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Avaliação de Conformidade de Cafeicultores Familiares do Município
de Barra do Choça – BA, sobre as Normas da Produção Integrada de Café
Jonahtan Santos Pereira
2010
Jonahtan Santos Pereira
Avaliação de Conformidade de Cafeicultores Familiares do Município de Barra do Choça – BA, sobre as Normas da Produção
Integrada de Café
Monografia apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, como parte das exigêncigias do programa de Pós-Graduação Lato sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade, para obtenção de título de “especialista”.
Profª D.Sc. Sandra Elizabeth de Souza
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA 2010
AGRADECIMENTOS
A Deus por ser o provedor de todas as minhas necessidades.
Agradeço à minha família e à minha namorada, Tais, pelo incentivo e
compreensão.
Aos colegas de caminhada, que estiveram sempre me apoiando e ensinando novas
lições.
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia por oferecer a oportunidade de me
tornar um especialista, bem como a todos os professores integrantes do quadro de
docentes do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do
Café, com Ênfase em Sustentabilidade.
À Prefeitura Municipal de Barra do Choça, em especial à Secretaria Municipal de
Agricultura, e todos os funcionários, pela atenção e valiosa contribuição na execução
desse Trabalho.
A todos os produtores de Café das Associações de Pequenos Produtores do
Município de Barra do Choça, pelo entusiasmo, e, por conduzirem a lavoura cafeeira
nesse município, mesmo com poucos recursos.
À Profª D.Sc. Sandra Elizabeth de Souza, por ter se disponibilizado a me orientar
nesse trabalho de monografia, e por ter sido a pessoa que mais me motivou a concluir
essa etapa da minha vida profissional.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa do município de Barra do Choça – BA.................................................08
Figura 2. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Capacitação por cafeicultores de Barra do Choça, BA...................................................09
Figura 3. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Gestão Ambiental por cafeicultores de Barra do Choça, BA..........................................10
Figura 4. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Implantação de cafezais por cafeicultores de Barra do Choça, BA.................................11
Figura 5. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Fertilidade do solo e nutrição por cafeicultores de Barra do Choça, BA........................12
Figura 6. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Manejo do solo e da cobertura vegetal por cafeicultores de Barra do Choça, BA..........14
Figura 7. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Disponibilidade de água e Irrigação por cafeicultores de Barra do Choça, BA..............14
Figura 8. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Colheita por cafeicultores de Barra do Choça, BA.........................................................17
Figura 9. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Pré-
processamento por cafeicultores de Barra do Choça, BA...............................................19
Figura 10. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Contabilidade, economia e Registro de informações por cafeicultores de Barra do
Choça, BA..................................................................................................................21
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Principais associações dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça.........07
Tabela 2. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Proteção Integrada do Cafeeiro por cafeicultores de Barra do Choça, BA.....................16
Tabela 3. Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de
Legislação trabalhista, segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores por cafeicultores
de Barra do Choça, BA.................................................................................................20
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................02
INTRODUÇÃO ............................................................................................................02
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................06
RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................08
CONCLUSÕES .............................................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................23
AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DOS CAFEICULTORES FAMILIARES
DO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA – BA, SOBRE AS NORMAS DA
PRODUÇÃO INTEGRADA DE CAFÉ
RESUMO: A Produção Integrada de Café preconiza a utilização racional dos recursos hídricos, da fertilidade natural do solo e da biodiversidade, e inclui em suas normas a necessidade de registros periódicos de todas as atividades realizadas na unidade de produção, facilitando a gestão da propriedade. Esse trabalho foi realizado com o objetivo de analisar o grau conformidade do Sistema de Produção Integrada entre os pequenos produtores, bem como, verificar a viabilidade de inserção dos mesmos no mercado de cafés certificados. O estudo foi desenvolvido no município de Barra do Choça – BA, envolvendo cerca de 10% do universo de pequenos produtores que pertencem a alguma associação de agricultores. Foram verificados os itens de conduta contidos na norma da Produção Integrada de Café, adaptada à realidade do Planalto da Conquista, que inclui capacitação, gestão ambiental, material propagativo, localização e implantação de cafezais, fertilidade do solo e nutrição do cafeeiro, manejo do solo e da cobertura vegetal, disponibilidade de água e irrigação, proteção integrada da planta, colheita, pré-processamento, legislação trabalhista e bem-estar dos trabalhadores, e contabilidade, economia e registro de informações. Os resultados indicam que os pequenos produtores de café, de um modo geral, possuem consciência ambiental, social e econômica, de forma que, com pequenos ajustes, há perspectivas para que o sistema de Produção Integrada de Café seja implantado no município. Palavras-Chave: sustentabilidade, cafeicultura, produção, certificação.
