Avaliação dos Indicadores Nacionais das Infecções...
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Avaliação dos Indicadores Nacionais das
Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
e Resistência Microbiana do Estado de
Pernambuco 2016
Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar – CECIH
Unidade de Controle de Serviços de Saúde - UNICOSS
Gerente Geral da APEVISA Jaime Brito de Azevedo
Unidade de Controle de Serviços de Saúde Eduardo Beltrame – Odontólogo Coordenador da UNICOSS
Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar
Ivone Braga Beltrame – Médica Coordenadora da CECIH-PE
Elaboração
Ivone Braga Beltrame – Coordenadora da CECIH-PE Flávia Raphaela Alves de Lima – Enfermeira da CECIH-PE
Equipe
Ivone Braga Beltrame Ana Paula Mangueira Elizeu Maurino Flávia Raphaela Alves de Lima Tania Coêlho de Medeiros Jácome Zuleide do Carmo Paes
I. INTRODUÇÃO
Este é o segundo boletim informativo da Comissão Estadual de Controle de Infecção
Hospitalar (CECIH) do Estado de Pernambuco. O objetivo é divulgar os indicadores de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e Resistência Microbiana (RM) do estado e orientar a
promoção de ações que tenham impacto na melhoria da segurança do paciente e da qualidade da
assistência prestada em nossos serviços de saúde.
Anualmente será publicado um boletim informativo no site da Agência Pernambucana de
Vigilância Sanitária (APEVISA) e enviado para os gestores e coordenadores das Comissões de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de todos os serviços monitorados através das notificações
eletrônicas do FormSUS. Ao final do 1° semestre de cada ano, publicaremos um resultado parcial
dos indicadores de IRAS de nossos serviços, para que o acompanhamento destes indicadores seja
mais dinâmico e as medidas de prevenção e controle sejam implementadas mais precocemente..
Este boletim tem por objetivo a apresentação do resumo descritivo dos indicadores
resultantes dos registros do banco de dados nacional para a vigilância epidemiológica das Infecções
Primárias de Corrente Sanguínea (IPCS) e Infecção de Sítio Cirúrgico – Parto Cirúrgico: Cesariana
(ISC – PC), e mapeamento da resistência microbiana notificados através dos formulários eletrônicos
FormSUS no decorrer do ano de 2016, referentes ao Estado de Pernambuco.
De acordo com a portaria 302/2015 todos os serviços de saúde (públicos, privados,
filantrópicos, civis ou militares, incluindo aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa)
localizados no Estado de Pernambuco, que disponham de UTI, Centro Cirúrgico (CC) ou Centro
Obstétrico (CO), devem obrigatoriamente notificar as IRAS e os marcadores de RM identificados,
por meio dos formulários eletrônicos disponibilizados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária(ANVISA).
Nesse sentido, serão apontados, a partir dos 11 (onze) gráficos citados neste boletim, os
dados a respeito dos resultados da vigilância das IPCS e ISC – PC. Adicionalmente, o boletim
apresenta os resultados do progresso da vigilância das IPCS dos últimos anos, com o objetivo de
possibilitar a comparação entre os dados referentes ao ano de 2016 com os dados de anos
anteriores.
No boletim anual de 2016, é importante observar o aumento significativo de hospitais
notificantes em relação aos anos anteriores (84 serviços), numa curva evidentemente ascendente,
resultado do nosso trabalho no sentido de estimular as notificações.
Em 2016, o esforço da CECIH foi no sentido de aumentar a adesão e a regularidade das
notificações. Como forma de incentivo e reconhecimento foram emitidos certificados de regularidade
a todos os serviços que notificaram os 12 meses do ano. Já para 2017 os critérios para recebimento
do certificador serão: regularidade em todos os meses do ano além da qualidade das notificações
(dados coerentes e corretos).
Nosso foco em 2017 é investir em parcerias, aumentar o número de inspeções, aplicar
roteiro de inspeção de CCIH, investigar surtos mais detalhadamente, divulgar conhecimento através
de correio eletrônico e da nossa página no site da APEVISA e promover consultorias individuais,
quando necessário.
