualizações efectuadas nos documentos utilizados para as

avaliações, sendo os documentos desactualizados armazenados como histórico do produto. Posto isto,

pode-se resumir o processo de avaliação da seguinte maneira:

1. recolha de informação - insere-se na base de dados toda a informação existente acerca do

produto, incluindo fichas de segurança, declarações de produtos efectuadas por outras companhias

(como por exemplo da BYKR), operação e manutenção, entre outros. Porém, quando escasseia

alguma informação considerada relevante, os administradores do sistema tomam em consideração

algumas características genéricas presentes num determinado grupo de produtos ou uma regra de “pior

caso”, em que, após pedido de uma dada informação, se esta não for fornecida consideram que o

produto contém a pior substância que sabem poder conter, baseados na experiencia adquirida;

2. armazenamento de dados - devido à variação na apresentação e conteúdo dos dados, extraem

as informações chave e inserem na base de dados de forma padronizada;

35

3. avaliação - a partir da informação armazenada, os riscos ambientais e à saúde dos produtos são

avaliados, de acordo com os critérios de avaliação SundaHus, os quais podem ser consultados no sítio

da internet apresentado no anexo A.5, com recurso a um sistema informático;

4. classificação - efectuada a avaliação, esta é resumida a partir da atribuição de uma classificação

de A a D, sendo A o melhor. Esta classificação é encarada como uma soma das seguintes

propriedades:

materiais incluídos, substâncias e matérias-primas;

perigos à saúde e ambientais relacionados com o material de construção durante as fases de

produção, aplicação e utilização;

demolição e gestão de resíduos;

acesso à documentação e informação.

Posto isto, toda a informação passa então a ser disponível na base de dados do sistema e, após busca,

pode-se visualizar a página específica do produto, conforme o exemplo da Fig. 10 que se encontra em

sueco, pelo que é apenas demonstrativo (SundaHus, 2011) .

Em contactos efectuados com um elemento desta empresa, cujas perguntas e respostas podem ser

visualizadas no anexo A.5, ficou claro que os primeiros anos de existência deste sistema foram muito

difíceis em termos de afirmação no mercado. Contudo, passados 4/5 anos, os seus maiores clientes,

essencialmente agentes imobiliários, começaram a entender como poderiam usar o sistema como uma

ferramenta para gerir os aspectos ambientais nos projectos e para documentar o que se constrói,

começando assim a ganhar aceitação entre os fornecedores, tendo em conta que os donos de obra

começaram a exigir que os seus produtos fossem avaliados.

É portanto claro para esta empresa que um caminho para cimentar a posição de um esquema de

certificação passa por convencer os proprietários que têm algo a ganhar com o uso deste tipo de

Fig. 10 - Página específica do produto na base de dados SundaHus

36

ferramentas. Medidas como a maior facilidade de arrendamento / venda de edifícios com provas dadas de

ser mais “saudável” são maneiras de criar incentivos financeiros aos proprietários, os quais, possuindo o

poder de recusar produtos que não foram avaliados ambientalmente, geram um alerta para os

fornecedores no sentido da transmissão de informação acerca dos seus produtos.

Este tipo de avaliações tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos na Suécia, principalmente entre os

distribuidores de materiais, sendo a procura por parte dos investidores no sector da construção um pouco

mais modesto. Sendo este grupo um dos mais importantes neste sector, considerando o factor económico

como o “motor” de qualquer ramo, considera-se de elevada importância o seu maior envolvimento na

procura por estas ferramentas de avaliação.

De facto, num estudo elaborado em 2008 neste país (Brick et al., 2008), constatou-se que, apesar de

77% dos investidores recorrerem a diferentes ferramentas no seu trabalho ambiental e 81% terem

conhecimento acerca de programas baseados em estudos ACV, apenas 42% é que realmente recorrem a

este tipo de programas.

Contudo, estes investidores demonstraram um elevado interesse no desenvolvimento do seu trabalho a

nível ambiental, com especial atenção a estes programas. Porém, barreiras relacionadas com a falta de

uma maior pressão por parte do poder legislativo, a falta de informação acerca do funcionamento e

manuseamento destes programas, reduzida disponibilidade e fiabilidade da informação dos produtos,

entre outros, são alguns dos factores, identificados por este grupo de actores, que têm vindo a atrasar o

fortalecimento destas ferramentas no sector da construção.

Torna-se então claro que o estabelecimento de diálogo entre as diversas forças de decisão neste sector

é um passo essencial para reforçar cada vez mais a presença destes programas no sector da construção.

2.4 – Conclusões de capítulo

Face à crescente atenção direccionada para as questões ambientais e todos os problemas adjacentes, o

sector da construção tem sido um dos mais pressionados para uma mudança inadiável. Tendo em conta

que é um dos ramos com maior pegada ecológica, e face à crescente exigência por parte dos clientes

acerca deste tema, constatou-se que é essencial possuir uma informação mais detalhada acerca de todo o

ciclo de vida de um edifício, desde a extracção da matéria-prima até ao seu fim de vida.

Sendo os materiais de construção as “peças” fundamentais para a construção, é portanto nestes que se

deve focar grande parte da atenção. Foi com esse propósito que se tem vindo a criar cada vez mais

sistemas de certificação de produtos de construção, tendo já alguns adquirido uma importância e

reconhecimento elevados nos seus países de origem. De facto, os sistemas referenciados neste capítulo

são prova inequívoca de que o seu trabalho pode exercer um papel importante na sustentabilidade do

edificado, mas para tal é necessário um trabalho exaustivo de complementaridade e cooperação entre os

diversos actores, desde o sector privado ao governamental.

37

De facto, sem cooperação o processo de escolha dos materiais nas fases embrionárias de qualquer

projecto continuará extremamente ambíguo e repleto de incertezas de sustentabilidade, já que serão feitas,

muitas vezes, sem as informações correctas e sem ter o ambiente em consideração. É então legítimo

afirmar que o que impede a escolha dos melhores produtos de construção os problemas relativos à falta de

informação e incentivos inerentes ao seu uso.

Face à actual crise mundial que em tão larga escala tem vindo a assolar a indústria da construção, o

recurso a medidas de contenção de custos aliadas a uma evolução do sector deve ser tido em consideração

com particular atenção. Para além disso, as questões ambientais já fazem parte das preocupações do

público em geral, pelo que essa referida evolução no sector passará, como já se tem vindo a observar pela

Europa, por uma mais alargada consciência ambiental. Por essa razão, o tema da reciclagem apresenta-se,

cada vez mais, como um caminho a seguir, não só pelo seu carácter sustentável como também pelos seus

largos benefícios, se encarado a partir da fase de produção dos materiais, inerentes em termos

económicos.

No âmbito geral, a reciclagem e os produtos reciclados, apoiados por um processo de desconstrução

planeado e pensado previamente, devem ser encarados mais atentamente pela indústria da construção,

sendo por isso de grande importância a avaliação dos materiais consoante o seu potencial reciclável e a

divulgação de produtos elaborados com base nesta premissa.

Em suma, no caso de Portugal, onde estes processos ainda se encontram em fase embrionária, pode-

se tirar ilações relevantes da experiência adquirida por estas companhias. Sendo realistas, não existe

nenhuma companhia com a história e meios da BRE, com mais de 90 anos de investigação e estrutura

exemplar, assim como poucas provas se tem dado de coordenação eficaz entre os vários sectores da

construção, como se tem vindo a observar na Suécia. Contudo, tem-se vindo a observar evoluções

relevantes nesse sentido, muito graças ao sistema LiderA que, com um trabalho exaustivo na busca por

um ambiente construído sustentável, na constante tentativa de cooperação com os municípios e na

divulgação e consciencialização do sector acerca da realidade na qual nos inserimos e das hipóteses que

temos ao nosso alcance, deve ser tido em consideração e visto como um exemplo do caminho a seguir de

modo a revitalizar o sector da construção nacional e elevá-lo a um outro patamar.

38

39

3 – Reciclagem e conteúdo reciclável

Neste capítulo, são apresentadas algumas iniciativas que de alguma forma fomentam e contribuem

para o desenvolvimento da reciclagem a nível nacional e internacional.

3.1 – Materiais recicláveis e reciclados

Neste subcapítulo, faz-se uma abordagem ao que será um dos focos da presente dissertação

apresentando uma análise acerca do cenário que envolve o tema da reciclagem e reciclabilidade, tanto a

nível nacional como internacional.

3.1.1 - Resíduos e materiais recicláveis

Como referido, é no processo produtivo dos materiais que o consumo de recursos e as emissões de

poluentes são mais significativos. A reciclagem de produtos aparece então como um meio de prevenção

de impactes ambientais, partindo mesmo do princípio de que um produto facilmente reciclável pode ser

considerado mais “verde” do que um produto “amigo do ambiente” mas não reciclável. De facto, estima-

se que cerca de 50 a 70% da energia consumida na produção de materiais pode ser evitada com o recurso

à reciclagem (Teixeira, 2008).

A reciclagem é um termo genericamente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais

inutilizados beneficiados como matéria-prima para um novo produto. A partir deste conceito, pode-se

afirmar que no sector da construção, devido à elevada heterogeneidade de produtos existentes, a

reciclagem dos materiais é extremamente difícil, mas encontra-se intimamente ligada ao processo de

produção dos materiais e demolição a que se recorre.

Se se tomar como ponto de partida a definição de construção sustentável por C. Kibert, que afirmou

ser a “criação e gestão responsável de um ambiente construído e a construir saudável, de acordo com os

princípios ecológicos e a utilização dos recursos”, constata-se que o percurso para a sustentabilidade neste

sector passa pela premissa de reaproveitamento dos materiais.

Tendo em conta que o ramo da construção é responsável por cerca de 40% dos resíduos produzidos na

Europa (Amaral, et al., 2008), a adopção de medidas que reduzam este valor tem entrado no mapa de

trabalhos de inúmeros países do velho continente. Em Portugal, este sector é também dos maiores

produtores de resíduos, apesar da grande desaceleração verificada nos últimos anos devido à crise de que

tem sido vítima, como pode-se verificar na Tabela 7 e Fig. 11 (I.N.E., 2009).

Os dados apresentados na Tabela 7 em relação ao ano de 2009 são referentes até ao mês de Agosto,

sendo o valor oficial até ao fim desse ano de 3 256 350 toneladas. Retenha-se que de 2008 para 2009 os

resultados demonstraram-se substancialmente inferiores, podendo isso decorrer da entrada em vigor do

DL 46/2008, que será descrito posteriormente, em que se implementaram medidas de maior exigência

quanto ao tratamento de resíduos, originando assim uma fuga dos respectivos agentes evitando a

40

comunicação dos mesmos. Pode ainda ser justificado por uma quebra acentuada da actividade do sector

da construção. Juntando estas situações, pode-se encarar o valor apresentado como menor que o real.

Tabela 7 - Resíduos gerados por actividades económicas (I.N.E., 2009)

Fig. 11 - Estrutura de resíduos gerados por actividades económicas em Portugal 2004 – 2009 (I.N.E., 2009)

No que respeita ao sector dos resíduos, as metas a prosseguir passam pela redução da quantidade

colocada em aterro pelo aumento da valorização dos resíduos produzidos, devendo o esforço incidir cada

vez mais no prolongamento da vida útil dos produtos e na diminuição da perigosidade dos materiais

colocados no mercado visando a consequente redução da quantidade e perigosidade dos resíduos

produzidos (INE, 2010). Apesar da falta de interesse na capacidade reciclável dos RCD comparado com

outros países europeus, como se pode constatar na Fig. 12, algumas mudanças registadas nos últimos anos

já podem ser tidas em consideração como é o facto dos resíduos como plásticos, metais, vidro e papel que

já são largamente recuperados, enquantoque a madeira é principalmente usada como combustível. Porém,

face aos hábitos construtivos no país, a maior parte dos resíduos provém de estruturas de betão armado e

41

alvenaria, sendo nestes tipos de materiais que maior esforço deve ser feito no fim do seu ciclo de vida,

para além dos provenientes da extracção de pedra, sendo que 90% do material extraído são detritos.

Fig. 12 - Taxa de reciclagem de RCD em alguns países europeus (Amaral, et al., 2008)

De enaltecer que os valores apresentados na Fig. 12, decorrem de um trabalho, não fundamentado

cientificamente, assim como os dados da maioria dos relatórios acerca das taxas de reciclagem em grande

parte dos países europeus, são pouco fiáveis tendo em conta a dificuldade de rastreio inerente a estes

resíduos.

Face à quantidade de RCD produzidos e perante a evolução dos estudos referentes à reciclabilidade

dos materiais acima referidos, que provam poder obter rendimentos equivalentes a novos e ao mesmo

tempo uma poupança considerável de matéria-prima e energia incorporada, o tema da reciclagem possui

argumentos suficientes para ser encarado de modo mais sério. Contudo, as questões económicas e a falta

de legislação incentivadora sobrepõem-se a qualquer esforço nesse sentido. A falta de procura e,

consequentemente, de oferta dificulta o desenvolvimento do mercado de materiais reciclados. A grande

causa inerente a este facto prende-se com o elevado peso no custo destes materiais associado à

desmontagem e transporte dos RCD, sendo este de 50% a 60%. É portanto um valor demasiado grande

para poder tornar este mercado mais competitivo e generalizado.

Para contrariar esta realidade, o caminho a percorrer deve passar por uma maior preocupação no

design dos produtos, situação que não é considerada hoje em dia nem pelos produtores nem pelos

projectistas. Para além disso, existe uma ideia generalizada no sector da construção de que Portugal

possui ainda uma considerável reserva de recursos naturais, o que leva a não encararem este assunto com

tanta veemência. É então encarado somente como uma grande preocupação de índole social e ecológica, o

que para a crise ambiental e económica que assola o país actualmente, não é minimamente suficiente

(Santos, et al., 2007).

Por conseguinte, existem alguns requisitos que devem passar a ser intrínsecos ao sector da construção,

em particular na área dos materiais de construção, como é o caso da redução da energia incorporada,

elevada durabilidade, reduzida manutenção, recurso a matérias-primas de origem renovável,

desconstrução, reutilização e, claro, reciclagem. Far-se-á então, de seguida, uma reflexão sobre alguns

destes conceitos e o estado da reciclagem a nível nacional.

42

3.1.2 - Leis nacionais

Existem diversas leis aplicáveis à gestão de resíduos, mas as mais recentes que fazem referência aos

resíduos de construção e demolição são os Decreto – Lei 46/2008 e 73/2011.

O primeiro refere a obrigatoriedade da separação de resíduos de construção ou, quando tal não é

possível, o depósito destes num operador licenciado de modo a executar o processo de separação. Como

tal, e tendo em conta que o preço dos serviços prestados pelos operadores licenciados de resíduos varia

consoante a pureza dos materiais, a demolição selectiva afigura-se, com esta lei, como sendo a opção

mais acertada. Prevê ainda a possibilidade de reutilização de solos e rochas não contendo substâncias

perigosas, derivadas da actividade da construção, noutras obras assim como na de origem, e ainda na

recuperação ambiental, potenciando desta forma a prevenção da produção de resíduos e simultaneamente

a preservação dos recursos naturais utilizados para fins idênticos (I.N.E., 2009). Após a implementação

deste Decreto-Lei, associada à queda de produção no sector da construção de cerca 60% face a 2008,

observou-se um decréscimo significativo na produção de resíduos, sendo importante referir a diminuição

da quantidade encaminhada para eliminação e um acréscimo dos remetidos para operações de

valorização, como pode-se observar na Fig. 13. De referir que a descida destes valores registados pode

estar conotada com a redução das actividades construtivas, desclassificação das terras ou a fuga aos

encargos com o tratamento resíduos, inerente à entrada em vigor do Decreto-Lei 46/2008.

Fig. 13 – Resíduos não urbanos recolhidos por operação de gestão (INE, 2010)

Contudo, os encargos adjacentes à desconstrução variam consideravelmente com o local e as

condições da obra, apesar de todos os benefícios ambientais referidos, principalmente o preço de mão-de-

obra, o valor da taxa de depósito, os equipamentos disponíveis e o preço de marcado para venda dos

materiais recuperados, para além do incremento de tempo comparado com uma demolição convencional

(Coelho, et al., 2010) .

43

Apesar de todos estes inconvenientes, foi mais recentemente aprovado o Decreto – Lei nº 73/2011, de

17 de Junho, onde, entre outras medidas de carácter ambiental, “prevê-se a aprovação de programas de

prevenção e estabelecem-se metas de reutilização, reciclagem e outras formas de valorização material de

resíduos a cumprir até 2020” (Diário da República Portuguesa, 2011). De salientar ainda a introdução de

uma medida que prevê o recurso a no mínimo 5% de materiais reciclados em obras públicas assim como a

simplificação de processos de licenciamento, gestão e transporte de resíduos (Diário da República

Portuguesa, 2011).

Estas medidas, apesar do cepticismo nacional relacionado com a falta de fiscalização e de interesse no

seio de grande parte do sector da construção, podem ser encaradas como mais um passo para o incentivo à

valorização dos materiais em fim de vida e todos os processos inerentes, perspectivando

desenvolvimentos mais significativos num futuro próximo.

3.1.3 - Aproveitar os materiais e a importância da desconstrução

Para uma melhor utilização dos materiais, os projectos devem ter à partida em consideração a fase de

fim de vida do edifício (p.e. através de um plano de desconstrução), de maneira a contribuir para o

aumento da quantidade de materiais tanto reutilizáveis como dos triados para reciclagem, bem como para

a redução de resíduos levados a aterro ou vazadouro.

Desconstrução é o processo de desmantelamento selectivo de um edifício ou estrutura, removendo

diversos materiais antes do processo de demolição com o intuito de recuperar alguns deles, promovendo a

sua reutilização ou reciclagem. Este conceito surgiu a partir do crescimento das preocupações inerentes ao

aumento significativo de demolições e consequentes deposições dos resíduos em aterros a céu aberto,

muitas vezes ilegais. De facto, esta situação veio originar, para além da ocupação indevida do solo, um

acréscimo de gastos energéticos associados ao transporte dos resíduos de construção e demolição (RCD)

para fora dos centros urbanos (Couto, et al., 2007).

Como tal, a desconstrução a par da reabilitação são conceitos que se devem aplicar na busca pela

sustentabilidade na construção, tendo em conta que promovem a valorização dos recursos existentes,

diminuindo a necessidade de recorrer a matéria-prima e, consequentemente, o seu processo de transporte

e transformação. Contudo, como é prática recorrente em Portugal, tudo o que envolva sustentabilidade é

ainda de difícil aceitação por parte dos intervenientes do sector da construção, sendo por isso necessária

uma divulgação e promoção de regras e regulamentos que incentivem estes processos, especialmente

entre os projectistas, donos de obra e construtoras.

Segundo Hagen, citado por (Couto, et al., 2007), o processo de desconstrução possui uma série de

vantagens que suportam o seu recurso:

reutilização e reciclagem de materiais;

fomento de um novo mercado – os materiais recuperados através de desconstrução têm valor

superior aos provenientes da demolição devido ao cuidado tido ao longo do processo, podendo ser

posteriormente reintroduzidos no mercado;

44

benefícios ambientais – redução da quantidade de RCD despejados em aterro, de energia e poluição

inerentes às diversas fases de vida de um material novo;

criação de emprego – acréscimo de trabalho necessário a este processo face à demolição.

É portanto plausível dizer-se que este processo, para além de todas as outras vantagens acima

enunciadas, é intrínseco ao conceito de reciclagem. Para fomentar este mercado e as práticas intrínsecas, é

vital que se programe antecipadamente o fecho do ciclo de vida dos materiais, tomando medidas na fase

de produção e/ou de projecto com o intuito de oferecer diversas opções aos materiais em fim de vida,

como exemplificado na Fig. 14. Como exemplo, pode-se enunciar as seguintes medidas (Couto, et al.,

2007):

escolha de materiais reciclados – o aumento do uso destes materiais, e o consequente

desenvolvimento do seu mercado, será um factor de encorajamento tanto para a indústria como para

o Governo, no sentido da inovação e criação de apoios mais atractivos à sua utilização;

diminuição da quantidade de materiais e componentes diferentes – simplifica a organização do

processo de desconstrução e aumenta o seu potencial reciclável, tendo em conta o atractivo

comercial inerente ao incremento da quantidade de material a ser reciclado de itens iguais /

similares;

evitar uso de materiais tóxicos / perigosos à saúde – diminui riscos de contaminação de materiais

agregados e o perigo para a saúde humana durante o processo de separação;

organização do desmantelamento consoante o tipo e constituição do material – evita contaminação

de grandes quantidades de um dado material por outro impossível de ser desagregado;

evitar acabamentos sempre que possível e recurso a conectores mecânicos – facilita o processo de

reciclagem, evitando igualmente a contaminação do material reciclável;

identificação dos materiais recicláveis – devido à dificuldade de distinção de certos materiais (p.e.

plásticos), ao serem identificados facilita a organização do processo de desmantelamento futuro;

recurso a conectores químicos mais frágeis do que os materiais – asseguram um desmantelamento

mais simples e facilidade na sua remoção.

45

Fig. 14 - Cenários para a reutilização de materiais no ambiente construído (traduzido de Schultmann et al.,

(2007))

Os vários conceitos e ideias inerentes à desconstrução podem ser encontrados na tabela do anexo A.6,

onde estão presentes várias medidas a ter em conta para a reciclabilidade dos materiais.

Projectar para desmontar

A indústria da construção é caracterizada por uma elevada heterogeneidade e quantidade de materiais

e resíduos de construção e demolição, como se pode constatar nos exemplos apresentados no anexo A.7.

Como tal, para tornar o sector mais sustentável, toda a logística inerente ao processo reversivo dos

materiais deve ser tida em conta desde os primórdios de cada produto.

Produtos passíveis de serem reutilizados ou reciclados devem conter informação anexa que auxilie o

planeamento, implementação, controlo de eficiência de qualidade e custo da matéria-prima, informação

de todo o seu ciclo de vida, entre outros, com o intuito de maximizar o seu potencial de revalorização ou

deposição apropriada.

Como se pode observar na Fig. 15, para além de uma variedade alargada de materiais e fases de vida

inerentes, o sector da construção possui uma cadeia de procedimentos e intervenientes extremamente

complexa, que justificam um esforço no correcto planeamento de todas as fases da vida de um produto de

construção (Schultmann, et al., 2007).

46

Fig. 15 - Cadeia de fornecimento de materiais na construção (traduzido de Schultmann et al., (2007))

Foi face a estas razões que o termo “Design for disassembly” (projectar para desmontar) foi ganhando

força no movimento pela construção sustentável. Pode ser definido como o método de desenvolver um

edifício / produto de um modo que permita a sua desconstrução e reutilização / reciclagem. É portanto

uma acção essencial para alcançar os objectivos inerentes à redução de energia e recursos, assim como de

RCD. De facto, em diversos países europeus, maioritariamente no Norte, as taxas aplicadas à produção de

resíduos e de materiais virgens têm vindo a aumentar consideravelmente, pelo que se tem vindo a dar

elevada atenção a este conceito.

Na verdade, a preocupação com a redução de resíduos e a utilização de materiais primários nestes

países não vem apenas dos impostos aplicados, mas também do incremento do peso da opinião pública

em relação às questões ambientais no sector imobiliário.

Em suma, para tornar a desconstrução mais atractiva, tanto económica como processualmente, o

desenvolvimento, em fases embrionárias, de edifícios / materiais de construção devem ter em

consideração um fácil desmantelamento, com o propósito de tornar o sector mais sustentável.

3.1.4 - Recurso a agregados reciclados na perspectiva dos tomadores de decisões

O recurso a materiais de construção reciclados começou a ser divulgado no âmbito dos agregados para

betão. De facto, este tema tem vindo a ser alvo de diversos estudos por todo o mundo, mas o cepticismo e

a falta de informação das suas potencialidades, essencialmente por parte dos projectistas, tem dificultado

a entrada em maior força no mercado da construção.

Para além da influência dos projectistas no recurso a estes materiais reciclados, Knoeri et al., (2011),

através de um inquérito de aferição dos critérios afectos aos tomadores de decisão ao longo de toda a

47

cadeia da fase de projecto, conseguiram chegar a diversas conclusões que sustentam esta situação. Este

estudo foi elaborado na Suíça, tirando partido das diferenças culturais entre cantões (francês e alemão),

assim como da distribuição rural / urbana, do tipo de investimento na construção e, principalmente, da

distinção entre engenharia estrutural e civil. Deste modo, conseguiram demonstrar a existência de

diferentes critérios que contribuem para a tomada de decisões e perceber quão racionais são estas decisões

e os comportamentos dos intervenientes no processo de construção.

Fazendo um resumo das conclusões alcançadas pelos autores deste estudo, pode-se enumerar algumas

que se consideram mais preponderantes para entender o comportamento dos agentes no sector da

construção, em relação ao uso de materiais com conteúdos reciclados (Knoeri, et al., 2011):

especificar construção sustentável não é equivalente a recomendar o uso de materiais de construção

com agregados reciclados – as autoridades com poder de decisão associam ainda o conceito de

construção sustentável primeiramente às questões energéticas dos edifícios, devido a ter vindo a ser

o tema central da sustentabilidade na construção ao longo das últimas décadas. Além disso, sendo os

engenheiros estruturais responsáveis pela integridade estática das construções, estes são ainda muito

relutantes quanto à adopção de novas tecnologias , face aos prejuízos que possam advir dos riscos

inerentes a essa decisão;

relevância do critério de decisão – papel dos engenheiros: a sua opinião é amplamente influenciável

no processo de escolha dos materiais, sendo esta muito sustentada pelas leis vigentes, experiência e

considerações económicas; considerações económicas: como referenciado atrás, as questões

económicas aliadas à construção sustentável reflectem-se não na escolha dos materiais mas na

perspectiva de poupanças energéticas, preferindo portanto recorrer a técnicas que assegurem um

período de “payback” mais curto; descrença nos materiais reciclados: o conhecimento e

expectativas acerca da performance técnica das opções são dos critérios mais importantes para os

responsáveis pelas decisões na engenharia estrutural. Sendo esta informação ainda associada a

grandes incertezas, as barreiras para um uso mais generalizado de produtos reciclados são ainda

muito elevadas;

diferenças nos sectores da construção: existe entre a engenharia estrutural (EE) e a civil (EC) uma

grande discrepância quanto ao uso de agregados oriundos dos resíduos de construção (AR). Para

além do referido em cima, na EC já existem diversos casos de recurso a estes materiais, pelo que a

sua divulgação e aceitação é mais fácil, ao contrário de na EE em que são raras as aplicações que

reúnem um apoio considerável;

recomendações: informação e educação dos especialistas de construção e ainda rotulagem dos

produtos são os dois pontos que podem alavancar a aplicação de AR. De facto, se, por exemplo, os

projectistas estruturais, que possuem larga influência nas decisões dos materiais usados, tivessem

maior “educação ambiental” em relação a estes produtos, o seu recurso passaria a ser mais

generalizado, podendo até ser incluído no curriculum universitário para a mudança de mentalidade

de futuros profissionais. Para além disso, as novas leis e normas deveriam ser amplamente

divulgadas, desde os projectistas aos investidores. Por outro lado, sendo este mais coincidente com o

48

tema desta tese, o recurso e divulgação de rótulos ambientais são tidos como uma medida com larga

aceitação pelos agentes decisores.

