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Avaliaçªo Indicadores de (in) sucesso Ano 1 n 0 7 2002 www.multirio.rj.gov.br/nosdaescola www.multirio.rj.gov.br Atualidade Risco-Brasil, ameaça para quem? ISSN 1676-5141 Na próxima revista: Família e Escola central de atendimento: (21) 2528-8282 [email protected]

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AvaliaçãoIndicadores de (in) sucesso

Ano 1 � n0 7 � 2002

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AtualidadeRisco-Brasil, ameaça para quem?

ISSN 1676-5141

Na próxima revista: Família e Escola

central de atendimento: (21) [email protected]

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Editorial 4Avaliação: vamos fazer uma?

Cartas 5Sugestões, revistas e currículo

Ponto e Contraponto 6Maria Teresa Esteban, educadora, discute como deve ser praticada aavaliação escolar

Carioca 9A Divisão de Mídia e Educação da SME e o seu projetode revitalização das salas de leitura

Zoom 10As manifestações populares acompanham a História da humanidade

Olho Mágico 12Conheça os bastidores do programa Nós da Escola

Atualidade 14Afinal, o que é o Risco-Brasil?

Capa 16Avaliar: um desafio constante para a escola

Pé na Estrada 22Alunos portadores de necessidades educativas especiais mostramo quanto são capazes

Caleidoscópio 25Programas e produtos da MULTIRIO que podem serusados na escola

Professor On-line 27Por dentro do Fundo Rotativo

Vida de Professor 28Um dia de eleição

Tudoteca 30Dicas de leitura, filmes, vídeos e agenda de eventos

Cesar Maia - Prefeito � Sonia Mograbi - Secretária Municipal de Educação � Regina deAssis - Presidente da MULTIRIO � Maria Inês Delorme - Diretora de publicações e jornalistaresponsável (MTb. 22.628) � Ana Lagôa - Supervisão editorial � Solange Jobim - Supervisãopedagógica � Élida Vaz - Assessora de comunicação e ouvidora � Guaira Miranda - Gerentede multimídia � Colaboradores: Alberto Jacob Filho (Fotografia), Cristina Campos(Conteúdo), Cristina Morel (Conteúdo), Erick Grigorovski (Ilustração), Joanna Miranda(Conteúdo), Lúcia Barreiros (Produção gráfica), Marcus Tavares (Reportagem), Martha NeivaMoreira (Edição), Nancy A. Soares (Revisão), Eduardo Ofeliano (Ilustração), Suely Barreto(Conteúdo), Tania Oliveira (Projeto gráfico) � Fotolitos e Impressão: Gráfica e EditoraPosigraf � Tiragem: 40 mil exemplares

Empresa Municipal de MultimeiosLargo dos Leões, 15 - 9º andar - Humaitá - Rio de Janeiro - RJ

CEP 22260-210 � www.multirio.rj.gov.br � [email protected] de atendimento: (21) 2528-8282 - Fax: (21) 2537-1212

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Sonia MograbiSecretária Municipal de Educação

ÀMULTIRIO

Largo dos Leões, 15 - 9º andar - Humaitá

CEP 22260-210 - Rio de Janeiro - RJ

www.multirio.rj.gov.br

[email protected]

O processo de construção do Núcleo CurricularBásico Multieducação, da Secretaria Municipal deEducação do Rio de Janeiro, foi muito rico,proporcionando discussões e contemplando ascontribuições vindas das escolas. Entretanto, no quese refere ao processo final, a avaliação, houvedificuldade de se obter um consenso. Daí arecomendação da própria administração, que seencerrou em 1996, de uma reavaliação da Resolução606. Com a introdução do Ciclo de Formação e aResolução 684 , em 2000, mais questões foram sendocolocadas em relação à avaliação.

É histórica a dificuldade em sediscutir avaliação nesta e emoutras redes de ensino e melembro de alguns seminários emque o debate acalorado não nosconduziu a uma proposta, e atédeixou ressentimentos.

Neste momento, torna-se bas-tante oportuno recordar que a

Multieducação propõe que a �avaliação do de-senvolvimento e aprendizagem dos alunos devemestar em sintonia com o planejamento e desen-volvimento das atividades em função do NúcleoCurricular Básico Multieducação e do projetopedagógico construído pela escola�.

É na elaboração de um Projeto Político Pedagógico,construído coletivamente em cada escola, quepodemos definir as ações pedagógicas. Nestaconstrução, estaremos respondendo quem somos,para que educamos, o que temos e o quequeremos, nossos objetivos e metas, o que vamosensinar, como ensinar e avaliar.

No desenvolvimento de uma política pública deinclusão, de universalização do ensino, nãopodemos nos distanciar dos ideais da escola quequeremos, a escola para todos, sintonizada com asua comunidade e com o tempo em que vivemos.Precisamos, então, nos debruçar e refletir sobre aspráticas pedagógicas vigentes, entendendo que aavaliação não é um momento estanque do trabalhoescolar: ela é contínua e precisa estar cada vezmais fundamentada na teoria e na prática.

Neste momento, estamos analisando as propostasque foram enviadas pelas Comissões de Pro-fessores. Em setembro, vamos nos reunir comestas Comissões para entregar a proposta, járeformulada, para ser submetida aos professorese, até o final do ano, teremos o retorno da dis-cussão ocorrida com o campo para o fechamentode uma proposta definitiva: uma nova Resoluçãoe novas orientações sobre avaliação. ) Carta

& Telefone

@ E-mail

Sugestão

Que bom instrumento de reflexão é a revista Nósda Escola. Lendo as matérias, penso que a circu-lação da revista pelas unidades de saúde da cidadedo Rio de Janeiro talvez fosse uma estratégia paraos profissionais de saúde se familiarizarem com asquestões pedagógicas, contribuindo para melhor re-lação entre Educação e Saúde. Uma sugestão: vocêspoderiam fazer uma reportagem sobre o projeto Esco-las Promotoras de Saúde, uma iniciativa desenvolvidapela Secretaria Municipal de Saúde do Rio e pela RedeMunicipal de Ensino. O projeto tem o objetivo de pro-mover a saúde, melhorando a qualidade de vida na comu-nidade escolar.

Carlos Silva @Gerente do Programa de Saúde Escolar da SecretariaMunicipal de Saúde do Rio de Janeiro

N. da R. - A MULTIRIO agradece os elogios e a participação.A sugestão é bem-vinda e será analisada pela equipe da revista.

Revistas

Tive acesso ao último número da Nós da Escola. Gostei muito. Souprofessora da rede particular e gostaria de saber de que forma po-deria receber as revistas?

Ana Lúcia Tavares @Professora da Rede particular

N. da R. - A revista Nós da Escola é dirigida somente aos professoresda Rede Municipal de Ensino do Rio. No entanto, a MULTIRIOdistribui os exemplares para bibliotecas da cidade, órgãos públicos einstituições ligadas à área educacional.

Currículo

Quero cumprimen-tar toda a equipe da revista Nós da

Escola pelos excelentes artigos, práticos e origi-nais, e pela criativa coleção Giramundo. Gosteimuito da edição nº 5. Adorei a matéria Currícu-lo: tecendo caminhos (Nós da Escola nº 5, pági-nas 16 a 20). O texto nos leva a refletir sobreuma questão tão elementar mas que, surpreen-dentemente, ainda temos dificuldade em respon-der: o que deve ser ensinado na escola? E como?Na verdade, todos nós sabemos. Mas é sempreum desafio buscar o contato com as variedadesculturais e a diversidade da vida social, nuncaesquecendo o perfil e a vida do nosso aluno, danossa turma, enfim da nossa escola.

Elisa Biondi Egues )Professora da Escola Municipal Santa Catarina,

Centro, Rio de Janeiro (RJ)

N. da R. - Professora, o objetivo da revista é con-tribuir cada vez mais para o debate e a reflexãosobre os assuntos do cotidiano escolar. Agradece-mos seus elogios.

Prêmio

A MULTIRIO recebeu o Prêmio Mariazinha Fusari de Educomunicação. Idealizado pelo Núcleode Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo, o prêmio, inédito na área deeducomunicação, foi concedido a instituições e profissionais que desenvolvem ações relevantespara promover a inter-relação entre comunicação e educação. A solenidade de entrega foi no dia 8de agosto, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, durante a abertura do IV Simpósio Brasileirode Comunicação e Educação. A MULTIRIO, única empresa agraciada com o prêmio em todo oBrasil, foi representada pela Diretora de Publicações, professora Maria Inês Delorme.

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Concurso

Trabalho premiado no Concur-so Nacional de Cartazes, pro-movido pela Secretaria Nacio-nal Anti-drogas

Roberto Meireles, 12 anosAluno da Escola MunicipalFernando de Azevedo, ZonaOeste, Rio de Janeiro (RJ)

Escola MunicipalAry Barroso e CiepElis Regina, ZonaNorte, Rio deJaneiro (RJ)e Escola MunicipalProfessor AlbertEinstein, ZonaOeste, Rio deJaneiro (RJ)

Cartas

2002 � N0 7 � 5

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A avaliação ainda é vinculada ao resultado da relação ensino/aprendizagem.

O êxito ou fracasso escolar está associado à quantidade de acertos. A educadora

Maria Teresa Esteban, professora da Faculdade de Educação da Universidade

Federal Fluminense (UFF), que pesquisa o fracasso escolar e o desempenho de

alunos de classes populares, destaca que este sistema de avaliação - classificatório -

reproduz a dinâmica da atual sociedade que inclui poucos e exclui muitos: �A

avaliação atribui valores aos sujeitos e aos seus processos de aprendizagem a partir

de conceitos socialmente estabelecidos. A busca da hegemoneidade é a forma de a

escola se vincular ao processo de inclusão e exclusão�.

