Caderno de Resumos do II Seminário Nacional de Dramaturgia ... · A utopia como desejo...
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Cadernos de Resumos II Seminário Nacional de Dramaturgia e Teatro 16 a 18 de setembro de 2015 - UEM - Maringá
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Caderno de Resumos
II Seminário Nacional de
Dramaturgia e Teatro
Maringá/ 2015
Cadernos de Resumos II Seminário Nacional de Dramaturgia e Teatro 16 a 18 de setembro de 2015 - UEM - Maringá
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Caderno de Resumos do II Seminário
Nacional de Dramaturgia e Teatro
16 a 18 de setembro de 2015
UEM - Maringá
Maringá/ 2015
Cadernos de Resumos II Seminário Nacional de Dramaturgia e Teatro 16 a 18 de setembro de 2015 - UEM - Maringá
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Sumário
Abílio Aparecido Francisco Junior (UEL) /Diana Kátia Alves de Araújo (UEL) De Perrault a Jacon: a representação da mulher na peça Barba Azul: um conto de fodas, de Nitis Jacon ........................................................................................................................................................7 Alexandre Flory (UEM) O teatro como médium-de-reflexão: teatro, história e ensino a partir de Caiu o ministério!, de França Jr ................................................................................................................................................. 7
Allyne Urbanski (Extensão - UEPG) e Jane Kelly de Oliveira (UEPG)
A música em Gota D'Água: as funções do Samba de Jasão ...............................................................8
Ana Carolina da Silva Favorin (IC-UEM) A cordialidade brasileira e o Puntilla de Brecht pela Companhia do Latão .........................................8 Ana Claudia de Souza de Oliveira (PG-Uniandrade) A maldição primeira e outros intertextos bíblicos em Hamlet, de Shakespeare .................................9 André Luís Gomes (UnB) Leon Hirszman: teatro, política e cinema ..............................................................................................9
Anna Stegh Camati (UNIANDRADE) e Liana de Camargo Leão (UFPR)
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o texto mais popular do teatro moderno brasileiro .10
Bárbara Cristina dos Santos Figueira (PG-UnB)
Entre Texto e Cena: O processo de construção do espetáculo Antígona em diálogo com Obra
Aberta, de Umberto Eco. .................................................................................................................... 10
Beatriz Protazio (IC-UEM)
Teatro e sociedades: movimentos do campo ......................................................................................11
Camila Hespanhol Peruchi (PG-UEM)
O mercado do gozo, da Cia. Do Latão: “quando o teatro é visto do avesso, toda a ilusão morre” 11
Carlos Mateus da Costa Castello Branco (PG-UnB)
O Ano de 68 e o teatro em Brasília .....................................................................................................12
Cintia Zollner (PG-UNESP/ASSIS)
Traições ou desenganos: Reflexos literários e consciência crítica em
Cabalar – O elogio da traição ...............................................................................................................12
Cínthia Renata Gatto Silva (UEL)
Dicotomia sujeito-objeto em Kimpa Vita, a profetiza ardente de José Mena Abrantes ..................13
Cláudia de Godoy Braz (PG-UEM)
Gota D’água, de Chico Buarque: a atualização histórica e dialética do mito de Eurípedes ........ 13
Daniela Mantarro Callipo (UNESP/Assis)
Machado de Assis e o teatro musicado francês ..................................................................................14
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Denise Rocha (UNILAB/CE)
Dramaturgia no projeto Teatro Experimental do Negro (TEN) ......................................................14
Desiree Bueno Tibúrcio (PG-UEL)
A mise en abyme em Jean Anouilh: uma análise de Cher Antoine ou l’amour raté ........................15
Devalcir Leonardo (UNESPAR/Campo Mourão)
Rua de mão única: A dialética do indivíduo e o coletivo nas peças A Noite de José Saramago e
Tambores na noite de Bertolt Brecht ...................................................................................................15
Diógenes Maciel (UEPB)
Quem lê um drama acrescenta um tanto: Dramaturgia, leitura e ensino no campo das letras ....16
Eliane Benatti (UEL)
O mito de Medeia como representação da resistência feminina: Medeia, de Coelho de Moraes ..16
Eliza Pratavieira (PG-UNIANDRADE)
Rútilo Nada em cena .............................................................................................................................17
Gabriela Fregoneis (UEM)
Experiência cênico-criativa com as peças didáticas de Bertolt Brecht ............................................17
Gabriela Lírio (UFRJ)
Cena Expandida: novas práticas pedagógicas no ensino do teatro..................................................18
Gêlda Karla da Silva Marques (PG-IFPB – UEPB)
Relato de experiência: dramaturgia, ensino de literatura e memória no Ensino Médio ...............18
Hadassa Welzel (IC-UEM)
Dialética em ói nóis aqui traveiz ......................................................................................................... 19
Jéssica Oliveira (IC-UEM)
Considerações sobre a representação das mulheres em A moratória, de Jorge Andrade. .............19
Júlia Mara Moscardini Miguel (PG-UNESP/Araraquara)
A utopia como desejo irrealizável no teatro de Dea Loher ...............................................................20
Leonardo Augusto Alves Inacio (UEM)
A Máscara Inexpressiva e a formação de atores ...............................................................................20
Leonardo de Castro (Especialização - CIFE Educacional)
Um outro lugar no teatro por meio do danjuro: a técnica a favor da educação e da
dramaturgia ..........................................................................................................................................21
Lígia Maria Pereira de Pádua Xavier (PG-UNESP/ Araraquara)
Os aspectos simbolista-decadentistas na poesia dramática de Villiers de l’Isle-Adam ..................21
Luana Suellen Abreu Paes (IC-UEM)
O deus da fortuna, do Coletivo de teatro Alfenim: mediações entre teatro e sociedade ................ 22
Luan Caroline Oliveira Fontoura Kugler (PG-UEL)
Duplo e crueldade em Duas páginas em branco de Qorpo-Santo .....................................................22
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Lucas de Almeida Pinheiro (PG-UNICAMP)
Robert Wilson: por trás do olhar de um surdo-mudo e a voz-pensamento de um autista ............23
Marcelo Bourscheid (PG-UFPR)
Repetição e performatividade na dramaturgia teatral contemporânea: um estudo de Juste la fin
du monde (1990) e Le Pays lointain (1995), de Jean-Luc Lagarce ....................................................23
Márcio da Silva Oliveira (PG-UEM)
Fragmentação identitária e desconstrução do herói em Dias Gomes: Entre o trágico, o alegórico
e o forjado .............................................................................................................................................24
Maria Cristina de Souza (UTFPR)
Didi Fonseca e Mary Daniel: a década de 50 na dramaturgia feminina .........................................24
Marina Stuchi (UEL)
Diálogos entre teatro e cinema: a presença da linguagem cinematográfica na obra de Nelson
Rodrigues ............................................................................................................................................. 25
Marcos Savae (PG-UEL)
A fábula pelo regime estético em Pinokio de Roberto Alvim ...........................................................25
Maricelia Nunes dos Santos (PG-UNIOESTE)
Aspectos da cosmovisão carnavalesca em A farsa de Mestre Pathelin .............................................26
Marise Rodrigues (Fundação Casa de Rui Barbosa)
“Um não sei quê que nasce não sei onde”, de Maria Jacintha: desarmada e de bandeira branca
nos palcos de Niterói – estreia da montagem cênica do diretor Leonardo Simões e atores
niteroienses. ...........................................................................................................................................26
Mônica de Freitas (PG-UFV)
Para Além das Fronteiras: Shakespeare sendo revisitado por Welcome Msomi em seu Macbeth
Zulu ........................................................................................................................................................27
Nelson Marques (PG-UERJ)
O exílio como forma de desterritorialização do real em Litoral, de Wajdi Mouawad ...................27
Pedro Leites Junior (PG - UNIOESTE / Uinversidade de VIGO)
Electra (1901), de Benito Pérez Galdós: imbricações das matrizes mitológicas
judaico-cristã e grega .......................................................................................................................... 28
Priscila Matsunaga (UFRJ)
Estou só? Notas sobre Arena conta Tiradentes ...................................................................................28
Renan Gustavo Parma dos Reis (IC-UEM)
As relações de poder na obra de Vianinha Os Azeredos mais os Benevides .....................................29
Renato Forin Jr. (PG-UEL)
Traços do teatro contemporâneo em “Carta de Amor”, de Maria Bethânia .................................29
Rosemari Bendlin Calzavara (UNOPAR)
Teatro na escola: do jogo à aprendizagem .........................................................................................30
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Sandra Parra Furlanete (UEL)
A Respiração como Operacionalizador da Criação Cênica..............................................................30
Sonia Pascolati (UEL)
Construção e desconstrução da ambiguidade na HQ Beijo no asfalto .............................................31
Sula Andressa Engelmann (PG-UEM)
O teatro épico em A Moratória, de Jorge Andrade ............................................................................31
Thaís Aparecida Domenes Tolentino (UEM)
Considerações históricas e políticas sobre o CPC/PR e seus desdobramentos: o teatro épico
avança ao interior .................................................................................................................................32
Weslley Borges (IC-UEM)
Vivência cênica performativa: o espectador como testemunha .......................................................32
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De Perrault a Jacon: a representação da mulher na peça Barba Azul:
um conto de fodas, de Nitis Jacon
Abílio Aparecido Francisco Junior (IC-UEL)
Diana Kátia Alves de Araújo (IC-UEL)
Resumo: Partindo dos estudos de gênero na literatura, com foco na dramaturgia, e dos estudos sobre o
conto de fadas Barba Azul, de Charles Perrault (2010), buscamos apontar as relações entre o conto de
Perrault e o texto dramático de Nitis Jacon e a representação da mulher em ambos, fazendo uma
comparação, analisando se mudanças ocorreram entre o período de publicação do conto de Perrault e
do texto dramático de Jacon. Buscamos também apresentar ao leitor a crítica social de Nitis Jacon no
texto, como acontece em muitas de suas obras, expondo como Jacon captou a mensagem de Perrault e
a encaixou às características de sociedade da sua época, apresentando-as em um magnífico texto
dramático.
