ASSOCIAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E ESTADO ...
Transcript of ASSOCIAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E ESTADO ...
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E
ESTADO NUTRICIONAL DE INDIVÍDUOS ADMITIDOS EM
UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE CUIABÁ-MT
EDNA MAYARA SOUZA HERRERA
Cuiabá – MT, outubro de 2018
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E
ESTADO NUTRICIONAL DE INDIVÍDUOS ADMITIDOS EM
UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE CUIABÁ-MT
EDNA MAYARA SOUZA HERRERA
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de
Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso
como parte dos requisitos exigidos para obtenção
do título de Bacharel em Nutrição, sob orientação
da professora Dra. Bruna Teles Soares Beserra
Cuiabá – MT, outubro de 2018
2
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E ESTADO
NUTRICIONAL DE INDIVÍDUOS ADMITIDOS EM UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE CUIABÁ-MT
EDNA MAYARA SOUZA HERRERA
Orientador: Prof.ª Dra. Bruna Teles Soares Beserra
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA
JULGADO EM: 04/10/2018
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, por dar-me força para chegar até aqui.
A todos meu familiares, por estarem sempre presentes em todos os momentos da minha
vida, por me incentivarem e acreditarem em mim.
A minha orientadora Prof.ª Dra. Bruna Teles Soares Beserra, pela oportunidade de
trabalharmos juntas, pela paciência, ensinamentos e orientações para construção deste trabalho.
Aos amigos, que mesmo distantes me apoiaram.
As minhas amigas de faculdade, obrigada pela amizade e companheirismo nas horas
boas e ruins, pelos incentivos e por todo apoio.
A todos aqueles que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
Meus sinceros agradecimentos, carinho e respeito por todos vocês.
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 7
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 9
2.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................................... 9
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 9
3. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 10
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 14
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ................................................................................. 14
4.2 AMOSTRA DE ESTUDO ............................................................................................. 14
4.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................................................................. 14
5. RESULTADOS ............................................................................................................... 16
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 24
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 29
ANEXOS ................................................................................................................................. 34
ANEXO I ................................................................................................................................. 34
ANEXO II ................................................................................................................................ 35
ANEXO III ............................................................................................................................... 37
ANEXO IV .............................................................................................................................. 39
ANEXO V ................................................................................................................................ 40
6
RESUMO
INTRODUÇÃO: A desnutrição é caracterizada como uma síndrome carencial de macro e micronutrientes
proveniente da diminuição da ingestão de alimentos ou do jejum, quando relacionada à doença a desnutrição é um
importante problema de saúde pública. OBJETIVO: Associar o perfil sociodemográfico e nutricional de
indivíduos admitidos em um hospital universitário de Cuiabá, MT. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo
transversal prospectivo, realizado em adultos e idosos que internaram nas clínicas médica e cirúrgica de um
Hospital Universitário. A coleta dos dados deu-se por meio questionário aplicado em até quarenta e oito horas
após a internação do indivíduo. Foram coletados dados sociodemográficos e antropométricos. Para avaliar o estado
nutricional foram utilizados o Índice de Massa Corporal – IMC, a Nutritional Risk Screening – NRS e a Avaliação
Subjetiva Global – ASG. Para todos os testes estatísticos realizado, foi adotado o nível de significância de p<0,05.
RESULTADOS: O estudo teve uma amostra de 30 indivíduos, sendo 22 da clínica cirúrgica e 8 da clínica médica.
Na clínica cirúrgica, 86,4% dos participantes não apresentavam risco de desenvolver desnutrição (NRS<3), sendo
que 42,1% dos adultos estavam com sobrepeso e 66,7% dos idosos estavam eutróficos. Já na clínica médica, 50%
dos indivíduos apresentaram risco de desenvolver desnutrição (NRS>3), 40% dos adultos apresentavam obesidade
grau I e 66,7% dos idosos sobrepeso. Não foi possível encontrar nenhuma diferença estatística significativa quando
associou o estado nutricional com o dados sociodemográficos na clínica médica e cirúrgica. CONCLUSÃO: O
estado nutricional com dados sociodemográfico não estão relacionados nos indivíduos avaliados no presente
estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Desnutrição hospitalar; estado nutricional; dados sociodemográficos.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Malnutrition is characterized as a deficient macronutrient and micronutrient syndrome due
to the reduction of food intake or fasting, when malnutrition is related to malnutrition is an important public health
problem. OBJECTIVE: To associate the sociodemographic and nutritional profile of individuals admitted to a
university hospital in Cuiabá, MT. METHODOLOGY: This is a prospective cross-sectional study, carried out in
adults and elderly people who admitted to the medical and surgical clinics of a University Hospital. The data
collection was done through a questionnaire applied within forty-eight hours after the patient's hospitalization.
Sociodemographic and anthropometric data were collected. To evaluate the nutritional status, we used the Body
Mass Index - BMI, the Nutritional Risk Screening - NRS and the Global Subjective Assessment - ASG. For all
statistical tests performed, the level of significance was set at p <0.05. RESULTS: The study had a sample of 30
individuals, 22 of the surgical clinic and 8 of the medical clinic. In the surgical clinic, 86.4% of the participants
did not present a risk of developing malnutrition (NRS <3), with 42.1% of the adults being overweight and 66.7%
of the elderly being eutrophic. In the medical clinic, 50% of the individuals presented a risk of developing
malnutrition (NRS> 3), 40% of the adults presented grade I obesity and 66.7% of the overweight elderly. No
significant statistical difference could be found when associating nutritional status with sociodemographic data in
the medical and surgical clinic. CONCLUSION: The nutritional status with sociodemographic data is not related
in the individuals evaluated in the present study.
KEY WORDS: Hospital malnutrition; nutritional status; sociodemographic data.
7
1. INTRODUÇÃO
A desnutrição é caracterizada como uma síndrome carencial de macro e micronutrientes
proveniente da diminuição da ingestão de alimentos ou do jejum, acompanhados por vezes pelo
aumento das necessidades energéticas e proteicas, levando o paciente a apresentar um
desequilíbrio metabólico (CORREIA, 2003).
Segundo Leite et al. (2005) o quadro de desnutrição é comum em indivíduos
hospitalizados, sendo que a mesma pode estar relacionada com a própria enfermidade ou com
tratamento. No Brasil, o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar –
IBRANUTRI, constatou que dos 4.000 indivíduos hospitalizados, 48,1% apresentaram
desnutrição e 12,6% manifestaram desnutrição grave (WAITZBERG, 2001).
