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Centro de Matemática, Computação e Cognição – CMCC
Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
RELATÓRIO TÉCNICO
PERDA DE PESO E PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE RATOS
ALIMENTADOS COM RAÇÃO HIPERCALÓRICA E TRATADOS COM O
FITOTERÁPICO 9611.
Pesquisador responsável: Prof. Dra. Maria Martha Bernardi.
Técnicos: Michelle S. Correia, Wilton P. dos Santos, Simone A. Salzgeber.
Laboratório de Experimentação Animal, Centro de Pesquisas da Universidade Paulista, Avenida
José Maria Whitaker, 290,Vila Clementino - São Paulo/SP,CEP: 04057-000
TEL:(11) 5594-3207 ramal: 102.
Universidade Federal do ABC, Centro de Matemática, Computação e Cognição, Av. Dos
Estados, 5001 CEP: 09210-971 Santo André- SP, (11) 4996-3166.
Janeiro de 2013
OBJETIVOS
1- Avaliar a perda de peso em ratos alimentados com ração hipercalórica e
tratados com o fitoterápico 9611 por 30 dias.
2- Avaliar ganho de peso corporal semanal e o total durante a administração dos
fitoterápicos.
3- Avaliar os diariamente os sinais clínicos durante a administração do
fitoterápico.
4- Avaliar ao final do tratamento a distância naso-anal, o peso da gordura
retroperitoneal, a glicemia e os níveis de colesterol séricos.
5- Calcular a perda de peso por meio de um índice- o delta de perda de peso
(DPP)- que permite fácil visualização e percepção dos efeitos dos fitoterápicos bem
como o índice de Lee que equivale ao índice de massa corporal (IMC) em humanos.
Material e métodos,
Foram utilizados 48 ratos adultos da linhagem Wistar, sendo que as fêmeas
pesavam entre 150-180g e os machos entre 200-250g no início dos experimentos. Estes
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animais foram obtidos do biotério do da Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP
obtidos por meio de cruzamentos sucessivos. Os ratos foram alojados em gaiolas de
polipropileno (38x32x16) em unidade isoladas com temperatura, pressão e ventilação
controladas em sala também com temperatura controlada por meio de aparelhos de ar
condicionado (20 ± 2oC), umidade (65-70%) e com ciclo de controlado (ciclo de 12 hs
com luz ligada as 8:00h). A maravalha e gaiolas foram autoclavas e serviram como
cama dos animais. Água filtrada e ração irradiada (Nuvital®, Nuvita Co, São Paulo,
Brasil) foram fornecidas ad libitum aos animais antes e durante todo procedimento
experimental.Os ratos deste estudo foram mantidos de acordo com as orientações do
Committee on Care and Use of Laboratory Animal Resources of University Paulista,
São Paulo, Brazil.
Fitoterápico
Foi empregada a seguinte apresentação manipulada:
1)– Capsulas contendo 200mg do fitoterápico 9611 + excipientes: 60mg Manitol,
1,5mg Aerosil, 3mg Estearato de Magnésio e Celulose/Talco (1:1) .. qsp .. 100%- .
As capsulas foram manipuladas nos laboratórios da Pharmacopeia CIL (Brasil),
para uso experimental exclusivo deste ensaio – via oral, 1 capsula, duas vezes ao dia
(08:00 e 17:00).
As capsulas de gelatina dura utilizadas foram produzidas com pullulan para
proteger o extrato e aumentar o “shelf-life”. Foi administrada uma dose fixa do
fitoterápico em ratos/100 g de peso, após o período de administração da ração
hipercalórica, calculada tomando-se a proporção de 2 capsulas para 50Kg em humanos
divididas em 2 vezes ao dia (8:00 e 17:00) per os, ou seja 4 mg/Kg bid.
Delineamento experimental
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Vinte ratos machos e dezoito fêmeas foram divididos em quatro grupos, sendo
dois deles (10 machos e 8 fêmeas) denominados de grupos controles tratados com 1,0
mL/kg de água. Os demais grupos formaram os dois grupos que receberam o
fitoterápico (10 machos e 8 fêmeas).