Palavras-chave: Gênero; Dramaturgia Londrinense; Barba Azul; Charles Perrault; Nitis Jacon.
O teatro como médium-de-reflexão: teatro, história e ensino
a partir de Caiu o ministério!, de França Jr
Alexandre Flory (UEM)
Resumo: O gênero dramático tem pouco espaço no campo dos estudos literários no Brasil, a despeito
de sua importante produção e possibilidades epistemológicas. Com isso, perde-se um espaço de
reflexão decisivo, pois o teatro é uma arte que realiza uma dialética produtiva entre texto e cena. Além
disso, o teatro não se restringe ao registro textual redutível à uma ordem didática passiva, envolvendo
o corpo, o espaço e outras mídias. Há muito que se fazer, inclusive uma necessária revisitação crítica
da história do teatro brasileiro. Nessa comunicação, quero discutir esses pontos pela mediação entre
forma literária e processo social na comédia de costumes Caiu o ministério!, de França Jr, de 1882.
Isso nos aproxima da tradição decisiva da comédia de costumes no Brasil, bem como evidencia a
busca por formas teatrais que façam remissão direta ao material social sem a acusação de panfleto,
com o uso dos tipos, das caricaturas e das alegorias, bem como uma sátira ao amor romântico (no
plano do sistema literário) e ao nosso modo de fazer política (no plano social). A atualidade do assunto
e do tratamento do material também aponta para sua efetividade didática, o que cumpre explicitar.
Palavras-chave: teatro brasileiro; teatro e sociedade; comédia brasileira; Caiu o ministério!
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A música em Gota D'Água: as funções do Samba de Jasão
Allyne Urbanski (Extensão-UEPG)
Jane Kelly Oliveira (UEPG)
Resumo: Mais que uma releitura da clássica Medeia, a peça de teatro Gota D'Água (Buarque &
Pontes - 1975) é uma tragédia brasileira, cuja ação gira em torno de Joana, mulher abandonada e
humilhada pelo marido Jasão, que tornara-se subitamente famoso por conta do samba de sucesso que
compôs. Através de situações e personagens metafóricas, somos conduzidos a uma pertinente reflexão
acerca da organização da sociedade durante os anos de chumbo. A música, como elemento
materializado, exerce uma função crucial, na peça. O samba de Jasão é a causa de todo o infortúnio da
protagonista Joana. Seu título é, também, o título da peça. Sendo assim, as intenções desse trabalho se
voltam para análise do papel que Gota D'água, o samba de Jasão, tem na construção dos sentidos da
peça e os diferentes significados que adquire, conforme o momento e o contexto em que é enunciado.
Como embasamento teórico, faremos uso da semiologia teatral, que parte do pressuposto de que a
música não é apenas ornamento, mas ferramenta de produção de sentido. Também levaremos em
consideração a crítica teatral, utilizando os apontamentos dos próprios autores da peça, buscando
relacionar as ações representadas às intenções pré-delimitadas pelos autores, no prefácio.
Palavras Chave: Teatro; Música; Gota D'água;
A cordialidade brasileira e o Puntilla de Brecht pela Companhia do Latão
Ana Carolina da Silva Favorin (IC - UEM)
Resumo: Para esta apresentação, faz-se recorte sobre o aspecto teórico que fomentou a montagem da
peça O Patrão Cordial, da Companhia do Latão. Com base, essencialmente, no texto da peça alemã,
O Sr. Puntila e seu criado Matti,de Brecht, e no texto Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque Holanda, a
companhia pode traçar paralelos entre a obra de Brecht e a atualidade brasileira. Objetiva-se discutir,
com base em aspectos do espetáculo e do texto, de que maneira a dialética colocada em cena pela Cia
do Latão viabiliza uma reflexão acerca do conceito de Sérgio Buarque de Holanda e das relações de
trabalho, já abordadas por Brecht na peça alemã e atualizadas pela companhia do Latão.
Palavras-chave: Teatro brasileiro; Bertolt Brecht; Companhia do Latão; teatro épico.
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A maldição primeira e outros intertextos bíblicos em Hamlet, de Shakespeare
Ana Claudia de Souza de Oliveira (PG - Uniandrade)
Resumo: Este artigo tem como objetivo investigar o trabalho de assimilação e transformação de
referências bíblicas presentes em Hamlet (1601), de William Shakespeare. Sob à luz da Literatura
Comparada, seus conceitos fundamentais, e textos de teóricos como Bakhtin, Genette, Compagnon,
Maingueneau, entre outros, busca-se identificar, analisar e expor os cruzamentos das superfícies
textuais que aproximam Shakespeare de narrativas bíblicas, dos quais tenha havido apropriações,
assim como a maneira que elas foram apresentadas, seja consciente ou inconscientemente. O conceito
de intertextualidade, sua definição e sua tipologia, como a citação, a alusão e a referência, servirão
para estabelecer as relações de contato e paralelos existentes no diálogo desses dois discursos.
Palavras-chave: Bíblia; Hamlet; Intertextualidade; Dialogismo; Criação literária
Leon Hirszman: teatro, política e cinema
André Luís Gomes (UnB)
Resumo: A versão fílmica de “Eles não usam black-tie” tornou-se um clássico do cinema brasileiro e
consolidou a carreira de Leon Hirszhman, que foi um dos fundadores do CPC e, ainda estudante, se
associou a Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Vianna Filho. Essa aproximação com o
teatro resultou também na transmutação fílmica de A Falecida, de Nelson Rodrigues, que coloca em
cena a tragédia carioca e a alienação das camadas populares. Essa aproximação com o teatro marcou
sua filmografia seja na transmutação fílmica do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos ou no
documentário ABC da greve. Analisar essa aproximação com o teatro tem por objetivo evidenciar a
postura política e militante de Leon Hirsman.
Palavras-chave: Leon Hirzman, procedimentos teatrais, transcriação fílmica, teatro político.
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Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o texto mais popular do teatro moderno brasileiro.
Anna Stegh Camati (UNIANDRADE)
Liana de Camargo Leão (UFPR)
Resumo: Segundo colegas que trabalham na rede pública, o Auto da Compadecida (1955), de Ariano
Suassuna, é praticamente a única peça de teatro que figura em alguns currículos do ensino
fundamental. No entanto, a obra não é introduzida por meio da leitura do texto, mas a partir da
exibição do filme homônimo de Guel Arraes (2000). Em 1957, Barbara Heliodora referiu-se ao Auto
da Compadecida como sendo uma obra decisiva e essencialmente brasileira na história do teatro
nacional, haja vista que o autor “conseguira atingir uma simplicidade absoluta na exposição de seu
tema” (HELIODORA, 2007) e, nos anos 1960, Sábato Magaldi afirmou que se trata do texto mais
popular do moderno teatro brasileiro. O objetivo desse trabalho é desenvolver estratégias de incentivo
à leitura do texto dramático, à luz de perspectivas teóricas contemporâneas, que tornem a experiência
do aluno com a obra de Suassuna significativa e prazerosa.
Palavras-chave: Ariano Suassuna. Auto da Compadecida. Leitura do texto dramático. Interação
texto/leitor. Fruição do texto.
Entre Texto e Cena: O processo de construção do espetáculo Antígona em diálogo
com Obra Aberta, de Umberto Eco.
Bárbara Cristina dos Santos Figueira (PG - UnB)
Resumo: O artigo propõe uma investigação acerca do processo de adaptação da tragédia grega
Antígona, de Sófocles (495- 406 a.C.), vinculado à montagem teatral homônima do Coletivo
Calcanhar de Aquiles. Para isso, objetiva-se analisar o processo criativo do espetáculo Antígona
(2014) em diálogo com o conceito de Obra Aberta de Umberto Eco. O conceito sugere que o contato
com o objeto artístico ocorra enquanto ato de liberdade consciente, permitindo ao fruidor múltiplas
possibilidades interpretativas e a abertura para a convivência de vários significados em um
significante. A motivação para a montagem teatral baseou-se nessa premissa, buscando não perder de
vista a referência inicial: o que podemos aprender, por meio do (re)encontro com nosso passado, que
nos possibilite agir no presente? (como) é possível experienciar o trágico, hoje? Ou, como pontua
Raymond Williams, em sua A Tragédia Moderna: “Quais são as relações reais que deveríamos ver e
seguir entre a tradição da Tragédia e o tipo de experiência a que estamos sujeitos em nossa própria
época e à qual chamamos trágica?” (2002, p. 31). A partir de tais inquietações, se fará relevante
discorrer sobre a natureza da tragédia clássica e seus elementos constitutivos, bem como a atualidade
de seu caráter na contemporaneidade.
Palavras-chave: Antígona; Montagem Teatral; Obra Aberta.
