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FERNANDA SCHUTZ AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR ATERROS SANITÁRIOS: O CASO DO MUNICÍPIO DE CANOAS CANOAS, 2010

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FERNANDA SCHUTZ

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS

POR ATERROS SANITÁRIOS: O CASO DO MUNICÍPIO DE CANO AS

CANOAS, 2010

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FERNANDA SCHUTZ

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS

POR ATERROS SANITÁRIOS: O CASO DO MUNICÍPIO DE CANO AS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a banca examinadora do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário La Salle - UNILASALLE, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas

Orientação: Prof.ª Me. Nelci Maria Richter Giacomini

CANOAS, 2010.

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FERNANDA SCHUTZ

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS

POR ATERROS SANITÁRIOS: O CASO DO MUNICÍPIO DE CANO AS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a banca examinadora do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário La Salle - UNILASALLE, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas

Aprovada pela banca examinadora em 07 de julho de 2010.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Me. Nelci Maria Richter Giacomini

Profª Dra. Judite Sanson de Bem

Prof.ª Me. Daniela Goya Tocchetto

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AGRADECIMENTOS

O presente trabalho não teria sido concluído, não fosse a ajuda de algumas

pessoas chaves que quero destacar aqui. A ordem dos agradecimentos não reflete

uma maior ou menor importância, apenas a ordem das recordações.

Agradeço a Daniel Trein, meu querido namorado, por toda força, paciência,

leituras, críticas nestes últimos 2 anos, principalmente neste semestre final e não

poderia deixar de citar e dar os créditos a figura 11, “O Caminho do RSU em

Canoas” que deu certo colorido ao trabalho.

Agradeço também a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Canoas, nas

pessoas do Engenheiro André Arnhold, o qual me proporcionou o acesso às

informações necessárias para o estudo de caso.

À minha orientadora, a professora Nelci que teve muita paciência comigo nos

momentos onde eu achava que as coisas poderiam estar perdidas, mas me

mostrava que havia uma luz (ou o aterro) ao fim do túnel.

Quero agradecer a todos os meus professores da graduação, a todos os

colegas e amigos que fiz nestes 9 anos estudos da ciência econômica, a minha

família que mesmo sem entender muitas vezes o que eu dizia em economês me

apoiou nesta maravilhosa escolha.

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RESUMO

O meio ambiente e seus recursos naturais vêm sofrendo com a degradação e com a

poluição desenfreada, resultado das atividades econômicas e humanas, refletidas no

padrão de consumo da sociedade. A valoração econômica ambiental é considerada

um instrumento para o subsídio às questões relacionadas ao meio ambiente e aos

seus recursos naturais, pois funciona como uma ferramenta nos processos de

decisão de políticas públicas ambientais, podendo impor limites a exploração dos

recursos naturais, fazendo com que seja uma exploração controla. A economia

ecológica e a economia neoclássica são as duas principais correntes da ciência

econômica que contribuem para a valoração econômica ambiental. Este estudo tem

como objetivo principal verificar a contribuição na mensuração econômica de

impactos ambientais, gerados a partir de aterros sanitários, através da valoração

econômica ambiental, considerando a ótica de duas escolas de pensamento: a

economia neoclássica e a economia ecológica, bem como métodos de valoração

disponíveis na literatura. Foram utilizados os métodos teórico, descritivo,

comparativo, estatístico e estudo de casos. Optou-se por estudar o Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras e os impactos gerados pela assimilação dos resíduos sólidos

urbanos do município de Canoas . Verificou-se que os custos e as receitas

realizados com a coleta, tratamento e principalmente a disposição final dos resíduos

sólidos sinalizam uma subestimação do valor de se ter um local para disposição final

de resíduos gerados pela sociedade,

Palavras-chave: Meio Ambiente. Recursos Naturais. Valoração Econômica

Ambiental. Economia Ecológica. Economia Neoclássica. Aterro Sanitário Municipal

Guajuviras

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ABSTRACT

The natural environment and its resources have being suffering with the unstopped

degradation and pollution, resulted from economic activities and human action, both

reflected in the society’s standard of consume. The environment economic emitted

value is considered a subsidy instrument to questions about natural environment and

its resources, because it works as a tool in the natural environment public policies,

and these policies can put a limit in the exploration of natural resources, doing a

controlled exploration. The ecological economy and neoclassical economy are both

part from de economic science main stream that contributes to the natural

environment emitted value. This study aims to verify the contribution on measuring of

economic impact in the natural environment, generated from landfill, through

environment emitted value, considering the view from two theoretical schools: the

neoclassical economy and ecological economy, as well as the emitted value

methods, available in the literature. Were used theoretical, descriptive, comparative,

statistical e case studies methods. Guajuviras Municipal Landfill and the generated

impact from Canoas municipal trash residues absorption was chosen to study. The

study verified that the costs and incomes from de gathering, treatment and principally

the final solid residues disposal show underestimated value in have a place to the

final dispose of society’s generated residues.

Keywords: Natural environment. Natural resources. Economic environment emitted

value. Ecological economy. Neoclassical Economy. Guajuviras Municipal Landfill.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A valoração dos recursos naturais e a sustentabilidade .......................... 25

Figura 2 – A valoração dos recursos naturais vista pelo enfoque ecológico ............. 26

Figura 3 – A valoração dos recursos naturais e a defesa do capital natural ............. 26

Figura 4 – A valoração dos recursos naturais como subsídio à gestão ambiental .... 27

Figura 5 – A valoração dos recursos naturais pelos aspectos econômicos .............. 28

Figura 6 – Esquema da economia padrão e da economia ecológica ........................ 29

Figura 7 – Valor econômico total do ambiente .......................................................... 31

Figura 8 - Os domínios da economia convencional, ecologia convencional, economia

ambiental e dos recursos naturais e economia ecológica. ........................................ 36

Figura 9 – Equações para o cálculo do Valor do Dano Ambiental ............................ 45

Figura 10 - Modelo de Fluxo de Caixa ...................................................................... 45

Figura 11 – O caminho do RSU em Canoas ............................................................. 48

Figura 12 - A evolução da quantidade de RDO em Canoas–Período 1994 a 2006. . 53

Figura 13 – A participação total quali-quantitativa dos RSU em Canoas .................. 55

Figura 14 – Localização geográfica dos aterros de Canoas. .................................... 61

Figura 15 – Imagem aérea do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras ....................... 63

Figura 16- Corte transversal do aterro sanitário ........................................................ 63

Figura 17 - Avaliação dos impactos ambientais ocasionados pela má disposição dos

resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários. ....................................................... 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Taxonomia geral do valor econômico do recurso natural ........................ 30

Quadro 2 – Comparação entre a economia e a ecologia convencionais e a economia

ecológica. .................................................................................................................. 38

Quadro 3 – Check-list de Avaliação Ambiental de AS. .............................................. 44

Quadro 4 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade ................... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Produto Interno Bruto de Canoas – Ano 2007 .......................................... 47

Tabela 2 - Quantidade anual de resíduos sólidos urbanos coletados – Período 1994

a 2006 ....................................................................................................................... 52

Tabela 3- Destinação do Lixo de Canoas por Moradores em Domicílios particulares

permanentes – Ano 2000 .......................................................................................... 53

Tabela 4 – Composição quali-quantitativa dos resíduos sólidos domiciliares

destinados ao Aterro Municipal Guajuviras ............................................................... 54

Tabela 5 - Número de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos, por

unidades de destinação final do lixo coletado – Ano 2000 ........................................ 58

Tabela 6 – Descrição das receitas e despesas geradas pelo Aterro Sanitário ......... 64

Tabela 7 - Check-list ambiental do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras ............... 71

Tabela 8 - Fluxo de caixa – Período mês 1 a mês 7 ................................................. 74

Tabela 9 - Fluxo de caixa – Período mês 8 a mês 12 ............................................... 75

Tabela 10 –Valor Presente Líquido (VPL) ................................................................. 75

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10

2 MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS ................................................... 11

2.1 Meio ambiente e recursos naturais: definições ............................................. 11

2.2 Conceito de recursos naturais sob a ótica da econom ia .............................. 15

2.3 As falhas do sistema de preços de mercado: o proble ma das

externalidades ......................................................................................................... 19

3 A VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL .................................................... 22

3.1 Valoração econômica ambiental: uma visão geral ........................................ 22

3.2 A natureza do valor econômico dos recursos naturais ................................. 30

3.3 Economia neoclássica e a VEA ....................................................................... 32

3.4 Economia ecológica e a VEA ........................................................................... 35

3.5 A importância de mecanismos alternativos de valoraç ão dos recursos

naturais .................................................................................................................... 39

3.6 Os métodos de valoração econômica ambiental ........................................... 40

3.6.1 Método de preços hedônicos ....................................................................... 41

3.6.2 Método custo de viagem .............................................................................. 42

3.6.3 Método de valoração contingente ................................................................ 42

3.6.1 A metodologia para Aterros Sanitários ......................................................... 42

4 VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL DO ATERRO SANITÁRIO

MUNICIPAL GUAJUVIRAS ...................................................................................... 46

4.1 Caracterização do município de Canoas e sua geração de resíduo sólido

urbano ...................................................................................................................... 46

4.2 Canoas e o Aterro Sanitário Municipal Guajuviras ........................................ 56

4.2.1 A disposição final dos resíduos sólidos urbanos em Canoas ....................... 59

4.2.2 Dados Econômicos do Aterro Sanitário........................................................ 64

4.3 Os impactos ambientais do Aterro Sanitário Municipa l Guajuviras ............. 65

4.4 A valoração econômica ambiental dos impactos ambien tais gerados pelo

Aterro Sanitário Municipal Guajuviras: uma avaliaçã o preliminar ..................... 70

5 CONCLUSÂO ..................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 80

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema central a Valoração Econômica Ambiental.

O seu desenvolvimento consiste em conceituar os recursos naturais de forma ampla,

bem como à luz da ciência econômica, apresentando a definição de valoração

econômica ambiental de acordo com as teorias desenvolvidas pela economia

neoclássica e pela economia ecológica. O Aterro Sanitário Municipal Guajuviras,

localizado no município de Canoas, é utilizado como objeto desta pesquisa.

Os recursos naturais têm um papel central na economia, dado que bens e

serviços consumidos pelas empresas e famílias, direta ou indiretamente, apresentam

um vínculo com a extração e consumo destes recursos. Assim, a necessidade de

garantir que as gerações futuras tenham acesso aos recursos naturais faz da

Valoração Econômica Ambiental um instrumento importante para medir, do ponto de

vista econômico, o valor dos recursos naturais, bem como contribuir para que a

utilização e manutenção dos mesmos sejam realizadas de forma sustentável.

Ao longo da história do pensamento econômico, os recursos naturais foram

tratados de forma marginal ou até mesmo subestimados. Contudo, hoje o estudo

deste apresenta-se com importância na reconstrução da ótica econômica em relação

aos mesmos e ao meio ambiente de forma geral.

Os impactos gerados ao meio ambiente fazem emergir a necessidade da

valoração econômica ambiental. No município de Canoas, no estado do Rio Grande

do Sul, está implantado o Aterro Sanitário Municipal Guajuviras, que recebe

diariamente 250 toneladas de resíduo sólido urbano. Canoas tem aproximadamente

326 mil habitantes, o que significa que em média cada habitante do município

produz diariamente 800 gramas de resíduo sólido urbano, gerando impactos aos

recursos naturais, onde se encontra implantado o único aterro de resíduos sólidos

urbanos do município.

O trabalho objetiva verificar a contribuição na mensuração econômica de

impactos ambientais, gerados a partir de aterros sanitários, através da valoração

econômica ambiental, considerando a ótica de duas escolas de pensamento: a

economia neoclássica e a economia ecológica, bem como métodos de vaoração

disponíveis na literatura

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2 MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS

A delimitação da relação entre meio ambiente e economia é o ponto de partida

para fundamentar o presente trabalho. Assim, apresentar e descrever a relação da

ciência econômica com o meio ambiente e seus recursos naturais, conceituando-os

à luz do pensamento econômico, bem como mostrar a evolução dessa relação é o

centro deste primeiro capítulo

O capítulo objetiva ainda conceituar meio ambiente e recursos naturais a cerca

da ciência econômica, bem como apresentar as falhas do sistema de preços de

mercado.

2.1 Meio ambiente e recursos naturais: definições

Encontrou-se na literatura autores diversos, ora utilizando o conceito de meio

ambiente, ora o conceito de recursos naturais relacionado à valoração econômica

ambiental. Assim, apresentam-se primeiramente os conceitos relacionados ao meio

ambiente e logo após, os relacionados aos recursos naturais.

Castañón Del Valle, no XV Documento da Série sobre Direito Ambiental do

Programa de Direito Ambiental do Escritório Regional do PNUMA para América

Latina e Caribe ressalta que:

Não se pode começar a analisar o sistema de valoração do dano ambiental senão se define previamente o que se deve entender por “Meio Ambiente”, pois a delimitação conceitual do meio ambiente deve ser o pressuposto de uma correta pesquisa sobre o, relativamente recente, fenômeno da valoração do dano ambiental (CASTAÑÓN DEL VALLE, 2006, p. 9)1.

Ainda para Castañón Del Valle (2006, p.9) com “o conceito de meio ambiente,

podemos conhecer que procedimentos podem resultar lesivos e onde e em que

circunstâncias se pode valorar o dano ambiental ocorrido”2.

Segundo Ely (1986), muitas são as interpretações sobre o conceito de meio

ambiente, pois vários autores abordam o tema com diferentes enfoques. Contudo,

apresenta-se uma concordância sobre a abrangência e interdisciplinaridade.

1 Tradução nossa 2 Tradução nossa

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Desta forma, o autor destaca o conceito apresentado por Gilpin que define o

meio ambiente como: “Todo o meio exterior ao organismo que afeta o seu integral

desenvolvimento ” (GILPIN3 apud ELY, 1986, p. 3, grifo do autor).

São três elementos-chaves que estão contidos no meio ambiente:

a) Meio exterior: significa que o meio ambiente é tudo aquilo que cerca um organismo (o homem é um organismo vivo), seja o físico (água, ar, terra, bens tangíveis feitos pelo homem), seja o social (valores culturais, hábitos, costumes, crenças), seja o psíquico (sentimentos do homem e suas expectativas, segurança, angústia, estabilidade); b) Organismo: o conceito não especifica o organismo, mas trata dos organismos bióticos (vivos), tais como as plantas e animais, entre os quais se destaca o homem; c) Integral desenvolvimento: o meio físico, social e psíquico são que os dão as condições interdependentes necessárias e suficientes para que o organismo vivo (planta ou animal) se desenvolva na sua plenitude, sob o ponto de vista biológico, social e psíquico. (ELY, 1986, p. 3).

O Código Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, por sua

vez, trás no seu arcabouço o conceito de meio ambiente, sendo esse definido como

“[...] o conjunto de condições, elementos, leis, influências e interações de ordem

física, química, biológica, social e cultural que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas;” (RIO GRANDE DO SUL, 2009).

Ainda segundo o Código Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande

do Sul recurso natural é “[...] qualquer recurso ambiental que pode ser utilizado pelo

homem.” Recurso ambiental por sua vez, segundo o mesmo código é definido como

sendo:

[...] os componentes da biosfera necessários à manutenção do equilíbrio e da qualidade do meio ambiente associada à qualidade de vida e à proteção do patrimônio cultural (histórico, arqueológico, paleontológico, artístico, paisagístico e turístico), passíveis ou não de utilização econômica [...] (RIO GRANDE DO SUL, 2009).

Segundo Agüero (1996, p. 5) pode-se “[...] definir os recursos naturais como os

elementos da natureza que em seu estado natural são necessários para o homem e

que tecnologicamente podem ser aproveitados [...]”.

Os recursos naturais podem ser considerados “aquelas partes da natureza que

podem ser aproveitadas (ou não) num momento dado.” (BELLIA, 1996, p.20).

