Cartilha de Tiro para Magistrados-Promotores.pdf
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CARTILHA DE
ARMAMENTO
E TIRO
Cap. QOPM Neomar Christian Potuk
2013
APRESENTAÇÃO
A presente cartilha tem como objetivo principal fornecer os
ensinamentos que serão cobrados em exame para a comprovação de
capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
O comprovante de capacitação técnica deverá atestar,
necessariamente, que o pretendente demonstra ter conhecimento da
conceituação e normas de segurança, conhecimento básico dos
componentes e partes da arma de fogo e habilidade no uso do
armamento em estande de tiro.
“Na vida nada é mais importante que a própria vida e se a
instrução de tiro lida com a vida e com a morte ela acaba sendo
a mais importante, e de maior responsabilidade e consequências
entre todas as instruções.” Método Giraldi
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1. ARMA DE FOGO
1.1. CONCEITO Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um
cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga
propelente em combustão.
1.2. CLASSIFICAÇÃO
1.2.1. Quanto à alma do cano
A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo,
que vai geralmente desde a culatra até a boca do cano, destinada a
resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora e
outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada,
dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada.
Alma raiada
A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos
helicoidais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil
a um movimento de rotação.
Alma lisa
É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente
polida, como, por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa
têm um sistema redutor (choque), acoplado ao extremo do cano, que
tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chumbo.
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1.2.2. Quanto ao tamanho
Armas Curtas:
Pistolas – Modernamente podemos conceituar pistola como
arma curta, raiada, portátil, semi-automática ou automática, de ação
simples, ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a
qual utiliza o carregador como receptáculo de munição. Existem
pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo
carregamento é feito manualmente pelo atirador. Seu nome provém
de Pistoia, um velho centro de armeiros italianos.
Revólveres – Arma curta de alma raiada ou lisa, portátil, de
repetição, na qual os cartuchos são colocados em um cilindro
giratório (tambor) atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo
ser de ação simples ou dupla.
Armas Longas – Alma Raiada:
Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa
o mesmo que fuzil. Arma longa, portátil que pode ser de uso
militar/policial ou desportivo; de repetição, semi-automática ou
automática.
Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho
intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina.
Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de
um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10
polegadas e inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18
polegadas) que utilização munição também empregada em armas
curtas.
Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como
“metralhadora de mão”, é classificada assim por possuir cano de até
10 polegadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres
equivalentes aos das pistolas semi-automáticas.
Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de
calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente
necessita mais de uma pessoa para sua operação.
Armas Longas – Alma Lisa:
Espingardas - Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos
de projéteis múltiplos ou de caça.
1.2.3. Quanto ao sistema de funcionamento
Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez
antes que seja necessário recarregá-la, as operações de
realimentação são feitas pela ação do atirador. Pode ser equipada
com carregador, tambor ou receptáculo (tubo).
Semi-automático – Sistema pelo qual a execução do tiro se
dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para
cada disparo); as operações de extração, ejeção e realimentação se
darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo.
Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o
acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida,
atira continuamente, extraindo, ejetando e realimentando a arma até
que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão
sobre o gatilho.
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1.2.5. Quanto ao sistema de acionamento
Ação simples – No acionamento do gatilho apenas uma
operação ocorre, o disparo; sendo que a operação de armar o
conjunto de disparo já foi feita antes.
Ação dupla – No acionamento do gatilho ocorrem duas
operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda
é o disparo propriamente dito.
Dupla ação – Sistema onde se faz possível a execução do tiro
tanto em ação simples, como em ação dupla.
2. PARTES DA ARMA DE FOGO
Revólver
Pistola
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NORMAS DE SEGURANÇA
3.1 REGRAS GERAIS DE SEGURANÇA
Primeiramente é necessário que saibamos
definir a diferença entre um acidente de tiro e um incidente de tiro.
Esta definição é bem simples, pois o incidente
de tiro é causado por involuntariedade do atirador, podendo ser oriundo de um defeito da arma ou da munição.
