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Café, cores e iluminação: uma análise da cafeteria como ambiente de trabalho. Julho/2017 1 ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017 Café, cores e iluminação: uma análise da cafeteria como ambiente de trabalho. Dora Vainsencher Galvão – [email protected] Master em Arquitetura e Iluminação Instituto de Pós-Graduação - IPOG Recife, PE, 05/09/2016 Resumo O presente artigo aborda o crescimento significativo das cafeterias em consequência do aumento do consumo de café e de sua utilização como ambiente de trabalho. O estudo originou-se da constante frequência da autora nesses ambientes, seja pela adoração ao tradicional cafezinho aliado a uma boa leitura ou pela utilização do estabelecimento como escritório. A falta de uma iluminação adequada junto ao desconforto nesses ambientes muitas vezes repele o consumidor, que busca um lugar relaxante e atrativo para o descanso, ou mesmo o trabalho. Um bom projeto arquitetônico nas cafeterias, envolvendo a parte luminotécnica e a cromática, além da ambientação adequada a cada necessidade ou estilo de espaço são capazes de conquistar e fidelizar os mais variados tipos de clientes. O objetivo desta pesquisa é traçar diretrizes para tornar a cafeteria um lugar que possa abrigar também aqueles que desejam utilizar o ambiente como escritório, criando espaços capazes de oferecerem algo a mais aos seus clientes, como ambientes personalizados com capacidade para reunir grupos de múltiplas finalidades. Para tanto foram coletados dados a partir da observação e análise crítica profissional em diversas cafeterias do Recife (PE), junto à pesquisa bibliográfica de teses, artigos, dissertações e livros, por meio físico ou digital, acerca de temas como café, cores e iluminação. Os resultados encontrados indicam que há um processo de aprimoramento em andamento nesses estabelecimentos comerciais, ainda que lento, para aumentar o padrão de qualidade e assim conseguir se adaptar às novas funções que as cafeterias vêm ganhando. Porém, sem a ajuda de um profissional habilitado que consiga pôr em prática as necessidades do cliente junto ao consumidor final, poucos estabelecimentos conseguirão atravessar qualquer crise que possa vir acontecer à economia do país. Conclui-se, portanto, que sem planejamentos de qualquer ordem, sejam projetos arquitetônicos, investimentos, treinamentos constantes, pesquisas de qualidade, feedback e atualizações de qualquer âmbito, dificilmente uma cafeteria alcançará o sucesso almejado. Palavras-chave: Cafeteria. Cor. Iluminação. Ambiente de trabalho. Terceiro lugar. 1. Introdução No mundo atual nos deparamos constantemente com pessoas tentando escapar de alguma forma dos efeitos da globalização ou tentando se adaptar da melhor maneira às suas consequências. São sessões de cinema, um bate papo com amigos numa mesa de bar, uma leitura reconfortante numa cafeteria, ou uma simples caminhada no parque, sozinhos ou acompanhados, as pessoas sempre buscam algum hobby para pôr em prática ou alguma outra forma para diminuir o estresse e as tensões que cada um carrega consigo.

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ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017

Café, cores e iluminação: uma análise da cafeteria como ambiente de trabalho.

Dora Vainsencher Galvão – [email protected]

Master em Arquitetura e Iluminação Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Recife, PE, 05/09/2016

Resumo O presente artigo aborda o crescimento significativo das cafeterias em consequência do aumento do consumo de café e de sua utilização como ambiente de trabalho. O estudo originou-se da constante frequência da autora nesses ambientes, seja pela adoração ao tradicional cafezinho aliado a uma boa leitura ou pela utilização do estabelecimento como escritório. A falta de uma iluminação adequada junto ao desconforto nesses ambientes muitas vezes repele o consumidor, que busca um lugar relaxante e atrativo para o descanso, ou mesmo o trabalho. Um bom projeto arquitetônico nas cafeterias, envolvendo a parte luminotécnica e a cromática, além da ambientação adequada a cada necessidade ou estilo de espaço são capazes de conquistar e fidelizar os mais variados tipos de clientes. O objetivo desta pesquisa é traçar diretrizes para tornar a cafeteria um lugar que possa abrigar também aqueles que desejam utilizar o ambiente como escritório, criando espaços capazes de oferecerem algo a mais aos seus clientes, como ambientes personalizados com capacidade para reunir grupos de múltiplas finalidades. Para tanto foram coletados dados a partir da observação e análise crítica profissional em diversas cafeterias do Recife (PE), junto à pesquisa bibliográfica de teses, artigos, dissertações e livros, por meio físico ou digital, acerca de temas como café, cores e iluminação. Os resultados encontrados indicam que há um processo de aprimoramento em andamento nesses estabelecimentos comerciais, ainda que lento, para aumentar o padrão de qualidade e assim conseguir se adaptar às novas funções que as cafeterias vêm ganhando. Porém, sem a ajuda de um profissional habilitado que consiga pôr em prática as necessidades do cliente junto ao consumidor final, poucos estabelecimentos conseguirão atravessar qualquer crise que possa vir acontecer à economia do país. Conclui-se, portanto, que sem planejamentos de qualquer ordem, sejam projetos arquitetônicos, investimentos, treinamentos constantes, pesquisas de qualidade, feedback e atualizações de qualquer âmbito, dificilmente uma cafeteria alcançará o sucesso almejado. Palavras-chave: Cafeteria. Cor. Iluminação. Ambiente de trabalho. Terceiro lugar. 1. Introdução No mundo atual nos deparamos constantemente com pessoas tentando escapar de alguma forma dos efeitos da globalização ou tentando se adaptar da melhor maneira às suas consequências. São sessões de cinema, um bate papo com amigos numa mesa de bar, uma leitura reconfortante numa cafeteria, ou uma simples caminhada no parque, sozinhos ou acompanhados, as pessoas sempre buscam algum hobby para pôr em prática ou alguma outra forma para diminuir o estresse e as tensões que cada um carrega consigo.

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Por outro lado, aqueles que perderam o emprego e estão recomeçando de maneira independente, ou aos que preferem não ter um espaço físico fixo de trabalho, também estão frequentando mais alguns desses locais, onde é possível se concentrar e deixar a criatividade fluir. Alguns estabelecimentos comerciais têm essa função, de fornecer ao cliente esse acolhimento e relacionamento mútuo, como os restaurantes, os bares e, em especial, as cafeterias. A teoria do Third Place, ou terceiro lugar, refere-se ao conceito de construção de comunidades introduzido pela primeira vez por Ray Oldenburg, sociólogo americano, em 1982. Prazer e lazer são duas características importantes na cultura de consumo de hoje. Massas de consumidores desfrutam do lazer fora de casa e do trabalho em “terceiros espaços”. Segundo Oldenburg (1999, apud BARBOZA, 2014:1), as cafeterias são analisadas como um terceiro espaço que os indivíduos utilizam como um meio de se manterem em contato com a realidade através de laços pessoais íntimos fora de casa e do local de trabalho. Em um de seus livros, The Great Good Place, Oldenburg afirma que as comunidades que são estáveis são compostas de um primeiro lugar, a casa, e de um segundo lugar, no caso o local de trabalho do indivíduo. Os terceiros lugares possuem funções importantes para a sociedade civil, para a democracia, para a participação cívica, além de estabelecerem um sentido para o uso do espaço. Um terceiro espaço é definido em termos de sua função, que é a de fornecer um espaço público informal onde a comunicação e o diálogo são atividades essenciais e acessíveis a todos os membros de uma comunidade, facilitando e promovendo a interação criativa entre estes (BARBOZA apud OLDENBURG, 2014:1). Vemos hoje um crescimento exagerado de cafeterias, lotadas, com os mais variados tipos de público, desde o mais simples lazer à utilização como ambiente de trabalho. Na maioria dos casos, fica evidente que o café constitui um coadjuvante no cotidiano do recifense, onde a noção de acolhimento e a inserção social que as cafeterias proporcionam aos seus clientes parecem sobressair-se ao próprio hábito de consumo da bebida. Para melhor compreender o poder de influência do café sobre a população é importante ressaltar alguns estudos feitos, como o mercado das cafeterias, a necessidade pro trás da abertura de uma empresa deste ramo, em seus aspectos arquitetônicos, de design de interiores e de iluminação, presentes nos espaços para o bom funcionamento. Com o mercado cada vez mais competitivo, as diversas modalidades de comércio que buscam se destacar no meio necessitam de análise e planejamento detalhado para tanto. O êxito de um empreendimento está ligado à maneira com que o local satisfaz sua clientela e, desta maneira, a fideliza. Para tanto, é necessário dispor de estratégias de marketing adequadas ao local. A utilização de estratégias de marketing apropriadas e coerentes com as possibilidades financeiras de um empreendimento impulsionará o mesmo a disputar seu lugar de maneira eficaz no mercado em que atua. De uma maneira geral, a definição de marketing é dada pelo conjunto de ferramentas que torna a empresa perdurável e cada vez mais competitiva. De acordo com Bragatto (2013) o papel do marketing pode ser definido como a identificação das necessidades não satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que proporcionem a satisfação dos consumidores, gerem resultados aos empreendedores e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral. Segundo Bigoni (2007) para favorecer e incrementar as vendas os lojistas devem atender a algumas premissas como: melhoria da imagem como fator de diferenciação, criação de um ambiente adequado, despertar o interesse, atrair os clientes, criar disposição de permanecer no