3 GILPIN, A. Dictionary of enviromental terms . London, Dautsh. Arthur Barker. 1976.

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Os recursos ou ativos naturais indicam que

[...] os «bens e serviços naturais» apresentam um determinado número de particularidades, às quais correspondem aos seguintes conceitos: - «recursos naturais», ou «ativos naturais», designam o conjunto de bens que não são produzíveis pelo homem; estes recursos são, habitualmente, objecto de uma dupla decomposição: por um lado, em recursos esgotáveis [...], cujo stock se encontra em terra, e em recursos renováveis[...], que são regenerados sobre um horizonte economicamente significativo graças à sua inscrição biofísica e, logo, independentemente de qualquer intervenção humana; e, por outro lado, em recursos mercantis e em recursos livres [...]; - os «efeitos externos» ou «externalidades», que designam as interdependências entre os agentes econômicos, afectando as respectivas funções-objectivas destes últimos, sem ser regulados pela troca voluntária na qual um bem só é cedido em contrapartida de um pagamento reputado representar o seu valor [...]; - os «bens colectivos», que designam os bens para os quais o consumo não é exclusivo (diversos agentes podem consumir sem inconveniente o mesmo bem) [...]. (FAUCHEUX; NOËL, 1995, p.82),

Segundo os mesmos autores, para os recursos naturais, devido a sua

diversidade e quantidade, existem maneiras diferentes de agrupá-los segundo

critérios de classificação, considerando suas características físicas e biológicas, o

seu modo de produção e reprodução, o seu grau de apropriação privada e o seu

tempo de reconstituição.

Agüero (1996) apresenta classificações dos recursos naturais, a partir de

diversos autores. Considerando as características de produção e reprodução, dos

recursos naturais, distingue recursos minerais, pedreiras e olarias como recursos

exauríveis e a agricultura e pesca como perenes, sendo os primeiros suscetíveis ao

esgotamento devido ao seu uso e pelo contrário os últimos, desde que sejam

tomadas ações cuidadosas para guardar a sua reprodução.

Outra classificação dos recursos naturais guarda os problemas relacionados a

sua conservação e exaustão, no tempo presente e futuro e em diferentes espaços

considerando os seguintes níveis:

I- Recurso cuja existência é abundante e que aparentemente não são necessários à economia, nem hoje, nem no futuro. Exemplo: água, em algumas localidades; II- Recursos que provavelmente cheguem a ser escassos num futuro remoto, embora hoje eles sejam tão abundantes, e que não chegam a ter valor de mercado. Exemplo: pedras e areia para construção, em algumas localidades; III- Recursos que hoje são escassos: 1. Que não esgotam em seu uso normal: força da água; 2. Que necessariamente se esgotam pelo seu uso e não há possibilidades de serem restaurados depois disto: depósitos de minerais;

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3. Que necessariamente se esgotam pelo seu uso, porém são possíveis de restauração: florestais e pesca; 4. Exauríveis em uma dada localidade, porém restauráveis mediante o emprego de outros recursos de classe diferentes [adubos] de recursos similares ou em localidades diferentes: terra agrícola (GRAY4 apud AGÜERO, 1996, p.5).

Para Ciriacy-Wantrup5 (apud AGÜERO, 1996) os recursos naturais são

classificados em renováveis (onde os estoques/fluxos de recursos naturais

consideram-se constantes) e irrenováveis (não há condições para os estoques de

recursos naturais aumentarem) e ainda os subdivide considerando a participação

humana ou não nos processos.

Judith Rees6 (apud AGÜERO, 1996) propõe a introdução de outros critérios

como recuperáveis e recicláveis junto a classificação apresentada por Ciriacy-

Wantrup, no caso onde os recursos naturais são considerados não-renováveis.

A partir das referências apresentas por Agüero (1996, p.8), em sua tese de

doutorado, este distingue os recursos naturais em renováveis e não-renováveis,

onde:

Recursos renováveis, seriam aqueles bens da natureza que podem ser submetidos a um uso contínuo durante longos períodos de tempo sem que seus estoques percam quantidade ou qualidade, nem tampouco sua capacidade para se regenerar naturalmente, desde que sejam explorados de modo adequado. Entre eles encontram-se o solo agrícola, a água doce, os pastos naturais, as florestas, a pesca etc. Recursos não renováveis seriam os bens da natureza cujos estoques não se podem regenerar naturalmente e que se esgotam a uma velocidade que depende do grau de sua exploração e das leis da entropia. Entre eles estão: os recursos minerais (metálicos e não metálicos), os recursos energéticos (petróleo, carvão e gás natural) etc.

Para Bellia (1996), os recursos naturais podem ser divididos em quatro

categorias: (1) bens dificilmente renováveis (exemplo: eliminação de uma floresta

natural); (2) bens inextinguíveis (exemplo: minerais radioativos usados na geração

de energia termonuclear); (3) bens recicláveis; e (4) bens permanentes (exemplos:

ar, água, entre outros). Esta divisão, segundo o autor se dá devido a necessidade de

coexistir diversas possibilidades envolvidas com os recursos naturais, que podem

sofrer mudanças ao longo do tempo.

4 GRAY, Lewis Cecil. The economic possibilites of conservation. The quarterly Journal of economics . vol. 27, nº. 3, p. 497-519, May 1913. 5 CIRIACY-WANTRUP, Siegfried V. Conservación de los recursos : economía y política. México DF: Fondo de Cultura Económica, 1957. 6 REES, Judith. Natural resources Allocation, economics and policy . 2.ed. rev. aum. London: Routledge, 1990.

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O presente trabalho não pretende esgotar em si os conceitos de meio ambiente

e recursos naturais, bem como suas classificações, pois não é objeto deste trabalho.

Sendo assim a revisão conceitual foi elaborada para fins de orientação do objeto

central de pesquisa, a valoração econômica ambiental dos impactos gerados por

aterros sanitários, especificamente o Aterro Municipal Guajuviras de Canoas/RS.

A delimitação conceitual e a classificação dos recursos naturais são, portanto,

orientadores para a valoração do aterro e seus impactos, dado que para se

determinar o valor de um recurso natural deve-se considerar o seu uso, o seu não

uso e a sua existência7 e estes podem ser determinados considerando as condições

de existência, de exploração, espacial e temporal, dos recursos naturais.

Para finalizar esta parte, Bellia (1996) apresenta três funções econômicas

quanto ao uso do meio ambiente e seus recursos naturais, a saber: (1) o meio

ambiente como fornecedor de recursos; (2) o meio ambiente como fornecedor de

bens e serviços; e (3) o meio ambiente como assimilador de rejeitos., consideradas

básicas. Neste sentido o presente trabalho se ocupará da terceira função econômica

do meio ambiente que o é como assimilador de rejeitos, apresentando o Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras.

A partir, portanto, das definições apresentadas compreende-se que os recursos

naturais são parte integrante do meio ambiente. Sendo assim, tenta-se utilizar, a

partir deste momento, o termo Recursos Naturais para fim de se referir aos recursos

da natureza que são objetos deste estudo, bem como para fins didáticos. Contudo

não será utilizado o termo de forma exclusiva, pois isto dependerá das referências

utilizadas nos próximos capítulos.

2.2 Conceito de recursos naturais sob a ótica da ec onomia

O objeto de estudo da ciência econômica, a Lei da Escassez, permite

estabelecer um marco para a discussão dos recursos naturais como recursos

econômicos, bem como estabelecer um elo de ligação com a valoração econômica

ambiental.

A Lei da Escassez é descrita da seguinte forma: “[...] produzir o máximo de

bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade.”

7 Como será visto, mais detalhadamente no próximo capítulo.

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(RIZZIERI, 2002, p. 12). Isto é, há um limite de produção e consumo imposto pela

(in)disponibilidade de recursos em contraponto às ilimitadas necessidades

humanas.

Há ainda outra forma de glosar a escassez: “[...] a demanda por qualquer coisa

excede sua oferta ao preço zero; contrariamente, todo e qualquer bem e/ou serviço

que seja livre não é, por definição, um recurso escasso e não é, portanto, um bem

ou serviço econômico.” (ELY, 1986, p. 79).

Para complementar, segundo o mesmo autor, a alocação dos recursos

escassos são considerados problemas econômicos, quando dos seus usos, busca-

se a maximização do bem-estar social, isto é, procura-se atender e satisfazer a

ilimitadas necessidades humanas considerando a quantidade de recursos

disponíveis para produzir bens e serviços.

Os recursos naturais são considerados como recursos escassos, visto que a

preocupação do homem com o meio ambiente é o uso alternativo da extração da

riqueza e do lazer e a poluição (ELY, 1986).

Assumem-se os recursos naturais, a partir da Lei da Escassez, como recursos

escassos na medida em que são necessários para a obtenção de bens e serviços

que atendem as necessidades humanas. Soma-se a isto, a condição para a

exploração controlada dos recursos naturais, seja por meio da extração destes, seja

por meio de sua degradação, resultante das atividades econômicas, pois tal

exploração deve-se dar considerando as gerações futuras. Neste sentido, satisfazem

a condição para a valoração econômica ambiental.

Assim a mensuração econômica de um recurso ambiental ou do impacto

sofrido pelo mesmo, pode funcionar como um instrumento limitante no que tange a

exploração. Funcionando o preço como um mecanismo de guarda dos recursos

naturais e do meio ambiente para a utilização das gerações futuras.

A necessidade de conceituar o valor econômico do meio ambiente, bem como de desenvolver técnicas para estimar este valor, surge, basicamente do fato incontestável de que a maioria dos bens e serviços ambientais e das funções providas ao homem pelo ambiente não é transacionada pelo mercado. Pode-se, inclusive, ponderar que a necessidade de estimar valores para os ativos ambientais atende às necessidades de adoção de medidas que visem a utilização sustentável dos recuso8 (MARQUES; COMUNE, 2001, p.24)

8 A noção de sustentável, neste contexto, refere-se à utilização do recurso ambiental ao longo do tempo sem riscos de degradação (MARUQES; COMUNE, 2001, p.24)

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A seguir apresenta-se um breve histórico dos recursos naturais ao longo do

pensamento econômico, bem como os mesmo eram vistos como recursos não

escassos, devido acreditar-se serem infinitos, dada a sua abundância. Desta forma,

ciência econômica não se preocupava com o futuro dos recursos naturais em

relação às gerações futuras.

A presença dos recursos naturais ao longo da história do pensamento

econômico mostra que a ciência econômica se ocupava em estudar os mesmos em

seu âmbito. Assim será apresentada de forma breve a evolução dos recursos

naturais dentro desta ciência, a fim de situar a discussão dos mesmos como

recursos econômicos, desta forma não se pretende esgotar a trajetória em meio a

ciência econômica, somente apontar os principais momentos.

Alguns autores destacam que os recursos naturais estão presentes na

discussão da ciência econômica desde seus primórdios. Para Agüero (1996, p. 2)

“Desde os primórdios da ciência econômica existem referências implícitas sobre a

participação da natureza na economia; neste sentido, nos trabalhos de Petty,

Quesnay e outros encontram-se referências desse tipo9.”

Os fisiocratas são uns dos primeiros a mencionar e destacar o papel importante

e fundamental dos recursos naturais na economia, conforme se pode observar nos

trabalhos de Quesnay (AGÜERO, 1996).

Para outros os recursos naturais passaram a ser um tópico de estudos

específicos de setores como o extrativista, agrícola e energético (HOCHSTETLER,

2002). O mesmo autor ainda destaca que:

Nem sempre foi assim. Os economistas clássicos atribuíam aos recursos naturais um papel central na economia. Na economia clássica a produção era descrita como sendo formada de três fatores de produção: trabalho, capital e terra (HOCHSTETLER, 2002, p. 2).

Segundo Campos (2008, p.35) os economistas clássicos e neoclássicos

“baseavam sua análise na ideia de valor, valor esse geralmente associado ao uso da

Terra e dos recursos dela adquiridos”.

9 Segundo Willian Petty (1662, p.54) “[...] o trabalho é o pai...da riqueza, como a terra é a mãe [...]”. Conforme François Quesnay (1758, p.257) “[...] A nação se reduz a três classes de cidadãos: a classe produtiva, a classe dos proprietários e a classe estéril. A produtiva é a que faz renascer, pelo cultivo do território a riqueza da nação [..]”.

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Os economistas clássicos atribuem à produção o papel principal da economia,

seja via setor industrial, seja via setor agrícola. Assim, os recursos naturais têm a

sua participação por esses setores, na medida em que, através da extração de

matérias-primas ou de gêneros agrícolas, são transformados e ofertados os bens e

serviços necessários às atividades humanas. Para a economia clássica as

mercadorias têm o seu valor determinado pelo valor de troca que o bem ou serviço

trás consigo e que este valor por sua vez é proveniente da sua raridade (escassez) e

da quantidade de horas trabalhadas necessárias para produzi-las (FAUCHEUX;

NOËL, 1995).

Para os neoclássicos o centro teórico, já não mais está sob a ótica da produção

e sim da ótica da utilidade dos bens, onde o valor de troca é explicado em termos de

valor de uso, aproximando assim o conceito de utilidade ao de raridade e assim os

bens econômicos devem então estar de acordo com três exigências, segundo

Walras: (1) coisas úteis tem seu limite em quantidades e são apropriáveis; (2) coisas

que tem limite em quantidade apresentam validade e são permutáveis; e (3) as

coisas úteis e limitadas pela sua quantidades são produzidas de forma industrial,

bem como reproduzíveis (FAUCHEUX; NOËL, 1995).

Desta forma os autores ainda destacam:

O resultado destas diferentes abordagens foi a eliminação dos recursos naturais mercantis que não a terra, ou seja as matérias-primas, do seio das teorias neoclássica da produção. Logo, estas encontram-se reduzidas a um modelo de produção obtido unicamente a partir dos factores capital, trabalho e, provisoriamente, terra (FAUCHEUX; NOËL, 1995, p.91).

Hochstetler (2002), afirma que:

Em anos recentes, a preocupação com a sustentabilidade tem se deslocado da preocupação da escassez de recursos naturais exauríveis para a capacidade limitada de prestação de serviços pelos recursos naturais renováveis. Essa mudança decorre da crescente preocupação com os efeitos climáticos causados pela poluição da atmosfera (HOCHSTETLER, 2002, p. 10)

O interesse pela natureza por parte da ciência econômica aumentou por volta

dos anos de 1970. Tal interesse se observa a partir do número de publicações, a

multiplicação de colóquios, a constituição de revistas especializadas, como por

exemplo: Journal of Environmental Economics and Management (1974), Ecological

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Economics (1989), Environmental and Resources Economics (1991) e, sobre tudo

pelo desenvolvimento de um verdadeiro corpus teórico (FAUCHEUX e NOËL, 1995).

Os mesmos autores ainda observam que em 1970 “este interesse não nasceu

do nada e o desenvolvimento deste corpus teórico foi de facto alimentado por

diferentes contribuições da história do pensamento econômico” (FAUCHEUX; NOËL,

1995, p.81).

2.3 As falhas do sistema de preços de mercado: o pr oblema das externalidades

Na ciência econômica estuda-se o processo de formação de preços dos

diversos setores econômicos, considerando suas estruturas de mercado. Diversas

são estas estruturas: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio, entre outras.

Contudo, o mercado apresenta falhas, isto é, atividades, processos, decisões que

não passam pelas estruturas de mercado, conforme as citadas, por exemplo, pois o

seu preço não é formado no sistema de preços de mercado.

Num sistema econômico alicerçado no princípio de livre mercado, as decisões de consumir e produzir são orientadas, teoricamente, pelas forças de mercado sendo, o preço uma variável importante que origina as decisões dos agentes de produção e de consumo (ELY, 1988, p.97).

Ainda para Ely (1988, p.97), “a teoria econômica ensina que, sob certas

condições, o mercado pode resolver os problemas da alocação e da distribuição de

recursos de maneira eficiente e ótima”.

O comportamento individual está baseado nos custos reais (explícitos e

implícitos). Contudo, há ainda os custos sociais ou custos totais econômicos, os

quais incluem os custos privados das partes em uma transação mais qualquer custo

adicional transferido para outros indivíduos (MILLER, 1981).

Segundo Miller (1981), caso o objetivo seja a maximização do bem-estar social,

os custos marginais privados por sua vez devem se igualar aos custos marginais

sociais.

Pode-se utilizar como exemplo para ilustrar os custos sociais e os custos

marginais a reciclagem de lixo utilizada por Pindyck e Rubinfeld (2002, p. 645-646),

onde:

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O custo baixo do lixo cria uma divergência entre seu custo privado e seu custo social. O custo marginal privado do lixo, que é o custo para as famílias de jogar fora as garrafas, tende a ser constante (independentemente do montante de lixo) para níveis baixos ou moderados de lixo e aumenta para grandes quantidades de lixo envolvendo custos consideráveis de transporte. Em contraste, o custo social do lixo inclui os danos ao meio ambiente e também eventuais ferimentos causados por materiais como caco de vidro. O custo social marginal tende a crescer, em parte porque o custo marginal está crescendo e em parte porque os custos referentes a danos ao meio ambiente e à paisagem tendem a crescer acentuadamente à medida que o nível de lixo aumenta.

