AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL Tese de Doutorado Nara Rejane Zamberlan dos Santos Santa Maria, RS, Brasil 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

FLORESTAL

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO

SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA

NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Tese de Doutorado

Nara Rejane Zamberlan dos Santos

Santa Maria, RS, Brasil

2005

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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO

SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA

NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO

ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

por

Nara Rejane Zamberlan dos Santos

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal,

Área de Concentração em Manejo Florestal, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Florestal.

Orientador: Prof. Dr. Solon Jonas Longhi

Santa Maria, RS, Brasil 2005

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Rurais Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA

NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

elaborada por

Nara Rejane Zamberlan dos Santos

como requisito parcial para obtenção do grau de

Doutor em Engenharia Florestal

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________ Prof. Dr. Solon Jonas Longhi

(Presidente/Orientador)

__________________________ Profª. Drª. Lucia Isaia (Unifra)

__________________________

Prof. Dr. Luis Ernani Bonesso de Araújo

__________________________ Prof. Dr. Luiz Marcelo Costa Dutra

__________________________ Prof. Dr. Galileu Adeli Buriol (Unifra)

Santa Maria, 12 de setembro de 2005.

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iv

“Tem homens que lutam um dia e são bons.... mas há aqueles que lutam a vida inteira:

estes são imprescindíveis.”

Dedico este trabalho ao meu pai,

Ovídio Zamberlan

(in memoriam)

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Agradecimentos

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, da Universidade

Federal de Santa Maria, através de seus professores, funcionários e alunos, pelos

ensinamentos, auxílio e amizade;

Ao IBAMA, pela autorização no desenvolvimento do trabalho junto a Floresta

Nacional de Canela;

Ao meu orientador, Professor Dr. Solon Jonas Longhi, pela confiança,

amizade e colaboração;

Ao Eng.º Agr.º Ewerton Ferraz, Diretor da FLONA de Canela, pela acolhida;

Aos professores co-orientadores, Dr. Paulo Renato Schneider e Dr. Doádi

Antônio Brenna pela atenção dispensada;

A minha mãe Amyr, pelo carinho e conforto durante esta jornada;

E, em especial, a minha filha Nastaja e ao meu marido Jairo, pelo incentivo,

dedicação e amor.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix LISTA DE QUADROS .............................................................................................. xiv LISTA DE TABELAS ................................................................................................. xv LISTA DE ANEXOS ................................................................................................xviii RESUMO.................................................................................................................. xix ABSTRACT ............................................................................................................... xx 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

1.1 Justificativa ........................................................................................................3 1.2 Objetivos............................................................................................................5

1.2.1 Objetivo geral ..............................................................................................5 1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................5

1.3 Hipótese do Trabalho.........................................................................................5 2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................6

2.1 Unidades de Conservação.................................................................................6 2.2 Os domínios da Mata Atlântica ........................................................................11 2.3 Paisagem.........................................................................................................14

2.3.1 Componentes da paisagem ......................................................................18 2.3.2 Tipos de paisagens ...................................................................................19 2.3.3 Características visuais da paisagem.........................................................19 2.3.4 Formas de ver a paisagem........................................................................21 2.3.5 Capacidade de carga da paisagem...........................................................23

2.4 Turismo............................................................................................................27 2.4.1 Ecoturismo ................................................................................................30 2.4.2 Desenvolvimento Sustentável e o Turismo ...............................................35 2.4.3 Trilhas .......................................................................................................38

2.5 Benefícios sociais e ambiental - Trinômio Floresta x Turismo x Educação Ambiental...............................................................................................................44

3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................49 3.1 Área de estudo ................................................................................................49 3.2 Metodologia .....................................................................................................50

3.2.1 Fase 1: Região receptora..........................................................................50 3.2.2 Fase 2: Turista ..........................................................................................51 3.2.3 Fase 3: Turista X FLONA..........................................................................52 3.2.4 Fase 4:Entorno da FLONA........................................................................52 3.2.5 Fase 5: FLONA- atrativo turístico ..............................................................54 3.2.6 Fase 6: FLONA- caracterização...............................................................55 3.2.7 Fase 7: FLONA- avaliação visual das sub-paisagens...............................55 3.2.8 Fase 8: Trilha do Veado ............................................................................56 3.2.9 Análise dos dados. ....................................................................................57

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vii

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................59 4.1 Região Receptora............................................................................................59

4.1.1 Localização ...............................................................................................59 4.1.2 Aspectos históricos e organização política social ....................................61 4.1.3 Aspectos socioeconômicos ......................................................................63

4.1.3.1 População...........................................................................................63 4.1.3.2 Agricultura ..........................................................................................64 4.1.3.3 Urbanização........................................................................................64 4.1.3.4 Serviços..............................................................................................65

4.1.4 Aspectos turísticos ....................................................................................65 4.1.4.1 Meio físico ..........................................................................................65 4.1.4.2 Vegetação ..........................................................................................66 4.1.4.3 Pontos turísticos .................................................................................68 4.1.4.4 Programação de eventos....................................................................70 4.1.4.5 Agências turísticas..............................................................................70 4.1.4.6 Hotéis e pousadas ..............................................................................71 4.1.4.7 Alimentos e bebidas ...........................................................................71

4.1.5 Estrutura urbanística .................................................................................72 4.2 Perfil do turista.................................................................................................73 4.3 Turista x FLONA ..............................................................................................84 4.4 Entorno da Floresta Nacional de Canela .........................................................93 4.5 Diagnóstico do atrativo turístico.....................................................................106 4.6 Floresta Nacional de Canela..........................................................................117

4.6.1 Características da Floresta Nacional de Canela, RS ..............................117 4.6.1.1 Histórico............................................................................................117 4.6.1.2 Caracterização da área ....................................................................121 4.6.1.3 Inventários realizados.......................................................................124 4.6.1.4 Convênio da FLONA com outras instituições ...................................124 4.6.1.5 Instalações existentes ......................................................................125 4.6.1.6 Origem dos recursos para as instalações existentes........................125 4.6.1.7 Número de visitantes/ano .................................................................125 4.6.1.8 Visitantes estrangeiros .....................................................................127 4.6.1.9 Proporção moradores locais .............................................................127 4.6.1.10 Visita de escolas.............................................................................127 4.6.1.11 Sistema de registro.........................................................................127 4.6.1.12 Solicitações dos visitantes..............................................................127 4.6.1.13 Locais mais visitados......................................................................127 4.6.1.14 Visitante esperado na situação atual ..............................................128 4.6.1.15 Utilização dos açudes para banho..................................................128 4.6.1.16 Registro de vandalismo ..................................................................128 4.6.1.17 Procura por esportes radicais .........................................................128 4.6.1.18 Registro de oferendas religiosas ....................................................128 4.6.1.19 Critérios na demarcação das trilhas ...............................................129 4.6.1.20 Instalações/estruturas que contribuem para a educação ambiental.....................................................................................................................129 4.6.1.21 Relação da FLONA com os moradores ..........................................129 4.6.1.22 Instalações/estruturas com contribuição para os moradores do entorno .........................................................................................................129 4.6.1.23 Número de funcionários..................................................................130

4.6.2 Caracterização da infra-estrutura da Floresta Nacional de Canela. .......130

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viii

4.6.3 Centro de Visitantes ................................................................................131 4.6.4 Determinação das vistas da FLONA .......................................................136

4.7 Trilha do Veado ............................................................................................151 4.7.1 Situação atual ........................................................................................151 4.7.2 Potencialidade da trilha ...........................................................................168 4.7.3 Reestruturação física e visual da trilha....................................................174

4.7.3.1 Determinação do trajeto ...................................................................174 4.7.3.2 Placa Indicativa.................................................................................180 4.7.3.3 Avaliação das condições físicas e de representatividade dos exemplares ...................................................................................................181 4.7.3.4 Identificação através de placas (sinalização dos elementos) ..........181 4.7.3.5 Sinalização da trilha..........................................................................183 4.7.3.6 Intervenções construtivas .................................................................184 4.7.3.7 Mobiliário ..........................................................................................186

4.7.4 Confecção de material ............................................................................187 4.7.5 Monitor/guia ............................................................................................187 4.7.6 Sazonalidade ..........................................................................................188 4.7.7 Capacidade de carga ..............................................................................191 4.7.8 Considerações gerais..............................................................................194

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................195 5.1 Importância da FLONA no turismo das cidades de Canela e Gramado ........195 5.2 Contribuições do trabalho para um novo Plano de Manejo da Floresta Nacional de Canela ............................................................................................................198

5.2.1 Primeira Contribuição - Quanto a caracterização do contexto regional...199 5.2.2 Segunda Contribuição - Quanto a análise da Unidade FLONA - Canela..........................................................................................................................199 5.2.3 Terceira contribuição- Quanto a potencialidade da FLONA. ...................199 5.2.4 Quarta contribuição- Quanto as características sócio-econômicas da comunidade do entorno....................................................................................200 5.2.5 Quinta contribuição- Quanto ao perfil do visitante da cidade de Canela. 200

6 CONCLUSÕES ....................................................................................................201 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................205 ANEXOS .................................................................................................................223

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ix

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Localização da Mata Atlântica no território brasileiro.............................12

FIGURA 2 - Croqui representativo. ...........................................................................56

FIGURA 3 - Localização do município de Canela, RS ..............................................59

FIGURA 4 - Localização do município de Canela, frente aos demais municípios.....60

FIGURA 5 - Dendrograma.........................................................................................86

FIGURA 6 - Idade dos chefes de família no entorno da FLONA de Canela, RS.......94

FIGURA 7 - Grau de instrução dos chefes de família no entorno da FLONA de

Canela, RS. ...............................................................................................................94

FIGURA 8 - Média de idade do núcleo familiar no entorno da FLONA de Canela,RS.

..................................................................................................................................94

FIGURA 9 - Atividade do chefe de família no entorno da FLONA de Canela, RS.....95

FIGURA 10 - Local de nascimento dos chefes de família no entorno da FLONA de

Canela, RS. ...............................................................................................................95

FIGURA 11- Média escolar do grupo familiar no entorno da FLONA de Canela,RS.95

FIGURA 12- Atividades das esposas no entorno da FLONA de Canela,RS. ...........96

FIGURA 13 - Atividade dos filhos maiores de idade no entorno da FLONA de Canela,

RS. ............................................................................................................................96

FIGURA 14 - Número de família por residência no entorno da FLONA de Canela,

RS. ............................................................................................................................97

FIGURA 15 - Número de pessoas por residência no entorno da FLONA de Canela,

RS. ............................................................................................................................97

FIGURA 16 - Tipos de habitações encontradas no entorno da FLONA de Canela,

RS. ............................................................................................................................97

FIGURA 17 - Residências localizadas distantes da via de acesso no entorno da

FLONA de Canela, RS. .............................................................................................98

FIGURA 18 - Residências localizadas junto da via de acesso no entorno da FLONA

de Canela, RS. ..........................................................................................................98

FIGURA 19 - Residências características construídas em madeira no entorno da

FLONA de Canela, RS. .............................................................................................99

FIGURA 20 - Áreas frontais de residências do entorno da FLONA de Canela, RS .99

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x

FIGURA 21 - Tipos de piso das residências do entorno da FLONA de Canela, RS.

................................................................................................................................100

FIGURA 22 - Tipos de paredes internas encontradas nas residências do entorno da

FLONA de Canela, RS ............................................................................................100

FIGURA 23 - Tipos de cobertura encontradas nas residência do entorno da FLONA

de Canela, RS.........................................................................................................100

FIGURA 24- Meios de transporte familiar no entorno da FLONA de Canela, RS. ..101

FIGURA 25 - Meios de transporte dos filhos para a escola no entorno da FLONA de

Canela,RS. ..............................................................................................................101

FIGURA 26 - Primeira placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA,

colocada no canteiro central da avenida. Canela, RS.............................................109

FIGURA 27- Segunda placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA,

colocada em uma lateral da pista. Canela, RS........................................................109

FIGURA 28 - Terceira placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA,

colocada em uma lateral da pista. Canela, RS........................................................110

FIGURA 29 - Quarta placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA,

colocada em uma lateral da pista. Canela, RS........................................................110

FIGURA 30 - Placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocado

em entroncamento da rodovia. Canela, RS. ...........................................................111

FIGURA 31- Placa indicativa da direção do atrativo turístico FLONA de Canela, RS.

................................................................................................................................112

FIGURA 32 - Placa de sinalização no interior do atrativo turístico FLONA de Canela,

RS. ..........................................................................................................................113

FIGURA 33 - Detalhe da FLONA de Canela (RS), com a praça infantil no primeiro

plano. ......................................................................................................................114

FIGURA 34 - Croqui representativo da situação da FLONA na cidade de Canela ,RS.

................................................................................................................................120

FIGURAS 36 e 37- Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 1 da FLONA de Canela, RS. .....................................138

FIGURAS 38 e 39 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 2 da FLONA de Canela, RS. ....................................138

FIGURAS 40 e 41 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da subpaisagem 3 da FLONA de Canela, RS. ......................................139

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xi

FIGURAS 42 e 43 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 4 da FLONA de Canela, RS. ....................................139

FIGURAS 44 e 45 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 5 da FLONA de Canela, RS. .....................................140

FIGURAS 46 e 47 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 6 da FLONA de Canela, RS. .....................................140

FIGURAS 48 e 49 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 7 da FLONA de Canela, RS. ....................................141

FIGURAS 50 e 51 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 8 da FLONA de Canela, RS. ....................................141

FIGURAS 52 e 53 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 9 da FLONA de Canela, RS. ....................................142

FIGURAS 54 e 55 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 10 da FLONA de Canela, RS. ..................................142

FIGURAS 56 e 57 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 11 da FLONA de Canela, RS. ...................................143

FIGURAS 58 e 59 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 12 da FLONA de Canela, RS. ...................................143

FIGURAS 60 e 61 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 13 da FLONA de Canela, RS. ...................................144

FIGURAS 62 e 63 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 14 da FLONA de Canela, RS. ...................................144

FIGURAS 64 e 65 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 15 da FLONA de Canela, RS. ...................................145

FIGURAS 66 e 67 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 16 da FLONA de Canela, RS. ..................................145

FIGURAS 68 e 69- Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 17 da FLONA de Canela, RS. ..................................145

FIGURAS 70 e 71 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub-paisagem 18 da FLONA de Canela, RS. ...................................146

FIGURAS 72 e 73 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 19 da FLONA de Canela, RS. ..................................146

FIGURAS 74 e 75 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 20 da FLONA de Canela, RS. ..................................147

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xii

FIGURAS 76 e 77 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 21 da FLONA de Canela, RS. ..................................147

FIGURAS 78 e 79 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e

elementos da sub- paisagem 22 da FLONA de Canela, RS. ..................................147

FIGURA 80 - Painel referente ao mapa da Floresta Nacional de Canela, RS,

localizado na sede administrativa............................................................................152

FIGURA 81 - Detalhe do antigo traçado da Trilha do Veado, na FLONA de Canela,

RS. ..........................................................................................................................153

FIGURA 82 - Trecho de contorno do primeiro lago, na FLONA de Canela, RS. .....153

FIGURA 83 - Detalhe do caminho, na FLONA de Canela, RS................................154

FIGURA 84 - Acesso atual à Trilha do Veado na FLONA de Canela, RS...............155

FIGURA 85 - Trecho inicial de acesso a Trilha do Veado na FLONA de Canela, RS.

(sem atrativos demarcados). ...................................................................................156

FIGURA 86 - Vegetação componente da clareira, com presença de exemplares de

Pinus, na FLONA de Canela, RS. ...........................................................................157

FIGURA 87 - Trecho da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS, estreito e com

dificuldade de passagem.........................................................................................158

FIGURA 88 - Trecho plano e amplo da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS.

................................................................................................................................159

FIGURA 89 - Arvore tombada na Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS. ......160

FIGURA 90 - Detalhe de epífitas e xaxim presentes ao longo da Trilha do Veado, na

FLONA de Canela, RS. ...........................................................................................161

FIGURA 91 - Detalhe de cipós junto ao tronco de exemplar arbóreo na Trilha do

Veado, na FLONA de Canela, RS...........................................................................162

FIGURA 92- Cipós formando conjunto de valor cênico, na FLONA de Canela, RS.

................................................................................................................................163

FIGURA 93 - Esquema das possibilidades de percepção a serem desenvolvidas na

Trilha do Veado. ......................................................................................................171

FIGURA 94 - Sede administrativa da FLONA Canela - ponto sugerido de partida para

a Trilha do Veado. ...................................................................................................175

FIGURA 95 - Conjunto de pinheiros-brasileiros. .....................................................176

FIGURA 96 - Caminho com vegetação arbórea junto a margem do primeiro lago .177

FIGURA 97 - Ilha no primeiro lago. ........................................................................177

FIGURA 98 - Visão geral da paisagem observada do primeiro lago. ....................178

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xiii

FIGURA 99 - Caminho próximo ao primeiro lago. ...................................................179

FIGURA 100 - Detalhe do segundo lago. ...............................................................180

FIGURA 101 - Local de difícil acesso.....................................................................185

FIGURA 102 - Trecho de alta qualidade visual e difícil acesso...............................186

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xiv

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Quantidade de UCs Federais caracterizadas pelas categorias de Uso e

Manejo, conforme IBAMA (2001). ...............................................................................8

QUADRO 2 - Comparação entre turismo sustentável e não sustentável. ................36

QUADRO 3- Potencialidade de aproveitamento turístico de 101 Unidades de

Conservação no Brasil, conforme Pellegrini Filho (1993)..........................................46

QUADRO 4 - Fases de condução e instrumentos propostos para a coleta de dados.

..................................................................................................................................51

QUADRO 5- Programação de Eventos da cidade de Canela, Rio Grande do Sul,

Brasil. ........................................................................................................................70

QUADRO 6- Valores médios, referentes a quatro coletas, atribuídos às sub-

paisagens através da análise de substitutivos da paisagem.....................................85

QUADRO 07- Diagnóstico do Atrativo Turístico da Floresta Nacional de Canela, RS.

................................................................................................................................107

QUADRO 08- Resultado da avaliação do Equipamento Turístico da FLONA de

Canela, RS. .............................................................................................................115

QUADRO 09- Resultados da avaliação do Potencial Turístico de uma Área de

Proteção (FLONA de Canela, RS). .........................................................................116

QUADRO 10 - Espécies integrantes da mata nativa da FLONA de Canela, RS....122

QUADRO 11 - Animais selvagens encontrados na FLONA de Canela, RS. ...........124

QUADRO 12- Determinação das vistas da FLONA de Canela (RS), a partir de sub-

paisagens selecionadas. .........................................................................................137

QUADRO 13 - Situação das espécies demarcadas na Trilha do Veado, na FLONA

de Canela, RS. (Comparação entre o material original de divulgação da FLONA e

levantamento atual).................................................................................................164

QUADRO 14 - Resultado da avaliação dos elementos presentes na Trilha do Veado

quanto a identificação e visualização das placas, segundo a distribuição atual. ....167

QUADRO 15 - Qualidade visual dos elementos presentes na Trilha dos Veados. .172

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xv

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Cores utilizadas para sinalização baseadas no sistema PANTONE. ....43

TABELA 2 – Dados referentes ao sexo dos turistas, nas quatro épocas de coleta de

dados. Canela, RS. ...................................................................................................73

TABELA 3 – Dados referentes a idade dos turistas masculinos, nas quatro épocas

de coleta de dados. Canela, RS................................................................................74

TABELA 4 – Dados referentes a idade dos turistas femininos, nas quatro épocas de

coleta de dados. Canela, RS.....................................................................................74

TABELA 5 – Dados referentes a procedência dos turistas, nas quatro épocas de

coleta de dados. Canela, RS.....................................................................................74

TABELA 6 – Dados referentes ao grau de instrução dos turistas, nas quatro

épocas de coleta de dados. Canela, RS. ...............................................................75

TABELA 7 – Dados referentes as atividades desenvolvidas pelos turistas, levantados

nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS. ............................................75

TABELA 8 – Dados referentes às áreas de atuação profissional desenvolvidas pelos

turistas, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS....................................75

TABELA 9 – Dados referentes a faixa salarial dos turistas, nas quatro épocas de

coleta de dados. Canela, RS.....................................................................................75

TABELA 10 – Dados referentes a freqüência de visitas dos turistas a cidade de

Canela (RS), relatadas nas quatro épocas de coleta de dados. ..........................77

TABELA 11 - Dados referentes aos acompanhantes dos turistas entrevistados, nas

quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS .......................................................77

TABELA 12 – Dados referentes ao motivo da visita dos turistas a cidade de Canela

(RS), nas quatro épocas de coleta de dados. ....................................................77

TABELA 13 – Dados referentes ao meio de transporte utilizado pelos turistas

entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS. .....................78

TABELA 14 – Dados referentes a hospedagem dos turistas durante sua

permanência na cidade de Canela (RS), nas quatro épocas de coleta de

dados. .......................................................................................................................78

TABELA 15 – Dados referentes a sugestão dos turistas para intensificar ramos de

atividades na cidade de Canela (RS), coletados em quatro épocas. ......................79

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TABELA 16 – Dados referentes ao conhecimento da Floresta Nacional de Canela

(RS), pelos turistas entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados. ............80

TABELA 17 – Dados referentes a possibilidade dos turistas entrevistados, nas

quatro épocas de coleta de dados, participarem de atividades de Ecoturismo.

Canela, RS. ...............................................................................................................80

TABELA 18 – Dados referentes a preferência dos turistas dentre as atividades de

turismo ecológico nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS..................81

TABELA 19 – Dados referentes as atividades de maior interesse dos turistas

entrevistados que responderam afirmativamente nas quatro épocas de coleta de

dados, quanto a possibilidade de participarem de atividades de Ecoturismo. Canela,

RS. ............................................................................................................................81

TABELA 20 – Dados referentes a opinião dos turistas entrevistados nas quatro

épocas de coleta de dados, sobre a abertura da Floresta Nacional de Canela (RS),

para atividades de Ecoturismo. .................................................................................82

TABELA 21 - Dados referentes aos preços sugeridos pelos turistas entrevistados,

nas quatro épocas de coleta de dados para visitação a Floresta Nacional de

Canela (RS)...............................................................................................................82

TABELA 22- Média da valoração dos substitutivos das sub-paisagens nas quatro

coletas realizadas......................................................................................................85

TABELA 23- Estatística do teste de seleção de variáveis (fotos) discriminantes

para a matriz de dados brutos...................................................................................88

TABELA 24 - Estatística do teste de seleção de variáveis discriminantes, em

ordem de entrada, após Steps. ...............................................................................88

TABELA 25 – Estatística do teste de seleção de variáveis discriminantes para a

matriz dos dados brutos. ...........................................................................................89

TABELA 26 – Teste de Significância da estatística Qui-Quadrado (X2) valor Lambda

de Wilks (Λ*). ............................................................................................................89

TABELA 27 – Coeficientes padronizados da Função discriminante canônica, obtidos

da matriz de dados brutos. ........................................................................................90

TABELA 28 - Coeficientes da função discriminante, para todas as variáveis (fotos)

da análise. ................................................................................................................91

TABELA 29- Centróides da função discriminante canônica avaliados para os dois

grupos obtidos...........................................................................................................91

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TABELA 30 – Função discriminante linear de Fisher obtidas para cada grupo (sexo

feminino ou masculino). ............................................................................................92

TABELA 31 - Número de casos e percentagens de classificações das avaliações

nos dois grupos determinados. .................................................................................92

Tabela 32 - Áreas e divisão da Floresta Nacional de Canela em hectares e

percentual de ocupação em relação a área total..................................................121

TABELA 33- Movimento da Portaria da FLONA de Canela, RS, (número de

visitantes) entre os anos de 2001 e 2003................................................................126

TABELA 34 - Avaliação do livro de registro dos visitantes da FLONA de Canela, RS.

................................................................................................................................133

TABELA 35 - Número de visitantes de outros Estados brasileiros na FLONA de

Canela, RS. .............................................................................................................134

TABELA 36 - Número de visitantes estrangeiros e países de origem, registrados no

livro de registros da FLONA de Canela,RS. ............................................................134

TABELA 37 - Matriz de correlação entre as variáveis utilizadas para avaliar a

qualidade cênica das sub-paisagens. .....................................................................148

TABELA 38 – Autovalores obtidos para cada um dos 5 componentes (fatores)

obtidos pela análise fatorial. ....................................................................................149

TABELA 39 – Carregamentos rotacionados estimados dos fatores, comunalidades e

variâncias específicas obtidas pela análise fatorial. ................................................149

TABELA 40 - Altura média dos olhos das pessoas posicionadas em pé (cm). ......183

TABELA 41 - Valores médios mensais de temperatura, dias de chuva e umidade

relativa do ar ao longo do ano, no município de Canela (RS) .................................189

TABELA 42 - Dados médios de temperatura e umidade relativa do ar comparando

áreas fora e dentro da “Trilha do Veado”. ..............................................................190

TABELA 43 - Dados climatológicos determinantes para o cálculo da capacidade de

carga de trilhas nas estações do ano......................................................................192

TABELA 44 - Capacidade de carga da Trilha do Veado, Floresta Nacional de

Canela, nas diferentes estações do ano. ................................................................193

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 01 – Instrumento I ......................................................................................223

ANEXO 02 - Instrumento II......................................................................................226

ANEXO 03 – Instrumento III ....................................................................................229

ANEXO 04 - Instrumento IV ....................................................................................231

ANEXO 05 – Instrumento V-A.................................................................................241

ANEXO 06 – Instrumento V-B.................................................................................245

ANEXO 07 – Instrumento V-C.................................................................................247

ANEXO 08 – Instrumento VI-A ................................................................................250

ANEXO 09 – Instrumento VI-B ................................................................................254

ANEXO 10 – Instrumento VI-C................................................................................257

ANEXO 11 – Instrumento VII...................................................................................263

ANEXO 12 – Instrumento VIII..................................................................................265

ANEXO 13 – Instrumento IX....................................................................................267

ANEXO 14 – Instrumento X.....................................................................................272

ANEXO 15 - Roteiro da Trilha do Veado................................................................274

ANEXO 16 - Caracterização dos Atrativos da Trilha dos Veados, ..........................279

ANEXO 17- Matriz de dados relativo a avaliação das sub-paisagens pelos turistas

................................................................................................................................303

ANEXO 18 - Matriz de dados relativos a Valoração da Qualidade Cênica das sub-

paisagens da Floresta Nacional de Canela, RS. .....................................................305

ANEXO 19 - caracterização das espécies da trilha do veado, na FLONA de Canela,

RS, quanto aos usos ...............................................................................................307

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RESUMO

Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

AVALIAÇÃO SOCIAL E AMBIENTAL DA FLORESTA NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Autor: Nara Rejane Zamberlan dos Santos Orientador: Prof. Dr. Solon Jonas Longhi

Data e Local da Defesa: Santa Maria, setembro,2005 Um estudo foi realizado na cidade de Canela, Rio Grande do Sul, Brasil, incluindo a aplicação de instrumentos que avaliaram as características da região receptora, o perfil do turista, a Floresta Nacional de Canela pelos turistas, o entorno da FLONA e a própria Floresta Nacional, com os objetivos de avaliar a função social desta Unidade de Conservação e sua utilização como subsídio ao Ecoturismo e a projetos de Educação Ambiental. A metodologia baseia-se na avaliação de quatorze instrumentos aplicados em 8 fases de condução da coleta de dados. Os resultados confirmaram a vocação da cidade de Canela para o turismo, baseado na sua infraestrutura hoteleira, alimentos e bebidas, além da indústria moveleira, de chocolate e do artesanato. Os turistas da alta temporada (julho e dezembro) possuem nível socioeconômico e cultural mais elevado que os turistas da baixa temporada (outubro e fevereiro). O entorno da FLONA formado pelo Bairro Ulisses de Abreu apresentou uma população formada por chefes de família empregados, residentes em casas de madeira, com o núcleo familiar jovem, dado ao número de crianças presentes. O atrativo turístico foi considerado quanto aos seus acessos como bom e com sinalização regular. A FLONA foi apontada como uma área de proteção com Potencial Turístico. A avaliação da paisagem da FLONA, pelos turistas, em quatro épocas, através de substitutivos da paisagem, demonstrou preferências distintas de percepção formando dois grupos, sendo o primeiro de mulheres e jovens do sexo masculino entre 15 a 20 anos e o segundo grupo, formado pelos demais homens. A análise das vistas de vinte e duas sub-paisagens, revelou serem as mesmas múltiplas com alcance semi-limitado,e determinou três fatores na percepção das paisagem, como o fator panorâmico que inclui a água e fundo cênico, o fator antrópico, constituído pelas atuações humanas e a cor e o fator vegetação. O Centro de Visitantes da FLONA registrou a presença de visitantes, na maioria alunos e professores, oriundos do estado do Rio Grande do Sul. A estrutura da FLONA apontou deficiências quanto ao quadro técnico, na sua infraestrutura e no Centro de Visitantes. A Trilha do Veado localizada no interior da FLONA, apresentou um número inferior de atrativos em relação à proposta inicial, bem como, indicou deficiência na sinalização dos mesmos. Quanto à qualidade visual dos elementos presentes na Trilha do Veado, foram percebidas linhas parcialmente definidas, formas orgânicas, grau de textura média e de ordenamento aleatório, com cores de pouca variação e com pouca variação nas tonalidades de verde. Baseado nos dados climáticos foi proposta uma capacidade de carga para a Trilha variável com as estações do ano e no número de integrantes dos grupos. A análise dos atrativos da Trilha do Veado determinou a possibilidade de uso em Ecoturismo e sua aplicação em temas inerentes a Educação Ambiental. Palavras-chave: Floresta Nacional, Paisagem, Ecoturismo, Trilhas, Educação Ambiental.

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ABSTRACT

Tese De Doutorado Programa De Pós-Graduação em Engenharia Florestal

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

AVALIAÇÃO SOCIAL E AMBIENTAL DA FLORESTA NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO

E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Author: Nara Rejane Zamberlan dos Santos Advisor: Prof. Dr. Solon Jonas Longhi

Date and place of defense: Santa Maria, 12 September, 2005

SOCIAL AND ENVIRONMENTAL EVALUATION OF THE NATIONAL FOREST OF CANELA, RS, AS A SUBSIDY TO ECOTOURISM AND ENVIRONMEMTAL

EDUCATION

A study was carried out in Canela, RS, including the application of instruments which evaluated the characteristics of the receiving region, the tourist profile, Canela’s National Forest evaluation by the tourists the area around the FLONA and the National Forest area itself, with the objectives of evaluating the social function of this Unit of Conservation and its use a subsidy to ecotourism and environmental education. The methodology was based on the evaluation of 14 instruments, applied in eight phases of data collection. The results confirmed the vocation of Canela for tourism, based on its hotel infrastructure, food and drink, as well as furniture, chocolate and handcraft industries. The high season tourists (July and December) possess higher socio economic and cultural standards of living than the low season tourists (October and February). The area around Canela’s National Forest formed by the “Ulisses de Abreu” uptown presented a neighborhood population formed by employed heads of the family, resident in the houses wooden, with a young family nucleus, due to the numbers of children present. The tourist was considered attraction to be its good accesses and regular signaling. Canela’ National Forest was appointed as a protected area with touristic potential. The evaluation of the Forest landscape by the tourists, in four periods, through landscape substitutes, demonstrated distinct differences of perception formed by two groups, the first of women and male teenagers, between 15-20 years old, and the second group, formed by the other men. The analysis of the view of twenty-two sub-landscapes proved to be the same multiples with half-limited reach and perception of the landscape determined three factors in the landscape perception such as, the factor, of scenery including the water and the scenic background, the anthropic factor, constituted by human performances and the color and the vegetation factor. The Visitors Center of Canela’s National Forest registered the presence of visitors who were, in the majority, students and professors, from the Rio Grande do Sul state. The Forest structure showed deficiencies in technical staff, in its infrastructure and in the Visitors Centre. The “Veado Track” located in the interior of the Forest presented an inferior number of attractions in relation to the initial proposal, and these were found to be lacking in signaling. In the visual quality of the elements present in the “Veado Track” were perceived partially defined lines, organic forms, medium texture degree a random order, with colors of little variation and few green tonalities. Based on the climatic data a load capacity for the track was proposed depending on the season of the year and the size of the groups. The analysis of the attractions of “Veado Track” of determined the possibility of its use in ecotourism and its application in inherent subjects of environmental education. Key-words: National Forest, landscape, ecotourism, track, environmental education.

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1

1 INTRODUÇÃO A presença do homem sobre a terra, sempre foi marcada pela sua relação

com a natureza: dela se servia e a partir da mesma sobrevivia.

As amplas e complexas relações do ar, solo e planta, passavam

despercebidas para um ser que vivia da coleta e progredia pela descoberta. No

processo evolutivo, este elo não se desfez e o ambiente sempre foi o meio e o fim.

Quando tudo era natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes

ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando,

diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que

constituíam a base material do grupo humano (Santos, 1999).

A diversidade da flora e da fauna, oriunda das diferenças climáticas, edáficas,

entre outras, reforçou a idéia do inesgotável: o homem não somente usou os

elementos naturais, como os destruiu, jamais pensando no amanhã.

(...) por mais paradoxal que possa parecer, os séculos XIX e XX, tem sido mais destruidores do que criadores porque usaram e muitas vezes esbanjaram a riqueza armazenada sob a forma de recursos naturais. Os homens modernos foram beneficiados por essa economia extrativa e tiveram a ilusão de que benefícios se deviam, inteiramente, ao conhecimento científico e à perícia técnica. O rápido crescimento tecnológico dos últimos dois séculos só foi possível, entretanto, porque o homem se mostrou impiedoso na exploração dos recursos naturais incapazes de renovação e na criação de condições que degradam o meio ambiente. Mas essa fase da vida humana terá em breve de terminar (Dubos, 1972, p.18).

Os conjuntos arbóreos, responsáveis por matérias primas, fonte de energia,

estruturação dos espaços e efeitos plásticos na formação de áreas verdes, também

foram alvo da exploração sistemática. Sua devastação em substituição por culturas

agrícolas e as atividades extrativistas foram, amplamente, empregadas, em razão

dos lucros auferidos.

Precisou ocorrer um comprometimento extremo nos ecossistemas para que

legislações fossem implantadas, definindo ações necessárias à utilização racional da

natureza e sua proteção.

Assim, em 1876, sob a influência da criação de Yellostone – o primeiro

parque nacional do mundo -, André Rebouças, defendeu a criação de Parques

Nacionais, sendo o primeiro no Rio de janeiro (Parque Nacional de Itatiaia), criado

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2

em 1937.

O Rio Grande do Sul teve seu primeiro parque em 1957, com a criação do

Parque dos Aparados da Serra.

O artigo 5º da Lei 4771, de 15 de setembro de 1965, determinou a criação,

também, de Florestas Nacionais, com finalidades econômicas, técnicas e sociais.

Aliada a necessidade de preservação, a humanidade se depara com o

aumento da população e da pobreza, com sérios comprometimentos à qualidade de

vida.

A era industrial impôs ao homem, regimes de trabalho mais rígidos e

estressantes, o que o leva a necessidade de momentos de ócio e lazer.

Para Yazigi (1999), o lazer na sociedade moderna mudou de sentido,

formando-se uma nova necessidade: é hoje um elemento do processo de

reprodução, um tempo que se organiza em função das relações sociais.

A expansão da malha urbana de forma desordenada, não permite a inclusão

de áreas verdes e a presença de vegetação em índices aceitáveis, como que

negando a inter-relação do homem, meio físico e paisagem.

As paisagens inscritas na superfície terrestre revelam-se repletas de

significados quando abordadas e compreendidas como portadoras de funções

sociais. O espaço, ao se impor de forma tão poderosa, clara e total, ao ser humano,

coloca-se como única possibilidade de expressão para ele. Sem espaço nada é

possível. A trajetória humana no planeta tem sua história viabilizada nas formas

como, utilizando a superfície terrestre, construiu culturas que vem marcando a face

do planeta, à medida que o poder tecnológico cresce (Santos, 1986).

Com efeito, o homem só pode existir quando a natureza se faz propícia, se

humaniza. A depreciação da natureza se constitui em uma das chaves para

entender os limites do pensamento social moderno (Boada, 1991).

Conforme Rossini (1986), nada ocorre na natureza de forma isolada. Cada

fenômeno afeta outro fenômeno e é por ele influenciado, pois esse dinamismo existe

não porque se passa no curso do tempo, mas porque decorre do fluxo do tempo.

As florestas nacionais sintetizam a idéia de preservação de amostras

significativas dos diversos ecossistemas, sob a vigência, de uso múltiplo e

rendimento sustentado. Entre as possibilidades previstas estão a recreação,

ecoturismo e educação ambiental.

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As paisagens oferecidas em ambientes naturais, não só permitem a

contemplação, mas estabelecem uma ligação rompida pela evolução, despertando

sensações aprazíveis de bem-estar. Explorar a natureza, como forma de lazer, sem

danificá-la, fazendo da mesma um repertório de aprendizado constante, são

propostas atuais de uso de áreas protegidas, como forma de utilização e

preservação.

Para Milano et al. (1986), a diferença fundamental entre as Unidades de

Conservação e outras áreas turísticas está no fato de que as primeiras, além de

possuírem objetivos recreativos, possuem também objetivos preservacionistas,

científicos e de educação.

Quanto mais instável e surpreendedor for o espaço, tanto mais surpreendido

será o indivíduo e tanto mais eficaz a operação da descoberta. A noção de espaço

desconhecido perde a conotação negativa e ganha acento positivo, que vem do seu

papel na produção da nova história (Santos, 1999).

A proposição de uso de áreas preservadas contemplando atividades, de

percorrer, contemplar, avaliar e interpretar paisagens, traz extrínseco o resgate do

amor, respeito e conciliação com a natureza, além do exercício de cidadania com

indivíduos de diferentes faixas etárias, idades e condições sócio-culturais.

1.1 Justificativa

A proposta do tema de avaliação da função ambiental e social da Floresta

Nacional de Canela, a fim de subsidiar planos e ações futuras no campo do

Ecoturismo e da Educação Ambiental se alicerça em pontos, a saber:

- As Florestas Nacionais criadas com o objetivo de preservação de

ecossistemas, baseadas no princípio da sustentabilidade, necessitam de planos de

manejo adequados a cada situação, os quais como todo o processo de

planejamento devem ser acompanhados e avaliados.

A possibilidade de utilização desses espaços com atividade recreacionais e/ou

de turismo, ampliam a necessidade de se propor estudos específicos sobre o tema,

sendo o relativo à paisagem, uma nova área que se abre não só no aspecto

qualitativo, mas de importância fundamental, como de suporte à biodiversidade.

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O número de Unidades de Conservação no Brasil, embora não resulte alto, não

possibilita estudos mais aprofundados sobre a exploração de seus recursos de

forma harmônica e sustentável, nem propõem manejos específicos para tal, dada a

falta de técnicos na área e a escassez de recursos da União.

Assim, as propostas, geralmente, são oriundas de trabalhos acadêmicos em

seus diferentes níveis e abordagens.

Embora um Plano de Manejo para a Floresta Nacional de Canela, tenha sido

elaborado por equipe coordenada por profissionais da UFSM, pontos como

“paisagem como recurso ao ecoturismo”, “perfil dos turistas” e “diagnóstico do

entorno”, não foram contemplados, por não ser esse o objetivo na ocasião,

permitindo assim a abordagem do tema.

- A inserção geográfica da Floresta Nacional, em uma região, potencialmente,

turística, incentiva e apóia estudos dessa natureza.

Com uma paisagem natural privilegiada, hoje, a região de Canela e Gramado,

detêm parte de sua arrecadação na atividade turística, com uma infra-estrutura

hoteleira e demais serviços, além de um público cativo.

Cerca de quinze locais, no município de Canela, são apontados como turísticos e

fazem parte dos roteiros tradicionais de visitas. A FLONA, embora elencada, não

participa dos “tours”, em face, principalmente, da falta de estrutura do local, do

desconhecimento das pessoas e da falta de divulgação de sua potencialidade. Fatos

esses que somente serão resolvidos com a análise do local e de um plano de

manejo atualizado, sob pena, de uma inversão do processo: a preservação se voltar

para destruição.

O ecoturismo, já aparece no mercado da região serrana, sendo que, atualmente,

várias agências oferecem esta opção de lazer. Porém, o que se verifica são

propostas de atividades inerentes ao turismo ecológico, e não ações que conduzam

o visitante a uma nova visão e participação no espaço turístico, com cunho

contemplativo e educativo.

- A necessidade do homem por atividades diferenciadas, numa fuga pela

massificação, lhe remete, novamente, ao culto e apreciação da natureza. Porém, os

novos padrões da sociedade, não mais enfatizaram o respeito e a preservação.

Assim, permitir que espaços, potencialmente, coletivos, e extraordinariamente

significativos, passem a ser explorados pelas pessoas sem avaliações prévias,

poderá em curto prazo reverter em grandes prejuízos, em especial à natureza.

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Em contrapartida, a impossibilidade de se manter este contato e vivenciar a

natureza, reforçará o atual comportamento humano, desacostumado com gestos

simples como observar, ouvir, silenciar, desinformado e propenso a não respeitar.

Os espaços a serem explorados pelo ecoturismo e pela educação ambiental

deverão permitir aos guias um elenco de abordagens que venha de encontro a

diferentes públicos e necessidades. Ao turista há de se propor locais que encerrem

uma diversidade tal, que possam ser contempladas, avaliadas e descobertas.

A máxima “só amamos o que conhecemos”, representa em tese a idéia de

possibilitar esse convívio harmonioso, e para tal, urge um estudo da qualidade e

potencialidade dos lugares.

1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral

- Avaliar a relação da Floresta Nacional de Canela nos aspectos de cunho

social e ambiental, com seu entorno e visitantes, como subsídio ao

Ecoturismo e Educação Ambiental.

1.2.2 Objetivos específicos

- levantar a situação atual da Floresta Nacional de Canela, quanto a sua

utilização, infra-estrutura e funcionamento;

- analisar a estrutura turística e econômica do entorno;

- reconhecer o perfil do turista que a cidade acolhe;

- determinar os componentes e propriedades visuais de alguns sítios da

FLONA

- analisar a potencialidade da “Trilha do Veado”.

1.3 Hipótese do Trabalho

Como hipótese do trabalho acredita-se que:

- A Floresta Nacional de Canela poderá ampliar sua função social e ambiental

junto à comunidade e aos visitantes, com a utilização de alguns sítios para a

prática do Ecoturismo e educação ambiental.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Unidades de Conservação

Em razão do crescimento populacional, de interesses econômicos, da

exploração irracional, o uso dos recursos naturais tem exigido a adoção de princípios

de conservação, para se tentar conseguir que “o consumo dos recursos naturais

sejam equivalentes à capacidade de renovação dos ecossistemas” (Giasanti, 1998).

Porém, a idéia de proteção da natureza não é recente, e existem, conforme

Irving (2002), indicações de reservas naturais criadas antes de Cristo, na China, no

século VIII, próximo à Veneza, santuários naturais na Idade Média e na

Renascença, ou ainda, iniciativas no México Pré-Hispânico e em diversas

localidades da Europa, anteriormente aos tempos modernos.

Segundo Milano (1993), a área de conhecimento técnico-científica da

conservação da natureza voltada para o planejamento, manejo e administração de

áreas naturais protegidas é, comumente, denominada de Manejo de Áreas

Silvestres.

Áreas silvestres são áreas que, por incluírem importantes recursos naturais ou

culturais, de difícil quantificação econômica, devem ser mantidas na forma silvestre e

adequadamente manejadas, de maneira geral podem render maiores benefícios ao

homem se forem conservados no estado em que se encontram, sejam estes

resultantes de processos naturais ou mesmo, em alto grau, do uso inadequado pelo

homem (Milano,1993).

No Brasil, o termo Áreas Silvestres foi substituído por Unidades de

Conservação, seguindo tendências internacionais.

Oficialmente, a primeira Unidade de Conservação do Mundo, o “Yelowstone

National Park”, foi criado em 1º de março de 1872, pelo Congresso Americano.

Porém, antes dele, a área do atual Parque Nacional de Yosemite, havia sido

decretada “inalienável em qualquer tempo”, em 30 de junho de 1864, pelo então

presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, tornando-se a primeira área de

preservação (Costa, 2002).

A história das Unidades de Conservação no Brasil iniciou, no final do século

XIX, quando André Rebouças, político e engenheiro, propôs a criação de Parques

Nacionais, nas áreas de Sete Quedas (PR) e da Ilha do Bananal (TO), inspirado na

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experiência americana. Mas, somente 70 anos após o projeto de André Rebouças,

surge o Parque Nacional de Itatiaia (RJ), embasado no Código Florestal de 1934,

que estabeleceu os primeiros conceitos para Parques Nacionais, Florestas

Nacionais e Florestas Protetoras.

Assim, as Unidades de Conservação são conceituadas como “porções do

território nacional”, incluindo as águas territoriais, com características naturais de

relevante valor, de domínio público ou propriedade privada, legalmente, instituídas

pelo Poder Público, com objetivos e limites definidos, sob regimes especiais de

administração e às quais se aplicam garantias de proteção (FURNATURA, 1989).

Com a oficialização do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771), em 15

de setembro de 1965, foram separadas as áreas de preservação em áreas que

permitiam a exploração de recursos naturais (Florestas Nacionais, Estaduais e

Municipais) e as que proibiam qualquer forma de exploração dos recursos naturais

(Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e as Reservas Biológicas).

Mas o grande avanço na preservação e preocupação com a qualidade de vida

da população é determinada pela Constituição do Brasil de 1988, no seu artigo 225,

do Capítulo VI:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo

e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Para a legislação ambiental em vigor, Conservação da natureza é:

O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral (Costa, 2002, p.23).

Dada a multiplicidade de objetivos de conservação, como:

manter a diversidade natural;

conservar os recursos genéticos;

favorecer a pesquisa científica;

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proporcionar a educação ambiental;

conservar os recursos hídricos;

proteger investimentos;

manter e produzir fauna silvestre;

proporcionar recreação;

manejar os recursos florestais;

conservar belezas panorâmicas, naturais ou preservadas;

proteger sítios históricos e/ou culturais;

assegurar a qualidade ambiental;

proporcionar flexibilidade de tecnologia; e

assegurar o crescimento econômico regional;

há que se considerar tipos distintos de Unidades de Conservação, denominadas

Categorias de manejo, cada uma das quais atendendo, prioritariamente, a

determinados objetivos, que poderão ter maior ou menor significado para a

preservação dos ecossistemas naturais.

Dentre as Categorias de manejo, podem ser identificadas:

- Unidades de Proteção Integral;

- Unidades de Uso Sustentável.

Compõem as Unidades de Proteção Integral: Parques Nacionais, Reservas

Científicas ou Biológicas, Monumento Natural, Santuário ou Refúgio da Vida

Silvestre e Estação Ecológica.

As Unidades de Uso Sustentável agregam as seguintes categorias: Área de

Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional,

Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e

Reserva Particular do Patrimônio Natural.

A quantidade de Unidades de Conservação Federais e suas respectivas áreas

são apresentadas no Quadro 1, conforme IBAMA (2001). QUADRO 1- Quantidade de UCs Federais caracterizadas pelas categorias de Uso e

Manejo, conforme IBAMA (2001). Categoria de Uso

Categoria de Manejo Quantidade Área (hectares)

Floresta Nacional 50 15.245.715,22Área de Proteção Ambiental 26 6.835.830,00Área de Relevante Interesse Ecológico 16 69.463,63

DIRETO

Reserva Extrativista 17 3.490.099,71Parque Nacional 45 11.332.425,95Reserva Biológica 24 3.048.109,63Estação Biológica 23 2.187.572,44

INDIRETO

Reserva Ecológica 05 685.720,07TOTAL 206 42.894.936,67

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Conforme Milano (1993), se comparada à conceituação internacional, adotada

pela União Internacional para a Conservação da natureza (UICN), nota-se certa

confusão a nível nacional, quanto a conceituações e a ações.

Um dos pontos de divergência diz respeito a correntes e terminologia quanto a

“conservar” e “preservar”.

Assim o Projeto de Lei nº 2.892, de 1992, define Conservação, como:

“Conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção

e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios

naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos

meios onde tenham desenvolvido suas propriedades

características”.

Enquanto, segundo o SNUC (2000), o termo Preservação, significa:

“Conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à

proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além

da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a

simplificação dos sistemas naturais”.

A floresta é um ecossistema complexo, rico em espécies, tanto vegetais

como animais, em esquema de interação e ajuste mútuo e multilateral, que já

alcançou ou tende a alcançar equilíbrio final estável interno, o clímax, ao mesmo

tempo em que se encontra em interação equilibrada com os demais ecossistemas

no grande contexto da biosfera. Ela não somente produz e protege o solo, ela

movimenta os grandes ciclos biogeoquímicos, os ciclos entrelaçados do oxigênio e

do gás carbônico, o grande e complexo ciclo do nitrogênio e todos os demais ciclos,

do fósforo aos micronutrientes. A floresta tem função fundamental nos pequenos e

grandes equilíbrios climáticos locais e globais, pela influência direta que tem na

evaporação, nos ventos e no balanço térmico do planeta (Lutzemberger, 1979).

As Florestas Nacionais, regulamentadas pela Lei 4.771 de 15/09/65, são

conceituadas, conforme IBDF (1982), como:

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Uma área extensa, geralmente, bem florestada e que contém consideráveis superfícies de madeira comerciável em combinação com o recurso água, condições para sobrevivência de animais silvestres e onde haja oportunidades para recreação ao ar livre e educação ambiental que, em seu conjunto, constituem recursos de importância para o bem-estar da nação. Podem, existir características naturais relevantes ou únicas, mas estas geralmente são de limitada extensão e correntemente não tem importância nacional. A área pode ter sofrido alterações antrópicas. O objetivo do manejo é o de produzir, sob o conceito de uso múltiplo, um rendimento de madeira e água, proteger os valores de recreação e estéticos, proporcionar oportunidades para a educação ambiental e recreação ao ar livre e sempre que possível o manejo da fauna.

Florestas Nacionais estão sobre o controle do governo, sendo assim

denominadas, quando sob jurisdição federal, passando a ser chamadas Florestas

Estaduais ou Municipais, quando sob a tutela do Estado ou Município,

respectivamente, sendo classificadas como Categoria de Manejo Adicional, classe 3:

- área de manejo sustentável, cujos objetivos primários são, propiciar a diversidade

ecológica e o equilíbrio ambiental, conservar a produção hídrica protegendo as

bacias e mananciais e propiciar flexibilidade de manejo (uso múltiplo). A proteção de

espécies raras e áreas verdes e dar educação, investigação, estudos e divulgação

sobre os recursos nativos, são incluídos e considerados como importantes objetivos

e, sempre que permitir, estão previstos a conservação de ecossistemas em estado

natural, administrar e manter serviços recreativos e de turismo e fomentar o uso de

áreas pouco desenvolvidas e o desenvolvimento integrado. Através do zoneamento,

determinadas zonas significativas podem sofrer proteção específica (Milano, 1983).

Para o autor a principal premissa no manejo dessas áreas é assegurar-se a total

produção dos recursos, perenemente.

Constituem preocupações fundamentais ao uso múltiplo dos recursos

naturais, a influência recíproca entre o meio ambiente e o homem resultando assim,

que este tipo de uso compactua, relaciona e coordena em si o manejo de terras

florestais, reconhecendo e entendendo as inter-relações entre os diversos

componentes do meio, do qual o homem faz parte (Milano, 1983).

___________________________ Projeto de Lei nº 2.892, de 1992, deu origem ao SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), em 19 de julho de 2000.

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Para que uma escala de conservação seja social e ecologicamente

sustentável, a mesma necessita definitivamente se integrar ao uso e proteção

através da paisagem, uma vez que a heterogeneidade da natureza foi produzida por

gradientes do meio ambiente, por conflitos e pelos próprios organismos, e que a

definição destas paisagens nunca será definitivo, pois, a dinâmica dos processos

ecológicos alteram, adicionam e retiram elementos (Sanderson et al., 2002).

2.2 Os domínios da Mata Atlântica

Poucos lugares na Terra abrigam tantas formas de vida como a Mata

Atlântica. É tanta riqueza que a mesma é apontada como um dos mais importantes

refúgios da biodiversidade em todo o planeta e declarada pela UNESCO como

Reserva da Biosfera1, um Patrimônio da Humanidade.

A Floresta Atlântica engloba um diversificado mosaico de ecossistemas

florestais com estruturas e composições florísticas bastante diferenciadas,

acompanhando a diversidade de solos, relevos e características climáticas da vasta

região onde ocorre, tendo como elemento comum a exposição de ventos úmidos

que sopram do oceano (Ambientebrasil, 2004).

Conforme Decreto nº 750/93, a Mata Atlântica é definida como: As formações florestais e ecossistemas associados inseridos no domínio da Mata Atlântica, com as respectivas delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE,1988): Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Manguezais, Campos de altitude, Brejos interioranos e Encraves Florestais do Nordeste.

O termo “Domínio Atlântico” é freqüentemente empregado para designar

todas as formações de vegetação mencionadas no Decreto nº 750/93, entendendo-

se como domínio morfoclimático uma região com associação peculiar de padrões

paisagísticos, definidos por aspectos vegetacionais, geomórficos, climáticos e

pedológicos, sendo a vegetação a melhor expressão dos fatores que definem a

delimitação do domínio (A’B Saber ,1970).

____________________ 1 No Rio Grande do Sul a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica corresponde a uma área de 48.695 km2 (17,2% da área estadual).

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A Mata Atlântica, na época do descobrimento do Brasil, recobria a costa leste

brasileira desde o Cabo São Roque, no Rio Grande do Norte (60°S) até a região de

Osório, no Rio Grande do Sul (30°S). Era uma área de mais de um milhão de km2 ,

que abrigava uma variedade incalculável de seres vivos.

Hoje, ela é o ecossistema mais ameaçado de extinção e a floresta mais

agredida em todo o mundo (Ravazzini, 1999).

Estima-se que mais de 60% da população brasileira viva na área da Mata

Atlântica, e nela se concentram os principais pólos de urbanização e o

desenvolvimento econômico desde o início de nossa história (Rinaldi & Lima,

2003).

Conforme Martins et al. (2004), a Mata Atlântica se desenvolveu sobre uma

área com extensa cadeia de planalto cristalinos que acompanha o litoral brasileiro.

Tratava-se da segunda maior floresta tropical do Brasil, só comparável à Floresta

Amazônica, sendo que o grande destaque era a espécie pau-brasil.

FIGURA 1 - Localização da Mata Atlântica no território brasileiro e sua relação com os demais biomas. FONTE: EMBRAPA (1996).

Como ocorrem formações vegetais diversificadas e heterogêneas, a

EMBRAPA (1996), distingue três tipos de florestas diferentes, no Domínio da Mata

Atlântica, em composição e aspectos florísticos, mas com características em

comum.

- Floresta Ombrófila Densas (Floresta Atlântica): ocorre ao longo da costa

litorânea.

- Floresta Semidecidual e Decidual: ocorre pelo interior do Nordeste, Sudeste,

Sul e partes do Centro-Oeste.

- Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária): regiões altas do Sul do

Brasil.

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A Floresta Ombrófila Densa incluía, originalmente, trechos isolados nos

interior dos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e a

partir deste último, uma faixa praticamente contínua e de largura variável que

descia por toda a costa até o norte do Rio Grande do Sul. Em alguns trechos do sul

e sudeste estas faixa tem largura considerável, pois este tipo florestal “interioriza-

se”, como conseqüência da presença de grandes vales fluviais, que ocasionam uma

certa uniformidade climática e vegetacional entre áreas costeiras e interiores.

A Floresta Estacional Decidual, também denominada de “Floresta Tropical

Caducifólia” têm ocorrência relacionada á regiões de clima com estações bem

definidas. A deciduidade foliar observada nos elementos dominantes deste tipo

florestal atinge mais de 50% dos indivíduos, coincidindo com o período seco. Dentre

os tipos florestais relacionados à Floresta Atlântica, este é o que tem menor

expressão.

