Caxambu, Turismo Além das Águas - Potencialidades e Entraves
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Curso de Especialização em Turismo e Desenvolvimento Sustentável
Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Geociências
Departamento de Geografia
Yash Rocha Maciel
CAXAMBU, TURISMO ALÉM DAS ÁGUAS MINERAIS.
POTENCIALIDADES E ENTRAVES.
Belo Horizonte
2008
Curso de Especialização em Turismo e Desenvolvimento Sustentável
Yash Rocha Maciel
Caxambu, turismo além das águas minerais. Potencialidades e entraves.
Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Turismo e Desenvolvimento Sustentável
Orientador: Prof. Dr. Allaoua Saadi
Belo Horizonte
Instituto de Geociências da UFMG 2008
EPÍGRAFE
“a paisagem estudada sobre o ponto de vista estético deve fugir daquela genuinamente
“bela” e profana que é montada como um cenário”
Mariana Lacerda
Agradecimentos Agradeço,
primeiramente a Deus por todas as bênçãos que me concedeu, aos meus pais, Paulo Maciel
Junior e Sandra Chaves Rocha, a minha avó Maria Lúcia Chaves Rocha, minha tia Sônia
Chaves Rocha e meus irmão Yam Lucas Maciel e Yuri Chaves que sempre me apoiaram em
cada etapa da minha vida, me ajudando e incentivando. Ao meu orientador Professor Allaoua
Saadi pela paciência e conversas que muito me ajudaram a prosseguir os estudos nesta área. A
todos os professores do curso de Turismo e Desenvolvimento Sustentável, pela contribuição
em minha formação das mais diferentes maneiras (aulas, trabalhos de campo, exemplos de
vida,...). Ao colega de sala Rodrigo, pelas explanações sempre poéticas sobre o turismo e
paisagem.
Enfim, a todos que participam positivamente da minha vida. Muito Obrigado.
Resumo O presente estudo faz um diagnóstico do município de Caxambu, em seus aspectos físicos,
bióticos e socioeconômicos, trazendo a tona as problemáticas e os pontos importantes para
que o município retome sua função de atração de empreendimentos, pensamentos e ações
voltadas para seu principal viés econômico, o turismo. Caxambu encontra-se favoravelmente
posicionado no contexto geográfico do estado de Minas Gerais, ainda assim, a falta de um
planejamento técnico e democrático fez com que o município perdesse o foco de sua
evolução. Rodeado por fatores atrativos como serras, cachoeiras, remanescentes de mata
atlântica e cerrado, além de suas águas minerais e seu povo hospitaleiro, não só Caxambu,
mas todos municípios integrantes do Circuito das Águas carecem de imersões por parte dos
planejadores dos setores públicos, privados, acadêmicos e não governamentais. Para que o
potencial real que existe na região do sul de Minas, não continue sendo uma possibilidade
longínqua mais de desenvolvimento.
Abstract
This study makes a diagnosis of the city of Caxambu, in terms of physical, biotic and socio-
economic and presents the problems and the important points to the municipality to restart
the function to attract businesses, thoughts and actions towards its main economic and tourism
topics. Caxambu is favorably positioned in the geographical context of the state of Minas
Gerais, but the lack of a democratic and technical planning has made the city lost the focus of
its development. Surrounded by attractive factors such as mountains, waterfalls, remnants of
rainforest and cerrado, in addition to its mineral waters and its friendly people, not only
Caxambu, but all municipality members of the Circuito das Águas have a lack of incentive
by the planners of the public, private , academics and NGOs sectors. For the true potential
that exists in the southern region Minas Gerais don’t be a distant possibility of more
development.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9 1.1. PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA................................................................ 11 1.2. OBJETIVOS .............................................................................................. 11
1.2.1. GERAL.............................................................................................. 11 1.2.2. ESPECÍFICOS .................................................................................... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................13 2.1. A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO ............................................................ 13 2.2. DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO .......................................... 15 2.3. INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO......................................... 18 2.4. CARTOGRAFIA PARA O TURISMO................................................................. 22
3. METODOLOGIA..........................................................................................................................24 4. DIAGNÓSTICO MUNICIPAL....................................................................................................29
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO............................................................... 29 4.1.1. HISTÓRICO....................................................................................... 29 4.1.2. LOCALIZAÇÃO................................................................................... 31 4.1.3. GEOLOGIA........................................................................................ 33 4.1.4. CLIMA E HIDROGRAFIA ...................................................................... 35 4.1.5. GEOMORFOLOGIA.............................................................................. 39 4.1.6. PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .......................... 42 4.1.7. MEIO SÓCIO-ECONÔMICO .................................................................. 48
4.2. CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................................. 56 5. POTENCIALIDADES E ENTRAVES PARA A EXPANSÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA – ANÁLISE ESPACIAL DE CAXAMBU ..............................................................................................58
5.1. PORÇÃO NORTE........................................................................................ 58 5.1.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 58 5.1.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES.......................................................... 60
5.2. PORÇÃO CENTRAL..................................................................................... 61 5.2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 61 5.2.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES.......................................................... 69
5.3. PORÇÃO SUL ............................................................................................ 77 5.3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO .. 77 5.3.2. POTENCIALIDADES E ENTRAVES.......................................................... 79
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................80 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................86 8. ANEXOS ........................................................................................................................................88
8.1. ANEXO 1 - PLANTA SÍNTESE DAS PORÇÕES NORTE E SUL .............................. 89
SUMÁRIO DE FIGURAS
Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de FERNANDES (2000). .................................................................................................... 26 Figura 3.2 – Porções estudadas....................................................................................... 27 Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe. ...................................................... 30 Figura 4.2 – Mapa de localização do município. ............................................................ 32 Figura 4.3 – Articulação viária. ...................................................................................... 33 Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas. ......................................................... 34 Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse. .................................................. 34 Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas. ........................................................ 35 Figura 4.7 – Mapa hidrográfico. ..................................................................................... 38 Figura 4.8 – Mapa hipsométrico. .................................................................................... 41 Figura 4.9 - Vegetação ciliar localizada ao norte do município às margens do rio Baependi. ........................................................................................................................ 45 Figura 4.10 – Mapa de solos de Caxambu...................................................................... 47 Figura 4.11 – População Economicamente Ativa - PEA ocupada por setores econômicos em Caxambu. .................................................................................................................. 49 Figura 4.12 - Produto Interno Bruto – PIB de Caxambu a preços correntes, 1998-2002. Unidade R$(mil). ............................................................................................................ 50 Figura 4.13 – Arrecadação da CFEM entre 2003 e 2006. .............................................. 52 Figura 4.14 – Concentração da população por faixas etárias de Caxambu, 2000. ......... 54 Figura 5.1 – Fonte D. Leopoldina................................................................................... 62 Figura 5.2 - Fonte D. Pedro. ........................................................................................... 62 Figura 5.3 - Fonte Viotti. ................................................................................................ 63 Figura 5.4 - Fonte Duque de Saxe. ................................................................................. 63 Figura 5.5 - Fonte Mayrink............................................................................................. 64 Figura 5.6 – Fonte Conde D’EU e Princesa Isabel. ........................................................ 65 Figura 5.7 – Fonte Beleza. .............................................................................................. 65 Figura 5.8 - Fonte Venâncio. .......................................................................................... 66 Figura 5.9 – Fonte Ernestina Guedes.............................................................................. 66 Figura 5.10 – Gêiser Floriano Lemos. ............................................................................ 67 Figura 5.11 – Balneário Hidroterápico. .......................................................................... 67 Figura 5.12 – Igreja Santa Isabel da Hungria, construída em homenagem a rainha da Hungria. .......................................................................................................................... 68 Figura 5.13 – Praça 16 de setembro................................................................................ 68 Figura 5.14 - Escola Padre Correia de Almeida. ............................................................ 68 Figura 5.15 - Cadeira do Chico Cascateiro..................................................................... 69 Figura 5.16 - Estatueta do Conselheiro Mayrink............................................................ 69 Figura 5.17 – Paredes pichadas das instalações do topo do morro Caxambu. ............... 72 Figura 5.18 – Teleférico do parque das águas. ............................................................... 72 Figura 5.19 – Ocupações no sopé do morro Caxambu. .................................................. 72 Figura 5.20 – Rodoviária sem contexto e mal conservada. ............................................ 73 Figura 5.21 – Pontos de ônibus mal posicionados e mal cuidados................................. 73 Figura 5.22 – Pavimentação precária.............................................................................. 73 Figura 5.23 – Aterro controlado de Caxambu. ............................................................... 74 Figura 5.24 - Vista geral do centro de convenções......................................................... 74 Figura 5.25 – Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu. ....................................... 76 Figura 6.1 – Circuito das Águas. .................................................................................... 82
Figura 6.2 – Mapa da Estrada Real. Fonte: www.estradareal.org.br .............................. 84
SUMÁRIO DE TABELAS Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de tombamento do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de Caxambu -1998). ............................................................................................................ 31 Tabela 4.2 - População Total, População Urbana, População Rural e Grau de Urbanização. ................................................................................................................... 53 Tabela 4.3 - Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000 de Caxambu. Fonte: Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. ................................................................. 56
9
1.INTRODUÇÃO Quando a bandeira do turismo é levantada como forma de diversificação das atividades
econômicas em um município, muitas especulações fazem com que potencialidades se
tornem frustrações ao longo de um processo mal planejado de exploração. A atividade
turística é conhecida como o deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, em
busca de refúgios alternativos ao cotidiano e satisfação de necessidades muito próprias
que variam de acordo com a carga de vida do turista. Para SOUZA e CORRÊA (1998),
“turismo é o deslocamento de pessoas isoladas ou em grupos de um lugar para o outro,
por diferentes motivos e interesses, permitindo o intercâmbio de cultura e união entre os
povos”.
Desta forma, tem-se que o turismo tomou um caráter mais holístico durante o passar dos
tempos e deixou de ser uma atividade apenas contemplativa. Inserindo-se assim na vida
das pessoas como mais uma forma de convívio social, capaz de trazer novas
perspectivas de vida para todos os envolvidos na atividade. O turismo é multidisciplinar
e deve buscar a interdisciplinaridade, que trará assim a conexão entre os componentes
formadores da paisagem vivida e os viventes da mesma.
Geralmente, os municípios com potencialidades turísticas passam primeiro por um
processo de demanda espontânea de atratividade de pessoas. E nesse vácuo, vão sendo
construídas as características de aproveitamento da atividade que, se não forem
direcionadas de maneira correta, podem ser aproveitadas de forma equivocada.
Trazendo assim, péssimas conseqüências tanto ao meio onde se da o turismo, como para
as pessoas envolvidas.
O município de Caxambu é explorado pelo turismo há tempos, e a demanda foi gerada
pelo componente geofísico água mineral, alinhada a potencialidade de estar no
alinhamento da estrada real, mais especificamente no caminho velho que inicia em
Diamantina e finaliza em Paraty. Desta maneira, o município foi por muito tempo um
referencial no que diz respeito a destinos turísticos.
Não há como descrever o surgimento do município de Caxambu sem tangenciar sua
10
formação geológica, sempre que o nome do mesmo é citado ou visto a relação com as
águas minerais logo é feita.
Como a associação/interpretação geológica era pouco desenvolvida à época de seu
descobrimento, o que sempre teve destaque na divulgação do município foi o poder de
cura de suas fontes que juntas, detêm para muitos, o título de maior diversidade de
águas minerais do mundo. Totalizando 12 fontes em exploração.
A cronologia exposta para o município em seu site oficial demonstra a importância da
descoberta das águas para o surgimento do mesmo, que culminou com a chegada da
Princesa Isabel em 1868 que, sabendo do potencial curativo das águas, buscou sanar-se
de uma possível infertilidade. A Princesa curou-se da anemia e engravidou, lançando
assim, a pedra fundamental para a construção da Igreja de Santa Isabel que hoje é
patrimônio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio histórico - IEPHA.
Por essas e outras, o município encontrou no turismo de saúde uma fonte de
empregabilidade e de geração de renda, mas, por razões ainda não contornadas, esse
tipo de turismo entrou em decadência e o Circuito das Águas passa por dificuldades.
Isso se deve, pois, os municípios que compõem o mesmo não se preparam para atrair
outros tipos de público e, precisam ainda, reinventar o turismo em função das águas e
seus poderes “milagrosos”. Além disso, a má gestão pública e a falta de investimento do
estado e união culminaram com o surgimento de problemas estruturais difíceis de serem
resolvidos.
A não diversificação da atividade turística e a falta de cuidado com a expansão urbana
nas proximidades da sede municipal foram, entre outros, alguns dos principais fatores
preponderantes para a diminuição do fluxo turístico para Caxambu. Mas, nada disso é
mais importante do que a necessidade de um planejamento a longo prazo que envolva a
comunidade local com o turismo de forma mais profissional e direcionada. Para que
isso ocorra, as ações coordenadas entre o poder público e as empresas privadas que
usufruem da atividade no município devem sempre ser tomadas com o apoio técnico e
tecnológico necessário. Não deixando é claro, de incitar a participação da sociedade
civil em todo o processo.
11
Além de Caxambu, outras instâncias hidrominerais deixaram de crescer através da
atividade turística, muito em função da falta de aprofundamento do real potencial de
cura de suas águas minerais. Esse aspecto tem sido um dos principais entraves para que
o Circuito das Águas se afirme como região atrativa.
1.1.PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA Mas, até que ponto a água mineral é capaz de dar sustentação ao turismo como
atividade geradora de emprego e renda no município? Quais são as medidas que estão
sendo tomadas para a proteção da mesma? Quais são as outras possibilidades de se
desenvolver o turismo fora da sede municipal, fazendo com que o meio rural também se
beneficie da atividade? São questões que permeiam um planejamento de médio a longo
prazo, que também deve prever a diversificação das categorias de atividades turísticas
condizentes com o que o município pode oferecer.
Diante da contextualização e da problemática exposta, o presente trabalho torna-se
necessário pois, o município precisa criar alternativas para fazer com que o turista tenha
uma gama variada de opções que podem ser criadas a partir das potencialidades
existentes em seu território e na região de entorno. Fazendo com que Caxambu não seja
mais refém de um único segmento de turismo.
1.2.OBJETIVOS
1.2.1.GERAL Gerar um diagnóstico da situação do turismo no município e caracterizar as feições da
paisagem que podem ser apropriadas para a atividade turística, montando ao final uma
planta que espacialize essas informações. A partir dessa identificação, serão definidas as
potencialidades e entraves para que essa utilização aconteça dentro de um planejamento
coerente.
1.2.2.ESPECÍFICOS • Caracterização dos componentes biofísicos e do uso e ocupação do solo no
município;
• definição das feições da paisagem que podem ser apropriadas para o
12
desenvolvimento das vertentes do turismo no meio rural (Ecoturismo, Turismo
de Aventura, Turismo Rural); e
• indicação das potencialidades e fatores limitantes (entraves) do uso das feições
da paisagem para o turismo no município;
13
2.REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.A ÁGUA MINERAL PARA O TURISMO O turismo em Caxambu surgiu em função de suas águas minerais, mas, até que ponto a
água mineral é atrativa de turistas e até onde as pessoas que procuram os locais para
consumi-la estão cientes dessa função da mesma?
Primeiramente, é necessário entender que as águas minerais sempre foram famosas por
suas propriedades terapêuticas, e não por um componente que pode ser formatado para
o turismo. Logicamente, as localidades onde as mesmas ascendem à superfície, podem
fazer dessa peculiaridade um diferencial a mais para uma vocação turística que deve ser
tratada além desse componente geofísico.
Além dessa questão, a medicina ainda é tímida na utilização da crenoterapia1 para
tratamentos médicos. O que se vê é a indicação das águas como sendo uma ajuda no
tratamento de certas patologias, mas nada em uma escala a ponto de colocá-las em
competição com as práticas medicinais contemporâneas e com a indústria farmacêutica.