1 INTRODUÇÃO
O café é um dos principais produtos da agricultura brasileira, envolvendo milhares
de produtores de vários Estados da Federação. Durante grande parte da história do
Brasil, a principal receita cambial do país era obtida com o comércio de café. Durante a
Safra 2010, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento, o Brasil
deverá colher 47,2 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado (CONAB 2010).
Portanto, o país continua mantendo a posição de maior produtor mundial de café. O
Estado da Bahia deverá produzir na Safra 2010, 2.295.900 sacas de café beneficiado,
que representa cerca de 5% da produção nacional.
As duas espécies de café são cultivadas na Bahia. Na região do Atlântico, os
produtores utilizam a espécie Conilon, com produtividade média de 22,76 sacas por
hectare. Entretanto, a espécie mais cultivada é a Arábica, situada em duas regiões
principais: Cerrado (Oeste do Estado), com produtividade média de 40,72 sacas por
hectare, e a região do Planalto, com produtividade média nesta safra de 12,1 sacas por
hectare. A baixa produtividade nessa região ocorreu devido à dependência de boas
condições climáticas, e ao acesso à tecnologia de irrigação (CONAB, 2010).
Os cafés da região do Planalto são cultivados em altitudes de 800 a 1400 metros,
nas sub-regiões de Brejões, da Chapada Diamantina, e do Planalto da Conquista, onde o
município de Barra do Choça é o principal produtor de café do Estado. O município tem
grande vocação para a cafeicultura familiar, aliada à preservação de mananciais hídricos
e da biodiversidade. Além de café, o município de Barra do Choça é produtor de leite,
carne, banana, milho, mandioca, e possui aptidão para o cultivo de maçã, morango,
madeira de eucalipto, cedro, grevílea e outras espécies florestais (DUTRA NETO,
2001).
Essas atividades geram emprego e renda, que são a base da sustentabilidade.
Grenberg (1977) define sustentabilidade agrícola como a produção eficiente em áreas
com alta biodiversidade, baixo uso de insumos, boa conservação dos recursos naturais,
melhor competição comercial e promoção da qualidade de vida das pessoas. Entretanto,
a produção sustentável não é fácil de ser atingida, pela sua complexidade e
multiplicidade de componentes e atores, mas, deve-se sempre buscar o máximo de
sustentabilidade. Seus fundamentos harmonizam os limites da ecologia, da ciência da
produção animal e vegetal e das ciências sociais, por isso, os sistemas sustentáveis de
produção devem preconizar o uso racional dos recursos naturais, a proteção da biosfera,
do solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade; produzir com segurança e qualidade,
além de obedecer padrões éticos e de equidade social.
Nesta abordagem holística, o mercado internacional faz referência à adoção de
Boas Práticas Agrícolas (BPA) ou Good Agriculture Pratics (GAP) no processo de
Produção Integrada, ligadas às questões ambientais, sociais e de segurança alimentar.
Esse conceito surgiu na Europa em 1970, e, na década de 90 chegou à América do Sul,
sendo a Argentina o primeiro país a adotá-lo em 1977, seguida do Uruguai e do Chile.
Somente em 1998, o Sistema de Produção Integrada teve início no Brasil, com a
Fruticultura (PIF), programa coordenado pelo MAPA (Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento) em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o CNPq (ANDRIGUETO et al., 2007).
A Produção Integrada é composta por diretrizes e normas técnicas gerais,
regulamentadas por intermédio da Instrução Normativa nº 20, de 20 de Setembro de
2001 (BRASIL, 2007). Entretanto, o sistema de Produção Integrada não se resume
apenas a Fruticultura, pois, existem outros projetos em tramitação no MAPA como PI
soja; PI tomate indústria; PI gado de corte; PI arroz irrigado; PI caprinos e ovinos; PI
amendoim; PI batata; PI café, coordenados pela Embrapa, Universidades e Institutos de
Pesquisa. No que se refere à adoção do Sistema, o setor frutícola encontra-se em estágio
mais avançado na unidades de produção de maçã, manga, uva, citros e mamão
(BRASIL, 2010).