A Floresta Estacional Semidecidual, conforme Veloso et al. (1991),

caracteriza-se por comunidades onde 20 a 50% dos indivíduos do estrato arbóreo

superior perdem as folhas na estação desfavorável, e portanto está relacionado em,

praticamente, toda a sua área de ocorrência a um clima de duas estações definidas,

uma chuvosa e outra seca (nordeste, centro-oeste e parte do sudeste) ou então a

uma acentuada variação térmica (sul). Ocorre de maneira descontínua,

praticamente, em todos os estado das regiões nordeste, sudeste e sul do país, e em

parte no centro-oeste, chegando até a bacia do Rio Uruguai, o Paraguai e a

Argentina.

A Floresta Ombrófila Mista, conhecida como “Floresta com Araucária”,

constitui, conforme Veloso et al. (1991), uma das mais importantes formações

florestais do sul do Brasil, não só pela área que outrora ocupava, mas também pelo

papel que os seus recursos naturais tiveram na ocupação desta. Sua área central de

ocorrência está praticamente restrita ao Planalto Meridional dos estados do Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Distribui-se ainda no nordeste da Argentina e

sudeste do Paraguai, neste último em área pouco expressiva.

Na região sul do Brasil, onde esta formação assume expressão maior, pode

ocorrer formando “ilhas" florestais de formato mais ou menos circular e tamanho

variável em meio às formações campestres. O pinheiro-do-paraná – Araucaria

angustifolia (Bertol.) Kuntze – participa de forma marcante na fitofisionomia da

região, especialmente, devido à sua abundância e seu grande porte, com copa

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ampla, de formato característico, emergente sobre as demais árvores da floresta.

Alguns dos termos empregados para designar esta formação encontrados na

literatura fitogeográfica brasileira são “Floresta com Araucária”, “Pinheiral”, “Pinhal”,

“Floresta Aciculifoliada Subtropical”, entre outros, todas se referindo ao elemento

dominante característico, que é a Araucaria angustifolia, também conhecida como

Pinheiro-do-Paraná ou Pinheiro-Brasileiro (Rizzini, 1979).

A Mata Atlântica reúne quase metade do número total de Unidades de

Conservação do país, porém, em termos percentuais, estas áreas representam

apenas 8% em relação à superfície territorial protegida, estando muitas vezes

dispostas como fragmentos isolados na paisagem.

O primeiro Parque Nacional criado no Brasil em 14 de junho de 1937, o

Parque Nacional de Itatiaia, se situa em uma área da Mata Atlântica , entre os

estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e abriga cerca de 360 espécies de aves e

67 espécies de mamíferos.

Em estudo realizado em 1995 pelo Instituto Sócio Ambiental e pela Fundação

SOS Mata Atlântica foi constatada a existência de 707 Unidades de Conservação

inseridas neste bioma, excetuando-se as UCs municipais. Deste total, 186 são

unidades federais e 520 criadas por governos estaduais

(Rinaldi & Lima, 2003).

Hoje, segundo IBAMA & WWF (2003), a Mata Atlântica ocupa uma área de

110.628.585,32 ha, ou seja, aproximadamente, 12% do território nacional. As UCs

de uso sustentável ocupam uma área de 1.953.372,91 ha (1,77% do bioma e 6,5%

do grupo de uso sustentável no Brasil) e as unidades de proteção integral

representam 1.042.281,76 ha (0,94% do bioma e 4,35% do grupo de proteção

integral no Brasil).

2.3 Paisagem

O termo paisagem originou-se na era medieval e a partir de então, vem

encontrando significados distintos, que variam da estruturação territorial e

estabelecimento de ordem social até a simples parte visual do espaço apreendida

visualmente. Possui significados e funções distintos, dependendo de sua

interpretação e usos, como a retratação em telas e gravuras por artistas plásticos, o

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ordenamento geográfico e territorial estabelecido por geógrafos e o caráter estético

e cênico, apreendido por projetistas e paisagistas (Laurie, 1976; Bernaldez,

1981;Bolós, 1992).

De acordo com Boullon (1994), podem-se definir tipos de paisagens, como:

- Paisagem natural: conjunto de caracteres físicos de um lugar que não foi

modificado pelo homem;

- Paisagem cultural: paisagem modificada pelo homem devido a sua presença

e atividades;

- Paisagem urbana: conjunto de elementos plásticos naturais e artificiais que

compõem uma cidade.

Silva et al. (2003), agrupa as paisagens em:

- Paisagens naturais: expressão do visível, resultantes dos fatores ambientais;

- Paisagens modificadas: são devidas a ação antrópica, pois ocorrem

mudanças na paisagem, que podem ser mais ou menos célere;

- Paisagens organizadas: são uma divisão da paisagem modificada.

Para Bernáldez (1981), a paisagem considerada sob o ponto de vista

ecológico, é a parte facilmente visível de todo um sistema interativo com muitos

componentes que explicam o seu funcionamento, permanecendo ocultos.

É o resultado da combinação dinâmica de elementos físico-químicos,

biológicos e antrópicos que em mútua dependência, geram um conjunto único e

indissolúvel em permanente evolução (Ignácio et al., 1984).

Para Burle Marx (1987, p.56):

“A morfologia do terreno, a flora, a fauna, os recursos hídricos locais

e a ação antrópica são elementos que, ao constituírem a paisagem,

ao mesmo tempo a caracterizam de forma inconfundível”.

Santos (1999), afirma que paisagem e espaços não são sinônimos: a

paisagem é o conjunto de formas, que num dado momento, exprimem as heranças

que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e natureza. O

espaço são essas formas mais a vida que as anima.

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Conforme Milano (1990), para existir a paisagem precisa ser vista e

observada, não bastando para a sua percepção a simples constatação física de sua

realidade. Landim y Goya (1994), complementa que na sua ausência, o que ocorre

é o conhecimento anterior, a memória e uma evocação deste objeto.

A paisagem, como parte visível, pode ser o ato conseqüente da idéia de

lugar. “Ler” a paisagem é muito mais complexo do que “ver” e percebê-la.

Ao ler-se a paisagem, toma-se contato com uma parte do espaço, circunscrita à abrangência do campo visual do observador, como se o espaço fosse estático. Porém, se a paisagem resulta de uma acumulação desigual de tempos, ela revela um dinamismo diacrônico, resultante do processo espacial ( Rodrigues, 1997, p.72).

Para Bombim (1987), a paisagem é vista, não mais como simples entorno

estético da atividade humana, mas sim, como um recurso e um bem cultural, com

importância crescente em meio ao conjunto de valores ambientais.

O estudo da paisagem pode considerar a “paisagem total” que identifica a

paisagem como meio e considera todo o conjunto do território, e a “paisagem

visual”, cujo enfoque é a estética ou a percepção e engloba somente a paisagem

observada situada em determinado território.

Pires (1993), afirma que o entendimento da paisagem como expressão

espacial e visual do meio, possibilita a análise e definição de sua expressão

plástica, através de elementos visuais, tais como: forma, linha, cor, textura, escala e

espaço.

O meio ambiente é um enorme elemento de comunicação: o interpretamos,

buscamos informações e nos envolvemos com ele (Lynch, 1980).

Nossa relação com a paisagem é global e não apenas visual: ela é feita de

sons, odores e outras impressões sensoriais carregadas de um conteúdo espacial e

temporal (Marcellino,1990).

Conforme Bartley (1978), o organismo humano apresenta dez modalidades

sensoriais, por meio dos quais contata o mundo exterior. São a visão, a audição, o

tato, a temperatura, a sinestesia, a dor, o gosto, o olfato, o sentido vestibular e o

sentido químico comum. A paisagem contém a energia necessária para estimular as

dez modalidades sensoriais que se combinam na percepção.

Segundo o autor a percepção da paisagem está condicionada a:

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fatores inerentes ao próprio indivíduo, resultante da forma de ser, da

capacidade imaginativa, etc;

fatores educativos e culturais, os quais são valores impostos pela sociedade

que condicionam a sensibilidade e as atitudes do observador; e

fatores emotivos, afetivos e sensitivos, derivados das relações do observador

com o ambiente.

Segundo MOPU apud Pires (1993), a percepção é o processo pelo qual o

organismo humano se informa dos objetos e das transformações que se manifestam

ao seu redor. Assim, os elementos básicos de percepção são:

- a paisagem: composta por formas naturais e antrópicas;

- a visibilidade: zona física de visão entre o observador e a paisagem;

- o observador e;

- a interpretação: análise e significado.

A percepção, para Landim y Goya (1994), não é uma cópia da realidade

sensorial, pois ao atribuir valores ou significados aos objetos, constitui-se, outrossim,

numa construção da realidade objetiva.

Logo, a percepção não é mera gravação, mas, em parte, atividade exercida

pelo sujeito sobre os dados sensoriais, na forma de filtragem seletiva de alguns

dados em relação a outros. Para Bettanini (1982), dado que o sujeito pertence a

uma cultura, e particularmente, a espacial, revela-se culturalmente determinada.

De acordo com Rodrigues (1997), as categorias forma, função, estrutura e

processo constituem os esteios do método de interpretação. A forma refere-se:

ao aspecto visível - a paisagem,

a função quando relacionada ao espaço turístico nos seus elementos - oferta,

demanda, transporte, infra-estrutura, serviços e a estruturação, que expressam a

dependência mútua entre as partes do todo, ou seja a funcionalidade espacial, e o

processo que procura captar o dinamismo do espaço que pode apresentar fase de

estabilidade, de pequenas mudanças ou passar por outras transformações (grifo

nosso).

Ignácio et al. (1984), conceitua a qualidade de uma paisagem como o grau de

excelência de suas características visuais, constituindo no mérito para não ser

alterada ou destruída.

Na natureza, a paisagem se adapta, não se desenha, e nestas tarefas de

adaptação, os planificadores devem começar por estudar o ambiente e aceitar as

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restrições que lhe impõem à ação do homem se, desejarem conservar a qualidade

visual dos sítios, que se destacam por sua beleza e singularidade (Boullón, 1994).

2.3.1 Componentes da paisagem

São os aspectos do território diferenciáveis visualmente, e que o configuram.

Dividem-se, conforme CEOTMA (1996), em elementos:

- Físicos

- Bióticos;

- Antrópicos

ou, simplesmente, abióticos e bióticos. Podem ser acrescentadas as condições

atmosféricas e o estado do céu.

O clima é um componente complementar que serve para apontar os

“momentos” em que a paisagem encontra sua plenitude estética, ou variações do

atrativo e o grau de visibilidade (Boullón, 1994).

Entre os componentes físicos, uma das variáveis é a topografia no que se

refere ao relevo e morfologia do terreno, bem como, a presença de cursos e lâminas

de água, quanto a aspectos de quantificação, localização e qualidade (Litton apud

Griffith, 1978).

A vegetação apresenta uma grande importância, por sua inter-relação com os

demais elementos bióticos (produtos primários dos ecossistemas e habitat de

espécies animais), por sua influência sobre os elementos e processos abióticos e na

caracterização visual da paisagem, tanto quanto, ao caráter de formações

monoespecíficas ou pluriespecíficas, quanto a sua estruturação horizontal ou

vertical.

Na composição da paisagem a fauna diz respeito às espécies selvagens e

sua importância refere-se aos efeitos e inter-relações com os demais componentes.

A atuação humana na paisagem tem lugar através do desenvolvimento de

múltiplas ações, dentre as quais se destacam: urbanização, obras públicas,

atividades agro-pastoris, atividades turísticas e desportivas, dentre outras

(CEOTMA, 1996; Bolós, 1992; Boullón, 1994 & Beni, 2001).

As paisagens podem ser classificadas, conforme Pla & Vilas (1992), pela

dominância de seus elementos, porém as mesmas respondem a uma realidade

temporal, uma vez que a energia (antrópica e/ou natural) intervém nas trocas e

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transformações das paisagens.

2.3.2 Tipos de paisagens

De acordo com os componentes e características visuais (elementos e

combinações) podem ser estabelecidas tipologias de paisagens:

- Paisagens homogêneas - caracterizam-se pela presença de poucos

elementos, fácil leitura e monotonia;

- Paisagens heterogêneas - são formadas por uma grande quantidade de

elementos. Embora de leitura mais difícil, prendem mais a atenção do observador.

Boullón (1994) apresenta 10 tipos de paisagens, com 39 subtipos, os quais

apresentam variantes em que intervém o tamanho, a vegetação, as mudanças de

relevo, variações atmosféricas, variações estacionais e a própria ação do homem

sobre o território. Embora o autor reconheça não existir paisagens iguais,

recomenda buscar similitudes para ser possível a aplicação de metodologias,

interpretações e planificações.

As unidades visuais são definidas por Griffith (1978), como as parcelas ou

subdivisões das grandes regiões que exibem, relativamente, em poucos hectares,

características visuais, essencialmente, homogêneas e específicas do local.

Em vez de tratar as paisagens de determinada região como um conjunto

contínuo de terra, a sua divisão em unidades visuais sistematiza e economiza

esforços de análise e manejo.

2.3.3 Características visuais da paisagem

São o conjunto de elementos que caracterizam, visualmente, uma paisagem

ou seus componentes.

A paisagem pode ser compreendida no contexto do espaço, quando permite a

análise e definição de sua expressão plástica, através dos elementos visuais

(Zampieri et al., 2003).

Para Dondis (1998), os elementos visuais constituem a matéria-prima de toda

a informação visual e da comunicação através de imagens.

Uma das definições mais antigas de imagem é de Platão:

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“Chamo de imagens em primeiro lugar as sombras, depois os reflexos

que vemos nas águas ou na superfície de corpos opacos, polidos e

brilhantes e todas as representações do gênero” (Joly, 1996, p.13).

As ferramentas de todas as comunicações visuais são os elementos básicos,

a forma compositiva e a mensagem visual (Dondis,1998).

Conforme o autor, dentre os elementos visuais básicos destacam-se, a cor,

linha, forma, textura, escala e espaço.

- Cor: é a reflexão da luz com intensidade e comprimento de ondas

específicos, que permite identificar objetos. Coordenadora do tom, com o acréscimo

do componente cromático, representa, o elemento visual mais expressivo e emotivo.

Está carregada de informações e é uma das experiências visuais mais penetrantes

que todos têm em comum. A combinação de cores determina em grande parte suas

qualidades estéticas.

- Linha: articulante fluído e infatigável da forma, que pode ser definida como

um ponto em movimento ou como a história do movimento de um ponto. Apesar de

sua grande flexibilidade, a linha não é vaga, ao contrário, é precisa, tem uma direção

e um propósito, vai a algum lugar, cumpre algo definido.

- Forma: é o volume ou figura de um objeto ou de vários objetos que

aparecem unificados visualmente. Também aplicada com a terminologia contorno,

devido à relação com as figuras básicas (círculo, quadrado, triângulo) e suas infinitas

variantes, combinações e trocas dimensionais e planas. As características territoriais

que mais afetam a forma são a geomorfologia, a vegetação e os corpos de água.

- Textura: é a manifestação visual da relação entre luz e sombra motivada

pelas variações existentes na superfície dos objetos. Caracterizada pelo grão, que

representa o tamanho relativo das irregularidades superficiais, densidade,

regularidade e contraste interno.

- Escala: é a relação entre o tamanho do objeto e o entorno onde está situado

ou é o tamanho ou extensão de um elemento integrante da paisagem. O observador

sempre estabelece a escala entre os objetos pela comparação de seu tamanho com

outras dimensões conhecidas. Embora possa ser considerado no sentido absoluto, o

mais usual é o sentido relativo (relação entre tamanho do objeto x entorno), pois

caracteriza a proporção de superfície que ocupa um elemento dentro do campo de

visão ou pelo contraste com outros elementos da paisagem.

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Ao ponderar a escala, convém lembrar que o Homem é a medida, levando-se

em conta que o importante são: a posição ereta, o movimento e a perspectiva.

É, sim, a dimensão que um elemento reivindica, implicitamente, aos nossos

olhos.

- Espaço: é determinado pela organização tridimensional dos corpos sólidos e

os espaços livres ou vazios do cenário (Cullen, 1971; Dondis, 1998; CEOTMA, 1996;

Zampieri et al., 2003; Vitte & Guerra, 2004).

Na composição cênica de paisagens em áreas florestais o mais provável não

é a individualização dos objetos, mas a percepção de massas mais ou menos

contínuas com irregularidades e variações internas.

Existem, conforme Boullón (1994), quatro propriedades que somadas a suas

variáveis podem facilitar a descrição e visualização da paisagem:

Diversidade: que depende da quantidade de componentes visualmente

diferenciáveis desde os distintos pontos visuais.

Repetição: que indica a presença reiterada de uma forma ou motivo natural

em um grau que consiga dominar o cenário.

Unidade: que se refere ao equilíbrio visual dos componentes de um cenário.

Esta variável é um dos valores da natureza que mais dificulta sua leitura.

Mudanças: faz menção aos matizes que adquire uma mesma paisagem

segundo as horas do dia e as estações do ano.

2.3.4 Formas de ver a paisagem

Visualizar é a capacidade de formar imagens mentais. As ferramentas de

todas as comunicações visuais são os elementos básicos, a forma compositiva de

qualquer classe de material e mensagem visual. O ato de ver implica uma resposta à

luz, ou seja, o elemento mais importante e necessário da experiência visual é de

caráter tonal (Dondis, 1998).

Mirar la naturaleza con ojos “estéticos” significa abrirse al placer de su belleza, libre del afán investigador exclusivamente científico, del trabajo agrícola, de consideraciones técnicas, de reflexiones militares, de ideas de comercialización turística (...). El paisaje se convertió en espacio “util” de descanso y tiempo libre, la sociedad se apropió en íl, lo reinvidicó para sí, lo usa y consume. Se comercializa la belleza de la naturaleza; la belleza paisajística se transforma em

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mercadería. Urge entonces fortalecer las fuerzas que sabem apreciar el paisaje estético por su valor intrínseco. (Rock, 1990, p.13).

Para Beni (2001), as formas de inserção do turista ao ver a paisagem pode

ser descrita como:

turista-observador: é aquele que se mantém fora da paisagem e se limita a

observá-la a partir dos diferentes ângulos de visão.

turista-ator: incorpora-se à paisagem para praticar alguma atividade esportiva.

turista-ator-observador: inclui a situação que entra e permanece na paisagem

e do turista que pratica esportes ou atividades sedentárias.

Conforme Dondis (1998), o ser humano pode expressar e receber as

mensagens visuais a três níveis:

representacionalmente: aquilo que se vê e se reconhece no entorno e na

experiência;

abstratamente: qualidade cinestética de um eixo visual reduzido a seus

componentes visuais e elementos básicos, realçando os meios mais diretos,

emocionais e até primitivo de confecção da mensagem;

simbolicamente: o vasto universo de sistemas de símbolos codificados que o

homem criou arbitrariamente e ao qual atribui um significado.

As bases da percepção são fisiológicas e anatômicas e ocorrem mediante os

órgãos sensoriais e as variáveis fundamentais desta percepção são espaciais e

temporais, pois o nosso mundo tem extensão e duração.

A percepção é individual e seletiva, sujeita aos seus valores, suas

experiências prévias e suas memórias. Percepto é aquilo que se concebe, é o

produto do filtro da inteligência, segundo a lógica, para atender, também, à

necessidade e ao interesse (Vitte & Guerra, 2004).

Para Bassani (2001), a cognição ambiental é concebida como um processo

mediante o qual as pessoas compreendem, estruturam e aprendem sobre seu

ambiente. Enquanto, a percepção ambiental é entendida como a experiência

sensorial direta do ambiente em um dado momento.

Existem três fatores, conforme Boullón (1994), utilizados para a descrição da

paisagem por mais complicada que seja ao observador sua leitura e interpretação:

- estrutura e a lei de distribuição, disposição e organização das partes que

integram o cenário natural que se observa. Geralmente, o relevo é o primeiro

elemento visual de identificação de uma paisagem;

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- formas nítidas são as partes mais visíveis ou identificáveis que por sua

mesma notoriedade qualificam o tema da paisagem. O autor exemplifica com a

presença de um vulcão na paisagem, um lago ou simplesmente a identificação de

uma florada;

- diferenciação expressa uma relação entre a paisagem e o observador que

se manifesta quando aumenta a permanência e a observação é aguçada , o que

permite descobrir as partes secundárias desta paisagem.

2.3.5 Capacidade de carga da paisagem

No início dos anos 1960, o conceito foi aplicado na recreação para a

determinação da perturbação ecológica decorrente do uso.

A atividade turística, tem um impacto nos aspectos sociais, culturais e

ambientais. Ao se exceder esse limites, provavelmente, afetará todas as facetas do

desenvolvimento turístico.

Porém, não só as localidades sofrem com tais impactos, a paisagem

usufruída poderá entrar em colapso, caso não sejam respeitadas as capacidades de

carga e limites de saturação. Para Ferreti (2002), estes limites referem-se tanto à

retirada de determinado recurso natural, quanto ao número de pessoas que poderão

circular naquele espaço.

Genericamente, o conceito de capacidade de carga para Fennel (2002), pode

ser definido com base em quatro elementos inter-relacionados: controlando o uso de

um determinado tipo; um determinado meio ambiente pode durar; com o tempo e

sem a degradação de sua utilidade para seu uso.

Para Cooper et al. (2001), a capacidade de carga é o número máximo de

pessoas que podem utilizar um local sem uma alteração inaceitável no ambiente

físico e sem um declínio na qualidade da experiência dos visitantes.

Quando se refere ao turismo a capacidade de carga inclui aspectos físicos,

biológicos, sociais e psicológicos (Rose, 2002).

A carga turística sobre o meio é proporcional à freqüência em termos

quantitativos e qualitativos e à vulnerabilidade do meio (Baptista, 1997).

Segundo Cooper et al. (2001), para ser determinada a capacidade de carga

devem ser avaliados os fatores:

duração média da permanência no local;

características dos turistas;

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concentração geográfica dos turistas;

grau de sazonalidade;

acessibilidade aos locais;

nível de utilização da infra-estrutura e sua capacidade de reserva.

São considerados, conforme Beni (2001), três tipos de carga:

capacidade de carga física: limite de visitantes que comporta um espaço

definido em um tempo determinado;

capacidade de carga real: limite máximo de visitante determinado a partir da

capacidade de carga física e definindo variáveis físicas, ambientais, ecológicas,

sociais e de manejo;

capacidade de carga efetiva: limite máximo de visitantes tendo em vista a

capacidade para ordená-los e manejá-los.

Pagani (1999), classifica, também, em três categorias:

capacidade suporte ecológica: refere-se à quantidade de uso que um local

pode suportar sem danos à flora, fauna e solos;

capacidade de suporte física: determinada por limites físicos. Em caso de

trilhas são consideradas a altitude, largura e declividade.

capacidade de suporte perceptiva: capacidade de uma área absorver o uso

sem que ela pareça muito utilizada por outros usuários. Está relacionada à geografia

física da área e as expectativas do usuário.

A capacidade de carga turística, conforme Boullón (1994), depende:

- das características do espaço físico e dos ecossistemas, que são os fatores

básicos para determinar a capacidade de carga ecológica e a material;

- das atividades turísticas que serão desenvolvidas e do tipo de usuário que

caracteriza a demanda real. Nesse caso, a capacidade de carga psicológica

predominada e, em seguida, a material.

Segundo Cooper et al. (2001), existe uma diferença entre capacidade de

carga e limites de saturação, isto é, a capacidade de carga é uma noção de

sustentabilidade, enquanto limite de saturação é a situação onde o crescimento do

turismo não é mais sustentável, pois entrará em declínio e se modificará.

Para Costa (2002), além da capacidade de carga, o controle de uso turístico

em Unidades de Conservação, conta com outros mecanismos tais como o Limite

Aceitável de Câmbio (LAC) e o Monitoramento de Impacto dos Visitantes (VIM).

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O LAC, Limite Aceitável de Cambio, também é encontrado na literatura como

LAM, ou seja, Limite Aceitável de Mudança é uma metodologia que observa

essencialmente as condições desejáveis para uma área receber visitantes, com

base em quatro etapas:

especificação das condições aceitáveis e realizáveis para os recursos e

aspectos sociais;

análise entre as relações existentes e as mudanças aceitáveis;

identificação das ações de manejo necessárias;

criação e execução de um programa de monitoramento e evolução do

manejo.

A metodologia reconhece que as mudanças são naturais, inevitáveis,

conseqüência dos usos e das funções que a sociedade impõe para as áreas

naturais. As mudanças não só surgem, conforme Ferreti (2002), de uma perspectiva

técnica e, exclusivamente científica, produzida pelos administradores, como

também, e especialmente, da visão de uma comunidade.

Existe também a metodologia denominada, Limite Aceitável de Alteração

(LAA), criada pelo Serviço Florestal dos EUA, que utiliza dados pessoais dos

visitantes, levando em consideração suas expectativas diante da natureza e as

atividades que desejam realizar. Para tal são definidas classes de oportunidades de

uso as quais são estabelecidas dentro da conceituação do espectro de

oportunidades recreativas (EOR) que considera, segundo Ferreti (2002), os

seguintes critérios:

espaços naturais disponíveis;

níveis de segurança;

interação social dos visitantes;

interesses particulares dos visitantes;

condições ambientais.

Assim, o EOR define coeficientes que estimam o número de visitantes

aceitáveis em um período e em uma determinada extensão de superfície.

O Monitoramento ou Manejo do Impacto de Visitantes define, segundo Ferretti

(2002), objetivos para cada lugar ou zona em áreas naturais. A partir, disso,

mensura uma série de impactos para verificar se a área está cumprindo os objetivos

do manejo ou se está havendo deterioração significativa. Com os resultados, são

definidas medidas para minimizar os impactos, como limitação temporária de aceso,

monitoramento dos possíveis impactos em função da concentração e do aumento de

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visitantes, alternância de locais de visitação.

Os passos da metodologia VIM, conforme Costa (2002), consistem de :

revisão das informações existentes;

revisão dos objetivos do manejo;

seleção dos indicadores das variáveis;

seleção dos padrões para indicadores;

comparação dos padrões e das condições existentes;

identificação das possíveis causas do impacto;

identificação das estratégias de manejo;

implementação das estratégias selecionadas.

Tanto a metodologia VIM quanto a LAC não tem por objetivo estabelecer uma

capacidade de carga ou suporte, apesar de fornecerem subsídios para o cálculo de

um número ideal de visitantes (Costa, 2002).

Apesar da complexidade na determinação da capacidade de carga de um

atrativo, Rose (2002), sugere o modelo americano que propõe algumas normas:

- delimitar o espaço ocupado pelos alojamentos em relação ao número de

leitos, estendendo-se a medida também para campings, considerando as

necessidades individuais e coletivas das pessoas, relativas às vias de acesso,

estacionamento e outros equipamentos que se farão necessários;

- considerar as necessidades e as atividades da população local, dando-lhes

prioridade absoluta;

- delimitar os espaços específicos para os turistas (x m2 por pessoa), tentando

determinar a densidade adequada, a fim de evitar as aglomerações excessivas;

- determinar os objetivos pretendidos com o desenvolvimento do turismo;

- ampliar as opções para os turistas, diversificando as atividades recreativas

dentro das destinações, dispersando, assim, sua freqüência simultânea aos mesmos

locais;

- estimular a visita à destinação nas épocas da chamada “baixa estação”.

Segundo Costa (2002), no Brasil, a mensuração e a avaliação das limitações

do uso turístico em Unidades de Conservação são práticas ainda pouco comuns. É

bastante improvável que mesmo parques ou outras áreas protegidas abertas à

visitação, ainda que bem administradas, possuam um controle efetivo dos visitantes

e uma avaliação constante dos efeitos causados pelo fluxo turístico no ambiente

natural.

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2.4 Turismo

A Organização Mundial de Turismo (OMT) define turismo como:

“Um conjunto de atividades realizadas pelas pessoas durante suas

viagens e paradas em diferentes lugares, que não o seu habitat, por

um tempo consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer,

negócios ou outros motivos, sem fins lucrativos” (Rose, 2002, p.2).

Segundo Andrade (1998), a matriz do radical “tour” é o latim, originado do

substantivo “tornus” do verbo tornare, cujo significado é “giro, volta, viagem ou

movimento de sair e retornar ao local de partida”.

A palavra “tour” do hebraico antigo, anterior ao termo latino, em seu sentido

puro e literal designa “viagem de exploração, de descoberta, de reconhecimento”.

Sousa (1994), apresenta uma terceira aproximação que relaciona com o

nome de um aristocrata francês, denominado De La Tour, ligado ao transporte com

a Inglaterra.

A mais aceita entre os autores é a de origem latina.

O turismo é o fruto da sociedade industrial e das conquistas sociais. O

período anual de descanso vem sendo aproveitado cada vez mais, para a realização

de viagens, alimentando, dessa forma, os fluxos de pessoas que se deslocam a

pequenas, médias e longas distâncias (Conti, 1997).

Rose (2002), observa que a atividade turística, embora considerada um

fenômeno ligado à civilização moderna teve início junto com o homem ao descobrir a

possibilidade de locomoção e de novos caminhos, buscando a satisfação para o

corpo e o espírito.

Segundo alguns autores pesquisados, o turismo surgiu com os babilônicos,

por volta de 400 a.C., sendo desenvolvido na Grécia Antiga, no Império Romano, na

Idade Média e, posteriormente, em toda a Europa (Irving, 2002). A primeira

empresa comercial – agência de viagens - foi inaugurada, por volta de 1841, por

Thomas Cook, na Inglaterra.

Dados da OMT (2003) apontam, que de 1950 a 2000, os deslocamentos

internacionais de turistas passaram de 25 a 699 milhões por ano, o que representa

uma taxa de crescimento, de aproximadamente, 5% ao ano, sendo que as projeções

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para o ano 2010 são de mais de um bilhão de pessoas viajando entre países.

O turismo é o setor da economia que mais cresce na atualidade, já sendo

considerada a principal atividade econômica mundial (Dias, 2003).

Coriolano (1999), entende que o turismo não deva ser entendido não apenas

como sinônimo de negócio, mas também como meio para satisfação das

necessidades básicas do biossistema humano, principalmente, do homem urbano,

sobretudo como meio de aquisição não formal do conhecimento.

A política nacional de turismo teve origem em 1966. Pelo Decreto-lei 55 de

18/11, foram criados o Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e a Empresa

Brasileira de Turismo (Embratur). Em 1967, foi regulamentado o Sistema Nacional

de Turismo pelos Decretos-lei 60.224 e Decreto-lei 55/66. Somente, em 1977, onze

anos depois da criação da Embratur, foi publicado um documento contendo a

“Política Nacional do Turismo” (Barretto, 2000).

A participação da receita cambial do Brasil na América do Sul, em relação ao

turismo, conforme dados da OMT, passou de 17,95% em 1993, para 26,50% em

2002, enquanto a participação do Brasil na relação mundial passou, nos mesmos

períodos de 0,43 para 0,64%, respectivamente.

Conforme o Boletim do Desempenho do Turista, criado pela Embratur (2004),

as operadoras de turismo do mercado doméstico comercializaram no ultimo trimestre

de 2003, 15.489 pacotes de viagem, sendo 4.921 em outubro, 5.335 em novembro e

5.243 em dezembro. Os motivos das viagens foram 84% lazer/passeio, 9%

negócios/trabalho e 7% para congresso e feiras.

O turismo pode ser classificado, conforme Rose (2002), de várias formas:

- pelo volume de turistas: o qual se subdivide em: turismo de massa (relaciona

número de pessoas em grupo à destinação e ao padrão de gastos, caracterizando-

se por se coletivo e mais econômico) e turismo individual (refere-se ao deslocamento

de forma isolada, praticado por aqueles que consomem mais e de forma seletiva);

- pelo emissão do fluxo: podendo ser, emissivo (representa a saída de turistas

que residem em uma localidade) e receptivo (caracteriza a entrada de turistas em

uma localidade);

- pela amplitude da viagem: quando se realiza entre municípios vizinhos,

denomina-se local; quando a abrangência é de, aproximadamente, 200 a 300 km da

residência do turista é considerado regional; dentro do país é conhecido como

doméstico ou nacional; e internacional, quando ocorre fora do país de residência do

turista.

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O turismo pode ser distinguido, segundo Oliveira (1998), em turismo de lazer,

de eventos, desportivo, social, cultural, religioso, de jovens, de intercâmbio, de

negócios, de saúde, técnico, gastronômico e, mais recentemente, o turismo

ecológico, de aventura, rural, gay e de terceira idade.

Existem elementos-chaves dos quais o turista depende para alcançar seus

objetivos e satisfazer suas necessidades em um determinado destino, que incluem

facilidades, hospedagem, transporte e atrações (Fennel, 2002).

Leiper, citado por Fennel (2002, p. 18) define atração turística como:

“Um arranjo de três elementos: uma pessoa com necessidades

turísticas, um núcleo (qualquer aspecto ou característica de um lugar

que ele possa visitar) e no mínimo um identificador (informação sobre

o núcleo)”.

O espaço turístico deve ser delimitado podendo se diferenciar, conforme

Alvarez (1999), em;

- espaço com recurso geoturístico (clima, paisagem,...);

- espaço com infra-estrutura básica (rede de água, rede de transporte,

facilidade de acesso, comércio,...);

- espaço com infra-estrutura turística (abundância e qualidade de alojamento,

alimentação e recreação).

Vários autores apontam os impactos do turismo sobre o ambiente. Neste

sentido, Ferreti (2002, p.50), argumenta:

“O turismo provocará impactos positivos e negativos no ambiente,

tendo em vista a complexidade das relações de interdependência

entre seus elementos. Os efeitos desses impactos ocorrerão no

tempo e no espaço, envolvendo o homem, a sociedade e o entorno

natural”.

Fennel (2002), aponta alguns pontos-chaves, todos passíveis de serem

indicadores ou determinantes do impacto. São eles:

número de turistas;

tipo de turistas;

estágio de desenvolvimento do turismo;

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diferencial de desenvolvimento econômico entre as zonas de geração do

turismo e as zonas de recreação;

diferença de regras culturais entre as zonas de geração do turismo e as de

recepção;

dimensão física da área, que afeta as densidades da população de turistas;

extensão na qual os serviços são realizados por uma população de

trabalhadores imigrantes;

quantidade de propriedades adquiridas por turistas;

quantidade de propriedades, serviços e instalações mantidas pela população

local;

atitudes dos órgãos governamentais;

crenças das comunidades anfitriãs e a força dessas crenças;

grau de exposição e outras forças de mudanças tecnológicas, sociais e

econômicas;

políticas adotadas em relação à distribuição de turistas;

marketing do local de destino dos turistas e as imagens criadas desse local;

homogeneidade da sociedade anfitriã;

acessibilidade do local de destino;

força original das práticas artísticas e folclóricas e a natureza dessas

tradições.

2.4.1 Ecoturismo

No elenco de tipologias turísticas, incluem-se o Ecoturismo, como uma nova

concepção de atividade tanto social como econômica que procura fomentar à

sustentabilidade e a preservação do meio ambiente natural com atividades

relacionadas na interação homem-natureza.

Embora o termo Ecoturismo seja recente, Ferretti (2002), afirma que já eram

conhecidos ecoturistas no século XIX. Na metade do século XX, este interesse

pela natureza é trocado pela massificação dos roteiros turísticos independente dos

conflitos resultantes. Somente, no final do século XX, o turista volta-se, novamente,

para as áreas naturais, aparentemente, mais consciente dos danos ecológicos que

podem ser promovidos.

Vários são os países que na atualidade, segundo Lindberg & Hurber (1995),

investem no Ecoturismo com lucros anuais significativos: no Quênia os lucros diretos

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e indiretos são responsáveis por cerca de 10% do produto interno bruto. Outras

áreas protegidas da África Oriental representam a maior fonte de rendimento da

região, bem como se traduz em força motriz das economias de ilhas tropicais do

Caribe, Pacífico e Índico.

Na América Latina, ao longo dos últimos 30 anos, países como Costa Rica,

Panamá, República Dominicana, México, Equador, Bolívia, Venezuela e Colômbia,

de extensão territorial inferior à brasileira e com menores ecossistemas, investiram

em projetos e programas de Ecoturismo (Brum, 2001).

O Instituto Ambiental Biosfera, estima que ao longo dos próximos 10 anos,

para atender a demanda reprimida, seriam necessários recursos da ordem de U$15

bilhões, para a implementação de um projeto de Ecoturismo no Brasil, de modo a

torná-lo competitivo no contexto dos grandes destinos ecoturísticos da América

Latina.

O Brasil, conforme Aulicino (1997), não se caracteriza pela preocupação

ambiental e uma hipótese levantada para explicar este fato, remonta ao seu passado

recente como colônia de exploração, aonde os que para aqui vinham livremente,

faziam-no para enriquecer.

Para Rodrigues (1997), hoje existem razões suficientes para se buscar outras

alternativas de turismo, dentre as quais citam-se:

carência dos meios de consumo coletivo;

freqüente contaminação das águas do mar e de rios tornando estes locais

impróprios para a balnearilidade;

verticalização desenfreada ocasionando a poluição da paisagem visual,

queda do conforto térmico e, portanto, da qualidade de vida;

trânsito caótico em certas rotas;

violência urbana;

superlotação dos locais e, conseqüente deterioração.

A palavra ecoturismo, conforme Dias (2003), foi adotada por Hetzel em 1965,

no artigo Environment, tourism, culture onde indica 4 condições para um turismo

responsável:

impacto ambiental mínimo;

impacto mínimo – e máximo respeito para com as culturas anfitriãs;

máximo benefício econômico para as comunidades locais do país anfitrião;

máximo de satisfação recreativa para os turistas participantes.

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Em 1965, a revista Ecosphere republicou o citado artigo quando do Fórum

sobre Turismo: promessa e realidade.

Porém, segundo Dias (2003), a maioria dos autores considera como criador

do termo Ecoturismo o arquiteto e ambientalista mexicano Héctor Ceballos-

Lascuráin, em 1983,

O Ecoturismo é aquela modalidade de turismo que consiste em viajar a áreas naturais relativamente pouco perturbadas com o objetivo específico de admirar, desfrutar e estudar sua paisagem, sua flora e sua fauna silvestre, assim como as manifestações culturais (tanto as presentes como as passadas) que ali se possa encontrar. Nestes termos, o Ecoturismo implica um enfoque científico-estético ou filosófico, sem que isto signifique que o ecoturista deva ser um cientista, um artista ou um filósofo profissional. O relevante aqui é a pessoa que pratica o Ecoturismo tem a oportunidade de estar imersa na natureza de maneira muito diferente daquela que usualmente se apresenta na vida urbana cotidiana. Essa pessoa, com o tempo adquirirá uma consciência e um conhecimento do meio ambiente natural (e, por extensão, do cultural) convertendo-se assim em alguém genuinamente envolvido nos temas conservacionistas (Dias, 2003, p.109).

A Comissão Técnica Embratur/Ibama define o Ecoturismo, como:

O turismo desenvolvido em localidades com potencial ecológico, de forma conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio ambiente harmonizando as ações com a natureza, bem como oferecendo aos turistas, um contato íntimo com recursos naturais e culturais da região, buscando a formação de uma consciência ecológica nacional (Sampaio,1994, p.55).

Fennell (2002, p.49), cita a definição de Ziffer:

(...) O ecoturista visita áreas relativamente não desenvolvidas com o espírito de apreciação, participação e sensibilidade. O ecoturista utiliza os recursos naturais e de vida selvagem de forma não predatória e contribui para a área visitada por intermédio de meios financeiros ou com seu esforço pessoal com o objetivo de beneficiar diretamente a conservação do local e o bem-estar econômico dos habitantes.(...)

bem como, de Wallace e Pierce:

(...) É a viagem em que há preocupação com a flora, a fauna, a

geologia e os ecossistemas de uma área, assim como com as

pessoas (guardiãs) que vivem na vizinhança, suas necessidades,

sua cultura e seu relacionamento com a terra... (p.49).

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Para Pagani et al. (1999), o Ecoturismo pode ser compreendido como a rede

de serviços e facilidades oferecidas para a realização do turismo em áreas com

recursos naturais, sendo considerado também um modelo para o desenvolvimento

sustentável da região.

Refletir sobre Ecoturismo significa repensar a conservação de recursos

naturais e em seu valor patrimonial para as sociedades humanas. O “bem natural”

só pode ser captado, vivenciado, assimilado e democratizado, se os diversos atores

envolvidos no processo desejarem a alternativa, compreenderem a natureza como

elemento diferenciado e, alternativas de desenvolvimento, e não como óbice à

melhoria de vida local, e, se no acordo de co-responsabilidade, o papel de

protagonista for também compartilhado (Irving, 2002).

O grau de participação física, social e intelectual é, segundo Rodrigues

(1997), um dos elementos básicos para diferenciar o Ecoturismo, do turismo

convencional. A participação numa experiência ecoturística implica em criatividade e

protagonismo. Há uma tendência em combinar atividades físicas, como caminhadas,

trekking, ciclismo, canoagem entre outras, com o desenvolvimento da consciência

ambiental, de maneira instantânea e pontual, transformando áreas naturais em

verdadeiros campos de aventura, sem qualquer comprometimento com as bases e

teorias da proposta de Ecoturismo, o qual para Western (1995), envolve tanto, um

sério compromisso com a natureza, como responsabilidade social. A expressão

“viagem responsável” é também definida como Ecoturismo.

A diferença entre Ecoturismo e Turismo de Aventura pode se situar no campo

da psicologia social, que estuda porquê ocorre a participação, de um ponto de vista

cognitivo e comportamental, ao invés de considerar apenas o local e as variáveis a

serem praticadas. Porém, a escolha de atividades de turismo de aventura sempre se

ampara no risco, onde sobressaem o desafio e a habilidade.

No turismo de aventura observa-se uma total imersão na atividade, com

aumento na concentração e ações dirigidas à realização do objetivo. Estas

atividades requerem habilidade e desafio e são envoltos por um “fluxo de

adrenalina”.

Para Beni (2002), alguns conceitos das tipologias atuais de turismo são

confundidas ou desconhecidas pelas pessoas. Assim, tem-se:

- O Turismo Rural que se caracteriza pelo deslocamento de pessoas para

espaços rurais, em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem pernoite,

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para fruição dos cenários e instalações agrícolas. O turismo é receita complementar

da propriedade. No Agroturismo, as pessoas vivenciam e participam nas atividades

agropastoris. Aqui, as próprias atividades agropastoris, em si mesmas, constituem o

diferencial turístico.

- O Turismo Ecológico ou Turismo da Natureza ou Turismo Verde, que

consiste no deslocamento de pessoas para espaços naturais, com ou sem

equipamentos receptivos, motivados pelo desejo e/ou necessidade de fruição da

natureza, observação passiva da flora, fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos

do entorno. Nesta categoria, incluem-se a observação participante e interativa com o

meio ambiente, na prática de caminhadas, escaladas, desbravamento e abertura de

trilhas, rafting, canyoning, off road e rapel. A característica dominante é uma maior

flexibilização ou a inexistência de restrições rígidas e de limites à utilização do

espaço visitado.

Porém, segundo o autor, no Ecoturismo o deslocamento de pessoas se dá

para espaços naturais delimitados e protegidos. Pressupõem, a utilização controlada

de uma área com planejamento do uso sustentável de seus recursos naturais e

culturais, por meio de estudo de impacto ambiental, estimativa de capacidade de

carga e de suporte do local, monitoramento e avaliação constantes, com plano de

manejo e sistema de gestão responsável.

Nesta modalidade de turismo a preocupação recai nos efeitos da utilização

dos recursos do presente, de modo a não causar privações às gerações futuras,

despertando nos praticantes uma visão mais crítica do mundo e mudando suas

atitudes não só durante a viagem, mas em seu cotidiano (Rasteiro, 2002).

O Ecoturismo proporciona a interpretação da natureza, o qual se constitui em

uma atividade educativa, cujo conhecimento é dar a conhecer o significado dos

recursos, através de aspectos originais, por experiência direta ou por meios

ilustrativos, confrontando-se ao simples comunicar de sua significância ou

importância. As técnicas de interpretação objetivam confundir as atividades de

recreação e educação, imperceptivelmente, de maneira que o visitante desenvolva

sua educação ambiental sem se aperceber disso (Milano et al., 1986).

A conceituação básica de desenvolvimento sustentável, diz respeito, ao não

esgotamento dos recursos naturais, pois é um processo de organização de um

sistema, em que se procura preservar certos padrões que lhe conferem capacidades

auto-criativas de continuidade (Irving, 2002; Dias, 2003).

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As atividades recreativas em ambientes naturais são aquelas realizadas ao ar

livre, dentre as quais Araújo (2001) aponta:

- caminhada: podem ser classificadas como de um dia, pois são curtas,

realizadas sem o transporte de muito peso, com retorno ao ponto de partida antes do

anoitecer. Mesmo sendo de curta duração, podem apresentar variados graus de

dificuldade, conforme a distância e a topografia do percurso. As caminhadas com

pernoite, incluem dois ou mais dias, onde os participantes precisam transportar ao

menos parte dos equipamentos em mochilas. Também pode apresentar variados

graus de dificuldade. O autor aponta para a não existência de um termo específico

em nossa língua para as caminhadas desenvolvidas em ambientes naturais. Na

língua inglesa as caminhadas de um dia são denominadas “hikking” e as com

pernoite “backpacking”.

- observação da fauna: para nós é conhecido como safári fotográfico, sendo a

modalidade mais comum a observação de aves. Em inglês é conhecido como “wildlife

viewing”.

As atividades consideradas de menor impacto, segundo Costa (2002), nas

Unidades de Conservação são também enquadradas como hobbies, praticadas,

principalmente, por ecoturistas, como:

- a fotografia;

- a observação de animais;

- filmagem amadora.

O Ecoturismo é uma forma de valorizar o patrimônio histórico e cultural, é o

turismo motivado pela valorização ambiental e pela descoberta da natureza como

valor estético transformado em ativo ambiental (Barretto, 2000).

2.4.2 Desenvolvimento Sustentável e o Turismo

O desenvolvimento sustentável foi proposto como um modelo que pode ser útil

na criação do estímulo para a mudança estrutural da sociedade, um modelo que

deverá se desviar de um foco, estritamente, sócio-econômico para outro diferente, em

que o desenvolvimento alcance as metas do presente sem comprometer o futuro.

A conceituação básica de desenvolvimento sustentável diz respeito ao não

esgotamento dos recursos naturais, pois é um processo de organização de um

sistema em que procura preservar certos padrões que lhe conferem capacidades

auto-criativas de continuidade (Irving, 2002).

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Para a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD): ...é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas( Dias, 2003, p.47).

Enquanto a EMBRATUR (1994, p.19), afirma que o Ecoturismo é o segmento

que mais se aproxima da proposta de desenvolvimento sustentável, pois:

“(...)utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,

incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência

ambientalista através do ambiente (...)”.

Vários autores apresentam trabalhos sobre o contraste do turismo sustentável

com o não sustentável, quanto aos conceitos gerais, estratégias de desenvolvimento

e o comportamento do turista (Quadro 2).

QUADRO 2 - Comparação entre turismo sustentável e não sustentável. TURISMO SUSTENTÁVEL TURISMO NÃO SUSTENTÁVEL

Conceitos geraisDesenvolvimento lento Desenvolvimento rápido Desenvolvimento controlado Desenvolvimento descontrolado Escala adequada Escala inadequadaLongo prazo Curto prazoQualitativo Quantitativo Controle local Controle remoto

Estratégias de desenvolvimentoPlanejamento com posterior desenvolvimento Desenvolvimento sem planejamento Esquemas baseados em conceitos Esquemas baseados em projetos Preocupado com as paisagens Concentrado nas sensações do momentoPressão e benefícios difusos Capacidade de crescimento Promotores de desenvolvimentos locais Promotores de desenvolvimento no exteriorArquitetura nativa Arquitetura de outros tipos

Comportamento do turistaAlta valorização Pouca valorizaçãoAlgum preparo mental Pouco ou nenhum preparo mental Aprende a língua local Não aprende a língua local Tem tato e é sensível É enérgico e insensível Fala baixo Fala altoRepete as visitas Improvável que volteFonte: Ferreti, 2002.

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Observado, inicialmente, em ecossistemas, o termo “desenvolvimento

sustentável” foi criado em 1987 e definido no relatório “Nosso futuro comum” da

Brundtland Commision como “desenvolvimento que satisfaz às necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer às suas

próprias necessidades”. A sustentabilidade leva em conta características como

independência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade (Costa, 2002; Irving,

2002; Dias, 2003).

O conceito de desenvolvimento sustentável é central para a compreensão da

cultura na atualidade. Aparece como elemento central da Agenda 21, da série de

normas ISO14000 e, é citado como direito de todos na Constituição Brasileira,

representando uma diretriz para a compreensão dos grandes instrumentos jurídicos,

nacionais e internacionais (Adler, 2001).

Bacca (2002), apresenta de forma preocupante o consenso percebido no II

Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, realizado em 2000, o qual prevê

que, no máximo, em 20 anos, não sobrará mais nada de significativo a ser

preservado, fora das Unidades de Conservação, embora as mesmas se pareçam a

“ilhas” de preservação cercadas de ocupação antrópica por todos os lados.

Porém, já se verificam pressões sobre Unidades de Conservação,

principalmente, Estaduais e Municipais, tendo como causa clara a falta de

planejamento nas áreas de entorno, os fatores políticos e a ausência de aplicação

dos princípios de sustentabilidade (Costa, 2002).

O valor de um espaço preservado, segundo Moraes (1996), é um capital

potencial, uma reserva de valor que se expande em relação direta com suas

potencialidades de uso.

No Ecoturismo, deve haver, além da conservação, essa proteção, o que

equivale a apenas contemplar e observar a natureza (Coriolano, 2002).

O desenvolvimento da atividade turística qualificada de “sustentável”, exige a

incorporação de princípios e valores éticos, uma nova forma de pensar a

democratização de oportunidades e benefícios, e um novo modelo de

implementação de projetos, centrado em parceria, co-responsabilidade e

participação (Irving, 2002).

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2.4.3 Trilhas

Provavelmente, as mais antigas trilhas surgiram como conseqüência direta

dos movimentos migratórios dos grandes mamíferos, principalmente, herbívoros,

fugindo dos invernos rigorosos. O ser humano começou a utilizar e/ou estabelecer

trilhas para vários fins, desde a simples procura de alimentos e água, até

peregrinações religiosas, viagens comerciais e ações militares (Andrade, 1997).

Desde que pisaram o solo brasileiro, os colonizadores portugueses, para

ocuparem a terra e se deslocarem, se aproveitaram das inúmeras trilhas abertas

pelos índios, por todo o território. À medida que a colônia se desenvolveu, as

estreitas e perigosas trilhas se transformaram em caminhos que permitiam a

passagem de animais de carga. Por fim, vieram as ferrovias e as modernas

rodovias.

A principal função das trilhas sempre foi suprir a necessidade de

deslocamento. No entanto, conforme Andrade (1997), pode-se verificar que ao longo

dos anos houve uma alteração de valores em relação às trilhas. De simples meio de

deslocamento, as trilhas surgem como meio de contato com a natureza.

Os objetivos de uma trilha podem ser desdobrados em vários pontos

relacionados à experiência e à percepção ambientais, mas o objetivo principal de

toda ela, é o resgate do significado da integração e conservação ambiental mediante

o conhecimento. Esta integração Homem/Paisagem estabelecida durante uma trilha

interpretativa, transcende objetivos imediatos, fundados em informações superficiais

ou não, explicações técnicas, temáticas, etc. Na realidade, a experiência de uma

trilha é impossível de ser restringida aos conteúdos referentes aos ecossistemas,

ciclos vitais, recuperação e proteção, poluição e degradação, entre outros (Lima,

1998).

Segundo o autor, as classes gerais de trilhas, podem ser divididas em:

- Trilhas de interpretação de caráter educativo, assim denominadas pois

consistem em instrumentos pedagógicos, podendo ser:

- auto-interpretativa;

- monitorada simples;

- com monitoramento associado a outras programações.

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O percurso deve ser de curta distância, onde se busca otimizar a

compreensão das característica da seqüência paisagística determinada pelo

traçado. No caso de áreas naturais são conhecidas com “Trilhas de Interpretação da

Natureza”.

-Trilhas cênicas, as quais integram um sistema de outras redes, geralmente

como uma seqüência paisagística envolvendo cenários urbanos, rurais, selvagens

enfocando diferentes aspectos e atributos. Possuem longas distâncias e grandes

extensões.

Segundo Lima (1998), podem ser estabelecidos diversos tipos de trilhas, as

quais se classificam quanto:

- a função: de vigilância, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia;

- a forma:

- circular: oferece a possibilidade de se voltar ao ponto de partida sem

repetir o percurso ou cruzar com outros visitantes;

- oito: são muito eficientes em áreas limitadas, pois aumentam a

possibilidade de uso destes espaços;

- linear: é o formato mais simples e comum. Geralmente, conecta a um

destino como cavernas, clareiras, lagos, etc. A desvantagem é a volta pelo mesmo

caminho de ida e a possibilidade de cruzar com outros visitantes;

- atalho: o inicio e o fim estão em diferentes pontos de uma trilha ou

caminhos principais;

A qualidade do desenho de uma trilha depende do equilíbrio entre beleza e

objetivo. Características naturais e cênicas devem ser combinadas de forma criativa.

- ao grau de dificuldade: caminhada leve, moderada e pesada;

- à declividade do terreno: ascendente, descendente ou irregular.

O grau de dificuldade é um critério subjetivo, pois a dificuldade depende do

condicionamento físico, idade e peso eventual da bagagem carregada.

A classificação, geralmente, é elaborada por empresas especializadas em

turismo utilizando:

- letras: variando de A até E

- números: de 1 a 3

A exemplo disto a empresa Free Way – Trilhas e Natureza, conforme

Andrade (1997) , adota a seguinte classificação:

- Quanto ao nível técnico:

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1 - fácil

2 - com obstáculos naturais

3 - exige habilidades específicas.

- Quanto a intensidade:

A - leve

B - regular

C - semi-pesada.

Conforme o mesmo autor, a The Adventure Company, adota os seguintes

critérios:

- Graduação nas trilhas:

1 - fácil

2 - moderado

3 - extenuante

- Classificação nas atividades:

Grau A - passeios que podem ser apreciados sem obrigatoriedade de

desenvolver alguma atividade física. Não requer experiência anterior.

Grau B - requer alguma atividade física. Se for necessário pernoitar na

trilha, é recomendado experiência de camping.

Grau C - requer condicionamento físico, pois as trilhas podem ser longas,

acidentadas e/ou cansativas, Em geral, envolve pernoite na trilha.

Grau D - requer bom condicionamento físico e experiência básica em

montanhismo.

Grau E - a pessoa deve ser capaz de desenvolver intensa atividade física

durante dias, em lugares difíceis. É necessária experiência comprovada

em montanhismo e estar preparado para desenvolver todas as tarefas.

Geralmente, esta categoria é conhecida como “expedição”.

Contudo, trilhas de interpretação necessitam de técnica, ciência e arte

para serem criadas, traçadas e trilhadas. São caminhos determinados que nos

levam a experienciar as paisagens sob outros contextos, conjunturas, despertando

novas concepções: percepção e vivência cambiantes. (Re-)conhecimento da

paisagem onde nos atemos à criação ou à transformação de geossímbolos naturais

ou construídos; à leitura de uma geo-história natural e cultural inscrita em cada

ângulo ou elemento paisagístico: processos interativos, significados e valores

culturais, relações Sociedade/Natureza (Lima, 1998).

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Um dos objetivos de trilhas de uso público em áreas naturais é suprir as

necessidade recreativas de maneira a manter o ambiente estável e permitir ao

visitante a devida segurança e conforto. Griffith & Valente (1979) e Griffith (1983),

propõem a análise de recursos visuais no zoneamento de unidades de conservação

e na implantação do sistema de trilhas. Através da análise de topografia, vegetação

e hidrografia, pode-se dividir a área em diferentes classes paisagísticas, o que

oferece subsídio inicial para a proposição de traçados de trilhas.