Contudo, nem sempre os preços conseguem fornecer sinais adequados aos

consumidores e produtores, “o mercado competitivo não regulamentado é ineficiente

– ou seja, não maximiza o excedente do consumidor e do produtor em conjunto.”

(PINDYCK; RUBINFELD, 2002, p. 292).

A partir disto, há situações importantes onde acontecem falhas de mercado,

uma delas, as externalidades. Além das externalidades podem ser destacadas

outras falhas, a saber: (1) poder de mercado; (2) informações incompletas ou

assimétricas; (3) bens públicos, entre outras. (PINDYCK e RUBINFELD, 2002).

Pindyck e Rubinfeld, (2002, p. 632) observam que “devido ao fato de as

externalidades não estarem refletidas nos preços de mercado, elas podem se tornar

uma causa da ineficiência econômica”.

Sandroni (1999, p.193) define externalidade ou economias externas como:

Benefícios obtidos por empresas que se formam (ou já existentes) em decorrência da implantação de um serviço público (por exemplo, energia elétrica) ou de uma indústria, proporcionando à primeira vantagens antes inexistentes. Por exemplo, a construção de uma rodovia pode permitir aos produtores agrícolas próximos custos de transporte mais baixos e acesso mais rápido aos mercados consumidores. A existência de economias externas permite em geral uma redução de custos para as empresas e significa uma importante alavanca do desenvolvimento econômico. Muitas empresas, antes de tomar a decisão de se instalar em determinados locais, avaliam seu potencial presente e futuro de economias externas. O contrário acontece quando a instalação de certas atividades traz aumentos de custos para as empresas ou afugenta clientes ou, ainda, desestimula a demanda de certos produtos. Nesse caso, ocorrem as “deseconomias externas”, como, por exemplo, quando indústrias contaminam com chumbo as pastagens e águas adjacentes: o leite produzido na região pode ter sua demanda em queda não apenas por constatar-se que o produto contém aquele metal, como pelo simples fato de que os consumidores, sabendo da origem do leite, se recusam a comprá-lo, por precaução.

As externalidades podem ser classificadas em dois tipos, quanto a sua origem:

(1) externalidades de consumo e (2) externalidades de produção. As externalidades

de consumo apontam uma situação onde determinado consumidor se preocupa

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diretamente com o consumo ou produção de outro agente econômico, enquanto que

a externalidade gerada a partir da produção “surge quando as possibilidades de

produção de uma empresa são influenciadas pelas escolhas de outra empresa ou

consumidor” (VARIAN, 2003, p. 671).

Será apresentado o conceito de valoração econômica ambiental, na luz da

economia neoclássica e da economia ecológica. O processo de valorar

economicamente os recursos naturais e os impactos gerados aos mesmos e que

métodos podem ser utilizados para auxiliar a ciência econômica nestes processos.

Justifica-se o estudo da valoração econômica ambiental, pois os aterros

sanitários geram impactos sobre o meio ambiente e sobre os recursos naturais.

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3 A VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

Exposto a definição de meio ambiente e recursos naturais, de forma geral e

sob a ótica econômica, este capítulo apresenta as duas principais correntes da

ciência econômica relacionadas à questão do meio ambiente e de seus recursos

naturais: (1) a economia ambiental, apoiada nos preceitos da economia neoclássica;

e (2) a economia ecológica que relaciona a economia e os recursos naturais com as

leis da termodinâmica.

Além de um breve histórico destas correntes econômicas, o capítulo apresenta

os métodos de valoração econômica ambiental de ambas e a importância de

mecanismos alternativos de valoração dos recursos naturais.

3.1 Valoração econômica ambiental: uma visão geral

A exploração dos recursos naturais, sem considerar seus estoques físicos e

sua recuperação temporal, é pauta na agendas dos governantes, bem como da

sociedade como um todo. As atividades econômicas, que tem no meio ambiente a

primeira fonte de matéria prima, podem afetar os estoques de recursos naturais,

caso seja mantido o padrão de consumo da geração presente em detrimento do

consumo das gerações futuras (MOTA, 2006; CANOAS, 2010).

Reflexo disto tudo são os resíduos produzidos como resultados das atividades

econômicas e humanas, os quais são depositados e assimilados pelo meio

ambiente, através da disposição em lixões ou aterros (sanitários ou controlados).

As questões relacionadas ao meio ambiente são pontos fundamentais das

agendas de políticas públicas. Além disso, é incontestável que os impactos

ecológicos, gerados pelo atual padrão de desenvolvimento econômico, não mais

afetam apenas as condições de vida de segmentos específicos e ou limitados da

população em determinados pontos do planeta, mas também já atingem em outra

magnitude, afetando populações e regiões inteiras (ROMEIRO, 2001).

Desta forma, a valoração econômica ambiental torna-se um instrumento

importante no auxílio às questões relacionadas ao meio ambiente e seus recursos

naturais, quando utilizada como “[...] ferramenta de decisão de políticas públicas

ambientais [...]” (MOTA, 2006, p.9).

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A valoração econômica ambiental pode ser entendida como “[...] um conjunto

de métodos úteis para mensurar os benefícios proporcionados pelos ativos naturais

e ambientais, os quais se referem aos fluxos de bens e serviços oferecidos pela

natureza às atividades econômicas e humanas.” (MOTA, 2006, p. 9).

Segundo Motta (1998), a determinação do valor econômico de um recurso

ambiental significa estimar o valor em termos monetários deste em relação a outros

bens e serviços disponíveis na economia.

Outro conceito complementar é proposto por Ortiz (2003, p. 81) onde:

A valoração econômica ambiental busca avaliar o valor econômico de um recurso ambiental através da determinação do que é equivalente, em termos de outros recursos disponíveis na economia, que estaríamos (os seres humanos) dispostos a abrir mão de maneira a obter uma melhoria de qualidade ou quantidade do recurso ambiental.

Apesar do conceito de valoração econômica ambiental apresentar consenso e

semelhanças entre os autores, suas abordagens refletem uma diversidade, seja pelo

enfoque em que se apresentam, seja pelos métodos utilizados.

A valoração ambiental é vista de formas e olhares diferentes pela ciência

econômica, bem como por outras ciências como a biologia, a ecologia. Assim,

relacionam-se algumas das diversas visões, compreensões e correlações da

valoração ambiental.

Segundo Marques e Comune (2001), algumas correntes econômicas

destacam-se no intuito de desenvolver conceitos, métodos e técnicas para calcular

os valores econômicos detidos pelo meio ambiente, São a economia do meio

ambiente e dos recursos naturais, alicerçada na economia neoclássica; a economia

ecológica, apoiada nos fluxos de energia líquida dos ecossistemas e a economia

institucionalista, a qual aborda a questão relacionado com custos de transação

incorridos por diversos elementos (instituições, comunidades, agências, público em

geral) do ecossistesma, buscando determinada qualidade ambiental.

Outro esquema das relações do meio ambiente e dos impactos, por este

sofrido, com diversas áreas é apresentado por Faucheux e Noël (1995).

Segundo esses autores quatro paradigmas concentram as ações na

problemática do meio ambiente e dos recursos naturais. São elas:

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a) a primeira é tida como uma atitude extremista, centrada na preservação

integral da biosfera, onde nada do que constitui a mesma deve ser

prejudicado pelas ações do homem;

b) a segunda é o domínio da eficiência econômica e seu instrumento

privilegiado, através da análise de custo-benefício, fundamenta-se no

utilitarismo e nos direitos de propriedades, a fim de permitir que o mercado

regule a exploração dos recursos naturais;

c) a terceira tem o homem no centro das ações que buscam conservar uma

base dos recursos naturais, vendo nestes uma barreira para o crescimento

econômico, que por sua vez deve parar. Assume assim uma visão de

crescimento zero ou estacionário, considerando questões éticas

intergerenciais que levam a sacrificar o crescimento presente em benefício

da geração futura; e

d) o quarto paradigma está estruturado no desenvolvimento sustentável e vê

nos recursos e nos problemas ambientais um obstáculo ao crescimento

econômico, porém acredita na possibilidade da definição de uma barreira a

ser respeitada e de uma utilização correta dos instrumentos econômicos de

incentivo.

Uma terceira proposta de sistematização da correlação da valoração ambiental

com outras áreas é apresentada por Mota (2006, p. 38), onde apresenta o

[...] problema da valoração econômica ambiental com as questões da sustentabilidade biológica e ecológica dos recursos naturais, como estratégia de defesa do capital natural, como subsídio à gestão ambiental e pelos aspectos econômicos.

Em sua obra Mota (2006) explana de forma sistêmica a valoração dos recursos

naturais em diversas dimensões como a biológica, a econômica, a ecológica, a da

gestão ambiental e também uma dimensão estratégica de defesa do capital natural.

Assim apresentam-se as cinco correlações propostas pelo mesmo.

A primeira dimensão refere-se à valoração dos recursos naturais analisada sob

a ótica da sustentabilidade biológica, a qual apresenta dois eixos essenciais: (1)

cadeia alimentar e matriz de suprimentos; e (2) proteção dos recursos naturais.

Para Mota (2006) somente é sustentável tudo aquilo que consegue manter-se

frente a qualquer fenômeno natural climático extremo e às atividades

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econômicas/humanas, pois qualquer desvio, em um dos elementos de um

ecossistema, pode ser motivo para desequilibrar o mesmo, desviando-o de seu

estado homeostático inicial.

Assim, a valoração dos recursos naturais analisada, sob esta dimensão,

aborda a questão da cadeia alimentar e o processo de simbiose entre as espécies,

bem como os diversos aspectos da sustentabilidade dos recursos naturais. A

estruturação da dimensão da sustentabilidade biológica pode ser expressada pela

figura 1 que segue.

Figura 1 – A valoração dos recursos naturais e a sustentabilidade Fonte: Mota, 2006, p.38.

Outra dimensão importante é a ecológica. Devido ao crescimento das

atividades econômicas/humanas e sua inter-relação com o meio ambiente, uma

série de transtornos relacionados à manutenção de diversas espécies tem surgido.

Assim a dimensão ecológica abre um debate sobre a importância do valor monetário

do meio ambiente e seus recursos naturais, o qual possibilita sinalizar impactos de

atividades no suporte e a resiliência dos ativos naturais, via medidas mitigadoras

(MOTA, 2006).

Desta forma, a valoração dos recursos naturais vista pelo enfoque ecológico é

a segunda dimensão apresentada por Mota (2006) e divide-se em dois eixos: (1)

capacidade de suporte e de resiliência; e (2) ações mitigadoras, conforme a figura 2.

Sustentabilidade Biológica

Cadeia Alimentar e Matriz de

Suprimentos

Proteção dos Recursos Naturais

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Figura 2 – A valoração dos recursos naturais vista pelo enfoque ecológico Fonte: Mota, 2006, p .43.

A terceira dimensão analisada por Mota (2006) refere-se à valoração dos

recursos naturais como estratégia de defesa do capital natural. As gerações futuras

têm o direito de usufruir dos recursos naturais com a mesma qualidade e quantidade

que a geração presente. O estoque de capital natural apresenta uma função

estratégica para os países, assim sua degradação deve ser objeto de constantes

avaliações e contabilizações no produto nacional bruto dos países. Esta dimensão

compõe-se em duas vertentes: (1) estoque de capital natural; e (2) função

estratégica, conforme a figura 3.

Figura 3 – A valoração dos recursos naturais e a defesa do capital natural Fonte: Mota, 2006, p. 46.

A valoração dos recursos naturais como forma de subsídio para a gestão

ambiental se configura como a quarta dimensão apresentada por Mota (2006) e que

também está subdivida em duas partes, a saber: (1) ética do meio ambiente; e (2)

formulação de políticas públicas ambientais.

Enfoque Ecológico

Capacidade de Suporte e Resiliência

Ações Mitigadoras

Defesa do Capital Natural

Estoque de Capital Natural

Função Estratégica

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Na tomada de decisão, os gestores públicos consideram a análise custo-benefício como mero suporte para a seleção de políticas. Ocorre que as políticas são selecionadas levando-se em conta somente variações econômicas, mas se sabe que as variáveis ambientais são de grande importância no processo de escolha, portanto, na gestão do meio ambiente, deve-se contemplar, obrigatoriamente, a questão da ética e da formulação de políticas públicas [...]. Desse modo, a análise custo-benefício constitui-se em uma regra de importância especial para o processo de tomada de decisão de uma comunidade democrática. (DORFMAN10 apud MOTA, 2006, p. 51).

A figura 4 apresenta de forma sistemática a relação dos dois eixos.

Figura 4 – A valoração dos recursos naturais como subsídio à gestão ambiental Fonte: Mota, 2006, p. 52.

Por último, apresenta-se a relação da valoração dos recursos naturais com os

aspectos econômicos. Para Mota (2006, p.55) “está claramente evidenciado que os

mercados econômicos não representam o ponto ótimo no que se refere à alocação

dos recursos”.

Como exposto no capítulo anterior, diversas são as falhas de mercado

(externalidades, assimetria de informações, dentre outras) e além disso, o mesmo

autor menciona que os mercados padrões não contemplam os ativos naturais

(HACKETT11 apud MOTA 2006).

Mota (2006), subdivide a relação valoração ambiental e aspectos econômicos

em quatro vertentes: (1) estimação de preços; (2) mensuração monetária das

externalidades; (3) internalização de custos ambientais; e (4) indenizações judiciais.

O esquema é exposto na figura 5.

10 DORFMAN, Robert. An introduction to benefit-cost analysis. In: DORFMAN, Robert; DORFMAN Nancy S. Economics of the environment : selected readings. 3ª ed. New York: W. W. Norton & Company, 1993. 11 HACKETT, Steven C. Environmental and natural resources economics : theory, policy and the sustainable society. New York: M. E. Sharpe, Inc., 1998.

Gestão Ambiental

Ética do Meio AmbienteFormulação de Políticas

Públicas Ambientais

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Figura 5 – A valoração dos recursos naturais pelos aspectos econômicos Fonte: Mota, 2006, p. 55.

A partir do exposto, observam-se semelhanças entre as dimensões

apresentadas pelos autores. Há um consenso nas áreas que se relacionam com a

valoração ambiental, nem sempre divididas das mesmas formas, contudo os três

autores apresentados aqui, destacam a economia neoclássica e a economia

ecológica como paradigmas que discutem o meio ambiente e a utilização dos seus

recursos naturais, tendo como foco a questão econômica.

Para Mota (2006), a valoração dos recursos naturais passa através das

decisões públicas ambientais, subsidiando análises de custos causados ao meio

ambiente, estimando os benefícios dos usuários de recursos naturais e auxiliando o

gestor público nos processos de tomadas de decisões. Significa, também, atribuir

preço para algo que tem dimensão transcendental, sistêmico e sujeito às

contingências econômicas, antrópicas e das leis naturais.

A partir da apresentação das diversas dimensões a cerca da valoração

econômica ambiental, enfoca-se duas correntes do pensamento da economia

ambiental: a valoração dos recursos naturais sob a ótica econômica e sob o enfoque

ecológica

A figura 6 apresenta o fluxo dos recursos naturais propostos na economia

padrão (economia neoclássica) e na economia ecológica.

Aspectos Econômicos

Estimação de Preços

Mensuração monetária das Externalidades

Internalização de Custos

Ambientais

Indenizações Judiciais

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Figura 6 – Esquema da economia padrão e da economia ecológica

Fonte: Pillet, 1993, p. 203.

Na primeira parte (a) da figura o fluxo começa pela entrada de recursos

naturais (input) que passam pelos diversos processos de transformação (indústria) e

terminam como bens e serviços (output) a serem consumidos pelos indivíduos.

Assim a indústria absorve os recursos naturais transformando-os em bens e

serviços demandados pelos consumidores que ao fim do seu consumo geram um

resíduo, que por sua vez deverá ser retornado ao meio ambiente. É um sistema

fechado.

Já a segunda parte (b) apresenta os fluxos da economia ecológica. O esquema

organizacional expressa a restrição macroecológica em economia, funcionando

semelhante às leis da física, deixando ir abaixo o sistema quer no caminho ótimo

quer no caminho da irreversibilidade. O throughput representa a escala

macroeconômica, do sistema, o output representa o ambiente e o input a escala

macroecológica (PILLET, 1993).