II. METODOLOGIA
Os dados analisados foram provenientes das notificações das IRAS realizadas pelas
CCIHs de hospitais com leitos de UTI ou que realizam parto cesariano (com ou sem UTI). Os
dados foram notificados à ANVISA por meio de formulários eletrônicos FormSUS versão 3.0
Para fins de análise, foram calculados, no que diz respeito aos resultados da vigilância
das IPCS, o número de hospitais que notificaram por ano; o número de hospitais que notificaram
por mês; a densidade de incidência de IPCSL em UTIs adulto, pediátrica e neonatal; a proporção
de IPCS com confirmação laboratorial (%), por tipo de UTIs adulto, pediátrica e neonatal; a
regularidade mensal do envio das notificações por ano; os microrganismos notificados como
agentes etiológicos de IPCSL, em UTIs adulto, pediátrica e neonatal e o coeficiente de incidência
de Infecção de ISC – PC.
III. VIGILÂNCIA DAS IPCS
Os gráficos abaixo mostram resultados da vigilância das IPCS em hospitais com
serviços de UTIs e ISC- PC no estado de Pernambuco. Sintetizam os dados notificados no ano
de 2016 por meio do FormSUS, agrupados no banco de dados nacional e referentes a 84
hospitais; Os dados referentes aos cinco anos anteriores são para comparação.
Gráfico 1
Fonte: FormSUS – ANVISA
O Gráfico-1 apresenta o número de hospitais que notificaram a cada ano, de 2011 a
2016. Podemos observar um aumento significativo de hospitais notificantes: de 36 em 2011 para 84 em 2016 de um total de 152 hospitais cadastrados. O aumento da adesão às notificações é o
resultado de um trabalho de parceria e incentivo da CECIH com as CCIHs dos serviços de saúde
a partir de 2015.
Gráfico 2
Fonte: FormSUS – ANVISA
Observa-se no Gráfico 2, em relação à densidade de incidência de IPCSL por ano em
UTIs adulto, houve uma redução de 10.7 em 2011 para 7.1 em 2016, que se atribui a
implementação de medidas mais efetivas de prevenção pelas CCIHs do serviço. Apesar da
redução significativa desse indicador, constata-se que ele está acima da média nacional, que
foi de 4,8 no ano de 2015.
Gráfico 3
Fonte: FormSUS – ANVISA
No que diz respeito à densidade de incidência de IPCSL por ano em UTIs pediátricas o
gráfico 3 sugere que neste tipo de UTI houve um aumento significativo da densidade de
incidência em 2016, comparando com os anos anteriores porém esse indicador também está
acima da média nacional que foi 5,7 no ano de 2015.
Gráfico 4
Em relação à densidade de incidência de IPCSL por ano para as UTIs neonatais, o
gráfico 4 permanece um aumento da densidade de incidência em 2016, nas faixas de peso
abaixo de 750g, e entre 1.000g a 1499g, em relação ao ano anterior. Nas faixas de peso de
750g a 999g, 1500g a 2499g e acima de 2550g observamos redução da densidade de
incidência de IPCSL em relação a 2015. A CECIH conclui que há um trabalho a ser realizado
em relação às notificações das UTIs neonatais, já que os dados apresentam variações
importantes de um ano para o outro e também apresentam indicadores acima dos nacionais.
Gráfico 5
Fonte: FormSUS – ANVISA
O Gráfico 5 mostra a proporção de IPCSL notificadas por tipo de UTIs: adulto,
pediátrica e neonatal. Observa-se que em relação ao ano anterior houve redução de
percentual de IPCS com confirmação laboratorial nas UTIs Adulto e Neonatal e aumento do
percentual nas UTIs Pediátricas. Estes resultados também deverão ser estudados
juntamente aos serviços de saúde.
Gráfico 6
Fonte: FormSUS – ANVISA
O Gráfico 6 apresenta a regularidade mensal de notificação ao longo dos anos 2011-
2016 no Estado de Pernambuco. Podemos perceber no gráfico citado um expressivo
aumento do número de hospitais (58) que notificaram os 12 meses de 2016, fruto de um
trabalho mais constante realizado pelas CCIHs na vigilância das IRAS nos hospitais do
estado de Pernambuco.
Gráfico 7
Fonte: FormSUS – ANVISA
A distribuição de microrganismos mais frequentes em UTIs Adulto de Pernambuco nos
anos de 2014, 2015 e 2016 é apresentada no gráfico 7. Pode-se observar em 2016 que o SCoN
permanece o agente etiológico mais frequentemente reportado (n=338); seguindo-se pelo
Staphylococcus aureus (n=238); Acinetobacter spp com (n=204), K. Pneumoniae (n=195), tendo
estas duas últimas frequências muito semelhantes; e ainda, pelo P. Aeruginosa (n=151 ); e pela
Candida spp. (n= 121). O perfil não é muito divergente do encontrado nacionalmente, onde
verificamos K.Pneumoniae com mais frequente seguida de SCoN e Staphylococcus Aureus.
