Boletim PIPA
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Promovendo Inclusão, Partilhando Ações
Conheça a história do Es-paço Pipa, que vem desde 1983 lutando pela inclusão social e cidadania das pes-soas com Síndrome de Down.
Muitos antes do Es-paço Pipa ser reconhecido pelo seu tratamento dife-
renciado de pessoas com Síndrome de Down, a enti-dade percorreu um longo caminho até ganhar tal cre-dibilidade, e ter um espaço ideal para oferecerem tais atendimentos.
A iniciativa surgiu em 1983, quando um grupo
de pais e irmãos de pessoas com Síndrome se reuniu e criou a Associação Síndro-me de Down, com o objeti-vo de buscar tratamentos em uma perspectiva que eles acreditavam.
Página 3.
De coração aberto
Acolher uma criança com
Síndrome de Down nem
sempre é fácil para pais e
mães. O desconhecimento
pode levar a um grande
misto de sentimentos, que
somente com orientação e
apoio, podem ser supera-
dos ou alterados, dando
lugar ao amor e à aceita-
ção.
Embora os avanços da me-
dicina possibilitem um
diagnóstico ainda dentro
da barriga da mãe, a maio-
ria das famílias só recebe
a notícia que o bebê tem a
Síndrome no hospital, logo
após o nascimento. Em
muitos casos, os pais são
comunicados de uma ma-
neira inapropriada, o que
gera uma carga maior de
sentimentos negativos.
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Editorial 2
33 Anos de Luta 3
Terapia Ocupacional 4
É preciso saber...
Amar!
5
Histórias que inspiram 6
De coração aberto 7
Ações que auxiliam os
alunos
8
Nesta edição:
33 anos de luta
Piracicaba, 28 de Novembro de 2014 Volume 1, edição 1
Orientar e guiar a família é a melhor maneira de melhorar o processo de descoberta da Síndrome de Down em um bebê
Adriana (43) enfrentou o desconhecimento pelo filho, Leonardo (3). Imagem: Arquivo pessoal
destino. Segundo dados da Receita
Federal, apenas 2% dos brasileiros
exercem este direito de escolha, en-
quanto os demais, o deixam nas
mãos do poder público, que lhe dá
outros destinos.
Sendo assim, pessoas físicas po-
dem deduzir até 6 % do imposto ao
Fundo, enquanto pessoas jurídicas
podem deduzir 1% para auxiliar pro-
jetos sociais, como o Espaço PIPA,
que luta pela inclusão social e pro-
moção da cidadania às pessoas com
O Espaço PIPA é credenciado do
FUMDECA (Fundo Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescen-
te), que direciona o imposto de renda
de pessoas físicas e jurídicas a insti-
tuições que promovem educação,
saúde, recreação, esporte, cultura,
lazer e profissionalização para mi-
lhares de crianças e adolescentes de
Piracicaba.
Para quem não sabe, é direito de
todo o cidadão que declara o imposto
de renda, decidir qual será o seu
Síndrome de Down.
Aqueles que desejarem colaborar
devem gerar um boleto bancário no
site do FUMDECA ou fazer um de-
pósito na conta Banco do Brasil
(agência 6516-1 conta corrente 8886-
2). O cidadão também pode escolher
para qual dos projetos cadastrados
seu imposto será destinado. Escolha
você o Espaço PIPA e mude destinos!
EDITORIAL
O Imposto de Renda pode mudar destinos
minton, atletismo, musicalização,
oficinas de artes, visitas (museus,
teatros e parques), rodas de leitura
de poesia, entre outros, transcenden-
do o esporte, promovendo a inclusão
social.
Outro projeto do Espaço é o Calei-
doscópio, focado na integração social
e na diversidade cotidiana, qualifi-
cando contextos familiares, escolares
e principalmente sociais. Com o intui-
to de desenvolver uma melhora nas
dimensões humanas como cognição,
comunicação, autonomia e afetivida-
de, o projeto proporciona uma melho-
ra na qualidade de vida.
