AUTO-ESTIMA, ESTÉTICA ORAL E MÁ OCLUSÃO:...
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
DIKSON CLAUDINO
AUTO-ESTIMA, ESTÉTICA ORAL E MÁ OCLUSÃO: UM ESTUDO COM
SOLDADOS
Tubarão
2011
DIKSON CLAUDINO
AUTO-ESTIMA, ESTÉTICA ORAL E MÁ OCLUSÃO: UM ESTUDO COM
SOLDADOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Jefferson Luiz Traebert, Dr.
Tubarão
2011
Ao meu pai e à pequena Luísa, apesar de
separados pelo tempo, demonstraram-me
claramente a incondicionalidade do amor.
AGRADECIMENTOS
À Clarissa, pelo carinho e apoio fundamentais em dias difíceis, pela
alegria e vivacidade nos dias azuis.
À minha família, alicerce fundamental.
À Universidade do Sul de Santa Catarina, na pessoa do magnífico reitor
Ailton Nazareno Soares, pelo reconhecimento acadêmico em apoiar de forma
inequívoca a implementação do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
– Mestrado em Ciências da Saúde.
À coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
professora Dra. Rosemeri Maurici da Silva, pela gestão dinâmica no comando das
atividades do curso.
Ao meu orientador Professor Jefferson Traebert, que com serenidade,
irrefutável conhecimento e objetividade, soube identificar minhas muitas limitações
em desenvolver este estudo, tornando nossa convivência agradável e produtiva.
Aos professores do curso Ana Claudina Prudêncio Serratine, Anna Paula
Piovezan, Dayani Galato, Fabricia Cardoso Petronilho, Janaina Luz Narciso
Schiavon, Jane da Silva, Leonardo de Lucca Schiavon, Luiz Alberto Kanis e Marcelo
Tomás de Oliveira pelos muitos ensinamentos transmitidos.
Às auxiliares do curso Silvane Cauz e Franciéli Zimmer, pelo interesse e
solicitude.
Aos meus colegas discentes, pelo compartilhamento das dificuldades e
aspirações acadêmicas a partir dos quais construímos uma saudável amizade.
Aos integrantes da 3a Companhia do 63o Batalhão de Infantaria da 14a
Brigada de Infantaria Motorizada, na pessoa de seu comandante Major de Infantaria
André Luiz Grenteski, pelo apoio irrestrito no desenvolvimento desta pesquisa.
“I hear babies cry, I watch them grow, they'll learn much more, than I'll never know
and I think to myself, what a wonderful world.” (Robert Thiele, George David Weiss,
Robert Thiele Jr.)
RESUMO
O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência da má oclusão e testar sua
associação com a auto-percepção da estética oral e com a auto-estima. Um estudo
transversal foi desenvolvido com 138 soldados do Exército Brasileiro, com idades
entre 18 e 21 anos, em Tubarão, Santa Catarina. Foram coletados dados referentes
aos aspectos sociodemográficos, de auto-percepção da estética oral, por meio do
indicador Oral Aesthetic Subjective Impact Scale e de auto-estima, por meio da
escala de auto-estima de Rosenberg. Também se coletaram dados clínicos
referentes à má oclusão, cárie dentária e trauma dental utilizando-se
respectivamente os indicadores Dental Aesthetic Index, CPOD e de trauma dental
proposto por O´Brien. Os resultados obtidos foram analisados e descritos sob forma
de freqüência relativa e absoluta. O teste do qui-quadrado ou a prova exata de
Fisher foram utilizados para testar a homogeneidade das proporções. O nível de
significância estabelecido foi de p<0,05. Para testar a independência da associação
entre a variável dependente - baixa auto-estima - com as variáveis independentes
estudadas, procedeu-se análise de regressão logística múltipla pelo método
stepwise baseada em um padrão hierárquico. Os resultados demonstraram uma alta
prevalência de má oclusão [45,6% (IC95% 37,3; 53,9)]. Não foi encontrada associação
estatisticamente significativa entre presença de má oclusão e baixa auto-estima.
Somente a variável renda familiar per capita demonstrou associação
estatisticamente significativa com auto-estima. Indivíduos com menor renda familiar
per capita demonstraram pior auto-estima [RP= 1,35 (IC95% 1,06; 1,72)] quando
comparados aos indivíduos com maior renda. Estes achados apontam para
necessidade de políticas públicas voltadas à valorização da educação e acesso ao
trabalho remunerado, propiciando a garantia de renda adequada à população.
Palavras-chave: Má oclusão. Auto-estima. Autoimagem.
ABSTRACT
The aim of this study was to estimate the prevalence of malocclusion and to test its
association with self-perception of oral esthetics and self-esteem. A cross-sectional
study was carried out in the city of Tubarão, Santa Catarina and included 138
Brazilian Army soldiers, aged between 18 and 21 years. Data on sociodemographic
characteristics, self-perception of oral esthetics through the Oral Aesthetic Subjective
Impact Scale, and self-esteem using Rosenberg’s self-esteem scale were collected.
Clinical data on malocclusion using the Dental Aesthetic Index, dental caries using
the DMFT index and dental trauma through the indicator proposed by O'Brien were
also collected. Data were descriptively analyzed using absolute and relative
frequencies. Chi-squared and Fisher’s exact test were used to test for homogeneity
of proportions. The significance level was set at p<0.05. Stepwise multiple logistic
regression analysis based upon a hierarchical pattern was used to test the
independence between the dependent variable - low self-esteem - and independent
variables. Results showed a high prevalence of malocclusion [45.6% (95%CI 37.3;
53.9)]. No statistically significant association between malocclusion and low self-
esteem was found. Only family’s per capita income showed a statistically significant
association with low self-esteem. Low-income individuals showed poorer self-esteem
[PR= 1.35 (95% CI 1.06; 1.72)] when compared to high-income individuals. These
findings emphasize the need for public policies aimed at education enhancement and
access to paid work, providing people with adequate income.
Keywords: Malocclusion. Self-esteem. Self-image.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2 OBJETIVOS
10
21
2.1 GERAL 21
2.2 ESPECÍFICOS 21
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 22
3.1 LOCAL DO ESTUDO 22
3.2 TIPO DE ESTUDO 22
3.3 AMOSTRA 22
3.4 OBTENÇÃO DAS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS 23
3.5 DINÂMICA PARA A COLETA DE DADOS 23
3.6 COLETA DOS DADOS NÃO CLÍNICOS 24
3.7 COLETA DOS DADOS CLÍNICOS 24
3.7.1 Calibração do examinador 26
3.7.2 Exames em duplicata 26
3.8 ESTUDO PILOTO
3.9 VARIÁVEIS DE ESTUDO
3.10 ANÁLISE DE DADOS
3.11 QUESTÕES ÉTICAS
4. RESULTADOS
5. DISCUSSÃO
5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO E SUAS LIMITAÇÕES
5.2 DADOS DE PREVALÊNCIA
5.3 ESTUDOS DE ASSOCIAÇÃO
27
27
29
31
32
45
45
46
52
6 CONCLUSÕES 57
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
APÊNDICE A
APÊNDICE B
APÊNDICE C
APÊNDICE D
58
64
65
66
68
69
SUMÁRIO
APÊNDICE E
APÊNDICE F
APÊNDICE G
ANEXOS
ANEXO A
ANEXO B
71
73
75
76
77
84
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Qualidade de vida refere-se à percepção do ser humano a respeito de sua
interação com o meio onde vive, estando associada a fatores como relacionamentos
interpessoais, ambiente e à própria auto-estima. Representa os ideais de conforto e
bem estar de uma população, englobando significados relativos aos valores,
conhecimentos e experiências individuais ou coletivos. Apresenta concepções
variadas conforme a relatividade cultural, temporal e socioeconômica (MINAYO;
HARTZ; BUSS, 2000).
Padrões adequados de trabalho, renda, nutrição, educação, habitação,
saneamento, acesso a serviços de saúde e lazer regulam os determinantes de
qualidade de vida de uma população. Tais bens e serviços econômicos e sociais,
regulam os padrões de qualidade de vida e trazem consigo a marca da relatividade
sociocultural de uma população (ADRIANO et al., 2000).
Apesar de o termo qualidade de vida ter-se tornado largamente utilizado
na literatura, sua complexidade e subjetividade fazem com que se expresse de
maneiras diferentes em um determinado grupo social ou indivíduo. Suas expressões
podem ser traduzidas em felicidade, harmonia, saúde, prosperidade, morar bem, ter
salário digno, ter amor e família, poder conciliar lazer e trabalho, ter liberdade de
expressão, ter segurança e outros benefícios ou atributos específicos para cada
cultura (QUEIROZ; CASTRO SÁ; ASSIS, 2004).
A qualidade de vida é fortemente influenciada pela conjuntura social,
política e econômica de cada população, determinando a universalização de seus
direitos e atendendo suas necessidades de cidadania, reduzindo as desigualdades
sociais. Estudos sobre qualidade de vida e políticas públicas envolvem não somente
questões técnicas, mas também políticas, pois envolvem a necessidade de dotação
orçamentária para execução dos projetos que visem melhorias nas condições de
vida da população. Em países como o Brasil, onde as grandes diferenças sociais
são geradas especialmente pela inadequada distribuição de renda, estudos sobre o
tema qualidade de vida são necessários, uma vez que discutem a função das
políticas públicas no desenvolvimento humano e da cidadania (QUEIROZ; CASTRO
SÁ; ASSIS, 2004).
A relatividade do termo, qualidade de vida, apresenta ao menos três
temas de discussão: histórico, cultural e a estratificação ou classes sociais. O tema
histórico se refere ao fato de que uma determinada sociedade apresenta diferentes
parâmetros de qualidade de vida, conforme o estágio de desenvolvimento
econômico, social e tecnológico em que se encontra. O cultural revela a forma como
uma população expressa seus valores e necessidades através de suas tradições. Já
o tema relacionado à estratificação, classes sociais, representa os diferentes
padrões e concepções relativos à qualidade de vida presentes em populações com
discrepantes desigualdades sociais, onde a noção de bem-estar está relacionada à
perspectiva de ascensão de classe social. Atualmente, componentes passíveis de
mensuração e comparação como desemprego, violência urbana, exclusão social e
poluição podem promover a diminuição na qualidade de vida de uma população, e
também devem ser avaliados de forma a interpretar sua relatividade cultural no
tempo e espaço (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
Conceituar e principalmente mensurar qualidade de vida demonstra-se
como um grande desafio, necessitando de aprimoramento conceitual e metodológico
constante devido sua complexidade. Nesta perspectiva questiona-se quem
apresenta a mais adequada percepção em relação ao construto, o indivíduo que o
estuda ou o indivíduo estudado. Embora o enfoque dos determinantes sociais de
condição de vida e desenvolvimento, tenha possibilitado o desenvolvimento
conceitual de questões relativas à qualidade de vida, os aspectos analíticos de
mensuração ainda apresentam-se como um grande desafio, pois estão envolvidos
em vieses metodológicos típicos da natureza desses processos (ROCHA et al.,
2000).
Auto-estima e qualidade de vida são fatores inter-relacionados. O tema,
auto-estima, foi popularizado através da literatura não científica, acarretando na
propagação de seus conceitos de forma superficial, tornando-se necessária,
portanto, a consolidação científica do tema. No Brasil, a literatura científica a
respeito do assunto, auto-estima e qualidade de vida, ainda é discreta,
principalmente em bases populacionais. Dentre os fatores que colaboram para esta
situação está a escassez de instrumentos diagnósticos consolidados em nosso país,
o que dificulta a investigação desse construto (ANDRADE; SOUSA; MINAYO, 2009).
Sendo considerado um importante indicador da saúde mental, o estudo
da auto-estima reflete a necessidade do desenvolvimento de instrumentos precisos,
capazes de avaliar o auto-conceito e as percepções de cada indivíduo (ANDRADE;
ANGERAMI, 2001).
Com o intuito de mensurar auto-estima, Rosenberg (1965) desenvolveu
um instrumento, a escala de auto-estima de Rosenberg, que foi validado no Brasil
por Avanci et al. (2007). Este instrumento avalia a auto-percepção do indivíduo por
meio de questões relativas à satisfação pessoal, qualidades, auto-depreciação,
competências, orgulho por si, valor, respeito e sentimento de fracasso (ROMANO;
NEGREIROS; MARTINS, 2007).
Rosenberg define auto-estima como a avaliação que a pessoa efetua e
geralmente mantém em relação a si mesma, refletindo um sentimento de valor,
expressando uma atitude de aprovação ou desaprovação do indivíduo com relação a
si mesmo (ROSENBERG, 1965).
O conceito de auto-estima engloba a percepção de tudo aquilo que o
indivíduo reconhece como parte de si, sua interação com os outros e com o
ambiente, bem como a visualização de seus projetos e expectativas. Auto-estima é a
auto-consciência das responsabilidades e das escolhas do ser humano, sentindo-se
este livre para exercer seu poder de decisão, o qual deriva das características
próprias de cada indivíduo. Buscando conhecer a si e ao ambiente, o indivíduo
exercita sua consciência e vivencia oportunidades de percepção de sua própria
capacidade, expressando sentimentos de aprovação ou desaprovação. Auto-estima
é um atributo pessoal, mas que pode ser moldado no transcorrer da vida, sendo
adaptável e regulado pelo dinamismo individual e pelo contexto social (ANDRADE;
SOUSA; MINAYO, 2009).
Nos últimos anos cresceu o interesse pela relação entre agravos à saúde
e qualidade de vida, tornando-se necessário o aperfeiçoamento de parâmetros
universais, que possam detectar e comparar o impacto psicossocial de condições
clínicas e protocolos terapêuticos na vida das pessoas. Entretanto, como a
conceituação de qualidade de vida é variada, podendo englobar aspectos físicos,
sociais e culturais, avaliar a relação dessas condições torna-se difícil (ASSUMPÇÃO
JR., 2000).
A saúde de um indivíduo está relacionada à sua qualidade de vida, e por
isso a ausência de doença não define simplesmente que um indivíduo é saudável.
Mensurar saúde representa englobar outras dimensões envolvidas, além da
ausência de doenças ou agravos, fazendo com que cresça a importância da
utilização de indicadores adequados para mensurar qualidade de vida relacionada à
saúde (CASTRO; PORTELA; LEÃO, 2007).
Devido aos vários aspectos que envolvem o homem enquanto ser social,
também se torna complexo conceituar saúde. Partindo-se do conceito de que saúde
não representa tão somente a ausência de doença, mas em conjunto a oferta de
condições adequadas de trabalho, nutrição, moradia, lazer, serviços, segurança
dentre outros, a conceituação de saúde abrange de forma ampla tudo o que diz
respeito à vida e, por tanto, apresenta íntima relação com qualidade de vida e auto-
estima (BUCZYNSKI; CASTRO; SOUZA, 2008).
Muito embora as relações entre qualidade de vida e saúde sejam
amplamente reconhecidas, ainda persistem deficiências em demonstrar como
efetivamente as condições de saúde de uma população são afetadas por suas
condições de vida. Em acordo com estas dificuldades, também se apresentam de
forma inacabada as investigações no setor saúde, relativas à eficácia de suas
intervenções com objetivo de melhoria na qualidade de vida das populações (BUSS,
2000).