Em artigo publicado (in memoriam) em 1956, do médico crenólogo Dr. Lysandro
Cardoso Guimarães, na sinopse do I Concurso Nacional de Monografias “O Poder
Curativo das Águas Minerais” (Caxambu: Prefeitura Municipal de Caxambu, 1989), o
autor já demonstrava sua preocupação em relação à crença médica sobre o real poder de
cura das águas minerais, e cita:
A incredulidade da maioria dos médicos brasileiros tem sido a nossa maior
barreira, em contraposição à credulidade popular que (....) tem sido o fator de
estímulo ao desenvolvimento de nossas estâncias como cidades de cura. Nos
países europeus, a classe médica é a vanguardeira desses estudos que
constituem assunto de real interesse em todas as universidades. Nós, pelo
contrário, somos caudatários remotos dessas conquistas e, por isso mesmo,
não podemos apresentar trabalhos à altura das modernas descobertas
científicas; contudo, essa carência de estudos e pesquisas só poderá ser
1 A crenoterapia é o tratamento feito através de ingestão e banho de águas minerais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crenoterapia Acesso em 12/07/2008.
14
sanada no dia em que os médicos brasileiros volverem seus olhos para esses
problemas, ... (apud in NETO, 2003. p27)
Segundo NETO (2003), “as águas minerais devem ser consideradas como águas
subterrâneas especiais, uma vez que, além de atender aos demais usos tradicionais,
apresentam propriedades terapêuticas”p.24. Diante dessa afirmação, o planejamento
dos municípios que têm na água mineral seu ponto forte para o turismo, deve levar em
consideração algumas questões, como por exemplo:
1. o público que procura às águas minerais deve ser intensamente estudado, para
que se possa implementar ações que venham a suprir o anseio terapêutico que o
mesmo tem em relação à água mineral;
2. a medicina local tem que se especializar em função da utilização das águas para
o uso medicinal;
3. o turismo deve procurar se diversificar para não se tornar refém de um único
tipo de público e de segmento turístico.
Feitas essas etapas, a qualidade dos resultados da estadia dos turistas no município
estará a cargo do receptivo local, que tem nesse momento a oportunidade de mostrar ao
turista, outras possibilidades de se fazer turismo na região, além de ter a
responsabilidade de deixar claro o bem estar que a estadia do mesmo no município vai
causar. Não só pelo descanso que os municípios proporcionam e consumo das águas e
suas propriedades especiais, mas pelas opções variadas de interação com outros
segmentos turísticos possíveis de serem aproveitados.
Mas, é também nesse momento que a falta de uma aplicação mais difundida da
crenoterapia e da popularização científica das propriedades medicinais das águas, faz
com que exista uma redução no número de pessoas que procuram nos municípios com
fontes hidroterápicas mais do que descanso, cura.
É por essas e outras que Caxambu encontra dificuldades em reinventar o turismo em
função de seu potencial mais utilizado, a água mineral. Mas, através de um
planejamento de médio a longo prazo, o município tem totais condições de fazer com
15
que seu produto turístico retome sua função medicinal e turística. Aliando a gama de
possibilidades de segmentação da atividade através das potencialidades naturais e
culturais de seu território e sua região de entorno.
2.2.DESAFIOS DO PLANEJAMENTO PARA O TURISMO Caxambu é um município mineiro tradicional, teve sua formação graças à corrida do
ouro fazendo parte da história da estrada real, sua arquitetura mais antiga é rica e
relativamente bem conservada. Possui ainda, um belo parque de águas minerais
considerado o mais diverso do mundo com diferentes propriedade químicas na
constituição das mesmas, localizado próximo da Serra da Mantiqueira, tem um relevo
diverso promovendo contornos que trazem grande beleza a paisagem. Mas, o turismo
que já foi a grande fonte de crescimento do município não promove um
desenvolvimento sustentado e o mesmo possui diversos pontos de fraqueza que devem
ser atacados para mudar esse quadro.
Quando a temática do turismo é levantada como forma de sustentação econômica de um
município ou determinada região, o efeito especulativo causa sintomas de ansiedade,
expectativa e esperança na população que será parte do processo de elaboração dos
produtos a serem desenvolvidos.
No caso de Caxambu, essa “suposta crise” instalada causa um efeito altamente negativo
com relação à real potencialidade turística do município.
Por esses motivos, o turismo não pode ser implantado como uma estrutura nova e física.
O mesmo deve ser implementado com cautela, com medidas de curto, médio e longo
prazo, visando uma integração sem alteração da paisagem de forma a considerar
aspectos que constituem um planejamento democrático e pautado em questões técnicas
e estruturais que devem ser desenvolvidas.
Fazer com que os atores que farão parte da atividade comprem a idéia, passa por um
processo que deve conseguir, primeiro; esclarecer que as perspectivas serão
interessantes economicamente e profissionalmente. Desta forma, o reconhecimento do
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turismo como fonte de geração de renda, emprego e conseqüente melhoria da qualidade
de vida das pessoas envolvidas deve desmascarar, no caso de Caxambu, a suposta crise
que o setor atravessa e as potencialidades que podem ser melhoradas e transformadas
em um renovado produto turístico.
Feitas as considerações das vantagens que o turismo pode trazer, chega-se ao segundo
momento; que é a criação de um planejamento que deverá fazer com que surjam agentes
de mudança em todos os setores da sociedade (instituições públicas, privadas e
sociedade organizada). Esses agentes serão responsáveis pela voz do planejamento,
fazendo com o máximo de pessoas se comprometam com as propostas que serão
colocadas.
O planejamento torna-se a função essencial na gestão do turismo. Turismo este que é o
deslocamento de pessoas de um lugar para o outro, gerando inerentemente a sua prática,
a possibilidade de mudanças sociais, culturais, ambientais e econômicas em seu destino
e nas pessoas que o praticam. Desta maneira, a gestão da atividade torna-se necessária,
pelas conseqüências positivas ou negativas que surgirão em função da existência ou não
de um planejamento estratégico.
O planejamento segundo ROBBINS (1978), nada mais é do que a escolha antecipada
dos objetivos a serem atingidos e dos meios pelos quais os mesmos serão alcançados.
CHIAVENATO (1987) (apud PETROCCHI, 2001) considera que:
O planejamento costuma configurar como a primeira função administrativa,
por ser exatamente aquela que serve de base para as demais. O planejamento
é a função administrativa que determina antecipadamente o que se deve fazer
e quais objetivos devem ser atingidos. O planejamento é um modelo teórico
para a ação futura. Visa dar condições para que o sistema seja organizado e
dirigido a partir de certas hipóteses acerca da realidade atual e futura. O
planejamento é uma atividade desenvolvida de maneira consistente para dar
continuidade às atividades, e seu focus principal é a consideração objetiva do
futuro.
[...] É uma técnica para absorver a incerteza e permitir mais consistência no
17
desempenho das organizações.
[...] O planejamento implica fundamentalmente traçar o futuro e alcançá-lo.
[...] O planejamento é um processo que começa com a determinação de
objetivos. Define estratégias, políticas e detalha planos para consegui-los;
estabelece um sistema de decisões e inclui uma revisão de objetivos para
alimentar um novo ciclo de planificação.
O planejamento com o intuito de se desenvolver o potencial turístico de um município,
de forma organizada, equânime e com bons frutos é fundamentado na situação em que
se deseja alcançar. Para isso, os objetivos devem ser criados de forma a se construir
ações orientadas. Surgindo então, a necessidade da criação de um plano pró-ativo de
desenvolvimento turístico.
Para MARQUES e BISSOLI (2001):
O planejamento turístico é um processo que analisa a atividade turística de
um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e
fixando um modelo de atuação mediante o estabelecimento de metas,
objetivos, estratégias e diretrizes com os quais se pretende impulsionar,
coordenar e integrar o turismo ao conjunto macroeconômico em que está
inserido. Deve ser entendido com uma ação social, no sentido de que vai ser
dirigido à comunidade e racional, na medida em que é um processo que tende
a estabelecer e a consolidar uma série de decisões com um alto grau de
racionalização.
No turismo, o plano de desenvolvimento constitui o instrumento fundamental
na determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da
atividade, determinando suas dimensões ideais, para que a partir daí se possa
estimular regularmente ou restringir sua evolução.
A finalidade do planejamento turístico consiste em ordenar as ações do
homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de
equipamentos e facilidades de forma adequada, evitando assim efeitos
negativos nos recursos, como sua destruição e a redução de sua atratividade.
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O plano de desenvolvimento turístico deve possuir duas etapas distintas, mas
complementares, onde a primeira sustenta-se em um nível mais de conhecimento e
estratégias de desenvolvimento e a segunda mais operacional e tática. Cabendo ressaltar
que, o sucesso a ser atingido por um plano dependerá da qualidade em que as etapas se
realizam e do comprometimento dos envolvidos. Na primeira etapa os esforços se
concentram no direcionamento dos rumos a serem tomados, na visão de futuro, na
missão prevista e na criação de estratégias. Um dos elementos que constituem estas
estratégias é a leitura da paisagem, diagnóstico ambiental ou macro-ambiental como
denominado por alguns autores.
A segunda etapa de um plano de desenvolvimento turístico, é diferenciada por deter um
caráter mais operacional, é nessa fase que as ações se darão. Para o êxito de tais ações,
os planos setoriais devem ser realizados através de programas e projetos. Os planos
setoriais visam separar as ações, para que as mesmas em conjunto possam ser eficientes
e eficazes no desenvolvimento do turismo. Trata-se de programas para a estruturação da
oferta turística; sensibilização e formação profissional para o turismo; melhoria ou
criação da estrutura física dedicada à atividade ou a divulgação desta; pesquisa,
normatização e fiscalização; promoção e marketing; controle, apoio técnico e
coordenação regional participativa (PETROCCHI, 2001).
Diante destes aspectos de analise, é possível construir um plano de desenvolvimento
turístico que demonstre as oportunidades, as ameaças, as fortalezas diferenciais e as
fraquezas dos municípios e regiões foco.
Para Caxambu, será preciso que o reconhecimento de ações que não vem sendo
desenvolvidas de maneira correta e que as vezes nem existem, dêem lugar a discussão
democrática do objetivo a ser alcançado. Mostrando assim, as potencialidades ainda
existentes no turismo como forma de desenvolvimento local, com o aproveitamento da
água mineral e das potencialidades da paisagem na região como um todo.
2.3.INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM PARA O TURISMO Tomando como partida os pensamentos construídos sobre a paisagem, pode-se afirmar
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que os estudos ambientais trabalham principalmente com a interpretação da “Paisagem
Concreta” e da “Paisagem Simbólica”. Sendo a primeira, fonte do campo de estudo dos
geógrafos físicos, que tratam questões e fenômenos gerados a partir de forças endógenas
que representam as pressões magmáticas, evoluções da crosta terrestre e todos os
processos de inter-relação entre os componentes da litosfera. E as forças exógenas, que
ficam a cargo das interações entre os elementos da estratosfera, que abarcam as
dinâmicas climáticas e suas atuações diferenciadas sobre a litosfera a partir de sua
constituição, determinando inicialmente a biosfera que a ocupa.
Já a “Paisagem Simbólica”, é responsável pela subjetividade da interpretação, tomando
o homem, a função de interprete da mesma. Desta forma, a paisagem torna-se fonte de
discussão e contraposição de idéias a partir do pensamento dialético gerado pelas teses,
antíteses e sínteses que dão origem ao pensamento científico refinado da questão.
Deve-se pensar a paisagem como uma série de camadas sobrepostas e interdependentes.
Em linhas gerais, ela pode ser estudada a partir do tipo de rocha que, exposta a um tipo
de clima irá gerar um tipo de morfologia do terreno, esta condicionará a formação de
tipos de solos diferenciados a partir da litologia existente ou de dinâmicas peculiares.
Os solos, por sua vez, definirão as tipologias de vegetação que abrigarão uma fauna
específica e determinarão inicialmente o seu uso pelo homem. Inicialmente, pois, o
homem dotado de tecnologia pode condicionar a paisagem de acordo com sua
necessidade em alguns casos, como por exemplo, corrigir a fertilidade do solo de áreas
potenciais para a atividade agrícola.
A leitura da paisagem pode ser uma forte aliada do turismo dentro de um planejamento
consistente, mas deve ser usada de forma a não valorizar somente as questões estéticas
do espaço estudado. Para LACERDA (2005), a paisagem estudada sobre o ponto de
vista estético deve fugir daquela genuinamente “bela” e profana que é montada como
um cenário. Para a mesma autora, a paisagem fascina pela sua relação com o estudo dos
lugares. O que nos motiva na paisagem é a possibilidade de troca de conhecimento a
partir da incorporação do outro e da compreensão da estrutura subjetiva das coisas – o
sentimento, a personalidade ou caráter intrínseco ao lugar e sua atuação sobre os
indivíduos (SOLANO, apud in LACERDA 2005).
20
As belezas naturais geralmente são vistas como produtos turísticos quase prontos e
fáceis de serem comercializados, é nesse momento que falta de capacidade técnica pode
fazer com o que hoje é uma potencialidade torne-se um problema no futuro. Diante
disso, o planejamento se enquadra como a única forma de se hipotetizar as
conseqüências negativas da implementação do turismo como alternativa de atividade
econômica. Mas, o conhecimento da paisagem deve extrapolar o que é “visto”,
aprofundando-se nos estudos dos ecossistemas e da cultura do espaço vivido pelas
pessoas dos municípios e regiões desenvolvidas turisticamente.
Segundo DUFRENNE citado por LACERDA (2005), a análise da paisagem meramente
estética deve ser trazida sob a forma de uma perspectiva cultural, pois “[...] a natureza
só é vista esteticamente porque é vista culturalmente” (DUFRENNE, apud in
LACERDA 2005).
Desta forma, LACERDA (2005) afirma que, “[...] ao considerar o aspecto cultural, a
definição de estética extrapola o conceito de beleza”. O conceito de estética é vendido
de forma errada na mídia, e tornou-se a principal ferramenta de inserção de produtos no
mercado. Existem situações em que o apelo estético é tão forte e poderoso, que se torna
uma negação dos aspectos da qualidade e de pertinência. Etimologicamente, a palavra
estética é originária do grego aisthesis, cujo significado é a “faculdade de sentir”,
“compreensão dos sentidos”, “percepção totalizante”. E não uma mera sedução visual,
como é tratada atualmente.
Desta forma, ao se analisar uma paisagem com olhares para o turismo, deve-se levar em
consideração os fatores físicos e simbólicos de formação da mesma. Isso se deve, pois, a
paisagem é formada pelo espaço criado, vivido e sentido e está em constante mutação.
O vertiginoso crescimento populacional mundial, aliado a um sistema político e
econômico, extremamente dependente da exploração dos recursos naturais para sua
sustentação, levou a um incremento da degradação ambiental, seja no ambiente natural
e/ou rural, como no urbano. Isto se deu pela necessidade de se abrir novas fronteiras que
suportassem a demanda pela produção de alimentos e bens de consumo. E também pela
21
urbanização acelerada, promovida pela mudança dos setores econômicos que, de início,
se concentravam no primário, ou seja, com predominância da atividade agrária,
passando, a posteriori, para os setores secundários e terciários que se embasam em
atividades comerciais e industriais.
O turismo como atividade de apropriação do espaço, pode tanto contribuir para a
acentuação da degradação como para a proteção da natureza. São inúmeras as formas de
aproveitamento da paisagem para a atividade turística, tais como o turismo de aventura,
o ecoturismo, o turismo rural e etc, mas realizar um planejamento coerente de acordo
com os ambientes em que estes se darão é um desafio difícil. As paisagens são
carregadas de elementos físicos e simbólicos, que não devem ser analisados de forma
independente, a correlação entre os mesmos e sua valorização é o desafio dos fazedores
de turismo e do turismo.