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Teatro e sociedades: movimentos do campo
Beatriz Protazio (IC - UEM)
Resumo: Este trabalho pretende articular as esferas da cultura e da política, em um diálogo entre a luta
política dos movimentos campesinos desde a década de 1960, com a sugestão do teatro político de dar
uma forma a essa luta. Para tanto, tomou-se como ponto de partida a obra coletiva Mutirão em Novo
Sol (1962), cunhada por Augusto Boal, Nelson Xavier, Hamilton Trevisan, Modesto Carone e
Benedito M. Araújo, trabalhando-a de maneira dialógica com a peças de teatro fórum e agitprop do
Coletivo Nacional de Cultura – Brigada Nacional de Teatro Patativa do Assaré. Em perspectiva crítica
materialista da literatura, tendo como suporte os trabalhos Sinta o drama (1998) e A hora do teatro
épico no Brasil (1996), de Iná Camargo Costa, O teatro épico (2011) de Anatol Rosenfeld, nessa
comunicação pretendo apresentar alguns aspectos da peça à luz dessas discussões teóricas, em especial
a construção dos personagens e do desenvolvimento dos conflitos.
Palavras-chave: Teatro épico-dialético; teatro e sociedade; Mutirão em novo Sol
O mercado do gozo, da Cia. Do Latão: “quando o teatro é visto do avesso, toda a ilusão morre”
Camila Hespanhol Peruchi (PG - UEM)
Resumo: A peça O mercado do gozo (2003), da Cia. Do Latão, tem como pano de fundo o movimento
grevista de 1917 ocorrido em São Paulo. O seu enredo, no entanto, é também a gravação de um filme
que, submetido à lógica da indústria cultural, excluirá as lutas coletivas e reduzirá o seu roteiro à
trajetória individual da prostituta Rosa Bebé. Ao eleger como forma de representação o cinema, a peça
o problematiza por meio de expedientes formais específicos. Entre eles, o foco deste artigo será o
estudo dos diferentes planos ficcionais instaurados pela estrutura dramatúrgica da peça e da
demonstração, operada por ela , do caráter manipulável da instância narrativa. Algumas cenas,
obedecendo a um comando externo invisível – tal como indica a rubrica –, são encenadas uma vez e
reencenadas em chave dramática, explicitando o constructo ideológico no qual toda forma de
representação se insere. A metáfora da invisibilidade da instância narrativa é excelente para o cinema,
já que nele o narrador é a câmara e, portanto, na composição final, torna-se, de fato, invisível. A
invisibilidade, no entanto, não é sinônimo de neutralidade da linguagem. É isso que a forma anti-
ilusionista da peça propõe e que pretendemos evidenciar.
Palavras-chave: O mercado do gozo; Companhia do Latão; teatro épico; cinema; indústria cultural.
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O Ano de 68 e o teatro em Brasília
Carlos Mateus da Costa Castello Branco (PG - UnB)
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo relatar pesquisa em andamento sobre o
panorama do teatro em Brasília no ano de 1968 a partir da análise de notas, artigos e críticas de teatro
do jornal Correio Braziliense. A intenção é perceber como a cena teatral da cidade foi influenciada
pela ditadura militar naquele ano. Também serão tratados aspectos da peça Cristo x Bomba de Sylvia
Orthof, que ganhou o V Festival de Teatro de Estudantes em 1968 no Rio de Janeiro, e a importância
da dramaturga para o teatro em Brasília. Por fim, será apresentada análise de como a censura operou
na peça Um Bonde Chamado Desejo de Tennessee Williams, protagonizada na cidade pela atriz Maria
Fernanda naquele mesmo ano.
Palavras-chave: Teatro; Política; Brasília
Traições ou desenganos: Reflexos literários e consciência crítica em Cabalar – O elogio da traição
Cintia Zollner (PG - UNESP/Assis)
Resumo: Escrita durante o período crítico da ditadura militar, nos anos de 1972-1973, a peça teatral
Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra, refletiu um questionamento acerca de valores morais,
abordando o assunto traição. A obra ficcional proporcionou aos leitores uma releitura crítica, auto
reflexiva e consciente de um personagem histórico: Calabar, o traidor esquartejado, inicialmente
aliado aos portugueses. De um período marcado pelas invasões holandesas no Brasil, o personagem
histórico, reconstituído ficcionalmente, que passa a defender os holandeses, desperta diversas críticas
nos personagens da obra e é considerado, pelos ‘grandes e poderosos’, um traidor. Contudo, a peça
teatral, que apresenta o ato de ‘trair’, de forma reflexiva, aborda também a traição de vários outros
personagens da obra, possibilitando assim o despertar, neste contexto, por meios literários da ironia e
da paródia, da consciência coletiva e crítica do público leitor, acerca das verdades históricas, ditas
consagradas pela historiografia oficial, principalmente daqueles ‘outros’, presentes em um período
histórico ditatorial, da época memorialística em que a obra foi escrita. Este estudo pretende analisar
tais aspectos, presentes na ficção.
Palavras-Chave: Chico Buarque; representações literárias; Hutcheon.
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Dicotomia sujeito-objeto em Kimpa Vita, a profetiza ardente de José Mena Abrantes
Cínthia Renata Gatto Silva (UEL)
Resumo: Nas sociedades pós-coloniais os sujeitos são postos em uma condição hierárquica de
superioridade/inferioridade, na qual o dominador é visto como o modelo moralmente superior. O
oprimido é fixado e passa a ocupar um lugar de inferioridade na lógica binária promovida pelo
pensamento colonial. A resposta do oprimido é a resistência, uma das únicas possibilidades para
reverter à lógica colonial. Por resistência entende-se, sumariamente, a negação dos valores
perpetuados pelo colonialismo, muitas vezes por meio da apropriação dos instrumentos dos próprios
colonizadores, como a língua, por exemplo. Proponho neste trabalho uma leitura da peça do angolano
José Mena Abrantes intitulada Kimpa Vita, a profetiza ardente por intermédio da teoria pós-colonial,
procurando evidenciar como o texto lida com a dicotomia sujeito/objeto e como a atitude contestatória
do oprimido abala a lógica hierárquica proposta pelo dominador.
Palavras-chave: Pós-Colonialismo; Dramaturgia Angolana; Resistência; José Mena Abrantes.
Gota D’água, de Chico Buarque: a atualização histórica e dialética do mito de Eurípedes
Cláudia de Godoy Braz (PG - UEM)
Resumo: Muito embora seja inspirada na tragédia Medeia, de Eurípedes, a peça Gota d’água, de
Chico Buarque e Paulo Pontes, não se reduz a uma mera versão abrasileirada do texto grego uma vez
que a adaptação nacional é totalmente moldada, por meio da perspectiva dialética, ao contexto
histórico, político, cultural, econômico e social pelo qual o país atravessava na década de setenta,
momento em que a peça foi escrita. Isso ocorre não apenas em nível temático, mas também formal na
obra, o que a deixa ainda mais interessante e relevante. A crua exposição da realidade brasileira e da
sofisticada engenharia que move o capitalismo no país revela uma das grandes preocupações dos
autores: denunciar o sistema opressor de arrecadação de riquezas das classes mais abastadas da
sociedade e a exploração que se esconde debaixo do ilusório milagre econômico brasileiro. Por fim,
vale destacar que a presente comunicação pretende discutir a atualização épica de peças como Medeia,
entre outras, uma vez que o momento exige uma perspectiva histórica acerca dos conceitos e
categorias, jamais a sua aceitação universalista.
Palavras-chave: Gota d’água; Chico Buarque; Literatura e Sociedade; Teatro dialético.
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Machado de Assis e o teatro musicado francês
Daniela Mantarro Callipo (UNESP/Assis)
Resumo: Os estudos acerca dos diálogos intertextuais estabelecidos por Machado de Assis em sua
obra costumam destacar a presença de autores consagrados como Pascal, Shakespeare e Dante. No
entanto, como homem de seu tempo, o autor de Quincas Borba também teve acesso a obras populares:
modinhas, operetas, polcas, vaudevilles, canções infantis percorrem seus romances, contos e,
sobretudo, suas crônicas, textos mais leves e (aparentemente) descompromissados, que favorecem o
entrelaçamento de reflexões acerca da vida e trechos de uma ópera-bufa; comentários a respeito de
decisões governamentais e cantigas de roda. Esse aspecto merece estudo, porque revela uma faceta
pouco conhecida do escritor fluminense e mostra que em sua Biblioteca conviviam Cervantes e
Offenbach, Homero e Clairville. Nesta comunicação, pretende-se analisar duas crônicas machadianas
em que o popular e o erudito convivem de forma harmoniosa; mais especificamente, busca-se
compreender de que forma Machado estabeleceu um diálogo com a cultura francesa, não exatamente
dos grandes clássicos, mas aquela do teatro musicado francês.
Palavras-chave: crônica machadiana; teatro musicado francês; intertextualidade
Dramaturgia no projeto Teatro Experimental do Negro (TEN)
Denise Rocha (UNILAB - Redenção/CE)
Resumo: No ano de 1944, Abdias do Nascimento (1914-2011), juntamente com Aguinaldo Camargo
e Teodorico dos Santos, criou o movimento sociopolítico e cultural, denominado de Teatro
Experimental do Negro, e contou com a colaboração literária de Eugene O´Neil e a política de Sartre.
O TEN promoveu a valorização da cultura afro-brasileira e do artista negro, bem como lutou contra a
discriminação racial e desenvolveu algumas políticas afirmativas. O objetivo do estudo é estudar as
peças teatrais escritas por autores que receberam um convite de Abdias para abordar temas
relacionados à cultura negra no Brasil e ao papel do negro na sociedade nacional: Nélson Rodrigues,
Rosário Fusco, Lúcio Cardoso, Joaquim Ribeiro, José de Moraes Pinho, Romeu Crusoé, Tasso da
Silveira e Agostinho Olavo.
Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; Teatro Experimental do Negro; imagem.
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A mise en abyme em Jean Anouilh: uma análise de Cher Antoine ou l’amour raté
Desiree Bueno Tibúrcio (PG - UEL)
Resumo: Em Cher Antoine ou l’amour raté (1969) Anouilh traz como enredo a leitura do testamento
de Antoine d'Anthac, célebre dramaturgo que morre em seu castelo em Bavière. Reunidas, as
personagens convocadas para a leitura do testamento rememoram episódios da vida do dramaturgo,
um flashback traz o falecido dramaturgo em cena a fim de reviver uma de suas peças: Cher Antoine ou
l'Amour raté, que além do nome traz uma trama semelhante à da peça de Anouilh. Neste âmbito, no
livro Théâtre miroir, métathéâtre de l’antiquité au XXIe siècle, publicado em 2006, Kowzan afirma
que da mesma forma que um espelho, a peça de Antoine reflete a peça de Anouilh, isso resulta em um
processo de mise en abyme, ou uma estrutura em cascata, na qual uma peça traz outra dentro de si
(mise en abyme), procedimento de construção cujos efeitos são analisados nestre trabalho.
Palavras-chave: teatro; reflexividade; mise en abyme.
Rua de mão única: A dialética do indivíduo e o coletivo nas peças A Noite de José Saramago e
Tambores na noite de Bertold Brecht
Devalcir Leonardo ( UNESPAR / Campo Mourão)
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo apresentar uma leitura da peça A noite (1980)
do dramaturgo português José Saramago destacando as possíveis aproximações temáticas e estilísticas
com teatro de Bertold Brecht. Saramago tem seu reconhecimento como escritor pelo destaque de seus
romances. No entanto, outros gêneros literários como a poesia, crônica e o teatro também revelam
obras de quase a mesma envergadura da prosa romanesca. A peça A noite foi o primeiro texto
dramático escrito em 1980 por José Saramago. O contexto de desenvolvimento da trama se dá na noite
de 24 para 25 de abril 1974; data da Revolução dos Cravos em Portugal. Esse momento histórico
revolucionário pode ser a chave de leitura para aproximar Brecht de Saramago, além disso, outro fator
de aproximação está nas atitudes estético-filosóficas de engajamento comunista. Para materializar a
aproximação entre os dois escritores, tomaremos como elemento de análise comparativa a peça
Tambores na noite (1986) de Bertold Brecht, além das teorias sobre Tragédia moderna de Raymond
Williams (2002), as reflexões de SZONDI (2003), ROSENFELD (2011) e BENJAMIN (1987; 2012).
Palavras-chave: Teatro; José Saramago; Bertold Brecht; Revolução; Alienação.
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Quem lê um drama acrescenta um tanto: Dramaturgia, leitura e ensino no campo das letras
Diógenes Maciel (UEPB)
Resumo: Justifica-se a proposta de comunicação pela necessidade de se refletir, mais detidamente,
sobre como, nas aulas de Literatura Brasileira, pode-se articular os textos dramatúrgicos mediante
dimensões interpretativas ou concernentes a questões estéticas e históricas da tradição nacional.
Pretende-se abrir um questionamento sobre a focalização necessária sobre textos relevantes a um
entendimento de trânsitos interdisciplinares (caros aos PPCs dos cursos de Letras em funcionamento
na Paraíba, em diferentes instituições públicas, e para a compreensão de áreas interartísticas),
contraditoriamente, muitas vezes relegados a um lugar marginal nos currículos (tanto do Ensino Médio
quanto das Licenciaturas neste Estado). Assim, se poderá colocar em perspectiva, pela leitura crítica
dos documentos oficiais para a educação e dos próprios Cursos de Letras das instituições em foco, os
impasses verificados por uma reavaliação necessária de certezas meramente provisórias e tão
amplamente cristalizadas em livros e/ou esquemas didáticos com vistas a uma modificação dos planos
de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: dramaturgia brasileira; literatura brasileira; ensino de literatura.
O mito de Medeia como a representação da resistência feminina: Medeia, de Coelho de Moraes.
Eliane Benatti (UEL)
Resumo: Esta comunicação analisa a personagem Medeia, da peça Medeia, de Coelho de Moraes
(2011). Conforme Motta (2008), no início dos anos de 1990 o mito de Medeia foi recuperado com
maior intensidade em textos teatrais devido ao fato de as problemáticas abordadas nesse mito
apresentarem uma relação próxima com o contexto social e político do século XX. Os temas que
tratam dos choques entre o bárbaro e civilizado, gerando as tensões na sociedade e a difícil
convivência das diferentes culturas, além da valorização da visão feminina sobre os mais variados
fenômenos e, inevitavelmente, a dimensão trágica da existência, que se aprofunda e se agrava no
século XX, ganham mais importância, configurando à personagem Medeia novos contornos. Coelho
de Moraes nos apresenta uma heroína cuja imagem sobre si mesma é construída através do reflexo
distorcido produzido por uma sociedade que teme o estrangeiro e relega à mulher uma condição
inferior a do homem, condicionando-a à subserviência e a ausência de direitos. A princesa bárbara e
feiticeira é a representação maior desse medo. Essa dupla alteridade, de estrangeira e de mulher,
constrói em Medeia sentimentos que acabam por fortalecer o que há de mais aterrador nela, a ira e,
consequentemente, a vingança.
Palavras-chave: Mito; Dramaturgia; Feminino; Contemporaneidade.
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Rútilo Nada em cena
Eliza Pratavieira (PG - UNIANDRADE)
Resumo: Este trabalho propõe uma leitura da adaptação cênica de Rútilo Nada, texto ficcional de
Hilda Hilst, publicado em 1993, e levado aos palcos no ano de 2010, por Daniel Fagundes, Wellington
Duarte e Donizeti Mazonas. A adaptação lida diretamente com as possibilidades de relação entre texto
e cena. A partir da experiência de tradução intersemiótica, o coletivo re-escreve o texto hilstiano em
uma perspectiva cênica, a partir de elementos como a performance corporal, a música, a fotografia, a
cenografia, entre outros e nesta perspectiva, o texto é mais um material para a composição cênica. A
leitura será guiada pelas teorias de de Jean-Pirre Ryngaert, Hans-Thies Lehmann, Júlio Plaza e Anne
Ubersfeld.
Palavras-chave: Rútilo Nada; Adaptação Cênica; Tradução Intersemiótica; Teatro Contemporâneo;
Experiência cênico-criativa com as peças didáticas de Bertold Brecht
Gabriela Fregoneis (UEM)
Resumo: Este artigo apresenta como intuito refletir sobre a experiência cênico-criativa com a peça
didática Baal, de Bertold Brecht, vivenciada na disciplina de Interpretação III do curso de Artes
Cênicas (licenciatura) da UEM. Busca-se aqui traçar uma escrita processual sobre nossas vivencias em
sala de aula, bem como levantar reflexões acerca dos processos criativos dos alunos e a discussão em
torno da aprendizagem via modelos de ação apresentados por Brecht.
Palavras-chave: peças didáticas, criação, experiências cênicas
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Cena Expandida: novas práticas pedagógicas no ensino do teatro
Gabriela Lírio (UFRJ)
Resumo: A comunicação abordará o ensino do teatro na universidade, tomando como foco o conceito
de cena expandida. Nos anos 90 e, mais acentuadamente, no começo do novo milênio, assistimos à
emergência de cenas híbridas criadas a partir da interação de linguagens distintas no ambiente
universitário, como o audiovisual, a performance, a fotografia, a literatura. A interdisciplinaridade e o
hibridismo compõem uma nova cartografia de criações teatrais, em que as especificidades das artes
dão lugar a novos modos de produção e circulação de objetos artísticos. Analisarei a produção teatral
contemporânea desenvolvida na UFRJ, através do desenvolvimento de novas práticas pedagógicas que
privilegiam a interseção e o diálogo entre as artes. O uso de dispositivos, de novos suportes e a
ocupação de espaços não convencionais serão abordados como estratégias para criação de objetos
artísticos no ambiente acadêmico. Como último aspecto, investigarei, em concomitância à cena
expandida, a categoria de artista-pesquisador, refletindo sobre sua atuação na universidade, sobretudo
nos cursos de pós-graduação
Palavras-chave: teatro; ensino; cena expandida
Relato de experiência: dramaturgia, ensino de literatura e memória no Ensino Médio
Gêlda Karla da Silva Marques (PG - IFPB / UEPB)
Resumo: Considera-se o desafio de se ministrar aulas de Literatura, no contexto do mundo capitalista
e tecnológico em que estamos inseridos, tendo em vista que a competitividade, o legado do novo, a
‘coisificação’ do ser humano e a objetividade das ações, são prioritários na modernidade e vão de
encontro ao prazer estético e à subjetividade que a Literatura nos transmite. Diante de tal realidade,
apresenta-se neste trabalho, uma Sequência Didática que foi desenvolvida com alunos do Ensino
Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Princesa Isabel, e que tinha
como objetivo aproximar o ensino de Literatura do patrimônio histórico cultural dos alunos, com
vistas à contextualização da leitura literária no Ensino Médio. Utilizou-se, em uma das etapas da
pesquisa, a leitura da biografia Dercy de cabo a rabo, de Maria Adelaide Amaral, com vistas à
compreensão de conceitos ligados à memória individual e coletiva que, por fim, suscitou a
representação teatral, por parte dos alunos envolvidos, de uma teatralização/adaptação deste texto,
articuladamente a outras atividades que se inseriam na sequência didática, como etapa para a
consecução dos nossos objetivos.