A regulamentação destes projetos pelo MAPA são de extrema importância para o
avanço do Sistema de Produção Integrada no país, pois fornece informações aos
produtores, define normas e procedimentos aos quais os produtores devem adotar para,
então, darem início ao processo que assegura, atesta, certifica que o produto proveniente
de determinada unidade de produção rural, segue os padrões e normas definidos no
âmbito do sistema das Boas Práticas Agrícolas.
A Produção Integrada, ao preconizar a utilização racional dos recursos, por meio
de rotinas de monitoramento de pragas, doenças e seus antagonistas, da necessidade de
irrigação e de adubação, permite a preservação dos recursos hídricos, da fertilidade
natural do solo e da biodiversidade. Destaca-se ainda, que as normas do Sistema de PI,
incluem a necessidade de registros periódicos de todas as atividades realizadas na
unidade de produção, como a manutenção dos tratores, pulverizadores, etc., a aquisição
de insumos, a colheita e o beneficiamento do produto, para contribuir com um maior
controle e informação, facilitando a gestão da propriedade.
A crescente demanda, particularmente em países desenvolvidos, por produtos
saudáveis e socialmente corretos, possibilitam o surgimento de produtos diferenciados,
com novos atributos (SOUZA et al., 2002). A produção de cafés certificados pode
tornar-se uma alternativa para que pequenos agricultores, que aderirem ao Sistema de
Produção Integrada, obtenham maior valor de seus produtos no mercado consumidor.
Segundo Caixeta et al. (2009), o cultivo de café obtém maiores rendas efetivas por
adequar-se às exigências da certificação e atender às características exigidas por nichos
de mercado e segmento restrito e seleto de consumidores que se dispõe a pagar prêmio
por qualidade.
Nardelli & Tomé (2002) ressaltam que a opção por um programa de certificação
não significa, necessariamente, maiores custos ou redução de lucros, mas uma estratégia
que pode ser utilizada para aproveitar todas as oportunidades, aumentando e mantendo a
eficiência das organizações.
Como a adesão ao programa de PI é voluntária, torna-se fundamental para os
produtores, em especial da agricultura familiar, conhecerem não só as exigências e
oportunidades da Produção Integrada, mas também os custos de implantação e retorno
em relação à produção convencional. Nesse sentido, é importante enfatizar a carência de
estudos dessa natureza, em especial na cafeicultura do Estado da Bahia. Assim, o
objetivo deste estudo é analisar a conformidade do Sistema de Produção Integrada entre
os pequenos produtores das Associações de Café no município de Barra do Choça –
BA, bem como, verificar a viabilidade de inserção dos mesmos no mercado de cafés
certificados.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O município da Barra do Choça localiza-se nas coordenadas geográficas 14° 51”
52’ de latitude sul e 40° 34” 44’ de longitude oeste, com área total de 778 km2, com
relevo de Planaltos e Serras, de clima tropical semi-úmido, com média de 840m de
altitude, é banhada por vários rios, como o Catolé, Gaviãozinho, Choça, Monos e Água
Fria. A produção de café abrange 18.400 ha, em médias e pequenas propriedades, onde
cerca de 60% da população reside na zona rural, que possui escolas de ensino
fundamental, energia elétrica, estradas vicinais. A organização dos pequenos produtores
em associações e cooperativas tem sido incentivada desde os anos noventa pela
Prefeitura e Secretaria Municipal de Agricultura de Barra do Choça.
O pequeno cafeicultor caracteriza-se pela atividade cafeeira na qual, o cafeicultor
e seus parentes diretos realizam a maior parte das operações de manejo da lavoura. Ou
seja: o produtor não tem empregados contratados em tempo integral e não depende de
mão de obra eventual para a maioria dos trabalhos executados. As exceções são os picos
de demanda de trabalho que ocorrem na colheita e, eventualmente, na capina e
adubação do cafezal. Eles possuem entre 3 e 20 hectares de lavoura de café (VILELA &
RUFINO, 2010).