As principais atividades do Calei-
doscópio incluem reuniões com pro-
fessores e auxiliares de ensino, ofici-
nas para a formação destes profissio-
nais, observações em sala de aula
com o apoio de mediadores, reuniões
com as famílias e visitas domicilia-
res.
Entre os principais parceiros nes-
tas inciativas estão o Fumdeca, a
Coplcana, a Fundação Raízen, o gru-
po JSL, a transportadora Rodomeu e
a ON papeis especiais.
O Espaço PIPA oferece a seus alu-
nos projetos que visam a inclusão e a
diversidade social. Um deles, é o
AME (Arte. Música e Esporte para a
inclusão da pessoa com Síndrome de
Down), que utiliza da prática esporti-
va, da musicalização e do desenvolvi-
mento da arte como instrumentos
educacionais e pedagógicos. A ideia é
trabalhar o desenvolvimento integral
de crianças e adolescentes, estimu-
lando sua independência e autono-
mia.
O AME conta com atividades de
karatê, natação, hidroterapia, bad-
Projetos que potencializam o desenvolvimento
Página 2 Boletim PIPA
Tudo pela inclusão
Pensar em acessibilidade
e inclusão, bem como nas pos-
sibilidades de inserir uma pes-
soa com Síndrome de Down no
mercado de trabalho, nas es-
colas, e até mesmo em relacio-
namentos amorosos, é pensar
no exercício de uma sociedade
mais justa e digna.
Mas, esta sociedade só é
construída quando paradig-
mas são quebrados. O precon-
ceito por exemplo, deve ser
extinto. Escolas e empresas,
devem cumprir seus papeis,
acolhendo pessoas com Sín-
drome de Down.
O que falta para a socie-
dade é a busca por informa-
ções, aprendizado e prática,
Por qual razão, uma pessoa
com Down não pode trabalhar,
ou estudar em uma sala de
aula comum? Por que excluir,
ao invés de incluir? O mundo
é feito de diferenças, e é assim
que a vida precisa ser feita.
O que falta é capacitação
para que as pessoas estejam
preparadas para concretizar
posturas e ações centradas na
intervenção, e consequente-
mente, no estimulo e na cren-
ça de desenvolvimento.
Na primeira edição do
boletim da Associação, a con-
cretização de ações feitas pela
entidade, está explícita na
maneira da divulgação dos
projetos, e sucesso dos atendi-
dos, além da gratificação de
pais e mães, com histórias
surpreendentes de superação
e lição de vida.
Volume 1, edição 1 Página 3
33 anos de luta Conheça a história do Espaço Pipa, que vem desde 1983 lutando pela inclusão
social e cidadania das pessoas com Síndrome de Down
Muito antes do Espaço Pipa ser
reconhecido pelo seu tratamento di-
ferenciado de pessoas com Síndrome
de Down, a entidade percorreu um
longo caminho até ganhar tal credi-
bilidade, e ter um espaço ideal para
oferecer tais atendimentos.
A iniciativa surgiu em 1983,
quando um grupo de pais e irmãos de
pessoas com Síndrome se reuniu e
criou a Associação Síndrome de
Down, com o objetivo de buscar tra-
tamentos em uma perspectiva que
eles acreditavam Seus familiares, e
demais pessoas com Down precisa-
vam de um atendimento diferenciado
e específico para terem um melhor
desenvolvimento. E assim, eles con-
trataram uma fonoaudióloga, uma
terapeuta ocupacional e também ser-
viços de fisioterapia, para que tais
serviços fossem realizados.
Durante um ano, todos os atendi-
mentos foram feitos em uma sala
cedida pelo CRP (Centro de Reabili-
tação de Piracicaba), onde os pais,
com ajuda da sociedade, pagavam os
profissionais. Depois disto, as crian-
ças, jovens e adultos foram atendidos
em diferentes lugares, pois a sede do
projeto mudava constantemente de
lugar, passando por algumas casas
alugadas.
Depois de várias mudanças de
endereço, o grupo de pais e amigos
conseguiu arrecadar dinheiro para
comprar uma sede fixa e própria,
localizada no bairro Vila Monteiro.
