CADERNO DE PROVA OBJETIVA 243/244 PROFESSOR DA … · BÁSICA – LÍNGUA ... O candidato somente...
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CADERNO DE PROVA OBJETIVA
ESTADO DO MARANHÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS - MA
CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTOS DE CARGOS
243/244 – PROFESSOR DA EDUC. BÁSICA – LÍNGUA PORTUGUESA
Leia atentamente as instruções abaixo.
01- Você recebeu do fiscal o seguinte material:
a) Este Caderno, com 40 (quarenta) questões da Prova Objetiva, sem repetição ou falha, conforme distribuição abaixo. Examine se a prova está completa, se há falhas ou imperfeições gráficas que causem dúvidas. Língua Portuguesa Conhecimentos Pedagógicos Conhecimentos Gerais de Caxias Conhecimentos Específicos
10 05 05 20
02- A prova terá duração de 3 (três horas).
03- No Cartão de Respostas, a marcação da alternativa correta deve ser feita cobrindo a letra e preenchendo todo o espaço interno do quadrado, com caneta esferográfica de tinta na cor azul ou preta, de forma contínua e densa.
04- Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 4 (quatro) alternativas classificadas com as letras (A, B, C, D), mas só uma responde adequadamente à questão proposta. Você só deve assinalar uma alternativa. A marcação em mais de uma alternativa anula a questão, mesmo que uma das respostas esteja correta.
05- Será eliminado do Concurso Público o candidato que:
a) Utilizar ou consultar cadernos, livros, notas de estudo, calculadoras, telefones celulares, lápis, pagers, réguas, esquadros, transferidores, compassos, MP3, Ipod, Ipad e quaisquer outros recursos analógicos.
b) Ausentar-se da sala, a qualquer tempo, portando o Cartão de Respostas.
Observações: Por motivo de segurança, o candidato só poderá retirar-se da sala após 1 (uma) hora a partir do início da prova.
06. O candidato somente poderá levar o Caderno de Questões caso saia da sala de aplicação de sua prova nos últimos 30 (trinta) minutos.
07. Não se comunique, em hipótese alguma, com outros candidatos.
08. Não é permitida a consulta a apontamentos, livros ou dicionários.
09. Qualquer questionamento sobre a prova deverá ser encaminhado por via de recurso de acordo com o edital para este Concurso Público.
10. O candidato que, por qualquer motivo ou recusa, não permanecer em sala durante o período mínimo estabelecido, terá o fato consignado em ata e será automaticamente eliminado do Concurso Público.
11. Confira, no Cartão-Resposta, o número de sua Inscrição, o cargo para o qual se inscreveu, seu nome e assine no espaço adequado.
NOME DO (A) CANDIDATO (A):__________________________________________________________________________________________
Nº DE INSCRIÇÃO:____________________________________________________________________________________________________
MAIS INFORMAÇÕES:
Internet: www.institutomachadodeassis.com.br Telefone: (86) 3025-1017 E-mail: [email protected]
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS - IMA CONCURSO PÚBLICO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS-MA
FOLHA DE ANOTAÇÃO DO GABARITO - ATENÇÃO: Esta parte somente deverá ser destacada pelo fiscal da sala, após o término da prova.
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LÍNGUA PORTUGUESA QUESTÕES DE 1 A 10
Para responder a essas questões, assinale APENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque o número correspondente na Folha de Respostas.