A sinalização turística consiste de sinalização indicativa e sinalização

interpretativa. Ambas não se confundem, se complementam. Orientam, informam e

sensibilizam o visitante (Murta, 2002).

A sinalização interpretativa em parques ou outras áreas naturais deve

preencher algumas funções, conforme Goodey (2002):

realçar a experiência do local;

situar o usuário;

direcionar os visitantes;

especificar;

ilustrar;

reforçar temas;

contar historias;

estabelecer responsabilidades;

apresentar propostas para o futuro.

Há a necessidade de sinalizar as trilhas visando a segurança do excursionista

e dos recursos naturais, bem como auxiliar a identificação e a interpretação.

“Uma seqüência na sinalização é essencial para toda a atração. Existe naturalmente a expectativa da seqüência... O design da sinalização é crucial para o sucesso. A sinalização fala das características de um lugar, orientando e informando o visitante; mas sua experiência deve envolver também a descoberta” (Goodey, 2002, p.116).

Segundo Proudman apud Andrade (1997), a vantagem da sinalização em

trilhas são as seguintes:

evitar que os excursionistas dispendam verbas com aquisição de mapas;

facilitar os excursionistas não familiarizados com a área a ser explorada;

reduzir invasões acidentais;

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encorajar o uso de trilhas pouco conhecidas, reduzindo a freqüência de

limpeza das trilhas.

Entre os recursos para a sinalização estão as placas, marcação com tinta,

totens e fitas.

As placas são importantes, pois informam o nome (dos locais, espécies, etc.),

a direção, pontos importantes, distância e destino.

Podem ser confeccionadas em pedra, metal e madeira, sendo o último

material o mais comumente encontrado. Na escolha da madeira devem ser

considerados fatores como, durabilidade, resistência, disponibilidade e custo.

As dimensões das placas são variáveis de acordo com o comprimento da

mensagem. Poderão ser usadas duas cores, uma para o fundo e outra para as

inscrições. Outra maneira é manter o fundo natural e somente utilizar a cor para as

inscrições. Neste caso deverá ser usado verniz náutico para a proteção da madeira.

Para Goodey, 2002, p.187:

A cor é uma questão fundamental. Cores brilhantes sobre uma superfície branca podem aparecer atraentes, mas tendem a desbotar e chocar-se com o ambiente. Nos climas temperados, é preferível utilizar tons mais escuros de vermelho, marrom, verde e azul, enquanto tons de vermelho e amarelo são mais apropriados para o clima tropical.

A fixação das placas poderá ser feita através de postes de madeira tratada,

sobre pilhas de pedra ou pendurá-las em árvores e arbustos. Deve-se utilizar nestes

casos arame ou fio de nylon, evitando-se utilizar os pregos para fixação de placas

em árvores.

A marcação à tinta, consiste em uma marca padronizada colocada em

árvores ou pedras. As cores mais indicadas nestes casos são azul, vermelho,

amarelo, branco e laranja.

De acordo com Barbosa & Trancoso (1977), as cores seguem o sistema

PANTONE1 e apresenta alternativas baseadas em catálogo de tintas automotivas

(Tabela 1).

_______________________ 1 PANTONE é um sistema internacional de cores comerciais. Neste sistema existe uma série de cores que se obtêm mediante combinações predeterminadas de tintas. As cores do PANTONE se definem em número de catálogo.

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Os tótens são pedras empilhadas, de fácil visualização, utilizadas para

marcar trilhas desprovidas de árvores.

A distância entre tótens poderá ser de 30 a 50 metros, observando-se que o

excursionista ao lado de um tótem deverá visualizar outros dois (da frente e de

trás).

Outra forma de marcar os caminhos é a utilização de fitas coloridas

amarradas nos galhos, troncos e arbustos ou ainda em estacas de madeira ou ferro.

O material mais empregado é o plástico pela sua durabilidade e pela

manutenção da coloração.

Os princípios de interpretação ambiental, segundo Tilden apud Salvati (2003) são:

relacionar a interpretação com a personalidade e a experiência do grupo de

visitantes;

a interpretação não é somente informar;

a interpretação é uma arte;

a interpretação deve educar, criar expectativas, questionamentos e

provocações;

a interpretação deve ser elaborada visando o entendimento do todo, de uma

grande idéia;

a interpretação deve ser específica e dirigida ao estilo do visitante.

TABELA 1- Cores utilizadas para sinalização baseadas no sistema PANTONE. COR CARACTERIZAÇÃO BRANCO Automotiva Coral - Mixing Branco 450

MARROM PANTONE 4625 C Automativa: Ford - Marrom tabaco 80

PRETO PANTONE BLACK C Automotiva: Ford - Preto Nova Orleans 94

VERMELHO PANTONE 485 C Automotiva: Ford - Vermelho Performance 93

AREIA PANTONE 468 C Automotiva: GM - Branco Espuma

AZUL PANTONE 294 C Automotiva: VW - Azul Arara 73

AMARELO PANTONE 124 C Automotiva: VW - Amarelo Ipê 91

VERDE PANTONE 342 C Automotiva: GM - Ultra Verde 74

AZUL MÉDIO Process Blue Automotiva: VW - Azul Firenze 76

FONTE: Barbosa & Trancoso (1977)

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Nas trilhas guiadas a atuação do guia/condutor é fundamental. Sua principal

característica deve ser a de estabelecer um canal de comunicação e uma relação

afetiva entre o interprete e o visitante.

Quanto aos recursos utilizados para a interpretação ambiental das trilhas,

podem ser classificados em guiadas (monitoradas) e auto-guiadas.

As trilhas auto-guiadas exigem recursos visuais e gráficos que indiquem as

direções e os elementos. Podem ser acrescidas de placas numeradas e

instrumentos escritos.

O uso de trilhas interpretativas em unidades de conservação permite uma

maior aproximação com os elementos da natureza e a realização de uma educação

ambiental dinâmica (Magalhães,1999).

O processo de interpretação de uma trilha, para Magro & Freixêdas (1998),

começa com um exercício de observação e estudo dos recursos naturais e culturais.

A interpretação ao vivo, também chamada de interpretação pessoal,

pressupõe um ator, um guia ou “expert” contando casos, atuando, cantando,

conversando, demonstrando, ilustrando e explicando temas e processos a visitantes.

Porém, algumas regras devem ser observadas por aqueles que atuam como

interpretes (Goodey, 2002):

- necessitam treinamento e conhecimento;

- equilibrar os comentários ou demonstrações com as necessidades do lugar

e a tolerância dos visitantes;

- desempenhar papel de segurança;

- harmonizar sua apresentação com a interpretação geral da área.

A atratividade de um sítio relaciona-se de maneira geral, com fatores naturais

como a variedade de vegetação, proximidade de corpos d’água, relevo, entre outros.

Uma vez inventariado, escolhe-se o tema a ser interpretado e inicia-se o processo

de seleção dos pontos que estarão no programa de visitação.

2.5 Benefícios sociais e ambiental - Trinômio Floresta x Turismo x Educação Ambiental

As florestas do Brasil, ocupando uma área de, aproximadamente, 450 milhões

de hectares, contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações rurais

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e urbanas, pelos benefícios ambientais, econômicos e sociais que proporcionam.

Em nosso país, a atividade de base florestal contribui com 4% do PIB e

proporcionam 2 milhões de empregos diretos e indiretos, verificando-se a existência

de imenso potencial de crescimento (Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2004).

As florestas existentes no território nacional e as demais formas de

vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse

comum a todos os habitantes do país 1, e as ações ou omissões contrárias à

sustentabilidade de seus usos são um uso nocivo da propriedade2 .

Conservação, além de sua previsão nos planos de manejo, deverá haver

investimentos, que caracterizam as necessidades gerais, sem as quais poderá haver

comprometimento da qualidade de atendimento ao visitante e dificuldade da gestão

do turismo, dentre as quais destacam-se:

Segundo Costa (2002), para o desenvolvimento do turismo em Unidades de

construção e implantação de um centro de atendimento aos visitantes;

criação e implantação da estrutura administrativa in loco;

contratação e treinamento de pessoal;

definição física da área da UC (através de cercas, placas ou quaisquer outros

meios);

abertura e/ou melhoria nas condições físicas das trilhas de visitação;

desenvolvimento de um amplo e bem estruturado programa de comunicação;

implantação de sistema de sinalização (dentro e fora da UC);

cadastramento de potencialidades turísticas do entorno (patrimônio natural e

cultural);

incentivo à participação de instituições e pessoas do entorno;

criação de material promocional e educativo;

promoção de estudos e desenvolvimento de pesquisas.

De acordo com Ferreti (2002), as unidades de conservação, com seus

atrativos naturais e culturais protegidos por lei, constituem grandes atrações, tanto

para os habitantes como para os turistas (Quadro 3).

____________________ 1 CÓDIGO FLORESTAL. Lei 4.771 de 15.09.1965. Artigo 1º. 2 CÓDIGO FLORESTAL. Lei 4.771 de 15.09.1965. Artigo 1º, Parágrafo Único

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QUADRO 3- Potencialidade de aproveitamento turístico de 101 Unidades de Conservação no Brasil, conforme Pellegrini Filho (1993).

Potencialidade Turística Número % Potencialidade total 56 55,4 Potencialidade fracamente realizada 18 17,9 Potencialidade parcialmente realizada 09 8,9 Potencialmente realizada 18 17,8 Totais 101 99,9

Conforme, Benevides (2002), as propostas de um desenvolvimento local

“alavancado” por meio de turismo alternativo estaria na representação das

possibilidades de ele equalizar cinco objetivos, quais sejam:

- preservação/conservação ambiental;

- identidade cultural;

- geração de ocupações produtivas e de renda;

- desenvolvimento participativo;

- qualidade de vida.

Para um relacionamento mais sustentável entre turismo e meio ambiente,

Swarbooke (2000), aponta:

necessidade de um pensamento holístico, com a percepção do conceito de

ecossistema;

controle de impactos negativos;

encorajamento de práticas corretas;

pagamento do custo ambiental do turismo;

manutenção de um equilíbrio entre conservação e desenvolvimento.

É consenso na comunidade internacional (Agenda 21) que a educação

ambiental deve estar presente em todos os espaços que educam o cidadão. Cada

contexto tem as suas características e especificidades que contribuem para a

diversidade e criatividade da mesma.

Quando se prega a manutenção do recurso natural e cultural para as gerações futuras e o bem estar das populações envolvidas, se estabelece, também, um compromisso ético fundamental porque se pressupõe uma filosofia de vida diferenciada, norteada pelo compromisso de justiça social, democratização de oportunidades e percepção de longo prazo numa visão coletiva e solidária, e não egocêntrica. Esses compromissos só poderão ser alcançados se a relação do turismo com o ambiente global estiver centrada numa relação vivencial e afetiva. E, então, o papel da educação ambiental é

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inquestionável ( Irving, 2002, p.31).

Cavedon & Domingos (2003), salientam que o Brasil, sagra-se como o

primeiro país da América Latina a ter uma política nacional específica para a

educação ambiental, Lei 9.795/99, entendendo que os cidadãos só constituirão

valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competência voltada para

conservação do meio ambiente se receberem capacitação, para assim participarem

efetivamente dos processos de decisão.

Assim, a Lei 9.795/99, em seu artigo 2º diz:

“A educação ambiental é um componente essencial e permanente

da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada,

em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não formal”.

Conforme Milaré (2001), a Educação Ambiental deve ser considerada como

uma atividade-fim, porquanto se destina a despertar e formar a consciência

ecológica para o exercício da cidadania. (...) é um instrumento valioso na geração de

atitudes, hábitos e comportamentos que concorrem para garantir a qualidade do

ambiente como patrimônio da coletividade.

Nos parques e reservas ecológicas o enfoque é prioritariamente as espécies

animais e vegetais que aí vivem e as suas interdependências.

Conforme Reigota (1994), são objetivos da educação ambiental:

conscientização;

conhecimento;

comportamento;

capacidade de avaliar;

participação.

Quando se lidam com experiências diretas, segundo Piletti (1991), a

aprendizagem é mais eficaz, pois é conhecido que aprendemos através de nossos

sentidos (83% através da visão; 11% através da audição; 3,5% através da olfação;

1,5% através do tato e 1% através da gustação) e que retemos apenas 10% do que

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lemos, 20% do que ouvimos, 30% do que vemos, 50% do que vemos e executamos,

70% do que ouvimos e logo discutimos e, 90% do que ouvimos e logo executamos.

A apresentação de temas ambientais no ensino básico deveria se fazer com

ênfase em uma perspectiva de educação geral. O estudo do meio ambiente deve

recorrer aos sentidos das crianças (percepção do espaço, formas, distâncias, cores,

cheiros e odores) além das alterações do corpo como a umidade e a temperatura, e

fazer parte das visitas e jogos. O estudo do entorno imediato do aluno (casa, escola,

floresta, caminhos) revestem-se de muita importância ao aprendizado (Dias, 2001).

O Parque Nacional de Brasília planejou um Programa de Educação

Ambiental, conforme Dias (2001), para desenvolvimento de atividades levando em

conta o público interno e externo. As atividades incluem:

cursos para professores;

corpo de voluntários (júnior, acadêmico, sênior);

atendimento a visitantes como escolas, usuários e grupos especiais

(alcoólatras, menores carentes, cardíacos, portadores de distúrbios mentais,

portadores de necessidades especiais, surdos/mudos, idosos);

atividades especiais (caminhadas interpretativas, acompanhamento da

família, natação);

exposição itinerante;

promoção de eventos;

atendimento institucional.

A percepção da paisagem em uma trilha de interpretação é apenas uma

breve amostragem de suas seqüências, estruturas e dinâmicas, porém as

experiências ambientais envolvidas traduzem uma lição pertinente à compreensão

mais profunda de nossas próprias percepções e vivências ambientais, diante de

tantos e diferenciados ecossistemas naturais e construídos (Lima, 1998).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A coleta de dados se apoiou na Floresta Nacional de Canela e na sede do

município de Canela, no Estado do Rio Grande do Sul.

A região territorial que abriga esta Unidade de Conservação possui uma área

de 270 km2 e uma população, eminentemente, urbana.

Pelo censo realizado em 1994, o turismo é responsável por 43,675% da

arrecadação do município, seguido pela indústria, comércio e serviços, em especial,

de artesanato, malharia e chocolate caseiro.

A região possui topografia bastante acidentada por se inserir na Encosta

Superior do Nordeste e, por estar na extremidade sul da Serra Geral, apresenta

quedas de altitude.

Em termos hídricos a Bacia do Rio dos Sinos tem, como principal contribuinte,

no território do município, os rios Santa Maria e Bugres e mais uma série de

afluentes. A Bacia do Rio Caí recebe as águas, por intermédio, do Rio Santa Cruz,

Arroio Saiqui, Arroio Caçador e Arroio Caracol.

A vegetação nativa predominante está representada na sua maior parte pela

Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária. Esta formação ocorre nas partes

altas do planalto, a partir de 400m acima do nível do mar e é caracterizada pela

presença do Pinheiro Brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze). Há

algumas áreas que são cobertas por uma savana gramínea lenhosa ou Campos de

Altitude, com capões de mata, ocorrentes no planalto, na parte leste, em direção a

São Francisco de Paula. Uma terceira formação é encontrada nos vales e

chapadões, com altitude inferior a 400m, acima do nível do mar. Neste locais

encontra-se a Floresta Estacional ou Mata Branca, onde não ocorre Araucárias.

Como vegetação exótica o município é rico em reflorestamentos comerciais,

de espécies como o Pinus, Eucalipto e Acácia-negra, visando a produção de

madeira, lenha e carvão (Prefeitura Municipal de Canela,1960).

A incidência de chuvas é uma constante, em torno de 30% do ano (116 a 140

dias), com precipitações de 1800 a 2500mm/ano. As geadas ocorrem em média 21

vezes ao ano, ditando a chegada da neve que ocorre entre maio e setembro.

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As temperaturas podem variar de 21,5°C a -2,7°C, com ventos médios de 3m/s,

oriundos do quadrante sudeste.

3.2 Metodologia

A metodologia utilizada no presente trabalho para a caracterização das

diferentes fases baseou-se na proposta da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

TURISMO (1995, p.245), que define Metodologia Turística, como sendo:

“Conjunto de métodos empíricos, experimentais, seus

procedimentos, técnicas e táticas, para ter um conhecimento

científico, técnico ou prático dos fatos turísticos”.

O levantamento de dados foi dividido em oito fases, respectivas, a cada sítio

e/ou situação de estudo, conforme mostra o Quadro 4.

3.2.1 Fase 1: Região receptora

Denomina-se Região Receptora nesta pesquisa, a cidade de Canela, a qual

abriga a Floresta Nacional, e atual ponto de referência urbano aos turistas.

O Instrumento I (Anexo 01), constou de um inventário, compilado com base

na bibliografia e no levantamento de dados, junto aos órgãos públicos municipais.

O inventário da oferta turística é o processo pelo qual se registra o conjunto de

atrativos turísticos, dos equipamentos e serviços turísticos e da infra-estrutura de

apoio turístico, de forma a otimizar a utilização de seus recursos naturais e culturais

(EMBRATUR, 1993).

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QUADRO 4 - Fases de condução e instrumentos propostos para a coleta de dados. FASE CONTEXTO AVALIAÇÃO OBJETO

1 REGIÃO RECEPTORA

INSTRUM. I

- Diagnóstico da localidade receptora (Avaliação das características da cidade de Canela, RS.)

2 TURISTA INSTRUM.II- - Avaliação do perfil do turista

3 TURISTA X FLONA INSTRUM. III- -Valoração das sub-paisagens da FLONA

4 ENTORNO INSTRUM. IV - Levantamento das características do entorno da FLONA de Canela, RS

INSTRUM. V-A - Diagnóstico do atrativo turístico INSTRUM. V-B - Avaliação do equipamento turístico

5

FLONA INSTRUM. V-C - Avaliação do potencial turístico

INSTRUM. VI-A - Caracterização da FLONA de Canela, RS

INSTRUM. VI-B- Caracterização da infra-estrutura da

FLONA de Canela, RS

6

FLONA

INSTRUM. VI-C -Centro de Visitantes INSTRUM. VII -Determinação das vistas das sub-paisagens INSTRUM. VIII - Análise visual das sub-paisagens

7

FLONA INSTRUM. IX -Valoração da qualidade cênica das sub-paisagens Roteiro da Trilha -Levantamento dos atrativos da Trilha do Veado 8 TRILHA DO

VEADO INSTRUM. X -Determinação da qualidade visual dos elementos

3.2.2 Fase 2: Turista

Através do Instrumento II (Anexo 02), foram avaliadas as características dos

turistas que freqüentam a cidade de Canela, na Serra Gaúcha, com ênfase ao perfil

sócio - econômico e cultural e ao conhecimento e interesse pelo Ecoturismo.

Foram aplicados instrumentos aos turistas nos meses considerados de “alta

temporada” e “baixa temporada”, para a região. Baseado nas informações da

Secretaria de Turismo da Prefeitura Municipal de Canela, o maior fluxo de turistas

ocorre nos

meses de julho e dezembro, sendo esta considerada a “alta temporada” e em

contrapartida a “baixa temporada”, coincide com os meses de outubro e fevereiro.

Existe, conforme Wagner (2003), uma tendência de alteração dos meses

considerados de alta ou baixa temporada, a exemplo disto em Campos do Jordão,

em 1996, a baixa temporada correspondia aos meses de setembro a dezembro e

em 2001 passou a ser representado pelos meses de fevereiro e março.

A partir do total de leitos oferecidos pela rede hoteleira e tomando como base

uma ocupação média anual de 55%, a amostragem foi de 88 entrevistados em cada

coleta de dados.

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Em razão do número de instrumentos a serem aplicados, em cada período,

ser superior ao número de unidades hoteleiras foram realizados sorteios dos locais

a receber maior número de instrumentos.

A definição amostral de indivíduos foi baseada no número de

estabelecimentos hoteleiros do município, sendo os instrumentos aplicados nestes

locais, caracterizando o que Cooper et al. (2001), denomina “pesquisa em

destinação” (feita no local onde se encontra o turista).

Conforme a OMT (1995), devem ser estipulados limites de idade para ser

aplicado os instrumentos. Assim, somente responderam os turistas a partir da

segunda faixa de idade, ou seja, 15 anos.

O instrumento II, constou de um formulário padronizado, com respostas

fechadas, que, segundo Schlüter (2000), consiste em uma técnica para descrição

objetiva e sistemática do conteúdo manifesto da comunicação.

3.2.3 Fase 3: Turista X FLONA

A coleta de dados das duas fases (2 e 3), foram concomitantes e realizadas

em quatro épocas:

- julho e dezembro de 2003 (“alta temporada”);

- outubro de 2003 e fevereiro de 2004 (“baixa temporada”).

A fase 3 caracterizou-se pela aplicação do Método de Valoração da Paisagem

(Instrumento III – Anexo 03), que se realizou a partir da contemplação de imagens

fotográficas (substitutivos da paisagem), as quais foram valoradas de modo

subjetivo, baseado em juízo de valor pessoal, pelos turistas. Como procedimento

metodológico, recomendou-se espalhar os 22 substitutivos da paisagem

(correspondentes as sub-paisagens da FLONA de Canela) e adotar como

parâmetro de avaliação as classes de qualidade que o instrumento apresenta que

consta de uma escala de pontuação de 1 a 5, para cada imagem.

3.2.4 Fase 4:Entorno da FLONA

Esta fase contempla o entorno imediato à FLONA, o qual é formado por:

- Ao norte com a Empresa Trombini e propriedades particulares;

- Ao sul com a Vila Ulisses de Abreu e propriedades particulares;

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- A leste com uma estrada e propriedades particulares;

- A oeste com as empresas Araucária S/A, Trombini e propriedades

particulares.

Na vila Ulisses de Abreu, principal acesso à FLONA, foi aplicado o

Instrumento IV (Anexo 04), para levantar o diagnóstico econômico, social e

ambiental, com dimensão seccional ou sincrônica.

A abordagem qualitativa, permite a obtenção de dados descritivos,

possibilitando analisar as questões relacionadas com o problema da pesquisa, a

partir da perspectiva dos sujeitos envolvidos e do contexto no qual estão inseridos,

proporcionando, uma visão mais completa e verdadeira da situação investigada (Gil,

1994).

Através do cadastro municipal foram levantadas e mapeadas as casas

pertencentes a vila. Com a aplicação da formula abaixo, foi definido o número de

residências a serem amostradas e, através de um sorteio, as que seriam visitadas.

N x 0,96

n =______________________

(0,05) 2 x (N-1) +0,96

em que: n= amostra

N= número total de residências

O instrumento constou de um formulário padronizado e de um questionário

com respostas abertas, possibilitando as pessoas expressarem-se, informalmente,

revelando suas posições e expectativas.

As perguntas foram:

-Qual a razão de não cultivar uma horta e/ou pomar?

-Qual a razão de não possuir uma criação com alguns animais domésticos?

-Sendo Canela uma cidade rica em artesanato porque não são

confeccionadas peças para a venda?

-Qual a modalidade que acredita possuir maior aptidão?

- Gostaria de aprender as técnicas para iniciar a confecção de peças

artesanais?

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-Qual (is) as razões que o levaram a retirar material da FLONA?

-Qual (is) o(s) motivo(s) que o levam a visitar a FLONA?

-Porque gostaria que houvesse o incremento no turismo na FLONA?

-Porque não gostaria que houvesse o incremento no turismo na FLONA?

-De que maneira você acredita poder se inserir em projetos de turismo na

FLONA?

A entrevista, conforme Selltiz et al. (1974), é a técnica mais adequada para a

revelação de informações sobre assuntos complexos, emocionalmente carregados

ou para verificar os sentimentos subjacentes a determinada opinião apresentada.

Para Allport apud Selltiz et al. (1974, p.265):

“Se desejamos saber como as pessoas se sentem – qual sua

experiência anterior, o que lembram, como são suas emoções

e seus motivos, quais as razões para agir como o fazem – por

que não perguntar a elas?”,

Conforme Dencker (2000), para a avaliação das perguntas, inicia-se, com a

transcrição das respostas buscando os “temas’ que surgiram. Esse procedimento

procura verificar as similaridades e diferenças entre as respostas. Após a análise

foram definidas as categorias de respostas e consideradas as três categorias mais

freqüentes.

3.2.5 Fase 5: FLONA- atrativo turístico

Os Instrumento V – A, B, e C (Anexo 05, 06 e 07, respectivamente), tiveram

como objetivo avaliar o atrativo turístico. O Instrumento V-A se propõem a caracterizá-lo quanto aos acessos, sinalização

e como referencial turístico. As questões apresentam-se em uma escala de

diferencial semântico (Trigueiro, 2001). A coleta dos dados foi realizada através de

observação, tomada de fotos e, para subsidiar a ultima questão do instrumento

foram entrevistadas, de forma aleatória, pessoas ligadas ao comércio e moradores

em geral.

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O Instrumento V-B consta de perguntas dicotômicas (Trigueiro, 2001), e

subsidiou a análise do equipamento turístico.

O potencial turístico que envolve uma área de proteção foi avaliado através do

Instrumento V-C.

3.2.6 Fase 6: FLONA - caracterização

O Instrumento VI usado para avaliação da FLONA foi subdividido em:

VI-A: Levantamento das características na Floresta Nacional de Canela (Anexo

08).

Baseado em revisão de literatura foi feito um histórico da FLONA. Os demais

itens constantes no Instrumento foram subsidiados pela Direção e funcionários da

própria FLONA e por avaliação do local.

VI-B: Características da infra-estrutura da Floresta Nacional de Canela (Anexo

09).

VI-C: Centro de Visitantes (Anexo 10).

3.2.7 Fase 7: FLONA- avaliação visual das sub-paisagens

Esta fase consistiu na avaliação das características visuais da FLONA, tanto in

loco, como por imagens fotográficas.

As análises constantes nesta fase, foram realizadas através de substitutivos da

paisagem (imagens fotográficas), tomadas das “superfícies de concentração” que

conforme Boullón (1994), são as áreas de permanência do turista,a qual coincide

com os espaços junto a sede e seu entorno imediato A escolha dos pontos onde

seriam tomadas as imagens foi determinada pela freqüência de uso das distintas

áreas do território.

A figura 2 indica os 22 pontos escolhidos, dos quais se obteve as imagens que

correspondem as sub-unidades, a partir das quais foram aplicados os instrumentos.

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FIGURA 2- Croqui representativo dos pontos focais para tomada das imagens fotográficas.

O Instrumento VII (Anexo 11), referiu-se a Determinação das Vistas, quanto

ao sua classificação e alcance;

O Instrumento VIII (Anexo 12) proporcionou a Análise Visual dos elementos

das sub-paisagens, utilizando-se os substitutivos da paisagem, anteriormente,

utilizados pelos turistas na Fase 3. Para a identificação dos componentes e

propriedades visuais das sub-paisagens foram produzidos esquemas da paisagem

visível, incorporando-se o efeito de cor a proposta metodológica, enquanto o

Instrumento IX (Anexo 13), referiu-se a valoração da Qualidade Cênica das mesmas

sub-paisagens.

3.2.8. Fase 8: Trilha do Veado

Consistiu no levantamento específico da “Trilha do Veado”, (atrativo natural

de uso intermediário no qual o turista se insere na paisagem, Boullón,1994), em

duas épocas do ano: inverno e verão.

A avaliação da trilha foi subdividida em:

- identificação e registro fotográfico dos atrativos existentes, baseado no

roteiro realizado pela própria FLONA (Anexo 15);

- determinação da Qualidade Visual dos elementos (Instrumento X- Anexo

16).

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A valoração da qualidade visual foi realizada in loco , posicionando-se, frente

a cada atrativo, determinando assim o território visual, isto é, utilizando o angulo

focal que a visão abarcava.

Para determinar os efeitos de sazonalidade e estabelecer a capacidade de

carga (Método adaptado de Remonatto & Robayo, 1993), foram realizados registros

de temperatura, umidade do ar e iluminância, nos pontos de atrativos ao longo da

trilha. A coleta de dados ocorreu no inverno e verão, por quatro dias seguidos, em

cada estação , nos horários das 8:00, 12:00 e 16:00 horas. Para tal, foi utilizado um

luximetro manual e o Skymaster Model SM-28.

Os dados meteorológicos da região foram levantados através de pesquisa

junto ao no 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia,

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com sede em Porto Alegre, com

complementação através dos registros do INMET.

3.2.9. Análise dos dados.

A análise dos dados foi realizada, individualmente, para cada contexto

(avaliados nas diferentes fases), estabelecidos, conforme Quadro 4, em: Região

Receptora, Perfil do Turista, Turista x Fauna, Entorno, FLONA e Trilha do Veado.

Buscou-se, com a análise, determinar cada situação avaliada, assim:

A partir dos instrumentos relativos a Região Receptora, Perfil do Turista,

FLONA (fases 5 e 6 e parte dos instrumentos da fase 7) e Trilha do Veado foi

possível realizar uma analise distinta a cada objeto, as quais foram apresentadas de

forma descritiva.

O Entorno foi avaliado e os resultados foram representados nas formas de

gráficos e descritiva.

Para análise da valoração atribuída pelos turistas frente ao substituto das

paisagens (Anexo 17) e a determinação da Qualidade Cênica das sub-paisagens da

Floresta Nacional de Canela (Anexo 18), foi aplicada a Análise Estatística

Multivariada, com o auxílio do Programa SPSS (Statistical Package for the Social

Science) – Versão 11.0.

Para avaliar a valoração dos turistas frente aos substitutivos das paisagens

(fotos) foi feita uma análise de Agrupamento (Cluster) para determinar grupos de

pessoas, de ambos os sexos, e diferentes idades e, posterior análise discriminante,

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para testar a significância dos grupos obtidos e determinar funções discriminantes

que possam classificar os grupos obtidos e alocar novos indivíduos nos grupos

determinados.

Da matriz de dados brutos, tendo nas linhas os pontos de coleta e nas

colunas as variáveis levantadas foi calculada a Similaridade Florística entre as

situações, utilizando a distância Euclidiana (d) como função de semelhança, por ser

a métrica de maior emprego nas análises de agrupamento e apresentar maior

facilidade de cálculo. A fórmula mais simples é dada por:

________________________________

D(X,Y) = √ (X1 – Y1)2 + (X2 – Y2)2 + ... + (Xp - Yp )2

Da matriz de distâncias obtida foi aplicado uma Análise de Agrupamento

(Cluster), utilizando o Método Aglomerativo Hierárquico. Consiste de uma série de

fusões sucessivas, combinadas por suas semelhanças, até esgotar a possibilidade

de combinação. Inicialmente, cada situação, para cada fase analisada, representa

um grupo.

Foram testados os diferentes métodos de ligação: simples, completa, média e

Ward. Optou-se pelo método Ward, por apresentar maior eficiência na formação dos

grupos. A seqüência de agrupamentos foi representada sob a forma de Dendograma

ou Diagrama em árvore.

A análise discriminante foi realizada através do método Stepwise.

Para a avaliação da Qualidade Cênica da Paisagem, aplicou-se a Análise

fatorial, objetivando determinar as variáveis mais representativas na análise.

Utilizou-se o método dos Componentes Principais.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Região Receptora

4.1.1 Localização

O município de Canela localiza-se na região da Encosta Superior do

Nordeste, microrregião 309, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, com latitude de

29°20’15’’ S e longitude 50°53’00’’ O (Figura 3). A altitude oficial é de 830m, acima

do nível do mar, na Praça João Corrêa. O ponto mais alto, localiza-se no

Loteamento Vila do Cedro, com 882m, e na localidade de Passo do Loro, encontra-

se o mais baixo, com 80m, acima do nível do mar.

FIGURA 3 - Localização do município de Canela, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

A área do município é de 270 km2, sendo 7,4% na área urbana e 92,6%, na

área rural.

O município é dividido pelo Rio Caí (Rio Santa Cruz) abrangendo as

nascentes do Rio Paranhana (Rio Santa Maria).

Limita-se ao norte com Caxias do Sul (distante 84 km), ao sul com Três

Coroas (distante 28 km), a leste com São Francisco de Paula (distante 35 km) e a

oeste com o município de Gramado, do qual dista 7 km.

O clima, segundo o sistema Köppen é do tipo “Cfb1”, temperado úmido

(Moreno, 1961).

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As temperaturas médias anuais são de 14,8° C, a precipitação média anual é

de 1821mm e a umidade relativa do ar é, em média, de 80%.

Os ventos são na direção do quadrante sudeste com velocidade média de

3m/s.

Pertence e ocupa posição de destaque, no “Planalto das Araucárias”, “Rota

Romântica”, “Serra Gaúcha” e “Região das Hortênsias”.

A Lei Orgânica, no seu artigo 89, de 2 de abril de 1990, assim dispôs:

“O município fará parte da Região das Hortênsias, constituída

dos municípios da região nordeste do Estado, integrando a

organização, planejamento e a execução das funções

públicas, em especial ligadas ao turismo”.

A cidade de Canela e os demais municípios do entorno (Figura 4),

apresentam uma potencialidade turística, devido a beleza da paisagem, culto as

tradições e pela variedade de produtos típicos ofertados.

FIGURA 4- Localização do município de Canela, frente aos demais municípios constantes de roteiros turísticos. FONTE: Viagem e Turismo (1999).

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4.1.2 Aspectos históricos e organização política social

As pesquisas históricas e arqueológicas apontam como primeiros habitantes

de Canela, um grupo de índios, os quais praticavam uma agricultura muito primitiva,

pois cultivavam apenas feijão, milho, mandioca e abóbora, e dependiam da caça,

pesca e coleta para a sobrevivência.

Em função do frio intenso da região, construíram “casas” subterrâneas, que

consistiam em escavações circulares, com uma cobertura rudimentar. Para

assegurar que não seriam atingidos por inundações, as mesmas eram localizadas

em locais altos, junto às matas de pinheiros, onde também asseguravam parte da

alimentação de inverno, com a presença dos pinhões.

Os indícios destas construções foram encontrados em sítios localizados em

Saiquí ( hoje, bairro da cidade de Canela).

Os registros também apontam a Família Wasem (originalmente Wasum),

como a pioneira no local, estabelecendo-se na localidade de Caracol. Eram

agricultores evangélicos, da região de Dörbach, próximo a cidade de Trier, antigo

reino da Prússia.

Os primeiros indícios para a formação de um povoado, ocorreram no início do

século XX, através de pequenas propriedades de terra, o qual se denominava

“Campestre Canella”, nome este devido a presença de caneleiras, onde os tropeiros

descansavam, quando de passagem pelo local.

As notícias correntes da prosperidade do local, fizeram com que muitas

famílias, principalmente, imigrantes alemães e italianos, mas também, portugueses,

negros e mestiços, para lá se deslocassem, iniciando um pequeno comércio e a

instalações de serrarias e pensões. Um dos fatores que impulsionava o progresso

era a abertura da estrada de rodagem e a perspectiva da estrada ferroviária,

idealizada por João Corrêa Ferreira da Silva, grande proprietário de terras.

Em 1924, a estrada de ferro que ligava Canela e Taquara ficou pronta e com

ela chegou a primeira locomotiva.

Na ocasião a política estadual era assegurada pelo Partido Republicano Rio-

Grandense (PRR), sendo que os líderes do povoado e a maioria da população eram

simpatizantes com essas idéias.

As reivindicações para que Canela se tornasse um distrito de Taquara

cresciam, bem como as atividades comerciais, extrativistas e turísticas, as duas

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últimas executadas no Caracol. Assim, através do Ato de nº 309 do Município de

Taquara, de 2 de março de 1926, foi criado o distrito com sede em Canella.

Na década de trinta, o distrito era muito procurado por porto-alegrenses que

“subiam a serra” de trem, para visitar ou veranear. A estação mais procurada era o

inverno, quando esperavam “conhecer” a neve, somado a visita a Cascata do

Caracol. Nesta época, também foi inaugurada a primeira Usina Hidroelétrica,

denominada Usina da Toca.

O crescimento da cidade era constatado pela abertura de estradas, pontes e

construção do hospital, entre outros. No ano de 1933, a praça central recebeu uma

estátua do fundador da cidade, bem como seu nome, passando a denominar-se,

Praça João Corrêa.

Em 1938, a sede do distrito de Canela é elevada a categoria de Vila (Decreto

nº 7.199). Na época, se destacavam a Fábrica de Celulose (Família Dienstmann), a

Industrial Madereira Ltda., a Cooperativa Serraria de Pinho João Corrêa Ltda.,

Reinaldo Dieterich & Cia. Ltda., e a construção do primeiro cassino (Cassino Palace

Hotel), cuja obra foi suspensa, com a proibição do jogo no Brasil.

O sonho de emancipação veio a partir do Decreto-lei nº 717, publicado em 28

de dezembro de 1944, quando é criado o Município de Canela, com jurisdição sobre

território pertencente ao município de Taquara.

O município foi instalado em 1º de janeiro de 1945, sendo Nelson Schneider,

seu primeiro prefeito.

A primeira Câmara de Vereadores foi constituída em 15 de novembro de

1947, e formada, por 7 membros.

O brasão da cidade se constitui num escudo português, apresentando uma

caneleira (origem do município), um campo de prata (pureza do ar e o caráter dos

canelenses), dois montes verdes e um vale (magnificência da paisagem), que

representam as riquezas da região, a fé e as constância do povo. Ainda há as

inscrições: “Indústria- Canela-28/12/1944- Turismo” (Stoltz, 1992; Reis,1995; Nova

Época, 1995; Oliveira et al., 2000).

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4.1.3 Aspectos socioeconômicos

4.1.3.1 População

Segundo IBGE (2001), o último censo apontou uma população constituída de

33.625 habitantes, sendo 16.529 do sexo masculino e 17.099 do sexo feminino. As

pessoas residentes, com 10 anos ou mais, alfabetizadas, totalizavam 25.396.

Em 2004, o IBGE, através do chamado Revisão 2004 (Censo 2001 +

Pesquisa Nacional para Amostra de Domicílios 2001 + Estatísticas Vitais do

Registro Civil), estimou em 38.152 habitantes.

Em 1990, O IBGE, divulgava a presença de 0,4% da população,

representada por crianças em favela urbana e de percentual zero, em favelas rurais.

Os índices zero de crianças mortas ao nascer ou com idade inferior a um ano, foram

apresentados, pelo IBGE (1992) e confirmados pela CNBB (2001).

Estudo desenvolvido durante o período de 1970 a 1991, pelo IBGE

(Metroplan, 1999) apontou um aumento de 78,3% na população total, neste período.

No ano de 1970, a faixa etária, predominante, era de 15 aos 49 anos, com 52,7%,

ocorrendo um aumento até o ano de 1991. A população de 0 a 14 anos decresceu

no período, de 41,2% para 33,0%.

Os domicílios particulares permanentes totalizam 9.855 unidades, sendo

2.757, com banheiro ou sanitário cujo esgotamento, ocorre pela rede geral, 9.176

cujo abastecimento de água também ocorre pela rede geral, e 9.496 domicílios, cujo

destino do lixo é a coleta ( IBGE, 2001).

O percentual de domicílios urbanos é da ordem de 95,1%, enquanto, os

rurais são de 4,9%.

Considerando a Região das Hortênsias, as cidades de Canela e Gramado,

são altamente urbanizadas, porém, o índice de urbanização ainda é inferior ao

índice estadual, pois os dois outros municípios constituintes, possuem baixa

urbanização.

A religião mais praticada no município é o culto evangélico, seguido do

católico.

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4.1.3.2 Agricultura

Dentre os cultivos agrícolas, o município de Canela produz, o milho, batata

(inglesa e doce), cana-de-açúcar e mandioca. A produção de frutas é representada

pela maçã, laranja, limão e tangerina.

Dos municípios que compõem a Região das Hortênsias, Canela é o que

apresenta menor produção agrícola.

Quanto a áreas de reflorestamento, são encontrados cultivos de Araucária,

Acácia - negra, Eucaliptos e Pinus, sendo as áreas de reflorestamento do município,

somente superadas por São Francisco de Paula.

Quanto a capacidade de uso agrícola dos solos, são encontrados segundo

BRASIL (1978) :

- Classe III (terras cultiváveis continuamente com culturas anuais: 8,6%

- Classe IV (terras de topografia plana a fortemente onduladas): 12,1%

- Classe VI (indicada para culturas permanentes): 34,3%

- Classe VII (solos suscetíveis a erosão): 45,0 %

Os imóveis rurais são caracterizados por minifúndios (72,1%), com área em

torno de 4,6 ha, seguidos de latifúndios para exploração (22,2%). Os demais,

conforme Metroplan (1996), são empresas rurais, que ocupam uma área média de

134,2 ha.

4.1.3.3 Urbanização

O abastecimento de água é responsabilidade da Corsan, através do Termo de

Concessão, firmado entre a Companhia e a Prefeitura Municipal. É um sistema

interligado ao do município de Gramado, cujo manancial é um afluente do Rio Santa

Cruz, com captação no local denominado “Poço da Faca”, situado em São Francisco

de Paula.

O esgotamento sanitário, está sob a responsabilidade da Secretaria Municipal

de Obras, baseado na Lei Municipal 457/78 - Artigo 152.

A responsabilidade da drenagem urbana fica por conta do Departamento de

Água e Esgoto, de Canela, vinculado a Secretaria Municipal de Obras e

Desenvolvimento.

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A Usina de Bugres e Canastra geram energia elétrica para a cidade,

conforme a Companhia de Energia Elétrica Estadual.

Conforme DAER (1992), o município possui 23,5 km de rodovias estaduais e

67,0 km municipais.

O transporte rodoviário coletivo com destino a Porto Alegre, apresenta 13

opões de horários, durante a semana, incluindo nos mesmos, alguns roteiros que

atendem as cidades de Taquara, Igrejinha e Três Coroas.

4.1.3.4 Serviços

O município possui um Hospital, com 62 leitos e 11 unidades ambulatoriais.

Conforme IBGE (2001), existem 20 estabelecimentos de ensino fundamental,

4 de ensino médio e duas instituições de ensino superior.

Possui 4 agencias bancárias, 6 clubes sociais e 8 locais para prática de

esportes.

No aspecto segurança, o município é dotado de um posto da Brigada Militar,

Corpo de Bombeiros e Delegacia de Polícia.

4.1.4 Aspectos turísticos

4.1.4.1 Meio físico

Geologicamente, a região é formada por uma sucessão de derrames

vulcânicos de natureza intermediária, pertencentes à Formação Serra Geral,

representados, principalmente, por riodacitos que se sobrepõem a um pacote de

arenitos de natureza eólica, da Formação Botucatu. Sobre estas formações

rochosas ocorre uma cobertura de sedimentos, mais jovens, representados por

depósitos denominados, genericamente, de Formações Superficiais, que ocupam as

encostas das colinas e porções mais declivosas das serras.

As rochas antigas da Formação Botucatu e Serra Geral e pelos sedimentos,

mais recentes, das Formações Superficiais, acham-se transformados em uma fina

camada de solo pouco desenvolvido.

Conforme IBGE (1986), enquadra-se na região denominada de Planalto das

Araucárias, que pertence ao grande Domínio Morfoestrutural das bacias e

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Coberturas Sedimentares, que engloba toda a metade norte do Estado do Rio

Grande do Sul.

Ocorre uma divisão em Unidades Geomorfológicas, representadas por:

- Planalto dos Campos Gerais

Caracteriza-se por área elevada, com cotas em torno de 1.000m, com relevo

de superfície aplanada retocada, ora degradada. É comum a presença de lajeados

de rocha, onde se assentam delgados níveis coluvionares descontínuos e

pedogeneizados, com linhas de seixos bem preservadas.

Os cursos d’água são retilíneos e muito profundos, pois são controlados pelas

direções de fratruramentos existentes na área.

- Serra Geral

Representado por um relevo escarpado, com desníveis de até 1.000m. Trata-

se de uma unidade com relevo, extremamente, movimentado.

- Patamares de Serra Geral

Onde ocorre o relevo é menos movimentado, com colinas convexo-côncavas.

Do ponto de vista, de recursos hídricos subterrâneos, apresenta baixa

potencialidade, devido a constituição geológica desfavorável, mas favorece a

existência de condições propícias à existência de recursos hídricos superficiais.

Quanto a fragilidade do meio-físico, os problemas mais comumente

encontrados e esperados, dizem respeito, à erosão e instabilidade das encostas.

O potencial mineral do município de Canela se caracteriza pela extração de

pedras ornamentais, brita e saibro.

4.1.4.2 Vegetação

A vegetação original é formada pela Floresta Ombrófila Mista, caracterizada

pela presença do pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze), no

estrato emergente. A canela-areia (Cryptocarya aschersoniana Mez), canela-lajeana

(Ocotea pulchella Mart.), pessegueiro-bravo (Prunus sellowii Koehne) e bracaatinga

(Mimosa scabrella Benth.) formam o estrato dominante, enquanto a sub-mata é

formada por aroeira (Lithraea brasiliensis Marchand ), guamirim-ferro (Calyptranthes

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tricona D. Legrand), guamirim (Myrceugenia euosma (O.Berg) D.Legrand), cambuí

(Myrciaria tenella (DC.) O. Berg) e erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.- Hil.).

Na região da Floresta Estacional Semidecidual, a qual se caracteriza por

apresentar, entre 20 e 50% das árvores do estrato emergente, constituído por

espécies caducifólias, são encontradas duas formações:

a) Formação submontana

Situa-se nas cotas mais baixas, onde no estrato superior, encontram-se:

camboatá (Cupania vernalis Cambess.), Maria-mole (Guapira opposita (Vell.) Reitz),

Mata-olho (Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst.), tanheiro (Alchornea

triplinervia (Spreng.) Müll.Arg.). No estrato médio são encontradas as espécies:

batinga (Eugenia rostrifolia D. Legrand), catiguá (Trichilia clausseni C.-DC.), cincho

(Sorocea blonplandii (Baill.)W.C.Burger) e laranjeira do mato (Gymnanthes concolor

Spreng.).

b) Formação Montana

Situa-se nos terrenos acidentados, com cotas mais altas. É encontrada de

forma rara, devido ao desmatamento, para a introdução da agricultura. As espécies

presentes, são: angico-vermelho (Parapiptadenea rigida (Benth.)Brenan), cangerana

(Cabralea cangerana (Vell.) Mart.), guajuvira (Patagonula americana L.), louro

(Cordia trichotoma (Vell.)Arráb.ex Stend.) e tanheiro (Alchornea triplinervea

(Spreng.) Müll. Arg.).

Na região dos campos, a constituição básica é por espécies herbáceas,

sendo que nos locais mais úmidos e ao longo dos banhados incluem-se, ciperáceas,

juncáceas e orquidáceas. Os exemplares arbóreos se apresentam de forma mais

isolada ou em agrupamentos de pinheiros. Assim, são identificadas as espécies:

branquilho (Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. ex Downs), carne-de-vaca

(Clethra scabra Pers.), casca-d’anta (Drimys brasilieinsis Miers), murta

(Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg) , pau-de-bugre (Lithraea brasiliensis

Marchand), pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.) e o próprio

pinheiro (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze).

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4.1.4.3 Pontos turísticos

Middleton (2002), cita que os componentes turísticos são:

- atrações no destino e meio ambiente;

- instalações e serviços (unidades de acomodação, bares, cafés, transporte,

atividades esportivas, varejistas, locação de equipamentos, salões de

estética,etc.);

- acessibilidade: infra-estrutura (estradas e aeroportos), equipamentos,

fatores operacionais (pedágios);

- imagens e percepções;

- preço (varia de acordo com a estação, com a opção de atividade, meio de

transporte e a escolha de instalações e serviços).

Dentre os vários locais turísticos, destacam-se:

- Catedral de pedra: A Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, construída em

estilo gótico inglês, é, totalmente, revestida de basalto. Possui uma torre de

65 metros, com um carrilhão formado por 12 sinos.

- Castelinho: Construção sem pregos, utilizando apenas encaixes e pinos de

madeira. Funciona como museu e casa de chá.

- Monumento à Integração: Criado por Carlos Tennius para marcar a vinda

dos presidentes do Cone Sul.

- Sítio da Mamãe Noel: Casa de 1916, decorada com motivos natalinos,

totalmente iluminada a noite e que se mantém, aberta durante o ano, apesar

de ser temática.

- Mundo a vapor: São miniaturas de máquinas, lojas e um trem que simula a

passagem no tempo. A fachada lembra o acidente ferroviário de Paris, em

1895.

- Parque Estadual do Caracol: Unidade de Conservação distante 7 km da

sede que abriga a Cascata do Caracol, com queda de 431 metros. Uma

escada de 927 degraus conduz os visitantes à base da cascata.

- Parque Municipal do Pinheiro Grosso: Possui uma área de 4,5 ha, e dista

3,5 km da sede. Através de uma passarela de madeira, chega-se a um dos

pinheiros mais antigos do sul do país, com idade aproximada, de 700 anos,

42m de altura e 2,75 metros de diâmetro de tronco. Possui uma trilha

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ecológica com 300 metros de extensão, denominada “Trilha das Bromélias”. A

vegetação é constituída pela mata nativa e a fauna, representada por

graxains, veados, tatus, papagaios-piriquitos e gralhas-azul.

- Parque Municipal das Corredeiras: Unidade de Conservação, com 5 ha,

distante 15 km da sede, junto ao Rio Paranhana. A atração do local é a

prática do rafting. A estrutura disponível é formada por churrasqueiras,

sanitários, vestiário e campos para prática do futebol e vôlei. Embora, não

aberto a visitação permanente é cobrada uma taxa para quem pratica o

rafting.

- Floresta Encantada: Apresenta um teleférico com vista para a Cascata do

Caracol e o Vale da Lageana.

- Parque da Ferradura: Local destinado para escalar as paredes do canyon

que apresentam 400 metros e visitar a cascata do Arroio Caçador.

- Parque Laje de Pedra: No local se insere um hotel e um condomínio de

luxo. Através de ruas arborizadas, praças e jardins, chega-se a um mirante,

onde é possível, contemplar o Vale do Quilombo.

- Parque das Sequóias: Constitui-se em uma das maiores coleções de

coníferas do mundo, distribuídas em uma área de 236 ha.

- Morros Pelado, Queimado e Dedão: Área particular que integra os roteiros

turísticos. Local recomendado para esportes radicais. Pode-se avistar as

cidades vizinhas, o Vale do Quilombo e os Aparados da Serra.

- Parque do Sesi: são 17ha com infra-estrutura para lazer, com

churrasqueiras, trilhas, salão de festa, cantina, ginásio, quadras de esporte,

cabanas e áreas de camping.

- Fazenda Passo Alegre: O local apresenta açudes, trilhas na mata, passeios

a cavalo, acompanhados por pessoas, tipicamente, trajadas.

- Anos dourados - Museu do Automóvel: Local com coleções de automóveis

antigos, das décadas de 20 a 70 e de plastimodelismo, além de, um espaço

cultural temático.

- Monumento das Hortênsias: Localizado na divisa dos municípios de Canela

e Gramado.

- Parque do Palácio: Situa-se junto a residência oficial do Governador do

Estado, apresenta trilhas para a caminhada, abertas à população.

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4.1.4.4 Programação de eventos

O município apresenta uma programação anual fixa e eventos esporádicos.

No calendário da cidade de Canela, constam os eventos apresentados no Quadro 5. QUADRO 5- Programação de Eventos da cidade de Canela, Rio Grande do Sul, Brasil. Evento Período Rodeio Crioulo JaneiroVerão em Canela Janeiro-março Canela Foto Workshops FevereiroChocofest Março – abril Semana Santa Março ou abril Mercoarte MaioSemana do Bebê MaioFestival Internacional de Teatro de Bonecos JunhoFesta Colonial de Canela JunhoTemporada de Inverno Junho-setembro Festival Gastronômico Junho-julho Concertos na Catedral Junho-agosto Jeep Tour AgostoRally dos Carros Antigos AgostoFeira do Livro e Mostra do Jovem Escritor Canelense JulhoCanela Mostra Tudo- Feira de produtos JulhoSemana Farroupilha SetembroMoto Turismo Canela SetembroFestival de Teatro de Canela OutubroSonho de Natal Novembro-janeiro FONTE: Material de divulgação da Secretaria Municipal de Turismo. Prefeitura Municipal de Canela (2004).

4.1.4.5 Agências turísticas

Foram registradas 8 agencias turísticas, que além de traslados, city-tour, e

passeios na Região das Hortênsias oferecem atividades de Ecoturismo na região

como:

- Trekking (caminhadas ecológicas orientadas)

- cicloturismo - cavalgadas - rappel (descida de paredões com técnicas de montanhismo) - canyoning (descida de cascatas com técnicas de montanhismo) - rafting (passeio em botes infláveis em rios) - travessia e subida em pinheiro.

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4.1.4.6 Hotéis e pousadas

São cinqüenta e três estabelecimentos, classificados em duas categorias

hoteleiras.

A grande maioria apresenta itens como calefação, televisão, frigobar, salas

(de estar e café) com lareira.

Muitos dos hotéis e pousadas, inserem-se em áreas verdes preservadas e

oferecem trilhas para caminhadas.

Em função das temperaturas baixas, alguns hotéis oferecem aos hospedes,

piscinas aquecidas.

4.1.4.7 Alimentos e bebidas

A cidade de Canela apresenta uma gastronomia baseada nos cafés coloniais,

casas de fondue, restaurantes de comida típica italiana, churrascarias, além de

pizzarias, lancherias, bistrôs, restaurantes variados e um, de cozinha internacional,

totalizando 24 estabelecimentos, com capacidade para 2608 pessoas.

O setor de hospedagem, alimentos e bebidas de uma destinação, não

apenas fornece abrigo ou sustento físico, mas também, cria um sentimento geral de

acolhida e uma impressão duradoura da cozinha e produtos locais (Cooper, 2001).

Toda pessoa que visita uma localidade necessita gastar com alimentação e

hospedagem, produtos locais e, outros bens e serviços. Esses gastos tem um fator

multiplicador na renda, na taxa de emprego e na receita gerada pelos negócios e por

meio de impostos. Quanto maior, a quantidade de visitantes atraídos e quanto

menor, for o custo imposto por cada visitante, maior será, a renda líquida do local

visitado. Da mesma maneira, quanto mais tempo o visitante permanecer, mais ele

gastará (Kotler et al., 1994).

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4.1.5 Estrutura urbanística

Embora uma ótima e bem mantida infra-estrutura não garanta o crescimento

de uma comunidade, a falta dela, é uma deficiência grave. Para manter a qualidade

de vida e patrocinar a produtividade econômica, uma localidade precisa que, sua

infra-estrutura seja desenvolvida e mantida (Kotler et al., 1994).

A exemplo, da maioria das cidades de pequeno e médio porte, a cidade de

Canela concentra seu comércio e serviços, na área central da cidade.

Por ser uma cidade turística que se destaca pelas belezas naturais e pela

complementação decorativa, em diferentes épocas do ano, é o centro da cidade, o

local privilegiado por estes investimentos e pela manutenção permanente.

O centro é o lugar dinâmico para onde convergem as atividades, os fluxos de

mercadorias, de dinheiro, de pessoas. A partir dele e em função dele, instala-se e

hierarquiza-se o entorno urbano: o lugar para o bairro sofisticado, o lugar do bairro

operário, o lugar das populações marginalizadas em relação ao mercado de trabalho

industrial, o lugar de comércio, o lugar do lazer, etc. (Estrada, 1986).

Para Bettanini (1982), o centro é o espaço que permite uma coordenação das

atividades urbanas, uma identificação simbólica e ordenada destas atividades e, por

conseguinte, a criação de condições necessárias à comunicação entre os atores.

Os bairros e vilas que formam o entorno da cidade, abrigam, principalmente,

as fábricas moveleiras e têxteis.

O espaço urbano, produzido e ordenado no âmbito de uma sociedade,

constitui-se como lugar privilegiado de produção e reprodução de mão-de-obra, já

que a população é aí analisada, como força de trabalho efetiva, de reserva ou futura.

O urbano não mais se encontra “fora do lugar”, e sim, se acha, perfeitamente,

integrada a esta ordem (Estrada, 1986).