Palavras-chave: literatura; ensino; dramaturgia; memória.
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Dialética em ói nóis aqui traveiz
Hadassa Welzel (IC-UEM)
Resumo: A comunicação que a graduanda busca propor é parte de alguns dos resultados que têm sido
observados ao longo de um projeto de iniciação científica. Esse busca traçar um panorama histórico do
coletivo de teatro Ói Nóis Aqui Traveiz, o qual iniciou em 1978 no Rio Grande do Sul, além de traçar
suas linhas estéticas. A respeito da estética do grupo, algo que vale ser notado e que será abordado na
comunicação é: como trabalha um grupo que tem em seus estudos e em sua prática influências tanto
de Artaud quanto de Brecht. Desde o início da pesquisa essa indagação se fez presente, uma vez que é
notável em peças encenadas pelo grupo, tais quais O Amargo Santo da Purificação, Viúvas ou Medeia,
uma visão da história benjaminiana, ao mesmo tempo em que se pode notar uma tendência
esteticizante em suas encenações. Ao longo da comunicação procurarei aprofundar o dito não só
oralmente, mas também por meio de excertos de encenações que temos do grupo.
Palavras-chave: Ói Nóis Aqui Traveiz; Bertolt Brecht; teatro de grupo
Considerações sobre a representação das mulheres em A moratória, de Jorge Andrade
Jéssica Oliveira (IC-UEM)
Resumo: A presente comunicação tem por objetivo analisar a representação das mulheres na
dramaturgia de Jorge Andrade pela mediação entre a estética e o processo social, apoiando-se, para
isso, no materialismo dialético. Tendo como referência o ciclo das peças Marta, a Árvore e o Relógio,
de autoria do dramaturgo, pretende-se investigar como as relações de gênero ganham expressão no
teatro, em especial na peça A moratória, tecendo, assim, algumas considerações a respeito do papel da
mulher nessa obra, a fim de compreender como este pode ser um forte modificador social na
atualidade. Por meio das perspectivas teóricas abordadas tanto em Benjamin como no teatro
brechtiano, e buscando a articulação com autoras que discutem gênero, analisaremos de que maneira
essas relações se produziram historicamente e qual a representação das mulheres nesse processo. Não
se trata de uma forma definida, mas perceber como essas personagens conseguem dialogar com o
plano social, além de discutir porque é relevante, nos dias de hoje, encenar esse tipo de teatro, pensar
sobre ele e sobre essas relações de gênero tão evidentes em sua época e talvez ainda presentes nos dias
de hoje. Adotando a perspectiva de que a arte pode ter caráter formador, tomamos como ponto de
partida um estudo do teatro brasileiro dos anos 1950 a 1970, buscando compreender como se deu a
recepção crítica e o desenvolvimento do teatro épico-dialético no Brasil no mesmo período.
Palavras-chave: Jorge Andrade; Representação das mulheres; Teatro e sociedade; Teatro épico.
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A utopia como desejo irrealizável no teatro de Dea Loher
Júlia Mara Moscardini Miguel (PG - UNESP/Araraquara)
Resumo: A dramaturgia alemã passou por diversas mudanças desde 1945. As primeiras gerações do
pós-guerra lutavam por se desvencilhar dos modelos clássicos impostos pelo governo de Hitler. A
estética teatral foi adquirindo formas diversas no oriente e no ocidente, passando pela proposta épica
do grande Brecht, carregada pelos ideais marxistas até culminar em uma forma que se afastava das
utopias sociais, nos anos 70. A contemporaneidade é marcada por uma diversidade de autores que
resgatam modelos antigos ao passo que, paradoxalmente, propõem rupturas que originam uma estética
híbrida. Dea Loher é uma dramaturga presente nesse grupo de autores e que privilegia uma escrita
política. Sua estética é ampla e loheriana por natureza, ou seja, livre de rotulações e reducionismos.
Suas personagens são envolvidas em uma teia na qual circundam relações de poder. São figuras
descaracterizadas, que se rebelaram em algum momento, mas cujas vidas não sofreram transformação.
Há um grande ceticismo, próprio do Zeitgeist, sendo que qualquer crença ligada a uma grande utopia é
extinta. Personagens tristes, histórias sem um final feliz, enfim, um esboço das sociedades
contemporâneas ocidentais desenhado por questões complexas, sem partidarismo e desempenhando
uma forte e cáustica crítica social.
Palavras-chave: teatro alemão; hibridismo teatral; teatro político; falência das utopias; ceticismo.
A Máscara Inexpressiva e a formação de atores
Leonardo Augusto Alves Inacio (UEM)
Resumo: O presente trabalho desenvolve um estudo investigativo sobre a máscara inexpressiva.
Busca-se entender a importância do trabalho com ela para o ator do início do século XXI. Isso é
realizado considerando as condições históricas que levam ao seu surgimento no teatro ocidental e
primeiras aplicações, até a formatação de uma pedagogia para formação de atores, a partir do
surgimento da figura de Jacques Copeau, e posteriormente de Jacques Lecoq. Copeau e Lecoq utiliza-
se, dentre outras ferramentas pedagógicas, da máscara inexpressiva como um dos pilares de suas
pedagogias para criar e educar um novo ator, descobrindo que o ator, portando esta, abre-se ao vazio, a
esperar, permitindo-se escutar para então agir, e agir de maneira honesta, econômica.
Palavras-chave: Pedagogia teatral; Jacques Copeau; Jacques Lecoq; Máscara Inexpressiva.
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Um outro lugar no teatro por meio do danjuro: a técnica a favor da educação e da dramaturgia
Leonardo de Castro (Especialização - CIFE Educacional )
Resumo: A partir da experiência na oficina “A Criação do Ator”, ministrada por Carolina Triguis e
Priscila Carvalho, de São Paulo/SP, em Campo Grande, com a introdução aos conceitos e noções da
Técnica Danjuro, houve o despertar para a presente pesquisa. Tal metodologia tem características de
enfoque voltadas ao trabalho de conceituação dos sentimentos e das sensações que o ator explora
cenicamente além de buscar o entendimento destes através do que o personagem oferece ao ator e de
como este o utiliza. O Danjuro influencia o ator a buscar a subjetividade de seu texto e o encaminha
para criar uma visão afastada de seu trabalho para, assim, ter certeza do que o ator, que controla a
personagem, em cena, está propondo. O experimento foi proposto para adolescentes de Campo
Grande, em 2013, da Escola Estadual João Carlos Flores e de Corumbá, em 2014, no Centro de
Assistência Infanto Juvenil – CAIJ. Após vivenciarem as noções do Danjuro, os adolescentes
escreveram, de maneira livre e intuitiva, os textos dramatúrgicos “Como Vem, Te Mente?” e “Um Ser
Amor”, que, posteriormente, foram apresentados, também por eles, como espetáculos teatrais,
concebendo, então, o processo criativo que transita desde a construção da dramaturgia textual até à
cena.
Palavras-chave: Teatro; Educação; Danjuro; Dramaturgia
Os aspectos simbolista-decadentistas na poesia dramática de Villiers de l’Isle-Adam
Lígia Maria Pereira de Pádua Xavier (PG - UNESP/ Araraquara)
Resumo: No final do século XXI, as normas que regiam a criação artística caem por terra e o artista
vivencia a crise da representação uma vez que a arte não almeja mais a imitar a natureza, mas, sim,
arrancar o homem da sua condição terrena para alça-lo rumo ao Absoluto. Porém, a sociedade,
apegada aos valores burgueses e materialistas, não partilha de seu anseio e ele se exila na sua criação,
sua torre de Marfim. A palavra poética é assim reivindicada como um caminho que conduz a esse
Absoluto. No drama, essa palavra funda um novo tipo de teatro que não tem mais o intuito de
comunicar, mas de sugerir. As fronteiras entre as artes se fundem e o teatro intenta tornar-se um
templo de meditação. Eis que surge a poesia dramática do escritor francês Villiers de L’ Isle-Adam
fazendo ecoar alguns aspectos que foram esteticamente trabalhados pelo movimento simbolista-
decadentista, assim, o objetivo desse trabalho será analisar como esses aspectos foram incorporados
pelo teatro villieriano tornando-o um dos inspiradores do théâtre de la parole.
Palavras- chave: Literatura Francesa; Simbolismo-Decadentismo; Poesia dramática; Villiers de l’
Isle-Adam
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O deus da fortuna, do Coletivo de teatro Alfenim: mediações entre teatro e sociedade
Luana Suellen Abreu Paes (IC-UEM)
Resumo: Este projeto de Iniciação Científica tem por objetivo estudar o método dialético de trabalho
do Coletivo de teatro Alfenim, grupo paraibano que, ao procurar uma nova estética do fazer teatral,
encontra no teatro de grupo a articulação necessária para dar expressão ao seu trabalho. Portanto,
procurarei, nessa comunicação, traçar brevemente uma linha histórica sobre a dramaturgia dos anos
50-70 e dos 90 em diante, abordando as teorias épicas do teatro de Bertolt Brecht. Além disso,
buscarei enfatizar a importância do Coletivo na atualidade, dado ao fato de seu engajamento e da
forma com que trabalha as contradições históricas do país. Para tal, a peça escolhida que melhor
atende aos objetivos do presente estudo é O Deus da Fortuna (2011), parábola cômica que, utilizando
um argumento de Brecht, trabalha, de forma alegórica, questões acerca do capitalismo, cuja versão
brasileira ganha expressão estética no Alfenim. Além disso, faz-se também objetivo estudar o gênero
dramático em todas as suas especificidades, visto que este sofreu certo esquecimento no âmbito dos
estudos literários nos cursos de Letras, principalmente em relação à permuta entre literatura dramática
e encenação.