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local e criar uma situação de consumo na loja. Essas premissas, quando voltadas para a cafeteria, podem ser facilmente atendidas despertando os sentidos do consumidor: para a visão, uma ambientação confortável aos olhos e uma iluminação adequada, dando destaques em determinados pontos e oferecendo luz ideal para leitura ou trabalho; já o tato pode ser despertado com os diferentes revestimentos e mobiliário do local; para o paladar, lanches e bebidas capazes de provocar a repetição e fazer o cliente querer voltar sempre; atrelado ao paladar tem-se o olfato, sendo estimulado pelo delicioso aroma dos produtos servidos no estabelecimento; e, por fim, a audição, sendo provocado por um som ambiente, de músicas tranquilas ou sons característicos do local, como o barulho do café expresso sendo preparado. A satisfação das necessidades e desejos dos clientes costuma ser realizado através de combinações geradas pelo produto vendido, preço estabelecido, forma de tratamento dispensada e conforto encontrado durante o tempo de permanência no local. Porém, tão importante quanto conquistar novos clientes, é conseguir mantê-los fiéis. Uma vez satisfeitas suas necessidades as empresas conquistam a fidelidade dos mesmos, obtendo retorno através de um sistema de trocas, onde a arquitetura e a iluminação são dois dos principais elementos do processo. Este artigo propõe a criação de espaços agradáveis e tranquilos na cidade do Recife que supram a necessidade da população que busca locais com boas estruturas, seja para a realização de trabalhos, estudos ou de atividades de lazer, utilizando como base os conceitos de arquitetura, design e iluminação. Compõe o artigo, além desta introdução, outras quatro seções, onde serão mencionados itens importantes como o consumo do café no Recife, as cores ideais para uma cafeteria, aliado a uma boa iluminação e arquitetura de interiores, bem como algumas diretrizes para a cafeteria ser eleita pelos consumidores como um ambiente de trabalho. Por fim será descrita a metodologia empregada para a pesquisa de trabalho, os resultados obtidos com os estudos de caso realizados, as conclusões finais e as referências bibliográficas utilizadas como embasamento deste artigo. 2. O café e seu consumo no Recife O café é muito apreciado e está nos hábitos de todo o mundo contemporâneo, tem um grande valor econômico no comércio internacional e principalmente no Brasil onde a bebida ocupa o segundo lugar no ranking dos mais consumidos, atrás apenas da água. Enquanto produto alimentício, o café está fortemente ligado à rotina dos brasileiros, seja como principal item de consumo em espaços comerciais, nos lares, ou como complemento aos demais produtos oferecidos. Os brasileiros estão consumindo cada vez mais xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida, adicionando ao café filtrado consumido nos lares, também os cafés expressos, cappuccinos e outras combinações. No passado o ‘cafezinho’ era apreciado por um público mais velho, porém recentemente pesquisas feitas revelam que a faixa etária dos consumidores tem mudado. A Abic (Associação Brasileira das Indústrias do Café), com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, anualmente realiza pesquisas e, na última constatou que, entre os anos de 2003 e 2010, o percentual de pessoas que declararam, espontaneamente, ter o café entre as bebidas habituais e que o haviam consumido no dia anterior e no dia da pesquisa aumentou de 85% para 91% na faixa dos 15 aos 19 anos; de 83% para 90% na faixa dos 20 aos 26 anos; de 86% para 94% na faixa dos 27 aos 35 anos e acima dos 36 anos, de 96% para 98%.

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Além de comprar mais café, parte dos consumidores já demonstra interesse em um produto mais qualificado. Segundo pesquisa da Abic, tomando como referência o ano de 2008, houve um aumento no índice da população que está disposta a pagar mais por um café de qualidade superior, sendo este um ponto decisivo na opção de compra. No gráfico 01 pode-se constatar tal afirmação, uma vez que mostra um considerável aumento no consumo de cafés especiais, principalmente da classe A.

Gráfico 01 – Evolução do consumo de cafés especiais por classe econômica Fonte: ABIC, 2010 – elaborado por SEBRAE/PE, 2011

Os cafés especiais são feitos de grãos de qualidade superior, que possuem alta pureza e uniformidade, e seguem um processo rigoroso de colheita, onde são selecionados apenas os grãos maduros. Quanto à bebida, os cafés especiais possuem características específicas como doçura, aroma e suavidade, que estão agradando e ganhando força no mercado brasileiro como um todo. Recife acompanha essa tendência, que é alavancada tanto pelo aumento do poder aquisitivo da população, quanto pelo nível de exigência dos consumidores de café, que demandam, cada vez mais, um produto diferenciado. O custo mais elevado na produção reflete um preço de venda acima da média, se comparado aos cafés comuns; esta característica interfere no local para comercialização, atuando também como um selecionador de mercado. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) o momento atual é ideal para o crescimento das cafeterias e similares, impulsionado pela demanda de qualidade e exclusividade. Os novos espaços de cafeterias contam com ambientes cada vez mais sofisticados e diversificados. Seguindo uma tendência do mercado nacional, as cafeterias têm conquistado cada vez mais espaço no cotidiano das pessoas, o que tem provocado novos investimentos neste segmento. O gosto mais exigente do consumidor e a procura por sabores e experiências diferenciadas são apontados pela Abic como os principais fatores para o sucesso desse novo tipo de cafeteria. Uma pesquisa anual feita pela entidade aponta que a maioria das vendas em 2015-2019 será gerada pelo produto em grãos e pelo café moído, porém, com maior atenção aos "gourmetizados" e aos especiais que são vistos como sinal de status. Na capital pernambucana, o movimento de abertura destas casas especializadas em cafés diferenciados tem se fortalecido desde o fim do ano de 2014, quando novas cafeterias -

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inspiradas no mercado internacional - começaram a se proliferar nos mais diversos bairros da cidade. Em maio de 2016, para promover um maior conhecimento a respeito dos cafés especiais, incentivar o consumo e estimular o comércio local, Recife foi palco do Circuito Recife Coffee, evento onde várias cafeterias independentes reuniram um cardápio especial para os consumidores, composto de um café, um salgado e uma sobremesa, tudo a um preço fixo. O evento contou ainda com vários workshops, que apresentaram desde um conhecimento mais aprofundado do café, passando por cursos de elaboração de cafés comuns e especiais, com degustação dos mesmos. 3. As cores e sua influência na cafeteria O design sempre foi e ainda é um dos elementos mais importantes no projeto de estabelecimentos comerciais. É um componente criativo que, corretamente trabalhado, terá a capacidade de transformar os ambientes em locais totalmente diferentes e inusitados. Segundo Gurgel (2014) o design “é a arte de combinar formas, linhas, texturas, luzes e cores para criar um espaço ou objeto que satisfaça três pontos fundamentais: a função, as necessidades objetivas e subjetivas dos usuários e a utilização coerente e harmônica dos materiais”. O design é fundamental na hora de criar as diferentes atmosferas para os diferentes tipos de pessoas que se intenciona agrupar. As características de cada público-alvo determinarão como deverá ser o resultado visual, funcional e ergonômico para que o espaço seja eleito o terceiro lugar preferido pelo público desejado. A cor, como um dos constituintes do design, tem grande influência no resultado final de um ambiente podendo, inclusive, intervir no psicológico e no comportamento das pessoas que frequentam aquele espaço. As cores estimulam os sentidos e podem encorajar o relaxamento, o trabalho, o divertimento ou o movimento. Podem transmitir sensação de calor ou frio, alegria ou tristeza, ou ainda estimular o apetite. Gurgel afirma que as cores têm entre as suas funções criar diferentes atmosferas, alterar visualmente as proporções de um ambiente e corrigir imperfeições arquitetônicas, aquecer ou esfriar um ambiente, valorizar e criar centros de interesse, além de influenciar o estado de espírito dos consumidores. Contudo, a seleção de cores para obtenção de resultados específicos deve ser cuidadosa. A dosagem adequada de seu emprego e a escolha das demais cores que terão que coexistir, refletirá no efeito desejado. Há de se considerar, ainda, fatores como idade, sexo, cultura, raça, que podem influenciar nas preferências por cores ou até nos efeitos destas. As cores que o ser humano enxerga são uma decorrência da sensibilização do órgão visual para determinados comprimentos de onda (as quais compõem a luz). Da mesma forma, essa sensação visual chega à percepção humana carregada de associações psicológicas. Elas podem transmitir mensagens e tendem a predispor determinados estados de humor, desencadeando emoções, modificando comportamentos e, por vezes, alterando o funcionamento do organismo. O canal físico de informação da cor do ser humano são os olhos. É através dos sentidos, especificamente o da visão, pela luz, que o homem é informado sobre o meio externo. Os olhos dão a configuração espacial, permitindo o equilíbrio postural e possibilitando o reconhecimento de objetos quanto a sua forma, cor, tamanho, mobilidade e luminosidade. Sabe-se, através de pesquisas, que as cores atuam sobre a espécie humana não só pelo canal perceptivo da visão, comunicando algo, ou seja, transmitindo mensagens aos quais se atribui

