Carpintaria Interiores (v1.1)
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Caracterização Tecnológica Sector das Madeiras Armando Ferreira
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CARPINTARIA
1. INTRODUÇÃO
Embora em Portugal não existam muitos profissionais dominando as técnicas de
levantamento de medidas, execução e assentamento de obra de carpintaria, durante a 1ª
metade do século passado, ainda encontrávamos bastantes conhecedores de técnicas aplicando
ferramentas manuais que, passando de pais para filhos, funcionavam como “truques” ou
segredos a preservar a todo o custo. Com a industrialização do sector durante a segunda
metade do século, as máquinas impuseram o seu ritmo e as quantidades sobrepuseram-se ao
domínio das técnicas, passando a ser moda o que era produzido em quantidade, sendo feito
um esforço meritório na aplicação de métodos de controlo de qualidade sobre os produtos
fabricados em quantidade e a preços competitivos.
Na listagem seguinte descrevem-se diversos potenciais produtos/estruturas em madeira de
carpintaria, levando-nos a meditar sobre a variedade de técnicas a aplicar.
1.1. Subsectores de Carpintaria
Carpintaria Interiores
Portaros
Caixilharia Madeira e Madeira – Alumínio
Perfis
Aplicação e Montagem em Obra
Carpintaria de Estruturas
Urnas
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1.2. Matérias primas
Analisando o mercado, podemos confirmar
a utilização de madeiras de diversas origens,
principalmente madeiras africanas,
europeias e americanas. São preferidas na
construção de caixilharias, pela sua
fiabilidade, características e abundância. As
madeiras nacionais quer por problemas
ligados com a gestão da floresta, quer pelas
suas características intrínsecas, não são as
mais preferidas neste tipo de trabalhos.
As madeiras mais utilizadas para a produção de portas e janelas maciças são:
- Madeiras Africanas:
• Afizélia (Afzelia africana ou Afzelia bipendensis Harms)
• Mutene (Guibourtia arnoldiana J. Léonad)
• Sipo “Mogno” (Entandrophragma utile Sprague)
• Kambala / Iroko (Chlorophora excelsa, Chlorophora regia)
• Moabi (Baillonella toxisperma Pierre)
• Sapelli (Entandrophragma cylindricum Sprague)
- Madeiras Europeias:
• Faia (Fagus sylvatica)
• Casquinha Vermelha (Pinus sylvestris)
• Casquinha Branca (Picea abies)
• Carvalho (Quercus pedunculata, Quercus sessiliflora)
• Pinho Marítimo (Pinus pinaster)
- Madeiras Americanas:
• Cerejeira (Americana) (Prunus serotina)
• Cerejeira (Brasileira) (Amburana cearensis, A. Acreana)
As empresas incorporam nos seus produtos diversos subsidiários (ferragens, vidros, batentes,
borrachas, etc.) que são relevantes na qualidade do produto final. Estes sub componentes são
sem dúvida fruto de uma incorporação tecnológica relativamente recente, imposta pela
exigência do próprio mercado (cliente e concorrência estrangeira).
Surgem novos produtos, como as janelas em alumínio e madeira (exterior e interior), onde os
processos produtivos da madeira e do alumínio são integrados na mesma estrutura.
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As matérias primas base são de facto as madeiras, mas temos de considerar todos os outros
elementos constituintes das portas e janelas que são incorporados.
Existem diversos elementos de ferragem incorporados nas
portas e janelas, por exemplo:
• Dobradiças
• Puxadores
• Fechaduras
• Fechos / Fechos Culatra
• Cremones
Para alem destes elementos, surgem também os vidros (simples, duplos, acrílicos, etc.)
incorporados na execução de portas e janelas. Anexos a este processo surgem as borrachas de
fixação de vidros, as borrachas de estanquicidade, bem como outros elementos que
complementam o produto final.
A utilização de colas na execução de ligações (respigas, cavilhas, etc.), bem como no
revestimento de superfícies (folhas de madeira, orlas), é uma das matérias primas constante
neste ramo.
Na execução de ligações e na aplicação de algumas ferragens são utilizados pequenos
subsidiários metálicos como:
• Parafusos
• Pernos
• Pregos
• Precintos
São utilizados também painéis derivados de madeira, para construir portas com almofada não
maciça:
• Aglomerado Fibras Média Densidade - MDF (Medium Density Fiber)
� Standard
� Hidrófugo
� Folheado
• Aglomerado partículas
� Standard
� Hidrófugo
� Folheado
• Aglomerado Fibras duras (Platex)
• Contraplacado
A utilização de sub derivados da madeira como:
• Folha de madeira natural
• Folha de madeira composta
• Orla de madeira
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1.3. Organização Produtiva
As empresas produtoras de portas e janelas maciças funcionam com sistemas organizacionais
de fabrico orientados para a encomenda, devido à especificidade do produto (quer na
variedade de medidas, quer de potenciais espécies de madeira).