Em razão do nível de organização dos pequenos produtores de café no município
de Barra do Choça, foi programado o levantamento do conhecimento da realidade a
respeito da aplicação de boas práticas agrícolas, que se alinham às normas da produção
integrada de café. Para obter os dados desta pesquisa, foi utilizado um questionário de
verificação da Produção Integrada de Café, PIC que tem como referências às etapas de
capacitação, implantação da lavoura, manejo de solo e da irrigação, proteção da planta,
colheita e pós-colheita, desenvolvimento ambiental, gerenciamento organizacional e
tratamento social, proposto por Raij e Afonso Jr. (2009), em tramitação no Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Antes de ser aplicado, o
questionário de verificação da PIC foi adequado segundo a realidade da Cafeicultura do
Planalto da Conquista, preestabelecidos em reuniões com especialistas da região, e
técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura de Barra do Choça, que disponibilizou
as informações iniciais das associações e seus presidentes, para o início da Pesquisa
(Tabela 1).
Tabela 1. Principais associações dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça. Associação N° de associados Produtores entrevistados
1. Lagoa Verde 30 3 2. Sossego 35 3 3. Nova Esperança 39 3 4. Espírito Santo 20 3 5. Santo Antônio 56 3 6. Barra Nova 20 3 7. Canudos 25 3 8. Matas de Pau Brasil 30 3 9. Baixa dos Taquaras 25 3 10. Morro de São Paulo 20 3
TOTAL 300 30
A equipe que aplicou o questionário de Verificação da PIC recebeu treinamento de
20 horas, durante o curso de Especialização em Café da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, no mês de maio de 2010. Nos meses de Julho/Agosto a equipe
visitou os 30 pequenos cafeicultores em suas propriedades (Figura 1). O tempo de cada
questionário oscilou entre 40 minutos e 1 hora, ao final obteve-se um total de 30
questionários respondidos, representando 10% do universo de 300 pequenos
cafeicultores, atendendo, portanto, aos critérios deste estudo.
Aos dados referentes às respostas do questionário relacionado às informações da
PIC, foi aplicado o método da estatística descritiva (GUERRA & DONARE, 1984).
Cada conjunto de dados referente a tópicos principais, foram organizados e
sistematizados por meio de tabulação, utilizando planilha eletrônica (Microsoft Office
Excel).
Figura 1. Mapa do município de Barra do Choça - BA. Os pontos em azul representam a localização das Associações dos Pequenos Cafeicultores.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A propriedade rural deve ser entendida como uma Empresa, que gera lucro para os
seus proprietários. Entretanto, para alcançar seus objetivos, a empresa precisa de
planejamento e organização. Por isso, é imprescindível obter capacitação sobre as
diferentes fases da lavoura no campo. Observa-se, conforme a Figura 2, que cerca de
90% dos produtores recebe orientação de algum profissional sobre práticas
agronômicas. Normalmente esse profissional é um Agrônomo da Prefeitura Municipal
em parceria com a EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola). Assim, a
assistência pública é a mais importante para cerca de 90% dos pequenos produtores
desse município.
Eventos realizados na região, com a parceria da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, como a Semana do Café de Barra do Choça – BA e o Seminário do
Dia Nacional do Café, em Vitória da Conquista – BA, frequentemente oferecem cursos
ou palestras sobre utilização de Agrotóxico; Controle de Pragas e Doenças;
Associativismo; Gestão Ambiental; Colheita e higiene. Por isso, cerca de 90% dos
produtores possui algum tipo de treinamento nessas áreas. Todos os entrevistados
fizeram referência à realização da Semana do Café, promovida pela Prefeitura
Municipal de Barra do Choça como instrumento de acesso às informações tecnológicas
sobre a lavoura.
Entretanto, apenas 56,6% dos produtores possuem algum conhecimento em
monitoramento de pragas, doenças e antagonistas (Figura 2), sendo necessário aumentar
o treinamento dos produtores nessa área, bem como nas áreas de segurança do trabalho,
noções de contabilidade e comercialização.
0
20
40
60
80
100
Agr
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aag
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xico
Capacitação
% Sim % Não % Não se aplica
Figura 2 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Capacitação por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Na fase de implantação de uma cultura como o café, principalmente sob o regime
da Produção Integrada, considera-se necessário a adoção de práticas que promovam a
conservação ambiental, aliadas à sustentabilidade econômica. Uma das ações que se
deve adotar é o respeito total da legislação referente à manutenção de Reserva Legal e
de Área de Preservação Permanente.
Torna-se importante que áreas naturais sejam preservadas, haja vista os benefícios
que elas proporcionam com relação à proteção dos recursos hídricos, manutenção das
características climáticas e conservação da biodiversidade (OLIVEIRA, 1989).