Além disso, o IBRANUTRI, destacou que a prevalência de desnutrição hospitalar é
maior nas regiões Norte e Nordeste do país, enquanto que nas regiões Sul e Sudeste foi
observado um menor número de desnutridos, o que pode ser justificado pela melhor oferta de
cuidados adequados na área da saúde. No Pará, 78,8% dos indivíduos internados eram
desnutridos. Já em Salvador (BA), verificou-se uma prevalência de 76% de indivíduos
internados desnutridos e em Natal (RN) esse percentual chegou a 67,6%. Na região Sul, a
prevalência de desnutrição entre os internados foi de 38,9% e, na região Centro-Oeste, que
inclui Cuiabá, havia 34,8% de desnutridos (WAITZBERG, 2001).
Sousa (2010) realizou uma pesquisa com indivíduos adultos não cirúrgicos internados
nas enfermarias de clínica médica, oncologia e moléstias infecciosas em um hospital
universitário de Uberlândia – MG, e constatou que 40,6% dos indivíduos foram classificados
como bem nutridos (ASG A), 35,2% com risco ou desnutrição moderada (ASG B) e 24,2%
com desnutrição grave (ASG C). Dentre as áreas estudadas, constatou-se a maior prevalência
de desnutrição na Clínica Médica (29,3%), seguida da Oncologia (21,9%) e Moléstias
infecciosas (8,2%), respectivamente.
Estudo realizado por Henrichsen (2017), observou que quando avaliaram os indivíduos
de acordo com a especialidade médica, a prevalência de desnutrição foi maior naqueles
acometidos por desordens hematológicas, com neoplasias, com doenças reumatológicas e
gastrenterológicas, sendo a Gastrenterologia 69,0%, Reumatologia 66,7%, Hematologia 66,7%,
Oncologia 58,3%, Infectologia 50,0%, Cirurgia 50,0%, Pneumologia 36,8%.
Vale ressaltar, que a desnutrição é um problema apreciável em indivíduos cirúrgicos e
predispõe a uma variedade de complicações e maior taxa de mortalidade pós-operatória quando
comparada a indivíduos eutróficos. A prevalência de desnutrição em indivíduos cirúrgicos varia
8
de 22 a 58% dos casos e parece ocorrer igualmente em países desenvolvidos e em
desenvolvimento (PROJETO ACERTO, 2016).
A desnutrição, predispõe a uma série de complicações graves, incluindo tendência à
infecção, deficiência de cicatrização de feridas, falência respiratória, insuficiência cardíaca,
diminuição da síntese de proteínas a nível hepático com produção de metabólitos anormais,
diminuição da filtração glomerular e da produção de suco gástrico (ACUÑA et al., 2004).
Portanto, é aconselhável a terapia nutricional pré-operatória cujo objetivo se dá em não
recuperar totalmente o estado nutricional de pacientes sob risco nutricional ou sabidamente
desnutridos, mas basicamente, destina-se a preparar o paciente para o ato operatório proposto,
na qual pode ser alcançado no período de 7 a 14 dias. Esse preparo é um composto de 12% de
maltodextrina e 200 ml de água, tal preparo nutricional permitirá uma modulação da resposta
imune-inflamatória consequente da má nutrição, repercutindo em menores taxas de
complicações pós-operatórias (PROJETO ACERTO, 2016).
De acordo com a pesquisa feita pelo IBRANUTRI (WAITZBERG, 2001) o estado
nutricional implica também em maiores custos hospitalares. O custo da internação hospitalar
aumenta em cerca de 68% em indivíduos mal nutridos, em função do maior tempo de
internação, dos maiores gastos com medicações para tratar complicações (principalmente
infecciosas) e também do maior custo de suporte nutricional para tratar a desnutrição instalada.
Ainda, revelou que indivíduos bem nutridos permanecem internados, em média, 6 dias,
enquanto que indivíduos moderadamente desnutridos têm permanência hospitalar média de 9
dias e ainda que aqueles desnutridos graves ficam, em média, 13 dias internados; aumentando
o tempo de internação e consequentemente ocorrendo o aumento do risco de infecções e de
complicações.
Além disso, o ambiente social e econômico do indivíduo e de sua família desempenha
papel central na determinação da situação de saúde, pois, condições de vida precárias
normalmente se expressam na baixa renda familiar, no limitado poder de compra,
particularmente dos alimentos, nas condições adversas de saneamento, na área geográfica de
moradia e no limitado e desigual acesso a serviços de saúde (BLACK, 2008)
Diante do exposto é possível observar que a avaliação do estado nutricional precoce e a
suplementação pré operatória visa minimizar os distúrbios nutricionais, permitindo a
intervenção adequada, favorecendo a recuperação do paciente, a diminuição do tempo de
hospitalização e dos custos hospitalares. Desta forma, a hipótese do presente trabalho é a de
que indivíduos hospitalizados apresentem uma associação entre o estado nutricional com o
perfil sociodemográfico.
9
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Associar o perfil sociodemográfico e o estado nutricional de adultos e idosos admitidos
em um hospital universitário de Cuiabá, MT.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Traçar o perfil sociodemográfico dos indivíduos admitidos
Estabelecer a prevalência das principais patologias e cirurgias dos indivíduos estudados
Avaliar o estado nutricional de indivíduos internados;
Identificar a relação entre os dados sociodemográficos e o estado nutricional.
10
3. REVISÃO DA LITERATURA
O estado nutricional de um indivíduo expressa a condição na qual as necessidades
fisiológicas por nutrientes estão sendo obtidas, para manter ou não a composição e funções
normais do organismo, resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes
(JEEJEEBHOY, DETSKY e BAKER, 1990).
A avaliação do estado nutricional é realizada por métodos objetivos e subjetivos,
incluindo antropometria, avaliação da composição, exames bioquímicos, história dietética,
exame físico, determinação da funcionalidade. Em conjunto, esses métodos possibilitam a
realização de uma avaliação ampla do estado nutricional (KAMIMURA et al., 2005; MIJAC et
al., 2010).
Sendo assim, a desnutrição é o desequilíbrio celular entre o suprimento de energia e
nutrientes e o uso destes para o crescimento, manutenção e funções específicas do corpo (OMS,
1997). A Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral – ASPEN (2011), define a
desnutrição como um estado de nutrição agudo, subagudo ou crônico, com graus variáveis de
“overnutrition” ou de “undernutrition”, com ou sem atividade inflamatória, que leva a
mudanças na composição corporal e redução da funcionalidade dos órgãos e tecidos (ASPEN,
2011). Além disso, a desnutrição pode ser definida como alterações do equilíbrio entre ingestão
e gasto energético do indivíduo, como também pode ser decorrente de alterações da digestão,
absorção e/ou utilização dos nutrientes (LEE, 2012).
As razões que levam à desnutrição são múltiplas, como a ingestão oral prejudicada, o
apetite alterado, a caquexia, os transtornos metabólicos e os efeitos adversos da terapêutica,
secundário as doenças associadas. O número de episódios de jejum é um outro fator que se
correlaciona negativamente com o índice de massa corporal (LEE, 2012).