Em suma, pode-se constatar que são variadas as barreiras para aumento do recurso de elementos

reciclados no sector da construção, mas, com algumas medidas chave e uma divulgação sustentada das

vantagens inerentes, este sector poderá observar uma mudança importante na sua evolução.

3.1.5 - Projectos que fomentaram a utilização de materiais reciclados

Em Portugal os exemplos de grandes obras com recurso a materiais reciclados ainda se podem

considerar escassos, porém já se podem enumerar alguns projectistas nacionais que tiveram em conta o

tema reciclagem / reutilização nos seus trabalhos.

Existem exemplos de reaproveitamento de estádios, como os de Alvalade, Luz e Antas, mas quanto

aos trabalhos de demolição e triagem de resíduos, destacando-se, quanto a este último ponto, o antigo

estádio das Antas. Efectivamente, durante os trabalhos de demolição deste estádio, os resíduos iam sendo

devidamente catalogados e transportados para os respectivos locais de reciclagem. Os RCD mais

significativos foram o betão e pedra, aço e ferro, plásticos, madeiras e poliestireno expandido. De realçar

que no caso do betão e pedra, após o processo de reciclagem, estes serviram para o aterro de

“solocimento” na obra do Dolce Vita Porto, encerrando o ciclo deste material (Amorim, 2006). Na

realidade, esta é das técnicas com recurso a materiais reciclados a que mais se recorre em Portugal, tendo

sido aplicados, por exemplo, agregados reciclados em bases de pavimentos, bases e sub-bases na

construção da EXPO’98, para além do mobiliário urbano constituído maioritariamente por resíduos

reciclados, dos novos estádios do Sporting e do Benfica e na renovação das pistas do aeródromo de

Monte Real (Lourenço, 2007).

Para além dos projectos e trabalhos atrás referidos, deve-se realçar ainda o projecto do novo estádio

do Dragão, do arquitecto Manuel Salgado, que é reconhecido, e várias distinguido, como um exemplo de

sustentabilidade, premissa em que se baseou desde início. Tal deve-se à eficiente gestão de resíduos que

recorre à sensibilização para questões ambientais dos adeptos, redução do consumo de energia, aumento

das taxas de reciclagem e diminuição na quantidade de resíduos produzidos.

Como se pode verificar, os projectos existentes no país que recorrem a materiais reciclados ou à

reutilização de materiais são ainda muito escassos, contudo, com a desmistificação da ideia de falta de

qualidade inerentes a estes produtos e, consequentemente, com o aumento da sua utilização, em

comunhão com as mudanças nas leis nacionais, pode-se afirmar que o caminho ainda é longo mas já se

vislumbram progressos consideráveis.

3.2 – Exemplos de sistemas

Tem-se vindo a observar um acréscimo considerável de estudos, sistemas e empresas que se centram

na premissa pelo desenvolvimento do mercado da reciclagem, sendo importante a sua divulgação e o

conhecimento do trabalho por estes desenvolvido.

49

3.2.1 - Centrais de reciclagem de resíduos de construção e demolição (SGR

ambiente)

Com a evolução das leis nacionais relativamente à gestão de RCD, das orientações europeias para o

desenvolvimento da gestão dos resíduos e diminuição do impacte ambiental, e ainda perante o

agravamento dos custos associados ao depósito em aterro, tem-se vindo a observar uma expansão deste

mercado em Portugal, como se pode observar na Fig. 16. No anexo A.8, encontra-se ainda uma lista de

operadores de gestão de RCD e o índice do restante documento, onde se pode averiguar os restantes

grupos de operadores apresentados nesta listagem, a qual pode ser visualizada na íntegra na hiperligação

apresentada na referência (Grácio, 2008).

Fig. 16 - Progressão do número de operadores legais de RCD em Portugal até 2008 (Grácio, 2008)

De referir que os dados da Fig. 17 são apenas referentes ao ano de 2008 tendo em conta a inexistência

de dados mais actualizados.

Um exemplo extremamente completo da gestão de resíduos, em que a base do negócio é a premissa

pela produção de zero resíduos para aterro, é a SGR - Sociedade Gestora de Resíduos, S.A.. Esta empresa

iniciou a sua actividade em 2006, com o objectivo de oferecer uma gestão global dos resíduos, sendo as

principais áreas de negócio a produção de Combustível Derivado de Resíduos (CDR) e toda a gestão e

logística associada aos RCD. A empresa que gere estes negócios é a SGR Ambiente, fazendo esta parte

do grupo SGR,SGPS - S.A., que em termos gerais agrupa várias empresas de tratamento de resíduos não

urbanos. Estas empresas estão todas situadas nos Parques de Ecologia Industrial (PEI) pertencentes ao

grupo (Seixal, Leiria e Maia) e no que respeita à gestão de resíduos os fluxos internos existentes entre as

várias empresas que constituem o grupo, pode ser resumida pelo fluxograma apresentado na Fig. 17.

50

Fig. 17 - Fluxos internos de resíduos entre as empresas dos Pei (Godinho, 2011)

É, então, nestes PEI que se processam todas as fases inerentes à unidade de triagem dos RCD, sendo

que este procedimento possui 6 principais sectores de actuação (Godinho, 2011):

recepção dos resíduos;

triagem dos resíduos;

expedição dos resíduos triados;

critérios de aceitação das fileiras triadas;

recolha e gestão de amostras laboratoriais;

controlo da produção e da conformidade.

De maneira a não estender a explicação de cada um dos pontos anteriores, pode-se resumir todo o

processo de laboração da unidade de triagem de RCD, desde a recolha da “matéria-prima” até ao

despacho dos agregados inertes produzidos, a partir do fluxograma da Fig. , suportando a fase de triagem

com o layout da unidade mecânica da Fig. (SGRambiente, 2011), presentes no anexo A.9.

Na fase de inspecção e classificação da carga, esta é caracterizada principalmente pelo seu conteúdo

misto ou individualizado, ou seja, se contém vários tipos de materiais ou se foi feita, à priori, uma recolha

selectiva, sendo, neste caso, menos oneroso o preço inerente ao depósito da carga.

Posto isto, os produtos finais têm diversos fins, podendo-se destacar o trabalho efectuado pela

Extruplás, que a partir dos resíduos plásticos seleccionados, após trituração, recorrendo a vários tipos de

moldes produz uma vasta gama de mobiliário urbano. Nas figuras 19 e 20, pode-se visualizar este

processo que decorre no PEI do Seixal.

51

Fig. 18 - Processo de trituração

Fig. 19 - Resultado final da trituração e moldagem do produto final (canto inferior direito da imagem)

Para além disso, a produção de CDR é igualmente de elevada importância devido à quantidade já

produzida anualmente pela empresa (Seixal – 60 000 Ton/ano; Maia – 40 000 Ton/ano) (Godinho, 2011).

Devido ao seu elevado poder calorífico (20 000 – 25 000 kJ/Kg) e origem, este produto acarreta grandes

benefícios, como (Godinho, 2011):

valorização de resíduos e utilização de recursos endógenos de modo a minimizar a quantidade de

resíduos em aterro;

potencia a redução de emissões de gases com efeito de estufa;

promove o desenvolvimento de técnicas de I&D.

Por essa razão, a empresa possui diversos colaboradores que recorrem a este CDR para as suas

unidades industriais, como é o caso da cimenteira da Secil.

Concluindo, este grupo empresarial é um exemplo da amplitude que o mercado da gestão de resíduos

não urbanos possui, demonstrando a importância de existir uma correlação sustentada de fluxos. Por

outras palavras, na gestão de RCD, assim como nos diversos sectores da construção, uma conexão bem

estruturada entre agentes simplifica exponencialmente a valorização de materiais e o fecho do seu ciclo de

vida.

52

3.2.2 - Rematerialise

Este sítio da internet é uma das mais completas bases de dados de materiais reciclados existentes

actualmente, dando a conhecer uma vasta panóplia de produtos com vantagens tanto económicas como

ambientais. Desenvolvido com o apoio da Universidade de Kingston, a pesquisa foi iniciada em 1994 por

Jakki Delm, mestrada em design, com o objectivo primário de explorar novos materiais feitos a partir de

resíduos e como os utilizar em novos produtos.

Devido ao carácter vanguardista da sua pesquisa, esta investigadora ganhou uma bolsa que permitiu

elevar o seu estudo a outro nível, através de diversas entrevistas a fabricantes de materiais, gestores de

resíduos e até mesmo membros do Governo pela Europa, Ásia e EUA. Deste modo, teve a possibilidade

de compreender mais aprofundadamente o desenvolvimento sustentável desses novos materiais e as

preocupações ambientais inerentes ao processo de design. O resultado deste estudo foi a elaboração de

uma vasta biblioteca de materiais reciclados ou de baixo impacte, sendo então o suporte para a base de

dados online, possuindo já mais de 1200 materiais deste género. De facto, o propósito deste projecto é

compilar e manter uma colecção versátil de materiais que, com as suas características ambientalmente

responsáveis, sejam alternativas viáveis e consistentes a outros mais tradicionais (Rematerialise, 2002).

Assim, esta biblioteca contém uma colecção crescente de materiais que usam menos recursos não

renováveis com alto teor de reciclados, que são facilmente renováveis e que tenham sido previamente

negligenciados ou subutilizados. De salientar que todos estes materiais se encontram em produção, tendo

o seu desenvolvimento e crescimento no mercado acarretado a criação de novas oportunidades de

emprego e, por sua vez, apoiado diversas comunidades locais. Apesar do desejo de promoção dos

materiais mais sustentáveis, este projecto tenta sempre manter-se fiel à crença de que cada escolha que

fazem é, antes de mais, uma alternativa menos prejudicial para o ambiente e não somente mais um

produto verde.

Apesar do considerável número de produtos que a Rematerialise já possui na sua base de dados de

acesso livre, esta está extremamente bem organizada, facilitando a pesquisa, como se pode ver na Fig. 20,

fornecendo uma breve descrição do produto e a informação acerca do produtor para um conhecimento

mais aprofundado do mesmo.

53

Fig. 20 - Base de dados Rematerialise (Rematerialise, 2002)

3.2.3 - MOR Online

Esta plataforma de gestão, criada no ano de 2010, foi a primeira a ser licenciada no âmbito do

Mercado Organizado de Resíduos (MOR) cujo propósito é suportar a negociação de resíduos e processos

inerentes, a partir de plataformas electrónicas. O MOR nasceu com a necessidade de (MOR, 2012):

facilitar e promover as trocas comerciais de diversos tipos de resíduos;

potenciar a valorização e reintrodução de resíduos no circuito económico;

diminuir a procura de matérias-primas virgens;

promover simbioses industriais, contribuindo para a modernização tecnológica, em particular dos

produtores de resíduos.

Como tal, esta plataforma terá uma importância considerável no desenvolvimento do mercado de RCD, já

que facilita o trabalho dos operadores de gestão de resíduos, valoriza e promove a utilização de materiais

processados a partir de RCD e promove uma maior transparência ao sector, regulando as actividades e

dificultando práticas ilegais.

Foi então com esta vontade de revolucionar o mercado de resíduos nacional que a Sociedade Ponto

Verde, a Ambigroup, a ACAP e a Seminv criaram uma sociedade anónima com o objectivo de gerir o

MOR online, baseando-se na vasta experiencia de cada uma na respectiva área de gestão de resíduos. Esta

plataforma electrónica pode-se caracterizar assim como um mediador entre a oferta e a procura de

resíduos, garantindo toda a segurança e transparência que a comercialização destes materiais deve

possuir.

54

Em suma, esta plataforma é mais um exemplo da importância da colaboração sustentada entre várias

entidades e, acima de tudo, da crescente importância dos meios tecnológicos para desenvolver o mercado

dos resíduos e até mesmo da construção.

3.2.4 - Matrec

MATREC (Material Recycling) foi a primeira base de dados gratuita exclusivamente dedicada aos

materiais reciclados e sua utilização na área da indústria e design. A ideia partiu do arquitecto italiano

Marco Capellini (Capellini | design & consulting) dando origem em 2002 a um portal online, em

colaboração com um consórcio de 3 empresas de gestão de resíduos italiana (CiAl – alumínio; Comilco –

papel e cartão; CoRePla – Plásticos), tendo sofrido uma mutação de formato, até ao existente

actualmente, em 2006.

Ao longo dos últimos anos, este projecto tem vindo a associar diversas empresas da área da

reciclagem, podendo actualmente ser considerada como uma base muito importante para empresas,

profissionais, designers, universidades, entre outros, que pretendam encontrar soluções e informações

necessárias para desenvolver produtos de reduzido impacto ambiental. De facto, os visitantes do seu site

(www.matrec.it) podem encontrar informação acerca dos temas mais importantes acerca do eco-design,

eco-sustentabilidade e vários materiais obtidos a partir da reciclagem, estando estes divididos em

categorias onde se encontra a sua composição, características técnicas, aplicações e detalhes do fabricante

(Luce, 2012).

Para além do contínuo progresso da base de dados, a Matrec apresentou, em 2008, o seu primeiro

centro de eco-design sediado no Parque da Ciência e Tecnologia de Évora, surgindo deste modo um

marco na investigação ecológica em Portugal. Este projecto veio para Portugal por via do projecto

Remade Portugal (www.remadeinportugal.pt), que, apesar de também visar criar novos produtos a partir

de materiais obtidos através da reciclagem, apenas promove a utilização desses novos materiais na

produção de peças de design industrial (cyberjornal, 2012).

Em suma, este projecto, ao possuir uma completa base de dados e um centro de investigação, é uma

das mais importantes referências no desenvolvimento do mercado da reciclagem, sendo disso prova a sua

vasta presença a nível mundial, como se comprova na Fig. 22.

Fig. 21- Rede MATREC

55

3.2.5 - Recovinyl

Criado em 2003, este programa nasceu com o intuito de atribuir incentivos financeiros para apoiar a

reciclagem de resíduos de PVC a partir de fluxos de PVC não regulamentados. Nasceu no âmbito da

organização Vinyl 2010, entidade jurídica instituída para fornecer a infra-estrutura organizacional e

financeira que gerência e monitoriza a implementação do Compromisso Voluntário da Indústria Europeia

de PVC (tradução de “Voluntary Commitment of the European PVC Industry”). Esta organização centra-

se num plano de 10 anos com o intuito de colocar a indústria do PVC na vanguarda da sustentabilidade,

minimizando o impacte ambiental da produção de PVC, promover o uso responsável de aditivos, apoiar

programas de recolha e reciclagem e incentivar o diálogo social entre todos os intervenientes da indústria

(Vinyl, 2010).

Actualmente implementado por toda a UE-27, mas com maior presença num número mais reduzido

destes, este programa tem vindo a ser um sucesso quanto à recolha de resíduos plásticos e sua reciclagem,

como se pode ver nas figuras 23 e 24.

Fig. 22 - Resíduos de PVC Pós-consumo Reciclados (Vinyl2010)

Fig. 23 - Volumes reciclados registados no Recovinil por país em 2010 (Vinyl2010)

56

Este aumento substancial de resíduos recolhidos é fruto dos benefícios financeiros atribuídos pelo

Recovinyl, que torna a reciclagem mais atractiva e proporciona que qualquer empresa de recolha /

reciclagem de resíduos possa usufruir dos mesmos.

Contudo, o apoio da Recovinyl transcende o mero pagamento de subsídios, envolvendo-se em todas

as fases da reciclagem de PVC através do apoio com o vasto know-how que possuem. Assim, este

programa permite às empresas reduzir os custos e aumentar o lucro através de ganhos adicionais, a partir

de incentivos que escasseiam por parte do poder político (Vinyl2010, 2011). Como tal, em Portugal

existem oito empresas de reciclagem certificadas com acordo com este programa, podendo-se encontrá-

las na página http://www.recovinyl.com/certified_recyclers .

Face ao impacte positivo alcançado por este programa, e após o término do prazo de implementação

do plano Vinyl 2010, iniciou-se outro recentemente com o mesmo nome mas inserido num novo projecto

– Vinyl Plus. Este terá como base o seu antecessor, mas focar-se-á na estimulação da utilização do PVC

reciclado na produção de novos materiais, sendo a gama de produtos consideravelmente alargada. Para

mais informação acerca do trajecto e objectivos deste projecto, pode-se visitar o sítio

http://www.vinylplus.eu/ .

Em suma, este tipo de iniciativas, e em particular os resultados associados, demonstram “aquilo que se

pode conseguir quando uma indústria inteira se une partilhando uma visão clara de longo prazo, fortes

compromissos e uma vontade de fazer tudo o que seja necessário para ter sucesso” (Arjen Sevenster –

Tesoureiro do Vinyl 2010). É, sem dúvida, um projecto que serve como exemplo de boas práticas

ambientais.

3.2.6 - RECYHOUSE

Perante a realidade em que o sector da construção, entre outros sectores, se encontra, situação que tem

vindo a ser abordada ao longo deste trabalho, é já quase senso comum a necessidade de mudança de

paradigmas, principalmente na redução da produção de resíduos e a sua consequente integração em novos

materiais. Como tal, é já quase uma certeza que o mercado dos materiais reciclados irá crescer num futuro

não muito longínquo, sendo que o seu maior entrave actualmente é a falta de informação, gerando um

clima de desconfiança por parte dos decisores na sua utilização. Somente após demonstrações práticas de

quais os materiais capazes de evidenciar segurança na sua utilização e a sua permanência no mercado a

preços mais competitivos é que poderão ganhar uma presença mais considerável no sector.

Perante estes factos, a BBRI (Belgian Building Research Institute), com o apoio da Comissão

Europeia, elaborou o projecto Recyhouse, no qual integrou uma panóplia de novos materiais reciclados,

elaborados tanto a partir de RCD como de resíduos industriais com outras origens, na construção de uma

habitação. No fundo, o objectivo deste projecto é demonstrar a fiabilidade de um edifício construído

quase inteiramente com recurso a materiais reciclados, satisfazendo os requisitos de uma estrutura

moderna sem pôr em causa a performance final nem tornando-a mais onerosa. Por outras palavras, é uma

57

amostra dos vários materiais reciclados presentes no mercado europeu com o intuito de demonstrar aos

decisores do sector todas as opções que possuem (BBRI, 2001).

Além disso, tendo este projecto passado por todas as fases de planeamento de um edifício novo, tudo

foi pensado de modo a facilitar substituições de materiais, removendo-os sem pôr em causa a sua

estrutura. Deste modo, aumentou-se consideravelmente a quantidade de materiais usados e testados. A

escolha dos materiais foi baseada na máxima percentagem de resíduos, tendo sido efectuados mais de

1000 contactos na primeira fase de selecção. Destes, apenas 150 foram integrados no edifício, sendo que

o processo de selecção continuou em aberto para integração de novos materiais, durante o período de

estudo, que surgissem no mercado ou que tivessem melhores resultados (BBRI, 2001). Todos os produtos

escolhidos foram catalogados, podendo ser encontrados numa base de dados no sítio do projecto

(www.recyhouse.be), onde se encontra igualmente uma breve descrição elaborada a partir de informações

fornecidas pelo fabricante e alguns testes elaborados pela BBRI.

Por conseguinte, este projecto é um ponto de partida para uma mudança no modo de encarar os

produtos de construção reciclados, tendo em conta que a informação inerente, assim como as suas

performances após aplicação, tendem a ser cada vez mais fundamentadas e devidamente catalogadas.

3.2.7 - Certificação ambiental de sistemas e produtos com conteúdos reciclados

Como referido neste trabalho, a crescente ênfase atribuída à sustentabilidade, em particular associada

à construção, tem originado uma maior procura pela rotulagem ambiental por parte das empresas

produtoras. Como tal, e de modo a transmitir confiança e credibilidade aos produtos rotulados, foram

criadas várias entidades certificadoras que avaliam, entre outras características, o conteúdo reciclado dos

produtos.

Na verdade, as empresas certificadoras mais conceituadas encontram-se sedeadas nos E.U.A., facto

que se deve essencialmente a questões de marketing e à crescente procura das entidades estatais pela

certificação dos produtos locais. Para além disso, os produtos certificados possuem vantagem sobre os

restantes aquando de uma avaliação efectuada pelo sistema LEED (sistema de certificação ambiental de

edifícios), tendo em conta que lhes são atribuídos pontos extra nos critérios associados aos materiais de

construção, consoante a percentagem de material reciclado que o edifício em causa possua (CROSSVILE,

s.i.). Tendo em conta que este sistema possui amplo reconhecimento no país, torna-se uma mais-valia

para o produto a sua certificação num sentido de diferenciação perante a concorrência.

Como tal, centrando-se estas entidades na certificação de um só parâmetro e sendo considerada uma

auto-declaração, a norma que serve de base para estas avaliações é a ISO 14021:1999 (rotulagem

ambiental do tipo II), sendo igualmente sustentadas pelas respectivas normas nacionais. Nestas normas,

encontram-se todas as definições necessárias a uma correcta e concisa avaliação, sendo que para a

avaliação do conteúdo reciclado as mais importantes são (Palerm, 2000):

material pré-consumidor - material desviado do fluxo de resíduos durante o processo de fabrico,

excepto reutilização de materiais, tais como os resíduos sujeitos a retrituração, remodelagem ou a

58

sucata, gerados num determinado processo e passíveis de serem recuperados no âmbito do mesmo

processo que lhes deu origem;

material pós-consumidor - material gerado por agregados familiares ou por instalações comerciais,

industriais e institucionais, no seu papel de utilizadores finais de bens ou serviços, que já não pode

ser utilizado com o seu objectivo inicial, incluindo material devolvido proveniente da cadeia de

distribuição.

A informação referente à quantidade, em percentagem, deste tipo de materiais deve constar sempre na

informação que o acompanha, expressa a partir da simbologia constante na figura seguinte.

Fig. 24 Representação internacional do conteúdo reciclado de um produto (imagem da web)

A maioria destas certificações diferencia as quantidades de cada género de material reciclado, segundo

as definições acima transcritas, como é o caso, por exemplo, das elaboradas por:

Green Circle Certified (www.greencirclecertified.com);

SCS – Scientific Certification Systems ( www.scscertified.com).

Em Portugal, também já existem exemplos deste género de classificação, como é o caso da elaborada

pela PEFC ( Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes ), organização mundial que

promove a gestão florestal sustentável através da certificação florestal e rotulagem de produtos de base

florestal. Como tal, a PEFC Portugal elabora os seus certificados com o intuito de fornecer informação

precisa e verificável sobre o conteúdo de matéria-prima com origem em florestas com gestão florestal ou

material reciclado de produtos elaborados com madeira de florestas certificadas (PEFC, 2010). Para uma

melhor percepção do trabalho elaborado por esta entidade, pode-se consultar o seu sítio na internet

(http://www.pefc.pt/) onde se encontra também a sua norma internacional pela qual regem as suas

certificações.

3.2.8 – Sistema 4rs.pt

A denominação 4Rs nasceu da anexação das iniciais dos conceitos que alicerçam o objectivo desta

iniciativa, como se observa na Fig. 25: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recuperar. Criado a partir da

sinergia entre 3 parceiros que se complementam quanto ao propósito deste sistema, a 4Rs procura

encontrar soluções para o mercado da construção que possibilite a redução da procura por recursos

naturais, essencialmente não renováveis, a partir do incentivo à reutilização de sistemas e produtos,

reciclagem de materiais e recuperação da energia incorporada no ambiente construído (4Rs, 2011).

59

Fig. 25 - Conceito 4Rs (4Rs, 2011)

Para isso, contribui com a publicação de um catálogo online onde disponibilizam informação acerca

da procura pela sustentabilidade dos produtos e serviços existentes no mercado nacional, sendo que cada

interveniente possui um papel essencial e coincidente com a experiência e área de trabalho (4Rs, 2011),

sendo eles:

APCMC – Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção: determinante para

a obtenção dos produtos a adicionar ao catálogo, ao incentivar os associados a fornecerem

informação concisa acerca dos mesmos;

LiderA – já referido na presente dissertação, contribui com a sua experiência na certificação

voluntária do nível de desempenho da sustentabilidade;

IPA – Inovação e Projectos em Ambiente: com já vários anos de existência, fornece um vasto “know

how” obtido a partir de estudos de impacte ambiental, avaliações ambientais estratégias, sistemas de

gestão ambiental e projecto e soluções para a sustentabilidade.

Este catálogo, recorrendo ao modelo de classificação do sistema LiderA (da classe E a A++

), abrange

uma vasta gama de produtos usados no ambiente construído, abrangendo desde os materiais a serviços

directamente relacionados, que de alguma forma se apresentem como uma mais-valia para a sua

sustentabilidade. Desta forma, este sistema possibilita aos consumidores e projectistas um suporte, de

fácil acesso, no processo de selecção de alternativas ambientalmente mais fiáveis do que nos produtos

tradicionais, contribuindo assim para a divulgação e exportação de produtos nacionais com perfil

sustentável (4Rs, 2011).

Toda a informação disponibilizada é, regra geral, fornecida pelos fornecedores/prestadores de

serviços, sendo o requisito primordial para a sua inserção nesta base de dados a demonstração de que o

seu trabalho contribui, de alguma forma, para a sustentabilidade ambiental do sector da construção.

60

61

4 – Importância e desempenho a considerar na certificação

ambiental

O presente capítulo apresenta os resultados obtidos num dos estudos de investigação efectuados e

introduz o estudo seguinte, traçando a abordagem e ainda uma análise acerca de como ambos podem

ajudar a compreender um pouco melhor uma das temáticas associadas à sustentabilidade na construção

nacional.