Isto posto, apresenta–se a seguir as escolas neoclássica e ecológica

relacionadas com a valoração econômica ambiental dos recursos naturais e dos

impactos gerados por meio das atividades econômicas e humanas, bem como seus

INPUT OUTPUT

Indústria

Indústria

TRHOUGHPUT OUTPUT INPUT

Reciclagem Fon

te

a) Economia padrão

b) Economia ecológica

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métodos. Contudo, antes desta explanação faz-se um breve apanhado sobre a

natureza do valor econômico ambiental e, de forma simplificada, algumas

referências e enfoques são apresentados para poder se compreender os métodos

de valoração ambiental.

3.2 A natureza do valor econômico dos recursos natu rais

Para que o valor econômico dos recursos naturais possa ser determinado, é

necessário compreender quais são bases para a determinação desse valor. No

manual de valoração econômica dos recursos naturais Motta (1998, p. 25) apresenta

uma questão: “[...] como identificar este valor econômico?”.

Para Motta (1998) devem-se perceber dois fatos para a identificação do valor

econômico de um recurso ambiental: (1) o valor econômico dos recursos naturais é

derivado de todos os seus atributos e (2) que estes atributos podem estar ou não

associados a um uso. Portanto, o consumo de um determinado recurso natural é

realizado via o seu uso ou o seu não uso.

Complementando com Marques e Comune (2001), esses descrevem que o

valor de bens e serviços relacionados com os recursos naturais é caracterizado pela

natureza diferenciada de suas fontes originárias. Assim, o quadro a seguir apresenta

sistematicamente os conceitos de valor de uso e de valor de não-uso. Já a figura

que o segue expressa o fluxograma relacionando o uso e o não uso dos recursos

naturais.

1 Valor de Uso 2 Valor de Não -Uso

1.1 Valor de Uso 1.2 Valor de Opção

bens e serviços

ambientais de usos

diretos e indiretos

a serem

apropriados e

consumidos no

futuro

2.1 Valor de

Existência

valor não associado

ao uso atual ou

futuro e que reflete

questões morais,

culturais, éticas ou

altruístas.

A) Direto

bens e serviços

ambientais apropriados

diretamente da

exploração do recurso

e consumidos hoje

B) Indireto

bens e serviços

ambientais que são

gerados de funções

ecossistêmicas

apropriados e

consumidos

indiretamente hoje

Quadro 1 - Taxonomia geral do valor econômico do recurso natural Fonte: Motta, 1998, p. 27.

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Figura 7 – Valor econômico total do ambiente Fonte: Pillet, 1993, p. 222.

Segundo Mota (2006), dado que os gestores púbicos não somente decidem

baseados em modelagens somente técnicas, mas também fazem uso de princípios

éticos, faz-se necessário abarcar o discurso da ética nas ciências e nas leis, como

suporte à tomada de decisão, pois essa auxilia na resolução de conflitos potenciais e

insere nas decisões o julgamento ético, tendo em vista que muitas informações

contem incertezas e precisam ser tratadas sob diferentes juízos de valor.

Neste sentido, o mesmo autor apresenta alguns dos enfoques pelos quais o

valor dos recursos naturais pode ser analisado: o antropocentrismo, o biocentrismo e

o ecocentrismo.

a) O antropocentrismo: considera o homem o centro do universo e que a ele são destinadas todas as coisas. Assim, o processo de escolha fundamenta o valor intrínseco e é interpretado em termos de preferências a serem satisfeitas, que são as necessidades do homem, e são medidas pelo seu bem-estar. Trata-se de um enfoque que é puramente econômico e se

Atual

BENS E SERVIÇOS DE AMBIENTE

• Recurso

• Assimilação

• Utilidade

Não-Uso Uso

Futuro

Valor de Existência

Valor de Opção

Valor de Uso

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baseia no raciocínio simplista de que os recursos naturais são apenas um apêndice dos mercados convencionais [...]. A teoria utilitarista baseia-se na psicologia da escolha e das ações humanas, em que os indivíduos buscam maximizar a sua função utilidade [...]. b) O biocentrismo: relaciona-se com a “justiça biótica” que atribui importância a todos os seres vivos, não considerando o aspecto puramente utilitarista do antropocentrismo estreito como gerador de bem-estar humano, ou seja, o biocentrismo está centrado no raciocínio moral. A justiça biótica considera a questão do risco do recurso natural como elemento importante de avaliação e, por isso, questiona vários paradigmas clássicos do valor [...] c) O ecocentrismo: baseia-se na “ética da terra” e assume um enfoque sistêmico que ajuda a entender como o sistema biótico sobrevive e se modifica, sinalizando que o valor é guiado por essa perspectiva [...]. Por essa perspectiva, a ótica da terra adquire um forte apelo biológico e sugere uma forma de antídoto para as metodologias individualistas, baseadas no utilitarismo antropocêntrico [...]. O valor, por esse enfoque, alcança uma dimensão que não é somente econômica, mas também de senso filosófico. A ética ecocêntrica considera que os seres humanos devem usar o meio ambiente de tal maneira que respeitem a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica (MOTA, 2006, p. 83).

Segundo Marques e Comune (2001), há uma disputa no campo das teorias que

buscam valorar os recursos naturais entre economistas e ecólogos. Contudo, existe

uma proposta que contempla basicamente valores referentes aos ecossistemas e

seu papel como provedor de bens e serviços via três definições: (1) valor que

abrange todos os bens e serviços ambientais que são transacionados diretamente

pelo mercado; (2) bens e serviços ambientais que não apresentam um preço

explícito, mas os seus valores são determinados via um mecanismo político de

negociação e acordo; e (3) o valor cujos componentes são excluídos do mecanismo

institucional de determinação de valor.

A partir do exposto, procura-se abordar a ótica da economia neoclássica e da

economia ecológica, em relação à valoração econômica ambiental, buscando

apresentar os diversos métodos de valoração econômica ambiental.

3.3 Economia neoclássica e a VEA

A valoração dos recursos naturais sob a ótica econômica neoclássica está

ligada a racionalidade econômica.

A economia neoclássica oferece opções metodológicas para se efetuar valoração de elementos da natureza. Dessa forma, a Economia do Meio Ambiente está profundamente assentada nos princípios de racionalidade e de mecanismo de mercado. Os equilíbrios necessários ao escopo analítico são alcançados através das relações entre custos e benefícios, através da valoração monetária (SPRICIGO; MONTEIRO; SILVA, 2006, p.228)

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A teoria neoclássica, através de um de seus ramos, a teoria da escolha do

consumidor, tem nessa o ponto fundamental para a valoração dos recursos naturais,

dado que para os neoclássicos o consumidor é o centro no processo de consumo e

baseia as suas decisões nas suas preferências individuais, ordenando-as de acordo

com a utilidade de bens e serviços e sujeitando estas mesmas preferências de

consumo a sua restrição orçamentária (renda) (MOTA, 2006).

Para Mota (2006, p.71), a utilidade de um bem ou serviço “é o grau de

satisfação de uma pessoa ao consumir algo”.

Complementando com Pindyck e Rubinfeld (2002, p.73) a utilidade “se refere

ao valor numérico que representa a satisfação que o consumidor obtém de uma

cesta de mercado”.

Segundo Mota (2006) não é apenas a utilidade do bem ou serviço que

influência o consumo, mas também o comportamento e sentimento do indivíduo. A

utilidade quando referente ao meio ambiente apresenta uma visão míope.

A utilidade de um bem ou serviço, como dito, está ligada a satisfação que os

mesmos podem ou não proporcionar no seu consumo a quem lhe adquiriu.

A satisfação refere-se à menor ou maior utilidade que uma cesta de mercado pode proporcionar ao consumidor, que a escolhe de acordo com o maior grau de utilidade que ela lhe fornece, indicando assim, sua preferência por tal cesta (MOTA, 2006, p. 72).

Cada pessoa escolhe uma determinada cesta, composta por bens e serviços

que melhor lhe convém, que apresente maior quantidade de utilidade e satisfação.

As escolhas das cestas estão baseadas nas preferências individuais do consumidor

que por sua vez estão baseadas em três premissas: (1) são completas; (2) são

transitivas; e (3) são desejáveis (MOTA, 2006; PINDYCK, RUBINFELD, 2002).

Segundo a teoria da escolha do consumidor, o preço é determinado pela

utilidade que um bem ou serviço apresentam. Assim para a economia neoclássica o

preço dos recursos naturais, deveria então, ser determinado via mecanismo de

preço.

Singer (1983, p.13, grifo do autor) descreve que “a teoria do valor-utilidade

parte da relação entre uma necessidade humana e o serviço ou objeto que a

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satisfaça. [...] posso valorizar os objetos de acordo com minha preferência subjetiva.

A teoria do valor-utilidade parte de um comportamento subjetivo”.

O que o consumidor pretende ao consumir determinada cesta de mercado

composta por bens e serviços que atenderão as suas necessidades é atingir seu

bem-estar, o qual então é representado pelo excedente do consumidor, que por sua

vez pode ser representado pela área que está localizada acima do preço de

equilíbrio e abaixo da curva de demanda, isto é, é a diferença entre o preço que está

disposto a pagar e o preço que realmente paga para adquirir (MOTA, 2006).

Segundo Mota (2006) o excedente do consumido pode ser considerado um

conceito muito útil para a análise de implantação de uma política pública ambiental.

A limitação da teoria neoclássica, especificamente da teoria do consumidor, é traduzida pela expressão coeteris paribus. Ao revelar a preferência por uma cesta X, o usuário de um recurso natural está declarando a sua escolha em um ponto no tempo, sob condições restritivas, sujeitas a mudanças na sua escala de valores, em seu ponto de vista ético e em sua atitude em relação ao meio ambiente. Isso significa que o processo de escolha é estático, reducionista e tempestivo, e que o usuário comporta-se de acordo com a ocorrência de fatos determinísticos e com a quantidade de informações que lhe são acessíveis. (MOTA, 2006, p.75, grifo do autor).

Ainda segundo Mota (2006, p.76) as preferências dos consumidores podem ser

afetadas por dois efeitos: o efeito demonstração e o efeito ostentação. O primeiro

caracteriza-se “[...] pela imitação, pela solidariedade e pela compaixão”. Em

determinadas pesquisas é observado o efeito demonstração na disposição a pagar

por parte dos usuários em relação aos recursos naturais, pois alguns usuários

atribuem o preço em função da opinião de terceiros ou também como uma atitude

sensível, no que tange as questões ambientais.

Já o efeito ostentação apresenta dois fenômenos um “[...] refere-se ao usuário

que se declara disposto a pagar uma quantia desproporcional ao seu rendimento

mensal”. E o outro é o “pegador de carona” que “[...] refere-se ao usuário que oculta

a sua disposição de pagar já que outro usuário lhe proporcionará o benefício de

usufruir do recurso natural” (MOTA, 2006, p.76).

Os usuários de um recurso natural não expressam suas preferências somente

à luz de variáveis socioeconômicas, mas também à luz de fatores antropocêntricos,

éticos, comportamentais, e atitudinais (MOTA, 2006, p.10).

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3.4 Economia ecológica e a VEA

A valoração dos recursos naturais sob a ótica econômica ecológica está ligada

a uma relação macro, onde a economia é parte de um sistema aberto. A economia

ecológica.

A economia ecológica reconhece, antes de mais nada, empiricamente que os actos econômicos, para além do comportamento do homo oeconomicus e das relações sociais do mercado, correspondem a uma utilização material, energética e viva do ambiente em que esta utilização é, fundamentalmente, uma destruição criadora (Passet). Reconhece, em seguida, racionalmente que o mercado não decide a escala à qual utiliza o ambiente e que desta interrelação resultam restrições globais. No total, reconhece de facto – embora possa parecer surpreendente – que o ambiente é a economia. (PILLET, 1983, p. 201, grifos do autor)

Cechin e Veiga (2010, p.33) destacam que uma das principais diferenças da

economia ecológica em relação a economia neoclássica “[...] está em seus

respectivos pontos de partida”. Contudo, de forma geral os autores apresentam e

destacam uma inter-relação entre a economia ecológica e a economia neoclássica.

A economia neoclássica vê a economia como um todo e a natureza e seus

recursos naturais como parte da macroeconomia. Já a economia ecológica é o

inverso, onde “[...] a macroeconomia é parte de um todo bem mais amplo, que a

desenvolve e a sustenta [...]” (CECHIN; VEIGA, 2010, p.33-34).

Para Mota (2006, p.77) existe entre a economia ecológica e a economia

ambiental uma inter-relação sistêmica e complementar. Enquanto que a economia

ecológica está focada nas relações entre os ecossitemas e o sistema econômico, a

economia ambiental por sua vez “[...] parte do princípio de que o mercado é capaz

de internalizar os custos ambientais e de permitir a alocação eficiente dos recursos”.

Segundo Constanza (1994, p. 111) “a economia ecológica é uma nova

abordagem transdisciplinar que contempla toda a gama de inter-relacionamentos

entre os sistemas econômico e ecológico”.

Ainda para Constanza (1994) há um nível de consciência no que tange uma

ameaça a sustentação do sistema global ecológico, bem como de que modelos e

conceitos tradicionais da economia e da ecologia não mais satisfazem condições

para abarcar os problemas relacionados ao meio ambiente.

Cavalcanti (2004, p. 151) enfatiza a natureza como fonte essencial e

insubstituível da vida, bem como “[...] derradeiro escoadouro de sujeira [...]” .

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Toda atividade humana, qualquer que seja ela, incide irrecorrivelmente no ecossistema, quer pelo lado da extração de recursos (caso em que a natureza funciona como fonte), quer pelo do lançamento de dejetos sob a forma de matéria ou energia degradada (caso em que atua como cesta de lixo).

A partir disto o autor evidencia que o processo econômico, o qual atua dentro

de um subsistema aberto e que se relaciona com ecossistema global, deve ter e

respeitar limites quer seja o fornecimento de recursos, quer seja a absorção dos

dejetos oriundos dos processos de produção e consumo (CAVALCANTI, 2004).

Segundo Constanza (1994) as economias ecológica e convencional, bem como

a ecologia convencional diferem-se em termos de amplitude e de importância

atribuída ao meio ambiente .

A figura 8 mostra a relação entre as subdisciplinas da economia, da ecologia e

da economia ecológica.

Figura 8 - Os domínios da economia convencional, ecologia convencional, economia ambiental e dos recursos naturais e economia ecológica.

Fonte: Constanza, 1994, p.114.

O primeiro quadrante (inferior esquerdo) representa o domínio habitual da

economia dos recursos naturais. O segundo (superior esquerdo) representa o

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domínio da economia convencional. O terceiro (superior direito) representa o

domínio da economia ambiental. O quarto (inferior direito) representa o domínio da

ecologia. E globalmente a economia ecológica transcende os limites disciplinares

vendo a economia humana como parte de um todo maior (Constanza, 1994).

Para auxiliar na diferenciação da Economia Convencional, Ecologia

Convencional e Economia Ecológica, se trás uma comparação entre as três,

proposta por Constanza no quadro 2.

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38 Economia Convencional Ecologia Convencional Economia Ecológica

Visão básica de

mundo

Mecanicista, estática, atomística;

Gostos e preferências individuais tomados conforme

expressas e consideradas como a força dominante;

A base de recursos considerada como sendo

essencialmente ilimitada devido ao progresso técnico

e substituibilidade infinita.

Evolucionária, atomística;

Evolução atuando em nível genético considerada força

dominante. A base de recursos é limitada. Seres

humanos são só mais uma espécie, mas raramente

estudada.

Dinâmica, sistemática, evolucionária;

Preferências humanas, compreendendo que a tecnologia e

organização co-evoluem para refletir amplas oportunidades

e limitações ecológicas. Seres humanos são responsáveis

por compreenderem seu papel dentro do sistema maior e

por gerenciarem-no para a sustentabilidade

Quadro temporal Curto;

50 anos no máximo, 1-4 anos em geral.

Escala múltipla;

Dias e eras, mas escalas temporais muitas vezes

definem subdisciplinas que não se comunicam.

Escala múltipla;

Dias e eras, síntese em escala múltipla.

Quadro espacial Local e internacional;

Estrutura invariavelmente em escala espacial

crescente, unidades básicas mudam de indivíduos

para organizações e para países.

Local e regional;

Maior parte da pesquisa concentrada em sítios

relativamente pequenos dentro de um só ecossistema,

mas escalas maiores vêm-se tornando mais importante

ultimamente.

Local e global;

Hierarquia das escalas.

