Aula - Antibioticoprofilaxia Cirurgica
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Antibioticoprofilaxia em Antibioticoprofilaxia em CirurgiaCirurgia
Dr. Johnny Hayck Dr. Johnny Hayck CórreaCórrea
Residência Médica Residência Médica
Cirurgia Geral Cirurgia Geral
Abril de 2010Abril de 2010
Breve HistóricoBreve Histórico
• 1847 - Ignaz Philipp Semmelweis = médico húngaro, “A lavagem das mãos fosse um ato obrigatório para todos, sem exceção”
• 1861 - Louis Pasteur = cientista francês, pasteurização e “Teoria germinal das enfermidades infecciosas“, teoria microbiológica da doença
• 1865 - Joseph Lister e o Ácido Carbólico = cirurgião inglês, “Iniciou uma nova era no campo da cirurgia”, fenol um efetivo agente anti-séptico
• 1878 - Heinrich Hermann Robert Koch = patologista e bacteriologista alemão, um dos criadores da bacteriologia médica
• 1928 - Alexander Fleming = médico bacteriologista inglês, proteína antimicrobiana, lisozima, e do antibiótico penicilina. “Observação e intuição”
• 1940 - Howard Walter Florey e Ernest Boris Chain = Cientistas norte-americanos, a penicilina, curava infecções estreptocócicas e estafilocócicas
• Até 1953 - Isolamento de microrganismos produtores de cloranfenicol, neomicina, terramicina e tetraciclina.
Semmelweis Louis Pasteur Joseph Lister Heinrich Koch
Alexander Fleming Howard Florey Ernest Chain
Joseph Lister e o Ácido Carbólico - 1865Joseph Lister e o Ácido Carbólico - 1865
IntroduçãoIntrodução
AntibioticoAntibioticoprofilaxia profilaxia – Prophylaxis– Consiste na utilização de antimicrobianos com o
objetivo de evitar o aparecimento de infecções do sítio cirúrgico (ISC)
– Redução da adesividade e multiplicação bacteriana nos tecidos operados
IntroduçãoIntrodução
AntibioticoAntibioticoprofilaxiaprofilaxia – Prophylaxis– Consiste na utilização de antimicrobianos
com o objetivo de evitar o aparecimento de infecções do sítio cirúrgico (ISC)
– Redução da adesividade e multiplicação bacteriana nos tecidos operados
O uso do antibiótico NÃO é um substituto da técnica cirúrgica adequada
DesvantagensDesvantagens
• Falsa sensação de segurança• Reações tóxicas e alérgicas• Resistência a antimicrobianos• Custo
Classificação das CirurgiasClassificação das Cirurgias
TipoTipo DefiniçãoDefinição Risco de InfecçãoRisco de Infecção
LimpaLimpa Sem sinais de inflamação, sem
manipulação do TGI, TGU, TResp.
1,5-2%
Potencialmente Potencialmente contaminadacontaminada
TGI, TResp., TGU, orofaringe em
condições controladas
2-7%
ContaminadaContaminada Inflamação aguda, urina ou bile
infectadas, secreção de TGI, quebras de
técnica
7-15%
InfectadaInfectada Infecção estabelecida 10-40%
Wong. in Wong. in MayhallMayhall 2004 2004
1.1. Ambulatório de egressosAmbulatório de egressos
2.2. Controle de Infecção HospitalarControle de Infecção Hospitalar
3.3. Vigilância EpidemiológicaVigilância Epidemiológica Método NNIS (Método NNIS (National Nosocomial Infection Surveillance National Nosocomial Infection Surveillance
SystemSystem) ) • Risco cirúrgico do paciente (ASA, APACHE)Risco cirúrgico do paciente (ASA, APACHE)• Duração do tempo operatórioDuração do tempo operatório• Potencial de contaminação do sítio cirúrgicoPotencial de contaminação do sítio cirúrgico
Classificação das Infecções do Sítio CirúrgicoClassificação das Infecções do Sítio Cirúrgico
Incisional Superficial Incisional Profunda Infecção de órgão/espaço
• 30 dias após o procedimento• Envolver apenas pele e tecido subcutâneo
• 30 dias após o procedimento, se não houver implante ou • 1 ano, se houver implante • A infecção deve envolver os tecidos moles profundos (músculo ou fáscia)
• 30 dias após o procedimento, se não houver implante • 1 ano, se houver implante• Envolver qualquer outra região anatômica além do sítio cirúrgico
1. Drenagem de secreção purulenta da incisão
2. Microrganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido
3. Pelo menos um dos sinais e sintomas e a abertura deliberada dos pontos pelo cirurgião exceto se cultura negativa: dor, edema, eritema ou calor local
4. Diagnóstico de infecção pelo médico que acompanha o paciente
1. Drenagem purulenta de incisão profunda