Nas ações de Gestão Ambiental, observa-se que 86% dos produtores pesquisados,
evitam o cultivo em áreas de preservação permanente e 76,6% não utilizam lenha
proveniente dessas áreas (Figura 3). Entretanto, há necessidade dos produtores
conhecerem melhor, através de um plano escrito, sobre os problemas ambientais da
propriedade. Além disso, percebe-se que 63,3% precisam de um plano para reduzir o
consumo de energia convencional.
Figura 3 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Gestão Ambiental por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Em relação à escolha de variedades de café recomendadas para a região e à
aquisição de mudas produzidas em viveiros registrados, 100% dos produtores se
adequam às exigências da Produção Integrada de Café (Figura 4). Porém, 80% não
utilizam variedades que apresentam maior resistência a doenças, talvez pela ausência de
informações sobre a adaptação dessas variedades na região. Recentemente, foi
introduzida a variedade acauã, tolerante à Ferrugem (H. vastatrix), porém somente 16%
estão plantando essa variedade.
Segundo Fadini & Louzada (2001), a agricultura convencional coloca em risco
recursos como água, fertilidade natural do solo e biodiversidade de ecossistemas
naturais, já que se utiliza, em larga escala, do controle químico para elevar a
produtividade das lavouras.
Entretanto, verifica-se que 93,3% dos produtores pesquisados não possuem um
mapa de solos da propriedade, e que 30% não realizam análise química de solo no
momento de realizar novos plantios. Isso pode ser considerado uma limitação dos
produtores, pois, no modelo de Produção Integrada de Café, o manejo do solo,
envolvendo a reposição eficiente de nutrientes e o uso racional de fertilizantes é muito
importante para constituir um sistema de exploração agrícola sustentável.
Figura 4 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Implantação de cafezais por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Com relação à aplicação de corretivos e fertilizantes, nota-se que 90% seguem as
recomendações de acordo com a análise de solo. Percebe-se ainda, que cerca de 40%
dos produtores não utilizam resíduos da cultura como fonte alternativa de nutrientes na
adubação (Figura 5), esse dado pode ser justificado, pois, o beneficiamento do café é
realizado fora da propriedade, dificultando o retorno desse material devido ao custo do
frete. Entretanto, esse quadro é passível de mudança. Atualmente, uma empresa está
oferecendo o serviço de beneficiamento móvel do café, a partir de 3 sacas de 60 kg,
permitindo que a casca e a palha possam permanecer na propriedade.
Observa-se que a maior dificuldade encontrada pelos produtores com relação à
nutrição do cafeeiro, é a realização de análise foliar, para auxiliar na eficiência da
adubação. Verifica-se que 90 % dos produtores não realizam análise de folhas por
talhão (Figura 5), portanto, a existência de um laboratório na UESB, que realizasse esse
tipo de análise teria uma importância fundamental no desenvolvimento da cafeicultura
da região.
Figura 5 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Fertilidade do solo e nutrição por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
O controle de plantas invasoras é o fator limitante dos produtores, em relação a
ações de Manejo do solo e da cobertura vegetal. É possível observar na Figura 6, que
83,3% não realizam o controle das invasoras, no mínimo, em ruas alternadas, conforme
recomenda as normas da Produção Integrada de Café. De maneira geral, todas as
propriedades fazem uso de herbicidas, sendo que 40% declaram que não tem um plano
para minimizar o uso de herbicidas e evitar o aparecimento de invasoras resistentes.
Nos diferentes métodos de controle das plantas daninhas em lavoura de café, a
aplicação de práticas que objetivam a proteção da superfície do solo pode contribuir
para melhorar a qualidade física e impedir a formação de encrostamentos superficiais e
ocorrência de processos erosivos. Pode, ainda, melhorar sua qualidade química, com
fornecimento de matéria orgânica, mediante manejo adequado de sua cobertura vegetal
(ALCÂNTARA, 1997). Portanto, há urgência em desenvolver ações que visem instruir
os produtores a minimizar o uso de herbicidas, e a utilizar EPI no momento da aplicação
desses. Diversas leguminosas são indicadas para plantio nas entrelinhas da lavoura de
café, para viabilizar uma forma de convivência da cultura com as plantas daninhas,
como a mucuna preta (Stizolobium sp.), amendoim (Arachis sp.), mucuna preta
(Stizolobium aterrimum), entre outras (GUIMMARÃES et. al, 2002).