AS QUESTÕES DE 1 A 10 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
Ouvimos, com frequência, queixas sisudas no sentido de que a língua portuguesa 1
está se estropiando no Brasil. Elas partem não só de dentro de nossas fronteiras como 2
também de além-mar, onde o vírus do linguajar das novelas brasileiras estaria infeccionando 3
a pureza do idioma. 4
As queixas têm certa procedência, quando não redundam em uma defesa disfarçada 5
da petrificação da língua, pretensão aliás inútil diante de seu constante movimento, seja a 6
longo prazo, seja diante de nossos olhos. Basta ler um texto de Ruy Barbosa para perceber 7
a distância que medeia entre sua escrita e a dos dias que correm. É bom lembrar que Ruy 8
morreu há pouco mais de 80 anos, espaço de tempo relativamente reduzido, quando se 9
pensa em termos de grandes alterações da língua. 10
Na contínua renovação, há porém muitos descaminhos. Claro que o critério para 11
estabelecer o que constitui descaminho é relativo e depende mesmo do gosto de cada um, 12
até que a passagem dos anos se encarregue de distinguir as novas formas linguísticas dos 13
modismos passageiros. 14
Da minha parte, implico particularmente com algumas novidades como, por exemplo, 15
essa história de falar sempre em “cima de alguma coisa, ou de alguma ideia”, expressão 16
inevitável nas reuniões de executivo e nas assembleias, sejam elas de professores ou de 17
sindicalistas. De resto, nessas reuniões já não se pondera nada, como se a ponderação 18
tivesse abandonado de vez tais encontros: fazem-se “colocações” a respeito de tudo e de 19
qualquer cousa. 20
Embora a redução das desigualdades sociais pouco tenha avançado no país, pelo 21
menos algo substancial se alcançou no plano da linguagem. Nessa área, o nivelamento é a 22
palavra de ordem generalizada. Pensa-se "a nível de nivelamento". 23
Um exemplo extremo de retrocesso aparece na linguagem científica, atacada por um 24
inimigo fora de moda que, em outros tempos, se chamava imperialismo americano. Trata-se 25
da referência a amostras randomizadas de pesquisa, assim mesmo sem aspas. Convém 26
explicar, pois ninguém tem obrigação de saber isso: amostras randomizadas são as colhidas 27
ao acaso, aleatoriamente, diríamos de forma algo elegante, derivando o qualificativo de "at 28
random", ou seja, ao acaso. 29
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Enfim, os exemplos poderiam ser multiplicados, ou complexificados se quiserem, 30
mas estes me parecem bastar, como indicadores de descaminhos. 31
Entretanto, em matéria de assuntos linguísticos, é bom ser cauteloso na ironia, até 32
porque a língua portuguesa não é fácil. Da minha parte, a regência verbal constitui um terreno 33
tormentoso, no qual me movo com dificuldade. É difícil saber, por exemplo, por que o verbo 34
importar "pede" objeto direto e o verbo assistir tem outra “pedida” que, no meu tempo, era 35
chamada de transitiva-relativa. 36
Pelo menos, me esforço em acertar, embora me sinta parte integrante de uma 37
espécie em extinção. A prova dessa marginalidade se confirmou quando me contaram a 38
resposta de uma jovem redatora de jornal a um chefe de redação que reclamava de seus 39
abusos regenciais: "Você ainda se preocupa com essas coisas?". 40
Porém, apesar das queixas dos puristas, ouso dizer que o conhecimento da língua 41
avançou muito nos últimos tempos. E não me refiro às inovações, mas ao chamado cânone 42
consagrado. 43
A Maria, que trabalha em minha casa, é um exemplo vivo do que estou afirmando. 44
Ela tem o hábito de passar ao telefone longos minutos que me parecem horas. É a forma 45
dela saber da vida dos parentes e amigos, de fofocar sobre este ou aquele personagem, de 46
manter a intimidade com gente fisicamente distante. 47
Há alguns dias um fragmento sonoro diferente, percorrendo os espaços da casa, 48
chegou aos meus ouvidos. Não se falava da saúde, do emprego, ou da falta do emprego de 49
alguém. Pelo que depreendi, do outro lado da linha, um funcionário de uma dessas lojas de 50
eletrodomésticos, cuja clientela é formada pela população de poucos recursos, intimava-a a 51
pagar uma prestação supostamente em atraso, com a rispidez que alguns dedicam ao 52
consumidor pobre. A resposta veio cortante: "Eu não estou devendo nada, isso é erro de 53
vocês. E vê se para de me tratar como se eu fosse uma inadimplente". 54
Pensei em levar mais munição à Maria, sugerindo que acrescentasse um arremate 55
demolidor, algo assim como "e não me venha cobrar, intempestivamente, juros moratórios". 56
Desisti a tempo. Seria uma atitude paternalista e ainda por cima dispensável, pois em matéria 57
de cidadania e de manejo do português, Maria não precisa de ajuda. 58
BORIS FAUSTO
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01) No texto, o autor
(A) Constata a existência, hoje, de duas línguas
faladas no Brasil: uma das novelas, outra de
origem lusitana.
(B) Observa que a língua portuguesa, tanto no Brasil
quanto em Portugal, passa por um processo de
deturpação.
(C) Critica o processo de transformação do idioma,
consequente do seu mau uso pela mídia.
(D) Estabelece uma relação de causa e efeito entre
a linguagem das novelas e a “petrificação” do
idioma português.