Quadro de espécies

consideradas

Apenas humana;

Plantas e animais apenas raramente incluídos para o

seu valor de contribuição.

Apenas não-humanos;

Tentativas de encontrar ecossistemas "primitivos",

intocados pelos seres humanos.

Todo o ecossistema, inclusive os seres humanos;

Considera as interconexões entre os humanos e o resto da

natureza.

Objetivo micro

principal

Max. lucros (organizações);

Max. utilidade (indivíduos);

Todos os agentes seguindo micro objetivo levam à

realização de macro objetivo. custos e benefícios

externos são superficialmente reconhecidos mas não

são geralmente levados em conta.

Max. sucesso reprodutivo;

Todos os agentes seguindo micro objetivo leva à

realização do macro objetivo.

Precisa ser ajustado para refletir os objetivos do sistema;

Organização social e instituições culturais em níveis mais

elevados da hierarquia espaço-tempo aperfeiçoam os

conflitos produzidos pela busca míope de micro objetivos

em níveis mais baixos e vice-versa.

Pressupostos sobre o

progresso técnico

Muito otimistas Disciplinar Transdisciplinar

Postura acadêmica Disciplinar;

Monística, enfatiza ferramentas matemáticas.

Mais pluralista do que a economia mais ainda

focalizando as ferramentas técnicas. Poucas

recompensas por um trabalho abrangente e integrador.

Pluralística, enfoque em problemas.

Quadro 2 – Comparação entre a economia e a ecologia convencionais e a economia ecológica. Fonte: Costanza, 1994, p.115.

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Segundo Mota (2006, p.79), as diversas atividades econômicas funcionam em

processos contínuos e que são “sustentadas pelo fluxo de energia e matéria de

baixa entropia, oriundas do meio ambiente”.

O ponto crucial é considerado a escala das atividades econômicas de produção

e consumo e dos recursos naturais, sendo que as leis da termodinâmica acabam por

estabelecer os limites para a utilização da energia nos processos de transformação

de ativos naturais em mercadorias (MOTA, 2006).

Com abordagem mais completa, a economia ecológica permite um melhor entendimento das leis da natureza, seu funcionamento e seu processo de interação com os diversos ecossistemas. Assim pode-se concluir que nenhuma teoria é completa e, por isso, se faz necessário a conjugação de pontos de vista multidisciplinar (MOTA, 2006, p.81).

A partir do exposto mostra-se a importância de haver mecanismos alternativos

para a valoração econômica ambiental de recursos naturais e de impactos e também

se apresenta métodos utilizados nos processos de valoração econômica ambiental.

3.5 A importância de mecanismos alternativos de val oração dos recursos naturais

Como visto não é possível dar preço a todos os bens e serviços via sistema de

mercado, pois este apresenta falhas. Contudo, foi colocado que os recursos naturais

podem ter seus preços determinados, porém não via este sistema. Assim será

apresentada a importância de se ter outros mecanismos que possam substituir o

sistema de preços e dar valor aos recursos naturais e aos impactos gerados aos

mesmos, em função da produção e consumo de bens e serviços.

Segundo Motta (2000, p.2),

O uso dos recursos ambientais gera custos externos negativos intra e intertemporais. Dadas as dificuldades técnica e institucional de definir direitos de propriedade entre contemporâneos e gerações presentes e passadas, o uso destes recursos não considera estas externalidades. Dessa forma, os preços de mercado ou os custos de uso destes recursos ambientais não refletem seu valor econômico (ou social).

Assim a valoração econômica ambiental, pode ser uma alternativa para auxiliar

no processo de precificação dos recursos naturais, quando da utilização dos seus

métodos para tal. Espera-se que instrumentos econômicos (IEs) atuem

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[...] no sentido de alterar o preço (custo) de utilização de um recurso, internalizando as externalidades e, portanto, afetando seu nível de utilização (demanda). Nas seções seguintes abordamos aspectos teóricos e práticos na aplicação dos IEs, experiências brasileiras já existentes e orientações para futuras iniciativas neste campo. À luz destes preceitos, analisamos, em seguida, exemplos internacionais e discutimos as recentes iniciativas no Brasil (MOTTA, 2000, p.2).

3.6 Os métodos de valoração econômica ambiental

Os métodos de valoração econômica ambiental objetivam medir as

preferências dos indivíduos por um recurso natural ou serviço prestado pelo meio

ambiente. Neste sentido, o que está recebendo “valor” são as preferências das

pessoas, relacionando a mudança de qualidade ou de quantidade ofertada dos

recursos naturais e não o recurso natural ou o meio ambiente. (ORTIZ, 2003).

No manual para valoração econômica de recursos ambientais, Motta (1998)

apresenta diversos métodos de valoração dos recursos ambientais, a saber: (1)

Método função de produção; (2) Método da produtividade marginal; (3) Método de

mercado de bens substitutos; (4) Método de função de demanda; (5) Método de

mercado de bens complementares; (6) Método de preços hedônicos; (7) Método do

custo de viagem; e (8) Método da valoração contingente.

Faucheux e Noël (1995) chamam os métodos de custo-vantagem e os divide

em métodos diretos e indiretos. Os métodos de avaliação direta da análise custo-

vantagem são os seguintes: (1) método dos preços hedônicos; (2) método dos

custos de viagem; e (3) método das avaliações contingentes.

A análise custo-vantagem é o mais conhecido e o mais utilizado dos métodos de apoio à decisão [...].Se for possível uma avaliação monetária das vantagens de uma política, por exemplo, sob a forma de uma avaliação dos prejuízos evitados, ou seja, dos prejuízos que teriam tido lugar na ausência de uma política, ou sua comparação com os custos determinados por esta política conduz àquilo a que se chama a análise custo-vantagem(análise custo-benefício) A comparação dos custos e das vantagens aparece em primeiro lugar com um índice de racionalidade das decisões tomadas em matéria de política ambiental. Se a avaliação dos custos d uma política não coloca demanados problemas, já que eles são, por natureza, diretamente expressos em termos monetários, falta ainda garantir que os custos monetários reflitam bem o valor, para a coletividade, dos recursos utilizados nesta política, logo o problema situa-se essencialmente ao lado da avaliação das vantagens(FAUCHEUX; NOËL, 1995, p. 261-262).

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Quanto aos métodos indiretos de avaliação, esses “[...] não procuram medir as

preferências reveladas pelo mercado por um dado bem ambiental” (FAUCHEUX;

NOËL, 1995, p. 273).

Os mesmo autores destacam que dever-se-ia utilizar métodos indiretos, dado

que não há efeito sem causa e que a relação de causa e efeito fundamenta os

métodos baseados na avaliação dose-resposta.

O método dose-resposta baseia-se na condição de que “[...] para muitas

actividades, a qualidade ambiental pode ser considerada com um factor de

produção” e apresenta duas fases de análises: (1) estabelecer a relação dose-

respota, ou seja, estimar a relação entre poluição e seus efeitos; e (2) realizar uma

avaliação do prejuízo sofrido, considerando a ajuda de valores mercantis

(FAUCHEUX; NOËL, 1995, p. 274).

Dentre todos os métodos utilizados serão destacados os seguintes métodos:

(1) método de preços hedônicos; (2) método de custo viagem e (3) método de

valoração contingente.

3.6.1 Método de preços hedônicos

O método de preços hedônicos: trata-se de procurar um mercado substituto no

qual são vendidos e comprados bens e serviços, cujas vantagens ou custos

ambientais representam atributos ou características. Um exemplo de valoração via

preços hedônicos pode ser o mercado imobiliário. Dentre as vantagens que

determinam o preço de um bem imobiliário, está a qualidade do meio ambiente, uma

vista agradável ou um ar puro. Um bom meio ambiente aumenta o prazer que se tem

com um terreno ou com um imóvel e, logo, o seu preço (FAUCHEUX; NOËL, 1995).

O método dos preços hedônicos tenta:

a) estabelecer a parte do meio ambiente nos diferentes preços dos bens imobiliários, b) determinar o custo de uma degradação do meio ambiente ou a vantagem resultante da sua melhoria, sob a forma do consentimento efectivo em pagar pelas características ou atributos ambientais exercidos pelos agentes econômicos no mercado imobiliário (FAUCHEUX; NOËL, 1995, p. 263). .

Ainda em Faucheux e Noël (1995), este consentimento em pagar exclui por

definição qualquer valor de não utilização.

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3.6.2 Método custo de viagem

O Método do custo de viagem

[...] estima uma demanda por E (bem ou serviço ambiental) com base na demanda de atividades recreacionais, associadas complementarmente ao uso de E que pode ser, p.ex. um sítio natural [...]. Basicamente, o custo de viagem representará, assim o custo de visitação do sítio natural (MOTTA, 1998, p.39).

Segundo Motta (1998), o método do custo de viagem não contempla o valor de

uso e de existência, pois somente consegue captar os valores de uso direto e

indireto relacionados ao recurso em estudo.

3.6.3 Método de valoração contingente

O Método da valoração contingente considera a disposição que um indivíduo

tem em pagar e aceitar os bens e serviços ambientais. Este método pode medir o

valor de existência e é recomendado seu quando:

(i) a determinação dos valores de uso por outros métodos não é satisfatória ou a determinação do valor de existência faz-se necessária e (ii) é possível definir com clareza os bens e serviços ambientais a serem hipoteticamente valorados, o que inclui o conhecimento sobre a relação entre o uso destes e os impactos na economia, bem como suas funções ecossistêmicas (MOTTA, 1998, p.51-52).

3.6.1 A metodologia para Aterros Sanitários

Apesar da diversidade de métodos disponíveis na literatura para valoração

econômica ambiental, não está disponível um método específico no que se refere a

valoração econômica para aterros sanitários. Assim identificou-se na literatura

disponível um trabalho, resultado de uma dissertação de mestrado que trata de

avaliar economicamente aterros sanitários simplificados, considerando os aspectos

ambientais (CAMPOS, 2008).

Tal método consiste em três etapas: (1) determinação do fator ambiental; (2)

determinação do valor do dano ambiental; e (3) fluxo de caixa e valor presente

líquido.

A primeira é a determinação do Fator Ambiental (FA), o qual é encontrado

segundo o check-list conforme o quadro 3.

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ASPECTOS PARÂMETROS DE AGRAVO CRITÉRIO PESO

1) Solo e

Subsolo apresenta sinais de erosão sim 0

não 1

alteração na capacidade de uso da terra sim 0

não 1

dano ao relevo sim 0

não 1

permeabilidade do solo k>10^-5 cm/s 0,1

10^-5>=k> 10^-6 cm/s 0,3

k<= 10^-6 cm/s 0,6

Total

2) Ar Proximidade de núcleos habitacionais d< 1.000m 0

d> =1.000m 1

Emissão de odores Intenso 0,1

Moderado 0,3

Fraco 0,6

Total

3) Água Aquífero subterrêneo

Foi comprometido sim 0

não 1

Profundidade p < = 1,5m 0,1

1,5m < p < 2m 0,3

p > = 2m 0,6

Requilíbrio Intervenção Humana 0

Natural 1

Utilidade do Aquífero

Consumo humano e/ou

animais e/ou irrigação 0,1

Recração, c/ contato

secundário 0,3

Não é utilizado 0,6

Mananciais Superficiais

Foi comprometido sim 0

não 1

Distância d< 200m 0

d > = 200m 1

Reequilíbrio Natural 0

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ASPECTOS PARÂMETROS DE AGRAVO CRITÉRIO PESO

Intervenção Humana 1

Utilidade do aquífero subterrÂneo

Consumo humano e/ou

animais e/ou irrigação 0,1

Recração, c/ contato

secundário 0,3

Não é utilizado 0,6

Gerou prejuízo financeiro à comunidade

local sim 0

não 1

Total

4) Paisagem Alteração na paisagem local - Impacto

visual sim 0

não 1

Existe projeto de readequação à paisagem

original não 0

sim 1

Total

5)Outros

Aspectos O Aterro possui galpão de triagem não 0

sim 1

A presença do Aterro gerou

desvalorização dos terrenos vizinhos sim 0

não 1

Presença de vetores transmissores de

doenças sim 0

não 1

Total

Somatório total (1+2+3+4+5)

Quadro 3 – Check-list de Avaliação Ambiental de AS.

Fonte: CAMPOS, 2008, p. 57-58

A segunda etapa é o cálculo do Valor do Dano Ambiental gerado pela

implantação do aterro sanitário, que pode ser calculado considerando a fórmula na

figura 9.

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Figura 9 – Equações para o cálculo do Valor do Dano Ambiental Fonte: CAMPOS, 2008

Onde:

a) VDA: Valor do Dano Ambiental

b) I: Investimento Inicial

c) Co: Custos operacionais e manutenção

d) FA: Fator ambiental.

O VDA deve ser incorporado ao fluxo de caixa como custo ambiental.

A terceira etapa é a análise econômica-financeira através do levantamento das

informações gerais do município, da análise de fluxo de caixa contendo as receitas e

despesas orçamentárias do município, a relação dos investimentos e custos relativos

às despesas envolvendo todas as etapas de implantação e o relatório final,

conforme figura 10.

Implantação mês 1 mês 2 mês 3 mês 4 [...] mês 12 Total

1) Entradas 1) Investimento Incial 2)Receita operacional

Saídas 1) Custos pré-operacionais

2) Custos Operacionais/Manutenção

3) Custos com Coleta de RSU

4) Custos com Impactos Ambientais

Fluxo de caixa - total do período Disponibilidade Figura 10 - Modelo de Fluxo de Caixa

Fonte: Adaptado de Campos, 2008.

O modelo de fluxo apresentado é utilizado no capítulo 4, como instrumento de

análise dos danos e custos ambientais do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras.

Neste sentido, o capítulo a seguir apresenta informações específicas do Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras.

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4 VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL DO ATERRO SANITÁRIO MUNICIPAL GUAJUVIRAS

Os resíduos sólidos hoje estão presentes no discurso dos gestores de grandes

centros urbanos. O aumento do consumo e produção industrial tem levado à

necessidade de ampliação e/ou criação de novas áreas para deposição desses

resíduos e de melhor controle dos custos de outros processos inerentes à limpeza

pública urbana.

O presente capítulo trata do objeto de pesquisa deste trabalho, o Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras, localizado na Fazenda Guajuviras, em Canoas/RS,

assim será relatado um histórico do município de Canoas, as características dos

resíduos sólidos urbanos gerados por seus habitantes, a história do surgimento do

aterro em questão e por fim serão apresentados os seus impactos e a avaliação e

qualificação destes.

4.1 Caracterização do município de Canoas e sua ger ação de resíduo sólido urbano

A cidade de Canoas foi criada pelo Decreto Estadual nº 7.839, em 27 de junho

de 1939 e em 15 de janeiro de 1940 foi instalado o município de Canoas com uma

área estimada de 131,1 km². O município pertence à Região Metropolitana de Porto

Alegre12 - RMPA, com 31 municípios, e ao COREDE13 Vale do Rio dos Sinos, o qual

por sua vez é composto por 14 municípios (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E

ESTATÍSTICA, 2010.

Canoas possuía uma população estimada em mais de 326 mil habitantes,

segundo dados de 2007 do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística – IBGE e

segundo critérios deste, o município é formado apenas por uma zona urbana,

inexistindo uma zona rural (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEORGRAFIA E

ESTATÍTICAS, 2010a).

A partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento –

SNIS, 99,86% da população foi declarada como atendida com coleta de resíduo

12 Segundo a Lei Complementar Federal nº 14. 13 Conselho Regional de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul

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domiciliar (RDO) em 2007 (SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE

SANEAMENTO, 2007).

O Produto Interno Bruto (PIB) foi de R$ 10.770.196 mil, em 2007. O setor de

serviços representou em 2007, 55,66% do PIB canoense, enquanto a indústria

31,81% e o setor primário não chegou a 0,5% do PIB segundo pesquisa realizada

pelo IBGE. A tabela 1 apresenta os valores brutos em reais do PIB de Canoas, bem

como PIB per capita (em reais) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2010a).

Tabela 1– Produto Interno Bruto de Canoas – Ano 2007

Descrição Valor Obs.

Valor adicionado bruto da agropecuária 3.066 mil reais

Valor adicionado bruto da indústria 3.425.879 mil reais

Valor adicionado bruto dos serviços 5.994.439 mil reais

Impostos sobre produtos líquidos de subsídios 1.346.813 mil reais

PIB 10.770.196 mil reais

PIB per capita 32.991 reais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010a.