A diferença não significa superioridade ou inferioridade, como freqüentemente a

escola ensina. A construção do conhecimento, explica a professora, é processo

permanente, sem pontos fixos de partida e de chegada. Em entrevista à Nós da

Escola, a pesquisadora avisa: �A escola definitivamente não precisa selecionar para

favorecer o processo de ensino/aprendizagem. Ensinar e aprender pressupõem

encontros, o que demanda práticas que favoreçam o diálogo�.

previstas são avaliadas negativa-mente, silenciando a heteroge-neidade, que caracteriza a vida,fortalecendo assim a hierarquiaque está posta. A avaliação atri-bui valores aos sujeitos, aos seusprocessos de aprendizagem e de-senvolvimento, aos seus conhe-cimentos, aos seus hábitos, a suascapacidades a partir dos valoressocialmente elaborados, o que sig-nifica valores constituídos nosprocessos de exclusão. A classifi-cação que a escola produz, apa-rentemente tomando como re-ferência o que o aluno ou alunasabe ou não sabe, está associadaà dinâmica social que inclui pou-

cos e exclui muitos. Ao valo-rizar alguns conhecimen-

tos e desqualificar outros,a escola está reprodu-

zindo as práticas deexclusão social.

É possível acabar com a avaliação escolar?Maria Teresa Esteban - Não. Nem acho que seja desejável. Aavaliação é uma atividade significativa em muitas situações denossas vidas, inclusive na escola. Porém, acredito ser possível,sim, acabar com a avaliação classificatória no cotidiano escolar. Aavaliação é vinculada ao resultado da relação ensino/aprendiza-gem. Não é entendida como parte do processo.

Os estudantes estão satisfeitos com a forma comosão avaliados? Eles entendem e aprovam estetipo de avaliação?Maria Teresa - Alguns alunos e alunas entendem e estão satisfei-tos, especialmente os que obtêm sucesso. Outros entendem enão estão satisfeitos. E ainda há os que não entendem. Atual-mente, há processos diferentes de avaliação sendo realizados aténo mesmo espaço escolar. Embora reconheça a existência dediversas possibilidades, resumidamente, diria que ainda é predo-minante a compreensão de que ser avaliado é fazer prova e que oêxito ou fracasso está relacionado à quantidade de acertos.

Como fazer com que a avaliação deixe de ter o caráterclassificatório e passe a ser entendida como parte deum processo?Maria Teresa - É preciso realizar, no cotidiano escolar, práticasde avaliação que dialoguem com o conhecimento e não com a

conhecimento e que todas sinalizam, pelo desconhecimentoque anunciam, aprendizagens que se fazem necessárias, ge-rando novas possibilidades de ensino.

A avaliação classificatória contribui para ainclusão/exclusão social?Maria Teresa - Em uma sociedade profundamente desigual como anossa, em que parcelas expressivas da população são excluídas de di-reitos básicos como alimentação, moradia e saúde, não é de se estra-nhar que as pessoas também sejam excluídas do direito à educação. Aexclusão pode ocorrer mesmo quando a criança, o jovem ou o adultofreqüentam a escola, pois uma sociedade excludente produz práticassociais excludentes. A busca da homogeneidade é um modo de sevincular aos processos de exclusão, pois as expressões diferentes das

classificação. Construir umprocesso baseado na reflexãocoletiva sobre o conhecimen-to, sobre o ensino e sobre aaprendizagem. Um processoque ajude a compreender me-lhor a dinâmica pedagógica ea produzir práticas mais favo-ráveis à constante ampliaçãodo conhecimento. A avaliaçãoprecisa deixar de ter a finali-dade de classificar os alunose alunas em melhores ou pio-res. Um aspecto significativoé deixar de classificar as res-postas dos alunos e alunascomo erros e acertos e passara indagar, em qualquer res-posta, os conhecimentos edesconhecimentos que ali es-tão indicados. Este é ummodo de reconhecer que to-das as respostas têm qualida-de por serem portadoras de

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Uma avaliação que pretenda se articular aos processos de in-clusão social precisa se constituir por meio de práticas quepromovam profunda reflexão sobre suas atividades escolares,desde ações mais comuns, como, por exemplo, atribuir valorpositivo ao acerto - resposta que coincide com o esperado - evalor negativo ao erro - resposta que se distancia do previsto.

A avaliação classificatória é uma atividade de controle?Sendo assim, é um mal necessário?Maria Teresa - A avaliação vem cumprindo importante função decontrole, tanto na escola quanto fora dela. Não é um mal necessário,pois a escola deve incluir todos e o controle só é indispensável quan-do se quer excluir. A escola não precisa selecionar para favorecer oprocesso ensino/aprendizagem. Isto não significa que a escola possaabrir mão da disciplina, que não é sinônimo de controle. A disciplinadeve ser vivenciada como parte necessária do trabalho pedagógico enão como resposta a ameaças que a avaliação pode fazer como meca-nismo de controle.

Como o professor pode, hoje, avaliar estudantes respeitando aconcepção de multiplicidade e respeito às diferenças?Maria Teresa - Fazendo das práticas de avaliação práticas de investi-gação de como os alunos e alunas aprendem, para melhor compreen-

der os diferentes percursos que realizam, os diferentesconhecimentos que trazem para a escola, os modos par-ticulares de relacionar o conhecimento escolar com osconhecimentos e desconhecimentos que possuem, bemcomo para ampliar o conhecimento que se tem sobreos processos de ensino e sobre como torná-los mais fa-voráveis à aprendizagem de todos os alunos e alunas.Crianças diferentes, que vivem experiências cotidianasdiferentes, possuem conhecimentos diferentes, modosde aprender e de se desenvolver também diferentes. Adiferença não significa superioridade ou inferioridade,como freqüentemente é apreendida pela escola, sendoo fundamento da classificação, da seleção e da exclusão.A avaliação como uma prática de investigação pode nosajudar a compreender a diferença como riqueza, comoampliação das possibilidades individuais e coletivas nadinâmica ensino/aprendizagem.

O conceito de zona de desenvolvimentoproximal, difundido pelo educador LevVygotsky, pode auxiliar o trabalho dosprofessores no processo de avaliação dodesempenho de aprendizagem dos alunos?Maria Teresa - Na compreensão de que o conheci-mento é sempre parcial, provisório e coletivo, deve-mos entender que o conhecimento é um processopermanente sem pontos de partida e de chegada fi-xos. A zona de desenvolvimento proximal indica aexistência de um espaço em que os conhecimentosestão em construção, oferecendo indicações relevan-tes sobre onde o ensino deve atuar. Como a zona de

desenvolvimento proximal se re-vela na interação entre sujeitoscom conhecimentos diferentes,este conceito ressalta o conheci-mento como um processo cole-tivo, solidário, compartilhado,cooperativo, além de sublinhara importância da heterogenei-dade na sala de aula. A diferen-ça não atrapalha o processo en-sino/aprendizagem, como mui-tas vezes se imagina. O concei-to de zona de desenvolvimentoproximal mostra que a diferen-ça potencializa a ação escolar.Neste sentido, contribui com aprodução da avaliação como prá-tica de investigação, nos ajudan-do a abandonar o olhar clas-sificatório que temos dirigido aosalunos e alunas e a fortalecer osentido do diálogo que se mos-tra mais interessante para aaprendizagem. Ensinar e apren-der pressupõem encontros, oque demanda práticas que esti-mulem o diálogo.

O que atualmente estásendo destacado nodebate sobre avaliação?Maria Teresa - Vejo duasquestões centrais. Por umlado, a consolidação de umsistema de avaliação externa,com a implantação, inclusi-ve, de exames nacionais, quefavoreçam as práticas declassificação e de controle.Por outro, um debate inten-so, sobretudo no cotidianoescolar, sobre processos deavaliação que contribuamcom a aprendizagem dosalunos e alunas. Processosque se distanciem da classi-ficação e sejam comprome-tidos com a inclusão dos alu-nos e alunas, destacando anecessidade de que todos en-contrem na escola um espa-ço de ampliação permanen-te de seus conhecimentos.

Uma sala de leitura

e o que é melhor:

multimídia. Lá é

possível encontrar

livros para alunos e

professores, fitas de

vídeo dos programas

da MULTIRIO,

aparelhos de som,

vídeo, filmadoras,

televisões e

computadores. A Rede

Municipal de Ensino

do Rio de Janeiro

possui, hoje,

aproximadamente mil

espaços como este.

Salas de leitura:espaços multimídia

Os materiais podem e devem ser utilizados por toda aescola. Quem avisa é Simone Martins de Araújo, coor-denadora da Divisão de Mídia-Educação, órgão da Se-cretaria Municipal de Educação do Rio (SME) respon-sável por todas as salas de leitura da rede.

“O nosso desafio é fazer com que a escola se apro-prie deste espaço. Observamos que poucos são osprofessores regentes de turma que utilizam perma-nentemente as salas e os seus recursos. Eles existempara atender aos educadores e alunos. Além dos equi-pamentos, que podem proporcionar vários projetosescolares, as salas dispõem de livros para a formaçãocontinuada do professor”.

A proposta da atual equipe é revitalizar as salas etransformá-las em um efetivo parceiro do dia-a-diado professor, promovendo assim o hábito de leiturae a convergência de mídia na escola. Para isso, desdeo ano passado, os professores da Divisão de Mídia-Educação vêm estudando e pesquisando formas deincrementar o trabalho do professor com o apoiodos diversos tipos de mídia.

