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09‐09‐2010 Diego Gonçalves, Carmen ‐ Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra. [email protected] 1
II Congresso Internacional de RiscosVI Encontro Nacional de Riscos
Coimbra, 22 a 25 De Maio de 2019
4º PainelDesastres Naturais
Vulnerabilidade, Risco e Resiliência
Desastres NaturaisVulnerabilidade, Risco e Resiliência
• Desastres Nataurais
mitigadosreduzindo os seus efeitos nefastos
• Afectam
a economia(a infra‐estrutura dos países: perdas de emprego,...)
Mas, tambéma Estrutura Social (das comunidades afectadas:
desagregação de estruturas familares,...
ea Saúde física e psicológica dos seus membros
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• Acidente Natural
entendido como as consequências do
impacto de um evento natural (hazard)
num sistema sócio‐económicocom um determinado nível de vulnerabilidade
(a medir/determinar)
procurando que a sociedade afectada
lide adequadamente com esse impacto (Prevenção)
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• Vulnerabilidade aos desastres:
Descreve o grauatravés do qual se torna possível avaliar se um sistema sócio económico ésusceptível ou resiliente
ao impacto de acidentes naturais
Grau de vulnerabilidade: determinado por uma combinação de vários factores, incluindo:
Alerta precoce (e preparação); condições humanas; infra‐estrtucturas;políticas públicas e administração e organização de capacidades e recursosem todos os campos da gestão do risco
sendo a Pobreza uma das causas maiores de vulnerabilidade na maior parte do mundo
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– Risco de um desastre está relacionado com a probabilidade de o mesmo ocorrer e com as perdas que provoca
Na teoria da decisão: R=P*LOnde:P significa a probabilidade de um desastre ocorrer,e L significa o valor económico do que o desastre vai destruir.(Um desastre pode ter alta probabilidade de ocorrência mas induzir poucas
perdas, ou ter probabilidade pequena e poder causar grandes estragos: o risco poderá ser o mesmo num caso e noutro.
A avaliação do risco inclui:
– avaliação da vulnerabilidade e a previsão do impacto tendo em conta, desde logo, o risco aceitáve, definido para cada sociedade
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• Factores de riscorelacionados com as consequências negativas decorrentes destes eventos
• podem ser cumulativos, resultando em riscos associados e exponenciais quando co‐ocorrem
• O primeiro factor: a vulnerabilidade, que inclui índices de agregação (co‐ocorrência) de efeitos negativos em circunstâncias não comuns
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Risco de stress pós‐traumático
Em Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), American Psychiatric Association (DSM III‐R, APA, 1987), um evento traumático é definido como algo que está para além das experiências de vida humanas comuns
• Reconhece‐se, actualmente, a não raridade dos eventos traumáticos (que poderão conduzir a situações de stress pós‐traumático – PTSD)
Que podem ser caracterizados por– Serem súbitos, – Terem um forte impacto e uma causa externa, – Provocarem medo, desespero e horror aos indivíduos que os
experienciam
• Um trauma é uma ferida• PTSD refere‐se a feridas emocionais profundas• É uma resposta normal, de indivíduos normais, face a situações anormais
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• Resiliência está associada:• capacidade de reconstrução positiva dos indivíduos,• ultrapassando problemas ,• investindo em re‐significações, • e flexibilidade cognitiva
• Poderá ser accionada:
– Por um processo interactivo entre capacidades individuaise condições sociais, conjunturais ou estruturais.