Desde as últimas décadas do século XX, a forma de promover saúde tem
englobado uma ampla concepção do processo saúde-doença e de seus
determinantes. Esta nova estratégia, tem se mostrado adequada frente às múltiplas
faces dos problemas de saúde que afetam as populações. Esta conceituação
articula os saberes técnicos e populares, mobilizando recursos institucionais e
comunitários, públicos e privados, visando o enfrentamento e a resolução de tais
problemas (BUSS, 2000).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), preocupada em desenvolver um
instrumento que avaliasse a qualidade de vida dentro de uma perspectiva
transcultural formou, no ano de 1995, um grupo de trabalho denominado Grupo de
Qualidade de Vida (WHOQOL). Por meio deste grupo, a OMS realizou um projeto
multicêntrico e desenvolveu um instrumento de enfoque transcultural para avaliação
da qualidade de vida, o WHOQOL-100. Com o intuito de garantir a percepção
transcultural, participaram da construção deste instrumento centros de estudo em
países com diferenças sócio-culturais como nível de industrialização, disponibilidade
de serviços de saúde, religião predominante e valores familiares. Este instrumento
apresenta uma identificação multidimensional baseada em seis domínios: físico,
psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiental e aspectos
espirituais, religiosos ou de crenças pessoais. Diferentemente de instrumentos
destinados à mortalidade e morbidade de agravos, desenvolver instrumentos que
possam mensurar construtos subjetivos regulados por aspectos socioeconômicos,
culturais e temporais, como qualidade de vida, torna-se um desafio de maior
complexidade devido à relatividade presente (FLECK, 2000).
Embora o termo qualidade de vida tenha sido introduzido na literatura
científica da área de saúde nos anos 30 do século XX, somente nas últimas décadas
houve um aprimoramento conceitual e metodológico a respeito do tema. Esse
aprimoramento revela-se a partir dos anos 80 através da visão de qualidade de vida
envolvendo diferentes dimensões, bem como da tendência, nos últimos anos, em
usar definições focalizadas e combinadas com o intuito de alcançar o avanço do
conceito em bases científicas. Assim, desenvolveram-se duas tendências
conceituais de qualidade de vida na área de saúde, uma primeira apresentando o
tema de uma forma ampla e influenciada por estudos sociológicos, e uma segunda
relacionando-a com a saúde e à presença de agravos (SEIDL; ZANNON, 2004).
Devido à importância do construto na prática clínica e na produção do
conhecimento na área de saúde, tem-se dispensado esforços no sentido de
normatizar a conceituação de qualidade de vida e estipular estratégias para sua
mensuração. Uma visão mais abrangente sobre o tema envolve não somente a
atenção sobre sintomas e limitações dos agravos. Implicam também aspectos
importantes como os fatores socioeconômicos, psicológicos e culturais, permitindo a
superação de padrões meramente biomédicos, tendo como conseqüência o
desenvolvimento de novos paradigmas no processo saúde-doença, tornando,
portanto, o construto eminentemente multidisciplinar (SEIDL; ZANNON, 2004).
A saúde bucal é parte integrante e indissociável da saúde geral. Por isso
instrumentos capazes de mensurar o impacto das alterações bucais na qualidade de
vida e, portanto nas atividades diárias dos indivíduos, têm sido desenvolvidos
(BUCZYNSKI; CASTRO; SOUZA, 2008).
Condições de saúde bucal inadequadas têm o potencial de influenciar
fortemente a auto-estima do indivíduo. Seus agravos podem causar repercussões
negativas na estética facial, mastigação, fala e propiciar sofrimento relacionado a
sintomas de dor, causando, portanto, piora na qualidade de vida das pessoas
(LOCKER, 2000).
Para que a condição bucal contribua positivamente na auto-estima do
indivíduo, fatores estéticos como ausência de má oclusão perceptível, simetria,
equilíbrio, proporção e harmonia devem ser considerados. No entanto, atenção deve
ser dada ao peso das influências subjetivas nas observações estéticas, onde a
percepção do próprio paciente é fundamental na determinação do tratamento e deve
ser considerada pelo profissional (CARDOSO, 2009).
Pesquisas em saúde bucal têm sido historicamente fundamentadas na
mensuração de indicadores clínicos. Tais dados são imprecisos em estabelecer
como alterações de saúde bucal interferem na qualidade de vida das pessoas. Por
isso, nas últimas duas décadas, instrumentos foram desenvolvidos na tentativa de
conhecer e avaliar como os problemas bucais afetam a vida diária das pessoas
(CASTRO; PORTELA; LEÃO, 2007).
Muito embora a obtenção de dados epidemiológicos em saúde bucal seja
de grande importância para o planejamento, organização e monitoramento dos
serviços de saúde, estes têm por base a obtenção de dados quantitativos a partir
apenas da visão profissional do dano. Atualmente esta perspectiva tem mudado,
fazendo com que, além das informações epidemiológicas tradicionais, os estudos
em saúde bucal busquem informações relacionadas à auto-percepção dos
indivíduos com relação a suas condições de saúde e necessidades de tratamento.
Assim, cresce o interesse no estudo não somente das conseqüências físicas dos
danos bucais, mas também dos aspectos sociais e psicológicos que os envolvem,
através da percepção da população estudada, e que fornecem informações
diferentes daquelas obtidas somente pela avaliação clínica profissional (SILVA;
SOUSA; WADA, 2005).
Apesar do crescente reconhecimento dos aspectos sociais e psicológicos
no mecanismo do processo saúde-doença, e de que os danos em saúde bucal são
potenciais causadores de impacto negativo nas atividades diárias e na qualidade de
vida dos indivíduos, a odontologia ainda emprega, quase exclusivamente, critérios
clínicos no diagnóstico e planejamento de programas em saúde bucal. Enquanto
indicadores como o índice de dentes cariados, perdidos e restaurados (CPOD) e o
índice periodontal comunitário (IPC) mensuram o impacto clínico dos danos bucais,
indicadores sócio-dentais mensuram em que grau estes danos interferem no
desempenho diário dos indivíduos, incluindo nesta avaliação aspectos psicológicos e
sociais. Os aspectos sociais refletem a capacidade em desenvolver atividades como
freqüentar escola, trabalhar, desempenhar obrigações familiares, entre outras.
Considerando-se a escassa produção científica no Brasil utilizando-se indicadores
sócio-dentais, esta concepção pode trazer uma nova visão da relação saúde bucal e
qualidade de vida (GOMES; ABEGG, 2007).
Índices tradicionais em odontologia propõem-se mensurar os aspectos
clínico-epidemiológicos dos agravos como cárie dentária, doença periodontal, e
outros. Entretanto, estes agravos possuem fortes raízes sociais e econômicas. Para
serem elucidadas de forma adequada, devem ser avaliadas por meio de indicadores
que verifiquem não somente os aspectos sociais da população estudada, mas
também a percepção da própria população em relação a estes agravos
(BUCZYNSKI; CASTRO; SOUZA, 2008).
Vários instrumentos já foram propostos para avaliar a relação entre as
condições sócio-econômico-culturais e as condições de saúde bucal das
populações. Dentre estes podem ser citados: o Sickness Impact Profile - SIP
(GILSON et al., 1975; REISINE, 1988); o Social Impacts of Dental Disease – SIDD
(CUSHING; SHEIHAM; MAIZELS, 1986); o Geriatric Oral Health Assessment Index –
GOHAI (ATCHISON; DOLAN, 1990); o Oral Health Impact Profile – OHIP (SLADE;
SPENCER, 1994); o Oral Health-Related Quality of Life Measure – OHQOL
(KRESSIN,1996); o Dental Impact Profile – DIP (STRAUSS,1996); o Dental Impact
on Daily Living – DIDL (LEÃO; SHEIHAM, 1996); o Shortened Dental Arch – SDA
(ELIAS; SHEIHAM, 1998); o Oral Impacts on Daily Performances – OIDP
(ADULYANOM; SHEIHAM, 1998), entre outros.
A maioria dos indicadores mede o impacto da saúde bucal na capacidade
de realizar as atividades diárias pessoais nos domínios da estética, dor ou
desconforto e função social. Mostram a extensão em que distúrbios dentários e
bucais condicionam e alteram os desempenhos diários físico, psicológico e social
baseados na Classificação Internacional de Comprometimentos, Incapacidades e
Deficiências da OMS (1980). Locker (1988) adaptou essa classificação para uso na
odontologia, como mostra a Figura 1.
O primeiro nível refere-se ao estado de saúde bucal e corresponde, em
última análise, ao que é medido por índices normativos tradicionais como o índice
CPOD e o IPC. O segundo nível abrange os chamados impactos intermediários
negativos, incluindo dor, desconforto ou limitação funcional, estando incluída
também a insatisfação com a aparência, pois tem se mostrado uma importante
dimensão a ser avaliada dentro da saúde bucal. Qualquer uma das dimensões do
segundo nível pode causar impacto no desempenho diário. O terceiro nível diz
respeito aos impactos definitivos sobre a capacidade de realizar atividades diárias,
envolvendo desempenho físico, psicológico e social (ADULYANON; SHEIHAM,
1998).
Figura 1 - Modelo teórico de avaliação da saúde bucal proposto por Locker (1988).
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, a cárie
dentária e a doença periodontal são considerados os principais problemas de
relevância em saúde coletiva na área. Entretanto, dependendo da população em
estudo, esses acometimentos podem não ser os principais danos à saúde bucal,
evidenciando outros como má oclusão, câncer bucal e fendas lábio-palatinas,
tornando-os prioritários e relevantes do ponto de vista social e sanitário (MOURA;
CAVALCANTI, 2007).
A presença da cárie dentária tem sido reduzida em crianças e
adolescentes nas últimas décadas. Esse fator fez com que maior esforço pudesse
ser destinado ao tratamento e prevenção de outros agravos de natureza
odontológica, dentre eles as má oclusões (PERES; TRAEBERT; MARCENES,
2002).
A má oclusão não é uma doença, mas sim uma alteração no
desenvolvimento normal da oclusão dos dentes com potencial de interferir na saúde
física e mental do indivíduo, podendo ocorrer devido ao mau posicionamento dos
dentes ou das bases ósseas maxilo-mandibulares. Atualmente o diagnóstico
D o e n ç a
Dano
Nível 1 Nível 2 Nível 3
Insatisfação com aparência
Dor e desconforto
Limitação funcional
Limitação
física, psicológica,
social
I n c a p a c i d a d e
ortodôntico privilegia os aspectos funcionais e psicológicos da deformação facial,
promovendo, além do profissional, a inclusão do paciente e de seus responsáveis no
planejamento do tratamento, fazendo com que a auto-percepção do paciente com
relação a sua má oclusão contribua neste processo (PROFFIT; ACKERMAN, 1996).
Embora ainda sejam conflitantes as evidências a respeito da relação entre
a presença da má oclusão e seus efeitos físicos, psicológicos e sociais, existe um
consenso geral de que são essas repercussões que motivam o indivíduo a procurar
o tratamento ortodôntico, tornando necessário o conhecimento desta relação de
forma apropriada e rigorosa (ZHANG; MCGRATH; HAGG, 2006).
O tratamento da má oclusão tem por objetivo a correção da função
mastigatória, bem como proporcionar uma melhor estética para o indivíduo. Seus
critérios de diagnóstico e tratamento geralmente seguem padrões clínicos e
epidemiológicos, ou seja, critérios técnico-profissionais. Entretanto, saber como os
indivíduos portadores de má oclusão percebem essas alterações, ou mesmo como
esta percepção afeta sua qualidade de vida, é uma questão de difícil determinação
(PERES; TRAEBERT; MARCENES, 2002).
As má oclusões têm a potencialidade de causar constrangimento social e
uma possível diminuição na auto-estima do indivíduo, devido à insatisfação com a
aparência. Características faciais, especialmente a estética oral, possuem um forte
potencial de influenciar a aparência auto-percebida do indivíduo, principalmente em
fases da vida onde existe uma intensa interação social e afetiva, como por exemplo
nos jovens, onde a atração física apresenta-se como um fator importante nas
relações sociais. Por esses motivos, as definições das necessidades de tratamento
ortodôntico e o estabelecimento de suas prioridades devem incluir medidas
subjetivas, como a auto-percepção do impacto gerado pela má oclusão pelos
indivíduos que a possuem, e não somente critérios clínicos normativos (TRAEBERT;
PERES, 2007).
As má oclusões afetam grande parte da população mundial,
apresentando percentuais de freqüência geralmente altos, constituindo um sério
problema de saúde coletiva. Entretanto, a utilização isolada de critérios clínicos ou
normativos na determinação da indicação do tratamento ortodôntico pode, de forma
equivocada, aumentar a demanda deste tipo de tratamento, ainda ofertada pelo
poder público de forma precária no Brasil. Por isso a avaliação do indivíduo a
respeito de sua própria má oclusão, ou seja, as necessidades percebidas pelo
próprio indivíduo são de grande importância na apreciação das estratégias públicas
de saúde bucal (MOURA, CAVALCANTI, 2007).
No Brasil, um levantamento epidemiológico em saúde bucal, realizado em
2003 pelo Ministério da Saúde, evidenciou dentre outros aspectos, as características
da má oclusão da população através do Dental Aesthetic Index – DAI (WHO,1997).
Este indicador numérico avalia o potencial da oclusão dentária propiciar
incapacidade psicossocial, permitindo avaliar a aceitabilidade social da aparência
oral por meio da percepção do público sobre a estética dentária (SANTOS et al.,
2008). Os parâmetros de avaliação do DAI incluem 10 aspectos dos dentes
anteriores, dentre eles o posicionamento dental nos arcos maxilar e mandibular e a
relação existente entre estes arcos. O DAI divide a severidade da má oclusão em 4
graus com suas prioridades e recomendações de tratamento, sendo o grau 1
indicador de oclusão normal ou má oclusão leve, com pequena ou sem necessidade
de tratamento, o grau 2 indicador de má oclusão definida com necessidade de
tratamento eletiva, o grau 3 indicador de má oclusão severa com necessidade de
tratamento altamente desejável e o grau 4 indicando má oclusão muito severa ou
incapacitante com necessidade de tratamento obrigatória (DE PAULA et al., 2009).
Este levantamento epidemiológico brasileiro de 2003 diagnosticou que 58,1% dos
escolares na faixa etária de 12 anos apresentavam algum tipo de má oclusão, sendo
que 36,5% apresentavam má oclusão severa ou muito severa (BRASIL, 2004).
Sugere-se que o perfil psicológico do indivíduo possa influenciar os
impactos sociais e emocionais da má oclusão. A auto-estima regula a forma como o
indivíduo percebe sua má oclusão, podendo interferir de forma positiva ou negativa
na relação entre as condições de saúde bucal e a qualidade de vida (AGOU et al.,
2008).
Instrumentos para avaliação da auto-percepção da estética oral são
pouco relatados na literatura. Desenvolvido por Mandall (1999) e validado para a
língua portuguesa e cultura brasileira por Pimenta e Traebert (2010), o Oral
Aesthetic Subjective Impact Scale - OASIS é um desses instrumentos. O OASIS
apresenta características psicométricas satisfatórias sendo de fácil preenchimento.
Este instrumento foi desenvolvido a partir de uma série de questões que avaliam a
auto-percepção do indivíduo em relação à satisfação com a estética de seus dentes.
Posteriormente estas questões foram condensadas em um questionário de apenas
cinco perguntas principais, onde cada questão recebeu uma escala gradativa de
satisfação ou preocupação com a aparência, do tipo Likert de sete pontos, tornando-
se, portanto, de fácil aplicabilidade e alta especificidade em estética oral auto-
percebida (PIMENTA; TRAEBERT, 2010).