Gráfico 8
Fonte: FormSUS – ANVISA
A tabela 8 sintetiza dados referentes aos microrganismos reportados como agentes
etiológicos em hospitalizadas em UTIs pediátricas no estado de Pernambuco no ano de 2016.
Nas UTIs pediátricas houve aumento bastante significativo pelo patógeno K. Pneumoniae
(n=101). O segundo agente etiológico mais reportado foi SCoN (n=31), seguido por Candida spp.
(n=26) e Staphylococcus aureus (n=18). Esse perfil também não difere muito do nacional, onde
verificamos SCoN como mais frequente, seguido por K. Pneumoniae e Candida spp.
Gráfico 9
Fonte: FormSUS – ANVISA
Observa-se ainda, no gráfico 9 que, nas UTIs neonatais, os microrganismos mais
frequentes no ano de 2016 foram: SCoN (n=64), seguidos por K. Pneumoniae (n=25), E. Coli
(n=24), e Candida spp. (n=22). Em relação aos microrganismos notificados, não há grandes
contrastes com os anos anteriores e nem com o perfil fenotípico nacional onde encontramos
SCoN como mais frequente seguido por K. Pneumoniae e Candida spp.
IV. VIGILÂNCIA DAS ISC - PC
Em 2016, 47 hospitais notificaram dados de Infecção de Sitio Cirúrgico – Parto
Cesário (ISC-PC), esse valor vem aumentando gradativamente, desde 2011 (Gráfico-10). Em
relação à taxa de ISC-PC, o Gráfico -11 mostra que houve uma elevação significativa do
indicador em 2016. A CECIH está investigando em conjunto com as CCIHs dos serviços se
esta elevação é decorrente de subnotificação anterior ou de notificações incorretas em 2016.
Gráfico 10
Gráfico 11
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos dados apresentados neste Boletim, pode-se concluir que, ao longo
desses últimos anos (2011-2016) de vigilância epidemiológica das IRAS, houve um aumento
expressivo no número de notificações. No entanto, observa-se que algumas taxas se
elevaram. Em parceria com as CCIHs dos serviços estamos investigando se houve um
aumento real de casos de infecção hospitalar ou se houve uma melhor qualidade das
notificações.
A implantação do Sistema de Vigilância Epidemiológica das IRAS, tal como
orientado pelo PNPCIRAS é um instrumento de grande relevância no sentido de mapear as
infecções e os microrganismos mais frequentes, possibilitando estabelecer um perfil
epidemiológico das IRAS no estado para nortear as ações da coordenação de controle e
prevenção das IRAS.
Com este boletim constatamos um resultado positivo do nosso trabalho, porém
entendemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Ainda há hospitais notificando
taxas zeradas, que indica subnotificação de casos e métodos de vigilância inadequados ou
falhos, ou critérios diagnósticos incorretos e outros com indicadores bem acima da média
nacional.
Visando aumentar cada vez mais a quantidade e, principalmente, a qualidade das
notificações das IRAS de Pernambuco, duas ações centrais serão mantidas pela CECIH no próximo
ano: Incentivar os serviços de saúde a manterem uma notificação regular e com qualidade, e
fortalecer as CCIHs dos serviços localizados no Estado de Pernambuco para implantarem ações
efetivas com a finalidade de melhorar os resultados dos indicadores, ou seja, reduzir os índices de
infecção. Além disso, uma terceira ação será desenvolvida: traçar um perfil epidemiológico dos
principais microrganismos causadores de IRAS no nosso estado e estabelecer mecanismos de
controle sobre a R.M. nos nossos serviços de saúde.
V. REFERÊNCIAS
1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Boletim informativo: segurança do paciente
e qualidade em serviços de saúde. n.11, ano VI. Brasília: ANVISA, 2015. Ministério da
Saúde.
2. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Programa Nacional de Prevenção e
Controle de Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (PNPCIRAS 2016-2020). 2016
Disponívelem:<http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/ite
m/ pnpciras- 2016-2020> Acesso em 10 dez. 2016.
3. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Série: Segurança do paciente e
qualidade em serviços de saúde. Módulo 2-5. Brasília: ANVISA, 2013. Ministério da Saúde.
4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Série: Segurança do paciente e qualidade
em serviços de saúde. Módulo 3-5. Brasília: ANVISA, 2013. Ministério da Saúde.