No final de 2001, foram criadoscinco grupos: o texto e a TV, vídeoe cinema; o texto e o jornal e a his-tória em quadrinho; o texto e o rá-dio; o texto e a literatura infantil ejuvenil; o texto e a informática. Aidéia, segundo Simone, é divulgaro resultado do trabalho no finaldeste ano: “Cada educador rece-berá um caderno com as informa-ções coletadas. Os grupos de estu-do também estão percorrendo as es-colas para conhecer os projetos de-senvolvidos. Estas experiências tam-bém farão parte do documento”.

Das cerca de mil salas de leitura,30 são chamadas de pólo e denúcleos de mídia. Estes espaçospossuem maior quantidade deequipamentos e materiais, bemcomo oferecem cursos de atua-lização para os professores.

Relação das Salas de Leitura Pólo/Núcleos de Mídia

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Reproduções

1ª CREE.M. Mário CláudioE.M. Vicente Licínio Cardoso

2ª CREE.M. MéxicoE.M. George PfistererE.M. República Argentina

3ª CREE.M. Rio Grande do SulE.M. CearáE.M. George Sumner

4ª CREE.M. BahiaE.M. Leonel AzevedoE.M. Conde de AgrolongoE.M. São Paulo

5ª CREE.M. Mário Paulo de BritoE.M. FrançaE.M. Mozart Lago

6ª CRECiep Dr. Adão Pereira NunesE.M. Rose Klabin

7ª CREE.M. 25 de AbrilCiep Carlos Drummondde AndradeE.M. Comunidade deVargem GrandeE.M. Tristão de Athayde

8ª CREE.M. Ruben BertaE.M. Rosa da FonsecaE.M. Presidente Médici

9ª CREE.M. Gastão PenalvaE.M. Prof. Gilberto Bento da SilvaE.M. Almirante Saldanha da Gama

10ª CREE.M. GandhiE.M. Marechal Pedro CavalcantiE.M. Bertha Lutz

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�As mani festaçõessão importantes. Pormeio delas podemosinclusive saber o queestá acontecendocom certos grupos,instituições e minori-as. Isso faz parte da

democracia e não deve ser descar-tado. Acho apenas que as pessoasque estão à frente desses movi-mentos não podem esquecer quemoram e vivem dentro de uma so-ciedade e que existem regras quedevem ser respeitadas e cumpri-das. Ir para as ruas e reivindicar osseus direitos é justo, mas temosque lembrar sempre que o nossodireito termina quando começa odo nosso companheiro�.Inspetora Tatiana Mendes FreitasGuarda-municipal, responsávelpela Ronda Escolar da SecretariaMunicipal de Educação

�As manifestações sociais não represen-tam um modismo. Sempre existiram. Masacredito que antigamente tinham muitomais penetração na opinião pública. Bastalembrarmos das passeatas contra a dita-dura militar e a campanha das Diretas Já,onde participaram representantes de todasas classes sociais, raciais e culturais. Eram

manifestações que buscavam mudar a própria socieda-de. Hoje, elas estão ligadas a pequenos grupos e inte-resses cor-porativos. Não existe uma preocupação ematender às necessidades de todos os indivíduos, dife-rentemente do que acontecia no passado�.Lígia da Costa LeiteHistoriadora, professora da UFRJ

� Muitos são os gru-pos que saem às ruaspara defender os inte-resses de seres huma-nos que são humilha-dos diariamente pelasnecessidades que en-frentam. São levanta-

das bandeiras em defesa dos sem-terra, dos sem-teto, das vítimas da vi-olência, dos desempregados, enfim,de todos os que vivem à margem dasociedade. E, então, por que não des-pertar, nos alunos, a chama da soli-dariedade? Solidariedade deve serensinada como participação e ajudana construção de um mundo melhore não como sinônimo de esmola. Anoção de vida deve ser passada paraos alunos com uma conotação deluta, não a luta armada, mas a luta ide-alista, a luta pelas palavras e boasações. Se não houver condições deluta, não haverá condições de vida. Élevantando bandeiras que se faz umaguerra contra a vida sub-humana des-sa legião de brasileiros que apenassobrevivem�.Shirley Barros CabralDiretora da Escola MunicipalComunidade de Vargem Grande,Zona Oeste do Rio

�Essa participação da sociedade é muitoimportante. É uma mobilização legítimaque deve ser incentivada. Afinal, é umaforma de todos tomarem conhecimento doque está acontecendo em vários setoresdo nosso dia-a-dia. Uma participação cla-ra e sensata, onde, lógico, todos devemse respeitar. É uma excelente forma de as

pes-soas pararem, repensarem e refletirem sobre deter-minados assuntos que, por conta do cotidiano, às ve-zes, ficam deixados de lado�.Regina CarlaProfessora da Escola MunicipalRio Grande do Sul, Zona Norte do Rio

�Não faz muito tempo que a idéia de povona rua era sinal de confusão, de crise dasinstituições, coisa que merecia repressãopara pôr ordem na casa. Mas a verdade éque, nos períodos em que o Brasil viveu fa-ses de repressão política institucionalizada,os problemas sociais eram até mais inten-sos e atingiam mais pessoas que agora. Só

não eram visíveis. Desde a abertura política, o Brasil vemamadurecendo e aprendendo a perceber o significado dascausas das diretas, do impeachment de um presidente cor-rupto, das mulheres, crianças, negros, homossexuais, ín-dios, ecologistas, grupos profissionais, cidadãos preocu-pados com a violência. Essas causas vêm trazendo a de-mocracia para participar do cotidiano, desmistificando-a,dando-lhe um significado concreto como algo mais queuma palavra na boca dos políticos. Cada vez mais, a vidapolítica do cidadão deixa de ser associada necessariamen-te à baderna e à desordem. Alguém pode argumentar quepasseatas atrapalham o trânsito. É. Mas os tanques e obatalhão de choque atrapalham mais que isso�.Dário Sousa e SilvaSociólogo e professor do Departamentode Ciências Sociais da Uerj

Em 1984, as principais praças e avenidas das capitais brasileiras foram tomadas

pela população que clamava pelas eleições diretas para presidente da República.

Ausentes das ruas desde 1968, quando o Ato Institucional nº 5 mergulhou o país

na sua fase mais repressiva desde a ditadura Vargas, as pessoas gritavam e

dançavam ao som dos discursos e das canções. Os anos se passaram e aquela

grande manifestação - a festa das Diretas Já - perdeu-se na memória. Mas ir às

ruas clamar por isto ou aquilo seguiu sendo uma estratégia de luta dos

movimentos políticos e populares.

Embora mobilizem a opinião pública, as passeatas, panelaços, caminhadas e

comícios tornaram-se tão freqüentes que muita gente acredita que perderam

força de pressão. Há os que continuam achando uma passeata indispensável para

gritar bem alto por algum direito desrespeitado.

Em questão:Manifestações Populares

Muitos, porém, cerram portas e janelas e abominam as multidões nas ruas. E há

ainda os que pensam ser possível fazer uma manifestação sem comprometer a

ordem. Tanto que algumas cidades até elegeram suas praças do povo. Em São

Paulo, é a supermovimentada Avenida Paulista; no Rio, a Avenida Rio Branco e a

orla das praias da Zona Sul. Em Salvador, a Praça Castro Alves.

Em ordem ou como turbas descontroladas, as manifestações de rua acompanham

a história da humanidade. Na Grécia Antiga, tudo acontecia na ágora - a grande

praça onde se fazia política. Na Idade Média, fora dos muros dos castelos, a plebe

explodia em revoltas desordenadas e por vezes sangrentas. Com o crescimento

das cidades, as ruas tornaram-se palco de desfiles de insatisfeitos e, algumas

vezes, praças de guerra, como na grande marcha que culminou com a tomada da

Bastilha, em 1789, em Paris - a primeira grande manifestação do mundo moderno.

No Brasil, a história também registra momentos de pico dessa forma de protesto:

1922 - marcha dos 18 do Forte pela praia de Copacabana, no Rio; 1928 - passeatas

de trabalhadores em greve no Rio, em Santos e em São Paulo; 1954 -

manifestações em todas as capitais no dia da morte de Vargas; 1968 - inúmeras

passeatas nas capitais comandadas por estudantes e operários contra a ditadura

militar, culminando com a Passeata dos Cem Mil; 1992 - passeatas a favor do

impeachment de Fernando Collor, então presidente da República; 2000 - sucessão

de manifestações em 15 estados, clamando pela Paz. E hoje? O que pensam as

pessoas sobre as passeatas?

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O objetivo é reafirmar o valor da escola como espaço de troca deexperiências, como explica o diretor da revista eletrônica, João Alegria:“Para isso, a participação do professor é vital. Queremos que ele assistaaos programas, mande pautas, critique e venha conversar conosco”.O programa, de 30 minutos, tem quatro quadros fixos e uma equipede cerca de 20 profissionais, formada por produtores, jornalistas, pro-fessores e pedagogos, cinegrafistas e técnicos.

As matérias de cada programa são definidas em uma ampla reunião,da qual participam toda a equipe de produção e representantes daSecretaria Municipal de Educação (SME). As gravações acontecemquase que diariamente. Depois de gravadas, as reportagens são edita-das e sonorizadas. Um programa leva, em torno, duas semanas paraficar pronto.

Nós da Escola quadro a quadroEditorial - O apresentador Licurgo Aspínolaapresenta um tema que será discutido eanalisado por alunos, professores e públicoem geral. Ao final do programa, um especialistano assunto dá a sua opinião.

