Aula 12. Antraquinonas

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AULA 12: Antraquinonas Profa. Nilce Nazareno da Fonte Disciplina de FARMACOGNOSIA I

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Fala sobre as antroquinonas.

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  • AULA 12:Antraquinonas Profa. Nilce Nazareno da FonteDisciplina de FARMACOGNOSIA I

  • Introduzindo... QUINONAS = compostos oxigenados, formados a partir da oxidao de fenis. Sua principal caracterstica a presena de 2 grupos carbonlicos formando um sistema conjugado. h 3 grupos principais, em funo do tipo do ciclo: benzoquinonas1,2-benzoquinona (o-benzoquinona)1,4-benzoquinona (p-benzoquinona)Ainda no foram descobertas aplicaes teraputicas para as benzoquinonas naturais. So encontradas nos artrpodos, sendo raras nos vegetais superiores.

  • Introduzindo... (contin.) naftoquinonas:1,2-naftoquinona1,4-naftoquinonaAlgumas naftoquinonas so antibacterianas e fungicidas, outras apresentam atividades antiprotozorias e antivirais. Entretanto, nenhuma naftoquinona natural atualmente utilizada com fins teraputicos. So encontradas nos fungos, sendo espordicas nas Angiospermas

  • Introduzindo... (contin.) antraquinonas:9,10-antraquinonaDerivadas do antraceno, as antraquinonas (antranides, derivados antracnicos ou deriv. hidroxiantracnicos) so abundantes na natureza, sendo encontradas em fungos, lquens e nas Angiospermas, principalmente nas Rubiceas, Fabceas, Poligonceas, Rhamnceas, Liliceas e Escrofulariceas. Apresentam importante atividade teraputica.

  • Antraquinonas: caractersticas qumicas: interconvertem-se facilmente em hidroquinonas, sendo produzidas a partir de reaes de oxidao de antranis e antronas:antraquinonaantronaantranola maioria apresenta-se como O-glicosdeos, com a ligao principalmente em C-1 (raro), C-8 ou C-6; os acares mais comuns so a glucose (em C-8) e a ramnose (em C-6); os C-glicosdeos so derivados das antronas, com a ligao em C-10.

  • Caractersticas qumicas (contin.): h algumas variaes estruturais nas geninas: grupos cetnicos em C-9 e C-10; hidroxilas em C-1 e C-8; substituintes em C-3 (metila, hidroximetila ou carboxila) e em C-6 (hidroxila fenlica livre ou eterificada); gliconas em C-1, C-8 ou C-6.

  • Caractersticas qumicas (contin.): nas drogas secas, geralmente encontram-se mais oxidados que na planta fresca:PLANTA FRESCA: glicosdeos de antronas monomricasglicosdeos antraquinnicosglicosdeos de diantronasoxidaodimerizaosecagem

  • Caractersticas qumicas (contin.):antraquinonas (antronas) - alguns exemplos:

  • Caractersticas qumicas (contin.):diantronas - alguns exemplos:

  • Propriedades fsico-qumicas: os glicosdeos so compostos cristalinos, amarelados, de sabor amargo, no sublimveis, solveis na gua e no lcool e insolveis no benzeno, clorofrmio etc.; dissolvem-se nos lcalis formando solues laranja-avermelhadas; os O-glicosdeos so hidrolisveis em cidos diludos, bases fortes e enzimas; as geninas apresentam-se como cristais amarelados ou avermelhados, sublimveis, insolveis na gua e solveis no lcool, benzeno, clorofrmio, ter, piridina etc.; as hidroxi-antraquinonas dissolvem-se nas bases corando-as de vermelho: a intensidade da cor varia conforme o no e a posio das OH e outros substituintes.