Diante do exposto, tem-se que o turismo pode tomar uma fundamental importância para
a proteção da natureza das paisagens, já que a mesma é o principal atrativo para o
turista, que pode se sentir lesado ao se deparar com um ambiente sem harmonia. Esse é
outro desafio, pois, cada turista tem sua carga de experiência, sua expectativa e sua
maneira de se relacionar com a natureza e com outras pessoas e, muitas vezes o
desconhecimento dos ambientes visitados e a falta de limites nas imersões podem
causar efeitos devastadores aos recursos naturais e culturais.
É nesse momento que os produtos turísticos bem planejados obtém sucesso, trazendo
não só a natureza como fim da atividade turística, mas informando que a mesma é local
de grande importância social, ambiental e econômica e que outras pessoas devem ter o
direito ao meio ambiente devidamente equilibrado no futuro para esse uso. Essa
conscientização torna-se condição sinequanon para que a natureza e a cultura dos
lugares visitados não sofram as conseqüências negativas que a atividade turística pode
trazer. Fazendo assim, com que a paisagem seja consumida dentro dos preceitos da
sustentabilidade.
22
2.4.CARTOGRAFIA PARA O TURISMO Uma das ferramentas para o planejamento do turismo é a criação de um banco de dados
para o acompanhamento da evolução da exploração da natureza, além de ser
fundamental para a caracterização preliminar das paisagens com potencial para a
segmentação turística.
Nesse contexto, a cartografia dispõe de diversas técnicas para descrever os atributos da
superfície da terra em um determinado território, sendo assim, tais descrições tomam
grande importância da análise das formas e dos processos ocorrentes no espaço.
A evolução da cartografia acompanha as ferramentas tecnológicas que cada vez mais,
com a introdução de computadores e programas, facilitam a construção de modelos
digitais do terreno e a análise de uma grande quantidade de dados por meio dos
Sistemas de Informações Geográficas - SIG. Considerada uma ciência de apoio a
geografia, a cartografia utiliza o mapa como meio de comunicação, onde o mesmo é
construído por símbolos e signos que são destinados a representar os mais diversos fatos
e objetos dispostos no espaço geográfico.
Na geografia, existem duas vertentes principais que separam a cartografia, que segundo
OIVEIRA (1993), são: •“a cartografia sistemática que é feita por engenheiros cartógrafos e
geodésicos, que fazem medições precisas do geóide terrestre, que é a
forma própria da esfera da Terra, a fim de localizar exatamente um ponto
em sua superfície. As cartas topográficas, em suas diferentes escalas, são
realizadas por esses profissionais e servem como instrumento de trabalho
tanto para geógrafos como para vários outros profissionais; e
•a cartografia temática que possui importância fundamental, pois permite
representar as formas e os processos que moldam o espaço geográfico. O
objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer uma representação dos
fenômenos geográficos de qualquer natureza, bem como as relações
entre eles, ou seja, suas correlações, e isso se faz com o auxílio de
símbolos qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de
referência, geralmente extraída das cartas topográficas,...”.
A apropriação dos recursos cartográficos pelos atores da atividade turística é muito
23
válida na tentativa de planejamento e posterior venda de seus produtos, desde que o tipo
de informação e o objetivo do mapa tenham consonância com o espaço a ser
representado, sendo assim, as diferentes vertentes de atividades turísticas devem aplicar
diferentes técnicas de representação.
Ou seja, primeiro deve-se analisar o produto que se está querendo mostrar e depois
adequá-lo a melhor maneira de representação gráfica.
No caso do turismo cultural, por exemplo, os mapas são mais flexíveis quanto às
normas usualmente exigidas pela cartografia. Ou seja, em vez de se mapear os atrativos
culturais utilizando-se de símbolos simples, é mais interessante fazê-lo através de signos
para atrair a curiosidade de quem está interpretando o mapa. Geralmente, são figuras
simples, mas, com um apelo cultural forte.
Diante do exposto, na atividade turística, a cartografia pode ser utilizada como uma
forte aliada no processo de aproveitamento dos produtos turísticos. A realidade dos
espaços geográficos a serem desenvolvidos deve ser interpretativa e não uma gama de
informações sem contexto, ao mesmo tempo, o apelo às belezas naturais e culturais
deve ser desenvolvido de modo a vender o todo, fazendo com que o turista se informe
sobre o local e não só passe por ele.
Para o presente trabalho, foram utilizados os recursos da cartografia digital sistemática e
temática, que possibilitou o mapeamento das porções estudadas no território municipal.
Levando em consideração a espacialização dos componentes da paisagem, e sua relação
entre as potencialidades e entraves para a formatação de produtos turísticos no
município.
24
3.METODOLOGIA O desenvolvimento do trabalho de monografia foi calcado em três etapas, a primeira de
planejamento das atividades, criação do banco de dados secundários e definição da
temática a ser desenvolvida, a segunda de realização dos trabalhos de campo e
levantamento de informações primárias e a terceira de produção dos resultados e
análises.
1. Etapa de planejamento:
Na etapa de planejamento, as atividades contemplaram os estudos preliminares, com a
análise e revisão bibliográfica sobre trabalhos já realizados em Caxambu e a busca de
informações junto à prefeitura municipal.
Basicamente, o objetivo desta etapa foi analisar os dados secundários disponíveis acerca
do Município, permitindo assim, uma caracterização geral do mesmo em seus aspectos
físicos (geologia, clima, geomorfologia, solos e hidrografia), bióticos (fauna e flora) e
socioeconômicos (setores econômicos, dinâmica populacional, usos da terra e infra-
estrutura básica). É nesta etapa que foram definidos os conceitos a serem utilizados no
desenvolvimento do trabalho, a temática a ser abordada nos resultados e a definição dos
objetivos do mesmo. As informações foram sempre direcionadas para serem
aproveitadas dentro de um planejamento turístico municipal.
2.Etapa de levantamento de campo:
De posse das informações coletadas, foi possível dimensionar o trabalho de campo
necessário para o presente estudo. A campanha de campo foi realizada nos dias 2, 3 ,4 e
5 de julho de 2008. Tais levantamentos tiveram como objetivo afinar a caracterização
das paisagens, agregar mais informações que considerassem o planejamento turístico e
avaliar as possibilidades de utilização do território municipal (em seus aspectos físicos,
bióticos e culturais) para o turismo.
Para auxiliar nos campos foram utilizados os mapeamentos sistemáticos do IBGE e,
25
com um GPS foram levantados todos os componentes do território municipal que
poderiam ser considerados potenciais ou entraves para a expansão da atividade turística
em Caxambu.
3.Etapa de elaboração dos resultados:
A terceira etapa representou a elaboração dos resultados, cujo conteúdo foi baseado na
criação de um diagnóstico da situação do turismo em Caxambu e uma planta síntese
com as feições da paisagem, mostrando as potencialidades e entraves para a realização
de uma possível expansão do turismo municipal. Trazendo as potencialidades de
diversificação da atividade no município, através da apropriação da paisagem física e
simbólica do mesmo.
Os resultados foram elaborados levando-se em consideração a aplicação de um
planejamento amparado por informações técnicas da infra-estrutura já existente, da
atividade turística já desenvolvida no município e seus desafios, levando-se em
consideração as possibilidades de utilização da paisagem do restante do território
municipal.
Nesta etapa foi gerado um mapa com o objetivo de orientar geograficamente as
paisagens, seus componentes e as possibilidades de utilização ou não para o turismo.
Os estudos ambientais para fins de caracterização municipal, bem como outros
construídos com premissas em planejamento são fundamentalmente estudos da
paisagem. Mas, na maioria das vezes, a paisagem é fragmentada pela ausência de uma
linha de raciocínio lógica e vertebral.
Diante do exposto, é necessário que se obtenha êxito, uma linha norteadora que busque
a forma mais correta de se elevar a qualidade dos trabalhos através da conexão entre os
meios estudados que, a saber, em linhas gerais são:
• Meio físico: geologia, clima, geomorfologia e solos;
• Meio biótico: flora e fauna e
• Meio social: interação entre os meios anteriores e seus fatores determinantes no
26
uso do solo das áreas e regiões estudadas.
A Figura 3.1 mostra de forma didática o resumo de uma das metodologias coerentes de
se entender as paisagens, que fazem parte de um ecossistema complexo e com
componentes que se interdependem. Definindo através de características físicas, bióticas
e simbólicas a sua potencialidade para a prática do turismo.
Figura 3.1 – Metodologia para caracterização da paisagem. Fonte: Adaptado de FERNANDES (2000).
O importante ao se iniciar uma caracterização, é tentar forçar ao máximo o raciocínio
sobre o curso natural da paisagem e os elementos de sua formação. Com a idéia do
turismo como fonte de renda, emprego e desenvolvimento sustentável alçada, é possível
estudar de forma preliminar as alternativas e medidas necessárias, tomando como meta
a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos sem o comprometimento dos recursos
utilizados para o turismo, sejam eles naturais ou culturais. Tentando sempre
compreender a interferência em uma paisagem construída por fatores históricos, em
constante mutação e por ações e interações caracterizadas pelas dinâmicas entre os
meios. Desta forma, nos itens seguintes foram abordadas as temáticas que devem ser
levantadas, e aprofundadas caso necessário, para a caracterização do município de
Caxambu.
Para auxiliar na espacialização das análises sobre as potencialidades e entraves da
expansão da atividade turística no município, o mesmo foi dividido em três porções
27
principais, e são:
• Norte;
• Central; e
• Sul.
Figura 3.2 – Porções estudadas.
Para a porção central, a análise foi diferenciada por tratar-se de área urbanizada e com
uma atividade turística já implantada e que passa por dificuldades. Sendo assim, para a
mesma, foi feito um levantamento do que se entende como produto turístico de
Caxambu e quais são as medidas que estão sendo tomadas para que o mesmo reassuma
sua função de desenvolvimento local.
Já para as porções norte e sul, o critério da divisão foi balizado de acordo com as
características peculiares de cada uma. Levando-se em consideração os componentes
físicos (geologia, geomorfologia, solos e hidrografia), as qualidades geo-ambientais
(conservação da flora e fauna), a beleza estética, os arranjos das estruturas sociais e seu
uso do solo, além da acessibilidade às áreas com maior potencial.
28
A planta do anexo 1 traz uma síntese das principais feições das porções norte e sul,
dando ênfase à possibilidade de utilização da paisagem para a utilização turística. Para
que este capítulo seja mais bem compreendido, é necessário que o mesmo seja lido com
a planta aberta, pois, a todo momento são feitas inferências às informações constantes
nesta. Lembrando que, no mapa somente estão elencados os aspectos encontrados na
porção norte e sul. Já para porção central, todas as análises estão discorridas no texto.
29
4.DIAGNÓSTICO MUNICIPAL
4.1.CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
4.1.1. HISTÓRICO
Segundo informações oficiais trazidas pelo resgate histórico realizado pela prefeitura
municipal de Caxambu, em 1674, a Bandeira de Lourenço Castanho Taques saiu de
Pinheiros, seguindo a trilha de Félix Jaques rumo ao vale do rio Verde. Nas imediações
do Morro Cachumbum (ou Caxambu), próximo de Baependy (hoje Baependi),
conseguiu vencer os índios Cataguases que habitavam a região.
No ano de 1714, o local onde se instalaria a sede era uma paragem conhecida como
Cachumbum, sítio e local onde habitava o Alferes Alberto Pires Ribeiro. Neste período,
"As Minas Gerais" pertenciam à Capitania de São Paulo e foram divididas em três
Comarcas. Cachumbum pertencia à Comarca do Rio das Mortes (Prefeitura Municipal
de Caxambu, 1998).
Em 02 de dezembro de 1720 foi criada a Capitania Independente de Minas Gerais,
mantendo os mesmos limites anteriores, cabendo à Capitania de São Paulo toda a área
das bacias dos rios Grande, Verde e Sapucaí (Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998)..
As primeiras sesmarias no local onde hoje situa-se o município de Caxambu, datadas de
1766, pertenceram a Carlos Pedroso da Silveira e a Francisco Alves Correia. Mas é fato
que o que realmente marcou o desenvolvimento e a colonização de “Nossa Senhora dos
Remédios de Caxambu”, povoado pertencente ao município de Baependi, foi a
descoberta das fontes de águas minerais por volta de 1814 (segundo a tradição) que logo
ficaram famosas devido às surpreendentes curas obtidas pelos primeiros doentes que
delas se utilizaram, o que veio a dar ao povoado o nome de “Águas Virtuosas de
Baependi” e posteriormente de “Águas Virtuosas de Caxambu” (Prefeitura Municipal
de Caxambu, 1998).
Em 1844 começaram a surgir as primeiras edificações nas proximidades das minas, por
exemplo a captação da fonte Duque de Saxe visualizada na foto da Figura 4.1.
30
Figura 4.1 - Início da obra da fonte Duque de Saxe.
Fonte: Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu.
Em 1861 as fontes de águas minerais foram desapropriadas pelo governo da Província,
e a fama do local se propagou tão rapidamente que em 1868 a família real, através de D.
Isabel e do Conde d’Eu, vieram a já então Caxambu, em busca de cura para a
esterilidade do casal. A presença do casal real ao povoado teve como marco o
lançamento da pedra fundamental da igreja de Santa Isabel, rainha da Hungria
(Prefeitura Municipal de Caxambu, 1998).
No mês de Setembro de 1901, o povoado foi elevado à categoria de vila de acordo com
a Lei nº 319 do dia 16 de referido mês, nesta ocasião o município era composto pelo
distrito de Caxambu (Sede) e de Soledade. Em 18 de Setembro de 1915, a Lei nº 663
concedeu a Caxambu foro de cidade. O distrito de Soledade foi emancipado em 1938 e
o município de Caxambu manteve, desde então, apenas o distrito sede (Prefeitura
Municipal de Caxambu, 1998).
Etimologicamente o nome Caxambu tem cinco significados (Tabela 4.1).
31
Tabela 4.1 – Significados do nome de Caxambu. Fonte: IEPHA – MG (Processo de tombamento do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico do Parque das Águas de Caxambu -1998).
Origem
Derivação (significado) Interpretação Observações
África Cachaça (Tambor)
Mubu (música)
Tambor de Música
Referência ao instrumento usado pelos escravos e termo empregado em Minas Gerais para marcar os morros que
tinham configuração parecida com aquele tambor.
Tupi
Caa (Mato)
xa (Ver)
mbu (Riacho)
Mato que vê o riacho
Ou ainda: caxa (mato) + umbu, mudado para ambu
(vermelho como fogo) = mato vermelho como fogo.
Dicionário Cândido de Figueiredo
___ Uma espécie de batuque
Batuque que os negros dançam ao som de um tambor.
João Mendes de Almeida
(Índios Cataguases)
Catã (golfar, borbulhar)
Mbu (ferver) Água que borbulha
Referindo-se a água, é a bolha que o líquido faz como a ferver – bolhas a ferver.
H. Sanches Quell Caa + mubu Murmúrio da selva ___
4.1.2.LOCALIZAÇÃO Localizado no planalto da Mantiqueira e inserido na bacia hidrográfica do rio Verde e
sub-bacia do rio Baependi, o município de Caxambu está localizado na mesorregião
geográfica de planejamento denominada Sul/Sudoeste de Minas, que por sua vez é parte
constituinte da microrregião de São Lourenço (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE). O mesmo possui divisas com os municípios de Baependi (NE),
Conceição do Rio Verde (NW), Soledade de Minas (W) e Pouso Alto (S) tendo uma
área que abrange 100,50 Km². Sua sede está situada em uma altitude de 904 metros, e
tem sua posição locada nas coordenadas geográficas 21°58’20” de latitude S e
44°56’20” de longitude W.