02) O autor do texto
(A) Defende um processo de coibição do
desenvolvimento da língua portuguesa como
forma de preservar sua beleza.
(B) Toma Ruy Barbosa como parâmetro do saber
usar corretamente o idioma nacional.
(C) Critica as reuniões de executivos e de
sindicalistas pelo vazio de suas ideias, pela
diversidade de assuntos discutidos.
(D) Constata o desequilíbrio entre a morosidade dos
avanços sociais e o nivelamento de linguagem,
independente de classe social.
03) Quando o autor do texto diz: “Maria (...) é um
exemplo vivo do que estou afirmando.” (L.44), ele
se refere a
(A) “queixas sisudas no sentido de que a língua
portuguesa está se estropiando no Brasil” (L.1/2).
(B) “um inimigo fora de moda que, em outros tempos,
se chamava imperialismo americano” (L.24/25).
(C) “essa história de falar sempre ‘em cima de
alguma coisa, ou de alguma ideia’” (L.16).
(D) “nivelamento é a palavra de ordem generalizada”
(L.22/23).
04) A alternativa em que o fragmento destacado
contém uma ideia de estado de sujeito é
(A) “veio cortante” (L.53).
(B) têm certa procedência” (L.5).
(C) “Desisti a tempo” (L.57).
(D) “não precisa de ajuda” (L.58).
05) O “se” é partícula apassivadora pessoal em
(A) “como se a ponderação tivesse abandonado”
(L.18/19).
(B) “fazem-se colocações” (L.19).
(C) “Pensa-se a ‘nível de nivelamento’,” (L.23).
(D) “Não se falava da saúde, do emprego” (L.49).
06)
1. “É bom lembrar que Ruy morreu há pouco mais
de 80 anos,” (L.8/9).
2. “É difícil saber, por exemplo, por que o verbo
importar "pede" objeto direto e o verto "assistir"
tem outra ‘pedida’ que (...) era chamada de
transitiva-relativa.” (L.34/35/36).
3. “Ela tem o hábito de passar ao telefone longos
minutos que me parecem horas.” (L.45).
O “que” destacado nos períodos em evidência é
classificado, respectivamente, como
(A) Pronome relativo / pronome indefinido / pronome
relativo / conjunção integrante.
(B) Conjunção integrante / pronome relativo /
conjunção integrante / pronome relativo.
(C) Conjunção integrante / pronome indefinido /
pronome relativo / pronome relativo.
(D) Conjunção explicativa / conjunção integrante /
pronome relativo / conjunção integrante.
07)
“...outra “pedida” que (...) era chamada de transitiva-
relativa” (L.35/36).
Transpondo a oração em destaque da voz passiva
para a voz ativa, tem-se a forma verbal
(A) Chamava.
(B) Chamaram.
(C) Chamavam.
(D) Chamou.
08) Apenas em uma alternativa a forma pronominal
“me” não exerce a mesma função sintática de “ao
consumidor pobre” (L.52/53). Marque-a:
(A) “estes me parecem bastar” (L.31).
(B) “quando me contaram a resposta” (L.38/39).
(C) “E vê se para de me tratar” (L.54).
(D) “E não me refiro às inovações” (L.42).
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09) Sobre os recursos linguísticos usados no texto, é
correto afirmar:
(A) De acordo com o padrão culto normativo da
língua, a forma adequada de escrita da
expressão “dela saber” (L.46) é “de ela saber”.
(B) O verbo haver, em “há porém muitos
descaminhos” (L.11), está usado em sua forma
impessoal e, nesse caso, só admite a sua
substituição por fazer, ficando descartada,
assim, sua relação semântica com o verbo
existir.
(C) “das desigualdades sociais” (L.21) exerce a
mesma função sintática que a expressão “de
uma jovem redatora” (L.39).
(D) A oração “que reclamava de seus abusos
regenciais” (L.39/40) tem valor substantivo.
10) A alternativa cuja oração tem predicado verbal é
a
(A) “o critério (...) é relativo” (L.11/12).
(B) “clientela é formada pela população” (L.51).
(C) “A Maria (...) é um exemplo vivo” (L.44).
(D) “isso é erro de vocês” (L.53/54).
11) Considerando o disposto na LDB Nº 9394/96 e
as Diretrizes Curriculares Nacionais, assinale a
alternativa que não apresenta uma função da
Educação de Jovens e Adultos (EJA).