2. Incisão profunda com deiscência espontânea ou deliberadamente aberta pelo cirurgião quando o paciente apresentar pelo menos um dos sinais ou sintomas: febre, dor localizada, edema e rubor exceto se cultura negativa
3. Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo fáscia ou músculo, achados ao exame direto, reoperação, histopatológico ou radiológico
4. Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico que acompanha o paciente
1. Drenagem purulenta por dreno locado em órgão ou cavidade
2. Microrganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido de órgão ou cavidade
3. Abscesso ou outra evidencia de infecção envolvendo órgão ou cavidade achada ao exame direto, reoperação, histopatológico ou radiológico
4. Diagnóstico de infecção de órgão/espaço pelo médico que acompanha o paciente
Classificação das Infecções de Sítio CirúrgicoClassificação das Infecções de Sítio Cirúrgico
Princípios para antibioticoprofilaxia cirúrgicaPrincípios para antibioticoprofilaxia cirúrgica
Procedimento Procedimento Microrganismos Microrganismos
Cutâneo Cutâneo S. aureus, S. aureus,
S. epidermidisS. epidermidis
Torácico/CardíacoTorácico/Cardíaco S. aureus, S. aureus,
S. epidermidisS. epidermidis
AbdominalAbdominal
GastroduodenalGastroduodenal
ColorretalColorretal
BiliarBiliar
CG+, BGNCG+, BGN
BGN, anaeróbioBGN, anaeróbio
BGNBGN
Ginecológico/Ginecológico/
obstétricoobstétrico
BGN, BGN, StreptococcusStreptococcus grupo B, grupo B, anaeróbioanaeróbio
OrtopédicoOrtopédico S. aureus, S. aureus,
S. epidermidisS. epidermidis
Wong. in Wong. in MayhallMayhall 2004 2004Woods RK et al. Woods RK et al. Am Family PhysicianAm Family Physician 1998 1998
Microbiota Causadora de InfecçãoMicrobiota Causadora de Infecção
Princípios básicos da antibioticoprofilaxia cirúrgicaPrincípios básicos da antibioticoprofilaxia cirúrgica
• Momento da administração– Concentração tecidual máxima no momento da incisão– EV antes da indução anestésica
• Níveis teciduais– Capacidade inibitória mínima da droga– Doses corretas e intervalos adequados
Princípios básicos da antibioticoprofilaxia cirúrgicaPrincípios básicos da antibioticoprofilaxia cirúrgica
• Duração da profilaxia– Maioria peroperatório– Antibioticoprofilaxia por 24 horas:
• Operações com implantação de próteses• Operações com abertura do crânio• Operações cardíacas• Operações coloproctológicas• Apendicectomia
• Espectro de ação
Tempo de administraçãoTempo de administração
Burke. Surgery 1961
Controle
0 1 hora 2 horas 3 horas 4 horas
0
1
2
3
4
≤-3 -2 -1 0 1 2 3 4 ≥5
Tempo (horas) da incisão
14/369
5/6995/1009
2/180
1/61
1/411/47
15/441
Classen. NEJM 1992
Tempo de administraçãoTempo de administraçãoTaxa d
e in
fecção (
%)
1,3%
0,6%
3,8%3,6%
Agentes antimicrobianosAgentes antimicrobianos
• Cefalosporinas de primeira geração1.1. CefazolinaCefazolina
2.2. CefalotinaCefalotina São as drogas habitualmente empregadas na antibioticoprofilaxia
cirúrgica Boa penetração tecidos moles, na urina, nos fluidos pleural,
pericárdico, sinovial e peritoneal Atividade bactericida Raras reações tóxicas e alérgicas Baixa indução de resistência microbiana
A escolha...A escolha...
Nature of operation Common pathogens Recommended drugs Adult dosage before surgery*
Neurosurgery, orthopedic, thoracic, vascular proc, Routine surgery
S. aureus, S. epidermidis Cefazolin 1-2 grams IV
Routine surgery with cephalosporin intolerance and/or previous MRSA colonization
S. aureus, S. epidermidis Vancomycin• 1 gram IV
Routine surgery with potential gram negative contamination
S. aureus, S. epidermidis, streptococci, enteric gram-negative bacilli
Cefuroxime 1-2 grams IV
Routine surgery with potential gram negative contamination and with cephalosporin intolerance
S. aureus, S. epidermidis, streptococci, enteric gram-negative bacilli
Vancomycin• plus a gram negative agent
1 gram IV
Ophthalmic S. epidermidis, S. aureus, streptococci, enteric gram-negative bacilli, Pseudomonas
Gentamicin, tobramycin, ciprofloxacin, gatifloxacin levofloxacin, ofloxacin or neomycin-gramicidin-polymyxin B cefazolin
Multiple drops topically over 2 to 24 hours; 100 mg
subconjunctivally
O papel do anestesista!O papel do anestesista!