O município não possui distritos e sim duas localidades, uma ao norte denominada
Morro Queimado e outra a sul com nome de Morro Cavado.
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
&3
#*
#*
BR 267
MG 347
MGT 3
54
MG 383
MGT 3
83
LMG 868
BR 383
MG 460
MGT 354
Caxambu
Cruzília
Baependi
São LourençoCarmo de Minas
Soledade de Minas
Conceição do Rio Verde
Morro Cavado
Morro Queimado
NOTAS TURISMO E TÍTULO ESCALA
FIGURADESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAPA DE LOCALIZAÇÃOBASE CARTOGRÁFICA DO GEOMINAS/IBGEPROJEÇÃO GEOGRÁFICA - SAD 69 ZONA 23S
1:200.000
:
4.2
44°40'0"W
44°40'0"W
44°50'0"W
44°50'0"W
45°0'0"W
45°0'0"W
45°10'0"W
45°10'0"W
21°50'0"S 21°50'0"S
22°0'0"S 22°0'0"S
22°10'0"S 22°10'0"S
!.
Minas Gerais
Caxambu
#* Localidades&3 Sede Municipal
Principais AcessosMunicípio EstudadoLimites Municipais
MAPA CHAVELOCALIZAÇÃO DE CAXAMBU NO ESTADO
33
Com relação às distâncias viárias, Caxambu encontra-se a 350km da capital do estado
Belo Horizonte, a ligação é feita através da BR 381 (ou rodovia Fernão Dias). O
município dista, aproximadamente, 250 km do Rio de Janeiro (BR-116) e 300 km de
São Paulo (BR381). As principais rodovias que dão acesso à região são: BR 240,
BR354, BR460, BR267, MG347, MG 456. Todas se encontram relativamente bem
conservadas, cabendo necessidades de recuperação do calçamento em algumas.
Fonte: www.caxambu.mg.gov.br
Figura 4.3 – Articulação viária.
4.1.3.GEOLOGIA O substrato geológico de Caxambu é composto por meta-sedimentos do grupo
Andrelândia. Na porção sudoeste (SW) do município, é possível perceber a ocorrência
de rochas xistosas predominantes. Também são ocorrentes no município algumas
porções de quartzito muito alterado. (COMIG/CPRM, 1999)
34
Depósitos aluvionares quaternários são encontrados em grandes porções acompanhando
as planícies/terraços fluviais principalmente do rio Baependi e ribeirão Bengo.
O restante é caracterizado pelo domínio do embasamento cristalino (granito/gnaisse)
com predomínio dos gnaisses. Mais especificamente no morro Caxambu, as rochas
gnáissicas são cortadas por diques máficos e de brechas alcalinas, constituindo
importantes áreas de recarga de aqüíferos fraturados (COMIG/CPRM, 1999).
Figura 4.4 - Porções de quartzito muito alteradas.
Figura 4.5 - Morro do Caxambu formado por gnaisse.
Fotos: EMATER.
Mas, de todas as tipologias geológicas encontradas na folha, nada é mais significativo
do ponto de vista sócio-ambiental para o município do que o PLUG de rochas alcalinas1
em forma quase circular localizado nas proximidades da sede municipal de Caxambu.
As famosas águas minerais são formadas no contato com as composições químicas
existentes neste PLUG de rochas alcalinas.
Entre estas rochas, a água irá passar pela etapa de mineralização (Figura 4.6), onde se
submete a pressão e temperaturas elevadas. Este processo solubiliza os minerais, e
quanto maior o tempo de interação água-rocha, maior a mineralização (COMIG/CPRM,
1999).
1 Rochas com pH mais alcalino.
35
Fonte: www.drm.rj.gov.br
Figura 4.6 – Processo de mineralização das águas.
Desta forma, a composição das rochas aqüíferas é um dos principais fatores
responsáveis pelas características químicas encontradas nas águas minerais
(COMIG/CPRM,1999).
A geologia do município é bem variada e com diferentes influências, foram
caracterizadas tanto rochas ígneas originadas pelo resfriamento do magma,
sedimentares com gênese no transporte e deposição de sedimentos trazidos pela ação
principalmente da água, e metamórficas que são rochas alteradas por temperatura e
pressão de eventos tectônicos passados.
4.1.4.CLIMA E HIDROGRAFIA O clima que atua sobre a geologia do município é o classificado como Cwb (Köppen,
1948), ou seja, subtropical moderado úmido, também chamado tropical de altitude, com
temperatura média dos meses mais quentes e mais frios, respectivamente, de 22° e de
15° C. Apresenta duas estações bem distintas (verão quente e úmido e inverno frio e
seco), com a precipitação média total anual de 1.470 mm.
O regime térmico é caracterizado por temperatura média anual de 19,2° C, sendo a
média máxima anual de 25,8° e a média mínima anual de 14,1° C. As temperaturas
36
relativamente amenas são favorecidas pela altitude do relevo (com forte influência da
serra da Mantiqueira), a cota máxima encontrada no município é de 1.240m (N) e a
mínima de 860m nas planícies fluviais. Os extremos térmicos são caracterizados por
temperaturas máximas absolutas que chegam a 39° C, registrada em pleno período de
inverno (13.06.67), bem como por temperatura mínima absoluta de 1° C, que foi
também registrada em junho (01.06.79), demonstrando a ocorrência de grandes
amplitudes térmicas ao longo do ano inverno (INMET, 1960/19901).
A direção predominante dos ventos é do quadrante Nordeste, com velocidade média 1,7
m/s, variando para 1,4 m/s no inverno, demonstrando que os ventos são mais velozes no
verão, quando chegam a 2 m/s. A nebulosidade é menor nos meses de inverno, quando
apresenta índice de 4,2, chegando no verão a atingir o índice de 7,5 em dezembro, que é
o mês mais chuvoso (INMET, 1960/1990¹).
A umidade relativa do ar é em média de 73%, variando de 67,5% em agosto a 76,4%
em dezembro, o mês que chega a registrar um total de pluviosidade de 287,9 mm. O
regime pluviométrico é caracterizado por uma média anual de 118 dias de chuvas,
sendo dezembro e janeiro os meses com maior número de dias (18). Nos meses de
inverno, o mês de julho apresenta apenas dois dias de chuva. O maior volume de chuvas
registrado no período de 24 hs é no mês de novembro, que apresentou um total de 114,3
mm no dia 09.11.70 (INMET, 1960/1990¹).
O clima de Caxambu é bem distinto em suas estações, fazendo com que o mesmo tenha
uma influência diferenciada sobre os componentes físicos e bióticos do município. No
inverno são registradas temperaturas amenas com uma grande variação entre o dia e a
noite, e o verão é caracterizado por altas temperaturas tanto de dia como de noite,
apresentando ainda altos índices pluviométricos.
O município de Caxambu, assim como muitos municípios mineiros, tem seu limites
políticos definidos por divisores de águas. No extremo leste, oeste e sul o município é
limitado pela linha de cumeada de várias sub-bacias do rio Baependi, que é o limite
norte do mesmo. As principais sub-bacias hidrográficas que formam o município são a 1 Disponível em < http://www.inmet.gov.br/> . Acesso 03/12/2007
37
do ribeirão do João Pedro, ribeirão Bengo que atravessa a sede municipal e encontra-se
canalizado em parte de seu curso pela área urbana e o ribeirão do Taboão.
O sentido preferencial da drenagem é o sul-norte em direção ao rio Baependi, o padrão
de drenagem é o dendrítico com seus cursos principais meandrantes, que é condicionado
por se desenvolver em rochas de resistência uniforme. Estes ribeirões, em seus trechos
médio-baixo próximos ao rio Baependi, correm em calha encaixada no terraço aluvionar
que ocupa o fundo do vale aberto até o exutório.
O rio Baependi tem seu leito desenvolvido em padrão meandrante, característico de rios
com baixa capacidade de fluxo hídrico e que, com eventos hidrológicos mais intensos,
criam zonas de inundação paralelas ao seu curso.
Quanto aos usos das águas identificados no rio Baependi, pôde-se constatar que os
principais são:
• abastecimento da cidade e povoados;
• abastecimento de populações humanas do meio rural;
• consumo industrial;
• consumo de agroindústrias;
• irrigação;
• aqüicultura;
• pesca;
• controle de cheias;
• navegação e
• recreação para lazer.
!.
!.
!.
!.
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Rio Baependi
Caxambu
Baependi
Soledade de Minas
495000
495000
500000
500000
505000
505000
510000
510000
515000
515000
7560
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7560
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7565
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7565
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7570
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7580
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7580
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NOTAS TURISMO E TÍTULO ESCALA
FIGURADESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL1:100.000
0 1 2 3 4Km
MAPA HIDROGRÁFICOBASE CARTOGRÁFICA DO IBGEPROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S
!. Sede MunicipalRiosLimites Municipais
4.7
Rib.
da C
acho
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engo
Rib. Taboão
:
39
4.1.5.GEOMORFOLOGIA Caxambu encontra-se inserido no compartimento de Serras e Planaltos do Sudeste do
Estado (Ab’Saber, 1968), tendo ainda em sua porção sul, influência em seu relevo da
Serra da Mantiqueira que, segundo Moreira e Camelier (1977), seria uma subdivisão do
domínio morfoestrutural denominado Escarpas e Maciços modelados em Rochas do
Complexo Cristalino, que ocupam um vasto território no Estado.
A atuação diferenciada dos fatores exógenos como o clima e regime hidrológico e
endógenos, como o substrato geológico e ações que causaram perturbações da
superfície pela atividade tectônica passada, deram origem a uma geomorfologia
diferenciada no município de Caxambu.
É possível caracterizar quatro principais domínios morfo-estruturais dentro dos limites
do município, e são:
• porções de quartzitos muito alteradas;
• afloramentos de granito-gnaisse;
• colinas de topo aplainado e
• planícies e terraços fluviais.
O município de Caxambu tem em sua porção sul, suas maiores altitudes chegando a
faixa de 1240 metros acima do nível do mar, próximo a nascente do ribeirão da
Cachoeirinha ou de João Pedro.
O perfil topográfico da porção sul do município, no sentido sul-norte (perfil C-D no
mapa hipsométrico), mostra esse relevo mais acidentado. Nestas porções mais altas que
são encontrados os afloramentos de granito-gnaisse e as cristas de quartzito, que são
estruturas mais resistentes à erosão conformando as partes mais elevadas do relevo. Ao
norte do município, também foi caracterizado esse domínio, isso se dá pela existência
da Serra do Morro Queimado no sentido leste-oeste (perfil A-B no mapa hipsométrico)
que é o divisor de águas entre o ribeirão Taboão e o rio Baependi.
É grande a presença das drenagens meândricas no município, principalmente as do rio
40
Baependi, ribeirão da Cachoeirinha ou de João Pedro, ribeirão Bengo e ribeirão Taboão.
Sendo assim, uma porção da conformação do terreno é condicionada principalmente
pela ação destes que, com o passar to tempo, tiveram sua capacidade de entalhar o
talvegue diminuída, o que propiciou a formação de grandes planícies fluviais.
Já a porção central, caracteriza-se por um relevo mais suavizado pela ação do clima em
rochas menos resistentes, onde podem ser caracterizadas planícies aluvionais de
pequeno porte formadas pelo ribeirão Bengo, onde a sede do município está instalada e
a planície do ribeirão João Pedro que deságua no rio Baependi, localizada ao norte. É
neste domínio, cujo embasamento é cristalino (granito), que predominam as colinas de
topo aplainado com vertentes côncavas e convexas.
NOTAS TURISMO E TÍTULO ESCALA
FIGURADESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MODELO DIGITAL DE TERRENOMUNICIPAL - MDTM
BASE CARTOGRÁFICA DO IBGEPROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23S
4.8
&3
&3
&3
&3
AB
C
D
Rio Baependi
Caxambu
Baependi
500000
500000
505000
505000
510000
510000
515000
515000
520000
5200007555
000
7555
000
7560
000
7560
000
7565
000
7565
000
7570
000
7570
000
7575
000
7575
000
:
1:100.000
&3 Sede MunicipalDrenagem MunicipalRio BaependiLago do Parque das ÁguasLimite Municipal
HipsometriaElevação em metros
1145 - 12401050 - 1145955 - 1050860 - 955
0 1 2 3 4Km
Rib.
da C
acho
eirinh
a ou d
e Joã
o Ped
ro
Rib. B
engo
Rib. Taboão
42
4.1.6.PEDOLOGIA, VEGETAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Dentro do território municipal foram identificadas várias classes de solos com
pedogêneses diferenciadas, e são: o Latossolo, Argissolo, Cambissolo, Neossolo
Regolítico, Neossolo Litólico, Neossolo Flúvico e Gleissolo (EMATER, 2003). Em
cada tipo de solo, é sustentada uma vegetação específica com usos predominantes da
terra. Sendo importante ressaltar que, a exploração passada da maioria do território
municipal descaracterizou totalmente sua conformação vegetal original.
No município, os Latossolos são encontrados pontualmente no domínio das colinas com
topos aplainados, principalmente nas vertentes convexas e em rampas de latossolo, que
também foram identificadas (RESENDE, 2002). Estão geralmente associados à
vegetação típica de cerrado, pelas características ácidas e distróficas predominantes,
tendo sua utilização para a agricultura condicionada a correções.
O Argissolo ou Podzólico, segundo a nova nomenclatura de classificação da
EMBRAPA, não apresenta grande expressão espacial no município, estando restrita em
inclusões no domínio dos Cambissolos. São geralmente encontrados em vertentes
côncavas abertas (anfiteatros), apresentam limitações para a utilização agrícola e são
altamente susceptíveis a erosão pela dificuldade de percolação da água (EMATER,
2003).
Os Cambissolos ocupam a maior abrangência espacial no município de Caxambu,
trazendo consigo características específicas em sua formação, que os tornam altamente
predispostos à erosão como: horizonte B incipiente e a grande quantidade de silte no
horizonte C, que faz com que aconteçam processos de ravinamento acelerados e em alto
grau de evolução (voçorocas) caso não existam cuidados redobrados quanto ao uso e
manejo dos mesmos (EMATER, 2003). A vegetação geralmente é de cerrado e o uso
agrícola ou qualquer outro é altamente restrito.
Os Neossolos Litólicos, são solos muito rasos que ocorrem em áreas de afloramentos
rochosos, ou seja, geralmente são formados sobre a rocha (horizonte R) ou sobre a
rocha alterada (horizonte C). Por apresentarem altas declividades e pedregosidade, são
43
restritos à mecanização para atividade agrícola, podendo ser utilizados por pastagens
naturais. Ainda assim, de acordo com a composição mineralógica da rocha matriz, são
solos possivelmente com alta fertilidade. A vegetação típica é de campo rupestre e são
áreas cujo uso preferencial é o de preservação e turismo (EMATER, 2003).
Os Neossolos Flúvicos são resultantes das deposições fluviais recentes distribuídos nas
planícies aluviais (leitos maiores) do município, têm geralmente fertilidade média-alta.
Mas, sua utilização varia de acordo sua localização, os solos presentes nas planícies
aluviais do município (leitos maiores) são limitados devido a inundações em períodos
chuvosos, sendo assim, não são indicadas a construção de benfeitorias, culturas de verão
e lavouras permanentes nestas áreas. São passíveis de utilização, sem ricos, as culturas
de entressafra (EMATER, 2003). A vegetação típica desses solos é a mata ciliar ou de
galeria. Já os terraços fluviais, por estarem localizados acima das áreas de inundação,
são muito aptos a receberem culturas permanentes e benfeitorias.