Segundo Kondrup et al (2002), procedimentos de investigação e tratamento de
patologia que acarretam a necessidade de jejum e alterações na composição da dieta, são
algumas das causas do comprometimento do estado nutricional em indivíduos internados. O
jejum prolongado leva a depleção do estoque de glicogênio, com isso a glicemia passa a ser
mantida pela gliconeogênese, que promove um gasto metabólico importante, pois esta via está
relacionada a perda significativa da massa muscular e de tecido adiposo.
Após algumas horas de jejum, ocorre a diminuição das concentrações de insulina e,
em consequência, aumento das concentrações de glucagon, promovendo uma utilização rápida
da pequena reserva de glicogênio que se encontra em maior parte no fígado. Em menos de 24
horas de jejum, o glicogênio hepático é totalmente consumido. Antes disso, porém, a
11
gliconeogênese é ativada e a proteína muscular passa a ser utilizada provendo glicose para os
tecidos que dependem exclusivamente dela como fonte de energia (sistema nervoso central,
medula renal e eritrócitos) (NYGREN, 2006).
A etiologia da desnutrição detectada na admissão hospitalar pode ser primária,
decorrente da ingestão inadequada e insatisfatória de nutrientes, consequência de condições
socioeconômicas precárias que não garantem a reposição energético-proteica e dos demais
nutrientes necessários; ou secundária, decorrente de fatores intrínsecos, pelo impacto de
doença. A partir do prévio diagnóstico de desnutrição, torna-se viável a implementação da
terapia nutricional adequada, a fim de manter ou recuperar o estado nutricional do paciente e
evitar a instalação ou progressão da desnutrição e de suas complicações (GARCIA, 2004;
TEIXEIRA, 2016).
Para isso existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma
avaliação clínica (observação de características como peso, altura e idade) até uma completa
avaliação do estado nutricional do paciente, incluindo, dados sobre alimentação, avaliação
bioquímica, imunológica, avaliação metabólica e história social, abrangendo a ocupação,
escolaridade, condições de habitação, nível socioeconômico (ACUNÃ e CRUZ, 2004;
AQUINO e PHILIPPI, 2011).
Dentre os métodos existentes para diagnosticar a desnutrição, destacam-se a Mini
Avaliação Nutricional – MAN, Triagem de Risco Nutricional – NRS, Avaliação Subjetiva
Global – ASG, Screening Tool Risk Nutritional Status and Growth – Strong Kids, Malnutrition
Screening Tool – MST, Malnutrition Universal Screening Tool – MUST (ASBRAN, 2014).
A aplicação da NRS (2002) é indicada em até 24 horas da admissão do paciente em
nível hospitalar e na primeira consulta em nível ambulatorial e domiciliar. A triagem sinaliza
precocemente indivíduos que poderiam beneficiar-se da terapia nutricional. Inclui, como
diferencial, a idade do paciente, tanto de adultos como de idosos, e engloba indivíduos clínicos
e cirúrgicos no âmbito hospitalar, ou seja, não discrimina indivíduos e abrange muitas
condições patológicas (ASBRAN, 2014).
Também adiciona a idade avançada (≥ 70 anos) como fator de risco. O instrumento
utiliza pontuação variável entre 0 e 6. Quando o resultado da somatória é maior ou igual a três
pontos, o paciente é classificado como em risco de desnutrição. Ao final, sugere a indicação de
intervenção nutricional para os indivíduos desnutridos (BEGHETTO, 2008; BRASPEN, 2011).
Por outro lado, a MAN foi desenvolvida para a avaliação do estado nutricional de idosos
hospitalizados. O questionário compreende 18 perguntas agrupadas em quatro seções. A soma
dos escores permite identificar os indivíduos idosos com estado nutricional adequado, com risco
12
de desnutrição ou com desnutrição. Ela é aplicada em duas partes: quando utilizada de forma
parcial, com a aplicação da primeira parte, que inclui seis questões, serve para a triagem
nutricional (risco nutricional); quando aplicado de forma completa, esse instrumento permite
realizar a avaliação do estado nutricional e possíveis mudanças ao longo do tempo. Este recurso
é considerado uma das melhores ferramentas para triagem do risco nutricional de idosos
(VELLAS, 1999).
Em relação a ASG, o propósito da realização da avaliação nutricional não é apenas o
diagnóstico, mas também a identificação de indivíduos com risco de desenvolver complicações
associadas ao estado nutricional durante a internação, ou seja avaliação do risco nutricional. O
instrumento tem boa reprodutibilidade e capacidade de prever complicações relacionadas à
desnutrição (DETSKY, 1987).
O questionário foca questões relacionadas à desnutrição crônica, como: percentual de
perda de peso nos últimos 6 meses; modificação na consistência dos alimentos ingeridos;
sintomatologia gastrointestinal persistente por mais de 2 semanas; presença de perda de gordura
subcutânea e de edema. Além disso, a ASG valoriza alterações funcionais que possam estar
presentes. O método classifica o paciente em: bem-nutrido (A); moderadamente desnutrido (B)
e gravemente desnutrido (C) (DETSKY, 1987).
Estudos em todo o mundo têm mostrado que 40% dos indivíduos encontram-se
desnutridos na admissão ao serviço hospitalar e que, em torno de 75% perdem peso durante a
internação (DELGADO, 2005). De acordo com Löser (2010) identificar essa patologia na
admissão é essencial para garantir um suporte adequado, visto que, a desnutrição na admissão
hospitalar tem uma taxa de prevalência que varia de 20 a 60%.
O estudo realizado por Borghi et al. (2013), apontou que 24% dos indivíduos adultos
assistidos apresentavam-se desnutridos nas primeiras 48 horas após admissão hospitalar,
quando submetidos à Avaliação Subjetiva Global – ASG. E em relação aos idosos 38,4%
estavam sob risco nutricional e 30,8% estavam desnutridos. Esta pesquisa mostrou que ao
considerar os indivíduos das duas populações estudadas (adultos e idosos), levando-se em conta
os adultos classificados como B e C pela ASG e os idosos considerados sob risco de desnutrição
e desnutridos pela Mini Avaliação Nutricional (MAN), alcançaria um valor médio de
desnutrição/sob risco de desnutrição de 46,6%.
Estudo realizado por Weinsier et al. (1979) observou que 48% dos indivíduos já se
encontravam desnutridos no momento da internação. Ao avaliar o estado nutricional dos
indivíduos, ao final do período de internação, essa taxa aumentou para 62% e, foi constatada a
correlação desses índices com um maior tempo de internação quando esses indivíduos foram
13
comparados a um grupo de doentes de baixo risco de desnutrição mas com diagnósticos
semelhantes, onde os tempos de internação encontrados foram, respectivamente, 20 e 12 dias.