Existe um prévio desenvolvimento de dossiers de produto que originam os diferentes modelos
de porta e janela (quer pelo desenho de molduras, quer pelos métodos de construção).
A maioria destas empresas adquire as madeiras já serradas, executando a subdivisão da
prancha e regularização de superfícies.
Já as empresas que fabricam portas interiores, têm grandes volumes de produção, o que
necessita de uma organização de produção diferente, com base num sistema MRP (Material
Requirement Planning). A definição de gamas operatórias e estrutura produtiva é
intensamente estudada. Todo este processo leva a uma manutenção de stocks mínimos para
manter prazos de entrega aceitáveis ao cliente.
Estas empresas detêm processos produtivos complexos, e tendo em conta os grandes volumes
de madeiras necessárias à fabricação do produto final, executam as operações desde o toro de
madeira até ao produto final, já montado, com acabamento e incorporando alguns elementos
subsidiários. Têm um produto com medidas standard, listando todas as opções de espécies de
madeira e acabamento no seu catálogo, afastando a produção “por medida”.
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2. CARPINTARIA DE INTERIORES
Por uma questão de simplificação e similaridade de processos, analisaremos grupos de
especialidades dentro da carpintaria de interiores, agrupando elementos da lista anterior, como
mostramos de seguida:
• Portaros
• Caixilharia Madeira e Madeira – Alumínio
• Perfis
• Aplicação e Montagem em Obra
2.1. Portaros
1.2.1. Estrutura Produto
PORTARO
Porta Aro Ferragens / Acessórios
Almofada Maciça
Travessa Superior
Travessa Central
Travessa Inferior
Borracha / Pingadeira
Couceira / Encabeçado
Verga / Ombreira
Marco / Montante
Dobradiças
Fechadura
Puxador Exterior
Puxador Interior
Perfil Borracha Isol.
Travessa Vertical
Mata Juntas
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Esquema 1 – Composição tradicional de uma porta maciça
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1.2.2. Fluxos produtivos (exemplo)
COUCEIRA / ENCABEÇADO
Serra Fita Multiserra
Garlopa
Desengrosadeira
Esquadrejadora / Radial
Furadora / Furadora Corrente
Molduradora
Furadora Semi-Automática
Lixadora / Calibradora
Tupia
Método Tradicional Método Optimizado
Lixadora / Calibradora
PORTA MACIÇA (Montagem)
Bancada Montagem (Estrutura) Linha Montagem Estrutura Portas
Prensa Colagem Manual
Bancada Montagem (Ferragem)
Acabamento (Lixagem)
Acabamento (Velatura)
Bancada Montagem (Ferragem)
Linha de Acabamento Automática
Embalagem
Acabamento (Tapa Poros)
Método Optimizado Método Tradicional
Acabamento (Lixagem)
Acabamento Verniz
Embalagem
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VERGA / OMBREIRA
Serra Fita Multiserra
Garlopa
Desengrosadeira
Esquadrejadora / Radial
Furadora / Furadora Corrente
Molduradora
Furadora Semi-Automática
Lixadora / Calibradora
Tupia
Método Tradicional Método Optimizado
Lixadora / Calibradora
ALMOFADAS MACIÇAS
Serra Fita Multiserra
Garlopa
Desengrosadeira
Bancada Colagem
Prensa Colagem Manual
Molduradora
Prensa Colagem Automática
Centro Controlo Numérico CNC
Esquadrejadora
Método Optimizado Método Tradicional
Tupia
Lixadora / Calibradora
Lixadora / Calibradora
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2.2. Caixilharia Madeira e Madeira – Alumínio
Existem diversas indústrias produtoras de portas e janelas com processos produtivos distintos.
Estes produtos podem ser em madeira maciça ou produtos compostos, incorporando
diferentes materiais para além da madeira.
As matérias primas utilizadas são diversas. A madeira, como base, tem
diferentes espécies consumidas. Os restantes materiais incorporados
(ferragens, alumínio, vidros, borrachas, etc.) são bastante relevantes no
processo tecnológico e no produto final.
As empresas fabricantes de portas e janelas detêm equipamentos que
executam as operações tradicionais na preparação de madeiras (cortar,
aplainar, moldurar, montar e acabar), completadas com outras
operações inerentes à especificidade dos produtos.
Os processos tradicionais para a produção de derivados de madeira, que
começam a partir do toro de madeira (tiragem de folha, preparação de
folha, preparação de estruturas, encoladoras, prensas,
galgadoras/alinhadeiras, lixadoras, etc), são um espelho das fábricas
tradicionais de portas interiores.