Os Gleissolos ou solos Hidromórficos, são solos encontrados também nas planícies
aluviais e são característicos de áreas alagadas, apresenta coloração do horizonte A
escura sobreposta por uma camada acinzentada, isso se deve pelo alto teor de argila que
aumenta gradativamente de acordo com a profundidade e matéria orgânica. O grau de
encharcamento desses solos restringe o uso para a agricultura, sendo necessário a
criação de um sistema de drenagem (EMATER, 2003). São áreas geralmente ocupadas
por veredas ou brejos.
Os Neossolos Regolíticos são solos constituídos por material mineral aonde a
pedogênese foi pouco sentida, ou seja, geralmente são pouco desenvolvidos tendo
seqüência de horizonte A-C. Apresentam alta erodibilidade, mas sua textura arenosa
permite que a permeabilidade seja alta e a infiltração rápida, fazendo com que o mesmo
tenha baixa predisposição à retenção da umidade. A vegetação que melhor se adapta a
esse tipo de solo é a floresta estacional semidecídua (Mata Atlântica), característica pela
influência da sazonalidade do clima. Nas estações secas as árvores (caducifólias)
perdem parte das folhas, evitando assim a evapotranspiração mais intensa (RADAM,
1983). Os usos preferenciais são a silvicultura, o reflorestamento com espécies de mata
atlântica, pastagem e áreas de preservação.
44
Diante do exposto, tem-se que os solos do município apresentam características naturais
pobres, devido ao próprio material de origem que, em geral são formado a partir de
rochas alcalinas, gnaisses e arenitos. Outro fator que potencializa essa pobreza de
nutrientes são os altos índices pluviométricos, que favorecem a lixiviação do solo
tornando-os distróficos, ou seja, pobres em nutrientes para a utilização agrícola. A
utilização com esta finalidade bem como outros usos devem levar em consideração a
grande presença do Cambissolo no município, que torna o terreno propício aos
processos erosivos mais agressivos (ravinas e voçorocas).
Já a vegetação, é claramente determinada por duas tipologias, Mata Atlântica e Cerrado,
em transição contínua no território municipal, de acordo com o tipo de solo encontrado
e a exploração já existente dos recursos naturais. Atualmente, as florestas remanescentes
da região encontram-se completamente fragmentadas, com diferentes estágios
sucessionais e em distintos graus de preservação. O que se observa é o resultado de
diversas intervenções antrópicas, principalmente ligadas à atividade agrosilvopastoril
(com o plantio de café e a pecuária), reflorestamento com espécies exóticas comerciais
e substituição da vegetação nativa para implantação de pastagens.
A cobertura vegetal mais expressiva em termos de conservação restringe-se às Unidades
de Conservação – UC’s e às áreas de reserva legal das propriedades. Nas porções mais
conservadas do município (meandro do rio Baependi ao norte e nascente do ribeirão da
Cachoeirinha ou João Pedro), a vegetação aparentemente possui estrutura semelhante à
dessas áreas protegidas. As principais UC’s localizadas próximas ao município foram:
Reserva Biologia do Jacaré (Municipal), Reserva Biologia das Laranjeiras (Municipal),
Parque Estadual da Serra do Papagaio e a Área de Preservação Ambiental da Serra da
Mantiqueira.
45
Foto: EMATER.
Figura 4.9 - Vegetação ciliar localizada ao norte do município às margens do rio Baependi.
No município de Caxambu, os principais usos da terra são: mineração; pecuária mista;
minhocultura – húmus de minhoca; silvicultura; criação de eqüinos; olericultura –
alface, fruticultura – pêssego, figo e laranja; cafeicultura e produção de grãos – milho e
feijão. É importante ressaltar que, a estrutura fundiária do município ainda conserva as
características do auge da produção do café, onde 18 propriedades acima de 100 ha
(14% do número de propriedades) ocupam 58% do território municipal (EMATER,
2003).
A mineração se concentrava na exploração das águas minerais (da fonte Mayrink III) no
Parque das Águas e era executada pela Superágua S/A. Também foi diagnosticada a
extração de quartzo (areia) em três localidades do município.
A atividade agropecuária é predominantemente familiar (com 67% das propriedades e
38% da área do município), mas foram identificadas propriedades especializadas na
produção de gado de corte. A pecuária leiteira também foi caracterizada em muitas
propriedades (EMATER, 2003).
46
A produção do húmus não é comercializada ainda, sendo somente utilizada nas
propriedades aonde são produzidas (EMATER, 2003).
A silvicultura é uma atividade em expansão, mas ainda pouco representativa.
A criação de cavalos é uma atividade reconhecida em Caxambu, que está próximo ao
município de Cruzília, considerado o berço da raça Margalarga Marchador, fato esse
que proporciona a existência de vários eventos ligados à criação dessa mesma.
A olericultura ou o cultivo de hortaliças são ocorrentes nas propriedades menores, sendo
sua produção comercializada na feira livre do produtor rural.
A fruticultura também é uma atividade em franca expansão no município, por ser
favorecido pelas condições edafoclimáticas, onde é possível a produção de frutas típicas
de climas temperados como o pêssego e o figo (EMATER, 2003).
A cafeicultura ainda está presente no município, ocupando principalmente os topos dos
morros fora do alcance das geadas. Além deste grão, também é produzido no município
o milho e o feijão, que é pouco comercializado sendo consumido quase totalmente pelos
produtores nas residências e para alimentar o gado.
Quanto aos usos da terra, é perceptível em Caxambu uma utilização em larga escala
limitada pelo tamanho territorial do município, bem como pelas dificuldades trazidas
pelos solos pobres e altas declividades.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
Rio Baependi
Rio B
aepe
ndi
Caxambu
Baependi
Soledade de Minas
495000
495000
500000
500000
505000
505000
510000
510000
515000
515000
7560
000
7560
000
7565
000
7565
000
7570
000
7570
000
7575
000
7575
000
7580
000
7580
000
NOTAS E FONTES TURISMO E TÍTULO ESCALA
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL1:100.000
0 1 2 3 4Km
!. Sede MunicipalDrenagemRio BaependiLimites MunicipaisNeossolo FlúvicoNeossolo LitólicoLatossolo + CambissoloLatossoloNeossololitólico + CambissoloCambissolo
MAPA DE SOLOSBASE CARTOGRÁFICA DO GEOMINAS E IBGEPROJEÇÃO UTM, DATUM SAD 69 ZONA 23SDETEC/EMATER
FIGURA
:
4.10
48
4.1.7.MEIO SÓCIO-ECONÔMICO
4.1.7.1.SETORES ECONÔMICOS
A região sul de Minas Gerais é considerada uma das mais desenvolvidas do estado,
depois da Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH e, devido ao seu
posicionamento geográfico que a coloca próxima de eixos mais desenvolvidos como
São Paulo e Rio de Janeiro, possui dinâmicas diferenciadas na configuração de seu
espaço.
Entre os fatores que apresentam representatividade no crescimento econômico da
região, está a interiorização das indústrias do Estado de São Paulo que passaram a
procurar o sul de Minas Gerais para se instalar. Segundo Gutberlet (1996), de uma
forma geral, essa migração ocorreu através do paralelo entre as “vantagens comparadas
principalmente no que tange ao transporte, a qualidade de vida, a instituição de atrativos
fiscais e instrumentos incentivadores na área de infra-estrutura do sul de minas”.
Não há como deixar de citar o fato da duplicação da BR 381, e sua importância no
processo de ocupação do sul do estado pelas indústrias paulistas.
Como a maioria dos municípios da região sul de Minas Gerais, Caxambu passou por um
período de crescimento industrial e decréscimo da atividade agropecuária,
principalmente a partir do final da década de 70 até a década de 90.
Segundo dados da Fundação João Pinheiro – FJP (1995), em 1985 a indústria da região
do Circuito das Águas ocupava uma participação de 17,4% no PIB total do estado,
passando a taxa de 22,7% em 1995. Enquanto isso, o setor de serviços se apresentou
estável, passando de 61,9% em 1985 para 64,0% em 1995. Já o setor agropecuário foi
pressionado pelo êxodo e pela falta de investimentos e auxílio governamental e, entrou
em decréscimo, tendo sua participação enfraquecida, passando de 20,7% para 13,3% no
mesmo período.
Caxambu, entre 1985 e 1995, teve um crescimento de seu PIB total em 2,8% ficando
apenas atrás de São Lourenço na região, que teve um crescimento acima do normal com
49
taxa de crescimento anual de 5,1%.
Caxambu passou por uma queda entre o período de 1991 a 1995. Declínio este que teve
sua origem na interrupção das atividades da Cia. Paulista de Ferro-Ligas que tinha sede
produtiva no município. Os dados de consumo de energia pela classe industrial
representam bem o que foi a paralisação das atividades da referida empresa, que, no
intervalo entre 1991 e 1995 caiu 99%.
Apesar de algumas iniciativas privadas sem sucesso, ao se comparar os setores
econômicos, percebe-se que a vocação do município concentra-se na prestação de
serviços, que é onde o turismo se encaixa. Apesar de alguns autores já considerarem o
turismo como uma indústria.
No ano de 2000, cerca de 4.643 pessoas ocupavam cargos na área de prestação de
serviço, estando em segundo lugar a atividade comercial de mercadorias. Isso reflete
que o crescimento da indústria ocorrido entre 1985 e 1995, não conseguiu perdurar de
maneira a transformar a base econômica de Caxambu (Figura 4.11).
558
1.4302.102
4.643
0
1000
2000
3000
4000
5000
Agropecuário, extração vegetal e pescaIndustrialComércio de MercadoriasServiços
Fonte: IBGE, Censo de 2000.
Figura 4.11 – População Economicamente Ativa - PEA ocupada por setores econômicos em Caxambu.
Outro dado que corrobora a vocação do município para a prestação de serviços até 2002
50
é o Produto Interno Bruto - PIB, que detêm sua base amparada na atividade industrial
em segundo lugar (ver Figura 4.12). Segundo dados atuais da prefeitura, o Produto
Interno Bruto do Município gira em torno de 95% ligado a atividade turística e os outros
5 % estão abarcados pela indústria e agricultura.
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
AGROPECUÁRIO INDUSTRIA SERVIÇO
1998 1999 2000 2001 2002
Figura 4.12 - Produto Interno Bruto – PIB de Caxambu a preços correntes, 1998-2002. Unidade R$(mil).
A exploração das águas minerais é uma atividade que obteve por muito tempo destaque
entre as modalidades econômicas do município e, apesar de encontra-se paralisada,
receberá investimentos da COPASA para sua reinauguração e, retomará assim, sua
função no município.
As águas minerais de Caxambu foram explotadas1 por muito tempo pela Superágua
Empresa de Águas Minerais S/A e, atualmente, a Copasa é a responsável pela
exploração das mesmas.
Mas, apesar de ter direito a Compensação Financeira pela Exploração Mineral – CFEM,
como pode ser visto no texto que segue, os valores arrecadados são incompatíveis com a
necessidade de recursos para a proteção das águas minerais e da comunidade que se
sustenta em função do turismo gerado a partir das mesmas.
1 Tirar proveito financeiro da exploração de (área, região, terra etc.) por meio de seus recursos naturais.
51
Assim como todos os municípios brasileiros que são detentores de atividades
minerarias, Caxambu tem o direito a uma parte do lucro com a venda do produto final
gerado pela explotação da água mineral. Do montante que é repassado às esferas
governamentais tem-se a seguinte divisão:
• 12% para a União (DNPM, IBAMA e MCT);
• 23% para o Estado onde for extraída a substância mineral;
• 65% para o município produtor.
Direito esse amparado pela Constituição Federal de 1988 que, em seu Art. 20, § 1º, cita:
A Compensação Financeira pela Exploração Mineral - CFEM, é devida aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, e aos órgãos da administração
da União, como contraprestação pela utilização econômica dos recursos
minerais em seus respectivos territórios.
A CFEM é gerada a partir do cálculo sobre o valor do faturamento líquido das empresas
minerárias, concebido na venda do produto mineral originário das áreas da jazida, mina,
salina ou outros depósitos minerais. Deste valor são deduzidos os tributos (ICMS , PIS ,
COFINS), que são incidentes na comercialização, assim como as despesas com
transporte e seguro. Quando o produto mineral é consumido, transformado ou utilizado
pelo próprio minerador, então se considera como valor, para efeito de base do cálculo
da CFEM, o somatório das despesas diretas e indiretas ocorridas até o momento da
utilização do produto mineral (DNPM).
O DNPM aplica alíquotas específicas sobre o faturamento líquido para a obtenção da
CFEM, variando-se de acordo com a substância mineral da seguinte maneira:
• aplica-se a alíquota de 3% para: minério de alumínio, manganês, sal-gema e
potássio;
• 2% para: ferro, fertilizante, carvão e demais substâncias (águas minerais);
• 0,2% para: pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonatos e metais
nobres;
52
• 1% para: ouro.
O pagamento da CFEM é realizado mensalmente, até o último dia útil do segundo mês
subseqüente ao fato gerador, ou seja, a venda do produto mineral.
Como a CFEM juridicamente não é considerada um imposto, e sim uma contraprestação
econômica pela exploração mineral em seus respectivos territórios, os recursos
originários da arrecadação da mesma não poderão ser aplicados de forma genérica. Ou
seja, em pagamento de dívidas ou no quadro permanente de pessoal da União, dos
Estados, do Distrito Federal e Municípios. O investimento deverá ser direcionado para
projetos que, direta ou indiretamente, revertam em prol da comunidade local na forma
de melhoria da infra-estrutura, da qualidade ambiental, da saúde e educação.
Para a água mineral, o DNPM aplica a alíquota de 2% sobre o faturamento líquido,
cujos valores arrecadados são visualizados na Figura 4.13. Analisando os valores do
gráfico, tem-se que os mesmos são incipientes. Sendo assim, nota-se que a exploração
histórica das águas não é igualmente proporcional ao retorno financeiro que a
exploração traz ao município.
4.985,39
7.426,84
8.618,95
558,88
0,00
1.000,00
2.000,00
3.000,00
4.000,00
5.000,00
6.000,00
7.000,00
8.000,00
9.000,00
10.000,00
2003 2004 2005 2006
Fonte: Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM.
Figura 4.13 – Arrecadação da CFEM entre 2003 e 2006.
53
4.1.7.2.DINÂMICA POPULACIONAL
Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no
ano de 2000, residiam em Caxambu 22.058 habitantes. Deste total, 91% concentram-se
na zona urbana. O auto grau de urbanização é resultado de um processo histórico de
êxodo da população às zonas urbanas, sendo latente em Caxambu a relação exercida
pela perda de áreas de cultivo de café que, durante muito tempo foi uma atividade
presente em grande escala na região.
Apesar do crescimento vegetativo ainda ser positivo, a evolução entre as décadas tem se
mostrado negativa quanto ao aumento da população: de 1970 a 1980 o município
apresentou 17,85% de crescimento, seguido por 15,54% entre 1980 e 1991 e com uma
queda entre 1991 e 2000 para 13,17%.
Tabela 4.2 - População Total, População Urbana, População Rural e Grau de Urbanização. ANOS URBANA RURAL TOTAL URBANIZAÇÃO 1970 13.389 926 14.315 93,53% 1980 16.189 681 16.870 95,96% 1991 19.078 413 19.491 97,88% 2000 21.624 434 22.058 98,03% 20051 23.782
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Obs.: grau de urbanização = (população urbana ÷ população total) x 100
Com relação à distribuição etária da população, utilizando como base o censo de 2000,
o município de Caxambu demonstra um comportamento tendencial semelhante aos
municípios da região sudeste do estado, apesar de ainda em estado de transição. Ou seja,
a maioria dos municípios da região sudeste, salvos os que se localizam em regiões mais
pobres, como os do Norte/Nordeste de Minas, começaram a apresentar uma evolução
que reflete alguns aspectos, quais sejam: a inserção da mulher no mercado de trabalho, a
melhoria do acesso a medicamentos contraceptivos e a dificuldade financeira cada vez
maior em se constituir grandes famílias. Isso faz com que a base da população, ocupada
pela faixa mais jovem, não seja a mais representativa, pois a média mínima de
crescimento da população de >2,1 filhos por mulher não está sendo atendida.