Destaque - Mostra habilidades artísticas eintelectuais da comunidade escolar.

Fazendo Arte - Apresenta diferentes artistase seus trabalhos, procurando incentivar acriatividade na escola.

Multidéias - É o espaço reservado para mostrarprojetos pedagógicos escolares bem-sucedidos.

Pela Rede - Dois repórteres mirins divulgamas atividades extra-classe das escolas da RedeMunicipal de Ensino do Rio.

É possível Isso? - O quadro apresenta trabalhosrealizados pelas escolas que utilizamconvergência de mídia e de linguagens.

O Nó - Mostra de que forma as escolas estãoresolvendo questões do seu dia-a-dia, comoincentivar, por exemplo, o hábito de leituraentre os alunos.

Os protagonistas da história são os professores, alunos e funcionários

da Rede Municipal de Ensino do Rio. O roteiro também fica por conta

deles. Desde o ano passado, o programa Nós da Escola, exibido,

semanalmente, pela MULTIRIO, apresenta e divulga as atividades da

comunidade escolar, contando o dia-a-dia dessa turma.

Intercâmbio - Além dos qua-dros fixos, a equipe vem procu-rando realizar matérias especiaisde interesse de toda comunida-de escolar. Em setembro, o pro-grama mostrará a riquezaarquitetônica de algumas escolastombadas pela Prefeitura do Rio.Em destaque, as escolas munici-pais Sarmiento e EdmundoBittencourt, ambas na ZonaNorte do Rio de Janeiro, eAlberto Barth, na Zona Sul. ZéZuca, coordenador do programa,

anuncia: “Vamos tambémcontar curiosidades. O pú-blico, por exemplo, ficarásabendo que a escolaAlberto Barth, durante oEstado Novo, foi transfor-mada no Tribunal de Se-gurança Nacional”.

Também está sendo ela-borada outra reportagemque levará crianças deuma escola para conhe-cer o cotidiano de seuscolegas de outra unida-de. A professora MariaTeresa Lacerda, assessorapedagógica do programa,adianta co-mo será feitaa matéria: “Vamos cha-mar de o Correio da Ami-zade. Queremos mostraro trabalho de escolas quevivem realidades distin-tas. Antes de se conhece-rem, os alunos trocarãocorrespondências”.

O dia-a-dia da equipe� Durante a semana, a equipe entra emcontato com as escolas em busca de pautas, quesão checadas e apuradas.

� Terça-feira é dia de reunião. Representantesda Secretaria Municipal de Educação e aequipe definem quais as matérias vão ao ar.

� Apuradas e definidas, as matérias são gravadas.

� Próximo passo: roteirizar e editar as reportagens.

� Ao mesmo tempo, as participaçõesdo apresentador são gravadas no estúdioda MULTIRIO.

� Todo o material é reunido e editado. Antes deir ao ar, o programa é avaliado pela assessoriapedagógica da Diretoria de Mídia e Educaçãoe pelo núcleo de TV, Rádio e Cinema da MULTIRIO.

Nós da Escola na TV

O ator Licurgo Aspínolaapresenta o Nós da Escola

Quem é quemZé Zuca - Coordenador do programa. Pedagogo,arte-educador, cantor, compositor e diretor teatral.

João Alegria - Diretor do programa. Autor e diretorde TV. Já dirigiu programas de caráter documentale educativo, como o Brasil Legal (TV Globo) e Tecana TV (Canal Futura).

Maria Teresa Lacerda Menezes Coelho - Assessorapedagógica da Diretoria de Mídia e Educação daMULTIRIO. Professora de Língua Portuguesa e Literatura.

Isabela de Assis - Jornalista. Sub-editora do programa.Trabalhou na editoria Cidade do Jornal do Brasil e nocaderno de Educação da Folha Dirigida, como repórter.

Gilberto Loureiro - Roteirista do programa, cineastae dramaturgo.

Roberto Brandão - Produtor executivo. Já trabalhou naTV Globo, SBT e TVE. Está há cinco anos na MULTIRIO.

Licurgo Aspínola - Apresentador e ator. Já atuouem peças de teatro e novelas.

Leandro Egrejas - Editor de vídeo. Tem 13 anos deexperiência. Seu último trabalho foi no programaPor trás da Fama, do Canal Multishow.

Carlos de Souza - Assistente de direção. Tem 15 anosde experiência em rádio e TV. Já dirigiu e produziu várioscomerciais.

Lucia Soucasaux - Assistente de Produção. Formadaem publicidade. Está há cinco anos na MULTIRIO.

Francisco Valle - Assistente de produção. Játrabalhou como diretor de produção de dois curtas,um deles premiado em festivais internacionais -O Detector de Verdade.

Eloisa Ramos Ferreira - Pedagoga e Profª de Ed. Físicada Rede Municipal de Ensino. Atua na Diretoria deMídia e Educação.

Equipe TécnicaCinegrafistas - Marcos Teixeira e Márcio Pereira

Iluminadores - Nelson Jorge e Damião Castro

Áudio - Erick Mattos e Olivaldo Meireles

Olho

Mágico

Olho

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Com certeza, você vem acompanhando o sobe e desce das cotações do

dólar, das bolsas e as reações do mercado internacional. Afinal, não é

preciso ser especialista em economia para ser bombardeado com essas

informações. O assunto vive nas manchetes das edições dos principais

jornais, revistas e telejornais. Nos últimos meses, foi a vez do Risco-Brasil.

Na verdade, este índice sempre existiu. O eco-nomista Airton Queiroz, chefe do Departamen-to de Economia da Universidade FederalFluminense (UFF), acha que esse indicador estáapenas mais popular por causa dos noticiários.Mas adverte: “Ele não deve tirar o sono da po-pulação. Os dados interessam mais às empresasque possuem dívidas externas e têm que saldá-las ou efetuar o pagamento dos juros”.

O que é - Simplificando, Risco-Brasil é o indi-cador que mede a confiança do investidor es-trangeiro no pagamento das nossas dívidas ex-ternas. O risco, no caso, representa, numa es-cala reconhecida internacionalmente, a diferen-ça entre as taxas de juros pagas pelo Brasil e

pelos EUA, no momento em queefetuam o pagamento dos seusrespectivos títulos negociados nomercado internacional. O cálcu-lo é feito em cima das despesas ereceitas de cada país - importação,

exportação, arrecadação de impostos, pagamen-tos de títulos e gastos públicos.

Se a taxa de juros dos títulos norte-americanosestiver em 4% e a do Brasil em 15%, o Risco-Brasil é de 11%. As instituições financeiras apre-sentam este valor em pontos, multiplicando opercentual por 100. No exemplo, seria: 11% X100 = 1100 pontos.

Neste ano, com as especulações pré-eleitorais,o índice vem oscilando bastante e provocandoapreensão. Em janeiro, registrava 824 pontos.Seis meses depois, ultrapassava a casa dos doismil. Para alguns economistas, a alta do índicemostra que a macroeconomia brasileira não estásegura, que é preciso gastar apenas o que se temem caixa e cortar despesas para saldar as dívi-das internas e externas.

Neste cenário, os investidores estrangeiros, quemovem seus capitais diariamente no mercado devalores internacional, deixam de fazer aplicações

no país, gerando escassez dedólares no mercado, o quefaz a cotação - relação dólar/real - aumentar. As importa-ções ficam mais caras, o queacaba se refletindo no dia-a-dia das pessoas. Os preços so-bem, assim como o custo devida, pois o Brasil importaprodutos e matérias-primas.

José Carlos Assis, economis-ta e estudioso do assunto,acrescenta: “O risco é apenasum indicador subjetivo, cal-culado por analistas financei-ros. Os dados interessamapenas a especuladores. Es-ses números podem ser facil-mente manipulados por ins-tituições internacionais”.

Mas, enquanto o noticiáriose esmera em semear o pâni-co, há quem, como especia-lista, sinta-se à vontade paratranqüilizar nosso sono.

O economista Airton Queirozacredita que esse sobe e descedo Risco-Brasil pode ser, inclu-sive, uma tática para que osbanqueiros internacionais, emcurto espaço de tempo, lucra-rem com a alta dos juros do pa-gamento das dívidas externas:“Ou seja, é um impacto pe-queno e diluído no tempo.Hoje, esse indicador pode es-tar lá em cima e, amanhã, láem baixo. O impacto no dia-a-dia das pessoas é mínimo.Afeta psicologicamente maisdo que, propriamente, o bol-so da população”.

Risco-Brasil: o que é isto?

Atualid

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Quando cadaandorinha faz verão

Ainda este ano, a

Secretaria Municipal

de Educação (SME)

estabelecerá novas

diretrizes para a

avaliação dos alunos

da sua rede de ensino.

Elas estão nascendo

das discussões entre

o Departamento Geral

de Educação (DGED) e

dez grupos de

professores,

representantes das

Coordenadorias

Regionais de

Educação (CREs). E

apontam para um

novo olhar: a

importância de se

acompanhar os

processos e a

necessidade de se

avaliar também o

professor e a escola.

Nota, controle, autoridade. Erro e acerto. Crime e castigo. Em umjogo de livre associação, seriam estas as primeiras idéias desperta-das pela palavra avaliação. Na história da escola, esta foi sempreuma ferramenta de exclusão, base daquilo que Paulo Freire chamoude educação bancária, em que os pais depositavam crianças e rece-biam, ao final de certo tempo, apenas números relativos ao rendi-mento escolar.