A serra gaúcha consagra-se, gradualmente, como padrão estabelecido no

que se refere, ao atendimento, diversidade e temática. Nas cidades serranas,

resgata-se um passado, pouco presente na atualidade e oferece-se uma experiência

de consumo singular, em termos de satisfação pessoal. São capazes de atrair

pessoas diversas, a nível, individual ou grupal, oferecendo um produto

personalizado e serviços qualificados, agindo, assim, como intensificadores do

desenvolvimento turístico auto-sustentado (Ashton, 2001).

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Baseado nos dados encontrados e considerando a conceituação de Padilla

(1992), de que uma localidade turística é todo o sítio que, por seus atrativos

particulares, por seus meios de comunicação e, por seus equipamentos, é objeto de

demanda turística, a cidade de Canela, apresenta como vocação e estrutura, a

atividade turística, amparada em sua oferta primordial1 e complementar2.

4.2 Perfil do turista

Dados da EMBRATUR (2002), apontam o Estado do Rio Grande do Sul, em

10º lugar entre os Estados mais visitados, sendo que, São Paulo e Rio de Janeiro,

ostentam o 1º e 2º lugares, respectivamente.

Pesquisa realizada por revista eletrônica, na área do turismo,

(www.revistaturismo.com.br, 2001), revelou que 36,84% dos entrevistados, definem

seus próprios roteiros, sem auxílio de serviços especializados, sendo que 28,96%,

escolhem seu roteiro baseado nos preços, 6,48% na oportunidade de compras e

32,96%, o possível contato com a natureza.

Entre os turistas que chegam a cidade de Canela, há um predomínio das

mulheres , independente das estações do ano (Tabela 2).

Em outubro (primavera e baixa temporada de veraneio) dos turistas presentes

em Canela, 59% são mulheres e 41%, homens. Nesta temporada há um predomínio

das mulheres em 18%. Os homens preferem visitar a região no período do inverno.

TABELA 2 – Dados referentes ao sexo dos turistas, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Sexo Coletas Masculino % Feminino % Diferença

1ª- julho 2003 41 46,60 47 53,40 6,80 2ª- outubro

2003 36 41,00 52 59,00 18,00

3ª- dezembro 2003

39 44,32 49 55,68 11,36

4ª- fevereiro 2004

38 43,18 50 56,82 13,64

_______________________________ 1 A oferta primordial está integrada pelo conjunto de atrativos turísticos. 2 A oferta complementar é conseqüência da primordial e se referem a fatores como: as obras de infra-estrutura, (apóiam e impulsionam o desenvolvimento da atividade), a estrutura turística (instalações,serviços,etc.) e a supraestrutura turística (organismos e instituições que promovem a produção e venda dos serviços).

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Conforme demonstram as Tabelas 3 e 4, no mês de julho, o predomínio de

turistas, tanto do sexo feminino como do masculino, apresentaram idades entre 31 e

40 anos. As mulheres, na terceira coleta (mês de dezembro) que também

corresponde a alta temporada, apresentaram uma faixa mais ampla, de 31 a 50

anos, enquanto o público masculino apresentava idade entre 41-50 anos.

TABELA 3 – Dados referentes a idade dos turistas masculinos, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Faixas etárias Número % Número % Número % Número %

15-20 anos 05 12,34 02 5,55 05 12,82 03 7,89 21-30 anos 04 9,75 02 5,55 06 15,47 03 7,89 31-40 anos 14 34,10 04 11,11 08 20,51 03 7,89 41-50 anos 12 29,20 08 22,22 09 23,00 07 18,45 51-60 anos 04 9,75 10 27,77 05 12,82 11 28,94 61-70 anos 01 2,43 06 16,69 03 7,69 09 23,68 > 70 anos 01 2,43 04 11,11 03 7,69 02 5,26

TABELA 4 – Dados referentes a idade dos turistas femininos, nas quatro épocas de

coleta de dados. Canela, RS. Julho Outubro Dezembro Fevereiro Faixas

etárias Número % Número % Número % Número % 15-20 anos 04 8,54 01 1,92 01 2,04 02 4,00 21-30 anos 09 19,14 04 7,69 03 6,15 02 4,00 31-40 anos 15 31,91 04 7,69 12 24,48 03 6,00 41-50 anos 12 25,53 18 34,61 12 24,48 19 38,00 51-60 anos 03 6,38 15 28,45 06 12,24 19 38,00 61-70 anos 02 4,25 07 13,46 14 28,57 03 6,00 > 70 anos 02 4,25 03 6,18 01 2,04 02 4,00

Os dois períodos de baixa temporada, outubro e fevereiro, caracterizaram-se

por turistas do sexo masculino, de idade mais avançada, mais de 60 anos. As

mulheres, de 41 a 50 anos predominaram no mês de outubro e, em fevereiro,

constatou-se turistas deste sexo, com 41 a 60 anos.

Tanto na alta como baixa temporada, a procedência da maioria dos turistas

(Tabela 5) é o próprio Estado do Rio Grande do Sul, seguido pelos Estados de

Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

TABELA 5 – Dados referentes a procedência dos turistas, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Locais Num. % Num. % Num. % Num. %

Rio Grande do Sul 45 51,13 63 71,59 57 64,75 50 56,81 Sta.Catarina/Paraná/ São Paulo

23 26,13 12 13,63 21 23,86 19 21,59

Rio de Janeiro 16 20,48 07 7,95 03 3,40 09 10,20 Outros Estados 01 1,13 05 5,70 05 5,70 05 5,70 Outros Países 01 1,13 01 1,13 02 2,29 05 5,70

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75

Quanto ao perfil sócio-econômico dos entrevistados, nos meses de baixa

temporada, predominaram os aposentados com formação de 2º grau, provenientes

de atividade públicas, ligadas às áreas do ensino e saúde, cujos vencimentos

oscilavam entre, 10 a 12 salários mínimos (Tabelas 6, 7, 8 e 9).

TABELA 6 – Dados referentes ao grau de instrução dos turistas, nas quatro

épocas de coleta de dados. Canela, RS. Julho Outubro Dezembro Fevereiro Instrução

Número % Número % Número % Número % 1º Grau 04 4,56 05 5,70 04 4,56 10 11,36 2º Grau 12 13,63 37 42,03 13 14,77 42 47,72

Graduação 50 56,81 35 39,77 54 61,36 29 32,95 Pós-

Graduação 22 25,00 11 12,50 17 19,31 07 7,97

TABELA 7 – Dados referentes as atividades desenvolvidas pelos turistas, levantados

nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS. Julho Outubro Dezembro Fevereiro Atividades

Número % Número % Número % Número % Pública 47 53,40 28 31,81 39 44,31 28 31,81 Privada 35 39,77 22 25,00 35 39,77 18 20,47

Aposentado 06 6,83 38 43,19 14 15,92 42 47,72 TABELA 8 – Dados referentes às áreas de atuação profissional desenvolvidas pelos

turistas, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS. Julho Outubro Dezembro fevereiro Áreas de

atuação Número % Número % Número % Número % Administrativa 19 21,59 04 4,56 16 18,18 13 14,94Comércio 11 12,50 01 1,13 12 13,63 15 17,04Ensino 11 12,50 38 43,19 19 21,59 27 30,68Militar 09 10,22 03 3,40 07 7,95 05 5,70Rural 06 6,84 01 1,13 05 5,68 03 3,40Saúde 12 13,63 32 36,39 16 18,18 17 19,32Serviços 12 13,63 03 3,40 04 4,54 06 6,63Tecnológica 08 9,09 06 6,83 09 10,22 02 2,29

TABELA 9 – Dados referentes a faixa salarial dos turistas, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Faixa salarial Número % Número % Número % Número % < 5 s. m. 04 4,54 01 1,13 02 2,29 - - 5 – 9 s. m 03 3,40 03 3,40 01 1,13 05 3,40

10 - 12 s.m. 02 2,30 42 47,72 03 3,41 38 43.18 13 - 15 s.m. 11 12,50 05 5,70 07 7,95 27 30,68 16 - 20 s. m 51 57,95 07 7,96 53 60,22 08 10,76 > 20 s. m. 17 19,31 30 34,09 22 25,00 10 11,36

Onde: s.m. = salários mínimos

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Os turistas dos períodos de alta temporada (Tabela 9), com formação

acadêmica a nível de graduação, apresentaram valores salariais, entre 16 e 20

salários mínimos, provenientes de atividades públicas, incluindo as áreas de saúde,

ensino e administrativa.

Os turistas que freqüentaram a Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba (RJ),

conforme Souza & Peixoto (1997), apresentaram o seguinte perfil sócio-cultural: 65%

com escolaridade superior; apenas 6% com renda familiar abaixo de dois mil reais,

sendo que a renda de maior freqüência, significando 28% dos entrevistados, se

situava entre quatro e oito mil reais.

Barros (2003), caracterizou os visitantes do planalto do Parque Nacional de

Itatiaia e verificou que o nível educacional é alto, com 72% das pessoas cursando ou

com nível universitário completo.

A predominância, em todas as épocas, conforme Tabela 10, foi de turistas

que visitavam a cidade pela primeira vez. Em julho e dezembro, predominaram

turistas em família (Tabela 11), possivelmente, pela coincidência com as férias

escolares, embora em dezembro, tenha se verificado igual percentual de turistas em

grupos, o que pode ser explicado pelas atividades relacionados ao Natal, que

representa um grande destaque não somente na cidade de Canela, como na vizinha

cidade de Gramado.

Os dados apresentados na Tabela 12, confirmam a vocação da região ao

turismo, em todas as épocas do ano.

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TABELA 10 – Dados referentes a freqüência de visitas dos turistas a cidade de Canela (RS), relatadas nas quatro épocas de coleta de dados.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Freqüência Número % Número % Número % Número %

1ª vez 53 60,22 39 44,31 48 54,54 29 32,95 1 vez/ano 22 25,00 16 18,18 20 22,72 10 11,36

+ de 1 vez/ano 08 9,09 06 6,83 07 7,95 05 5,70 A cada 5 anos 03 3,40 11 12,50 09 10,23 20 22,73

A cada 10 anos

02 2,29 16 18,18 04 4,56 25 27,26

TABELA 11 - Dados referentes aos acompanhantes dos turistas entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Acompanhantes Número % Número % Número % Número %

Sozinho - - 03 3,40 01 1,13 02 2,30 Amigos (as) 06 6,81 30 34,09 06 6,84 01 1,13

Namorado (a) 05 5,70 05 5,70 03 3,41 02 2,30 Família 40 45,45 13 14,77 39 44,31 15 17,00 Grupo 37 42,04 37 42,04 39 44,31 68 77,27

Nos períodos de outubro e fevereiro, a predominância foram os turistas em

grupos, observando-se no mês de fevereiro não haver nenhum entrevistado

presente na cidade, em função de eventos. Isto se explica, em parte, pelo período

do ano em que não são comuns atividades desta natureza, e também, porque a

maioria dos entrevistados, já não exerciam atividades profissionais.

TABELA 12 – Dados referentes ao motivo da visita dos turistas a cidade de Canela

(RS), nas quatro épocas de coleta de dados. Julho Outubro Dezembro Fevereiro Motivos

da visita Número % Número % Número % Número % Turismo 71 80,68 62 70,45 72 81,81 82 93,18 Evento 11 12,50 16 18,18 11 12,50 - - Família 03 3,41 04 4,57 03 3,40 02 2,25

Trabalho 03 3,41 06 6,83 02 2,29 04 4,57

O deslocamento para a Serra gaúcha no mês de julho foi,

predominantemente, de carro, enquanto em dezembro os valores dos veículos de

passeio e os ônibus de excursão foram muito próximos (39,77% e 40,90%,

respectivamente). Nos meses de outubro e fevereiro, o predomínio foi o

deslocamento através de ônibus de excursão (Tabela 13).

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TABELA 13 – Dados referentes ao meio de transporte utilizado pelos turistas entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Transporte Número % Número % Número % Númer

o %

Carro 43 48,86 12 13,63 35 39,77 12 13,63 Ônibus/excursão 31 35,22 59 67,04 36 40,90 61 69,31

Avião/carro 06 6,83 05 5,70 14 15,93 02 2,30 Avião/ônibus 08 9,09 12 13,63 03 3,40 13 14,76

A hospedagem preferida pelos turistas entrevistados foram as pousadas nos

quatro períodos (Tabela 14), seguido de hotéis até 3 estrelas.

A preferência por pousadas pode ser justificada, além dos preços mais

acessíveis, pelo menor número de apartamentos, localização privilegiada em relação

ao ambiente natural, atendimento pelos proprietários e decoração e culinária típicas,

trazendo aconchego e satisfação aos hóspedes.

TABELA 14 – Dados referentes a hospedagem dos turistas durante sua

permanência na cidade de Canela (RS), nas quatro épocas de coleta de dados.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Hospedagem Número % Número % Número % Número %

Residências 03 3,40 02 2,29 01 1,13 01 1,13 Pousadas 52 59,09 59 67,04 76 86,36 76 86,36 Apart-hotel 05 5,70 02 2,29 02 2,25 02 2,25

Hotel até 3 *** 21 23,86 14 15,88 09 10,26 09 10,26 Hotel 4**** 07 7,95 11 12,5 - - - -

* (estrelas) – Classificação adotada pela Embratur (1998).

Uma pesquisa realizada em 2003, através da Secretaria de Turismo de

Gramado, apontou o perfil do turista que se dirige à Serra Gaúcha. Assim, foram

entrevistadas 664 pessoas, nos dias 27 de junho e 31 de agosto. Os resultados

apontaram que 41% dos entrevistados, possuem terceiro grau completo, 35% tem

renda familiar acima de R$5.000,00, 66% são do Rio Grande do Sul, 66% vieram

com veículo próprio e 70% hospedaram-se em hotéis e pousadas (Jornal de

Gramado, 2003).

Estes dados vem de encontro com os levantados na cidade de Canela, na

primeira coleta, relativa ao mês de julho.

Outra pesquisa realizada na cidade de Gramado, pela mesma Secretaria, no

período de 19 de novembro a 4 de dezembro de 2002, apontou turistas com renda

familiar acima de R$3.000,00, onde apenas 10% não possui nível superior completo.

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O percentual de turistas em ônibus de excursão foi de 43% e 76%, hospedaram-se

em hotéis e pousadas (www.gramadosite.com.br).

Ruschmann et al. (2002), em pesquisa nos hotéis da cidade da Gramado,

encontraram que a média de idade dos hóspedes foi de 47,8 anos, sendo a maioria

aposentados, seguido por profissionais liberais. Dentre estes hóspedes 50,0% eram

procedentes de Porto Alegre, 20% de outras cidades gaúchas, 20% de Santa

Catarina e os restantes, de outros Estados brasileiros. 83% dos entrevistados

viajaram de carro, sendo que 72% eram turistas ocasionais e os demais, turistas fiéis

que freqüentam em média, 4,93 vezes ao ano a cidade.

Os meios de transporte dos turistas entrevistados foram o carro e os ônibus

de excursão. Dados da Embratur (2004), apontam que, a nível nacional, o transporte

mais utilizado é o ônibus de linha, embora tenha ocorrido um decréscimo na sua

utilização com esta finalidade, de 1998 (49,6%) em relação a 2002 (36,6%), ao

contrário do carro próprio que no mesmo período, passou de 19,1% para 30,9% dos

deslocamentos. Os ônibus de excursão variaram de 6,1% para 6,5%, nos período

referido.

Cooper (2001), aponta como determinantes da demanda e propensão das

pessoas às viagens: a renda, nível de urbanização, nível de escolaridade e níveis de

mobilidade.

Consultados sobre a cidade de Canela (Tabela 15), os turistas sugeriram, na

1ª, 2ª e 4ª coletas de dados (julho, outubro e fevereiro), o incremento do Turismo

Temático, enquanto o Ecoturismo foi apontado nas três primeiras coletas (julho,

outubro e dezembro).

TABELA 15 – Dados referentes a sugestão dos turistas para intensificar ramos de

atividades na cidade de Canela (RS), coletados em quatro épocas. Julho Outubro Dezembro Fevereiro Atividades

Número % Número % Número % Número % Gastronomia 05 5,72 02 2,30 03 3,40 07 7,98

Cultura 01 1,13 03 3,40 28 31,83 03 3,40 Serviços1 01 1,13 01 1,13 - - 20 22,73

Oportunidades2 06 6,81 10 11,36 25 28,41 10 11,36 Ecoturismo 39 44,31 21 23,86 22 25,00 03 3,40

Turismo temático

36 40,90 51 57,95 10 11,36 45 51,14

1 (Hotéis, pousadas, restaurantes...) 2 (Feiras, exposições...)

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Dentre os turistas entrevistados, os presentes no mês de outubro foram os que

apresentaram maiores índices de conhecimento da FLONA, sendo que 20,48% dos

mesmos já havia realizado uma visita (Tabela 16).

TABELA 16 – Dados referentes ao conhecimento da Floresta Nacional de Canela

(RS), pelos turistas entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Conhecimento Número % Número % Número % Número %

Sim 11 12,50 16 20,48 11 12,50 10 11,36 Não 03 3,42 08 6,80 07 7,95 20 22,74

Não, mas gostaria de conhecer

54 61,36 43 48,86 54 61,37 32 36,36

Não sabia da existência

20 22,72 21 23,86 16 18,18 26 29,54

Nos meses de julho e dezembro, em torno de 61,00% dos entrevistados

responderam “não conhecer a FLONA, mas gostariam de fazê-lo”, sendo que o

desconhecimento do atrativo turístico, variou de 18,18% em dezembro a 29,54%,

em fevereiro. Neste sentido, Rose (2002), sugere o uso da publicidade, no caso

fotos, filmes ou descrição das destinações. Segundo o autor (p.30):

“Faz-se necessário mostrar o produto turístico da forma mais

atraente possível, sem, contudo, fugir da realidade, que poderia

criar expectativas acima das potencialidades existentes,

frustrando o consumidor.”

Na Tabela 17, observa-se a tendência dos entrevistados em participar de

atividade de Ecoturismo.

TABELA 17 – Dados referentes a possibilidade dos turistas entrevistados, nas quatro épocas de coleta de dados, participarem de atividades de Ecoturismo. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Opções Número % Número % Número % Número %

Sim 59 67,04 63 71,59 61 69,31 58 65,90 Não 29 32,96 25 28,41 27 30,69 30 34,10

Quanto a modalidade de turismo, a totalidade demonstrou interesse por

atividades de observação. Apenas os entrevistados no mês de julho, representados

por uma faixa etária mais baixa, destacaram-se pela preferência, quanto ao turismo

de aventura (Tabela 18).

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TABELA 18 – Dados referentes a preferência dos turistas dentre as atividades de turismo ecológico nas quatro épocas de coleta de dados. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Atividade Número % Número % Número % Número %

De observação 42 52,27 68 77,27 48 54,54 72 81,81 De aventura 46 47,73 20 22,73 40 45,46 16 18,19

A observação da natureza foi a atividade preferida pelos turistas dos meses

de dezembro, outubro e fevereiro (65,57%, 57,14% e 37,93%, respectivamente),

enquanto os turistas de julho e fevereiro optaram pela caminhada (38,98 % e

36,20%, respectivamente), conforme Tabela 19.

TABELA 19 – Dados referentes as atividades de maior interesse dos turistas entrevistados que responderam afirmativamente nas quatro épocas de coleta de dados, quanto a possibilidade de participarem de atividades de Ecoturismo. Canela, RS.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Opções Número % Número % Número % Número %

Caminhar 23 38,98 11 17,46 05 8,19 21 36,20 Fotografar 12 20,33 10 15,87 08 13,11 06 10,36 Desenhar 04 6,77 02 3,18 - - 04 6,89 Observar a natureza 12 20,33 36 57,14 40 65,57 22 37,93 Identificar espécies vegetais

02 3,43 - - 02 3,30 03 5,17

Identificar espécies animais

06 10,16 04 6,35 06 9,83 02 3,45

Estudos realizados nos Estados Unidos, indicam que 37% dos americanos,

participam de alguma modalidade de atividade recreativa em ambientes naturais:

cerca de 25% tem o hábito de realizar caminhadas de um dia de duração e 85%

realizam caminhas de vários dias (Araújo, 2001).

A maioria dos turistas entrevistados nas quatro coletas (Tabela 20), com

ênfase aos meses de outubro e fevereiro, com a participação de pessoas de faixa

etária mais avançada, identificaram que a abertura da FLONA ao turismo,

representa um aspecto positivo, pela interação com a natureza, bem como, uma

ação educativa e social.

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TABELA 20 – Dados referentes a opinião dos turistas entrevistados nas quatro épocas de coleta de dados, sobre a abertura da Floresta Nacional de Canela (RS), para atividades de Ecoturismo.

Julho Outubro Dezembro Fevereiro Opiniões Número % Número % Número % Número %

Oportunidade de intera- ção com a natureza

37 42,04 53 60,24 48 58,55 63 71,60

Ação educativa e social 36 40,90 21 23,86 16 16,16 20 22,74 Ameaça ao meio ambiente

10 11,36 07 7,95 22 25,00 04 4,53

Mais um problema de segurança

05 5,70 07 7,95 02 2,29 01 1,13

Conforme Benjamim (1993), a chamada função ambiental depassa a órbita do

Estado e chama o cidadão, individual ou coletivamente, para exercer algumas de

suas missões.Tal se dá, em decorrência da qualidade comunal do bem ambiental e,

especificamente, no caso brasileiro, como decorrência também, do mandamento

constitucional.

Para Araújo (2001), há uma diferenciação entre visitantes que se explicam

pela habilidade e freqüência. Os “leigos ou eventuais” são pessoas que visitam

unidades de conservação ocasionalmente, não tem interesse em desenvolver as

habilidade necessárias para um contato mais íntimo com a natureza, Já os

“especialistas ou entusiastas” são aqueles que visitam unidades de conservação,

com grande freqüência, desenvolvendo habilidades específicas para o convívio com

a natureza e acumulando grande conhecimento sobre os processos naturais.

Quanto a sugestão de pagamento para ingresso na FLONA, a maioria dos

turistas entrevistados em todas as épocas apontaram como razoável, o valor de

R$5,00, por pessoa (Tabela 21).

TABELA 21 - Dados referentes aos preços sugeridos pelos turistas entrevistados,

nas quatro épocas de coleta de dados para visitação a Floresta Nacional de Canela (RS).

Julho Outubro Dezembro fevereiro Sugestões Número % Número % Número % Número %

Não deveria ser pago

02 2,27 08 9,09 02 2,29 10 11,36

R$2,00/pessoa 28 31,81 14 15,90 04 4,55 18 20,46 R$5,00/pessoa 50 56,81 55 62,50 72 81,81 60 68,18 R$10,00/pessoa 06 6,84 09 10,22 07 7,95 - -

Mais de R$10,00/pessoa

02 2,27 02 2,29 03 3,40 - -

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Pesquisa junto aos ecoturistas da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba

(RJ), realizada por Souza & Peixoto (1997), mostrou que 80% dos entrevistados se

diz disposto a pagar, uma taxa de conservação da área protegida, entre R$1,00 a

R$7,00, sendo a quantia de R$3,00 o valor de maior freqüência.

O que é preço? Segundo Urbany (2001), é alguma unidade do valor entregue

por uma parte, em troca de alguma coisa recebida, por outra parte.

A teoria econômica conceitua como disposição para pagamento, a soma de

dinheiro que as pessoas estão dispostas a sacrificar para poderem consumir um

bem ou serviço. Igualmente, é possível também mensurar aquela soma de dinheiro

que as pessoas estão dispostas a aceitar, como compensação, por não terem

acesso ao consumo de um determinado bem ou serviço (Motta, 1995).

A utilização das áreas protegidas representa um benefício indireto, sendo que

sua característica, é a falta de valor de mercado, embora Motta (1995) , destaque

que na literatura econômica, distinguem-se três diferentes valores que compõem o

valor do ambiente, o qual seria o resultado de valor de uso + valor de opção + valor

de existência. O primeiro deles deriva do uso atual dos bens e serviços ambientais.

O valor de opção seria o decorrente da incerteza que os indivíduos teriam em

relação à disposição dos atuais usuários em preservar determinado espaço e o

valor de existência é aquele que não está relacionado com o consumo direto, e sim,

com a pura existência de um bem ou serviço natural.

Segundo Seling & Spathelf (1999), a floresta é um bem privado como um

fornecedor de matérias - primas e um local de atividades econômicas. Por outro

lado, a floresta, é um bem público como meio de recepção para elementos e efeitos

secundários, como um bem de consumo.

Como o benefício das pessoas, que consomem, não é diretamente

mensurável, o conceito de “disposição de pagar” é utilizado, ou seja, um bem dá

tanto benefício, quanto uma pessoa precisa ou pode pagar. A disposição de pagar

por benefícios indiretos existe, porque possibilitam o consumo e trazem outros

valores agregados.

Os interesses transindividuais pressupõem a idéia de direito social. São

denominados interesses difusos pois não pertencem a pessoa alguma de forma

isolada, tampouco a um grupo. Nestes termos, Morais (1998), cita Cappelletti

inquirindo a quem pertence o ar que respiramos (?) e respondendo: a cada um e a

todos, a todos e a cada um. Nos interesses difusos, a titularidade resta tão fluida,

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dispersa, quanto aos mesmos, em razão da não ocorrência de um laço de união

entre os possíveis/potenciais titulares. A titularidade é de todos e de ninguém - é de

qualquer um, a qualquer momento.

O novo consumidor do turismo, segundo Middletom (2002), apresenta o

seguinte perfil:

- maior renda disponível;

- envelhecimento combinado a uma melhor saúde e interesse em atividades

de lazer;

- melhor educação;

- mais consciente com relação ao meio ambiente através de uma

combinação da mídia, da educação e de sua experiência individual;

- mais bem informado;

- mais individuais quanto às suas atividades;

- maior mobilidade pessoal.

Considerando que o turista brasileiro é um dos que mais gasta no exterior e

que os turistas estrangeiros gastam muito menos no Brasil, o caminho a seguir é um

incentivo ao crescimento do turismo doméstico, um turismo que ofereça alternativas

também para os segmentos emergentes, portanto, um turismo com base local.

Dentre as modalidades, segundo Rodrigues (2002), há de dar-se destaque ao

Ecoturismo, na sua verdadeira expressão, principalmente, no que tange às Unidades

de Conservação.

4.3 Turista x FLONA

Na fase 2, a aplicação do Instrumento II, procurou caracterizar o perfil do

turista da cidade de Canela, quanto as condições sócio-econômicas, preferências

por atividades relacionadas ao Ecoturismo e seu conhecimento sobre a FLONA de

Canela.

A partir de substitutivos da paisagem (os mesmos utilizados na fase 7), os

turistas valoraram as sub-paisagens utilizando para tal, o Instrumento III (Anexo 3),

o qual foi aplicado na alta e baixa temporada, totalizando quatro épocas.

O objetivo foi observar a percepção das paisagens, quanto ao sexo e faixas

etárias dos entrevistados.

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Em uma análise geral, a média dos valores atribuídos as sub-paisagens, nas

quatro análises (Quadro 6), mostrou que as mulheres, atribuíram valores superiores

aos homens, em dezesseis dos substitutivos da paisagem avaliados.

QUADRO 6- Valores médios, referentes a quatro coletas, atribuídos às sub-paisagens

através da análise de substitutivos da paisagem. Substitutivos da paisagem

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 H 2,95 2,70 2,73 4,07 4,29 3,86 3,45 2,95 2,63 2,57 3,25 M 3,24 3,73 2,75 3,13 4,55 4,12 4,01 2,82 3,28 3,00 2,70

Substitutivos da paisagem 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 H 3,10 2,84 2,84 4,36 4,57 4,04 3,79 3,02 2,86 2,81 3,31 M 3,39 4,18 3,33 3,16 4,66 4,33 4,39 2,99 3,47 2,96 2,86 Onde: H= Homens, M=Mulheres

Baseado no Quadro 6, verifica-se que os valores atribuídos aos substitutivos

da paisagem, pelos entrevistados, apontou que os substitutivos de número 16, 05 e

17, foram os que receberam maiores valores,com médias, entre homens e

mulheres, de 4,61, 4,41 e 4,18, respectivamente. Os valores na faixa de quatro

representam uma qualidade alta da paisagem.

Os três substitutivos revelam sub-paisagens com os fatores água e

vegetação, como elementos predominantes.

Os menores valores médios atribuídos, por homens e mulheres, foram 2,74 e

2,88, correspondentes as sub-paisagens 03, 08 e 21,respectivamente. Na escala de

ponderação os valores da faixa dois são considerados de qualidade visual baixa. Os

substitutivos da paisagem referidos expressam composições com atuações

humanas em destaque e a vegetação em plano secundário.

Quanto a média das avaliações dos substitutivos da sub-paisagens, por

época de coleta, observou-se, conforme a Tabela 22, que os maiores valores

atribuídos pelos homens foram na primeira e segunda coletas , enquanto as

mulheres atribuíram maiores valores, na terceira e quarta coletas.

TABELA 22- Média da valoração dos substitutivos das sub-paisagens nas quatro

coletas realizadas. 1ª Coleta-

julho 2ª Coleta- outubro

3ª Coleta- dezembro

4ª Coleta- fevereiro

Homens 3,45 3,35 3,22 3,21 Mulheres 3,24 3,24 3,49 3,53

Média geral dos entrevistados 3,34 3,29 3,35 3,37

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86

Os mesmos dados foram submetidos a Análise Multivariada, através de

Análise de Agrupamento (Cluster) e Discriminante, objetivando classificar as

pessoas entrevistadas, em grupos, de acordo com suas percepções de interpretação

de paisagem e determinar funções discriminantes que possam classificar essas

pessoas nos respectivos grupos determinados e possibilitar alocações de futuras

pessoas nos respectivos grupos.

Na Figura 5, encontra-se o Dendrograma, obtido da matriz de dados brutos,

pela Análise de Cluster, utilizando a distância Euclidiana, como medida de

similaridade entre as pessoas amostradas e o método Ward de ligação. Os números

no eixo vertical representam a distância Euclidiana re-escalonada de 0 a 25 e, no

eixo horizontal, as classes de idades das pessoas, que vão gerando os grupos.

A definição dos grupos foi feita pelo traçado de uma linha paralela ao eixo

horizontal, partindo próximo da distância Euclidiana média (metade da maior

distância), conforme recomendam alguns pesquisadores (Bouroche & Saporta, 1972

e Johnson & Wichern, 1982).

Observa-se que a uma distância média de 15 na escala vertical, houve a

interceptação, por uma linha imaginária, chamada de linha fenon, de 2 ramos das

ligações, no agrupamento formado, classificando o conjunto das 14 classes de

idades das pessoas entrevistadas em 2 grupos distintos.

FIGURA 5 – Dendrograma obtido pela análise de agrupamento hierárquico, utilizando a distância Euclidiana como medida de similaridade e o método de ligação Ward.

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Observa-se, que o Grupo 1 ficou constituído pelos indivíduos 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14

e 1, que correspondem avaliações das mulheres com as idades de 15-20 anos, 21-

30 anos, 31-40 anos, 41-50 anos, 51-60 anos, 61-70 anos, maior que 70 anos e dos

homens de 15-20 anos, respectivamente. O grupo 2 ficou constituído pelos homens

nas demais idades.

Assim, o Grupo 1 constitui o grupo das mulheres e dos jovens do sexo

masculino, enquanto que o Grupo 2, é constituído pelos homens com idade superior

a 20 anos.

Reich (1945), apresenta uma tese na qual expõem que a organização da

identidade primária se processa através da coordenação e interdependência, das

funções de percepção e conscientização. O pensamento, naturalmente, racional,

está centrado na capacidade de experienciar as percepções, sensações e emoções

de forma contínua e sem distorções. A criança quando nasce já possui percepção e

consciência, mas através da relação, principalmente, com a mãe, é que será capaz

de desenvolver seu conhecimento. A identidade secundária depende da primária e

se afirma a partir da adolescência.

A participação dos jovens com idade entre 15-20 anos, associado a mulheres

de todas as faixas etárias pode ser explicado, por ser um período de transição para

a fase adulta, onde a estruturação da identidade ainda se mantém, de certa forma,

muito vinculada ao cenário familiar, e apresentar certa imaturidade em utilizar a

critica como processo transformador e da curiosidade como experiência.

A manutenção dos homens com idade superior a 20 anos no grupo 2,

sintetiza que mesmo sendo a qualidade emocional a mesma nos seres humanos, o

que vai variar é a quantidade e o grau. A forma de expressão, segundo Cobra

(1997), é resultado da estrutura bioquímica e do meio social e cultural.

Em avaliações subjetivas, de cunho contemplativo, o modelo cultural possui

forte poder sugestivo (mesmo que inconsciente), principalmente, sobre os homens.

Após obtidos os grupos, realizou-se uma Análise Discriminante, visando

determinar funções que permitam classificar os grupos obtidos, alocar novos

indivíduos dentro dos grupos para os quais apresentam maior probabilidade de

pertencerem, bem como verificar a precisão da classificação.

Pela análise Discriminante, com o Método Stepwise, determinou-se os valores

de Lambda de Wilks (Λ*), F e a Significância obtida para cada variável (fotos de

paisagens), que permitem interpretar a real capacidade de discriminação das

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mesmas, na formação dos grupos. Tais valores podem ser observados na Tabela

23.

Nota-se, pela referida Tabela, que a variável 13 (foto 13) é a que apresenta

maior valor de F e, conseqüentemente, menor valor de Λ*. Foi a primeira variável

selecionada para entrar na análise. Tem o mais alto valor do critério de seleção. Esta

variável é pareada com as demais, uma de cada vez, para selecionar a segunda

melhor variável discriminante, e assim sucessivamente. Após 3 Steps (passos),

foram selecionadas 3 variáveis (fotos 13, 14 e 19) com real poder de discriminação

(Tabela 24).

TABELA 23- Estatística do teste de seleção de variáveis (fotos) discriminantes para a matriz de dados brutos.

Step Variável Lambda de Wilks F Tolerância 0 Foto 1 0,949 0,643 1,000 0 Foto 10 0,506 11,703 1,000 0 Foto 11 0,947 0,671 1,000 0 Foto 12 0,988 0,142 1,000 0 Foto 13 0,333 24,048 1,000 0 Foto 14 0,402 17,880 1,000 0 Foto 15 0,760 3,785 1,000 0 Foto 16 0,709 4,917 1,000 0 Foto 17 0,851 2,099 1,000 0 Foto 18 0,558 9,515 1,000 0 Foto 19 0,550 9,824 1,000 0 Foto 2 0,867 1,836 1,000 0 Foto 20 0,676 5,749 1,000 0 Foto 21 0,905 1,261 1,000 0 Foto 22 0,998 0,029 1,000 0 Foto 3 0,890 1,482 1,000 0 Foto 4 0,684 5,552 1,000 0 Foto 5 0,737 4,288 1,000 0 Foto 6 0,446 14,918 1,000 0 Foto 7 0,635 6,902 1,000 0 Foto 8 0,921 1,029 1,000 0 Foto 9 0,680 5,635 1,000

TABELA 24 - Estatística do teste de seleção de variáveis discriminantes, em

ordem de entrada, após Steps. Step Variável Lambda de

WilksF Significância

1 Foto 13 0,333 24,048 0,0002 Foto 14 0,201 21,819 0,000 3 Foto 19 0,136 21,220 0,000

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A estatística Λ* mostrou, ao nível de 0,01% de significância (99% de

probabilidade) que as variáveis relacionadas na Tabela 24, têm alto poder

discriminante.

Analisando o valor do teste F, da Tabela 23, nota-se que as variáveis (fotos) 6

e 10 por apresentarem valor de F alto, deveriam ser selecionadas na análise. No

entanto, após os 3 Steps elas foram substituídas pela variável (foto) 19, que

apresentou valor de F mais baixo que estas no primeiro Step. Isso ocorre, em

função de que, à medida que uma variável é selecionada e retirada da matriz, nova

combinação é realizada, alterando os valores de F e, conseqüentemente, a ordem

de seleção.

Após a definição das variáveis discriminantes, procedeu-se a determinação

das funções discriminantes, importantes na análise das contribuições dessas

variáveis. Estes coeficientes foram computados, de tal forma que seus escores

acham-se padronizados, com média zero e variância unitária. O sinal deve ser

omitido na interpretação da contribuição das variáveis.

Os testes estatísticos concernentes ao procedimento de seleção do número

de discriminantes, acham-se na Tabela 25 e 26. Uma única função discriminante foi

suficiente para representar 100 % da variância total explicada. O primeiro autovalor

(Tabela 25) de 6,366 representa 100 % da variância e apresenta um elevado valor

do coeficiente de correlação canônica, indicando que há um alto grau de

relacionamento entre a função discriminante e o grupo de variáveis analisadas

(fotos).

TABELA 25 – Estatística do teste de seleção de variáveis discriminantes para a matriz dos dados brutos.

Função Autovalor % da Variância

% da Variância Acumulada

Correlação Canônica

1 6,366 100,00 100,00 0,930

TABELA 26 – Teste de Significância da estatística Qui-Quadrado (X2) valor Lambda de Wilks (Λ*).

Teste da Função

Lambda de Wilks

Chi-quadrado Grau de Liberdade

Significância

1 0,136 20,967 3 0,000

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O teste de significância da estatística Qui-quadrado (χ2) o valor Lambda de

Wilks (Λ*) mostram como as informações são retiradas pela função discriminante

(Tabela 26). Ao ser retirada a primeira função discriminante, o valor Λ*, de 0,136,

baixo, indica que a série de variáveis (fotos) que estão sendo usadas ainda possuem

poder de discriminação. O valor baixo (20,967) do teste χ2 assegura que,

estatisticamente, estas demais variáveis não selecionadas na análise discriminante

possuem pouco poder de discriminação, comprovada pela significância do teste da

função e alta probabilidade (> 99,9 %).

Na Tabela 27 podem ser observados os coeficientes padronizados da função

discriminante, para as fotos selecionadas na análise. Nota-se que a Foto 14

apresenta maior peso na função discriminante padronizada, seguida da foto 19 e

foto 13.

TABELA 27 – Coeficientes padronizados da Função discriminante canônica, obtidos da matriz de dados brutos.

Variáveis Função 1 Foto 13 0,603 Foto 14 0,860 Foto 19 0,685

A Tabela 28 mostra os coeficientes da função discriminante para todas as

variáveis utilizadas, constituídas pelas 22 fotos de paisagem. Algumas variáveis,

como as fotos 11, 10, 2 e 12 apresentam pesos altos na função. Outras, como as

fotos 1, 4 e 21 têm contribuição negativa.

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TABELA 28 - Coeficientes da função discriminante, para todas as variáveis (fotos) da análise.

Variáveis Função 1 _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Foto 1* -0,223 Foto 2* 0,389 Foto 3* 0,058 Foto 4* -0,120 Foto 5* 0,189 Foto 6* 0,160 Foto 7* 0,158 Foto 8* 0,183 Foto 9* 0,144 Foto 10* 0,461 Foto 11* 0,518 Foto 12* 0,341 Foto 13 0,561 Foto 14 0,484 Foto 15* 0,232 Foto 16* 0,117 Foto 17* 0,138 Foto 18* 0,237 Foto 19 0,359 Foto 20* 0,208 Foto 21* -0,075 Foto 22* 0,014 _______________________________________________________________________________ * Variáveis não utilizadas na análise

Os centróides ou pontos médios de cada grupo obtidos pela análise de

Cluster para a função discriminante, estão discriminados na Tabela 29.

TABELA 29- Centróides da função discriminante canônica avaliados para os dois grupos obtidos.

Grupos Função 1 1 2,0223 2 -2,6970

Estes centróides são importantes para a alocação da avaliação de novas

pessoas entre um dos grupos obtidos, naquele que apresentar maior similaridade.

Para isso, essa pessoa é comparada com cada grupo, através de suas

respectivas funções discriminantes (Tabela 30).

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TABELA 30 – Função discriminante linear de Fisher obtidas para cada grupo (sexo feminino ou masculino).

Variáveis Grupos 1 2

Foto 13 156,878 139,816 Foto 14 231,216 206,470 Foto 19 246,393 223,928

Constante -1059,589 -854,774

Pode-se observar que as três fotos selecionadas na análise, com poder de

discriminação, são importantes na caracterização dos dois grupos, isto é, no grupo

das mulheres e no grupo dos homens, embora com pesos mais altos, no grupo das

mulheres. Isto indica que as mulheres são mais perceptivas na avaliação da

paisagem. Observa-se que com a criação de várias identidades (familiar, materna e

profissional) pelas mulheres, ocorre uma ampliação de seus horizontes de

percepção, resultado de um leque de novos elementos que lhe foram adicionados,

tanto no palco das concretividades, quanto das subjetividades e das representações

sociais.

Na Tabela 31, encontram-se os percentuais de classificações corretas das

avaliações das pessoas de ambos os sexos e de diferentes idades, entre os 2

grupos obtidos. Observa-se que todas as avaliações foram corretamente

classificadas, 8 no grupo 1, das mulheres e 6 no grupo 2, dos homens.

TABELA 31 - Número de casos e percentagens de classificações das avaliações

nos dois grupos determinados. Grupos Número de

casos Classificações dos casos por grupos

1 2 1 8 8

100 % 0

2 6 0

6 100 %

Total de casos classificados corretamente: 100 %

No geral, houve 100 % de classificações corretas, indicando precisão da

técnica de agrupamento. Desta forma, pode-se considerar que a função

discriminante obtida pode ser usada para classificar as interpretações das pessoas

de diferentes idades e sexo dentro dos dois grupos obtidos.

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Para alocação de um novo indivíduo, em um dos 2 grupos obtidos, calcula-se

o valor da função discriminante para esse novo indivíduo (Y1,), através da Tabela 29

e, as distâncias Euclidianas do ponto calculado, aos centróides de cada grupo (d1,

d2,) da Tabela 31. A menor distância Euclidiana obtida indica o grupo em que a nova

comunidade deve ser alocada.

A técnica de Análise Discriminante mostrou-se bastante eficiente na

comprovação dos agrupamentos de indivíduos, de acordo com suas concepções de

avaliação de paisagens, obtidos na região de Canela e Gramado no Rio Grande do

Sul, pois permitiu classificar e re-classificar de maneira precisa, esses indivíduos

diferenciados pela Análise de Cluster, além de permitir alocação de novas amostras

(hexágonos) em um dos grupos obtidos.

4.4 Entorno da Floresta Nacional de Canela

O Bairro Tiririca, atualmente, designado Ulisses de Abreu, se traduz no

principal acesso para a Floresta Nacional de Canela.

Embora, o entorno da FLONA não se limite apenas a vila, foi considerado,

neste trabalho, apenas esta porção territorial devido a maior concentração

habitacional.

Denomina-se entorno, as áreas que circunscrevem um território, o qual tem

limites estabelecidos, por constituir espaço ambiental ou por apresentar

homogeneidade de funções (IBAMA, 2001).

Nos espaços fragmentados, com seus centros de poder, tem-se a segregação

pela distância, sendo a população mais carente empurrada para os lugares mais

distantes (Rocha, 1999).

O conceito de território designa, conforme Barracho (2001), o uso que faz dos

lugares, baseado nos significados psicológicos e culturais que conferem os quadros

sociais. É um espaço físico delimitado, muitas vezes, organizado em função de uma

atividade, para acolher pessoas ou grupos.

Conforme Proshansky et al., apud Barracho (2001, p. 20):

O ambiente físico que o homem constrói é tanto um fenômeno social como um fenômeno físico. O mundo construído... é a

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expressão particular de um sistema social que influencia as nossas atividades e as nossas relações com os outros. Para além disso, as respostas dos indivíduos ao meio físico não são unicamente determinadas pelas propriedades das estruturas e acontecimentos que as definem. O espaço, as suas propriedades, as pessoas que aí vivem e as atividades nas quais estão implicadas, representam sistemas significativos para os indivíduos e influenciam as respostas ao meio físico.

A análise do entorno da FLONA apontou, conforme Figuras 6, 7, 8 e 9, que a

maioria dos chefes de família apresentam idade entre 36 a 45 anos, grau de

instrução entre 5ª e 8ª séries e possuem emprego com carteira assinada. Porém, a

média escolar do grupo familiar é da 1ª a 4ª séries, justificado pelo número de

crianças presentes.

Figura 6 - Idade dos chefes de família no entorno da FLONA de Canela,RS.

Figura 7 - Grau de instrução dos chefes de família no entorno da FLONA de Canela,RS.

Figura 8- Média de idade do núcleo familiar no entorno da FLONA de Canela,RS.

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Figura 9- Atividade do chefe de família no entorno da FLONA de Canela,RS.

A alfabetização é o primeiro passo que o indivíduo deve dar, segundo Freire

(1968), para sua integração no processo de construção de sua sociedade.

Pesquisa sobre os municípios do Corede/Serra, realizado por Heredia &

Santos (2004), apontaram que a escolaridade média do trabalhador da serra gaúcha

é baixa, com 7,7 anos de estudo. A maior escolaridade está no setor público, com

10,8 anos de permanência, em sala de aula e a menor na indústria, com 6,5 anos.

Observa-se, através da Figura 10 que a origem dos chefes de família em sua

maioria, provêm de outros locais. A migração na busca de emprego fez com que, em

uma década, a população na região do Vale do Paranhana (Encosta da Serra),

aumentasse 29,7%. Na Serra, conforme pesquisa da UFRJ, comentada por

Marchezan (2004), estes índices alcançaram 21,09%.

Figura 10- Local de nascimento dos chefes de família no entorno da FLONA de Canela,RS.

Mais da metade da população entrevistada (59%), cursou da 1ª a 4ª série, e

34%, até a 8ª série. Apenas 3% dos habitantes do entorno apresentaram 2º grau

completo (Figura 11).

Figura 11- Média escolar do grupo familiar no entorno da FLONA de Canela,RS.

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96

As mulheres, em sua maioria desenvolvem apenas atividades domésticas,

enquanto 19,51% das mulheres que trabalham fora, não possuem carteira assinada,

devido ao trabalho de diaristas, executados em mais de uma propriedade (Figura

12).

De acordo com a Constituição Brasileira (1988), homens e mulheres são

iguais em direitos e obrigações, porém, as mulheres ainda sofrem discriminações,

sendo as mesmas a maioria nos subempregos e no setor informal da economia.

Apesar do feminismo e do direito ao voto, a posição dos espaços, sobretudo,

na classe trabalhadora, não mudou em relação ao que era antes. A esposa ainda

depende dos rendimentos do marido e não recebe nenhum salário por mais árduo

que seja o seu trabalho. O marido, por sua vez, gosta de sentir que sua esposa

trabalha para ele e dele dependa economicamente (Russell, 2001).

Figura 12- Atividades das esposas no entorno da FLONA de Canela,RS.

Os filhos maiores de idade se sujeitam a serem biscateiros ou desenvolvem

atividades sem carteira assinada (Figura 13).

Figura 13 - Atividade dos filhos maiores de idade no entorno da FLONA de Canela,RS.

Na serra gaúcha, o emprego formal cresceu 7,8% no período de 1991-2000,

mas a população, cresceu 22% (Heredia & Santos, 2004).

A baixa renda, proveniente do PIB, é insuficiente para manter os níveis atuais

de emprego formal, tornando-se incapaz de fazer frente à entrada de um contingente

de jovens que ingressam, dia a dia, no mercado de trabalho (Rodrigues, 2002).

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97

No estado do Rio Grande do Sul, os percentuais de pessoas ocupadas na

informalidade, conforme pesquisa da UFRJ (Marchezan, 2004), varia de 26 a 72,

6%. O menor valor encontrado (26%), foi nas cidades de Gramado e Canela, sendo

que a capital ostenta índices em torno de 30,3% e Cerro Largo os maiores

percentuais.

A Figura 14 aponta que a maioria das casas é habitada por uma única

família, embora em 26,37% dos casos duas famílias habitam a mesma residência. A

média de pessoas por casa foi de 3-5 pessoas (Figura 15).

Figura 14- Número de família por residência no entorno da FLONA de Canela,RS.

Figura 15- Número de pessoas por residência no entorno da FLONA de Canela,RS.

As casas caracterizam-se por serem construídas de madeira (Figura 16,

17,18,19 e 20), com piso e paredes internas, do mesmo material e cobertura de

zinco (Figuras 21, 22 e 23). Na sua maioria apresentam até 4 cômodos que abrigam

duas a três pessoas por quarto.

Figura 16- Tipos de habitações encontradas no entorno da FLONA de Canela, RS.

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FIGURA 17- Residências localizadas distantes da via de acesso no entorno da FLONA de Canela,RS.

FIGURA 18- Residências localizadas junto da via de acesso no entorno da FLONA de Canela,RS.

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FIGURA 19- Residências características construídas em madeira no entorno da FLONA de Canela,RS.

FIGURA 20- Áreas frontais de residências do entorno da FLONA de Canela,RS

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100

Figura 21- Tipos de piso das residências do entorno da FLONA de Canela, RS.

Figura 22- Tipos de paredes internas encontradas nas residências do entorno da FLONA de Canela,

RS

Figura 23- Tipos de cobertura encontradas nas residência do entorno da FLONA de Canela, RS

Que o habitar faz parte da qualidade de vida, parece ser das informações

incapazes de questionar, mas relacionar qualidade de vida e habitação é, conforme

Vasconcelos (1996), se deparar com toda uma série de fatores políticos e

econômicos.

Os eletrodomésticos presentes nas residências levantadas foram a geladeira,

televisão e rádio. A água consumida é potável e o esgoto está sendo implantado nas

vias principais, porém, a maioria das residências (89%) apresentam fossas. O lixo é

recolhido pelo órgão competente do município (em 70,8% dos locais visitados), mas

observa-se, o descuidado dos moradores no acondicionamento e a falta de atenção

aos horários de coleta, encontrando-se grande quantidade do mesmo jogado sobre

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a rodovia, terrenos baldios e fundos de pátios.

A maioria dos entrevistados (70,8%) não possuía linha telefônica fixa e

93,9%, não possuem o hábito de ler jornais e/ou revistas.

O transporte tanto das famílias como dos estudantes é feito através de

coletivos (Figuras 24 e 25).

Figura 24- Meios de transporte familiar no entorno da FLONA de Canela,RS.

Figura 25- Meios de transporte dos filhos para a escola no entorno da FLONA de Canela,RS.

Um ponto observado foi a falta de interesse no cultivo de hortas e pomares,

sendo encontrado, em apenas 7,6% e 4,3% das residências, respectivamente. Quando questionados (Qual a razão de não cultivar uma horta e/ou um pomar?), as

repostas mais freqüentes foram:

- “Não vale a pena, comprar acaba saindo mais barato”.

- “Não temos tempo”.

- “Não existe área suficiente”.

O desinteresse na criação de alguns animais domésticos, foi assim justificado:

- “Sai muito caro, alimentar os animais”.

- “Dá muito trabalho”.

- “Faz muita sujeira e dá cheiro”.

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102

Apesar da região se caracterizar pela beleza e diversidade de peças

artesanais, apenas 3,65 % dos moradores desenvolvem esta atividade. As razões foram assim justificadas:

- “Não sei fazer”.

- “Custa caro comprar o material para iniciar”.

- “Tenho medo de não vender”.

Embora, apontando o valor do material e a insegurança quanto a aceitação no

mercado, como as causas de não se dedicarem a esta atividade, estas duas

respostas não excluíram a possibilidade de desenvolverem algum tipo de trabalho.

Esta constatação foi confirmada ao serem indagados:

Gostaria de aprender as técnicas para iniciar a confecção de peças de artesanato?

Sendo apresentadas as seguintes respostas:

- “Sim, acho que ajudaria nas despesas”.

- “Sim, mas não tenho tempo”.

- “Sim, se o material for de graça”.

Novamente, a questão financeira foi ventilada, o que demonstra que qualquer

atividade para se tornar viável necessitará de um impulso inicial, quer seja a nível

público ou particular, seguido de um constante acompanhamento.

A resposta que atrela a falta de engajamento no setor artesanal com o

desconhecimento das técnicas, de certa forma é contraditória, pois os próprios

moradores apontam aptidões para:

- “Crochê”.

- “Costura”.

- “Peças da madeira”.

A produção artesanal, poderia se constituir em fonte de renda aos

moradores e, principalmente, desmistificar a idéia negativa que se observou junto

da comunidade, da dificuldade de crescimento e da própria preconceituosidade em

apresentar produtos mais simples.

O produto artesanal com finalidade turística, precisa ter dimensão,

peso e preço reduzidos, mas ser autentico e original.

A diversidade de materiais e tema podem conferir a riqueza do local,

mas, o produto final deve ter uma linguagem que traduza a cultura do povo e

valores simbólicos agregados.

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103

Para Pinho (2002, p.169):

Por vocação, o produto artesanal deveria ser o legítimo representante e a memória material de uma comunidade, revelada através de traços, formas, funções e cores. Deveria ser o porta-voz das histórias e da cultura das comunidades produtoras[...].O objeto artesanal deveria ser o operador autêntico das raízes originais, o mensageiro dinâmico, transformador de sonhos e idéias em matéria, sem que, para isso o enfoque fosse dado à autoria isolada. Deveria representar o espírito de ação coletiva, de almas unidas, inconscientes e conscientes, inseridos num contexto que funde magia e história. Deveria constituir-se no valor do objeto que se solidifica e se processa em transformação constante, sem perda de pés ou mãos das raízes de origem.

Embora a maioria dos moradores afirmem não retirar materiais da FLONA,

como lenha , pinhões, entre outros, os que praticaram este ato assim, justificaram:

- “Necessidade de lenha para a casa”.

- “Para vender pinhão na estrada para turistas”.

- “Para comer pinhão”.

Pessoas que vivem dentro ou fora das florestas merecem, conforme Jolly

(1989), estímulo sensível, a longo prazo e, as vezes ajuda. Dependendo das

pessoas, esse encorajamento, freqüentemente, exige o reconhecimento combinado

com discussões e acordos. Essa orientação pode mesmo implicar no fornecimento

da ajuda a essas pessoas. As intervenções locais são, relativamente, baratas em

termos de dinheiro, mas muito caras, em termos de tempo e sabedoria do pessoal a

serviço do ecodesenvolvimento.

A conduta depende de estímulos situacionais e específicos que

ocorrem em determinadas situações, embora isto, não signifique que seja

incoerente, anárquica ou imprevisível, pois está sujeita a princípios de aprendizagem

que, em conjunto com as atitudes sociais e cognitivas, fazem com que a pessoa

tenha uma identidade e uma continuidade substancial através do tempo

(Vasconcelos, 1996).

A comunidade conhece a FLONA com uma média de visitas a cada dois

meses. As visitas à FLONA foram relacionadas ao pagamento, distancia e falta de

alternativas:

- “Não precisa pagar e tem quase tudo”.

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- “É perto de casa”.

- “Não tem outra opção”.

A identidade cultural em seu sentido mais profundo, é inteiramente um valor

intrínseco. A cultura compartilhada não é nunca um meio, sempre é um fim. Os

recursos culturais e atividades, são sempre valores em si mesmo, não são objetos

que possamos reduzir, comprar ou vender. Quando a cultura perde seu

envolvimento comunitário e se reduz a um entretenimento, o valor cultural se esgota

(Gimenez & Caracoche, 2003). É fundamental o fortalecimento do vínculo entre a administração da

área protegida e as comunidades locais, uma vez que estas áreas são o principal

local e o ponto de referência para a conservação ambiental local (Irving et al., 2002).

Em verdade, a FLONA, caracteriza-se como uma alternativa de lazer

para a população do entorno, desenvolvendo uma modalidade, denominada de

“turismo social”, definida como a atividade turística extensiva a toda a sociedade de

um modo indistinto.

Neste sentido, Weissbach (2000), afirma que desenvolver um turismo

social que proporcione lazer às populações como um todo, propugnando o tempo

livre e o ócio como componentes comezinhos à vivência humana, é desejar que

todos, indistintamente, exerçam, dignamente, a cidadania e, ao mesmo tempo,

colaborar para diminuir o fosso social existente no país.