Surgem diversos equipamentos com tecnologias diferentes envolvidos nesta área produtiva.
2.2.1. Estrutura Produto
Janela Maciça
Folhas Aro Ferragens / Acessórios
Régua Batente
Travessa Superior
Couceira
Travessa Inferior
Borracha / Pingadeira
Aranha Horiz. / Pinázio
Verga / Ombreira
Marco / Montante
Tábua Peito / Peitoril
Dobradiças
Fechadura
Puxador Interior
Puxador Exterior
Perfil Borracha Isolante
Aranha Vertical / Pinázio
Mata Juntas
Vidros
Bite / Remate
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Esquema 2 – Composição tradicional de uma janela
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2.2.2. Processos de ligação
A necessidade de ligar e alongar a madeira é motivada pela limitação das secções e dos
comprimentos das madeiras serradas no mercado. O
mesmo acontece com as uniões de duas ou mais madeiras,
em sentido perpendicular ou oblíquo, para construir
qualquer elemento onde intervenha a madeira. As uniões
efectuam-se por meio de encaixes macho-fêmea ou chaves
que acoplam nas peças a unir. Para reforçar a união, em
alguns casos, utilizam-se elementos metálicos, tais como
pregos, parafusos, braçadeiras, etc.
Os processos de ligação utilizados na construção de portas
e janelas baseiam-se nas ligações tradicionais de furo e
respiga. A diversidade de perfis utilizados é inerente aos
diferentes tipos de utilização dos produtos, o que influencia os sistemas de ligação.
As portas têm sistemas diferentes de funcionamento (varrer, correr) o que diferencia também
o seu método de construção, bem como as ferragens aplicadas. Este
mesmo exemplo ainda se torna mais relevante para as janelas pois
têm ainda mais sistemas de funcionamento (varrer, correr,
basculantes, projectante, guilhotina).
A colagem das peças é um dos sistemas de unir peças de madeira
mais comum da indústria, sendo complementado por sistemas de
furos/cavilha ou furas/respiga tradicionais.
Com a introdução de novos materiais surgiram novos elementos de
ligação, como colas metal/madeira, borracha/madeira ou mesmo
isolantes acrílicos utilizados na impermeabilização de juntas e
uniões de caixilharia.
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2.1.2. Matriz Tecnológica
TIPO DE INDUSTRIA: CARPINTARIA INTERIORES
2.2.3. FLUXOGRAMA
DO PROCESSO
2.3. SITUAÇÃO ACTUAL PROPOSTAS / PERSPECTIVAS
MELHORIAS FUTURAS
(Actividades Principais) Tecnologia / Equipamento
Ferramentas / Materiais
Tecnologia / Equipamento
Ferramentas / Materiais
Preparação de madeiras
Serra Fita
Garlopa
Desengrossadeira /
Plaina
Serras fita
Porta lâminas /
Lâminas
Porta lâminas /
Lâminas
Multisserras/Alinhadeiras
Molduradora
Discos,
Apontadores laser
Porta lâminas /
Lâminas
Fresas de desbaste
Execução de Perfis
Tupia
Molduradora
Ferros / Fresas
perfiladas
Fresas perfiladas,
Lâminas Perfiladas
Molduradora
Fresas perfiladas,
Lâminas Perfiladas
Corte de madeiras
Esquadrejadora /
Radial
Discos de corte
Esquadrejadora
Discos de corte
Colagem de madeira
Encoladora
Prensa manual
Cola ureia
Prensa Automática
Cola melaminica
Montagem em carpintaria
Bancada Montagem
Carpinteiro de limpos
Formões, serra de
recorte, serrote de
mão, cola PVA,
etc.
Centros CNC
Linha Montagem
Fresas de corte,
fresas perfilada
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3.2.1. FLUXOGRAMA
DO PROCESSO
2.4. SITUAÇÃO ACTUAL PROPOSTAS / PERSPECTIVAS
MELHORIAS FUTURAS
(Actividades Principais) Tecnologia / Equipamento
Ferramentas / Materiais
Tecnologia / Equipamento
Ferramentas / Materiais
Acabamento de Caixilharia
Cabines Pintura
Produtos Químicos
Celulosos / Poliester
- Velatura;
- Tapa Poros;
- Verniz.
Pistolas de aplicação
Linhas de
Acabamento
Produtos Químicos
Aquosos
- Velatura;
- Tapa Poros;
- Verniz.
Comentário Adicional
Todas as propostas futuras pressupõem alterações de processos produtivos, mas essencialmente de organização do sistema de produção. Estas
estruturas criam capacidades produtivas elevadas, implicando reformulação das estruturas comerciais e de marketing.