Palavras-chave: Coletivo de teatro Alfenim; O deus da fortuna; teatro e sociedade; teatro épico; teatro
de grupo
Duplo e crueldade em Duas páginas em branco de Qorpo-Santo
Luan Caroline Oliveira Fontoura Kugler (PG-UEL)
Resumo: Baseada na defesa de Antonin Artaud por um teatro que seja um fim, não um meio, um
signo da realidade, propõe-se a análise de uma peça de Qorpo-Santo a partir dessa perspectiva.
Partindo dos pressupostos teóricos expostos em O teatro e seu duplo de Artaud (1984), mais
precisamente o conceito de Teatro da crueldade (que compõe a série de duplos do teatro definido por
Artaud), propõe-se uma análise das personagens de Duas páginas em branco de Qorpo-Santo (1980).
Essa análise perpassará a noção do duplo em Artaud, expondo os conflitos das personagens com o
meio no qual estão inseridas, sua realidade. A crueldade é manifesta nas relações ontológicas na peça,
nos conflitos gerados primordialmente entre homem e mundo. O duplo é delineado na relação de
identidades das personagens, construída por meio do que aparentemente é ambivalente entre o sonho e
pesadelo das suas realidades, mas que será analisada como dual. As personagens de Duas páginas em
branco são reflexo de um pequeno recorte do universo dramático de Qorpo-Santo, e ao propor uma
análise dessas personagens baseada em uma teoria que encara o teatro como duplo da vida, esboça-se
mais uma página na fortuna crítica do autor.
Palavras-chave: Artaud; Qorpo-Santo; Teatro da crueldade; Duplo.
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Robert Wilson: por trás do olhar de um surdo-mudo e a voz-pensamento de um autista
Lucas de Almeida Pinheiro (PG - UNICAMP)
Resumo: A vida e a obra do encenador Robert Wilson foram fortemente influenciados por seu
contato, no final da década de 1960 e começo da década de 1970, com duas crianças singulares:
Raymond Andrews, surdo-mudo e que acabara por ser adotado pelo encenador, que influenciou-o
fortemente no que diz respeito à estética e apelo visual de suas obras, e Christopher Knowles, autista,
que com sua sensibilidade outra apresentou à Wilson sua forma única de trabalhar e conceber uma
dramaturgia escrita de forma diferente da “normal”, descontruindo sons e palavras, criando uma
espécie de arquitetura sonora, e que, a sua forma, alterou a forma com a qual Wilson pensava e
utilizava o texto e a dramaturgia sonora de suas apresentações. Busca-se, através do contato e troca
durante o II Seminário de Dramaturgia e Teatro um enriquecimento mutuo, deste pesquisador para
com os outros participantes do evento.
Palavras-chave: Robert Wilson; poéticas de criação; surdo-mudo; autismo
Repetição e performatividade na dramaturgia teatral contemporânea: um estudo de
Juste la fin du monde (1990) e Le Pays lointain (1995), de Jean-Luc Lagarce
Marcelo Bourscheid (PG - UFPR)
Resumo: Em uma série de autores da dramaturgia teatral contemporânea, podemos constatar o uso de
uma concepção performativa da linguagem, substituindo a concepção representacional operante nas
obras dramáticas clássicas e modernas. Jean-Luc Lagarce (1956-1995), dramaturgo francês
reconhecido pela crítica teatral como um dos mais importantes autores dramáticos da
contemporaneidade, é um dos exemplos dos autores contemporâneos que exploram a performatividade
em seus textos. A partir do estudo das peças Just la fin du monde (1990) e Le Pays lointain (1995),
buscarei destacar, dentre as estratégias dramatúrgicas utilizadas pelo autor francês, o recurso da
repetição, elemento formal recorrente na obra desse dramaturgo, cujo emprego o aproxima de uma
concepção performativa da palavra dramatúrgica, em que a linguagem, mais do que representar as
coisas do mundo, constitui-se em um “efeito-mundo” (CASSIN: 2005), onde a materialidade rítmica
do signo passa a ser tão ou mais importante do que seu caráter semântico.
Palavras-chave: Dramaturgia; Performatividade; Repetição; Ritmo; Teatro.
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Fragmentação identitária e desconstrução do herói em Dias Gomes:
entre o trágico, o alegórico e o forjado
Marcio da Silva Oliveira (PG - UEM)
Resumo: A obra de Dias Gomes é marcada pelo questionamento social através da construção de um
rico painel de personagens que denunciam de modo contundente as injustiças sociais do contexto no
qual estão inseridos. A tradicional figura do herói é remontada e historicizada de modo a refletir a
fragmentação do indivíduo cuja realidade é marcada pela exploração do homem pelo homem. O herói
clássico, aristocrático, proveniente da tragédia grega é, em Dias Gomes, desconstruído e adequado à
sua realidade e, para que seja retratado nos palcos, precisa ser elemento constituinte de um teatro
engajado e revolucionário, instrumento de transformação social e política. Desse modo, objetiva-se
aqui destacar a desconstrução do herói em Dias Gomes em três momentos: o herói de O pagador do
promessas, cuja feição ganha contornos, ao mesmo tempo, de herói trágico e de sujeito marginalizado;
a heroína alegórica de O Santo Inquérito, figura representativa da ingenuidade cuja sinceridade coloca
em cheque a ordem institucional existente; o herói forjado de O Berço do Herói, que demarca o
confronto inevitável entre os caminhos do progresso e a decomposição moral do sujeito.
Palavras-chave: Dias Gomes; Desconstrução do Herói; Fragmentação Identitária;
Didi Fonseca e Mary Daniel: a década de 50 na dramaturgia feminina
Maria Cristina de Souza (UTFPR)
Resumo: O ensino de dramaturgia nos cursos de Letras pelo país afora é bastante escasso e quando
existente um tanto deficitário. As cargas horárias destinadas ao estudo teatral não permitem
conhecimentos aprofundados, ficando-se na apresentação de momentos históricos relevantes, textos e
autores representativos. Com isso, a dramaturgia de autoria feminina, desconhecida de muitos, se não
da maioria de estudantes e teóricos da dramaturgia nacional fica relegada a não existência.
Uma pesquisa que revelou, na década de 80 do século passado, mais de 800 dramaturgas e 1500 textos
faz pensar na importância de inseri-las na história da dramaturgia nacional, pois sua escrita não é
inexistente tampouco esporádica; há uma tradição de escrita de dramaturgia feminina no Brasil.
Revelá-las aos historiadores, professores e estudantes é a próxima etapa (desafio) a ser vencida. Para
tanto, parte-se da publicação de duas coletâneas de teatro de autoria feminina na década de 50, uma
abordando o teatro de revista de Mary Daniel no Rio de Janeiro e outra a comédia de costumes de Didi
Fonseca no Paraná, além da publicação de suas biografias e de Julia Lopes de Almeida, autora do
início do século XX. Essas publicações são o objeto deste estudo.
Palavras-chave: teatro feminino; dramaturgia brasileira; teatro de revista; dramaturgia e ensino
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Diálogos entre teatro e cinema: a presença da linguagem
cinematográfica na obra de Nelson Rodrigues
Marina Stuchi (UEL)
Resumo: Nelson Rodrigues é considerado por diversos críticos como um dos principais renovadores
da literatura dramática nacional e o diálogo travado com a linguagem cinematográfica na obra do
dramaturgo é um dos fatores que merece destaque na renovação promovida pelo autor na dramaturgia
nacional. Cinéfilo confesso, absorveu do cinema diversas técnicas e estas podem ser observadas
formalmente nas obras dramáticas desenvolvidas por ele, sem contar as inúmeras referências a filmes
e artistas da indústria cinematográfica contidas em sua dramaturgia. Desde a estreia de Vestido de
noiva (1943), foram suscitadas discussões acerca da influência da sétima arte, tanto na forma quanto
no conteúdo, na obra do autor. Entretanto, a relação com a linguagem cinematográfica pode ser
observada desde sua primeira peça, A mulher sem pecado (1941). No plano formal pode-se observar a
afinidade da obra dramática de Nelson Rodrigues com estruturas de espaço e tempo utilizadas pela
linguagem cinematográfica, como a utilização do flashback, a montagem paralela de cenas rápidas, a
decupagem e takes cinematográficos. O objetivo da pesquisa é problematizar como o cinema
influencia a dramaturgia de Nelson Rodrigues, promovendo renovações tanto no âmbito da literatura
dramática quanto na cena nacional.