(A) Igualdade e exatidão na reprodução do conteúdo
comunicado em sala de aula apenas aos maiores
de 18 anos de idade da zona rural.
(B) Igualdade de oportunidades, que possibilite
oferecer aos indivíduos novas inserções no
mundo do trabalho.
(C) Igualdade ontológica de todo e qualquer ser
humano de ter acesso a um bem real, social e
simbolicamente importante.
(D) Educação permanente, com base no caráter
incompleto do ser humano.
12) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação veio em
atendimento aos preceitos constitucionais e
resultou de um longo processo de tramitação que
se iniciou em 1988, ano em que foi promulgada a
Constituição da República Federativa do Brasil.
A Lei recebeu diversas alterações ao longo do
tempo, uma das alterações foi:
(A) O oferecimento da Educação Infantil realizado
em creches para crianças de até três anos de
idade.
(B) O Ensino Fundamental obrigatório, com duração
de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade.
(C) O calendário escolar adequado às
peculiaridades locais, inclusive climáticas e
econômicas, a critério do respectivo sistema de
ensino.
(D) A frequência mínima exigida de setenta e cinco
por cento do total de horas letivas para
aprovação.
13) Não devem abranger obrigatoriamente, de
acordo com a Lei nº 9.394/96, nos currículos do
Ensino Fundamental:
(A) O estudo da Língua Portuguesa e da
Matemática.
(B) O conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política, especialmente do
Brasil.
(C) O ensino da religião católica e o estudo exclusivo
da música contemporânea.
(D) O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais.
14) No contexto educacional, em que tendência
pedagógica a “aprendizagem” é “baseada no
desempenho”?
(A) Tendência Liberal Renovadora Progressiva
(B) Tendência Liberal Renovadora não-diretiva
(C) Tendência Liberal Tecnicista
(D) Tendência Progressista Libertadora
15) A ampliação do Ensino Fundamental para nove
anos de duração, com a matrícula obrigatória a
partir dos seis anos de idade, é uma meta
almejada para a política nacional de educação.
Em relação ao objetivo da ampliação do ensino
fundamental para nove anos, analise as
afirmativas abaixo:
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
QUESTÕES DE 11 A 15
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I. Distribuir livros e materiais didáticos
diversificados visando aumentar a qualidade do
ensino.
II. Alfabetizar a criança mais cedo, de forma integral
no primeiro ano.
III. Assegurar a todas as crianças um tempo maior
de convívio escolar, maiores oportunidades de
aprender e, com isso, uma aprendizagem com
mais qualidade.
IV. Melhorar as condições de equidade e de
qualidade da Educação Básica.
Estão corretas apenas:
(A) I, II e III.
(B) III e IV.
(C) II, III e IV.
(D) I, II e IV.
16) São temas referentes ao município de Caxias, o
que trata a Lei Municipal nº 2.156/2014, exceto:
(A) Aspectos históricos
(B) Aspectos geográficos
(C) Aspectos econômicos
(D) Aspectos políticos
17) A atual área do município de Caxias equivale
somente a 45,45% da área original, antes das
emancipações das seguintes cidades, exceto:
(A) Aldeias Altas
(B) Codó
(C) Chapadinha
(D) Timon
18) A Academia Caxiense de Letras é um ponto de
cultura do cenário caxiense e maranhense, e é
também conhecida como:
(A) Academia Gonçalves Dias
(B) Academia Coelho Neto
(C) A Casa de Gonçalves Dias
(D) A Casa de Coelho Neto
19) De acordo com o poeta caxiense, Wybson
Carvalho, o que representa o nome Caxias?
(A) Memorial da Balaiada
(B) Palmáceas que dão flores em cachos
(C) Aldeias Altas
(D) Princesa do Sertão
20) A Lei Municipal nº 2.156/2014 de Caxias traz a
seguinte obrigação:
(A) Obriga ao poder executivo e legislativo municipal
a incluírem o mínimo de 10% (dez por cento) dos
quesitos tendo como objeto temas referentes ao
município de Caxias.
(B) Obriga ao poder executivo a incluir o mínimo de
10% (dez por cento) dos quesitos tendo como
objeto temas referentes ao município de Caxias.
(C) Obriga ao poder executivo e legislativo municipal
a incluírem o mínimo de 10% (dez por cento) dos
quesitos tendo como objeto temas referentes ao
município de Caxias e ao estado do Maranhão.