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significados, mas também através da luz, pelas ondas de energia e, portanto, eletromagneticamente - a chamada cromoterapia, prática de utilização das cores na cura de doenças. Ao entender a amplitude de possibilidades interativas das cores, a necessidade de pensar no conjunto torna-se absoluta. As proporções do trabalho, o local em que este será exposto, a luz que incidirá sobre ele, tudo é interação cromática. Segundo Pedrosa (2014) a cor apresenta uma infinidade de variedades, geradas por particularidades dos estímulos, dizendo mais respeito à percepção do que à sensação. Guiados pelos dados perceptivos, os estudiosos do assunto puderam iniciar um levantamento de classificação e nomenclatura das cores, segundo suas características e formas de manifestação, das quais valem citar as cores primárias, secundárias, terciárias, complementares, frias e quentes.

Os estímulos que causam as sensações cromáticas estão divididos em dois grupos: o das cores-luz e o das cores-pigmento. A cor-luz (luz colorida) é a radiação luminosa visível que tem como síntese aditiva a luz branca. Sua melhor expressão é a luz solar, por reunir de forma equilibrada todos os matizes existentes na natureza. (...) A cor-pigmento é a substância material que, conforme sua natureza, absorve, refrata e reflete os raios luminosos componentes da luz que se difunde sobre ela. É a qualidade da luz refletida que determina a sua denominação. (PEDROSA, 2014:20)

As cores primárias ou geratrizes são as que não se podem decompor. Estas, se misturadas em proporções variáveis, resultam em todas as cores do espectro eletromagnético (luz visível). Para os que trabalham com cor-luz, as primárias são o vermelho, o verde e o azul-violetado. Já para os artistas e os que trabalham com a cor-pigmento, as cores indecomponíveis são o vermelho, o amarelo e o azul. A cor secundária é a cor formada em equilíbrio óptico por duas cores primárias. Assim, tomando por base as cores-pigmento, da junção do vermelho com o amarelo, tem-se a cor secundária laranja; da junção do amarelo com o azul, tem-se o verde; e da síntese do azul com o vermelho, chega-se na cor secundária violeta. Por cor terciária entende-se como a intermediária entre uma cor secundária e qualquer das duas primárias que lhe dão origem, a exemplo do azul-violetado, como resultado da junção da primária azul com a secundária violeta. Cores complementares são aquelas cuja mistura produz o branco. Essa formulação é adotada em Física desde os estudos de Isaac Newton (1642-1727) e é empregada até os dias atuais. Pedrosa (2014) diz que “a cor complementar é a designação dada à cor secundária, pelo fato de que ela, justaposta à cor primária que não entra em sua composição, complementa o espectro solar. Pela mesma razão, uma cor primária, quando justaposta à secundária, formada pelas outras cores primárias, é também denominada complementar”. A divisão entre cores quentes e frias baseia-se unicamente na percepção humana e nas experiências e teorias que surgiram sobre o tema ao longo da história. As cores quentes vão desde o amarelo até ao vermelho, e incluem o laranja e todas as cores intermediárias. Já as cores frias englobam os azuis e os verdes, bem como as outras cores predominadas por eles. Os verdes, violáceos, carmins e uma infinidade de tons poderão ser classificados como cores frias ou como cores quentes, dependendo da percentagem de azuis, vermelhos e amarelos de suas composições. Além disso, uma cor tanto poderá parecer fria como quente, dependendo da relação estabelecida entre ela e as demais cores de determinada gama cromática.

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Do ponto de vista psicológico as cores quentes são dinâmicas e estimulantes, sugerindo vitalidade, excitação e movimento. Pesquisas revelam que pessoas expostas ao ambiente com tais cores tiveram seus batimentos cardíacos acelerados e pressão arterial aumentada. Já nos indivíduos expostos ao ambiente de cores frias foi percebido o oposto: a diminuição dos batimentos cardíacos e pressão arterial, devido às suas capacidades de serem calmantes e suaves, dando a sensação de relaxamento, descanso e paz. De acordo com Gurgel (2014) cores frias, principalmente as de tons pastéis, têm o efeito de aumentar visualmente os ambientes. Criam ilusões de profundidade e transmitem a sensação de frescor e amplitude, além de ajudarem no desenvolvimento da percepção. Se corretamente aplicadas, podem influenciar no ambiente de trabalho, estimulando a criatividade e aliviando o estresse e a tensão. Por outro lado não são indicadas em lugares onde há pouca incidência de luz natural, pois se tornam depressivas e monótonas, transmitindo sensações de frio e solidão. Apesar de as cores quentes excitarem o Sistema Nervoso Central (SNC), iluminarem e aquecerem o ambiente, atuando favoravelmente na vitalidade e no aconchego, se utilizadas de forma incorreta podem gerar estresse e discussões, aumento de apetite e diminuição visual dos espaços. Estão associadas a atividades de alerta e agressivas. Alguns fatores podem influenciar no resultado final da escolha de cores nos ambientes, como a área de aplicação da cor e, consequentemente, sua textura, a temperatura do ambiente (que pode alterar a percepção do espaço) e, principalmente a qualidade e quantidade de iluminação fornecida. Quanto à textura, deve-se lembrar de que quanto mais rústicas, mais ásperas forem, mais apagadas serão as cores nessas superfícies, ao contrário das lisas e brilhantes, que as acenderão. Gurgel (2014) diz que “luz e cor não podem e não devem ser pensadas independentemente. A quantidade, o tipo e a qualidade da luz podem alterar completamente uma cor. Determinada cor pode alterar completamente a quantidade, o tipo e a qualidade da luz incidente e refletida sobre ela. Portanto, elas devem ser pensadas em conjunto”. Por isso, mais adiante serão elucidados alguns quesitos relacionados à iluminação. O círculo cromático, idealizado por vários estudiosos, desde Leonardo da Vinci (1452-1519) a Josef Albers (1888-1976), é amplamente utilizado em estudos cromáticos, de harmonia entre cores e classificação por tonalidade, pelos mais variados tipos de profissionais em diferentes áreas. A estrutura organizacional dos círculos cromáticos é baseada na ordenação das cores encontradas no arco-íris, e está demonstrado na figura abaixo.