  • Mtodos laboratoriais: extrao dos glicosdeos: com gua ou solues hidroalcolicas; para a obteno das formas reduzidas, deve-se utilizar temperaturas baixas, ausncia de luz e de oxignio; identificao: reao de Borntrger = colorao das quinonas em meio alcalino 1,8 dihidroxi-antraquinonas = vermelha; 1,2 dihidroxi-antraquinonas = azul-violeta; IMPORTANTE: reao positiva apenas para antraquinonas livres. apresentam absoro no UV; so coradas na luz visvel; doseamento: cromatografia (CCD e CLAE) e espectroscopia.

  • Aes farmacolgicas e usos: ao farmacolgica principal: LAXATIVA (a intensidade dependente da dose)- os principais responsveis por esta ao so os derivados hidroxi-antracnicos: O-glicosdeos de diantronas e antraquinonas e tambm os C-glicosdeos de antronas; as formas reduzidas so 10 vezes mais ativas que as oxidadas; as geninas livres presentes na droga no tm atividade;- indicao: como laxantes em prises de ventre medicamentosas, na preparao de exames radiolgicos e colonoscpicos, pr e ps-cirurgias ano-retais, patologias anais dolorosas; estudos tm demonstrado atividade contra Leishmania e Trypanosoma cruzi, de algumas naftoquinonas.

  • Metabolismo:INGESTO: glicosdeos antraquinnicosantraquinonas reduzidas formadas in situatuao direta nas clulas epiteliais da mucosa intacta do intestinoNO CLON: hidrlise (b-glucosidases da flora) e reduoObs.: tempo de latncia = 6-8 hs.

  • Mecanismo de ao: so laxantes irritantes do intestino grosso; atualmente se conhecem 3 mecanismos de ao: - estimulao direta da contrao da musculatura lisa do intestino, aumentando a motilidade intestinal (possivelmente relacionado com a liberao ou com o aumento da sntese de histamina ou outros mediadores); - inibio da reabsoro de gua, sdio e cloro atravs da inativao da bomba de Na+/K+ - ATPase, (aumentando a secreo de potssio); - inibio dos canais de Cl-, comprovada para inmeros 1,8-hidrxi-antranides (antraquinonas e antronas),

  • Orientaes farmacuticas: no utilizar por perodos prolongados (mais de 10 dias): poder ocorrer dependncia, diarrias, clicas, nuseas, vmitos, melanose reto-clica (escurecimento da mucosa), alteraes da mucosa e morfologia do reto e clon (fissuras anais, prolapsos hemorroidais), atonia, carcinoma colorretal, transtornos hidroeletrolticos com hipocalemia; evitar o uso concomitante com cardiotnicos digitlicos e diurticos hipocalemiantes; no utilizar mais de 2 substncias antraquinnicas na mesma formulao; no utilizar em crianas e durante a gravidez (ocitotxico) e lactao (passa para o leite materno); h um potencial mutagnico, ainda em estudo.

  • Curiosidades: papel biolgico: defesa qumica das plantas contra insetos fitfagos e outros patgenos (ex.: defesa contra cupins); funo aleloptica (inibio da germinao de outras plantas); as quinonas so corantes naturais (ex.: antraquinona alizarina, naftoquinonas chiconina e juglona). a atividade dos glicosdeos de antronas muito marcado (provocando clicas), o que justifica o tratamento trmico ou o tempo de armazenamento de algumas drogas antes do uso (para haver a oxidao destes compostos).

  • SENE - fololos e frutos de Senna alexandrina Mill.: Cassia senna L. (C. acutifolia Delile) = sene-de-Alexandria), C. angustifolia Vahl. = sene-de-Tinnevelly, CAESALPINIACEAE / LEGUMINOSAE.