Quando indagado sobre o desejo de aumento do turismo na FLONA

houve um índice de aprovação de 69,2%.

Este interesse se baseia em benefícios como:

- “Porque seria uma maneira de melhorar a vila”.

- “Porque teria mais horários de ônibus”.

- “Talvez surgissem empregos”.

Conforme Lobato Correa (1968), a desigualdade registrada nas

cidades, em especial nas periferias, é comumente manifestada pela reivindicação de

serviços básicos.

As necessidade reais das comunidades pobres estão ligadas,

essencialmente, a determinados setores fundamentais como a produção, a saúde, a

alimentação, a propriedade, a terra, a água, a cultura, a organização, a participação

e o poder. Todas essas necessidades estão entrelaçadas e não podem ser

resolvidas isoladamente (Freire, 1968).

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105

Porque não gostaria que houvesse o incremento de turismo na FLONA?

Respostas:

- “A estrada ficaria perigosa com o aumento do transito”.

- “Faria muito pó no verão e barro no inverno”

- “Teria muita gente estranha”.

Não é raro, as populações sentirem o turista como intrusos, a invadir

seu cotidiano e suas emoções.

Os etólogos definiriam como os “seus territórios”, isto é, área fixa,

defendida por seu proprietário contra outrem, através de meios diretos ou rituais que

identificam o defensor contra “intrusos”.

Embora, menos freqüente, foi observado a falta de valorização da

paisagem local, como recurso turístico. Nesse sentido, Yázigi (1999), coloca que a

paisagem interessa antes a seus próprios habitantes e que só numa relação de

estima deles com ela é que despertará o interesse de transeuntes, visitantes,

turistas.

As pessoas entrevistadas, em sua maioria, apresentaram interesse na

inserção em projetos de turismo vinculado à FLONA, mas quanto à maneira de

inserção, foi assim respondido:

- “Não sei”

- “Gostaria que meus filhos trabalhassem lá. É serviço seguro”.

- “Serviço de limpeza”.

Possivelmente, de forma isolada a população por si própria não

buscará alternativas para o desemprego e aumento da renda familiar. Também a

conscientização sobre o potencial da FLONA não ocorrerá de forma espontânea.

Deverá haver a exemplo de outros locais o desenvolvimento de técnicas

educacionais e cursos de treinamento para a população.

Costa (2002), relata a oferta de cursos que promoveram o aprendizado

de atividades tradicionais – e também lucrativas – tais como, as oficinas de

artesanato de cestas, artefatos de bambu, entre outras, junto aos moradores do

entorno da Reserva Natural Salto Morato, Paraná.

Segundo Dallari apud Irving (2002, p. 39):

Sempre que um grupo de pessoas se organiza e se dispõem a trabalhar em conjunto por um objetivo, algum resultado é conseguido, e sempre o grupo consegue mais do que qualquer

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106

dos seus integrantes obteria se agisse isoladamente. E mesmo que se consiga relativamente pouco, em vista do objetivo almejado, essas pessoas adquirem um preparo e obtêm conhecimentos que serão úteis em outro empreendimento.

Um dos pontos a destacar que mesmo necessitando de incentivo e de

aprendizado para executar novas tarefas, as quais poderão reverter na própria

qualidade de vida desta comunidade, não se pode desprezar que ela possui “um

saber”, que deve ser respeitado. A própria condição social inibe as pessoas e as

fazem sentir inferiores. Qualquer trabalho a ser desenvolvido deverá motivar e

oportunizar a espontaneidade de cada cidadão.

Apesar de toda a informação que se possa ter sobre o lugar, nenhuma

comunidade é estável, ou elas estão em declínio populacional e/ou econômico ou

estão crescendo. Ou elas estão sendo abandonadas, sub-utilizadas ou estão

crescendo e prosperando.

4.5 Diagnóstico do atrativo turístico

Atrativo é o elemento que motiva a visita turística, pode ser natural

(paisagens, rios,...) ou cultural (museus, festas, construções artísticas e

históricas,...), enquanto o termo atrativo turístico é o elemento que já recebe

visitação, que já tem uma estrutura para propiciar uma experiência turística.

O atrativo turístico possui, via de regra, segundo Rose (2002), maior valor

quanto mais acentuado for seu caráter diferencial. O turista procura sempre aquilo

que é diferente de seu cotidiano. Assim, aquele atrativo único, sem outros

semelhantes, possui maior valor para o turista.

Ruschmann (1995), ainda define atrativos como os diferenciais, responsáveis

pela escolha do turista por uma destinação, em detrimento de outra.

Os resultados do Atrativo Turístico (aplicação do Instrumento V_A) podem ser

observados no Quadro 07.

Os resultados indicaram o acesso ao local do atrativo como bom, ou seja,

corresponderia a opção de vias asfaltadas ou com revestimento pétreo ou terra, com

conservação esporádica.

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107

QUADRO 07- Diagnóstico do Atrativo Turístico da Floresta Nacional de Canela, RS. Itens 01 02 03 04 05 06 07 08 09

- - - - - - - - - - - - - - - - - - 0 - - - 0 0 0 0 - - -1 -1 -1 - - - - -1

Valores encontrados

- - - - - - - - - 1-Acesso ao local 2-Sistema de transporte até o local 3-Sinalização turística externa para localização do atrativo 4-Sinalização no atrativo como um todo 5- Sinalização do atrativo específico (trilha) 6-Estado de conservação do atrativo 7-Nível de exploração do atrativo em relação a sua capacidade de atração 8-Envolvimento do entorno com o atrativo 9-Envolvimento dos moradores da cidade com o atrativo. Ótimo ................................+2 Regular ..............................-1 Muito bom...........................+1 Péssimo ou inexistente .......-2 Bom ................................0

O acesso à Floresta Nacional, tomando como referência a cidade de Canela,

ocorre por um trecho asfaltado e por uma extensão de, aproximadamente, 3 km de

estrada de terra.

Para Rose (2002), os acessos compreendem todas as formas para se chegar

aos locais turísticos. São as estradas, os portos, os aeroportos, as rodovias, as

ferrovias. Não raramente o próprio acesso à destinação turística constitui-se em um

grande atrativo de grande potencial turístico. O turista tem mais interesse em

percursos pitorescos, por isso, a programação de estradas em regiões turísticas

deve cuidar para não descaracterizar o ambiente.

Analisando as conceituações do autor, verificou-se que o acesso à cidade de

Canela ocorre através da malha rodoviária e de um aeroporto, com pequena

capacidade, enquanto o acesso à FLONA ocorre apenas por uma estrada. Quanto

os atrativos ao longo das rodovias, o acesso à cidade de Gramado e Canela ostenta

uma proposta paisagística, baseado no cultivo da Hortênsia, que margeia a pista. O

trecho compreendido entre as duas cidades, ligado por uma ampla avenida, também

sofreu uma intervenção com a introdução de espécies ornamentais. Na cidade de

Canela, o trecho compreendido entre a Avenida das Hortênsias até o Bairro

Canelinha, possui atrativos ao longo das vias, porém, a partir deste ponto até a

FLONA, não ocorrem intervenções com o propósito de embelezamento.

O sistema de transporte para a FLONA ocorre, diariamente, com horários

fixos, porém, são poucas as alternativas apresentadas. Assim, os horários são pela

manhã, meio-dia e a tardinha.

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108

Considerando a possibilidade de serem implementadas atividades

recreacionistas e de Ecoturismo as atuais atividades da empresa prestadora do

serviço de transporte urbano deverão ser avaliadas, pois as opções aos turistas

serão insuficientes.

Rose (2002), argumenta que não adianta possuir bons atrativos e bons

serviços se a localidade não coloca à disposição do turista alguns serviços básicos,

como transporte público.

Sinalização de orientação turística, conforme SPHAN (1980) e IPHAN (2004),

é a comunicação efetuada por meio de um conjunto de placas de sinalização,

implantadas, sucessivamente, ao longo de um trecho estabelecido, com mensagens

escritas, pictogramas e setas direcionais. Esse conjunto é utilizado para informar aos

usuários sobre a existência do atrativo turístico, sobre os melhores percursos de

acesso e, ao longo destes, a distância a ser percorrida para se chegar ao local

pretendido.

A sinalização externa para localização do atrativo, ocorre somente em alguns

pontos, da via própria de acesso ao atrativo.

Compõe-se de três tipologias de placas. O primeiro tipo, conforme figuras 26,

27, 28 e 29, apresenta uma estrutura de madeira, na cor natural que sustenta a

placa, de forma centralizada. A cor do fundo é branca com inscrições em azul-

marinho (FLORESTA NACIONAL- “uma opção natural”). O sentido de orientação é

demonstrado na cor laranja, enquanto a distância a ser vencida aparece, ora em

laranja, ora em azul. O centro da placa ostenta um logotipo com a inscrição IBAMA.

Nestas placas a inscrição “uma opção natural”, significa a frase tema, e,

segundo Lewis apud Miranda (2002), a mesma deve ser simples, breve e completa,

conter somente uma idéia, ser específica e ser interessante e motivadora.

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Conforme Goodey (2002) a regra é que o texto não ocupe mais de 50% da

placa ou painel.

FIGURA 26- Primeira placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocada no

canteiro central da avenida. Canela, RS.

FIGURA 27- Segunda placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocada em uma lateral da pista. Canela, RS.

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110

FIGURA 28- Terceira placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocada em uma lateral da pista. Canela, RS

FIGURA 29- Quarta placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocada em uma lateral da pista. Canela, RS.

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111

O segundo tipo de sinalização corresponde a uma placa típica de orientação

de trânsito, na cor azul com inscrições em branco. A mesma indica as seguintes

destinações:- FLORESTA IBAMA, LINHA CAÇADOR, TUBIANA E SAIQUI (Figura

30).

FIGURA 30- Placa de sinalização que conduz ao atrativo turístico FLONA, colocado em entroncamento da rodovia. Canela, RS.

A partir de meados do segundo semestre de 2003, um terceiro tipo de

sinalização foi implantado (Figura 31). A mesma consta de uma placa em forma de

“seta”, presa aos postes de energia elétrica, nas cores rosa e vermelho, com

inscrições em preto (IBAMA - Floresta Nacional de Canela).

As placas ao longo das estradas e rodovias indicando a existência e

identificação da Unidade de Conservação, sua direção e distância a percorrer deve

ser na cor marrom com letras e signo direcional branco (Barbosa & Troncoso, 1977).

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112

FIGURA 31- Placa indicativa da direção do atrativo turístico FLONA de Canela, RS. A princípio, as placas existentes contribuem para a orientação em

geral, isto é, de veículos e pedestres. Mas, considerando que o atrativo possui como

vocação o Ecoturismo, o que supõe caminhadas e outras práticas físicas, seria

necessário a inclusão de placas específicas para pedestres.

Neste sentido, o IPHAN (2004), considera que a sinalização para pedestres

além de oferecer informações úteis aos deslocamentos por meio de placas

direcionais, seja composto, por placas interpretativas, contendo informações como

mapas e desenhos.

No interior do atrativo , a sinalização dos diferentes setores, se compõe de

placas também confeccionadas em madeira, conforme Figura 32, com inscrições e

indicações na cor amarela.

Conforme a orientação para sinalização visual de Unidades de Conservação

Federais, de autoria de Barbosa & Trancoso (1977), as placas para orientação de

pedestres aos diferentes setores da unidade devem apresentar fundo na cor

marrom, letras, fio de separação e signos direcionais na cor branca e o alfabeto, em

negrito caixa alta e baixa, com altura das letras em caixa alta, de 4 a 7,5 cm.

Pictogramas poderão ser utilizados para reforçar as mensagens.

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113

FIGURA 32- Placa de sinalização no interior do atrativo turístico FLONA de Canela, RS.

Considerando, como atrativo específico a “Trilha do Veado” a identificação

através de placas, ocorre em 46 dos 52 exemplares/elementos existentes, conforme

apresentado no Quadro 41 (Item 4.7.1).

O estado de conservação do atrativo foi classificado como bom, ou seja, com

manutenção esporádica de bens materiais e naturais.

O agravante neste sentido é o reduzido número de funcionários para

realização das tarefas e a não renovação de convênio com a administração

municipal.

Quanto ao nível de exploração do atrativo também foi classificado como bom,

pois existe a exploração parcial, baseado nas características dos diferentes sítios.

Assim, ocorrem espaços para lazer ativo, como campos de esporte, praça de

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recreação infantil (Figura 33), espaços contemplativos com bancos e áreas de

convivência com churrasqueiras. A isso, somam-se os atrativos de caráter cultural e

ambiental, como o Centro de Visitantes, o diorama e a trilha.

FIGURA 33- Detalhe da FLONA de Canela (RS), com a praça infantil no primeiro plano.

O envolvimento do entorno foi avaliado como muito bom com problemas de

interação e com alguns conflitos. Embora em condições mais amistosas com os

moradores do entorno, em comparação ao passado, ainda ocorrem pequenas

invasões para coleta de materiais, como lenha, pinhas, entre outros. Este fato é

reforçado pelo padrão sócio - econômico da população do entorno.

Quanto ao envolvimento dos moradores da cidade, deparou-se com pouco

interesse na divulgação. Possivelmente, este fato ocorra pela presença de outros

atrativos com melhor estruturação na cidade. Em geral, a população aponta a

dificuldade de locomoção, em função das estradas e a falta de estrutura do mesmo.

A oferta de infra-estrutura mínima nas Unidades de Conservação é condição

essencial para o atendimento às necessidades da demanda turística. Porém, a

satisfação desse item engloba também a necessidade de um planejamento com

mínimo impacto ambiental e total integração entre grupos sociais envolvidos, (Costa,

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115

2002).

O equipamento turístico foi avaliado pelo Instrumento V-B e apresentado no

Quadro 08.

QUADRO 08- Resultado da avaliação do Equipamento Turístico da FLONA de Canela, RS. Itens 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Sim Sim Sim Sim Sim Sim Respos-tas Não Não Não Não Não Não 01- Proteção Ambiental 02- Estudo de Impacto Ambiental 03- Estudo de Capacidade de Carga 04- Recepção 05- Material Informativo 06- Integrante de Roteiro Turístico 07- Administração Específica 08-Delimitação de Área 09- Cobrança de Ingresso 10- Controle Estatístico 11- Segurança Adequada 12- Tempo de Permanência. Os resultados apontaram 60% de itens positivos e 40% de negativos. Entre os

positivos, encontram-se aqueles ligados a própria condição do local, como Unidade

de Conservação, que inclui a sua própria proteção, delimitação da área,

administração específica para o atrativo, presença de uma central de recepção, com

controle do fluxo de visitantes e, cuja permanência dos mesmos, ultrapassa mais de

uma hora.

Em contrapartida, pontos previstos para os Plano de Manejo da UC, como

estudo de impacto ambiental e de capacidade de carga, ainda não foram analisados.

A falta de material informativo, de taxação de valores por visita, exclusão dos

roteiros turísticos comercializados e a falta de segurança adequada são pontos de

caráter negativo.

O Potencial Turístico que envolve uma Área de Proteção, foi avaliado pelo

Instrumento V-C e demonstrado no Quadro 09, o qual apontou valores positivos

dada a facilidade e proximidade da área de aglomerado turístico, o qual poderá fazer

parte de um circuito de atrativos turísticos, dada a beleza cênica da área vizinha, a

qual apresenta padrões de hospedagem variados e confortáveis e disponibiliza uma

culinária variada e bem preparada.

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116

QUADRO 09- Resultados da avaliação do Potencial Turístico de uma Área de Proteção (FLONA de Canela, RS).

Itens 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 +1 +1 - - - +1 +1 +1 +1 +1 - - 0 0 0 - - - - -

Respostas - - - - - - - - _ _ 01- Situação da Área de Proteção 02- Percurso 03- Observação da Vida Selvagem 04- Pontos de Interesse Turístico 05- Atratividade da Área 06- Instalações 07- Localização da Área 08- Área Vizinha 09- Padrões Culinários 10- Padrões de Hospedagem. Características apontadas no Quadro 09, como a opção de mais de um ponto

de interesse turístico, a freqüência na observação da vida selvagem caracterizam a

área da FLONA de Canela, como de bom potencial turístico, complementadas pelo

fato de ser, de algum modo, diferentes das outras áreas para visitantes por se

caracterizar pela conservação, produção, pesquisa, recreação e com potencial para

o Ecoturismo.

A pouca distância entre a FLONA e a sede do Município permitiria a inserção

da mesma em circuitos turísticos que hoje exploram a beleza cênica da região,

aliada a culinária típica e aos padrões de hospedagem.

Devido à subjetividade existente na identificação de valores e na avaliação de

atrativos turísticos, foi desenvolvido pelo Centro de Capacitação para o Turismo da

OEA (Cicatur apud Rose, 2002), um método que divide os atrativos em quatro

hierarquias:

- Hierarquia 4: atrativo excepcional e de grande significado para o mercado

internacional, capaz de, por si só, motivar uma corrente importante de visitantes.

- Hierarquia 3: atrativo com aspectos excepcionais em um país, capaz de

motivar uma corrente importante de visitantes nacionais, ou em conjunto com outros

atrativos, gerar uma corrente de visitantes internacionais.

- Hierarquia 2: atrativo com algum aspecto chamativo, capazes de interessar

visitantes de longa distancia que se concentram na localidade por outros motivos ou,

ainda, motivar correntes turísticas menores.

- Hierarquia 1: atrativos sem méritos suficientes para ser considerado nas

hierarquias superiores, mas que faz parte do patrimônio turístico da localidade, como

elemento que pode, juntamente, com outros de maior hierarquia, favorecer o

desenvolvimento de complexos turísticos.

Baseado no método acima descrito o atrativo estudado se classifica na

Hierarquia 1.

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117

4.6 Floresta Nacional de Canela 4.6.1 Características da Floresta Nacional de Canela, RS

4.6.1.1 Histórico

A área, inicialmente, denominada Estação Florestal de Canela, passou

posteriormente a designação Parque Florestal Eurico Gaspar Dutra, vinculado ao

Instituto Nacional do Pinho (INP).

O período que antecedeu a II Guerra Mundial, caracterizou a exportação

madeireira para a Europa, sobretudo, para a Alemanha. Este período foi marcado

pela abundância de matéria-prima, facilidades cambiais e incremento dos negócios.

Com o início da guerra, os negócios foram suspensos, gerando a super produção e

problemas governamentais.

A única alternativa era as remessas da madeira brasileira para a Argentina,

sob consignação, a preços desvantajosos.

O quadro do setor madeireiro na época, levou o Poder Público a tomar

medidas cauteladoras, como o levantamento da capacidade produtiva do parque

madeireiro dos estados do sul do país, a fim de limitar o trabalho das serrarias,

condicionando a produção à capacidade do transporte ferroviário.

Assim, foi criado para desenvolver tais tarefas, o Serviço do Pinho, que

também mediu a real capacidade de absorção do mercado argentino, fixando

rigorosas cotas para exportação. Com isto:

- evitou-se o desperdício das reservas florestais;

- disciplinou a exportação;

- reduziu os estoques a margem das ferrovias;

- provocou uma reação dos preços.

O sucesso das medidas tomadas, fez rever as atitudes em relação ao

patrimônio florestal, a assistência técnica e a reconstituição florestal, com a

comprovação da destruição ocorrida nos pinheirais e ao comércio e indústria. Para

tal, foi criado, em 19 de março de 1946, através do Decreto n° 3124, o Instituto

Nacional do Pinho (INP) que tinha como funções:

- estabelecer as bases para a normalização e defesa da produção de madeira;

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118

- coordenar os trabalhos relativos ao aperfeiçoamento dos métodos de

produção e orientar sua aplicação;

- fomentar o comércio do Pinho e outras essências florestais no interior e

exterior do País;

- estudar as atuais condições de transporte nas regiões madeireiras e

estabelecer um sistema de circulação da produção, tendo em vista as

necessidades de economia e rapidez nos transportes;

- assentar as bases de amparo financeiro a produção, visando o seu

aperfeiçoamento;

- promover a cooperação entre os que se dedicavam as atividades madeireiras;

- organizar o registro obrigatório dos produtores industriais e exportadores de

Pinho;

- fiscalizar a execução das medidas e resoluções tomadas, punindo os

infratores;

- promover o reflorestamento das áreas exploradas e desenvolver a educação

florestal nos centros madeireiros.

Foi criado no INP um setor denominado, Divisão de Florestamento e

Reflorestamento, que traçou planos de instalação de várias Estações Florestais

Experimentais, para o plantio e observações sobre a cultura do pinheiro (Araucaria

angustifolia (Bertol.) Kuntze), as quais se localizariam na região sul, onde havia a

ocorrência da espécie. Foram criados, inicialmente, oito Estações Florestais,

posteriormente, transformadas em parques, sendo três no Rio Grande do Sul, em

Passo Fundo, São Francisco de Paula e Canela.

A Estação Florestal Experimental de Canela – “Parque Florestal Eurico

Gaspar Dutra” foi a quarta Unidade criada pelo INP, quando foram adquiridas três

áreas:

- Área I:

Possuía 405 ha, e foi adquirida em 6 de novembro de 1946, do espólio de

Luiz Franciosi Serio, situada no município de Canela, no lugar denominado

“Fazenda do Faxinal”, dividindo-se por um lado com o arroio Tiririca e pelos outros

lados, com propriedades da Companhia Florestal Rio Grandense, Edwino Blauth,

Manoel Franzen, Carlos Franzen e Carlos Wortmann.

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119

Após a aquisição da área os vendedores ficaram com um prazo de cinco anos

para retirada dos pinheiros e toda infra-estrutura da mesma, exceto três casas de

madeira cobertas com telhas de tabuinhas, aramados e todos os pinheiros com

diâmetro inferior a trinta centímetros, com casca na altura do corte, e sessenta

pinheiros com cinqüenta centímetros, com casca na altura do corte.

- Área II:

Os 2,5 ha foram adquiridos em 7 de novembro de 1946, de José Eduardo

Serio, sendo uma área sem benfeitorias, situada no lugar denominado “Campestre

Grande” ou “Caçador”.

- Área III:

Em 11 de novembro de 1961 foram permutados 150 há, por outros 150 ha de

araucária, com a Celulose de Papel Ltda, na área denominada “Caçador”, zona rural

de Canela.

Após a aquisição da área, como era prioritário o reflorestamento, o Instituto

iniciou a contratação dos funcionários, construção da infra-estrutura e produção de

mudas.

Os registros apontam a presença de sessenta trabalhadores nos primeiros anos

que somados a seus familiares, que também residiam no local, totalizavam mais de

trezentas pessoas.

Apesar das dificuldades da época, devido ao frio, falta de estradas, aquisição

de mantimentos, entre outros, os plantios foram iniciados na área, contando ainda

com a distribuição de mudas a particulares e empresas, originando muitos dos

reflorestamentos da região.

Com a criação pelo Decreto Número 289, do Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal (I.B.D.F.), em 28 de fevereiro de 1967, o Instituto do

Pinho, bem como, o Departamento de Recursos Naturais Renováveis do Ministério

da Agricultura e o Instituto Nacional do Mate, foram extintos, passando todo o acervo

e atribuições dos três órgãos extintos ao IBDF, que tinha as seguintes

competências:

- traçar as diretrizes gerais da política florestal do país;

- fazer o inventário e o levantamento dos recursos florestais brasileiros;

- realizar e promover o reflorestamento com fins econômicos e ecológicos;

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120

- prestar assistência técnica e estabelecer princípios e normas para utilização

racional das florestas;

- cumprir e fazer cumprir o Código Florestal, Lei de Proteção à Fauna, e

demais legislações pertinentes aos recursos naturais renováveis, entre outras:

administrar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, os Parques Nacionais, as Florestas

Nacionais, as Reservas biológicas e os Parques de Caça Federais.

Durante o período de administração do IBDF foi concluído o Plano de Manejo

da Floresta Nacional, o qual se caracteriza por um levantamento da FLONA,

determinando metas quanto a produção de madeira, dos subprodutos florestais e o

aproveitamento do seu potencial cênico, para exploração com Ecoturismo, e

atividades de Educação Ambiental e lazer.

Com a extinção do IBDF, pela Lei 7.735/89, todas as atribuições e acervo

passaram ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA).

A Floresta Nacional de Canela localiza-se no Bairro Ulisses de Abreu, no

município de Canela, Rio Grande do Sul, e situa-se a 6 km do centro da cidade

(Figura 34).

FIGURA 34- Croqui representativo da situação da FLONA na cidade de Canela ,RS.

Encontra-se entre as coordenadas geográficas 29°18’ latitude Sul e 50°53’

longitude Oeste.

Apresenta uma área total de 517,7 ha, cujo uso e ocupação são

demonstrados no Quadro 32.

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121

Tabela 32 - Áreas e divisão da Floresta Nacional de Canela em hectares e percentual de ocupação em relação a área total.

Tipo de ocupação Área (ha) %

Aceiros/estradas 30,929 5,98

Açudes 4,782 0,92

Banhados 15,593 3,01

Clareiras 27,989 5,41

Sede 11,590 2,24

Nativas 128,818 24,88

Araucaria angustifolia 129,877 25,09

Pinus elliottii 104,856 20,25

Pinus taeda 9,221 1,78

Pinus patula 0,200 0,04

Eucalyptus sp. 6,066 1,11

Mista – Araucária/ Pinus 30,398 5,87

Outras áreas 17,413 3,36

TOTAL 517,732 100,00

FONTE: BRASIL (1989)

4.6.1.2 Caracterização da área

A área da FLONA localiza-se na Encosta Superior do Nordeste, entre a

Encosta Inferior do Nordeste e os Campos de Cima da Serra. Caracteriza-se por

apresentar regiões abruptas, originando um relevo movimentado, associado a

pequenas elevações. A altura máxima é de 840 metros, acima do nível do mar.

O clima, de acordo com a classificação climática de Köppen, enquadra-se no

tipo “Cfb1”, temperado úmido (Moreno,1961). De acordo com IPAGRO (1989), a

temperatura média anual é de 14,8° C, a precipitação média anual de 1.821mm e a

umidade relativa do ar média de 80%.

Segundo Carraro et al. (1974) e BRASIL (1973), o solo classifica-se, como do

Grupo São Bento que abrange as formações da Serra Geral, Botucatu e Rosário do

Sul. A FLONA, especificamente, encontra-se na Formação Serra Geral,

caracterizado por derrames basálticos. Enquadra-se na Unidade de Mapeamento

Bom Jesus, sendo pouco desenvolvido e classificado como Cambissol Húmico, com

as seguintes características: álicos, textura argilosa, relevo ondulado a fortemente

ondulado e substrato basalto. Devido ao relevo e a precipitação média elevada, os

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solos são susceptíveis à erosão, e estão sujeitos a deposição de água, que não

conseguem infiltrar devido a plataforma rochosa, originando inúmeros banhados.

Toda a área é recortada por sangas, que são represadas, próximas a sede da

FLONA.

A rede de drenagem não permite um bom escoamento das águas,

ocasionando alagamentos em diversos pontos nas estradas e a deposição de água

em baixadas quando ocorrem chuvas mais fortes.

A vegetação natural da Floresta pertence ao tipo fitogeográfico “Mata de

Araucária ou Pinheiro Brasileiro” ou “Floresta Ombrófila Mista”.

Segundo Klein (1960), a Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze é a árvore

mais alta desta formação, apresentando copas umbeliformes, verde-escuro,

formando uma cobertura uniforme.

O levantamento realizado em 1989, na Floresta Nacional de Canela apontou

as espécies, apresentadas no Quadro 10, como integrantes da associação com

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.

QUADRO 10 - Espécies integrantes da mata nativa da FLONA de Canela, RS. Nomenclatura Comum

Nomenclatura científica Família

Açucara Dasyphyllum spinesuns (Less.) Calnera Asteraceae

Araçá Myrcianthes gigantea (D. Ld) Myrtaceae

Açoita-cavalo Luehea divaricata Mart. et Zucc. Tiliaceae

Aroeira-brava Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Anacardiaceae

Araticum Rollinia sp. Annonaceae

Aguaí –leiteiro Chrysophyllum marginatum (HooK.et Arn.) Radlk. Sapotaceae

Batinga Eugenia rostrifolia D. Legrand. Myrtaceae

Branquilho Sebastiania commersoniana (Baill.)L.B.Sm. et Downs Euphorbiaceae

Carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis Klotzsch Proteaceae

Cerejeira Eugenia involucrata DC. Myrtaceae

Cocão Erythroxylum deciduum A. St.- Hil. Erythroxylaceae

Carne-de-vaca Styrax leprosus Hook. et Arn. Styracaceae

Cincho Sorocea bonplandii (Bail.) W.C. Burgeret al. Moraceae

Erva-mate Ilex paraguariensis A. St.- Hil. Aquifoliaceae

Esporão-de-galo Celtis spinosa Spreng. Ulmaceae

Fumo-bravo Solanum mauritianum Scop. Solanaceae

Continua...

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123

QUADRO 10 - Espécies integrantes da mata nativa da FLONA de Canela, RS. Continuação...

Louro Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Boraginaceae

Murta Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg Myrtaceae

Mamica-de-cadela Zanthoxylum rhoifolium L. Rutaceae

Pinheiro-bravo Podocarpus lambertii Klotzch. ex Endl. Podocarpaceae

Pessegueiro-do-matoPrunus sellowii Koehne Rosaceae

Pau-leiteiro Sapium glandulatum (Vell.) Pax. Euphorbiaceae

Quaresmeira Tibouchina sp. Melastomataceae

Rabo-de-bugio Dalbergia frutescens (Vell.) Britton Leguminosae

Sete-sangrias Symplocos uniflora (Pohl) Benth. Symplocaceae

Vassourão-branco Piptocarpha angustifolia Dusén Asteraceae

Vassourão-preto Vernonia discolor ( Spreng.) Less. Asteraceae

FONTE: BRASIL (1989)

Os animais selvagens são em quantidade bastante reduzida, resumindo-se as

espécies apresentadas no Quadro 11.

Guabirobeira Campomanesia xanthocarpa O. Berg Myrtaceae

Grandiúva Trema micrantha (L.) Blume Ulmaceae

Guabiju Myrcianthes pungens O. (Berg) D. Legrand. Myrtaceae

Guaçatunga Casearia decandra Jacq. Flacourtiaceae

Guamirim Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legrand Myrtaceae

Guaperê Lamanonia ternata Vell. Cunoniaceae

Ipê-ouro Tabebuia alba (Cham.) Sandwith Bignoniaceae

Ingá Inga sp. Leg. (Fabaceae)

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124

QUADRO 11 - Animais selvagens encontrados na FLONA de Canela, RS. Nome comum Nomenclatura científica Ordem Família Classe Coati Nasua nasua Carnivora Procyonidae Mammalia

Cutia Dasyprocta agouti Roedores Dasiproctidae Mammalia

Gato-do-mato Felix geoffroyi Carnivora Felidae Mammalia

Guraxaim Cerdocyon thous Canidae Carnivorae Mammalia

Irara Eira bárbara Carnivora Mustilidae Mammalia

Mão-pelada Procyon cancrivorus Carnivora Procyinidae Mammalia

Ouriço - cacheiro Coendou prehensilis Rodentia Erenthizontidae Mammalia

Tapiti Sylvilagus brasiliensis Lagomorpha Laporidae Mammalia

Tatu Dasypus novemcinctus Xenarthra Dasypodidae Mammalia

Araponga Procnias nudicollis Passeriformes Contigidea Aves

Beija-flor Leuchloris albicolli Apodiformis Trochilidae Aves

Canário-da- terra Sicalis flaveola Emberizinae Fringilidae Aves

Gralha azul Cyanocorax caeruleus Oncines Corvidae Aves

Pintassilgo Carduelis spinus Passeriformes Fringilidae Aves

Saracura-do- brejo

Aramides saracura Gruiformes Rallidae Aves

Tico-tico Zonotrichia capensis Oncines Emberizinae Aves

Jararaca Botrops jararaca Squamata Viperidae Reptilia

Coral Micrurus sp. Squamata Elapidae Reptilia

Cotiara Bothrops cotiara Squamata Viperidae Reptilia

Lagartos Mabuya sp. Squamata Scincidae Reptilia

Fonte: BRASIL (1989); Dunning & Belton (1993); Silva (1994); Belton (1994); Bencke (2001); Efe

(2001).

4.6.1.3 Inventários realizados

Foi realizado o Plano de Manejo para a Floresta Nacional de Canela, em

1989, através do Ministério do Interior/ IBAMA, sob a coordenação geral, do Eng.

Florestal Dr. Paulo Renato Schneider (BRASIL, 1989).

4.6.1.4 Convênio da FLONA com outras instituições

Em 1996, foi firmado o Convênio 006/96 com o Município de Canela, com o

fim de explorar Ecoturismo, em 140,0 ha, conforme apontado como meta no Plano

de Manejo, visando gerar recursos que subsidiariam novas metas.

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125

Em uma primeira fase o convênio visou a geração inicial de recursos, sendo

de competência do Município, a execução de obras e apoio com pessoal.

A FLONA, em contrapartida, deveria repassar cinqüenta por cento da verba

gerada na área conveniada, os quais seriam investidos na sua totalidade, na

própria área. Em 2003, o Convênio foi desfeito o que acarretou na redução da mão-

de-obra.

4.6.1.5 Instalações existentes

A FLONA consta com uma estrutura formada por:

- sede administrativa com sala de direção e centro de apoio ao visitante;

- trilhas;

- estacionamento;

- área de recreação infantil;

- área de esporte;

- churrasqueiras;

- mesas e bancos;

- galpão “Gralha Azul”;

- residências dos técnicos;

- três lagos e arroios;

- pórtico;

4.6.1.6 Origem dos recursos para as instalações existentes

Um lago, o Galpão “Gralha Azul” e o Pórtico foram construídos com recursos

oriundos do convênio com a Prefeitura Municipal de Canela. Os demais

empreendimentos são originários das verbas da União.

4.6.1.7 Número de visitantes/ano

A Secretaria do Turismo da Prefeitura Municipal de Canela possui o registro

do número de visitantes, como demonstrado no Quadro 35. Estes dados são apenas

quantitativos referindo-se ao número de pessoas que ingressaram, junto ao Pórtico

de acesso.

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126

A FLONA repassa os dados, semestralmente, para um banco de dados

municipal.

O problema levantado foi a falta de um funcionário permanente na Recepção,

fazendo com que os registros encontrados não sejam completos. TABELA 33- Movimento da Portaria da FLONA de Canela, RS, (número de

visitantes) entre os anos de 2001 e 2003. Mês Ano 2001 Ano 2002 Ano 2003 Janeiro Sr 675 786 Fevereiro Sr 468 726 Março Sr 941 1754 Abril 179 471 998 Maio 387 935 882 Junho 325 490 613 Julho 289 684 914 Agosto 593 1.077 1154 Setembro 130 1.260 646 Outubro 484 881 1373 Novembro 363 1.170 1837 Dezembro 546 1.153 902 Total 3.296 10.205 12.585

sr= sem registro Fonte: Secretaria Municipal do Turismo. Prefeitura Municipal de Canela.

Os locais mais visitados pelos turistas na cidade de Canela são o Parque

Caracol, o Pinheiro Grosso, o Parque do Palácio do Governo e a Floresta Nacional

de Canela, a qual é conhecida, como Floresta do Ibama. A Figura 35, mostra o

movimento registrado nas portarias dos respectivos atrativos.

Os dados mostraram que a FLONA foi o local de menor procura dentre os

registrados.

FIGURA 35 - Registro do número de turistas nos quatro principais atrativos da cidade de Canela, RS.

FONTE: Secretaria Municipal de Turismo. Prefeitura Municipal de Canela.

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127

4.6.1.8 Visitantes estrangeiros

Os dados relativos a presença de visitantes estrangeiros constam do livro de

registros junto ao Centro de Visitantes (Tabela 36)

4.6.1.9 Proporção moradores locais

Existe uma procura dos moradores do entorno, principalmente, aos domingos,

porém, não foi quantificada, apenas verificada.

4.6.1.10 Visita de escolas

As escolas são as que mais visitam as instalações, e conforme registros, em

todos os meses de atividades escolares foram verificadas visitas de escolas,

principalmente, da cidade de Canela ou de municípios vizinhos.

4.6.1.11 Sistema de registro

Existem dois registros:

Um relativo ao número de pessoas que adentram à FLONA (Tabela 33) e

outro, no Centro de Visitantes que consiste em um livro de registro (Tabela 34).

4.6.1.12 Solicitações dos visitantes

Dentre as solicitações registram-se a possibilidade de uso do lago para

banho, folders e madeira. Os pedidos de madeira somente são atendidos, a nível de

município.

4.6.1.13 Locais mais visitados

Por questão de segurança e a falta de maior números de pessoas para

acompanhamento, os locais mais visitados são os próximos a sede.

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128

4.6.1.14 Visitante esperado na situação atual

Em função do material didático exposto as escolas são as preferidas, como

forma de divulgação e de educação ambiental.

4.6.1.15 Utilização dos açudes para banho

Até o momento, não foram disponibilizados pela dependência na aquisição de

material de socorro e pessoal treinado para tal.

4.6.1.16 Registro de vandalismo

A maior ocorrência é a retirada de mudas e danificação de algumas plantas.

4.6.1.17 Procura por esportes radicais

Há procura por este tipo de atividade, por ser oferecida em outros locais do

município, o que confere à cidade o título de “Capital do Ecoturismo”.

Para Magnanini (1970), porém, uma Unidade de Conservação não é local

para jogos esportivos, campeonatos ou diversões públicas. Estes acontecimentos

tem lugar em outras áreas mais apropriadas. Eventos desta natureza só deveriam

ser autorizados quando, entre o acontecimento e a unidade, houver uma relação de

causa-efeito, quando sua realização contribuir para que o publico compreenda

melhor as finalidades da Unidade de Conservação e, quando a celebração do

evento não trouxer impacto aos recursos naturais. Por sua vez, atividades como

passeios, caminhadas, fotografia, piqueniques, acampamentos e similares, que

possam ser efetuadas e realizadas sem alteração material ou sem perturbação das

características do ambiente natural, devem ser incrementadas ao máximo.

4.6.1.18 Registro de oferendas religiosas

Foi verificado ao longo da estrada de acesso à FLONA, porém, no seu interior

não há registros. O perigo que tais oferendas representam é a presença de velas

acessas que poderão gerar incêndios.

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129

4.6.1.19 Critérios na demarcação das trilhas

As características consideradas para a demarcação das duas trilhas foram:

- proximidade da sede;

- elenco de espécies vegetais;

- representatividade das espécies no contexto da FLONA;

- imposição de um certo grau de dificuldade em relação ao relevo.

4.6.1.20 Instalações/estruturas que contribuem para a educação ambiental

Atualmente, a FLONA dispõem como apoio às iniciativas e práticas de

educação ambiental, de:

- diorama;

- animais taxidermizados;

- coleções;

- centro de triagem dos animais silvestres;

- araucária interativa;

- trilha.

4.6.1.21 Relação da FLONA com os moradores

Atualmente, é de um convívio harmonioso, porém no passado ocorreram

registros devido a entrada indevida de pessoas em busca de lenha, madeira e

pinhão.

Em muitos casos, as Unidades de Conservação representam fontes de

conflito com as comunidades locais, pelas diferentes percepções, valores e objetivos

relativos ao ambiente, das partes envolvidas no processo. Muitos dos fatores que

proporcionam estes tipos de conflitos incluem influências institucionais, políticas

econômicas e envolvem questões ecológicas e sociais.

4.6.1.22 Instalações/estruturas com contribuição para os moradores do entorno

A comunidade, em especial, a do entorno da FLONA, dispõem de uma

estrutura voltada ao lazer, composta de:

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- praça infantil;

- áreas de esporte;

- churrasqueiras;

- bancos e mesas;

- caminhos.

4.6.1.23 Número de funcionários

Em razão da aposentadoria de funcionários e da falta de concursos públicos

para a reposição do quadro, a FLONA consta hoje em seu quadro com:

- três Engenheiros Agrônomos;

- um Engenheiro Florestal;

- quatro técnicos.

4.6.2 Caracterização da infra-estrutura da Floresta Nacional de Canela.

O Instrumento VI-B (Anexo IX), se compõem de cinco itens como a Sede

administrativa, Posto de vigilância/Fiscalização, Refeitório, Alojamentos e Pronto-

socorro, relacionados com a infra-estrutura básica de uma Floresta Nacional.

A aplicação e análise do instrumento supra citado, revelou que quanto a Sede

Administrativa, a mesma agrega várias funções em um só local. Assim, no prédio da

mesma está instalada a sala de direção, sala de rádio, almoxarifado, secretaria,

copa/cozinha e banheiros (masculino e feminino), além do Centro de Visitantes.

Não existem postos de vigilância e a fiscalização das pessoas e carros fica a

cargo do funcionário da Recepção, com sede no Pórtico.

O refeitório, bem como os alojamentos, possuem a estrutura física, com

pouca manutenção, mas estão desativados.

O principal problema é a falta dos itens básicos do pronto- socorro. Conforme

Jesus (1998), 21 produtos são indispensáveis nas Unidades de Conservação para

um primeiro atendimento, na própria sede.

Do elenco de produtos (Anexo IX), apenas o álcool foi encontrado.

A própria presença de escolas, no local, para atividades como participação de

palestras e brincadeiras na praça infantil torna-se preocupante pela falta de

vigilância e, sobretudo, pela falta de produtos para primeiros-socorros.

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131

4.6.3 Centro de Visitantes

Partindo-se do conceito de Centro de Visitantes, como o “espaço de apoio a uma variedade de programas e atividades que são desenvolvidas em uma unidade de conservação”, e que os mesmos, segundo orientações do IBAMA (Guia do Chefe-IBAMA/GTZ), apresentadas por Jesus (1998), podem ser implantados de forma sofisticada ou de uma maneira muito simples, em função da disponibilidade de recursos financeiros e/ou de pessoal, teremos ao longo do território, unidades de conservação que desenvolvem atividades diferenciadas e em condições distintas. O Centro de Visitantes, na opinião de Silva (1996), deve ser o núcleo da Unidade, porque ali os visitantes poderão satisfazer seus interesses e dúvidas acerca da área e até obter ajuda em caso de emergência. Também, poderá oferecer informações sobre atividades, programas, trilhas de interpretação, medidas de segurança, explicações básicas sobre fenômenos naturais ou alterações provocadas pelo homem. Faz parte dos objetivos dos Centros de Visitantes propiciar a aproximação dos visitantes com a natureza, permitindo que estes interiorizem o significado das áreas protegidas, sua importância em termos de preservação, manejo e aproveitamento indireto dos recursos naturais e culturais. Cada centro terá seus objetivos estabelecidos de acordo com as características e problemáticas de cada área protegida. O Centro de Visitantes da FLONA de Canela situa-se no mesmo prédio administrativo e sua implantação ocorreu no ano de 1993, quando iniciaram os primeiros trabalhos de taxidermia, e envolveu 7 técnicos em sua criação1. Os objetivos de sua criação foram dotar a Unidade de uma infraestrutura que possibilita a educação ambiental, o conhecimento e a interação dos visitantes, alunos e turistas com o ambiente. As linguagens de apoio constantes são painéis e diorama. Os painéis são em número de quatro e apresentam temas, a saber: postais, fauna, sementes e flora. Jesus (1998), observa que como a visitação em uma Unidade de Conservação é realizada por uma diversidade de público, deve ser limitado a cinco o número de idéias ou fatos apresentados, em um mesmo espaço físico. _____________________ 1 Os responsáveis pela criação do Centro de Visitantes da FLONA de Canela foram:

Walquiria Q. Taborda, Eduardo Borsato, Ana Maria Feijó de Souza, Nanci Vacari, Margarete Castro, Maria de L. L. Stange, Scherezino B. Scherer e o diretor da Unidade, Ewerton Ferraz.

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132

Os painéis constantes, possuem forma horizontal, com dimensão de 1m x 1m

e são afixados nas paredes.

Diorama é um tipo de representação tridimensional, com o objetivo de mostrar

aos visitantes a idéia real do elemento utilizando a técnica de montagem de um

cenário.

O tema apresentado refere-se a reprodução de um pinheiro brasileiro,

confeccionado com vegetação desidratada e animais taxidermizados

A vitrina existente possui como tema “pegadas”.

Dentre os materiais científicos encontram-se amostras de sementes, animais

empalhados, vidros com animais conservados em formol.

O Centro de Visitantes possui uma fotografia aérea da área da FLONA.

O mobiliário usado como material de apoio já existia sendo apenas adaptado.

A organização visual baseou-se na relação entre os temas e o espaço

disponível.

Em média, são realizadas duas palestras ao mês, a grupos e/ou escolas, com

duração de vinte minutos, cujo tema reside sobre “Floresta Nacional”, proferida pelo

Eng. Agr. Ewerton Ferraz.

Quanto as palestras, Silva (1996), sugere que seja escolhido um tópico, ao

mesmo tempo interessante e informativo e, sempre que possível, com o apoio de

algum material comprobatório, com dados que ponham vida no tema e tenham

pontos atrativos a interpretar.

O projeto arquitetônico do Centro de Visitantes, contem área de recepção,

sala administrativa e sanitários com acesso pelo interior. As paredes internas são

pintadas na cor branca, o que proporciona leveza ao ambiente e se harmoniza com

o restante da exposição.

A periodicidade da manutenção não é constante, sendo o principal problema

o assoalho.

O controle dos visitantes é realizado através de um livro de registros com as

seguintes informações:

- Número de registro

- Nome

- Assinatura

- Profissão

- Origem

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133

Foi realizada uma avaliação do livro de registro dos visitantes,

compreendendo o período de 1994 a dezembro de 2003, onde foram verificados os

seguintes problemas:

- Falta de seqüência na numeração;

- Falta de informações, principalmente, a profissão;

- Linhas em branco, principalmente, a primeira da página;

- Registro da presença de escola ou grupos sem o número de integrantes;

- Registro da presença da escola ou grupo, com o número de integrantes,

seguido por assinaturas dos participantes (duplo registro).

Dentre os visitantes predominam os estudantes, das escolas de 1º e 2º

graus, seguido de, escoteiros e professores, conforme apresentado na Tabela 34.

TABELA 34 - Avaliação do livro de registro dos visitantes da FLONA de Canela, RS. Problemas De registro

Ano

Sim Não

Nº de Visitantes

Estudantes Professores Escoteiros

Técnicos (*)

Outros

1994 X 893 682 44 37 04 126 1995 X 1362 336 68 239 22 697 1996 X 496 97 25 09 07 358 1997 X 405 302 25 03 08 67 1998 X 367 172 24 04 09 158 1999 X 244 86 11 33 05 109 2000 X 360 192 06 18 02 142 2001 X 446 240 15 02 06 183 2002 X 605 336 42 37 20 170 2003 X 727 310 32 11 21 353 Total 5905 2753 292 393 104 2363 (*) Foram incluídos nesta categoria os biólogos, engenheiros agrônomos e engenheiros florestais.

O número de visitantes de outros estados foi pequeno, conforme Tabela 35, sendo

o maior número procedente do Estado de Santa Catarina, possivelmente, pela

proximidade.

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134

TABELA 35 - Número de visitantes de outros Estados brasileiros na FLONA de Canela, RS.

Ano Estados 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2003 Total

Bahia - - - 01 - - - - - 01 Brasília - 04 01 03 04 02 01 01 - 01 Ceará - - - - 01 - 01 02 - - Espírito Santo - - - - - - - - - 01 Goiás - - - 03 - - - - - - Mato Grosso Sul - - - - - - - - - 01 Minas Gerais - 01 - - - 02 - 01 - - Pará - - - 01 - - - - - - Paraná - - 02 07 - 05 03 - 02 01 Pernambuco - - - - - - - - - 02 Rio de Janeiro - 03 02 08 - 04 - 04 09 09 Rio Grande Norte - - - - - 03 - - 01 - São Paulo - 01 05 04 - - 02 03 08 15 Santa Catarina - 17 - 08 - - 03 01 05 08 Total - 26 10 35 05 16 10 12 25 39

Dentre os visitantes estrangeiros, a Argentina destacou-se com a maior representação, conforme Tabela 36.

TABELA 36 - Número de visitantes estrangeiros e países de origem, registrados no

livro de registros da FLONA de Canela,RS. País de origem Número de visitantes Ano das visitas Alemanha 01 1997

03 1995 01 1997 03 1998 01 2000 05 2001

Argentina

06 2003 Cabo Verde 04 1997

01 1994 Estados Unidos 02 1997

Uruguai 01 1995

Conforme Lima apud Jesus (1998), a eficiência de um Centro de Visitantes

pode ser medida, quando ao final da visita, o visitante é capaz de ter compreendido

porque aquela área é protegida, quando ele pode citar algumas espécies ali

encontradas, pontos de destaque e a importância da área e, especialmente, quando

consegue visitar a área protegida sem causar distúrbios ou danos.

A análise do Centro de Visitantes proporcionou a detecção de pontos

positivos como:

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135

- a implantação do Centro de Visitantes, aproveitando o pequeno espaço

disponível no prédio do setor administrativo;

- a união de técnicos da Unidade para o desenvolvimento do projeto;

- a facilidade de acesso em relação ao portão de entrada;

- o número de palestras mensais proferidas às escolas e grupos;

Mesmo considerando que o Centro de Visitantes é o espaço de apoio de uma

variedade de programas e atividades, todas objetivando a aproximação com a

natureza, sua importância, interpretação e conservação, são apresentadas

sugestões para a complementação do local e facilitar a apropriação dos espaços por

todos os visitantes.

Dentre as sugestões, incluem-se:

- acesso para portadores de deficiências locomotoras;

- produção de material específico para portadores de deficiências visuais;

- apresentação da área da FLONA através de maquete1;

- confecção de mapas, com a posição geográfica da FLONA de Canela, em

relação a outras Unidades de Conservação, ao município e aos demais pontos

turísticos;

- ampliação de materiais científicos com a inclusão de exsicatas2 e coleção de

insetos;

- produção de filmes de caráter informativo e educativo;

- estabelecimento de um programa de manutenção propiciando maior

preservação do material;

- adoção de um sistema de avaliação a ser realizada pelos visitantes e pela

direção da Unidade;

- produção de material explicativo e didático.

Com referência às sugestões apresentadas, alguns itens serão descritos, a

seguir:

- Em relação aos cadeirantes devem ser observados, além dos acessos

(rampas), a largura das portas e das circulações internas para a passagem e

manobras necessárias às cadeiras, existência de banheiros adaptados, espaços de

interpretação ao ar livre que possibilitem que os mesmos atinjam estes pontos por

seus próprios meios. _____________ 1 Maquetes são representações de uma realidade em escala reduzida, servindo como cópia de uma situação real. 2 Exicatas são coleções de amostras prensadas, com ênfase na morfologia da planta.

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136

- Quando aos deficientes visuais, devem ser criados atrativos nos centros,

mantidos fora de vitrinas, que possibilitem a participação nas visitas. Trilhas de curta

distância poderão ser criadas, possibilitando a interpretação através de outros

sentidos.

- Presença de um funcionário, capaz de desenvolver a linguagem de sinais,

nos casos de visitantes surdos.

- Para as pessoas portadoras de incapacidades mentais, as atividades físicas

devem ser as preferidas.

- Quando o público de maior representatividade forem crianças, as

publicações devem apresentar menor conteúdos em texto e uma grande variedade

de gravuras, que conforme Silva (1996), podem ser em preto e branco para serem

coloridas, pelos pequenos visitantes. O mesmo autor sugere como tema de

interesse infantil as atividades dos animais noturnos, que estão fora do alcance da

observação das crianças.

4.6.4 Determinação das vistas da FLONA

Uma mesma paisagem pode ser percebida de diversas formas, tanto por

pessoas diferentes, num mesmo momento, como pelas mesmas pessoas, mas em

momentos diferentes. Neste sentido, uma paisagem será percebida de uma

determinada maneira em função do que se pretende em relação a ela; de como ela

é observada/sentida; do tempo de duração da experiência sensorial; de quem

acompanha (ou não) o observador; do momento histórico (de quando); em termos

de lugar e de pessoa, em que esta observação é feita, das circunstâncias em que

tal experiência é vivida; enfim, uma série de fatores que irão interferir no processo de

interação, entre o agente observador e o observado (Gontijo & Rego, 2001).

O Quadro 12 apresenta o resultado da análise das 22 sub-paisagens

selecionadas da FLONA.

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137

QUADRO 12- Determinação das vistas da FLONA de Canela (RS), a partir de sub-paisagens selecionadas.

VISTAS ALCANCE SUB-

PAISA GEM Simples Múltipla

Panora-mica Fechada Limitada Semi- limitada Aberta

01 X - - X - 02 X - - X - 03 X - - X - 04 X - - X - 05 X - - X - 06 X - - X - 07 X - - X - 08 X - - X - 09 X - - X - 10 X - - X - 11 X X 12 X X 13 X X 14 X X 15 X X 16 X X 17 X X 18 X X 19 X X 20 X X 21 X X 22 X X

A sub-paisagem 1, (Figuras 36 e 37), refere-se a área de acesso à FLONA, e

apresentou como componentes:

- dominância visual do componente vegetação, caracterizada pela presença

de espécies exóticas, tanto no primeiro plano como ao fundo;

- a presença de componentes referentes às atuações humanas, determinam

um ponto focal, e se tornam co-dominantes, destacados pela forma e cor das

construções, posteamento, marcadores e demais mobiliários, caracterizando uma

intrusão visual e reduzindo o nível de qualidade visual.

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138

FIGURAS 36 e 37- Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-

paisagem 1 da FLONA de Canela, RS.

As propriedades visuais foram enaltecidas pela forma orgânica das copas e

pela verticalidade dos troncos. O conjunto apresenta riqueza de texturas, mas pouco

efeito de cor, pela predominância das mesmas espécies.

Este primeiro contato com o sítio fica comprometido em sua qualidade visual,

isenta de naturalidade e complexidade topográfica.

Nas sub-paisagens 2 e 3, (Figuras 38, 39, 40 e 41) a vegetação e atuações

humanas são os principais componentes. Pela predominância das mesmas

espécies ocorre homogeneidade na forma, cor, linha e textura da vegetação. Quanto

as atuações humanas o destaque é dado pela cor dos volumes construídos.

FIGURAS 38 e 39 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-

paisagem 2 da FLONA de Canela, RS.

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139

FIGURAS 40 e 41 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da subpaisagem 3 da FLONA de Canela, RS.

Nas sub-paisagens 4 e 5, (Figuras 42, 43, 44 e 45) a intervenção antrópica

não domina a cena, devido a exuberância dos componentes, vegetação e água, os

quais, refletem um alto nível de qualidade visual, expressa pela diversidade. A forma

orgânica da borda d’água impõe ritmo, enquanto, a superfície d’água, cria um jogo

de sombra e luz na paisagem.

A sub-paisagem 4 é a mais representativa da vegetação dominante no local,

caracterizando naturalidade ao conjunto de pinheiros-brasileiros, que pontuam a

paisagem. Na sub-paisagem 5, dois elementos focais, indicam linearidade,

expressos pelo pinheiro-brasileiro, sem a folhagem e a antena que domina em

escala.

FIGURAS 42 e 43 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 4 da FLONA de Canela, RS.

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140

FIGURAS 44 e 45 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-

paisagem 5 da FLONA de Canela, RS.

A água e a vegetação são os componentes da sub-paisagem 6, conforme

Figuras 46 e 47. A água confere sempre qualidade visual, porém, as linhas

geometrizadas tendem a tornar o elemento artificializado. O destaque na vegetação

é a presença de floração, impondo mais uma propriedade visual.

FIGURAS 46 e 47 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 6 da FLONA de Canela, RS.

Água, vegetação e atuações humanas são os componentes da sub-paisagem

7 (Figuras 48 e 49). A escala, forma e a cor dos elementos construídos permitiram a

inserção na paisagem de forma satisfatória.

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141

FIGURAS 48 e 49 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 7 da FLONA de Canela, RS.