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Figura 01 – exemplo de círculo cromático e suas variantes Fonte: http://decorarcomflores.com.br/como-combinar-as-flores-roda-de-cores/, acesso em 22/08/2016

O uso da cor em ambientes de trabalho é um fator muito importante, por representar um auxiliar eficiente na promoção da saúde, segurança e bem-estar de todas as pessoas que frequentam o local, sejam eles trabalhadores ou clientes – no caso das cafeterias. Estudos de diversos autores sugerem que a cor pode ser usada para auxiliar os indivíduos a se sentirem física e emocionalmente mais confortáveis nos locais de trabalho. Tais estudos sustentam a noção de que a cor é capaz de propiciar reações psicológicas positivas (reações estas relacionadas ao humor, satisfação e motivação); aumentar o desempenho do trabalhador, resultando em maior produtividade; melhorar o padrão de qualidade do trabalho desempenhado; diminuir a fadiga visual, através da adaptação dos contrastes; reduzir o índice de acidentes; melhorar o clima social de trabalho; facilitar a conservação e limpeza do ambiente. Quando se pensa em cafeteria logo se remete a espaços agradáveis e aconchegantes, para conversar, estar entre amigos, ou para simplesmente tomar aquele café depois do almoço, fazer uma pausa para o descanso ou ainda trabalhar. Para tanto, o estudo cromático aliado a

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outras variáveis como, por exemplo, o público alvo e o local de implantação do negócio se faz necessário para garantir que o mesmo vá trazer ao consumidor esse local de relaxamento ou ambiente propício ao trabalho. Ao pensar em espaços agradáveis e aconchegantes, no quesito cor, logo vem à mente cores em tons claros, pastéis, que transmite calma e tranquilidade. Elas podem e devem ser exploradas não só nas paredes, mas também nos móveis, complementos e objetos de decoração. Por outro lado, sabendo harmonizar essas cores, as de tons quentes também podem ser utilizadas. Entra aí, a questão da interpretação do local e o feeling do profissional, levando em conta as necessidades do cliente e o bem-estar dos consumidores. A paleta de cores da cafeteria que tem como público alvo aqueles que a utilizam como local de trabalho deve propiciar conforto e bem-estar, criatividade e concentração, remetendo, respectivamente, ao lazer e ao trabalho. Diante destes fatos e sabendo quais as características de cada uma das cores acromáticas e as do círculo cromático (ver anexo 01) pode-se partir para a especificação das mesmas, sem medo de errar, complementando as escolhas de revestimentos com os objetos de decoração, conferindo harmonia estética, conforto visual e incentivo à convivência social. Como exemplo de concept board – ferramenta muito útil para formar conceitos, através de pesquisas de imagens quanto a móveis, objetos de decoração, luminárias, quadros, papéis de parede – pode-se citar tons terrosos, como o marrom e suas nuances que remetem ao café (podem e devem ser usados amplamente), aliados aos tons mais alegres e que concentrem, como leves toques de laranja, roxo ou berinjela e azul.

Figura 02 – exemplo de concept board Fonte: www.pinterest.com, acesso em 24/08/2016

4. O projeto arquitetônico e luminotécnico conquistando os consumidores

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A cultura de saborear o café, espalhada por todos os continentes, faz com que diferentes públicos busquem diferentes espaços por diferentes razões. Assim sendo, projetar uma cafeteria passou a ser uma tarefa mais complexa do que simplesmente servir um bom café e distribuir pelos ambientes um balcão e alguns conjuntos de cadeiras e mesas. Os consumidores, cada vez mais exigentes, procuram ambientes onde possam sentir imediatamente que pertencem ao espaço e ao grupo que o frequenta. Para os conhecedores da iguaria, a certeza de um bom café e uma experiência sensorial podem ser fatores suficientes para a escolha de determinado local como favorito. Nesse caso, a solução de design e do visual não seria tão relevante, pois o que buscam é o café propriamente dito. Mesmo assim, a possível abertura de um novo espaço com café tão bom quanto o anterior, mas que tenha um apelo visual mais interessante, pode significar uma mudança de hábito e a troca do espaço eleito como terceiro lugar pelo novo ambiente. Já um público mais amplo, que busca um bom café aliado a conforto, socialização, internet gratuita, música ambiente, TV por assinatura, local para escritório, entre tantos outros, tenderá a escolher uma cafeteria para frequentar, sobretudo pelo aspecto visual e de design do que propriamente pelas qualidades da bebida. Para se conceber ambientes adequados de trabalho é necessário aliar à funcionalidade dos projetos, aspectos agradáveis, convidativos e acolhedores; optar por uma construção alegre, clara e limpa, que considere também aspectos relativos à iluminação, à ventilação, com espaços abertos e áreas de circulação, predispondo favoravelmente o espírito daqueles que o frequentam. Para tanto serão abordados a seguir alguns tópicos fundamentais para a elaboração desse empreendimento. 4.1 O projeto arquitetônico O projeto arquitetônico é complexo, pois envolve soluções técnicas e artísticas, resultando da manipulação criativa de diferentes elementos, tais como funções, volumes, espaços, texturas, luz, materiais, componentes técnicos, custos, desempenho e tecnologia construtiva. Diferentes métodos, ferramentas, técnicas e formas de representação são necessários para lidar com diversas variáveis, como sociais, culturais, legais, funcionais, estéticas, econômicas, psicológicas, tecnológicas e de conforto ambiental. Para a criação de um projeto de cafeteria é ideal pensar no conceito inicial do empreendimento, bem como efetuar um levantamento dos objetivos do empreendedor, as características físicas, a localização geográfica, o design aliado ao público alvo, os materiais utilizados, os produtos oferecidos e como estes aspectos poderão atrair a atenção dos clientes àquele local. Além disso, o projeto poderá trabalhar com o psicológico de seus consumidores, ou seja, imprimir sensações, como aconchego e tranquilidade, capaz de levá-los a um local completamente distinto de sua rotina. A exemplo de Brondani tem-se que:

Um bom projeto deve aproveitar as oportunidades da arquitetura e decoração para potencializá-las e valorizá-las visualmente, prevendo pontos, cargas, circuitos e controles dedicados a cada solução. Assim, com as informações definidas, inicia-se o desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os ambientes, criando efeitos. O projeto deve ser intensamente discutido com os gerenciadores do negócio, que conhecem o tipo de cliente a ser atendido e os objetivos do empreendimento. (BRONDANI, 2006:56 apud GODOY, 2000)

Considerando os estudos de viabilidade previamente feitos para a implantação da cafeteria, a escolha da localização - o ideal é que seja próximo a áreas comerciais e empresariais ou

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mistas, já que nas áreas onde predominam residências estudos comprovam a ineficiência destes estabelecimentos - e o público-alvo especificado – neste caso o predomínio é que sejam trabalhadores autônomos ou que tenham horários e locais flexíveis de trabalho, bem como a classe econômica a que se deseja atingir (de acordo com estudos feitos pelo SEBRAE e Abic a classe econômica majoritária desses estabelecimentos são a A e B), pode-se partir para o estudo das características construtivas, como a acústica a ser trabalhada nos ambientes e o conforto ambiental e ergonômico, além da preocupação com a acessibilidade. Da acústica a ser trabalhada leva-se em conta o tipo de material a ser utilizado na construção e em quais locais devem ser empregados. Os ruídos dificultam a comunicação entre pessoas causando, entre outros fatores, irritação e a consequente escolha por outro estabelecimento como terceiro lugar. A fim de se evitar esse êxodo o ideal é utilizar elementos de isolamento acústico nas paredes, tetos e pisos, fazendo uso de sistemas de materiais que minimizem a propagação de ruídos e aumentem a qualidade do som para as pessoas que entram e convivem no ambiente. E, para criar um clima agradável e aconchegante, a instalação de caixas de som no estabelecimento será um diferencial na escolha como favorito. No quesito conforto ambiental deve-se ater às condições climáticas em que se está inserido a construção; tentar se utilizar ao máximo da iluminação natural, prevendo janelas e aberturas estratégicas de acordo com sua localização geográfica e uso do ambiente. Quando possível, deve-se acomodar os consumidores em locais onde o sol é nascente, deixando a área de serviços para o sol vespertino. Por conforto ergonômico entende-se a preocupação do indivíduo quando da utilização do mobiliário. Este deve proporcionar condições de boa postura, visualização e operação, resultando no máximo conforto possível. É essencial que o mobiliário esteja de acordo com os parâmetros recomendados pela Norma de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos (ABNT NBR 9050/2015), recentemente atualizada, e pela Norma Regulamentadora 17 (NR-17), no capítulo de ergonomia. Além disso, a acessibilidade também é vista na NBR 9050/2015 e é preciso ser prevista as adaptações ainda no estudo de viabilidade, e engloba tanto a parte construtiva, como rampas, pisos táteis e acessos livres de obstáculos, quanto a de interiores, com mobiliário adequado e sinalizações apropriadas para o uso de todos. Outro ponto importante é estar de acordo com as exigências da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, sempre em dia com os certificados de uso e licenças de funcionamento. Itens como rota de fuga e espaço próprio para armazenamento, limpeza e cocção de alimentos devem ser previstos também no projeto. A fachada não deve ser esquecida, pois é um importante meio de comunicação visual da cafeteria. De acordo com Toyoda:

A frente da loja é o que define o ambiente e a identidade da cafeteria; os móveis, a decoração, a iluminação, o tipo de chão, as cores, a música ambiente. Este conjunto influencia na percepção do cliente sobre a experiência positiva ou negativa do local. O ambiente deve ter boa sinalização, orientando o cliente como funciona a loja, ajudando a identificar os produtos e informando preços. É muito importante usar o ambiente para educar o cliente sobre o mundo do café. (TOYODA, 2014:16 apud SEBRAE, 2013)

As cafeterias, quanto às características físicas, possuem normalmente design sofisticado e moderno para atrair o público que deseja, com mobiliário aconchegante e estilizado, e

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apresentando iluminação adequada para criar um clima harmonioso, buscando o conforto do cliente para poder estimulá-lo a uma permanência maior no espaço e, dessa forma, fidelizá-lo. No quesito tecnologia, é importante que a empresa se preocupe com o bem-estar dos consumidores disponibilizando televisões, sistema de acesso à internet e várias tomadas em locais estratégicos para carregamento de equipamentos eletrônicos. Quanto às características perceptivas as pessoas devem se sentir bem e, para isso, um bom atendimento é crucial. Investir em treinamentos e pesquisas de qualidade fará a diferença para o estabelecimento, além de criar uma inter-relação social e prazerosa entre consumidor e empreendedor. Os clientes aliarão uma boa apresentação do projeto arquitetônico, incluindo a parte de ambientação, ao bom atendimento e ótimos produtos servidos. Criar uma identidade única na cafeteria, somando todos os elementos fundamentais citados acima, é ter sucesso e lucratividade no espaço planejado. 4.2 O projeto luminotécnico Em um projeto de iluminação deve-se levar em conta aspectos como as dimensões e zonas perimetrais do espaço, os detalhes da estrutura e as características do edifício, o pé-direito, a quantidade de luz natural incidente no ambiente, saber o grau de reflexão e as cores das superfícies, os materiais utilizados nos elementos construtivos e o tipo de mobiliário previsto para o ambiente. Todos esses detalhes irão permitir que as formas espaciais, subdivisões e modulações possam expressar-se através dos tipos de luminárias e lâmpadas que finalizarão a harmonia do local, criando os contrastes desejados e prevenindo o ofuscamento ou a existência de áreas demasiadamente escuras. Com isso, deve-se priorizar o clima aconchegante e descontraído que prevalece na cafeteria como um todo. A iluminação pode e deve complementar e destacar os elementos da ambientação, criando atmosferas distintas e valorizando o resultado final. Contrastes são definidos como as diferenças entre luz, brilho ou tons entre duas cores que as fazem ser mais ou menos distinguíveis. No sentido perceptivo, é a avaliação da diferença de aspecto de duas ou mais partes do campo observado, justapostos no espaço ou no tempo – de onde se pode ter o contraste de luminância, o contraste de claridade, o contraste de cor, o contraste simultâneo, entre outros (ABNT, 1991). O ofuscamento é entendido como a sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo de visão, que pode ser experimentado tanto como um ofuscamento desconfortável quanto um ofuscamento inabilitador (ABNT, 2013); é a condição de visão na qual há desconforto ou redução da capacidade de distinguir detalhes ou objetos, devido a uma distribuição desfavorável das luminâncias, ou a contrastes excessivos (ABNT, 1991). O ofuscamento desconfortável é aquele que perturba ou prejudica o senso de bem-estar, enquanto que o inabilitador é aquele que causa deficiência direta na visão e é mais comum na iluminação exterior, mas também pode ocorrer em uma iluminação pontual ou em fontes com extremo brilho. É importante tratar do ofuscamento nos usuários através de proteções contra a visão direta das lâmpadas, como as aletas parabólicas ou os vidros foscos, presentes em determinadas luminárias, ou por anteparos em janelas, como os brises, para prevenir erros e fadigas, ou mesmo causar acidentes. A iluminação indireta, obtidas por meio de sancas, nos ambientes também é uma opção para evitar o ofuscamento. Bigoni (2007) diz que um projeto de iluminação leva em conta que 80% da percepção do ser

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humano se dá pela visão, tornando a iluminação uma aliada extremamente importante nas vendas e que vem sendo largamente utilizadas pelos empresários. Outro fator a ser ressaltado também é que a alternância de luz direta com a indireta pode determinar comportamentos diferenciados, provocando maior ou menor satisfação no consumo. A percepção pode ser definida como ”a função psíquica que permite ao organismo, através dos sentidos, receber e elaborar a informação proveniente de seu entorno” (LIMA, 2010). A percepção visual é um processo no qual está envolvido algo mais que somente o olho, pois é o cérebro quem determina quais características dos objetos serão merecedoras de atenção. Já a sensação, é tida como um fenômeno psíquico elementar que resulta da ação de estímulos externos sobre os órgãos dos sentidos. Quanto melhores forem as condições propiciadas pelo ambiente, menor será o esforço físico que o olho terá de fazer para se adaptar às condições ambientais e desenvolver bem a atividade em questão. O conforto visual deve ser um dos principais aspectos a ser considerado no design de ambientes de trabalho e, para isso, é preciso controlar a reflexão da luz nas superfícies. O piso, por ser uma das maiores superfícies num projeto, juntamente com o teto, deve ser trabalhado com cuidado, pois quanto mais polido for o piso, maior será a refletância da luz. Na tabela abaixo estão algumas das recomendações dos índices de reflexão, que é a porcentagem de luz refletida por uma superfície em relação à luz incidente.

Tabela 01: Índice de Reflexão para Superfícies

Fonte: Figueiredo apud Pilotto, 1980 Segundo Figueiredo (apud PILOTTO, 1980) a propriedade de reflexão luminosa das cores é um aspecto muito importante na escolha dos revestimentos para o local de trabalho. O emprego das cores com um coeficiente de reflexão elevado proporciona uma melhoria considerável na utilização da luz, tornando-se possível, em alguns casos, a obtenção do dobro de iluminação sem ser preciso nenhuma alteração das luminárias ou potência das lâmpadas no local. Numa segunda tabela é possível visualizar alguns dos índices de reflexão das cores.

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Tabela 02: Índice de Reflexão das Cores

Fonte: Figueiredo apud Pilotto, 1980 A iluminação adequada certamente apresentará níveis satisfatórios de luz, com contrastes e uniformidade equilibrados, temperatura de cor adequada, com alto Índice de Reprodução de Cores (IRC), além do uso de equipamentos específicos e eficientes na busca pela redução dos gastos com energia. Como parâmetros para satisfazer a isto se pode citar a correta distribuição da luminância e iluminância, o combate ao ofuscamento, a preocupação com a direcionalidade da luz, os aspectos quanto à cor da luz e as superfícies, a cintilação ou reflexão no ambiente, a incidência de luz natural sempre que possível, e a manutenção das iluminações artificiais. Por luminância entende-se que seja a quantidade de energia de uma superfície que flui em uma direção específica, e é medida em candelas por metro quadrado. Já a iluminância é a quantidade de luz incidente em uma superfície e é medida com o número de lumens em uma unidade de área de superfície (LOE e TREGENZA, 2015). Para Silva (2004) a temperatura de cor é a grandeza que define a cor da luz emitida pela lâmpada, pois existem várias tonalidades de cor e são catalogadas conforme sua temperatura, medidas em graus Kelvin (K). Quanto mais alta for a temperatura, mais branca será a luz (na ordem de 6000K) e quanto mais baixa, mais amarela será (na ordem de 2700K). Já o IRC serve para medir o quanto a luz artificial consegue imitar a luz natural, e é medido em porcentagem. Quanto mais próximo de 100% for o IRC de uma fonte de luz artificial, mais fielmente reproduzida serão as cores. Esses dados devem ser encontrados na embalagem de cada lâmpada, junto com as propriedades e características do produto em venda. Segundo Senzi (2006) lâmpadas de 2800K a 3000K têm tonalidade branco-amarelada, morna que dá a sensação de aconchego aos espaços. Essas lâmpadas são próprias para residências, restaurantes sofisticados e em qualquer outro lugar onde é desejável uma atmosfera confortável e tranquila. “Não se deve usar elas em um escritório, porque as pessoas se sentirão relaxadas, terão sono e, portanto, o rendimento será mais baixo” (SENZI, 2006). Já as de 4000K a 5000K proporcionam luz de tonalidade branco-azulada. Estimulante, essa faixa de aparência de cor é ideal para ambientes onde o ser humano deve estar ativo ou produtivo, tais como escritórios, indústrias ou academias de ginástica. Senzi ainda defende que a cor da luz também interfere na produtividade, ressaltando que a luz fria aumenta o rendimento, ao passo que a amarelada faz cair a produtividade em 40% a 60%.