Sendo assim, levando-se em consideração que: 1 – a qualidade de vida,
muito embora possa representar variadas contextualizações nos diferentes locais,
tempos, culturas e condições sócio-ambientais, espelha a busca contínua das
populações a níveis elevados de bem-estar nos seus mais variados aspectos; 2 – a
auto-estima é peça fundamental no processo de auto-percepção da qualidade de
vida do indivíduo ou da coletividade; 3- historicamente no Brasil, instrumentos
normativos ou clínicos são majoritariamente utilizados com a finalidade de
diagnóstico e planejamento em saúde bucal no campo das políticas públicas de
saúde; 4 – cada vez mais cresce em importância a fusão de instrumentos de
avaliação normativos e auto-percebidos, para a avaliação das necessidades de
tratamento nas políticas de saúde; 5 – a saúde bucal está firmemente atrelada às
concepções de qualidade de vida e auto-estima; e 6 – as má oclusões possuem alta
prevalência nas populações e podem provocar danos físicos, psicológicos e sociais
ao indivíduo, esta pesquisa se justifica pela necessidade de ampliação do
conhecimento da interface entre má oclusão, estética oral e auto-estima em adultos
jovens, levando-se em consideração não somente critérios normativos, mas também
critérios relacionados à auto-percepção dos indivíduos, podendo agregar valores às
políticas de saúde.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Estimar a prevalência da má oclusão, conhecer a auto-percepção da
estética oral e observar o impacto de ambos sobre a auto-estima de adultos jovens
do sexo masculino que prestaram o serviço militar no Exército Brasileiro na cidade
de Tubarão, Santa Catarina, durante o ano de 2010.
2.2 ESPECÍFICOS
Estimar a prevalência da má oclusão em adultos jovens do sexo
masculino.
Identificar os tipos de má oclusão mais prevalentes na população
estudada.
Estimar a auto-percepção de estética oral na população estudada.
Identificar os níveis de auto-estima na população estudada.
Testar a associação entre prevalência de má oclusão e auto-estima.
Avaliar os tipos de má oclusão associados à baixa auto-estima.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 LOCAL DO ESTUDO
Este estudo foi realizado na 3a Companhia do 63o Batalhão de Infantaria
(3a Cia/ 63o BI) da 14a Brigada de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro, na
cidade de Tubarão, Santa Catarina.
O município de Tubarão encontra-se na região sul do estado de Santa
Catarina, tendo como características: população com cerca de 90 mil habitantes;
clima subtropical, com temperatura média máxima de 23,6o C e média mínima de
15,5o C; altitude média de 9 metros acima do nível do mar. Possui um espaço
territorial urbano de 64 Km2 e rural de 236 Km2, sendo seu principal acidente
geográfico o rio que corta a cidade e que leva o mesmo nome do município (PMT,
2009). Sua economia está baseada no comércio, agricultura, com destaque para a
rizicultura, e na indústria cerâmica.
3.2 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo epidemiológico observacional de delineamento
transversal.
3.3 AMOSTRA
A população de estudo foram os soldados da 3a Cia/ 63o BI e que
prestaram o serviço militar durante o ano de 2010. No Brasil, o alistamento ao
serviço militar é obrigatório aos indivíduos do sexo masculino, no ano em que
completam 18 anos de idade. Por meio de critérios institucionais do Exército
Brasileiro, que incluem dentre outros, avaliação de escolaridade, exames físico,
psicológico e de saúde, incluindo o exame clínico odontológico, são selecionados os
jovens que prestam, na graduação de soldado, o serviço militar obrigatório no
Exército.
O número mínimo da amostra requerido para a obtenção da precisão
desejada foi calculado em 132 indivíduos, número este obtido por meio do programa
Epi Info 6.04. O valor da amostra foi calculado para que se tivesse um poder de 80%
para demonstrar uma diferença significativa entre os grupos, em um nível de
significância de 95%, se a diferença for equivalente a um odds ratio maior que 3. A
prevalência da exposição no grupo considerado controle é desconhecida, tendo sido
arbitrada em 20%.
A 3a Cia/ 63o BI apresentou 150 soldados que prestaram o serviço militar
durante o ano de 2010. Assim foi decidido convidar todos esses indivíduos para
participarem da pesquisa, caracterizando, portanto, um censo.
3.4 OBTENÇÃO DAS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
Foi obtida junto ao comando da 3a Cia/ 63o BI, a relação dos soldados que
prestaram o serviço militar naquela instituição durante o ano de 2010.
3.5 DINÂMICA PARA A COLETA DE DADOS
Inicialmente os soldados foram encaminhados individualmente ao
consultório odontológico da 3a Cia/ 63o BI em horários pré-agendados, em número
de 10 indivíduos por turno de trabalho.
Já no consultório odontológico foram explicados aos soldados os
objetivos e importância da pesquisa, e aqueles que decidiram participar da mesma
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A).
Posteriormente, foi realizada entrevista individual com os soldados, para
obtenção dos dados não clínicos, tendo sido fornecidas as informações necessárias
para a compreensão da mesma.
Após a coleta dos dados não clínicos foram obtidos os dados clínicos por
meio do exame clínico bucal, também realizado no consultório odontológico da 3a
Cia/ 63o BI.
3.6 COLETA DOS DADOS NÃO CLÍNICOS
A coleta dos dados não clínicos ocorreu por meio de entrevista
estruturada cujo roteiro encontra-se no Apêndice B.
O instrumento de coleta conteve perguntas referentes à caracterização do
perfil sócio-demográfico, incluindo dados referentes à renda e escolaridade.
Os dados referentes à auto-estima foram obtidos por meio da escala de
auto-estima de Rosenberg. O referido instrumento é composto por 10 afirmações
referentes à percepção individual da auto-estima e possui 4 repostas possíveis:
concordo totalmente, concordo, discordo e discordo totalmente.
Os dados referentes à auto-percepção de estética oral foram obtidos por
meio do instrumento Oral Aesthetics Subjective Impact Scale (OASIS). Este
instrumento é composto por 5 questões referentes à auto-percepção de como a
aparência dental influi no cotidiano do indivíduo. As respostas são assinaladas em
uma escala de 1 a 7, onde 1 é o valor com menor influência e 7 o valor com maior
influência.
3.7 COLETA DOS DADOS CLÍNICOS
Para a obtenção dos dados clínicos foi realizado o exame clínico bucal
dos soldados, a partir do qual foram retiradas as informações para o preenchimento
da ficha clínico-epidemiológica (Apêndice C). Este exame foi realizado por um
profissional cirurgião-dentista (autor deste estudo) no consultório odontológico da 3a
Cia/ 63o BI, estando o soldado reclinado na cadeira odontológica do referido
consultório. Foi utilizada iluminação natural (janela de vidro) e artificial oriunda de
luminárias fluorescentes presentes no teto da sala, e de “luz fria” do refletor do
próprio equipamento odontológico
Para a realização dos exames foram utilizados espátula de madeira
descartável, espelho clínico odontológico e sonda periodontal, esterilizados
previamente em autoclave, em número suficiente para cada turno de trabalho.
O examinador fez uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) de
uso comum em atendimentos odontológicos: óculos de proteção, máscara, gorro,
luvas e jaleco de mangas longas.
Foram examinados todos os dentes seguindo a seqüência: arcada
dentária superior do lado direito, depois lado esquerdo, posteriormente arcada
dentária inferior do lado esquerdo, concluindo pelo lado inferior direito.
Para fins de controlar possíveis variáveis de confusão, como por exemplo
a insatisfação de um indivíduo portador de má oclusão com sua estética oral, cuja
real causa de descontentamento seja um ou mais elementos dentários ausentes,
cariados, fraturados ou com restaurações esteticamente deficientes, foram também
coletadas informações sobre cárie dentária utilizando-se os critérios da World Health
Organization - WHO (1997) e de traumatismo dentário, tratamento realizado e
necessidade de tratamento utilizando-se os critérios de O’Brien (1994).
O indicador de cárie dentária foi o índice CPOD que, avalia a atividade
presente e passada de cárie dentária na dentição permanente, por meio da
presença de elementos dentários cariados, perdidos ou restaurados.
O indicador de traumatismo dentário de O’Brien (1994) avalia a presença
de fraturas nos dentes anteriores devido a trauma, por meio de dano em estruturas
como esmalte, dentina e polpa dentária.
Os dados referentes à má oclusão foram coletados por meio do indicador
Dental Aesthetic Index – DAI (WHO, 1997). Este indicador mensura parâmetros de
oclusão como apinhamento e espaçamento dentário, irregularidades na posição dos
dentes em relação aos arcos dentários e a relação de oclusão existente entre os
arcos dentários superior e inferior.
Os critérios para a coleta dos dados clínicos por meio dos indicadores
CPOD, de traumatismo dentário de O´Brien e DAI encontram-se no Anexo A.
3.7.1 Calibração do examinador
Para que um estudo baseado em dados clínicos obtenha resultados
confiáveis deve apresentar, entre outros atributos, reprodutibilidade diagnóstica. A
reprodutibilidade pode ser prejudicada pela divergência de diagnóstico e pelo erro
diagnóstico, este último minimizado por meio da padronização dos critérios para a
coleta dos dados. A divergência de diagnóstico pode ocorrer entre diferentes
examinadores (inter-examinador) ou mesmo, quando um examinador coleta dados
de uma mesma amostra em tempos diferentes (intra-examinador). Portanto, com o
objetivo de se obter a padronização dos critérios de diagnóstico em estudos
epidemiológicos, indivíduos que realizam exames com finalidade de coleta de dados,
devem ser “calibrados”. Entende-se por calibração o ato de repetir os exames para a
coleta dos dados, na mesma amostra, em tempos diferentes, pelo mesmo, ou
mesmos, examinadores (PERES; TRAEBERT; MARCENES, 2001).
A calibração do examinador desta pesquisa foi executada inicialmente
pelo detalhamento e fixação dos instrumentos de coleta e de seus indicadores.
Posteriormente, foram realizados exames bucais duplos em 10 indivíduos da
amostra, com intervalo de 5 dias, para posterior cálculo do indicador Kappa, que
norteou o grau de reprodutibilidade diagnóstica do examinador. O cálculo do
indicador Kappa foi realizado para cada condição clínica examinada, admitindo-se
um valor mínimo de k= 0,7 para todas as condições. O procedimento de calibração
foi realizado duas vezes, visto que na primeira tentativa não foi alcançado, para
todas as condições clínicas examinadas, o valor mínimo de kappa admitido para o
estudo (Apêndices D e E).
3.7.2 Exames em duplicata
Para aferir a reprodutibilidade diagnóstica do examinador durante a coleta
de dados, exames em duplicata foram realizados em 10% do total da amostra. Para
isso, em cada turno de trabalho, um indivíduo escolhido aleatoriamente foi
examinado pela segunda vez. A estatística Kappa foi utilizada para a aferição da
reprodutibilidade, admitindo-se um valor mínimo de k= 0,7 para todas as condições
avaliadas (Apêndice F).
3.8 ESTUDO PILOTO
Um estudo piloto foi realizado envolvendo 10% do total da amostra (n=15)
com o objetivo de testar a metodologia proposta. Para tanto, foram convidados para
participar integrantes da 3a Cia/ 63o BI não participantes do plano amostral. Os
objetivos do estudo foram explicitados e aqueles que concordaram em participar,
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A metodologia proposta
demonstrou-se exeqüível para a situação local.
3.9 VARIÁVEIS DE ESTUDO
As variáveis de estudo, sua caracterização, natureza e forma de utilização
são apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 - Variáveis de estudo.
Variáveis Dependente/
Independente
Natureza Utilização
Auto-estima: escala
de auto-estima de
Rosenberg
Dependente Qualitativa
ordinal
Ponto de corte:
percentil 75 - escores
entre 10 e 21 (melhor
auto-estima); escores
entre 22 e 30 (pior
auto-estima).
Escolaridade do
soldado: anos de
estudo finalizados
Independente Quantitativa
discreta
Ponto de corte: até 8 e
> 8 anos.
Escolaridade dos
pais do soldado: anos
de estudo finalizados
Independente Quantitativa
discreta
Ponto de corte: até 8 e
> 8 anos.
Renda familiar
per capita
Independente Quantitativa
contínua
Ponto de corte:
mediana da
distribuição - (R$
525,00).
Uso de aparelho
ortodôntico
Independente Qualitativa
nominal
dicotômica
Sim e não.
Auto-percepção de
estética oral:
indicador Oral
Aesthetic Subjective
Impact Scale
(OASIS)
Independente Qualitativa
ordinal
Ponto de corte:
mediana da
distribuição - escores
entre 5 e 14 (melhor
auto-percepção);
escores entre 15 e 29
(pior auto-percepção).
História de cárie
dentária: indicador
CPOD
(WHO, 1997)
Independente Quantitativa
discreta
Ponto de corte: CPOD
= zero e ≠ zero.
Quadro 1 – Variáveis de estudo (Continuação).
Variáveis Dependente/
Independente
Natureza Utilização
História de cárie
dentária nos dentes
anteriores: indicador
CPOD (WHO,1997)
Independente Quantitativa
discreta
Ponto de corte: CPOD
= zero e ≠ zero.
Presença de trauma
dentário: critérios de
O’Brien (1994)
Independente Qualitativa
nominal
dicotômica
Sim e não.
Tratamento realizado
devido ao trauma
dentário: critérios de
O’Brien (1994)
Independente Qualitativa
nominal
dicotômica
Sim e não.
Necessidade de
tratamento devido ao
trauma: critérios de
O’Brien (1994)
Independente Qualitativa
nominal
dicotômica
Sim e não.
Má oclusão: indicador
Dental Aesthetic
Index (DAI)
Independente Qualitativa
ordinal
Ponto de corte:
escores ≤ 30 (melhor
má oclusão); escores
>30 (pior má oclusão).
3.10 ANÁLISE DE DADOS
Os dados foram digitados no programa Excel e depois exportados para o
programa SPSS 16.0, onde foram analisados e descritos sob a forma de freqüência
relativa e absoluta. O teste do qui-quadrado (χ2) e prova exata de Fisher foram
utilizados para testar a homogeneidade de proporções. O nível de significância
estabelecido foi de p<0,05. Para testar a independência da associação entre a
variável dependente – baixa auto-estima – com as variáveis independentes
estudadas, procedeu-se análise de regressão logística múltipla pelo método
stepwise (HOSMER, LEMESHOW, 1989) baseada em um padrão hierárquico onde o
bloco das variáveis socioeconômicas constituiu os determinantes distais. Essas
variáveis condicionaram o bloco seguinte constituído por variáveis clínicas, que por
sua vez condicionaram o próximo bloco, constituído pela variável estética oral,
considerada como determinante proximal (Figura 2).
Figura 2 - Modelo de análise proposto.
A observação dos fatores determinantes foi inicialmente realizada em
cada bloco, onde as variáveis que apresentaram nível de significância estatística
p<0,20 na análise bivariada foram inseridas no modelo logístico, iniciando pela
variável com maior significância estatística e obedecendo a ordem decrescente para
a inclusão das demais. As variáveis que apresentaram nível de significância p<0,05
ou que ajustaram o modelo foram mantidas. As variáveis mantidas em cada bloco de
determinação compuseram a análise do modelo hierárquico. Aquelas que
apresentaram nível de significância p<0,05 ou que ajustaram o modelo foram
mantidas no modelo final. Como a prevalência das variáveis foi maior que 20%, as
Condições de saúde bucal
Estética oral
Auto-estima
Condições socioeconômicas
s
razões de chance (OR) e seus intervalos de confiança (95%) foram convertidos em
razões de prevalência (RP) conforme recomendações de Schiaffino et al. (2003).
3.11 QUESTÕES ÉTICAS
O projeto desta pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da Universidade do Sul de Santa Catarina sob o registro
09.616.4.02.III (Anexo B).
O comando da 3a Cia/ 63o BI foi informado dos objetivos, importância e
metodologia proposta para esta pesquisa. Após ter concordado com o
desenvolvimento da mesma, o comandante da 3a Cia/ 63o BI assinou a declaração
de ciência e concordância da instituição (Apêndice G).
Os soldados também foram informados dos objetivos e importância da
pesquisa, bem como a metodologia proposta. Aqueles que concordaram em
participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido,
conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Apêndice A).
Como parte dos preceitos éticos desta pesquisa, os resultados finais e
conclusões da mesma foram informados ao comando da 3a Cia/ 63o BI e aos
indivíduos que compuseram a amostra. Este feedback reveste-se de importância,
uma vez que engloba os indivíduos da amostra e os responsáveis pela instituição
colaboradora, como participantes do conhecimento produzido pela pesquisa.