O caminho que conduz ao Centro de Triagem de Animais, corresponde,

conforme Figuras 50 e 51, a sub-paisagem 8, com dois componentes principais:

vegetação e atuações humanas. Em primeiro plano, fica registrado, através da

condução de cerca-viva, a intervenção do homem sobre a vegetação, moldando-a e

interferindo nos cenários naturais. Embora, no primeiro plano ocorra a presença do

componente atuações humanas, no que se refere ao caminho, o mesmo foi

destacado em cor diferenciado dos demais (Figura 51), dada a presença de uma

escassa vegetação.

FIGURAS 50 e 51 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 8 da FLONA de Canela, RS.

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142

A presença do componente, atuações humanas, representado pelo conjunto

de residências, formam o ponto focal da sub-paisagem 9. A vegetação representa o

pano de fundo (Figuras 52 e 53).

FIGURAS 52 e 53 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 9 da FLONA de Canela, RS.

Uma das áreas junto ao acesso às residências e recreação foi registrado na

sub-paisagem 10 (Figuras 54 e 55), cujos componentes referem-se, a vegetação e

atuações humanas. Observa-se a composição formada por espécies arbóreas

nativas e exóticas de porte adulto, com um conjunto, em primeiro plano, de

exemplares jovens e espécies de porte arbustivo.

As margens do canal representa um ponto de fragilidade visual, embora,

disfarçada pela vegetação espontânea presente.

FIGURAS 54 e 55 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-

paisagem 10 da FLONA de Canela, RS.

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143

A sub-paisagem 11, caracteriza-se pela presença dos componentes água,

vegetação e atuações humanas. A vegetação reflete a verticalidade das linhas,

porém, novamente, o monocromatismo foi a propriedade visual predominante,

conforme Figuras 56 e 57.

A presença do elemento construído (cerca) representa, nitidamente, uma

intrusão visual e cria uma barreira entre os componentes água, relevo e vegetação.

FIGURAS 56 e 57 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 11 da FLONA de Canela, RS.

A superfície de água “corta”, visualmente, a paisagem 12 (Figuras 58 e 59) e

agrega outros componentes, como a vegetação e atuações humanas.

Os exemplares de pinheiro - brasileiro fortalecem as propriedades forma e

linha.

FIGURAS 58 e 59 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 12 da FLONA de Canela, RS.

O componente água, na paisagem 13, adquiriu o efeito de espelho refletindo

as imagens do entorno e qualificando a paisagem. Nota-se a presença da vegetação

representada por espécies exóticas (esquerda) e nativa (direita). A qualidade visual

da paisagem é marcada pela naturalidade.

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144

O predomínio de cores frias expressa repouso e equilíbrio, conforme Figuras

60 e 61.

FIGURAS 60 e 61 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 13 da FLONA de Canela, RS.

A seqüência do acesso, forma a sub-paisagem 14, apresentada pela Figuras

62 e 63, com componentes dominantes como a vegetação e atuações humanas

(residências, posteamento, fiação aérea, cercas e estrada ).

A singularidade refere-se ao efeito estacional, criando o contraste do verde

das copas com os exemplares desprovidos de folhagem.

FIGURAS 62 e 63 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 14 da FLONA de Canela, RS.

O componente principal da sub-paisagem 15 (Figuras 64 e 65), corresponde

as atuações humanas, representadas em primeiro plano, pela luminária e área de

recreação infantil, e em segundo plano, pela construção. Estes componentes

expressam propriedades, como a forma e a linha. A representatividade do

componente vegetação é expressa pela cor e textura.

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145

FIGURAS 64 e 65 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 15 da FLONA de Canela, RS.

As sub-paisagens 16, 17 e 18 (Figuras 66, 67, 68, 69,70 e 71), caracterizam-

se pela presença dos componentes água e vegetação. As linhas orgânicas, as

tonalidades de verde e a presença de espécies espontâneas impõem naturalidade à

paisagem. A intrusão visual é verificada pela presença da cerca nas paisagens 17 e

18.

FIGURAS 66 e 67 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 16 da FLONA de Canela, RS.

FIGURAS 68 e 69- Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 17 da FLONA de Canela, RS.

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146

FIGURAS 70 e 71 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub-paisagem 18 da FLONA de Canela, RS.

A posição do observador na paisagem 19, demonstra que o espaço é

sombreado pela presença de vegetação de porte arbóreo, conforme Figuras 72 e 73.

A predominância são os vegetais de diferentes portes enquanto o componente água,

verificado neste ângulo, não se impõem, mas o som evoca a curiosidade e o

chamamento.

FIGURAS 72 e 73 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 19 da FLONA de Canela, RS.

A sub-paisagem 20, caracteriza-se pelo componente água, em forma de

lâmina e em movimento. A vegetação, forma um fundo contínuo e o posteamento e

a cerca denotam o componente atuação humana (Figuras 74 e 75).

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147

FIGURAS 74 e 75 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 20 da FLONA de Canela, RS.

O fechamento do percurso, apresenta-se nas sub-paisagens 21 e 22 (Figuras

76, 77, 78 e 79), cujos componentes principais, novamente, são representados pela

vegetação e atuações humanas. Estes locais apresentam a propriedade visual cor,

expressa pelas hortênsias (Hydrangea macrophylla Serv.), no período do verão.

FIGURAS 76 e 77 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 21 da FLONA de Canela, RS.

FIGURAS 78 e 79 - Substitutivo e determinação gráfica dos componentes e elementos da sub- paisagem 22 da FLONA de Canela, RS.

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148

A vegetação foi encontrada em todos os ângulos das paisagens analisadas,

seguido, pela presença da água e das atuações humanas. A vegetação cumpre,

conforme Lima (1991), várias funções, como a ecológica, de conforto (térmico,

visual), bem como a psicológica, no que se refere ao efeito de satisfação e bem –

estar do homem, junto a áreas vegetadas.

A Tabela 37 mostra a matriz de correlação entre as variáveis utilizadas para

avaliar a Qualidade Cênica das sub-paisagens, obtida da Matriz de dados brutos

(Anexo 18).

TABELA 37- Matriz de correlação entre as variáveis utilizadas para avaliar a

qualidade cênica das sub-paisagens. Variáveis Água Atuação

Humana Cor Fundo

Cênico Vegetação

Água 1,000 0,031 -0,069 0,642 0,070 Atuação Humana

0,031 1,000 0,230 -0,108 0,006

Cor -0,069 0,230 1,000 -0,031 0,182 Fundo Cênico 0,642 -0,108 -0,031 1,000 0,308 Vegetação 0,070 0,006 0,182 0,308 1,000

Pela observação da matriz de correlação nota-se que as variáveis Fundo

Cênico e Água apresentaram as maiores correlações (0,642), indicando que na

interpretação de Qualidade Cênica das sub-paisagens estas variáveis estão

presentes conjuntamente. Também, apresentam alguma correlação a Cor com a

Atuação Humana (0,230), indicando que a cor é elemento importante na percepção

do homem.

Pela análise da correção entre as variáveis é possível prever três

agrupamentos de variáveis: Fundo Cênico e água; Cor e Atuação Humana; e

Vegetação.

Da matriz de correlação realizou-se uma Análise Fatorial através do método

dos Componentes Principais. A Análise Fatorial é uma técnica estatística que faz

com que o relacionamento entre as variáveis seja representado por um número

menor de variáveis não observáveis, chamadas fatores comuns, sem maior perda

de informação.

A Tabela 38 apresenta os autovalores e a % da variância para cada um dos 5

fatores (componentes) obtidos da análise fatorial. Segundo a técnica o número de

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149

fatores comuns a escolher para representarem as variáveis na análise é igual ao

número de autovalores maiores que 1. Observa-se que ocorreram dois autovalores

maiores que 1, que explicam 60,788 % da variância. Contudo, optou-se pela

inclusão de mais um fator, com autovalor próximo de 1 (0,974), permitindo que

80,276 % da variância total, seja explicada. Assim, estes três fatores passam a

representar as cinco variáveis iniciais, mantendo a maior parte da variância total

explicada.

TABELA 38 – Autovalores obtidos para cada um dos 5 componentes (fatores) obtidos pela análise fatorial.

AUTOVALORES

Componente Total % da Variância % da Var. Acumulada 1 1,746 34,911 34,911 2 1,294 25,877 60,788 3 0,974 19,487 80,276 4 0,687 13,741 94,017 5 0,299 5,983 100,00

A porção da variância de cada variável que é compartilhada com as demais

variáveis através dos fatores comuns é representado pela Comunalidade, enquanto

a porção que não é comum às outras variáveis é representada pela Variância

Específica.

A Tabela 39 apresenta os autovalores, a variância explicada, os

carregamentos, as comunalidades e as variâncias específicas, obtidas para cada

variável pela Análise Fatorial.

TABELA 39 – Carregamentos rotacionados estimados dos fatores, comunalidades e

variâncias específicas obtidas pela análise fatorial. Variáveis Carregamentos

F1* F2* F3* Comunalidades Var. específica

Água 0,921 0,079 -0,084 0,862 0,138 Atuação humana 0,035 0,906 -0,092 0,830 0,170 Cor -0,156 0,573 0,564 0,671 0,329 Fundo cênico 0,871 -0,131 0,260 0,843 0,157 Vegetação 0,170 -0,085 0,878 0,807 0,193 Autovalor 1,746 1,294 0,974 Proporção da Var. Acum.

34,911 60,788 80,276

F1*, F2

*, F3* = carregamentos rotacionados.

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150

Percebe-se que Água e Fundo Cênico são as variáveis mais importantes do

Fator 1 (F1), Atuação Humana e Cor são as mais importantes do Fator 2 (F2) e

Vegetação a mais importante do Fator 3 (F3), comprovando com a análise da

correlação entre as variáveis (Tabela 39).

Observa-se que a variável Cor apresenta variância específica alta (0,329),

comparada com as demais. Isto significa que uma boa parcela da variabilidade

apresentada por essa variável não pode ser explicada pelos fatores comuns.

Contudo, esse valor é pouco expressivo uma vez que as comunalidades alcançam,

aproximadamente, 80% da variância explicada pelos fatores comuns. A variância

não explicada pelos fatores representa apenas 19, 72 %.

Como se sabe, cada fator comum não é observável, contudo pela análise do

peso ou carregamento que as variáveis originais apresentam em cada fator, pode-se

inferir sobre a sua caracterização, como segue:

FATOR 1

As variáveis Água e Fundo Cênico são as variáveis com maiores pesos

dentro da combinação linear que define este fator. Pode-se denominar este fator por

“Fator Panorâmico”.

FATOR 2

Neste fator as variáveis Atuação Humana e Cor foram as de maiores pesos.

Pela relação entre elas pode-se denominar este fator como “Antrópico”.

FATOR 3

Neste fator destacou-se a variável Vegetação. Foi então denominado “Fator

Vegetação”.

Desta maneira, pode-se afirmar que três fatores são importantes e

perceptíveis na avaliação da paisagem: Fator Panorama, caracterizado pela Água e

Fundo Cênico; fator Percepção Humana, caracterizado pela Cor e Atuação Humana

e Vegetação.

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151

Considerando a visitação a FLONA com o intuito apenas de recreação, esta

poderá se constituir em uma atividade prazerosa e criadora que poderá auxiliar na

qualidade de vida das pessoas. Recreação, conforme Bultler (1973), significa

qualquer forma de experiência ou atividade, na qual o indivíduo participa por

escolha, devido ao prazer e á satisfação que obtém, diretamente, dela. Medeiros

(1971), considera a recreação como a necessidade básica do homem que encontra

satisfação íntima em atividades de lazer, sem visar a outro fim que não, a alegria da

própria execução.

A renovação pedagógica proposta por um ensino ativo, permite a abordagem

do tema “Paisagens de Unidades de Conservação”, quase como uma fonte

inesgotável de recursos didáticos, uma vez que os elementos abióticos, bióticos e

antrópicos que as constituem, oferecem uma heterogeneidade de fenômenos e uma

variedade de processos que se desencadeiam no conjunto dinâmico.

O uso de espaços naturais protegidos como fonte de atividade didática, não

somente deverá ser pautado na interdisciplinaridade dos conteúdos, mas também na

sensibilização para valores, normas e atitudes. As metodologias empregadas serão

variáveis e baseiam-se na idade, nível, conteúdos recebidos, entre outros.

4.7 Trilha do Veado 4.7.1 Situação atual

A Trilha do Veado, no interior da Floresta Nacional de Canela foi aberta com

os objetivos de possibilitar a:

- identificação de espécies vegetais;

- observação da fauna e flora local;

- interpretação da natureza;

- interação do meio ambiente e o homem.

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152

FIGURA 80- Painel referente ao mapa da Floresta Nacional de Canela, RS, localizado na sede administrativa.

Inicialmente, foi projetada com percurso de, aproximadamente, 1,5 km de

extensão, podendo ser percorrida em 2 horas, com paradas e, em ritmo lento. Na

entrada da Sede Administrativa, um painel registra a posição da Trilha, na área da

FLONA, conforme Figuras 80 e 81.

Para a identificação dos elementos selecionados como atrativos da trilha,

foram utilizadas placas de madeira (0,14 x 0,12 m), pintadas na cor amarela, com os

números impressos na cor preta. Dependendo da característica do local, as placas

foram presas às arvores, através de fio de nylon, ou cravadas no chão.

Um material explicativo foi confeccionado, com a numeração e uma breve

descrição das espécies vegetais e outros elementos que compunham a trilha, num

total de 75 atrativos (Anexo 16).

Devido a alterações sofridas pela construção de um lago, ocorreu uma

mudança no traçado original da trilha, assim, atualmente, partindo-se da sede

administrativa da FLONA até a entrada na mata nativa, percorre-se um ambiente

totalmente aberto (Figuras 82, 83 e 84), quase plano, caracterizado pela presença,

principalmente, dos pinheiros-brasileiros.

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153

FIGURA 81- Detalhe do antigo traçado da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS. Onde: 1-Acesso principal, 2- Administração, 3- Trilha do Veado

FIGURA 82- Trecho de contorno do primeiro lago, na FLONA de Canela, RS.

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154

FIGURA 83- Detalhe do caminho, na FLONA de Canela, RS.

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155

FIGURA 84- Acesso atual à Trilha do Veado na FLONA de Canela, RS.

Ao adentrar na mata, os primeiros duzentos metros, não possuem nenhuma

espécie ou elemento demarcado, conforme Figura 85. Neste trecho pode-se

observar entre os troncos, o fundo formado pelo espelho d’água.

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156

FIGURA 85 -Trecho inicial de acesso a Trilha do Veado na FLONA de Canela, RS.

(sem atrativos demarcados).

A primeira bifurcação tende a confundir o visitante, pois em ambos os trechos

existem elementos demarcados, resultantes da sinalização inicial da trilha. Neste

ponto o visitante deverá tomar o caminho a esquerda, devido a seqüência de placas

sinalizadoras, o que caracteriza a presença da trilha.

Após, transcorrido este trecho, uma clareira, com vários exemplares da

espécie exótica Pinus sp., confirma a secundariedade desta mata (Figura 86).

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157

FIGURA 86- Vegetação componente da clareira, com presença de exemplares de Pinus, na FLONA de

Canela, RS.

O local poderia ser aproveitado como espaço de descanso ou para discussão

de temas, uma vez que comporta um número maior de pessoas sentadas ou em pé,

distribuídos na forma circular.

A largura da trilha em sua extensão é variável, com valores de 0,50m até 4,0

m de largura (clareiras), conforme Figuras 87 e 88.

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158

FIGURA 87- Trecho da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS, estreito e com

dificuldade de passagem.

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159

FIGURA 88- Trecho plano e amplo da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS.

O relevo apresenta variação ao longo do percurso, intercalando trechos de

maior ou menor dificuldade de locomoção.

Na entrada da trilha, a altitude é de 732m, e o exemplar no ponto mais alto,

foi registrado a 761m. O terreno é bastante úmido e, por vezes, escorregadio. Uma

constante durante a fase da coleta de dados foi a presença de um grande número

de ramos quebrados e árvores tombadas (Figura 89).

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160

FIGURA 89- Arvore tombada na Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS.

Estas condições apontam para a necessidade de monitoramento periódico,

pois a presença de árvore tombada, assim como pode se tornar um atrativo,

também, poderá impedir a passagem dos visitantes.

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FIGURA 90- Detalhe de epífitas e xaxim presentes ao longo da Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS.

A maioria dos exemplares arbóreos ostentam espécies epífitas em seus

troncos e ramos, além de diferentes espécies de cipós ( Figuras 90, 91 e 92). A

presença do xaxim (Dicksonia sellowiana Hook.) foi constante durante todo o

percurso.

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FIGURA 91- Detalhe de cipós junto ao tronco de exemplar arbóreo na Trilha do Veado, na FLONA

de Canela, RS.

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163

FIGURA 92- Cipós formando conjunto de valor cênico, na FLONA de Canela, RS.

Confrontando a listagem original dos atrativos da trilha e as condições atuais,

observou-se:

- a ausência de espécies vegetais;

- a falta de identificação, pela queda ou desaparecimento das placas.

A falta de exemplares é resultante da construção do lago, tombamento e

morte dos indivíduos, ou ainda, por outras razões não identificadas, resultando em

uma redução dos atrativos conforme apresentado no Quadro 13.

No referido quadro são apresentados os atrativos, baseados na ordem

apresentada no antigo material de divulgação da FLONA, o qual sugeria o trajeto a

seguir. Foram omitidas as nomenclaturas botânicas das espécies, pois como, as

mesmas não mais se encontravam, poderíamos incorrer em erro ao classifica-las

sem a anterior identificação. Por esta razão foram utilizados os nomes comuns, os

mesmos apresentados pela FLONA.

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164

QUADRO 13 - Situação das espécies demarcadas na Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS. (Comparação entre o material original de divulgação da FLONA e levantamento atual).

Situação Número Identifi- Cação

Espécie/ele- mento

Nomenclatura científica presente ausente

O1 Pinus - X 02 Pinheiro -

brasileiro - X

03 Pinho-bravo - X 04 Cipreste - X 05 Mexeriqueira Gênero Miconia sp. X 06 Carqueja - X

07 Camboatá-branco

Matayba elaeagnoides Radlk. X

40 Carne-de-vaca - X 08 Canela-fogo Cryptocarya moschata Nees X 09 Cocão Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. X 10 Guaçatunga Casearia decandra Jacq. X 02 Pinheiro-

brasileiro - X

11 Chal-chal - X 12 Carvalho - X 13 Cipó-pente-de-

macaco Pithecoctenium echinatum (Jacq.) Baill.

X

14 Aroeira-bugre Lithraea brasiliensis Marchad. X 15 Cambuí Myrciaria delicatula (D.C.) O.Berg X 08 Canela-fogo - X 16 Araticum Rollinia sylvatica (A. St.-Hil.) Mart. X 17 Guamirim Gomidesia affinis (Cambess.) D.

Legrand X

18 Guabirobeira Campomanesia xanthocarpa O. Berg

X

19 Bracaatinga (caída)

Mimosa scabrella Benth. X

19 Bracaatinga - X 20 Bromélia - X 21 Jerivá - X 22 Goiaba-

serrana Acca sellowiana (O. Berg) Burret X

23 Espinho são-joão

- X

24 Ingazeiro - X 25 Vassoura - X 26 Casca d’anta Drimys brasiliensis Miers X 27 Cipozinho - X Continua....

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165

QUADRO 13 - Situação das espécies demarcadas na Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS. (Comparação entre o material original de divulgação da FLONA e levantamento atual). – Continuação...

28 Tiririca Cyperus rotundus L. X 29 Taquareira Bambusa vulgaris Schrader ex

Wendland X

17 Guamirim - X 30 Sete-sangrias Symplocos uniflora (Pohl) Benth. X 31 Leiteiro Sapium glandulatum (Vell.) Pax. X 32 Mamica-de-

cadela Zanthoxylum rhoifolium L. X

33 Pinho-do-brejo X 34 Pessegueiro

bravo Prunus sellowii Koehne X

35 Murta Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg.

X

36 Uvaia Eugenia pyriformis Cambess. X 37 Branquilho Sebastiania commersoniana

(Baillon) L.B. Sm. et Downs X

02 Pinheiro-brasileiro

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

X

17 Guamirim Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legrand

X

02 Pinheiro-brasileiro

Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze

X

28 Tiririca Cyperus rotundus L. X 38 Capororoca-

miuda Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. X

39 Erva-mate Ilex paraguariensis A. St.Hil. X 40 Carne-de-vaca Styrax leprosus Hook. et Arn X 41 Capororoca Myrsine umbelatta Mart. X 42 Canjica Rhamnus sphaerosperma Sw. X 03 Pinho bravo Podocarpus lambertii Klotzsch ex

Endl. X

02 Pinheiro-brasileiro

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

X

43 Ipê-ouro Tabebuia alba (Chami.) Sandwith X 44 Espinheira-santa Maytemis ilicifolia Mart. Ex Reissek. X 09 Cocão Erythroxylum deciduum A. St-Hil. X 45 Canela-preta Nectandra megapotamica (Spreng.)

Mez X

46 Pula-pula Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart.

X

47 Mirante dos veados

- X

48 Araçá Myrcianthes gigantea (D.Legrand) D.Legrand

X

49 Guaraperê Lamanonia ternata Vell. X Continua....

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166

QUADRO 13 – Situação das espécies demarcadas na Trilha do Veado, na FLONA de Canela, RS. (Comparação entre o material original de divulgação da FLONA e levantamento atual). – Continuação...

50 Cerejeira Eugenia involucrata DC X 51 Sucurá Dasyphyllum spinescens (Less.)

Cabrera X

52 Carrapicho Sloanea monosperma Vell. X 53 Caúna Ilex theezans Mart. X 02 Pinheiro-

brasileiro Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

X

54 Samambaia Gênero Asplenium sp. X 08 Canela-fogo Cryptocarya moschata Nees X 55 Pedra com

epífitas - X

56 Xaxim Dicksonia sellowiana HooK. X 57 Canudo-de-pito Escallonia bífida Link & Otto X 02 Pinheiro-

brasileiro Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

X

02 Pinheiro-brasileiro

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze

X

41 Capororoca Myrsine umbelatta Mart. X 58 Turfa Sphagnum sp. X 35 Murta Blepharocalyx salicifolius (kunth)

O.Berg X

Nas condições atuais, ocorre dificuldade para o reconhecimento dos

elementos da trilha, em alguns locais, não são somente pela ausência das placas,

mas pela dificuldade de visualizá-las, quando presentes. Isto se deve a falta de

padronização na fixação (altura das mesmas), pela queda e ainda, pelo

desaparecimento das placas. Uma avaliação das placas, quanto a sua presença e

visualização foi realizada, conforme apresentado no Quadro 14.

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167

QUADRO 14 - Resultado da avaliação dos elementos presentes na Trilha do Veado quanto a identificação e visualização das placas, segundo a distribuição atual.

Identifica-ção

Visua-lização Placa

Espécie /elemento

T R

C

Si

F

D

Observação

26 Drimys brasiliensis Miers

X X Placa encoberta pela vegetação

28 Cyperus rotundus L X X Placa encoberta pelo atrativo 29 Bambusa vulgaris Schrader

ex Wendland X X Placa próxima a trilha

30 Symplocos uniflora (Pohl) Benth.

X X Placa caída ao solo

31 Sapium glandulatum (Vell.) Pax.

X X Placa acima da linha de vista

32 Zanthoxylum rhoifolium L.

X X Placa abaixo da linha de vista

34 Prunus sellowii Koehn X X Placa quebrada acima da linha de vista

35 Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg.

X x Placa caída ao solo, quebrada, bastante danificada

36 Eugenia pyriformis Cambess.

X X Placa quebrada ao meio pendurada em um galho

03 Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.

X X Placa no nível da linha de vista

37 Sebastiania commersoniana (Baillon) L.B. Sm. et Down

X X Placa no nível da linha de vista

17 Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legrand

X X Placa abaixo da linha de vista

28 Cyperus rotundus L.. X 02 Araucaria angustifolia

(Bertol.) Kuntze X X Placa abaixo da linha de vista

38 Myrsine coriacea (Sw.) R. Br.

X X Placa na nível da linha de vista

39 Ilex paraguariensis A. St.Hil X X Placa caída a solo distante do exemplar

40 Styrax leprosus Hook. et Ar X X Placa na nível da linha de vista 41 Myrsine umbelatta Mart. X X Desgaste na pintura dos números 42 Rus sphaerosperma Sw. X X Placa na nível da linha de vista 03 Podocarpus lambertii

Klotzsch ex Endl. X X Placa na nível da linha de vista

43 Tabebuia alba (Cham.) Sandwith

X X Placa acima da linha de vista

09 Erythroxylum deciduum A. St.-Hil.

X X Exemplar abaixo do nível da trilha

46 Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart.

X X Placa caída ao solo

47 Mirante dos veados X X Placa colocada em tronco tornando confusa a identificação

48 Myrcianthes gigantea (D.Legrand) D. Legrand

X X Placa colocada lateralmente

Continua....

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QUADRO 14 - Resultado da avaliação dos elementos presentes na Trilha do Veado quanto a identificação e visualização das placas, segundo a distribuição atual. Continuação.

49 Lamanonia ternata Vell. X X Placa no nível da linha de vista 50 Eugenia involucrata DC X X Placa no nível da linha de vista 51 Dasyphyllum spinescens

(Less.) Cab X X Placa no nível da linha de vista

52 Sloanea monosperma Vell. X X Placa no nível da linha de vista 53 Ilex theezans Mart. X X Placa no nível da linha de vista 02 Araucaria angustifolia (Bertol.)

Kuntze) X X Placa no nível da linha de vista

54 Asplenium sp. X X 08 Cryptocarya moschata Nees X X Placa na nível da linha de vista 41 Myrsine umbelatta Mart.

X

X Exemplar distante da trilha.Difícil leitura

07 Matayba elaeagnoides Radlk. X X Placa no nível da linha de vista 08 Cryptocarya moschata Nee X X Placa na nível da linha de vista 55 Pedra com epífitas X 56 Dicksonia sellowiana Hoo X 09 Erythroxylum deciduum A.

St.-Hil X X Placa acima da linha de vista

10 Casearia decandra Jacq X X Placa caída ao solo 02 Araucaria angustifolia (Bertol.)

Kuntze X Presença de vários exemplares, sem

identificação 05 Miconia sp X X Placa no nível da linha de vista 13 Pithecoctenium echinatum

(Jacq) Baill. X X Placa na nível da linha de vista

15 Myrciaria delicatula O. Berg X X Placa abaixo da linha de vista 16 Rollinia sylvatica (A. St.-Hil)

Mart. X X Placa abaixo da linha de vista

17 Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legran

X X Placa no nível da linha de vista

18 Campomanesia xanthocarpa O. Berg

X X Placa no nível da linha de vista

20 (Bromélia) X Existe apenas a placa sem o exemplar 19 Mimosa scabrella Benth. X X 22 Acca sellowiana (O. Berg)

Burret X X Placa na nível da linha de vista

57 Escallonia bífida Link & Otto X X Placa abaixo da linha de vista Onde: T= no tronco R= no ramo C= no chão Si= sem identificação F= fácil D= difícil

A posição do observador em relação aos atrativos observados foi de

dominância, dada a proximidade dos elementos da trilha.

4.7.2 Potencialidade da trilha

Embora, sendo considerada, uma paisagem fechada (canopied), também

denominada paisagem verde ou paisagem florestal, onde a representatividade dos

elementos naturais recai sobre a vegetação, no presente estudo, a potencialidade da

trilha foi avaliada como subsídio a projetos de Educação Ambiental, baseados em:

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169

- análise das espécies demarcadas quanto a aspectos botânicos e utilização

comercial e popular (Anexo 16);

- percepções do ambiente da floresta.

Há de se considerar que, esta é uma, dentre as múltiplas possibilidades de

exploração do tema “Trilhas em Florestas Nacionais”, como objeto para o

desenvolvimento da Educação Ambiental, até porque, compartilha-se com Oliveira

(2000), a opinião que a Educação Ambiental deve buscar um novo ideário

comportamental, tanto no âmbito individual, quanto coletivo. Ela deve começar em

casa, ganhar as praças e as ruas, atingir os bairros e as periferias, evidenciar as

peculiaridades regionais, apontando para o nacional e o global. Deve gerar

conhecimento local, sem perder de vista o global precisa, necessariamente,

revitalizar a pesquisa de campo, no sentido de uma participação pesquisante, que

envolva pais, alunos, professores e comunidade.

A interpretação da natureza, conforme Milano (1993), é uma atividade

educativa, cujo propósito é dar a conhecer o significado dos recursos através de

aspectos originais, ao invés, do simples comunicar de sua significância ou

importância. As técnicas de interpretação em áreas silvestres objetivam confundir as

atividades de recreação e educação, imperceptivelmente, de maneira que o visitante

desenvolva sua educação ambiental, sem se aperceber disso.

O desafio da questão ambiental, por sua extensão e complexidade, vem

exigindo uma abordagem cada vez menos ortodoxa, rompendo com a tradição

segmentada e reducionista, e requerendo a aplicação de métodos multi e

interdisciplinares. Em função disso, torna-se necessária a consolidação de um

entendimento mais amplo do processo de educação ambiental, ou seja, de que a

educação ao trabalhar com as questões ambientais não se reduz, ao ensino ou à

defesa da ecologia. A educação ambiental deve, sim, ser, encarada como um

processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva

histórica, antropológica, econômica, social, ecológica e cultural, enfim, como

educação política, na medida em que são decisões políticas todas as que, em

qualquer nível, dão lugar às ações que afetam o meio ambiente (Oliveira, 2000).

A educação crítica e transformadora fortalece o sujeito enquanto agente do

ato de educar e muda a sociedade. O ser humano está se educando sempre, até o

final da vida (Nicola, 1999).

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170

A apresentação de enfoques populares da vegetação da trilha, remete a

Nicola (1999), ao dizer que as crenças, empiricamente, analisando podem afirmar

ou negar as relações entre dois objetos ou entre atributos destes. Interessa assim,

considerá-las na sua origem e na influência que exercem no comportamento.

Para Simões et al. (1998), o homem primitivo, certamente, experimentava as

plantas do seu ambiente, selecionando algumas para sua alimentação, rejeitando

outras por serem prejudiciais ou tóxicas e transmitia a experiência acumulada. Da

mesma maneira, deve ter experimentado os vegetais para aliviar seus males ou

mesmo seu tédio. Esse método de tentativa e erro ou forma empírica de aquisição

de conhecimentos não deve ser desprezado, pois foi assim que surgiram

descobertas fundamentais.

O relato do uso das diferentes espécies, principalmente, em se tratando de

crianças ou jovens, demonstra a proximidade dos vegetais com os elementos de

uso cotidiano, como o papel, madeira, palito, medicamentos, entre outros. Esta

relação é fundamental para um público, eminentemente, urbano e dotado das

facilidades dos bens de consumo, indiferentes e/ou desinformados da profunda

relação homem/natureza e da tênue aliança entre ambos, pois, conforme Mantovani

(1972), cada época, ao determinar sua cultura, vai moldando, formando uma

imagem especial de homem. Esta imagem gera uma teoria de educação e cada

teoria exige um sistema pedagógico derivado. A maneira de se conceber a

existência humana está, diretamente, ligada àquela teoria.

A análise mais apurada das espécies existentes, demonstrou uma

diversidade, conforme apresentado no Anexo 16, quanto suas características

estruturais, folhagem, florescimento, frutificação e utilização, sendo estas

informações oportunas para os casos específicos de projetos de Educação

Ambiental.

Quanto a percepção, segundo Freire (1999), a leitura do mundo precede a

leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da

continuidade da leitura daquele.

As leituras e releituras que se faz do ambiente, se inserem em um contexto

que interrelaciona o conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem os

homens e os outros seres (Oliveira, 2000).

De acordo com Punter apud Pires (1999), todo o processo de percepção

envolve no mínimo três aspectos, estreitamente, inter-relacionados embora,

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171

claramente, diferenciáveis: a experiência sensorial, a cognição e a avaliação ou

preferência.

Mesmo reiterando que o processo de percepção é o resultado da experiência

pessoal, aprendizado, imaginação, memória, além de ser individual e cultural e,

como tal, sujeito a diferentes leituras, acredita-se que em caso de crianças o mesmo

poderá ser desenvolvido através da orientação e do chamamento a aspectos, como

os apontados na Figura 93.

FIGURA 93- Esquema das possibilidades de percepção a serem desenvolvidas na Trilha do Veado.

VARIEDADE DE CONTEÚDOS E AÇÕES

FÍSICAS

AMBIENTAIS

CLIMÁTICAS

VARIEDADE DE

ELEMENTOS

ELEMENTOS VISUAIS

ELEMENTOS SONOROS

ELEMENTOS OLFATIVOS

VARIEDADE DE

RITMOS

LUZ X

SOMBRA

ABERTO X

FECHADO

ESTREITO X

LARGO

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172

Os resultados apontaram, através do processo de observação, a possibilidade

de explorar o modelo apresentado na Figura 93, pois a grande maioria das

possibilidades podem ser exploradas. Assim, no tocante a variedade de conteúdos e

ações, os aspectos físicos revelaram:

- movimento do relevo;

- presença de rochas;

- diferença na quantidade do material de cobertura do solo nas

diferentes épocas;

- diferenças dos teores de umidade, temperatura e velocidade do

vento.

QUADRO 15 - Qualidade visual dos elementos presentes na Trilha dos Veados. Elemento Valores Freqüência Percentual Característica

predominante 0 1 1.92 1 8 15.38 2 28 53.85

Linha

3 15 28.85

Parcialmente definida

0 5 9.62 1 9 17.31 2 11 21.15

Forma

3 27 51.92

Orgânica

0 2 3.85 1 3 5.77 2 37 71.15

Grau de textura

3 10 19.23

Média

1 21 40.38 2 28 53.85

Ordenamento da textura

3 3 5.77

Aleatória

1 2 3.85 2 39 75.00

Cores

3 11 21.15

Pouca variação

1 7 13.46 2 27 51.92

Tonalidades de verde

3 18 34.62

Pouca variação perceptível.

Tomando por base o reconhecimento da vegetação demarcada (atrativo), e o

Instrumento X (Anexo 14), foi possível realizar a análise da Qualidade Visual da

Trilha dos Veado (Quadro 15).

A paisagem da trilha caracterizou-se, em 53,85% das avaliações, por linhas

parcialmente definidas, seguido de bordos difusos (15,38%).

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173

A proximidade dos exemplares imprime configurações diferentes nas linhas,

ora representadas pela verticalidade dos troncos, ora pela horizontalidade de copas.

As linhas curvas de ramos e cipós criaram os maiores obstáculos visuais. Outro fator

a considerar é o grau de luminosidade da trilha que dificulta a visualização e

compromete as tonalidades.

No geral, as formas observadas foram orgânicas (51,92%), embora em alguns

casos, fossem classificados por complexas (17,31%), dado ao grande número de

galhos quebrados e dispostos irregularmente, devido a ação do vento. As formas

geométricas foram registradas onde ocorriam apenas espécies herbáceas e

pequenos arbustos e a visão correspondia aos troncos cilíndricos e altos, refletindo-

se numa composição mais aberta e, relativamente, homogênea.

O grau de textura foi média (71,15%), com 53,85% do ordenamento de forma

aleatória.

As cores do conjunto apresentaram pouca variação (75,00%), sendo os

21,15% encontrados com variação, correspondentes as espécies que se

encontravam floridas ou com frutos de coloração mais expressiva.

Como a paisagem da Trilha do Veado caracterizou-se pela coloração verde da

folhagem das copas e epífitas, além das espécies de cobertura (estrato inferior), a

mesma ao ser analisada, apresentou 51,92% da vegetação, com pouca variação

(tonalidades próximas), mas perceptíveis.

Os efeitos referidos, quanto a qualidade visual da Trilha do Veado, poderão

ser desenvolvidos, tanto em atividades de Educação Ambiental, como poderá ser

induzida a observação através de material de divulgação oferecido aos visitantes.

Para Ferretti (2002), os programas de Educação Ambiental não podem

desconsiderar o Ecoturismo e, vice-versa. Se, o Ecoturismo poderá ser interpretado

como veículo da implantação de um programa de Educação Ambiental, o

desenvolvimento de um projeto de turismo sustentável depende, diretamente, das

estratégias de Educação Ambiental.

Independente, das funções ecológicas e didáticas possibilitadas pela

presença da trilha, a mesma poderá ser utilizada com a função de caminhadas

(trekking). O termo “trekken”, surgiu no início do século XIX e foi empregado pela

primeira vez por trabalhadores holandeses que colonizaram a África do Sul. Com a

invasão dos britânicos, a palavra foi absorvida pela língua inglesa e passou a

designar as longas caminhadas, no interior do continente africano. Atualmente,

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174

utiliza-se a palavra significando caminhadas em trilhas naturais.

As caminhadas foram apontadas como a terceira atividade preferida pelos

turistas, da cidade de Gramado, em pesquisa realizada por Ruschmann et al. (2002).

No presente trabalho, os turistas entrevistados, na ordem de 38,98%, 17,46%,

8,19% e 36,20%, nas quatro épocas, respectivamente, ou seja, julho, outubro,

dezembro e fevereiro, apontaram o interesse em praticar caminhadas em possíveis

visitas à FLONA.

As atividades florestais deverão participar cada vez mais no desenvolvimento

do país, tanto, sob o ponto de vista econômico, como geradora de divisas, mas

também, no âmbito social, como componente indispensável à manutenção da

qualidade de vida.

A oportunidade de aliar atividades produtivas e preservacionistas, em um

mesmo sítio, reforça a interdependência da sociedade com as florestas.

A inserção do indivíduo em uma Unidade de Conservação, deverá relacionar

os espaços vegetados e seus componentes com o cotidiano das pessoas, em

especial, as crianças, demonstrado a importância ecológica e sócio-econômica.

A idéia de trilha como missão pedagógica deverá trabalhar, por parte dos

professores, o local como um sistema de correspondências e evocações entre as

cores, formas, texturas e o conhecimento botânico, ecológico e popular.

4.7.3 Reestruturação física e visual da trilha

Para que seja implementada de forma efetiva a utilização da Trilha do Veado,

aos turista e às escolas, algumas intervenções deverão ser efetuadas, propostas a

seguir:

4.7.3.1 Determinação do trajeto

Atualmente, não existe um trajeto definido para a Trilha, sendo que a mesma

pode ser acessada, de duas maneiras, uma vez que não há informação de seu início

e fim.

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175

O trajeto proposto é partir da sede administrativa, contornar, parcialmente, o

primeiro lago, onde se encontra uma ilha, tomar o caminho que separa do segundo

lago e, finalmente, adentrar à mata (Figuras 94, 95, 96, 97 e 98).

FIGURA 94- Sede administrativa da FLONA Canela - ponto sugerido de partida para a Trilha do Veado.

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FIGURA 95- Conjunto de pinheiros-brasileiros.

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FIGURA 96- Caminho com vegetação arbórea junto a margem do primeiro lago

FIGURA 97- Ilha no primeiro lago.

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FIGURA 98- Visão geral da paisagem observada do primeiro lago.

A implantação dos lagos ampliou, visualmente, os espaços e apresenta

reconhecida plasticidade por refletir, em suas águas, a paisagem de fundo formada

pela mata fechada (Figuras 99 e 100).

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FIGURA 99- Caminho próximo ao primeiro lago.

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FIGURA 100- Detalhe do segundo lago.

A água, segundo Litton (1977), tende a ser a paisagem dominante em razão

de sua visibilidade, movimento, reflexos e cor e, conseqüentemente, pelo contraste

com as superfícies adjacentes. Zube et al. (1982), registrou que a água tem maior

significado cênico para as crianças do que para os adultos. Este fato foi comprovado

por Yamashita (2002), com crianças de 5ª a 8ª séries, quando analisadas em

relação ao público adulto.

4.7.3.2 Placa Indicativa

Atualmente, não existe nenhuma placa indicativa a respeito da trilha. Assim,

no início da mesma, deverá ser colocada uma placa que contemple as seguintes

informações:

- ponto focal de visitação (destino);

- contra-indicações;

- tempo médio de percurso;

- grau de dificuldade;

- recomendação quanto a equipamentos e/ou vestimentas adequadas;

- informações educativas e de comportamento.

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181

As cores a serem utilizadas na placa, conforme Barbosa & Trancoso (1977),

são:

- fundo: areia

- vegetação: verde

- água: azul-médio

- trilha: areia

se, utilizado o pictograma, o mesmo deverá ser de cor preta.

A assinatura poderá receber o símbolo da Unidade ou do IBAMA.

O texto deverá ser feito em negrito (caixa alta e baixa para o titulo) e demi

para os textos complementares. Deve ser evitado o uso de letras com altura inferior

a 1 cm. A cor dos textos será preta sobre fundo claro e areia sobre fundo escuro.

4.7.3.3 Avaliação das condições físicas e de representatividade dos exemplares

Em alguns exemplares, como carrapicho -52 (Sloanea monosperma Vell.),

caúna -53 (Ilex theezans Mart.), canela-fogo -08 (Cryptocarya moschata Nees),

murta -34 (Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg), pinho-bravo -03)

(Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.), foi verificado o comprometimento das

formas originais das espécies, devido a quantidade de ramos quebrados. Outros,

como a goiaba-serrana -22 (Acca sellowiana (O. Berg) Burret), sete-sangrias –30

(Symplocos uniflora (Pohl) Benth.) e samambaia-gigante -54 (Asplenium sp.), devido

ao pequeno porte não expressam o potencial das espécies.

O homem só é levado ao desejo de conhecer, se os fenômenos lhe chamam

a atenção. Para que este perdure, é preciso haver um interesse mais profundo, que

nos aproxime cada vez mais dos objetos. Observamos então uma grande

diversidade diante de nós. Somos obrigados a separa-la, distingui-la e recompô-la,

daí resultando uma ordenação que pode ser apreciada, com maior ou menor

atenção (Goethe, 1993).

4.7.3.4 Identificação através de placas (sinalização dos elementos)

O olho humano é capaz de perceber, simultaneamente, uma grande

quantidade de informações. A forma como são apresentadas essas informações

deve ser adequada, tanto quanto possível, à capacidade de percepção (Dul &

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Weewdmeester, 1995).

A cor amarela utilizada destaca-se no cenário com predomínio de verde. O

amarelo, segundo (Dul & Weewdmeester, 1995), é uma cor de grande visibilidade.

As cores de grande visibilidade são vibrantes e são usadas quando se quer

atrair a atenção.

No contraste simultâneo, uma cor ao lado de uma mais escura parecerá mais

clara do que realmente é. A cor atrai e prende a vista de acordo com o grau de

visibilidade.

Quanto maior seja o quociente de seleção de um sinal (expectativa de

proveito x esforço requerido) maior número de pessoas o lerão. Ao prepara-los,

deve-se esforçar para aumentar a expectativa de proveito e minimizar o esforço

requerido (Barbosa & Trancoso, 1977).

A normatização da sinalização em Unidades de Conservação não se refere,

especificamente, ao tamanho e coloração das placas que sinalizarão os diferentes

atrativos das trilhas. Atem-se às placas de indicação da trilha e sua orientação

interna.

Alguns autores sugerem incluir algum detalhe para que reforce a

identificação, isto é, um símbolo, para criar uma imagem mais forte do local.

Baseado nesta sugestão poderiam ser acrescidos:

- um desenho simplificado sugerindo um veado, em alusão ao nome da

trilha; ou

- um pinheiro-brasileiro, que é a espécie de maior destaque visual e plástico

na trilha, além de ser, a principal representante da Floresta Ombrófila Mista.

Uma das formas para determinar a altura das placas baseia-se na linha de

visão1, a qual é determinada pela movimentação da pupila e, em segundo lugar ,

pela inclinação da nuca e da cabeça. A inclinação dos olhos de 15º acima ou abaixo

da linha normal de visão é confortável e não requer esforço.

No Quadro 14 foram apresentados os locais de fixação das placas, que

variavam entre o tronco, ramos e, diretamente, no chão, diferenças estas que

conduzem o indivíduo ao desconforto para a leitura.

Observou-se que a altura das placas na trilha deveria ser abaixo da linha de

visão, mantendo o conforto na visualização e acrescido das seguintes razões:

- a tendência das pessoas de caminharem olhando para baixo, em função da

grande quantidade de galhos e folhas, além, da própria irregularidade do terreno;

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183

- a facilidade de ser rapidamente visualizadas pelas crianças.

A altura dos olhos das pessoas em pé, segundo os autores, depende da

altura e do sexo, conforme Tabela 40, sendo necessário determinar uma média das

alturas e adaptar conforme sugestões apresentadas.

TABELA 40- Altura média dos olhos das pessoas posicionadas em pé (cm).

Homens............................Mulheres _____________________________________

Pessoas baixas..................................... 150,9................................140,2 Pessoas médias................................... 161,3................................150,2 Pessoas altas....................................... 172,1................................159,6 FONTE: Lida (1997); Dul & Weerdmeester (1995).

No caso, das placas serem colocadas muito baixas, no movimento do corpo

para visualizar, ocorre uma pressão do disco intervertebral, entre as vértebras 3 e 4,

em torno de 190%2 (Grandjean, 1998).

4.7.3.5 Sinalização da trilha

O ideal seria aumentar o número de placas direcionais, principalmente, nas

seguintes situações:

- bifurcações;

- áreas muito íngremes;

- quando ocorrer vestígios de antigas trilhas;

- quando ocorrerem atrativos fora da trilha.

A padronização da locação quanto a altura, também, facilitaria sua

visualização, e sempre que possível, afixadas ao solo.

Cruz (2001), sugere placas informativas com outros objetivos que não apenas

aqueles de guiar visitantes ao longo de trilhas. Tais objetos, obedecem a critérios

como menor impacto visual possível, portanto, maior harmonia com seu entorno

natural.

_____________________ 1 Linha horizontal (invisível) que faz a ligação entre o olho e objeto observado 2 Na literatura foi convencionado que em pé, as pessoas apresentam uma pressão do disco de

100%.

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184

As placas direcionais previstas pelo IBAMA, poderão ser setas isoladas ou

inseridas em campo circular.

Porém, a simplicidade na apresentação das informações melhora a clareza e

reduz os riscos de erro.

4.7.3.6 Intervenções construtivas

São obras simples e de fácil manutenção que evitam o desgaste da trilha e a

segurança do visitante. As duas intervenções propostas são:

- contenção

- corrimões

A construção de contenção em pequenos trechos da trilha é uma medida de

prevenção para que não ocorram processos erosivos e evite que seja carreado

material

pela encosta. Neste caso, poderiam ser construídas pequenas paredes (tipos

muretas) utilizando troncos caídos , pedras ou os dois materiais.

A colocação de corrimões é sugerida nos pontos que representam perigo para

os visitantes, devido a pequena largura da trilha, somado a irregularidade do terreno,

como comprovado nas Figuras 101 e 102. O material indicado é a madeira.

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FIGURA 101- Local de difícil acesso.

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186

FIGURA 102- Trecho de alta qualidade visual e difícil acesso.

4.7.3.7 Mobiliário

Poderiam ser implantadas estruturas para facilitar o descanso do visitante, a

partir da colocação de bancos de madeira (troncos) rústicos.

O ideal seria a distribuição de sacolas para que os visitantes acondicionem o

lixo produzido. Em razão, do custo de tal iniciativa, a distribuição de lixeiras poderia

diminuir a concentração de dejetos espalhados na trilha.

Embora as intervenções espaciais devam ser, as mínimas possíveis, se faz

necessário a colocação deste mobiliário, para além do descanso, favorecer a

limpeza.

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187

4.7.4 Confecção de material

Mesmo em trilhas guiadas é importante oferecer ao visitante material de

apoio, com funções de orientação, explicativa e educativa.

Nos casos de trilhas auto guiadas, este material é imprescindível, caso

contrário, a visita ao local proporcionará apenas a apreciação visual do bem, sem ao

menos identificá-lo.

Vasconcelos (1998), avaliou três tipos de trilhas interpretativas, guiada, auto-

guiada com folhetos e com placas, no Parque Estadual Pico de Marumbi e Reserva

Natural Salto Morato (PR), quanto a sua eficiência em proporcionar novos

conhecimentos e satisfação aos usuários. Os resultados indicaram que as trilhas

guiadas e com folhetos foram, igualmente, eficientes enquanto a trilha com placas foi

menos eficiente.

O Anexo 19 apresenta uma sugestão, para identificação dos atrativos

vegetais, caracterizando seus usos, através de símbolos gráficos.

4.7.5 Monitor/guia

A Unidade de Conservação deverá possuir pessoas que cumpram a função

de orientação e acompanhamento aos visitantes.

Como o Ecoturismo visa também a integração da comunidade poderiam ser

aproveitados os próprios moradores, (em consonância com os aspectos legais) que

após treinamento, cumpririam com estas funções.

Segundo, a Comissão Técnica da EMBRATUR/IBAMA (1992), as caminhadas

por trilhas devem ser acompanhadas por dois guias, sendo que um deve ir à frente,

orientando o grupo e o outro, seguir na retaguarda, fechando a coluna.

Assim, seriam duas categorias de guias:

- monitor ambiental: cujas atividades são monitoramento ambiental, condução

de visitantes e manutenção da trilha;

- serra-fila: condutor de visitantes que auxilia o monitor e se posiciona no final

da fila, formada pelos visitantes, durante a caminhada pela trilha.

Cerqueira (1999), caracteriza os guias como, do sexo masculino, idade entre

16-30 anos, apresentando baixa escolaridade e residentes na própria Unidade de

Conservação ou próxima da mesma.

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Os monitores deverão, obrigatoriamente, usar uniforme composto de

camiseta, calça comprida, botas, mochila e capa-de-chuva, acrescido de rádio,

caneta, kit de primeiros-socorros e folhetos de comportamento.

Quando grupos de visitantes utilizarem a trilha acompanhados do monitor e

do serra-fila, alguns cuidados devem ser tomados quanto a aspectos

comportamentais:

- o número de componentes do grupo não deve exceder o previsto pela

determinação da capacidade de carga, (quando não existem trabalhos neste

sentido, o máximo de visitantes é de 20 pessoas);

- sempre que ao grupo pertencerem visitantes de 3ª idade e crianças ou

ainda, pessoas que tenham dificuldade de deslocamento, estas deverão ser

colocadas à frente do grupo, para determinar o ritmo do mesmo;

- recomendar andar em fila indiana, ficando atento onde pisa e coloca as

mãos;

- solicitar para não falar alto, não alimentar os animais e não retirar nada da

floresta, bem como acondicionar e trazer de volta o lixo gerado;

- recomendar não segurar nada nas mãos, mantendo-as livres;

- solicitar que as pessoas não abandonem o grupo sem prévia comunicação.

4.7.6 Sazonalidade

A sazonalidade, diz respeito, a utilização de um atrativo em função das

condições climáticas e de fatores como, férias escolares e de serviço, eventos,

feriados, entre outros.

O clima confortável é o que não obriga o corpo humano a um grande esforço

para preservar a estabilidade de seu meio interno e que, com mais razão, não lhe

submete ao risco de fazer fracassar seus mecanismos reguladores, dos principais

equilíbrios biológicos (Besancenot, 1991).

A utilização da trilha deverá ser avaliada, principalmente, em função das

condições climáticas do local, com ênfase à temperatura, dias de chuva e umidade

relativa do ar. Assim, a Tabela 41, apresenta os dados climáticos relativos ao

município de Canela e a Tabela 42, o resultado do registro de temperatura e

umidade relativa do ar, no período de coleta de dados, na FLONA.

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189

TABELA 41- Valores médios mensais de temperatura, dias de chuva e umidade relativa do ar ao longo do ano, no município de Canela (RS)

Meses Temperatura (° C) Dias de chuva Umidade relativa do ar (%) Janeiro 18.23 16 76 Fevereiro 19,90 15 85 Março 18.80 13 85 Abril 13,01 14 86 Maio 13,55 15 84 Junho 11,56 14 82 Julho 11,58 14 80 Agosto 12,08 16 82 Setembro 12,56 14 81 Outubro 13,75 14 80 Novembro 16,37 15 81 Dezembro 18,26 17 82 Média anual 14,97 12,5 82 FONTE: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.8º Distrito de Meteorologia (2003); INMET (2004).

A análise dos dados de temperatura (Tabela 41), apontaram oito meses do

ano com temperaturas abaixo de 15ºC. Neste sentido Lida (1997), comenta que o

frio abaixo deste valor pode reduzir as capacidades de pensar e julgar e afetar

também o controle muscular, reduzindo a destreza e a força. Se o frio afetar todo o

corpo, o desempenho pode ser prejudicado, pelos tremores. Porém, quanto maior o

esforço físico, mais baixa poderá ser a temperatura.

Quando comparada a mesma atividade sob frio e calor, Grandjean (1998),

aponta que as temperaturas altas são mais prejudiciais, pois ocorre aumento na

fadiga, elevação da freqüência cardíaca, diminuição na atividade dos órgãos de

digestão , aumento da pressão periférica e da produção do suor.

Os valores de Umidade Relativa do Ar, registradas no município (Tabela 41),

excetuando o mês de janeiro, apresentaram valores iguais ou superiores a 80%,

porém, os registros realizados na FLONA apontaram valores inferiores (43,0% e

67,1%), no verão 2003/2004 e inverno 2003, respectivamente.

Quando comparada a temperatura e umidade relativa do ar, fora da área da

trilha, ou seja, próximo a sede administrativa, sob céu aberto e a média dos dados

coletados em cada atrativo, encontrado no interior da trilha nas duas estações, verão

e inverno (Tabela 42) observou-se que a temperatura no interior da floresta (trilha)

foi inferior àquela fora da formação vegetal, com ênfase ao período mais quente,

enquanto a umidade relativa do ar se elevou nas condições de floresta.

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190

TABELA 42- Dados médios de temperatura e umidade relativa do ar comparando áreas fora e dentro da “Trilha do Veado”.

Período: Verão2003/2004 Temperatura Umidade relativa do ar (ºC) (%)

Fora da trilha.....................................23,8.......................43,0 Interior da trilha.................................20,6.......................54,3 Período: Inverno 2003 Temperatura Umidade relativa do ar

(ºC) (%) Fora da trilha.....................................14,4.......................67,1 Interior da trilha.................................12,5.......................80,5

As temperaturas baixas no interior das florestas são as responsáveis pela

umidade relativa do ar mais alta. Por isso, as florestas são mais úmidas mesmo que

a temperatura do ponto de orvalho e a pressão do vapor d’água ambiental sejam,

aproximadamente, iguais às da área externa.

No interior das florestas, a temperatura é mais amena devido a presença da

vegetação que intercepta a radiação que sai da floresta, tendo um efeito marcante

na temperatura. As folhas verdes não aquecem tanto quanto o solo e a camada de

serapilheira e também porque as folhas trocam calor com o ar que esta na sua volta.

A umidade relativa próxima ao piso florestal é maior que aquela acima do

dossel, por causa da diferença de temperatura e também, porque a pressão do

vapor d’água nas copas é, suavemente, mais elevado, devido à evapotranspiração. As copas das árvores são muito eficientes na redução da velocidade e

movimentação dos ventos por apresentarem grandes áreas de fricção.

Conti (1997), acentua que áreas situadas acima de 1.000 m, constituem

refúgios de salubridade, pela boa qualidade do ar, pressão atmosférica mais baixa,

temperaturas médias anuais variando entre 15 e 20°C.

Em ambientes florestados ocorre uma atenuação do vento, resultando na

menor evaporação e na menor oscilação das temperaturas diurnas e noturnas. Para

os visitantes esta característica da baixa velocidade do ar evita a perda do calor do

corpo.

As tendências, baseado no Tabela 41, são para a alta temporada, as

temperaturas mais baixas do ano (julho), enquanto o mês de dezembro as

temperaturas apresentam-se mais elevadas, mas sujeito a maior instabilidade.

Na baixa temporada, o mês de outubro mantêm-se com temperaturas abaixo

de 15ºC, e o mês de fevereiro, embora, com as temperaturas mais altas do ano, está

sujeito a metade do período com chuvas.