(D) Obriga ao legislativo municipal a incluírem o
mínimo de 10% (dez por cento) dos quesitos
tendo como objeto temas referentes ao município
de Caxias.
CONHECIMENTOS GERAIS DE CAXIAS
QUESTÕES DE 16 A 20
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As questões de 21 a 25 são referentes ao texto
seguinte:
UM IDOSO NA FILA DO DETRAN
"O senhor aqui é idoso", gritava a senhora para o
guarda, no meio da confusão na porta do Detran da
Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o
tal "senhor". Como ninguém protestasse, o policial
abriu o caminho para que o velhinho enfim passasse
à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.
Olhei em volta e procurei com os olhos o velhinho,
mas nada. De repente, percebi que o "idoso" que a
dama solidária queria proteger do empurra-empurra
não era outro senão eu.
Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha
me acostumado a vários e traumáticos ritos de
passagem para a maturidade: dos 40, quando em
crise se entra pela primeira vez nos "enta"; dos 50,
quando, deprimido, senta-se que jamais vai-se fazer
outros 50 (a gente acha que pode chegar aos 80, mas
aos 100?); e dos 60, quando um eufemismo diz que a
gente entrou na "terceira idade". Nunca passou pela
minha cabeça que houvesse uma outra passagem,
um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca
achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de "idoso",
ainda mais numa fila do Detran.
Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que
falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo
foi de lhe dizer: "idoso é o senhor seu pai. O que mais
me irritava era a ausência total de hesitação ou
dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que
ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se
nem pediu pra ver minha identidade? E o guarda
paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova
e documentos? Será que era tão evidente assim?
Como, além de idoso, eu era um recém-operado,
acabei aceitando ser colocado pela porta adentro.
Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa
gritando, revoltada: "Esse coroa tá furando a fila! Ele
não é idoso! Manda ele lá pro fim!" Mas, que nada,
nem um pio.
O silêncio de aprovação aumentava o sentimento
de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima
do tempo. Manter da manhã em que acordei fazendo
60 anos: "Isso é uma sacanagem comigo", me disse,
"eu não mereço." Há poucos dias, ao revelar minha
idade, uma jovem universitária reagira assim: "Mas
ninguém lhe dá isso." Respondi que, em matéria de
idade, o triste é que ninguém precisa dar para você
ter. De qualquer maneira, era um gentil
consolo da linda jovem. Ali na porta do Detran, nem
isso, nenhuma alma caridosa me "dava" um pouco
menos.
Subi e a mocinha da mesa de informações apontou
para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz
avisando: "Gestantes, deficientes físicos e pessoas
idosas. ” Hesitei um pouco e ela, já impaciente,
perguntou: "O senhor não tem mais de 65 anos? Não
é idoso?"
— Não, sou gestante — tive vontade de responder,
mas percebi que não carregava nenhum sinal
aparente de que tinha amamentado ou estava prestes
a amamentar alguém. Saí resmungando: "não tenho
mais, tenho só 65 anos."
O ridículo, a partir de uma certa idade, é como
você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa
de um mês, de um dia. "Você nasceu no dia 14, eu
sou do dia 15", já ouvi essa discussão.
Enquanto espero ser chamado, vou tentando me
lembrar de quem me faz companhia nesse triste
transe. Aí, se não me falha a memória — e essa é a
segunda coisa que mais falha nessa idade —, me
lembro de que Fernando Henrique, Maluf e Chico
Anysio estariam sentados ali comigo. Por associação
de ideias, ou de idades, vou recordando também que
só no jornalismo, entre companheiros de geração, há
um respeitável time dos que não entram mais em fila
do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo,
Gullar, Milton Coelho, Jânio de Freitas (Lemos, Cony,
Barreto, Armando e Figueiró já andam de graça em
ônibus há um bom tempo). Sei que devo estar
cometendo injustiça com um ou com outro— de ano,
meses ou dias —, e eles vão ficar bravos. Mas não
perdem por esperar: é questão de tempo.
Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? "No
Detran", diz uma voz. Ah, sim. "E o atendimento?" Ah,
sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza.
Mas, mesmo sem entrar em fila, passa-se um dia para
renovar a carteira. Pelo menos alguma coisa se
renova nessa idade.