Uma casa antiga, que foi sendo refor-
mada aos poucos, mas que a partir
daí, seriam o local dos atendimentos.
Apesar da localidade fixa, a Associa-
ção lutou durante um longo período
para pagar os atendimentos dos pro-
fissionais contratados.
Apenas em 2009, com a mobiliza-
ção e o apoio de empresários, a sede
foi concluída. Foi feita uma nova es-
trutura, construiu-se uma cozinha
industrial, instalaram aquecedores
na piscina, de modo a oferecer condi-
ções ideais para a realização de hi-
droterapia.
Já no ano de 2013, uma nova sede
na rua Maria de Lourdes Torres
Campos de Carvalho, do bairro Jar-
dim Silvia, foi cedida pela Prefeitura
de Piracicaba. O novo local conta um
amplo espaço estrutural, oferecendo
assim, melhores condições para o
crescimento da instituição e do que
ela acredita.
Além disto, a administração da
Associação já havia sofrido mudan-
ças no ano de 2011, quando o grupo
de pais assumiu a diretoria, passan-
do a gerenciar a instituição a partir
de uma visão empresarial. Após um
planejamento estratégico, verifican-
do quais os problemas e dificuldades
da entidade, foi constatado que a
associação precisava de uma identi-
dade própria, sendo que por diversas
vezes, havia sido confundida com o
CRP e com a APAE (Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais).
Após muitas pesquisas, e da reali-
zação de um projeto de marketing, a
Associação Síndrome de Down assu-
miu o nome fantasia de Espaço PI-
PA, desvinculando-se do antigo títu-
lo, e dando uma maior ênfase em um
nome lúdica, alegre e acolhedor.
O resultado deste trabalho de
mais de 30 anos, trouxe ao Espaço
Pipa mais reconhecimento e também
credibilidade. Desta maneira, tor-
nando-se referencia quando se fala
em tratamento diferenciado de pes-
soas com Síndrome de Down, dando
um enfoque especial à luta em prol
da inclusão social.
Texto: Fernando Carmo
Volume 1, edição 1 Página 4
Terapia Ocupacional: Técnica desenvolve independência
Profissional fala sobre evolução e gratificação
A terapia ocupacional, que
usa diferentes propriedades presen-
tes nas atividades como recurso te-
rapêutico, tem papel fundamental no
Espaço Pipa. Formada pela PUC-
Campinas, a terapeuta ocupacional
com especialidade em saúde mental,
Silvia Danielly Araújo Marchete,
atua na Associação há quatro anos.
A profissional afirma que a
terapia exercida com os alunos, pos-
sui forte inserção nas áreas social e
da educação. “A terapia busca desen-
volvimento, promoção e reabilitação
de pessoas de qualquer idade, que
tenham desempenho ou convivência
afetados por problemas motores,
cognitivos, emocionais e de inserção
social”, falou.
A terapeuta trabalha com to-
dos os alunos da entidade, de todas
as idades. Para ela, o trabalho que o
Espaço realiza é essencial para o
desenvolvimento das pessoas com
Síndrome de Down. “Trabalho com
projetos dentro do contexto de desen-
volvimento, promoção e reabilita-
ção”, contou.
Silvia também fala que as
atividades que desenvolve são esti-
mulantes. “A terapia ocupacional
atua em todos os projetos, como Ci-
randa, estimulação precoce, que pro-
move estímulos sensoriais, oferece
experiência de movimentos, dessen-
sibilização”, ressaltou.
No chamado
‘Ciranda’, Silvia acom-
panha as atividades
feitas em solo, e tam-
bém na hidroterapia.
Já em ‘Adoletá” e
‘Adoletá Mini’, progra-
ma de transição entre a
estimulação, a especia-
lista acompanha o iní-
cio da escolaridade da
criança. “Introduzo
regras e limites, e aju-
do a criar dependên-
cia, orientando e acompanhando o
desenvolvimento escolar”, explicou.
Nos dois programas, Silvia também
acompanha a hidroterapia.