Canoas apresenta o segundo maior PIB gaúcho, segundo a prefeitura

municipal. Os valores destinados aos três setores econômicos refletem, os

resultados das atividades econômicas do município, bem como o consumo14 da

população (famílias e empresas) canoense, sendo este um reflexo nos resíduos

sólidos urbanos (CANOAS, 2010).

Os municípios são responsáveis em dar destino final e adequado aos resíduos

sólidos urbanos, mais especificamente os resíduos domiciliares (RDO), gerados nos

limites de suas gestões. Fazem parte do serviço público de saneamento básico a

coleta, o transporte, o tratamento, e disposição final dos RDO (PHILIPPI JR.;

AGUIAR, 2005)

Dada a finalidade a que objetiva o presente trabalho, se apresenta a descrição

do serviço público de coleta de resíduos sólidos urbanos (RSU), a qual é composta

das seguintes etapas: recolhimento e acondicionamento, tratamento e destinação

final dos RSU. Além das etapas do serviço de coleta de RSU serão apresentados

14 Com base no fluxo circular da renda pode-se estabelecer a identidade macroeconômica básica onde: Produto Agregado=Despesa Agregada=Renda Agregada (LOPES; VASCONCELLOS, 2000).

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dados referentes à caracterização dos RSU, da Coleta e da disposição final de RSU

gerados no município de Canoas.

A figura 11 ilustra o caminho realizado pelo RSU, desde a sua geração na fonte

(famílias e empresas) até o seu destino final, no caso de Canoas, o Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras, isto é, como é realizado este serviço público de saneamento

básico no município.

Figura 11 – O caminho do RSU em Canoas

Fonte: Autoria própria, 2010.

O primeiro momento é o da geração do RSU, a partir do consumo de alimentos

in natura, industrializados, materiais de escritório, eletroeletrônicos, serviços de tele-

entrega, materiais descartáveis, entre outros. Aqui se dá a criação do lixo, a geração

do RSU, nas residências, nas empresas, nas indústrias, enfim, nas unidades de

produção, transformação e prestação de serviços que compõem a economia do

município.

O segundo passo é a coleta dos RSU, que em Canoas se dá em dois

momentos. Há no município, implantada a Coleta Seletiva que faz o recolhimento

dos materiais recicláveis em dias pré-determinados, e em dias alternados acontece a

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Coleta dos outros RSU, que deveria ser em sua maioria orgânico. Não cabe neste

trabalho a avaliação da efetividade ou não da Coleta Seletiva e sim mencionar a sua

existência para fins didáticos, ilustrando o funcionamento do caminho tomado pelos

RSU de Canoas, pois a efetividade do serviço de coleta seletiva está atrelada ao

nível de educação da população e que também não é discutido neste trabalho.

O material coletado pela coleta seletiva segue para os galpões de reciclagem

de Canoas, lá são triados e comercializados pelas associações e cooperativas

conveniadas com a prefeitura municipal. Após a triagem, é gerado o que se chama

de rejeito, ou seja, o material que durante o processo de triagem, não pode ser

aproveitado. Este rejeito é então enviado ao Aterro Sanitário Municipal Guajuviras.

Os outros RSU coletados nos domicílios, seguem direto para o Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras.

Antes de tomarem o seu destino (galpões de triagem ou aterro), os RSU são

pesados, pois a remuneração pelo serviço de coleta e de disposição final dos RSU é

feita por toneladas, à frente serão detalhados os custos e receitas envoltos à coleta

de RSU, este é o terceiro momento do lixo em seu caminho, antes da sua disposição

final.

O aterro também recebe, além dos RSU coletados nos domicílios de Canoas, o

que a Secretaria de Meio Ambiente chama de lixo extra-domiciliar, ou seja, lixo

proveniente de focos de limpeza com características domiciliares e que são

depositados em terrenos baldios, em locais impróprios e lixo com características

domiciliares, provenientes de grandes geradores (universidades, indústrias, entre

outros). O Engenheiro Civil, André Arnhold, técnico responsável pelo aterro de

Canoas, esclarece que um grande gerador, unidades que produzem mais de 100l de

RSU dia/unidade (SCHUTZ, 2010).

Para D’Almeida e Vilhena (2000) lixo e resíduo sólido significam a mesma

coisas. Neste sentido apresentam-se os conceitos de lixo e resíduo sólido conforme

a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT

O lixo pode ser definido como restos provenientes das atividades do ser

humano e são considerados por quem os gera como inúteis, indesejáveis ou

descartáveis, podendo apresentar-se em estado sólido, semi-sólido, ou semilíquido,

isto é, um conteúdo líquido insuficiente para que possa fluir livremente (ABNT,

2004).

Ainda para a ABNT os resíduos sólidos significam:

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[...] resíduos nos estados sólidos e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia prática disponível (ABNT, 2004, p.1-2).

O resíduo sólido pode ser classificado considerando diversos critérios, como

por exemplo: (1) por sua natureza física: seco e molhado; (2) por sua composição

química: matéria orgânica e matéria inorgânica; e (3) pelos riscos potenciais ao meio

ambiente: perigosos, não inertes e inertes (D’ALMEIDA e VILHENA, 2000) .

O quadro 4 apresenta a classificação de lixos segundo a sua periculosidade.

Categoria Característica

Classe I (Perigosos) Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente,

caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes

propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade.

Classe II (Não-inertes) Podem ter propriedades como: combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade, porém não se

enquadram com resíduo I ou III.

Classe III (Inertes) Não tem constituinte algum solubilizado em concentração

superior ao padrão de potabilidade de águas.

Quadro 4 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade Fonte: D’Almeida e Vilhena, 2000, p.29.

Outra maneira de classificar os resíduos sólidos, diz respeito a sua origem de

geração, podendo ser “[...] domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de

saúde e hospitalar, portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários,

industriais, agrícolas e entulhos.” (D’ALMEIDA; VILHENA, 2000, p.29).

Segundo Philippi Jr. e Aguiar (2005), a classificação dos resíduos sólidos

quanto a sua origem abrange as seguintes categorias: (1) resíduos sólidos

domiciliares; (2) resíduos sólidos industriais; (3) resíduos sólidos comerciais; (4)

resíduos sólidos de serviço de saúde; (5) resíduos sólidos de serviços de transporte;

e (6) resíduos soídos de construção civil. O autor destaca tal classificação por esta

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se apresentar adequadamente no auxílio da definição dos tipos de resíduos e os

riscos associados aos mesmos, e também as responsabilidades dos geradores.

Até agora se conceituou resíduo sólido de forma geral, neste momento é

apresentado conceitos mais específicos sobre os resíduos que são destinados ao

aterro sanitário. De modo geral os aterros recebem resíduos sólidos urbanos, ou

seja, “resíduos gerados nas atividades urbanas, tipicamente de origem residencial,

comercial e institucional.” (PHILIPPI JR; AGUIAR, 2005, p.277).

Por fim, os resíduos sólidos domiciliares são os resíduos “gerados nos lares ou

que quando gerados em outras atividades, possuem características compatíveis com

os gerados nos lares.” (PHILIPPI JR; AGUIAR, 2005, p.278).

A partir do conceito e da classificação dos resíduos apresentados, passa-se a

caracterizar os resíduos sólidos urbanos gerados no município de Canoas/RS.

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS apresenta

dados do ano de 2007 sobre os RSU do município de Canoas. No ano referido

foram coletadas 81 mil toneladas de RSU (resíduos sólidos domiciliares –RDO: 75,9

mil ton e resíduos sólidos públicos-RPU: 5,4 mil ton). A população canoense foi

declarada em 326 mil habitantes, gerando assim diariamente cerca de 680 gramas

de RSU por habitante (SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE

SANEAMENTO, 2007).

Ainda segundo o SNIS, Canoas recupera aproximadamente 1,1 mil ton/ano de

materiais, exceto matéria orgânica e rejeito, o que significa uma massa recuperada

de 3,3 kg/hab/ano. Do total de material recolhido pelo município 2,86% são

provenientes da Coleta Seletiva (SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE

SANEAMENTO, 2007).

A Tabela 2 apresenta a quantidade anualmente enviada ao Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras de RSU (RDO + RPU) e com características domiciliar,

provenientes de grandes geradores.

Os resíduos coletados e triados pela coleta seletiva, não estão aqui

computados, dado que esta tem sua gestão e armazenamento de dados separada

das informações do aterro. Salvo o rejeito15 que é coletado nas associações e

15 De todo o material coletado pela Coleta Seletiva do município de Canoas e enviado as associações e cooperativas conveniadas com a prefeitura, parte dele não pode ser aproveitado transformando-se em rejeito.

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cooperativas após processo de triagem e enviado ao aterro, este sim está

contemplado nos dados da tabela 2.

Tabela 2 - Quantidade anual de resíduos sólidos urbanos coletados – Período 1994

a 2006

Ano Quantidade (mil ton)

1994 34

1995 41

1996 48

1997 51

1998 57

1999 60

2000 58

2001 60

2002 61

2003 69

2004 68

2005 79

2006 61

Fonte: Adaptado de Vega Engenharia Ambiental, 2000b e DIEPE Instituto Canoas XXI, 2010.

Destaca-se que entre os anos de 2000 e 2006 estão contemplados os resíduos

sólidos com características domiciliares gerados em estabelecimentos comerciais e

industriais do município, ou seja, os grandes geradores. Enquanto que entre os anos

de 1994 e 1998 não há registros das quantidades encaminhadas ao aterro

municipal, por estes estabelecimentos, Em 1999, segundo informações da prefeitura

tem-se registro de que o aterro recebeu cerca de 8 toneladas de resíduos gerados

em estabelecimentos comerciais e indústrias cadastrados com a prefeitura (VEGA

ENGENHARIA AMBIENTAL, 2000b e DIEPE INSTITUTO CANOAS XXI, 2010).

Neste sentido, é possível dizer que a quantidade de RDO entre os anos de 1994 e

1999 é maior que o estimado na tabela apresentada.

A figura 12 mostra a evolução das quantidades de RDO gerados no município

de Canoas. Esta quantidade como se pode observar é gradativamente aumentada

ao passar dos anos, salvo alguns períodos em que há um salto e depois uma

diminuição, mas continuando evolução positiva, no sentido de quantidade gerada.

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Figura 12 - A evolução da quantidade de RDO em Canoas – Período 1994 a 2006. Fonte: Autoria própria, 2010.

Segundo o IBGE, em 2000, Canoas tinha aproximadamente 89 mil domicílios,

dos quais quase 100% tem o seu RDO coletado pelo serviço de limpeza e menos de

1% é queimado na propriedade, conforme mostra a tabela 3.

Tabela 3- Destinação do Lixo de Canoas por Moradores em Domicílios particulares

permanentes – Ano 2000

Destino do lixo

Domicílios particulares

permanentes (Unidades)

Domicílios particulares

permanentes (Percentual)

Moradores em domicílios

particulares permanentes

(Pessoas)

Moradores em domicílios

particulares permanentes (Percentual)

Total 89.604 100,00 304.976 100,00

Coletado 88.670 98,96 301.597 98,89

Coletado por serviço de limpeza

87.013 97,11 295.863 97,01

Coletado em caçamba de serviço de limpeza

1.657 1,85 5.734 1,88

Queimado (na propriedade)

551 0,61 2.103 0,69

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010b.

34

41

4851

5760 58 60 61

69 68

79

61

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Qua

ntid

ade

em m

il to

n

Anos

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54

A tabela 4 apresenta a composição qualitativa e quantitativa dos diversos

materiais em relação ao total de resíduos destinados ao aterro. A caracterização da

composição dos RDO foi realizada baseada nas amostragens para o Plano Diretor

de Resíduos Sólido da Região Metropolitana de Porto Alegre – PDRS, segundo

informações do Diagnóstico da Situação Atual do Aterro Municipal de Canoas,

elaborado pela empresa Vega Engenharia Ambiental S.A. em abril de 2000, onde é

afirmado que devido a falta de registros anteriores a 1994, das quantidades

dispostas no aterro não é possível saber ao certo a quantidade e a qualidade do

RSU lá depositado.

Tabela 4 – Composição quali-quantitativa dos resíduos sólidos domiciliares

destinados ao Aterro Municipal Guajuviras

Material Participação em %

Papel 8,42

Papelão 5,33

Plástico Filme 8,85

Plástico Oleofínico e Vinil 3,53

PET 1,34

Metais Ferrosos 3,16

Metais Não Ferrosos 0,63

Vidro 0,58

Tecido/Couro 3,55

Material Misto 7,02

Borracha 0,87

Madeira 0,65

Cerâmica 0,07

Resíduo Perigoso 0,48

Resíduo Séptico 0,13

Matéria Orgânica 55,39

Total 100

Total triáveis16 16,43

Fonte: Adaptado de Vega Engenharia Ambiental, 2000b.

16 Materiais passíveis de reciclagem que podem ser separados por catação manual em um processo industrializado ou semi-industrializado de larga escala e que são facilmente qualificáveis para a destinação das indústrias recicladoras.

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55

A figura 13 apresenta os mesmos dados, entretanto a partir da visualização

gráfica, para melhor apreciação da participação de cada material na composição

total dos resíduos.

Figura 13 – A participação total quali-quantitativa dos RSU em Canoas Fonte: Autoria própria, 2010.

A caracterização qualitativa e quantitativa dos RSU de Canoas, realizada pela

Empresa Vega Engenharia Ambiental S.A. considerou informações demográficas e

socioeconômicas do município para estratificar os setores sociais típicos do

município. E apontaram entre outros resultados, os seguintes: (1) aproximadamente

1/3 dos materiais é correspondente a recicláveis, o qual pode ser explicado por um

ligeiro aumento no poder de compra dos estratos mais baixos da população,

passando estes a consumir mais produtos que acabam resultando em descarte de

embalagens; (2) o volume de matéria orgânica diminui com a elevação do grau de

escolaridade e do nível de renda; (3) a quantidade de vidro é atipicamente baixa, e

pode ser explicada em função da existência de uma indústria de vidros em Canoas

que compra este material direto da população;

8,42

5,33

8,85

3,53

1,34

3,16

0,63

0,583,55

7,02

0,870,65

0,070,480,13

55,39

Papel

Papelão

Plástico Filme

Plástico Oleofínico e VinilPET

Metais Ferrosos

Metais Não Ferrosos

Vidro

Tecido/Couro

Material Misto

Borracha

Madeira

Cerâmica

Resíduo Perigoso

Resíduo Séptico

Matéria Orgânica

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4.2 Canoas e o Aterro Sanitário Municipal Guajuvira s

Após os devidos tratamentos realizados, sejam eles, triagem,reciclagem,

compostagem orgânica, incineração, os resíduos não tratados e os rejeitos oriundos

dos processos de tratamento devem finalmente serem dispostos no solo. Neste

sentido, duas são as alternativas para a disposição final dos RSU, os aterros

sanitários, como forma mais indicada e os lixões, áreas a céu aberto sem cuidados

técnicos ambientais (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2005; VEGA ENGENHARIA

AMBIENTAL, 2000a).

Segundo Philippi Jr. e Aguiar (2005, p. 288, grifo do autor), “os aterros

sanitários são obras de engenharia destinadas a acomodar os resíduos sobre o solo,

minimizando os impactos ambientais e os riscos à saúde.”

Os lixões são considerados a forma mais inadequada de disposição final de

RSU e que é caracterizado “pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de

proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.” (D’ALMEIDA; VILHENA, 2000, p.

251).

Há ainda uma situação intermediária, conforme Philippi Jr. e Aguiar (2005),

que são os aterros controlados e que o autor propõe a utilização do termo aterro

incompleto em substituição ao primeiro, dado que estes aterros recebem diariamente

uma cobertura de terra e não possuem sistemas que impermeabilizem o solo, ou

drenagem dos gases e líquidos provenientes da acumulação de resíduos.

Os aterros controlados são considerados técnicas de disposição final de

resíduos sólidos urbanos no solo que não causam danos ou riscos para a saúde

pública, dado que: “esta forma de disposição produz poluição, porém localizada,

pois, similarmente ao aterro sanitário, a área de disposição é minimizada.”

(D’ALMEIDA; VILHENA, 2000, p. 251).

Os mesmos autores ainda lembram que os aterros controlados não possuem

processos de impermeabilização do solo, o que pode ocasionar o comprometimento

das águas localizadas no subsolo, bem como não possuem tratamento do chorume

de gases gerados pelo acúmulo dos resíduos.