Portanto, a avaliação do estado nutricional permite identificar os distúrbios
relacionados ao desequilíbrio de nutrientes, possibilitando a definição de uma intervenção
adequada o mais precocemente possível, evitando a instalação e/ou progressão da desnutrição,
e favorecendo a recuperação da saúde (GONÇALVES DE ALENCAR, 2015).
É oportuno mencionar, que Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral
(BRASPEN) desenvolveu a campanha ´´Diga não à desnutrição´´ com o objetivo de reduzir as
taxas de desnutrição por meio de uma série de ações que incluem triagem, diagnóstico, manejo
e tratamento da desnutrição (BRASPEN, 2018).
De acordo com o exposto, a determinação precoce do estado nutricional em indivíduos
internados e a constatação da relação do estado nutricional com o perfil sociodemográfico,
podem ser utilizados como uma estratégica de melhora terapêutica desses indivíduos, como isso
propõe-se a realização deste estudo.
14
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Estudo transversal prospectivo, realizado em indivíduos que internaram nas clínicas
médica e cirúrgica do Hospital Universitário Júlio Müller na cidade de Cuiabá – MT.
4.2 AMOSTRA DE ESTUDO
A amostra do estudo foi composta por indivíduos de ambos os sexos, e a coleta foi
realizada no período de março de 2018 a agosto de 2018. Os critérios de inclusão foram:
indivíduos maiores de 18 anos admitidos na clínica médica e cirúrgica nas primeiras 48 horas
de internação. Os critérios de exclusão foram definidos como: gestantes, indivíduos críticos,
todos aqueles em que não será possível realizar a avaliação nutricional e os que não consentirem
em participar.
Os indivíduos que aceitaram participar da pesquisa, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I). O presente projeto foi aprovado pelo Comitê
de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso sob o número 2.744.084 (ANEXO V).
4.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os dados sociodemográficos e nutricionais foram obtidos por meio de um questionário
contendo 23 questões de múltipla escolha, que abordaram variáveis como, sexo, idade, raça,
estado civil, escolaridade, procedência, motivo da internação, renda familiar, diagnóstico da
internação, comorbidades, tipo dieta, tipo de cirurgia (se cirúrgico), uso de preparo cirúrgico
(ANEXO II)
Os dados antropométricos foram obtidos por meio do prontuário do paciente, na
ausência dessa informação, a pesquisadora realizou a aferição do peso corporal e a estatura.
Para obtenção do peso corporal e aferição da altura foi utilizado uma balança mecânica
com estadiômetro manual, com capacidade máxima de 150 kg (precisão de 100g), disponível
no serviço, da marca Filizola®. No momento da aferição, os indivíduos foram orientados a
ficarem com o mínimo de roupas possível e com os pés descalços sobre a balança. Após esse
momento foi calculado o Índice de Massa Corporal QUETELET por meio da fórmula: peso
15
dividido pela altura ao quadrado e a classificação foi feita de acordo com as recomendações da
Organização Mundial da Saúde – OMS (1997) para adultos e Lipschitz (1994), para os idosos.
Os indivíduos foram avaliados por meio da Nutritional Risk Screening – NRS (2002)
(ANEXO IV) no qual foram classificados com NRS < 3, que significava que o paciente não
apresentava risco nutricional e NRS ≥ 3, que significava que o paciente estava em risco e o
plano nutricional deveria ser iniciado. Quando os pacientes apresentavam a NRS>3, foi
realizada a Avaliação Subjetiva Global – ASG (ANEXO III), no qual os pacientes foram
classificados como bem nutridos (ASG A), em risco de desnutrição ou moderadamente
desnutridos (ASG B) e desnutridos graves (ASG C).
As análises de dados foram realizadas no programa STATA versão 11.0. As variáveis
contínuas foram sintetizadas em média e desvio padrão. Em contrapartida, as variáveis
categóricas foram descritas em categorias e frequência. Para avaliação da normalidade dos
dados foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk, se o resultado do teste de Shapiro-Wilk fosse <0,05,
rejeitava-se a normalidade dos dados. Para verificar diferenças entre os grupos de estudo foi
utilizado para as variáveis contínua e simétrica o Teste T e Teste ANOVA e para as variáveis
categóricas o Teste de Qui-Quadrado.
16
5. RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES
O presente estudo contou com a participação de 30 indivíduos, sendo 6 idosos e 24
adultos. Em relação a distribuição por gênero esta pesquisa obteve 63,3% dos avaliados do sexo
feminino e 36,7% do sexo masculino. A idade variou entre 18 a 71 anos, com a média de 44,5
± 14,3 anos. Dentre os entrevistados, 73,3% (n=22) da clínica cirúrgica e 26,7% (n=8) da clínica
médica.
Em relação à escolaridade, pode-se perceber que 6,7% não sabiam ler nem escrever,
33,3% não concluíram o ensino fundamental, 6,7% possuíam o ensino fundamental completo,
13,3% tinham o ensino médio incompleto, 33,3% haviam concluído o ensino médio e 6,7%
possuíam ensino superior completo.
Quando indagados sobre o estado civil, 20% dos indivíduos relataram ser solteiros,
63,3% casados, 6,7% divorciados e 10% viúvos. Quanto à procedência, a maioria dos
indivíduos eram oriundos do Estado de Mato Grosso (90%), sendo que 40% residiam na capital
e 50% no interior do Estado. No questionamento sobre raça/cor prevaleceu pardos (60%),
seguido de negros (23,3%) e brancos (16,7%).
No que diz respeito à quantidade de moradores na residência dos participantes do
estudo, 13,2% dos indivíduos moravam sozinhos e 86,8% residiam com mais de uma pessoa.
DETALHAR MAIS (1-2 P/ 3-4 P/ >5P) A distribuição dos indivíduos segundo a renda mensal
per capita é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Distribuição dos indivíduos avaliados segundo renda mensal per capita, no Hospital
Universitário Júlio Muller em Cuiabá, 2018.
Renda Mensal N %
Nenhum Salário Mínimo 1 3,4
1 Salário Mínimo 7 23,3
1 ½ Salário Mínimo 4 13,3
2 Salários Mínimos 6 20,0
2 ½ Salários Mínimos 7 23,3
Mais que 3 Salários Mínimos 5 16,7
Total 30 100
Fonte: Do autor
17
Os participantes do estudo, também foram questionados sobre o recebimento de
benefícios sociais, o qual evidenciou que 24,1% dos indivíduos recebiam auxilio, sendo 42,8%
Bolsa Família, 28,6% aposentadoria, 14,3% pensão e 14,3% auxilio doença.