GRATIFICAÇÃO
Silvia garante que a gratifica-
ção em trabalhar no Espaço Pipa, e
lidar com crianças, jovens e adultos,
é enorme. Ela acompanha o desen-
volvimento dos alunos do Espaço
desde o início. “Como atendo as cri-
anças desde o primeiro programa—
Ciranda—, vejo a evolução diária.
Muitos deles entram com três meses,
no meu colo. Quando me dou conta,
depois de meses, aquela criança já
está andando e falando seu próprio
nome’, completa.
Ela também afirma que o
maior efeito em ver o ‘dever cumpri-
do’, é enxergar resultados e avaliar
que a terapia ocupacional foi impor-
tante. “Ver crianças se alimentando
sozinhas, e indo ao banheiro com
independência, não existe maior gra-
tificação”, explicou.
Aos casos que a terapeuta
acompanha, todos apresentam gran-
de evolução. “Tenho exemplo de um
aluno adulto, que comecei a atender
em uma oficina de arte terapia e
apresentou excelente evolução”, ex-
plicitou.
Com todo o acompanhamento
e trabalho da equipe técnica, como
fisioterapeuta, fonoaudiologia, peda-
gogia, psicologia, entre outros, a
equipe já possui duas atendidas no
Espaço Pipa inseridas no mercado
de trabalho.
Texto: Luana Schimidt
Imagens: Arquivo pessoal/ Facebook
A terapeuta ocupacional Silvia Marchete atua no Espaço Pipa há 4 anos
A profissional atua em todos os programas da instituição
Volume 1, edição 1 Página 5
É preciso saber... Amar!
A história de amor de Leonardo e Marisis
Leonardo Peruchi (19), e Ma-
risis Yanagu (31), possuem um amor
diferente. Não por ambos serem pes-
soas com Síndrome de Down, e sim
porque encontraram a mais bela for-
ma de amar, na pureza dos senti-
mentos.
Há um ano namorando, o ca-
sal encontrou um cupido diferente e
inesperado: a sogra. Apaixonada em
ver a alegria dos filhos, a mãe de
Leonardo, Roseli Peruchi (50), reco-
nheceu que Marisis poderia ser uma
boa pretendente para o seu filho
quando a avistou em uma missa de
São Judas. Roseli, abordou sua futu-
ra nora, mas percebeu um pouco de
timidez na moça de 31 anos que mo-
ra na cidade de Bandeirantes no Pa-
raná.
Após 4 meses, Roseli e Marisis
se encontraram novamente e desta
vez, a moça tímida aceitou o convite
de um encontro com Leonardo no
shopping. Neste dia, Marisis e Leo-
nardo iniciaram o namoro tão espe-
rado por Roseli. “Eu sempre quis que
o Léo encontrasse uma menina boni-
ta, assim como ele é”, ressalta a mãe
que foi cupido do casal.
A mãe também conta que o
Espaço PIPA teve sim um papel im-
portante para que o filho se desen-
volvesse e tivesse autonomia para
seguir um relacionamento amoroso.
“Contribuiu para que ele tivesse faci-
lidade em se aproximar das pessoas,
ele cresceu muito em tudo, na liber-
dade na autonomia e o social ampli-
ou, o que já era grande, aumentou!
Eles oferecem passeios, cursos e ati-
vidades físicas fora da entidade e ele
é comunicativo e bem social, e isso só
aumentou!”, explica.
Muitos mitos rodeiam a vida
dos jovens com Síndrome de Down,
se engana quem acredita que um
casal com Down não possui um rela-
cionamento como outro qualquer,
eles podem ter relações sexuais, ca-
sar, e o estudo sobre a
fertilidade dos ho-
mens com Down ain-
da não possui nenhu-
ma afirmação concre-
ta, mas as mulheres
podem sim, realizar o
sonho da maternidade
com parceiros sem a
Síndrome.
O preconceito
ainda existente na
sociedade não é empe-
cilho para o casal.
