Aventura no Mosteiro de Tibães
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Aventura Beneditina no Mosteiro de Tibães
Alunos do 5º A e do 4ºano de Merelim S. Pedro do Agrupamento de
Escolas Mosteiro e Cávado 2010/2011
Ilustrado por António Manuel Barbosa Nogueira
Estávamos no ano de 1740, numa pequena sala do Mosteiro de Tibães onde até o próprio silêncio se ouvia. Nesta sala, havia várias mesas, bancos,
estantes cheias de livros, folhas de pele de porco esticada e seca - o pergaminho ,
penas e galhos de árvore para escrever, muita luz solar e um monge muito atarefado a
traduzir a obra Os monges Beneditinos e a tecnologia. Era Frei Serafim. Gordinho e pequenino com a cruz quase a tocar nos
joelhos, com olhos castanhos como chocolate e esbugalhados, nariz abatatado
e bochechas coradas, este era um dos monges copistas. Distinguia-se de todos
os outros, pois era muito animado e falador, quebrando uma importante regra
beneditina. Gostava muito de pregar partidas aos colegas, o que os deixava
furibundos e com vontade de fazer queixa ao Abade Geral. Apesar disso, era
um bom amigo e um excelente copista!
Por este motivo fora ele o escolhido para traduzir a misteriosa obra sobre o
futuro. Envolvido a cem por cento nesta tarefa há um mês, não resistiu à
exaustão e acabou por adormecer em cima do livro. De repente, apareceu o monge bibliotecário que o tentou acordar, mas acabou por partir com ele para o século XXI. Acordaram no mosteiro, muito cansados e
viram um grupo de crianças que circulava pelos corredores.
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Era uma visita de estudo de dois dias e os alunos iam pernoitar no mosteiro.
Do grupo de alunos, três crianças pequenas viram os dois monges no
Claustro do Mosteiro e correram para tentar obter informações, mas os
monges não perceberam nada do que eles diziam. Na verdade, elas só
tinham dito os seus nomes: Carolina, Xavier e Patrícia. As duas meninas eram
gémeas, altas e fortes, com o cabelo aloirado como o sol da meia-noite. O
rapaz era loiro como o sol da manhã e muito magro.
As crianças perceberam logo que os monges não tinham entendido o que
eles tinham dito, apesar de serem muito cultos. Foram avisar o guia do
mosteiro que levou os monges, em silêncio, até às celas, que ficavam
mesmo ao lado das que estavam reservadas para os alunos. As crianças
gostaram muito dos monges, pois achavam-nos muito engraçados com as
suas enormes vestes e com um corte de cabelo que parecia uma tigela. Na
coroa não tinham cabelo, era a tonsura. Os monges não achavam piada às
crianças, que eram muito faladoras e curiosas e quase os obrigavam a fugir à
regra beneditina do silêncio, além disso, não entendiam a sua forma de
falar.
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Na manhã seguinte, os monges foram à cerca do mosteiro colher frutos deliciosos
para comer e dar às crianças, mas ficaram espantados com o que aconteceu a seguir.
Viram uma espécie de carroça sem bois a puxar, com umas rodas enormes na parte
traseira e pequenas na parte dianteira e um objeto de forma redonda a ser manipulado
por um senhor sentado num assento. Além disso, a carroça fazia um barulho estranho e
deitava um fumo acinzentado por um tubo.
Logo de seguida, a Carolina, o Xavier e a Patrícia, que se tinham levantado muito cedo
para seguirem os monges, chegaram à cerca e avistaram-nos. Como no dia anterior, a
comunicação entre eles não correu muito bem, as crianças abriram os seus
computadores Magalhães e na Internet pesquisaram algumas palavras em
português arcaico para poderem entender melhor os seus novos amigos. Ficaram logo a
saber que um era o Frei Serafim e o outro o Frei Armando e se dedicavam a copiar manuscritos. Por seu lado, Frei Serafim não hesitou em pedir informações às crianças sobre aquele
engenho muito esquisito. O Xavier apressou-se a responder-lhes que era um trator e as
gémeas explicaram que era uma espécie de carroça movida por um motor alimentado
por gasóleo. Os monges ficaram espantados com a evolução dos meios de transporte.
