BRASÕES DA UFBA: ESTUDO DA INFORMAÇÃO EM UMA …‡ÃO... · 2 CATALOG T843a Troelsen, Janneth...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CINCIA DA INFORMAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO
JANNETH BEATRIZ TERN LOPEZ TROELSEN
BRASES DA UFBA: ESTUDO DA INFORMAO
EM UMA ABORDAGEM SEMITICA
Salvador Bahia
2009
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JANNETH BEATRIZ TERN LOPEZ TROELSEN
BRASES DA UFBA: ESTUDO DA INFORMAO
EM UMA ABORDAGEM SEMITICA
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao
em Cincia da Informao do Instituto de Cincia e
Informao da Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em
Cincia da Informao.
Orientadora: Prof . Dr. Lidia Maria Batista Brando Toutain
Salvador - Bahia
2009
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CATALOG
T843a Troelsen, Janneth Beatriz Tern Lopez.
Brases da UFBA: estudo da informao em uma abordagem
semitica. / Janneth Beatriz Tern Lopez Troelsen.
Salvador: UFBA, 2009. 207p.
f.: il.
Dissertao (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto
de Cincia da Informao.
Orientadora: Prof. Dra Lidia Maria Batista Brando Toutain.
1. Cincia da Informao. 2 Semitica. 3. Herldica Universitria.
I. Ttulo.
CDU 8122:02
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JANNETH BEATRIZ TERN LOPEZ TROELSEN
Brases da UFBA: estudo da informao em uma abordagem semitica. Dissertao
apresentada ao Programa de Ps-graduao em Cincia da Informao do Instituto de Cincia
e Informao da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obteno do
Grau de Mestre em Cincia da Informao, defendida, e aprovada em 28 de agosto de
2009, pela banca examinadora constituda pelos professores:
Prof . Dr. Lidia Maria Batista Brando Toutain ICI/UFBA
Prof . Dr. Jaime Robredo CID/UNB
Prof . Dr Aida Varela Varela ICI/UFBA
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Dedicatria
Aos meus pais Zoila Luz e Ernesto (in memoriam) que
foram meus maiores estimuladores rumo ao conhecimento
e, que sempre acreditaram e apoiaram as minhas escolhas.
Ao meu marido Peder que, ao longo da nossa histria,
sempre foi o meu grande incentivador e tambm por toda
sua pacincia, carinho e generosa fidelidade com que
permaneceu ao meu lado, durante essa longa e estimulante
jornada. Aos meus filhos, pela sua compreenso por ter
convivido com a ausncia materna durante este perodo.
A Deus, por ter me dado a vida e estar sempre me
ajudando na escolha de meus caminhos.
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AGRADECIMENTOS
Espero que eu consiga com palavras, o que neste momento, no possa ser feito com gesto ou imagens. No que as letras no sejam capazes desta representao, mas que as imagens visuais fazem parte, assim como essas pessoas especiais, de minhas paixes. Pois contriburam para que este trabalho de investigao fosse concludo com xito. Assim, tenho tantas razes para agradecer, abaixo de Deus.
Tendo em vista a vida complexa e diante desse encadeamento nos envolvemos em mltiplas tarefas, a de me, mulher, amiga, filha, irm, profissional... . Porem, no satisfeitas estamos sempre almejando novas experincias; buscamos a pesquisa, o retorno ao estudo. Assim, me inseri nesse contexto. A princpio parecia ser um sonho longnquo, distante, desafiante, instigador e se chegasse a ser uma realidade seria no s a glria e, sim a sensao do desafio vencido, das limitaes ultrapassadas e muito mais, do sonho realizado. Impossvel mencionar a todas aquelas pessoas que com seu apoio, incentivo, dedicao e critica me prestaram inestimvel contribuio nessa minha trajetria tardia, mas nunca tarde para acontecer, que tambm riram e me fizeram rir, seguraram minha mo, ouviram, leram, opinaram, normalizaram, revisaram, formataram, corrigiram, imprimiram... . A todos vocs que compartilharam... o meu carinho, o meu sorriso, a minha eterna gratido.
Aos meus pais, Zoila e Ernesto (in memoriam), pela grande dedicao e amor com que conduziram minha formao e educao e por acreditarem sempre na minha capacidade.
A minha orientadora e amiga, Prof. Dra. Lidia Maria Brando Toutain, meu agradecimento especial, por me orientar nesta caminhada aos estudos da semitica, por suas observaes, empenho, pacincia e dedicao com a sua orientanda.
Em particular, gostaria de ressaltar meus agradecimentos ao eminente Professor Pesquisador, Mestre e Doutor, Jaime Robredo, reconhecido por seus inegveis, incontveis e inigualveis prstimos a Cincia da Informao, por suas brilhantes sugestes, valiosas idias, criticas e ateno que foram fundamentais realizao desta dissertao de mestrado.
A minha fiel parceira e amiga Valeria Bari pelas colaboraes essncias para a concluso deste trabalho.
A todos os professores do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da UFBA pela motivao com que nos contagiaram no decorrer dessa jornada e que com pacincia compartilharam conosco os seus conhecimentos. E Aos funcionrios do Instituto de Cincia da Informao (ICI) pela acolhida e contribuio.
Impossvel no ressaltar a importncia que teve a convivncia com meus amigos e profissionais da rea, pelo convvio harmonioso, pela troca de conhecimentos e experincias. Aos colegas do curso de mestrado, pela amizade, convivncia, profissionalismo e oportunidade de dividir ansiedades e alegrias. E a todos que, direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste trabalho e, que se citados nominalmente com certeza cometeria a injustia de omitir algum.
Ao meu marido Peder, companheiro e incentivador, pelo seu carinho, pacincia e respeito, nesse momento to enriquecedor. Aos meus filhos Peter Christian, William e Erik e noras, pelo carinho e compreenso.
A CAPES por ter concedido a bolsa que possibilitou a realizao deste estudo.
A certeza maior: a presena Dele em todos os momentos para confortar, consolar, dar foras, sustentar e retribuir. Foi Deus que colocou outras portas em minha vida que foram abertas para novas descobertas e novos caminhos a serem seguidos, nesse eterno ir e vir, numa transformao contnua que sempre me torna um novo algum. A Ele o meu maior agradecimento.
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Um pensamento
A forma, em suas representaes, aquilo que ela
em ns: apenas um artifcio para comunicar idias,
sensaes, uma vasta poesia. Toda imagem um
mundo, um retrato cujo modelo apareceu em uma
viso sublime, banhada de luz, facultada por uma voz
interior, posta a nu por um dedo celestial que aponta
no passado de uma vida inteira, para as prprias
fontes da expresso.
Honor de Balzac (apud MANGUEL 2001, pg. 29).
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TROELSEN, Janneth Beatriz Tern L. Brases da UFBA: estudo da informao em uma
abordagem semitica. 207 pg. il, 2009. Dissertao (Mestrado) Instituto de Cincia da
Informao. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
RESUMO
Por meio do referencial terico da Cincia da Informao, da Semitica e Herldica, com
subsdios da teoria da Representao examina o universo imagtico - constitudo do braso de
armas da Universidade Federal da Bahia, das suas unidades de ensino, do Hospital Edgar
Santos e Museu de Arte Sacra e rgos suplementares da UFBA. O objetivo geral deste
estudo analisar, numa viso semitica, os brases da UFBA para desvelar os elementos de
significao, tendo em vista, a representao do resgate da memria, criando um aporte
imagem institucional. A metodologia da pesquisa foi anlise de contedo, dos brases e seus
documentos administrativos relacionados. Concluiu-se que os Brases da UFBA tm um
significado informacional para a representao da memria desta instituio e a consolidao
de uma identidade acadmica.
Palavras Chaves: Cincia da Informao, Semitica, Herldica Universitria.
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TROELSEN, Janneth Beatriz Tern L. The UFBAs coat of arms: information study in a
semiotic approach (BAHIA, Brasil). 207 pag. il, 2009. Master Dissertation Institute of
Science Information. Federal University of Bahia, Salvador, 2009.
ABSTRACT
Through the theoretical referential of Information Science, Semiotics and Heraldry, with
subsidy from Representation theory, this paper examines the image universe composed of the
coats of arms of the Federal University of Bahia (UFBA), its educational units, the Edgar
Santos Hospital and the Sacred Art Museum and subordinate entities of UFBA. The general
objective of this study is to analyze, in a semiotic vision, UFBAs coats of arms to reveal the
elements of significance, bearing in mind the representation of memory recovery, creating a
contribution to the institutional image. The applied methodology consisted of content analysis
of the blazons and their related administrative documents. It was concluded that UFBAs
coats of arms carry informational meaning for the representation of that institutions memory
and the consolidation of academic identity.
Key Words: Information Science, Semiotics and University Heraldry.