A fábula pelo regime estético em Pinokio de Roberto Alvim
Marcos Savae (PG - UEL)
Resumo: Objetiva-se propor uma reflexão sobre a configuração da fábula na dramaturgia
contemporânea brasileira. Buscar-se-á evidenciar que a fábula, em termos aristotélicos, se configurou
no Ocidente até os idos de 1880 fortemente pelo regime representativo, pautado no princípio da
ordem, extensão e completude visando gerar um efeito a partir do pensamento lógico-causal. Mesmo
que o processo de distanciamento e atomização em Bertolt Brecht cause a quebra do fluxo das ações, a
fábula ainda é ordenada para obter um efeito de construção de conhecimento, por meio do raciocínio,
ou seja, da identificação pelo público de ferramentas de reflexão de sua condição social. A partir do
final do século XIX, autores como Ibsen, Maeterlinck, Tchekhov, marcaram o início da “crise do
drama moderno”, permitindo identificar uma ruptura da fábula do regime representativo para o
estético (RANCIÈRE, 2004), coadunando com as considerações acerca da crise da fábula no drama
moderno e contemporâneo apontados por Jean-Pierre Sarrazac (2012), em que “o agenciamento dos
fatos” se configuraria fragmentado, desconstruído, não se constituindo mais, no processo de
elaboração da peça, um pré-requisito, que se reconstitui para o leitor/ espectador a posteriori. As
hipóteses dessa reconfiguração da fábula partirão de leitura da peça Pinokio de Roberto Alvim.
Palavras-chave: Fábula – Dramaturgia Contemporânea – Regime Estético - Pinokio
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Aspectos da cosmovisão carnavalesca em A farsa de Mestre Pathelin
Maricelia Nunes dos Santos (PG - UNIOESTE)
Resumo: Nosso estudo consiste na leitura interpretativa da obra intitulada A farsa de Mestre Pathelin,
peça francesa de autoria desconhecida criada entre 1460 e 1470, à luz do conceito bakhtiniano de
cosmovisão carnavalesca. Essa cosmovisão, conforme Bakhtin (1999), constitui-se como
universalmente popular, liberta o homem do medo, o aproxima do próprio homem e do mundo, e o
põe em contato com a alegre relatividade de tudo. Sendo ela a que vigora durante o período medieval
em que a farsa se consolida como um gênero cômico e tem seu auge, considerá-la ao proceder à leitura
da peça sobre a qual nos voltamos se mostra imprescindível para entender a relação que esta
estabelece com a cultura cômica popular e o cômico ambivalente.
Palavras-chave: A farsa de Mestre Pathelin; cosmovisão carnavalesca; cômico ambivalente.
“Um não sei quê que nasce não sei onde”, de Maria Jacintha:
desarmada e de bandeira branca nos palcos de Niterói – estreia da montagem
cênica do diretor Leonardo Simões e atores niteroienses.
Marise Rodrigues (Fundação Casa de Rui Barbosa)
Resumo: Impressões de leitura sobre a encenação da peça “Um não sei quê que nasce não sei onde”,
de Maria Jacintha, a partir de sua primeira montagem cênica, elaborada pelo diretor Leonardo Simões
e atores niteroienses. Inicialmente a peça foi apresentada no Teatro Municipal de Niterói, em
novembro de 2014, em comemoração ao aniversário de Niterói, e, posteriormente, no Teatro da UFF,
na temporada de março de 2015, como parte das atividades culturais que nos rementem aos tristes
anos de ditadura brasileira de 1964. Pretende-se neste artigo pontuar as marcas do texto escrito (livro),
de 1968, com o texto adaptado em 2014 e seu resultado cênico.
Palavras-chave: encenação; Brasil de 1964; Niterói; ditadura; memórias.
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Para Além das Fronteiras: Shakespeare sendo revisitado
por Welcome Msomi em seu Macbeth Zulu
Mônica de Freitas (PG - UFV)
Resumo: Essa pesquisa pretende analisar a peça shakespeariana Macbeth e sua adaptação Zulu
uMabatha por Welcome Msomi. Através da comparação entre as obras, pretendemos mostrar as
relações intertextuais existentes entre elas e a forma como Welcome Msomi cria o seu próprio
Macbeth Zulu, analisando quais recursos utilizados para que a peça ganhasse cores e ritmos africanos.
Para criar um Macbeth Zulu, Welcome Msomi recorreu a importantes técnicas, e a principal delas foi
através da performance. O texto criado pelo autor também apresenta características genuínas – e é no
texto que este trabalho vai se aprofundar. Dessa forma, comparando Macbeth de Shakespeare e
uMabatha de Msomi vemos semelhanças na construção do enredo, aproximação do nome das
personagens (Macbeth/Mabatha; Duncan/Dangane; Macduff/Mafudu etc.), e a sequência das ações.
Contudo, a forma como que os discursos são trabalhados é completamente diferente. Assim, este
trabalho pretende contribuir para desmistificar a ideia de que a adaptação é uma “cópia” do texto-fonte
e demonstrar como o texto de Msomi preserva a essência da peça shakespeariana, porém, vestindo-a
totalmente para a realidade zulu, tornando-a uma obra extraordinariamente original.
Palavras-chave: Macbeth; uMabatha; Adaptação; Macbeth Zulu
O exílio como forma de desterritorialização do real em Litoral, de Wajdi Mouawad.
Nelson Marques (PG - UERJ)
Resumo: Através de uma perspectiva rizomática, mapearemos os personagens fraturados pelo exílio
da peça Littoral, de Wajdi Mouawad. Nossas investigações buscarão, em primeiro lugar, compreender
a referida experiência exílica não como um retrato fiel da realidade, mas como uma cartografia que ora
territorializa ora desterritorializa personagens que buscam suas próprias origens. Em um segundo
momento, discutiremos o lugar ocupado por Mouawad dentro do chamado “teatro globalizado”, isto é,
aquele que não se liga mais a um único território, nem a uma única cultura, afinal de contas, estamos
diante de uma dramaturgia que provoca no leitor a consciência de que o vínculo entre homem e mundo
se perdeu. O mapa se abrirá também às fortes influências míticas das tragédias áticas que atuam como
sombras trágicas a assombrar as fraturas causadas pelo exílio. Neste último momento, discutiremos
sobre como essas influências revelam uma dramaturgia que justamente por recusar o mimetismo, não
se pretende reprodutora do real, mas sim, como um conjunto dramático que o produz. Concluiremos
pondo em cena o raciocínio acerca de um teatro que ao fazer rizoma com o mundo, torna-se um
sistema de contingências e entropias a levar-nos por um labirinto de infinitos desvios.
Palavras-chave: Wajdi Mouwaud; exílio; rizoma; desterritorialização, tragédia
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Electra (1901), de Benito Pérez Galdós: imbricações das matrizes
mitológicas judaico-cristã e grega
Pedro Leites Junior (PG - UNIOESTE/ Universidade de VIGO)
Resumo: O presente artigo, resultado parcial de pesquisa de doutorado em andamento, apresenta um
estudo do drama Electra (1901), de autor espanhol Benito Pérez Galdós. Centramo-nos, mais
especificamente, na permanência e transformação de substratos mitológicos das duas matrizes
apontadas por Auerbach em Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental (2009),
como basilares para os processos de modulação da mímesis ocidental. Os referentes resgatados em
pormenor, no caso da obra dramática em questão, são, no que tange à tradição grega, o mito de
Electra, e no que diz respeito à tradição judaico-cristã, o mito de Adão e Eva. O mito grego, pois, é
considerado em suas implicações como narrativa de tradição oral assim como em sua materialização
nas tragédias do século V a.C.. O mito judaico-cristão, por sua vez, é tomado textualmente do Livro de
Gênesis, Velho Testamento da Bíblia; não obstante, é entendido conforme as formações simbólicas
que assume no ideário coletivo ocidental, com especial atenção ao contexto espanhol de passagem do
século XIX para o XX.
Palavras-chave: Mito; Electra; Mímesis; Intertextualidade.
Estou só? Notas sobre Arena conta Tiradentes
Priscila Matsunaga (UFRJ)
Resumo: Em 2012, pesquisando o acervo da Funarte/RJ, localizei dois arquivos em áudio contendo as
canções e uma cena da peça de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, Arena conta Tiradentes. O
material acrescenta perspectivas para o debate sobre a heroicização de Tiradentes e o contexto (1967)
no qual a peça se fez como intervenção política do Teatro de Arena. Trata-se de registro da
apresentação da peça, contendo reações do público. Orientada pelas questões de Anatol Rosenfeld
sobre o Sistema Coringa, somado a esse precioso registro, buscarei problematizar a atualidade do
debate sobre a formalização do herói na dramaturgia brasileira. A reflexão baseia-se, ainda, nas
articulações de Olivier Neveux sobre teatro político: “o que é político no teatro, em última instância, é
o lugar que o espetáculo reserva para o espectador”.
Palavras-chave: Arena conta Tiradentes; Augusto Boal; Gianfrancesco Guarnieri; Teatro de Arena;
Teatro Político.
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As relações de poder na obra de Vianinha Os Azeredos mais os Benevides
Renan Gustavo Parma dos Reis (IC - UEM)
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo discutir a luta de classes entre padrão e
empregado na obra Os Azeredo mais os Benevides, de Vianinha. A peça é de 1964 e estava sendo
ensaiada quando se deu o golpe militar, impedindo-a de estrear. A obra trata da relação de amizade
entre um patrão e um empregado, relação essa, que parece idealizada até que se inicia a crise da
plantação de cacau, quando o empresário muda de foco e abandona o outro à sua própria sorte. Aos
poucos verificamos que a amizade, como todas as outras relações humanas, não são alheias ao
interesse individual, de base financeira. Partindo do princípio de que as relações entre dominante e
dominando são regidas pelos interesses pessoais de ambas as partes, a peça também aponta para a
grande falha da aliança de classe, ao entendermos o contexto histórico brasileiro da época veremos que
no mesmo ano da estreia da peça esse sistema político mostrou o seu primeiro resultado maléfico para
a democracia brasileira. Em 2014 relembramos os 50 anos da nossa ditadura militar, é necessário alem
de não deixá-la cair no esquecimento reconhecer que esse acontecimento ainda da frutos nos dias de
hoje.