1 Dados Preliminares.
54
1.7122.037
3.466
2.773
4.9894.670
1.3261.156
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
0-4 5-9 10-17 18-24 25-39 40-59 60-69 70 OU MAIS
Fonte: IBGE.
Figura 4.14 – Concentração da população por faixas etárias de Caxambu, 2000.
4.1.7.3.DESENVOLVIMENTO HUMANO E ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS
Um dos indicadores utilizados para resumir a situação social de um município é o
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM (ou simplesmente IDH), que
reúne informações de três parâmetros analisados em um processo de desenvolvimento
econômico, quais sejam:
1.a longevidade de uma população, expressa pela esperança de vida ao nascer;
2.o seu grau e conhecimento, traduzido por variáveis educacionais; e
3.a sua renda ou PIB per capita, ajustada para refletir a paridade de seu poder de
compra.
Estas variáveis são analisadas e o resultado traduz um diagnóstico geral das unidades
territoriais estudadas (países, estados e municípios). Segundo classificação da ONU, o
IDH menor que 0,500 caracteriza baixo desenvolvimento humano, entre 0,500 e 0,800
médio desenvolvimento, e superior a 0,800, alto desenvolvimento.
Fazendo um paralelo entre os anos de 1991 e 2000, pode-se constatar que a mortalidade
infantil no município de Caxambu decresceu 29,74%, passando de 26,09 (por mil
55
nascidos vivos) em 1991 para 18,33 (por mil nascidos vivos) em 2000. Além desse dado
positivo, a esperança de vida ao nascer também cresceu de 69,27 para 73,78 em 2000,
ou seja, aumentou em 4,51 anos. A taxa de fecundidade que era de 2,6 filhos por mulher
passou para 2,1, ficando abaixo da considerada pela UNESCO como sendo a taxa
mínima para crescimento da população.
O acesso aos serviços básicos corroborou para a melhoria da variável longevidade e
esperança de vida ao nascer, em 1991 já era satisfatório com 96,7% da população
possuindo água encanada e passou para 98,9% em 2000. A energia elétrica atendia
97,9% da população e passou para 99,9% em 2000, já a coleta de lixo teve um salto
considerável passando de 82,8% em 1991 para 94,8% em 2000.
Duas obras de infra-estrutura foram muito importantes para a melhoria da qualidade de
vida no município, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto – ETE e o aterro
sanitário controlado. Com início de operação em 2002, a ETE de Caxambu traz o
município à um cenário favorável na questão de tratamento da água e despoluição. Na
atualidade, 100% do esgoto da cidade é tratado, numa estação moderna que reúne o
compromisso com a qualidade de vida dos moradores e segurança para os turistas. O
aterro sanitário é outra obra importante no quesito preservação ambiental para o
município, especialmente pela vocação turística da cidade. O mesmo possui um sistema
complexo de drenagem e tratamento de chorume, além da lagoa facultativa e 2
roteadores.
Outra variável que tem peso para a definição do IDH é a educação, em Caxambu a
evolução da população jovem de 1991 para 2000 foi extremamente positiva. Conforme
pode ser visto na Tabela 4.3, a taxa de analfabetismo caiu em todas as faixas etárias
avaliadas, menos na de 7-14 anos que aumentou de 7,3% a 7,7%. Ou seja, a população
tem evoluído em termos educacionais. A média de anos de estudo passou de 5,2 para
6,5 estando a frente de muitos municípios mineiros.
56
Tabela 4.3 - Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000 de Caxambu. Fonte: Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Faixa etária
Taxa de analfabetismo (%)
% com menos de 4 anos de
estudo % com menos de 8 anos de estudo
% freqüentando a escola
(anos) 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 7 a 14 7,3 7,7 * * * * 88,9 95,8 10 a 14 4,4 2,5 54,5 33,4 * * 86,1 96,7 15 a 17 1,4 0,7 11,6 7,9 70,2 53 66,4 77,2 18 a 24 4,4 1,6 14,7 10,8 58,5 35,4 * * 25 anos ou mais 14,4 8,5 33,3 21,9 72,5 58,7 * *
*=não se aplica
A última variável analisada para a definição do IDH municipal foi à renda que, em
Caxambu, teve um grande peso para a melhoria do índice. Em 1991, a renda per capita
era de 184,9R$ contra os 266,2R$ de 2000, provocando um aumento de 43,97%. A
proporção de pobres que era de quase 50% da população (47,3%) passou para 25%
representando uma queda de 47,13%. Apesar destes dados, a desigualdade pouco
diminuiu, em 1991 o índice de GINI passou de 0,60 para 0,56 de 2000, aonde 20% da
população mais rica detinha 61,1% da renda.
Caxambu, segundo esses critérios, em 2000 obteve um IDH médio, apresentando uma
evolução de 0,734 (1979) para 0,796 (2000), que representa um aumento de 8,45%.
Desta maneira, percebe-se que o município encontram-se em ascensão no quesito
desenvolvimento humano, as variáveis que mais contribuíram para a melhoria do índice
foram a longevidade e a renda, com 40,3% e 32,8% respectivamente, seguidas pela
educação com 26,9%. Em relação ao estado, dentre os 853 municípios, Caxambu
encontra-se na 50ª posição.
4.2.CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO O diagnóstico realizado mostrou que Caxambu tem uma história rica, e que a formação
do município está diretamente relacionada à descoberta das águas minerais e suas
funções terapêuticas.
O clima do município é marcado por duas estações bem distintas, uma seca e fria e
57
outra quente e úmida, tais combinações trazem a região um clima muito agradável.
Apesar de temperaturas muito baixas e muito altas serem registradas, a pouca
urbanização e a relativa arborização não deixam que estes extremos causem
desconfortos térmicos incompatíveis com o turismo.
A geologia que, através de uma constituição peculiar trouxe a possibilidade do
surgimento das águas minerais, também proporcionou a formação de uma
geomorfologia de contrastes entre colinas e serras imponentes na região.
O uso do solo é quase totalmente agrícola no município, e a presença de grandes
planícies fluviais e cambissolos são fortes entraves à produção em larga escala nas
propriedades.
A economia do município é totalmente dependente do turismo, e empreendimentos
relacionados a atividade.
A exploração das águas minerais é histórica e encontra-se paralisada, apesar de estar
sendo retomada pela COPASA. Ainda assim, a exploração das águas minerais não traz
o retorno necessário para a tomada de ações em relação à proteção das mesmas.
Segundo os dados do DNPM.
A população tem índices de desenvolvimento humano muito acima da maioria dos
municípios mineiros, a infra-estrutura básica é satisfatória e atende a quase 100% da
população.
Sendo assim, é possível afirmar que Caxambu tem em “mãos” toda a matéria-prima
necessária para o desenvolvimento de uma atividade turística sustentável, se bem
planejada.
Para melhor avaliar as reais potencialidades e entraves para a recuperação e expansão da
atividade turística em outros segmentos de Caxambu, no capítulo 5 foram detalhados e
melhor diagnosticados os pontos favoráveis e desfavoráveis no território municipal
como um todo.
58
5.POTENCIALIDADES E ENTRAVES PARA A EXPANSÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA – ANÁLISE ESPACIAL DE CAXAMBU
5.1.PORÇÃO NORTE
5.1.1.CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO
• Componentes físicos
A porção norte do município de Caxambu é marcada pela presença de rochas cristalinas
(graníticas) e metamórficas (gnáissicas), que conformam um relevo de colinas côncavo-
convexas altamente entalhadas pela drenagem e pela ação pluviométrica que possui
altos índices na região do sul de minas. Do ponto de vista geomorfológico, duas feições
se destacam, e são a Serra do Morro Queimado (ver FOTO1 da planta síntese) e as
planícies fluviais do Rio Baependi e do Ribeirão do Taboão. Outra característica
peculiar da porção norte é a presença do Cambissolo, que é um solo muito encontrado
no município e possui como característica principal sua alta susceptibilidade à erosão.
• Qualidade geo-ambiental
Na porção norte, é possível encontrar áreas de floresta estacional semidecidual em
estágios diferenciados de regeneração, principalmente no topo da serra do Morro
Queimado, nas matas ciliares do rio Baependi e no seguimento das estradas mais
próximas ao rio (ver FOTO7 da planta síntese). O que demonstra a existência de uma
possível área de concentração de espécies da fauna, principalmente aquelas adaptadas
ao ambiente florestal. Mas, a pressão antrópica causada pela atividade agrícola, vem
criando ilhas que dificultam a geração de corredores florestais, e conseqüentemente
diminuindo consideravelmente a biodiversidade florística e faunística das áreas mais
preservadas. Ainda foram detectadas áreas ravinadas e com voçorocas ativas, o que é
claramente evidenciado pela presença do Cambissolo no território da porção norte (ver
FOTO5 da planta síntese).
• Beleza estética
A beleza estética da porção norte é muito favorável a apreciação e utilização para o
59
turismo. Principalmente pelos contornos formados pela Serra do Morro Queimado, pela
presença do Rio Baependi (ver FOTO2 da planta síntese) e pelo arranjo produtivo
agrícola das propriedades que assumem um papel fundamental na formação da
paisagem.
• Arranjo da estrutura social
O uso do solo da porção norte é caracterizado pela atividade agrícola, onde no rebordo
da Serra do Morro queimado a geomorfologia é favorável a implantação de culturas
permanentes como o café.
Já nas áreas que circundam as planícies de inundação do Rio Baependi e Ribeirão
Taboão, o relevo mais suave possibilitou o uso para a agricultura anual, onde foi
constatado o plantio de batata, milho, feijão e arroz. Essa informação é preocupante,
pois é nessa área que se apresenta a maior ocorrência do Cambissolo. E, com a possível
paralisação das atividades de plantio e abandono do solo exposto, a erosão pode tornar-
se um grande problema ambiental.
Nesta porção, predominam propriedades de rurais extensas e nenhuma aglomeração
populacional considerável, na maioria são agricultores e alguns sitiantes com produção
leiteira (ver FOTO3 da planta síntese). A imersão nas propriedades rurais pode ser um
diferencial na utilização da porção norte para o turismo, ainda assim, a baixa
concentração populacional impede um aproveitamento maior desse aspecto. Pois,
praticamente inexistem manifestações culturais na zona rural dessa porção.
• Acessibilidade
Através do mapeamento topográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE foi possível conferir todas as estradas que acessam a área da Serra do Morro
Queimado e o Rio Baependi. No trabalho de campo, ficou evidenciado que a serra
quase não pode ser acessada, pois existe um grande número de propriedades particulares
nesta porção, e suas estradas privadas impedem a passagem até as áreas mais altas (ver
vias de acesso municipais na planta síntese).
É possível acessar a localidade do Morro Queimado por uma estrada de terra municipal
em bom estado de conservação, mas somente consegue-se contornar a Serra.
60
Já o Rio Baependi é acessado por duas estradas, uma segue em direção ao local
denominado Volta Grande, onde é possível ultrapassar o mesmo por uma ponte e seguir
em direção ao local denominado Vale Formoso. Nesta região foi possível diagnosticar a
presença de alguns empreendimentos turísticos (Pousadas e Hotéis Fazenda, ver FOTO6
da planta síntese). A outra estrada é a mesma que acessa o Morro Queimado, onde, para
ir de encontro ao Rio Baependi deve-se entrar à direita em uma ramificação de terra que
segue para a Fazenda da Passagem antes de chegar ao aeroporto municipal. Mas, nesse
segundo acesso, é impossível ultrapassar o rio pela queda de uma ponte que a mais de
nove anos encontra-se nesta situação (ver FOTO4 da planta síntese). Sendo assim, foi
construída uma pinguela que serve para pedestres e alguns motociclistas que se
aventuram em passar pela precária estrutura.
No restante das margens do rio, é quase impossível chegar ao leito do mesmo por causa
da grande planície fluvial formada em paralelo ao mesmo.
5.1.2.POTENCIALIDADES E ENTRAVES A paisagem da porção norte possui entre os temas estudados, muitas potencialidades
para o aproveitamento da mesma com intuito de formatação de produtos turísticos.
O Rio Baependi tem um potencial alto para a prática do turismo de aventura e
ecoturismo, isso se deve pela exuberância de seu curso e pela navegabilidade que o
mesmo proporciona. A Serra do Morro Queimado é outra feição onde pode-se trabalhar
o ecoturismo, principalmente pela sua beleza e relativa conservação das qualidades geo-
ambientais. As propriedades agrícolas podem ser inclusas em atividades conciliadas, de
forma a se criar pontos de apoio e venda de seus produtos caseiros quando existirem.
Ainda assim, existem entraves que podem dificultar tal uso da paisagem, a pressão
sobre a flora e fauna das atividades agrícolas instaladas que causam significativa perda
das qualidades geo-ambientais, o lançamento de esgotos no Rio Baependi pelos
municípios à montante de Caxambu e a acessibilidade podem ser citados como os
principais.
61
Ou seja, para que a porção norte torne-se um espaço de aproveitamento compartilhado,
a participação da sociedade civil local, das empresas privadas interessadas e do poder
público (não só municipal, mas da bacia do Rio Baependi) devem levar em
consideração todos os pontos frágeis para que o uso dos recursos não seja incompatível
com as possibilidades oferecidas. E, principalmente para que as ações sejam planejadas
de forma a compatibilizar a exploração da paisagem, a inclusão social e o ganho
econômico horizontalizado.
5.2.PORÇÃO CENTRAL
5.2.1.CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO
5.2.1.1. O PRODUTO TURÍSTICO DESENVOLVIDO EM CAXAMBU
O turismo no município de Caxambu surgiu por uma demanda histórica de pessoas atrás
do poder de cura de suas águas minerais, reconhecido como tendo o Parque das Águas
com a maior diversidade tipológica do mundo. Ao todo, são 12 fontes de água mineral
com propriedades medicinais e indicações terapêuticas distintas distribuídas no Parque
das Águas Lysandro Carneiro Guimarães. No texto que segue, são descritas as
principais informações históricas, as composições e as propriedades terapêuticas de
cada uma das fontes. A classificação das águas foi feita de acordo o código das águas
minerais do Departamento Nacional de Produção mineral – DNPM e as informações
históricas foram inventariadas pela prefeitura municipal.
• FONTE D. LEOPOLDINA
As primeiras fontes hidrominerais de Caxambu foram descobertas por volta de 1814. A
Fonte Dona Leopoldina foi captada em 1850 e o projeto arquitetônico data de 1912. Seu
nome é uma homenagem a filha do Imperador D. Pedro II. Sua composição é alcalino-
bicarbonatada, alcalino-terrosa, cálcida e magnesiana. Indicada para problemas
hepáticos, de vesícula biliar e alterações do intestino grosso.
62
Figura 5.1 – Fonte D. Leopoldina.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE D. PEDRO
Esta é a fonte mais antiga e simbólica do Parque das Águas. Seu nome é uma
homenagem ao Imperador D. Pedro II, representado também pela réplica da coroa
imperial sobre o pilar de mármore. A captação ocorreu em meados do séc. XIX, e o
atual pavilhão data de 1960. Sua composição é radioativa, supercarbônica, gasosa forte.
É tônica e digestiva, eliminando perturbações gastrintestinais.
Figura 5.2 - Fonte D. Pedro.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE VIOTTI
O nome desta fonte é uma homenagem a um grande estudioso das águas minerais, o Dr.