4.1 - Opinião do mercado

Como abordado ao longo deste trabalho, a consciência ambiental da Sociedade tem vindo a evoluir

exponencialmente, porém a falta de informação é ainda muito patente na maioria das pessoas. Foi então

com o intuito de aferir os conhecimentos e atitudes perante as questões ambientais, mais precisamente em

relação ao tema desta dissertação, que se elaboraram dois inquéritos distintos, um direccionado ao público

em geral e outro a profissionais do ramo da construção ou com alguma ligação a este.

Passa-se, então, a analisar os resultados obtidos em cada um deles, sendo estes valores apoiados pelos

anexos A.10 e A.11.

4.1.1 - Inquérito a não profissionais (NP)

De um universo de 46 inquéritos iniciados, dos quais 41 completos, tentou-se aferir como a opinião

pública Portuguesa encara o tema da sustentabilidade no sector da construção. Para tal, recorreu-se, na

maioria das questões, a um grau de importância das respostas compreendido entre o nível 1 a 7,

correspondendo a nada importante e extremamente importante, respectivamente. Apesar do número

pouco significativo de respostas, obtiveram-se resultados bastante interessantes, como poderemos

constatar de seguida.

Fig. 26 - Questão 1 inquérito NP

0% 0% 0% 2%

15%

34%

49%

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Encara o tema das alterações climáticas como importante para o futuro?

62

A partir da Fig. 26, observa-se o quão intrínseco se encontra o tema das alterações climáticas na

mentalidade da sociedade contemporânea, com 98% dos inquiridos a considerá-lo com um grau de

importância igual ou superior a 5.

No que respeita aos produtos de construção, apesar da informação mais ou menos débil que estes

inquiridos possuem acerca do ramo da construção, pode-se constatar que encaram a informação ambiental

de elevada importância, tendo esta sido avaliada por cerca de 83% com um grau de importância igual ou

superior a 6, como se pode constatar na Fig. 27.

Fig. 27 - Questão 2 inquérito NP

Para reforçar os resultados da questão anterior, a resposta negativa de 90% dos inquiridos a se

consideravam o processo de rotulagem ambiental como um passo meramente comercial, demonstra uma

elevada aceitação a este género de medidas, como se percebe pela Fig. 28. A apoiar estes resultados,

encontram-se no anexo A.10 algumas respostas abertas a justificar os resultados.

Fig. 28 - Questão 3 inquérito NP

0% 0% 0%

10% 7%

37%

46%

0

5

10

15

20

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Acha importante a existência de informação ambiental dos produtos de construção?

10%

90%

Encara a rotulagem ambiental dos produtos um mero processo de “lavagem verde”?

Sim

Não

63

A questão 4 demonstra novamente a receptividade da opinião pública à rotulagem ambiental, sendo

que mais de 50% dos inquiridos dariam elevada prioridade à compra de produtos rotulados em detrimento

dos não rotulados, como se pode ver na Fig. 29.

Fig. 29 - Questão 4 inquérito NP

Quanto às razões que sustentam os resultados anteriores, apesar de a garantia de qualidade associada à

rotulagem ser a que possui maior peso na óptica dos inquiridos, com 32% a escolherem esta opção, existe

um claro equilíbrio nas respostas obtidas, como se pode observar na Fig. 30.

Fig. 30 - Questão 5 inquérito NP

Quanto ao tipo de avaliação apresentado pelo sistema LiderA, é extremamente plausível afirmar que é

o mais adequado para este género de rotulagem, tendo em conta a elevada percentagem de respostas com

alto grau de importância, como se constata na Fig. 31.

0%

7,5%

2,5%

15%

22,5%

37,5%

15%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de prioridade

Em que medida optaria por um produto possuidor de rotulagem ambiental em detrimento de outro não possuidor?

20%

24%

0% 2%

22%

32%

0

2

4

6

8

10

12

14

Consciênciaambiental

Informaçãodetalhada e

explícita

Outro Porque estána moda

Preçoequivalente

Segurançaem relaçãoà qualidadedo produto

N. d

e O

bs.

Quais os factores que o levariam a preferir um produto rotulado ambientalmente?

64

Fig. 31 - Questão 6 inquérito NP

Em suma, pode-se concluir que este género de medida ambiental poderia obter uma elevada aceitação

perante a população portuguesa, tendo também em conta os vários comentários positivos que se podem

visualizar no anexo A.10.

4.1.2 – Inquérito a profissionais

Este inquérito, que pode ser visualizado no anexo A.11, teve a finalidade de avaliar, nos meandros do

sector da construção, qual a opinião dos agentes quanto a medidas de certificação ambiental dos produtos

da construção.

Apesar de alguma dificuldade na obtenção de um número mínimo de respostas, de modo a ser

considerado como relevante, de 45 inquéritos iniciados 32 foram concluídos, sendo estes provenientes de

diversas áreas do sector, como se pode constatar na Tabela 8.

Tabela 8 – Percentagem de inquiridos por áreas profissionais

Projectista 27%

Produtor 24%

Comercialização 18%

Consultor 2%

Outro 29%

Na primeira questão, deparou-se desde logo com uma unanimidade quanto à importância da

informação ambiental nos produtos de construção, realçando os 50% de respostas com grau de

importância 7, como se pode comprovar pela Fig. 32.

3% 0% 0%

5%

15%

26%

51%

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Sistemas como LiderA classificam os produtos em classes de E a A++. Acha importante essa informação ?

65

Fig. 32 - Questão 1 inquérito P

Contudo, a partir da Fig. 33, constata-se um certo desconhecimento acerca de produtos rotulados

ambientalmente, sendo esta ideia apoiada pelo género de respostas dadas quando se pedia para dar alguns

exemplos, sendo raras as respostas mesmo de quem respondeu afirmativamente a esta questão. Dos

produtos referenciados, realçam-se as tintas, vernizes, madeiras e derivados e o cimento.

Fig. 33 - Questão 2 inquérito P

A falta de informação acerca da certificação ambiental é ainda mais expressiva no âmbito da

construção, com 63% dos inquiridos a desconhecerem qualquer tipo de sistemas de certificação nesta

área, como é perceptível na Fig. 34.

0% 0% 0% 3%

25% 22%

50%

0

5

10

15

20

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Acha importante a existência de informação ambiental dos produtos de construção?

53%

47%

Tem conhecimento acerca de produtos de construção possuidores de rotulagem ambiental?

Não

Sim

66

Fig. 34 - Questão 7 inquérito P

De enaltecer que, das poucas respostas sobre quais os sistemas de que os inquiridos tinham

conhecimento, o LiderA é sem dúvida o mais popular. Porém constata-se novamente, a partir do anexo

A.11, que a informação acerca destes sistemas é bastante escassa, tendo em conta o número de respostas

verificadas.

Contudo, como expresso na Fig. 35, 91% dos inquiridos vê com bons olhos o recurso à rotulagem

ambiental ou a produtos possuidores, como uma forma impulsionadora do seu negócio, o que pode dar a

entender uma grande receptividade à introdução deste processo no mercado.

Fig. 35 - Questão 3 inquérito P

Na questão 4, tinha-se como objectivo averiguar a importância que estes agentes dão à existência de

informação entre os diversos sectores da construção. Pode-se então constatar que os inquiridos encaram

este tema como muito relevante, tendo em conta os 81% de avaliações acima do grau 6 de importância,

38%

63%

Conhece os sistemas de certificação da sustentabilidade na construção?

Sim

Não

91%

9%

Encara a rotulagem ambiental dos seus produtos,ou dos produtos a que recorre, como uma ideia impulsionadora da imagem do seu negócio?

Sim

Não

67

como indicado na Fig. 36. Contudo, quando confrontados para descrever a informação que fornecem, as

respostas foram maioritariamente vagas ou em branco, como se poderá constatar no anexo A.11.

Fig. 36 - Questão 4 inquérito P

Nas questões seguintes, confirma-se, mais uma vez, a receptividade dos inquiridos a recorrerem à

certificação ambiental e a produtos possuidores destes rótulos, como se pode constatar na Fig. 37.

Fig. 37 - Questão 5 inquérito P

Para além do mais, pela Fig. 38, constata-se que a questão económica não é tão preocupante como no

passado, quando se conotavam todas as iniciativas ambientais como extremamente onerosas, sendo que

68% dos inquiridos não relacionam a rotulagem com a subida de preços dos produtos. Esta questão é

ainda suportada por algumas respostas abertas presentes no anexo A.11.

0% 0% 0% 3%

16%

34%

47%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Acha relevante haver uma comunicação clara de informação entre os sectores da construção ?

3% 0%

10%

13%

26%

23% 26%

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7

Quão interessado estaria em verificar os produtos de construção rotulados ambientalmente?

68

Fig. 38 - Questão 6 inquérito P

Por último, quis-se averiguar se o género de avaliação utilizado pelo LiderA, com uma gama de

classes entre o E e A++

, era o mais adequado para estes agentes. Como se pode verificar na Fig.40, 60%

dos inquiridos acham que esta avaliação é extremamente importante / adequada. Estas respostas estão

sustentadas em vários pontos de vista diferentes, apresentados no anexo A.11.

Fig. 39 - Questão 8 inquérito P

32%

68%

Encara a rotulagem ambiental dos produtos de construção um passo para o aumento dos preços praticados?

Sim

Não

0% 3% 3% 7%

20%

7%

60%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7

N. d

e O

bs.

Grau de Importância

Sistemas como LiderA classificam os produtos em classes de E a A++. Acha importante/adequada essa informação?

69

4.2 - Classes de desempenho

Após efectuada uma análise ao panorama da reciclagem e certificação ambiental, tanto nacional como

internacional, apresenta-se neste capítulo o estudo que vem ao encontro do âmbito da presente

dissertação.

A partir de uma pesquisa e inúmeros contactos a empresas de materiais de construção nacionais,

produtores ou representantes de marcas multinacionais, elaborou-se um método comparativo e avaliativo

do carácter reciclável / reciclado de uma série de produtos de construção, sendo estes decks, bancos

exteriores, papeleiras e isolamentos. O presente subcapítulo está então organizado numa breve abordagem

ao processo de recolha de dados, ao método desenvolvido e a todas as hipóteses inerentes, passando para

a apresentação da classificação e dos resultados obtidos no capítulo 5, assim como breves descrições dos

materiais com os melhores resultados, e, por último, um curto parecer acerca do estudo.

4.2.1 - Metodologia e processo de investigação

O objectivo primordial desta dissertação era a elaboração de declarações ambientais de produtos

(DAP) de construção no panorama nacional, o qual, com o evoluir da investigação, se revelou demasiado

extenso. Como tal, evoluiu-se o estudo para um âmbito mais concreto (conteúdo reciclado), sem porém

descorar os conceitos e propósitos inerentes a uma DAP. De facto, apesar do carácter mais limitado do

estudo, tentou-se desenvolver a investigação no sentido de elaborar um método de avaliação como

possível parte integrante de um futuro sistema de declarações do Tipo III, segundo uma abordagem

LiderA, o qual tem vindo a evoluir no panorama nacional como uma marca reconhecida pelo seu trabalho

na avaliação da sustentabilidade da construção.

Neste sentido, procurou-se então averiguar quais os critérios mais preponderantes para uma avaliação

sustentada e posterior comparação dos produtos, de modo a nunca dar ênfase única e exclusivamente ao

conteúdo reciclado e, com isso, descurar as potencialidades dos produtos elaborados com material

primário. Partindo do levantamento bibliográfico efectuado à priori, chegou-se à conclusão de que seria

importante a recolha de informação associada à energia primária, durabilidade, informação ao

consumidor, facilidade de desconstrução, custo e, evidentemente, conteúdo reciclado. Apesar de nem

todos possuírem importância equivalente, o propósito seria averiguar quais os critérios mais

determinantes e que proporcionassem uma comparação fiável e consistente. Assim, iniciou-se a

investigação pela escolha e pesquisa de produtos comercializados em Portugal, dando primazia aos que

fossem igualmente produzidos, que possuíssem uma opção reciclada ou de fácil reaproveitamento.

Contudo, com a evolução da pesquisa, surgiram alguns contratempos que submeteram o estudo a uma

mudança de rumo. A carência de uma maior abertura por parte das empresas contactadas para fornecer

informações relevantes acerca dos seus produtos, revelou-se determinante nesse sentido. Salvo certas

excepções de produtores que urgem divulgar os seus produtos ainda com fraca expressão no mercado

devido ao seu carácter reciclado e/ou inovador que esbarram contra o cepticismo ou falta de

conhecimento por parte dos clientes, a informação encontrada / fornecida era escassa e carece, muitas

70

vezes, de alguma imparcialidade. Adicionalmente, o facto de se ter escolhido diferentes géneros de

produtos, também influenciou consideravelmente, tendo em conta que a quantidade de empresas e, por

conseguinte, a discrepância de informação fornecida se tornou muito elevada para a recolha de dados

concretos e comparáveis. Como tal, face à reduzida utilidade da informação recolhida em termos de

engenharia, o intuito de efectuar uma avaliação mais sustentada e baseada num maior número de factores

na avaliação desejada revelou-se inviável.

Não obstante, abarcou-se então num estudo que, apesar de mais limitado, projecta a capacidade de

concorrência por parte dos produtos constituídos por conteúdo reciclado face aos seus homólogos mais

tradicionais. Contudo, são apresentados, a título informativo, no anexo A.15, os resultados de uma das

avaliações elaboradas com recurso aos cinco parâmetros atrás descritos, assim como as hipóteses

consideradas como forma de comparação dos diversos valores obtidos.

4.2.2 - Abordagem

Unidade funcional de comparação em cada tipo de produto

No caso em questão compara-se para os mesmos fins produtos que sejam similares e tenham

características funcionais equivalentes traduzidas na função e mesmo tempo de vida, sendo ajustados a

cada produto: área em m2 (decks e bancos), volumetria em litros (papeleiras), área em m

2 e

comportamento térmico similares (isolamentos).

Classe de desempenho

Como referido, o processo avaliativo usado teve como base a metodologia aplicada pelo sistema

LiderA, que se centra na atribuição de diferentes valores de desempenho segundo uma escala de G a A,

podendo chegar a um nível A+++

representante de um estado regenerativo. A atribuição dos níveis de

desempenho parte de um nível de referência E, considerado como desempenho actual, e os níveis

superiores atribuídos consoante a melhoria verificada face ao nível de referência. Esta metodologia pode

ser facilmente compreendida a partir da Fig. 40, onde estão apresentados, em percentagens, os níveis de

melhoria de desempenho e os factores de melhoria correspondentes a cada valor da escala.

Fig. 40 - Escala dos níveis de desempenho segundo a metodologia LiderA

71

Assim a escala global segue a escala do LiderA em que a prática actual é equivalente a um factor 1 e

melhorias e variações percentuais são consideradas para atribuir o valor. Tendo em conta que a presente

dissertação aborda materiais de construção existentes na prática, não foi encontrado nenhum caso em que

exista um estado regenerativo (A+++

), isto é os impactes sejam integralmente positivos (superiores a

Factor 20) em todos os aspectos ambientais, pelo que a escala utilizado vai de 0 (G) a Factor 10 (A++).

Posto isto, a cada classe atribuída corresponde um valor, como se pode constatar na Tabela 9.

Tabela 9 - Níveis avaliativos para cada classe

Tabela 10 - Intervalos de valores referentes a cada classe ponderada

A atribuição dos valores aos materiais em estudo foi, como tal, elaborada seguindo metodologia

idêntica, escolhendo primeiro um nível de referência, que consoante o tipo de produto optou-se, por

exemplo, pelo mais comum, e os restantes a partir das diferenças entre os níveis de desempenho

respectivos. Por último, a partir das avaliações alcançadas e segundo os intervalos presentes na tabela 10,

tendo em conta o peso de cada critério em todos os cenários propostos, chegou-se à classe ponderada final

e respectiva avaliação do produto.

Critério conteúdo reciclado

72

A estratégia para definir os níveis de desempenho consiste em identificar quais são, neste parâmetro,

as percentagens de conteúdo reciclado. Nesse sentido investigou-se quais os produtos mais usuais e suas

características de conteúdo reciclado, tendo-se constatado que na generalidade a prática actual é de 0 %

de conteúdo reciclado.

Para os casos analisados, veja-se que os bancos para exterior mais comuns no mercado são

constituídos por madeira e metal, sem conteúdo reciclado, o mesmo ocorre no caso de decks, onde

predomina a madeira (embora comece a aparecer compósito), as papeleiras usualmente em plástico e os

isolamentos em lã mineral, sendo no geral sem conteúdo reciclado.

Assim, a escala neste caso de conteúdo reciclado é, por exemplo, a seguinte:

E 0% conteúdo reciclado;

A 50% conteúdo reciclado;

A++ 100% conteúdo reciclado.

Critério custo

Nos custos foi identificado um valor de referência para cada tipo de produto, do mesmo modo que o

critério conteúdo reciclado descrito e sendo as referências correspondentes aos mesmos produtos,

atribuindo uma classe consoante o valor respectivo. As classes dos demais produtos foram então

ponderadas a partir do custo respectivo comparado com o de referência (valor usual).

Ponderação dos dois critérios considerados

No caso se pretender utilizar mais do que um valor agregado torna-se necessário ponderar o peso de

cada critério e somados os dois valores obtém-se uma avaliação final que, consoante o intervalo a que

correspondem segundo a Tabela 10, dá origem a uma determinada classe ponderada. Assim, após a

recolha de vários exemplares de cada gama de produtos selecionados (decks, bancos, papeleiras,

isolamentos), elaborou-se uma avaliação do conteúdo reciclado pós-consumidor e respectivo custo, para

três hipóteses distintas, variando apenas os pesos atribuídos a cada parâmetro, como se pode constatar na

Tabela 11.

Tabela 11 - Pesos de cada parâmetro de avaliação nas várias hipóteses consideradas

Hipóteses 1 2 3

Conteúdo reciclado 75% 25% 50%

Custo 25% 75% 50%

Esta variação tem como propósito perceber como o peso de cada critério pode influenciar este género

de classificações, no que respeita às duas primeiras hipóteses, e aproximar mais da realidade com a

atribuição de pesos iguais a ambos os critérios, tendo em conta a presença de apenas duas características

em apreciação.

73

5 – Aplicação ao caso de estudo

Seguem-se, então, a demonstração dos resultados obtidos, com uma breve análise aos materiais

escolhidos e algumas considerações acerca do processo avaliativo.

5.1 - Decks

Esta gama de produtos tem vindo a sofrer um desenvolvimento considerável quanto às várias opções

de mercado que foram sendo criadas nos últimos anos. Um dos produtos que mais revolucionou este

mercado, que durante muito tempo fora controlado por materiais constituídos apenas por madeira virgem,

foi o deck compósito de madeira, que alia a reciclagem da matéria prima (cerca de 70%) a um processo

produtivo avançado, conferindo-lhe uma elevada durabilidade e resistência.

No entanto, foi criado um outro produto que, para o âmbito desta dissertação, possui um alto valor

ambiental e características bem distintas dos seus concorrentes. O plástico compósito 100% reciclado é,

sem dúvida, um exemplo de fecho de ciclo dos materiais plásticos, tendo em conta as inúmeras

qualidades e vantagens inerentes, mais ainda quando comparadas com os restantes produtos aqui

apresentados (extruplás, 2012), como por exemplo:

resistência ao ataque de parasitas e fungos;

resistência ao choque, ruptura e abrasão;

baixo rácio investimento inicial / duração de vida;

trabalhabilidade semelhante aos seus concorrentes.

Os restantes produtos escolhidos, apesar de não possuírem uma génese reciclada, apresentam

igualmente diversas preocupações ambientais na sua produção, que, apesar de saírem fora do teor em

estudo, devem ser referenciado. O caso mais inovador é o do compósito de fibras de bambu, que sendo

elaborado a partir de um recurso de fácil renovação, extremamente resistente e 100% reciclável, possui

um alto potencial ambiental. Finalmente, os decks em madeira maciça também foram estudados, sendo

que, apesar das desvantagens face aos restantes produtos no que se refere essencialmente à manutenção,

se deve fazer referência não só ao seu carácter reciclável e natural, como também às técnicas de fabrico

avançadas contemporâneas que possibilitam a ausência de tratamentos químicos e um aumento

considerável do seu tempo de vida. Não obstante estas referências sucintas das qualidades destes

produtos, toda esta informação obtida a partir da comunicação fornecida pelos produtores carece de bases

científicas e de informação mais ampla quanto à sua produção.

Após esta breve abordagem aos produtos seleccionados, apresentam-se de seguida as tabelas

referentes às três hipóteses de avaliação elaboradas a partir da metodologia anteriormente descrita, sendo

a unidade funcional empregue o m2 e o custo de referência o do compósito de madeira.

74

Tabela 12 – Avaliação de decks - hipótese 1

Hip 1 Materiais

critério Compósito madeira Compósito Bambu Madeira Plástico Rec.

Conteúdo reciclado A+ E E A++

Custo A B C A+

Classe Ponderada A+ D D A++

Tabela 13 - Avaliação de decks - hipótese 2

Hip 2 Materiais

critério Compósito madeira Compósito Bambu Madeira Plástico Rec.

Conteúdo reciclado A+ E E A++

Custo A B C A+

Classe Ponderada A B C A+

Tabela 14 - Avaliação de decks - hipótese 3

Hip 3 Materiais

critério Compósito madeira Compósito Bambu Madeira Plástico Rec.

Conteúdo reciclado A+ E E A++

Custo A B C A+

Classe Ponderada A+ C D A++

Como se pode observar, mesmo com a alteração dos pesos atribuídos a cada critério, o plástico

compósito obtém sempre uma avaliação bastante elevada graças ao seu carácter 100% reciclado aliado ao

preço extremamente competitivo. Apesar da dificuldade que possui em competir com os outros produtos

face ao carácter menos estético, é sem dúvida de ter em consideração como exemplo de boa

aplicabilidade de produtos reciclados. Deve-se ter também em consideração a quase inexistência de

manutenção para este produto, tendo em conta o material que o constitui, ao contrário dos seus

concorrentes aqui referenciados. De facto, os decks em madeira necessitam de uma manutenção periódica

(no mínimo 2 a 3 vezes por ano) e rigorosa caso se pretenda prolongar o seu tempo de vida, podendo

atribuir uma vida útil média de 15 anos face à sua menor resistência às mudanças climatéricas. Quanto ao

decks compósitos, apesar da sua maior resistência e durabilidade conferido pela inclusão de um

aglutinante polímero, não necessitam de manutenção caso a sua montagem seja bem feita e a sua

utilização seja cuidada, sendo o seu tempo de vida útil superior a 25 anos.

Para mais informação referente a cada produto, encontra-se no anexo A.12 a informação acerca da

obtenção dos dados utilizados para este estudo.

5.2 - Mobiliário urbano

Esta gama de produtos, assim como a do capítulo seguinte, inserem-se no estudo relativo a mobiliário

urbano, o qual se encontra constantemente exposto a inúmeros factores de degradação, que vão desde o

75

clima a acções de vandalismo. Como tal, os materiais destes produtos devem ser, sobretudo, duráveis e

extremamente resistentes.

Os produtos escolhidos deste mercado foram os bancos de jardim e as papeleiras. Como tal, no que se

refere ao domínio da presente dissertação, sendo estes produtos elementos meramente urbanísticos, ou

seja, sem necessidade extrema de preocupação com conforto ou segurança, o recurso a matéria-prima

reciclada afigura-se como uma possibilidade muito atractiva tanto ambiental como economicamente,

como se verá seguidamente. A informação relevante para este estudo, quanto a estes produtos, encontra-

se no anexo A.13.

5.2.1 - Bancos

Neste caso, a unidade funcional a que se recorreu foi a quantidade, tendo em conta as características

do produto, sendo que no processo de escolha se tentou ter em atenção as medidas e características de

cada um de maneira a poderem ser comparáveis de um modo mais concreto. Contudo, deve-se referir que

os produtos constituídos por plástico reciclado e ferro fundido (FF) + madeira possuírem encosto, razão

associada ao desejo de enaltecer a competitividade do 1º ao possuir uma característica que supostamente

seria razão de acréscimo de valor, e quanto ao 2º por ser o produto desta gama mais comum em Portugal,

logo um bom elemento de comparação per si. Os restantes bancos escolhidos demonstram a elevada gama

de possibilidades que existe neste mercado, sendo a maioria destes constituída por mais do que um

material. Para conhecer em maior pormenor as características de cada produto, encontram-se os catálogos

das respectivas empresas no anexo A.13. Passa-se então à demonstração dos resultados obtidos nas

seguintes tabelas.

Tabela 15 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 1

Hip 1 Materiais

Critério FF +

madeira Plástico

reciclado Aço inox Betão Mármore

Aço + madeira

Conteúdo reciclado E A++ E E E E

Custo A A C A E A+

Classe Ponderada C A++ D C E B

Tabela 16 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 2

Hip 2 Materiais

Critério FF +

madeira Plástico

reciclado Aço inox Betão Mármore

Aço + madeira

Conteúdo reciclado E A++ E E E E

Custo A A C A E A+

Classe Ponderada B A+ C B E A+

76

Tabela 17 - Avaliação de bancos exteriores - hipótese 3

Hip 3 Materiais

Critério FF +

madeira Plástico

reciclado Aço inox Betão Mármore

Aço + madeira

Conteúdo reciclado E A++ E E E E

Custo A A C A E A+

Classe Ponderada B A+ D B E A

Perante os resultados obtidos deve-se realçar a presença do banco em mármore que, como se pode

constatar, obteve a avaliação mais baixa. Na realidade, este produto foi selecionado por ser constituído

por pedra de mármore triturada, possuindo pois um potencial reciclado bastante elevado, sendo que pedra

é um dos RCD que se podem encontrar no edificado português. Contudo, na informação fornecida pela

empresa produtora, não existe qualquer alusão à reciclagem deste material, nem mesmo pré-consumidor,

razão pela qual se atribuiu a respectiva classe. Não obstante, efectuou-se uma avaliação considerando que

este produto possuía um conteúdo reciclado equivalente a 50%, obtendo assim os resultados presentes na

Tabela 18.