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LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 1: ORGANOGRAMA DA UFBA NO ANO DE 1960 ................................................................................................................................ 32
FIGURA 2: ORGANOGRAMA ATUAL DA UFBA (UNIVERSIDADE, 2008, PG. 08) .......................................................................................................................... 33
FIGURA 3: BRASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, ORNADO COM A DATA DE 1808 LOGO ABAIXO DO TIMBRE .............................................................................. 35
FIGURA 4: BANDEIRA DO BRASIL ............................................................................................................................................................................................ 66
FIGURA 5: BRASES DA UFBA QUE OSTENTAM O SIGNO DA CRUZ ................................................................................................................................................. 70
FIGURA 6: CRUZES HERLDICAS TRADICIONAIS ........................................................................................................................................................................... 71
FIGURA 7: ESCUDO FRANCS (COM PONTA) E PORTUGUS (BOLEADO) ........................................................................................................................................... 72
FIGURA 8: BRASO DA ESCOLA DE TEATRO DA UFBA ................................................................................................................................................................. 76
FIGURA 9: BRASO DA FAMLIA ANNES, REGISTRADO NO INSTITUTO GENEALGICO DA BAHIA ............................................................................................................. 77
FIGURA 10: OS METAIS ........................................................................................................................................................................................................ 78
FIGURA 11: BRASO DA ESCOLA DE MSICA DA UFBA ............................................................................................................................................................... 79
FIGURA 12: OS ESMALTES E AS CORES ..................................................................................................................................................................................... 79
FIGURA 13: PARTIES DE ESCUDO ......................................................................................................................................................................................... 82
FIGURA 14: BRASO DE UNIDADE DA UFBA, TIPICAMENTE ESQUARTELADO. .................................................................................................................................... 83
FIGURA 15: BRASES DA UFBA QUE UTILIZAM SIGNOS ANIMALESCOS ........................................................................................................................................... 86
FIGURA 16: BRASES DA UFBA COM ELEMENTOS NATURAIS ........................................................................................................................................................ 88
FIGURA 17: BANDEIRA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA ......................................................................................................................................................... 89
FIGURA 18:BRASO DE ARMAS DO ESTADO DA BAHIA ................................................................................................................................................................. 90
FIGURA 19:ANTIGO BRASO DA CAPITANIA DA BAHIA .................................................................................................................................................................. 91
FIGURA 20: BANDEIRA DA BAHIA, HASTEADA AO LADO DA BANDEIRA BRASILEIRA E DA BANDEIRA DO MUNICIPIO DE JACOBINA, EM FOTO DE
TIAGO MAYAH .................................................................................................................................................................................................................92
FIGURA 21: BANDEIRA DA UFBA ......................................................................................................................................................................................93
FIGURA 22: ARTE LPIS-PASTEL DO BRASO DA UFBA ...................................................................................................................................................94
FIGURA 23: SELO COMEMORATIVO DA IMPLANTAO DO REUNI NA UFBA, EM 2009 .................................................................................................95
FIGURA 24: BRASO DA UFBA .........................................................................................................................................................................................97
FIGURA 25: BANDEIRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................................101
FIGURA 26: BANDEIRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................................102
FIGURA 27: INSGNIA DO REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................103
FIGURA 28: PENDO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................................................... 104
FIGURA 29 BRASO DA FAC. DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ..................................................................................................................... 106
FIGURA 30: BRASO INSTITUTO DE FSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................. ......................................................................... .....107
FIGURA 31: BRASO DO INSTITUTO DE GEOCINCIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ........................................... ................................................................ ..108
FIGURA 32: BRASO DO INSTITUTO DE MATEMTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA .......... ............................................................................................... ...109
FIGURA 33: BRASO DO INSTITUTO DE QUMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ......... ................................................................................................. ........110
FIGURA 34: BRASO DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ...................................................................................................................... 111
FIGURA 35: BRASO DA ESCOLA DE AGRONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ................................................................................................................. 113
FIGURA 36: BRASO DO INSTITUTO DE BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA .................................................................................................................. 114
FIGURA 37: BRASO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ................................................................................................................ 115
FIGURA 38: BRASO DA ESCOLA DE FARMCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ..................................................................................................................... 116
FIGURA 39: BRASO DO INSTITUTO DE CINCIAS DA SADE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA..................................................................................................... 117
FIGURA 40: BRASO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................................................................................... 118
FIGURA 41: BRASO DA FACULDADE DE NUTRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................................................................................... 119
FIGURA 42: BRASO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ......................................................................................................... 120
FIGURA 43: BRASO DO INSTITUTO DE SADE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ........................................................................................................ 121
FIGURA 44: BRASO DA ESCOLA DE MEDICINA VETERINRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ................................................................................................... 122
FIGURA 45: BRASO DA ESCOLA DE ADMINISTRAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................................................................................ 124
FIGURA 46: BRASO DA ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. ......................................................................................................... 125
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FIGURA 47: BRASO DA FAC. DE CINCIAS ECONMICAS UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................................................................................ 126
FIGURA 48: BRASO DA FACULDADE DE COMUNICAO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ............................................................................................................. 127
FIGURA 49: BRASO DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA .................................................................................................................. 128
FIGURA 50: BRASO DA FACULDADE DE EDUCAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA .............................................................................................................. 129
FIGURA 51: BRASO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ................................................................................................................ 130
FIGURA 52: BRASO DO INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ..................................................................................................................... 132
FIGURA 53: BRASO DA ESCOLA DE BELAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ........................................................................................................................... 134
FIGURA 54: BRASO DA ESCOLA DE DANA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ......................................................................................................................... 135
FIGURA 55: BRASO DA ESCOLA DE MUSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................... 136
FIGURA 56: BRASO DA ESCOLA DE TEATRO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ....................................................................................................................... 137
FIGURA 57: BRASO DO HOSPITAL UNIV. PROF. EDGAR SANTOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.............................................................................................. 139
FIGURA 58: BRASO DO MUSEU DE ARTE SACRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ...........................................................................................140
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SUMRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 5
RESUMO ................................................................................................................................... 7
ABSTRACT ............................................................................................................................... 8
LISTA DE ILUSTRAES.......................................................................................................9
1 INTRODUO.................................................................................................................... 12
1.1 Objetivos ......................................................................................................................... 18
1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 19
1.3 Metodologia .................................................................................................................... 21
2 A UFBA E SEUS SIMBOLOS ........................................................................................... 27
2.1 Estrutura Institucional da UFBA .................................................................................. 28
3 SEMIOTICA DA IMAGEM................................................................................................36
4 A HERLDICA E OS BRASES DA UFBA....................................................................68
4.1 A cor e sua Significao.................................................................................................73
4.2 Regras da Herldica .......................................................................................................81
5 ANALISE DOS BRASES .................................................................................................89
5.1 A Identidade da UFBA Representada pelos Brases .....................................................95
5.2 Fichas Interpretativas dos Brases.. ............................................................................. 100
5.3 Analise dos Brases ....................................................................................................141
6 CONSIDERAES FINAIS E RECOMENDAES .................................................148
REFERNCIAS ..................................................................................................................... 153
APNDICES .......................................................................................................................... 160
ANEXOS.....................................................................................................................................203
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1 INTRODUO
[...] alm da vida do homem moderno ser totalmente regida por signos, os meios de
comunicao empenham-se numa luta contra a estereotipao da linguagem, quanto
mais previsvel for uma mensagem, tanto menor ser a informao dessa mensagem.
(BROSSO; VALENTE, 1999, pg. 23).
A imagem tem sido meio de expresso da cultura humana, desde as pinturas pr-
histricas das cavernas, milnios antes do aparecimento do registro da palavra pela escrita.
Todavia, enquanto a propagao da palavra humana comeou a adquirir grandes propores j
no sculo XV de Gutenberg, o crescimento imagtico teve que esperar at o sculo XX para
se desenvolver. Hoje, nossa vida cotidiana esta permeada de mensagens visuais.
As investigaes das imagens se distribuem por varias disciplinas de pesquisa, tais
como historia da arte, sociolgicas, estudo das mdias, semitica visual, design, teorias da
cognio, dentre outros. O estudo da imagem assim um empreendimento interdisciplinar.
O mundo das imagens se divide em dois domnios. O primeiro o domnio das
imagens como representaes visuais: pinturas, gravuras, desenhos, cones, fotografias e as
imagens cinematogrficas, televisivas, holo e infogrficas pertencem a esse domnio.
Imagens, nesse sentido so objetos materiais, signos que representam o nosso meio ambiente
visual. O segundo o domnio imaterial das imagens na nossa mente. Neste domnio, as
imagens aparecem como vises, fantasias, imaginaes, esquemas, modelos ou, em geral,
como representaes mentais. Ambos os domnios da imagem no existem separados, pois
esto embricados, ou seja, ligados desde a sua gnese. O conceito desses dois domnios da
imagem so os de signos e representao.
No h imagens como representaes visuais que no tenham surgido de imagens na
mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que no h imagens mentais que no
tenham alguma origem no mundo secreto dos objetos visuais.
[...] o uso da imagem mental que representa um objeto traz como conseqncia, que
o conjunto de representaes, com todas suas inter-relaes que, em soma,
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constituem o imaginrio do nosso conhecimento subjetivo. (ROBREDO, 2007,
pg.53).
O universo das imagens semitico e o homem interage com os sinais, lendo os que o
antecedem e formulando novos sinais em suprimento das necessidades emergentes, ou seja,
unifica todas as cincias com a semitica, tudo pode ser convertido a signo, de modo que todo
elemento passvel de significaes, como afirmava Peirce (1995, pg.83).
A representao tem sido um conceito-chave da semitica, desde a escolstica
medieval, sendo definido de maneira geral como o processo de apresentao de algo por meio
de: signos, smbolos, imagens e as vrias formas de substituio. A representao pode ser
feita de vrias formas. Por exemplo: por tipo de uma imagem, por tipo de um vestgio, por
meio de um espelho e por meio de um livro.
Esse processo de representar, captar e interpretar a informao simultneo,
permanente, contnuo; pressupe um sistema de significao. As imagens fazem parte do
sistema semitico, que permite observar que as imagens, contrariamente, no podem servir
como meios referenciais de reflexo sobre as prprias imagens.