Já o acidente de tiro é causado por
imprudência, negligência ou imperícia do atirador. Para tanto vamos apresentar a seguir algumas
regras de segurança a serem observadas quando do uso de armas de fogo:
1. Somente aponte sua arma, carregada ou não, para onde pretenda atirar;
2. NUNCA engatilhe a arma se não for atirar;
3. A arma NUNCA deverá ser apontada em direção que não ofereça segurança;
4. Trate a arma de fogo como se ela SEMPRE estivesse carregada;
5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre como manuseá-la com um instrutor credenciado;
6. Mantenha seu dedo estendido ao longo do corpo da arma até que você e esteja realmente apontando para o alvo e pronto para o disparo;
7. Ao sacar ou coldrear uma arma mantenha o dedo fora do gatilho, mantendo-o estendido ao longo da armação;
8. SEMPRE se certifique de que a arma esteja descarregada antes de qualquer limpeza;
9. NUNCA deixe uma arma de forma descuidada;
10. Guarde armas e munições em locais fora do alcance de crianças;
11. NUNCA teste as travas de segurança da arma, acionando a tecla do gatilho;
12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos mecânicos e não substitutos do bom senso;
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13. Certifique-se de que o alvo e a zona que o circunda sejam
capazes de receber os impactos de disparos com a máxima segurança;
14. NUNCA atire em superfícies planas e duras ou em água, porque os projéteis podem ricochetear;
15. NUNCA pegue ou receba uma arma, com o cano apontado em sua direção;
16. SEMPRE que carregar ou descarregar uma arma, faça com o cano apontado para uma direção segura;
17. Caso a arma “negue fogo”, mantenha-a apontada para o alvo por alguns segundos. Em alguns casos, pode haver um retardamento de ignição do cartucho;
18. SEMPRE que entregar uma arma a alguém, entregue-a descarregada;
19. SEMPRE que pegar uma arma, verifique se ela está realmente descarregada;
20. Verifique se a munição corresponde ao tamanho e ao calibre da arma;
21. Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada, NUNCA a aponte para qualquer parte de seu corpo ou de outras pessoas ao seu redor, só a aponte na direção do seu alvo;
22. Revólveres desprendem lateralmente gases e alguns resíduos de chumbo na folga existente entre o cano e o tambor. Pistolas e Rifles ejetam estojos quentes lateralmente; quando estiver atirando, mantenha as mãos livres dessas zonas e as pessoas afastadas;
23. Tome cuidado com possíveis obstruções do cano da arma quando estiver atirando. Caso perceba algo de anormal com o recuo ou com o som da detonação, interrompa imediatamente os disparos, descarregue a arma e verifique cuidadosamente a existência de obstruções no cano; um projétil ou qualquer outro objeto deve ser imediatamente removido, mesmo em se tratando de lama, terra, graxa, etc., a fim de evitar danos à arma e/ou ao atirador;
24. SEMPRE utilize óculos protetores e abafadores de ruídos quando estiver atirando;
25. NUNCA modifique as características originais da arma, e nos casos onde houver a necessidade o faça através armeiro profissional qualificado;
26. NUNCA porte sua arma quando estiver sob efeito de substâncias que diminuam sua capacidade de percepção (álcool, drogas ilícitas, medicamentos);
27. NUNCA transporte ou coldreie sua arma com o cão armado;
28. Munição velha ou recarregada NÃO é confiável, podendo ser perigosa.
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A arma de fogo é um instrumento de trabalho e,
como tal deve ser utilizada convencionalmente, pois, ao
contrário, veremos as estatísticas aumentarem com fatos
lamentáveis que poderiam ser evitados, se observadas regras
básicas de segurança com arma de fogo.
No estande de tiro ou em outro recinto onde se
desenvolve a atividade, o instrutor funcionará como
coordenador, e suas instruções, assim como as de seu auxiliar,
devem ser seguidas com absoluto rigor em qualquer ocasião.
Citaremos algumas recomendações a serem
observadas para a segurança na execução de tiro.