4 RESULTADOS
Do total de 150 indivíduos da amostra, foram examinados e entrevistados
138, resultando em uma taxa de resposta de 92,0%. O principal motivo da não
resposta foi não concordar em participar da pesquisa.
A idade média dos sujeitos pesquisados foi de 19,4 anos (DP= 1,36).
Outras variáveis sócio-demográficas são demonstradas na Tabela 1.
Na Tabela 2 pode-se observar uma descrição dos aspectos clínico-bucais
avaliados no estudo. Observou-se que 75,4% (IC95% 68,2; 82,6) dos indivíduos
apresentaram um ou mais dentes cariados, perdidos ou restaurados. O trauma
dental demonstrou-se presente em 29,0% (IC95% 21,4; 36,6) dos indivíduos e a
presença de má oclusão definida, severa ou muito severa foi observada em 45,6%
(IC95% 37,3; 53,9) deles. Um pouco mais de um quarto dos indivíduos já haviam se
submetido a tratamento ortodôntico.
Tabela 1 - Caracterização sócio-demográfica.
VARIÁVEIS n %
Escolaridade do soldado (anos de estudo finalizados) ≤8 anos 14 10,1 >8 anos 124 89,9
Escolaridade do pai do soldado (anos de estudo finalizados) ≤8 anos 58 42,0 >8anos 64 46,4
Não informado 16 11,6 Escolaridade da mãe do soldado (anos de estudo finalizados)
≤8 anos 66 47,7 >8anos 68 49,4
Não informado 4 2,9 Renda familiar per capita (mediana em R$)
≤ 525,00 69 50,0 >525,00 69 50,0
TOTAL 138 100,0
Tabela 2 - Caracterização das condições clínico-bucais.
VARIÁVEIS CLÍNICO-BUCAIS n %
CPOD Zero 34 24,6 ≠ zero 104 75,4
Trauma dental1
Presente 40 29,0 Ausente 96 69,6
Má oclusão (escala de severidade do DAI) Oclusão normal ou má oclusão leve
2 75 54,4
Má oclusão definida3
26 18,8 Má oclusão severa
4 24 17,4
Má oclusão muito severa ou deformante5
13 9,4 Tratamento ortodôntico
Sim 35 25,4 Não 103 74,6
TOTAL 138 100,0 1Perda de informação: 2 casos.
2Escores do DAI ≤ 25.
3escores do DAI de 26-30.
4Escores do DAI de 31-35.
5Escores do DAI ≥36.
A tabela 3 demonstra especificamente os dados relativos à cárie dentária.
Em relação ao componente “C - cariado” do índice CPOD, 34,1% (IC95% 26,2; 42,0)
dos indivíduos apresentaram um ou mais dentes cariados, sendo a média igual a
0,71 (DP= 1,40). Para o componente “P – perdido” 18,7% (IC95% 12,2; 25,2) dos
indivíduos apresentaram um ou mais dentes perdidos, média igual a 0,35 (DP= 0,95)
e para o componente “O – restaurado” 67,8% (IC95% 60,0; 75,6) dos indivíduos
apresentaram um ou mais dentes restaurados, com média igual a 3,05 (DP= 3,67).
A média do índice CPOD foi igual a 4,12 (DP= 4,54).
Tabela 3 - Distribuição segundo o número de indivíduos afetados (índice CPOD).
CÁRIE DENTÁRIA n %
CPOD Zero 34 24,6 1 – 4 54 39,5 5 – 8 29 21,0 9 – 12 12 8,6 13 – 16 5 3,5 17 – 23 4 2,8
Componente C “cariado” Zero 91 65,9 1 – 2 35 25,4 3 – 4 7 5,1 5 – 8 5 3,6
Componente P “perdido” Zero 112 81,3 1 – 3 24 17,3 5 – 7 2 1,4
Componente O “restaurado” Zero 44 32,2 1 – 3 43 31,1 4 – 6 31 22,4 7 – 9 10 7,2 10 – 12 7 5,0 15 – 18 3 2,1
CPOD – dentição anterior Zero 117 84,9
1 10 7,2 2 – 3 6 4,3 4 – 7 5 3,6
TOTAL 138 100,0
Com relação aos aspectos do trauma dental, descritos na Tabela 4,
observa-se que a fratura de esmalte foi o tipo de maior prevalência, estando
presente em 23,2% dos indivíduos. O trauma dental se apresentou não tratado em
24,6% dos indivíduos e 24,6% apresentaram como necessidade de tratamento
devido ao trauma, a realização de restauração em resina.
Tabela 4 - Distribuição dos aspectos do trauma dental.
1Amostra com 138 indivíduos examinados.
2Amostra com 1.104 incisivos examinados.
TRAUMA DENTAL INDIVÍDUOS
1
n (%) DENTES
2
n (‰)
Dano Fratura de esmalte 32 (23,2) 36 (32,6) Fratura de esmalte e dentina 9 (6,5) 11 (9,9) Fratura com sinais ou sintomas de envolvimento pulpar 6 (4,3) 7 (6,3) Sem fratura, com sinais ou sintomas de envolvimento pulpar 1 (0,7) 1 (0,9)
Tratamento realizado Trauma não tratado 34 (24,6) 41 (37,1) Restauração com resina composta 6 (4,3) 8 (7,2) Tratamento endodôntico e restauração com resina composta 5 (3,6) 5 (4,5) Restauração com prótese unitária 1 (0,7) 1 (0,9)
Necessidade de tratamento Nenhum tratamento necessário 6 (4,3) 8 (7,2) Restauração em resina composta 34 (24,6) 42 (38,0) Tratamento endodôntico e restauração em resina composta 1 (0,7) 2 (1,8) Tratamento endodôntico, clareamento e restauração em resina composta
2 (1,4) 2 (1,8)
Restauração com prótese unitária 1 (0,7) 1 (0,9)
Em relação às condições de má oclusão, observou-se um alto percentual
de apinhamento dental em um ou nos dois arcos dentários (55,0%). O
desalinhamento dentário no arco mandibular e a relação molar de meia cúspide, ou
de cúspide inteira, foram observados em 47,8% e 40,6% dos indivíduos
respectivamente. Estas e outras condições relativas à má oclusão são apresentadas
na Tabela 5.
Tabela 5 - Distribuição e percentual da má oclusão segundo o Dental Aesthetic Index
(DAI).
MÁ OCLUSÃO n %
Dentes perdidos
Nenhum dente perdido 134 97,1 1 dente perdido 4 2,9
Apinhamento
Sem apinhamento 62 45,0 Apinhamento em 1 arco 46 33,3 Apinhamento nos 2 arcos 30 21,7
Espaços incisais
Sem espaços 113 81,9 Espaços em 1 arco 22 15,9 Espaços nos 2 arcos 3 2,2
Diastema incisal
Sem diastema 120 87,0 1 a 3 mm 18 13,0
Desalinhamento maxilar
Sem desalinhamento 106 76,9 1 a 3 mm 30 21,7 > 3 mm 2 1,4
Desalinhamento mandibular
Sem desalinhamento 72 52,2 1 a 3 mm 66 47,8
Overjet
0 – 3 mm 111 80,5 4 – 6 mm 27 19,5
Mordida aberta anterior
Sem mordida aberta 128 92,9
1 a 5 mm 10 7,1
Relação molar
Normal 82 59,4
Metade de uma cúspide 20 14,5
Cúspide inteira 36 26,1
TOTAL 138 100,0
Os resultados da auto-percepção da estética oral, obtidos por meio da
escala OASIS, demonstraram que o escore mínimo observado foi igual ao escore
mínimo possível (5), enquanto o escore máximo observado foi 29. A média
encontrada foi 14,29 (DP= 4,57) com valor da mediana igual a 14 (Tabela 6).
Tabela 6 - Estatística descritiva dos resultados da escala OASIS.
A descrição dos componentes da escala OASIS, demonstrou grande
preocupação dos indivíduos em relação à estética oral. Em resposta ao
questionamento “Você se preocupa com a aparência de seus dentes?”, foi obtido
valor da mediana igual a 6, sendo que apenas 1,4% dos indivíduos apresentaram o
escore mínimo da escala (1) e 25,4% apresentaram o escore máximo (7). Com
referência a limitação social da estética oral avaliada por intermédio da indagação
“você evita sorrir por causa da aparência dos seus dentes?” demonstrou-se valor da
mediana igual a 1, sendo que 79,7% dos indivíduos apresentaram o escore mínimo
da escala (1) e somente 4,3% apresentaram o escore máximo (7) (Tabela 7).
MEDIDAS OASIS
Valor mínimo observado (valor mínimo possível) 5 (5) Valor máximo observado (valor máximo possível) 29 (35) Média 14,3 Desvio-padrão 4,6 Mediana 14,0 Moda 10,0
Tabela 7 - Distribuição dos componentes da escala OASIS.
QUESTÕES/ESCORES* n %
Você se preocupa com a aparência dos seus dentes? 1 2 1,4 2 2 1,4 4 15 11,0 5 42 30,4 6 42 30,4 7 35 25,4
As outras pessoas já comentaram sobre a aparência dos seus dentes?
1 20 14,5 2 19 13,8 3 14 10,1 4 12 8,7 5 39 28,3 6 20 14,5 7 14 10,1
As pessoas já riram ou tiraram sarro da aparência dos seus dentes?
1 99 71,8 2 17 12,3 3 6 4,3 4 6 4,3 5 4 2,9 6 3 2,2 7 3 2,2
Você evita sorrir por causa da aparência dos seus dentes? 1 110 79,8 2 9 6,5 3 3 2,2 4 3 2,2 5 6 4,3 6 1 0,7 7 6 4,3
Você cobre a boca, em alguma ocasião, por causa da aparência dos seus dentes?
1 124 90,0 2 2 1,4 3 4 2,9 4 5 3,6 5 2 1,4 7 1 0,7
TOTAL 138 100,0
*Os escores 1 a 7 representam uma escala do tipo Likert de 7 pontos, onde o escore 1 está relacionado à melhor auto-percepção da estética oral e o 7 a pior.
Os resultados referentes à auto-estima, obtidos por meio da escala
Rosenberg demonstraram que o escore mínimo observado foi igual ao escore
mínimo possível (10), enquanto o escore máximo observado foi 30. A média
encontrada foi 18,34 (DP= 3,82) com valor da mediana igual a 18 (Tabela 8).
Tabela 8 - Estatística descritiva dos resultados da escala de auto-estima Rosenberg.
De uma forma geral, os indivíduos estudados apresentaram respostas
positivas em referência à auto-estima. Em relação à opção “Eu sinto que eu tenho
várias boas qualidades”, 94,2% dos indivíduos concordaram ou concordaram
totalmente com a afirmação. Em relação à opção “No geral, eu estou inclinado a
sentir que sou um fracasso”, 97,8% discordaram ou discordaram totalmente com a
afirmação (Tabela 9).
MEDIDAS ROSENBERG
Valor mínimo observado (valor mínimo possível) 10 (10) Valor máximo observado (valor máximo possível) 30 (40) Média 18,34 Desvio-padrão 3,82 Mediana 18 Moda 21
Tabela 9 - Distribuição dos componentes da escala de auto-estima de Rosenberg.
*Escala do tipo likert de 4 pontos: concordo totalmente (1), concordo (2), discordo (3), discordo totalmente (4).
COMPONENTES DA ESCALA*
n %
No conjunto, eu estou satisfeito comigo
Concordo totalmente 22 15,9 Concordo 101 73,2 Discordo 15 10,9
Às vezes, eu acho que não presto para nada
Concordo totalmente 1 0,7 Concordo 12 8,7 Discordo 73 52,9 Discordo totalmente 52 37,7 Eu sinto que eu tenho várias boas qualidades Concordo totalmente 48 34,8 Concordo 82 59,4 Discordo 8 5,8
Sou capaz de fazer coisas tão bem quanto a maioria das pessoas
Concordo totalmente 50 36,2 Concordo 84 60,9 Discordo 4 2,9
Eu sinto que não tenho muito do que me orgulhar
Concordo totalmente 1 0,7 Concordo 38 27,5 Discordo 54 39,2 Discordo totalmente 45 32,6
Eu com certeza me sinto inútil às vezes
Concordo totalmente 4 2,9 Concordo 16 11,6 Discordo 63 45,6 Discordo totalmente 55 39,9 Eu sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos do mesmo nível que as outras pessoas.
Concordo totalmente 58 42,0 Concordo 77 55,8 Discordo 3 2,2
Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim mesmo
Concordo totalmente 10 7,2 Concordo 74 53,6 Discordo 47 34,1 Discordo totalmente 7 5,1
No geral, eu estou inclinado a sentir que sou um fracasso
Concordo 3 2,2 Discordo 54 39,1 Discordo totalmente 81 58,7
Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo
Concordo totalmente 32 23,2 Concordo 91 66,0 Discordo 14 10,1 Discordo totalmente 1 0,7
TOTAL 138 100,0
Na Tabela 10 pode-se observar os resultados dos estudos de associação
entre auto-estima e variáveis sócio-demográficas, clínico-bucais e de auto-
percepção da estética oral. Observou-se que menor renda familiar (p= 0,001), menor
nível de educação da mãe (p= 0,027) e pior auto-percepção de estética oral (p=
0,017) apresentaram associação estatisticamente significativa com pior auto-estima.
Tabela 10 - Associação entre auto-estima com dados sócio-demográficos, clínico-
bucais e de auto-percepção da estética oral.
VARIÁVEL PIOR
AUTO-ESTIMA1
n (%)
MELHOR AUTO–ESTIMA
1
n (%)
X2
p
Renda familiar per capita (mediana em R$)
≤525,00 22 (31,8) 47 (68,2) 11,470 0,001 >525,00 6 (8,7) 63 (91,3)
Escolaridade do soldado (anos de estudo finalizados)
≤8 anos 4 (28,6) 10 (71,4) 0,661 0,416 >8 anos 24 (19,4) 100 (80,6)
Escolaridade da mãe do soldado (anos de estudo finalizados)
≤8 anos 19 (28,8) 47 (71,2) 4,901 0,027 >8 anos 9 (13,2) 59 (86,8)
Escolaridade do pai do soldado (anos de estudo finalizados)
≤8 anos 15 (25,9) 43 (74,1) 2,681 0,102 >8 anos 9 (14,1) 55 (85,9)
CPOD
≠ zero 21 (20,2) 83 (79,8) 0,002 0,960 Zero 7 (20,6) 27 (79,4)
CPOD dentição anterior
≠ zero 4 (19,0) 17 (81,0) 0,024 0,878 Zero 24 (20,5) 93 (79,5)
DAI2
Pior má oclusão 11 (29,7) 26 (70,3) 2,785 0,095 Melhor má oclusão 17 (16,8) 84 (83,2)
Trauma dental
Presente 5 (12,5) 35 (87,5) 2,267 0,132 Ausente 23 (24,0) 73 (76,0)
OASIS3
Pior auto-percepção 18 (29,5) 43 (70,5) 5,744 0,017 Melhor auto-percepção 10 (13,0) 67 (87,0)
Tratamento ortodôntico
Sim 5 (14,3) 30 (85,7) 1,045 0,307 Não 23 (22,3) 80 (77,7)
1Ponto de corte: percentil 75. Escores entre 22 e 30 – pior auto-estima; escores entre 10 e 21 –
melhor auto-estima. 2Ponto de corte: escores > 30 - pior má oclusão; escores ≤ 30 - melhor má oclusão.
3Ponto de corte: mediana da distribuição. Escores entre 15 e 29 - pior auto-percepção; escores entre
5 e 14 - melhor auto-percepção.