A anlise das caractersticas relativas s imagens em comparao com as dos
documentos textuais permitem entender de forma mais clara o modo como essas imagens
podem ser trabalhadas, a fim de oferecer ao usurio informaes relevantes de acordo com
suas necessidades. A importncia do tratamento do contedo informacional dos documentos
torna-se explcita, ao considerarmos os processos que envolvem sua adequada comunicao e
recuperao.
Conhecendo tais caractersticas e a maneira como a Cincia da Informao as concebe,
possvel inferir que o tratamento informacional de imagens presta-se, de modo peculiar, a
transformar o mundo contemplativo do usurio num universo repleto de conhecimentos.
Torna-se, hoje, imprescindvel para a consolidao de ambos os campos tericos, uma
aproximao da Cincia da Informao e da Semitica, enfatizando os sistemas de
comunicao humanos, segundo Robredo (2003, passim).
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A constituio de novos paradigmas cientficos impe outra dinmica de
conhecimento e de epistemologia, qualquer que seja o campo de saber em que nos situemos,
mas em especial na Cincia da Informao. De modo geral, as transformaes sucessivas por
que tm passado as cincias demonstram irregularidades e rupturas, em vez de um movimento
contnuo e retilneo. Sobretudo no que tange s cincias humanas e sociais, o que se d no
a mera substituio de um caminho enganoso por caminhos promissores de novas verdades.
Desde os primrdios da sistematizao do conhecimento e dos trabalhos
epistemolgicos, foram desenvolvidos os rudimentos do corpo de instrumentos analticos da
palavra escrita e falada, mais tarde sistematizados como o mtodo de investigao da analise
de contedo. Muito embora a prpria dinmica da construo do conhecimento tenha sido
alterada por um novo paradigma e pelo advento das novas tecnologias, seu discurso ainda se
apia na mesma estrutura lingstica. Assim, a anlise de contedo preserva sua validade
metodolgica, at que sejam superadas as formataes convencionais da construo do
conhecimento.
De acordo com Bardin (1977), a clebre definio de anlise de contedo surge no
final dos anos 40-50, com Berelson, auxiliado por Lazarsfeld afirmando que a anlise de
contedo uma tcnica de investigao que tem por finalidade a descrio objetiva,
sistemtica e qualitativa do contedo manifesto da comunicao.
Sendo assim a anlise de contedo segundo Bardin pode ser entendida como
[...] um conjunto de tcnicas de anlise das comunicaes visando obter, por
procedimentos, sistemticos e objetivos de descrio do contedo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou no). A inteno da analise de contedo a inferncia
de conhecimentos relativos s condies de produo/recepo [...] inferncia esta
que recorre a indicadores quantitativos ou no. (BARDIN, 1977, pg. 20).
A anlise de contedo como um trabalho de um arquelogo: ele trabalha sobre os
traos dos documentos que ele pode encontrar ou suscitar, traos estes que so a manifestao
de estados, dados, caractersticas ou fenmenos. Existe alguma coisa a descobrir sobre eles, e
o analista pode manipular esses dados por inferncia de conhecimentos sobre o emissor da
mensagem ou pelo conhecimento do assunto estudado de forma a obter resultados
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significativos a partir dos dados. Ele trabalha explorando os dados, como um detetive
(BARDIN, 1977, pg. 32).
A anlise de contedo uma tcnica de pesquisa para tornar replicveis e validar
inferncias de dados de um contexto, que envolve procedimentos. Todo profissional da
informao deve desenvolver habilidades e dominar sistemas, tcnicas e mtodos inerentes
necessidade por construo de conhecimento a partir de dados disponveis de uma ou outra
forma dentro do seu contexto de atuao. Mostra-se que vivel, com o auxlio de
instrumental terico adequado, explorar dados quanti-qualitativos e produzir informaes
consistentes que possam trazer respostas geis a muitos questionamentos que surgem no dia-
a-dia no trabalho do profissional de pesquisa.
Para atingir os objetivos da anlise de contedo, necessrio contar com recursos
cognitivos pessoais prvios, numa tcnica refinada, delicada, o que requer erudio,
conhecimento e muita dedicao, pacincia e tempo para satisfazer a curiosidade do analista,
como investigador cientfico. Para efetivar uma analise dessa natureza necessria intuio,
imaginao e observao do que importante, alm de criatividade para escolha das
categorias relevantes. Ao mesmo tempo, o analista deve ter disciplina na hora da observao
dos dados e analise dos documentos. A anlise busca o conhecimento das palavras e do que
est oculto por trs das palavras e imagens, na busca de significados profundos e camadas de
informaes nas mensagens e discursos.
Assim sendo, a Anlise de Contedo uma metodologia adequada para todos os tipos
de pesquisa que possam ser documentadas por meio de textos escritos (documentos oficiais,
livros, jornais, documentos pessoais, fotografias, etc.), em gravaes de voz ou imagem, mas
no acessvel para todos os que desejam utilizar-se dela, pelas exigncias de formao,
habilidades e competncias pessoais do analista. A narrativa imagtica nos permite operar
com outras metodologias e teorias alm da anlise de contedo. Assim, a partir do momento
em que houve o confronto entre as informaes advindas de diferentes espcies de fontes a
pesquisa, foi gerada uma quantidade significativa de informaes, que so passiveis de
sistematizao por diferentes campos e teorias do conhecimento, como a herldica, a
iconografia, a gestalt, a psicologia, entre outras, gerando assim os aspectos qualitativos da
pesquisa.
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O estudo da iconografia tambm se relaciona ao realismo imagtico, pois diversos
estudiosos e pessoas que trabalham com imagens, procuram na iconografia, subsdios para
analisar essas imagens. Segundos os iconografistas as imagens no so feitas simplesmente
para serem observadas, mas tambm para serem lida. A idia de leitura de imagens remonta a
um longo tempo, desde os primrdios da civilizao at os dias de hoje. Para tal, importante
buscar a superao da viso indutiva da imagem, por meio da aplicao do instrumental
terico presente na semiologia, assim como importante estudar a gramtica visual, em que
parcialmente estamos nos baseando, com referncia principal nos estudos sobre iconografia
de Panofsky (1995, pg. 47).
A interpretao e estudo de mensagens visuais so conhecidos, aproximadamente
desde os anos 1930 e 1940, como iconografia ou iconologia, que vem se aprofundando cada
vez mais no que se diz respeito aos estudos das imagens por pesquisadores e, que nos servem
como subsdios para podermos analisar as imagens. Dessa forma podemos afirmar que as
imagens so produzidas para se comunicar.
A contextualizao de imagens nos remete a smbolos, cones, reforando a
importncia da iconografia nos diversos estudos que tm como objeto de estudo as imagens.
A palavra iconografia se refere a escrita da imagem. Tem origem grega - eikon (imagem) e
graphia (escrever, gravar, desenhar), mas que pode ter mais de um sentido, dependendo de
seu uso:
Pode se referir ao desenho (interpretao e anlise);
A uma publicao de vrias imagens, coleo ou classificao de retratos.
O crtico e historiador alemo Erwin Panofsky (1892-1968), supracitado, um dos
principais estudiosos da iconografia do sculo passado, conceitua os termos Iconografia e
Iconologia como o primeiro sendo o estudo de um tema ou assunto e, o segundo, estudo do
significado do objeto. De forma especifica, o termo iconologia estuda os cones ou os
simbolismos em forma de representao visual nas artes, ou seja, seria a interpretao de um
tema, por meio de um constante estudo cultural e histrico do objeto a ser estudado onde, o
contexto histrico da obra e/ou imagem, assume fundamental importncia para tentarmos
interpret-lo.
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O estudo das imagens, como bem ensinou Panofsky no seu mtodo iconolgico, impe
o estudo da historicidade das imagens e a preservao da memria, muitas vezes perdidas no
passado. O objetivo deste trabalho, embora sem seguir uma linha iconolgica, foi refletir
sobre a dimenso histrica da imagem dos brases, recompondo a sua memria e as
possibilidades efetivas de utiliz-la na composio de certo conhecimento sobre o passado.
A Histria pode devolver as geraes do presente a perspectiva da experincia,
[...], na mesma proporo que recupera memrias que, no raro, desconhecidas para
os indivduos, lhes devolve dimenses outras de identidade e de pertencimento. Por
outro lado, a memria tambm pode funcionar como um elemento ruptor, fazendo
aflorar aspectos at ento desconhecidos [...]. A memria manifesta, assim, um
carter de inovao e no apenas de preservao. (PASSAVENTO, 2003, pg. 47).
Neste trabalho monogrfico foram empregados como fontes de representaes
imagticas, os brases presentes na Universidade Federal da Bahia - UFBA. Erwin Panofsky,
no seu livro Significado nas Artes Visuais, prope que a anlise de um objeto visual seja
feita seguindo alguns passos, como:
Anlise pr-iconogrfica - apresenta o significado natural ou primrio, e consiste na
identificao das formas puras como representaes de objetos naturais e a percepo
dos motivos artsticos, vital para que se compreenda a anlise iconogrfica, sendo
parte integrante do estudo;
Anlise iconogrfica - apresenta o significado convencional ou secundrio, e consiste
na associao dos motivos artsticos a assuntos e conceitos, possibilitando a estes o
estatuto de imagens, estrias e alegorias;
Interpretao iconolgica - apresenta o significado intrnseco ou contedo, segundo
Panofsky o mais relevante, e que consiste na determinao daqueles princpios
subjacentes que revelam a atitude bsica de uma nao, um perodo, uma classe, uma
crena religiosa ou filosfica.