Tabela 18 - Resultados obtidos numa hipótese de presença de 50% de conteúdo reciclado pós-consumidor

em bancos de mármore triturado

pedra mármore Hip 1 Hip 2 Hip 3

conteúdo reciclado A A A

custo E E E

Classe Ponderada B C B

Como seria expectável, as classes ponderadas obtidas seriam consideravelmente superiores, até

mesmo na hipótese 3 e mantendo o custo, que é sem dúvida bastante superior às restantes opções. Este

exemplo pode ser elucidativo acerca de outras questões que serão debatidas mais à frente na discussão de

resultados.

5.2.2 - Papeleiras

Para uma comparação mais fiável do preço inerente a cada produto, recorreu-se à unidade de medida

da capacidade (litro) como unidade funcional. Assim como referido, este produto, sendo parte do

mobiliário urbano, necessita antes de mais de ser durável, funcional e facilmente integrável no ambiente

para o qual é desejado, sendo este o factor com maior peso na escolha deste género de produtos. Contudo,

não sendo essa questão o cerne do presente estudo, passa-se a apresentar as tabelas referentes à avaliação

em curso.

77

Tabela 19 - Avaliação de papeleiras - hipótese 1

Hip 1 Materiais

Critério Aço Inox Plástico Madeira + aço

Betão Mármore triturado

Plástico reciclado

Conteúdo reciclado E E E E E A++

Custo B A+ E F G A+

Classe Ponderada D B E E E A++

Tabela 20 - Avaliação de papeleiras - hipótese 2

Hip 2 Materiais

Critério Aço Inox Plástico Madeira +

aço Betão

Mármore triturado

Plástico reciclado

Conteúdo reciclado E E E E E A++

Custo B A+ E F G A+

Classe Ponderada B A+ E F F A+

Tabela 21 - Avaliação de papeleiras - hipótese 3

Hip 3 Materiais

Critério Aço Inox Plástico Madeira +

aço Betão

Mármore triturado

Plástico reciclado

Conteúdo reciclado E E E E E A++

Custo B A+ E F G A+

Classe Ponderada C A E E F A++

As ilações mais flagrantes que se podem tirar são o valor obtido pela papeleira de plástico que, sendo

o produto mais comum no meio urbano e dada a sua simplicidade, possui um custo extremamente

competitivo que lhe permite rivalizar, de certo modo, com o plástico reciclado, para além dos resultados

obtidos pela papeleira de mármore triturado que já fora abordad. As restantes considerações farão parte da

análise de resultados, tendo em conta o seu carácter generalista com que abordam as restantes avaliações.

5.3 - Isolamentos

Esta gama de produtos constitui um mercado de larga importância no sector da construção, tendo em

conta a necessidade da sua implementação em todo o edificado existente para melhoria do conforto

térmico e sonoro. Por conseguinte, as novas soluções capazes de se equiparar ou de suplantar os

benefícios inerentes aos produtos mais tradicionais, geralmente constituídos por lãs minerais, aliando

igualmente a sustentabilidade da sua matéria-prima de modo a fazer face à sua utilização em larga escala,

têm vindo a sofrer desenvolvimentos consideráveis e extremamente interessantes.

Efectivamente, esta gama de produtos constitui um peso considerável tanto no CCV como no volume

de RCD gerados em fim de vida de um edifício, pelo que uma solução que conjugue sustentabilidade,

qualidade e um preço competitivo é uma mais-valia para qualquer projecto. Atente-se que alguns dos

produtos convencionais, para além de serem elaborados a partir de materiais primários, apresentam

78

valores de energia incorporada bastante elevados quando comparados com outros materiais, podendo-se

destacar os materiais polímeros devido às necessidades de energia decorrentes das reações de

polimerização (Soares, et al., 2008), como expresso na Tabela 22. A partir desta tabela, é igualmente clara

a importância de se utilizarem materiais ecológicos, em substituição de materiais que têm como principal

matéria-prima o petróleo e seus derivados, assim como reutilizar e reciclar estes materiais reduzindo os

seus impactes ao longo do ciclo de vida dos mesmos. Contudo, há que ter em conta os problemas

associados com o fim-de-vida destes produtos, é que sendo a sua reciclagem bastante onerosa ou com

fraca expressão em território nacional e a reutilização dependente de um correcto processo de instalação /

manutenção / desconstrução, o impacto ambiental gerado por estes produtos pode ser extremamente

significativos e irreversível.

De modo a contrariar esta condição, vários produtos elaborados a partir de materiais ecológicos,

encabeçados pelas placas de cortiça expandida, ou reciclados, têm vindo a ser alvo de uma maior atenção

por parte do mercado da construção, apesar da sua ainda fraca expressão. O facto de serem constituídos

por materiais renováveis e capazes de alcançar resultados semelhantes aos concorrentes tradicionais,

confere-lhes um estatuto ambiental que deve ser realçado e apoiado. Note-se que já existem diversos

estudos que enaltecem a competitividade destes produtos, inclusive ensaios, elaborados por entidades

técnicas credenciadas, ao comportamento acústico e térmico que sustentam esta ideia, como é o caso de

(Soares, et al., 2008) e do estudo comparativo de produtos de isolamento acústico presente no anexo

A.14.

Tabela 22 - Materiais de isolamento térmico e alguns impactes no seu ciclo de vida (Soares, et al., 2008)

Material

Energia primária incorporada na produção (kWh/kg)

Potencial de aquecimento global (g/kg CO2 eq.)

Potencial acidificante (g/kg)

Potencial fotoquímico de criação de Ozono (g/kg No)

Resíduos de processo de produção (g/kg)

Percentagem de resíduos depositada em aterro

Cortiça 1,11 277 - 1 - -

Fibras naturais 3,9 - - - - -

Lã mineral 5,75 1,076 6 5 320 5

Borracha 19,44 - - - - -

Poliuretano expandido (PUR)

19,46 3900 30 42 486 7

Poliéster (UP) 21,7 - - - - -

Polipropileno (PP) 23,27 900 7 0,1 - -

Poliestireno expandido extrudido (XPS)

27,86 - - - - -

Poliestireno expandido (EPS)

31 1650 11 0,2 - -

Não obstante estes estudos, e continuando com a mesma tendência do que se havia constatado, existe

no mercado destes produtos uma franca escassez de informação técnica rigorosa, tanto a nível do seu

79

processo de produção como do comportamento quando aplicados, o que torna uma análise comparativa

extremamente difícil e com diversas condicionantes a nível de amplitude. Como tal, recorreu-se a dois

produtos elaborados por lãs minerais, dois polímeros e outro com elevado conteúdo reciclado (Aglomex

acoustic), resultante da aglomeração de espuma flexível de poliuretano, utilizando como termo de

comparação a espessura (40 mm) e a técnica de aplicação (colagem).

Tabela 23 - Avaliação de isolamentos - hipótese 1

Hip 1 Materiais

Critério Lã de vidro Lã de rocha Poliestireno

Extrudido Aglomex acoustic

Poliestireno expandido

Conteúdo reciclado E E E A++ E

Custo A A C B A

Classe Ponderada C C D A++ C

Tabela 24 - Avaliação de isolamentos - hipótese 2

Hip 2 Materiais

Critério Lã de vidro Lã de rocha Poliestireno

Extrudido Aglomex acoustic

Poliestireno expandido

Conteúdo reciclado E E E A++ E

Custo A A C B A

Classe Ponderada B B C A+ B

Tabela 25 - Avaliação de isolamentos - hipótese 3

Hip 3 Materiais

Critério Lã de vidro Lã de rocha Poliestireno

Extrudido Aglomex acoustic

Poliestireno expandido

Conteúdo reciclado E E E A++ E

Custo A A C B A

Classe Ponderada B B C A+ B

Pode-se então constatar que, como era de se esperar, o produto reciclado obtem uma avaliação

bastante elevada, mesmo sendo mais oneroso do que a maioria dos seus concorrentes, que se deve a ser

fabricado com aproximadamente 90% de espumas flexíveis de poliuretano recicladas. Este produto, sendo

constituído igualmente por materiais polímeros, ao ser reciclado demonstra que mesmo quando a

quantidade de energia incorporada na produção é elevada, esta pode ser reduzida ao longo do seu ciclo de

vida, sem que com isso ponha em causa a qualidade do projecto onde é aplicado.

Encontram-se em anexo as tabelas elaboradas para a obtenção dos custos inerentes ao fornecimento e

aplicação dos produtos, tendo sido obtidos a partir do gerador de preços (CYPE Ingenieros) com

excepção do Aglomex Acoustic, que foi fornecido directamente pelo produtor.

80

5.4 – Discussão de resultados

Pôde-se constatar ao longo da elaboração desta pesquisa que a possibilidade de introduzir DAP no

mercado de produtos de construção seria uma mais-valia para o sector, tendo em conta a carência quase

generalizada de informação disponível. Foi então com intenção de avaliar a visão que a opinião pública

nacional, tanto profissional na área da construção como de um público mais gerneralizado, possuía acerca

desta temática, que se elaborou o inquérito atrás apresentado.

Assim, a nível da opinião pública não profissional, foi possível constatar que, para além de uma

preocupação generalizada acerca do ambiente, por vezes um pouco banalizada, existe falta de informação

acerca das pegadas ecológicas dos produtos de construção existentes no mercado e, principalmente,

acerca dos produtos conhecidos como “verdes”. Como tal, quando confrontados com a ideia de existir um

sistema de certificação que os auxiliasse a ter um conhecimento mais conciso acerca do que se compra e

ajudasse a tornar os produtos ecológicos cada vez mais competitivos, estes inquiridos responderam

afirmativamente em larga percentagem (superior a 50%). Não possuindo conhecimentos concisos acerca

deste género de produtos, as respostas por parte deste grupo de inquiridos à questão 5 (Quais os factores

que o levariam a preferir um produto rotulado ambientalmente?) foram bastante dispersas mas

demonstrativas de que a hipótese de haver uma entidade que avalie a qualidade e sustentabilidade dos

produtos é vista como uma mais-valia, no sentido de lhes conferir maior segurança nas suas escolhas.

Adicionalmente, a lógica do sistema de avaliação da sustentabilidade LiderA (de G a A++

) é a mais

reconhecida pelo público em geral (resposta nível 7 – extremamente importante – para 60% dos

inquiridos ligados ao sector da construção e 51% nos inquéritos a não profissionais da área), pelo que é o

método de avaliação mais aconselhado para este género de certificações.

Por outro lado, dos resultados obtidos nos inquéritos a profissionais, averiguou-se que 51% dos

inquiridos acham a informação ambiental extremamente importante e 91% encara a ideia de rotulagem

como uma ferramenta impulsionadora do negócio, mesmo existindo um fraco conhecimento acerca deste

género de sistemas. Constatou-se ainda que a maioria dos inquiridos não acha que este género de medida

possa estar conotado com uma subida dos preços praticados. Contudo o conjunto com maior número de

cépticos em relação a este ponto é constituído pela maioria dos produtores de materiais que foram

inquiridos, exceptuando apenas os produtores de materiais ecológicos. Face ao exposto, devem-se

levantar algumas questões associadas à possibilidade de estas respostas terem sido influenciadas pelo

factor “politicamente correcto”, tendo em conta que:

51% acha a informação ambiental muito importante, mas são escassos os produtos de construção

que apresentam, sequer, alguma informação concisa e de confiança, sendo isso culpa também dos

projectistas e donos de obra que não exercem força suficiente para que essa medida seja

implementada;

91% acha que um sistema de rotulagem pode ajudar a impulsionar o negócio, mas muito poucos têm

conhecimento acerca de exemplos desta temática;

81

os produtores, assolados pelas consequências da crise, acham que enveredar por esta via lhes traria

custos que não estão dispostos a despender.

Para enfatizar estes pontos de vista, deve-se recorrer ao anexo A.11 onde se pode encontrar as

respostas abertas ao referido inquérito.

Estes pressupostos vão ao encontro da fraca expressão que a certificação, seja ela de que tipo for,

ainda possui na área da construção nacional. Como tal, deve-se fazer um esforço para mudar este

paradigma, de modo a dar a conhecer as necessidades e vantagens inerentes às DAP. Não obstante, pode-

se igualmente reconhecer que existe, pelo menos, uma abertura considerável para a sua implementação,

tendo em conta os benefícios ambientais que daí poderiam advir, tanto pela larga aceitação da opinião

pública como por poder dar origem a um novo rumo neste mercado.

Quanto ao método de avaliação elaborado, há que fazer referência às elações mais flagrantes, assim

como a alguns pontos deveras influenciadores dos resultados alcançados.

Dos três cenários considerados, é a terceira hipótese a que mais se aproxima do modelo ideal, pois

neste caso em concreto, tendo-se recorrido apenas a dois critérios, um desequilíbrio entre ambos

originaria falta de imparcialidade. Para além disso, em vários momentos nas hipóteses 1 e 2, os resultados

das avaliações ficaram no limiar entre o nível imediatamente abaixo ou acima, podendo ser considerados

como indutores de erro. Quanto ao facto de os resultados obtidos pelos produtos reciclados terem sido tão

elevados, mesmo que por vezes apresentassem custos mais altos, assim como no cenário inverso dos

produtos correntes, estas situações corroboram a ideia de que, na elaboração de uma metodologia deste

género, é essencial uma escolha calibrada e sustentada da ponderação dos critérios.

No que se refere ao horizonte temporal, este não foi considerado no presente estudo, tendo em

consideração que nos decks e no mobiliário urbano os produtos reciclados possuem um tempo de vida útil

extremamente prolongado, logo estar-se-ia a elevar em demasia a sua avaliação. Em relação aos

isolamentos, estes usualmente possuem um tempo de vida útil equivalente ao do edifício em que são

aplicados, salvo certas situações acidentais, sendo portanto irrelevante para estudo elaborado.

Consequentemente, optou-se por atribuir as classes numa perspectiva “do berço ao portão” (do inglês

“cradle-to-gate”), ou seja, desde a fabricação até ao momento em que o produto é aplicado. Contudo, este

factor é extremamente importante numa metodologia mais ampla, sendo essencial que a sua ponderação

seja baseada em estudos ou factos concretos.

Outro dos pontos a referir está relacionado com a ideia pré-concebida que os produtos reciclados são

mais onerosos do que os tradicionais. Apesar de os últimos, por possuírem uma maior representatividade

nos respectivos mercados, terem a possibilidade de proporcionar preços mais competitivos, estruturas

empresariais como aquele em que a Extruplás, por exemplo, está inserida demonstram como é possível

elaborar produtos reciclados com preços competitivos. Do mesmo modo, este estudo vai de encontro às

mudanças registadas com o Decreto-Lei nº 73/2011, abordado na presente dissertação, que prevê a

inclusão de, no mínimo, 5% de materiais reciclados em obras públicas. Estes factores, aliados à grave

conjectura nacional, são indícios claros da sustentabilidade do desenvolvimento e crescimento do

82

mercado de reciclados, podendo advir a criação de novos postos de trabalho e um mercado de materiais

de construção mais equilibrado, sem fazer referência às enormes vantagens ambientais directamente

intrínsecas. A crise sempre foi uma oportunidade para a evolução e criação de expectativas em relação ao

futuro.

Não obstante, este estudo demonstrou-se muito limitado no sentido de uma demonstração mais

concisa e coesa dos benefícios inerentes aos materiais reciclados. Sendo que o propósito inicial foi

sofrendo alterações consoante o aparecimento das dificuldades já expressas (essencialmente perante a

falta de abertura do mercado para estudos académicos), aliado a uma ainda ténue presença de produtos

reciclados no mercado nacional, os resultados obtidos não foram os mais expressivos e muito menos os

mais desejados. De facto, este estudo ao recorrer apenas ao conteúdo reciclado dos materiais e respectivos

custos, gerou avaliações que poderiam ser consideradas como enganadoras quanto ao seu possível / real

valor acrescentado ambientalmente.

A proposta de metodologia inicial centrava-se na elaboração de um método expedito para avaliar o

real valor ambiental dos produtos possuidores de conteúdo reciclado face aos seus concorrentes directos,

apresentando toda a informação essencial para uma avaliação bem sustentada. Apesar da falta de

informação para tal, obtiveram-se resultados interessantes tanto nos inquéritos como na avaliação

apresentada que poderão servir de apoio a estudos posteriores, dada a fiabilidade que caracterizou os

dados apresentados.

Se, por um lado, o método de categorização facilita a aplicação e reduz a necessidade de dados para

suportar a decisão, por outro, a reduzida informação levou à não aplicação de uma avaliação de ciclo de

vida (ACV) específica que teria uma base científica mais rigorosa, sendo desejável que venha a ser

aplicada em trabalhos futuros.

83

6 – Conclusões

O desenvolvimento do mercado dos materiais reciclados é hoje um tema em franco desenvolvimento

mundialmente, com estudos a serem elaborados a vários níveis. Porém, a complexidade que caracteriza

este assunto torna a discussão acerca da sua sustentabilidade extremamente difícil.

A reciclagem, numa perspectiva da construção, não pode ser somente encarada como acto de

transformar RCD em novos produtos. É preciso observar a história da vida dos produtos como um todo.

Ao longo do presente estudo, deu-se a entender o peso que o sector da construção exerce sobre o consumo

de recursos naturais (próximo de 50% segundo (Edwards, 2002)) e da energia despendida nas actividades

directa ou indirectamente relacionadas.

Como tal, é desde o processo de extracção e da quantidade de materiais virgens usados que se deve

iniciar o estudo acerca dos materiais, sendo que o cerne da questão é precisamente tudo o que possa estar

ao alcance para reduzir a pegada ecológica deste sector. De facto, ao longo desta dissertação, uma das

conclusões que se pôde retirar é que a certificação do conteúdo reciclado deve ser um processo e não

apenas uma avaliação pontual. Saber apenas qual o produto que contém maior percentagem de material

reciclado é enganador, pois não se sabe, e essa é a grande dúvida do consumidor, se realmente terá igual

ou maior durabilidade do que outro produto reconhecido no mercado. O apelo por uma informação

contínua das características e desempenho ao longo do tempo de vida útil dos produtos, podem

proporcionar um acréscimo de interesse por parte do cliente e, consequentemente, um factor de

desenvolvimento do mercado de produtos sustentáveis.

Foi com esta premissa que se definiram os sistemas de DAP (a arrancar em Portugal), com o intuito de

compreender o peso ambiental de um produto a partir de estudos de ACV. Entenda-se que nestes estudos

se procura quantificar as emissões e gastos energéticos e outros impactes associados a cada material, mas

é neste sentido que se considera a temática da reciclagem como complexa.

Não existindo ACV nem DAP’s, a metodologia centrou-se na criação e numa categorização para o

conteúdo reciclado nos produtos, bem como para os seus custos, desenvolvendo-se assim uma proposta

de escala entre G e A++. Essa proposta metodológica é aplicada a quatro tipologias de produtos: decks,

bancos, papeleiras e isolamentos.

Nos decks os quatro produtos analisados variam em função do conteúdo reciclado e custos entre A++

(plástico reciclado) a D (madeira virgem), sendo estes valores influenciados pelo elevado conteúdo

reciclado nos decks da empresa Extruplás aliado ao seu preço extremamente competitivo face a um

produto com origem em uma matéria-prima natural.

Nos bancos, dos seis produtos pesquisados obtiveram-se avaliações entre A+ (plástico reciclado) e E

(pedra mármore). Tendo em conta que apenas o produto com melhor avaliação é que possuía conteúdo

reciclado, o custo de cada um foi o critério diferenciador nas restantes estimativa.

84

Quanto às papeleiras, os seis produtos variam em função dos critérios analisados entre A++

(plástico

reciclado) a F (pedra mármore). A maior variação, comparado com os resultados dos bancos, deve-se à

maior discrepância de custos de cada produto.

Por último, nos isolamentos obteve-se uma gama de avaliações entre A+ (aglomex acoustic) e C

(Poliestireno Extrudido), podendo justifica-se estes resultados da mesma forma do que os bancos.

De referir que os valores apresentados referem-se à hipótese com pesos iguais para ambos os critérios,

tendo em conta que se apresenta como a mais apropriada. Destes resultados, devem-se realçar alguns

pontos essenciais:

materiais como os produzidos pelas empresas Extruplás (plástico reciclado) e Flex2000 (aglomerado

de espuma flexível de poliuretano reciclada) conseguem apresentar simultaneamente um elevado

conteúdo reciclado e custos muito competitivos;

caso tivesse sido possível elaborar um estudo mais abrangente, muitos dos produtos pesquisados

poderiam alcançar resultados bem mais satisfatórios, como por exemplo o deck em bambu

(características de sustentabilidade ambiental extremamente interessantes – ver anexo A.12) e a

pedra mármore triturada (como apresentado na tabela 16 do estudo aos bancos);

pela mesma razão do ponto anterior, os produtos que obtiveram melhores resultados poderiam

fortalecer as respectivas avaliações tendo em conta a qualidade elevada, podendo salientar as

características que lhes conferem uma grande durabilidade.

Efectivamente, a abordagem apresentada é uma metodologia simplificada (centra-se em dois critérios

e algumas fases do ciclo de vida) sendo desejável a sua extensão em trabalhos futuros integrando

abordagens de avaliação de ciclo de vida.

Em suma, o caminho para a sustentabilidade dos materiais de construção não é passar a recorrer única

e exclusivamente a materiais reciclados ou ecológicos, porque de certo modo esse cenário apresenta-se

como quase impossível e não como o mais vantajoso em termos ambientais. Deve-se sim mudar o modo

como se pensa e elabora os produtos, tendo por exemplo como preocupações:

1. energia despendida desde o “berço à cova”, isto é, a energia incorporada;

2. na elaboração do produto, deve-se ter em conta um processo produtivo de qualidade para assegurar

durabilidade e resistência;

3. pensar no produto com a perspectiva futura de facilitar a sua desmontagem (design for disassembly).

Um produto que possa ser facilmente reutilizado ou reciclado deve ser preferido em detrimento de

outros considerados “verdes” mas sem possibilidade de reciclagem;

4. correcta aplicação do produto de modo a possibilitar a sua reutilização;

Todos estes pontos possibilitam uma mudança na maneira de lidar com os produtos de construção,

facilitando o processo de fecho do ciclo de vida dos produtos, sendo este o objectivo primordial nesta

temática.

85

Deram-se vários exemplos de produtos que visam esse fecho de ciclo de vida e até mesmo da

viabilidade da sua aplicação em obra. Contudo a complexidade inerente à sustentabilidade na construção

não provém apenas da panóplia de estudos necessários nem da concepção do produto, mas também das

relações e decisões entre os vários intervenientes na construção.

Saliente-se que a falta de informação sobre o desempenho ambiental é abundante e preocupante, assim

como a por vezes deficiente interligação entre os vários sectores da construção. Torna-se então essencial a

criação de um mecanismo que faça esta conexão entre actores na área da construção (produtores,

investidores, projectistas, imobiliárias, entre outros) através da cooperação entre as várias partes, com o

intuito de tornar este sector mais transparente.

Foi dado como exemplo desta cooperação o caso da Suécia, onde a vontade de unificar esforços para

alcançar um bem comum prevaleceu sobre a vontade e interesses das partes. No âmbito nacional, este

cenário está longe de ser realidade, muito menos quando o que mais preocupa o sector da construção é a

própria sobrevivência. Mas assim como na Suécia, em Portugal também terá que passar pelo governo a

tomada de iniciativa capaz de desenvolver um plano consciente e realista de modo a dar um novo rumo a

um sector tão importante para o país e, claro, para o ambiente.

Poderá passar, primeiro, pela criação de um grupo de trabalho que se foque nesta premissa, e tenha

como objectivo primordial conseguir juntar na mesma mesa representantes de todas as áreas da

construção para delinearem trajectos coincidentes e sustentáveis. Das medidas a considerar, partindo da

bibliografia utilizada na presente dissertação, podem-se enumerar algumas propostas de medidas:

incentivo à criação de sistemas de DAP através da redução de impostos a produtos que apresentem

bons resultados ambientais;

apoio no processo de testes e estudos necessários à elaboração das DAP através de, por exemplo,

acordos entre empresas e entidades de ensino, de modo a serem os estudantes a fazerem esse

trabalho de incentivo à evolução sustentada do mercado da construção;

criação de um maior número de disciplinas / palestras nas universidades nacionais relacionadas com

a sustentabilidade no sector da construção, com o intuito de incutir desde a formação uma nova

maneira de encarar e pensar a construção.

Concluindo, a ideia principal que se pode reter com a elaboração desta dissertação é que a certificação

ambiental do conteúdo reciclado / reciclável seria um contributo considerável para a evolução do mercado

dos materiais de construção, visto serem um impulsionador e uma forma fácil e concisa de demonstrar as

vantagens ambientais que os caracterizam.

86

Trabalhos futuros

Tendo em conta o longo caminho que ainda se deve percorrer de modo a desenvolver estas

metodologias de certificação ambiental nos produtos de construção e partindo do princípio de que um

trabalho de investigação é sempre passível de ser complementado, são apresentadas de seguida algumas

recomendações para estudos futuros:

complementar o estudo inicialmente desejado para a presente dissertação, propondo formas de

obtenção dos dados necessários ou novos critérios considerados importantes na caracterização dos

produtos de construção;

desenvolver um estudo fiável de obtenção de informação associada, principalmente à energia

incorporada e durabilidade dos materiais de construção, através do acompanhamento de processos

de produção e testes / ensaios que confiram credibilidade à avaliação dos produtos;

aplicar ACV’s aos conteúdos reciclados;

desenvolver uma base de dados que interligue áreas de fabrico de uma dada gama de produtos à

obtenção de matéria-prima virgem vs reciclada, de modo a averiguar qual a que poderiam apresentar

maior valor em termos de material local;

delinear os CCV de certos produtos da mesma gama, que possua uma opção reciclada, de modo a

poderem ser utilizados num processo de avaliação e comparação;

aumentar o leque de produtos investigados, com o intuito de, segundo a metodologia LiderA,

fornecer uma base de dados expedita e de fácil acesso que auxiliem e se torne essencial no processo

de escolha dos produtos por parte de projectistas e donos de obra.

87

Bibliografia

4Rs. 2011. Catálogo de Produtos e Materiais Sustentáveis em desenvolvimento da 4Rs. [Online]

2011. [Última visita em: 15 de Setembro de 2012] http://www.4rs.pt/

Amaral, Sara e Gaiolas, Sebastião. 2008. Resíduos de Construção e Demolição – Futuros Desafios.

Edifer construções. [Online] 05 de Março de 2008. [Última visita em: 11 de Outubro de 2011]

http://www.edifer.pt/Noticias_Apresentacoes/Noticias_Apresentacoes_Edifer_CEIFA.pdf.