Policarpo de Magalhães Viotti, ilustre caxambuense que em 1886 fundou a primeira
empresa responsável pela comercialização das águas minerais, a Empresa das Águas de
Caxambu. A água mineral é radioativa forte, gasosa forte. Esta água possui grande
poder diurético e ação solvente de cálculos renais.
63
Figura 5.3 - Fonte Viotti.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE DUQUE DE SAXE
Esta fonte, conhecida também como fonte sulfurosa devido à rica presença de enxofre,
tem no nome uma homenagem ao marido de D. Leopoldina (genro do Imperador), tendo
como diferencial o ponto de inalação do gás sulfídrico que atua no aparelho respiratório
desobstruindo as vias respiratórias dentre outros benefícios. Sua composição é alcalino-
bicarbonatada, alcalino-terrosa e sulfurosa, contém enxofre. Sua água é usada no
tratamento do aparelho gastrintestinal, fígado e vias biliares. O banho sulforoso no
balneário é indicado para a pele e dores reumáticas.
Figura 5.4 - Fonte Duque de Saxe.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTES MAYRINK 1 (Água mineral carbogasosa, radioativa) MAYRINK 2 e
3 (carbogasosa, fluoretada, radioativa)
As Mayrink I, II e III foram captadas na última década do séc. XIX. O pavilhão
quadrado baseia-se na arquitetura do Arco do Triunfo em Paris. Prestam homenagem a
um grande empresário e figura importante nos negócios do Império, o Conselheiro
Francisco de Paula Mayrink. Dentre outras benfeitorias em Caxambu se destaca o
64
reinicio e término (com recursos próprios) das obras da Igreja Santa Isabel da Hungria.
Mayrink I - Água mineral acídulo-gasosa e radioativa, indicadas para gargarejos;
Mayrink II – Água mineral acídulo-gasosa e radioativa, indicadas para qualquer tipo de
irritação nos olhos (colírio de primeira linha) e Mayrink III – Água mineral sem gás,
utilizada para engarrafamento, banhos no Balneário e abastece também a piscina do
Parque das Águas.
Figura 5.5 - Fonte Mayrink.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTES CONDE D'EU E PRINCESA ISABEL
Foi com as águas desta fonte que em 1868 a Princesa Isabel curou sua esterilidade. Em
sinal de agradecimento e em cumprimento a uma promessa, a Princesa e o Conde D'Eu
determinaram a construção, em Caxambu, da Igreja Santa Isabel, dedicada à Rainha da
Hungria. Estas fontes férreas passaram a dividir o mesmo pavilhão em 1910. O molde
das mãos unidas representam o casal imperial. As mãos que serviram de modelo foram
a do casal Margarida e Edmundo Dantas (Gerente da Empresa das Águas de Caxambu).
Sua composição é alcalino-gasosa e alcalino-terrosa, altamente ferruginosa. Suas águas
são energéticas e indicadas para o tratamento da anemia.
65
Figura 5.6 – Fonte Conde D’EU e Princesa Isabel.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE BELEZA
Como as fontes Duque de Saxe e D. Leopoldina, seu estilo obedeceu ao empregado na
época para as fontes francesas, e o projeto de 1913 é de origem belga. Esta é a antiga
fonte intermitente, perfurada pelo Dr. Viotti em 1866. A fonte quando voltou a jorrar
após algum tempo seca, causou grande surpresa e recebeu o nome de Beleza, pela
admiração que causava. Sua composição é alcalino-bicarbonatada e férrea. Rica em
magnésio, cálcio e flúor, esta água é indicada para a formação dos ossos e dentição. O
magnésio atua também no sistema nervoso como calmante, combatendo o estresse,
sendo também indicada para tratamento do aparelho digestivo.
Figura 5.7 – Fonte Beleza.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE VENÂNCIO
A Fonte Venâncio foi captada em 1936. Seu nome é uma homenagem a um
caxambuense que dedicou grande parte de sua vida ao Parque das Águas, o Sr.
Venâncio da Rocha de Figueiredo, que também participou das captações das fontes de
Lambari e Cambuquira. Sua água radioativa possui ação diurética, digestiva e atua
66
normalizando a pressão arterial.
Figura 5.8 - Fonte Venâncio.
Foto: Assessoria de Imprensa.
• FONTE ERNESTINA GUEDES
A Fonte Ernestina Guedes, antiga fonte D.Thereza Cristina, foi descoberta em 1950, seu
nome foi dado em homenagem à família Guedes que sempre participou do
desenvolvimento da cidade de Caxambu. A arquitetura foi à mesma projetada para o
antigo pavilhão da fonte D. Pedro. Para banhar-se é necessário a utilização dos
chuveiros ao redor do Gêiser. Sua composição é alcalino-bicarbonatada e alcalino-
terrosa. Esta água é altamente radioativa, dentre outros benefícios, é indicada para o
tratamento de afecções da pele.
Figura 5.9 – Fonte Ernestina Guedes.
Foto: Assessoria de Imprensa. Além da beleza arquitetônica e importância medicinal das fontes, outro diferencial do
parque de Caxambu é o Gêiser1 Floriano Lemos, uma raridade que aguça a curiosidade
dos turistas que visitam o parque. O mesmo possui um alcance de 8m de altura (agora
melhor distribuído para banhos através de uma construção cônica) e a temperatura
1 Gêiser é uma nascente termal que entra em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água quente e vapor para o ar. Fonte: Disponível em < http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9iser> Acesso, 10/06/2008.
67
média da água é de 27º C.
Figura 5.10 – Gêiser Floriano Lemos.
Foto: Assessoria de Imprensa. O Balneário Hidroterápico é outro atrativo do parque, construído no início do século
XX em estilo neoclássico, é ricamente ornamentado com vitrais franceses. Os azulejos e
pisos, vindos da Europa especificamente de Portugal e da Inglaterra, formam belíssimos
mosaicos e desenhos. Em seu interior há diversos tipos de banhos, duchas e saunas
divididas em duas alas, uma feminina e outra masculina, esta última com uma piscina
térmica. Amplas salas de repouso, fisioterapia e outras aplicações eletroterápicas
também fazem parte dos serviços oferecidos. O mesmo encontra-se fechado para
reforme há mais de 1 ano.
Figura 5.11 – Balneário Hidroterápico.
Foto: Assessoria de Imprensa. Vale ressaltar que todo o conjunto paisagístico e arquitetônico do Parque das Águas de
Caxambu foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais – IEPHA/MG, tendo sua homologação sido realizada em 1999 através do
decreto nº40.288. Além do conjunto do Parque, a igreja de Santa Isabel da Hungria
68
também foi tombada por sua importância histórica e arquitetônica. A referida igreja foi
encomendada pela princesa Isabel após a suposta obtenção de cura de sua esterilidade.
A homologação do tombamento data de 1978, sob orientação do decreto n°19.513.
Figura 5.12 – Igreja Santa Isabel da Hungria, construída em homenagem a rainha da Hungria.
Foto: Yash Maciel 03/07/08.
Além dos bens tombados pelo Estado, municipalmente são tombadas a Praça 16 de
Setembro, a escola Padre Correia de Almeida, a cadeira para jardim do escultor Chico
Cascateiro e a estatueta em bronze do Conselheiro Mayrink, sendo estes dois últimos
bens móveis.
Figura 5.13 – Praça 16 de setembro.
Figura 5.14 - Escola Padre Correia de Almeida.
Foto: Assessoria de imprensa.
69
Figura 5.15 - Cadeira do Chico Cascateiro.
Figura 5.16 - Estatueta do Conselheiro Mayrink.
Foto: Assessoria de imprensa.
O morro do Caxambu é outro ponto considerado turístico no município, de cima do
mesmo é possível ter uma vista panorâmica de 360° da região. Ao sul é possível ter uma
bela vista do conjunto de serras que formam a APA da Serra da Mantiqueira,
considerada um grande potencial natural para o desenvolvimento do turismo nos
municípios com território na mesma ou em sua proximidade.
5.2.2.POTENCIALIDADES E ENTRAVES Por muito tempo, Caxambu se mantém praticamente do turismo, mas seus esforços para
que a atividade perdurasse como o principal vetor de sustentação econômica do
município não foi proporcional ao grau de dependência do mesmo. O parque das águas
está em bom estado de conservação, e é o principal produto do turismo no município.
Mas, o descuido com outras questões muito importantes para que o segmento do
turismo de saúde continuasse forte, não possibilitou um desenvolvimento sustentável da
atividade.
Primeiramente, destaca-se que vários pontos das problemáticas enfrentadas pelo
município já são de conhecimento público. Tais aspectos foram tratados através de uma
análise de cenário (ou SWOT1) realizada em 2003, que demonstra de forma clara os
Pontos Fortes, os Pontos Fracos, as Ameaças, as Oportunidades e as Recomendações
para que o município alavanque novamente sua tradição na atividade turística.
1 Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usado como base para gestão e planejamento estratégico de uma corporação ou empresa, mas podendo, devido a sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, desde a criação de um blog à gestão de uma multinacional. Fonte: Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_SWOT> Acesso em 10/07/08.
70
E são:
• Pontos Fortes
o Patrimônios tombados;
o Artesanato;
o Concentração de maior quantidade de fontes naturais do mundo;
o Aspecto de cidade interiorana, saudável, tranqüila e segura.
• Pontos Fracos
o Culinária;
o Não há diferencial e, relação ás outras cidades que integram o Circuito
das Águas;
o Não há público de 18-29 anos, com exceção do carnaval, e mesmo assim,
não há consumo do turismo por parte desses mesmos quando estão na
cidade;
o Ausência de divulgação publicitária.
• Ameaças
o Ausência de parcerias entre hotéis e comércio local para agregar novos
turistas, e com isso, aumentar o consumo dos produtos e serviços da
cidade.
• Oportunidades
o Alguns hotéis, dentro de seus pacotes, poderiam fazer com que os
turistas tenham lazer em outras localidades de Caxambu.
• Recomendações
o Aumentar a divulgação dos atrativos da cidade e revitalizá-los;
o Unir os representantes do comércio (artesanato x hotéis) para que saibam
que o turista tem que se beneficiar e em conseqüência, atingir a todos os
envolvidos da cidade em termos lucrativos;
o A história de Caxambu e seus pontos turísticos devem ser divulgados,
incitando a curiosidade dos turistas;
71
o Agregar um novo público, A e B, a partir de todas as idades;
o Fazer com que os guias das charretes se informem mais sobre o que a
cidade oferece.
Apesar de vários problemas estarem influenciando negativamente na evolução do
turismo em Caxambu há muito tempo, somente em 2003 foi realizado pelo SEBRAE
um Plano de Ações Integradas que teve como objetivo diagnosticar as fortalezas e
fraquezas do município. Mas, até então, poucas propostas foram seguidas e concluídas.
Na época, foi realizado um diagnóstico da infra-estrutura da sede urbana e dos
principais pontos que têm uma ligação com a sustentação da atividade turística no
município, visando assim, dar subsídio às melhorias necessárias. Dentre os principais
pontos avaliados, segue uma análise do que foi diagnosticado como precário e do que
foi feito para se evoluir positivamente no quesito.
• Qualidade do produto desenvolvido em Caxambu
Todo o aproveitamento turístico de Caxambu se dá em função da existência de suas
águas minerais e seu Parque, diante disso, percebe-se que durante os anos a
concentração das ações municipais foi extremamente focada nesse recorte espacial. Na
porção central, a paisagem não foi tratada com um todo, deixando rastros da ocupação
desordenada e visivelmente fora do contexto da arquitetura e arranjos necessários para
se manter os atrativos existentes.
O morro do Caxambu, por exemplo, é considerado um ponto turístico no conjunto do
parque, mas a infra-estrutura construída no topo deixa a desejar. As instalações são
precárias, as paredes estão pichadas, o acesso de carro é feito por uma estrada mal
sinalizada e perigosa. Além destes fatores, o teleférico que poderia ser um diferencial, é
antigo e não imprime muita segurança. Isso faz com que o ponto seja menos visitado do
que o desejado.
72
Figura 5.17 – Paredes pichadas das instalações do topo do morro Caxambu.
Figura 5.18 – Teleférico do parque das águas.
Fotos: Yash Maciel. 03/07/2008.
A ocupação envolta do morro do Caxambu é outro ponto importante. Mesmo com o
plano diretor aprovado junto a lei de uso e ocupação do solo que impõe restrições
quanto às ocupações no entorno do parque, e tendo o morro sido decretado como Área
de Preservação Permanente - APP, muitas áreas já haviam sido construídas e outras
foram sendo invadidas durante o passar dos anos. Esse dado é preocupante, pois é
sabida a importância das áreas de recarga dos aqüíferos que alimentas as fontes minerais
do parque e, caso as ocupações avancem sobre essas, a perduração das nascentes estará
comprometida.
Figura 5.19 – Ocupações no sopé do morro Caxambu.
Foto: Yash Maciel. 03/07/2008.
• Acesso e transporte coletivo
Esse quesito teve e ainda possui uma avaliação final precária, pois as entradas da cidade
são visualmente ruins e não remetem a importância que o turismo tem para o município.
Ainda assim, a posição geográfica do mesmo em relação aos grandes centros urbanos da
região sudeste é favorável e, as rodovias que dão acesso ao município estão em bom
estado de conservação.
73
O aeroporto ainda não possui área de embarque e desembarque. A nova rodoviária que
era em uma antiga estação de trem, não conservou uma arquitetura em contexto com a
história da linha que passava no local, além de e estar muito degradada. Os pontos de
ônibus são mal posicionados, mal conservados e a pavimentação das vias da sede, que
agora começam a ser recuperadas, ainda estão precárias em alguns pontos.
Figura 5.20 – Rodoviária sem contexto e mal conservada.
Figura 5.21 – Pontos de ônibus mal posicionados e mal cuidados.
Figura 5.22 – Pavimentação precária.
Fotos: Yash Maciel. 02/07/2008
• Infra-estrutura básica – água, esgoto e lixo
A água já atendia bem o município, que continua sem problemas de abastecimento. O
esgoto é 100% tratado e a estação é modelo no estado. Já a questão do lixo, com a
construção e operação do aterro controlado melhorou, ainda assim, existem poucas
lixeiras na cidade e a coleta seletiva ainda não foi implementada.
74
Figura 5.23 – Aterro controlado de Caxambu.
Foto: Yash Maciel. 05/07/2008
• Rede hospitalar
A equipe médica é de alto nível, mas o hospital não tem muita credibilidade, como os
das cidades vizinhas Cruzília e Baependi, aonde ocorrem à maioria dos partos da região.
A unidade também não possui plantão no hospital, o que é grave para um pólo turístico,
pois deixa um ar de insegurança no caso de acidentes e urgências.
• Espaços culturais
Os espaços culturais são inexistentes, como museus, áreas de recreação livre e áreas
para apresentações das manifestações culturais da região. É no Parque das Águas que
acontecem a maioria de eventos de cunho cultural. O centro de eventos foi ampliado,
mas a arquitetura é fria e sem contexto. Além desses fatores, o acesso ao local é
dificultado pela ineficácia da iluminação pública, o que o torna um local perigoso.
Figura 5.24 - Vista geral do centro de convenções.
Foto: Yash Maciel. 05/07/2008
75
• Sinalização turística
A sinalização turística ainda é precária e praticamente inexistente.
• Hospedagem
Segundo informações da Prefeitura Municipal, Caxambu tem cerca de 23
estabelecimentos de hospedagem perfazendo mais de 2000 leitos. Dentre os tipos de
hospedagem, tem-se:
o Hotéis 14
o Pousadas 03
o Flat hotel 03
o Hotel-fazenda 03
A cidade ainda possui cerca de 300 leitos entre apartamentos e casas de aluguel. A rede
hoteleira atendia perfeitamente o turismo quando o carro chefe era o Parque das Águas,
mas, com a tentativa de mudar o foco para o turismo de eventos a mesma começou a
não suportar os congressos, onde é cada vez maior o número de participantes. Hoje, os
municípios de Águas de Lindóia e Campos do Jordão são os principais concorrentes de
Caxambu para esse segmento de turismo. Para a expansão do turismo de eventos, seria
necessário que a rede hoteleira aumentasse sua capacidade, o que não vem acontecendo.