Novo paradigma - Hoje, os professores compartilham um novo olharsobre os processos de aprendizagem e revêem constantemente postu-ras, atitudes, metodologias e instrumentos que possam dar indicado-res da evolução dos seus alunos. Longo e demorado, o caminhar parauma nova política de avaliação escolar não tem sido feito de ruptu-ras, mas de avanços e recuos, acertos e desacertos, como todo proces-

so de constituição de conhecimentos, como explica a professoraNuvimar Palmieri da Silva, assistente do DGED: “Já avançamos bas-tante, mas precisamos ajustar alguns pontos. A avaliação não é maisvista como algo pontual e centrada unicamente no aluno. Ela per-passa pela postura do professor e da própria escola”.

Uma escola que deva acompanhar as mudanças sociais do nossoséculo não poderia continuar se valendo das mesmas ferramentasde avaliação que datam de dois séculos. Se a escola trabalha pelaformação plena, onde se constituem saberes e valores, o aluno quese espera dela deve ter autonomia na busca de informações e sercapaz de, por si mesmo, transformar dados em conhecimentos.

Desde que a escola universal, pública e gratuita foi criada, acreditava-se que arepetência seria a solução para fazer com que o aluno aprendesse os conteúdosnão apreendidos em um determinado prazo estabelecido pelas autoridadeseducacionais. Tudo isso medido em uma escala de notas conferidas pelo pro-fessor ao aluno. Ao ter que refazer um ano, uma série, o aluno tinha a oportu-nidade de superar o obstáculo. É fácil perceber que essa expectativa do queseria aprender, apreender e saber, estava ancorada em uma idéia de conhe-cimento como algo dado, estático, pronto, guardado em algum lugar atéque a ele se tivesse acesso e oportunidade de aprender, no caso, para sempre.

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Fracasso escolar - A reprovação, por sua vez, acabava gerandonovas repetências e, no final da linha, o fracasso e a evasão escolar.Ao fechar-se a década de 90, o índice de retenção nas escolas públi-cas e particulares (que também adotavam e ainda adotam o mesmoparadigma de ensino e avaliação) no Brasil, chegava aos 21,3%. E ode evasão chegava a 4,5% (os dados são do Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacionais - Inep).

Em seu livro Avaliação – Mito & Desafio, Jussara Hoffmann mostraque atualmente não se pode educar passando informações para osalunos, como se fazia nos séculos XIX e XX: “A partir dessa visão, oprocesso avaliativo não é mais o de julgamento, mas de acompa-nhamento”. O ato de avaliar deixa de rimar com classificar,hierarquizar, rotular e desaparecem os adjetivos melhor, pior, pri-meiro, último, forte, fraco, nulo. E, quem sabe, a exclusão.

Ratificando essa idéia, o assistente da Diretoria de Educação Fun-damental da DEF/SME, Antônio Augusto Mateus Filho, não acre-dita que se possa reprovar qualquer aluno que seja: “O professortem o compromisso ético e político de garantir que a criança ad-quira os conhecimentos básicos para a sua formação. A reprovaçãonão pode ser o objetivo final”.

Novos tempos - De fato, desde 1996, a rede carioca de ensino vemimplantando nova proposta de avaliação e a reprovação, se não desapa-receu, o que seria ideal, ao menos caiu para uma taxa de 10%. Umbom sinal, que não passa despercebido pelo professor Mateus: “Os pro-fessores estão reformulando sua práxis. E isto é o mais importante”.

Mais importante e mais difícil. Mudar a prática da avaliação en-volve a participação de todos e exige nova postura profissional.Não basta dizer não à prática da reprovação sem que se dê ga-rantia de melhores condições de trabalho ao professor, de formaque ele possa criar situações educativas na sala de aula que se-jam enriquecedoras e diversificadas, como sintetiza o professor

Mateus: “Temos que tornar as aulas interessantes, contextualizaro ensino, estabelecer o diálogo franco e aberto com os estudan-tes, seduzi-los”. Isto tudo está claro no próprio texto da Resolu-ção 684 da SME, que estabeleceu as diretrizes da avaliação:

O processo de avaliação deverá considerar: o trabalho do-cente desenvolvido com o aluno e com a turma; o caráterinterdisciplinar do conhecimento; a diversidade do traba-lho escolar desenvolvido com o aluno e com a turma; asadaptações curriculares previstas para os alunos portadoresde necessidades educacionais; o perfil geral do aluno em to-dos os componentes curriculares; o desenvolvimento real epotencial do aluno no decorrer do ano letivo; a participa-ção do aluno em atividades desenvolvidas nas unidades deextensão da SME; a participação do aluno em programas eprojetos educativos; e a auto-avaliação do aluno.

Leituras básicas - Tarefa fácil? Não. Mas possível. A professoraNuvimar Palmieri da Silva, assistente do DGED, acredita que, parao trabalho dar certo, é preciso também que o mestre busque, nabibliografia especializada, suporte para colocar o discurso em prá-tica: “Conhecer e entender, por exemplo, o que vem a ser o concei-to da zona de desenvolvimento proximal, observado pelo educadorLev Vygotsky, ajudará o trabalho do professor e, conseqüentemen-te, a vida escolar dos alunos”.

Uma leitura nos estudos de Célestin Freinet também é importante. Eleafirma que o erro faz parte da construção do conhecimento. Portanto, nãose deve estigmatizá-lo. O erro, muitas vezes mais do que o acerto, revela oque a criança sabe e não sabe, colocando este saber numa perspectiva pro-cessual. A teoria auxilia ainda o professor a enxergar que cada aluno seexpressa de um jeito próprio, revelando características únicas e em umritmo de aprendizado que não é igual ao de nenhum outro colega.

Desde o início do ano, o Departamento Geral de Educação (DGED) e dez grupos deprofessores - que representam cada uma das Coordenadorias Regionais de Educação(CREs), estão rediscutindo as diretrizes do processo de avaliação do desenvolvimentoe aprendizagem das crianças.

Justificar e buscar, de forma compartilhada e conseqüente, as respostas, é tarefapara todos os professores da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Não setrata de acabar com as notas baixas ou com maus conceitos mas, sim, de garantir atodos o direito de acesso aos conhecimentos históricos construídos.

Em debate, estão os seguintes pontos:

Por que os professores do Projeto de EducaçãoJuvenil, do 1º Ciclo de Formação e das turmas deProgressão utilizam indicadores, e os do regime seriado,conceitos? Os educadores questionam se não seria maisapropriado fazer uso de um único critério.

Embora a grande maioria concorde com opreenchimento de relatórios, muitos educadoresacreditam que o documento deve ser mais flexível. Osatuais relatórios, na visão dos professores, são bastanteextensos e seguem um padrão determinado.

Muitos professores sugerem a extinção do curso deférias, destinado aos alunos do 1º Ciclo de Formação e das

turmas de progressão. O curso tem o objetivo de dar umachance aos alunos de recuperar o tempo perdido.

Com a aprovação da atual resolução 684, o ano letivo foidividido em trimestres. Alguns professores acham que seria maisprodutivo a divisão do calendário escolar em bimestres - o que,segundo eles, daria mais chances de diagnosticar e acompanhar,mais rapidamente, o desenvolvimento dos estudantes.

Os educadores também questionam a validade do planode estudos, voltado para os alunos de 3ª a 8ª série queforam reprovados ao final do ano. O instrumento possibilitaque o estudante realize uma nova avaliação nos cincoprimeiros dias letivos do ano subseqüente.

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Regime seriado - 3ª à 8ª série

A avaliação do processo de desenvolvimento eaprendizagem dos alunos é registrada no

boletim escolar. O professortrabalha com três conceitos: PS(plenamente satisfatório) - quandoo aluno realiza, de maneiraindependente, mais de 70% do quelhe foi proposto; S (satisfatório) -quando o estudante realiza partedo trabalho escolar de maneiraindependente, em uma faixacompreendida entre 40 e 70% doque lhe for proposto; EP (emprocesso) - quando o aluno,mesmo contando com a ajudadireta do professor e de colegasmais experientes, realiza, nomáximo, 39% do trabalho escolar,

apresentando dificuldades na compreensão dosconceitos, habilidades e valores trabalhados.

Primeiro Ciclo de Formação � Turmas deProgressão � Projeto de Educação Juvenil

O professor registra, em relatório, o processo dedesenvolvimento de aprendizagem decada aluno e da turma, utilizando quatroindicadores: I - destinado aos alunos quetrabalham com autonomia e demonstramcompreensão dos conceitos, habilidades evalores trabalhados; II - voltado para osestudantes que trabalham com relativaautonomia, demonstrando estar construindoconceitos e valores, embora necessitemeventualmente de ajuda; III - para os alunos quejá estejam construindo conceitos evalores e desenvolvendo habilidades, emboranecessitem constantemente de ajuda;IV - Para os estudantes que demonstram,ainda, dificuldades na construção de conceitos evalores e no desenvolvimento das habilidades,mesmo com ajuda constante.

Educação Infantil

A avaliação deve considerar aespecificidade desta faixa etáriapara qual o jogo e a brincadeirasão meios de construção deconhecimentos. O professorregistra a avaliação em relatóriospróprios. Não cabendo, portanto,retenção, nem atribuição deconceitos ou indicadores.

Educação Especial

Não há reprovação entre um nível e outro dosegmento. O professor registra sua avaliaçãoem relatórios individuais e de turma. Há doistipos de instrumento: relatório de observaçãoinicial e de acompanhamento.