1. Mantenha-se em silêncio e nos postos determinados
pelos instrutores, estando atento ás ordens do
instrutor;
2. Ao receber ou repassar uma arma a alguém verifique
sempre se ela está carregada ou não, mantendo ela
no coldre ou então aberta;
3. É proibido manejar a arma (carregar, engatilhar,
descarregar ou disparar) enquanto não houver, do
instrutor, ordem para tal;
4. Não engatilhe a arma ou coloque o dedo no gatilho se
não quando estiver pronto para disparar;
5. Todo procedimento de carregar, sacar, descarregar,
inspecionar e colocar a arma no coldre será SOB
COMANDO DO INSTRUTOR, sempre com o cano
apontado para direção segura a critério do instrutor;
6. Somente comece a disparar quando receber a ordem
de fogo;
7. Caso a arma apresente qualquer defeito durante a
série de tiros, dê ou faça o sinal convencional e
aguarde a atenção do instrutor ou do monitor,
(LEVANTAR O BRAÇO QUE NÃO ESTIVER COM A
ARMA);
8. Evite movimentos desnecessários com o braço
armado, não se voltando para trás, sem antes abrir o
tambor da arma, pois o instrutor ou demais
instruendos irão ficar na direção do cano de sua arma.
9. Nenhuma arma poderá ser manuseada atrás da linha
de tiro, salvo quando sob orientação do instrutor ou de
seus assistentes, ou ainda quando autorizado pelo
instrutor na área de manejo a ser definida previamente
pelo instrutor.
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10. Toda arma deve ser tratada como se estivesse
carregada e pronta para disparar; nunca supor o
contrário.
11. Nunca aponte a arma para qualquer coisa ou pessoa
que você não pretende acertar.
12. As travas de segurança de sua arma são apenas
dispositivos mecânicos e não um substituto do bom
senso.
13. Carregue e descarregue sua arma com o cano voltado
para direção segura.
14. Nunca atire em superfícies planas ou duras ou em
água; os projéteis podem ricochetear.
15. Quando for praticar “tiro em seco” não esqueça de
inspecionar a arma.
16. Sempre trate sua arma como um instrumento de
precisão, o que ela realmente é.
Tenha sempre em mente que a atenção é fundamental;
vários acidentes lamentáveis são devidos ao desrespeito aos
mais primários princípios de segurança.
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Fundamentos Básicos de Tiro de Combate Posição Empunhadura Visada Respiração Acionamento do gatilho
1. Posição
A posição do corpo é de grande importância para se tenha
equilíbrio no momento da execução do disparo, além de
influenciar na segurança do atirador.
O atirador deve ter em mente que uma boa posição de tiro
deve obrigatoriamente, atender aos seguintes requisitos:
- permitir empunhadura firme da arma;
- permitir equilíbrio do corpo e uma boa base;
- diminuir o alvo oferecido ao oponente ;
- possibilitar o uso de abrigos ou barricadas pelo atirador;
- permitir giro do corpo para repelir agressões vindas de
qualquer direção.
Abaixo temos as principais posições de tiro, que devem
ser de conhecimento de todos.
a. Isósceles
Esta posição de tiro visado tem seu nome derivado da posição
tomado pelos braços do atirador, que forma um triângulo
isósceles com o peito do mesmo.
corpo fica semi-flexionado;
pés na mesma linha, ambos os braços estendidos;
arma a altura dos olhos;
a mão direita empunha a arma e a esquerda apoia firme
em dupla empunhadura.
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Os dois braços são impelidos para frente, enquanto os
joelhos semi-flexionados permitem a diminuição do alvo
oferecido ao agressor e estabilização do corpo.
Sob stress, é tendência natural que o atirador tome essa
posição, flexionando as pernas levemente.
O corpo fica bem equilibrado, e com os joelhos flexionados o
peso do corpo e seu centro de gravidade, são jogados para
baixo.
b. Weaver
Criada na década de 50 por Jack Weaver, policial norte
americano, esta posição permite disparos rápidos e de grande
precisão. Para adotá-la, devem ser observados os seguintes
passos:
os pés do atirador tomam a posição semelhante a do
boxeador, frente ao alvo;
as pernas ficam esticadas e “trancadas” à altura dos
joelhos;
o braço da mão forte fica levemente flexionado;
o braço de apoio, que tem somente esta função, fica bem
flexionado;
o cotovelo e o braço de apoio permanece
perpendicular ao solo;
a mão que empunha a arma para frente, e a mão do
braço de apoio imprime uma pressão contrária,
mantendo a arma firmemente estabilizada. Isto permite
um controle efetivo dos disparos sequenciais.