Dos indivíduos internados na clínica cirúrgica apenas 54,5% realizaram o procedimento
cirúrgico dentro de 24 horas após a internação, dentre eles 68,2% (n=15) fizeram uso do preparo
cirúrgico que corresponde a um composto de maltodextrina, com 200 ml de água e 12% de
maltodextrina (PROJETO ACERTO, 2016) e 31,8% (n=7) não utilizaram o suplemento. No
que diz respeito a consistência da dieta no ato da internação, a dieta branda (53,3%) foi prescrita
para a maioria dos indivíduos internados, seguida da dieta normal (23,4%). Além dessas, houve
a prescrição de 10% dieta pastosa, 6,7% dieta semi liquida e 3,3% dieta liquida restrita.
Além da causa de internação, 30% dos indivíduos apresentavam doenças crônicas não
transmissíveis associadas. A citadas foram, Hipertensão Arterial Sistêmica (23,3%) e Diabetes
Mellitus (6,7%), sendo que 3,3% apresentavam as duas doenças e 3,3% tinham diabetes,
hipertensão e cirrose hepática. E quanto aos antecedentes patológicos familiares 50% não
relataram nenhum, 36,7% hipertensão arterial e 13,3% diabetes, sendo o seguinte grau de
parentesco 80% pais, 13,3% avós e 6,7% filhos.
Em relação ao tipo de tratamento hospitalar, notou-se que a maioria das internações
realizadas na clínica médica e na clínica cirúrgica, foram por doenças renais e hepáticas, sendo,
37,5% e 25% respectivamente, como mostra a figura 1 e 2.
Figura 1 - Distribuição dos indivíduos avaliados segundo motivo de internação na clínica
médica do Hospital Universitário Júlio Muller (n=8). Cuiabá, 2018.
Fonte: Do autor
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Doenças
Hepáticas
Doenças
Renais
Doenças
Pancreáticas
Infecção
Per
centu
al
18
Figura 2 - Distribuição dos indivíduos avaliados segundo motivo de internação na clínica
cirúrgica do Hospital Universitário Júlio Muller (n=22). Cuiabá, 2018.
Fonte: Do autor
5.2 ESTADO NUTRICIONAL NA CLÍNICA CIRURGICA E MÉDICA
Considerando-se as variáveis relacionadas à avaliação do estado nutricional, o presente
estudo mostrou que a maior parte dos indivíduos adultos, da clínica cirúrgica, apresentavam
sobrepeso (42,1%), com a média de IMC de 27,6 ± 4,9 kg/m2. Enquanto que, na clínica médica,
a maior parte dos adultos apresentavam eutrofia (40%), com média de IMC de 24,7 ± 6,0 kg/m2.
Quanto a classificação dos idosos, avaliados na clínica cirúrgica, pode-se observar que,
66,7% dos indivíduos apresentavam-se eutróficos e 33,3% com sobrepeso. Enquanto que, na
clínica médica houve a prevalência de sobrepeso (66,7%) entre os idosos, com a média de IMC
de 27,0 ± 2,6 kg/m2.
Além da classificação do IMC, os entrevistados foram avaliados pela Triagem de
Risco Nutricional – NRS (2002), onde evidenciou-se que, na clínica cirúrgica, 86,4% (n=19)
tiveram a NRS < 3, ou seja, os indivíduos estavam sem risco de desenvolver desnutrição, no
entanto, 13,6% (n= 3) dos indivíduos obtiveram a NRS ≥ 3, apresentando um risco de
desenvolver desnutrição e desta forma, necessitando de uma intervenção nutricional imediata.
Quando analisados os indivíduos da clínica médica, pode-se perceber que 50% foram
classificados com a NRS < 3(n=4) e 50% com a NRS ≥ 3 (n=4).
Nos participantes das clínicas médica e cirúrgica, que obtiveram a NRS ≥ 3, houve a
aplicação do questionário da Avaliação Subjetiva Global – ASG, na qual constatou que três dos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Doenças
Hepáticas
Doenças
Renais
Neoplasia Doenças
Intestinais
Doenças Do
Esôfago
Doenças
Nasais
Doença
Auto Imune
Doenças
Abdominais
Doenças Do
Aparelho
Reprodutivo
Feminino
Per
centu
al
19
entrevistados possuíam desnutrição moderada (ASG B) e quatro eram gravemente desnutrido
(ASG C).
(PARÁGRAFO ORIGINAL) Nos participantes da clínica cirúrgica, que obtiveram a
NRS ≥ 3, houve a aplicação do questionário da Avaliação Subjetiva Global – ASG, na qual
constatou que 33,3% (n= 1) dos entrevistados possuíam desnutrição moderada (ASG B) e
66,7% (n= 2) eram gravemente desnutrido (ASG C). Em relação a clínica médica a desnutrição
moderada (ASG B) estava presente em 50% (n=2) dos indivíduos, assim como, 50% (n=2)
estavam gravemente desnutridos (ASG C).
5.3 ASSOCIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM OS DADOS
SOCIODEMOGRÁFICOS NAS CLINICAS CIRURGICA E MÉDICA
Em relação a associação do estado nutricional com o dados sociodemográficos, foi
associado o IMC e a NRS com os seguintes dados sociodemográficos: sexo, escolaridade, renda
mensal e raça.
Na clínica cirúrgica, quando relacionou-se o IMC com as variáveis sociodemográficos
não foi possível encontrar nenhuma diferença estatística significativa (p>0,05), fato este que
pode ser observado na tabela 4.
20
Tabela 2 - Associação do IMC com dados sociodemográficos da clínica cirúrgica do Hospital
Universitário Júlio Muller (n=22). Cuiabá, 2018.
Variável
IMC
Valor-p
(kg/m2) N
Sexo
Feminino
Masculino
28,5 ± 4,7
26,5 ± 5,3
8
14
0,373*
Escolaridade
Analfabeto
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Completo
23,4 ± 2,1
27,7 ± 5,3
30,1
25,9 ± 0,4
29,4 ± 6,4
23,7
2
7
1
2
9
1
0,626**
Renda Mensal
Nenhum salário mínimo
Um salário mínimo
Um ½ salário mínimo
Até dois salários mínimos
Dois ½ salários mínimos
> Três salários mínimos
29,4
26,5 ± 6,3
28,2 ± 3
29,5 ± 4,8
27,5 ± 2,3
26,6 ± 8,6
1
4
3
5
5
4
0,955**
Raça
Branca
Parda
Negra
27,4 ± 2,9
28,3 ± 5,8
26,1 ± 1,1
3
15
4
0,729**
Legenda: IMC: índice de massa corporal; *teste T; ** teste de ANOVA
Fonte: Do autor.