Em suma, este autor prope, para a anlise de um objeto visual, primeiramente sua
descrio; depois, seu correlacionamento com outros elementos formadores da cultura da qual
faz parte; e, finalmente, neste correlacionamento, o surgimento da possibilidade de descobrir
seu significado intrnseco e sua funo naquela sociedade, transformando-o em registro de
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uma poca. (PANOFSKY, 1995, pg. 62). Com a realizao destas etapas chega-se ao ponto
em que o objeto visual, descrito, identificado e decodificado, passa a explicar, em conjunto
com outros documentos ou solitariamente, no caso de ser ele o nico registro restante, a
conjuntura em que ele foi concebido, suas finalidades e, seus objetivos.
Ao desenvolver um estudo especificamente voltado para o contedo informacional de
um conjunto imagtico, que so os Brases da Universidade Federal da Bahia UFBA surge
o problema a ser pesquisado: O contedo informacional dos Brases da UFBA resgata a
memria, representatividade e significado perante esta instituio de ensino? Diante desta
questo, pressupes-se ento a seguinte hiptese: Os Brases da UFBA tm um significado
informacional, para a representao da sua memria e consolidam sua identidade
acadmica.
1.1 Objetivos
O objetivo geral deste estudo analisar, numa viso semitica, os brases da UFBA para
desvelar os elementos de significao, tendo em vista, a representao do resgate da memria,
criando um aporte imagem institucional.
Os objetivos especficos desse estudo so:
Mapear os Brases existentes da UFBA para a decodificao e leitura da
Informao visual.
Analisar o contedo informacional dos Brases da UFBA, segundo pressuposto
semitico do significado e significante dos mesmos na viso da Cincia da
Informao.
Demonstrar o que o Braso representa como contedo para a memria e a historia
da instituio.
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1.2 Justificativa
Na atualidade, o universo imagtico vem ocupando lugar de destaque na sociedade
contempornea, justamente por ser, reconhecidamente, um dos principais recursos cognitivos.
Com a instaurao de um novo paradigma do conhecimento, a imagem passa a ser tratada
como um significativo repositrio de informaes que antes passava despercebida. A partir
dessa realidade, as vrias formas como nos percebemos a informao, no decorrer da histria,
necessidades especficas de seu tratamento, ordenao e documentao, sempre em instncias
especializadas de armazenamento do conhecimento (bibliotecas, arquivos, museus, etc.).
O conjunto dessas informaes que esto contidas nos documentos visuais,
audiovisuais, textuais, etc. carregam em si o sentido da memria. Memria essa ligada a toda
uma corrente de pensamento - e suas vrias possibilidades de guardar o passado que passa a
ser um saber constitudo de vrios povos.
Como afirma Santaella (2007) informao no , pois uma entidade fsica, um objeto
tangvel, visvel, audvel. O que se toca se v ou se ouve o documento escrito, gravado,
contendo conhecimento registrado, em geral mediante um cdigo de representao. A
informao um dos objetos mais representativos da teoria semitica, ela a representao
produzida pela mente criadora dos homens a qual os auxilia na sua relao expressiva com o
mundo. Como todo signo, tem carter gil e provisrio. A informao um signo que se
atualiza na interface com o sujeito.
As afirmaes sobre esse mundo imagtico, imaginrio, colorido e fascinante,
levaram-me a pesquisar os Brases e imaginar sua essncia, sua simbologia, que informaes
estaro contidas em cada um de seus cones, sua historia e representatividade, que
contriburam para perpetuar a memria da Universidade Federal da Bahia.
Os smbolos herldicos referentes a essa instituio, foram utilizados como referencial
emblemtico de representao da memria e afirmao da identidade da UFBA. Traos
significativos do imaginrio alusivo foram incorporados simbologia dos seus referidos
brases.
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Por meio da analise e da interpretao dos atributos herldicos que figuram nos
Brases da UFBA, detentoras de denominao histrica, pode-se observar que houve uma
proposta dessa instituio em buscar elementos da historia, em sua composio. Esses
elementos histricos, selecionados como relevantes, contriburam na construo de uma
memria que valorizasse a identidade nacional e/ ou institucional da universidade, conectando
o presente ao passado, construindo a idia de pertencimento.
A valorizao dos atributos herldicos e representaes simblicas, sobretudo as que
aludem s atividades desempenhadas por essa Universidade, foi compreendida por esse
estudo como referencial emblemtico da memria e afirmao da identidade dessa instituio,
a exemplo do que ocorre internacionalmente, principalmente nas universidades mais antigas
do velho continente.
conhecido de todos o uso e difuso de brases como o da Universidade de Oxford,
Cambridge, Sorbonne, Salamanca, entre outras. A imagem dos brases torna-se um
referencial para as comunidades acadmicas, mas igualmente comercializado como souvenir
para toda a juventude, verificando-se que, inclusive, os turistas adultos e de terceira-idade
adquirem camisetas, moletons e outros produtos estampados com os referidos brases para
presentear jovens. A atrao juvenil pelos brases vinculada a uma relao de identificao
com a comunidade acadmica que o jovem gostaria de integrar e idealiza. Assim a Herldica
Universitria tem uma grande representatividade nas universidades mais conceituadas, e,
como um efeito transversal, tambm auxilia na consolidao da imagem pblica de
universidades mais novas.
Dessa forma, a pesquisa aqui apresentada tambm busca auxiliar a construo de uma
imagem pblica atrativa aos jovens, futuros universitrios, assim como fortalecer as relaes
de pertencimento e afetividade dos universitrios, docentes e a equipe administrativa que j
atuam nos ambientes universitrios da UFBA.
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1.3 Metodologia
A organizao prtica das fases de elaborao do trabalho de pesquisa obedeceu
estrutura de tpicos, proposta por meio dos objetivos especficos, segundo os critrios
propostos por Laurence Bardin. Assim, o mapeamento dos brases existentes da UFBA foi
feito por meio de pesquisa de campo clssica (segue padres pr-definidos e grupos
estratificados), de carter quantitativo. A anlise do contedo informacional foi elaborada ao
longo do perodo de pesquisa acadmica, por meio dos estudos norteados pela Cincia da
Informao, Semitica e Herldica, de carter qualitativo. A demonstrao da representao
do braso como contedo para a memria e a histria da instituio, um objetivo certamente
inesgotvel, foi buscado por meio de anlises descritivas, atribuies categoriais de carter
qualitativo e quantitativo e snteses analticas da prpria pesquisadora e tambm em alguns
princpios iconogrficos propostos por Panofsky (conforme pg. 17 desta dissertao).
Para cada um dos objetivos especficos, foram aplicados determinados mtodos:
Mapeamento dos Brases existentes, da UFBA, sendo utilizada a pesquisa de
campo.
Analise do contedo informacional dos Brases da UFBA, segundo
pressuposto semitico do significado e significante dos mesmos na viso da
Cincia da Informao. Para desenvolver esta etapa foi utilizada a anlise de
contedo, sob os princpios da Semitica, da Herldica e os princpios
iconogrficos.
Para demonstrar o que o Braso representa como contedo para a memria e a
historia da instituio, foi elaborada a pesquisa de carter histrico, assim
como a relao entre os smbolos herldicos projetados e a cultura baiana, com
nfase na atividade universitria e acadmica.
Como fatores de limitao da pesquisa, existiram as dificuldades em localizar o
material imagtico a ser pesquisado. Foram visitadas vrias unidades de ensino da UFBA, o
setor de memria da Biblioteca Central da UFBA, a Reitoria onde foi localizado o material da
pesquisa, no gabinete do Reitor sob a guarda da administrao central. Para verificar a
existncia de algum estudo referente aos brases da UFBA, foi feita uma pesquisa no Arquivo
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Publico do Estado da Bahia, no Instituto Geogrfico Histrico da Bahia. Essa limitao indica
a necessidade de preservao e difuso dos materiais cuja arte e originalidade apiam
categorias informacionais, relevantes instituio e ao estado da Bahia.
O presente estudo adotou a metodologia de Anlise de Contedo, pois esta,
particularmente, utilizada no estudo do material qualitativo, para o qual a pesquisa foi
direcionada, representando a tentativa de uma compreenso detalhada dos significados e
caractersticas situacionais apresentadas pelos componentes do universo pesquisado, alm de
ser adequada para uma investigao em nvel de mestrado. Por essa razo, este estudo
dispensa o uso de mtodos estatsticos j que seu processo composto pela prospeco de
informaes, interpretao dos fenmenos e a atribuio de significados, seguindo critrios
analticos qualitativos.
A aplicao do mtodo da Analise de Contedo est de acordo com os objetivos da
pesquisa, que pode ser considerada descritiva, pois visa dissertar sobre as caractersticas de
determinado universo e envolve o uso de tcnicas padronizadas de coleta de dados, a exemplo
da observao sistemtica e da analise histrica. Segundo Richardson, (1999) Anlise de
Contedo
[...] um conjunto de ferramentas metodolgicas compreendendo uma natureza
cientfica, devendo ser eficaz, rigorosa e precisa, com o intuito de entendimento de
um discurso, aprofundando e evidenciando suas caractersticas e momentos
importantes. (RICHARDSON, 1999, pg. 124)
Tais ferramentas so aperfeioadas conforme a situao em que ocorreu a coleta de
dados, de modo que a anlise dos dados ser feita por meio dos pontos caractersticos,
baseado na coerncia dos dados, ou seja, a leitura transcreve o contedo dos documentos,
alicerado em conceitos psicolgicos, sociolgicos, histricos e nos princpios propostos
Panofsky.