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O ponto de partida da questão luminotécnica está na definição do uso do ambiente, se este vai ser um local de repouso, trabalho, ou apenas de circulação. No caso da cafeteria terá um misto de repouso e trabalho num mesmo estabelecimento e, para tanto, será necessário subdividir os ambientes, o que pode ser feito através da iluminação, das cores ou do mobiliário. Será aliado à luz aconchegante um ponto focal quando for utilizado para o trabalho, ou o contrário também é válido: aliar à luz de trabalho, pontos de iluminação aconchegantes. Bragatto ainda complementa:

Em função da diversificação de resultados psicológicos possíveis com a alteração dos sistemas de iluminação, uma tendência que se percebe é a criação de ambientes que possam atender públicos diferenciados em momentos também diferenciados. A iluminação pode fazer parte do contexto visual da casa, mas também pode ser utilizada como protagonista de efeitos visuais, alterando visualmente os ambientes. Como exemplo podemos citar um restaurante, em que sua utilização no almoço pode ser caracterizada de maneira sóbria e, ao anoitecer, de maneira descontraída. Estas variações podem ser obtidas por meio de automação dos sistemas de iluminação que podem variar segundo as conveniências. (BRAGATTO, 2013 apud GODOY, 2000:4)

A prática de uma boa iluminação para locais de ambiente de trabalho é muito mais que apenas fornecer uma boa visualização da tarefa; é essencial que as tarefas sejam realizadas facilmente e com conforto. Assim, a iluminação deve satisfazer os aspectos quantitativos e qualitativos exigidos pelo ambiente, assegurando conforto visual para causar uma sensação de bem-estar, desempenho visual para capacitar os usuários a realizar as tarefas visuais de maneira rápida e precisa – mesmo sob circunstâncias difíceis e por longos períodos, e segurança visual para detectar perigos e, consequentemente, evitá-los. Uma boa iluminação no estabelecimento é capaz de captar clientes, promover maior conforto aos mesmos, melhorar o funcionamento, diversificar e valorizar a arquitetura do ambiente, possibilitando uma alta rentabilidade ao negócio. Para que isto possa ser alcançado, a iluminação deve sugerir uma orientação do local aos consumidores, despertar sensações, transmitir mensagens, oferecer condições agradáveis de permanência e trabalho, proporcionar um comportamento social que permita a comunicação entre as pessoas e viabilizar a percepção dos espaços como um todo ou de forma isolada. Em um projeto a iluminação pode ser dividida de várias formas, cada uma com sua função específica, e, para tanto, serão utilizadas na cafeteria: a geral - de acordo com as exigências das normas brasileiras em vigor -, a de tarefa e a de destaque. Entende-se por iluminação geral aquela que é minimamente necessária para iluminar de maneira eficiente o ambiente, podendo circular nele sem dificuldades; a de tarefa é a iluminação com facho concentrado, direcionando a luz para o local necessário, de forma constante e direta, para o desenvolvimento das atividades específicas; e a iluminação de destaque, a que personaliza o projeto, dirigindo o olhar e facilitando a identificação dos objetos. A ISO/CIE 8995-1 estabelece para ambientes de comércio que se utilizem de restaurantes, sala de jantar ou de eventos uma iluminância média de 200lux; na área da caixa registradora uma iluminância média de 300lux; para a cozinha, uma iluminância média de 500lux; em corredores e áreas de circulação, uma iluminância média de 100lux. Para as áreas de escritório onde se realizam tarefas como escrever, teclar, ler e processar dados, uma iluminância média de 500lux. Todos os ambientes acima citados devem ter um IRC mínimo de 80% das lâmpadas. Como a cafeteria vem sendo utilizada como terceiro espaço e ambiente de trabalho,

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convém mesclar estas informações de maneira a aliar os diferentes públicos que a frequentam. Por isso o projeto de iluminação deve ser pensado para todo o estabelecimento, e não somente nos espaços expostos, tanto nas áreas das mesas e demais assentos, quanto nos espaços de serviços. Além de cálculo específico de iluminação geral para cada ambiente é necessário utilizar lâmpadas com IRC elevado, permitindo assim, a percepção real do que se vê, sem distorção do visual, da aparência ou das cores. Em resumo, Loe e Tregenza (2015) afirmam que o projeto de luminotécnica ocorre dentro de muitos contextos. Vários fatores devem ser levados em conta no projeto real de uma edificação, tais como as necessidades práticas, os objetos visuais, os condicionantes impostos por outras exigências do prédio, pela legislação ou pelas normas. Abaixo, tem-se um diagrama resumido desses fatores.

Figura 03: Diagrama de fatores no projeto luminotécnico

Fonte: LOE e TREGENZA, 2015 5. Diretrizes para o terceiro espaço elegido como ambiente de trabalho Atualmente vem ocorrendo certa mudança no comportamento do modo de trabalhar oferecido por algumas empresas, que permitem locais e horas mais flexíveis de trabalho para seus funcionários. As empresas ligadas ao mundo do café perceberam a mudança que vem ocorrendo gradualmente e começaram a ampliar a oferta de serviços, passando do simples wi-fi e das poltronas confortáveis à possibilidade de reuniões e videoconferência, além de notebooks e tablets disponíveis e, assim, estão pouco a pouco se transformando também em local de trabalho.

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Para aqueles que elegeram as cafeterias como local de trabalho, há um universo que está apenas começando a se expandir, com cafeterias altamente especializadas e prontas a oferecer um ambiente de trabalho completo, ergonômico, eficiente e regado a cafés preparados por baristas que utilizam grãos especiais. Para tanto, vale transcrever as palavras de Gurgel e Relvas:

Hoje as cafeterias procuram oferecer uma verdadeira experiência na hora em que se saboreia um café. Os ambientes são agradáveis e permitem que as pessoas se sintam pertencentes a um grupo. E, para que a experiência seja completa, cada pequeno detalhe do projeto é pensado e projetado seguindo determinados conceitos. O mobiliário é escolhido procurando atender aos diferentes tipos de pessoa, não somente pelo gosto estético, mas também pelo aspecto físico. Cadeiras com e sem braço, estofadas ou não; pufes, bancos, poltronas, sofás; mesas pequenas ou grandes e para compartilhar, ou seja, uma variedade enorme de opções dentro de um só café. A iluminação é trabalhada para dar aconchego, permitir a leitura de jornais e revistas; é estudada para ser um ponto focal, cuidadosamente disposta para atrair clientela ou ainda para criar a atmosfera desejada. O som também é uma preocupação no projeto. Em boa parte das cafeterias é possível escutar música de fundo, que pode ajudar a encobrir os ruídos da rua ou evitar que a mesa vizinha escute a conversa. O aroma também é fundamental na criação da atmosfera ideal para a experiência de saborear um café de modo perfeito. O aroma do café embriaga, traz lembranças, aconchego, entre tantas outras emoções (GURGEL e RELVAS, 2015:119).

No entanto, o conceito de conforto hoje deve ir além de um mobiliário estofado e ergonômico. Como já foram abordados no artigo, todos os detalhes importam e têm que ser levados em conta para fidelizar o cliente, desde uma luz aconchegante a um sistema de som com música ambiente. Porém, para a cafeteria em questão, com o foco naqueles que a elegem como ambiente de trabalho deve-se pensar em outras variantes que só têm a somar nessa escolha de preferência pelo consumidor, tais como acesso a tomadas estrategicamente alocadas nos ambientes, que devem ser previstas e executadas em alturas acessíveis no projeto arquitetônico, e locais privativos para reuniões e conferências, entre outros. Investir em treinamentos de funcionários para um ótimo atendimento e suporte aos consumidores, sempre procurar inovar no estabelecimento, com manutenções em dia e procurar ter um equipamento de internet com wi-fi de última geração, com boa velocidade de navegação para ter acesso a contas de e-mail e videoconferências. Automações também são bem vindas em vários campos de uma edificação, principalmente quando se trata de iluminação. A criação de cenas nos ambientes da cafeteria, com acendimentos próprios para certas situações previamente estabelecidas, além de ser um diferencial, no fim das contas também acarretará num uso mais correto da iluminação, resultando numa maior eficiência e diminuição na conta de energia. Deve-se dar uma atenção especial para evitar a iluminação em excesso, se utilizar de equipamentos com boa eficiência luminosa, estar atento às quantidades de interruptores e suas seções e circuitos, criar hábitos de uso adequado e sempre manter os equipamentos funcionando a fim de evitar a depreciação do sistema mais rapidamente. Bragatto complementa:

Um ramo da iluminação que segue a velocidade desse desenvolvimento é a iluminação cênica aplicada à arquitetura, a qual utiliza técnicas visuais elaboradas, com focos, ângulos, texturas, cores e efeitos muito diferentes das técnicas de iluminação tradicionais. O termo “iluminação cênica” poderia também ser substituído por “iluminação de efeitos”, pois objetiva provocar

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respostas visuais e sensitivas das pessoas, não somente buscando iluminar algo, mas criando uma atmosfera propícia. A aplicação de técnicas teatrais na iluminação de arquitetura é um processo natural do desenvolvimento visual dos empreendimentos, pois soluções mais elaboradas são cada vez mais utilizadas com materiais e cores diferenciados. Um paralelo entre o teatro e esses ambientes é a perfeita integração entre o sistema de iluminação utilizado e a “cena” a ser mostrada, pois somente se justificam se plenamente integrados. A “afinação” entre os elementos e o trabalho do lighting designer deve ser perfeita, pois muitas vezes uma solução pode simplesmente tornar-se inútil se a cena for alterada. Além das cenas definidas, uma função primordial da iluminação é a determinação do “clima” de um ambiente específico. Tal clima pode variar do aconchegante, relaxante, confortável até o dinâmico, excitante e estimulante, dependendo da iluminação utilizada. Fato é que na iluminação cênica aplicada na arquitetura, ou “iluminação de efeitos”, busca-se a utilização das técnicas teatrais nos ambientes, porém com o diferencial de não contar com a flexibilidade encontrada nos teatros. Aí é que começa o grande desafio do lighting designer no projeto de ambientes cênicos, porém não teatrais (BRAGATTO, 2013 apud GODOY, 2000:3).

O investimento inicial é alto, porém os benefícios ao longo da vida útil da cafeteria são válidos em todos os âmbitos, inclusive na eficiência da iluminação, no consumo final de energia e na tranquilidade e conforto de se ter a atmosfera desejada ao toque de um botão. Por último, mas não menos importante, tem-se a preocupação com o bom planejamento do estabelecimento e a compatibilização dos projetos. Contratar profissionais gabaritados nas diversas áreas que englobam o negócio ajudará, e muito, na busca pela excelência do projeto. Arquitetos, engenheiros, designers de interiores, especialistas em iluminação e em automação, juntos, definirão as especificações necessárias para um bom funcionamento do empreendimento, otimizando tempo, materiais, espaços físicos e valores econômicos. Além disso, com um planejamento adequado e a compatibilização dos projetos: arquitetônico, de interiores, de iluminação e automação, resultará na eficiência e velocidade de execução, no conforto sobre as ofertas dos serviços prestados, bem como no aumento da satisfação final dos consumidores. 6. Resultados obtidos De posse das informações essenciais para a obtenção de um espaço de café eleito como o terceiro lugar de muitos consumidores, partiu-se para a procura desses tipos de cafeterias na Cidade de Recife. Após visitas nos mais variados estabelecimentos, dentro e fora de shoppings centers, franquias ou de empreendedores independentes, chegou-se à conclusão que na região metropolitana há uma infinidade de cafeterias, muitas delas lado a lado na cidade, mas poucas são as opções devidamente adequadas ao público em questão. Apesar de se encontrar várias cafeterias espalhadas por toda a cidade, quase nenhuma preenche os requisitos das diretrizes propostas por este artigo. Mesmo assim, diariamente milhares de pessoas se utilizam dessas cafeterias para trabalhar, seja com uma simples reunião ou de posse de computadores. Durante as observações feitas nos períodos vespertino e noturno pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos consumidores de cada local estavam trabalhando com seus computadores ou em reuniões de negócios. Em todos os estabelecimentos visitados foram encontradas dificuldades quanto à iluminação. Diferentes temperaturas de cor das lâmpadas se viam presentes numa mesma luminária, resultado da falta de atenção e manutenção dos equipamentos. Em boa parte dos lugares

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visitados via-se a presença da iluminação inadequada até para a leitura, com luminárias distribuídas logo acima ou atrás do consumidor, provocando sombras indesejadas, como resultado da incompatibilização dos projetos de iluminação e design de interiores. A correta locação das luminárias seria acima e no centro das mesas, para uma melhor visualização, inclusive, do que se está degustando. Percebe-se uma padronização das cores nos revestimentos das cafeterias visitadas. A madeira está presente em 100% dos estabelecimentos, quando não a madeira em si, algum porcelanato, pastilha ou papel de parede que remete aos tons terrosos. Poucos foram os diferenciais quanto às cores utilizadas nos ambientes, mantendo-se o círculo cromático próximo dos tons pastéis. A maioria das cafeterias faz uso do acesso à internet, mas em mais da metade delas não há velocidade de navegação sequer para abrir um e-mail. Ao invés de se ter um investimento nesse aspecto, contando com a lotação máxima do estabelecimento, a distribuição é feita de modo precário, e quase ninguém fica com um acesso digno de se utilizar para o trabalho. Outro ponto percebido foi o péssimo atendimento por parte dos funcionários. Isto aparenta ser reflexo de um mau treinamento, ou nenhum na maioria das vezes, ou a despreocupação por ambas as partes, funcionário e empreendedor, quanto à qualidade que o ambiente deve proporcionar.

Figura 04: Fotos de cafeterias dentro de shoppings centers

Fonte: arquivos da autora

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De todos os estabelecimentos visitados, apenas dois chamaram a atenção por se enquadrar em várias das diretrizes propostas, com tomadas disponíveis para cada conjunto de mesa, e uma sala reservada para reuniões e videoconferências privativas. Os empreendimentos contam com uma cartela de cores que mescla revestimentos em tons convidativos, atraentes, estimulantes e aconchegantes ao mesmo tempo, fazendo uso de cobogós em um deles, elemento construtivo típico da cidade, e vidros. Além disso, um dos espaços conta com sala especial voltada para a criançada, repleta de brinquedos e aparelhos eletrônicos, ótimo atendimento dos funcionários, som ambiente e um cardápio bastante atraente para os diferentes públicos que o frequentam.

Figura 05: fotos de cafeterias com tomadas e salas de reunião

Fonte: arquivos da autora

Mesmo diante de todas as dificuldades encontradas nos vários estabelecimentos em todos eles foram observados a presença de pessoas se utilizando das instalações para o trabalho, seja só, com computadores, ou em grupos. E isso revela a falta de exigência ou um não conhecimento de melhorias possíveis por parte do consumidor final de Recife.

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7. Metodologia aplicada Para o embasamento deste artigo foi utilizada a pesquisa exploratória, envolvendo levantamento bibliográfico através de livros físicos ou digitais, revistas, artigos e sites, acrescido de pesquisa descritiva e de campo, através da análise in loco de vários estabelecimentos comerciais que têm o café como foco principal de atividade. Para a coleta de dados, foi escolhida a técnica da observação. A observação é uma das técnicas mais usualmente empregadas em pesquisas qualitativas (BARBOZA, 2014 apud GODOY, 1995). Foram realizadas pouco mais de 25 (vinte e cinco) horas de observação em dez cafeterias da cidade do Recife, que atendem a públicos distintos, no período vespertino e noturno de Junho a Agosto de 2016. Os dados foram coletados a partir das técnicas de pesquisa etnográfica proposta por Gil (2010), visando capturar de forma fidedigna os detalhes dos ambientes e o público alvo de cada espaço estudado. Para tanto, foi considerado o período vespertino e noturno, e os dados foram transcritos para este artigo, resultando na conclusão da pesquisa. 8. Conclusão A cafeteria é um ambiente de lazer elegido por muitos como o terceiro espaço e hoje vem agregando um novo público voltado para o trabalho e, como consequência disso, tem-se o aumento significativo no consumo da segunda bebida mais ingerida no mundo. Para que este espaço possa oferecer bem-estar e consiga suprir as necessidades de um ser humano “multifuncional”, é necessário um projeto apropriado de arquitetura, design de interiores e de iluminação, todos corretamente compatibilizados. Os dados encontrados através deste artigo reforçam a afirmativa da influência transformadora exercida pela iluminação nos espaços, em seus usuários e, consequentemente, no funcionamento do empreendimento. Transmitir as reais sensações desejadas e poder oferecer um ambiente confortável e diferenciado aos clientes e funcionários do local são questões primordiais na busca pelo sucesso. Porém, o mais importante ao desenvolver o artigo foi diagnosticar a defasagem desses locais quanto à estrutura e aos serviços prestados pelos mesmos em Recife. Muitos aspectos precisam ser explorados e melhorados pelos empreendedores para que a cultura do Terceiro Lugar e local de trabalho com excelência dos materiais construtivos e serviços oferecidos seja disseminada pela cidade, aumentando, com isso, o padrão de exigência do cliente recifense. Que este trabalho sirva de incentivo e ponto de partida para novos empreendimentos na região metropolitana do Recife, e busque pelo primor do bom atendimento, aconchego, tecnologia disponível ao consumidor e, acima de tudo, por uma iluminação que se torne referência. Referências Bibliográficas ABIC, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DO CAFÉ. Consumo de café cresce em todas as faixas etárias. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=869&sid=29>. Acesso em 15 de agosto de 2016. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/CIE8995-1 Iluminação de ambientes e trabalho parte um: interiores, 2013. Disponível em:

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LIMA, Mariana. Percepção Visual Aplicada a Arquitetura e Iluminação. Ed. Ciência Moderna, Rio de Janeiro, 2010. LOE, David; TREGENZA, Peter. Projeto de Iluminação. Ed. Bookman, Porto Alegre, 2015. PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Décima edição. Ed. Senac, Rio de Janeiro, 2014. _______________. O universo da cor. Ed. Senac, Rio de Janeiro, 2014. SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Boletim setorial do agronegócio. Café. Recife, 2011. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/boletim-cafe.pdf>. Acesso em 15 de agosto de 2016. SENZI, Neide. Luminotécnica: técnica e arte. Disponível em: http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia41.asp. Acesso em 03 de agosto de 2016. SILVA, Mauri Luiz da. Luz Lâmpadas & Iluminação. Ed. Ciência Moderna, Rio de Janeiro, 2004. TOYODA, Érica Mayumi. Transformação da psicologia ambiental nas pessoas através de um bom projeto arquitetônico, de design de interior e iluminação de uma cafeteria. Revista Especialize IPOG, 2014. Disponível em <http://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online/>. Acesso em 03 de agosto de 2016.

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Anexos 1. De acordo com Farina, Perez e Bastos (2011) e Heller (2013) seguem algumas

características das cores acromáticas e cromáticas: - Branco: representa a adição de todos os comprimentos de onda, tornando-se a mais intensa e irritante cor do espectro. Simboliza a luz. Remete à neutralidade, pureza, vida, limpeza, castidade, liberdade, criatividade, inocência, dignidade, afirmação, alma, harmonia, estabilidade, divindade. O branco é a cor do vazio interior, da carência afetiva e da solidão. - Preto: é a ausência de luz e representa sombra, escuridão, morte, destruição, tremor, miséria, pessimismo, sordidez, tristeza, negação, melancolia, angústia, renúncia. É a cor da vida interior sombria e depressiva, mas também pode ser signo de sofisticação, nobreza, elegância, seriedade e requinte. - Cinza: pode ser obtida pela mistura do branco com o preto. É uma cor neutra e também o conjunto de todos os comprimentos de onda. Representa resignação, neutralidade, tédio, tristeza, decadência, velhice, desânimo, seriedade, aborrecimento, carência vital, sabedoria. Simboliza a posição intermediária entre a luz e a sombra. - Vermelho: refere-se à alimentação, assim como à energia e ao acolhimento. Possui grande potência calórica, aumenta a tensão muscular e a pressão sanguínea. Interfere no sistema nervoso simpático que é responsável pelos estados de alerta, ataque e defesa. É uma cor quente e bastante excitante para o olhar, impulsionando a atenção e a adesão aos elementos em destaque. Representa festividade, conquista, emoção, força, redenção, amor, erotismo, atração, sedução, sensualidade, dinamismo, movimento, coragem, intensidade, paixão, poderio, calor, fogo, excitação. Também pode ser símbolo de impureza, violência, guerra, cólera, ira, agressividade, morte e pecado. Simboliza a aproximação, o encontro. - Laranja: é a cor correspondente ao vermelho moderado. É símbolo da fertilidade, da transformação, da iluminação. Representa desejo, excitabilidade, dominação, sexualidade, força, luminosidade, locomoção, outono, fogo, pôr do sol, aurora, dureza, euforia, energia, alegria, advertência, tentação, prazer, senso de humor. Também pode significar ofensa, agressão, competição e perigo. - Amarelo: é uma cor pouco mais fria do que o vermelho e remete à alegria, espontaneidade, ação, poder, dinamismo, impulsividade, luz, conforto, alerta, ciúme, orgulho, iluminação, esperança, idealismo, adolescência, euforia, originalidade, expectativa. Pode sugerir ainda potencialização, estimulação, contraste, irritação, egoísmo, inveja, ódio e covardia. É também conectada à prosperidade, riqueza e à divindade por associação ao dourado. - Verde: é a mistura do amarelo e azul, contém a dualidade do impulso ativo e a tendência ao descanso e relaxamento. É um sedativo que dilata os vasos capilares e tem efeito de reduzir a pressão sanguínea. Suas radiações acalmam as dores nevrálgicas e resolvem alguns casos de fadiga nervosa, insônia, etc. Sugere umidade, calma, frescor, esperança, primavera, diafaneidade, adolescência, amizade, bem-estar, paz, saúde, ideal, abundância, tranquilidade, segurança, serenidade, juventude, suavidade, crença, firmeza, coragem, desejo, liberalidade, tolerância, ciúme e equilíbrio, além de possuir todas as conexões com a Ecologia e a natureza. Simboliza a faixa harmoniosa que se interpõe entre o céu e o Sol. Cor reservada e de paz repousante. Cor que favorece o desencadeamento de paixões. - Azul: de acordo com Heller (2013) o azul é a cor mais lembrada quando se quer referir à simpatia, à harmonia, à amizade e à confiança. É a cor do infinito, do longínquo e do sonho. O azul-escuro indica sobriedade, sofisticação, inspiração, profundidade e está de acordo com a ideia de liberdade e de acolhimento. Designa inteligência, feminilidade, espaço, viagem, verdade, afeto, intelectualidade, advertência, precaução, serenidade, meditação, amor, fidelidade, recolhimento, paz,

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descanso, segurança, nobreza e densidade. É a cor mais utilizada para expressar a sensação de frio e gelo. - Violeta: é a resultante da mistura do vermelho com o azul. O lilás contém necessariamente a cor branca. Muitas são suas denominações, tais como: azul-violeta, magenta, malva, vermelho-púrpura, vermelho-azulado e lavanda. É diminutivo do provençal antigo e possui bom poder sonífero. Refere-se à alquimia, calma, dignidade e autocontrole, mas também pode significar enterro, engano, miséria, violência, furto e agressão. - Roxo: é a cor que possui forte poder microbicida. Simboliza fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, grandeza, misticismo, espiritualidade, delicadeza, calma, mas também egoísmo. - Púrpura: simboliza a dignidade real, cardinalícia, eternidade, nobreza, realeza, religiosidade. Está relacionado à calma, autocontrole, estima e valor. É também a cor da teologia. - Marrom: refere-se à terra, outono, fecundidade, sensualidade, resistência e vigor. Simboliza doença, desconforto, pesar e melancolia. - Rosa: resultante da mistura entre vermelho e branco. As qualidades atribuídas à cor rosa são consideradas tipicamente femininas. Simboliza o encanto, a amabilidade. Remete à inocência e à frivolidade. É uma cor terna e suave muito utilizada em associações com o público infantil. - Salmão: qualifica um cor-de-rosa bastante suave “atirando-se” ao alaranjado. Remete à positividade, a ideia de uma vaga doçura aveludada. - Prata: pela proximidade com o branco, o azul e o cinza, gera efeitos de sentido de frieza e distanciamento. A cor prata carrega os sentidos do luxo e da solenidade, mas a cor principal ainda é o ouro. A cor prata fica como adicional. A cor ouro simboliza o valor ideal, e a cor prata, o valor material. É também fortemente vinculada à lua. A cor prata remete à sofisticação moderna, à tecnologia (e também ao artificial). É signo de atualização, modernidade e requinte. -Dourado: pelo fato de o ouro ser raro, pouco abundante, a sua cor tem associações vinculadas à escassez: dinheiro, luxo e até felicidade. Cor da sofisticação, mas de uma sofisticação por meio da nobreza. Atualmente, quando usada em excesso, se constitui em antítese: é signo do popularesco. A fama e o glamour também estão intimamente conectados à cor ouro.