Como é feita hoje a avaliaçãona Rede Municipal de Ensinodo Rio de Janeiro

Cipriano Carlos Luckesi, professor da Faculdade deEducação da Universidade Federal da Bahia (UFBA),também tem publicado estudos sobre o tema. Paraele, a avaliação implica, então, dois processos: o di-agnóstico e a decisão: “Chegar ao diagnóstico - bomou ruim - é apenas uma parte do processo de avalia-ção. É preciso saber o que fazer com este diagnósti-co. É o que eu chamo de tomar a decisão. É a partirdo diagnóstico que o professor to-mará decisões para auxiliar o alu-no na constituição dos seus co-nhecimentos, alcançando, assim,os seus objetivos”.

Na prática, o professor percebe,então, que as necessidades dosa lunos , l evantada s na e t apadiagnóstica, não são iguais emuma mesma área do conhecimento, ainda que elesestudem na mesma série. Para diagnósticos diferenci-ados, os educadores deveriam buscar decisões perso-nalizadas, mesmo que possam ser operacionalizadas empares ou em grupos.

Ação conjunta - O professor que usa a avaliaçãopara aprovar ou reprovar ou que, desde o primeirodia de aula, rotula seus alunos e profetiza quais te-rão bons desempenhos, não se considera como parteintegrante e insubstituível na constituição de con-ceitos, conteúdos e valores o que chamamos, sim-plesmente, de aprendizagem. E, quando isto acon-tece, ao se excluir deste processo de ensinar e apren-der, desconhece a necessidade de avaliar a si, a cadaum de seus alunos e à sua turma. Ele deixa escaparas melhores possibilidades de in-tervenção neste rico e complexopercurso da aprendizagem.

Para que qualquer transforma-ção aconteça, de fato, é precisoque toda a escola participe des-ta mudança. A educadora Jus-sara Hoffmann vai além: “Podeestar certo. Em avaliação, umaandorinha faz verão. Um professor muda uma es-cola, uma escola muda uma rede, uma rede mudao município e assim por diante. Mas, na verdade,ninguém muda a cabeça de ninguém. As pessoassó mudam suas práticas quando descobrem novossignificados”.

Avaliação tem a ver com ação e esta,por sua vez, tem a ver com a busca dealgum tipo de resultado, que venha aser o melhor possível. Nós todos agi-mos no sentido de encontrar o me-lhor caminho para uma qualidadesatisfatória de vida. Agimos para sa-tisfazer nossas necessidades, desde asmateriais até as espirituais.

Isso ocorre em relação a tudo o quese processa em nossa vida, desde acoisa mais simples, como sair de casae ir à padaria para comprar pão, atéexperiências complexas, como podeser a busca do significado profundode nossa vida ou as saídas complexaspara os problemas macros da vidasocial das nações e das relações entreas nações. A avaliação subsidia, servea uma ação, com o objetivo de obtero melhor resultado possível.

Qual é o melhor resultado possível?Este só pode ser compreendido emcada ação. A avaliação serve à fina-lidade da ação, a qual ela está vin-culada. Se estamos avaliando aaprendizagem, ela serve à busca domelhor resultado da aprendizagemque está sendo processada; seestamos avaliando o setor de dis-tribuição de uma empresa, a ava-liação estará subsidiando a buscada melhor solução para os impassesencontrados nesse segmento

Artigo/Cipriano Carlos Luckesi*

A base ética da avaliação

E. M. Casa da Criança Del Castilho, Zona Norte, Rio de Janeiro(RJ)

E. M. Marc Ferrez, Zona Oeste, Rio de Janeiro (RJ)

organizacional. E assim por diante. Em síntese, avaliaçãotem como finalidade servir à ação, seja ela qual for.

Se todo tipo de prática de avaliação está atrelada a umaação, o mesmo ocorre com a avaliação da aprendizagemna escola. Ela serve à pratica educativa e à prática deensino, subsidiando a busca de determinados resulta-dos, que são seus objetivos específicos.

É nesse contexto que aparece a figura do educador como medi-ador da prática educativa e pedagógica. A prática educativa e aprática pedagógica, por si, já fazem mediações: elas são meiospelos quais a estética (arte e espiritualidade), a ética (culturaaxiológica de uma comunidade) e a ciência (conhecimentosobjetivamente constituídos) chegam aos educandos. Para isso,em primeiro lugar, há necessidade do educador no papel demediador vivo entre a experiência cultural em geral e o educan-do. O educador, servindo-se de diversos instrumentos, auxilia oeducando a assimilar a herança cultural do passado, para, aomesmo tempo, incorporá-la e superá-la, reinventando-a. Aoaprender, assimilamos a herança cultural do passado e, ao mes-mo tempo, adquirimos recursos para superá-la e reinventá-la.O educador, em sua ação, serve a esse processo.

É no seio desse papel de mediador vivo do processo de formaçãodo educando que o educador pratica atos avaliativos, que neces-sitam ser regidos por uma ética; são atos que têm uma finalida-de e, por isso, assentam-se em valores, que dão sua direção.

A meu ver, tendo presentes os conceitos acima explicitados, opano de fundo do modo ético da prática da avaliação da apren-dizagem na escola é a compassividade. Etimologicamente, otermo compassividade vem de dois termos latinos: do prefixocum (que significa com) e do verbo patior (que significa sofrer aação, mas também agir). No caso, compreendo acompassividade como o ato de sentir com o outro e, ao mes-mo tempo, com ele agir. Agir com o educando, na busca deseu desejo de aprender, de desenvolver-se, de tornar-se adulto;de fazer o seu caminho. O educador não impõe ao educando

o que ele deve ser, mas, com ele, busca o caminho para quese torne o que necessita de ser, como anseio de sua essên-cia, de sua alma (alma aqui não está compreendida comoum fenômeno religioso, mas sim como o âmago de cada

um de nós, como o centro de nossos anseios).

Neste contexto, compassividade na avaliação da aprendiza-gem, mais simplesmente, pode ser traduzida como solidari-

edade. O educador necessita de ser solidário com o educandono seu caminho de desenvolvimento; necessita de estar comele, dando-lhe suporte para que prossiga em sua busca e em

seu crescimento, na direção da autonomia, da in-dependência, da vida adulta. O educador estájunto e ao lado do educando em sua tarefa deconstruir-se dia a dia. A avaliação subsidia odiagnóstico do caminho e oferece ao educadorrecurssos para reorientá-lo. Em função disso, há

necessidade da solidariedade do edu-cador como avaliador, que oferece con-tinência ao educando para que possafazer o seu caminho de aprender e,por isso mesmo, desenvolver-se.

Ser solidário com o educando noprocesso de avaliação significaacolhê-lo em sua situação específica,ou seja, como é e como está nessemomento, para, a seguir, se neces-sário, confrontá-lo e reorientá-loamorosamente, para que possa cons-truir-se a si mesmo como sujeito queé (ser), o que significa construir-secomo sujeito que aprende (aquisi-ção de conhecimentos), como su-jeito que age (o fazer) e como sujei-to que vive com outros (tolerância,convivência, respeito). Confrontar,aqui, não significa desqualificar ouantagonizar com o educando, mastão somente, amorosamente, auxiliá-lo a encontrar a melhor solução paraa situação que está vivendo, seja elacognitiva, afetiva ou espiritual.

Em síntese, a meu ver, o princí-pio ético que pode e deve norteara ação avaliativa do educador é asolidariedade com o educando,a compaixão; o que quer dizer de-sejar com o educando o seu de-sejo e garantir-lhe suportecognitivo, afetivo e espiritualpara que possa fazer o seu cami-nho de aprender e, conseqüen-temente, de desenvolver-se nadireção da autonomia pessoal,como sujeito que sente, pensa,quer e age em favor de si mesmoe da coletividade na qual vive ecom a qual sobrevive e se realiza.

Solidarizar-se com o educandonão é um ato piegas, que conside-ra que tudo vale, mas sim um atoamoroso, ao mesmo tempo dedi-cado e exigente, que tem comofoco de atenção a busca do me-lhor possível.

* Professor da Faculdade de Educaçãoda Universidade Federal da Bahia

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Rodrigo pode nem se dar conta, mas ele é um exemplo de que osestudantes portadores de necessidades especiais também aprendem,trocam experiências e sabem ensinar, apesar da freqüência com quesão vistos e rotulados de incapazes e, por isso, colocados à margemda sociedade. É preciso lembrar que só a partir da metade do séculoXX começou-se a dar condições para que essas pessoas pudessem seintegrar à vida em comunidade. O preconceito e a discriminação,no entanto, ainda persistem até os dias de hoje.

Por isso, a experiência da escola Marly Fróes é tão importante. Háum ano e meio, Sara Gillian Norton Pont, estudante do curso dePsicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), resol-veu criar uma oficina de computador na escola: “Acreditava que ocomputador poderia favorecer a aprendizagem dos estudantes, sen-do uma ferramenta que ajudaria na constituição de conhecimentode todos. Não sabia de que forma, mas queria tentar. Procurei a

direção, expliquei o meu objetivo, obtive apoio e, com a ajuda dosprofessores, fui em frente”.

Caminho certo - Não foi nada fácil. A oficina começou com trêsalunos, um deles era o próprio Rodrigo. Os estudantes não ti-nham nenhuma intimidade com o equipamento. O processo foilento. Cada passo dado era uma vitória. Sara começou pelo bê-á-bá: teclado, monitor e mouse: “O interesse dos alunos era grandee isso me motivava bastante. Eles não falavam, tinham paralisiacerebral, porém os gestos, as feições e os olhares traduziam queestávamos no caminho certo”.