Os resultados dos modelos de regressão logística entre auto-estima e as
variáveis das condições sócio-demográficas, clínico-bucais e de estética oral são
encontrados nas Tabelas 11, 12 e 13. Observou-se que menor renda familiar (p=
0,015) e pior auto-percepção da estética oral (p = 0,010) apresentaram associação
estatisticamente significativa na análise bivariada ajustada para as características
entre si.
Tabela 11 - Resultados do modelo de regressão logística entre auto-estima e condições
sócio-demográficas.
VARIÁVEIS RPa (IC 95%) p RP
b (IC 95%) p
Renda familiar per capita (mediana – reais)
0,001 0,015
≤525,00 1,34 (1,85 – 13,08) 1,35 (1,06 – 1,72) >525,00 1,00 1,00
Escolaridade da mãe do soldado (anos de estudo finalizados)
≤8 anos
1,22 (1,10 – 6,35)
0,027
1,15 (0,83 – 1,60)
0,407
>8 anos 1,00 1,00 Escolaridade do pai do soldado (anos de estudo finalizados)
0,102 0,873
≤8 anos 1,16 (0,85 – 5,34) 1,03 (0,72 – 1,48) >8 anos 1,00 1,00
aAnálise bivariada;
bAjustada para as características entre si.
Tabela 12 - Resultados do modelo de regressão logística entre auto-estima e condições clínico-bucais.
VARIÁVEIS RPa (IC 95%) p RP
b (IC 95%) p
DAI1
0,095 0,107
Pior má oclusão 1,18 (0,97 - 1,44) 1,22 (0,96 - 1,54) Melhor má oclusão 1,00 1,00
Trauma dental 0,132 0,134
Presente 1,15 (0,95 - 1,38) 1,23 (0,94 - 1,63) Ausente 1,00 1,00
aAnálise bivariada;
bAjustada para as características entre si.
1Pior má oclusão: escores > 30; melhor má oclusão: escores ≤ 30.
Tabela 13 - Resultados do modelo de regressão logística entre auto-estima e condições estéticas.
VARIÁVEIS RPa (IC 95%) p RP
b (IC 95%) p
OASIS1
0,017 0,010
Pior auto-percepção 1,23 (1,03 – 1,46) 1,32 (1,07 - 1,63) Melhor auto-percepção 1,00 1,00
Tratamento ortodôntico 0,307 0,145
Não 1,10 (0,91 – 1,32) 1,24 (0,93 – 1,66) Sim 1,00 1,00
aAnálise bivariada;
bAjustada para as características entre si.
1Pior auto-percepção: escores entre 22 e 40; melhor auto-percepção: escores entre 10 e 21.
Os resultados do modelo de regressão logística múltipla não condicional
hierarquizado, representados na Tabela 14, apontaram associação estatisticamente
significativa entre auto-estima e renda per capita. Indivíduos com menor renda
familiar per capita demonstraram pior auto-estima [RP= 1,35 (IC95% 1,06; 1,72)]
quando comparados aos indivíduos com maior renda.
Tabela 14 - Associação entre fatores sócio-demográficos (bloco I), clínico-bucais (bloco
II) e estéticos (bloco III) com auto-estima – modelo de regressão logística múltipla não
condicional hierarquizado.
BLOCO III
OASIS2
0,017
Pior auto-percepção 1,23 (1,03 – 1,46) # Melhor auto-percepção 1,00
Tratamento ortodôntico 0,307
Não 1,10 (0,91 – 1,32) # Sim 1,00
aAnálise bivariada.
bAjustada para características demográficas e condições socioeconômicas entre si.
#Retirada do modelo por perda de significância. *Mantida devido ao modelo teórico. 1Pior má oclusão: escores > 30; melhor má oclusão: escores ≤ 30.
2Pior auto-percepção: escores entre 22 e 40; melhor auto-percepção: escores entre 10 e 21.
Teste Hosmer & Lemeshow – bloco I (p = 0,802). Teste Hosmer & Lemeshow – bloco II (p = 0,996). Teste Hosmer & Lemeshow – bloco III (p = 0,461).
VARIÁVEIS RPa (IC 95%) p RP
b (IC 95%) p
BLOCO I
Renda familiar per capita 0,001 0,015
(mediana – reais) ≤525,00 1,34 (1,85 – 13,08) 1,35 (1,06 – 1,72) >525,00 1,00 1,00
Escolaridade mãe (anos de estudo finalizados)
0,027 0,407*
≤8 anos 1,22 (1,10 – 6,35) 1,15 (0,83 – 1,60) >8 anos 1,00 1,00
Escolaridade pai (anos de estudo finalizados)
0,102
≤8 anos 1,16 (0,85 – 5,34) # >8 anos 1,00
BLOCO II
DAI1
0,095
Pior má oclusão 1,18 (0,97 - 1,44) # Melhor má oclusão 1,00
Trauma dental 0,132
Presente 1,15 (0,95 - 1,38) # Ausente 1,00
5 DISCUSSÃO
5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO E SUAS LIMITAÇÕES
Este estudo coletou dados de 138 indivíduos, tendo sido o número
mínimo da amostra (n= 132) calculado por meio do programa Epi Info 6.04.
Apesar de o objetivo principal deste estudo tenha sido avaliar a relação
entre má oclusão e auto-estima, para controlar possíveis variáveis clínicas de
potencial confusão foram obtidos também dados referentes à cárie e trauma dental.
A reprodutibilidade diagnóstica dos dados clínicos obtidos neste estudo foi
assegurada pela calibração do examinador, por meio de exame em duplicada,
realizado com intervalo de 5 dias em 10 indivíduos da amostra, tendo sido obtido o
valor mínimo de kappa igual a 0,7.
Para testar a metodologia proposta para a pesquisa foi desenvolvido um
estudo piloto em 10% dos indivíduos da amostra, utilizando-se os mesmos
instrumentos, instalações e rotina aplicados durante a coleta dos dados.
Para testar a independência da associação entre a variável dependente,
baixa auto-estima, com as variáveis independentes estudadas, procedeu-se análise
de regressão logística múltipla pelo método stepwise (HOSMER, LEMESHOW,
1989) baseada em um padrão hierárquico.
As variáveis que apresentaram nível de significância p<0,05 ou que
ajustaram o modelo foram mantidas no modelo final, tendo sido as razões de chance
(OR) e seus intervalos de confiança (95%) convertidos em razões de prevalência
(RP), conforme recomendações de Schiaffino et al. (2003).
Uma das principais limitações do presente estudo foi a natureza
transversal do mesmo, o que impossibilita estabelecer eventual relação causal entre
exposição e desfecho. Desta forma, é impossível determinar se as associações
encontradas precederam ou sucederam a ocorrência do desfecho.
Outras limitações deste estudo referem-se às restrições relativas aos
indivíduos que compõem a amostra como faixa etária, idades entre 18 e 21 anos,
sexo, somente indivíduos do sexo masculino, e local de moradia, todos residentes
no município de Tubarão ou cidades próximas, fatores estes que restringem a
extrapolação dos resultados deste estudo para outras populações, afetando assim a
validade externa do estudo.
A utilização de entrevistas estruturadas para obtenção dos dados não
clínicos referentes às variáveis sócio-demográficas, de auto-estima e de auto-
percepção da estética oral também se apresenta como possível fator limitador deste
estudo. Este meio para obtenção de dados pode ser percebido de diferentes formas
pelos indivíduos avaliados, principalmente quando questionados a respeito de
aspectos relativos à renda familiar, estética auto-referida e auto-estima.
Os indivíduos avaliados nesta pesquisa, selecionados para prestarem o
serviço militar obrigatório, foram pré-selecionados durante o processo de alistamento
no Exército Brasileiro através de, inclusive, exame odontológico onde indivíduos com
condições precárias de saúde bucal foram eliminados do processo de seleção. Este
mecanismo se apresenta como outra limitação desta pesquisa, pois favorece a
formação de uma amostra mais homogênea e com possibilidade de apresentar
melhores condições de saúde bucal.
Também configura limitação desta pesquisa, o fato de sua amostra ter
sido composta por indivíduos institucionalizados. Embora a concordância em
participar desta pesquisa tenha sido de caráter individual e principalmente opcional,
o fato de os participantes da amostra pertencerem ao quadro de militares do
Exército Brasileiro, instituição fundamentada na hierarquia e disciplina, pode tê-los
motivado a participarem da pesquisa, independentemente do interesse em colaborar
com novas descobertas científicas. Estes fatos podem derivar no fornecimento de
informações de forma descompromissada e relapsa, evidenciando a possibilidade de
vieses de informação.
5.2 DADOS DE PREVALÊNCIA
Tendo em mente estas limitações que poderiam influenciar os resultados
desta pesquisa, cabe ressaltar que o principal objetivo do estudo foi avaliar a
influência da má oclusão e da auto-percepção da estética oral sobre a auto-estima
dos indivíduos estudados. Com esta finalidade foram coletados além de dados
clínico-bucais referentes à má oclusão, obtidos por meio do Dental Aesthetic Index
(DAI), dados relativos à cárie e trauma dental. Além das variáveis clínicas foram
avaliados dados sócio-demográficos, escolaridade e renda, bem como aspectos
relativos à auto-percepção da estética oral e à auto-estima dos indivíduos avaliados,
respectivamente por meio dos indicadores Oral Aesthetic Subjective Impact Scale
(OASIS) e escala de auto-estima Rosenberg.
Os resultados dos modelos de regressão logística demonstraram haver
associação estatisticamente significativa entre auto-estima e a auto-percepção da
estética oral e entre auto-estima e renda dos indivíduos estudados. Entretanto,
quando realizado o modelo de regressão logística múltipla não condicional
hierarquizado associando os fatores clínico-bucais, sócio-demográficos e estéticos,
a renda familiar per capita foi a única variável que manteve associação
estatisticamente significativa com a auto-estima.
Com relação aos dados sócio-demográficos esta pesquisa identificou que
89,8% dos indivíduos avaliados, 46,4% de seus pais e 49,1% de suas mães
apresentavam mais que 8 anos de estudo conclusos. Estes dados são semelhantes
aos encontrados por Traebert e Peres (2005) em sua pesquisa desenvolvida com
414 indivíduos selecionados para prestarem o serviço militar obrigatório no Exército
Brasileiro em Florianópolis, SC, com a finalidade de avaliar a prevalência das má
oclusões e seus impactos sobre a qualidade de vida. Observaram que 83,1% dos
indivíduos avaliados, 44,6% de seus pais e 51,8% de suas mães apresentavam mais
que 8 anos de estudo conclusos. Entretanto, os dados de outra pesquisa
desenvolvida por Gesser, Peres e Marcenes (2001) com 218 indivíduos com 18
anos de idade, também selecionados para prestarem o serviço militar no Exército
Brasileiro em Florianópolis, com a finalidade de avaliar a relação entre as condições
socioeconômicas e alterações gengivais e periodontais, demonstrou que apenas
56,4% dos indivíduos avaliados, 49,6% de seus pais e 42,0% de suas mães
apresentavam mais de 8 anos de estudo conclusos.
Nesta pesquisa os dados referentes à renda dos indivíduos estudados,
evidenciaram que a mediana per capita nas residências destes foi igual a R$ 525,00
(cerca de US$ 316,00 em maio de 2011). Estes dados são comparáveis à pesquisa
de Gesser, Peres e Marcenes (2001) cujos resultados demonstraram ser a renda per
capita nos domicílios dos indivíduos estudados superior a US$ 367,00 (valor
referenciado em setembro de 1999) em 73,1% dos casos. Já na pesquisa de
Traebert e Peres (2005) os resultados demonstraram que a renda per capita na
residência dos indivíduos estudados foi inferior ou igual a US$ 111,00 (valor
referenciado em setembro de 2003) em 50,2% dos casos.
Com relação aos dados clínico-bucais os resultados deste estudo
demonstraram uma alta prevalência de história de cárie dentária (74,9%). Ainda que
a prevalência da cárie dentária, de forma generalizada, tenha diminuído muito nas
últimas décadas, países em desenvolvimento ou com inadequada distribuição de
renda, ainda apresentam elevada prevalência da doença. Esta pesquisa apontou um
CPOD médio igual a 4,12 (DP= 4,54).
Amaral et al. (2005) desenvolveram uma pesquisa em Maringá, PR, com
objetivo de avaliar a prevalência, severidade e os fatores associados à cárie dentária
em adultos jovens do sexo masculino. A amostra foi composta por conscritos do
Exército Brasileiro (n= 241) na faixa etária de 18 anos tendo sido o valor médio do
índice CPOD igual a 4,6 (DP= 4,3). Viana et al. (2009) em sua pesquisa realizada
na cidade de Manaus, AM, cuja finalidade era observar a relação entre fatores
socioeconômicos e a prevalência de cárie dentária, examinou 578 jovens, também
conscritos do Exército Brasileiro, com idades entre 17 e 19 anos, apontando um
CPOD médio igual a 5,16 (DP= 0,17).
O valor médio do CPOD encontrado no presente estudo foi inferior aos
resultados obtidos por Crispim et al. (2010) em seu estudo realizado em Balneário
Camburiú, SC, com 313 indivíduos com idades entre 15 e 19 anos. Chegaram a um
valor médio do CPOD aos 18 e 19 anos igual a 9,8 (DP= 5,1). Além de demonstrar
um elevado CPOD, o estudo também caracterizou o efeito cumulativo da cárie
dentária, uma vez que demonstrou um CPOD médio igual a 4,9 aos 16 anos, 7,1 aos
17 anos e 9,8 aos 18 e 19 anos.
Os resultados da presente pesquisa demonstraram que 24,6% dos
indivíduos avaliados apresentavam índice CPOD igual à zero, ou seja, não
apresentavam sinais passados ou presentes de atividade de cárie dentária. Estes
resultados são melhores que os apresentados por Amaral et al. (2005) e Viana et al.
(2009) que observaram esta condição em 17,4% e 11,2% dos indivíduos de suas
amostras, respectivamente. Entretanto, os resultados da presente pesquisa
demonstram uma menor prevalência de indivíduos sem história de cárie, quando
comparados aos resultados da pesquisa de Traebert e Peres (2005). Esses autores
identificaram que 33,1% dos indivíduos avaliados em seu estudo não apresentavam
sinais presentes ou passados de cárie dentária.
Com relação à composição do índice CPOD, os dados deste estudo
demonstraram que o componente “O” apresentou maior percentual (56,3%)
enquanto os componentes “C” e “P” representaram respectivamente 28,1% e 15,6%
do índice. Esta predominância do componente “O” sobre os demais foi também
apontada pelas pesquisas de Amaral et al. (2005) e Viana et al. (2009). Entretanto,
na pesquisa de Amaral et al. (2005) os resultados obtidos demonstram uma maior
representatividade do componente “O” (80,5%), enquanto na pesquisa de Viana et
al. (2009) observou-se uma menor contribuição deste componente (40,1%) quando
comparados aos resultados do presente estudo.
Os dados desta pesquisa demonstram que 81,2% dos indivíduos
avaliados não apresentaram nenhum dente perdido. Estes resultados são superiores
aos preconizados pela OMS para o ano 2000 aos 18 anos (80%) e aos encontrados
pelo levantamento nacional de saúde bucal realizado no Brasil em 2003 (BRASIL,
2004) para a mesma faixa etária. Neste estudo encontrou-se o componente P do
índice CPOD igual a zero em 55,1% dos indivíduos avaliados em âmbito nacional e
em 66,5% no sul do país.