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191

Embora, sendo o valor médio mais alto na região, a temperatura de 19,9°C,

se traduz em uma condição agradável, pois, segundo Grandjean (1998), uma das

conseqüências de atividades ao ar livre, sob condições de sol direto é a

possibilidade da exposição causar insolação, principalmente, quando o público é

constituído por crianças. Os sintomas são a sensação de mal-estar, pele

avermelhada e freqüência cardíaca fortemente elevada, acrescido de dores de

cabeça, tonturas, falta de ar e, ás vezes, vômitos, câimbras, até a pessoa perder a

consciência .

Os meses de outono e primavera são os mais indicados para visitação da

FLONA de Canela e reconhecimento da Trilha do Veado, devido as temperaturas

mais amenas, embora o visitante deva considerar que dentre as características da

Serra gaúcha, destacam-se as baixas temperaturas e os densos nevoeiros.

4.7.7 Capacidade de carga

Alguns conceitos de capacidade de carga, tais como, a social e a perceptiva

são muito irreais, conforme Swarbrooke (2000), ao sugerir que o dano ocorrerá num

ponto específico quando um determinado número de turistas estiver presente, em

certo lugar. O processo do dano relacionado com o turismo é, certamente, mais

lento e menos nítido que isso. É um fenômeno progressivo, ao invés de súbito.

A determinação da capacidade de carga apresenta um alto grau de empirismo

e está sujeita a vários fatores. Os planificadores esperam encontrar fórmulas que

permitam encontrar esta “cifra mágica”, a partir da qual, começa a deterioração.

Porém, esta tarefa não é tão fácil, devido ao fato dos turistas não apresentarem as

mesmas características físicas, atitudes e comportamentos Schlüter (2000).

Para Cooper (2001), a capacidade de carga é um conceito dinâmico, no

sentido de que os limites que a determinam relacionam-se com fatores como,

duração média da estada, características dos visitantes, sazonalidade,

acessibilidade e nível de utilização.

Além disso, Ferreira apud Bassani (2001), apresenta fenômenos inerentes às

pessoas, de difícil quantificação, como, o espaço pessoal (distância estabelecida

pelas pessoas quando se encontram em situação de interação social), privacidade

(refere-se à percepção que o indivíduo tem sobre a limitação de poder de outras

pessoas sobre seu espaço), territorialidade (refere-se a apropriação de espaços por

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parte das pessoas), aglomeração, também denominada crowding (refere-se a

experiências desagradáveis, tipo sufocamento ou dificuldade de agir) e estresse

(conjunto de elementos emocionais, fisiológicos e comportamentais a aspectos do

ambiente).

Devido a falta de clareza das metodologias encontradas na bibliografia, mas,

baseado nos dados obtidos, foi desenvolvido um cálculo da capacidade de carga

física, conforme Remonatto & Robayo (1993).

A) Capacidade de carga física

Considerando:

- o tempo mínimo de 115 minutos para transcorrer a trilha, em passo normal

e utilizando 2 minutos para interpretação de cada atrativo;

- jornada de 8 horas/dia para cada guia;

- o retorno de um grupo para iniciar nova caminhada,

poderiam visitar a trilha, 4 grupos/dia.

A bibliografia aponta que nos casos onde não existe Plano de Manejo, que

inclua as áreas de recreação e turismo, até 20 pessoas, poderão compor um grupo

para interpretação de trilhas.

Caso, fosse estipulado 10 pessoas por grupo, em função da largura da trilha

e, pelo fato, que cada pessoa, conforme Cifuentes (1992), requer um metro linear na

trilha, o número de pessoas/dia seria de 80 a 40 pessoas.

B) Capacidade de carga real

A determinação da capacidade de carga real exige o conhecimento dos dados

de insolação e dias de chuva, havendo variação durante as estações do ano,

conforme apresentado no Tabela 43.

TABELA 43 - Dados climatológicos determinantes para o cálculo da capacidade de

carga de trilhas nas estações do ano. Fatores Primavera Verão Outono Inverno

Dias de chuva 45 60 48 36 Horas luz solar/dia 5,0 6,3 5,0 3,6 Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.8º Distrito de Meteorologia (2003) complementados pelo INMET -período 1931-1990 (2004).

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193

Os dados apontaram 176 dias sem chuva, ou seja, 45,59% dos dias do ano

com a possibilidade de serem aproveitados. Porém, outro fator climático de

relevância, são os dias de nevoeiro. Conforme, o 8º Distrito de Meteorologia a maior

concentração de dias com céu limpo, foram observadas nos meses de junho e julho,

enquanto, os maiores nevoeiros foram registrados em abril, maio e setembro.

Porém, como as leituras, quanto a dias nublados e com nevoeiros foram

realizadas, em torno de 10 anos, pelo órgão competente, acreditamos não

possuírem confiabilidade, para serem inseridos de forma definitiva nos cálculos,

mas apenas especulados.

Baseado na Tabela 44, haverá variação no número de grupos/dia em função

da sazonalidade.

Ao se considerar 5 dias úteis/semana, a capacidade de carga da

trilha/semana, seria de 640 pessoas a 1280 pessoas.

TABELA 44 - Capacidade de carga da Trilha do Veado, Floresta Nacional de Canela, nas diferentes estações do ano.

Capacidade de carga Estações do ano

Nº grupos/dia Nº pessoas/dia 52(1) Primavera 2,6 26(2) 64(1) Verão 3,2 32(2) 52(1) Outono 2,6 26(2) 32(1) Inverno 1,6 16(2)

(1)- grupos de 20 pessoas

(2)- grupos de 10 pessoas

Vilas Bôas (2000), apresentou os valores de capacidade de carga de 21

visitantes/dia e 26 visitantes/dia para duas trilhas, no Parque Florestal Quedas do

Rio Bonito – Lavras (MG), porém os fatores envolvidos não foram relatados.

Cooper (2001), comenta que apesar dos problemas envolvidos na conversão

das definições teóricas de capacidade de carga em uma ferramenta operacional,

cada vez é mais importante incorporar tentativas de impor, algum limite ao nível de

utilização para prevenir impactos nocivos sobre o meio ambiente e a sociedade.

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194

4.7.8 Considerações gerais

A análise de vários aspectos da Trilha do Veado, no interior da Floresta

Nacional de Canela, quanto ao seu estado atual, apontam:

- vegetação com aspectos botânicos, comerciais, folclóricos e ornamentais

expressivos;

- potencialidade das espécies demarcadas para estudos ambientais em

diferentes níveis de conhecimento e com clientela de faixas etárias

diferenciadas;

- necessidade de um trabalho de padronização nas placas de identificação

dos atrativos e a implantação de sinalização;

- carência na manutenção da trilha;

- possibilidade de uso apenas como cenário de caminhadas, condicionado

aos trabalhos de recuperação da mesma.

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195

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Importância da FLONA no turismo das cidades de Canela e Gramado

Na atividade turística, uma série de elementos se interrelacionam e evoluem

de forma dinâmica.

Para existir a atividade deve existir a demanda (formada por um conjunto de

consumidores dos bens e serviços), a oferta (conjunto de produtos e serviços), o

espaço (base física) e os operadores do mercado (empresas que facilitam a

interação, entre a oferta e a demanda).

Ampliando esta análise e extrapolando para um macroambiente veremos que

o mesmo é formado por uma série de ambientes, como o:

- demográfico: que se constitui na população a qual condiciona o

desempenho do mercado;

- político-legal: se constitui num processo legislativo que poderá beneficiar ou

não as atividades turísticas;

- sócio-cultural: representado pelo conjunto de manifestações culturais,

costumes, comportamento e modo de vida de uma determinada localidade;

- econômico: que influencia, sobremaneira, a alocação de investimentos; e

- natural: que se constitui matéria-prima para a atividade turística.

Quando fala-se em turismo o produto final, compõem-se de elementos e

percepções intangíveis e é sentido pelo consumidor, como uma experiência.

As cidades de Canela e Gramado, tem hoje, no turismo sua principal fonte de

renda. Basicamente, os turistas não vão visitar uma ou outra cidade, dada a

proximidade, de apenas 7 km As duas cidades centraram o foco econômico em

atividades de turismo temático, com forte apelo natalino e colonial, sem

desconsiderar as condições climáticas que se comportam como um chamariz para

os hoteleiros.

A maior afluência de turistas se verifica nos períodos de dezembro e julho,

dada as atividades do Natal Luz e o Sonho de Natal, devido às atividades coloniais,

representando o congraçamento entre italianos e alemães, que expõem e vendem

seus produtos, e ainda, pela expectativa da neve, nos meses de junho a agosto.

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196

Isto posto, verificamos que os ambientes necessários ao desenvolvimento do

turismo foram contemplados, seja no:

- ambiente demográfico- as duas cidades não atingem 60 mil habitantes,

porém, possuem estrutura suficiente, quando em alguns finais de semana são

esperados 50 mil turistas;

- ambiente político-legal - ambas integram importantes rotas turísticas no

estado, como Região das Hortênsias e Rota Romântica ,

- ambiente sócio-cultural- explorado tanto no artesanato, como na culinária,

festejos e aspectos arquitetônicos;

- ambiente tecnológico- representado por industrias, extremamente,

especializadas, como as moveleiras, pelo aprimoramento da indústria hoteleira, e no

renome nas atividades de beleza e relaxamento;

- ambiente natural- embora com uma beleza natural, extremamente,

privilegiada, as duas cidades apostam na criação de paisagens, seja, na forma de

jardins de representação, contemplativos ou ainda em parques temáticos (casa e

aldeia da Família Noel) .

Os locais naturais abertos ao público, via de regra, impõem o pagamento de

taxas de ingresso, como acontece na Araucária Milenar e Parque do Caracol.

Uma análise das opções turísticas oferecidas nos mostra, a necessidade de

dispender valores altos para a visitação.

Assim, o turismo embora consolidado nas duas cidades e amparado por

outras atividades bastante lucrativas, e diga-se de passagem, oportunas, como a

malharia e o chocolate caseiro, colabora para a presença de turistas de alto poder

aquisitivo.

Mas isto não afasta os visitantes, que aumentam ano a ano, o que impôs a

ampliação da rede hoteleira, a fim de receber os hóspedes de todo o país.

Porém, os turistas fiéis, já demonstram a necessidade de outras alternativas

de passeios e entretenimento, que não sejam os habituais.

As cidades já carecem de novas opções para os diferentes perfis de

visitantes.

No caso da Floresta Nacional de Canela, área de conservação de cunho

federal, existente no perímetro urbano da cidade, a mesma não se destaca,

atualmente, neste contexto turístico, não pela falta de atrativos, mas pela ausência

de vontade política e administrativa.

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Não faz parte de nenhum pacote turístico e, praticamente, não se houve falar

de sua presença no município. Na atual situação, isto é, positivo, baseado em fatos,

como:

1) se for permitida a prática de um turismo convencional, num curto período

de tempo teremos uma FLONA, radicalmente, transformada, exposta a altos

impactos ambientais, com depósitos volumosos de lixo, destruição da vegetação

frágil, distúrbios e danos a vida selvagem e a disseminação da desordem espacial;

2) há falta de estrutura e pessoal de apoio para acompanhar estas

atividades;

3) a população do entorno está despreparada para receber turistas, pela falta

de estrutura, organização e criação de uma identidade local.

A FLONA, pode e deve se transformar em mais uma opção turística para

atender os visitantes da duas cidades serranas desde que, proteja as paisagens

naturais, os recursos hídricos, a biodiversidade e estabeleça um plano de utilização

compatível com os diferentes sítios e mantenha um monitoramento contínuo.

Hoje, o elenco de opções turísticas da região se constitui em bens de

consumo direto, onde o valor natural é substituído pelo valor monetário.

É condição essencial, para a manutenção da FLONA cumprindo seus

objetivos legais, tanto no que tange ao manejo primário, como secundário, a

avaliação dos locais turísticos, atribuição de valores às paisagens, a observação dos

pontos de fragilidade e a implantação de estratégias de conscientização ambiental.

Atualmente, a população não percebe a importância de uma área preservada,

isto é, a eficácia erga hominis, por razões como:

- a falta de consciência dos problemas ambientais;

- o convívio, até então, em uma região ricamente povoada, por espécies tanto

nativas como exóticas;

- a impossibilidade de quantificar os benefícios para a saúde física e mental.

Assim, a FLONA representa a possibilidade de implantação de uma gestão

em que a sustentabilidade seja prioritária.

A importância da FLONA para a região em se tratando de turismo pode ser

apontada como a única possibilidade de se oferecer Ecoturismo, baseado em seus

marcos conceituais, por se constituir:

- em um sub-segmento do turismo de natureza só aplicável em áreas

protegidas;

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- em uma ferramenta para manutenção de mercados turísticos,

potencialmente, elevados.

- a afirmação da cidade de Canela como representante absoluta de

atividades de Ecoturismo, criando um diferencial absoluto entre as duas cidades.

Por outro lado, a FLONA se constitui na única opção aos habitantes de baixa

renda, com ênfase aos moradores do entorno, que a utilizam nos finais de semana,

para atividades de lazer e recreação.

Em epítome, a Floresta Nacional de Canela, não atingiu, até a presente data,

pela falta de planejamento e pessoal, o destaque necessário como opção turística

para a Região das Hortênsias, porém, está cumprindo um papel, essencialmente,

social, junto à população menos favorecida do entorno e poderá dar o destaque

diferenciado para a cidade de Canela, no contexto ecoturístico.

5.2 Contribuições do trabalho para um novo Plano de Manejo da Floresta Nacional de Canela

Os Planos de Manejo são instrumentos de organização de processos futuros,

que permitem otimizar ações destinadas a alcançar os objetivos propostos. No caso

de Florestas Nacionais o plano deve contemplar o manejo primário e secundário.

Dentre os objetivos do manejo primário devem ser previstos a exploração

sustentável dos recursos da flora e da fauna, principalmente, madeiras e produtos

florestais , propiciar pesquisa científica ou estudos voltados as suas finalidades

precípuas, fomentar a sustentabilidade dos recursos naturais e incentivar o

desenvolvimento regional através da prática da conservação e da demonstração de

formas de utilização sustentável de recursos naturais. Como objetivos secundários,

destacam-se a preservação da diversidade biológica, em consonância com o manejo

primário, propiciar a educação ambiental, turismo ecológico e recreação em contato

com a natureza, contribuir para o monitoramento ambiental e servir de zona-tampão.

Assim, o acesso ao publico é admitido, subordinado aos objetivos propostos.

Um Plano de Manejo, via de regra, é composto por fases ou etapas, sendo que a

preliminar, contempla uma análise do contexto regional, onde se insere a Unidade,

uma análise da própria unidade, quanto a fatores biofísicos, sócio-econômicos e

valores culturais, determinação dos objetivos específicos de manejo, o zoneamento,

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e as definições dos Programas específicos. A segunda fase ou etapa é composta de

previsões ou cronogramas, quanto a implantações, contratações e atividades de

manutenção.

Sem dúvida, parte do sucesso de um Plano de Manejo é obtido através da

planificação da área, denominada de zoneamento ou zonificação, a qual define e

caracteriza as áreas ou zonas e aporta a adequada utilização e proteção a todos os

recursos da unidade.

Dada a possibilidade de serem implantados programas baseados no zoneamento

realizado e, considerando que a participação das localidades locais é um

componente fundamental do desenvolvimento sustentável, o trabalho de tese

desenvolvido poderá contribuir em determinadas fases e programas, com ênfase ao

manejo secundário, a seguir descritos:

5.2.1 Primeira Contribuição - Quanto a caracterização do contexto regional.

Por ter sido realizado inventário da cidade de Canela, cuja caracterização

incluiu:

- Aspectos históricos, geográficos, políticos sociais e econômicos;

- Aspectos turísticos e a infraestrutura baseada nesta atividade.

5.2.2 Segunda Contribuição - Quanto a análise da Unidade FLONA - Canela.

Foram avaliadas as características da mesma, com ênfase nas estruturas ou

instalações que contribuem para Educação Ambiental e interpretação do patrimônio,

proporcionando recomendações que poderão ser úteis ao Plano de Manejo, principalmente, no que tange a possibilidade de todos os cidadãos acessarem a

área, independente de suas capacidades físicas e/ou mentais.

5.2.3 Terceira contribuição- Quanto a potencialidade da FLONA.

Foi analisada a única trilha existente, elemento chave para atividades

ecoturísticas, pois na mesma podem se desenvolver caminhadas, observação da

vida silvestre, em especial, a avifauna, identificação de espécies arbóreas nativas,

entre outras atividades passivas.

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200

Às constatações da falta de critérios na identificação dos atrativos e

sinalizações, ausência de material de divulgação e de pessoas especializadas para

a condução do visitantes, foram apresentadas algumas recomendações.

A caracterização dos cenários da FLONA, não teve a pretensão de definir de

forma absoluta os padrões estéticos visuais, mas compor um roteiro aos futuros

interpretes, pois a interação com diferentes informações determinam um maior

aproveitamento das interpretação e promove um maior número de experiências.

5.2.4 Quarta contribuição - Quanto as características sócio-econômicas da

comunidade do entorno.

É fundamental que o Plano de Manejo proponha, a partir das informações

gerais, programas integrados de manejo da unidade com seu entorno, tendo como

escopo, benefícios sociais, culturais e econômicos.

5.2.5 Quinta contribuição- Quanto ao perfil do visitante da cidade de Canela.

Aliado, as características inerentes aos aspectos sócio-econômicas, o

trabalho aponta questões, quanto a:

- “visibilidade” da FLONA no contexto territorial e turístico;

- possibilidade de utilização da mesma para atividades ecoturísticas

- posicionamento ao pagamento de ingresso

- valoração da paisagem da FLONA.

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6 CONCLUSÕES

- Os dados comprovam a vocação da Serra Gaúcha, com ênfase a cidade de

Canela, para o turismo. O ambiente natural, somado a estrutura de hospedagem,

alimentos e bebidas, programações e comércio, propiciam condições de lazer e

entretenimento.

- Os turistas entrevistados na cidade de Canela, apresentam diferenças etárias e

sócio econômicas, entre a alta e baixa temporada. O mês de dezembro é o que

recebe turistas de uma faixa etária mais baixa (31 a 40 anos), com interesse por

atividades ligadas ao turismo de aventura. A alta temporada leva à cidade, visitantes

de nível cultural e econômico mais elevados, enquanto a baixa temporada

caracteriza-se pela presença de turistas aposentados, em grupos, com grau de

instrução e rendimentos inferiores, interessados em atividades contemplativas.

Mesmo com diferenças nas quatro coletas amostrais, todos apoiam a idéia da

abertura da FLONA ao Ecoturismo.

- A pesquisa revela um entorno formado por moradores, com grau de instrução entre

5ª e 8ª séries, com um núcleo familiar formado por pessoas na faixa de 16 a 35

anos, que habitam casas de madeira com 3 a 4 peças. A maioria dos chefes de

família encontram-se empregados, porém os filhos maiores de idade já apresentam

problemas de inserção no mercado de trabalho. Embora, freqüentando a FLONA,

aparentemente, há pouco comprometimento e interesse “ambiental” em relação a

presença da mesma no bairro. Sendo uma das características do desenvolvimento

de atividades de Ecoturismo em Unidades de Conservação a integração e

participação de todos os atores envolvidos, principalmente, as comunidades do

entorno, urge um fortalecimento à participação comunitária, envolvendo e

sensibilizando seus moradores.

- A utilização do meio ambiente, via de regra, não impõe taxas de pagamento aos

seus usuários. A legislação prevê que apenas os impactos ambientais são,

monetariamente, valorados. Embora de difícil quantificação, os valores de utilização

da FLONA, deverão ser impostos, pois os pretensos usuários apresentam

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202

disposição em pagar pelo bem e pelos serviços, somado ao fato de ser social as

técnicas baseadas no custo-benefício.

- As dificuldades enfrentadas pela Floresta Nacional de Canela, são concernentes a

falta de técnicos e de recursos. Por estar inserida em um pólo turístico, as opções

são convênios com entidades públicas e privadas e o aproveitamento da experiência

e dos trabalhos acadêmicos das Universidades, pautados nas áreas florestal,

agronômica, recreacionista e de turismo.

- A presença de um Centro de Visitantes, por si só, não reproduz os atributos

ambientais de uma Floresta Nacional. Para cumprir sua função, sua presença deve

consistir na representação, avaliação, potencialidade e comprometimento com o

meio ambiente. Independente de espaços físicos e normativas de mobiliários deve

referir-se aos cenários: atual, tendencial, de sucessão e alvo.

- A utilização da Floresta Nacional de Canela, para atividades de cunho educativo,

representa um “fator de oportunidade”, ou seja, fortalece e incrementa a auto-

capacidade ambiental da região de inserção, não apenas pela decorrência dela

própria, mas pelo potencial de impactos positivos que detém.

- A composição espacial dos elementos que integram as sub-paisagens determinam

uma marcada definição dos espaços, baseado em três fatores, como o “Fator

panorâmico”, composto por água e fundo cênico, o “Fator antrópico”, tendo as

atuações humanas e cor como componentes e o “Fator vegetação”.

A paisagem da FLONA apresenta vistas múltiplas, porém , de alcance limitado, com

organização visual baseada na dominância, uniformidade da cor, forma e textura.

- Os substitutivos da paisagem referentes as 22 sub-paisagens da Floresta Nacional

de Canela, foram valorados pelos turistas de 2,74 a 4,60, numa escala de 1 a 5. Os

valores mais baixos correspondem aos locais com maior número de atuações

humanas e os valores mais altos foram atribuídos quando os elementos naturais,

água e vegetação dominaram a cena.

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- A análise multivariada mostra a formação de dois grupos, quanto a percepção das

sub-paisagens da Floresta Nacional de Canela, o primeiro é formado pelas mulheres

e jovens do sexo masculino de 15 a 20 anos. O grupo dois, por homens com idade

superior a 20 anos.

- A situação atual da Trilha do Veado incorpora problemas de manutenção,

divulgação e acompanhamento. A potencialidade paisagística, botânica e cultural é

ofuscada pelas condições físicas da mesma e da ausência de instrutores para

monitorar possíveis danos e, principalmente, estimular a observação e a

interpretação ambiental.

- Atividades de Ecoturismo impõe a necessidade da abertura de mais trilhas, com

objetivos e escalas diferentes, estudo das respectivas cargas suporte, produção de

material informativo e a contratação e treinamento de técnicos para a condução dos

visitantes e o monitoramento permanente dos espaços visitados, para que qualquer

impacto sócio-cultural, seja apenas de cunho positivo, baseados nos princípios de

sustentabilidade.

- A análise de apenas alguns critérios ambientais revela valores de capacidade de

carga, variáveis entre 32 a 52 pessoas , porém, há a necessidade de estudos mais

apurados em relação a capacidade de carga admíssivel da trilha, ao longo do ano,

devido às características inerentes, a sazonalidade e sua influência nos demais

componentes do sistema.

- Os componentes da trilha apresentam-se quanto a qualidade visual, com linhas

parcialmente definidas, formas orgânicas, grau de textura média e de ordenamento

aleatório, com pouca variação de cores e tonalidades.

- A diversidade vegetal na Trilha do Veado aponta a possibilidade de serem

exploradas em projetos de Educação Ambiental, dada a variação de usos que as

espécies apresentam, tanto no âmbito comercial, industrial, ecológico, paisagístico,

como cultural.

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- Através dos levantamentos realizados é possível subsidiar informações à

Secretaria Municipal do Turismo, da Prefeitura Municipal de Canela, quanto as

características dos turistas, do atrativo turístico e da população do entorno da

FLONA.

- Os resultados obtidos poderão contribuir para a confecção de um novo Plano de

Manejo da Floresta Nacional de Canela, atualizando os dados existentes e incluindo

uma análise visual e estrutural da Unidade, possibilitando a ampliação do uso dos

recursos, em consonância com as necessidades e expectativas sociais.

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ANEXO 01 – Instrumento I

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ANEXO 01

INSTRUMENTO I -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

DIAGNÓSTICO DA LOCALIDADE RECEPTORA Adaptado de Ruschmann (1994)

I-Caracterização geral

1- delimitação da área

1.1 localização e limites

2- aspectos históricos e organização política social

3- aspectos socio-econômicos

3.1 origens

3.2 distribuição urbana/rural

3.3 grau de urbanização

3.4 educação

3.5 distribuição de renda

3.6 dependência do turismo

3.7 setores de produção

3.8 legislações

3.8.1 zoneamento urbano

3.8.2 proteção ambiental

3.9 infra-estrutura básica

3.9.1 tipologia de transportes

3.9.2 estado de conservação

3.9.3 abastecimento de água

3.9.4 rede de esgotos

3.9.5 energia elétrica 3.9.6 transporte urbano

3.9.7 circulação interna

3.9.8 equipamentos de saúde

3.9.9 equipamentos de comunicação

3.9.10 equipamentos de segurança

4- Aspectos turísticos

4.1 recursos

4.1.1 recursos geológicos

4.1.2 recursos hídricos

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ANEXO 01

INSTRUMENTO I – continuação... ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4.1.3 recursos climáticos

4.1.4 recursos vegetais

4.1.5 recursos culturais

4.1.6 recursos sociais

4.2 infra-estrutura

4.2.1 hospedagem

4.2.2 alimentos e bebidas

4.2.3 entretenimento

4.2.4 agenciamento

4.2.5 outros serviços

4.3 caracterização da demanda

4.3.1 sazonalidade

4.3.2 ocupação hoteleira

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ANEXO 02 - Instrumento II

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227

ANEXO 02

INSTRUMENTO II

LEVANTAMENTO DO PERFIL DOS TURISTAS (Adaptado de Boo, 1995 e Dencker , 2000)

1-Sexo:

( )Masculino ( )Feminino

2-Idade:

( ) 15-20 anos

( ) 21-30 anos

( ) 31-40 anos

( ) 41-50 anos

( ) 51-60 anos

( ) 61-70 anos

( ) > 70 anos

3-Procedência:

( ) Rio Grande do Sul

( ) Santa Catarina/Paraná/São Paulo

( ) Rio de Janeiro

( ) Outros estados

( ) Outro país

4-Grau de instrução

( ) 1º grau

( ) 2º grau

( ) graduação

( ) pós-graduação

5-Atividade que desenvolve

( ) pública ( ) privada

6- Área de atuação:

( ) administrativa

( ) comércio

( ) ensino

( ) militar

( ) rural

( ) saúde

( ) serviços

( ) tecnológica

7- Faixa salarial:

( ) < que 5 salários mínimos

( ) de 5 a 9 salários mínimos

( ) de 10 a 12 salários mínimos

( ) de 13 a 15 salário mínimos

( ) de 16 a 20 salários mínimos

( ) > que 20 salários mínimos

8-Visita a cidade: Freqüência

( ) 1ª vez

( ) 1 vez/ano

( ) + de 1 vez/ano

( ) aproximadamente a cada 5 anos

( ) aproximadamente a cada 10 anos

9- Motivo da visita:

( ) turismo

( ) evento

( ) família

( ) trabalho

10- Hospedagem:

( ) residência

( ) pousada

( ) apart-hotel

( ) hotel (classificação 2 a 3 estrelas)

( ) hotel (classificação 4 estrelas)

11- Acompanhantes:

( ) sozinho

( ) com amigos (as)

( )com namorado

( ) família

( ) carro

( ) ônibus de excursão

( ) avião/carro

( ) avião/ ônibus

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ANEXO 02

INSTRUMENTO II – continuação...

13- Dentre as atividades de turismo ecológico

qual a que mais lhe identifica:

( ) de observação

( ) de aventura

14- A cidade de Canela deveria intensificar

atividades como:

( ) gastronomia

( ) cultura

( ) serviços (hotéis, restaurantes,...)

( ) oportunidades (feiras, exposições...)

( ) ecoturismo

( ) turismo temático

15- A abertura da Floresta Nacional de Canela

ao Ecoturismo na sua opinião representa:

( ) oportunidade de interação com

a natureza

( ) uma ação educativa e social

( ) uma ameaça ao meio ambiente

( ) mais um problema de segurança

16-Você participaria de atividades de

Ecoturismo:

( ) sim ( )não

17- Caso tenha respondido afirmativamente a

pergunta anterior quais as atividades de seu

maior interesse:

( ) caminhar

( ) fotografar/filmar

( ) desenhar

( ) observar a natureza

( ) identificar espécies vegetais

( ) identificar espécies animais

18- Caso você pudesse sugerir o preço do

ingresso à FLONA, quanto seria este valor:

( ) não deveria ser pago

( ) até R$2,00/pessoa

( ) até R$5,00/pessoa

( ) até R$10,00/pessoa

( ) > R$10,00/pessoa

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229

ANEXO 03 – Instrumento III

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230

ANEXO 03 INSTRUMENTO III

VALORAÇÃO DA PAISAGEM

Baseado em Ignacio (1984) apud Marenzi (1996)

Classes de qualidade da

paisagem Escala de ponderação

Muito baixa 1 Baixa 2 Média 3 Alta 4

Muito alta 5

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231

ANEXO 04 - Instrumento IV

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232

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV

LEVANTAMENTO DAS CARACTERISTICAS DO ENTORNO

(Adaptado de Rocha & Kurtz, 2001)

1- Diagnóstico sócio-econômico (códigos e critérios de estratificação, fator social, variável

demográfica).

1.1 Idade do chefe de família

alternativas valor ponderado

Muito alta >65 anos 5

Alta 46-65 4

Média 36-45 3

Baixa 16-35 2

Muito baixa <15 1

1.2 Grau de instrução do chefe de família

alternativas valor ponderado

Muito baixa Analfabeto 6

Baixo 1ª à 4ª série 5

Médio baixo 5ª à 8ª série 4

Médio alto Segundo grau incompleto 3

Alto Segundo grau completo 2

Muito alto Curso superior 1

1.3 Local de nascimento do chefe de família

alternativas valor ponderado

Capital do Estado 5

Outra cidade 4

Cidade 3

Distrito 2

Vila (bairro) 1

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233

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

1.4 Número de famílias na casa

alternativas valor ponderado

5 família 5

4 famílias 4

3 famílias 3

2 famílias 2

1 famílias 1

1.5 Média de idade do núcleo familiar

alternativas valor ponderado

Muito alta > 65 anos 5

Alta 46-65 4

Média 36-45 3

Baixa 16-35 2

Muito baixa < 15 1

1.6 Total de pessoas na casa

alternativas valor ponderado

Muito alto >7 pessoas 5

Alto 6-7 pessoas 4

Médio 3-5 pessoas 3

Baixo 2-3 pessoas 2

Muito baixo 1 pessoa 1

1.7 Média escolar do grupo familiar

alternativas valor ponderado

Muito baixa Analfabeto 6

Baixa 1ª à 4ª série 5

Médio baixa 4ª á 8ª série 4

Médio alta Segundo grau incompleto 3

Alta Segundo grau completo 2

Muito alta Curso superior 1

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234

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

1.8 Atividade do chefe de família

alternativas valor ponderado

Desempregado 5

Biscateiro 4

Empregado sem carteira assinada 3

Empregado com carteira assinada 2

Proprietário do negócio 1

1.9 Atividade da esposa

alternativas valor ponderado

Desempregada 5

Dona-de-casa 4

Empregada sem carteira assinada 3

Empregada com carteira assinada 2

Proprietária de negócio 1

1.10 Atividades dos filhos maiores de idades

alternativas valor ponderado

Desempregado 5

Biscateiro 4

Empregado sem carteira assinada 3

Empregado com carteira assinada 2

Proprietário de negócio 1

2- Fator social-variável habitação.

2.1 Tipo de habitação

alternativas valor ponderado

Casa de madeira ruim 5

Casa de alvenaria ruim 4

Casa de madeira boa 3

Casa de alvenaria boa 2

Casa (qualquer tipo) ótima 1

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235

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

2.2 Número de peças na casa (cômodos)

alternativas valor ponderado

Muito baixo 1-2 peças 5

Baixo 3-4 peças 4

Médio 5-6 peças 3

Alto 7-9 peças 2

Muito alto >9 peças 1

2.3 Número de pessoas por quarto

alternativas valor ponderado

Muito alto > 5 pessoas 4

Alto 4-5 pessoas 3

Médio 2-3 pessoas 2

Baixo 1 pessoa 1

2.4Tipo de fogão

alternativas valor ponderado

Lenha 5

Querosene (álcool 4

Gás 3

Elétrico 2

Microondas 1

2.5 Água consumida

alternativas valor ponderado

Não potável 2

Potável (filtro, poço artesiano, encanada) 1

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236

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

2.6 Esgoto

alternativas valor ponderado

Eliminação livre 3

Poço negro ou fossa 2

Rede de esgoto 1

2.7 Eliminação de lixos

alternativas valor ponderado

Livre 3

Enterra ou queima 2

Coleta 1

2.8 Tipo de piso

alternativas valor ponderado

Terra 8

Pedra bruta 7

Tijolo 6

Cimento 5

Madeira bruta 4

Cerâmica 3

Pedra polida 2

Madeira polida 1

2.9 Tipo de paredes internas

alternativas valor ponderado

Sem paredes divisórias ou cortinas 5

Madeira ruim 4

Alvenaria ruim 3

Madeira boa 2

Alvenaria boa 1

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237

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

2.10 Tipo de telhado

alternativas valor ponderado

Palha 4

Zinco 3

Cimento-amianto 2

Telha 1

2.11 Eletricidade

alternativas valor ponderado

Não possui 3

Monofásica 2

Trifásica 1

2.12 Geladeira

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

2.13 Televisão

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

2.14 Vídeo-cassete

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

2.15 Rádio

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

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238

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

2.16 Telefone

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

2.17 Periódicos

alternativas valor ponderado

Não adquire 2

Adquire 1

3.0 Fator social-Transporte.

3.1 Meio de transporte da família

alternativas valor ponderado

A pé 5

Bicicleta 4

Motocicleta 3

Coletivo 2

Carro 1

3.2 Meio de transporte dos filhos para escola

alternativas valor ponderado

A pé 5

Bicicleta 4

Coletivo 3

Transporte escolar 2

Carro 1

4.0 Fator social - Produção doméstica.

4.1 Cultivo de horta

alternativas valor ponderado

Não cultiva 2

Cultiva 1

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239

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

4.2 Pomar

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

4.3 Criação de animais domésticos

alternativas valor ponderado

Não possui 2

Possui 1

4.4 Produção de artesanato

alternativas valor ponderado

Não produz 3

Produz em pequena escala

para o consumo

2

Produz em alta escala

para a venda

1

4.5 Produção agro-industrial.

alternativas valor ponderado

Não produz 3

Produz em pequena escala

para o consumo

2

Produz em alta escala

para a venda

1

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240

ANEXO 04

INSTRUMENTO IV – continuação...

5.0 Fator social- recreação e relação com a Floresta Nacional.

5.1.Conhecimento da floresta

alternativas valor ponderado

Não conhece 2

Conhece 1

5.2 Retirada de material da Floresta Nacional

alternativas valor ponderado

Retirei sem autorização 3

Retirei com autorização 2

Nunca retirei 1

5.3 Visitas/ano

alternativas valor ponderado

Uma vez ao ano 4

Duas vezes ao ano 3

A cada dois meses 2

Uma vez ao mês 1

5.4.Desejo de aumento do turismo na FLONA

alternativas valor ponderado

Não 2

Sim 1

5.4.Interesse de inserção em projetos de turismo na FLONA

alternativas valor ponderado

Não 2

Sim 1

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241

ANEXO 05 – Instrumento V-A

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242

ANEXO 05

INSTRUMENTO V-A ___________________________________________________________________________________________

DIAGNOSTICO DO ATRATIVO TURÍSTICO Baseado em Rose (2002)

1-Acesso ao local

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo

2-Sistema de transporte até o local

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo ou inexistente

3-Sinalização turística externa para localização do atrativo

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) boa ( ) regular ( ) péssima ou inexistente

4-Sinalização no atrativo como um todo

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) boa ( ) regular ( ) péssima ou inexistente

5- Sinalização do atrativo específico (trilha)

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) boa ( ) regular ( ) péssima ou inexistente

6-Estado de conservação do atrativo

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo

7-Nível de exploração do atrativo em relação a sua capacidade de atração

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo ou inexistente

8-Envolvimento do entorno com o atrativo

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo

9-Envolvimento dos moradores da cidade com o atrativo

( ) ótimo ( ) muito bom ( ) bom ( ) regular ( ) péssimo

Classificação dos valores:

Ótimo ................................+2

Muito bom...........................+1

Bom ................................0

Regular ..............................-1

Péssimo ou inexistente ......-2

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243

ANEXO 05

INSTRUMENTO V-A - Continuação

Avaliação dos atrativos

1-Acesso ao local

ótimo- vias asfaltadas, ou com revestimento pétreo ou terra com conservação permanente;

muito bom- vias asfaltadas, ou com revestimento pétreo ou terra com conservação periódica;

bom- vias asfaltadas, ou com revestimento pétreo ou terra com conservação esporádica

regular- apresentação danos freqüentes em determinados trechos;

péssima- sem manutenção com problemas sérios de trafegabilidade.

2-Sistema de transporte ao local

ótimo- diário, com vários horários fixos de ida e retorno;

muito bom- diário, com poucos horário fixos de ida e retorno

bom- diário sem horários fixos de ida e retorno;

regular- apenas nos dias úteis, uma ida e um retorno;

péssimo- sem qualquer controle de freqüência ou inexistente.

3-Sinalização turística até o atrativo

ótimo- em todos os acessos da cidade, no seus pontos principais e na via própria de acesso

ao atrativo;

muito bom- nos pontos principais da cidade e em pontos da via própria de acesso ao atrativo;

bom- em alguns pontos da cidade e em pontos da via própria de acesso ao atrativo;

regular- somente em alguns pontos da via própria de acesso ao atrativo;

péssimo- poucas ao longo da via própria de acesso com problemas de manutenção ou

ausentes.

4-Sinalização no atrativo como um todo

ótimo- todo o atrativo sinalizado;

muito bom- em torno de 75% do atrativo sinalizado

bom- em torno 50 % do atrativo sinalizado;

regular- em torno de 30% do atrativo sinalizado;

péssimo- sem sinalização. 5-Sinalização no atrativo específico (trilha)

ótimo- todo o atrativo sinalizado;

muito bom- em torno de 75% do atrativo sinalizado

bom- em torno 50 % do atrativo sinalizado;

regular- em torno de 30% do atrativo sinalizado;

péssimo- sem sinalização.

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244

ANEXO 05

INSTRUMENTO V-A – Continuação...

6-Estado de conservação do atrativo

ótimo- manutenção permanente dos bens materiais e naturais;

muito bom- manutenção periódica dos bens materiais e naturais;

bom- manutenção esporádica dos bens materiais e naturais;

regular- manutenção de alguns bens materiais e naturais;

péssimo- sem manutenção.

7-Nível de exploração do atrativo

ótimo- exploração plena baseado nas características dos diferentes sítios, em função do

plano de manejo;

muito bom- exploração plena baseado nas características dos diferentes sítios,

bom- exploração parcial baseado nas características dos diferentes sítios;

regular- exploração plena ou parcial baseado em poucas características dos sítios;

péssima- exploração total sem levar em conta as características dos sítios.

8-Envolvimento do entorno

ótimo- com interação qualificada em presença alguma de conflitos;

muito bom- com interação qualificada com conflitos esporádicos;

bom- com poucos problemas de interação qualificada e com conflitos esporádicos;

regular- com vários problemas de interação e com alguns conflitos;

péssimo- sem interação e com conflitos permanentes.

9-Envolvimento dos moradores

ótimo- divulgação e promoção do atrativo de forma permanente;

muito bom- divulgação e promoção do atrativo de forma eventual;

bom- pouco interesse na divulgação;

regular- sem divulgação

péssimo- divulgação negativa

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245

ANEXO 06 – Instrumento V-B

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246

ANEXO 06 INSTRUMENTO V-B

EQUIPAMENTO TURISTICO Baseado em Rose (2002)

01) O atrativo possui algum tipo de proteção ambiental?

( ) sim ( ) não

02) Existe algum estudo de impacto ambiental em relação ao atrativo? ( ) sim ( ) não

03) Existe estudo de capacidade de carga do atrativo?

( ) sim ( ) não 04) Possui central de recepção/ informações turísticas junto ao atrativo?

( ) sim ( ) não 05) Existe material informativo em relação ao atrativo?

( ) sim ( ) não 06) O atrativo integra roteiros turísticos comercializados?

( ) sim ( ) não 07) Tem administração específica para o atrativo?

( ) sim ( ) não 08) Possui delimitação da área do atrativo?

( ) sim ( ) não 09) É cobrado ingresso para visitação do atrativo?

( ) sim ( ) não 10) O atrativo possui controle estatístico em relação ao fluxo que recebe?

( ) sim ( ) não

11) Possui segurança adequada no atrativo? ( ) sim ( ) não

12) O tempo de permanência no atrativo é de mais de uma hora?

( ) sim ( ) não respostas positivas- um ponto positivo respostas negativas- um ponto negativo

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247

ANEXO 07 – Instrumento V-C

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248

ANEXO 07

INSTRUMENTO V-C

POTENCIAL TURISTICO QUE ENVOLVE UMA ÁREA DE PROTEÇÃO

Baseado em National Park Service (1993)

01) A área de proteção situa-se:

-perto de um aeroporto ou de aglomerado turístico......................... +1

-relativamente perto......................................................................... 0

-distante........................................................................................... -1

O percurso até a área é:

-fácil e confortável........................................................................... +1

-exige algum esforço....................................................................... 0

-é difícil e perigoso.......................................................................... -1

02) O sucesso na observação da vida selvagem é:

-garantido........................................................................................ +1

-freqüente ......................................................................................... 0

-só ocorre raramente....................................................................... -1

03) A área oferece:

-diversos pontos de interesse turístico ............................................+1

-mais de um ponto de interesse turístico ..........................................0

-um ponto de interesse turístico ......................................................-1

04) A área é:

-um atrativo único.............................................................................+1

-de algum modo diferente............................................................... .0

-semelhante a outras reservas para visitantes.................................-1

05) A área dispõe de:

-instalações à beira de um lago.......................................................+1

-rio, cachoeiras..................................................................................0

-nenhuma recreação aquática..........................................................-1

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249

ANEXO 07

INSTRUMENTO V-C – Continuação...

07) A área é próxima o suficiente de outros locais de interesse turístico, a ponto de fazer parte de um

circuito turístico:

-sim...........................................................................................+1

-potencial moderado................................................................. 0

-baixo ou nenhum potencial......................................................-1

A área vizinha é:

-de grande beleza cênica.........................................................+1

-mais ou menos atrativa............................................................ 0

-bem comum.............................................................................-1

Quais os padrões de comida disponíveis:

-variados e bem preparados..................................................+1

-adequados...............................................................................0

-básicos....................................................................................-1

10) Quais os padrões de hospedagem disponíveis:

-variados e confortáveis............................................................+1

-adequados............................................................................... 0

-primitivos..................................................................................-1

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250

ANEXO 08 – Instrumento VI-A

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251

ANEXO 08 __________________________________________________________________

INSTRUMENTO VI-A __________________________________________________________________________

LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS NA FLORESTA NACIONAL DE CANELA Baseado em Boo (1995) e Costa (2002)

Itens avaliados:

1- Histórico da área

2- Recursos naturais existentes

3- Inventários realizados

4- Locais apontados como atrações turísticas

5- Locais apontados como recursos frágeis

6- Convênios da FLONA com Instituições: quais e objetivos?

7- Instalações existentes

- sede administrativa

- sala da direção

- alojamentos

- refeitório

- estrutura dos postos de vigilância

- interpretação ambiental

- outros:

- mirantes

- caminhos e trilhas

- água potável

- primeiros socorros

- estacionamento

- geradores

- áreas de recreação

- áreas esportivas

- churrasqueiras

- mesas e bancos

8- Origem dos recursos para as instalações existentes

9- Estudo realizado para quantificação de recursos para turismo

10- Número visitantes/ano

11- Proporção estrangeiros/brasileiros

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252

ANEXO 08 ___________________________________________________________________

INSTRUMENTO VI-A – Continuação.... 12- Proporção de moradores locais

13- Número de escolas/ano

14- Sistema de registro de visitantes

15- Outras informações sobre os visitantes:

- grau de instrução

- transporte utilizado

- sozinho, com a família, com amigos, em excursão

16- Material trazido pelos visitantes

17- Solicitação de objetos no local

18- Registro de sugestões e/ou reclamações

19- Locais mais visitados e sua freqüência

20- Mercado que a FLONA pretende atender

21- Número de visitantes esperados

22- Cálculo da capacidade de carga dos diferentes atrativos

23- Épocas de maior visitação

24- Utilização dos açudes para banho

25- Registro de vandalismo

- coleta de plantas

- danificação de plantas

- captura de animais

- pinturas, registros,

- lixo

26- Procura por esporte radicais

27- Registro de oferendas religiosas

28- Critérios usados na demarcação a abertura das trilhas

29- Instalações/infraestrutura que contribuem para Educação Ambiental

30- Material oferecido aos visitantes

31- Responsável pela elaboração do material

32- Forma de distribuição

33- Eficiência

34- Instalações/estruturas com contribuição financeira para a FLONA

35- Retorno financeiro/ano

36- Relação da FLONA com os moradores do entorno

37- Registros realizados (atritos, litígios...)

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253

ANEXO 08 ___________________________________________________________________

INSTRUMENTO VI-A – Continuação... 38- Instalações/estruturas com contribuição para os moradores do entorno

39- Número de funcionários e função

40- Número de funcionários envolvidos com o turismo

41- Habilitação dos mesmos para tal

42- Relação número de funcionário x número de visitantes

43- Treinamentos realizados

44- Participação de voluntários

45- Acompanhamento dos funcionários com visitantes e/ou voluntários.

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254

ANEXO 09 – Instrumento VI-B

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255

ANEXO 09

INSTRUMENTO VI-B __________________________________________________________________________________________

CARACTERIZAÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA-FLONA CANELA Baseado em Jesus (1998)

____________________________________________________________________ I- Sede Administrativa

( ) sala da direção

( ) sala de rádio

( ) escritório central de fiscalização

( ) almoxarifado

( ) balcão para informações

( ) sala para primeiros socorros

( ) dois banheiros (masculino e feminino)

( ) copa ou copa/cozinha

II- Posto de vigilância/fiscalização

( ) sim ( )não

Em caso positivo o mesmo apresenta:

( ) sala ( )dois quartos ( )cozinha ( )banheiro

( ) escritório ( ) sala de rádio ( ) área de serviço

Localização:................................................................................................................

III- Refeitório

( ) existe a estrutura, mas está desativado

( ) existe e funciona normalmente

Estrutura existente .....................................................................................................

IV- Alojamentos

( ) existe a estrutura, mas está desativado

( ) existe e funciona normalmente

Estrutura existente ....................................................................................................

Problemas existentes.................................................................................................

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256

ANEXO 09 INSTRUMENTO VI-B –Continuação...

V- Pronto socorro

( ) ataduras ( ) pinça

( ) curativos aderentes ( ) alfinetes de segurança

( ) anti-séptico (lenços, cremes..) ( ) termômetro

( ) tesoura ( ) bandagem triangular

( ) gaze ( ) proteção para calos e feltro

( ) álcool ( ) água oxigenada

( ) amônia ( ) éter

( ) leite de magnésia ( ) pomada para queimaduras

( ) vaselina esterilizada ( ) colírio

( ) soro antiofídico ( ) antialérgicos

( ) antiespasmódicos

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257

ANEXO 10 – Instrumento VI-C

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258

ANEXO 10 INSTRUMENTO VI-C

CENTRO DE VISITANTES Baseado em Jesus (1998)

01- Quantas pessoas (técnicos) foram envolvidos na sua criação? Se possível nominá-los.

...................................................................................................................................................

02- Foram observadas normas para a criação do Centro de

Visitantes?.......Quais?.......................................................................................................................

03-Quais os objetivos a serem alcançados com a criação do Centro de

Visitantes?..........................................................................................................................................

04-Quais os temas apresentados no Centro de Visitantes? Ex:(aspectos biológicos, aspectos

geológicos).........................................................................................................................................

05-Qual o público que o centro de visitantes procura

atingir?...........................................................................

06-Como geralmente se estrutura este publico?

( ) grupos organizados

( ) escolas

( ) espontâneos

( ) outros.

Quais?..............................................................................................................................................

07-Quais as linguagens de apoio que constam do centro?

( ) painéis ( ) fotografias aéreas

( ) dioramas ( ) imagens de satélites

( ) maquetes ( ) filmes

( ) mapas ( ) palestras

( ) Cd-rom ( ) publicações

( ) outras ..................

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259

ANEXO 10 INSTRUMENTO VI-C –Continuação....

08- Quem foi o responsável pela programação visual (disposição, dimensões, escolha de

materiais,

etc...)?................................................................................................................................................

09-Complete:

PAINEIS:

09.1 Número de painéis ....................................................................................................................

09.2 Tema(s)......................................................................................................................................

09.3 Forma

( ) horizontal

( ) vertical

09.4 Dimensão média .......................................................................................................................

09.5 Disposição

( ) afixados nas paredes ( ) tipo biombo

( ) afixados ao teto ( ) tipo prisma

( ) de piso ( ) outros.........................................................

DIORAMA

09.6 Tema:.........................................................................................................................................

09.7 Recursos utilizados....................................................................................................................

09.8 Participação de pessoal especializado?.... Qual?(ou quem?)....................................................

VITRINAS

09.9

Tema..................................................................................................................................................

09.10 Número de vitrinas..............Possuem algum recurso?.............................................................

MAQUETES

09.11 Número existente.....................................................................................................................

09.12 Tema(s)....................................................................................................................................

09.13 São interativas?...........O que possuem?.................................................................................

MAPAS

09.14 Número.........tema(s)...............................................................................................................

09.15 Localização..............................................................................................................................

FOTOGRAFIAS ÁEREAS

IMAGENS DE SATÉLITES

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260

ANEXO 10 INSTRUMENTO VI-C – Continuação....

MATERIAIS CIENTIFICOS

( ) excicatas ( ) animais empalhados

( ) amostra de sementes ( ) vidros com animais em formol

( ) coleção de insetos

FILMES

09.16 Número........... tema(s)..............................................................................................................

09.17 Duração.....................................................................................................................................

09.18 Criação/origem...........................................................................................................................

PALESTRAS

09.19 Responsável...............................................................................................................................

09.20 Tema(s)......................................................................................................................................

09.21 Duração .....................................................................................................................................

09.22 Publico........................................................................................................................................

09.23 Média palestras/mês...................................................................................................................

TEXTOS

09.24 Responsável ..............................................................................................................................

09.25 Tema(s)......................................................................................................................................

09.26 Tiragem.......................................................................................................................................

09.27 Público/alvo.................................................................................................................................

10-A identificação (placas, painéis...) segue alguma orientação quanto:

( ) formato

( ) formato e fonte das letras

( ) cores

Fonte de orientação..............................................................................................

11-O mobiliário usado como material de apoio à exposição:

( ) existia e foi usado como tal

( ) existia e foi adaptado

( ) foi confeccionado

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261

ANEXO 10 INSTRUMENTO VI-C – Continuação...

12- A organização visual do espaço baseou-se:

( ) relação entre os temas

( ) organicidade visual dos diferentes elementos expostos

( ) no espaço disponível

( ) não houveram estas preocupações.

13- A área de circulação é suficiente?...............................................................................................

14- O percurso parece ser:

( ) lógico

( ) lógico com restrições ao espaço

( ) confuso

15- Após as visitas foram feitas consultas ou solicitadas sugestões aos

visitantes?..........................................................................................................................................

16- Os responsáveis realizam avaliação periódica quanto ao cumprimento dos objetivos

propostos?..........................................................................................................................................

17- Quanto à manutenção:

periodicidade.......................................................................................................................................

atividades desenvolvidas....................................................................................................................

problemas mais comumente encontrados..........................................................................................

18- O projeto arquitetônico do centro de visitantes contem:

( ) área de recepção

( ) sala de administração

( ) primeiros socorros

( ) sala para conferencias

( ) salas para exposição. Quantas?...........

( ) sanitários. Com acesso pelo interior( ) pelo exterior ( )

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262

ANEXO 10 INSTRUMENTO VI-C – Continuação...

19- Detalhes arquitetônicos:

cor das paredes..................................................................................................................................

iluminação dos ambientes..................................................................................................................

controle da temperatura interna..........................................................................................................

adaptação para portadores de problemas físicos...............................................................................

20- São realizadas vendas de produtos como:

( ) publicações do Ibama

( ) outras publicações

( ) produtos de souvenirs

( )outros.

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263

ANEXO 11 – Instrumento VII

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264

ANEXO 11 ____________________________________________________________________

INSTRUMENTO VII DETERMINAÇÃO DAS VISTAS (Adaptado de CEOTMA,1996)

Quanto aos limites

Classificação Características Valor ponderado

Simples Limites pequenos com a

visão penetrando em faixas

1

Múltipla Aberturas permitem a visua

lização parcial de vários

sítios

2

Panorâmica Quando não há obstáculos 3

Quanto ao alcance

Classificação Características Valor ponderado

Fechada Fundo e plano médio não

aparecem

1

Limitada Fundo forma uma barreira

fechada e continua

2

Semi-limitada Fundo forma barreira irre-

gular e descontínua

3

Aberta Visão alcança ao longe 4

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265

ANEXO 12 – Instrumento VIII

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266

ANEXO 12

INSTRUMENTO VIII

ANÁLISE VISUAL: COMPONENTES E PROPRIEDADES Baseado em Pires (1999)

COMPONENTES DA PAISAGEM PROPRIEDADES VISUAIS (representações cromáticas) *

1. Relevo (marrom) f. Forma 2. Água (azul) c. Cor 3. Vegetação (verde) l. Linha 4. Atuações Humanas (vermelho) t. Textura

ec. Escala ep. Espaço

* introduzidas pela autora para facilitar a identificação 1- Relevo: é o espaço exterior representado pela s formas do terreno, sua disposição e natureza. 2- Água: são as formas de água superficial, sua disposição, monotonia e movimento; 3- Vegetação: são as distintas formas de vida vegetal, com suas características específicas, sua distribuição, densidade. 4- Atuações Humanas: são as estruturas espaciais criadas por diferentes usos do solo ou construções diversas de caráter pontual, linear ou superficial. f- Forma: é o volume ou forma de um objeto ou objetos que aparecem unificados tanto pela configuração que apresentam na superfície do terreno, como pela localização conjunta sobre a paisagem. c- Cor: são definidas pela pigmentação, através da qual se dividem em cores quentes ou frias em tonalidades e brilhos. l- Linha: é o caminho real ou imaginário percebido pelo observador. t- Textura: é a agregação de formas e cores percebidas como variações ou irregularidades de uma superfície contínua. ec- Escala: é a relação existente entre o tamanho do objeto e o entorno onde está situado. ep- Espaço: é determinado pela organização tridimensional dos corpos sólidos e os espaços livres ou vazios da cena.

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267

ANEXO 13 – Instrumento IX

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268

ANEXO 13

INSTRUMENTO IX

VALORAÇÃO DA QUALIDADE CENICA (Adaptado de CEOTMA, 1996)

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS VALOR PONDERADO

Sem ou com mínimo movimento do

Relevo

0

Colinas suaves, poucos ou nenhum

detalhe singular

1

Formas interessantes mas sem

dominância na paisagem

2

Quanto a MORFOLOGIA

Relevo acidentado marcado

e predominante

3

Reduzido número de exemplares 0

Pouca ou nenhuma variedade

ou contraste

1

Quantidade de exemplares

mas poucas espécies

2

Quanto a VEGETAÇÂO

Grande variedade de espécies com for-

mas, texturas e distribuição interessantes

3

Ausente 0

Inexpressiva 1

Água em movimento ou repouso, mas

não domina a paisagem

2

Quanto a ÁGUA

Fator dominante na paisagem 3

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269

ANEXO 13

INSTRUMENTO IX – Continuação....