Ventura, Z. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 265
(Texto adaptado).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS QUESTÕES DE 21 A 40
CARGO: PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA – LÍNGUA PORTUGUESA (243/244) Página 9 de 11
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21) Pelas características predominantes do texto,
assinale a alternativa que melhor indica seu
gênero:
(A) Crônica.
(B) Artigo.
(C) Conto.
(D) Notícia.
22) A partir da leitura do texto, é INCORRETO
afirmar:
(A) O autor não se considera idoso e acredita que
sua aparência não demonstra a idade que
possui.
(B) Ventura aceita sua condição com tranquilidade e
se lembra de outras pessoas que se encontram
na mesma condição dele.
(C) A narrativa do texto é curta e não houve uso de
oralidade na escrita.
(D) O autor trata da velhice com humor e dignação.
23) “(...) quando um eufemismo diz que a gente
entrou na ‘terceira idade’.”
O eufemismo é uma figura de linguagem que torna a
mensagem mais expressiva e significativa. Pode-se
dizer que:
(A) Expressa o contrário do que se pensa, quase
sempre com intenção sarcástica.
(B) Consiste na troca de um termo por outro mais
“leve”, que acaba passando uma conotação mais
agradável a um sentido.
(C) Ocorre quando se atribui sentidos racionais a
elementos irracionais.
(D) Consiste na aproximação de palavras ou
expressões de sentido oposto.
24) A relação estabelecida pelos termos destacados,
nos períodos abaixo, foi CORRETAMENTE
identificada em:
(A) “Pelo menos alguma coisa se renova nessa
idade.” (condição)
(B) “Mas confesso que furei a fila sonhando com a
massa gritando (...).” (explicação)
(C) “Enquanto espero ser chamado, vou tentando
me lembrar de quem me faz companhia nesse
triste transe.” (concessão)
(D) “(...) o policial abriu o caminho para que o
velhinho enfim passasse à frente (...)”.
(finalidade)
25) Estão presentes no texto de Ventura os
seguintes elementos da comunicação:
(A) Emissor -receptor – percepção –símbolo – meio
– mensagem.
(B) Emissor – receptor – comunicação – código –
canal –signo.
(C) Emissor – receptor – mensagem – código – canal
– referente.
(D) Emissor – receptor –signo – código – canal –
referente.
26) Identificar as funções da linguagem é
fundamental para a comunicação e o
entendimento das intenções de um texto.
Faça uma correlação entre as colunas, considerando
essas funções conforme o linguista russo Roman
Jakobson:
1. Referencial ou
denotativa
( ) Reflete o estado de ânimo do
emissor, os seus sentimentos e as
suas emoções.
2. Expressiva ou
emotiva
( ) Seu objetivo é estabelecer,
prolongar ou interromper a
comunicação.
3. Apelativa ou
conativa
( ) Transmite uma informação
objetiva sobre a realidade.
4. Poética ( ) Tem como objetivo influenciar
o receptor com a intenção de
convencê-lo.
5. Fática ( ) O emissor explica um código
usando o próprio código.
6. Metalinguística ( ) Preocupa-se mais em como
dizer do que com o que dizer. Fica
em evidência a forma da
mensagem, deixando-a mais
bonita.
A relação CORRETA entre as colunas é:
(A) 2, 5, 1, 3, 6,4.
(B) 2, 3, 1, 5, 6,4.
(C) 2, 5, 1, 4, 6,3.
(D) 1, 3, 2, 5, 6,4.
CARGO: PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA – LÍNGUA PORTUGUESA (243/244) Página 10 de 11
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27) Leia a tirinha a seguir e responda:
É CORRETO afirmar:
(A) Mafalda não tinha uma expectativa de
emancipação da sua amiga Susanita.
(B) Susanita apresentou um discurso favorável às
teorias feministas dos anos 70, mas, no final, é
condizente com a máquina de tricô, reforçando o
padrão de comportamento feminino tradicional.
(C) A tirinha não apresenta um efeito de humor, pois
se trata de uma crítica aos valores sociais e à
cibernética.
(D) A conjunção “portanto”, no 3º quadrinho, denota
adversidade de ideias entre Susanita e Mafalda.
28) Marque a alternativa que registra a palavra que
possui sufixo formador de advérbio:
(A) Presidente.
(B) Identidade.
(C) Documentos.
(D) Infelizmente.
29) Aponte a alternativa cujas palavras são
formadas, respectivamente por justaposição,
aglutinação e parassíntese:
(A) Televisão – embora -envergonhar.