O universo pesquisado foi de trinta e quatro exemplares dos brases representativo das
unidades de ensino e da instituio UFBA, sendo estes desenhados em diferentes anos. A
produo dos brases se iniciou no ano de 1951, quando o criador da UFBA o professor
Edgar Santos, tornou-se o primeiro Reitor. Quarenta anos se passaram e, no ano de 1991, no
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momento em que o Reitor era o professor Jos Rogrio Vargas, alguns outros foram
desenhados. No ano seguinte, 1992, quando a Reitora Eliane Azevedo mandou seguir com a
produo de mais outros exemplares foram acrescentados ao conjunto. Os ltimos brases do
universo imagtico estudado foram confeccionados no ano de 1995, quando o Reitor era o
professor Felipe Serpa. Para esse estudo mapeou-se os brases por rea do conhecimento:
rea I, rea II, rea III, rea IV, rea V, alm do braso institucional geral da UFBA temos
tambm os rgos Suplementares. (UNIVERSIDADE, 1966, pag.36).
A partir da fundamentao terica e da coleta dos brases, foram utilizados os
referenciais da Semitica e da Herldica como elementos analticos. As imagens dos brases
desenhadas foram digitalizadas e anexadas a sua descrio textual, baseada em princpios
herldicos, com auxilio do dicionrio de smbolos (CHEVALIER, 2008). Alguns desses
brases foram desenhados pelo senhor Victor Hugo C. Lopes um especialista em Herldica
que reside em Salvador Bahia, enquanto outros exemplares foram criados pelo monge
beneditino Irmo Paulo Lachenmayer, alemo naturalizado brasileiro. Nascido no ano de
1903, Lachenmayer faleceu aos 87 anos de idade, no ano de 1990, nesta cidade. Como um dos
maiores especialistas em Herldica, reconhecido em toda a America Latina, confeccionou
brases para inmeros prelados e dioceses do Brasil. Todos os seus desenhos so
identificados por uma marca que usava ao lado esquerdo do desenho.
A coleta ocorreu entre os meses de janeiro e fevereiro de 2008. Em primeiro lugar, foi
feita uma observao sistemtica de cada um dos elementos do universo pesquisado, isto , os
brases. Concomitantemente, a historia da instituio de ensino superior foi levantada, para
que ficasse clarificada a relao entre os fatos histricos e a criao Herldica dos diferentes
brases. As representaes simblicas profissionais, que tambm compe um conjunto de
signos herldicos, foram igualmente pesquisadas e incorporadas s anlises.
Foi verificada a preocupao em enfatizar a categoria profissional e o contexto histrico,
na criao de cada braso, s vezes de modo concorrente. Para a realizao da analise de
contedo obedeceu-se a descrio feita pelos heraldistas Lachenmayer e Vitor Hugo, nos
princpios da gestalt, da herldica e da iconografia. A ficha Interpretativa dos Brases
contedo indito desta pesquisa e foi elaborada com base nos procedimentos bsicos
propostos por Bardin. (1977, pg. 121).
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a) A Pr Analise: Nesta face se deu a localizao e a organizao do material a ser
pesquisado, braso, insgnias, enfim todo material imagtico referencial da
UFBA, assim como outros materiais relativos pesquisa.
b) A Descrio Analtica: Nesta fase, foi realizado um estudo mais aprofundado de
todo o material reunido que constitui o corpus da pesquisa. Orientado em
princpio do referencial terico e, no cumprimento das decises tomadas, durante
a pesquisa.
c) A Interpretao Referencial do Material: De posse da anlise deste material, fez-
se a interpretao das informaes contidas nos brases, que foram codificadas,
categorizadas e quantificadas para, em seguida chegar etapa da concluso. Nos
resultados, inferncia e interpretao, conclui-se que por meio da descrio
analtica e interpretao das imagens, atendemos aos critrios propostos por a
informao e a comunicao.
Assim, a Ficha Interpretativa dos Brases constar dos seguintes campos,
derivativos do procedimento de Descrio Analtica de Bardin como um todo, que agregaro
o seguinte contedo:
a) Identificao: Ttulo dado pelo heraldista pea herldica, que
corresponde a sua procedncia e funo segundo os procedimentos de
Pr-Anlise propostos por Bardin (1977, pg. 11);
b) Figura: Imagem da arte da pea herldica, para referenciar toda a leitura
dos demais campos da ficha, que trata exatamente da anlise de contedo
imagtico, segundo os procedimentos de Pr-Anlise propostos por
Bardin (1977, pg. 11);
c) Localizao: Determina onde est arquivada a arte utilizada, que tambm
fonte da imagem digitalizada constante na ficha, segundo os
procedimentos de Pr-Anlise propostos por Bardin (1977, pg. 11);
d) Tipologia: Descrio da arte utilizada como fonte na elaborao da ficha,
os suportes materiais e a tcnica de sua composio, segundo os
procedimentos de Pr-Anlise propostos por Bardin (1977, pg. 11);
e) poca de Construo: Identificao da data de elaborao do projeto final
do braso, que o momento mais importante para a interpretao histrica
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do mesmo, e no de uma arte ou digitalizao especfica, segundo os
procedimentos de Pr-Anlise propostos por Bardin (1977, pg. 11). Essa
data normalmente figura nos documentos descritivos elaborados pelos
heraldistas, cujo contedo foi literalmente transcrito.
f) Contextualizao da imagem: Verificada pela pesquisadora, por meio de
pesquisa de campo, segundo os procedimentos de Pr-Anlise propostos
por Bardin (1977, pg. 11), cita o status da imagem no contexto
institucional pesquisado;
g) Anlise formal: Utilizando os princpios da Gestalt, Herldica e
Iconografia (esses ltimos propostos por Erwin Panofsky), sob os
procedimentos de Interpretao Referencial do Material propostos por
Bardin (1977, pg. 11). A pesquisadora elabora a anlise formal de cada
braso, interpretando o conjunto e suas partes, apoiada em informaes
dadas pelos prprios criadores da pea herldica, informaes histricas
da UFBA, da cidade de Salvador, do Estado da Bahia e do Brasil, a
histria e simbologia da imagem pblica das profisses.
Um dos contedos resultantes dessa pesquisa, sob a utilizao da metodologia
apresentada, a segurana no fato de que podemos perfeitamente utilizar imagens como
fontes histricas. Esse pressuposto feito com base no resultado das anlises da pesquisa
entre outras, de forma que a histria da criao da UFBA est registrada e at mesmo
preservada nos seus Brases.
Estrutura Monogrfica
Captulo 1 INTRODUO
Neste capitulo foi explicado o referencial terico, o mtodo a ser utilizado na analise
dos brases e uma abordagem sobre iconografia.
Capitulo 2 A UFBA E SEUS BRASES
Contou com a reviso, pesquisa bibliogrfica e documental sobre os seguintes pontos
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dados sobre caractersticas institucionais da Universidade Federal da Bahia,
recomendaes legais para a estruturao dos seus brases.
Capitulo 3 SEMITICA DA IMAGEM
Foram abordados os aspectos semiticos da imagem visual, da Herldica, da Cincia
da Informao relacionada Semitica, ou seja, estudo sobre a teoria dos signos,
representao, linguagem verbal e no verbal, concretizando a fundamentao terica
da dissertao.
Capitulo 4 A HERLDICA E OS BRASES DA UFBA
Por meio do uso dos princpios e leis da Herldica e sua exposio, para melhor
compreenso por parte de toda a natureza de leitores da pesquisa, foi explicado o
processo de concepo dos smbolos herldicos em geral e, especificamente, dos
smbolos herldicos da UFBA.
Captulo 5 ANLISE DOS BRASES
Realizou-se a analise dos brases usando o mtodo proposto por Bardin, ou seja, de
procedimentos sistemticos e objetivos de descrio de contedo das mensagens
indicadores que permitem a inferncia de conhecimento relativo s condies de
produo, recepo das mensagens, utilizando-se a analise categorial.
Captulo 6 CONSIDERAES FINAIS E RECOMENDAES
Apresenta as consideraes finais do estudo, as principais concluses e as proposta de
uso do conhecimento sintetizado e as futuras abordagens sobre o tema.
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2 A UFBA E SEUS SIMBOLOS
O conceito de universidade surgiu na Itlia, Frana e Inglaterra na Idade Mdia e se
disseminou pelos continentes no inicio da era moderna. Est definida como uma comunidade
acadmica, dedicada ao desenvolvimento do ensino e da pesquisa em nveis especializados
com a produo de conhecimentos relevantes ao progresso da sociedade. Seu papel tem sido
este no decorrer dos vrios sculos, mediante a superao de mudanas decorrentes da
geopoltica, da revoluo econmica, das tendncias scio- culturais ou mesmo
mercadolgicas.
A Universidade da atualidade tem um papel preponderante no cenrio histrico de um
pas, por ser uma instituio que rene a capacidade de fazer a sntese histrica da sociedade e
de provocar os homens para que criem vontades ou energias para a organizao social, por
meio da educao formal e da produo de conhecimento. Dessa forma, o ensino
universitrio, mais do que fazer acumular habilidades e competncias, aprimorar a
conscincia, e preparar as pessoas para responderem sobre seu destino e sobre o sentido de
sua vida. Neste sentido, preciso entender melhor os contextos scio-econmicos e polticos
que permearam a trajetria da Universidade, com o intuito de contribuir para o entendimento
da formao oferecida pela educao superior nos seus momentos histricos.
A anlise retrospectiva do Brasil nos remete ao ano de 1549, quando o primeiro
governador chegou Bahia e com eles os primeiros padres jesutas, a educao adquiriu
apenas um relativo significado na preocupao colonizadora, por intermdio da catequese. E
s ento a primeira escola elementar foi aberta no Brasil, onde se ensinava a ler, a escrever e a
contar.