Leonardo e Marisis
passeiam pela cidade,
vão ao shopping, gos-
tam de assistir filmes
na televisão e fre-
quentam quase todo
domingo o baile do
clube Saudosista de
Piracicaba, e em todos
os lugares que estão
juntos fazem questão
de esbanjar romantis-
mo e paixão, sempre
andam de mãos dadas
e trocam carinhos e
beijos.
Como todo casal, o ciúme é
uma peça existente na relação. Se-
gundo Leonardo, Marisis é a mais
ciumenta dos dois. “Ela é muito ciu-
menta, mas eu também sou”, ressal-
ta o rapaz. O jovem também faz
questão de enfatizar a beleza da par-
ceira.
Para matar as saudades de
Leonardo, a moça visita o amado a
cada 15 dias, com muita liberdade e
autonomia, o casal encontrou em
Roseli uma incentivadora não só do
casal, mas torce incansavelmente
para o crescimento e desenvolvimen-
to pessoal dos dois individualmente.
Para o futuro, Léo (sic) revela
que pretende casar, viajar para a
praia, e ter cachorros. Roseli procura
não pensar no futuro, mas deseja
que o casal realize todas as metas e
conheçam juntos os benefícios e difi-
culdades de um namoro. “Se depen-
der de mim quero que ele fique com
ela”, finaliza a mãe.
Texto: Marina Mattus
Imagens: Acervo pessoal
Leonardo recebendo o carinho da namorada
“Ela gosta de
mim, é linda, ela
quer casar comi-
go!!” - Leonardo
Volume 1, edição 1 Página 6
Histórias que inspiram Conheça Isabele, ex aluna do Espaço Pipa que hoje já alcançou o mercado de
trabalho
Estudar, trabalhar, participar
de cursos nas horas vagas, seguir
sonhos, entre outros desejos, são
alguns itens em comum na vida de
muitas meninas. Sendo uma jovem
com Síndrome de Down, a vida de
Isabele Ferreira da Conceição não é
diferente das garotas da idade dela.
Aos 20 anos, a garota frequen-
tou o Espaço Pipa por mais de três
anos, recebendo encaminhamento
para cursos no Senai e também ao
mercado de trabalho.
De maneira simpática, Isabe-
le trabalha em uma loja de roupas
no Shopping Piracicaba, na área de
vendas. Para ela, trabalhar no co-
mércio, e especificamente na loja em
que trabalha—de grande porte na
comercialização de roupas-, foi uma
conquista. “Era um sonho meu. Rea-
lizado. Eu nunca tinha trabalhado
aqui (na loja) antes”, explicou Isabe-
le, que exerce a atividade há sete
meses.
Isabele conta que o apoio do Espaço Pipa foi
essencial para que ela conquistasse o mercado
de trabalho
Isabele (20) trabalha em uma grande loja do
verejo de roupas e acessórios no Shopping Pira-
cicaba
Sobre a importância de traba-
lhar na loja, e o porquê motivou a
garota buscar um emprego, ela res-
salta que a família teve influência.
“Eu quis trabalhar por este motivo,
querer ajudar minha família, minha
mãe. Então, pra mim, é muito im-
portante trabalhar”, explicou.
Ela, que fez curso administra-
tivo encaminhada pelo Espaço, conta
que aperfeiçoou técnicas com o
aprendizado que obteve. “eu aprendi
a desenvolver minha capacidade,
aprendi a ler, a escrever”, contou.
A jovem, que trabalha duran-
te a semana, folga aos domingos e
feriados, acredita que o Espaço Pipa
teve grande influência na melhora
de seus conhecimentos. “No Espaço
eu aprendi a falar sem gagueira,
também aprendi (a fazer) artesana-
tos, vasos, inclusive dividir o lan-
che”, ressalta Isabele.
Encaminhada para o Espaço
Pipa pela reabilitação, Isabele reali-
zou diversas atividades oferecidas
pelo Pipa, que puderam contribuir
para sua formação. “Fiz fonoaudiolo-
gia, natação, fisioterapia, karatê,
alongamentos e outros exercícios,
disse.