A posição Weaver tem demonstrado, na prática, ser
extremamente eficiente. Proporciona, além da excelente
controlabilidade da arma em disparos consecutivos, a vantagem
adicional de diminuir o alvo ao oponente, uma vez que este ao
adotá-la de modo correto evita a exposição total do tórax ao fogo
agressor.
A desvantagem principal desta posição é que, em condições
de stress elevado, limita o giro do corpo a menos de 90º, o que
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pode apresentar problemas quando for necessário atingir um
oponente colocado lateralmente ao policial.
A posição lateral adotada pelo atirador, também pode expor
justamente o ponto fraco dos coletes balísticos, sua lateral, aos
disparos frontais de um oponente.
A posição Weaver Modificada foi idealizada por Ray
Chapman, instrutor de tiro de combate norte americano, e
apresenta três características:
- pés colocados como na posição Weaver;
- o braço da mão forte fica esticado e travado nesta
posição, agindo como uma extensão da coronha da arma;
- a mão de apoio puxa a mão forte em direção ao ombro.
A posição Weaver Modificada tende a ser a melhor adotada do
que a Weaver clássica, e permite um giro maior do que esta,
cerca de 180º, ficando a cabeça do atirador mais ereta, numa
posição mais natural.
c. Star
Acredita-se ser esta uma das melhores posições para um tiro
de combate. As mãos e os braços se portam como nas demais
posições de pé já mencionada, como a Weaver modificada.
Esta posição das pernas permitem o agachamento e o giro,
não prendendo o tronco do atirador.
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2. Empunhadura
Um bom tiro começa pela empunhadura da arma, que deve
ser cômoda e natural, sem exercer pressão excessiva.
Faz-se necessário o aprendizado da empunhadura dupla,
pois este tipo de “pega” induz tiros mais precisos e controláveis,
especialmente nas sequências de disparos rápidos.
Antes, porém, de partir para a empunhadura (dupla), é
necessário que se aprenda a empunhar corretamente com uma
das mãos, para, num segundo momento utilizar a mão de apoio.
Cada atirador deve encontrar sua empunhadura simples (uma
das mãos) correta e, a partir daí, encontra a melhor posição da
mão/arma. Uma vez encontrada a empunhadura particular, o
atirador deverá sempre executá-la da mesma forma.
Inicialmente, é importante que o atirador compreenda a
empunhadura de armas curtas, reservando a empunhadura de
armas longas, naturalmente mais complexas, para um segundo
momento. Como primeiro passo para obter a correta
empunhadura, deve-se segurar a arma pelo cano, com a mão
fraca , ajustando a mão forte à coronha da arma, de modo que
fique alinhada com o antebraço (isto obviamente para
treinamento de adaptação para iniciantes).
A empunhadura de ser forte, sem no entanto chegar a fazer
a arma tremer. A mão deve envolver a coronha de modo firme,
porém sem pressão excessiva, o que provoca tremor na arma e
desvio no tiro.
O dedo indicador deverá tocar a tecla gatilho, apenas com a
falangeta.
Manter sempre a mesma empunhadura, isto é, a mesma
posição relativa (entre a mão e a arma) e a mesma pressão.
A questão de como deve ou não ser a empunhadura de uma
arma está relacionada ao recuo provocado pela mesma. O recuo
é um valor matemático, que exprime a lei da física da ação e da
reação. Quando deflagrada a munição, esta gera uma força no
sentido contrário ao disparo, que deve ser absorvida e
administrada pelo atirador, principalmente pela correta
empunhadura da arma. O recuo provoca esta força contraria,
que é sentida na mão do atirador como “coice”, como é
popularmente conhecido este fenômeno, havendo a tendência
de o cano da arma levantar ao expelir o projétil. Esta tendência
ocorre devido ao fato de o cano da arma estar acima da linha do
ponto de empunhadura da mão.
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O recuo será tanto mais confortável quanto maior for a
firmeza (não a pressão) entre a coronha da arma e a mão do
atirador.
São erros mais comuns no ato de empunhar a arma com
uma das mãos:
a) A arma não é tomada completamente pela coronha;
b) A empunhadura é muito suave, não administrando o recuo
da arma, desenquadrando o alvo mesmo que
momentaneamente;
c) A empunhadura é muito forte, provocando tremor e desvio
no tiro.