No início dos experimentos todos os ratos foram pesados e durante 1 mês
receberam ração hipercalórica ad libitum, constando de, ração preparada com 30% de
bacon, doce de leite, chocolate meio amargo, salgados ELMA Chips de bacon ou
queijo. Como água de bebida os ratos receberam refrigerantes (Coca-cola, Fanta ou
Guaraná) desgazeificados. Ao final deste mês, todos os ratos foram pesados novamente
e a alimentação foi substituída pela ração normal do biotério. Neste dia iniciou-se o
tratamento com o fitoterápico 9611 por via oral, duas vezes ao dia ( 8:00 e 17 : 00 h).
Os animais do grupo controle receberam água e ração normal do biotério e foram
tratados da mesma forma que o fitoterápico, porém com água. Durante o tratamento e
diariamente foram observados os sinais de clínicos por protocolo adequado. Os animais
foram pesados semanalmente durante o tratamento. Calculou-se a porcentagem de
perda de peso semanal e a total dos diferentes grupos e o delta de perda de peso in vivo
pela diferença de ganho de peso dos respectivos grupos controle e experimentais,
apresentados em porcentagem. No último dia do tratamento, mediu-se, além do peso
corporal, a distância naso-anal dos animais. Estes valores foram empregados para o
cálculo do índice de Lee que consiste no seguinte cálculo: MC0,33
em g /DNA em cm,
onde MC é a massa corporal ou peso corporal e DNA a distância naso-anal (Bernardis
& Patterson, 1968). Os níveis de colesterol sérico e de glicose in vivo foram avaliados e,
após eutanásia em câmara de CO2, a gordura retroperitoneal foi retirada e pesada.
Resultados
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A figura 1 ilustra o ganho de peso semanal de ratos machos (A) e fêmeas (B),o
ganho de peso final (C) e da gordura retroperitoneal (D) destes animais após um mês de
alimentação hipercalórica e tratados por mais um mês per os com 4 mg/Kg do
fitoterápico 9611.
Nota-se que em relação ao grupo controle, os ratos machos do grupo
experimental mostraram redução significante no ganho de peso nas 1a, 2
a e 4
a semanas
de administração do fitoterápico, sendo que na 4a semana houve perda de peso. Em
fêmeas observou-se o mesmo perfil de efeitos do fitoterápico 9611, sendo que a perda
de peso na última semana de tratamento foi mais pronunciada. A análise do ganho de
peso final indicou que, em relação aos respectivos grupos controles, o tratamento com o
fitoterápico 9611 reduziu de forma significante o ganho de peso em ratos machos e
promoveu perda de peso significante em fêmeas. Outro dado que reforça a propriedade
de perda de peso do fitoterápico 9611 é a redução significante da gordura
retroperitoneal observada nos dois sexos, mais pronunciada em machos.
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Machos-9611
S1
S2
S3
S4
-20
-10
0
10
20Controle
Experimental
*
*
*
A
Semanas
Ga
nh
o d
e p
es
o (
g)
Fêmeas-9611
S1 S2 S3 S4
-15
-10
-5
0
5
10Controle
Experimental*
*
*
B
Semanas
Ga
nh
o d
e p
es
o (
g)
Ganho de peso total-9611
-10
0
10
20
30
Machos Fêmeas
*
*
C
Ga
nh
o d
e p
es
o (
g)
Gordura retroperitoneal-9611
0
2
4
6
8
10Controle
9611
Machos Fêmeas
***
D
Gra
mas
Fig.1 Ganho de peso semanal de ratos machos (A) e fêmeas (B), ganho de peso total (C)
e peso da gordura retroperitoneal (D), alimentados com ração hipercalórica por um mês,
tratados ou não per os com 4mg/Kg do fitoterápico 9611 por um mês. Os dados
semanais são apresentados pelas médias ± SEM. S- semana. Machos- n=10, fêmeas-
n=8. * p< 0,05 em relação ao grupo controle alimentado com ração hipercalórica que
recebeu apenas água. ANOVA de uma via seguida pelo teste de Duncan para os dados
semanais. Teste t de Student para os demais parâmetros.