• Para:
‐ Conseguir resultados em situações de alto risco;‐manter competências sob ameaças;‐ Ou, até, face a situações não esperados ou de baixa probabilidade de ocorrência,
como o caso dos sismos
• Transformando‐as em condições favoráveis em ordem à recuperação do trauma
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• MAS
• Resiliência não deve ser confundida com não vulnerabilidade
• Ser resiliente não significa ser não vulnerável
– Em certas circunstâncias, os indivíduos mostram‐se vulneráveis (sofram o impacto)
– No entanto, ao ser resilientes, demonstram a capacidade de recuperar do trauma, sem cair em situações de stress pós‐traumático
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• Determinar a Vulnerabilidadenão poderá ser apenas relacionada ao comportamento dos indivíduos
• É, também, uma questão colectiva, institucional, comunitário → SOCIAL
• Com implicações culturais, económicas e políticas
↓
Factor intrínseco de risco
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• Vulnerabilidade poderá ser expressa através de múltiplos factores:– Falta de consciência ou conhecimento do tipo de ameaças (vulnerabilidade cultural)
– Falta de organização social (vulnerabilidade social)– Falta de acesso aos recursos essenciais, incluindo a tecnologia (vulnerabilidade económica)
– Falta de dimensões legais, normativos e institucionais (vulnerabilidade institucional)
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Prevenção começa na escola ‐ família
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Importância da Comunicação
• Desenvolver informação para divulgação massiva• Difundir informação confiável (e.g. lista de feridos e falecidos, indicações para a realização de trâmites, centros de assistência)
• Informação acerca de manifestações emocionais espectáveis
• Elaborar ferramentas simples para facilitar a compreensão dos acontecimentos e actividades que estão a ser desenvolvidas
• A informação credível e compreensível gera confiança e favorece a recuperação individual e social
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Negação/Percepção do risco
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• Percepção do Risco
– Deverá ser entendida numa perspectiva multidisciplinar
• Relacionada com diversos factores:• Informação que circula no tecido social• Tipo de sociedade• Estilos de vida• Actividade Global• Reprodução/Diferenciação dos padrões do quotidiano• Satisfação das necessidades dos cidadãos• Cultural ambience
Bem como factores de:PersonalidadeExperiência individual e/ou grupalDisposição para correr riscosNíveis de escolaridade e sócio‐económico
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• A investigação nestes temas deverá enquadrar o comportamento individual em contextos sociais.
• Dum modelo de risco com base em satisfação de necessidades e pagamento de indemnizações por doença ou danos
• A predisposição à afectação (vulnerabilidade)• e a capacidade de recuperação (resiliência)• têm um papel fundamental nas acções de gestão do risco
• Deveremos agora lidar com um modelo de risco preocupado com a prevenção e promoção das capacidades sociais e humanas, no qual os indivíduos são agentes sociais com a sua própria ecologia e adaptação social.
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• A Saúde mental
deverá ser incluída em todas as medidas preventivas de mitigação dos riscos decorrentes da exposição a acidentes naturais tal como decorrentes de outros stressors
– E deverá ser objecto de análise científica
• A responsabilidade social deverá ser promovida pensando em medidas que previnam o risco de PTSD e co‐morbilidade associada
• A promoção da resiliência individual e social deverá ser objecto de medidas polítcas fundamental a participação da
comunidade
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Acções (preventivas de PTSD) de Saúde Mental
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Acções (preventivas de PTSD) de Saúde Mental
• A capacitação de todos os actores
• gera confiança e favorece a resiliência
melhora a percepção do risco
favorece a tomada de consciência
e o poder de acção e decisão das comunidades
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Resiliência Comunitária• Muitas comunidades baseiam as suas decisões no conhecimento local desenvolvido durante anos de observações e experiências
• Incorporar este capital cultural em estratégias para fortalecer a capacidade de resiliência e resposta das populações às ameaças
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Metodologia de InvestigaçãoTradicionalmente, a investigação sociológica nestas áreas assentava na recolha
de dados através das técnicas da entrevista e do questionário
Por exemplo:Chwen Cheng Chen, et al. (2003), “Psychiatric morbid and posttraumatic
symptoms among earthquake victims in primary care clnics”;
Stefan Priebe, et al. (2009), “Posttraumatic stress disorder six months after na earthquake. Findings from a comunity sample in a rural region in Italy”
Estes estudos assentam na recolha de dados com recurso a escala de medida para PTSD, nomeadamente a denominada de Breslau (Breslau et al., 1999)
E falam‐nos de prevalecentes taxas de PTSD 10 meses após o terramoto;bem como do facto de os pacientes terem tendência a negligenciar o evento
traumático (defesa – “esquecimento”).
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Metodologia de InvestigaçãoContudo, uma sociedade afectada por um recente evento traumático
estará menos preparada para participar em tais metodologias
A necessidade de estudo compreensivos, investigação de terreno, torna‐se pertinente:
(Wachtendorf, Tricia, et. al, 2006, faz estudo compreensivo sobre os impactos sociais e as consequências do tsunami de 2004 na Índia e Sri Lanka)
Consequentemente, a ideia da análise do "significado de textos", ouanálise do conteúdo de textos, que pudessem ajudar a "compreender o
momento"; isto é, o que se passa nos contextos sociais onde osindivíduos estão/"acabaram" de estar expostos a situações que poderão,
eventualmente, desencadear síndrome de stress pós‐traumático
corpus de análise: notícias, blogs (e outros depoimentos que habitualmente circulam no espaço virtual e que não têm sido alvo de pesquisa (até por não haver técnicas adequadas/ou trabalhadas, para tal
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