Com relação às armas curtas, existem basicamente dois tipos
de empunhadura: aquela em que o atirador coloca o dedo
indicador da mão fraca à frente do guarda mato da arma, e
aquela em que não há este posicionamento do dedo indicador. A
primeira, apesar de utilizada por vários atiradores, pode ser
considerada menos natural, indicada apenas para atiradores
mais experiente, que já estejam acostumados com este tipo de
“pega” da arma, e não para aqueles que iniciam no tiro. Para
estes a posição natural, sem o dedo indicador à frente, é a mais
recomendada, pois não é forçada como a primeira.
Um detalhe relevante quanto a empunhadura é a posição do
dedo polegar da mão fraca, tanto no tiro com revolveres como
com pistolas semi-automáticas.
Muitos atiradores, mal instruídos, têm a tendência de colocar
este dedo junto ao punho da mão forte, o que pode causar
acidentes pelo movimento do ferrolho da pistola à retaguarda.
14
XX
3. Visada
Primeiramente vamos definir os conceitos de linha de mira e
linha de visada.
a. Linha de mira
É o conjunto formado entre o olho do atirador, alça de
mira e massa de mira.
b. Linha de visada
É o conjunto formado entre o olho do atirador, alça de
mira massa de mira e alvo.
Como, para o olho humano, é impossível manter todos
esses elementos em foco ao mesmo tempo, o atirador realiza
o enquadramento alça/massa e leva o conjunto ao alvo. Este
último é o elemento que permanecerá em foco, em detrimento
dos demais elementos da visada
Como a vista é acomodável à distância, é impossível
focalizar simultaneamente o aparelho de pontaria e o alvo, pois
num primeiro momento mostrando ser imprescindível focalizar
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melhor o aparelho de pontaria, isto é, dar maior atenção à
linha de mira do que a linha de visada.
No tiro policial não se usa diretamente o aparelho de
pontaria da arma, mas sim, uma “semi-visada”, em que a
atenção permanece na fonte do perigo, e não na arma.
Este princípio reza que a execução de uma boa pontaria
estabelece a correta relação homem/arma, determinando a
eficiência no tiro e sua precisão.
É recomendável que no momento da visada se enquadre
primeiramente a massa de mira, pois pela empunhadura e
condicionamento do atirador, a visada será mais fácil e
agilmente realizada.
Um dos motivos de se atirar com os dois olhos abertos,
no tiro de combate, é justamente a possibilidade que oferece a
visão periférica, que é importante para a segurança do próprio
atirador. Assim, também, se evita a chamada “visão em túnel”
que ocorre em situação de stress, quando se fixa a atenção
toda no alvo, e não se percebe o que se passa, às vezes, à
pequena distância.
A correta visada é o somatório de esforços do atirador, no
sentido de alinharem-se seu olho, a alça de mira, a massa de
mira e o alvo a ser atingido.
O olho diretor é aquele com o qual o atirador faz a visada.
Para determiná-lo, o atirador fecha um dos olhos e faz a
visada com o outro, repetindo a operação para ambos os
olhos. Aquele olho em que a visada parecer mais nítida e
confortável será o olho com que deverá ser feita à visada, ou o
olho diretor.
4. Respiração
É sabido que a respiração aciona grupos musculares do
tórax, movimentando o corpo, os braços e as mãos. Se muito
acentuada ou ofegante, poderá influenciar a precisão do disparo.
A experiência e a boa técnica ensinam que um bom tiro de
precisão é aquele efetuado em apnéia, quando se bloqueia a
respiração frações de segundos antes do disparo. O atirador,
utilizando uma arma para o tiro de precisão (um fuzil, por
exemplo), deve inspirar fundo, tomar posição, bloquear a
respiração, enquadrar e atirar. Claro tudo isso em um tempo o
mais reduzido possível.
Entretanto, no tiro de combate, muitas vezes é necessário
atiras após longos períodos em deslocamento, e, ainda por
cima, com a respiração ofegante devido ao esforço físico
16
determinado pelo stress da situação. Nestas condições, a
respiração deve ser a mais natural possível. Deve-se respirar
conforme a necessidade: de modo ofegante após uma corrida ou
de modo menos intenso, mas sem bloqueio da entrada de ar, a
fim de não comprometer a oxigenação cerebral, o que provocaria
tontura no atirador.