A literatura científica é escassa em relação ao tema trauma dental em
populações adultas, sendo os estudos geralmente baseados em serviços e por este
motivo apresentam alta prevalência dos tipos de trauma de maior gravidade, como
fraturas complexas e avulsões. Traumas de menor evidência, como as frequentes
fraturas de esmalte, são menos documentados na literatura. Esta pesquisa
encontrou uma prevalência de trauma dental igual a 29,0%. Este valor é aproximado
aos resultados da pesquisa de Traebert e Peres (2005) que encontraram uma
prevalência de 21,5% para uma amostra semelhante à utilizada neste estudo. Dos
tipos de trauma, o mais prevalente no presente estudo foi a fratura de esmalte
(63,1%), seguido pelo trauma de esmalte e dentina (19,3%) e daqueles com sinais
de envolvimento pulpar (14,0%). Dos indivíduos com sinais de trauma dental
avaliados neste estudo, 74,1% apresentaram trauma não tratado, sendo que destes
77,6% apresentaram como necessidade de tratamento, a restauração com resina
composta. Estes dados são parcialmente concordantes aos achados de Bastone,
Freer e McNamara (2000) que em um trabalho de revisão da literatura sobre a
epidemiologia do trauma dental, observaram ser a fratura coronal simples, sem
exposição pulpar, o tipo de trauma dental mais prevalente na maioria dos estudos
avaliados. Traebert, Marcon e Lacerda (2010) em um estudo desenvolvido para
avaliar a prevalência e os fatores associados ao trauma dental em escolares de 12
anos de idade (n= 405) na cidade de Palhoça, SC, utilizando o mesmo instrumento
de mensuração aplicado neste estudo, observaram que dos indivíduos com trauma
dental 91,6% apresentavam apenas fratura de esmalte. Dos indivíduos com sinais
de trauma dental 43,9% apresentaram trauma não tratado, e destes 88,9%
apresentaram como necessidade de tratamento devido ao trauma, a realização de
restauração do elemento dental traumatizado com resina composta.
Visto que os sinais do trauma dental não regridem no tempo e que sua
mensuração dá-se normalmente de forma cumulativa, semelhantemente ao que
acorre com a cárie dentária, observa-se uma maior prevalência em indivíduos de
maior idade, sem necessariamente indicar um maior risco de ocorrência
(TRAEBERT, 2006). Dados provenientes de pesquisas com diferentes faixas etárias
devem ser observadas cautelosamente e as comparações devem ser evitadas.
Os resultados desta pesquisa demonstraram, segundo as normatizações
do DAI, que o tipo de má oclusão de maior prevalência encontrada foi o
apinhamento dos dentes incisivos (55,0%), seguido do desalinhamento dos incisivos
inferiores (47,8%) e da relação molar de meia cúspide ou de cúspide inteira (40,6%).
Com resultados semelhantes a esta pesquisa, Marques et al. (2009) demonstraram
também ser o apinhamento dos dentes incisivos, a inadequada relação molar e o
desalinhamento dos incisivos inferiores, os tipos de má oclusão de maior
prevalência, tendo sido encontrados respectivamente em 65,5%, 61,5% e 37,3%
dos indivíduos avaliados.
Assim como em pesquisas anteriores que utilizaram o DAI para avaliarem
as características da má oclusão (PERES; TRAEBERT; MARCENES, 2002;
BRASIL, 2004; HAMAMCI; BASARAM; UYSAL, 2009; MARQUES et al., 2009) este
estudo identificou uma alta prevalência de má oclusão (45,6%). A prevalência
encontrada nesta pesquisa foi superior àquela encontrada na pesquisa de Hamamci,
Basaram e Uysal (2009) na Turquia, onde, avaliando-se 841 indivíduos de uma
população adulta, com idade média de 21,9 anos, encontrou-se uma prevalência de
má oclusão igual a 33,5%. Entretanto, os resultados do presente estudo
demonstraram uma prevalência de má oclusão inferior aos 71,3% encontrada na
pesquisa de Peres, Traebert e Marcenes (2002), cujo intuito era o de avaliar a
diferença entre a auto-percepção dos indivíduos e os critérios clínico-normativos
para classificação das má oclusões, em uma amostra de 315 indivíduos com idades
entre 14 e 18 anos em Florianópolis, SC.
Também com prevalência de má oclusão superior à encontrada nesta
pesquisa, os dados do levantamento epidemiológico nacional em saúde bucal
realizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), demonstraram que na faixa
etária dos 15 aos 19 anos 53,2% da população apresentava algum tipo de má
oclusão. A prevalência encontrada na presente pesquisa foi próxima àquela obtida
no estudo de Marques et al. (2009). Este estudo avaliou os fatores associados ao
desejo de adolescentes e seus pais em realizar tratamento ortodôntico, em uma
amostra de 403 indivíduos com idades entre 14 e 18 anos, em Belo Horizonte, MG.
Os autores encontraram prevalência de má oclusão igual a 49,0% nos indivíduos
avaliados.
Em relação à severidade, este estudo encontrou uma alta prevalência de
má oclusões classificadas como severas ou muito severas (26,8%), ou seja, escores
do DAI igual ou superior a 31 pontos, indicando necessidade tratamento ortodôntico
altamente desejável ou obrigatória. Esta prevalência é próxima aos resultados
obtidos no estudo da Turquia, onde se identificou que 21,5% dos indivíduos
apresentavam má oclusão severa ou muito severa. Especificamente em relação as
má oclusões classificadas como muito severas, escores do DAI igual ou superior a
36 pontos, com necessidade de tratamento obrigatória, esta pesquisa encontrou
uma prevalência igual a 9,4%. Este percentual é aproximado ao encontrado por De
Paula et al. (2009) em seu estudo que avaliou o impacto psicossocial da estética
dental sobre a qualidade de vida em uma amostra de 301 indivíduos, com idade
média de 16,1 anos, na cidade de Goiânia, GO. Os autores mostraram que 10,3%
dos indivíduos avaliados apresentavam má oclusão muito severa. Entretanto, os
dados obtidos pelo levantamento nacional em saúde bucal no Brasil (BRASIL, 2004)
demonstram que em âmbito nacional, na faixa etária de 15 a 19 anos, 18,7% dos
indivíduos apresentaram má oclusão muito severa, prevalência esta superior aquela
encontrada neste estudo.
Este estudo utilizou o índice Oral Aesthetic Subjective Impact Scale
(OASIS) para coletar dados referentes à auto-percepção da estética oral dos
indivíduos avaliados, sendo a média dos valores obtidos igual a 14,3 (DP= 4,6).
Pimenta e Traebert (2010) no estudo para validação da escala OASIS para a cultura
brasileira na cidade de Tubarão, SC, utilizando uma amostra de 304 indivíduos com
idades entre 13 e 19 anos, obtiveram um valor médio para a escala OASIS igual a
14,8 (DP= 4,1), ou seja, valores muito aproximados aos resultados obtidos no
presente estudo. Apesar de próximos, estes resultados são discordantes aos de
Marques et al. (2009) que também utilizaram em sua pesquisa o indicador OASIS,
para verificar a auto-percepção da estética oral, e o indicador DAI para mensurar os
parâmetros clínicos da má oclusão. Estes autores observaram uma maior
prevalência de má oclusão em indivíduos com pior auto-percepção da estética oral.
O presente estudo utilizou a escala de auto-estima Rosenberg para
coletar os dados referentes a auto-estima dos indivíduos avaliados. Os resultados
apontaram para um valor médio igual a 18,3 (DP= 3,8), tendo sido o escore mínimo
encontrado igual ao escore mínimo possível (10) e o escore máximo encontrado
igual a 30, sendo o escore máximo possível igual a 40.
Estes resultados demonstraram uma melhor condição de auto-estima da
população avaliada no presente estudo, quando comparados aos resultados de
Rojas-Barahona, Zegers e Forster (2009) em sua pesquisa para a validação da
escala de auto-estima Rosenberg para a cultura chilena. Esta pesquisa desenvolvida
com 473 adultos de Santiago encontrou um valor médio igual a 32,5 (DP= 4,1), com
o escore mínimo encontrado igual a 18 e o máximo igual 40, sendo, entretanto, a
faixa etária avaliada entre 30 e 75 anos de idade.
5.3 ESTUDOS DE ASSOCIAÇÃO
Os estudos de associação entre auto-estima e as variáveis sócio-
demográficas, clínico-bucais e de auto-percepção da estética oral demonstraram que
renda familiar per capita, nível de educação da mãe e auto-percepção de estética oral
apresentaram associação estatisticamente significativa. Entretanto, o modelo de
regressão logística múltipla não condicional hierarquizado demonstrou que somente
renda familiar per capita manteve associação estatisticamente significativa e
independente com auto-estima.
Contrariando os resultados encontrados em outras pesquisas, este estudo
não encontrou associação estatisticamente significativa entre auto-estima e auto-
percepção de estética oral e entre auto-estima e má oclusão. Onyeaso (2003)
avaliando a relação entre a auto-estima, auto-percepção das má oclusões e os
escores do DAI em uma amostra de 520 jovens com idades entre 12 e 18 anos, em
Ibadan, Nigéria, observou significância estatística entre auto-estima e a auto-
percepção da má oclusão. Onyeaso e Sanu (2005) em outro estudo, também em
Ibadan, para avaliar as implicações psicossociais da má oclusão entre escolares
com idade média de 14,9 anos (n= 614), demonstraram haver relação
estatisticamente significativa entre a presença de má oclusão, a auto-percepção da
imagem corporal e a auto-estima. Badran (2010) em estudo que avaliou o efeito da
má oclusão e da auto-percepção da estética sobre a auto-estima em 410
adolescentes jordanianos, com idade média de 15 anos, verificou que a insatisfação
com a aparência dental é um forte fator de pré-disposição para baixa auto-estima.
Observou também que indivíduos que tinham realizado tratamento ortodôntico,
tinham auto-estima mais elevada quando comparados àqueles que não realizaram
tratamento.
Este antagonismo pode estar relacionado ao fato de os estudos
mencionados terem sido realizados em populações adolescentes, com média de
idade em torno de 15 anos, enquanto a presente pesquisa utilizou uma amostra
composta de indivíduos adultos, com média de idade de 19,4 anos. Na adolescência
intensificam-se os relacionamentos sociais, sendo o auto-conceito do indivíduo
moldado e regulado, dentre outros determinantes, pela percepção dos outros a
respeito de si. Nesta fase da vida, a aparência física tem grande influência na auto-
satisfação do indivíduo, e a preocupação com a correção das má oclusões está
relacionada com a aparência facial e com a aceitação social (MARQUES, 2009).
Já na vida adulta, pode-se sugerir que os relacionamentos sociais estão
estabelecidos, com ênfase ao campo de trabalho e familiar. A auto-satisfação toma
outros contornos, como realização profissional, familiar e financeira, diminuindo a
importância da percepção estética e, portanto exercendo menor influência sobre a
auto-estima. Desse modo, pode-se hipotetizar que em indivíduos mais jovens a
presença da má oclusão pode afetar negativamente a auto-estima, enquanto que em
indivíduos adultos esta influência pode ser minimizada.
A presente pesquisa verificou relação estatisticamente significativa na
relação entre auto-estima e renda per capita, onde os indivíduos com menor renda
demonstraram maior prevalência de pior auto-estima [RP= 1,35 (IC95% 1,06; 1,72)]
quando comparados àqueles com maior renda. Estes dados são concordantes aos
de Silva et al. (2007) em seu estudo desenvolvido em Pelotas, RS, com uma
amostra de 960 indivíduos com idades entre 15 e 18 anos, para verificar os fatores
associados ao bem-estar psicológico na adolescência. Os resultados deste estudo
demonstraram que indivíduos com nível socioeconômico inferior demonstraram
maior chance de apresentarem menor nível de bem-estar psicológico [OR= 1,74
(IC95% 1,26; 2,39)] quando comparados a indivíduos de melhor condição
socioeconômica.
Segundo Boing, Kovaleski e Antunes (Apud ANTUNES; PERES, 2006) a
privação de bens e serviços necessários às condições adequadas de existência,
fomenta o processo de exclusão social e atua de forma devastadora sobre a saúde.
Este dano à saúde implica não somente o impacto biológico, mas também
desordens de natureza psicológica e social. Adversidades econômicas, educacionais
e de saúde, entre outras, traduzem-se em estigma promovendo a exclusão social. A
sociedade comumente rejeita ou marginaliza aqueles que não se enquadram em seu
padrão de consumo e produção como os mais pobres, os que portam doenças ou
deficiências e os emocionalmente vulneráveis. Esta marginalização aumenta os
riscos de danos à saúde, afetando não somente o indivíduo, mas também a saúde
global da população. A privação de bens e serviços não se expressa somente em
condições de miserabilidade. A saúde de uma população é moldada por intermédio
de diferentes graus de privação, através de um complexo processo de interações
causais, fazendo com que o processo de exclusão social seja graduado por
diferentes níveis de desigualdade social. Esta graduação tem como resultado, o
risco diferenciado para o desenvolvimento das doenças, onde se percebe nos
extratos sociais pauperizados piores indicadores de qualidade de vida, maior
impacto da mortalidade, maior precocidade na deterioração da saúde e no início de
doenças crônicas. A estruturação da sociedade de consumo fez com que o acesso a
bens e serviços, oriundo das relações comerciais, tomasse grande importância no
estrato social. Com isso, o fator renda passa a ser ponto fundamental,
representando uma medida socioeconômica diretamente relacionada à aquisição de
condições materiais de vida, como o acesso à saúde, e demonstrador das
desigualdades sociais. O padrão de renda de um indivíduo, ou população, influencia
diretamente seu acesso a bens e serviços relacionados intimamente com fatores de
risco e de proteção para várias doenças (BOING; KOVALESKI; ANTUNES Apud
ANTUNES; PERES, 2006).
A renda representa a medida socioeconômica que propicia a minoração
das mazelas cotidianas, pois favorece o acesso a padrões adequados de saúde,
educação, transporte, habitação, meio ambiente, saneamento, segurança, lazer
entre outras necessidades encontradas com dificuldades em países caracterizados
pela má distribuição de renda, como o Brasil. A disponibilidade, ou não, desses bens
criam padrões diferenciados de qualidade de vida entre os indivíduos de um mesmo
grupo ou entre diferentes grupos sociais, demonstrando a grande influência do fator
renda nas condições de saúde da população (BUSS, 2000).
A relação entre desigualdade social e condições socioeconômicas não se
restringe somente ao campo individual, atuando também no âmbito coletivo.
Populações com grandes discrepâncias de ordem socioeconômicas demonstram
ineficiência em diminuir o impacto social das doenças sobre sua coletividade,
implicando em piores condições de vida aos seus membros economicamente
desprovidos (BOING; KOVALESKI; ANTUNES Apud ANTUNES; PERES, 2006).
A partir do pensamento de Paim e Almeida Filho (2000) que relaciona o
estado de saúde do indivíduo como resultante da estrutura social e dos
determinantes sociais do processo saúde-doença, pode-se adotar o raciocínio de
Castellanos (1991) que aponta três níveis para atuação no processo saúde-doença
da população. O primeiro nível apontado pelo autor refere-se ao plano individual,
implementado através de estratégias de alto risco. O segundo refere-se aos grupos
sociais, implementado por meio de estratégias populacionais. O terceiro nível refere-
se aos modelos econômicos, implementado por meio de políticas públicas.
Desenvolvendo este raciocínio para o presente estudo, onde os resultados
demonstraram relação estatisticamente significativa entre renda e auto-estima,
pode-se sugerir a implementação de modelos para inserção ou reinserção do
indivíduo no mercado de trabalho, possibilitando acesso à renda, no nível individual;
acesso ao trabalho a portadores de dificiências, oferta de cursos profissionalizantes
aos mais jovens, garantia de renda àqueles impossibilitados de exercer atividades
remuneradas, como idosos e incapazes no nível do grupo social; e a adoção de
políticas públicas voltadas à educação, geração de novos postos de trabalho e maior
equidade na distribuição da renda no nível de modelos econômicos.