Quando avaliado essa associação na clínica médica, também foi possível observar
ausência de diferença estatística significativa entre o IMC e as variáveis sociodemográficos
(Tabela 5).
21
Tabela 3 - Associação do IMC com dados sociodemográficos da clínica médica do Hospital
Universitário Júlio Muller (n=8). Cuiabá-MT, 2018.
Variável
IMC
Valor-p
(kg/m2) n
Sexo
Feminino
Masculino
24,7 ± 2,7
27,0 ± 1,5
5
3
0,558*
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Completo
27,1 ± 2,5
24,1
30,8 ± 0,8
19,2
18,4
3
1
2
1
1
0,051**
Renda Mensal
Um salário mínimo
Um ½ salário mínimo
Até dois salários mínimos
Até dois ½ salários mínimos
> Três salários mínimos
27,8 ± 3,6
24,3
30,2
24,1 ± 6,4
18,4
3
1
1
2
1
0,540**
Raça
Branca
Parda
Negra
23,2 ± 6,7
24,3 ± 4,9
28,6 ± 3,9
2
3
3
0,468**
Legenda: IMC: índice de massa corporal; *teste T; ** teste de ANOVA
Fonte: Do autor.
No que se refere a associação dos dados sociodemográficos com a Triagem de Risco
Nutricional, utilizando a NRS, na clínica cirúrgica e médica não foi possível observar diferença
estatística significativa (p>0,05) quando realizada essa associação (Tabela 6 e Tabela 7).
22
Tabela 4 - Associação da NRS com dados sociodemográficos da clínica cirúrgica do Hospital
Universitário Júlio Muller (n=22). Cuiabá-MT, 2018.
Variável
NRS
Valor-p
n < 3 (%) n ≥ 3 (%)
Sexo
Feminino
Masculino
13
6
68,4
31,6
1
2
33,3
66,7
0,240*
Escolaridade
Analfabeto
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Completo
2
6
1
2
7
1
10,5
31,6
5,3
10,5
36,8
5,3
0
1
0
0
2
0
0
33,3
0
0
66,7
0
0,912*
Renda Mensal
Até dois ½ salários mínimos
> Três salários mínimos
16
3
84,2
15,8
2
1
66,7
33,3
0,116*
Raça
Branca
Parda
Negra
3
12
4
15,8
63,2
21,0
0
3
0
0
100
0
0,445*
Legenda: NRS: Nutritional Risk Screening; *teste Qui-Quadrado
Fonte: Do autor.
23
Tabela 5 - Associação da NRS com dados sociodemográficos da clínica médica do Hospital
Universitário Júlio Muller (n=8). Cuiabá-MT, 2018.
Variável
NRS
Valor-p
n < 3 (%) n ≥ 3 (%)
Sexo
Feminino
Masculino
3
1
75,0
25,0
2
2
50,0
50,0
0,240
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Completo
1
0
1
1
1
25,0
0
25,0
25,0
25,0
2
1
1
0
0
50,0
25,0
25,0
0
0
0,504
Renda Mensal
Até dois ½ salários mínimos
> Três salários mínimos
3
1
75,0
25,0
4
0
100,00
0
0,504
Raça
Branca
Parda
Negra
2
1
1
50,0
25,0
25,0
0
2
2
0
50,0
50,0
0,564
Legenda: NRS: Nutritional Risk Screening; *teste Qui-Quadrado
Fonte: Do autor
24
6. DISCUSSÃO
O presente estudo buscou avaliar a associação do estado nutricional com os dados
sociodemográficos de indivíduos internados na clínica cirúrgica e clínica médica de um hospital
universitário. Entretanto, quando relacionados não foi possível encontrar diferença estatística
significativa.
No que tange ao tratamento hospitalar, neste estudo foi investigado diversos motivos
de internação, prevalecendo as doenças renais e hepáticas. Estes achados podem estar
relacionados com a variedade do serviço oferecido no local (clínica média e clínica cirúrgica)
à população, como também pelo o hospital ser um centro de referência do Estado de Mato
Grosso para o tratamento dessas patologias. Estudo feito por Bosco et al. (2013) verificou
resultados similares aos encontrados nesta pesquisa, visto que dos indivíduos internados na
clínica médica de um hospital universitário em São Luís, a maior prevalência de internação foi
oriunda de doenças hepática (27,0%) e doenças renais (20,0%).
Em relação as variáveis sociodemográficos, renda mensal e escolaridade, foi possível
observar que a maioria (60%) dos participantes do estudo ganhavam até 2 salários mínimos,
além disso foi verificado uma baixa escolaridade dos indivíduos, na qual apenas 6,7% dos
avaliados possuíam o ensino superior completo. Dados semelhantes foram encontrados por
Bosco et al. (2013), em seu estudo realizado com indivíduos da clínica médica de um hospital
universitário em São Luís (MA), constatando que 78,0% dos pacientes avaliados ganhavam até
2 salários mínimos e 87% dos entrevistados tinham escolaridade ≤ 9 anos. Essa baixa renda e
baixa escolaridade pode estar relacionada, pelo fato de tanto a nossa pesquisa como a pesquisa
de Bosco et al. (2013) terem sido realizadas em hospitais que estão vinculados ao Sistema Único
de Saúde (SUS).
Já em relação as variáveis sexo e raça, no presente estudo, foi possível verificar uma
maior prevalência de indivíduos do sexo feminino (63,3%) e de raça/cor parda (60%), assim
como Borghi (2013) que em sua pesquisa denominado BRAINS (Brazilian Investigation of
Nutritional Status in hospitalized patients), realizada com 19.362 indivíduos, de 110
instituições hospitalares do território nacional (39 públicos, 56 privados, 11 mistos e 4
filantrópicos), constatou que a maioria dos entrevistados (53%) eram do sexo feminino.
No estudo de Henrichsen et al. (2017), realizado com dados secundários obtidos de
uma amostra de pacientes que participaram de estudo de coorte prospectivo sobre risco
nutricional em indivíduos admitidos na emergência de um hospital público de Porto
Alegre(RS), que avaliou 585 pacientes, apontando que a maioria dos indivíduos eram do gênero
25
feminino (n= 325; 55,6%) e da raça branca (n= 501; 85,6%). Contrapondo os achados neste
estudo, diversos autores, apontam prevalência do sexo masculino na amostra, como por
exemplo, Silva et al. (2016), que em sua pesquisa feita na clínica médica do Hospital Público
Barão de Lucena em Pernambuco (PE) com a participação de 25 pacientes, constatou que 15
eram do sexo masculino. Bem como, no estudo de Azevedo et al. (2006) efetuado com
indivíduos internados em um hospital geral da região do Vale do Itajaí (SC), com amostra de
136 pacientes, na qual identificou que identificou 52,2% dos entrevistados eram do sexo
masculino e 91,17% de etnia branca.