Em 1551 criado o Colgio do Terreiro de Jesus. Foi indiscutivelmente, o primeiro
centro a praticar o ensino universitrio, em toda Amrica Portuguesa. O ensino universitrio,
moda da poca, rigidamente enquadrado nas regras da Ratio Studiorum, ou seja, ordenar
as instituies de ensino de uma nica maneira, permitindo uma formao uniforme a todos os
que freqentassem os colgios da Ordem Jesutica em qualquer lugar do mundo. E,
naturalmente, limitado pelas solicitaes da sociedade colonial, ainda em formao. No
ocidente, a igreja Catlica a responsvel pela unificao do ensino superior em um s rgo,
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a universidade. Isto ocorre como resultado de todo um esforo da igreja no sentido de
fundamentar as suas aes polticas e religiosas, por meio da unicidade de pensamento e o
controle da difuso de conhecimento em nvel superior.
O ensino universitrio colonial de certo modo, desde quando a Metrpole seja em
Lisboa ou Roma, jamais permitiu a criao de uma universidade em sua colnia americana.
Por muito tempo, o Real Colgio da Bahia, mais conhecido como o Colgio do Terreiro de
Jesus, distribuiu em cerimnias imponentes, insgnias e diplomas acadmicos, seguindo a
risca o protocolo da Universidade de vora, sediada em Portugal. Essas solenidades de
graduao incluam a entrega do anel simblico, o livro de juramento e capelo azul. A
biblioteca do colgio, por muito tempo a maior do Brasil, possua em 1649 cerca de 3.000 mil
livros de todo o gnero de escritores que se pode desejar, sob a guarda de zelosos e hbeis
livreiros dentre eles o Pe. Antonio Vieira. Os jesutas desejavam e requeriam que o Colgio
do Terreiro de Jesus se transformasse em universidade. Essa pretenso manteve-se, desde
1583 at a expulso desses religiosos do Brasil, em 1759, pelo Marques de Pombal. Mesmo
aps esse lamentvel acontecimento, a Cmara Municipal ao lado dos Inacianos (ordem dos
jesutas fundada por Santo Incio de Loyola) nunca deixaram morrer seu intento, pois
continuaram a mandar ofcios, representaes e requisies para a criao e oficializao de
uma universidade na Bahia.
2.1 Estrutura Institucional da UFBA
A situao comeou a mudar com a chegada da Famlia Real ao Brasil, quando Dom
Joo VI defronta-se com a necessidade de imediato estabelecimento de condies culturais e
tecnolgicas de que, at ento, o Brasil no pudera ou fra forado a no dispor. Com a
instalao da Corte Portuguesa no Brasil, dirigiu-se legalmente o processo augusta
presena do Prncipe Regente, solicitando a criao de uma universidade literria na capital
baiana. Mais uma vez a petio, datada de 10 de outubro de 1809 no foi atendida.
(UNIVERSIDADE, 1967, pg. 11).
Em 18 de fevereiro de 1808, foi criada pelo Prncipe Regente a Escola de Cirurgia da
Bahia por sugesto do Dr. Jos Garcia Picano, Baro de Goiana, que idealizou o ensino
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mdicocirrgico, na cidade do Salvador, origem da atual Faculdade de Medicina, a mais
antiga escola oficial de estudos superiores no Brasil. Foram incorporados ao Colgio Mdico-
Cirrgico os cursos anexos de Farmcia, criado em 1832 e de Odontologia em 1864, pode ser
considerado o ncleo formador da Universidade na Bahia. No somente porque dela saram,
diretamente, mais de duas escolas que integram o sistema universitrio baiano, mas tambm,
pelos reflexos na vida cultural do estado e do pas, j que desta faculdade saram, no apenas
profissionais de alto nvel que se espalham por todo o Brasil, mas tambm mdicos
humanistas que se afirmaram, igualmente, em outros domnios do saber. Na ausncia de
outras escolas de ensino superior, a Faculdade de Medicina foi, na verdade, mais que um
centro de cincias mdicas, um foco de convergncia de interesses generalizados no vasto
campo da cultura. Em 1859 criou-se o curso de Agronomia, mas s foi incorporado a
Universidade Federal da Bahia em 1967.
Mais de meio sculo aps a fundao da Faculdade de Medicina surge segunda
escola de ensino superior, na Bahia, a Escola de Belas Artes, fundada em 1877, com o nome
de Academia de Belas Artes da Bahia, que anos mais tarde inclua o curso de Arquitetura.
Este s reconhecido em 1950, no mesmo ano em que a escola foi federalizada. Em fins do
sculo passado, em 1891, surge a Faculdade de Direito, mantida como escola particular, at
1957. A Faculdade de Direito, rapidamente, se transformou num dos principais centros de
cultura jurdica brasileira. Seis anos depois, em 1897, surge o Instituto Politcnico da Bahia,
que mais tarde se transformou na Escola Politcnica, que em 1938 passou a pertencer ao
Estado da Bahia. Retornou ao domnio da unio em 1946, sendo logo incorporada
universidade.
Em 1905, criou-se a Escola Comercial da Bahia, mantida por uma fundao, a partir
de 1931, iniciou seu curso superior de Administrao e Finanas e em 1934 a antiga Escola
Comercial passou a denominar-se Faculdade de Cincias Econmicas. Surgem em 1941 e
1934, a Faculdade de Filosofia e Cincias e Letras, respectivamente, fundada pela liga de
Educao Cvica, cuja federalizao ocorreu em 1950, mas desde 1946 j tinha sido
incorporada Universidade da Bahia.
Nos 41 anos que compreenderam a chamada Republica Velha ( a denominao
convencional para a histria republicana que vai da Proclamao da Republica, em 1889 at a
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ascenso de Getlio Vargas em 1930), muitos eventos ajudaram a fortalecer o ensino superior
na Bahia, a fim de que, um dia houvesse condies capazes de impor, para a sua prpria
poltica de benefcios, o nascimento da sua primeira universidade.
Finalmente em 08 de Abril de 1946 o ento Presidente da Republica Eurico Gaspar
Dutra juntamente com o Ministro da Educao Ernesto Sousa Campos, assinaram o Decreto-
Lei n 9.155, que criava a Universidade da Bahia, cujo texto do artigo 1 reza que:
criada a Universidade da Bahia, instituio de ensino superior, como pessoa
jurdica, dotada de autonomia administrativa, financeira, didtica e disciplinar, nos
termos da legislao federal sobre o ensino superior e de seu estatuto. (BRASIL,
1946, Art.1 do cap. I). (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, 1971, pg. 9)
Naquele momento, ainda no se implantava uma verdadeira universidade. Fazia-se
necessrio um amplo esforo para agrupar as escolas tradicionais, no s no espao fsico,
mas tambm num efetivo sistema universitrio. Necessitava-se, ainda, da criao de novas
unidades e rgos complementares para o atendimento das necessidades culturais da
sociedade baiana. Foi a esta tarefa de relevncia que se lanou o Reitor Edgar Santos, nos
quinze anos em que esteve frente do destino da Universidade da Bahia.
Apesar de instituda oficialmente como Universidade da Bahia, em 08 de abril de
1946, sua constituio englobou a articulao de unidades isoladas de ensino superior
preexistentes, pblicas ou privadas. Fazendo parte todas essas escolas: Medicina, Belas Artes,
Direito, Escola Politcnica, Cincias Econmicas, e a Faculdade de Filosofia, Cincia e Letras
passaram a integrar a Universidade. Essas unidades de ensino superior constituram o ncleo
inicial da Universidade Federal da Bahia
Dentro desse esforo de ampliao do espectro de cursos a serem oferecidos, registra-
se a implantao da Escola de Enfermagem em 1946, a qual s incorporada Universidade
da Bahia, no ano de 1947 e, do Hospital das Clnicas, em 1949. A partir da Lei n 4.226 de
23 de Maio de 1963 passa o mesmo a denominar-se Hospital Universitrio Professor Edgard
Santos, porm s em 1969 que esse hospital foi incorporado a Faculdade de Medicina,
tornando-se um importante centro de referncia para o ensino mdico e para o atendimento
sade da populao baiana. Nos anos seguintes se d a criao da Escola de medicina
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31
Veterinria (1951), Instalao dos Seminrios Livres de Msica, origem da atual Escola de
Msica (1955), Instalao das Escolas de Teatro e de Dana (1956).
-
32
Figura 1: Organograma da UFBA no ano de 1960
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33
Figura 2: Organograma atual da UFBA (UNIVERSIDADE, 2008, pg. 08)
-
34
A Reforma Universitria, instituda pela Lei Federal 5.540/68, promoveu uma
profunda reestruturao e modernizao acadmica e administrativa das universidades
brasileiras. Nessa poca, a denominao e qualificao das Universidades e Escolas Tcnicas
Federais, por meio da Lei n 4.759, de 20 de agosto de 1965, a Universidade da Bahia passa a
ter a denominao e qualificao de Universidade Federal da Bahia. Nela foram criados
diversos rgos centrais de gesto e implantados os novos Institutos de Matemtica, Fsica,
Qumica, Biologia, Geocincias e Cincias da Sade, as Escolas de Biblioteconomia e
Comunicao e de Nutrio e a Faculdade de Educao, baseados na consagrao da nova
estrutura da UFBA, por meio do Decreto Federal n 62.241 de 08 de fevereiro de 1968. O
aumento da oferta de cursos de graduao, nessa poca, exigiu uma significativa expanso da
infra-estrutura fsica da UFBA, com a implantao dos campi do Canela e de Federao -
Ondina.