Especificamente com relação a população avaliada nesta pesquisa, sabe-
se que o serviço militar obrigatório no Exército Brasileiro tem duração de cerca de
um ano. Após este período os indivíduos são reconduzidos à sociedade civil, não
havendo, portanto, garantia de renda a estes. Preocupado com esta situação o
Exército Brasileiro mantém convênios com instituições de ensino superior e com
orgãos de formação técnica como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Embora este
tipo de intercâmbio possibilite o encaminhamento profissional ao mercado de
trabalho, engloba apenas uma pequena minoria dos indivídiuos que prestam o
serviço militar obrigatório no Exército. Sendo assim, sugere-se o estudo da
ampliação destes tipos de intercâmbio, aumenando o número de vagas nas
instituições já conveniadas e buscando o credenciamento de novas, bem como o
desenvolvimento de cursos profissionalizantes dentro das próprias organizações
militares, utilizando a formação técnica dos militares de carreira em áreas como por
exemplo, computação, logística, saúde, mecânica, veterinária, segurança entre
outros. Estes mecanismos podem propiciar o acesso destes adultos jovens ao
mercado de trabalho e a um padrão adequado de renda, tendo como consequência
a melhoria na auto-estima e qualidade de vida desses indivíduos.
6 CONCLUSÕES
Este estudo encontrou a prevalência de má oclusão igual a 45,6%.
Os tipos de má oclusão mais prevalentes encontradas foram apinhamento
dental em um ou ambos os arcos dentais (55,0%), desalinhamento dental no arco
mandibular (47,8%) e relação molar de meia cúspide ou cúspide inteira (40,6%).
Os resultados da auto-percepção da estética oral demonstraram um
escore médio igual a 14,29 (DP= 4,57), em uma escala com escore mínimo possível
igual 5 e escore máximo possível igual a 35.
Os resultados referentes à auto-estima demonstraram um escore médio
igual a 18,37 (DP= 3,82), em uma escala com escore mínimo possível igual a 10 e
escore máximo possível igual a 40.
Este estudo não verificou associação estatisticamente significativa entre
má oclusão e auto-estima.
Foi encontrada associação estatisticamente significativa entre renda
familiar per capita e auto-estima, tendo os resultados demonstrado que indivíduos
com menor renda apresentaram maior prevalência de pior auto-estima [RP= 1,35
(IC95% 1,06; 1,72)] quando comparados a indivíduos de maior renda.
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APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar da pesquisa “AUTO-ESTIMA, ESTÉTICA
ORAL E MÁ OCLUSÃO: UM ESTUDO ENVOLVENDO ADULTOS JOVENS DO SEXO
MASCULINO”, sob a responsabilidade do pesquisador Dikson Claudino.
Para essa pesquisa é necessário um exame de seus dentes e da reposta a uma
entrevista na qual suas dúvidas podem ser retiradas com o pesquisador que ficará de prontidão
para auxiliá-lo. Você não corre riscos, nem terá desconforto, pois os dados obtidos através do
exame e do preenchimento do questionário serão utilizados apenas para a pesquisa e sua
identidade será preservada em sigilo.
Você não terá benefícios financeiros participando da pesquisa, mas suas informações
seguramente contribuirão para um melhor conhecimento da relação entre o mal
posicionamento dos dentes e a auto-estima das pessoas, e poderão ainda ser úteis para o
planejamento de políticas de saúde em sua região. Se tiver interesse, você poderá acompanhar
os resultados da pesquisa, bastando para isso solicitar ao pesquisador.
Sua participação na pesquisa é livre. Você pode se recusar a participar e não dar seu
consentimento para uso de seus dados a qualquer momento da pesquisa. Sua negação não lhe
acarretará nenhuma penalização ou prejuízo ao seu cuidado.
Se você aceitar participar, deverá assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, o qual você receberá uma cópia.
Dados do Pesquisador da UNISUL em caso de dúvidas:
Dikson Claudino, Mestrando em Ciências da Saúde, Unisul/Tubarão.
Contato: Tel- (48) 3632-5812 / e-mail – [email protected]
Eu, __________________________________________, RG nº _____________________
Idade: _____________ anos, declaro que concordo em participar, como voluntário, da
pesquisa acima descrita.
Tubarão, _____ de ____________ de _______
APÊNDICE B – Questionário de dados não clínicos
Data nascimento (dia, mês, ano) |___|___|___|___|___|___| Data da realização (dia, mês, ano) |___|___|___|___|___|___|
Número de
identificação |___|___|___| Exame em duplicata: sim (1), não (2) |___|
Questionário sócio-demográfico 1- Qual a última série/ano escolar você concluiu com aprovação? EDSOL |___||___| PRIMEIRO GRAU (0) Não estudou (1) Primeira (2) Segunda (3) Terceira (4) Quarta (5) Quinta (6) Sexta (7) Sétima (8) Oitava SEGUNDO GRAU (9) Primeira (10) Segunda (11) Terceira UNIVERSIDADE (12) Primeiro (13) Segundo (14) Terceiro (15) Quarto (16) Mais de 4, incluindo pós-graduação, mestrado ou doutorado (88) Não sabe/não respondeu (99) Não se aplica 2- Qual a última série/ano escolar seu pai concluiu com aprovação? EDPAI |___||___| PRIMEIRO GRAU (0) Não estudou (1) Primeira (2) Segunda (3) Terceira (4) Quarta (5) Quinta (6) Sexta (7) Sétima (8) Oitava SEGUNDO GRAU (9) Primeira (10) Segunda (11) Terceira UNIVERSIDADE (12) Primeiro (13) Segundo (14) Terceiro (15) Quarto (16) Mais de 4, incluindo pós-graduação, mestrado ou doutorado (88) Não sabe/não respondeu (99) Não se aplica 3- Qual a última série/ano sua mãe concluiu com aprovação? EDMAE |___||___| PRIMEIRO GRAU (0) Não estudou (1) Primeira (2) Segunda (3) Terceira (4) Quarta (5) Quinta (6) Sexta (7) Sétima (8) Oitava
SEGUNDO GRAU (9) Primeira (10) Segunda (11) Terceira UNIVERSIDADE (12) Primeiro (13) Segundo (14) Terceiro (15) Quarto (16) Mais de 4, incluindo pós-graduação, mestrado ou doutorado (88) Não sabe/não respondeu (99) Não se aplica 4- Com relação à renda familiar mensal, em reais (R$), em média qual a soma de todos os salários das pessoas que moram na sua residência? R$________________ RENDA|________| 5- Quantas pessoas dependem dessa renda? ______________ PESSOAS |_____| 6- Já realizou ou está em tratamento ortodôntico (0) Sim (1) não TRATORT |_____|
APÊNDICE B – Questionários de dados não clínicos (Continuação)
Escala de auto-estima de Rosenberg 7- No conjunto, eu estou satisfeito comigo. ROSE1 |_____| 1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 8- Às vezes, eu acho que não presto para nada. ROSE2 |_____| 1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 9- Eu sinto que eu tenho várias boas qualidades. ROSE3 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 10- Eu sou capaz de fazer coisas tão bem quanto a maioria das pessoas. ROSE4 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 11- Eu sinto que não tenho muito do que me orgulhar. ROSE5 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 12- Eu com certeza me sinto inútil às vezes. ROSE6 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 13- Eu sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos do mesmo nível que as outras pessoas. ROSE7 |_____| 1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 14- Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim mesmo. ROSE8 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 15- No geral, eu estou inclinado a sentir que sou um fracasso. ROSE9 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente 16- Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo. ROSE10 |_____|
1( ) Concordo Totalmente 2 ( ) Concordo 3 ( ) Discordo 4. ( ) Discordo Totalmente Auto-percepção de estética oral - OASIS 17) Você se preocupa com a aparência dos seus dentes? OASIS1 |_____| Não se preocupa 1 2 3 4 5 6 7 Se preocupa muito 18) As outras pessoas já comentaram sobre a aparência dos seus dentes? OASIS2 |_____| Nunca 1 2 3 4 5 6 7 Sempre 19) As pessoas já riram ou tiraram sarro da aparência dos seus dentes? OASIS3 |_____| Nunca 1 2 3 4 5 6 7 Sempre 20) Você evita sorrir por causa da aparência dos seus dentes? OASIS4 |_____| Nunca 1 2 3 4 5 6 7 Sempre 21) Você cobre a boca, em alguma ocasião, por causa da aparência dos seus dentes? OASIS5 |_____| Nunca 1 2 3 4 5 6 7 Sempre
APÊNDICE C – Ficha clínico-epidemiológica
Data da realização do exame (dia, mês, ano) |___|___|___|___|___|___|
Número de identificação |___|___|___|
Exame em duplicata: sim (1); não (2) ___
INDICE CPO-D - CONDIÇÕES DENTÁRIAS E NECESSIDADE DE TRATAMENTO
C17 C16 C15 C14 C13 C12 C11 C21 C22 C23 C24 C25 C26 C27
C47 C46 C45 C44 C43 C42 C41 C31 C32 C33 C34 C35 C36 C37
INDICADOR DE TRAUMATISMO DENTÁRIO DE O’BRIEN
TRAUMATISMO DANO TRATAMENTO
PROVIDENCIADO DT12 DT11 DT21 DT22 TP12 TP11 TP21 TP22
DT42
DT41
DT31
DT32
TP42
TP41
TP31
TP32
NECESSIDADE TRATAMENTO TIPO DE COBERTURA LABIAL
NTT12 NTT11 NTT21 NTT22 (1) Adequada (2) Inadequada COBLAB ( )
NTT42
NTT41
NTT31
NTT32
INDICADOR DENTAL AESTHETIC INDEX – DAI
INCISIVOS, CANINOS E PRÉ-MOLARES PERDIDOS
DENPER|___|___|
Número de dentes perdidos
APINHAMENTO INCISAL APINHA |___|
0=sem apinhamento; 1=um segmento apinhado;
2=dois segmentos apinhados
ESPAÇOS INCISAIS ESPAINCI|___|
0=sem espaços; 1=um segmento com espaço;
2=dois segmentos com espaço
DIASTEMA INCISAL DIASTEMA |___|
Espaço em mm entre os incisivos centrais superiores
DESALINHAMENTO MAXILAR ANTERIOR
DESMAX |___|
DESALIHAMENTO MANDIBULAR ANTERIOR
DESMAND- |___|
Maior irregularidade entre os incisivos
permanentes inferiores em mm
OVERJET_________ (em mm) OVERJET - |___|___|
PROTRUSÃO MANDIBULAR ANTERIOR (em mm)
_______________ CRUZANT - |___|
MORDIDA ABERTA ANTERIOR (em mm)
_______________ ABERTANT - |___|___|
RELAÇÃO MOLAR ÂNTERO-POSTERIOR
MOLARANT - |___|
0= normal; 1= Metade de uma cúspide;
APÊNDICE D - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
para calibração do examinador - Primeira tentativa.
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA Cárie dente 17 1,00 Cárie dente 16 1,00 Cárie dente 15 0,77 Cárie dente 14 0,77 Cárie dente 13 0,44 Cárie dente 12 0,83 Cárie dente 11 0,44 Cárie dente 21 0,43 Cárie dente 22 1,00 Cárie dente 23 0,61 Cárie dente 24 0,77 Cárie dente 25 0,87 Cárie dente 26 1,00 Cárie dente 27 0,72 Cárie dente 47 1,00 Cárie dente 46 0,91 Cárie dente 45 1,00 Cárie dente 44 1,00 Cárie dente 43 1,00 Cárie dente 42 1,00 Cárie dente 41 1,00 Cárie dente 31 1,00 Cárie dente 32 1,00 Cárie dente 33 1,00 Cárie dente 34 1,00 Cárie dente 35 1,00 Cárie dente 36 0,81 Cárie dente 37 0,89
Trauma dente 12 1,00 Trauma dente 11 1,00 Trauma dente 21 1,00 Trauma dente 22 1,00 Trauma dente 42 1,00 Trauma dente 41 1,00 Trauma dente 31 1,00 Trauma dente 32 0,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 32 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 32 1,00
Apêndice D - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
para calibração do examinador - Primeira tentativa (Continuação).
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA Cobertura labial 1,00 Incisivos, caninos e pré-molares ausentes 1,00 Apinhamento incisal 0,77 Espaçamentos nos seguimentos anteriores do arco 0,79 Diastema incisal 1,00 Desalinhamento maxilar anterior 1,00 Desalinhamento mandibular anterior 0,73 Overjet maxilar 0,88 Overjet mandibular 1,00 Mordida aberta anterior 1,00 Relação molar ântero-posterior 1,00
APÊNDICE E - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
para calibração do examinador – Segunda tentativa.
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA
Cárie dente 17 0,87 Cárie dente 16 0,80 Cárie dente 15 0,85 Cárie dente 14 0,88 Cárie dente 13 0,87 Cárie dente 12 0,75 Cárie dente 11 0,88 Cárie dente 21 0,77 Cárie dente 22 0,88 Cárie dente 23 1,00 Cárie dente 24 0,87 Cárie dente 25 0,78 Cárie dente 26 0,89 Cárie dente 27 0,88 Cárie dente 47 0,90 Cárie dente 46 0,90 Cárie dente 45 0,89 Cárie dente 44 0,80 Cárie dente 43 1,00 Cárie dente 42 1,00 Cárie dente 41 1,00 Cárie dente 31 1,00 Cárie dente 32 1,00 Cárie dente 33 1,00 Cárie dente 34 1,00 Cárie dente 35 0,85 Cárie dente 36 0,78 Cárie dente 37 0,88
Trauma dente 12 1,00 Trauma dente 11 1,00 Trauma dente 21 1,00 Trauma dente 22 1,00 Trauma dente 42 1,00 Trauma dente 41 1,00 Trauma dente 31 1,00 Trauma dente 32 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 32 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 32 1,00
APÊNDICE E - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
para calibração do examinador – Segunda tentativa (Continuação).
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA Cobertura labial 1,00 Incisivos, caninos e pré-molares ausentes 1,00 Apinhamento incisal 0,89 Espaçamentos nos seguimentos anteriores do arco 0,86 Diastema incisal 0,71 Desalinhamento maxilar anterior 0,75 Desalinhamento mandibular anterior 0,88 Overjet maxilar 0,89 Overjet mandibular 1,00 Mordida aberta anterior 1,00 Relação molar ântero-posterior 0,75
APÊNDICE F - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
em duplicata.
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA Cárie dente 17 0,87 Cárie dente 16 0,80 Cárie dente 15 0,85 Cárie dente 14 0,88 Cárie dente 13 0,87 Cárie dente 12 0,75 Cárie dente 11 0,88 Cárie dente 21 0,77 Cárie dente 22 0,88 Cárie dente 23 1,00 Cárie dente 24 0,87 Cárie dente 25 0,78 Cárie dente 26 0,89 Cárie dente 27 0,88 Cárie dente 47 0,90 Cárie dente 46 0,90 Cárie dente 45 0,89 Cárie dente 44 0,80 Cárie dente 43 1,00 Cárie dente 42 1,00 Cárie dente 41 1,00 Cárie dente 31 1,00 Cárie dente 32 1,00 Cárie dente 33 1,00 Cárie dente 34 1,00 Cárie dente 35 0,85 Cárie dente 36 0,78 Cárie dente 37 0,88
Trauma dente 12 1,00 Trauma dente 11 1,00 Trauma dente 21 1,00 Trauma dente 22 1,00 Trauma dente 42 1,00 Trauma dente 41 1,00 Trauma dente 31 1,00 Trauma dente 32 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento realizado devido ao trauma dente 32 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 12 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 11 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 21 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 22 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 42 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 41 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 31 1,00 Tratamento necessário devido ao trauma dente 32 1,00
APÊNDICE F - Resultados de reprodutibilidade intra-examinador obtidos nos exames
em duplicata (Continuação).