• Centro de Informações turísticas
As informações turísticas são realizadas pelos funcionários da secretaria de turismo,
pois não existe um ponto estratégico criado com o objetivo de informar o turista das
possibilidades oferecidas em Caxambu. A secretaria está localizada em uma área de
pouca circulação de pessoas, o que impossibilita um acesso fácil a informação.
76
Figura 5.25 – Secretaria Municipal de Turismo de Caxambu.
Foto: Yash Maciel. 05/07/2008
• Marketing
O município não possui uma estratégia de marketing definida, o mesmo é divulgado
pela fama do passado e pelos congressos que vem acontecendo com menor freqüência a
cada ano.
• Pesquisa de Opinião dos munícipes sobre Caxambu
Outra questão que foi avaliada pelo trabalho do SEBRAE (2003), é que a comunidade
não apresenta uma boa imagem do município. Em um questionário de questões abertas
sobre qual a imagem o entrevistado tem e quais suas expectativas, as respostas que
obtiveram maior número foram:
• Que nada dá certo.
• Nada vai para frente.
• A cidade do “já foi” e “já teve”.
• Vive na expectativa da reabertura dos cassinos.
• Esperam tudo dos governantes.
Além deste fator, também foi constatado que o conhecimento sobre a história do
município, das águas minerais e o que elas representam é pouco conhecida na
comunidade com um todo. Pensando nisso, a secretaria de educação incluiu nas cadeiras
de ensino a aplicação do conhecimento sobre o turismo e qual sua importância para
Caxambu.
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É clara a grande potencialidade existente na porção central do município, mas pelo que
foi diagnosticado, existem muitos entraves que foram surgindo durante o passar dos
anos. Para se alcançar os objetivos de Caxambu no turismo, os atores envolvidos devem
investir em um planejamento coordenado segundo os seguintes aspectos:
• ações de melhorias de infra-estrutura da sede como um todo,
• realização de um trabalho de fortificação dos conceitos do turismo com a
população local, mostrando que a atividade é a engrenagem econômica do
município;
• fortalecimento da identidade dos munícipes com relação às águas minerais e a
história de Caxambu;
• especialização da medicina local em crenoterapia; e
• diversificação do turismo para provocar o turista a conhecer outras
potencialidades do município e região.
5.3.PORÇÃO SUL
5.3.1.CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES DA PAISAGEM PARA O TURISMO
• Componentes físicos
A geologia da porção sul do município é muito semelhante à da porção norte, ou seja,
em geral são rochas graníticas e gnáissicas que sustentam o relevo. Porém, como a
porção sul se encontra em uma maior proximidade com a Serra da Mantiqueira, quanto
mais se segue nessa direção, mais é sentida a interferência da serra sobre o relevo. Que
tem nessa porção suas maiores altitudes.
Diante dessa interferência, tem-se que o relevo dessa porção é mais predisposto ao
aparecimento de feições encachoeiradas, o que foi caracterizado em diversos pontos da
mesma. Ainda assim, pelo município apresentar uma área muito diminuta nessa porção,
a maioria das cachoeiras encontradas já estão dentro dos limites de Baependi (ver
FOTO9 na planta síntese).
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• Qualidades geo-ambientais
Existem muitos fragmentos isolados de floresta estacional semidecidual em regeneração
nesta porção, a maioria resume-se em pequenas áreas próximas aos cursos d’água e em
volta das nascentes. Assim como na porção norte, a pressão sofrida pelos ambientes
florestais causado pelo uso agrícola do solo não permitiu a existência de corredores
ecológicos. Sendo assim, a fauna encontrada nessa porção está mais associada a
ambientes altamente antropizados, o que restringi muito a biodiversidade.
Pelo município apresentar uma área muito afunilada nessa porção, ao se analisar o
entorno do mesmo em direção a Baependi, pôde-se constatar a presença de áreas bem
conservadas e, em direção a Soledade de Minas o uso agrícola já alterou intensivamente
o ambiente (ver FOTO15 da planta síntese).
• Beleza estética
A beleza estética da porção sul do município é um ponto forte para a utilização da
paisagem para o turismo, a influência da formação da Serra da Mantiqueira trouxe um
arranjo geomorfológico de grande exuberância. O uso agrícola ocupou grande parte
dessa porção, trazendo uma beleza subjetiva à mesma através de seu arranjo rural.
• Arranjo da estrutura social
A morfologia do terreno da porção sul favoreceu o uso do solo agrícola, permitindo sua
ocupação com predominância do plantio de café. Geralmente são encontradas
propriedades rurais mais extensas, mas com menores áreas do que na porção norte. A
pecuária leiteira também foi constatada nessa porção (ver FOTO16 da planta síntese).
No seguimento da antiga linha férrea, foi possível diagnosticar a presença de
empreendimentos ligados ao turismo e lazer, mostrando assim que algumas tentativas
estão sendo tomadas para que essa porção também tenha um uso diferenciado. Além
destes, é nesse segmento da ferrovia que estão os marcos da estrada real de Caxambu
(ver FOTO13 da planta síntese).
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• Acessibilidade
A acessibilidade é um ponto forte dessa porção, é possível conhecer a mesma em sua
totalidade por estradas de terra municipais em bom estado de conservação. As
propriedades estão em quase sua totalidade nas margens das estradas, o que impõe certa
facilidade no contato entre o transeunte e sua relação com as pessoas e as atividades
rurais executadas (ver FOTO 14 da planta síntese e mapeamento das vias de acesso).
Além desses fatores, o alinhamento da BR354 em direção a Pouso Alto favoreceu o
acesso e conseqüente surgimento de empreendimentos ligados ao turismo (ver FOTO8 e
11 da planta síntese).
5.3.2.POTENCIALIDADES E ENTRAVES Na porção sul, as possibilidades de se explorar a paisagem para o turismo podem ser
limitadas em função da pequena expressão do limite territorial político do município.
Mas, nada impede os planejadores do turismo de criar roteiros que ultrapassem os
limites do mesmo. Em direção ao município de Solidade de Minas, a paisagem rural
possui um arranjo produtivo muito organizado, possibilitando assim a criação de pontos
de apoio e venda de produtos locais. Principalmente em função do plantio de Café e da
produção leiteira em pequena escala.
Além desse fator, a influência do surgimento da Serra da Mantiqueira possibilitou o
surgimento de diversas cachoeiras em direção ao município de Baependi. É nessa
direção, que também são encontrados os melhores fragmentos de floresta estacional
semidecidual.
Diante dos aspectos expostos, tem-se que o mosaico de componentes da paisagem na
porção sul potencializam a mesma à criação de produtos ligados ao turismo rural,
ecoturismo e turismo de aventura.
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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados coletados pela pesquisa, é visível que Caxambu passa atualmente por
problemas estruturais, de foco e divulgação do que os planejadores do município
consideram como produto. Em levantamento bibliográfico realizado na prefeitura, nota-
se que os entraves são claramente conhecidos pelos governantes há tempos.
Principalmente através dos estudos encomendados, mas pouco foi feito durante esse
tempo para que Caxambu reassuma seu posto de pólo turístico.
As paisagens que constituem o mosaico municipal são repletas de potenciais ainda não
explorados, o que é um ponto positivo ainda não formatado para o turismo e que pode
ser utilizado.
Na porção norte, o Rio Baependi é exuberante e suas águas são navegáveis, o que o
torna um componente físico passível de utilização para atividades de turismo de
aventura e ecoturismo. Além deste, a morfologia da Serra do Morro Queimado e seu
entorno, são feições que trazem à porção norte a potencialidade para a expansão das
atividades do turismo nesse rumo. Logicamente, os proprietários deverão ser
trabalhados a fim de se mostrar os benefícios da atividade como fonte atratora de
desenvolvimento local. Atividade esta, que deve ser desenvolvida de maneira
compartilhada, para que todos possam tirar proveito da mesma. Levando sempre em
consideração a preservação das qualidades geo-ambientais, que são fundamentais para a
evolução sustentável do processo. A existência de empreendimentos ligados ao turismo
e propriedades rurais operantes nesta porção, demonstra a possível viabilização de um
produto formatado com o viés voltado para o turismo rural.
Com relação aos entraves encontrados na porção norte são destacadas como principais
as questões de acessibilidade trazidas pelas propriedades privadas que impedem que a
Serra do Morro Queimado seja acessada, a pressão ainda maior sobre um ambiente
historicamente explorado pela agricultura e a existência de cambissolos. A preocupação
com relação aos cambissolos se deve, pois, intervenções de engenharia para a
construção de estruturas de apoio e acesso as áreas de topo da serra podem dar origem a
processos erosivos.
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A porção central, onde se encontra o produto turístico do município, é bem conhecida,
as problemáticas já foram levantadas e as soluções estão a vista dos governantes. Sendo
assim, somente um planejamento de médio a longo prazo, que foque nas águas minerais
como sendo um atrativo importante, mas não o principal produto turístico no município,
poderá trazer de volta a recuperação da importância econômica da atividade para o
mesmo. Para isso, será necessário que a paisagem dessa porção seja objeto
investimentos em seus aspectos de infra-estrutura, que a proteção das fontes minerais
seja garantida através da aplicação legal da lei de uso e ocupação do solo e que as
pessoas voltem a acreditar em Caxambu como potência turística. Como já citado
anteriormente, as principais diretrizes para que isso aconteça dentro de um
planejamento de médio a longo prazo são:
• ações de melhorias de infra-estrutura da sede como um todo,
• realização de um trabalho de fortificação dos conceitos do turismo com a
população local, mostrando que a atividade é a engrenagem econômica do
município; e
• fortalecimento da identidade dos munícipes com relação às águas minerais e a
história de Caxambu.
Fazer com que os munícipes de Caxambu voltem a vestir a camisa do turismo será um
trabalho árduo, somente um plano educacional intenso em todos os sentidos,
principalmente com relação aos conceitos do turismo nos preceitos do desenvolvimento
sustentável, fará com que o engajamento da comunidade reforce a vontade de mudar o
quadro atual instalado.
Na porção sul, a dimensão territorial parece um fator negativo, mas não o é. As
paisagens rurais e naturais são totalmente passíveis de serem utilizadas como produtos
turísticos em um contexto mais regional. Ainda assim, a apropriação do espaço para
atividades rurais e turísticas nessa porção, podem ser melhor trabalhadas através de um
planejamento de médio a longo prazo, já que as iniciativas existentes ainda são
incipientes.
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Primeiramente, Caxambu precisa reorientar a atividade turística em função das
potencialidades de suas águas minerais, feito isso, seria possível a formatação de novos
produtos pensando no aproveitamento das paisagens que compõem o município e
mesmo a região.
Apesar de este estudo ter sido focado nos limites municipais de Caxambu e seu entorno,
é claro o potencial da região do sul de Minas para o turismo. Como potencialidades,
além dos aspectos internos, o município é integrante do Circuito das Águas, da Estrada
Real e do Corredor Ecológico da Serra da Mantiqueira.
O circuito das águas, que inicialmente era constituído somente pelas instâncias
hidrominerais e agora conta com 10 municipalidades participantes do mesmo, é um dos
mais antigos circuitos do estado de Minas Gerais e pode ser alavancado através de um
planejamento conjunto.
Os municípios que atualmente constituem este circuito são: Caxambu, São Lourenço,
Baependi, Conceição do Rio Verde, Soledade de Minas, Carmo de Minas, Cambuquira,
Campanha, Lambari e Heliodora conforme mostra a Figura 6.1.
Figura 6.1 – Circuito das Águas.
Fonte: www.turismo.mg.gov.br
Dentre os principais entraves que se instalaram neste circuito, citam-se a falta de
integração entre os municípios que o compõe e a inexistência de um plano estadual de
re-potencialização dos atrativos.
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Outro vetor de atratividade turística onde Caxambu é participante é o Estrada Real, que
é considerado o principal projeto de popularização de um circuito na atualidade em
Minas Gerais.
Conforme pode ser visualizado na Figura 6.2, são duas rotas “imaginárias”, pois as
mesmas não coincidem com as vias de ligação na maioria das vezes. Um vetor liga
Diamantina a Paraty (pelo Caminho Velho) e outra variante segue até o Rio de Janeiro
(denominado Caminho Novo). Fazem parte do projeto da Estrada Real 177 cidades,
destas, 162 encontram-se em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo tendo
como principal objetivo a redescoberta das riquezas arquitetônicas, culturais e naturais
vislumbradas pelos bandeirantes na corrida do ouro. Nas trilhas e caminhos utilizadas
para o escoamento da produção e abastecimento das colônias exploradoras com
benfeitorias, surgiram diversas povoações que mais tarde tornaram-se as cidades
constituintes do trajeto da Estrada Real. Caxambu, nesse contexto, faz parte do
Caminho Velho onde o ouro e o diamante explorado em Minas Gerais era escoado para
a Coroa em Portugal através de Paraty.
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Figura 6.2 – Mapa da Estrada Real. Fonte: www.estradareal.org.br
A estrada real ainda é uma incógnita para muitos, apesar de seu “trajeto” ser altamente
divulgado na mídia, ainda é muito pouco palpável a presença da mesma como fonte de
desenvolvimento local ou potencializadora de produtos turísticos ainda sub-explorados.
Apesar de Caxambu possuir alguns marcos da Estrada Real em seu território, não existe
uma relação direta formatada entre a Estrada Real e o produto turístico oferecido no
município.
Além destes projetos, existem vários municípios próximos a Caxambu com um grande
potencial natural e cultural para o turismo, dentre os que mais poderiam ser explorados
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pela atividade citam-se:
• São Tomé das Letras com suas cachoeiras, serras, grutas e cultura exotérica;
• Baependi com suas cachoeiras, serras e turismo religioso que será potencializado
com a canonização de Nha Chica;
• Aiuruoca com suas cachoeiras e principalmente com a estruturação e
regularização do Parque Estadual da Serra do Papagaio para o uso turístico.
Sendo assim, Caxambu, que detém a segunda maior rede hoteleira da região (perdendo
somente para São Lourenço), poderia formatar passeios em conjunto com os atores
destes municípios. A fim de criar uma integração e permanência dos turistas durante um
maior tempo no sul de minas.
Diante do exposto, observa-se que Caxambu se encontra disposto em meio a várias
iniciativas e áreas potenciais ligadas ao turismo, mas, ainda assim a situação do
município como pólo de atração turística encontra-se ameaçada. Todos os problemas
direcionam para um só, que se resume em falta de planejamento.
O município precisa de um plano de turismo de médio a longo prazo, que não mude de
intensidade ou rumo durante os mandatos dos políticos que encabeçam as decisões de
planejamento.
Além da sede, é possível vislumbrar a possibilidade de expansão da atividade no meio
rural, através da segmentação da atividade para o ecoturismo, turismo de aventura e
turismo rural. As potencialidades foram levantadas e devem ser objetos de estudos mais
aprofundados, para que os entraves sejam contornados.
Lembrado que, somente com a participação de todos os atores envolvidos, será possível
que o município tenha êxito. Trazendo ainda a responsabilidade de cada um para com o
objetivo único, que é cuidar para que o turismo e sua diversificação na região se
instalem dentro dos moldes do desenvolvimento sustentável.
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7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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88
8.ANEXOS
89
8.1. ANEXO 1 - PLANTA SÍNTESE DAS PORÇÕES NORTE E SUL