No curto prazo os aterros sanitários são considerados “as soluções sanitárias e

ambientalmente adequadas [...], para solucionar a questão dos resíduos sólidos

domésticos em cidades médias e grandes.” (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2005, p. 288).

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Os lixões e aterros sanitários apesar das diferenças técnicas ambientais,

apresentam alguns pontos em comum, por exemplo: (1) a localização retirada dos

centros urbanos; (2) o solo como recursos natural assimilador de dejetos; (3) a

distância de córregos, mananciais; (4) terrenos sem declividade, garantindo a

estabilidade do RSU depositados.

A tabela 5 apresenta o número de distritos com serviços de resíduos sólidos,

por unidades de destinação final do lixo coletado no ano 2000. Mostram a existência

de aterros, tanto em nível nacional, estadual como municipal.

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58

Tabela 5 - Número de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos, por unidades de destinação final do lixo coletado –

Ano 2000

Local Unidades de destinação final dos RDO e/ou RPU

Variável

Número de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos (Unidades)

Número de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos (Percentual)

Brasil

Total de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos 5.471 100,00

Vazadouro a céu aberto (lixão) 3.834 70,08

Vazadouro em áreas alagadas ou alagáveis 36 0,66

Aterro controlado 1.090 19,92

Aterro sanitário 817 14,93

Aterro de resíduos especiais 170 3,11

Usina de compostagem 251 4,59

Usina de reciclagem 183 3,34

Incineração 114 2,08

Rio Grande do Sul

Total de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos 459 100,00

Vazadouro a céu aberto (lixão) 149 32,46

Vazadouro em áreas alagadas ou alagáveis 1 0,22

Aterro controlado 183 39,87

Aterro sanitário 114 24,84

Aterro de resíduos especiais 47 10,24

Usina de compostagem 107 23,31

Usina de reciclagem 14 3,05

Incineração 9 1,96

Canoas - RS

Total de distritos com serviços de manejo de resíduos sólidos 1 100,00

Vazadouro a céu aberto (lixão) 1 100,00

Vazadouro em áreas alagadas ou alagáveis - -

Aterro controlado 1 100,00

Aterro sanitário - -

Aterro de resíduos especiais - -

Usina de compostagem 1 100,00

Usina de reciclagem 1 100,00

Incineração - -

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, 2010c17.

17 Nota do IBGE: Um mesmo município pode apresentar mais de uma unidade de destinação final dos resíduos sólidos coletados.

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59

A relação percentual de aterros sanitários e controlados no Rio Grande do

Sul é maior que o percentual geral no país, demonstrando que os RSU no Rio

Grande do Sul têm um destino final mais adequado em termos técnicos ambientiais.

4.2.1 A disposição final dos resíduos sólidos urbanos em Canoas

No município de Canoas, os RSU são depositados no Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras, o qual está localizado na Estrada do Nazário n. 3003, Fazenda

Guajuviras, com área total de aproximadamente 19 hectares. O seu licenciamento

está garantido pela LO n. 6079/2008, expedida pela Fundação Estadual de Proteção

Ambiental Henrique Luis Roessler (FEPAM), com vigência até 24 de agosto de 2012.

A Fazenda Guajuviras foi desapropriada em 1973, por conta de uma dívida

que as empresas da Família Renner tinham junto ao governo gaúcho da época.

Desta forma, a área foi doada ao estado para fins de quitação da dívida. A área

contava com aproximadamente 1 mil hectares, Parte de sua área foi destinada à

construção do conjunto habitacional Guajuviras. (PREFEITURA MUNICIPAL DE

CANOAS, 2003; SCHUTZ, 2010).

A fazenda era utilizada para fins de lazer e também para a exploração

econômica, com o cultivo de eucaliptos, os quais eram utilizados como fonte de

energia para os fornos das indústrias da família Renner (RITER, 1996).

A área que compreende hoje 558 hectares18 é a segunda parte da fazenda.

Em 1988 o governo estadual do Rio Grande do Sul envia um projeto19 para a

assembléia legislativa gaúcha que autoriza a transferências da Fazenda Guajuviras

para a Companhia de Desenvolvimento Comercial e Industrial do Rio Grande do Sul

(CEDIC). O objetivo do então governo gaúcho era construir um Distrito Industrial que

ocupasse quase toda área da fazenda. Tal decisão daquele executivo deu início a

uma luta para a preservação da Fazenda Guajuviras. Depois de anos de discussões,

em 1995 é aprovado o Projeto de Lei número 140/95, o qual prevê a destinação de

80% da área para a implantação de um Parque de Preservação Ambiental, sendo

que os outros 20% da área poderiam ser destinados a implantação de um Distrito

Industrial (RITTER, 1996).

18 Relatório Final, Comissão Especial Parque Estadual Guajuviras/Distrito de Canoas, Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 1990, p.8) 19 Lei número 8.786 de 28 de dezembro de 1998 (RITTER, 1996, p.17)

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Regionalmente , o Complexo tem importante papel a desempenhar no sentido de constituir-se num espaço aberto não urbanizado, dentro da estrutura urbana conurbada metropolitana que, nesta região, expandiu-se fortemente, permanecendo como um espaço disponível para oferecer as amenidades naturais que contribuem para elevar a qualidade de vida da população no entorno e talvez, do conjunto maior da RMPA (PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS, 2003, p.8)

É dentro desta área, na Fazenda Guajuviras, que se encontra localizado o

Aterro Sanitário Municipal Guajuviras. Antes de entrarmos no atual aterro municipal

será apresentado de forma breve o histórico da disposição dos RSU em Canoas.

Além do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras, Canoas tem um segundo aterro que

recebe resíduos da construção civil, é o Aterro Sanitário Jorge Lanner, localizado no

bairro Niterói.

A disposição dos RSU em Canoas inicia em um “aterro de lixo” localizado no

bairro Mato Grande, contudo não há dados da disposição de resíduos referentes ao

período de operação desta área. Posteriormente, também, sem informação de data,

a prefeitura adquiriu áreas para implantação de um “aterro controlado” na Rua Berto

Círio, s/nº, o qual foi desativado por volta de 1983 (CANOAS, 1996).

A destinação dos resíduos para o Aterro Sanitário Municipal Guajuviras teve

início na década de 1980, mais precisamente em 1983, quando da degradação

ambiental da área, por meio da extração de argila para serem utilizadas na

pavimentação das ruas do conjunto habitacional Guajuviras, o que fez surgir

enormes áreas, “bolsões”, além da abertura de “clareiras“, as quais são resultados

da exploração de madeira, da Fazenda (SCHUTZ, 2010; CANOAS, 1996).

A Figura 14 apresenta as áreas de destinação de resíduos sólidos urbanos,

descritas, utilizadas ao longo do tempo pela prefeitura municipal de Canoas.

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61

Figura 14 – Localização geográfica dos aterros de Canoas.

Fonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010

A área pontilha é refere-se ao possível aterro no Bairro Mato Grande, as áreas

marcadas com a cor vermelha são o Aterro Sanitário Municipal Guajuviras e o Aterro

Sanitário Jorge Laner, e outra área marcada em verde refere-se ao terreno na Rua

Berto Círio.

Os RSU começaram a ser dispostos nos espaços abertos pela exploração de

argila. A disposição continuada ultrapassou o nível natural do aterro, bem como

invadindo áreas desmatadas e assim caracterizando-se numa situação desprovida

de critérios técnicos ambientais, planejamento de uso e gerenciamento no controle

de qualificação dos resíduos, resultando no conhecido “Lixão de Guajuviras”

(CANOAS, 1996).

A disposição indiscriminada de RSU gerou diversas conseqüências ambientais

que motivaram denúncias resultantes em ações fiscalizadoras, orientadoras e

normativas da FEPAM e da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e

Regional - METROPLAM, bem como uma ação civil pública movida pelo Ministério

Público contra a Prefeitura Municipal para que a mesma tomasse medidas de

remediação da área e a implantação de um sistema novo com licenciamento

ambiental. Entre estas conseqüências destaca-se um incêndio no início da década

de 1990 (SCHUTZ, 2010; CANOAS, 1996; PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS,

2010).

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Com o incêndio a prefeitura teve que tomar providências em relação à área,

que deram início à operação de aterro controlado, no período de 1995 a 1998. No

mesmo ano, a área recebe então a licença de operação para aterro sanitário,

estando em operação até hoje, contudo o aterro tem sua licença é válida até

dezembro de 2010 (SCHUTZ, 2010; CANOAS, 1996; PREFEITURA MUNICIPAL DE

CANOAS, 2010).

Entre os anos de 1998 até 2000 a área era gerida pela Prefeitura Municipal

como aterro sanitário. Em 2000, foi aberto processo licitatório para a concessão a

uma empresa privada, cuidar dos serviços de limpeza pública e que incluía o

gerenciamento do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras. A Empresa que venceu a

licitação foi a Vega Engenharia Ambiental (SCHUTZ, 2010; CANOAS, 1996;

PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS, 2010).

Após a apresentação deste histórico das áreas de destinação final de RSU,

passa-se a relatar as características e estrutura do aterro em questão, o Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras, dado que este aterro bem como .os impactos

gerados e/ou evitados pela sua existência são o ponto central deste trabalho.

O aterro possui uma área total aproximada de 13 hectares e recebe

diariamente cerca de 280 toneladas de RSU, sendo que nas segundas-feiras e

terças-feiras a quantidade pode chegar a 310 toneladas, em função do fim de

semana.

A área destinada a disposição dos resíduos tem aproximadamente 30 metros

de altura, onde 15 metros abaixo do nível do terreno são os resíduos depositados

entre 1983 e 1994 e os outros 15 metros, acima do nível do terreno, são os resíduos

dispostos já com a área sendo operada como aterro controlado (SCHUTZ, 2010).

A figura 15 mostra a planta baixa do Aterro Sanitário. O aterro conta com a

seguinte infra-estrutura: sistema de drenagem de líquidos percolados e chorume,

tanque de acúmulo de líquidos, lagoas de estabilização, cercamento do entorno,

vestiário, um local para picotar as podas que são utilizadas para ajudar na

acomodação dos resíduos, uma portaria para controle e identificação de pessoas ao

acesso sistema de drenagem de gases (VEGA ENGENHARIA AMBIENTAL, 2000b).

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Figura 15 – Imagem aérea do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras

A Figura 16 apresenta uma ilustração do corte transversal do Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras.

Figura Fonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010

Imagem aérea do Aterro Sanitário Municipal GuajuvirasFonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010

apresenta uma ilustração do corte transversal do Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras.

Figura 16- Corte transversal do aterro sanitárioFonte: Prefeitura Municipal de Canoas, 2010

63

Imagem aérea do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras

apresenta uma ilustração do corte transversal do Aterro

Corte transversal do aterro sanitário

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64

4.2.2 Dados Econômicos do Aterro Sanitário

Relatada a caracterização do Aterro Sanitário, serão apresentados agora os

dados econômicos que servirão de base para compreender a valoração econômica

ambiental do aterro e dos seus impactos.

O Aterro Sanitário Municipal Guajuviras como qualquer empreendimento

econômico tem suas receitas e despesas.

As receitas do aterro sanitário são provenientes da taxa arrecadada junto o

IPTU e também da disposição de resíduos gerados por terceiros que apresentam

características domiciliares, mediante pagamento de uma taxa. São os chamados

grandes geradores (Ex: Ulbra, Unilasalle e outros). O valor da taxa é

aproximadamente R$ 5,00 (cinco reais) por m³ de resíduo e desde 2002 esta taxa

não sofre reajuste (SCHUTZ, 2010).

A coleta, transporte, destinação final e gerenciamento da unidade de

disposição final são serviços públicos de saneamento básico realizados por

terceiros, no caso de Canoas, a Empresa Vega Engenharia Ambiental S. A.

A tabela 6 guarda informações econômicas referente ao Aterro Sanitário

Municipal Guajuviras. Os valores referentes às receitas (orçada e arrecadada)

expostas na tabela, foram extraídos do SNIS, ano base 2007 e atualizados pelo

IGPDI. Os custos foram extraídos a partir de informações primárias cedidas pelo

engenheiro André Arnhold, responsável técnico do aterro sanitário e está no valor

presente.

Tabela 6 – Descrição das receitas e despesas geradas pelo Aterro Sanitário

Descrição Valor (R$) histórico

Valor (R$) atualizados 20

Receitas

Receita orçada com serviços de manejo de rsu [R$/ano] 4.788.000,00 5.848.106,50

Receita arrecadada com serviços de manejo de rsu [R$/ano] 4.638.510,28 5.657.768,18

Custos e Despesas

Custo de disposição [R$/tonelada] 38,00 -

Custo de coleta [R$/tonelada] 85,00 -

Custo de transporte [R$/tonelada] 5,00 - Fonte: Adaptado de SCHUTZ, 2010 e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2007.

20 Os valores foram atualizados para maio de 2010, considerando o IGPDI

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Segundo informações no site da Prefeitura Municipal de Canoas, o aumento

do consumo e produção industrial tem levado a necessidade de ampliação e/ou

criação de novas áreas para deposição desses resíduos e de melhor controle dos

custos de outros processos inerentes à limpeza pública urbana. Pois, mesmo com

uso de tecnologias, o aterro sanitário municipal de Canoas encontra-se em processo

avançado de exaustão para recebimento diário de toneladas de resíduos. Assim, os

resíduos que antes eram depositados no aterro sanitário do município serão

exportados para outros locais, acarretando aumento da taxa de limpeza pública

(CANOAS, 2010).

Considerando que o Aterro Sanitário Municipal tem sua licença de operação

até dezembro de 2010, os resíduos gerados pelos habitantes do município de

Canoas deverão ter outro destino. Segundo informações da prefeitura, o lixo de

Canoas será transportado a Minas do Leão, onde será depositado em um outro

aterro. Estas ações geram passivos ambientais posteriores, pois mesmo que o lixo

seja depositado em outro local, o Aterro Municipal de Canoas continuará gerando

impactos ambientais e custos aos cofres do município com sua manutenção,

podendo se estender a 15 anos ou mais.

Com o fechamento do Aterro Sanitário Municipal os custos com os resíduos

sólidos gerados pelos habitantes de Canoas ficarão assim:

• Investimento com a construção da unidade de transbordo;

• Custo de Transbordo;

• Transporte até o novo aterro;

• Custo de disposição no aterro externo;

• Custo de monitoramento do aterro fechado;

• Custo de coleta;

Isto é, haverá um aumento nos custos com a coleta de destinação final dos

resíduos sólidos urbanos gerados no município de Canoas. Os valores deste novos

custos não estão ainda definidos

4.3 Os impactos ambientais do Aterro Sanitário Muni cipal Guajuviras

A disposição inadequada de RSU gera impactos sobre o solo e água,

enquanto recursos naturais, bem como se apresenta como fator para o

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desenvolvimento de doenças. Dessa forma, representando um problema ao meio

ambiente e à saúde pública (D’ALMEIDA; VILHENA 2000).

Há que se considerar duas coisas: (1) os aspectos negativos de ter uma área

destinada a disposição final de resíduos sólidos urbanos e (2) os aspectos positivos

de se ter onde colocar os resíduos indesejáveis (CAMPOS, 2008).

A figura 17 ilustra os diversos impactos gerados a partir da inadequada

disposição dos resíduos sólidos considerando diversas dimensões: o meio físico, ou

seja, os impactos que podem ser gerados sobre os recursos naturais; o meio

antrópico, aqui destacam-se os impactos relacionados ao ser humano; e por fim o

meio socioeconômico, relatando os impactos sobre a economia e às relações

sociais.

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Figura 17 - Avaliação dos impactos ambientais ocasionados pela má disposição dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários.

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Figura 17 - Avaliação dos impactos ambientais ocasionados pela má disposição dos

resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários (CONTINUAÇÃO). Fonte: Azevedo21 apud Campos, 2008, p.27-28.

21 AZEVEDO, M. de A. Avaliação do risco à saúde da população vizinha às áreas de disposição final de resíduos sólidos urbanos: o aterro sanitário como cenário de exposição ambiental. São Carlos, 2004. Tese (Doutorado em Engenharia Hidráulica e Saneamento) - Escola de Engenharia de São Carlos, USP.

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Partindo da apresentação dos possíveis impactos gerados pela má disposição

de resíduos, serão relatados os impactos ambientais relacionados ao Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras.

A área definida pela prefeitura, para depósito de resíduos urbanos, apresenta

características geológicas, geotécnicas e hidrológicas adequadas e compatíveis a

instalação de qualquer tipo ou forma usual e ambientalmente segura de destinação

final de resíduos sólidos domiciliares, isto é, tanto para unidade de triagem e

compostagem, como aterro sanitário (CANOAS, 1996).