Ela que não pretende sair da
loja em que trabalha tão cedo, de-
monstra simpatia, e força de vonta-
de. Com os recursos utilizados pelo
Espaço Pipa, que auxiliaram a vida
profissional e também pessoal de
Isabele, pode transformar mais vi-
das. O caso da jovem é apenas um
exemplo. Um exemplo de vida e de
superação.
Texto: Luana Schimidt
Imagens: Caroline Metler/ Arquivo
pessoal/ Facebook
Durante os cinco anos em que foi atendida pelo
Pipa, Isabele participou de cursos profissionali-
zantes e chegou a dar uma entrevista para um
programa de TV
Volume 1, edição 1 Página 7
De coração aberto Orientar e guiar a família é a melhor maneira de melhorar o processo de
descoberta da Síndrome de Down em um bebê
Acolher uma criança com Sín-
drome de Down nem sempre é fácil
para pais e mães. O desconhecimen-
to pode levar a um grande misto de
sentimentos, que somente com ori-
entação e apoio, podem ser supera-
dos ou alterados, dando lugar ao
amor e à aceitação.
Embora os avanços da medici-
na possibilitem um diagnóstico ain-
da dentro da barriga da mãe, a mai-
oria das famílias só recebe a notícia
de que o bebê tem a Síndrome no
hospital, logo após o nascimento.
Em muitos casos, os pais são comu-
nicados de uma maneira inapropria-
da, o que gera uma carga maior de
sentimentos negativos.
“Quando uma mulher engra-
vida, ela cria um ‘ideal’ de filho. E
quando recebe um bebê com defici-
ência, ela passa por um processo de
elaboração do luto, por ter tido um
bebê que ela não almejou”, explica a
psicóloga Renata Milanez, que tra-
balha com os pais e mães do Espaço
pipa, em Piracicaba.
O processo de descoberta se
inicia com uma suspeita, que pode
ser confirmada ou não por um exa-
me chamado cariótipo. Este exame
estuda os cromossomos de detecta a
presença de um cromossomo 21 a
mais. “Temos relatos de alguns ca-
sos, onde a orientação recebida no
momento da descoberta chegou a ser
desumana”, conta Renata.
Além da idealização da crian-
ça, o desconhecimento é o principal
fator que leva ao choque assim que
os médicos comunicam a suspeita da
deficiência. Para aqueles que não
conhecem, trata-se de uma altera-
ção genética produzida pela presen-
ça de um cromossomo a mais, o par
21, por isso também conhecida como
‘trissomia 21’. Foi descoberta por
Langdon Down e por isto recebe o
nome de Síndrome de Down.
Foi o caso de Adriana Urbano
Azevedo, de 43 anos e mãe de Leo-
nardo, de 3. “O médico estava pe-
gando no bracinho do Léo. Ele pega-
va e soltava. Então, ele falou pra
mim assim: ‘Você está vendo como
seu filho é mole? O seu filho é
down’”, conta. “Até então, eu não
sabia o que era down. Eu achava
que eram crianças que tinham algu-
ma coisa que não era normal”.
A mãe diz que no começo, não
acreditava que seu filho pudesse ser
uma criança com deficiência. “Tive
de ficar internada com ele por 33
dias para que ele ganhasse peso. Foi
aí que pedi que alguém que enten-
desse do que se tratava viesse falar
comigo. Para mim, meu filho não
tinha nada”, lembra.
“O pessoal do Espaço Pipa foi
até mim no hospital, me deixaram
um cartão. Me explicaram o que era
a síndrome, disseram que meu filho
era uma criança normal e que eles
podiam me ajudar em tudo o que
precisasse. Eu achei que não ia pre-
cisar do cartão.” Adriana ainda con-
ta que foram precisos dois meses até
que ela decidisse fazer o exame ca-
riótipo, e que assim que se confir-
mou a existência do cromossomo 21
a mais, entrou em contato com o
Espaço.
Foi convivendo com Leonardo
e tendo todo o apoio do Espaço Pipa,
que Adriana passou a enxergar a
deficiência com outros olhos. “Hoje
eu sei. O down é capaz de tudo, até
mais do que nós, que nos chamamos
de normais”, explica a mãe.