Quanto ao registro de árvores no cafezal, verifica-se tendência de 56,7% dos
produtores terem árvores plantadas com a finalidade de quebra-vento e/ou arborização.
As seguintes espécies foram identificadas nas propriedades dos pequenos cafeiculores
de Barra do Choça: Jamelão (Eugenia jambolana), Madeira nova (Pterogyne nitens),
Umbaúba (Cecropia sp.), Cedro (Cedrela sp.), Ingá (Inga sp.), Ipê (Tabebuia sp.),
Tamburi (Enterolobium timbouva), Jacarandá da Bahia (Dalbergia nigra), Eucalipto
(Eucalyptus sp.), e a Grevílea (Grevillea robusta) que é a espécie mais encontrada na
região.
Figura 6 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Manejo do solo e da cobertura vegetal por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Como se pode observar na Figura 7, a maioria dos produtores não possui nenhum
sistema de irrigação, por isso, a maioria das respostas corresponde à opção “Não se
Aplica”. Portanto, entre os produtores estudados, existe a necessidade de
aperfeiçoamento em técnicas de irrigação, pois, a cafeicultura irrigada exige
planejamento sólido, para que seja rentável.
020406080
100
De ac
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e de
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de EPI
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Disponibilidade de água e irrigação
% Sim % Não % Não se aplica
Figura 7 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Disponibilidade de água e Irrigação por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Um dos objetivos da produção integrada é manejar a cultura para que as plantas
possam expressar sua resistência natural às pragas e patógenos e possam ser protegidos
os organismos benéficos. Nesse sistema, deve-se conciliar diversos métodos de
controle, levando-se em consideração o custo de produção e o impacto sobre o
ambiente, reduzindo ao máximo o uso de agroquímicos. Na produção integrada deve-se
favorecer a adoção de métodos não químicos ou alternativos tais como feromônios,
biopesticidas, erradicação de hospedeiros alternativos, retirada e queima das partes
vegetais afetadas. A adubação equilibrada, a poda e o raleio adequados são fatores que
desfavorecem o estabelecimento das pragas e patógenos e facilitam o seu controle
(KOVALESKI et al., 2003).
Entretanto, em relação aos indicadores da Proteção Integrada do Cafeeiro,
verifica-se na Tabela 2 que 56,67% dos produtores não registram a ocorrência de pragas
e doenças, e 70% não registram os casos que atingem o nível de controle econômico.
Mais de 50% dos produtores não utilizam informações climáticas para planejar ações de
prevenção e controle de pragas e doenças, e não possuem um plano para evitar a
resistência de doenças e pragas a agrotóxicos. Observa-se ainda, que 80% dos
produtores não possuem uma justificativa por escrito sobre a utilização do método de
controle escolhido, e sobre os Agrotóxicos utilizados (Tabela 2).
Porém, é possível observar que existe uma tendência em adotar cuidados especiais
na utilização de agrotóxicos. Verifica-se que 63,3% buscam armazenar os produtos e as
embalagens vazias em local adequado, e 76,67% declararam utilizar equipamentos de
proteção individual, bem como respeitar regras de segurança, conforme dados
apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Proteção Integrada do Cafeeiro por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
ATIVIDADES PESQUISADAS % Sim % Não % Não se Aplica
Registro de doenças e pragas 40 56,67 3,33
Registro de casos que atingiram o nível de Dano econômico 26,67 70 3,33
Uso de informações climáticas para prevenção e controle de pragas 43,33 53,33 3,33
Justificativa dos métodos de controle 6,67 80 13,33
Agrotóxicos registrados 83,33 6,67 10
Não usou Agrotóxicos proibidos (importadores) 60 16,67 23,33
Prevenção contra resistência 36,67 56,67 6,66
Receituário agronômico 73,33 23,33 3,33 Registro de agrotóxicos usados (quantidade, talhões, aplicador, data e horário) 23,33 70 6,67
Aplicador treinado 76,67 16,67 6,66
Uso de EPI 76,67 16,67 6,66
Respeitada carência 60 30 10
Regras de segurança 76,67 16,67 6,66
Manutenção de Pulverizadores 76,67 16,67 6,66
Pulverizadores regulados 76,67 20 3,33 Agrotóxicos mantidos em local fechado, ventilado, de acesso restrito e controle de estoque 70 10 20
Tríplice lavagem 56,67 23,33 20 Embalagens vazias acondicionadas de maneira adequada e furadas 63,33 16,67 20
Armazenamento de agrotóxicos, com sistema de contenção de vazamentos 56,67 13,33 30
Ducha de emergência e lavador de olhos 70 23,33 6,67 Depósitos de Agrotóxicos distantes de estradas, residências e mananciais 56,67 20 23,33
Em relação às atividades de Colheita, segundo dados da Figura 8, observa-se que
quase 96,67% dos produtores separam o “café do chão”. Conforme Souza (2000), os
frutos remanescentes no chão (parcela varrição), por apresentarem grande probabilidade
de comprometimento da qualidade, jamais devem ser misturados com a parcela de
frutos derriçados no pano.