A partir do incio da dcada de 1970, foram implantados os primeiros cursos de ps-
graduao inicialmente em nvel de Mestrado dentro de uma poltica nacional de
qualificao de docentes universitrios, preparao de quadros profissionais avanados e
incremento s atividades de pesquisa pura e aplicada. Ao longo dos seus 60 anos de
existncia, a UFBA conquistou reconhecimento social como a mais importante instituio de
ensino superior do Estado da Bahia, desempenhado papel fundamental na prpria expanso
desse nvel de ensino, considerando-se que a grande maioria dos profissionais que atuam nas
IES pblicas e privadas no Estado egressa dos seus cursos de graduao e de ps-graduao.
tambm a universidade baiana que se diferencia das demais, pelo nvel de consolidao das
funes de pesquisa e de extenso
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35
Figura 3: Braso da Universidade Federal da Bahia, ornado com a data de 1808
logo abaixo do timbre
Numa demonstrao de reconhecimento a importncia da representao, foi criada pelo
Conselho Universitrio CONSUNI, na atual gesto do Reitor Naomar Monteiro de Almeida
Filho uma Resoluo n 01/08 que determina no exerccio de sua autonomia acadmica e
institucional, a introduo da legenda 1808, data de criao da antiga Escola de Cirurgia, atual
Faculdade de Medicina da UFBA, no braso da Universidade Federal da Bahia, em todos os seus
documentos oficiais, timbres, medalhas e titulo honorficos. Esta resoluo entra em vigor na data
de sua aprovao 25 de fevereiro de 20081.
1 Como apndice dessa pesquisa, encontra-se a Resoluo nmero 01/2008, referente a introduo da legenda no Braso da UFBA.
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3 SEMITICA DA IMAGEM
A Semitica estabelece uma base cientfica para o estudo dos sistemas cognitivos
biolgicos, humanos e no-humanos. No caso dos sistemas cognitivos humanos, abrange a
percepo e as representaes feitas a partir da apropriao das caractersticas dos objetos ou
idias subjetivas percebidas. Assim, a Semitica tambm est preocupada com os aspectos
psicolgicos. A Semitica da imagem se caracteriza como o estudo das expresses no-
verbais, segundo Toutain (2003, pg. 45), sendo que a imagem abarca o sentido figurativo,
icnico, abstrato e o concreto da mensagem, estabelecendo uma mediao entre emissor e
destinatrio.
Segundo Pericot (apud TOUTAIN, 2003, pg. 48), o estudo da Semitica marca duas
linhas de investigao, a dos que consideram a imagem visual como um signo convencional e
a dos que partem experimentalmente da imagem, como uma representao do objeto e no
como um substituto convencional ao mesmo. No trabalho aqui desenvolvido, a linha de
investigao pretendida para a anlise dos brases da UFBA considerar os mesmos como
representaes, passveis de julgamentos e interpretaes subjetivas e individualizadas, a
partir de uma cultura coletivamente compartilhada.
Segundo Toutain (2003, pg. 115), importante considerar que cada interpretao est
submetida a uma leitura determinada, e essa leitura se faz individualmente, em um ambiente
propcio, no momento de produzir a semiose. Para Pedrosa (2007, pg. 44), a afirmao de
Toutain coloca o sujeito, o intrprete, como fator central da Semiose, pois o interpretante s
ir ser produzido na sua mente, caso j exista um repertrio pessoal de signos que ajudem o
intrprete a compreender o surgimento de um novo signo. Nesse sentido, Pedrosa considera
que a cultura constituda de diversos signos comuns aos seus integrantes, que devem se
valer desses signos j conhecidos para estabelecer os julgamentos perceptivos de novos
signos. Ao enumerar os elementos constitutivos da Semitica, Campanhole explica que:
O julgamento perceptivo o primeiro, pois sem ele no haveria como iniciar um
processo de reao ao estmulo externo, portanto est dividido em dados icnicos,
indiciais e simblicos. O objeto, sempre coexistindo o imediato e o dinmico, so
para o presente o dado mais importante e complexo para um tratamento semitico da
percepo. O objeto imediato cabe ao papel do percipuum e, segundo Santaella
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(1998), toda semiose percorre trs etapas: qualidade de sentimento, relao fsica,
generalizao de um objeto que certamente correspondem ao qualisigno, sinsigno e
legisigno. Percorridas estas etapas, pensando didaticamente, a apreenso perceptiva
evolui para o objeto dinmico, o objeto apresentando ndices de regularidades, que
cabe ao percepto. O percepto, num nvel de sutileza muito grande, limtrofe com a
condio do signo atingir uma mente atravs de sua potencialidade de interpretante
(rema, discente e argumento). (CAMPANHOLE, 2006, pg. 56)
O objeto imediato aqui estudado, o braso, fruto de um trabalho artstico de
comunicao visual, propositalmente voltado para a transmisso de conhecimento
socialmente relevante, apresentado com um ndice de regularidades determinado por regras
internacionalizadas, codificadas por meio da Herldica. O objeto dinmico, resultante da
aplicao dos princpios do objeto imediato em uma cultura local ou institucional, o
universo pesquisado dos trinta e quatro brases da UFBA.
A abordagem semitica no estudo dos brases da UFBA se insere diretamente na
Cincia da Informao, pois, considerando a intencionalidade da criao e uso dos mesmos no
contexto universitrio, se configura como um fenmeno da Comunicao Social, passvel de
coleta e anlise de indicadores. O fato de tratar e transmitir conhecimento coloca na Cincia
da Informao e, s nela, a responsabilidade de aprofundamento no campo das Cincias
Humanas e, portanto, das Cincias Sociais Aplicadas, das quais participa a Comunicao
Social. Contudo, esse processo no se far sem uma abordagem da linguagem visual, pois a
informao hoje adquiriu carter estratgico, tornando-se um elemento de influncia e poder
mais relevante na esfera do conhecimento e economia.
O mundo tem passado por transformaes sociais, culturais, polticas e tcnicas numa
velocidade nunca antes imaginada, que nos dificulta a formao da prpria identidade, uma
vez perdidas as referencias sociais e lingsticas que no resistem a essas transformaes. O
surgimento das redes mundiais de informao adicionou sofisticao e agilidade aos meios de
produo e disseminao da informao. Nesse contexto, a compreenso dos processos de
significao tornou-se um dos principais desafios da Cincia da Informao (CI). O curso das
ltimas mudanas envolvendo a informao evidenciou a necessidade de articulaes tericas
mais amplas, na medida em que a preocupao com o fenmeno informacional no
exclusividade de uma dada rea de conhecimento.
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A Cincia da Informao notadamente uma cincia voltada para a compreenso dos
fenmenos informacionais e se constitui pela aproximao de disciplinas distintas. As
disciplinas tradicionais, originalmente preocupadas com a informao em seu suporte fsico,
so: a Biblioteconomia, a Museologia, a Documentao, a Arquivologia e o Jornalismo. A
convergncia das mdias para os suportes digitais fez com que as necessidades de
comunicao, conhecimento e fruio esttica se dem em nvel informacional,
progressivamente utilizando interfaces tecnolgicas, o que agrega novas disciplinas Cincia
da Informao como Linguagem Visual e no Visual, a Sociologia, a Matemtica e suas
aplicaes tecnolgicas.
A origem da Cincia da Informao est relacionada tambm com a exploso da
informao e do conhecimento sistematizado.
A Cincia da Informao teve seu aparecimento e expanso no aps-guerra,
principalmente a partir de 1950, quando pesquisas e documentos mantidos fora do
fluxo normal de informao foram liberados para o conhecimento coletivo.
(BARRETO apud ALMEIDA, 2002, pg. 101).
Tambm para Le Coadic (1996), o fato do crescimento do volume de informao foi
primordial para o surgimento e o desenvolvimento da Cincia da Informao. Recebeu a
incumbncia de lidar com o tratamento e transmisso do conhecimento produzido, com a
responsabilidade ainda de zelar pelo papel social da informao. Sua principal funo
produzir conhecimentos que contribuam para a soluo de problemas relacionados
organizao de sistemas de informao especializados na incorporao, sistematizao,
disseminao e recuperao da informao.
O novo contexto informacional tem tornado cada vez mais comum o desenvolvimento
de pesquisa cujo arcabouo terico fronteirio. Embora as reas busquem o fenmeno em
sua especificidade, compartilham, em determinados momentos, de interesses comuns em
termos do campo de investigao. Esse compartilhamento pode ser compreendido como um
esforo interdisciplinar. Em 1995, Saracevic abordou o problema da interdisciplinaridade da
Cincia da Informao, lembrando que a origem e antecedentes sociais evoluram para a
recuperao da informao, que constitui segundo o autor a atividade principal da Cincia da
Informao (1996 pg. 48-49). A interdisciplinaridade, terica ou prtica, confirma o resgate
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de conhecimentos de outras cincias condensadoras e revisoras, para que sirvam de aplicao
Cincia da Informao.
A Cincia da Informao se consolidou, por meio da aproximao e interao de
distintos campos de conhecimento. A tentativa de estabelecer interfaces entre informao e
semitica efetiva-se como um desafio hoje necessrio. De nossa perspectiva a centralidade do
desafio reside na urgncia do estabelecimento de uma convergncia semitica na orientao
dos estudos referentes aos processos informacionais.