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS VALOR PONDERADO

Cor única predominante 0

Pouca variação de cor, cores apa-

Gadas

1

Alguma variedade e intensidade nas

cores mas não atua como elemento

dominante

2

Quanto ao fator COR

Combinação de cores intensas e

variadas ou contrastes agradáveis

entre solo, vegetação, rochas e

água

3

A paisagem de fundo limita o

alcance da visão

0

A paisagem de fundo não exerce

influência na qualidade do conjunto

1

A paisagem de fundo auxilia na

qualidade visual do conjunto

2

FUNDO CÊNICO

A paisagem de fundo auxilia muito

na qualidade visual do conjunto

3

Bastante comum na região 0

Característica ainda que similar a

outras na região

1

Pouco corrente na região 2

RARIDADE

Muito rara na região 3

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270

ANEXO 13

INSTRUMENTO IX – Continuação....

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS VALOR PONDERADO

Modificações intensas e extensas 0

A qualidade cênica está afetada por

algumas modificações

1

A qualidade cênica poderá ser com-

prometida se houver avanço nas

modificações

2

ATUAÇÕES HUMANAS

Livre de atrações ou modificações que

possam desfavorecer aqualidade

3

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271

ANEXO 13

INSTRUMENTO IX – Continuação....

QUALIDADE VISUAL DOS ELEMENTOS (Adaptado de CEOTMA, 1996)

Elemento Características Valor ponderado

Difícil distinção 0

Bordos difusos 1

Parcialmente definidos 2

LINHA Bordos definidos 3

Difícil distinção 0

Complexa 1

Geométrica 2

FORMA Orgânica 3

Difícil distinção 0

Grossa 1

Média 2

GRAU DE TEXTURA Fina 3

Difícil distinção 0

Fechada 1

Aleatória 2

ORDENAÇÂO DA TEX- TURA Em conjuntos 3

Totalmente iguais 0

Quase uniforme 1

Pouca variação 2

CORES

Com variação 3

Uniforme 0

Variações pouco perceptíveis 1

Poucas variações mas perceptíveis 2

TONALIDADES DE VERDE

Com variações 3

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272

ANEXO 14 – Instrumento X

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273

ANEXO 14

INSTRUMENTO X QUALIDADE VISUAL DOS ELEMENTOS

(Adaptado de CEOTMA, 1996)

Elemento Características Valor ponderado Difícil distinção 0 Bordos difusos 1 Parcialmente definidos 2

LINHA Bordos definidos 3

Difícil distinção 0 Complexa 1 Geométrica 2

FORMA Orgânica 3

Difícil distinção 0 Grossa 1 Média 2

GRAU DE TEXTURA Fina 3

Difícil distinção 0 Fechada 1 Aleatória 2

ORDENAÇÂO DA TEXTURA Em conjuntos 3

Totalmente iguais 0 Quase uniforme 1 Pouca variação 2

CORES

Com variação 3 Uniforme 0 Variações pouco perceptíveis 1 Poucas variações mas perceptíveis 2

TONALIDADES DE VERDE

Com variações 3

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274

ANEXO 15 - Roteiro da Trilha do Veado Material de Divulgação da Floresta Nacional de Canela,RS

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275

ANEXO 15

Roteiro da Trilha do Veado Material de Divulgação da Floresta Nacional de Canela,RS

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276

ANEXO 15

Roteiro da Trilha do Veado Material de Divulgação da Floresta Nacional de Canela,RS

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277

ANEXO 15

Roteiro da Trilha do Veado Material de Divulgação da Floresta Nacional de Canela,RS, continuação...

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278

ANEXO 15

Roteiro da Trilha do Veado Material de Divulgação da Floresta Nacional de Canela,RS, continuação...

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279

ANEXO 16-Caracterização dos Atrativos da Trilha dos Veados, Floresta Nacional de Canela, RS

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280

Identificação 02

Nome(s) comuns Pinheiro- brasileiro, pinheiro-do-paraná, pinheiro, pinho Nomenclatura científica

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Família Araucariaceae Caracterização - Árvore alta, tronco em geral cilíndrico, casca grossa, resinosa, cuja

superfície externa se desprende em placas, cinzento escuro; - exemplares jovens em forma cônica e as árvores velhas apresentam-se como umbela terminal; - ramos primários cilíndricos, curvos por cima, maiores os inferiores e menores os superiores; - ramos secundários (grimpas), agrupados no ápice dos ramos primários; - folhas de 3-6cm de comprimento, simples, coriáceas sésseis, lanceoladas, agudíssimo-pungentes, verde-escuras; - árvores dióicas. Flores masculinas em amento de 10-15 cm de comprimento por 2-4 cm de largura. Flores femininas em estróbilo (pinha) no ápice de um raminho protegido por numerosas folhas; - amadurecimento do pólem e a polinização geralmente se efetuam em setembro; - pinhas maduras normalmente em abril e maio.

Usos - ornamental; - alimento para animais silvestres; - taboados, vigamentos, pranchões; - móveis; - fabricação de compensados; - celulose e papel; - instrumentos musicais; - lã e seda artificiais; - casca fermentada fornece bebida agradável e medicinal; - resina é utilizada para a fabricação de vernizes, terebentina, acetona, ácido pirolenhoso e outros produtos químicos; - usado na medicina popular no combate a azia, anemia e a debilidade do organismo.

Observações - os galhos e refugo e especialmente o “nó de pinho” servem para lenha ou mesmo para confecção de obras artísticas; - árvore longeva atingindo, em média, 140 a 250 anos; - sua fibra é considerada uma das mais longas e melhores para a fabricação do papel; - do latim augustus significa estreito, pontudo e folium folha.

FONTE: Reitz & Klein (1966); Rizzini (1978);Reitz et al. (1978); Cruz (1979); Reitz et al. (1988); Duratex (1989); Backes & Nardino (1998); Carvalho (2003).

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281

Identificação 03

Nome(s) comuns Pinho-bravo,pinheiro-bravo, pinho-brabo Nomenclatura científica

Podocarpus lambertii Klotzeh ex Endl. Família Podocarpaceae Caracterização - Árvore de 8 a 14 m de altura, o formato da copa depende da

localização e idade do exemplar; - casca parda a castanha, com fissuras estreitas e escamação em tiras; - folhas lineares, simples, coriáceas, verde-escuras, perenes; - cones masculinos reunidos em grupos e a estrutura feminina é axilar e solitária; - floresce durante os meses de setembro a dezembro; - os pseudofrutos amadurecem de fevereiro a maio, quando tomam a cor roxo-escuro.

Usos - carpintaria; - instrumentos musicais; - aglomerados e compensados; - celulose e papel; - ornamental; - alimento para a avifauna.

Observações - Planta dióica; - o pseudofruto fruto é disseminado eficientemente pelos pássaros; no interior da mata o fuste é reto e alto e quando isolada torna-se tortuoso e curto; - indicada para recomposição de áreas degradadas; - madeira semelhante à Araucaria angustifolia.

FONTE: Reitz et al. (1988); Lorenzi (1992); Marchiori (1996); Backes & Nardino (1998). Identificação 05

Nome(s) comuns Mexeriqueira, pixirica, jacatirão Nomenclatura científica

Gênero Miconia sp. Família Melastomataceae Caracterização - Árbusto de folha simples, opostas, discolores, semiestipuladas com

1 a 4 pares de nervuras desde a base; - os ramos, pecíolos, eixos das inflorescências e cálice densamente recobertos por tricomas estrelados; - panículas de glomérulos; - frutos abundantes tipo baga, alaranjados.

Usos - lenha; - frutos utilizados por aves frugívoras.

Observações - O gênero Miconia apresenta cerca de 100 espécies, no território brasileiro; - floração inicia com cerca de 4 anos; - os frutos são ricos em carbohidratos; - a dispersão das semente é feita pelas aves.

FONTE: Carvalho (1994); Backes & Nardino (1998).

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282

Identificação 07

Nome(s) comuns Camboatá-branco, camboatá, cuvantã, arco-de-peneira Nomenclatura cientifica

Matayba elaeagnoides Radlk. Família Sapindaceae Caracterização - Árvore perenifólia de médio porte. Fuste curto e casca cinzenta,

áspera, com fissuras irregulares e leve escamação; - ramos com fissuras mais numerosas e distintas; - ramos grossos formando copa larga encimada por folhagem densa de cor verde-clara sobretudo quando as folhas são jovens; - folhas alternas, compostas, pinadas; - inflorescências tipo panícula, axilar. Flores pequenas, na cor branca. Floração ocorre de setembro a novembro. - fruto tipo cápsula. Frutificação de dezembro a janeiro;

Usos - construção civil e marcenaria; - fins energéticos; - ornamental.

Observações .- espécie pioneira disseminada por pássaros; - freqüentemente se associa com a guabirobeira, sacopema e erva-mate; - no tronco podem ser observados anéis circulares na casca externa produzidos por insetos; - flores são melíferas; - popularmente a casca é empregada para bronquite e asma.

FONTE: Cruz (1979); Reitz (1980); Pio Correa (1984); Reitz et al. (1988); Lorenzi (1992). Identificação 08

Nome(s) comuns Canela fogo, canela nhutinga Nomenclatura científica

Cryptocarya moschata Nees Família Lauraceae Caracterização - Árvore perenifolia, heliófita e higrofita;

- tronco tortuoso e um pouco nodoso; - casca de cor castanha ou ferrugem, córtex aromático; - folhas escuras, glabras, de 7-8 cm de comprimento; - flores alvas; - floresce durante os meses de agosto a outubro; - frutos tipo drupa de cor amarela ou alaranjada; - frutifica em maio e junho.

Usos - ornamental; - atração da avifauna; - caixotaria; - taboado.

Observações - espécie melífera; - casca amarga e aromática, considerada estomátiqua e útil para cólicas e diarréias; - a palavra latina moschatus significa de cheiro almiscarado.

FONTE: Reitz et al. (1988); Vattimo (1979); Backes & Nardino (1998)

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283

Identificação 09

Nome(s) comuns Cocão, concon, baga-de-pomba Nomenclatura científica

Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Família Erythroxylaceae Caracterização - Árvore pequena, tronco reto ou tortuoso, com casca de cor cinza-

parda, grossa, profundamente fissurada; - casca interna róseo-claro e madeira vermelha quando seca; - ramificação racemosa, esparsa e quase horizontal formando copa larga; - folhas de cor verde fosco intenso; - inflorescências em fascículos com poucas flores na cor branca. Florescimento de junho a setembro. - frutos tipo drupa, alaranjados, oblongos. Frutificação de dezembro a março.

Uso - alimento para avifauna; - indicada para enriquecimento de ecossistemas degradados e recuperação da vegetação das encostas; - madeira usada na construção civil, tornearia e fabricação de cabos de ferramentas.

Observações - importante melífera de inverno; - mantida em crescimento livre, ramifica baixo; - folhas medicinais com valor digestivo; - o termo deciduum refere-se a caducidade das folhas.

FONTE: Maixner & Ferreira (1976); Amaral (1980); Pio Correa (1984); Backes & Nardino (1998). Identificação 10

Nome(s) comuns Guaçatunga, guaçatonga Nomenclatura científica

Casearia decandra Jacq. Família Flacourtiaceae Caracterização - Arbusto ou árvore de porte pequeno;

- fuste curto e reto; - casca externa grisalha ou parda, áspera, finamente fendilhada, descamação em pequenas placas; - casca interna creme; - ramificação racemosa, ramos finos horizontais formando copa alta; - folhas deciduais, ásperas, assimétricas; - inflorescencias em faciculos pouco ou multiflorais, geralmenrte, nos nós desfolhados; - florescimento expressivo na cor branca, durante a primavera; - fruto é uma cápsula de cor vermelha ou alaranjada; - frutifica a partir de setembro.

Usos - ornamental; - atração da avifauna; - lenha e carvão.

Observações - produz grande quantidade de sementes disseminadas por pássaros; - espécie melífera; - espécie aromática; - rica em flavonas, óleos essenciais e saponinas possui efeito anestesiante e cicatrizante.

FONTE: Klein & Sleumer (1984); Biazzi (2002).

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284

Identificação 13

Nome(s) comuns Cipó pente-de-macaco Nomenclatura científica Pithecoctenium echinatum (Jacq.) Baill. Família Bignoniaceae Caracterização - Liana trepadeira por gavinhas, raminhos e pecíolos escamosos com

escamas vistosas brancas, pubescentes com pelos simples ou mais ou menos glabros; - folhas elíptico-ovaladas; - inflorescências esteitas e racemosas de até 15 cm de comprimento, com corola branca ou amarelo-esbranquiçado; - floresce de novembro a dezembro; - frutos são capsulas lenhosas de 10-12 cm de comprimento

Usos - ornamental; - indicada para revestimento de pergulas e carramanchões.

Observações - multiplica-se por sementes e estacas; - o termo echinatus refere-se aos espinhos presentes no fruto.

FONTE: Sandwith & Hunt (1974). Identificação 14

Nome(s) comuns Aroeira – bugre, aroeira – braba, bugreiro Nomenclatura cientifica

Lithraea brasiliensis Marchand Família Anacardiaceae Caracterização - Árvore de porte médio, fuste baixo, tronco tortuoso, casca áspera e

descamante, ramificação irregular e tortuosa; - folhas perenes, verdes e lustrosas, simples, obovadas, apresenta numerosas nervuras secundárias paralelas entre si de coloração verde-amarelada que contrasta no verde-escuro do limbo; - inflorescências do tipo panícula, terminais ou axilares. Flores unissexuais com pétalas branco-esverdeadas. Florescimento de setembro a outubro; - frutos tipo drupa. Frutifica de novembro a março.

Uso - madeira rija, resistente, durável usada para palanques ou postes; - ótima lenha.

Observações - causa reação alérgica devido a presença de substâncias químicas voláteis que pelo contato direto com as folhas ou por gotículas ou ainda por pólem no ar, causam problemas alérgicos do tipo dermatite, que dependendo pode ser uma caso grave; - pesquisa revelou a ocorrência de sensibilidade em 9% da população; - no RS é considerada uma das melhores madeiras para esteios ou mourões; - a crendice popular recomenda ao passar junta da árvore dizer ”boa tarde, comadre aroeira” se for de manhã ou “bom dia, comadre aroeira” se for a tarde; - espécie rica em tanino.

FONTE: Cruz (1979); Fleig (1989); Backes & Irgang (2002).

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285

Identificação 15

Nome(s) comuns Camboim, camboí Nomenclatura científica

Myrciaria delicatula (DC.) O. Berg Família Myrtaceae Caracterização - Árvoreta de 3-5m de altura, com tronco reto ou levemente tortuoso,

- casca lisa, de cor marrom até cinza-escuro densamente descamante, desprendendo-se em lâminas muito finas e compridas; - copa arredondada e pequena; - ramos cilíndricos, glabros e ascendentes; - folhas perenes muito pequenas, na cor verde-escura - floresce em dezembro a março. Flores pequenas na cor branca; - frutos muito pequenos e escuros; - frutifica em janeiro-março.

Usos - ornamental; - atração da avifauna; - usada para moirões, cabos de ferramentas, - lenha.

Observações - recomendada para recomposição de áreas de preservação; - excelente dentifrício, combatendo o tártaro; - delicatula significa delicadinha; - em tupi-guarani caá-bo-in significa “árvore da folhagem delicada”.

FONTE: Legrand & Klein ( 1978); Cruz (1979); Sanchotene (1985); Longhi, (1995); Backes & Irgang (2002). Identificação 16

Nome(s) comuns Araticum, ariticum, quaresma, cortiça Nomenclatura cientifica

Rollinia sylvatica (A.St. - Hil.) Mart. Família Annonaceae Caracterização - Árvore de porte médio, copa densa, fuste curto, casca rugosa e

castanha; - folhas simples, perenes, obovadas de cor verde-claro bem marcante; - flores isoladas e amareladas. Floresce de setembro a dezembro; - frutos carnoso do tipo sincarpo, esférico, verde-amarelado, Frutifica de janeiro a abril.

Usos - alimento para a avifauna; - recuperação de áreas degradadas; - utilizada para esculturas; - cascas usadas para fabricação de cordas.

Observações - madeira de baixo valor, por ser leve e mole; - polpa é emoliente, em forma de cataplasma é recomendável para debelar úlceras e inflamações purulentas; - frutos fermentados produzem uma bebida vinhosa, usada como estomática; - sementes reduzidas a pó são usadas, popularmente, para o combate de piolhos.

FONTE: Cruz (1979); Pio Correa (1984); Lorenzi (1992); Backes & Nardino (1998); Backes & Irgang (2002).

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286

Identificação 17

Nome(s) comuns Guamirim Nomenclatura científica

Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legrand Família Myrtaceae Caracterização - Árvore pequena com ramos pendentes;

- tronco ereto com casca rugosa e fissurada; - folhas semidecíduas, simples, coriáceas; - inflorescencias em panículas com flores brancas e perfumadas; - floresce de dezembro a março; - frutos tipo baga de cor vermelha ou roxa; - frutifica de junho a outubro.

Usos - construção civil; - atração da avifauna.

Observações - flores apícolas; - frutos contém tanino; - planta de crescimento lento; - o termo guamirim significa “árvore-de-pedra”; - ainda jovem a planta é usada para espetos nos assados no meio rural, sendo conhecida a expressão “Nada melhor do que o assado de carne gorda em espeto de guamirim”.

FONTE: Maixner & Ferreira (!978); Backes & Nardino (1998). Identificação 18

Nome(s) comuns Guabirobeira, guabiroba, guaviroba, guabirobeira-do-mato Nomenclatura cientifica

Campomanesia xanthocarpa O. Berg Família Myrtaceae Caracterização - Árvore de porte médio, semidecidual, de copa densa arredondada;

- tronco geralmente tortuoso com caneluras na base; - casca pardo-acinzentado, soltando-se em tiras longitudinais; - folhas opostas, simples, ovalado-oblongas, verde-escuras na face superior e mais claras na inferior, apresentando cheiro característico quando trituradas; - flores solitárias, brancas, hermafroditas. Floração de setembro a novembro; - frutos tipo baga, globoso, achatado, na cor amarelo alaranjado.

Usos - fabricação de instrumentos musicais e cabos de ferramentas; - tabuados; - lenha e carvão; - consumo in natura dos frutos; - fabricação de licores; - alimento para avifauna e peixes; - espécie utilizada em paisagismo.

Observações - flores melíferas; - utilizada para a sapecagem e secagem da erva-mate; - folhas utilizada na medicina popular para problemas intestinais e do aparelho urinário; - indicada para plantio em áreas degradadas; - xanthocarpa significa frutos amarelos.

FONTE; Legrand & Klein (1977); Sanchotene (1985); Lorenzi (1992); Backes & Irgang (2002).

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287

Identificação 19

Nome(s) comuns Bracatinga, abracatinga Nomenclatura cientifica

Mimosa scabrella Benth Família Leguminosae-Fabaceae Caracterização - Árvore perenifolia de médio porte, com fuste alto e copa de forma de

guarda-chuva; - casca castanho-escura, áspera com fendas e escamas; - ramos e demais órgão revestidos por pelos (indumento); - folhas compostas alternas bipinadas; - Inflorescências em capítulos globosos, formadas por flores amarelas. Floresce de junho a outubro e em menor intensidade no mês de janeiro; - frutos tipo vagem. Frutificação de novembro a março.

Usos - a madeira branca produz bons laminados; - construção civil, marcenaria e para celulose; - lenha e carvão; - fornece néctar e pólen no inverno e proporciona produção de mel rico em glicose; - forrageira; - produção de gomas e tanino.

Observações - O termo scabrella significa “asperazinha” pois as folhas são ásperas ao tato devido aos pelos curtos; - árvore de baixa longevidade, alcançando até 25 anos.

FONTE: Reitz et al. (1988); Lorenzi (1992); Carvalho (2003). Identificação 22

Nome(s) comuns Goiabeira-serrana, goiaba serrana, goiaba do mato Nomenclatura cientifica

Acca sellowiana (O.Berg) Burret Família Myrtaceae Caracterização - Pequena árvore perenifolia, com fuste curto e casca parda

descamante; - folhas opostas, simples, discolores, verde-escura em cima e branco tomentosas embaixo, obovadas ou ovais; - flores solitárias brancas com grandes estames vermelhos. O florescimento ocorre de setembro a novembro; - fruto tipo baga, ovalado, na cor verde. Frutificação nos meses de janeiro a abril.

Uso - madeira usada para mourões, lenha e carvão; - frutos podem ser consumidos in natura ou usados em geléias e goiabadas; - alimento para avifauna; - enriquecimento de áreas degradadas.

Observações - pétalas comestíveis; - brotos ricos em tanino; - usado no combate a diarréia infantil.

FONTE: Longhi (1995); Biazzi (2002).

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288

Identificação 26

Nome(s) comuns Casca d’anta, cataia Nomenclatura cientifica Drimys brasiliensis Miers

Família Winteraceae Caracterização - arbusto ou árvore de 4 a 8 m de altura, perenifolia, casca de cor

castanha avermelhada com manchas esbranquiçadas; - folhas simples, glabras, com 14,3 cm de comprimento e 5,8 cm de largura, na cor verde-escura em cima e cinza-claro na face inferior; - floresce até duas vezes ao ano, - flores de cor branca reunidas em inflorescências terminais; - frutos tipo drupa, escuros, amadurecem de outubro a novembro; - sementes reniformes na cor negro-brilhantes.

Uso - madeira amarelada, firme fácil de trabalhar, porém pouco resistente; - obras internas, - caixotaria - lenha e carvão

Observações - casca á aromática e medicinal, usada como estomáquica, antiescorbutica, anti-diarreica, sudorífera e tônica; - é a famosa “casca-de-winter” das farmácias homeopáticas; - flores utilizadas na produção de perfumes; - os indios araucanos comentam que a anta Tapirus amaricanus) quando doente, recorre a casca desta árvore justificando o nome vernáculo; - dados químicos e farmacológicos (1), apontaram o isolamento: da casca : sesquiterpenos, terpenóides e lignanas das folhas : terpenóides, flavonóides (com ação antitumoral) das folhas jovens: substancias cardioativas; - condimento de carnes (cascas em pó) utilizada em substituto a pimenta-do-reino; - potencial paisagístico.

FONTE: Cruz (1979);Trinta & Santos (1997); Pio Correa (1984); Longhi (1995); Simões et al. (1998); Backes & Irgang (2002). ____________________________ (1) Referências sobre o assunto: APPEL, H. H. et al. J. Chem. Soc. 4685, 1960. AASEN, A. J. et al. Acta Chem. Scand. B 31 (1) : 51-5, 1977. CORTES, M. M. & OYARZUN, M. L. Fitoterapia.52 (1) : 33-5, 1981. CRUZ. A.. et al. Phytochem, 12 (10) : 2549-50, 1973.

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289

Identificação 28 Nome(s) comuns Tiririca Nomenclatura cientifica Cyperus rotundus L. Família Cyperaceae Caracterização - planta herbácea perene comporte entre 15 a 50 cm;

- cada bulbo basal forma um conjunto de folhas e uma haste floral; - do bulbo basal forma-se o extenso sitema rizomatoso que se desenvolve horizontalmente; - nos rizomas formam-se os tubérculos cujo conjunto assemelha-se a correntes; - as raízes são fibrosas e muito longas; - as folhas predominantemente são basais, com bainhas membranáceas, fechadas, coloração verde-escuro, brilhante. - inflorescências com espiguetas avermelhadas ou vermelho-acastanhadas; - multiplica-se quase só por tubérculos;

Uso - usada para confecção de chapéus na região serrana. Observações - devido a sua disseminação na região, deu origem ao primeiro nome

do bairro onde se localiza a FLONA; - a maior parte dos tubérculos é formada nos primeiros 20 cm de profundidade do solo e pode ficar dormente por longos períodos de tempo; - a disseminação pode se dar por mudas contaminadas, nas touceiras de grama, aplicação de matéria orgânica, implementos agrícolas com tubérculos aderidos, enxurradas, sulcos e canais de irrigação; - médicos ingleses usaram esta espécie no combate à cólera na Índia;- Cyperus é um antigo nome grego de pessoa e rotundus, é um adjetivo latino que significa “redondo”, em alusão aos tubérculos arredondados; - em tupi-guarani, tiririca significa mato rasteiro; - é uma principais plantas daninhas, sendo uma das espécies botânicas de maior amplitude de distribuição geográfica.

FONTE: Pio Correa (1984); Kissmann (1991); EMBRAPA (2004). Identificação 29 Nome(s) comuns Taquareiras Nomenclatura cientifica

Bambusa vulgaris Schrader ex Wendland Família Graminae Caracterização - planta arborescente, com cerca de 20m de altura;

- colmos não bastante agregados, desarmados, com até 10cm de espessura, glabros e lisos; - nós pouco inchados; - ramos eretos; - folhas de bainhas apertadas, cilíndricas, lígula interior cirta; - inflorescências de ramos compridos sem ou com folhas, ramos poucos com espiguetas singelas ou pouco fasciculadas; - espiguetas sésseis, brácteas ovadas; - lemas estéreis e férteis.

Uso - para construções rústicas e cercas; - celulose; - os colmos são empregados para confecção de bengalas, cabos de guarda-chuva, biombos, leques, esteiras, gaiolas, cestas e cortinas.

Observações -.provém do latim vulgaris, significando muito comum ou bem conhecido; -em tupi-guarani taquara significa “de haste ou pau furado”.

FONTE: Cruz (1979); Smith et al. (1981).

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290

Identificação 30 Nome(s) comuns Sete Sangrias Nomenclatura cientifica Symplocos uniflora (Pohl) Benth.

Família Symplocaceae Caracterização - árvore de porte médio;

- ramos numerosos, inseridos na planta desde as partes mais baixas do tronco, formando uma vegetação densa; - ramos são cilíndricos, curtos e muito ramificados; - tronco cilíndrico, curto, acinzentado, liso, podendo se apresentar fendilhado, lenticelado; - folhas simples, pecíoladas, elípticas, coriáceas, glabras na face superior e com pilosidade na face inferior, bordos levemente serreados; - flores brancas ou amareladas dispostas em racemos axilares; florescimento em outubro-novembro; - frutos bagas, de cor verde passando a castanho quando maduras;

Uso - recomposição de mata ciliar; - composição de matéria tintorial;

Observações - madeira de cor amarelada; - usada popularmente em casos de pressão alta; -a raiz possui propriedades adstringentes e gosto amargo, sendo também mucilaginosa.

FONTE: Cruz (1979); Pio Correa (1984); Longhi (1995); Biazzi (2002). Identificação 31

Nome(s) comuns Leiteiro, pau-leiteiro, péla-cavalo Nomenclatura cientifica

Sapium gladulatum (Vell.) Pax. Família Euphorbiaceae Caracterização - arbusto ou árvore de porte médio, muito lactescente, com fuste reto

e cilíndrico; - casca cinzento clara, finamente fissurada, relativamente grossa com latex abundante; - forma copa alongada com folhagem verde-oliva que se adensa para o ápice dos ramos; - folhas decíduas, de 6 a 14 cm de comprimento, alternas simples, oblongo-lanceoladas, com duas glândulas no ápice do pecíolo; - inflorescências em espigas terminais. Floração ocorre de outubro a janeiro; - frutos tipo cápsula. Frutifica de janeiro a março.

Uso - madeira leve que caruncha com facilidade.; - caixotaria leve; - lenha e carvão.

Observações - apresenta látex considerado cáustico para os olhos, pele e mucosa; - sementes com efeito purgativo; - espécie pioneira que propicia nidificação em sua copa.

FONTE: Smith et al. (1988); Backes & Irgang (2002).

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Identificação 32

Nome(s) comuns Mamica-de –cadela Nomenclatura cientifica Zantroxykum rhoifolium L.

Família Rutaceae Caracterização - Planta aculeada, decídua, com copa densa arredondada;

- tronco geralmente reto, levemente cônico, com ramificação racemosa; - casca externa lisa ou levemente áspera nas plantas adultas e partida nas velhas, cor cinza-escura com manchas claras as quais provem das colônias de líquens; - provido de aculeos grandes de pontas finas retas ou levemente recurvados, pungentes, com base bem alargada que se encontra afixada na parte da casca interna; - os aculeos são mais esparsos nas árvores velhas - Folhas compostas pinadas, de coloração verde-claro por vezes aculeada; - flores branco amareladas de outubro a novembro; -frutos amadurecem de março a junho.

Uso - acabamentos internos em construções civis; - cabos de ferramentas; - confecção de remos, cepas para calçados e escovas; - alimento para algumas espécies de pássaros.

Observações - espécie rústica indicada para áreas degradadas; - raiz é amarga e aromática, ligeiramente adstringente, preconizada tônica, estomática e febrícula; - casca também amarga é usada nas dispepsias, flatulências e cólicas- o suco das folhas quando usado topicamente é eficaz nas dores de dentes e ouvidos; - a eficiência medicinal resulta provavelmente de “xanthopicrita”, substancia amarga, amarela e cristalina; - dados químicos (1) apontaram a presença de ligninas e alcalóides na casca; - espécie bastante melífera; - o termo rhoifolia provem da semelhança dos folíolos com os do gênero Rhus.

FONTE: Cowan & Smith (1973); Simões et al (1998). ______________________ (1) Referências sobre o assunto em; ANTONACCIO, L. D. & GOTTLIEB, O. R. Anais Assoc. Bras. Quim. 18: 183-4, 1959.

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292

Identificação 34

Nome(s) comuns Pessegueiro- bravo, pessegueiro-do-mato Nomenclatura cientifica

Prunus sellowii Koehne Família Rosaceae Caracterização - Árvore perene de médio porte;

- casca cinzenta, áspera, com escamações pulverulenta; - ramos do ano negro-foscos, opacos, de anos anteriores mais negrescentes ou cinzentos; - folhas simples , com limbo brilhante na face superior, glabras; - inflorescências em cachos com flores brancas; - floresce em mais de uma época do ano; - frutos tipo drupa de cor roxo-escuro, maduros nos meses junho a agosto.

Uso - construção civil; - confecção de móveis; - artigos de esportes; - peças torneadas ; - alimento para a avifauna, principalmente para sabiás.

Observações - espécie venenosa, principalmente para o gado, devido aos teores de glicosídeos cianogênicos; - indicada para reflorestamento heterogêneos; - flores são melíferas; - folhas usadas por lagartas para encasular, adquirindo a forma de um “charuto”; - o termo sellowii foi uma homenagem a Friedrich Selow (1789-1831), jardineiro e naturalista alemão que coletou plantas no Brasil.

FONTE: Reitz (1996); Backes & Nardino (1998); Backes & Irgang (2002). Identificação 35

Nome(s) comuns Murta Nomenclatura científica Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg. Família Myrtaceae Caracterização - Árvore com porte de 10 a 15 metros, com tronco cilíndrico,

raramente tortuoso; - casca grossa, externamente profundamente fissurada em sentido longitudinal, de cor marrom-escura; - ramificação cimosa tortuosa terminando por raminhos finos e pendentes, formando copa arredondada e densa; - folhas lembrando as do salgueiro, medindo até 7 cm de comprimento e 1,5 a 2 cm de largura, verde-escuras quando adultas; - inflorescências dicasial simples com as flores centrais sésseis e as laterais pedunculadas; - frutos globosos pequenos de sabor resinoso.

Usos - tabuado em geral; -lenha.

Observações - do grego blepharis significa pestana e do latim calyx é cálice. Os sépalos exteriores são barbados como pestanas em suas margens superiores; - salicifolius significa imitando as folhas de Salix (salgueiro).

FONTE: Legrand & Klein (1978)

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293

Identificação 36

Nome(s) comuns Uvaia, uvaieira, uvalha Nomenclatura científica

Eugenia pyriformis Cambess Família Myrtaceae Caracterização - Árvore de pequeno porte, semidecídua, com tronco bastante ereto;

- casca cinza clara, escamante, com fissuras rasas e cicatrizes mais claras; -copa estreita e muito alongada, esparsamente foliosa; - folhas simples, opostas, oblogo-lanceoladas, seríceas na face inferior e verde-clara na face superior; - flores solitárias ou agrupadas em número de três, de cor branca. O florescimento pode ocorrer em de agosto a setembro ou de novembro a dezembro; - frutos amarelos ou laranjas, tipo baga, pubescentes, esféricos com aproximadamente quatro centímetros de diâmetro. A frutificação ocorre de setembro a fevereiro.

Usos - atração da avifauna; - enriquecimento de áreas degradadas; - fabricação de mourões, estacas e postes; - utilização como lenha e carvão; - fabricação de sucos; - espécie ornamental.

Observações - pyriformis significa em forma de pera; - em tupi-guarani uvaia (ybá-aí) significa “ fruto ácido”.

FONTE: Maixner & Ferreira (1976); Legrand & Klein (1969); Lorenzi (1992); Longhi (1995); Backes & Irgang (2002).

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294

Identificação 37

Nome(s) comuns Branquilho, branquinho Nomenclatura cientifica

Sebastiania commersoniana (Baillon) L.B. S.M. et Downs Família Euphorbiaceae Caracterização - Árvore de porte médio, latescente, fuste tortuoso e irregular, às

vezes, terminados em espinhos; - casca castanho-acinzentada com fissuras verticais e descamação em pequenas tiras; - forma copa racemosa quase horizontal até pendente com folhagem bastante densa, verde-clara e discolor; - folhagem semidecidual, simples, alternas, elíptico-lanceoladas, glaucas na face inferior, onde possui 1 a 3 glândulas; - inflorescências em espigas terminais, flores pequenas amarelas sendo as masculinas com três estames e as femininas tricarpelares. Floresce dependendo do local de outubro a maio ou de setembro a fevereiro; - frutos tipo cápsula.

Uso - produz excelente lenha; - utilizado para o fabrico de cabos de ferramentas e caibros; - reflorestamento ao longo dos rios; - alimento para a avifauna.

Observações - flores apreciada pelas abelhas; - frutos consumidos por pombas, caliandras e lambaris; - raízes consideradas medicinais; - a espécie prefere solos mais úmidos; Indicado para formação de capões para o abrigo dos animais em fazendas; - o gênero Sebastiana foi em honra a Antonio F. Sebastiani, professor em Roma que publicou Florae Romanae Prodomus (1782-1821); - a espécie Commersoniana foi em honra de Philibert Commerson, botãnico frances (1727-1773).

FONTE: Maixner & Ferreira (1978); Smith et al. (1988); Lorenzi (1992); Backes & Irgang (2002). Identificação 38

Nome(s) comuns Capororoca miúda Nomenclatura cientifica

Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. Família Myrsinaceae Caracterização - árvore de pequeno porte, perenifólia;

- fustes retos com até 40cm de diâmetro; - casca lisa de coloração cinza-rosada, separando-se em pequenas placas; - folhas simples, ferrugíneas, lanceoladas; - flores em pseudo-umbelas (caulifloria), na cor amarelo-esverdeada; - frutos do tipo drupa, de cor negra.

Uso - paisagismo. Observações - madeira de baixa qualidade;

- consumida por um grande número de pássaros; - excelente espécie para regeneração de áreas degradadas; - a origem do nome provém do guarani “caá-poró-poroc”, que significafolhas ou ramos que estalam ao fogo.

FONTE: Pio Correa (1984); Backes & Irgang (2002).

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Identificação 39

Nome(s) comuns Erva-mate, erva, mate, caá Nomenclatura cientifica

Ilex paraguariensis A. St. - Hil. Família Aquifoliaceae Caracterização - Árvore de pequeno porte, fuste curto e copa densa e baixa,

perenifólia; - casca externa é cinza-clara a acastanhada, persistente, áspera a rugosa, com lenticelas abundantes; - folhas simples, duras, alternas, oblongas, verde-escuras; - inflorescências em feixes nas axilas das folhas. Flores na cor branca de dois tipos: masculinas e femininas. Floresce de outubro a dezembro; - frutos tipo baga esférica, vermelhos até negros. Frutifica de janeiro a março.

Uso - produtos que exigem pouca modificação da matéria prima natural, como o chimarrão, mate queimado e tererê e produtos que utilizam extratos como o mate solúvel e refrigerantes; - industria de cosméticos; - conservante de alimentos e desodorantes; - alimento para a avifauna; - medicinal devido as propriedades estimulantes, diurética, estomáquica e sudorífica; - espécie ornamental( cercas vivas e alamedas).

Observações - árvore símbolo do estado do Rio Grande do Sul; - espécie constituinte da floresta clímax do planalto, geralmente, associada à araucária; - os constituentes químicos são os alcalóides (metilxantinas, cafeína, tobromina, teofilina) e os taninos; - o nome “mate” vem da palavra quéchua “mati” que significa cuia; - os aborígenes chamavam a erva-mate de “caá’ que significa erva; -atualmente existem drinks obtidos com a combinação do chá de mate, como: “grog” de mate: rum, conhaque ou cachaça + limão vitamina de mate: maçã e chá de mate liquidificados sundae de mate: chá de mate + sorvete xeque mate: uisqui + limão; - foram os jesuítas espanhóis que introduziram o uso do mate e os primeiros a desenvolverem seu cultivo com finalidades comerciais; - o gênero Ilex é o nome antigo da azinheira descrita pelos escritores Horácio e Plínio; - o nome científico desta planta foi publicado em 1825, após ter sido coletado e classificado pelo botânico francês Augusto de Saint-Hilaire, em Curitiba, Pr.

FONTE: Reitz et al. (1978); Cruz (1979); Reitz et al. (1988); Backes & Nardino (1998); Carvalho (2003).

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296

Identificação 40

Nome(s) comuns Carne-de-vaca Nomenclatura cientifica

Styrax leprosus Hook et Arn Família Estiracaceae Caracterização - árvore de 10 a 20m de atura, tronco bastante reto e cilíndrico, copa

relativamente pequena, em geral cônica formada por raminhos delgados quase horizontais, densamente revestidos por pelos escamosos peltados em direção ao ápice de cor argenteo-ferrugineo; - casca muito fina escura ou grisácea com manchas de cor castanha com leves fissuras de onde se desprendem pequenas placas irregulares estritas e compridas; - casca interna rosa-escuro (cor de carne); - folhagem perene, verde-clara em cima e grisacea na face inferior; - inflorescência em racemos simples, flores esbranquiçadas, florescimento de dezembro a março; - fruto oblongo-obovado, de cor amarelada. Frutifica de dezembro a maio.

Uso - obras internas; - remos; - pasta para papel.

Observações - A denominação comum “carne-de-vaca” refere-se ao indumento, visto que algumas partes da planta são recobertas por escamas peltadas.

FONTE: Flaster (1973); Pio Correa (1984); Reitz et al. (1988) Identificação 41

Nome(s) comuns Capororoca, caporocão Nomenclatura cientifica Myrsine umbellata Mart. Família Myrsinaceae Caracterização - árvore perenifólia de médio porte, com copa densa;

- fuste curto e reto, revestido por casca cinzenta-esverdeada, grossa, verrugosa, com fissuras longitudinais; - folhas simples, alternas, coriáceas, verde-escuras; - inflorescências em faixes axilares, curtos, simulando caulifloria; - flores amarelo-esverdeadas, pequenas; - frutos tipo drupa de cor roxa.

Uso - valor secundário na construção civil em obras internas; - lenha e carvão; - ornamental; - alimento para avifauna.

Observações - casca rica em tanino; - na medicina informal a casca é usada para combate a lepra; - madeira quebradiça; - planta de crescimento lento; - espécie procurada principalmente por sabiás, tucanos, jacus e gralha-amarela; - em tupi-guarani o termo capororoca significa “árvore que estala”.

FONTE: Maixner & Ferreira (1976); Longhi (1995); Backes & Irgang (2002).

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297

Identificação 42

Nome(s) comuns Cangica Nomenclatura científica Rhamnus sphaerosperma Swartz

Família Ramnaceae Caracterização - Árbusto ou pequena árvore;

- ramos cilíndricos pubescentes (pêlos amarelos) ou tomentosos e com lenticelas brancas; - folhas alternas, pecioladas, ovado-elípticas ou oblongo-acuminadas no ápice, com 10cm de comprimento por 5 cm de largura, com a página superior glabra e brilhante e a inferior com as nervuras salientes; -flores claras, pequenas dispostas em cimeiras axilares; - floresce nos meses de outubro a dezembro; - frutos quase esféricos na cor negra. Frutifica em janeiro e fevereiro.

Usos - lenha; -cabos de ferramentas.

Observações - arbusto característico da zona dos pinhais; - espécie higrófita e heliófita.

FONTE: Johnson & Soares (1972); Pio Correa (1984). Identificação 43

Nome(s) comuns Ipê-ouro, ipê-amarelo, ipê-da-serra Nomenclatura científica

Tabebuia alba (Chami.) Sandwith Família Caracterização - Árvore com ramificação ascendente, irregular, com copa bastante

aberta; - tronco reto a levemente tortuoso e levemente cônico; - casca externa acinzentada, com fissuras longitudinais; - ramos jovens e folhas apresentam tomento branco ou esbranquiçado; - folhas compostas, opostas digitadas, com 5 a 7 folíolos; - inflorescências tirso corimboso, extremamente ornamental. As flores de cor amarela nascem no ápice dos ramos mais velhos; - frutos são silíquas alongadas, cilíndrica, deiscente, amarelo castanha, coberta por pêlos dourados.

Usos - ornamental; - tacos para assoalho, dormentes, vigas; - trabalhos de marcenaria e carpintaria.

Observações - O termo Tabebuia se constitui numa corruptela lingüística de tabua-boa pois se trata de madeira de grande resistência ao apodrecimento;- madeira difícil de serrar; - entrecasca possui propriedades terapêuticas como adstringente; - flores melíferas; - existe uma crença popular que quando os ipês-amarelos florescem não vão ocorrer mais geadas.

FONTE: Backes & Irgang (2002); Carvalho (2003).

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298

Identificação 46

Nome(s) comuns Pula-pula, anzol de lontra, quineira Nomenclatura cientifica Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. Família -Loganiaceae Caracterização - Arbusto escandente, com espinhos e sem gavinhas;

- folhas ovadas até lanceoladas ou obovadas, membranáceas, opacas mais ou menos pubescentes na face inferior; - inflorescências paniculadas terminais, floresce de outubro a dezembro; - fruto tipo baga globosa, laranja ou amarelo, liso, lustroso.

Usos - utilizada como cerca-viva; - flores apícolas.

Observações - frutos considerados venenosos; - casca é usa comumente como antifebrífuga.

FONTE: Smith et al. (1976); Lopes et al. (1987). Identificação 48

Nome(s) comuns Araçá-do-mato Nomenclatura cientifica

Myrcianthes gigantea (D. Legrand) D. Legrand Família Myrtaceae Caracterização - Árvore de porte médio, perenifólia de copa densa e brilhante;

- fuste geralmente tortuoso, casca lisa que se solta em placas de aspecto malhado de cor bege, castanho-claro ou vermelha; - folhas opostas, simples, coriáceas, obovadas ou obovado-oblongas, verde-luzentes em cima e mais claras em baixo; - flores brancas. Floração de setembro a janeiro; - frutos globosos, tipo bagas, de cor vermelha;

Usos - alimento para avifauna e pequenos mamíferos; - fabricação de cabos de ferramentas, dormentes e moirões; - uso para lenha e carvão; - potencial ornamental; - plantio em áreas degradadas.

Observações - do latim giganteus significa porte elevado. FONTE:Legrand & Klein (1977); Backes & Irgang (2002).

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299

Identificação 49

Nome(s) comuns Guaraperê, guaperê, sacopeba, sacopema, cangalheiro Nomenclatura cientifica

Lamanonia ternata Vell. Família Cunoniaceae Caracterização - Árvore de porte médio e fuste com torno de oitenta centímetros,

copa pouco densa, casca descamante em pequenas placas retangulares; - folhas decíduas, compostas, opostas, digitadas, com 3 a 5 folíolos, margem serrada, verde em cima e marrom embaixo, na primavera adquirem coloração avermelhada; - inflorescências racemosas axilares. Flores amarela-esbranquiçadas, pequenas. Florescimento de outubro a fevereiro ou de agosto a fevereiro; - frutos tipo cápsula alongada. Frutifica de junho a agosto ou de dezembro a março.

Uso - carpintaria, marcenaria e tabuado; - fabricação de lápis; - casca utilizada em curtumes; - medicinal (casca usada para feridas ou úlceras externas); - reflorestamento em vegetação secundária.

Observações . ternata vem do latim e significa “ternado, dividido em três partes distintas”; - em tupi-guarani o termo guaraperê significa “pau traçado”; - os galhos são usados como chicotes; - indivíduos velhos sofrem com o ataque de vários insetos xilófagos.

FONTE: Lorenzi (1992); Pio Correa (1984); Carvalho (2003). Identificação 50

Nome(s) comuns Cerejeira, cerejeira - do – mato, cereja Nomenclatura cientifica

Eugenia involucrata DC. Família Myrtaceae

Caracterização - Árvore de pequeno porte, perenifólia, com fuste reto, ramos rijos ascendentes, formando copa alongada e estreita, provida de densa folhagem verde-luzente; - casca lisa verde, com manchas cinzentas e amarelo-claras, descamante em placas finas, conferindo um aspecto malhado; - folhas simples, opostos, elíptico-lanceoladas, de cor verde-escura, brilhantes na face superior e mais claras na inferior; - flores solitárias, brancas. Floração ocorre de setembro a novembro; - fruto do tipo baga, oblonga de cor vermelha a cor de negro-vinácea. Frutifica de outubro a dezembro.

Usos - madeira usada para construção civil e cabos de ferramentas; - alimentação humana; - fabricação de doces, geléias e licores; - alimento para a avifauna; - espécie de potencial ornamental - flores melíferas.

Observações - indicada para plantio em áreas de regeneração; - o termo involucrata refere-se a coroa de sépalos e restos de bractéolas na base do fruto.

FONTE: Legrand & Klein (1969); Sanchotene (1985); Lorenzi (1992); Backes & Irgang (2002).

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300

Identificação 51

Nome(s) comuns Sucará, espinho de agulha, espinho-de-santo-antonio Nomenclatura científica

Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera Família Compositae Caracterização - Árvore de aproximadamente 10 m de altura e tronco curto;

- casca pardo-clara e rosetas de espinhos; -ramificação densa ascendente-pendente, formando copa arredondada; - ramos jovens pilosos e com espinhos axilares retos; - folhas escuras com um espinho no ápice; - flores reunidas em capítulos. Floresce de dezembro a abril.

Usos - lenha. Observações - de fácil reconhecimento pela quantidade de espinhos;

- spinescens significa espinhoso. FONTE: Backes & Irgang (2002). Identificação 52

Nome(s) comuns Carrapicho, sapopema, laranjeira-do-mato,carrapicheiro Nomenclatura científica

Sloanea monosperma Vell. Família Elaeocarpaceae Caracterização - Árvore grande, perenifolia, formando copa larga, densa e

escuramente foliada; - ramos cilíndricos, cinzentos e com lenticelas; - tronco geralmente tortuoso, quinado ou achatado; - casca grossa rugosa e escura; - raízes tabulares bastante desenvolvidas; - folhas pequenas, simples, muito rijas, de 4-6 cm de comprimento; - inflorescências racemosas, flores amareladas de agosto a setembro;- frutos são cápsulas moderadamente espinhosas; - a textura dos frutos os tornam ornamentais.

Usos - ornamental proporcionando ótima sombra; - construção civil.

Observações - indicada para reflorestamentos heterogêneos de áreas degradadas; - considerada madeira de ótima qualidade; - o termo monosperma provem da fruta que apresenta uma semente única.

FONTE: Smith & Smith (1970); Pio Correa (1984); Lorenzi (1992).

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301

Identificação 53

Nome(s) comuns Caúna, caúna-amargosa, congonha, miqueira Nomenclatura científica

Ilex theezans Mart. Família Aquifoliaceae Caracterização - Árvore de porte pequeno e copa densa, arredondada, perenifolia;

- folhas coriáceas, simples, obovadas, , com margens lisa, verde-escura na página superior e verde-clara na inferior; - inflorescências fasciculares, com flores unissexuais por redução, as masculinas são pentâmeras e as femininas tetrâmeras ou pentâmeras, de cor branca ou creme. Floresce de outubro a janeiro; - frutos do tipo baga, esféricos, de cor vermelha até quase negra. Frutifica de fevereiro a março.

Usos - frutos apreciados pelos pássaros; - como sucedâneo da erva mate; - fabricação de móveis e pianos;

Observações - folhas são inodoras porém amargas o que confere este sabor ao chimarrão; - potencial para uso ornamental.

FONTE: Pio Correa (1984); Reitz et al. (1988); Backes & Nardino (1998); Backes & Irgang (2002). Identificação 54

Nome(s) comuns Samambaia, asplênio Nomenclatura cientifica .Gênero Asplenium sp. Família Pteridophyta-(Aspleniaceae) Caracterização - Espécie epífita, com frondes em roseta, grandes, inteiras, com

nervura cental e de coloração verde-escuras; - folhas podem atingir 50 cm de comprimento e apresentar leves ondulações; - vegeta sobre árvores e pedras, prefere locais sombreados e com teores de umidade altos.

Usos - ornamental. Observações - multiplica-se por meio de esporos ou por divisão de touceiras. FONTE: Lorenzi & Souza (1999).

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302

Identificação 56

Nome(s) comuns Xaxim Nomenclatura científica

Dicksonia sellowiana Hook. Família Dicksoniaceae Caracterização - Espécie arborescente, com raizame adventício;

- tronco ereto fibroso, espesso, com boa capacidade de manter-se úmido; - folhas grandes, coriáceas, localizadas na extremidade do tronco; - soros abundantes; - crescimento lento (5 a 8 cm/ano).

Usos - ornamental

Observações - foi muito utilizada para fabricação de vasos, placas ou usada como substrato. - o Código Florestal do Rio Grande do Sul (Lei 9519/92) em seu artigo 31, proíbe a coleta, industrialização, comércio e transporte do xaxim proveniente da floresta nativa; - a resolução 278/2001, de 24 de maio de 2001, do CONAMA, suspende as autorizações de manejo florestais para corte e exploração de espécies ameaçadas de extinção em todo o território nacional; - a nomenclatura foi uma homenagem a James Dickson, escocês, comerciante de semente em Londres.

FONTE; Sehnem (1978); Backes & Nardino (1998); Lorenzi & Souza (1999). Identificação 57

Nome(s) comuns Canudo-de-pito Nomenclatura científica

Escallonia bifida Link & Otto Família Saxifragaceae Caracterização - Árvore pequena ou na maioria das vezes de porte arbustivo, com

ramos eretos, um pouco pubescentes enquanto jovens; - folhas oblongas, não raro retusas (bífidas). Cor verde brilhante na página superior e com pontuações resinosas na inferior. - inflorescências em panículas terminais, densas. Floresce de dezembro a abril, sendo mais intenso no mês de fevereiro; - frutos são cápsulas obovada-globosa.

Usos - ornamental.

Observações -Do latim bífida significa partida em dois, isto é apresentam um pequeno recorte; - flores atraem insetos.

FONTE: Pio Correa (1984); Klein & Reitz (1985).

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303

ANEXO 17- Matriz de dados relativo a avaliação das sub-paisagens pelos turistas

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304

ANEXO 17

MATRIZ DE DADOS RELATIVO A AVALIAÇÃO DAS SUB-PAISAGENS PELOS TURISTAS

fotos H15-20

H21-30

H31-40

H41-50

H51-60

H61-70

H>70 M15-20

M21-30

M31-40

M41-50

M51-60

M61-70

M>70

01 3,15 2,775 3,025 2,95 3,075 3,1 3,325 2,875 3,45 3,05 3,025 3,275 3,125 3,0 02 2,7 2,95 2,45 2,825 2,825 2,425 2,8 2,875 2,9 2,8 3,05 2,7 2,775 2,87503 2,75 2,825 2,6 2,85 2,775 2,725 2,7 2,875 2,975 2,7 2,625 2,8 2,825 3,12504 4,1 3,875 4,075 4,15 3,85 4,4 4,275 4,5 4,575 4,35 4,325 4,35 4,175 4,32505 4,325 4,15 4,5 4,2 4,55 4,3 4,4 4,8 4,425 4,775 4,575 4,4 4,425 4,65 06 3,65 3,875 3,8 3,75 3,875 3,725 3,625 4,25 3,875 4,275 3,95 3,95 4,0 4,0 07 3,4 3,05 3,7 3,525 3,35 3,55 3,675 3,875 3,85 3,8 3,725 3,775 3,825 3,75 08 2,825 2,95 2,75 3,025 3,025 3,175 3,0 3,625 3,05 2,9 3,2 3,125 3,0 3,07509 2,825 2,475 2,525 2,7 2,95 2,675 2,8 2,875 2,775 3,025 2,825 3,15 3,4 2,65 10 2,5 2,45 2,4 2,725 2,725 2,475 2,8 2,8 2,9 2,9 3,175 2,9 2,625 2,87511 3,275 3,4 3,25 3,375 3,2 3,025 3,15 3,55 3,1 3,275 3,6 3,45 3,05 3,2 12 3,1 3,325 3,5 3,275 3,475 2,975 3,125 3,375 3,275 3,325 3,625 3,45 3,375 3,12513 4,025 3,6 3,725 3,7 4,075 3,4 3,675 4,375 4,075 4,15 4,2 4,0 4,125 4,15 14 2,8 2,575 2,625 3,0 2,6 2,7 3,025 3,0 3,0 3,075 3,325 3,225 3,15 3,25 15 2,8 2,95 2,9 3,15 2,8 2,775 3,125 3,875 3,875 2,9 3,35 3,425 3,375 2,87516 4,775 4,65 4,525 4,55 4,55 4,475 4,375 4,925 4,7 4,725 4,625 4,65 4,4 4,62517 4,15 4,375 4,0 4,05 4,225 3,875 4,25 4,8 4,6 4,125 4,175 4,65 4,15 4,0 18 4,275 4,175 4,025 4,175 3,825 3,975 3,675 4,8 4,425 4,35 4,45 4,45 4,125 4,2 19 3,225 2,85 2,875 3,0 2,775 2,675 2,55 3,175 3,05 3,075 2,875 3,05 2,95 2,82520 3,525 3,325 3,0 3,55 3,2 3,225 3,2 3,55 3,6 3,425 3,425 3,575 3,6 3,12521 3,075 2,95 3,15 2,875 2,975 3,025 3,025 3,3 3,2 3,275 3,2 3,225 3,175 2,52522 2,65 2,6 2,625 2,375 2,975 2,75 4,25 2,875 2,725 2,85 3,025 2,975 2,65 3,0

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305

ANEXO 18- Matriz de dados relativos a Valoração da Qualidade Cênica das sub-paisagens da Floresta Nacional de Canela, RS.

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306

ANEXO 18

MATRIZ DE DADOS RELATIVOS A VALORAÇÃO DA QUALIDADE CÊNICA DAS SUB-PAISAGENS DA FLORESTA NACIONAL DE CANELA, RS

Sub-

paisagens Morfologia Vegeta

ção Água Cor Fundo

Cênico Raridade Atuações

Humanas 01 0 2 0 3 0 1 1 02 0 2 0 3 0 1 2 03 0 2 0 3 0 1 2 04 0 2 3 3 3 1 1 05 0 3 3 3 3 1 1 06 0 3 3 3 2 1 3 07 0 2 3 3 2 1 2 08 0 3 0 3 2 1 2 09 0 2 0 3 2 1 3 10 0 3 0 3 0 1 2 11 0 2 3 3 2 1 2 12 0 2 3 3 2 1 2 13 0 2 3 3 2 1 3 14 0 3 0 3 2 1 2 15 0 2 0 3 2 1 2 16 0 3 3 3 3 1 3 17 0 3 3 3 3 1 1 18 0 3 3 3 3 1 1 19 0 3 0 3 2 1 1 20 0 2 2 1 2 1 1 21 0 2 2 3 2 1 1 22 0 2 0 3 2 1 1

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307

ANEXO 19 - CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES DA TRILHA DO VEADO, NA FLONA DE CANELA, RS, QUANTO AOS USOS

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308

ANEXO 19

CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES DA TRILHA DO VEADO, NA FLONA DE CANELA, RS,QUANTO AOS USOS

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309

ANEXO 19 – continuação...

CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES DA TRILHA DO VEADO, NA FLONA DE CANELA, RS,QUANTO AOS USOS

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310

ANEXO 19 – continuação...

CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES DA TRILHA DO VEADO, NA FLONA DE CANELA, RS,QUANTO AOS USOS