5. Acionamento do Gatilho
A pressão do gatilho de uma arma de fogo representa,
talvez, o ponto mais importante no conjunto dos princípios
do tiro. O mau acionamento irá resultar no erro do tiro, uma
vez que cerca de 80% dos disparos que não acertam o alvo
se dão pela incorreta pressão na tecla do gatilho.
Na utilização do revolver o dedo indicador deve contatar
com o gatilho com a parte posterior da ultima falange, pois,
em se tratando de pistolas e armas longas como a carabina
ou a espingarda Cal 12, a tecla do gatilho deverá ser
acionada com a ponta da ultima falange. O único
deslocamento do dedo se efetua para trás, sendo nesta
direção a força aplicada.
O acionamento da tecla do gatilho deverá ser feito com
uma pressão suavemente progressiva, ou seja gradual e
progressiva, e não brusca, mesmo que na seqüência rápida
de tiros, esta pressão será exercida de modo progressivo.
Convêm analisar aqui, as três maneiras mais comuns de
acionar o gatilho:
- o atirador “puxa” o gatilho no momento em que a visada
é perfeita, tentando “aproveitar a oportunidade”. É um
erro próprio de maus atiradores; as gatilhadas são
brutais;
- o gatilho é acionado constantemente e suavemente, sem
preocupação do momento da partida do tiro, mesmo que
a arma não esteja perfeitamente estável; é um método
que produz bons resultados; cada atirador, dependendo
do grau de treinamento, oscila mais ou menos com a
arma durante a visada. Enquanto você estiver com a
arma oscilando na sua “área”, continue aumentando a
pressão do dedo suave e progressivamente.
- o atirador já adiantado em seu treinamento, adquire o
hábito de levar a arma à visada com o gatilho já sob
aproximadamente, a metade da pressão necessária para
que se dê o disparo; ao notar a visada perfeita, aumenta
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a pressão à mínima parcela possível, caso haja um
pequeno desvio da visada, mantém a pressão
conseguida, não diminuindo a parcela já adicionada.
Assim vai procedendo até que o tiro saia
inesperadamente.
Ação Dupla Ação Simples
O dedo indicador deve contatar com o gatilho somente na
região do dedo demonstrada na ilustração, e a pressão deve ser
exercida apenas pelo dedo. O único deslocamento do dedo se
efetua para trás, sendo nesta direção a força aplicada.
A chamada “gatilhada” ocorre quando o atirador emprega
muita força no contato do dedo com o gatilho, ou faz de maneira
incorreta desequilibrando a arma.
Sempre que o atirador contatar com o gatilho da arma,
deverá fazê-lo da mesma maneira e no mesmo ponto do dedo.
Daí a importância do treinamento continuado e freqüente, pois
não se pode acionar o gatilho de modo diferente a cada disparo.
A correta relação entre pressão do gatilho e visada, exige
concentração e treinamento:
- contatar o gatilho na posição correta;
- iniciar a pressão do gatilho de modo lento e progressivo;
manter o aparelho de pontaria enquadrado no alvo;
- treinar com uma arma que possua o peso do gatilho
maior do que o normal.
18
Princípios de Segurança no Tiro de Combate
Dedo fora do gatilho
Controle da direção do cano
Campo de tiro
Dedo fora do gatilho
O primeiro fundamento a ser observado em qualquer
situação de emprego de armas de fogo, reza que só se deve
colocar o dedo na tecla do gatilho quando do disparo da arma.
Tal princípio teve sua origem com o uso militar de fuzis
automáticos, os quais eram facilmente disparados de forma
acidental por soldados inexperientes em campos de batalha.
Com a adoção de técnicas de treinamento específicas,
consegue-se diminuir baixas causadas por disparos
indesejados. Uma das principais técnicas era, justamente, a de
evitar a colocação do dedo no gatilho da arma, quando de
deslocamentos e abordagens.
Em situações de “stress” elevado, como na atividade
policial, transpor um obstáculo ou efetuar uma abordagem, ou,
ainda, dar segurança a um companheiro que efetua uma busca
pessoal em um suspeito, com o dedo no gatilho da arma,
significa uma grande possibilidade de um disparo acidental.