Amorim, Imobiliária. 2006. Reciclagem do estádio das Antas - Demolir sem deixar rasto. 2006.

Caso de estudo.

Anink, David. 1998. Handbook of sustainable building. London : James & James, 1998.

APA. 2010. Portal da Agência Portuguesa do Ambiente. [Online] 2010. [Última visita em: 6 de

Outubro de 2010.] http://www.apambiente.pt.

Arrifano, Ricardo Abel dos Reis. 2009. Desempenho Ambiental e Soluções Arquitectónicas

Sustentáveis em Complexos Desportivos. Lisboa. 2009.

BBRI. 2001. RECYhouse. Belgian Building Research Institute. [Online] 2001. [Última visita em: 13

de Maio de 2012.] http://www.recyhouse.be/.

Bento, Pedro. 2007. Novos Edifícios – Um Impacte Ambiental Adverso 03. Lisboa. 2007.

Blog, Meu mundo sustentável. 2010. Meu mundo sustentável. [Online] 2010. [Última visita em: 23

de Outubro de 2011.] http://meumundosustentavel.com/2008/pegada-ecologica-global/.

Bogeskär, M., Carter, A., Nevén, Carl-Otto, Muji, R., Schmincke, E., Stranddorf, H., 2002.

Evaluation of Environmental Product Declaration Schemes. European Commission, DG Environment.

2002.

BRE. 2012. environmental profiles. [Online] 2012 [Última visita em: 21 de Setembro de 2012.]

http://www.bre.co.uk/page.jsp?id=53.

BRE. 2008. Environmental Profiles Of Construction Products. [Online] 2008. [Última visita em: 21

de Outubro de 2010.] http://www.breeam.org/.

BRE. 2007. Methodology for environmental profiles of construction products: Product Category

Rules for Type III environmental product declaration of construction product - Draft 2007. Disponível

em: http://www.bre.co.uk/filelibrary/greenguide/PDF/Environmental_Profiles_Methodology_2007_-

_Draft.pdf. [Última visita em: 21 de Setembro de 2012.]

Brick, K., Frostell, B. e Svanberg, C. 2008. Barriers and opportunities for increased use of LCA-

based tools for the built environment – Stakeholder responses. Estocolmo : s.n., 2008. Tese em

Engenharia Industrial .

88

Brito, Jorge de. 2010. Produtos com conteúdo reciclado e sua aplicabilidade na construção. Lisboa :

Congresso LiderA 2010, 2010.

Byggvarubedömningen. 2011. Sítio da empresa Byggvarubedömningen. [Online] 2011. [Última

visita em: 8 de Agosto de 2011.] http://www.byggvarubedomningen.se/sa/node.asp?node=468.

Carmody, J., Trusty, W. & Meil, J. e Lucuik, M. 2007. Life cycle assessment tool for building

assemblies. s.l. : IOS Press, 2007. Portugal SB07. Sustainable Construction, Materials and Practices. pp.

334-340.

C.E. 2003. Comunicação da Comissão - Para uma estratégia temática de prevenção e reciclagem de

resíduos. Bruxelas : Jornal Oficial Comissão Europeia, 2003.

Cepinha, Eloísa. 2007. A Certificação Energética de Edifícios como Estratégia Empresarial do

Sector da Construção. Lisboa. 2007.

CIN. 2010. Sítio da empresa CIN. [Online] 2010. [Última visita em: 13 de Dezembro de 2010.]

http://www.cin.pt.

Clement, Simon. 2006. DEEP – Dissemination of Energy Efficiency Measures in the Public

Buildings Sector. Florença. 2006. Multi-stakeholder roundtable to discuss the public procurement of

sustainable building materials in Europe.

Coelho, André e Brito, Jorge de. 2010. Traditional vs Selective Demolition. Vilamoura. 2010.

Portugal SB10: Sustainable Building Affordable to All. pp. 699 - 712.

Couto, J. P. e Couto, A. M. 2007. Reasons to consider the deconstruction process as an important

practice to sustainable construction. IOS Press, 2007. Portugal SB07 - Sustainable Construction,

Materials and Pratices . pp. 76-81.

CROSSVILE. s.i.. LEED material resource credits. [Online] s.i. [Última visita em: 30 de Setembro

de 2012.] http://www.crossvilleinc.com/pdfs/leedMaterialResourceCredits.pdf

cyberjornal. 2012. Sítio cyberjornal. [Online] 2012. [Última visita em: 15 de Fevereiro de 2012.]

http://www.cyberjornal.net/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=4563.

DETR, Department of the Environment, Transport and the Regions. 2000. Addendum to BRE

Methodology for Environmental Profiles of Construction Materials, Components and Buildings. [Online]

2012. [Última visita em: 22 de Setembro de 2012.]

http://stuff.mit.edu/afs/athena/dept/cron/project/urban_metabolism/DJQ/Papers_Research_Websites/Indic

ators+Methods/bre%20methodology%20addendum.pdf

89

Duarte, Bruno e Sousa, Hipólito de. 2010. Exigências de sustentabilidade do materiais de

construção na documentação técnica de obras. 2010. Portugal SB10: Sustainable Building Affordable to

All. pp. 355-362.

Edwards, Brian. 2002. Rough guide to sustainability. RIBA Publishing, 2002.

European Technical Committee, CEN/TC 350. 2011. FprEN 15804 - Sustainability of construction

works - Environmental product declarations - Core rules for the product category of construction

products. 2011. European Standard.

Extruplás. 2012. Sítio da empresa extruplás.[Online] 2012. [Última visita em: 20 de Julho de 2012.]

http://www.extruplas.com/.

Godinho, Tânia. 2011. SOLUÇÕES INTEGRADAS DE VALORIZAÇÃO - SGR. Lisboa. 2011.

Seminário “Gestão de Resíduos Industriais” .

Grácio, Mário. 2008. Actuação da IGAOT no fluxo dos RCD. Apresentação para LIPOR - Projecto

RETRIA. [Online] 24 de Setembro de 2008. [Última visita em: 20 de Julho de 2012.] Disponível em:

http://www.lipor.pt/upload/Lipor/ficheiros/Apresenta%C3%A7%C3%A3o_RETRIA_M%C3%A1rio%20

Gr%C3%A1cio_IGAOT.pdf.

greensavers. 2010. Sítio greensavers. [Online] 2010 de Setembro de 2010. [Última visita em: 15 de

Abril de 2012.] http://www.greensavers.pt/2010/09/14/%E2%80%9Csustentabilidade-dos-materiais-de-

construcao%E2%80%9D-ja-esta-livro/.

I.N.E., Instituto Nacional de Estatística. 2009. Estatísticas do Ambiente 2009. 2009. Estatísticas

Oficiais.

iiSBE. 2007. An overview of the GBC Method and SBTool. Janeiro 2007.

INE. 2010. O Sector dos resíduos em Portugal. Instituto Nacional de Estatística , 2010.

IPP. 2007. Start IPP (Integrated Product Policy). [Online] 2007. [Última visita em: 16 de Outubro de

2010.] http://www.startipp.gr/PT_NET/EPD.pdf.

ISO, International Standards Organization. 1998. ISO 14040: Environmental Management ‐ Life

Cycle Assessment ‐ Principles and Framework. International Standards Organization. 1998.

Jalali, F. Pacheco Torgal e Said. 2008. Tendências para a sustentabilidade dos materiais de

construção. 2008. Engenharia e Vida.

Knoeri, Christof, Binder, Claudia R. e Althaus, Hans-Joerg. 2011. Decisions on recycling:

Construction stakeholders' decisions regarding recycled mineral construction materials. Resources,

Conservation and Recycling. Suíça. 2011, pp. 1039-1050.

90

Kretsloppsradet. 2011. Sítio da empresa Kretsloppsradet. [Online] 2011. [Última visita em: 10 de

Agosto de 2011.] www.kretsloppsradet.com.

Lippiatt, B. 1998. Building for Environmental and Economic Sustainability. Gavle, Suécia. 1998.

CIB World Building Congress 1998: Construction and the Environment.

Lourenço, Cristina. 2007. Optimização de sistemas de demolição – demolição selectiva. Lisboa -

Instituto Superior Técnico. 2007. Tese de mestrado em Engenharia Civil .

Luce, Progetti di. 2012. Sítio da Progetti di Luce. [Online] 2012. [Última visita em: 15 de Fevereiro

de 2012.] http://www.progettidiluce.com/sponsor/Scheda_Matrec_Ing.pdf.

Mata, Teresa M. e Costa, Carlos A. V. 1998. Metodologia de análise - Norma ISO14040. Caderno

de ambiente AIP. 1998, pp. 28-30.

MOR. 2012. Sítio do Mercado Organizado de Resíduos. [Online] 2012. [Última visita em: 1 de 07 de

2012.] www.moronline.pt.

"Em obra", Revista. 2011. Construção Sustentável - Reciclagem. Em obra. Outubro, Novembro e

dezembro de 2011, pp. 48 - 49.

Optis, Michael. 2008. Incorporating Life Cycle Assessment into the LEED Green Building Rating

System. Victoria. 2008.

Palerm, Dr Juan R. 2000. Orientações para a elaboração e avaliação de declarações ambientais.

Barcelona : Comissão Europeia - Direcção-Geral da Saúde e Defesa do Consumidor, 2000.

PEFC. 2010. PEFC ST 2002:2010. Norma Internacional PEFC - Cadeia de Responsabilidade de

Produtos de Base Florestal. 2010.

Pinheiro, Manuel. 2006. Ambiente e Construção Sustentável. Amadora : Instituto do Ambiente,

2006.

Diário da República Portuguesa. 2011. DL 73/2011. Diário da República. 17 de Junho de 2011, pp.

3251 - 3300.

Proesler, Martin. 2008. Environmental information for products and services. Alemanha : Federal

Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety; Federal Association of German

Industry (BDI); Federal Environment Agency, 2008.

Rematerialise. 2002. Sítio do projecto Rematerialise. [Online] 2002. [Última visita em: 13 de Março

de 2012.] http://extranet.kingston.ac.uk/rematerialise/.

91

Santos, A. e Brito, J. de. 2007. Overview of Deconstruction Activities in Portugal. IOS Press, 2007.

Portugal SB07. Sustainable Construction, Materials and Practices. pp. 585 - 592.

Schultmann, F. e Sunke, N. 2007. Organisation of reverse logistics tasks in the cunstruction

industry. Portugal : IOS Press, 2007. Sustainable Construction - Materials and Practices - Challenge of

the industry for the new millennium . pp. 577 - 584.

SGRambiente. 2011. Manual de qualidade. Seixal. 2011.

Soares, Liliana e Diogo, Susana. 2008. Análise técnica e económica de alguns isolamentos térmicos

ecológicos. Coimbra : s.n., 2008. Inovação na Construção Sustentável - Cincos' 08 . pp. 35 - 46.

Sousa, Maria Eduarda Texugo de. 2008. Operadores de gestão de resíduos de plástico.Inspecção-

geral do ambiente e do ordenamento do território, 2008.

SundaHus. 2011. Sítio da empresa SundaHus. [Online] 2011. [Última visita em: 14 de Agosto de

2011.] http://www.sundahus.se/home.aspx.

Teixeira, M. 2008. O conceito de edifícios verdes: realidade ou utopia?. Porto : FEUP, 2008. 1º

Forum Internacional de Gestão na Construção - Gescon 2008: Gestão do Processo do Empreendimento de

Construção.

Tirone, Livia. 2010. Construção sustentável - Soluções eficientes hoje, a nossa riqueza de amanhã.

Lisboa. 2010. Congresso LiderA 2010 - Construção Sustentável.

Torgal, F.Pacheco e Jalali, Said. 2007. Construção sustentável. o caso dos materiais de construção.

Coimbra. 2007. Congresso Construção 2007 - 3.º Congresso Nacional.

UKAS. 2010. Sítio da empresa United Kingdom Accreditation Service (UKAS). [Online] 2010.

[Última visita em: 27 de Fevereiro de 2012.] www.ukas.com.

Vinyl. 2010. Sítio do programa Vinyl2010. [Online] 2010. [Última visita em: 27 de Novembro de

2011.] www.vinyl2010.org.

Vinyl2010. 2011. Vinil 2010 Relatório de Progresso 2011. Bruxelas, Bélgica : Vinyl 2010, 2011.

Relatório.

WBCSD, World Business Council for Sustainable Development. 2008. Eficiência Energética em

Edifícios – Realidades empresariais e oportunidades. BCSD Portugal : 2008, pp. 14.

92

Anexos

A.1-1

A.1 Cópia de documento esquema dos perfis ambientais BRE

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 1 of 10

1. Introduction

This certification scheme has been established to provide ongoing independent, third party assessment and certification of materials and products for their environmental performance. It allows product and system build manufacturers to demonstrate the environmental performance of their products – in manufacture and in use. The scheme was launched in 2001 for certification of Environmental Profiles for construction products using Life Cycle Assessment (LCA) method developed by BRE Global and an updated methodology was introduced in 2008. The certification process is outlined in appendix 1. Environmental Profiles are used to measure the environmental impacts of manufacturing processes and the emphasis is on continual improvement. They demonstrate that a Company is interested in their environmental performance and can be used to differentiate products from others in the marketplace. The scheme is highly complementary to Environmental Management Systems. An Environmental Profile consists of 13 environmental indicators and a BRE Global Ecopoints score. This compares the environmental impact of a product against a typical person. 100 Ecopoints equal the impact of one European

2 person for one year.

By generating an Environmental Profile for a product, manufacturers can access other BRE Global tools. They can obtain a Green Guide rating for their product and also add their product to the range of materials available in the Envest2 software. These two products are used to award credits in BREEAM, for use of materials with lower environmental impact. The 2008 Green Guide Online provides information for a wide range of specifications and gives environmental impact by using a simple A+ to E rating, on a summary ratings basis and also for each environmental indicator, where A+ represents good environmental performance. The ratings are based on the Ecopoints score for each specification within a given range. Following successful verification and certification, the relevant company and product details will appear in Volume 2 of our Red Book (www.redbooklive.com ) and on GreenBookLive (www.greenbooklive.com).

2. Scope

Products are assessed using the LCA methodology BES 6050 developed by the Sustainability Group at BRE Global: BRE Methodology of construction materials, components and buildings: Product Category Rules (PCR) for Type III environmental product declaration of construction products 2008. This methodology is used to generate Environmental Profiles for 1 tonne of each product as well as various elemental profiles to show their environmental performance as a square metre of a building construction. Appendix 2 provides more information about the document and how it was developed. Which products are certified within this Scheme?

The Environmental Profile Certification Scheme focuses on those materials and construction products with significant embodied environmental impacts and those for which credits are available in the following schemes: - BREEAM - EcoHomes - Code for Sustainable Homes

1 Based onWestern Europe (the EU-15 nations plus Norway and Switzerland).

A.1-2

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 2 of 10

Within these schemes credits are awarded for the use of materials with low embodied environmental impact. The building elements that allow the achievement of credits and the schemes to which they are applicable are shown below:

Which products are not certified within this Scheme?

The impacts of construction materials and building components vary by orders of magnitude. To ensure that Certification captures the most significant environmental impacts, the Scheme currently excludes finishes, fittings, services and minor elements. Examples of these might include: Finishes Fittings Services Minor elements

- paints - shower trays - air conditioning - stairways - wallpaper - taps - plumbing and wiring - doors

3. Applications to join the Scheme

To apply for certification of Environmental Profiles, application form (BF 150) needs to be completed and returned to BRE Global and a quotation will be prepared. For more information or help with your application contact BRE Global on 01923 664100. Retrospective certification against Environmental Profiles generated by BRE Global are possible provided that the profile is less than twelve months old. On receipt, all applications are checked for eligibility and completeness. A quotation is prepared which includes the scope of certification and all of the fees for the collection and verification of data, environmental report and profiling, including visits to site(s).

A.1-3

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 3 of 10

4. The profiling process Application and quotation - As detailed above, the process starts with the completion of our

application form and a quotation for the certification and environmental profiling work. Once this has been accepted, we ask for the data to satisfy the 13 environmental indicators, to be sent to us for a desk top evaluation. The data requested will cover 12 months production of the product(s) being certified. Data review process – This process is to evaluate the completeness and accuracy of the data

and queries are raised where information is not clear or where further information or objective evidence is required. Data verification process - The next step is for us to visit the sites/facilities detailed in the

application to verify the data that has been supplied. At this visit, we are looking for objective evidence to substantiate the documentation submitted for the desk top review. This will include energy and utility bills, delivery notes, sub metering records and discussions with the nominated environmental manager and other staff as necessary. The evidence provided must be ‘original’ and verifiable. A file containing a copy of all the evidence provided will be maintained by BRE Global. The visit starts with an opening meeting to explain the purpose of the visit and an approximate plan of the activities and information that will need to be seen. At the end of the visit, a closing meeting is held with the relevant staff to discuss the findings and to report on any issues that require further information before a profile can be generated. Where a company holds a certificate to ISO 14001 or EMAS, this will be noted but will not eliminate the need for site visits to verify the data. On completion of the site visit, a Data Verification letter is compiled of all data collected during the visit and any assumptions or calculations made for you to review and agree to. Generating the Environmental Profiles – When the Data Verification letter has been agreed,

the data is processed using the BRE Global 2008 methodology to produce an Environmental Profile and elemental profiles as required. The profiles are then reviewed by the Scheme Manager and if all of the aspects are satisfactory, a recommendation for a certificate and appendices is made in an internal report. Deliverables to the manufacturer-

Certificate and appendices of per tonne and elemental Environmental Profiles.

Details of the contribution of different inputs to the overall environmental impact of one tone of product.

Details of the contribution of different products to the overall environmental impact of the building elements.

Green Guide rating of building product within a building element (where applicable)

Entry into Volume 2 of the Red Book, "List of Approved Companies and Approved Products”, issued by BRE Global and circulated to specifiers and regulators, clients and building users worldwide. This is also available through the BRE Global website www.breglobal.com, www.redbooklive.com.

Entry onto www.greenbooklive.com website.

5. Certification

Certificates and appendices are awarded following satisfactory completion of the above. Certificates are valid for three years subject to annual verification through the completion of a questionnaire. Full recalculation and verification will be required after 3 years. Where the annual verification shows a variation of more than 10% in overall environmental impact.

A.1-4

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 4 of 10 against the original data, the certificate may be withdrawn and the client will be invited to have their products reassessed against more recent data. The data that is required for each product will be specified in advance of the annual verification. As part of the continual improvement, a certificated company may request a data re-evaluation at any time.

6. Certification Mark

Once a certificate has been issued, the BRE Global Mark detailed below can be used as directed in the publication PN103 'Use of the BRE Global Certification Marks'.

7. Complaints and Appeals

BRE Global operates procedures for complaints and appeals. Further details are available on

request.

8. Life Time Performance

BRE have standard default replacement rates and maintenance regimes that are applied to generic and proprietary products, which have been derived by whole life performance experts at BRE. If a company has evidence or wishes to obtain evidence to modify these default rates, the evidence must be independently reviewed. This is available as a supplementary service from Whole Life Performance experts at BRE Ltd.

A.1-5

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 5 of 10

Appendix 1 - The Environmental profiles certification process

A.1-6

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 6 of 10

Appendix 2 - Excerpt from document “BRE Global Methodology of construction materials, components and buildings: Product Category Rules for Type III environmental product declaration of construction products 2008 ", document BES 6050. THE BRE Global METHODOLOGY FOR ENVIRONMENTAL PROFILES OF CONSTRUCTION MATERIALS, COMPONENTS AND BUILDINGS: Product Category Rules for Type III environmental product declaration of construction products 2008

Jane Anderson, Kristian Steele, Jo Mundy, Suzy Edwards The Environmental Profiles methodology was first published in 1999. This 2008 update has been made possible with the kind support of:

BRE Trust

Department for Education and Skills

Department of Trade and Industry

Energy Savings Trust

English Partnership

HSBC

National House Building Council (NHBC)

Office of Government Commerce

Royal Bank of Scotland

Willmott Dixon

WRAP This updated methodology has been developed by BRE Global in consultation with the wider industry. It is the view of the steering group that the methodology set out in this document is a practical, consistent and comprehensive method for the life cycle assessment (LCA) of all types of building materials and components. Environmental Profiles may be calculated for materials, components and complete building elements and systems. This can include complete building solutions. Appendix 3 is an example of an Environmental Profile and the data that would appear on it. PEER REVIEW STATEMENT

The following experts in LCA and buildings have undertaken a peer review of this methodology: Wayne Trusty, Athena Sustainable Materials Institute, Canada (Chair) John Bowdidge, Independent LCA expert, UK Eva Schminke, Five Winds Consultancy, Germany

The peer review team congratulates BRE Global on the production of a well-researched and well-developed PCR methodology. The PCR methodology closely follows the requirements of the relevant ISO standards, while at the same time providing the necessary detail to enable the derivation of Type III Environmental Product Declarations (EPD). Suggestions to improve the clarity of the report and to modify a number of technical issues were made and these were implemented by BRE Global. This document has been compiled to reflect the conclusions of the industry consultation exercise including discussions with the Construction Products Association and its members, the Project Steer Group, and the BRE Global Sustainability Board. Every attempt to accurately reflect the agreed conclusions of these discussions has been made. Manufacturers of construction products, designers, users and owners of buildings and others active in the building and construction sector are increasingly demanding information that will enable them to make decisions which address environmental impacts of buildings and other construction works. An increasingly popular approach is to create environmental product declarations.

A.1-7

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 7 of 10 Environmental product declarations are similar to the nutritional information found on the back of food packets. They list the impacts caused throughout the life of a particular product. It is essential that there be uniformity in the means of expressing environmental product declarations. This includes having a consistent way of arriving at the declaration and providing the information. The user expects unbiased, accurate and verified information, which is consistent with the best current practice and understanding. To help achieve this, work has been ongoing at both national and international levels. According to the International Standards of the ISO 14020 series, environmental labels and declarations are divided into three principal types:

Type I (ISO 14024) – label: a defined environmental standard with “ecolabels” awarded to those who pass

Type II (ISO 14021) – claims: self declared claims (e.g. “recyclable”)

Type III (ISO 14025) – declaration: ‘nutritional labelling’ style environmental product declarations within a prescribed formula

These documents are supported by a fourth document: ISO 14020, Environmental labels and declarations – General principles. Additionally, a further ISO Standard has been specifically developed to create appropriate rules for applying the ISO 14025 standard to construction products:

ISO FDIS 21930 Sustainability in building construction – Environmental declaration of construction products.

Type III environmental product declarations must be based on Life Cycle Assessment (LCA), an area which has been covered by the ISO standards:

ISO 14040:2006, Environmental management - Life cycle assessment. Principles and framework

ISO 14044:2006, Environmental management - Life cycle assessment - Requirements and guidelines.

This document provides information about the Environmental Profiles methodology for construction products, a “type III” environmental labelling scheme for construction products and elements. The methodology has been prepared to be in conformity with the relevant ISO standards – FDIS 21930, ISO 14025, and standards relating to Life Cycle Assessment in general, ISO 14040 and 14044. BRE Global first published the Environmental Profiles methodology, “BRE Methodology for Environmental Profiles of construction materials, components and buildings” in 1999, with funding from the DETR and the involvement of over 20 trade associations and industry bodies. Following developments in LCA techniques and the work undertaken for the ISO Standards, BRE Global chose to update the methodology, a process which has involved extensive stakeholder consultation. The purpose of this methodology is to describe the principles and framework for environmental declarations of construction products, including consideration of the reference service life of construction products over a building’s life cycle. This methodology forms the basis for the Environmental Profiles Scheme, a Type III environmental declaration programme which enables manufacturers and trade associations to make Type III environmental declarations of construction products as described in ISO 14025. The overall goal of Environmental Profiles is to encourage the demand for, and supply of, construction products that cause less stress on the environment, through communication of verifiable and accurate information on environmental aspects of those construction products, thereby stimulating the potential for market-driven continuous environmental improvement. This document will be of interest to individual construction product manufacturers and construction product trade associations wishing to prepare an Environmental Profile and data users, including designers and clients, who wish to have a detailed understand of the basis of the information they are using. There are two clear benefits to having a single, industry agreed method that is applicable to all types of building product:

A.1-8

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 8 of 10

1) The application of the Environmental Profiles methodology will allow manufacturers and trade associations to publish data about their products on the basis of a “level playing field”, i.e. in a way that is comparable and robust for competing product types.

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 9 of 10

2) Using data produced by this methodology will give confidence to designers and building clients who wish to ensure that they have taken full account of the life cycle environmental impacts of the construction products they are using, using the latest developments in life cycle assessment and that the data they are using has been produced such that competing products have been evaluated in a fair and independent manner.

For more information about the Environmental Profiles Scheme see http://www.bre.co.uk/envprofiles

A.1-9

SCHEME DOCUMENT Doc No: SD 028

Revision No: 04

Environmental Profiles Of Construction Products Date: 18 Nov 2008

Page: 10 of 10

Appendix 3 - Example of data which would appear on a certificate.