Com o passar dos meses, Sara e a professora regente daturma decidiram utilizar softwares educativos, buscandouma linguagem dinâmica e interativa. Aos poucos, ascrianças começaram a adquirir familiaridade com a máquina.O que era bom, mas ao mesmo tempo traçava novos desafios tan-to para Sara quanto para a escola: “Os alunos tinham, por exem-plo, restrições motoras. Era preciso ajudá-los a mexer no compu-tador. Mas não era isso que eles queriam. Eles lutavam para seapropriar do equipamento por conta própria”.

Estavam sendo desafiados a superar suas dificuldades. A equipe daescola não poupou esforços e procurou facilitar a aproximação dosalunos com o computador. Em 2001, Felipe Abrantes, estudantede Engenharia Industrial da PUC-Rio, entrou para a oficina. Como apoio de seus professores, desenvolveu uma adaptação que per-mitia a Rodrigo digitar o teclado de forma independente.

Ao mesmo tempo, a diretora da escola, Márcia Carvalho Arantes,foi atrás de outros recursos: “Procuramos o Centro de Referênciado Instituto Helena Antipoff da Secretaria Municipal de Educa-ção (SME), que presta atendimento aos alunos de Educação Espe-cial da rede. Para outro aluno, por exemplo, o Paulo, adquirimosuma adaptação especial para ser fixada ao teclado, oferecendo maiorsegurança e precisão no trabalho”.

Autonomia - O salto que os alunos deram, na avaliação de Sara,foi enorme. Eles estavam conseguindo se apropriar de um equipa-mento, de uma nova linguagem de forma independente, sem apresença constante do professor, do colega ou da família, o queacabou surpreendendo a todos, principalmente Felipe: “Quandocomecei a trabalhar na oficina não acreditava que eles conseguiri-am dominar e utilizar o computador por conta própria. Haviamuita limitação. Sinceramente, achava que o trabalho não teriaêxito. Me enganei e fico muito, muito contente por isto”.

Que o diga também a professora Rosenir Cruz de Andrade, queparticipa da oficina desde o ano passado: “Esse trabalho foi e é tãoimportante porque, por meio dele, estou descobrindo o que real-mente os alunos sabem e não sabem. Na Educação Especial, nós,professores, acabamos de certa forma induzindo o aluno ao acerto.

Vencendo obstáculos,transformando histórias

No último Dia das Mães,

Maria das Graças Almeida

ganhou um presente inesquecível.

Seu filho Rodrigo Almeida, de

17 anos, aluno da Escola Especial

Marly Fróes Peixoto, Zona Sul

do Rio de Janeiro (RJ), mostrou

o quanto já dominava o

computador. Um presente para

mãe, uma conquista para Rodrigo,

portador de paralisia cerebral.Conhecer, descobrir, interagir:

os passos da oficina de computador

Rod

rigo

Alm

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Para sua atualizaçãoLinguagens artísticas e princípios educativos. Estes são os destaques

da programação de TV: Matilda, Na Ponta dos Pés e Mestres da Literatura.

Sinopse

Matilda é uma pata intrometida que está sempre tentando corrigir anatureza. A série, composta por 13 episódios, aborda a relação dosseres vivos com o meio ambiente, destacando o perigo do desequilíbrionos ecossistemas.

Na Escola

A partir de cada episódio, o professor pode realizar ativida-des que trabalhem diferentes temas relacionados ao progra-ma, como alimentação, adaptação, cadeia alimentar etc.. Pormeio dos personagens das histórias, os alunos perceberãoque mudanças de hábitos geram alterações e reações noecossistema. A série ainda favorece a discussão de algunsconceitos, como o respeito às diferenças. É interessante oeducador partir de questões próximas ao universo da crian-ça para trabalhar assuntos mais gerais, como o próprio meioambiente.

Propostas de Trabalho

Escolha um episódio de interesse da turma. Proponha ao grupoque recrie a história, utilizando a linguagem teatral. O objetivo éincentivar a criatividade dos estudantes. O professor deve ficar aten-to para mediar o processo e viabilizá-lo, favorecendo a construção daconsciência de que a preservação do ecossistema depende de todos.

Repita a atividade em outro período do ano fazendo rodízioentre seus alunos. Tente registrar o processo, por exemplo, comfotografias - garantindo a memória da construção de identidadeda turma.

Atenção professor! A expressão oral favorece em muito a expressão es-crita. Não se esqueça também de promover, em sala de aula, situaçõesque possam incentivar seus alunos a identificar, nos episódios, relaçõescom o cotidiano escolar e familiar.

TV

Matilda

Reprodução

InternetCD-ROMImpressosProfessoresVídeoEnsinoFundamental

EducaçãoInfantil

Ficha Técnica

Tipo de produção:Animação

País: República Tcheca

Produção:Czech Television

Co-produção:

Anima

Duração: 7 minutos

Horário:NET - Cara de Criança(terça-feira, às 9h,sábado, às 9h)

Área de Conhecimento

Ciências

Criamos poucos espaços para que ele possa errar. Isto acabadificultando a nossa avaliação de como os estudantes estão indo”.

Na oficina, Rosenir descobriu que os seus alunos sabemmenos do que ela imaginava. Se ficou triste? Nem um pou-co: “Estou muito feliz, pois agora sei quais são as reais ne-cessidades deles. Posso ajudá-los na constituição dos seusconhecimentos. Ao criar e digitar poesiasno computador, por exemplo, os alunostinham a chance de reescrever uma pala-vra, uma sentença ou uma idéia. Isto foide extrema importância para a minha prá-tica. Depois deste trabalho, revi a minhapostura como professora. Sei que tenhoque oportunizar mais espaços, em sala deaula, para que eles construam edesconstruam os conhecimentos”.

A oficina rendeu outros bons frutos. Ago-ra, a escola quer desenvolver um traba-lho sistemático de informática educativa.O dia-a-dia da oficina registrado por Saravirou monografia do seu curso de gradu-ação, sob a orientação do Grupo Inter-disciplinar de Pesquisa da Subjetividade(Gips), instituição ligada à PUC-Rio.Com a ajuda de Felipe, ela também pre-tende digitalizar todo o trabalho em umCD-ROM, para divulgar a proposta. Asmães dos alunos - quer queiram ou não -aprenderão um pouco de informática. ERodrigo e Paulo estão mais do que con-tentes, conectados com o mundo,interagindo com ele e superando uma dasmuitas barreiras de exclusão.

Pude perceber que o uso do computador vem proporcionandovários benefícios aos jovens portadores de necessidadesespeciais. A oficina deixou claro o papel motivador que amáquina exerce sobre os estudantes e como a troca entre osalunos, professores e nós, pesquisadores, contribuiu para aconstituição dos conhecimentos.

Tal experiência mostrou ainda o poder do diálogo durante oprocesso de aprendizado do jovem portador de necessidadesespeciais e o quanto o computador serve como instrumentomediador e lúdico neste processo.

A forma como esta tecnologia convida e motiva o usuário ainteragir facilitou o processo de reconhecimento do potencial decada aluno para se expressar com o mundo. A experiênciapossibilitou que os alunos Rodrigo e Paulo, por exemplo,pudessem realizar determinadas tarefas sem a ajuda de um adulto,favorecendo a busca da autonomia e elevando a auto-estima.

Notamos, então, o quanto a concepção da teoria de Lev Vygotsky -zona de desenvolvimento proximal - está internalizada não apenas noprocesso metodológico da pesquisa realizada, mas também naforma de perceber as potencialidades do outro com quem nosdeparamos e interagimos. Assim, foi possível desafiar os alunos,questionar suas respostas e observar a forma como eles aprendem.

Esperamos que este trabalho sirva para criar novas propostaspedagógicas. Esperamos ainda que a utilização do computadorde forma lúdica e mediadora possa ser um importante fatorpara a inclusão dos portadores de necessidades especiais nasociedade contemporânea.

Sara Gillian Norton Pont

A psicóloga Sara Norton,a professora Rosenir Cruzde Andrade e o estudanteFelipe Abrantes

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Estas propostas são feitas a título de sugestão. Não é nossa intenção passar receitasao professor. Consideramos que todos os vídeos podem ser usados por todos os

segmentos, em parte ou totalmente. Quem deve fazer esta opção é você, professor!

TV

Na Ponta dos Pés

Ficha Técnica

Tipo de produção:Documentário

País: Canadá

Produção:Genuine Pictures Inc./TV Ontario

Duração: 5 minutos

Horário:BandRio (terça-feira, às7h45)NET (terça-feira e sábado,às 9h30)

Reprodução

Área de Conhecimento

Artes

Sinopse

A série de seis episódios apresenta a biografia de escritores da literatura brasileira,como Lima Barreto, José de Alencar, Machado de Assis, Mário de Andrade, GracilianoRamos e Guimarães Rosa. A vida e a obra das personalidades são apresentadas a partirde uma narrativa histórica e política do cenário brasileiro no qual viveram.

Na Escola

O professor encontrará informações que descrevem e ilustram o cenário da culturaliterária e política do Brasil do final do primeiro império aos primeiros anos do gover-no de Getúlio Vargas. Os vídeos favorecem a realização de atividades integrando asáreas de História e Literatura.

Propostas de Trabalho

O professor pode destacar as passagens da narrativa do programa que contextualizamas obras dos escritores, estabelecendo assim o debate de algumas questões. Os alunos,por exemplo, discutirão quais os aspectos políticos e sociais que marcam o trabalho dedeterminado escritor ou de que forma a vida e a obra deste autor estiveram ligados aodia-a-dia de sua época. Proponha aos alunos, após a exibição dos 6 programas, queapresentem, em grupos, a obra dos escritores – promovendo um debate e estabelecen-do comparações. Por exemplo: Mário de Andrade, Graciliano Ramos e GuimarãesRosa, o que os caracteriza como modernistas? Quais as diferenças entre eles?