Portanto, sempre que saca sua arma (a menos que vá
atirar de imediato), o policial/atirador, por questão de
segurança, mantém o dedo ao longo da armação, evitando o
toque na tecla do gatilho. Se necessário, poderá acessá-lo
rapidamente em caso de emprego da arma.
Controle da direção do cano
Outro princípio a ser observado, é o controle da direção
do cano da arma, A técnica consiste em portar a arma na mão,
com o cano voltado sempre par uma posição segura, e nunca
apontado para o plano das pessoas, sem que o atirador assim
deseje.
Campo de tiro
Antes de disparar a sua arma. Em situação de defesa
própria ou de outrem, devemos verificar se existe a
possibilidade de atingir um alvo indesejado que esteja na linha
de visada. Para avaliar a possibilidade ou não de disparar,
devemos levar em conta o tipo de arma e munição utilizadas.
19
DOS REGULAMENTOS DAS PROVAS
PROVA TEÓRICA
(para fins de registro e porte na categoria defesa pessoal em todas as espécies):
Composição: 20 (vinte) questões objetivas, englobando os
seguintes temas:
a) Normas de segurança: 06 questões;
b) Nomenclatura e funcionamento de peças: 06 questões;
c) Conduta no estande: 03 questões e,
d) Legislação vigente sobre armas de fogo no Brasil (Lei
10.826/03 e Decreto 5.123/04): 05 questões.
Aprovação: mínimo de 60% (sessenta por cento) dos
acertos possíveis.
PROVA PRÁTICA
(ARMA CURTA, ALMA RAIADA, PARA FINS DE REGISTRO E ARMA DE FOGO)
Do Alvo: Silhueta humanóide, padrão DPF/ANP, com
zonas de pontuação decrescente de 5 (cinco) à 0 (zero)
pontos;
Distância do atirador ao alvo: 10 (dez) tiros a 5 metros e
10 (dez) tiros a 7 metros;
Quantidade total de tiros: 20 (vinte) tiros;
Tempo de duração: 20 (vinte) segundos para cada
sequência de 05 (cinco) tiros ou 40 (quarenta) segundos
para cada sequência de 10 (dez) tiros.
Quanto ao sistema de acionamento:
a) Para armas de ação simples: mecanismo de disparo armado e travado.
b) Para armas de ação dupla: disparos em ação dupla.
c) Para armas de dupla ação: nas pistolas o primeiro disparo em ação dupla e os demais em ação simples. Nos revólveres todos os disparos em ação dupla.
20
Da munição: Original de fábrica, PROIBIDO o uso de
munição recarregada;
Da aprovação: Será aprovado o candidato que obtiver, no
mínimo, 60 % da pontuação máxima do alvo, ou seja, 30
(trinta) pontos em cada distância, do total dos 50 (cinqüenta)
pontos possíveis; para a prova teórica se adotará o mesmo
percentual de acertos (60%).
Da reprovação: o Candidato dará ciência de sua
reprovação em campo próprio do formulário de aferição de
habilidade de tiro real, podendo requerer nova avaliação
após 30 dias.
Observações:
1) O avaliando iniciará a prova na posição de retenção. As
armas que contenham travas de segurança deverão ficar
travadas até que seja dado o comando de início da prova pelo
Instrutor;
2) Caso o avaliando venha a infringir as normas de segurança
e/ou conduta no estande de tiro, a critério do Instrutor avaliador,
dada a gravidade do fato, o candidato poderá ser reprovado no
exame.
SÃO CONSIDERADAS ARMAS DE USO PERMITIDO,
CONFORME LEGISLAÇÃO EM VIGOR:
1. Armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete joules e suas munições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 25 AUTO, 32 AUTO, 32 S&W, 38 SPL e 380 auto.
2. Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco joules e suas munições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 32-22, 38-40 e 44-40;
3. Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automática, calibre 12 ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que 24 polegadas ou seiscentos e de milímetros e suas munições de uso permitido;
4. Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a 6 milímetros e suas munições de uso permitido;
5. Armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora.
Legislação pertinente: Lei 10.826/03 e Dec. 5.123/04