CONDIÇÃO ESTUDADA VALOR DE KAPPA Cobertura labial 1,00 Incisivos, caninos e pré-molares ausentes 1,00 Apinhamento incisal 0,89 Espaçamentos nos seguimentos anteriores do arco 0,86 Diastema incisal 0,71 Desalinhamento maxilar anterior 0,75 Desalinhamento mandibular anterior 0,88 Overjet maxilar 0,89 Overjet mandibular 1,00 Mordida aberta anterior 1,00 Relação molar ântero-posterior 0,75
APÊNDICE G – Declaração de ciência e concordância da instituição
ANEXO A - Critérios para a coleta dos dados clínicos
CÓDIGOS E CRITÉRIOS PARA A CÁRIE DENTÁRIA - CPOD (WHO, 1997)
CÓDIGO CRITÉRIO DESCRIÇÃO
0 Coroa hígida
Uma coroa é considerada hígida caso não apresenta evidências de cáries clínicas tratadas ou não. Os estágios de cáries que precedem a cavitação, bem como outras condições semelhantes aos estágios precoces da cárie, são excluídos, pois não podem ser confiavelmente diagnosticados. Assim, uma coroa com os seguintes defeitos, na ausência de outros critérios positivos, deveria ser codificada como hígida: Manchas brancas ou porosas; Manchas com alteração de coloração ou
rugosidade que não sejam amolecidas ao toque por uma sonda do tipo IPC metálica;
Fóssulas ou fissuras pigmentadas no esmalte, sem sinais visíveis de esmalte socavado ou amolecido, no assoalho ou paredes, detectáveis com a sonda IPC;
Áreas escuras, brilhantes, duras, pontilhadas de esmalte em um dente apresentando sinais de fluorose moderada à severa;
Lesões que, baseando-se em uma distribuição ou histórica clínica, ou ao exame visual/tátil, parece ser devida à abrasão.
1 Coroa cariada
A cárie é considerada presente quando uma lesão em uma fóssula ou fissura, ou em uma superfície dentária lisa, tem uma cavidade inconfundível, esmalte socavado, ou em assoalho ou parede detectavelmente amolecido. Um dente com uma restauração provisória, ou que está selado, mas também cariado, também deve ser incluído nesta categoria. Nos casos em que a coroa tenha sido destruída por cárie, e somente a raiz tenha restado, a cárie é considerada como tendo originado-se na coroa e, portanto, somente classificaremos como cárie coronária. A sonda IPC deveria ser utilizada para confirmar as evidências visuais de cárie nas faces oclusal, vestibular e lingual. Quando houver qualquer dúvida, a cárie deve ser registrada como presente. Raiz cariada: a cárie é considerada presente na raiz quando as lesões se apresentam amolecidas ou borrachóides à sondagem pela sonda IPC. Caso a cárie radicular seja discreta, oriunda da coroa e requeira um tratamento separado, deve ser considerada como cárie radicular. Para as lesões cariosas únicas, afetando tanto a coroa quanto à
raiz, o local provável de origem da lesão deveria ser considerado como cariado. Quando não for possível julgar o local de origem, tanto a coroa quanto à raiz devem ser consideradas cariadas.
2 Coroa restaurada com cárie
Uma coroa é considerada restaurada, com cárie, quando tiver uma ou mais restaurações permanentes e uma ou mais áreas que estão com cáries. Não é feita qualquer distinção entre as cáries primárias e secundárias (ou seja, o mesmo código aplica-se caso as lesões por cárie sejam ou não associadas especialmente com as restaurações). Raiz restaurada com cárie: uma raiz é considerada restaurada, com cárie, quando apresentar uma ou mais restaurações permanentes e uma ou mais áreas que estão com cárie. Não é feita qualquer distinção entre cárie primária e secundária. No caso de restaurações envolvendo tanto a coroa quanto à raiz, o julgamento quanto ao local de origem é mais difícil. Em caso de qualquer restauração envolvendo tanto a coroa quanto à raiz com cáries secundárias, o local mais provável da lesão cariosa primária é registrado como restaurado, com cárie. Quando não é possível julgar o local de origem da lesão cariosa primária, tanto a coroa quanto à raiz devem ser consideradas como restauradas, com cárie.
3 Coroa restaurada sem cárie
Uma coroa é considerada restaurada, sem cárie, quando uma ou mais restaurações permanentes estão presentes e não existe cárie em ponto algum da coroa. Um dente que tenha recebido uma coroa protética devido à cárie prévia é classificado nesta categoria. Raiz restaurada sem cárie: uma raiz é considerada restaurada sem cárie, quando uma ou mais restaurações permanentes estão presentes e não existe cárie em nenhum ponto da raiz. Para quaisquer restaurações envolvendo tanto a coroa quanto à raiz, o local mais provável da lesão cariosa primária é considerado como restaurada. Quando não é possível julgar o local de origem, tanto a coroa quanto à raiz deveriam ser consideradas como restauradas.
4 Dente ausente como resultado de cárie
Este código é utilizado para os dentes que tenham sido extraídos devido à cárie e é registrado na condição coronária. O código 4 não deve ser utilizado para os dentes considerados ausentes por outras razões que não a cárie.
5 Dente ausente por outra razão
Este código é utilizado para os dentes considerados congenitamente ausentes, ou aqueles extraídos por razões ortodônticas, ou devido às doença periodontal, traumatismo etc.
6 Selante de cicatrículas e fissuras
Este código é utilizado para os dentes nos quais foi aplicado selante de fissuras na superfície oclusal; ou para os dentes nos quais a fissura oclusal foi amplamente
aumentada por uma broca esférica ou “chama de vela”, com aplicação de resina composta. Caso um dente com selante esteja cariado, ele deveria ser codificado como 1.
7 Dente suporte de prótese, coroa protética ou faceta
Este código é utilizado para a condição coronária, a fim de indicar que um dente faz parte de uma prótese parcial fixa, isto é, é um dente suporte de prótese. Este código também pode ser utilizado para coroas protéticas instaladas por outras razões que não a cárie e, para recobrimentos facetados e laminados na face vestibular de um dente no qual não existam evidências de cárie ou de uma restauração. Observação: os dentes ausentes substituídos por pônticos de próteses são codificados como 4 ou 5.
8 Coroa não erupcionada
Esta classificação é utilizada somente para um espaço dentário com um dente permanente não erupcionado mas, sem um dente decíduo. Os dentes classificados como não erupcionados são excluídos de todos os cálculos relativos à cárie dentária. Esta categoria não inclui os dentes com ausência congênita, nem os dentes perdidos por traumatismos etc. Para um diagnóstico diferencial entre os dentes ausentes e não erupcionados, ver o código 5.
99 Não registrado
Este código é utilizado para quaisquer dentes permanentes erupcionados que não possam ser examinados por qualquer razão (por exemplo, devido à presença de bandas ortodônticas, hipoplasias severas, etc). Este código é utilizado para condição radicular a fim de indicar ou que o dente foi extraído, ou que está presente o cálculo em uma extensão tal que torne impossível o exame radicular.
CÓDIGOS E CRITÉRIOS PARA TRAUMATISMO DENTÁRIO (O’BRIEN, 1994)
TRAUMATISMO PRESENTE
CÓDIGO CRITÉRIO DESCRIÇÃO
0 Sem traumatismo
Não há observação de dano traumático nos incisivos.
1 Fratura do esmalte somente
Perda de estrutura do esmalte, não atingindo a dentina.
2 Fratura do esmalte e dentina
Perda de estrutura do esmalte e dentina, sem exposição pulpar.
3 Qualquer fratura e sinais ou sintomas de envolvimento pulpar
Perda de estrutura do esmalte e dentina e sinais ou sintomas de envolvimento pulpar como exposição, escurecimento ou presença de fístula na região vestibular ou lingual do dente examinado ou dentes adjacentes saudáveis.
4 Sem fratura mas com sinais ou sintomas de envolvimento pulpar
Sem perda de estrutura do esmalte e dentina, mas com sinais ou sintomas de envolvimento pulpar com escurecimento ou presença de fístula na região vestibular ou lingual do dente examinado ou dentes adjacentes saudáveis.
5 Dente perdido devido ao traumatismo
Espaços vazios entre os dentes anteriores onde o examinador relatou perda do dente devido ao traumatismo.
6 Outro dano Outros tipos de traumatismo que não os acima expostos, especificar.
99 Não avaliado Os sinais do traumatismo não pode ser avaliados devido à presença de próteses, bandas, entre outros que, impeçam a observação de ausência de todos os incisivos.
TRATAMENTO REALIZADO DEVIDO AO TRAUMATISMO
CÓDIGO DESCRIÇÃO
0 Traumatismo não tratado: inexistência de tratamento do dano traumático.
1 Restauração de resina composta: reposição da estrutura dental perdida devido ao traumatismo com material resinoso, retido com adesivos ao esmalte e dentina.
2 Tratamento endodôntico e restauração de resina composta: sinais de tratamento endodôntico e reposição da estrutura dental perdida devido ao traumatismo com material resinoso, retido com adesivos ao esmalte e dentina.
3 Coroa unitária: reposição da estrutura dental perdida devido ao traumatismo através de uma coroa unitária.
4 Prótese móvel: reposição do dente perdido devido ao traumatismo através de uma prótese móvel – pôntico.
5 Outro tipo de tratamento: outros tipos de tratamento devido ao traumatismo que não os acima expostos. Especificar.
99 Impossibilidade de avaliação.
TRATAMENTO NECESSÁRIO DEVIDO AO TRAUMATISMO
CÓDIGO DESCRIÇÃO
0 Nenhum tratamento: quando a injúria traumática provoca pequenas perdas de estrutura do esmalte, que não necessitam de reposição por questões funcionais ou estéticas.
1 Restauração de resina composta: necessidade de reposição da estrutura dental perdida com material resinoso retido com adesivos ao esmalte e dentina.
2 Restauração de resina composta e tratamento endodôntico: necessidade de tratamento endodôntico devido ao comprometimento pulpar, mas sem alteração de cor do dente, e restauração com material resinoso retido com adesivos ao esmalte e dentina.
3 Restauração de resina composta, tratamento endodôntico e clareamento: necessidade de tratamento endodôntico devido ao comprometimento pulpar, clareamento devido à alteração de cor do dente e restauração com material resinoso retido com adesivos ao esmalte e dentina.
4 Prótese unitária: necessidade de coroa unitária, devido à grande perda de estrutura dental, inviabilizando a reposição através de uma restauração com material resinoso.
5 Prótese unitária e tratamento endodôntico: necessidade de tratamento endodôntico devido ao comprometimento pulpar e coroa unitária, devido à grande perda de estrutura dental, inviabilizando a reposição através de uma restauração com material resinoso.
6 Prótese móvel: necessidade de reposição de dente perdido devido ao traumatismo, através de prótese móvel.
7 Outro tratamento: outros tipos de tratamento, que não os acima expostos. Especificar.
99 Impossibilidade de avaliação.
CÓDIGOS E CRITÉRIOS PARA O DENTAL AESTHETIC INDEX - DAI
(WHO, 1997)
Incisivos, caninos e pré-molares perdidos. Deve ser avaliado o número de elementos dentais ausentes (incisivos, caninos e pré-molares) devido à cárie, doença periodontal, trauma ou outro motivo que não indicação por tratamento ortodôntico. Apinhamento incisal. Devem ser examinados, para a detecção do apinhamento, os segmentos anteriores tanto no arco dental superior quanto no inferior. O apinhamento no segmento anterior é a condição na qual o espaço disponível entre os caninos direito e esquerdo é insuficiente para acomodar todos os quatro incisivos em alinhamento normal. O alinhamento nos segmento anteriores é registrado como se segue: 0 – Sem apinhamento 1 – Apinhamento em 1 segmento 2 – Apinhamento em 2 segmentos
Espaços incisais nos segmento anteriores. Tanto os segmentos anteriores superiores como inferiores devem ser examinados para a detecção de espaçamento entre os dentes. Quando mensurados no segmento anterior, o espaçamento é a condição na qual a quantidade de espaço disponível entre os caninos direto e esquerdo excede aquela necessária para acomodar todos os 4 incisivos em alinhamento normal. Caso um ou mais incisivos tenham suas faces proximais sem quaisquer contatos intermediários, o segmento é considerado com tendo espaçamento. O espaço oriundo de um dente decíduo recentemente esfoliado não deve ser registrado caso pareça que o dente sucessor permanente irá erupcionar logo. O espaçamento nos segmentos é registrado como se segue: 0 – Sem espaçamento 1 – Espaçamento em 1 segmento 2 – Espaçamento em 2 segmentos Diastema incisal. Um diastema mediano é definido como um espaço, em milímetros, entre os dois incisivos centrais superiores permanentes na posição normal de ponto de contato. Esta mensuração poder ser feita em qualquer nível entre as superfícies mesiais dos incisivos centrais e deve ser registrada arredondando-se os milímetros. Desalinhamento maxilar anterior. Os 4 incisivos na arcada superior (maxilar) devem ser analisados a fim de localizar a maior irregularidade. O local da maior irregularidade entre os dentes adjacentes é mensurado utilizando-se as sondas IPC. A ponta da sonda é colocada em contato com a superfície vestibular do dente incisivo mais lingualmente deslocado ou girovertido enquanto a sonda é mantida paralela ao plano oclusal e em ângulo reto com a linha normal da arcada. A irregularidade, em milímetros, pode ser estimada a partir das marcações milimetradas da sonda. Desalinhamento mandibular anterior. A mensuração é a mesma mencionada para arcada superior, exceto que ela é feita na arcada inferior (mandibular). A maior irregularidade entre dentes adjacentes na arcada mandibular é localizada e mensurada como descrito acima.
Overjet maxilar anterior. A mensuração do relacionamento horizontal dos incisivos é feita com os dentes em máxima intercuspidação habitual. A distância a partir do bordo incisal vestibular do incisivo superior mais proeminente até a superfície vestibular do incisivo inferior correspondente é mensurada com a sonda IPC paralela ao plano oclusal. A maior sobressaliência maxilar é registrada arredondando-se os milímetros. A sobressaliência maxilar não deverá ser registrada caso todos os incisivos superiores estivessem ausentes ou em mordida cruzada lingual. Caso os incisivos ocluam em topo-a-topo, o valor será zero. Overjet mandibular anterior. A sobressaliência mandibular é registrada quando qualquer um dos incisivos inferiores estiver protruído anteriormente ou vestibularmente em relação ao incisivo superior antagonista, isto é, estiver em mordida cruzada. A maior sobressaliência mandibular (protrusão mandibular), ou mordida cruzada, é registrada arredondando-se os milímetros. A mensuração é a mesma que aquela para a sobressaliência maxilar anterior. A sobressaliência mandibular não deve ser registrada caso um incisivo inferior esteja girovertido de modo que uma porção do bordo incisal esteja em mordida cruzada (isto é, esteja vestibular ao incisivo superior), mas uma outra porção do bordo incisal não esteja. Mordida aberta anterior. Caso exista uma falta de sobreposição vertical entre quaisquer dos incisivos antagonistas (mordida aberta), a quantidade de mordida aberta é estimada utilizando-se uma sonda IPC. A maior mordida aberta é registrada arredondando-se os milímetros.
Relação molar ântero-posterior. Esta avaliação é mais freqüentemente baseada no relacionamento dos primeiros molares superiores e inferiores permanentes. Caso esta avaliação não possa ser baseada nos primeiros molares pois um ou ambos estão ausentes, não totalmente erupcionados, ou com anatomia alterada devido a cárie extensa ou a restauração, os relacionamentos dos caninos e pré molares permanentes são avaliados. Os lados direito e esquerdo são avaliados com os dentes em máxima intercuspidação habitual, sendo registrado o maior desvio da relação molar normal. Os seguintes códigos são utilizados: 0 – Normal
1 – Meia cúspide. O primeiro molar inferior está posicionado meia cúspide, mesialmente ou distalmente, em relação ao seu posicionamento normal. 2 – Uma cúspide. O primeiro molar inferior está posicionado uma cúspide inteira, ou mais, mesialmente ou distalmente, em relação ao seu posicionamento normal.
ANEXO B – Aprovação CEP UNISUL