Reprodução TV

Mestres da Literatura

Ficha Técnica

Tipo de produção:Documentário

País: Brasil

Produção:Maluviana Batista/cedente TV Escola

Duração: 30 minutos

Horário:BandRio (terça-feira, às 7h,sexta-feira, às 14h)NET (segunda-feira, às 8h,quinta-feira, às 10h30,sexta-feira, às 8h30,domingo, às 10h)

Área de Conhecimento

Literatura

Sinopse

A série, de 40 episódios, apresenta a gramática da dança - seus elementos básicos e os váriosestilos existentes. O programa é narrado e tem como personagens crianças e jovens de diferentespaíses. O texto da série é construído a partir de perguntas e comentários de profissionais ligados à arte.

Na Escola

A série revela alguns aspectos do processo de criação artística, integrando as artes cênicas, alinguagem musical e os movimentos do próprio corpo. O conteúdo rico possibilita diferen-tes abordagens temáticas, como a coordenação motora, os diferentes estilos de dança, oritmo etc.. O professor pode ainda trabalhar com os alunos a consciência de que o movi-mento do corpo é uma linguagem que expressa sensações, emoções e sentimentos.

Propostas de Trabalho

Proponha aos seus alunos a criação de coreografias que expressem a identidade culturaldo grupo, ou da turma, da escola, do bairro ou da cidade. O professor de Educação Física,com a equipe de sua escola, pode criar atividades que integrem os diferentes conceitos douniverso da dança, sempre valorizando a iniciativa dos estudantes.

Pelo menos uma vez por ano, cada uma das 1035 escolasda rede recebem recursos financeiros para o pagamento dedespesas que exijam ações imediatas. O valor é depositadoe determinado pelas Coordenadorias Regionais de Educa-ção (CREs), segundo orçamento da Secretaria Municipalde Educação aprovado pela Câmara dos Vereadores.

A escola pode receber, no máximo, R$8 mil de cada vez. Nadaimpede, no entanto, que a CRE, durante o ano, faça novosdepósitos, desde que estejam previstos e a escola já tenha pres-tado contas da utilização do valor recebido anteriormente.

O dinheiro deve ser usado para aquisição de pequenas quanti-dades de material, para a realização de obras e reparos de emer-gência, e para a compra de materiais e equipamentos perma-nentes, como, por exemplo, quadro negro, bebedouro e mesa.

O recurso é movimentado pelo próprio diretor. O ideal é quetoda a comunidade escolar defina onde serão aplicados osrecursos. Os membros do Conselho Escola Comunidade

(CEC) devem ser consultados e participar do processo.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME),cada escola tem que prestar contas das despesas realizadas,

conforme normas estabelecidas pela Controladoria Geraldo Município. A não prestação de contas

impede a concessão de novos repasses.

O que pode - Despesas miúdas - aqui-sição de material de consumo e pres-

tação de pequenos serviços necessários à ma-nutenção e ao funcionamento das escolas.

Exemplo: produtos de limpeza e materialdidático e escolar. Serviços de reparo, adap-

tação, conservação, restauração e instalaçãode bens móveis e imóveis. Exemplo: reparo hi-

dráulico, vazamento e substituição de telhas.Aquisição de máquinas e equipamentos permanentes. Exem-plo: mesa, bebedouro e quadro negro.

O que não pode - Combustível, táxi, alimentos, cartõesde visita, flores.

Para que serve o Fundo Rotativo?

As carteiras dos alunos estão

precisando de uma reforma? A secretaria

da escola, de alguns materiais de

trabalho? E a fachada, de uma nova

pintura? Desde 1993, as escolas da

Rede Municipal de Ensino do Rio contam

com o chamado Sistema Descentralizado de

Pagamento, o antigo Fundo Rotativo.

Rede Física - 28%

Aquisições - 31%

Serviços - 31%

Utilizaçãodos recursos

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Fim de aula... VALEU PESSOAL.ATÉ A PRÓXIMA...

NÃO DEIXEM DELER O TEXTO.

SERÁ QUE DÁ TEMPO DEFAZER A UNHA ANTES DEENCONTRAR O GUSTAVO?

HUM, NÃO POSSO ESQUECERDE DAR UMA PASSADINHANO MERCADO ANTES DE

IR PRA CASA.

AI, DROGA!NÃO TIREI DINHEIRO.

SERÁ QUE AINDA TENHOALGUM NO BANCO?

OI, TUCA, JÁ VOTOU?TÔ CONTANDO COM VOCÊ!

ME DÁ UMA FORÇA...

AHN!OI, BIA... E AÍ, PROFESSORA?

A GALERA TODA JÁ VOTOU.Na escada...

A FILA ESTÁ PEQUENA,VAI DAR TEMPO.

PUXA, A BIAPEDIU MEU VOTO,

MAS ACHO A VERÔNICAMELHOR CANDIDATA.

NÃO, TENHO QUE PENSARNA ESCOLA. MAS, E A

ESCOLA, PENSA EM MIM?

HUM!COM A BIAEU PODERIA

LEVAR ALGUMAVANTAGEM...

AS PROPOSTAS DA VERÔNICA SÃOMUITO INTERESSANTES, MAS ELA

É AMIGA DAQUELE CARAQUE EU DETESTO.

SERÁ QUEELA VAI DAR

ALGUMA FUNÇÃOPRA ELE?

Roteiro: Cristina Campos / Arte: Eduardo Ofeliano

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Tudo

teca

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TV-VÍDEOSUma Escola doTamanho do MundoAborda a quarta, a quin-ta e a sexta Diretriz Cur-ricular Nacional(Programa 5/Duração: 60min)

Educação e TrabalhoO programa traz entrevista exclusiva com MariaTeresaEsteban, professora da Faculdade de Educação da Univer-sidade Federal Fluminense. (Programa 6/Duração:30 min)Há outra com o educador Antônio Flávio BarbosaMoreira, que coordena o Núcleo de Estudos do Currícu-lo da UFRJ. (Programa 18/Duração: 30min)

Nós da EscolaOs professores do CiepPatrice Lumumba, ZonaOeste, Rio de Janeiro,contam como é realizadoo processo de avaliação doPrograma de Educação Ju-

venil da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.(Programa 22/Duração: 30min)

Programas veiculados pela MULTIRIO/SME.Rio de Janeiro, 2001.Mais informações: www.multirio.rj.gov.br,[email protected] � Tel.: (21) 2528-8282

LIVROSPara a garotada

O Que Fazer?Falando de ConvivênciaLiliana Iacocca e Michele IacoccaEditora Ática (2002)O livro traça um panorama histórico dorelacionamento humano. O texto é acessí-vel e bem-humorado e as ilustrações retra-tam, com muita graça e ironia, as dificul-

dades da convivência pacífica entre as pessoas. Recomenda-do pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Para sua atualizaçãoAvaliação. Mito e DesafioJussara HoffmannEditora Mediação (1999)O livro tem o objetivo de desafiar o mito daavaliação classificatória e ressignificar essa prá-tica com acompanhamento da construção doconhecimento em todos os segmentos do en-

sino. Apresentando vários exemplos de situações vividas emescolas, a autora consegue mobilizar o leitor a refletir sobresuas concepções e a se indagar acerca do verdadeiro significa-do da ação avaliativa.

Avaliação: Uma prática embusca de novos sentidosRegina Leite Garcia, Ángel Diaz Barriga, AlmerindoJanela Afonso, Corinta M. G. Geraldi, Jussara M. P.Loch e Maria Teresa Esteban (Org.)DP&A Editora (1999)Abordando diferentes ângulos do processo de avaliação educa-cional, a obra debate a reconstrução do sentido da avaliação.Tem como tema central a avaliação escolar como uma práticaque incorpora tensões constituintes das práticas sociais.

AGENDA

CONFERÊNCIA DO DIREITO DA CRIANÇA DE BRINCARA XV Conferência Mundial da Associação Internacional pelo Direito da Criança de Brincar discutirá as relações entre obrincar e a saúde e a importância da animação sociocultural nas grandes cidades. O tema do evento é A Cultura e o Brincarnos Espaços Urbanos. O encontro será realizado de 4 a 8 de novembro no Memorial da América Latina, em São Paulo (SP).Informações: http://www.ipa-br.org.br/conferencia ou pelo e-mail [email protected]

EXPOSIÇÃOEstá em cartaz, até o dia 6 de outubro, no Paço Imperial, aexposição Caminhos do Contemporâneo. A mostra reúnecerca de 400 obras de 179 artistas brasileiros. Há pinturas,esculturas, desenhos, instalações, objetos e fotografias.Endereço: Praça XV, 48, Centro, Rio de Janeiro (RJ).Informações: (21) 2533-4407

DROGASO Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas(NEPAD) e o Centro de Produção da UERJ (CEPUERJ)realizam o Curso de Prevenção ao Abuso de Drogas. A prevençãona escola e na família são alguns dos temas abordados. Asinscrições estão abertas. As aulas acontecerão de 22 de agosto a7 de novembro. Informações: (21) 2587-7707

Rep

rodu

ção

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CARREGANDO

Refletindo sobre as grandesquestões do novo século

Refletindo sobre as grandesquestões do novo século

O projeto SØculo XX1 Ø para educadores que trabalham com jovens e

adolescentes. A partir de 5 de setembro: www.multirio.rj.gov.br/seculo21