As crianças propuseram-lhes uma volta de trator para colherem os frutos. Depois de os
saborearem, pensaram em mostrar outras tecnologias aos monges. Por que não
começar pelo computador?
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Já estava na hora de voltar para a escola. Então, rapidamente, o Xavier foi
perguntar à professora se os monges também podiam ir com eles. A
professora concordou. Porém, os monges não queriam ir, mas as crianças
explicaram-lhes que eles podiam e deviam sair do mosteiro, para ficarem a
conhecer as novas tecnologias.
Quando os monges entraram na camioneta ficaram com os olhos a brilhar.
Nunca tinham visto coisa igual!
Quando chegaram à escola de Merelim S. Paio estavam os meninos de uma
turma numa aula de TIC. Cada um tinha à sua frente o Magalhães e realizavam trabalhos em Word e em PowerPoint. Os monges ficaram muito espantados por ver que os meninos não estarem a
estudar pelos livros, mas usarem umas estranhas engenhocas. O monge
Serafim passou do espanto à admiração, ao perceber como funcionavam
estas máquinas. O Xavier, todo satisfeito com a curiosidade do monge, logo
se disponibilizou para lhe explicar a curiosidade do computador. Quando o
Xavier acabou a explicação, desafiou o monge Serafim para utilizar o
Magalhães. Todo contente, o monge Serafim sentou-se à frente do
computador e aconteceu algo de inesperado.
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Selecionou o item da Internet e apareceu-lhe um sítio de uma biblioteca
escolar, a Biblioteca Escolar da E. B. 2, 3 do Cávado. Ansioso por pôr em prática
os seus novos conhecimentos informáticos e uma vez que já entendia
melhor a língua portuguesa falada no século XXI, teve a ideia de pesquisar
livros sobre os monges beneditinos no catálogo “invisível” (era assim que
o monge Serafim percebia melhor a palavra virtual). Escreveu a expressão
“monges beneditinos” e deparou-se com vários títulos.
Estava a lê-los muito vagarosamente e um deles atraiu especialmente a sua
atenção. Quase caiu abaixo da cadeira! Emocionado, chamou o Frei Armando:
- Fr... Fr… Fr… Frei! Ar… Ar… Ar… Armando! Frei Armando!?
Batendo-lhe nas costas, o monge bibliotecário perguntou-lhe o que tinha
provocado tal espanto. O frei copista apontou para o monitor do computador
e pediu-lhe:
- L… l… l… lê aquele título!
- São Bento nos acuda! Não posso crer! É o título da obra que tu estavas a
traduzir: Os monges Beneditinos e a tecnologia.
- Mas se eu estava ainda a traduzi-la, como é que ela pode estar aqui?
Os monges Serafim e Armando estavam completamente desnorteados, mas o
bibliotecário fez o seguinte comentário:
- Serafim, se a obra está aqui, é porque alguém a terminou.
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- Alguém?! Nem pensar, só podia ter sido eu a acabá-la.
- Então, temos de arranjar maneira de voltar imediatamente para o passado. Mas
como?
Então, temos de arranjar maneira de voltar imediatamente para o passado. Mas como? - Eu lembro-me que estava a traduzir a página 81 do livro e quando dei por nós
estávamos no Mosteiro de Tibães, no séc. XXI. - Já sei. Vamos à biblioteca procurar o livro para ver se conseguimos voltar ao passado. Os monges pediram ajuda aos amigos, explicando o que tinham descoberto, pediram-lhes que os levassem à biblioteca da E.B. 2, 3 do Cávado. Assim que chegaram, o Xavier pediu ao bibliotecário que o ajudasse a procurar o livro com a cota 94(469.12)SER. Entretanto, os monges estavam boquiabertos em frente das estantes carregadas de livros impressos em papel e observando tantas máquinas onde crianças consultavam livros de outras bibliotecas virtuais. Xavier entregou-lhes o livro que procuravam e os monges, sem perder tempo, abriram-no na página 81 e começaram a ler.
De repente, o monge Serafim acordou na mesma sala silenciosa, a biblioteca do Mosteiro de Tibães. - Esta soneca soube-me mesmo bem! Agora, tenho de terminar a tradução da obra Os monges Beneditinos e a Tecnologia.