Palavras-chave: Teatro brasileiro; Teatro político; Vianinha; Ditadura Militar.
Traços do teatro contemporâneo em “Carta de Amor”, de Maria Bethânia
Renato Forin Jr. (PG - UEL)
Resumo: Em 2015, Maria Bethânia comemora 50 anos de carreira. Desde o antológico espetáculo
Opinião (1965), dirigido por Augusto Boal, a intérprete trilhou um caminho singular, não só pelas
qualidades vocais – mérito nada incomum no “país das cantoras” –, mas, principalmente, pelo formato
dos shows que aprimorou sob a batuta de vários diretores teatrais ao longo destas décadas. Costurando
textos literários a canções e apresentando uma performance carregada de signos cênicos de diferentes
naturezas, as montagens de Bethânia extravasam o território da música popular. Esta comunicação
apresenta uma leitura de sua obra pelo viés da dramaturgia e do teatro. Mais especificamente, mostra
como seus shows lançam mão de uma série de procedimentos da chamada cena contemporânea. Tais
características serão identificadas no recente espetáculo “Carta de Amor” (2013), dirigido por Bia
Lessa e última colaboração dramatúrgica de Fauzi Arap. O roteiro amarra com coerência desde texto
do poeta português José Régio até sambas de roda do Recôncavo Baiano, num claro exemplo de
drama rapsódico (na perspectiva de Jean-Pierre Sarrazac), de texto-colagem e de intertexto. Pode-se
encontrar ainda outros traços contemporâneos como o metateatro, a poeticidade, a fragmentação de
personagens, a polifonia e a performatividade.
Palavras-chave: Maria Bethânia; Carta de Amor; drama rapsódico; cena contemporânea
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Teatro na escola: do jogo à aprendizagem
Rosemari Bendlin Calzavara (UNOPAR)
Resumo: A presente pesquisa busca aliar leitura e representação dos textos dramáticos em escolas de
nível fundamental e médio. Sua metodologia baseia-se em atividades de leitura, estudo crítico-
reflexivo dos textos dramáticos, jogos teatrais e posteriormente na montagem e representação cênica
do texto lido. Entende-se que o estudo e investigação da leitura do texto dramático em diferentes
níveis educacionais se fazem importantes na formação do jovem leitor. O maior objetivo do teatro na
escola é promover a expressão e o conhecimento dos alunos, nas mais diversas atividades de
aprendizado multidisciplinar (GRANERO, 2011). Pautado nos princípios do teatro-educação como
uma forma de reconhecer no jovem educando as suas potencialidades permitindo-lhe desenvolver-se
em um ambiente aberto às experiências (KOUDELA, 1998), espera-se que os frutos deste trabalho
proporcionem um melhor desempenho dos jovens em seus estudos, no entrosamento social e nas
atividades que exigem reflexão crítica.
Palavras-chave: Ensino; Literatura; Teatro
A Respiração como Operacionalizador da Criação Cênica
Sandra Parra Furlanete (UEL)
Resumo: Nesta comunicação, apresentaremos os principais resultados práticos obtidos a partir do
trabalho realizado no grupo de pesquisa “Respiração e Criação Cênica”, orientado pela autora, entre os
anos de 2011 e 2015, com a participação de cerca de 28 alunos do curso de graduação em Artes
Cênicas da UEL. O objetivo principal a que o grupo se propôs foi o de investigar possibilidades de
sistematização de um trabalho cênico baseado na percepção sensível do outro, utilizando-se como
operacionalizador a respiração em seus aspectos anatomofisiológicos, psíquicos, simbólicos e
criativos. A investigação teve caráter eminentemente prático, baseado em jogos de relação, exploração
da percepção e da propriocepção, e a busca pela ampliação de ambas através de jogos criados e
desenvolvidos pelos próprios participantes em sala.
Palavras-chave: Jogo; Respiração; Relação; Criação Cênica.
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Construção e desconstrução da ambiguidade na HQ Beijo no asfalto
Sonia Pascolati (UEL)
Resumo: Nos últimos anos, muitas editoras têm visto na transposição de clássicos da literatura para o
formato da HQ ou graphic novel uma boa estratégia pedagógica – aproximar o jovem leitor da alta
literatura – e de mercado, pois é um novo filão editorial que se instala. Todavia, poucas são as
transposições de textos dramáticos para essa linguagem verbo-visual. Dentre as poucas em catálogo,
selecionei a HQ Beijo no asfalto, dramaturgia de Nelson Rodrigues transposta para os quadrinhos por
Arnaldo Branco e Adriano Goés e publicada pela editora Nova Fronteira em 2007, para análise de
alguns aspectos que denotem a tentativa de tradução da linguagem teatral para as imagens em
quadrinhos. Dentre esses aspectos, destaco a composição das personagens (expressões faciais); a
construção de cenários e espacialidades; a marcação teatral correspondente à perspectiva adotada no
posicionamento das personagens nos quadros; a tradução da linguagem rodrigueana, especialmente
sincopada no texto dramático Beijo no asfalto; e o mais importante: analisar se e/ou como a dubiedade
acerca das circunstâncias do polêmico beijo, ponto forte do texto-fonte, é construída pelas imagens.
Palavras-chave: história em quadrinho; dramaturgia; Beijo no asfalto.
O teatro épico em A Moratória, de Jorge Andrade
Sula Andressa Engelmann (PG - UEM)
Resumo: Esta comunicação pretende analisar como as formas épico-narrativas foram fundamentais
para a expressão de questões sociais e históricas em A Moratória, de Jorge Andrade. O estudo parte
das considerações de Anatol Rosenfeld, em seu artigo Visão de ciclo, e de Gilda de Melo e Souza, em
seu artigo Teatro ao sul. Interessa estudar a dialética entre forma literária e processo social, que a
partir do modernismo inicia um ciclo de politização, colocando em foco o nacional, rompendo com as
formas do drama burguês. Jorge Andrade faz parte do segundo ciclo de politização que se inicia nos
anos 50 tendo como centro o Teatro de Arena, o que viabiliza uma reflexão sobre o teatro épico no
Brasil. A Moratória formaliza a crise cafeeira em 1929, pela perspectiva dos donos de uma fazenda e,
com isso, adota a forma épica, pois ela possibilita a análise do passado frente às contradições sociais.
A instância narrativa irrompe pelo palco dividido em dois planos temporais, 1932 e 1929, como
também pelos conflitos que se referem ao contexto histórico, além de uma linguagem que aponta para
os clichês, colocados em contradição com o andamento histórico, itens que serão apresentados na
comunicação.
Palavras-chave: Teatro e sociedade; Teatro épico; Jorge Andrade.
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Considerações históricas e políticas sobre o CPC/PR e seus desdobramentos:
o teatro épico avança ao interior
Thaís Aparecida Domenes Tolentino (UEM)
Resumo: O movimento de abertura do projeto político e cultural colocado em prática pelo CPC
através da UNE-Volante teve como um de seus desdobramentos o surgimento de inúmeros polos de
resistência de uma arte empenhada na atuação crítica e na responsabilidade social como o quis o
CPC/PR num período marcado também pela modernização do aparelho teatral no Estado.
Pretendemos analisar alguns momentos desse processo: a formação do CPC/PR e as mediações entre o
teatro político produzido pelo grupo e o contexto histórico e social pelo qual passávamos; o
desenvolvimento de um amplo movimento de teatro amador no interior do Estado, especificamente em
Maringá, em meados dos anos 1960 e 1970, resultado direto do contato de artistas e militantes com a
proposta de uma estética nacional e popular como vimos iniciada com o Teatro de Arena e levada às
mais amplas e complexas consequências com o CPC; e a retomada do teatro épico e dialético no
contexto universitário contemporâneo, tendo como recorte a retomada da peça Auto dos 99% , em
2008, pelo Teatro Universitário de Maringá (TUM).
Palavras-chave: CPC; CPC/PR; teatro épico; teatro moderno, Auto dos 99%.
Vivência cênica performativa: o espectador como testemunha
Weslley Borges (IC - UEM)
Resumo: Tendo em vista as diversas linhas estéticas do teatro na contemporaneidade, é possível notar
os diferentes papéis dos receptores nesta arte. A presente pesquisa tem como intuito a análise das
diversificadas vertentes que envolvem os espectadores na cena teatral contemporânea, levando em
conta seu envolvimento com a obra cênica. Alguns grupos tratam esses receptores como público e
platéia, enquanto outros buscam uma visão individual frente ao receptor de sua obra, sendo este o
espectador/ testemunha. Frente a essa constatação, fez-se necessário, primeiramente, um estudo que se
dedicasse a investigar os conceitos atribuídos a público, platéia e espectador. Assim apoiando nas
idéias de André Carreira, Antonin Artaud, Flávio Desgranges, Jacques Ranciére e Jarzy Grotowski,
defensores do conceito de espectador, pretendi refletir a minha vivência no espetáculo teatral Wayra,
do grupo argentino Fuerza Bruta. O interesse pela pesquisa se deu pelo constante crescimento de
grupos que optam em trabalhar por essa linha de investigação na qual retira o espectador de sua zona
de conforto, tornando-o ativo, ou seja, tirando sua “passividade” frente ao acontecimento cênico.
Palavras-chave: Contemporaneidade; Fuerza Bruta; Testemunha.