• ESCOLHA DO ATBESCOLHA DO ATB• INÍCIOINÍCIO DO ATB DO ATB
ANTIBIOTICOPROFILAXIAANTIBIOTICOPROFILAXIACIRÚRGICACIRÚRGICA
PRINCÍPIOS E INDICAÇÕESPRINCÍPIOS E INDICAÇÕES
Indicações específicas por procedimentosIndicações específicas por procedimentos
1. Cirurgia Plástica
2. Cirurgia Cardíaca
3. Cirurgia Vascular
4. Cirurgia Ortopédica• CefazolinaCefazolina
• VancomicinaVancomicina (MRSA), 1g EV (dose inicial) e 1g EV de 12/12 h POi (MRSA), 1g EV (dose inicial) e 1g EV de 12/12 h POi
• ClindamicinaClindamicina (Alérgicos aos betalactâmicos), 600mg a 900mg Ev (Alérgicos aos betalactâmicos), 600mg a 900mg Ev (dose inicial) e 60mg de 6/6 h no posoperatório(dose inicial) e 60mg de 6/6 h no posoperatório
5. Cirurgia Urológica• CiprofloxacinaCiprofloxacina 400mg EV (dose inicial) e 200mg EV de 12/12 h POi 400mg EV (dose inicial) e 200mg EV de 12/12 h POi
Indicações específicas por procedimentosIndicações específicas por procedimentos
1. Apendicectomia 2. Cirurgia Gastroduodenal
• CefazolinaCefazolina EV no peroperatório, em dose única EV no peroperatório, em dose única• GentamicinaGentamicina e e metronidazol metronidazol em dose únicaem dose única
3. Cirurgia Colorretal– Procedimentos eletivosProcedimentos eletivos
• Esquema oral com Esquema oral com neomicinaneomicina e e eritromicinaeritromicina 1,0g no dia anterior 1,0g no dia anterior (13, 14 e 23 horas) , associado à Cefazolina EV no per e (13, 14 e 23 horas) , associado à Cefazolina EV no per e posoperatórioposoperatório
• GentamicinaGentamicina e e metronidazolmetronidazol 24 a 48 horas 24 a 48 horas– Procedimentos de urgênciaProcedimentos de urgência
• CefoxitinaCefoxitina 1 a 2,0g em dose única 1 a 2,0g em dose única• Gentamicina e metronidazol, no peroperatório e por 24 horasGentamicina e metronidazol, no peroperatório e por 24 horas
Indicações específicas por procedimentosIndicações específicas por procedimentos
1. Cirurgia Oftalmológica• Colírio do Colírio do TobramicinaTobramicina
2. Cirurgia Cabeça-pescoço
3. Cirurgia Otorrinolaringológica
4. Cirurgia Esofágica• CefazolinaCefazolina e e ClindamicinaClindamicina
• Clindamicina e GentamicinaClindamicina e Gentamicina
• Amoxicilina e ClavulanatoAmoxicilina e Clavulanato
Indicações específicas por procedimentosIndicações específicas por procedimentos
1. Neurocirurgia• Sulfametoxazol 800mg e Trimetoprim 160mg, EV no peroperatório e
12/12 horas no posoperatório
• Cefazolina e Clindamicina
• Cefuroxima 750mg a 1,5g EV à indução anestésica (com ou sem Metronidazol)
2. Cirurgia Torácica• Cefazolina
• Clindamicina
• Cefuroxima
Obrigado!Obrigado!
Dr. Johnny Hayck Dr. Johnny Hayck CórreaCórrea
Residência Médica Residência Médica
Cirurgia Geral Cirurgia Geral
Abril de 2010Abril de 2010
A história dos medicamentos....A história dos medicamentos....
• 2.000 AC: Agora, coma esta raiz2.000 AC: Agora, coma esta raiz• 1.000 AC: Aquela raiz é pagã. Agora, reze esta prece.1.000 AC: Aquela raiz é pagã. Agora, reze esta prece.• 1.850 DC: Aquela prece é superstição. Agora, beba esta poção1.850 DC: Aquela prece é superstição. Agora, beba esta poção• 1.920 DC: Aquela poção é óleo de serpente. Agora, tome esta pílula1.920 DC: Aquela poção é óleo de serpente. Agora, tome esta pílula• 1.945 DC: Aquela pílula é ineficaz. Agora, leve esta penicilina1.945 DC: Aquela pílula é ineficaz. Agora, leve esta penicilina• 1955 DC: “Oops”... Os micróbios mudaram! Agora, leve esta 1955 DC: “Oops”... Os micróbios mudaram! Agora, leve esta
tetraciclina.tetraciclina.• 1960 - 1999: Mais 39 “oops”... Agora, leve este antibiótico mais 1960 - 1999: Mais 39 “oops”... Agora, leve este antibiótico mais
poderoso.poderoso.• 2.000 DC: Os micróbios venceram! Agora, coma esta raiz....2.000 DC: Os micróbios venceram! Agora, coma esta raiz....
Autor desconhecidoAutor desconhecido
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