Considerando o IMC, esta pesquisa verificou maior prevalência de sobrepeso e
eutrofia nos adultos e idosos avaliados. Corroborando com nosso resultado, Bosco et al. (2013)
ao avaliar o IMC em 100 indivíduos adultos e idosos hospitalizados, verificou-se maior
prevalência de eutrofia e sobrepeso, 47,0% e 48,0% respectivamente. Contudo, estudos recentes
tem demonstrado um predomínio de sobrepeso e obesidade na população, visto que, a sociedade
está passando pela transição nutricional, ou seja, alterações nos hábitos alimentares e na prática
de atividade física em decorrência das mudanças sociodemográficos (BATISTA FILHO e
RISSIN, 2003).
Além disso, dados obtidos por meio da pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) e Ministério
da Saúde, apontou que 53,8% dos brasileiros está com sobrepeso e 18,9% com obesidade
(VIGITEL, 2016). Ademais a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2008 e
2009 retratou que 48% das mulheres e, 50,1% dos homens brasileiros estavam com sobrepeso.
Em relação à obesidade havia um percentual maior entre as mulheres, atingindo 16,9% desta
população (IBGE, 2010).
Além de tudo, os fatores sociodemográficos (sexo, idade, raça, escolaridade e renda)
vêm ganhando destaque como possíveis fatores de risco para o sobrepeso e obesidade, embora
diferenças na prevalência ou na especificidade dessas associações mereçam ainda maior
investigação nas diferentes regiões do Brasil (SÁ,2011). A preocupação com as repercussões
do excesso de peso, que era uma peculiaridade epidemiológica das classes sociais mais
abastadas, passa agora a ser representada nos grupos menos favorecidos (MELO 2015).
É oportuno mencionar, que neste estudo, observou-se baixa prevalência de indivíduos
com desnutrição, sendo 8,3% (IMC<18,5 kg/m2). Informações semelhantes foi encontrado por
Bosco et al. (2013), que em sua pesquisa apontou 5,4% dos homens e 4,3% das mulheres
estavam desnutridos. Em estudo feito por Rodrigues et al. (2008), também encontrou baixa
prevalência de desnutrição (7,0%) no ato da internação dos participantes do estudo.
26
Destaca-se que, embora exista uma baixa prevalência de desnutrição no momento da
internação, esse quadro pode ser aumentado no decorrer da hospitalização, devido a diversos
fatores, tais como: as mudanças alimentares, troca de hábitos e horários, alta rotatividade dos
funcionários da equipe de saúde, peso e altura não aferidos, desnutrição não identificada, não
observação da ingesta alimentar por parte dos pacientes, intervenção cirúrgica em pacientes
desnutridos sem reposição nutricional, uso prolongado de soros por via venosa ao lado de dieta
zero, ausência de terapia nutricional em estados hipermetabólicos e retardo no início da terapia
nutricional (GARCIA, 2006; WAITZBERG, 2001).
Vale destacar que, o diagnóstico precoce da desnutrição é necessário a fim de impedir
sua instalação e agravo. Tão importante quanto diagnosticar a desnutrição é avaliar o risco
nutricional na admissão hospitalar de pacientes. Portanto, deve-se realizar o rastreamento do
risco nutricional mesmo que os doentes estejam aparentemente com o peso corporal adequado
(WAITZBERG, 2009).
Em relação a NRS, o presente estudo verificou que apenas 23,3% dos entrevistados
apresentavam NRS ≥ 3. Alguns estudos, também verificaram o risco de desnutrição nos
indivíduos avaliados quando submetidos a NRS, entretanto encontraram uma maior
prevalência, como na pesquisa de Teixeira et al. (2016) em prontuários de 205 pacientes
admitidos na clínica médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, onde
detectou risco nutricional em 58,8% dos internados e de Bazzi (2016) ao realizar um estudo
com indivíduos internados na Unidade de Internação Cirúrgica de Proctologia do Hospital
Universitário de Santa Catarina, identificou que 50% dos entrevistados encontravam-se em
risco nutricional.
Quando aplicado ASG nos pacientes com NRS ≥ 3, este estudo apontou que na clínica
médica, houve igualdade nos percentuais de moderadamente desnutridos e desnutridos graves
(50% e 50%). Enquanto que na clínica cirúrgica, observou-se que 33,3% estavam com
desnutrição moderada e 66,7% gravemente desnutridos. O Ibranutri (Waitzberg, 2001),
constatou, a partir da ASG, que 48,1% dos pacientes estavam desnutridos, sendo 12,6
gravemente desnutridos e 35,5% moderadamente desnutrido, e dentre esses pacientes 33,2%,
já possuíam esta condição nos dois primeiros dias de hospitalização.
Enquanto que, no estudo elaborado por Reis (2009), com 53 participantes, de ambos
os sexos, que se encontravam internados na Clínica Médica e Cirúrgica do Hospital Geral de
Timóteo (MG) apontou que 7,5% do participantes estavam com desnutrição moderada (ASG
B) e 1,9% gravemente desnutridos (ASG C). Já para Borghi (2013) os resultados apontaram
que 24% dos indivíduos adultos já estavam desnutridos nas primeiras 48 horas após admissão
27
hospitalar, desses, 18,3% estavam moderadamente desnutridos (ASG B) e 5,7% gravemente
desnutridos (ASG C).
De acordo com a associação dos parâmetros IMC e NRS com o perfil
sociodemográfico dos entrevistados, verificou-se que não houve diferença estatística
significativa. A ausência de resultado pode-se ser justificada pelo pequeno tamanho amostral.
Entretanto no estudo realizado por Álvares (2006) com 129 indivíduos hospitalizados, quando
compararam os participantes com e sem indicação para suporte nutricional, pode-se observar
que os entrevistados com indicação, têm idade superior (p<0,001) e menor escolaridade
(p<0,001) em relação aos indivíduos que não tem indicação para risco nutricional.
28
7. CONCLUSÃO
Os indivíduos internados no Hospital Universitário Júlio Müller apresentam baixa
prevalência de desnutrição no ato da internação. Além disso, o estado nutricional e os dados
sociodemográfico desses pacientes não estão relacionados.
29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACUÑA, K. CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação
nutricional da população brasileira. Arq. Bras Endocrinol Metabol. 2004; 48(3):345-61.
ÁLVARES, L.M.M. Desnutrição hospitalar no momento da admissão. Universidade do
Porto. Porto - Portugal, 2006.
AQUINO, R.C. PHILIPPI, S.T. Identificação de fatores de risco de desnutrição em
indivíduos internados. São Paulo, SP. 2011.
ASPEN – ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL.
Nutrition Screening, Assessment, and Intervention in Adults. Journal of Parenteral and
Enteral Nutrition. 2011.