É possível notar também, que 63,33% dos produtores procuram minimizar o
contato do café colhido com fontes de contaminação, e mantem os recipientes e as
ferramentas devidamente limpos e calibrados. Portanto, é possível inferir que os
pequenos produtores analisados possuem potencial para produzir café de qualidade,
pois, de um modo geral, realizam práticas adequadas no processo de colheita.
Entretanto, são necessários alguns ajustes, pois, apenas 46,67% dos produtores
declararam que monitoram o uso de agrotóxicos, visando evitar resíduos no café
colhido.
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Colheita
% Sim % Não % Não se aplica
Figura 8 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Colheita por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Após a colheita, o café é submetido às operações de processamento. O preparo
pode ser por dois processos, conforme relata Afonso Júnior et al. (2004): “via seca” ou
forma integral e “via úmida” ou sem casca. Na forma de preparo por via seca, o fruto é
processado em sua forma natural (com casca ou cereja) e as fases do processamento
poderão prescindir do emprego de água. No preparo por via úmida, é indispensável a
utilização de água e o produto é processado sem sua casca.
Dados coletados na entrevista com os produtores, indicam que cerca de 70% das
propriedades processam o café apenas em sua forma natural, utilizando terreiro de chão
ou de cimento; estufa; ou secando na região semi-árida. Por isso, como se pode observar
na Figura 9, a maioria das respostas relacionadas ao uso e reaproveitamento da água no
pré-processamento, corresponde à opção “Não se aplica”. Entretanto, em relação às
práticas relacionadas ao manejo adequado do terreiro, apenas 43,33% dos produtores
declararam possuir um sistema que minimiza o contato do café com fontes de
contaminação, e apenas 46,67% declararam que o terreiro e os equipamentos são
higienizados antes do contato com o café. Verifica-se também, que quase 50% dos
produtores não monitoram a umidade do café durante a secagem e o armazenamento.
Por causa da ausência de um equipamento para conferir a umidade, os grãos de café
dessas propriedades podem sofrer uma secagem em excesso, deixando-os com menos de
12% de umidade, e, consequentemente, comprometendo o beneficiamento e a
classificação física do produto, pois essa situação pode favorecer o aparecimento de
grãos quebrados. Portanto, se cada associação de pequenos produtores possuísse um
equipamento de medir a umidade dos grãos, haveria maior possibilidade de melhorar a
qualidade física do café produzido pelos produtores do Município de Barra do Choça.
Todavia, é possível perceber, que 63,33% dos produtores avaliados mantem os
locais de armazenamento de café sempre limpos, e 73,33% guardam o café do chão em
lotes separados. Porém, apenas 13,33% dos produtores identificam os lotes de café por
talhão, com informações sobre o monitoramento de pragas e doenças, uso de pesticidas
e fertilizantes e outras indicadas na norma, gerando condições para rastreabilidade até a
gleba onde o mesmo foi produzido.
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Pré-processamento
% Sim % Não % Não se aplica
Figura 9 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Pré-processamento por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
Segundo os dados apresentados na Tabela 3, sobre as normas relacionadas à
Legislação trabalhista, verifica-se que 96,67% das propriedades não registram casos de
trabalho forçado, ilegal ou infantil, 90% não registram casos de impedimento à
liberdade, e 100% não registram práticas de discriminação. Em relação ao bem-estar dos
trabalhadores, 90% das propriedades oferecem água potável. Foi considerada como
água potável, aquela que está apta para o consumo humano. Nota-se ainda, que 63,33%
oferecem treinamento suplementar, e 53,34% oferecem alguma atividade de lazer para
trabalhadores e diaristas.