(B) Fala – realizar – bramar.
(C) Ajuda – desligar – ciciar.
(D) Combate – refresco – incapaz.
30) Assinale a alternativa em que há oração sem
sujeito:
(A) Idosos na fila do DETRAN haverá sempre.
(B) “Olhei em volta e procurei com os olhos o
velhinho, mas nada.”
(C) Choveu gente na fila do DETRAN.
(D) Trata-se de idosos na fila do DETRAN.
31) Marque a alternativa em que há Oração
Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
(A) Confesso que sua resposta me surpreendeu.
(B) Aconselha-o a que passasse à frente de todos na
fila.
(C) Estava ansioso por que falassem o contrário.
(D) Não me oponho a que você tenha prioridade na
fila.
32) Assinale a alternativa INCORRETA quanto às
relações coesivas estabelecidas pelas
conjunções em destaque no período composto.
(A) Ele é idoso, logo, merece prioridade na fila.
(sentido de conclusão)
(B) Ele é idoso, respeita-lhe, pois, a idade. (sentido
de conclusão)
(C) Ele é idoso, contudo tem mais disposição que
alguns jovens. (sentido de conclusão)
(D) Ele é idoso e pratica muitas atividades
esportivas. (sentido de adição)
33) Marque a opção com ERRO de regência verbal,
contrariando a norma culta:
(A) O povo a tudo assistia com olhos de
conformidade.
(B) O cargo está vago. Muitos servidores aspiram a
ele.
(C) Os partidos políticos visam ao poder.
(D) Custei a acreditar que já aparentava ser idoso.
34) Já ............... anos, ................... nesta cidade
muitas árvores e pássaros. Hoje ....................
muitos carros e pessoas apressadas.
Marque a alternativa que preenche corretamente o
período acima.
(A) Faz – haviam – existe.
(B) Faz – havia – existem.
(C) Fazem – havia – existem.
(D) Fazem - haviam – existem.
CARGO: PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA – LÍNGUA PORTUGUESA (243/244) Página 11 de 11
CONCURSO PÚBLICO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS - MA INSTITUTO MACHADO DE ASSIS-IMA
35) Leia, com atenção, os fragmentos abaixo:
I. “Me lembrei da manhã em que acordei fazendo
60 anos.”
II. “De qualquer maneira, era um gentil consolo da
linda jovem.”
III. “O que mais me irritava era a ausência total de
hesitação ou dúvida.”
O autor infringe os padrões da língua culta escrita
apenas em:
(A) I.
(B) III.
(C) I e II.
(D) I e III.
36) Todas as proposições foram escritas utilizando a
norma-padrão da língua portuguesa, EXCETO:
(A) À partir de amanhã, atenderemos diariamente.
(B) As carteiras foram entregues em domicílio.
(C) Aonde você irá depois do trabalho?
(D) Onde estamos?
37) “Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos (...)”
A palavra destacada tem a FUNÇÃO de:
(A) Sujeito.
(B) Objeto Indireto.
(C) Objeto direto.
(D) Pronome.
38) A alternativa que apresenta as principais
características do Barroco é:
(A) Apelo religioso, misticismo, efemeridade, castigo
como decorrência do pecado, fugacidade da vida
e instabilidade das coisas.
(B) Racionalismo, universalismo e perfeição formal.
(C) Pastoralismo, bucolismo e nativismo.
(D) Objetivismo e apego à tradição clássica.
39) A obra romanesca de José de Alencar introduziu
na literatura brasileira os seguintes tipos de
romances, EXCETO:
(A) Indianista.
(B) Naturalista.
(C) Urbano.
(D) Regional.
40) Sobre o Modernismo, é INCORRETO afirmar:
(A) Na década de 50, a poesia de Carlos Drummond
de Andrade tomou novos rumos, seguindo duas
orientações: uma poesia reflexiva, filosófica e
metafísica, e uma poesia nominal com tendência
ao Concretismo.
(B) A “fase heroica” do Modernismo teve como
principais representantes: Mário de Andrade,
Manuel Bandeira e Oswald de Andrade.
(C) A Segunda Geração do Modernismo foi
caracterizada, na poesia, pelo amadurecimento e
pela ampliação das conquistas dos primeiros
modernistas.
(D) Uma das principais características da Segunda
Geração Modernista é a censura do verso livre e
a formação de ideias originais.