  • SENE introduzido na medicina pelos rabes no sculo IX ou X; principais componentes ativos: glicosdeos dimricos (diantronas): senosdeos A e B; Farm. Bras. IV: frutos dessecados devem conter no mnimo, 4% de derivados hidroxiantracnicos, calculados em senosdeo A; fololos dessecados devem conter, no mnimo, 2,5% de glicosdeos, calculados em senosdeo B. senidina A (dmero da rena-antrona)

  • SENE agliconas e glicosdeos do sene:

    AGLICONA

    ANTRONAS

    GLICOSDEO

    senidina A

    rena-antrona/rena-antrona

    senosdeo A

    senidina B

    rena-antrona/rena-antrona

    senosdeo B

    senidina C

    rena-antrona/aloe-emodina-antrona

    senosdeo C

    senidina C

    rena antrona/aloe-emodina-antrona

    senosdeo D

    reidina A

    rena-antrona/emodina-antrona

    reosdeo A

    palmidina A

    aloe-emodina-antrona/emodina-antrona

    palmosdeo A

  • CSCARA-SAGRADA - cascas dessecadas de Rhamnus purshianus D.C., RHAMNACEAE.

  • CSCARA-SAGRADA originria das regies montanhosas dos EUA e Canad; devem ser aquecidos a 100oC por 1 a 2 hs ou estocados por no mnimo 1 ano antes do uso; contm aprox. 6% de derivados hidroxiantracnicos, dos quais 60% de cascarosdeos; 80 a 90% so C-glicosdeos e 10 a 20% so O-glicosdeos; os cascarosdeos A, B, C e D so O-glicosdeos e C-glicosdeos (8-O-,10-C-diglicosdeos).

  • FRNGULA - cascas dessecadas de Rhamnus frangula L. (Frangula alnus Mill.), RHAMNACEAE.

  • FRNGULA tambm conhecida como amieiro-preto, originria da Europa e sia; devem ser aquecidos a 100oC por 1 a 2 hs ou estocados por no mnimo 1 ano antes do uso, como a cscara-sagrada; seus constituintes principais so os O-glicosdeos monosdeos frangulina A e B e os diglicosdeos glicofrangulina A e B; tem os mesmos usos que a cscara-sagrada, tendo, no entanto, ao mais suave.

  • RUIBARBO - razes e rizomas descascados de Rheum palmatum L. e Rheum officinale Baill., POLYGONACEAE.

  • RUIBARBO originria da China e do Tibete, uma das plantas mais antigas e conhecidas da medicina tradicional chinesa; contm 3 a 12% de derivados antracnicos, sendo 60 a 80% glicosdeos de antraquinonas; entre outros, contm taninos, o que pode induzir a priso de ventre aps a ao laxativa; tambm utilizado no tratamento tpico de inflamaes e infeces da mucosa oral; pode ser falsificado por ruibarbo rapntico (principalmente R. rhaponticum L.) que, alm de apresentar teores bem menores de antraquinonas, pode causar intoxicao grave, inclusive fatal (alto contedo de cido oxlico corrosivo).

  • BABOSA - suco desidratado das folhas de Aloe vera L. (Aloe barbadensis Mill.) = alos-de-Curaao e Aloe ferox Mill. e seus hbridos com A. africana Mill. e A. spicata Baker = alos-do-Cabo, ASPHODELACEAE / LILIACEAE.

  • BABOSA apresenta-se como massas opacas de cor preto-avermelhada, preto-castanho ou marrom escuro; sabor nauseante e amargo e odor caracterstico e desagradvel; obtido a partir do ltex amarelado produzido por clulas secretoras localizadas abaixo da epiderme, o qual concentrado at a secura; tem maior atividade laxante que as demais drogas; apresentam C-glicosdeos antraquinnicos - alona A e B: 25 a 40% no alos-de-Curaao e 13 a 27% no alos-do-Cabo; pode causar dores abdominais e irritao gastrintestinal e em altas doses, nefrite, diarria com sangue e gastrite hemorrgica.

  • BABOSA da babosa (A.vera) pode tambm ser produzido o gel, que consiste em mucilagem obtida das clulas da zona central da folha; o gel usado tradicionalmente para ajudar na cicatrizao de feridas, queimaduras, eczema, psorase, picaduras de insetos, eritemas solares etc.; a origem desta atividade ainda no est completamente esclarecida; o gel no contm substncias antraquinnicas;

  • Chega por hoje?Ento... At a prxima aula!