A.2-1

A.2 Extracto do esboço das Regras de Categoria de Produtos segundo a

metodologia BRE

A.2-2

Acknowledgement............................................................................................................................. .............4

Peer review statement................................................................................................ ................................. 5

BRE statement on the completeness of this document.......................................................... ..................... 5

Introduction.......................................................................................................... ........................................ 6

1 Scope of this document................................................................................................................. 8

2 Normative references......................................................................................................... ........... 10

3 Terms and definitions ................................................................................................................... 11 4 Terms and definitions .................................................................................................................. 14 4.1 Symbols and Abbreviations ......................................................................................................... 14 4.2 Acronyms ..................................................................................................................................... 14

5 General aspects of the Environmental Profiles Scheme.............................................................. 15 5.1 Goal.............................................................................................................................................. 15 5.2 Scope .......................................................................................................................................... 15 5.3 Objectives .................................................................................................................................... 17 5.4 Audience ...................................................................................................................................... 17 5.5 Programme operator .................................................................................................................... 17 5.6 Involvement of interested parties ................................................................................................. 17 5.6.1 Industry Stakeholders............................ ...................................................................................... 17 5.6.2 PCR review committee................................................................................................................. 19 5.7 Responsibility for the Environmental Profiles .............................................................................. 19 5.8 Product Category ......................................................................................................................... 19 5.9 Comparability of Environmental Profiles of construction products................................................ 19 5.10 Data management......................................................................................................................... 19 5.11 Data confidentiality ........................................................................................................ ............... 20 5.12 Keeping the methodology (PCR) up to date ......... ....................................................................... 20 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.4.1 6.4.2 6.4.3 6.4.4 6.4.5 6.4.6 6.4.7 6.4.8 6.4.9 6.4.10 6.5 6.6 6.6.1 6.6.2 6.6.3 6.6.4 6.6.5 6.6.6 6.7 6.7.1 6.7.2 6.7.3

Contents

Methodological framework ......................................................................................... ................... 21 General ......................................................................................................................................... 21 Data collection .............................................................................................................................. 21 Declared and functional units ....................................................................................................... 22 System boundaries ....................................................................................................................... 22 Boundary rule: Cut-off criteria for the inclusion of inputs and outputs........................................... 22 Boundary rule: Cut-off criteria for environmental impacts............................................................. 23 Boundary rule: Capital equipment and infrastructure.................................................................... 23 Boundary rule: Energy use in factory and factory support offices ................................................ 23 Boundary rule: Construction impacts............................................................................................ 23 Boundary rule: Site wastage.......................................................................................................... 23 Boundary rule: Lifetime use: maintenance.................................................................................... 23 Boundary rule: Lifetime use: contribution to lifetime: energy use in a building.............................. 24 Boundary rule: Demolition ................................................................................................. ........... 24 Boundary rule: disposal................................................................................................................. 24 Data quality requirements ............................................................................................................ 24 Energy ............................................................................................................................. ............. 24 Electricity models.......................................................................................................................... 24 Renewable electricity ................................................................................................................... 25 Fuels ............................................................................................................................................ 25 Waste derived fuels.......................................................................................................... ............ 26 Biofuels ........................................................................................................................................ 26 Combined Heat and Power (CHP)................................................................................ ............... 26 Transport...................................................................................................................................... 27 Transport to factory gate ............................................................................................................. 27 Transport from factory to site ................................................................................... ................... 27 Calculating inventory data for transport...................................................................... ................. 27

A.2-3

6.8 6.8.1 6.8.2 6.8.3 6.9 6.9.1 6.9.2 6.9.3 6.10 6.11 6.12 6.13 7 7.1 7.2 7.2.1 7.3 8 8.1 8.2 8.3 8.4 9 Content of an Environmental Profile ............................................................................................. 39 10 10.1 10.2 10.2.1 10.3 10.4 10.4.1 10.4.2 10.4.3

Appendix 1 Performance and service life

Appendix 2 Data Quality Requirements

Appendix 3 Content of an Environmental Profile

Appendix 4 Background to the characterisation factors used to create the Environmental Profiles

Appendix 5 Carbonation calculations

Disposal..................................................................................................................... ..................... 27 Disposal routes for construction materials ..................................................................................... 27 Waste models for waste treatment and disposal............................................................................ 28 Waste water treatment models ............................................................................ .......................... 28 Allocation ....................................................................................................................................... 28 Allocation of material flows............................................................................................................. 28 Allocation, waste and recycling...................................................................................................... 29 Allocation for post-consumer materials which are recycled and reused......................................... 29 Units to be used for inputs and outputs .................................................................................... ..... 31 Imports ........................................................................................................................................... 31 Carbon cycle .................................................................................................................................. 31 Adjusting carbon dioxide emissions for re-carbonation ................................................................. 32

Life Cycle Impact Assessment....................................................................................................... 33 Characterisation factors .................................................................................................... ............. 33 Normalisation.................................................................................................................................. 34 Sources of normalisation data........................................................................................................ 34 Weighting ....................................................................................................................................... 36

Reporting........................................................................................................................................ 37 General .......................................................................................................................................... 37 Project report ................................................................................................................................. 37 Project documentation.................................................................................................................... 37 Rules for data confidentiality ......................................................................................................... 38

Environmental Profiles Scheme programme development and operation .................................... 40 Responsibilities of the programme operator .................................................................................. 40 Responsibilities of the PCR review panel....................................................................................... 40 Competence of the PCR Review panel.......................................................................................... 40 Responsibilities of the manufacturer / trade association ......................................................... ...... 40 Verification ..................................................................................................................................... 40 Verification for generic data sets based on data from two or more manufacturers ...................... 41 Verification for proprietary data sets from a single manufacturer................................................... 41 Competency of verification staff............................................................................................. ........ 41

A.2-4

6.9.3 Allocation for post-consumer materials which are recycled and reused Many processes manufacture a primary product which after use is likely to be recycled or

reused. The recycling may be into the same product as the original or into one with a lower-

grade application. The problem faced is how to ensure that the recycled or reused product

carries an appropriate amount of the environmental impact from the original process into the

new product.

The thinking behind the Environmental Profiles procedure follows that for allocation to co-

products and is therefore based on economic value. This is one of the allocation approaches for

recycling recommended in ISO14044.

The underlying concept is that when manufacturing a primary product, some of the primary

manufacturing impact will be transferred forward to any future recycling on the basis of the

relative values of the primary product and the material arising in the waste stream for recycling

or reuse. Therefore any post-consumer recycled input will incur a proportion of primary impact

calculated in the same way, according to its value relative to that of the primary manufacturing

process.

For example, when a steel frame building is demolished, the steel sections within the

building have a value as a resource for recycling, and a proportion of the impact of their primary

manufacture is allocated forward to this recycling, based on the relative values of the primary

production stream and the waste arising.

Allocation to post-consumer recycling is undertaken from the point in primary manufacture at

which further processing is no longer useful in terms of recycling. This is called the "base point",

and the material the "base material". Only the impacts up to the base point are allocated to the

recycled product. Any subsequent manufacturing beyond the base point will be totally allocated

to the primary product.

Examples of this include:

a glass bottle recycled into another glass object – the base point is just before the glass

(base material) is made into bottles

aluminium foil – the base point is the aluminium ingot (base material) before it goes to

rolling

steel section – the base point is the manufacture of steel slab (base material) before

section manufacture

Therefore, in the example above of the glass bottle, the impact of bottle manufacture is only

carried by the first use of the bottle, but some of the impact of glass manufacture will be

allocated to post-consumer recycling. For the aluminium foil, some of impact of aluminium ingot

production is allocated forward.

A.2-5

6.9.3.1 Allocation to post-consumer recycling

The allocation to recycling is based on the cost of the base material at the base point and this is

compared to the cost of the material arising for recycling to give the proportion of impact which

is transferred to any recycled product.

However, this allocation for recycling can only be undertaken when recycling actually happens.

This means a further calculation for the proportion of material recycled must also be used in the

equation, based on the current recycling rate.

In other words, of products manufactured today, the proportion assumed to be recycled in the

future is the percentage based on current recycling rates. Recycling rates for demolition waste

have been collected by BRE and consulted on with industry iin the development of this

methodology.

Using the examples above, for the aluminium foil, the amount of impact allocated to recycled

aluminium will be based on the relative value of aluminium ingot being produced and the

corresponding value of aluminium which would be expected to arise for recycling.

For one tonne of ingot, the 3 year average is approximately £1250, the product yield from 1

tonne of ingot is 0.988 tonnes, and the estimated scrap arising is 90% of this figure, 0.9 tonnes,

with a value of approx £750/tonne.

The amount of impact allocated forward to future recycling is therefore (0.9*£750)/(1*£1250) =

53%

Any post-consumer recycled input into a process will carry impact calculated in this way, and

this is calculated in the same way for pre-consumer waste as post-consumer recycling. For

closed loop pre-consumer recycling, the per tonne impacts carried forward to recycling will

match the per tonne impact brought with the recycled input, though there may be additional

impacts for the recycled input based on any secondary processing.

For the above example, any recycled aluminium includes the burdens carried forward from

primary manufacture. However as recycled aluminium has a similar value to primary aluminium,

and is as likely to be recycled, then a similar proportion of impact will be carried forward to its

own next use.

Where a product with recycled input is recycled again at the end of life, then the impact from

primary manufacturing will again transfer forward to this future recycling. Reprocessing and

remelting of scrap into ingot etc is of no value to any future recycling process, so the “base

point” is the value of the scrap, compared to the value of the scrap after use, so there is no

change in value, therefore only the losses through recycling rate and yield need to be

accounted for and this impact from primary production will remain with any recycled input.

A.2-6

6.9.3.2 Allocation to reuse

Allocation to reuse follows a similar principle to that above, but with a different base point. In this

respect, allocation to reuse is undertaken from the point of final manufacture at which further

processing is no longer useful in terms of reuse.

For example for a steel section which is reused, the manufacture of both steel slab and steel

section is useful to the reused product, and therefore the base point is after steel section

manufacture.

Allocation is based on the cost of the final product, and the amount of final product

manufactured. This is compared to the cost of the product arising for reuse and the amount of

product arising for reuse based on current reuse rates (again sourced by BRE). Any additional

impacts of manufacturing that are not useful for reuse (e.g. labelling or packaging) are allocated

to the primary product (in the scenarios common within construction, these impacts are not

generally significant as per 6.4.1).

A.3-1

A.3 - Cópia do extracto das Directrizes do Ecocycle Council– BPD3

(Junho 2007)

Foreword

As a voluntary system for conveying environmental information about building products,

building product declarations (BPDs) have a crucial role to play. The BPD system is based on

a unique voluntary commitment within the construction sector and has now been in existence

for more than 10 years. The BPD is an industry-wide format for the way information about

the environmental impact of building products should be communicated.

We have now updated the declaration and the instructions for it. The purpose of this is to

make the process simpler and clearer for suppliers and users. The project for developing

BPDs is part of Environmental Programme 2010, which has been developed by the Ecocycle

Council for the voluntary environmental work of the construction sector. The project is

included in the action programme called “Utfasning av farliga ämnen” [Phasing out hazardous

substances].

This work has given rise to these guidelines for setting up BPDs. They contain a form that is

intended to make it simpler for suppliers to enter data and for users to read declarations. The

numbering system is now consecutive but, in all essentials, the previous structure has been

retained. New, clearer instructions have been added to the form to show how to enter the data,

and certain data have been highlighted as requirements to ensure that the declaration fulfils the

guidelines of the Ecocycle Council.

Hans Ewander of the Building Material Producers Association of Sweden has been responsible

for the work, done within a working party comprising representatives of the four groupings

within the Ecocycle Council: the building materials industry, construction clients and property

owners, architects and technology consultants as well as contractors. Opinions have been

submitted, on the proposals that have been set up, by more representatives of the same groups,

and also by the Swedish Chemicals Agency and researchers.

This work has been financed by the Ecocycle Council and the Network of Swedish Building

Materials Industries. Companies and organisations that have been involved have also

contributed a lot of their own time in producing this new version of the BPD.

“Building Product Declarations – the Ecocycle Council Guidelines (BPD 3)” is now being

handed over to the construction and real estate sector in the hope that the guidelines will

improve the quality, accessibility and use of BPDs. The Ecocycle Council would like to direct

its warm thanks to all concerned!

The Ecocycle Council

Stockholm, June 2007

Ulrika Francke

Chairman

A.3-2

LIST OF CONTENTS

1 Background......................................................................................................... 7

1.1 The first instructions for building product declarations................................ 7

1.2 Experience..................................................................................................... 7

1.3 Development of BPDs within Environmental Programme 2010 ................. 7

1.4 Purpose of building product declarations...................................................... 8

2 Design, content and quality ........................................................................................ 8

2.1 Guideline contents......................................................................................... 8

2.2 Requirements for reporting data in BPD 3.................................................... 9

2.4 Industry adaptation based on form BPD 3 ................................................. 10

3 Explanations of terminology .................................................................................... 10

4 Literature and websites ............................................................................................ 12

5 Appendices ................................................................................................................ 12

A.3-3

1 Background 1.1 The first instructions for building product declarations

A conscious choice of building products assumes easily available information about chemical

content and other environmental properties. The Ecocycle Council, in its action plan

“Miljöansvar för byggvaror inom ett kretsloppstänkande - ett utvidgat producentansvar”

[Environmental Responsibility for building products within a recycling philosophy – extended

producer responsibility] (1995) took on the task of “designing and providing building product

declarations as soon as possible, but by 1997 at the latest”. The action plan entails a voluntary

commitment as an alternative to comprehensive legislation and detailed regulation.

A team made up of the parties concerned was commissioned by the Council to formulate

instructions for the way in which building product declarations ought to be set up. Instructions

for the way in which BPDs should be designed were presented as planned in autumn 1997

(Issue 1). These instructions were revised in spring 2000 (Issue 2). The document was

distributed widely via the Council’s network and the Swedish Building Centre – more than

4,000 copies of Issue 1. A comprehensive training programme was implemented and the

instructions (the 1997 version) were translated into both English and German.

1.2 Experience

Building materials manufacturers and suppliers have produced BPDs on a relatively large scale.

Today approx 4,000 – 5,000 building products are estimated to have declarations (2006

estimate). The majority of these are published on the companies’ websites. Some industries

have entered facts in BPDs in a collective industry manner. Several players within the sector

currently use data from BPDs for choosing building products with regard to environmental

properties and human health.

However, the supply and quality of declarations still does not correspond to expectations that

the sector and the Ecocycle Council had. One reason for this is that a BPD is seen as complex

and difficult to fill in. It is also difficult to procure all of the data required and certain suppliers

may also lack interest in them, since it is believed there is no demand for the declarations. The

Ecocycle Council’s instructions have also contained certain ambiguities. The building product

industry has perceived that the purchasers and other players do not request or require BPDs and

that there may be a lack of competence among purchasers for assessing the information

contained in the declarations.

Initially, data reported on BPDs were of a qualitative nature, only then to have been gradually

extended with more and more quantitative information. The market’s requirements for

quantified environment-related information about products are increasing, and perhaps

particularly so within the construction sector. In recent years, therefore, systems for

environmental product declarations (EPDs) have also been developed in compliance with ISO

Type III in Sweden and Europe. These are based on lifecycle inventories (LCIs) / lifecycle

analyses (LCAs).

1.3 Development of BPDs within Environmental Programme 2010 The Ecocycle Council has established that the issue of declaring a building material’s

environmental properties is of strategic significance. On this basis, the issue of further

developing the BPD has been taken up within the framework of working on the Environmental

Programme 2010 (previously called, in English, the Building Sector’s Environmental

Programme 2003). The environmental programme deals with two of the sub-programmes

concerning “phasing out hazardous substances” and “guaranteeing a good indoor environment”.

Both of these sub-programmes assume easily accessible information about the chemical content

and other environmental properties of the building products that are being used within the

sector. In one of the sub-targets within the sub-programme for “phasing out hazardous

substances”, it is stated that “By 2005 at the latest, the majority (approx ¾) of the relevant

building products being marketed in Sweden will be provided with health and environment

A.3-4

information that can make it easier to choose building products, building designs and

installations”.

The sub-target has been formulated on the basis of the BPD.

In 2004, an overhaul was begun of the templates and instructions for building product

declarations, and a proposal for a completely redrafted BPD was presented in December 2005.

Against the background of several critical responses when circulated for consideration, the

Ecocycle Council decided instead to set up a form and new improved instructions with the

structure retained, in all essentials, in order not to force the extensive revision of all existing

declarations.

1.4 Purpose of building product declarations It is possible to discern two important areas of use for BPDs:

� For environmental assessment of building products

The BPD is the basis for an assessment that can be made in conjunction with project design

or on purchase or in general for the future use of the specific building product. The

assessment is aimed at the choice of suitable building products for their intended use.

� For documentation of built-in products

To document environmental properties of built-in materials and products as a source of

knowledge in the case of future measures, such as demolition or waste management, or for

assessing the need to change to a more environmentally adapted product.

A good level of competence is required by the person assessing the environmental properties of

a building product based on the BPD. Certain skills and experience in chemistry and the

prerequirements and conditions for building are necessary.

2 Design, content and quality

The present guidelines for building product declarations, BPD 3, have been designed to ensure

that the declaration should provide data about the building product within the areas indicated in

the building sector’s Environmental Programme 2010:

� Energy housekeeping

� Materials housekeeping

� Phasing out hazardous substances

� Guaranteeing a good indoor environment

For energy housekeeping, the BPD is not the most suitable tool for guaranteeing that a finished

installation or a whole building fulfils requirements for good energy housekeeping. Here, this is

principally a matter of system solutions.

The building products’ technical properties, the work environment issues of the building project

and the environmental impact of the building products due to catastrophic situations are not

taken up within the declarations – neither do they deal with legislation and regulations linked to

the construction business. On the other hand, there is agreement between requirements for

reporting the contents in safety datasheets and BPDs.

Since building products built into buildings are selected on the basis of information contained in

the building product declarations, these data must be well substantiated and it must be possible

to confirm them through various types of verification.

A.3-5

2.1 Guidelines contents

The guidelines contain the documents a general description of the background

�the purpose of building product declarations

�the requirements that a BPD should fulfil in accordance with these guidelines

�a summary description of news in BPD 3 and a list of terminology explanations, the

guidelines contain.

The guidelines contain the documents that are to be used for setting up building product

declarations.

These are included as appendices, to ensure that they can be used as separate documents:

�The form for BPDs.

See appendix 1.

The form is in Word format and is designed to be completed digitally.

�Instructions for setting up a BPD.

See Appendix 2.

The “Instructions” also include a reference list containing references from the structure

in Instructions March 2000 (BPD 2) to where the data are given in BPD 3.

To make it possible to fill in the form for building product declarations in the intended way, the

instructions must be read in parallel with filling in the form.

In certain cases, the instructions also provide further explanations and references to other

information, which might be significant to the understanding of the way in which the form

should be filled in.

2.2 Requirements for reporting data in BPD 3

The building product declarations are a voluntary industry-agreed system for reporting and

assessing building products’ environmental performance, but to allow different products to be

assessed and compared in as objective a way as possible, certain basic items of data will always

need to be reported in a BPD.

Fields highlighted in green on the form must be completed to ensure that the declaration fulfils

the requirements in compliance with the Ecocycle Council’s guidelines for a BPD.

Other information ought to be given in as much detail as possible and where it is important to

provide a full description of the environmental impact of the product throughout its entire

lifecycle.

Each declaration should contain an unambiguous definition of the products to which the

declaration applies. It should also be possible to link each specific product to its current

declaration.

To make it possible to complete the form in the intended way, the instructions must be read in

parallel with filling in the form.

� Since one of the purposes of the overhaul has been to make it easier for suppliers to fill

in the data, check-boxes have been used wherever possible.

� To ensure that each data only needs to be entered in one place, certain items have been

moved around.

�The numbering system has been changed so that the various sections now have consecutive

numbering. References from Instructions for Building Product Declarations, March 2000, to

where the information is contained in BPD 3, are contained on a list at the end of Appendix 2

Instructions.

� Fields highlighted in green have been inserted to show the minimum that should be

completed to ensure that a declaration fulfils the requirements in accordance with these

guidelines.

A.3-6

� To simplify the form, certain data have been removed as separate headings. The points

that apply are made clear in the reference list, which is at the end of the instructions to these

guidelines. Each section ends instead with a field for “Other information”. Further

information that may be relevant to a correct environmental assessment of the product can be

inserted there. In addition, in several places on the form, there are options for inserting

comments and for referring to appendices or other documents that contain further

information.

� To simplify the completion of information about the product’s chemical content, the

contents

declaration for the supplied product and the finished built-in product have been combined

into one place on the form.

� At the beginning, Item Number/ID designation fields have been added to ensure that

there is no ambiguity about the product to which the declaration applies.

� Fields have also been added to make it clear when the declaration was set up or revised,

and the production number or production date from which the revision applies. This should

make it possible to handle historic information about a building product.

� To make it more possible to search for building product declarations on the Internet, the

introductory heading “BUILDING PRODUCT DECLARATION BPD 3” must always exist

in precisely this wording on all declarations made accessible via the Internet. This is then the

search term for the declaration.

2.4 Industry adaptation based on the form BPD 3

Based on previous issues of the Ecocycle Council’s instructions for building product

declarations, certain sub-industries have produced industry-adapted templates for building

product declarations. To a greater extent than was previously possible, form BPD 3 allows data

to be marked as not relevant and it ought therefore to be less necessary to have such industry

adaptations.

In cases where industry adaptations are made, these should adhere to the form’s structure and

headings, and data should be inserted in the fields highlighted in green to ensure that the

declaration fulfils the requirements in accordance with these guidelines. This also provides the

uniformity desired in declarations for different building products, making things easier for the

users.

Nota: Para aceder ao documento na integra, assim como aos respectivos anexos, podem-se encontrar no

sítio de um sistema que se rege por esta metodologia no seguinte link: http://www.byggvarubedomningen.se/sa/node.asp?node=468 De realçar que o sítio encontra-se em sueco, pelo que o acesso através deste link vai directamente para a

página onde se encontram os documentos em inglês, estando designados por:

Building Product Declarations - Ecocycle Council guidelines, BPD 3

Guidelines BPD 3 Application form

Instructions BPD 3

Guidelines BPD 3

A.4-1

A.4 Avaliação de Materiais de Construção - Critérios de Avaliação

segundo metodologia BVB (cópia de extracto do documento)

Nota: Para aceder ao documento na íntegra, pode-se encontrá-lo no sítio deste sistema, em "Building

Material Assessment" Assessment Criteria 2011-01-01 (English version), através do seguinte link:

http://www.byggvarubedomningen.se/sa/node.asp?node=468

A.4-2

A.4-3

A.4-4

A.4-5

A.4-6

A.5-1

A.5 Contacto via e-mail com colaborador da SundaHus

Which kind of declaration do your system provides?

We do not provide declarations but rather recommend suppliers to provide us with them since they

often are a good basis for our environmental assessments.

How did the starting process of entering the market developed and how was the acceptance of the

system by the market when it was implemented?

It was very tough the first 4-5 years. Our turning point came when our biggest customers started to

understand how they could use our system as a tool for managing environmental aspects in the project

and for documenting what is being built in. We started to gain acceptance among suppliers when our

customers started to demand that their products had been assessed.

The information that you provide is just for business to business relations or to business to

consumer also?

At this point we only direct our business towards companies and not consumers.

Do you have a generic PCR for all types of building products or a specific one for each group of

products? If it is a specific one , was it more generic in the beginning?

We do assessments on specific information on products, however, sometimes we are forced to include

generic information on some details that are not specified enough, e.g. we can assume that an unspecified

rubber is styrene-butadiene rubber in a product that normally uses that type of rubber.

In general terms, can you explain me how does your system work or do you have any document in

English where I can get that information?

Information on our system can be found here: http://www.sundahus.se/services/environmental-

data.aspx

Can you give me an opinion about what could be the way to implement a simple and expeditious

classification system in a country where there is nothing similar applied to construction materials?

I don’t think that there is any simple answer to that question, but I believe that one has to begin by

convincing property owners that they have something to gain by using tools like ours (easier to rent it out

if you can show that it is a healthy building, easier to sell property because of a sound documentation etc).

Once you manage to do that, then it will be easier to approach suppliers for information since the property

owners have the power to turn down products that have not been assessed when purchasing materials. In

other words you create a financial incentive for the supplier to provide information and to get their

products assessed.

A.6-1

A.6 Avaliar a capacidade de reciclagem de materiais de construção e

componentes (adaptado de (Clement, 2006) ) 1/3

Princípio Objectivos Reciclagem

de materiais

Recuperação

de

componentes

Reutilização

de

componentes

Reduzir o número de

diferentes tipos de

materiais num só

componente ou usar

materiais que podem

ser facilmente

separáveis

Simplificar o processo de

desmontagem dos materiais e

triagem ☺☺ ☺☺ ●

Peças do mesmo

material inseparáveis

Grandes quantidades de um

material não serão contaminados

por pequenas quantidades de um

material estranho que não consiga

ser separado

☺☺ ☺☺ ●

Evite acabamentos

secundários e

revestimentos quando

possível

O revestimento pode contaminar o

material de base e fazer a

reciclagem menos prática; materiais

com superfície própria ou

acabamentos mecanicamente

conectados

☺☺ ☺☺ ●

Fornecer identificação

permanente do tipo de

material

Muitos materiais não são facilmente

identificados e devem ter algum

tipo de marca de identificação não

removível e não contaminante para

facilitar a separação de materiais

futuramente

☺☺ ☺☺ ●

Minimizar o número

de diferentes tipos de

componentes

Simplificar o processo de triagem e

tornar o processo de desconstrução

mais atraente devido à maior

quantidade de itens iguais ou

semelhantes

● ☺ ☺☺

Usar conexões

mecânicas em vez de

químicas

Permitir a fácil separação de

componentes e materiais sem

esforços, e reduzir a contaminação

de materiais e danos aos

componentes

● ☺☺ ☺☺

A.6-2

Ligações químicas

mais fracas que as

partes a conectar

Se são usadas ligações químicas

estas devem ser mais fracas que os

componentes de modo a quebrarem

durante a desmontagem, em vez dos

componentes

☺☺ ☺☺ ☺☺

Use um sistema de

construção aberto

Permitir alterações no projecto do

prédio através da deslocalização de

componentes sem obras

significativas

● ● ☺☺

Use tecnologias de

montagem que são

compatíveis com a

prática de construção

locais

A escassez de mão-de-obra

especializada fará a desmontagem

difícil de executar, tornando a

opção de reutilização menos

atractiva

● ● ☺☺

Separar componentes

do edifício consoante a

vida útil dos diferentes

(acabamentos,

estrutura, instalações)

Permitir a desmontagem paralela,

possibilitando a remoção de uma

dada parte do edifício sem afectar

outras

● ● ☺☺

Proporcionar o acesso

a todas as partes do

edifício e todos os

componentes

Permitir a facilidade de

desmontagem sem recurso a

métodos especializados e maior

probabilidade de recuperação

☺ ☺ ☺☺

Uso de componentes

que se adequam ao

meio de manipulação

destinado

Permite várias opções de trato

possíveis em todas as fases de

desmontagem, transporte, etc. ● ☺ ☺☺

Fornecer meios de

manipulação dos

componentes durante a

desmontagem

Os trabalhos durante a

desmontagem podem, p.e., exigir

pontos de conexão para

equipamentos de elevação

● ● ☺☺

Fornecer tolerâncias

realistas para permitir

o movimento durante a

desmontagem

O processo de desmontagem pode

exigir tolerâncias maiores do que o

processo de fabricação ou o

processo de montagem inicial

● ● ☺☺

A.6-3

Use um número

mínimo de tipos

diferentes de

conectores

Padronização dos conectores

tornará a desmontagem rápida e

com recurso a menos ferramentas,

mesmo que resulte no

sobredimensionamento de algumas

ligações; economia no tempo de

montagem e desmontagem

● ☺ ☺☺

Fornecer a

identificação

permanente do tipo de

componente

Semelhante à identificação de

materiais, pode utilizar informação

legível electronicamente - códigos

de barras com padrões

internacionais

● ☺ ☺☺

Recurso ao mínimo de

diferentes tipos de

componentes

Menos operações de desmontagem

diferentes que precisam ser

conhecidas - mas também significa

maior padronização no processo de

remontagem, que fará a opção de

deslocalização mais atraente

● ☺ ☺☺

Usar materiais leves e

componentes

Transformar as operações mais

rápidas e menos onerosa, tornando

reutilizar uma opção mais atraente ☺☺ ☺☺ ☺☺

Identificar

permanentemente os

pontos de

desmontagem

Pontos de desmontagem devem ser

claramente identificáveis para não

serem confundidos com outras

características de projecto

● ☺ ☺☺

Sustentar todas as

informações sobre a

fabricação de

construção e processo

de montagem

Devem ser tomadas medidas para

garantir a preservação da

informação, tais como informações

sobre o processo de desmontagem,

material, expectativa de vida útil

dos componentes e requisitos de

manutenção

● ● ☺

Legenda

Nível de relevância:

☺☺ Muito relevante ☺ Relevante ● Normalmente Irrelevante

A.7-1

A.7 Exemplos de materiais recicláveis

Actualmente, quase todos os materiais de construção, face às evoluções tecnológicas e estudos

exaustivos, são reaproveitáveis ou reciclados para serem usados como matéria-prima para projectos de

construção ou em outros produtos. De maneira a exemplificar a quantidade de materiais plausíveis de

serem posteriormente reutilizados, apresenta-se na Fig. , ampliada na página seguinte, um fogo em

construção leve onde se identificaram todos os elementos possíveis de serem desconstruídos.