Todo o acompanhamento da-
do pelo Espaço Pipa para Adriana
foi o mesmo passado por todos os
pais, feito para confortar e orientar
a família. A psicóloga explica que
ele é fundamental para o desenvol-
vimento da criança. “A aceitação da
família é tudo. O olhar da família
faz com que a criança se aceite e se
desenvolva melhor”, aponta.
Com Adriana e o filho, não foi
diferente. A mãe conta que por toda
a orientação que recebeu, pode in-
clusive ‘desgrudar’ um pouco de Leo-
nardo. “Sou uma mãe muito gruda-
da, estou aprendendo a desgrudar.
Tenho que aceitar que não posso
ficar 24h em cima dele”, ressalta.
“Meu filho é normal. Ele é capaz de
tudo, até mais do que eu. Ele é igual
a todos, e pode ser independente de
mim”.
Sobre o trabalho realizado
com o Espaço Pipa, Adriana não tem
duvidas ao afirmar: “Eles foram co-
mo uma família pra mim. Me auxili-
aram em tudo, me responderam
todas as perguntas. Foi tudo na mi-
nha vida.”
Texto: Gabriela Morilia
Imagem: Acervo pessoal/Facebook
Leonardo (03), filho de Adriana. “Meu relacionamento com
ele é cem por cento”
Volume 1, edição 1
O Espaço Pipa é uma entidade que
atende pessoas com Síndrome de Down
(SD) e/ou outras deficiências associadas. Com o
intuito de auxiliar e amparar crianças e adoles-
centes com Down, a instituição sem fins lucrati-
vos, estabelece atividades que estimulam o de-
senvolvimento desde o nascimento até o enve-
lhecimento do aluno.
As atividades como: Rosas dos Ventos,
Ciranda, Cata-vento e Adoletá ocorrem sema-
nalmente e são desenvolvidas pela terapeuta
ocupacional Silvia Marchete, em conjunto com a
psicóloga Renata Milanez e a fonoaudióloga
Luiza Miranda Jorge. Conheça aqui um pouco
mais sobre o que o Espaço Pipa oferece.
Grupo de jovens e adultos. Nele, profissionais
auxiliam os alunos com Síndrome de Down a promove-
rem participações sociais coletivas, fortalecendo a au-
toimagem no contato com os outros. O objetivo é apri-
morar habilidades em busca de uma maior qualidade
de vida e inclusão nas redes de ensino e no mercado de
trabalho.
Ações que auxiliam os alunos
Cata-Vento
Grupo de crianças com idade de 3
a 6 anos que saíram da estimulação pre-
coce (no Ciranda) e entratam na fase
escolar. Sendo assim, envolve-se no pro-
cesso, a estimulação da alfabetização. Os
exercícios realizados são atividades co-
mo: leituras de quadrinhos infantis, na-
tação, músicas, karatê, brincadeiras e
também reforçam o trabalho com estí-
mulo aos funcionamentos motores.
Adoletá
Volume 1, edição 1 Página 8
Ciranda / Estimulação Precoce Grupo criado para crianças de 1 a 3 anos de idade. O
objetivo é desenvolver e potencializar, através de exercícios,
técnicas e atividades, o cérebro do aluno, beneficiando seu
intelectual, físico e a veracidade. As dinâmicas utilizadas para
assessorar corretamente o potencial do bebê, são as músicas, a
natação e leituras. São também trabalhadas partes motoras
como a masti-
gação, a res-
piração e a
degustação.
Rosa dos Ventos São atividades voltadas para os pais dos alunos
do Espaço Pipa, que também podem participar do
Cata-Vento para desenvolver os relacionamento com
os filhos. Neste grupo, são realizados ofícios como o
artesanato e eventos gastronômicos, tudo trabalhan-
do a parte terapêutica e psicológica. Tópicos como a o
futuro dos filhos são trabalhados com apoio da psicó-
loga do espaço.
Textos: Caroline Metler
Imagens: Caroline Metler
/ Arquivo pessoal /
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