Nesse cenrio, temos a informao como um dos objetos de estudos mais
emblemticos da teoria semitica. A informao compreendida, no escopo deste trabalho,
como as representaes produzidas pela mente criadora dos homens a qual os auxilia na sua
relao expressiva com o mundo. Capurro dizia que:
[...] a informao no produto final de um processo de representao, ou algo que
esta sendo transportado de uma mente para a outra, ou, finalmente algo separado de
uma subjetividade encapsulada, mas sim uma dimenso existencial do nosso estar-
no-mundo-com- os outros. (CAPURRO, 2003, pg. 56)
Na perspectiva peirciana a informao envolve um processo de aquisio de
conhecimento. O conhecimento tem uma dimenso informacional e outra verbal. A dimenso
informacional requer experincias mais amplas e vo alm daquelas que se depreendem da
compreenso dos smbolos e a verbal vincula-se a uma perspectiva simblica (JOHANSEN
apud MOURA, 1993, pag. 18).
A semitica, conforme formulada por Pierce descreve a representao como um
processo envolvendo um objeto, alguma coisa que o representa e o efeito da representao, na
ausncia do objeto, na mente de um usurio. Representao desta maneira, um processo
ocorrendo na mente de algum, produzindo nesta mente algo distinto do objeto a que se
refere. A representao ento relaciona o objeto que ela representa com a mente que o
percebe.
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A representao parte de um complexo processo cognitivo. Pierce afirma que a
lgica a cincia das leis necessrias gerais dos signos, especialmente dos smbolos
(PIERCE, 1995, pg.45) e, ainda, que "todo o pensamento, portanto, deve necessariamente,
estar nos signos" (PIERCE, 1995, pg.46). Este processo cognitivo, em seu primeiro estgio,
envolve um confronto com a realidade, aprendizado a partir desta experincia,
conceitualizao e abstrao. A vida real uma realidade demasiadamente vasta e bastante
complexa para ser captada em sua totalidade pela mente humana. Aspectos desta realidade,
para serem armazenados na mente de algum para uso futuro, devem ser filtrados,
sintetizados.
Peirce compreendia a semitica como uma filosofia dos signos, o que significa dizer
que a mesma estuda a essncia genuna do signo, o seu modo de ser e a sua estrutura bsica. A
tese central da Semitica peirciana informa que todo o pensamento se d em signos. Sendo
assim, os gestos, as idias, as cognies e at a prpria humanidade so consideradas
entidades semiticas.
Pierce conceitua como "um signo ou representmen, aquilo que, sob certo aspecto ou
modo, representa algo para algum (1995, pag.167); representar seria "estar no lugar de,
isto , estar numa tal relao com outro que, para certos propsitos, considerado por
alguma mente como se fosse este outro" (1995, pag.168). Na representao de um documento
por meio de uma referncia bibliogrfica, o objeto seria o documento original, o signo seria a
referncia bibliogrfica e o interpretante seria a idia do documento criada pela referncia na
mente de um usurio. Este signo seria, mais especificamente, um cone. Um cone um tipo
de signo que pode representar um objeto, porque seus atributos tm relaes anlogas com os
atributos do objeto sendo representado.
A revoluo industrial impulsionou a proliferao e a difuso de informaes e
mensagens criando as condies para a apario futuras das super-vias digitais. Criou no
ambiente social do sec.XVIII os elementos necessrios ao surgimento de uma conscincia
semitica. Essa conscincia intensificou a necessidade de constituio de um campo cientfico
que fosse capaz de criar dispositivos de indagao e instrumentos metodolgicos prprios
para analisar os fenmenos sgnicos.
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A semitica contempornea nasce no final do sculo XIX inicio do sculo XX. Na
ocasio em que Peirce apresenta a idia do estudo sobre os efeitos dos signos na sociedade
utilizando o termo Semitica. Com relao ao uso do termo semitica, Nth (1995) explica
que este termo foi empregado pela primeira vez na medicina. Posteriormente, Saussure se
refere teoria geral dos signos utilizando o termo Semiologia. Assim, Semiologia e Semitica
podem em sentido geral ser definidas como cincia dos significados de praticas significantes
ou especificar-se em campos particulares, como semiologia da imagem, semitica visual,
entre outros. (FRAENKEL apud TOUTAIN, 2003, pg.142).
A Semitica refere-se a um ponto de vista, a partir do qual possvel conduzir uma
investigao. Acredita-se que pensar na informao do ponto de vista semitico pode
enriquecer a nossa compreenso desse fenmeno e contribuir para o aprimoramento das aes
desenvolvidas pelos profissionais da informao que, h muito se tornaram elemento
indispensvel na mediao entre usurio e informao. O ponto de vista semitico pode
contribuir para o alargamento da noo de informao compartilhada atualmente no mbito da
Cincia da Informao.
As interseces entre Cincia da Informao e Semitica esto concentradas na rea
de organizao da informao. A maioria dos trabalhos que versam sobre o tema Semitica na
Cincia da Informao destaca a relao existente entre informao e signo. A informao
entendida como signo, pois qualquer processo de comunicao de um contedo mediado por
signos. Nessa perspectiva, quase que substituem o termo informao pelo de signo, mas este
ltimo composto de atributos que demonstram vantagem explicativa, em relao ao conceito
de informao.
A Semitica permite ainda ampliar a compreenso do sentido de termos e,
conseqentemente dos fenmenos comumente implicados na anlise documental:
representao, interpretao, traduo, leitura, descrio, linguagem documentria e
linguagem natural.
A semitica tem por objetivo identificar e definir a natureza de um signo, a relao
que mantm com o objeto representado, a atuao possvel de um interpretante na pratica
relacional que estabelece entre o modo de representao de um signo e seu objeto, parcial ou
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totalmente representado, constitui condio imprescindvel para que se estabeleam os
padres caractersticos de uma linguagem. Portanto, inerente a constituio do signo o seu
carter de representao, de fazer presente, de estar em lugar de algo, de no ser o prprio
algo. O signo tem o papel de mediador entre algo ausente e um interprete presente. Os signos
se organizam em cdigos, constituindo sistemas de linguagem. A principal utilidade da
semitica possibilitar a descrio e a analise da dimenso representativa (estruturao
sgnica) de objetos, processos ou fenmenos em varias reas do conhecimento humano.
Nesse sentido,
Todas as palavras, sentenas, livros e outros signos convencionais so smbolos.
Falamos de escrever ou pronunciar a palavra homem, mas isso apenas uma
rplica ou materializao da palavra que pronunciada ou escrita. A palavra, em si
mesma, no tem existncia, embora tenha ser real, consistindo em que os existentes
devero se conformar a ela. um tipo geral de sucesso de sons, ou representamens
de sons, que s se torna um signo pela circunstncia de que um hbito ou lei
adquirida levam as rplicas, a que essa sucesso d lugar, a serem interpretadas
como significando homem. Tanto palavras quanto signos so regras gerais, mas a
palavra isolada determina as qualidades de suas prprias rplicas. (PEIRCE apud
SANTAELLA, 2004, pg. 135-136).
Como todo signo, a palavra tem carter gil e provisrio. Na sua articulao, leva em
considerao os dados fornecidos pela realidade e obedece s determinaes da capacidade
cognitiva do sujeito, dada, sobretudo por sua experincia colateral. Capacidade est
potencializada nos processos de formao. A informao um signo que se atualiza na
interface com o sujeito. Para Santaella,
A semitica [...] a cincia dos signos que investiga e busca o entendimento de
toda e qualquer linguagem (verbal ou no-verbal). A semitica uma cincia
formal e abstrata, num nvel de generalidade mpar. (SANTAELLA, 2005, pg.
16)
A noo peirceana de signo consiste na relao tridica signo-objeto-interpretante,
onde o primeiro elemento da trade o signo comparece como mediador entre o segundo
o objeto e o terceiro o interpretante. importante observar que a trade semitica envolve
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dois tipos de relaes: determinao e representao, sendo que as relaes de representao
esto submetidas s relaes de determinao. Isso significa que a representao somente
ocorre em funo da determinao e, em vista disso, a representao constitui uma face de
algo maior, que a mediao. Mas se, como afirma Santaella, o signo ao determinar o
interpretante transfere para ele tarefa de representar o objeto, ns podemos tambm afirmar
que, ao determinar o signo, o objeto transfere para o signo a tarefa de represent-lo. Ento, o
signo representa o objeto porque sofre uma relao de determinao por parte deste objeto.
Acredita-se, que a interseco entre Cincia da Informao e Semitica est concentrada na
rea de organizao da informao.
Segundo Toutain (2007) o termo representao, relacionado com o mundo cognitivo,
pode ser analisado e interpretado de diferentes maneiras; consiste em perceber, descrever,
gravar e interpretar uma informao. A representao um processo em que envolve dois
mecanismos: um verbal, e outro mental. O mtodo de captar, representar e interpretar a
informao simultneo, permanente, continuo; pressupe um sistema de significao. A
comunicao humana caracteriza-se pela capacidade de criar, adquirir, aprender a usar
cdigos constitudos por signos, que so o resultado provisional de regras de codificao, as
quais estabelecem correlao transitria, passiveis de interpretao.
As disciplinas acadmicas so estruturadas perante o desenvolvimento da humanidade,
mas nem todas tm uma implicao to forte, to dependente desse processo quanto a
Linguagem, podendo-se dizer que interfere em vrios campos tericos, como os da
Antropologia, da Sociologia, da Filosofia ou da Economia, pelo simples fato de ter como
objeto de estudo a linguagem oral, escrita e representada, como um elo de fundamental
importncia nesse desenvolvimento.
[...] quando dizemos linguagem, queremos nos referir a uma ga