Mesmo apresentando estes requisitos técnicos ambientais favoráveis a

destinação da área para a disposição de resíduos sólidos urbanos, devido ao

gerenciamento ambiental inadequado foram detectados impactos relacionados à

águas subterrâneas, possíveis prejuízos ao Arroio Brigadeiro, o qual recebe o

descarte dos efluentes do aterro.

A partir da visita in locu, é possível afirmar que impactos gerados pela

aparência do aterro, não são perceptíveis, dada a localização do Aterro, no interior

da Área de Preservação Ambiental, a Fazenda Guajuviras, mas pode-se afirmar que

do ponto de vista da unidade de conservação como um todo, o posicionamento do

aterro é considerado negativo, pois é uma área degrada.

Os impactos estão relatados no Diagnóstico da Situação Atual que data de

Abril de 2000, assim menciona-se alguns dos resultados: (1) devido a degradação

anterior sofrida pela área, conforme já relatada, ocasionou grandes abertura no

terreno; (2) quando do início da utilização da área para depósito de RSU, esta foi

realizada sem considerar os mínimo cuidados técnicos ambientais.; (3) em relação

às águas subterrâneas os resultados apontam uma não conformidade com os

padrões de potabilidade da água localizada sob o aterro (VEGA ENGENHARIA

AMBIENTAL, 2000b).

Segundo as análises presentes no diagnóstico, no que se refere às águas

subterrâneas, concluem que de forma geral os resultados que foram detectados são

considerados baixos, dada a ausência de impermeabilização inferior do aterro; as

concentrações não tão elevadas de material orgânico presente nas amostras das

águas podem ser resultado das características do tipo de solo que age como uma

barreira e também pela atuação do sistema de drenagem de chorume e líquidos

percolados. Outro resultado apontado pelo diagnóstico é que não foi observada a

presença de nenhum resíduo perigoso no aterro. Como conclusão final as análise

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mostram, em relação às águas subterrâneas, que o aterro contribuiu para a

alteração da qualidade da água,contudo devido ao projeto de recuperação, ao qual

foi submetido a área do antigo lixão e das características físicas da área, esta

contribuição foi minimizada (VEGA ENGENHARIA AMBIENTAL, 2000b).

Apresenta-se os resultados do diagnóstico com relação ao sistema de

tratamento de chorume e líquidos percolados. A estação de tratamento não estava

atingindo a eficiência necessária para o descarte dos efluentes, considerando os

padrões de emissão que são definidos pela FEPAM. A eliminação da carga orgânica

não atinge grandes eficiências. Contudo, o descarte do efluente tratado, no Arroio

Brigadeira, não causou maiores prejuízos à qualidade das águas do mesmo, porém

é importante mencionar que o Arroio Brigadeira, antes de passar pela área do aterro,

recebe outros descartes de efluentes industriais e domésticos.

4.4 A valoração econômica ambiental dos impactos am bientais gerados pelo Aterro Sanitário Municipal Guajuviras: uma avaliaçã o preliminar

Na tentativa de valorar economicamente os impactos gerados pelo Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras, optou-se por realizar uma avaliação econômica-

financeira que contemplasse a avaliação ambiental, isto é, um método baseado nas

relações de custo-benefício. O método utilizado é proposto por Campos (2008) em

sua dissertação de mestrado, os detalhamentos deste método já foram

apresentados no capítulo anterior.

Optou-se pelo método de análise econômica-finaceira, pois os métodos

apresentados baseiam-se na disposição a pagar do indivíduo não considerando

assim, totalmente o objeto de pesquisa.

Ressalta-se que o método empregado como análise de viabilidade econômico-

financeira por Campos (2008) considerou os aspectos ambientais de aterros

sanitários simplificados, utilizados em municípios de pequeno porte22.

A tabela 7 apresenta as informações utilizadas para calcular o FA do Aterro

Sanitário Municipal Guajuviras, através do check-list ambiental.

22 Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), município de pequeno porte é aquele que tem até 20 mil habitantes.

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Tabela 7 - Check-list ambiental do Aterro Sanitário Municipal Guajuviras

ASPECTOS PARÂMETROS DE AGRAVO CRITÉRIO PESO ASMG23

1) Solo e

Subsolo apresenta sinais de erosão sim 0

não 1 1

alteração na capacidade de

uso da terra sim 0 0

não 1

dano ao relevo sim 0 0

não 1

permeabilidade do solo k>10^-5 cm/s 0,1

10^-5>=k> 10^-6 cm/s 0,3 0,3

k<= 10^-6 cm/s 0,6

Total

1,3

2) Ar Proximidade de núcleos

habitacionais d< 1.000m 0 0

d> =1.000m 1

Emissão de odores Intenso 0,1

Moderado 0,3 0,3

Fraco 0,6

Total

0,3

3) Água Aquífero subterrêneo

Foi comprometido sim 0

não 1 0

Profundidade p < = 1,5m 0,1

1,5m < p < 2m 0,3

p > = 2m 0,6 0,6

Requilíbrio Intervenção Humana 0

Natural 1 1

Utilidade do Aquífero

Consumo humano e/ou

animais e/ou irrigação 0,1

Recração, c/ contato

secundário 0,3

Não é utilizado 0,6 0,6

Mananciais Superficiais

Foi comprometido sim 0

23 ASMG: Aterro Sanitário Municipal Guajuviras.

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ASPECTOS PARÂMETROS DE AGRAVO CRITÉRIO PESO ASMG23

não 1 1

Distância d< 200m 0

d > = 200m 1 1

Reequilíbrio Natural 0 0

Intervenção Humana 1

Utilidade do aquífero

subterrÂneo

Consumo humano e/ou

animais e/ou irrigação 0,1

Recração, c/ contato

secundário 0,3

Não é utilizado 0,6 0,6

Gerou prejuízo financeiro à

comunidade local sim 0 0

não 1

Total

4,8

4) Paisagem Alteração na paisagem local -

Impacto visual sim 0

não 1 1

Existe projeto de

readequação à paisagem

original

não 0

sim 1 1

Total

2

5)Outros

Aspectos

O Aterro possui galpão de

triagem não 0

sim 1 1

A presença do Aterro gerou

desvalorização dos terrenos

vizinhos

sim 0

não 1 1

Presença de vetores

transmissores de doenças sim 0

não 1 1

Total

3

Somatório total (1+2+3+4+5)

11,4

Fonte: Adaptado de Campos, 2008.

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O FA do ASMG foi de 11,4 e considera as suas atuais instalações e os

parâmetros estipulados pelo check-list ambiental.

Determinado o Fator Ambiental (FA) passa-se ao cálculo do Valor do Dano

Ambiental (VDA), tomando a seguinte equação.

VDA= I + (Co/FA)

Onde:

I = 4.082.705,13 (valor atualizado para maio de 2010, segundo o IGPDI)

Co= 55 ton X 85,00 = 2.090.000,00

O custo operacional foi estimado considerando a média das quantidades

anuais de RSU depositadas no aterro, pois não se tinha a informação de 2009,

multiplicado pelo valor da tonelada do

FA= 11,4

Assim o VDA será de R$ 4.266.038,46 (anualmente) e R$ 355.503,21

(mensalmente).

As tabelas 8 e 9 apresentam uma representação do possível fluxo de caixa

relacionado ao Aterro Sanitário Municipal Guajuviras.

A tabela 9 expressa o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) utilizando taxas

de desconto propostas por Mota (2006).

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Tabela 8 - Fluxo de caixa – Período mês 1 a mês 724

Implantação mês 1 mês 2 mês 3 mês 4 mês 5 mês 6 mês 7

1) Entradas 4.082.705 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481

1) Investimento Inicial 4.082.705

2)Receita operacional 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481

2) Saídas 4.082.705 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479

1) Custos pré-operacionais 4.082.705 340.225 340.225 340.225 340.225 340.225 340.225 340.225

2) Custos Operacionais/Manutenção 174.167 174.167 174.167 174.167 174.167 174.167 174.167

3) Custos com Coleta de RSU 389.583 389.583 389.583 389.583 389.583 389.583 389.583

4) Custos com Impactos Ambientais 355.503 355.503 355.503 355.503 355.503 355.503 355.503

3) Fluxo de caixa - total do período 0 -787.998 -787.998 -787.998 -787.998 -787.998 -787.998 -787.998

4) Disponibilidade 0 -787.998 -1.575.996 -2.363.994 -3.151.992 -3.939.990 -4.727.988 -5.515.985 Fonte: Autoria própria.

24 Valores estimados

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Tabela 9 - Fluxo de caixa – Período mês 8 a mês 1225

mês 8 mês 9 mês 10 mês 11 mês 12 Total

1) Entradas 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 5.657.768

1) Investimento Inicial

2)Receita operacional 471.481 471.481 471.481 471.481 471.481 5.657.768

3) Saídas 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479 1.259.479 19.196.448

1) Custos pré-operacionais 340.225 340.225 340.225 340.225 340.225 8.165.410

2) Custos Operacionais/Manutenção 174.167 174.167 174.167 174.167 174.167 2.090.000

3) Custos com Coleta de RSU 389.583 389.583 389.583 389.583 389.583 4.675.000

4) Custos com Impactos Ambientais 355.503 355.503 355.503 355.503 355.503 4.266.038

4) Fluxo de caixa - total do período -787.998 -787.998 -787.998 -787.998 -787.998 -9.455.975

5) Disponibilidade -6.303.983 -7.091.981 -7.879.979 -8.667.977 -9.455.975 -9.455.975 Fonte: Autoria própria

Tabela 10 –Valor Presente Líquido (VPL)

Taxa VPL R$

5% 671.086

8% 936.458

10% 1.095.573

12% 1.242.149

20% 1.726.109

Fonte: Autoria própria

25 Valores estimados

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Percebe-se que os saldos do fluxo de caixa são negativos, ou seja, as receitas

obtidas, por meio do recolhimento da taxa de coleta de lixo é insuficiente para a

cobrir os gastos realizados pelo aterro. Os custos ambientais representam

aproximadamente 28% do total dos custos mensais, os de manutenção 14%, os com

coleta de RSU são os maiores e representam 31% dos custos totais.

Considerando os aspectos teóricos da economia neoclássica, fundados na

utilidade do bem e ou serviço, cada pessoa pode definir uma valor monetário para a

assimilação de dejetos no Aterro Sanitário Municipal Guajuviras, bem como para

seus impactos, baseados nas suas preferências. Todavia, estes valores podem ser

diferentes de uma pessoa para outra, ora superestimados, ora subestimados.

A economia neoclássica considera a economia como um sistema fechado em

si. Entretanto, a economia ecológica compreende uma visão global, em que a

economia é parte de um sistema aberto.

Neste sentido, as preferências dos consumidores são uma dos critérios que

podem ser utilizados para auxiliar na valoração econômica ambiental de recursos

naturais, englobando outros critérios, como a ética, a inter-relação dos

ecossistemas, a opção pelas gerações futuras, a própria inter-relação entre

economia neoclássica e economia ecológica.

A escolha do método de análise econômica-financeira, para a valoração

econômica ambiental dos impactos gerados pelo Aterro Sanitário Municipal

Guajuviras, não exclui uma escola de pensamento ou outra, o mesmo é utilizado

para auxiliar na avaliação econômica ambiental, considerando os fundamentos,

sejam da economia neoclássica, sejam da economia ecológica. Portanto, um

instrumento de subsídio para ambas as escolas, fazerem suas leituras à luz dos

seus arcabouços teóricos, pois os custos ambientais apontados pelo modelo

utilizado, servem como sinalizador para a valoração econômica ambiental.

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5 CONCLUSÂO

O meio ambiente e seus recursos naturais são os provedores da vida do ser

humano, pois é por meio de sua exploração que nossas necessidades são

satisfeitas. Neste sentido, o meio ambiente merece todo cuidado para a sua

continuidade, exploração controlada, garantindo que as gerações futuras possam

também aproveitar o que hoje nós aproveitamos, por vez de maneira equivocada.

As escolas de pensamento econômico (neoclássica e ecológica), contribuem

então para a avaliação e valoração dos recursos naturais. A neoclássica com seus a

racionalidade econômica e a economia ecológica quando se ocupa em abrigar as

mais diferentes disciplinas, buscando fazer o indivíduo ver a economia como parte

de um grande sistema e não um sistema fechado em si.

Os métodos disponíveis na literatura nem sempre estão adequados a

determinado objetivo, é preciso realizar adaptações que contribuam para a

valoração econômica ambiental. Neste sentido, a escolha do método de análise

econômica-financeira, dá-se pois, os que foram apresentados baseiam-se na

disposição a pagar do indivíduo e assim não contemplam totalmente o objeto de

pesquisa apresentado.

Cabe ressaltar que este o método utilizado por Campos (2008) considera

aspectos ambientais, de aterros sanitários e que o valor dos custos ambientais

encontrado pode servir de norteador para a mensuração econômica dos impactos do

Aterro Sanitário Municipal Guajuviras, não do ponto de vista individual, mas do ponto

de vista do uso coletivo do aterro, pois os RSU não são alocados considerando as

preferências, ou cada indivíduo e sim a sociedade beneficiadora deste serviço.

A utilização deste método é realizada como um ensaio a valoração econômica

ambiental dos impactos gerados pelo aterro em questão, pois, as informações

coletas não foram suficientemente completas para promover uma análise profunda.

Mas suficiente para mostrar que os custos e as receitas realizados com a coleta,

tratamento e principalmente a disposição final dos resíduos sólidos sinalizam uma

subestimação do valor de se ter um local para disposição final de resíduos gerados

pela sociedade, ou seja, quando nos questionamos de quanto custa ter um aterro

sanitário do ponto de vista do impacto ambiental, da poluição, degradação e

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exploração dos recursos naturais, há que se considerar o melhor aproveitamento

possível destas áreas, tentando prolongar a sua utilização pelo maior tempo

possível.

O prolongamento da utilização de áreas para disposição final de resíduos

sólidos urbanos constitui-se uma ação importante, na medida em que outras áreas

deixam de ser utilizadas para depósito final de resíduos sólidos e podem ser

destinadas para outras finalidades, seja a implantação de conjuntos habitacionais,

distritos industriais, parques, praças, escolas, universidade, ou seja, uma série de

outras oportunidades para a sociedade.

Este prolongamento pode ser auxiliado pela implantação de Coleta Seletiva

Compartilhada ou não nos diversos municípios, colaborando para que parte do

resíduo sólido gerado na fonte possa voltar para a indústria de transformação e

retornar ao mercado em forma de uma mercadoria.

A valoração econômica ambiental tem papel fundamental e importante no que

tange as políticas públicas ambientais como instrumento de análise e apoiados nos

processos decisórios do poder público em relação ao meio ambiente e seus recursos

naturais.

Há que se considerar os limitantes tecnológicos nos processos de reciclagem,

contudo, espera-se por um resultado positivo, no que se refere a prolongar a vida útil

de um aterro. Mesmo no caso do município de Canoas que hoje se defronta com o

fechamento, em um futuro próximo do seu aterro municipal, não pode deixar de ter

este horizonte, pois, independente para onde será levado os resíduos, continuarão a

ser gerados pelos seus cidadãos.

Conclui-se também que os aterros sanitários atuam como agentes mitigadores

em relação aos resíduos sólidos urbanos gerados pela sociedade, na medida em

que recebem estes de forma adequada, minimizando os impactos gerados, pois

evitam a proliferação de doenças e vetores, colaboram para ambientes mais limpos,

uma minimização da poluição do ar, a diminuição da possibilidade de contaminação

do solo, da água.

Os aterros sanitários não devem ser vistos apenas como algo negativo e sim

positivo, pois além de depositarem os RSU de um município, outras atividades

econômicas estão sendo exploradas, tais como: o tratamento e beneficiamento do

chorume para reutilização relativa, a canalização e beneficiamento de gás metano

produzido pelo aterro, como forma de fonte de energia.

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Por fim salienta-se a importância do serviço de tratamento dos resíduos

sólidos, com a finalidade de colaborar para a conscientização da comunidade em de

que o valor que se recolhe com taxa de coleta de lixo, é ínfima perto do retorno dado

pela prestação deste serviço tanto pelo poder público, seja direta ou indiretamente

através de parcerias com o setor privado, quanto pelo meio ambiente que se ocupa

de receber os resíduos oriundos das mais diversas atividades econômicas e

humanas.

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