Fig. A.7-1- Elementos recicláveis num imóvel

1– Viga de aço 4– Soalho 7– Vidro 10– Cerâmicas

2– Isolamento 5– Fachada ventilada 8– Parede interior 11– Mobiliário

3– Betão 6– Caixilharia 9– Tubagens 12– Pedra

De acordo com o Instituto dos Resíduos, os RCD podem ser divididos em 3 grupos:

inertes: betão, materiais cerâmicos, pedra, vidro, metais ferrosos e não ferrosos;

não inertes: madeira, plásticos, papel e cartão;

perigosos: telas fibrocimento, materiais contendo amianto, chumbo, lâmpadas fluorescentes, entre

outros (Lourenço, 2007).

Em Portugal, face aos hábitos construtivos praticados, a maior fracção dos RCD é a dos inertes,

representando, no mínimo, cerca de 70% do volume total (Lourenço, 2007). Tendo ainda em conta que

alguns dos elementos apresentados na Fig. podem ser constituídos por diversos elementos diferentes,

pode-se aumentar consideravelmente a panóplia de materiais passíveis de serem recolhidos num processo

de desconstrução. Como tal, são apresentados de seguida alguns materiais recicláveis e respectivo

potencial de reutilização provenientes da demolição selectiva.

A.7-4

Betão – apesar de serem os resíduos que representam a maior parte de RCD produzido, é

extremamente baixa a percentagem de adeptos na sua reutilização, mesmo em países mais desenvolvidos,

embora seja a forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia e, por conseguinte, menor

custo inerente. Em Portugal, os resíduos deste material são usualmente reciclados para uso como

agregados de betão pobre em fundações não estruturais, para enchimento em recuperações ambientais de

pedreiras, para o fabrico de cimento ou como “tout – venant” (Lourenço, 2007).

Materiais cerâmicos – os mais frequentes são os tijolos (muito utilizados em Portugal), telhas,

azulejos e porcelanas, podendo constituir cerca de 50% da quantidade de RCD de um edifício. Estes

resíduos são, usualmente, reutilizados como (Lourenço, 2007):

material de enchimento para estradas, valas e tubagens;

agregados para betão de classe baixa (até B22,5);

apregados para tijolos de silicato de cálcio

material para enchimento e estabilização de caminhos rurais;

revestimento de campos de ténis.

Contudo, caso o processo de desconstrução seja executado de modo cuidadoso, estes materiais podem

ser reutilizados com a mesma função em outras construções.

Pedra – este material entrou em desuso, aplicado em alvenaria, após a vulgarização do betão armado,

sendo actualmente utilizado para revestimento de fachadas ou acabamentos interiores. Sendo um recurso

natural não renovável, deve ser extremamente bem aproveitado, podendo ser reaproveitados na

restauração e conservação de fachadas de edifícios antigos, sub-bases de pavimentos, agregados para

betão novo ou produção de novos materiais reciclados (elementos de fachada e pavimento com pedra

reciclada).

Vidro – segundo a “European Flat Class Industry”, 2 a 5% do peso total de um edifício é constituído

por chapa de vidro (Lourenço, 2007). Como tal, e face à sua grande capacidade de reutilização e

reciclagem, uma cuidada separação no processo de desconstrução é essencial de modo a não ficar

contaminado. De facto, a reutilização do vidro como agregado para betão ou “asfalto cristalino” para

pavimentação, tem dado origem a resultados muito satisfatórios. Para além disso, é um material 100%

reciclável, podendo ser integrado no processo de produção de vidro novo, de isolamento de fibras de

vidro, azulejos e ladrilhos, entre outros.

Metais ferrosos e não ferrosos – dentro desta categoria deve-se, primeiramente, enaltecer o ferro e o

aço, tendo em conta a sua vasta utilização na construção e principalmente a sua facilidade de reutilização

inerentes às suas propriedades magnéticas, que facilitam exponencialmente a sua separação. Além disso,

são materiais totalmente recicláveis, razão pela qual o mercado de aço reciclado já possui uma larga

expressão na Europa. Para além destes, outros tipos de metais usados na construção (cobre, alumínio,

latão, zinco) são igualmente fáceis de reintegração no ciclo normal de produção sem que se verifiquem

perdas nas suas características, mas é o alumínio o elemento mais atractivo para reciclar (Lourenço,

A.4-1

2007). Qualquer liga ou material em alumínio são susceptíveis de serem reciclados, sendo de grande

importância a sua reciclagem devido à grande quantidade de energia que se consegue economizar. Estão

portanto várias vantagens associadas a este processo, como a necessidade de apenas 5% da energia

necessária para a sua produção a partir de matérias virgens, a diminuição do consumo de recursos naturais

(bauxite) e, por conseguinte, a diminuição dos impactesambientais causados pela extracção e refinação do

minério (obra", 2011). Para além disso, em termos monetários é bastante atractivo, tendo em conta que,

regra geral, o valor associado a estes resíduos cobre os custos de demolição.

Materiais de isolamento – os materiais que mais frequentemente se recorre para isolamento, assim

como as suas possíveis opções de reciclagem, podem ser resumidas da seguinte forma:

lã mineral e de vidro – se os painéis estiverem intactos após demolição, podem ser reutilizados

noutro local. Caso contrário, após redução de tamanho, a lã pode ser usada como acondicionador de

solos ou transformada em grânulos com vista à produção de novos itens de lã mineral. Contudo,

reciclar para formar novos painéis torna-se demasiado oneroso;

placas de espuma de PUR – podem ser reutilizadas em novas construções se não danificadas;

placas de PS: podem ser reutilizadas, recicladas para produção de materiais novos ou, se trituradas,

utilizadas como acondicionador de solos.

Plásticos - a indústria da construção emprega diversos materiais plásticos em cabos, tubos, estores,

entre outras aplicações, sendo os mais frequentes o polietileno (PE), polipropileno (PP), cloreto de

polivinilo (PVC), poliestireno (PS), poliestireno expandido (EPS) e o poliuretano (PUR). Estes materiais

são utilizados em cerca de 10% de uma habitação e cerca de 17% do consumo europeu de plásticos dá-se

no sector da construção civil (Sousa, 2008). Assim, a importância de optar e pensar por medidas que

contemplem o fecho do ciclo de vida destes materiais é extremamente importante.

É igualmente de realçar que, sendo a maioria dos plásticos foto degradáveis, a sua deposição em aterro

não é, sem dúvida, o melhor destino final, já que não sendo biodegradáveis e não ficando expostos à luz

mantêm-se inalteráveis ao longo do tempo. Por outro lado, a sua incineração não se apresenta igualmente

como uma solução correcta, tendo em conta que a queima de alguns plásticos, particularmente os

halogenados (PVC), liberta gases tóxicos extremamente prejudiciais ao meio ambiente. Assim, apoiados

também por factos como a poupança de 1,3 toneladas de CO2 por cada tonelada de resíduos plásticos

reciclados e a exigência de apenas 10% da energia utilizada no processo primário de produção para o seu

processo de reciclagem, pode-se afirmar que quer por razões ambientais quer económicas, o destino final

dos resíduos plásticos de ser a sua deposição numa unidade de valorização e tratamento de plásticos

(Sousa, 2008).

Dos tipos de plásticos atrás referidos, o PVC, o PE e o PS são termoplásticos, pelo que são possíveis

de reciclar, ao contrário dos termo endurecidos, como o PUR, o PEX ou as resinas de poliéster. Contudo,

a reciclagem deste material é geralmente complicada pelo facto de estar combinado com outros materiais,

havendo necessidade de separação devido à distinção de tratamento requerido. Como tal, dependendo das

A.4-1

características e do tipo de produto em causa, pode-se enveredar por diversas opções de reciclagem, como

se pode constatar na Tabela .

Tabela A.7-1 - Opções de recuperação recomendadas para resíduos de plástico de acordo com as suas

características físicas (Lourenço, 2007)

Características do produto

Reciclagem mecânica Reciclagem

como matéria

prima

Recuperação

de energia Plástico de um só tipo Plásticos de

vários tipos Mesmo produto Noutro produto

Plástico limpo de um só tipo outra opção outra opção - opção

recomendada opção

recomendada

Plástico contaminado de um só

tipo

opção

recomendada

opção

recomendada - outra opção outra opção

Plástico limpo de vários tipos - - opção

recomendada outra opção outra opção

Mistura de materiais limpos (*) - - - - outra opção

Mistura de materiais

contaminados (*) - - - - outra opção

(*) Por exemplo, misturas de plástico e metal ou plástico e madeira.

Madeira – a madeira velha pode ser reutilizada de diversas maneiras, como servir de combustível ou

“mulch” para jardinagem. Em Portugal, a produção de aglomerado de madeira tende a ser a maneira de

reciclagem com mais adeptos no seio das empresas de materiais de construção, tendo em conta que

podem incorporar madeira proveniente de demolições, restos de cofragens limpas, embalagens, paletes,

entre outros. (obra", 2011). Apesar de os resíduos deste material serem mais comuns em demolições de

edifícios antigos, nos edifícios modernos ainda se encontram grandes quantidades de madeira, desde a

utilizada no processo construtivo (cofragens) até aos acabamentos (revestimentos, soalhos, mobiliário,

etc.). Contudo, a sua reutilização depende do seu grau de contaminação e alteração, como se pode

verificar na Tabela .

A.7-5

Tabela A.7-2 - Possibilidade de reutilização e reciclagem de resíduos de madeira (Lourenço, 2007)

Processo Tipo de resíduo de madeira

Limpo, não

processado

Ligeiramente

contaminado

Colado ou

prensado

Finger jointing

Agregação de materiais de modo a atingirem dimensões utilizáveis, podendo-se produzir pranchas, vigas e lâminas de madeira. Os adesivos usados não constituem qualquer problema ambiental aquando da reciclagem do material.

Pulping

Os resíduos de madeira são submetidos a processos termomecânicos para produzir polpa de madeira para fabrico de papel.

Compostagem

Os resíduos de madeira são reduzidos no tamanho, misturados com lamas e solos formando fertilizantes orgânicos por acção bacteriológica. Este processo é particularmente aconselhável para os resíduos de madeira.

Produção de substratos

Os resíduos de madeira são cortados em finos fios para a produção de tapetes de turfa usadas como meio de cultivo em estufas ou para misturar com compostos de plantação. Este tratamento requer madeira limpa, apesar de poderem ser aceites resíduos com tratamentos de pincel e imersões. Os tapetes de substrato são totalmente recicláveis

Moldagem

Os resíduos de madeira são misturados com ligantes e comprimidos em moldes para produzir placas e outros produtos. Podem ser empregues ligantes orgânicos para manufacturar produtos a partir de resíduos de madeira como os provenientes de demolições. Incluem-se produtos como painéis de parede, superfícies de trabalho, molduras de janelas, topos de mesas, etc.. Fibras de madeira podem ser moldadas com cimento para produzir placas

Trituração para produção de painéis de aglomerados

Fibras de madeira são ligadas para formar painéis. Tendo em conta os estritos requerimentos de qualidade, isto é limitado a resíduos de madeira limpa. Podem ser processados resíduos limpos de construção e demolição e embalagens. Quando os produtos resultantes (painéis ou blocos aglomerados) são incinerados, forma-se NOx. Trituração para produção de telhas

Trituração para produção de telhas

Fibras de madeira são misturadas com óxido de magnésio e polifosfato de amónio para produzir telhas. Todos os tipos de madeira, à excepção de painéis e madeira prensada, podem ser usados. Pirólise

Pirólise

Materiais carbónicos são aquecidos na ausência de oxigénio para produzir combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos, como carvão vegetal.

Gaseificação

A gaseificação converte madeira velha num gás inflamável de baixo calor que pode ser utilizado como combustível. A gaseificação dos resíduos de madeira é atractiva porque elementos como pregos, tinta, etc. não constituem um problema.

A.8-1

A.8 Extracto parcial da lista de operadores de gestão de resíduos não

urbanos (Instituto dos resíduos - Janeiro 2007)

Os operadores que efectuem operações de gestão de diferentes tipos de resíduos, enquadráveis em mais de dois capítulos da presente lista (excepto as actividades de transporte de óleos usados e de veículos em fim de vida), encontram-se listados nesses dois capítulos, bem como no capítulo “Gestão de Resíduos Diversos”.

ÍNDICE

ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO DE RESÍDUOS PERIGOSOS….........................................................................................2 TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE RESÍDUOS PERIGOSOS.............................................................................................5 GESTÃO DE RESÍDUOS DE SOLVENTES....................................................................................................................6 VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CHUMBO................................................................................................................7 VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE ZINCO...................................................................................................................9 GESTÃO DE ÓLEOS USADOS ...............................................................................................................................10 OPERADORES COM NÚMERO DE REGISTO PARA A ACTIVIDADE DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE ÓLEOS USADOS ......................15 GESTÃO DE RESÍDUOS DE RADIOGRAFIA E FOTOGRAFIA.............................................................................................22 GESTÃO DE RESÍDUOS DE PAPEL/CARTÃO..............................................................................................................24 GESTÃO DE RESÍDUOS DE PLASTICO ....................................................................................................................27 GESTÃO DE RESÍDUOS DE VIDRO .........................................................................................................................34 GESTÃO DE RESÍDUOS TEXTEIS ...........................................................................................................................37 GESTÃO DE OLEOS E GORDURAS ALIMENTARES ......................................................................................................41 GESTÃO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS E ELECTRÓNICOS E DE CONSUMÍVEIS INFORMÁTICOS USADOS.................44 DESCONTAMINAÇÃO DE EQUIPAMENTOS CONTENDO PCB’S.........................................................................................61 GESTÃO DE RESÍDUOS DE VEÍCULOS EM FIM DE VIDA.................................................................................................62 OPERADORES COM NÚMERO DE REGISTO PARA A ACTIVIDADE DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE VEÍCULOS EM FIM DE VIDA.........66 GESTÃO DE RESÍDUOS DE METAIS FERROSOS E NÃO FERROSOS....................................................................................70 GESTÃO DE PNEUS USADOS ...............................................................................................................................86 GESTÃO DE RESÍDUOS DIVERSOS .........................................................................................................................95 VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA DE SUB-PRODUTOS ANIMAIS TRANSFORMADOS.................................................................. 136 COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS........................................................................................................................... 137 VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS FLORESTAIS / VEGETAIS............................................................................................. 139 GESTÃO DE RESÍDUOS INERTES E DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO.............................................................................. 143 VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CERÂMICA.......................................................................................................... 149 DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS EM ATERRO DE RESÍDUOS NÃO URBANOS ...................................................... 151

GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES................................................................................................................ 153

A.8-2

AMBIPOMBAL – RECOLHA DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS, S.A.

(Armazenamento temporário de resíduos de construção e demolição)

Morada: E.N. 1

Venda da Cruz Apartado 132 3105-296 Pombal

AMBITRENA – VALORIZAÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS, S.A.

(triagem e trituração de resíduos de construção e demolição)

Morada: Parque Industrial da Mitrena Lote 54 2910-738 Setúbal

ARVELA, LDA.

(triagem de resíduos de construção e demolição)

Morada: Pontal - Monte Negro Caixa Postal 100-V 8000 Faro

BENTA & BENTA - COMERCIALIZAÇÃO DE CARTÃO, PAPÉIS VELHOS E DESPERDÍCIOS METÁLICOS, LDA.

(armazenamento temporário e triagem de resíduos de construção e demolição)

Morada: Parque Industrial de Laúndos Lotes 6 e 7 4490 Póvoa de Varzim

BEZERRAS, LDA.

(armazenamento temporário e valorização de resíduos de betão e de lamas de betão)

Morada: Pedreira n.º 4835 Chão do Monte 4800 São João Baptista Airão

EUROSEPARADORA - TRATAMENTO DE LIXOS, LDA.

(armazenamento temporário e triagem de resíduos de construção e demolição)

Morada: Lugar de Virtelos 4730-020 Arcozelo

GINTEGRAL - GESTÃO AMBIENTAL S.A.

(armazenamento temporário, triagem de resíduos de construção e demolição)

SEDE

Morada: Rua Maria da Paz Varzim, n.º 116 4490-658 Póvoa de Varzim

UNIDADE

Morada: Rua Central da Ribeira, n.º 570 Campo – Valongo

HIGILUSA – LIMPEZAS URBANAS E TRATAMENTO DE RESÍDUOS, LDA.

(armazenamento temporário, triagem de resíduos de construção e demolição)

Morada: Avenida Vasco da Gama Zona Industrial de Arrifana Apartado 1041 3701-908 Santa Maria da Feira

A.8-3

J. BATISTA CARVALHO, LDA.

(deposição de resíduos inertes de construção e demolição)

Morada: Pedreira n.º 3683 Vale de Aceiros 3060-522 Portunhos

JMR – JOSÉ MACHADO RIBEIRO E FILHOS, LDA.

(armazenamento e triagem de resíduos de construção e demolição não contendo substâncias perigosas)

Morada: Rua Raul Brandão, n.º 45 Apartado 237 São Martinho de Bougado 4785-135 Trofa

NOITES RECICLAGEM - MATÉRIAS PRIMAS SECUNDÁRIAS, LDA.

(armazenamento temporário e triagem de resíduos de construção e demolição)

SEDE

Morada: Rua da Somefe (ao Chafariz d´El Rei) Apartado 31 7002-501 Évora

UNIDADE

Morada: Parque Industrial e Tecnológico de Évora Rua da Fundição, n.º 15 7000-171 Évora

NOR-GOMRESÍDUOS – GESTÃO AMBIENTAL, LDA.

(armazenamento temporário e triagem de resíduos de betão, tijolos, ladrilhas, telhas e materiais cerâmicos)

Morada: Avenida D. Miguel, 1420 Armazém I 4435-678 Banguim do Monte

O2 - TRATAMENTOS E LIMPEZAS AMBIENTAIS, S.A.

(armazenamento temporário e triagem de resíduos de construção e demolição)

SEDE

Morada: Olho Marinho, Arada Apartado 2 3886-907 Macedo - Ovar

Internet: www.o2.ambiente.com UNIDADE

Morada: E.N. 234 Canas de Senhorim - Nelas

RENASCIMENTO – SOCIEDADE DE RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS, LDA.

(armazenamento e triagem de resíduos de lamas de betão e betão, resíduos de construção e demolição, misturas

betuminosas contendo alcatrão; outros materiais de isolamento contendo ou constituídos por substâncias

perigosas, solos e rochas contendo substâncias perigosas, materiais de construção contendo amianto e misturas

ou fracções de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos contendo substâncias perigosas, solos e

rochas contendo substâncias perigosas)

Morada: Zona Industrial da Manjoeira Santo Antão do Tojal 2670-794 Loures

A.8-4

RRI – RECOLHA DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS, LDA.

(armazenamento temporário de resíduos de misturas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos

não contendo substâncias perigosas)

SEDE

Morada: Avenida Combatentes Grande Guerra, n.º 159, 1º 4620-141 Lousada

UNIDADE

Morada: Lugar da Bouça – Alvarenga Apartado 99 4620-010 Lousada

SOLUSEL - SOCIEDADE LUSITANA DE OBRAS E EMPREITADAS, LDA.

Morada: Pedreira n.º 4240 Quinta do Moinho n.º 2 Canidelo 4400-049 Vila Nova de Gaia

TRIANOVO – RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, LDA.

(armazenagem e triagem de resíduos de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos e respectiva

mistura não contendo substâncias perigosas, madeiras, vidro, plástico, mistura de metais e solos e rochas não

contaminados por substâncias perigosas)

Morada: Casais da Serra 2560-057 A-dos-Cunhados

VALNOR – VALORIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO NORTE ALENTEJANO, S.A.

Morada: Rua João Lopes Namorado, n.º 4 Apartado 48 7440-072 Alter do Chão

LOCAIS Aterro de resíduos inertes de Campo Maior

Aterro de resíduos inertes de Ponte de Sôr

A.9-1

A.9 Elementos de funcionamento de uma central de reciclagem

Fig. A.9-1 - Fluxograma resumo dos procedimentos na PEi da SGRambiente (SGRambiente, 2011)

A.9-2

Fig. A.9-2 - Lay-out da unidade de separação de resíduos (SGRambiente, 2011)

A.10-1

A.10 Inquérito não profissional

1. Encara o tema das alterações climáticas como importante para o futuro?

(1-irrelevante; 7-muito importante)

2. Acha importante a existência de informação ambiental dos produtos de construção (semelhante à já

existente em electrodomésticos)? 1 (irrelevante); 7 (muito importante)

3. Encara a rotulagem ambiental dos produtos um mero processo de “lavagem verde”? Porquê?

4. Em que medida optaria por um produto possuidor de rotulagem ambiental em detrimento de outro

não possuidor? 1 (improvável); 7 (muito provável)

5. Quais os factores que o levariam a preferir um produto rotulado ambientalmente:

a. Preço equivalente 9

b. Informação detalhada e explícita 10

c. Segurança em relação à qualidade do produto 13

d. Consciência ambiental 8

e. Porque está na moda 1

6. Sistemas como LiderA classificam os produtos em classes de E a A++. Acha importante essa

informação? 1 (pouco interesse); 7 (muito interesse)

7. Opine acerca de possíveis benefícios relacionados com a rotulagem ambiental dos produtos:

A.10-2

Q3: Encara a rotulagem ambiental dos produtos um mero processo de “lavagem verde”? Porquê?

Situação equivalente ao que aconteceu com os electrodomésticos. Na data de entrada da rotulagem

energética, e.g., pouca importância se deu à sua existência. No entanto com o seu amadurecimento

(tempo passado), tem existido uma tendência para a escolha por produtos de classe A. Desse modo,

leva-me a crer que é um processo de influência sobre as pessoas lento mas que acontece naturalmente

e que resulta na diminuição do consumo de recursos no Planeta, essencial para a manutenção da vida

em sistemas equilibrados e saudáveis.

Considero que a rotulagem ambiental é uma fonte de informação importante para ajudar no processo

de decisão na compra de um produto.

Nos tempos de hoje a construção sustentável será a chave para o sucesso deste ramo da engenharia,

como também a sua valorização contribuirá para um mundo melhor, aumentando a qualidade de vida

dos seus habitantes principalmente nos centros humanos.

Todo o tipo de informação é importante.

Para vender.

Porque são para levar a sério e não, só para fazer de conta. Se queremos um futuro 'verde', temos de

levar tudo a sério.

É importante não só a produção de produtos 'amigos do ambiente' como também o desenvolvimento

de uma maior consciência por parte dos consumidores na escolha dos mesmos. A aplicação de

rótulos ambientais permite ao consumidor fazer escolhas mais conscientes.

Julgo que assunto é de tal importância que deverá preocupar todos. Penso que o produtor, hoje em

dia, verifica que os recursos estão a diminuir.

Por na maior parte dos produtos, a rotulagem não corresponde ao conteúdo!

Apresentam informação relevante para o processo de escolha

É importante para posteriores estudos evolutivos mesmo que de menor relevância na actualidade.

As empresas que procuram o rótulo verde para os seus produtos atingem em maior ou menor nível,

uma melhoria efectiva no desempenho ambiental dos mesmos.

É essencial começarmos a encarar o problema ambiental de maneira eficiente, e sendo a construção

de infraestruturas uma constante na vida de uma cidade é importante saber quais os materiais que

estão a ser usados para, pelo menos, danificar o menos possível.

É importante na minha perspectiva, ter a informação de impacto ambiental que um produto vai ter

após a sua utilização. O Consumidor tem o direito de saber essa informação.

Acho que o consumidor exigente está atento a este tipo de informação antes da aquisição do produto

ou mesmo após a compra.

Porque se o processo necessário à obtenção deste rótulo for efectivamente sério e honesto, pode dar

informações muito relevantes em termos de impacto final no ambiente e ajudar a prever custos

associados a gastos energéticos futuros.

Porque para todos os efeitos é informação e esta nunca é demais.

A.10-3

Q7: Opine acerca de possíveis benefícios relacionados com a rotulagem ambiental dos produtos:

Difusão da consciência ambiental num mercado onde é praticamente nula (pelo menos o nacional)

Considero importante na medida em que auxilia na escolha entre um produto e outro, fornecendo

informação acerca da sua eficiência energética, consumos, grau poluente...

Ajudar a perceber o impacto que cada um tem no meio ambiente.