Alguns itens apresentam um grande percentual de resposta “Não se aplica”. Esse
resultado pode ser explicado pelo fato de apenas 16,67% utilizarem mão-de-obra
assalariada, enquanto que as outras 83,33% preferem uma gestão familiar, aliada à
contratação de diaristas em época de colheita. Cerca de 53% das propriedades contratam
até 10 diaristas na época de colheita, e cerca de 27% contratam entre 10 e 20 diaristas.
Tabela 3 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Legislação trabalhista, segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
ATIVIDADES % Sim % Não % Não se aplica
Registrados 23,33 20 56,67 Trabalho infantil 0 96,67 3,33 Impedimento a liberdade 0 90 10 Discriminação 0 100 0 Risco identificado 33,33 20 46,67 Evitar acidentes 30 20 50 Primeiros socorros 50 46,67 3,33 Plano de saúde 40 0 60 Exames de saúde 30 6,67 63,33 Exames para aplicadores 26,67 13,33 60 Moradia 20 0 80 Transporte 33,33 0 66,67 Sanitário 53,34 43,33 3,33 Água potável 90 6,67 3,33 Treinamento suplementar 63,33 26,67 10 Ações de aperfeiçoamento 33,34 63,33 3,33 Atividades de lazer 53,34 43,33 3,33
A organização da propriedade rural depende de planejamento aliado a ações de
controle e direção das atividades. Por isso, as normas da Produção Integrada de Café,
recomendam que os produtores mantenham mecanismos de registro permanente de
todas as atividades técnicas. Entretanto, 73,33% das propriedades analisadas nessa
pesquisa, não possuem anotações permanentes sobre as despesas com café, e 66,67%
não dispõem de anotações sobre as despesas gerais da propriedade. Porém, é possível
perceber que há uma tendência de realizar anotações sobre as atividades de campo,
colheita e pós-colheita (Figura 10).
A realização de anotações, por talhão, permite obter informações sobre o
monitoramento de pragas e doenças, uso de pesticidas e fertilizantes e outras indicadas
na norma, gerando condições para rastreabilidade e verificação de conformidade com as
normas da Produção Integrada de Café, bem como adequar a gestão da propriedade com
a redução de custos de produção. Entretanto, o sistema de Produção Integrada é um
método alternativo de produção agrícola recente no Brasil, e, por isso, carente de
pesquisa e/ou divulgação entre os produtores de café. Portanto, sugere-se que novos
trabalhos de avaliação das normas de Produção Integrada sejam realizados em outras
regiões produtoras de café no Estado da Bahia.
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Contabilidade, economia e Registro de informações
% Sim % Não % Não se aplica
Figura 10 – Adoção de exigências da Produção Integrada de Café, para atividades de Contabilidade, economia e Registro de informações por cafeicultores de Barra do Choça, BA.
É imprescindível divulgar a importância da utilização das boas práticas agrícolas e
de gestão, para facilitar o acesso a algum tipo de certificação do produto, contribuindo
para agregar valor ao café produzido nas pequenas propriedades, elevando assim, a
competitividade no mercado.
Nesse estudo de verificação dos indicadores da Produção Integrada, é possível
averiguar que os pequenos produtores de café de Barra do Choça necessitam das
seguintes orientações:
- Motivação sobre a filosofia e ações práticas do associativismo e do
cooperativismo;
- Lutar pela implantação de um Laboratório de Análise foliar na região do Planalto
da Conquista;
- Capacitação no monitoramento de pragas, doenças e antagonistas;
- Capacitação em avaliação de máquinas e equipamentos que aplicam defensivos e
fertilizantes;
- Revisar sobre os métodos de preparo do café despolpado, higiene e secagem, e
utilização adequada da água;
- Capacitação em noções sobre contabilidade, gestão da propriedade, custos de
produção, e formas de comercialização de café.
4 CONCLUSÕES
Considerando que este trabalho é uma amostra que representa um grupo de
pequenos produtores de café do Município de Barra do Choça – BA, é possível
concluir:
- Os pequenos produtores de café, de um modo geral, possuem consciência
ambiental, social e econômica, de forma que, com pequenos ajustes, há perspectivas
para que o sistema de Produção Integrada de Café seja implantado.
- Os pequenos produtores de café das associações pesquisadas, atendem em mais
de 50% aos requisitos das normas de Produção Integrada, sendo possível a solicitação
de uma certificação conjunta.
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