A tabela 1 ilustra os dados numéricos referidos na figura 1.
Tabela 1. Ganho de peso semanal de ratos machos e fêmeas alimentados com
ração hipercalórica por um mês, tratados ou não per os com 4mg/Kg do fitoterápico
9611 por um mês. Os dados semanais são apresentados pelas médias ± SEM. S-
semana. Machos- n=10, fêmeas-n=8. * p< 0,05 em relação ao grupo controle
alimentado com ração hipercalórica que recebeu apenas água. * p< 0,05 em relação ao
grupo controle (Teste t de Student).
Semanas Controle Experimental
Machos
S1 7,80±1,80 2,20±1,30*
S2 13,30±2,80 8,50±1,30*
S3 4,60±1,60 5,60±1,10
S4 0,18±1,80 -8,23±1,67*
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Fêmeas
S1 6,10±0,60 4,70±0,60*
S2 4,00±0,60 3,50±0,50
S3 1,90±0,50 1,10±0,50*
S4 1,93±0,26 -9,95±1,45*
A tabela 2 mostra os valores de peso corporal inicial e final, as distâncias naso-anais,
índice de Lee final bem como os níveis séricos de colesterol e de glicemia de ratos
machos e fêmeas alimentados com ração hipercalórica por um mês, tratados ou não per
os com 4mg/Kg do fitoterápico 9611 por mais um mês. Nota-se que o peso de ratos
machos e fêmeas ao final dos experimentos foi significantemente menor que daqueles
do grupo controle (p< 0,05). As distâncias naso-anal não diferiram entre os grupos
concluindo-se que o crescimento dos animais tratados foi similar ao do grupo controle,
não havendo prejuízo no desenvolvimento dos animais tratados com o fitoterápico
9611. O índice de Lee reflete a massa corporal dos animais em relação ao comprimento
do animal. Neste caso, os dados não indicam diferença no parâmetro.
No presente trabalho mediu-se o peso corporal total que é representado, de
forma geral, pela pele, ossos, líquidos, vísceras e músculos, considerados componentes
pertencentes ao compartimento da massa magra; e a gordura, considerada um
componente da massa gorda. Uma vez que o índice de Lee e as distâncias naso-anais
não foram modificadas, pode-se atribuir à redução da gordura retroperitoneal o
decréscimo significante no peso corporal dos animais.
A deposição de gordura na região abdominal caracteriza a obesidade abdominal
ou centralizada é considerada um grave risco cardiovascular. Esse padrão de obesidade
exerce papel fundamental no desenvolvimento de múltiplos distúrbios metabólicos,
incluindo hipertensão arterial sistêmica, (Gus, 1998), resistência a insulina e diabetes
mellitus tipo 2 (Timar, Sestier, & Levy, 2000) e síndrome metabólica (Rosa, Zanella,
Ribeiro, & Kohlmann Junior, 2005) sendo todos estes fatores ligados a doenças
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cardiovasculares. Portanto, o fitoterápico 9611 tem ação redutora de peso ligada de
forma especial a redução da gordura retroperitoneal, sendo possível que contribua para
redução da obesidade abdominal. Este efeito ocorreu tanto em machos como em fêmeas,
não sendo específico para o sexo.
Observa-se ainda aumento da glicemia em fêmeas do grupo experimental em
relação àquelas fêmeas do grupo controle, porém o valor obtido esta dentro dos valores
de referência para ratos da Escola Paulista de Medicina, local de aquisição dos animais
deste experimento (Santos, et al., 2010). Não foram observadas diferenças significantes
entre os níveis séricos de colesterol de ratos machos e fêmeas do grupo experimental em
relação respectivamente àqueles dos grupos controles. A avaliação clínica não mostrou
alterações nos animais dos dois sexos.