Escolha de produtos equivalente mas mais verdes

Parte importante de uma cultura pró ambiente

As pessoas terem mais informação

Um produto rotulado, à partida tem merecer confiança, para isso, tem de estar certificado. Quando isto

acontece, 'por ex. um electrodoméstico classe A+', mesmo que custe um pouco mais, com o decorrer do

tempo, recupera-se essa diferença pelo menor consumo energético e com a certeza de ter contribuído para a

preservação ambiental.

É tão evidente a diminuição das fontes de energia que, tudo o que seja poupar as mesmas, deve ser

considerada como fundamental.

Ajuda a escolha do consumidor por produtos com menor impacto ambiental e porventura mais económicos

Melhoria do ambiente

Maior esclarecimento do consumidor final

Proporcionam a possibilidade da escolha consciente

Menor impacto ambiental traduz uma vida mais saudável para quem habita o Planeta

Toda a informação é importante. A rotulagem vai acabar por obrigar ao estudo e este à melhoria contínua.

Se todos contribuirmos fazemos a diferença.

- Redução de consumos energéticos e emissões de carbono com aumento do conforto na habitabilidade

- Redução de custos na construção

Mais e melhor informação para aqueles que pretendem adquirir esses materiais.

Mais informação para o consumidor, contendo este tipo de informação pode ocasionalmente o consumidor

fazer o acto de compra através da rotulagem ambiental independentemente

- Escolha informada

-Consciência da própria pegada ambiental nas várias fases do produto (produção e consumo final)

- Possibilidade de premiar boas práticas por parte das empresas

Melhor relação de cariz simbiótico entre o Homem e o Ambiente

Proveniência do produto; qualidade e benefícios ambientais;

A.11-1

A.11 Inquérito profissional

a. Em que produtos ou serviços está envolvido:

1

24 Obras Ferroviárias

2

25 Resíduos de Construção e de Demolição

3

26 Constução habitacional

4

27

5

28

6 Tubagens, Betão, Aço, Tijolos ceramicos, etc 29 projecto arquitectura

7

30 Pavimentos, coberturas, piscinas

8 Projecto e certificação energética 31 Sistema de tubagem plástica

9

32 pedras naturais

10 Fabrico e montagem Tectos Falsos Metálicos 33 Argamassas prontas, reabilitação, sistemas etic's

11

34 Revestimentos metálicos

12

35 aglomex Acoustic - Isolamento Acustico / térmico

13 Aços, Tubagem, Parafusaria, Contrução Electromecânica 36 ferro e estruturas

14 Instalações Especiais 37 Tubagens para distribuiçao de água em todas as vertentes

15 Segurança e Higiene no Trabalho 38 transformação de madeiras e derivados

16

39 pavimentos exteriores em deck composito

17 Engenharia 40 decks compostos

18 óleos, filtros e produtos para equipamentos. 41 Arquitectura

19 Na construção civil 42 Principalmente operador de CAD

20 Produtos de construção 43 projecto de execução, estudos prévios

21 Inertes reciclados / Valorização de RCD´s 44 produção de desenhos em cad e modelos 3D

22 Construção civil e industria alimentar 45 desenho técnico de arquitectura, modulação digital tridimensional

23 Em todos, os relacionados com construção habitacional.

1. Acha importante a existência de informação ambiental dos produtos de construção? (1 (irrelevante);

7 (muito importante))

2. Tem conhecimento acerca de produtos de construção possuidores de rotulagem ambiental?

Exemplos:

óleos, Tintas;

tintas e vernizes;

óleos;

tintas, diluentes, revestimentos, isolamentos;

parafusos que indicam tipologias de zincagem mais amiga do ambiente;

telas efectuadas sem tantas exigências energéticas;

spray sem CFCs;

madeira, cortiça, betão, derivados de plástico reciclado etc.

painéis solares, sistemas que possam fornecer ventilação sem recurso a a/c, sistemas que possam

minimizar o ruído.

Gama glocork

madeira, derivados, produtos aquosos

viroc e alguns produtos de cimento

3. Encara a rotulagem ambiental dos seus produtos, ou dos produtos a que recorre, como uma ideia

impulsionadora da imagem do seu negócio?

A.11-2

4. Acha relevante haver uma comunicação clara de informação entre os sectores da construção (p.e.

produtor - projectista)? (1 (irrelevante); 7 (muito importante))

Como descreve a comunicação da informação que fornece acerca do seu produto?

São essencialmente projectos, com muito recurso a peças escritas e desenhadas em papel, tentamos

reduzir as impressões ao mínimo de cópias possíveis.

Indiferenciada e pouco relevante.

Não tenho informação dos meus produtos.

Escassa, e pouco relevante sobre informação ambiental.

Objectiva.

Relevante.

Estando directamente ligada às práticas ambientais, a informação associada aos meus produtos é de

grande importância.

Muito importante. Se queremos um futuro mais limpo e ecológico, temos de lutar por ele.

Penso que actualmente, a informação que se dá acerca da utilização destes produtos passa mais pelo

aspecto económico e não tanto pelo respeito à Natureza. Não é que concorde com isso, mas sinto

que os factores de crise que se fazem sentir nesta altura fazem com que seja assim.

Boa.

Não fornecemos.

Suficiente.

A informação disponibilizada insere-se apenas no domínio da acústica e térmica. Não existe ainda

informação ACV.

Existe certificação de todos os produtos e materiais que dão entrada na empresa.

Se calhar com pouca relevância.

Preocupação ambiental.

Processo completo desde a fabricação à utilização.

Toda a informação disponível.

Depende do tipo de cliente e do público-alvo. Maioritariamente uma comunicação persuasiva.

Técnica.

5. Quão interessado estaria em verificar os produtos de construção rotulados ambientalmente? (1 (pouco

interessado); 7 (muito interessado)

6. Encara a rotulagem ambiental dos produtos de construção um passo para o aumento dos preços

praticados?

Porquê?

(Sim) Ter-se-ia que pagar consultadoria dessa natureza para equivaler produtos.

Porque os consumidores deverão estar o mais informados possível.

Os benefícios futuros na utilização dos produtos compensarão investimentos.

Porque a informação deve fazer parte do desenvolvimento dos produtos.

Pois a preocupação ambiental já é um requisito tratado desde a origem dos produtos.

Terá de ser um argumento limpo, de diferenciação e de mentalização dos intervenientes no ramo da

construção e marca diferenciadora, mas não necessariamente para ser factor de encarecimento.

As políticas de gestão actuais conduzem para esta direcção.

Porque será possível produzir produtos recicláveis para Construção Civil, a preços mais reduzidos e

com nível de qualidade equiparada.

Porque a maior parte dos produtos ecológicos que estão no mercado, não mais caros que outros

idênticos.

Não necessariamente. E se sim penso que não serão tão utilizados (pelas questões descritas no nº 4)

O volume da embalagem seria o mesmo, logo apenas teríamos que negociar preços.

(Sim) Custo associado a testes.

Acho que se deve prestar a informação sem se cobrar nada por isso.

A.11-3

(Sim) Os produtos são mais elaborados.

(Sim) Retorno do investimento em estudos.

Trata-se de um aspecto que deverá ser contemplado de raiz, constituindo-se como um argumento de

venda e valorização.

Os produtos não são mais ou menos caros só porque são mais ou menos ambientais.

É possível com base na tecnologia hoje posta ao nosso dispor um bom compromisso.

(Sim) Numa fase inicial penso que serão influenciados por essa rotulagem nesse sentido.

(Sim) É um componente novo, excepcional, em comparação com os outros produtos, logo pelas

vantagens pode ser um motivo de acréscimo.

7. Conhece os sistemas de certificação da sustentabilidade na construção? Se sim, quais?

LiderA – 7 vezes

Leed; passivehouse;

A nível interno na empresa em que trabalho existem.

GBtools

SGA

8. Sistemas como LiderA classificam os produtos em classes de E a A++. Acha importante/adequada

essa informação? 1 (irrelevante); 7 (muito importante)

Em que termos se baseia para a sua resposta?

Na minha actividade o cliente final (mais de 95%) não tem qualquer preocupação com as escolhas

de materiais pela sua classificação ambiental.

Cada vez o impacto ambiental vai ter maior preponderância nas escolhas das pessoas.Isso aliado ao

facto dos decisores políticos se verem obrigados a descriminarem positivamente opções

ambientalmente correctas fará com que estes produtos tenham cada vez mais preponderância.

Serve para uma boa base para adquirir um produto em detrimento de outro.

Aferição de qualidade ambiental entre diversos produtos.

Desconheço.

Esta informação pode ter influência no tipo de produto que se vai usar.

Por necessidades de CE, exigências energéticas.

Sempre no âmbito de melhorias ambientais, onde todos somos responsaveis, teremos de ter um

qualquer método comparativo, e que possa ser utilizado para avaliar e procurar melhorar.

Credibilização dos produtos ambientalmente sustentáveis.

Cada vez mais o rating é fundamental.

Quando se adquire um aparelho eléctrico de classe A+, à partida é mais caro que outo de classe B,

no entanto ao longo da sua vida útil, consome menos energia, logo recupera-se o maior investimento

e por outro lado contribui-se para melhorar o ambiente.

Para o cliente poder comparar qualidade / preço.

A nível da informação aos consumidores, poupança energética.

Para comparar vários produtos.

Trata-se de uma informação objectiva que permite aos diversos intervenientes numa construção

avaliar e comparar o grau de sustentabilidade dos diversos produtos.

É importante para o consumo e para o preço (relação entre os dois).

Quanto mais se puder poupar o Planeta em termos energéticos, todos os sistemas são importantes

para a definição de uma prática correcta de gastos.

Em termos de consumo.

Penso que o sistema é muito facilmente adulterado pelas pessoas que o manipulam. a forma de ser

mais sustentável é aprender a utilizar correctamente os interruptores.

Actualmente é uma classificação indispensável.

A rotulagem permite auxiliar os compradores a confirmar o valor do produto.

A.12-1

A.12 Fichas de produto e sítios relevantes – Decks

Os documentos presentes no presente anexo, nas páginas que se seguem, serviram como base para o

estudo elaborado na presente dissertação, tendo sido igualmente utilizados as fontes que constam na

Tabela A.12-1:

Tabela A.12-1 - Informação relevante dos decks para o estudo efectuado

Materiais % conteúdo

reciclado pós consumo

Reciclável Fonte Custo

(€/m2)

Dec

ks

Compósito madeira

70 - 90 100% Contacto via e-mail com comercial da

Green&Deck 68,98 €

Bambu 0 100% Contacto via e-mail com comercial da

iQdeck 79,83 €

Madeira 0 100% Contacto via e-mail com comercial da

pavimagos 90,00 €

Plástico 100 100% Tabela de preços extruplás (2011) e

sítio da empresa3 50,00 €

3 http://www.extruplas.com/

A.13-1

A.13 Informação relevante – Mobiliário urbano

Tabela A.13-1 - Informação relevante dos bancos para o estudo efectuado

Materiais % conteúdo

reciclado pós consumo

Reciclável Fonte Custo (€/un)

Ban

cos

Plástico reciclado (Alentejo) 100 100% Sítio da Extruplas e contacto via e-mail 210 €

Ferro fundido + madeira 0 100% Contacto via e-mail com comercial Levy Decor

240 €

Betão (veneza) 0 100% Tabela de preços Concretex (visualizado a 1/5/2012)

290 €

Pedra mármore triturada (marfim 1910) 0 100% Tabela de preços Concretex (visualizado a 1/5/2012)

480 €

Aço + madeira (Tróia) 0 100% Contacto via e-mail com comercial da Fabrigimno

192 €

Aço inox (torino) 0 100% Catálogo Soldalegre (visualizado a 1/5/2012)

415 €

Tabela A.13-2 - Informação relevante das papeleiras para o estudo efectuado

Materiais % conteúdo

reciclado pós consumo

Reciclável Fonte Custo (€/un)

pap

elei

ras

Aço Inox (60 l) 0 100% Contacto via e-mail com comercial Levy Decor

184 €

Plástico (50 l) 0 100% Contacto via e-mail com comercial Levy Decor

42 €

Madeira e armação chapa de aço (32 l) 0 100% Contacto via e-mail com comercial Levy Decor

127 €

Betão (36 l) (Sorrento) 0 100% Tabela de preços Concretex (visualizado a 1/5/2012)

373 €

Mármore triturado (13 l) 0 100% Tabela de preços Concretex (visualizado a 1/5/2012)

537 €

Plástico reciclado (80 l) 100 100% Sítio da Extruplas e contacto via e-mail 80 €

A.14-1

A.14 Informação relevante – Isolamentos

Tabela A.14-1 - Informação relevante do isolamento AGLOMEX para o estudo efectuado (fonte: produtor)

m2 Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria.

Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria formado por painel de aglomerado de espuma flexível de poliuretano AGLOMEX 60, segundo EN 12667, de 40 mm de espessura, fixado por cola de contacto.

Ud Composição Rend. p.s. Preço artigo

Painel de aglomerado de espuma flexível de poliuretano AGLOMEX 60, segundo EN 12667, de 40 mm de espessura, resistência térmica 1,1 (m²°C)/W, condutibilidade térmica 0,036 W/(m°C), densidade 60 kg/m³, e absorção de água 5,43 kg/m2.

1,050 5,17 5,43

m² Repercussão de cimento cola, para fixação por pontos, de painéis isolantes em paramentos verticais.

0,250 4,70 1,18

h Oficial de 1ª construção. 0,101 16,08 1,62

h Ajudante construção. 0,051 15,62 0,80

Total: 9,03

Tabela A.14-2 - Informação relevante do isolamento em lã de rocha para o estudo efectuado (fonte:

www.geradordeprecos.info)

m² Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria.

Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria formado por painel rígido de lã de rocha vulcânica Rockplus -E- 220 "ROCKWOOL", segundo EN 13162, não revestido, de 40 mm de espessura, fixado por pontos de

cimento cola.

Ud Composição Rend. p.s. Preço artigo

Painel rígido de lã de rocha vulcânica Rockplus -E- 220 "ROCKWOOL", segundo EN 13162, não revestido, de 40 mm de espessura, resistência térmica 1,1 (m²°C)/W, condutibilidade térmica 0,035 W/(m°C), densidade 50 kg/m³, calor específico 840 J/kgK e factor de resistência à difusão do vapor de água 1,3.

1,050 4,47 4,69

m² Repercussão de cimento cola, para fixação por pontos, de painéis isolantes em paramentos verticais.

1,000 0,36 0,36

m Fita autocolante para vedação de juntas. 0,440 0,30 0,13

h Oficial de 1ª construção. 0,101 16,08 1,62

h Ajudante construção. 0,051 15,62 0,80

% Meios auxiliares 2,000 7,60 0,15

% Custos indirectos 3,000 7,75 0,23

Custo de manutenção decenal: 0,16 € nos primeiros 10 anos. Total: 7,98

Tabela A.14-3 - Informação relevante do isolamento em lã de vidro para o estudo efectuado (fonte:

www.geradordeprecos.info)

m² Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria.

Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria formado por painel de lã de vidro, Ursa Glasswool P0022 Panel Medianeras "URSA IBÉRICA AISLANTES", de 40 mm de espessura, segundo EN 13162, não hidrófila, sem

recobrimento, fixado por pontos de cimento cola.

Ud Composição Rend. p.s. Preço artigo

Painel de lã de vidro, Ursa Glasswool P0022 Panel Medianeras "URSA IBÉRICA AISLANTES", de 40 mm de espessura, segundo EN 13162, não hidrófila, sem recobrimento, resistência térmica 1,1 (m²°C)/W, condutibilidade térmica 0,036 W/(m°C), Euroclasse A1 de reacção ao fogo, com código de designação MW-EN 13162-T3-MU1-WS.

1,050 4,49 4,71

m² Repercussão de cimento cola, para fixação por pontos, de painéis isolantes em paramentos verticais.

1,000 0,36 0,36

m Fita autocolante para vedação de juntas. 0,440 0,30 0,13

h Oficial de 1ª construção. 0,101 16,08 1,62

h Ajudante construção. 0,051 15,62 0,80

% Meios auxiliares 2,000 7,62 0,15

% Custos indirectos 3,000 7,77 0,23

Custo de manutenção decenal: 0,16 € nos primeiros 10 anos. Total: 8,00

A.14-2

Tabela A.14-4- Informação relevante do isolamento em poliestireno expandido para o estudo efectuado

(fonte: www.geradordeprecos.info)

m² Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria.

Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria formado por painel rígido de poliestireno expandido elastificado com grafite, fabricado com Neopor DonPól Termoacústico TR-0 "GRUPO VALERO", segundo NP EN 13163,

de superfície lisa e bordo lateral a meia madeira, de 40 mm de espessura, fixado por pontos de cimento cola.

Ud Composição Rend. p.s. Preço artigo

Painel rígido de poliestireno expandido elastificado com grafite, fabricado com Neopor DonPól Termoacústico TR-0 "GRUPO VALERO", segundo NP EN 13163, de superfície lisa e bordo lateral a meia madeira, de 40 mm de espessura, resistência térmica 1,2 (m²°C)/W, condutibilidade térmica 0,033 W/(m°C), Euroclasse E de reacção ao fogo, com código de designação EPS-EN 13163-T1-L1-W1-S1-P3-BS50-DS(N)2.

1,050 3,89 4,08

m² Repercussão de cimento cola, para fixação por pontos, de painéis isolantes em paramentos verticais.

1,000 0,36 0,36

h Oficial de 1ª construção. 0,101 16,08 1,62

h Ajudante construção. 0,051 15,62 0,80

% Meios auxiliares 2,000 6,86 0,14

% Custos indirectos 3,000 7,00 0,21

Custo de manutenção decenal: 0,14 € nos primeiros 10 anos. Total: 7,21

Tabela A.14-5 - Informação relevante do isolamento em poliestireno extrudido para o estudo efectuado

(fonte: www.geradordeprecos.info)

m² Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria.

Isolamento intermédio em paredes divisórias interiores de alvenaria formado por painel rígido de poliestireno extrudido, de superfície lisa e bordo lateral macho-fêmea, de 40 mm de espessura, resistência à compressão >= 300 kPa, fixado com

cola.

Ud Composição Rend. p.s. Preço artigo

Painel rígido de poliestireno extrudido, segundo EN 13164, de superfície lisa e bordo lateral macho-fêmea, de 40 mm de espessura, resistência à compressão >= 300 kPa, resistência térmica 1,2 (m²°C)/W, condutibilidade térmica 0,034 W/(m°C), Euroclasse E de reacção ao fogo, com código de designação XPS-EN 13164-T1-CS(10/Y)250-DLT(2)5-DS(TH)-WL(T)0,7.

1,050 8,38 8,80

m² Repercussão de cimento cola, para fixação por pontos, de painéis isolantes em paramentos verticais.

1,000 0,36 0,36

h Oficial de 1ª construção. 0,051 16,08 0,82

h Ajudante construção. 0,025 15,62 0,39

% Meios auxiliares 2,000 10,37 0,21

% Custos indirectos 3,000 10,58 0,32

Custo de manutenção decenal: 0,22 € nos primeiros 10 anos. Total: 10,90

Apresenta-se ainda, nas restantes páginas do presente anexo, um estudo comparativo elaborado

pela empresa Aglomex acoustic, que serviu igualmente como auxílio para a presente dissertação

dada a sua grande fiabilidade científica.

A.15-1

A.15 Exemplo da metodologia sobre conteúdo reciclado inicialmente

avançada

Como foi referido na metodologia e processo de investigação do estudo elaborado (capítulo 4.2), face

aos diversos contratempos que se deparou quanto à recolha da informação necessária para este tipo de

avaliação, a metodologia apresentada neste anexo é baseada em cinco critérios considerados de grande

importância para o estudo do conteúdo reciclado / reciclável. Estes critérios foram escolhidos pelas

seguintes razões:

conteúdo reciclado / reciclável: sendo de maior relevância a percentagem de conteúdo reciclado no

produto em avaliação, o carácter reciclável do material em escrutínio possui também um peso

importante face ao exposto ao longo da presente dissertação, sendo este último o critério

considerado no exemplo a seguir apresentado;

durabilidade: é muito importante tendo em conta que um produto com maior tempo de vida útil pode

ser considerado como possuindo uma menor energia incorporada face a outro menos duradouro,

mesmo que necessite maior quantidade de energia na sua produção;

informação / teor energético: a informação inerente à proveniência da matéria-prima usada no

fabrico no produto (a qual apenas está contabilizada para o polibutileno (PB)), assim como do

processo per si, é de extrema importância para uma melhor apreciação ambiental do produto,

estando o teor energético agregado neste estudo face à carência de informação;

facilidade de desconstrução: critério de grande relevância tendo em conta que um produto de fácil

desmantelamento facilita o processo de reutilização do material, para além de muitos outros factores

relevantes apresentados no capítulo 3.1.3;

custo: factor económico de um produto é muitas vezes encarado como primordial na escolha dos

materiais a utilizar num projecto.

Posto isto, apresenta-se na Tabela as várias hipóteses consideradas para este estudo, que, à

semelhança do estudo apresentado na presente dissertação, tem como propósito visualizar o peso de cada

critério para cada produto avaliado. No entanto, é a hipótese 6 a que se aproxima de uma metodologia

mais realista tendo em conta a importância de todos os critérios apresentados. Tendo em conta a

desistência desta metodologia, muitos dos valores apresentados carecem de certeza científica, sendo

alguns deles subjectivos, e que os custos apresentados provêm do sítio www.geradordeprecos.info.

Tabela A.15-1 - Pesos de cada parâmetro de avaliação nas várias hipóteses consideradas

Hip 1 Hip 2 Hip 3 Hip 4 Hip 5 Hip 6

conteúdo reciclado/reciclável 40% 15% 15% 15% 15% 20%

durabilidade 15% 40% 15% 15% 15% 20%

informação/teor energético 15% 15% 40% 15% 15% 20%

facilidade desconstrução 15% 15% 15% 40% 15% 20%

custo 15% 15% 15% 15% 40% 20%

100% 100% 100% 100% 100% 100%

A.15-2

Passa-se então a apresentar de seguida as tabelas com as respectivas avaliações acerca de 6 materiais

diferentes de tubagens, tendo estando estas apresentadas apenas com recurso a percentagens, sendo que

ao total apresentado corresponde uma avaliação apresentada na

Tabela .

Tabela A.15-2 - Avaliação de tubagens - hipótese 1

Hip 1 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PE-X PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclável

12% 12% 10% 0% 10% 15%

durabilidade 9% 13% 11% 9% 8% 10%

Informação / teor energético 6% 3% 7% 4% 7% 8%

facilidade desconstrução 6% 7% 8% 7% 8% 12%

custo 7% 6% 5% 9% 11% 12%

Total 40% 41% 41% 29% 44% 57%

Tabela A.15-3 - Avaliação de tubagens - hipótese 2

Hip 2 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclá. 5% 5% 4% 0% 4% 6%

durabilidade 24% 35% 29% 24% 21% 27%

informação/teor energético 6% 3% 7% 4% 7% 8%

facilidade desconstrução 6% 7% 8% 7% 8% 12%

custo 7% 6% 5% 9% 11% 12%

Total 48% 55% 53% 44% 51% 64%

Tabela A.15-4- Avaliação de tubagens - hipótese 3

Hip 3 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclá. 5% 5% 4% 0% 4% 6%

durabilidade 9% 13% 11% 9% 8% 10%

Informação / teor energético 16% 8% 19% 11% 19% 21%

facilidade desconstrução 6% 7% 8% 7% 8% 12%

custo 7% 6% 5% 9% 11% 12%

Total 43% 39% 46% 36% 49% 61%

A.15-2

Tabela A.15-5 - Avaliação de tubagens - hipótese 4

Hip 4 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclá. 5% 5% 4% 0% 4% 6%

durabilidade 9% 13% 11% 9% 8% 10%

Informação / teor energético 6% 3% 7% 4% 7% 8%

facilidade desconstrução 16% 19% 21% 19% 21% 32%

custo 7% 6% 5% 9% 11% 12%

Total 43% 45% 48% 41% 51% 68%

Tabela A.15-6 - Avaliação de tubagens - hipótese 5

Hip 5 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclá. 5% 5% 4% 0% 4% 6%

durabilidade 9% 13% 11% 9% 8% 10%

Informação / teor energético 6% 3% 7% 4% 7% 8%

facilidade desconstrução 6% 7% 8% 7% 8% 12%

custo 19% 16% 13% 24% 29% 32%

Total 44% 44% 43% 44% 56% 68%

Tabela A.15-7 - Avaliação de tubagens - hipótese 6

Hip 6 Materiais

critério Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

conteúdo reciclado / reciclá. 6% 6% 5% 0% 5% 8%

durabilidade 12% 17% 15% 12% 11% 13%

informação / teor energético 8% 4% 9% 5% 9% 11%

facilidade desconstrução 8% 9% 11% 9% 11% 16%

custo 9% 8% 7% 12% 15% 16%

Total 43% 45% 46% 39% 50% 64%

Tabela A.15-8 - Correspondente avaliação atribuída para cada hipótese considerada

Materiais

Materiais Aço galvanizado Cobre PVC-C PEX PP-R PB

Hip 1 B B B C B A

Hip 2 B A A B A A

Hip 3 B B B C B A

Hip 4 B B B B A A

Hip 5 B B B B A A

Hip 6 B B B B A A

A.15-4

Face à reduzida fiabilidade dos valores apresentados, não se apresentam quaisquer análises de

resultados, considerando este estudo como mera informação adicional acerca do estudo inicialmente

abarcado.

Não obstante, deve-se apenas fazer alusão ao representante do polibutileno (PB) que fornece na sua

página de internet toda a informação relevante acerca do seu produto (http://www.lusopipe.pt/), incluindo

estudos comparativos que defendem a sua sustentabilidade e melhoria de rendimento face aos seus

concorrentes. É por essa razão que apresenta a melhor avaliação em todas as hipóteses consideradas,

sendo que fora baseada nos estudos apresentados no sítio acima descrito. Na verdade, pelos elementos

apresentados, é sem dúvida um produto a ter em conta no futuro, sendo que apesar da sua fraca presença

no mercado é caracterizado, essencialmente, por uma grande facilidade de montagem e desmontagem e

ainda por uma menor necessidade de matéria-prima para pressões maiores, quando comparado com

outros materiais plásticos.

Cer

tifi

caçã

o a

mb

ien

tal

de

pro

du

tos

da c

on

stru

ção

co

m e

lev

ad

o c

on

teú

do

rec

iclá

vel

João P

au

lo M

ach

ad

o R

am

os