Tabela 2. Peso corporal inicial e final (g), distância naso- anal (cm), índice de Lee (m2)
e níveis séricos de colesterol (mg/dL) e de glicose (mg/dL) de ratos machos e fêmeas
alimentados com ração hipercalórica por um mês, tratados ou não per os com o
fitoterápicos 9611 por mais um mês. . Machos- n=10, fêmeas-n=8. Parâmetro/grupo Machos Fêmeas
Controle Experimental Controle Experimental
Massa corporal
Inicial(g)
371,60±9,82 369,58±6,55 236,75±3,97 245,25±3,80
Massa corporal
final(g)
381,11±6,15 356,90±7,30* 245,00 ± 3,10 230,10±3,60*
Distância naso-
anal final(cm)
23,99±0,34 22,65±0,45 20,56±0,23 20,38±0,35
Índice de Lee
final
0,116±0,025 0,181±0,028 0,199±0,039 0,191±0,132
Peso da gordura
retroperitoneal(g)
8,79±0,39 6,59±0,59* 8,54±0,68 6,08±0,55*
Glicose (valor de
referência-EPM-
116,1±9,6 mg/dl)
101,20±3,24 108,50±4,52 93,75±4,05 104,75±2,33*
Colesterol(mg/dl) 74,60±3,78 73,50±5,28 61,75±4,16 68,88±2,41
*P< 0,05 em relação ao respectivo grupo controle. Teste t de Student bicaudal.
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O cálculo do DPP (fig.2) indicou que em ratos machos ocorreu 8,1 % de redução
de peso e , em fêmeas 10,1%, dados estes que indicam ser os fitoterápicos eficazes em
controlar o ganho de peso em animais com sobrepeso segundo classificação abaixo:
DELTA DE PESO in vivo -9611
Machos Fêmeas0
5
10
15
8,1
10,1
Porcentagem
Fig.2 Delta de peso in vivo de ratos machos e fêmeas alimentados com ração
hipercalórica por um mês, tratados ou não per os com 4mg/Kg do fitoterápico 9611 por
mais um mês.
Conclusões
Os presentes resultados permitem concluir que a administração do fitoterápico
9611por um mês:
1-) reduziu o ganho de peso em ratos machos e fêmeas alimentados com ração
hipercalórica por um mês.
2-) promoveu perda de peso em ratas alimentadas com ração hipercalórica por
um mês.
3-) reduziu o peso da gordura retroperitoneal em ratos machos e fêmeas ao final
do tratamento.
4-) promoveu ligeiro aumento nos níveis de glicose sérica em fêmeas, porém
dentro dos valores de referência.
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5) não alterou os níveis de colesterol sérico ao final do tratamento
6-) o cálculo do DPP indicou perda de peso de 8,1% nos ratos machos e 10,1%
em fêmeas.
Valores de DPP segundo o FDA (1996)
3-5: BOM
6-8: MUITO BOM
9-acima: EXCELENTE
Tabela de DPP nos fitoterápicos estudados
DPP FEMEAS 10,1
DPP MACHOS 8,1
Referências
Bernardis, L. L., & Patterson, B. D. (1968). Correlation between 'Lee index' and carcass
fat content in weanling and adult female rats with hypothalamic lesions. Journal
of Endocrinology, 40(4), 527-528.
Gus, M. (1998). Associação entre diferentes indicadores de obesidade e prevalência de
hipertensão arterial Arquivo Brasileiro de Cardiologia, 70(2), 111-114.
Rosa, E. C., Zanella, M. T., Ribeiro, A. B., & Kohlmann Junior, O. (2005). [Visceral
obesity, hypertension and cardio-renal risk: a review]. Arq Bras Endocrinol
Metabol, 49(2), 196-204.
Santos, M. R. V., Souza, V. H., Menezes, I. A. C., Bitencurt, J. L., Rezende-Neto, J. M.,
Barreto, A. S., et al. (2010). Parâmetros bioquímicos, fisiológicos e
morfológicos de ratos (Rattus novergicus linhagem Wistar) produzidos pelo
Biotério Central da Universidade Federal de Sergipe. Scientia Plena
6, 106-1010.
Timar, O., Sestier, F., & Levy, E. (2000). Metabolic syndrome X: a review. Canadian
Journal of Cardiology, 16(6), 779-789.