ASBRAN - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO – ASBRAN. Manual Orientativo.
Sistematização do Cuidado de Nutrição. São Paulo, SP. 2014.
AZEVEDO, L.C. MEDINA, F. SILVA, A.A. CAMPANELLA, E.L.S. Prevalência de
desnutrição em um hospital geral de grande porte de Santa Catarina/Brasil. Arquivos
Catarinenses de Medicina Vol. 35, no. 4, Santa Catarina, 2006.
BATISTA FILHO, M. RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e
temporais. Caderno de Saúde Pública. 19 (Sup. 1):S181-S191, Rio de Janeiro, RJ. 2003.
BAZZI, N.B. LEAL, V. LIRA JÚNIOR, H.F. SANTOS, J.M. FERREIRA, M.G. ZENI,
L.A.Z.R. Estado nutricional e tempo de jejum em pacientes submetidos a cirurgias colorretais
eletivas. Nutr. clín. diet. Hosp. v. 36. nº. 2. p. 103-110. Santa Catarina. 2016.
BECK, A.M. BALKNAS, P. FURST, K. HASUNEN, L. JONES, U. KELLER, U.
MELCHIOR, J.C. MIKKELSEN, B.E.SCHAUDER, P. SIVONEN, P. SIVONEN, L.
ZINCK,O. OIEN, H. OVESEN, L. Food and nutritional care in hospitals: how to prevent
undernutrition report and guidelines from the Council of Europe. Clinical Nutrition.
Europa, 2001.
BEGHETTO, M.G. MANNA, B. CANDAL, A. MELLO, E.D. POLANCZUK, C.A. Triagem
Nutricional em adultos hospitalizados. Revista de Nutrição. Campinas, SP. 2008.
BORGHI, R. MEALE, M.M.S. GOUVEIA, M.A.P. FRANÇA, J.I.D. DAMIÃO, A.O.M.C.
Perfil nutricional de indivíduos internados no Brasil: análise de 19.222 indivíduos (Estudo
BRAINS). Rev Bras Nutr Clin. São Paulo - SP, 2013.
30
BOSCO, V.E.F. SOUSA, K.M.M. VIANA, K.D.A.L. CALADO, I.L. Estado nutricional de
indivíduos hospitalizados em um hospital universitário de São Luís, Maranhão. Revista
Pesquisa e Saúde. São Luís, MA. 2013.
BOZZETTI, F. GIANOTTI, L. BRAGA, M. DI CARLO, V. MARIANI, L. Postoperative
complications in gastrointestinal cancer patients: The joint role of the nutritional status and the
nutritional support. Clinical Nutrition. 2007.
BLACK, R.E. ALLEN, L.H. BHUTTA, Z.Q.A. ELD, L.E.C. ONIS, M. EZZATI, M.
MTHERS, C. RIVERA, J. Maternal and child undernutrition: global and regional
exposures and health consequences. p. 371: 243. 60. Lancet. 2008.
BRASPEN – SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA. DIAS, M.C.G. VAN AANHOLT, D.P.J.
CATALANI, L.A. REY, J.S.F. et al. Triagem e Avaliação do Estado Nutricional. In:
Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina, editores. Projeto Diretrizes. São
Paulo: AMB; 2011. p. 1-16.
BRASPEN – SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL.
Campanha “Diga não à Desnutrição”: 11 passos importantes para combater a desnutrição
hospitalar. São Paulo, SP. 2018.
CORREIA, M.I.T.D. CAMPOS, A.C.L. Prevalence of Hospital Malnutrition in Latin
America: The Multicenter ELAN Study. Nutrition. vol 19. Belo Horizonte –MG, 2003.
DELGADO, A. F. Desnutrição hospitalar. Revista de Pediatria, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 9-
11, 2005.
DETSKY, A.S. MCLAUGHLIN, J.R. BAKER, J.P. JOHNSTON, N. WHITTAKER, S.
MENDELSON, R.A. KHURSHEED, N. JEEJEEBHOY, M.B.B.S. What is subjective global
assessment of nutritional status? JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1987;11(1):8-13.
FLORES, P.F. EL KIK, R.M. Jejum pré-operatório em pacientes hospitalizados. Revista
Ciencia & Saúde. v .6. nº 3.p. 214-221. Porto Alegre, RS. 2006.
GARCIA, R. W. D. A dieta hospitalar na perspectiva dos sujeitos envolvidos em sua produção
e em seu planejamento. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 2, p. 129-144, mar./abr. 2006.
GARCIA, R.W.D. LEANDRO-MERHI, V.A. PEREIRA, A.M. Estado nutricional e sua
evolução em indivíduos internados em clínica médica. Rev. Bras. Nutr. Clin. 2004; 19(2):59-
63.
31
GONÇALVES DE ALENCAR, M. DE SÁ, L. BRASIL, M. DA SILVA, P. VIRGÍNIA, L.
Evolução do estado nutricional de indivíduos internados na clínica médica de um hospital
filantrópico de Pernambuco – Brasil. Nutr. Clin. Diet. Hosp. Pernambuco, Brasil. 2015.
HENRICHSEN, J. MORAES, F.S. SCHAUREN. B.C. Prevalência de desnutrição em
indivíduos adultos que ingressam na emergência de um hospital público. Nutr. Clín. Diet.
Hosp. Lajeado - RS, 2017.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Pesquisa de
Orçamentos Familiares 2008-2009 (POF). 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/pof
_20082009_encaa.pdf> Acesso em: set 2018.
JEEJEEBHOY, K.N. DETSKY, A.S. BAKER, J.P. Assessment of nutritional status. Journal
of Paranteral & Enteral Nutrition. University of Toronto. Canadá, 1990.
KAMIMURA, M.A. BAXMANN, A. SAMPAIO, L.R. CUPPARI, L. Avaliação Nutricional.
In: Cuppari L. Nutrição: Nutrição clínica no adulto. 2ed. São Paulo: Manole; 2005. p.89-127.
KONDRUP, J. JOHANSEN, N. PLUM, L.M. BAK, L. HOJLUND L. MARTINSEN, A.
ANDERSEN, J.R. BRNTHSEN, H. BUNCH, E. LAUESEN, N. Incidence of nutritional risk
and causes of inadequate nutritional care in hospitals. Clinical Nutrition. 2002.
LEANDRO-MERHI, V.A. MORETE, J.L. OLIVEIRA, M.R.M. Avaliação do estado
nutricional precedente ao uso de nutrição enteral. Arq Gas troenterol, 2009; 46 (3): 219-24.
LEANDRO-MERHI, V.A. SREBERNICH, S.M. GONÇALVES, G.M.S. AQUINO, J.L.B.
Perda de peso hospitalar, dieta prescrita e aceitação de alimentos. ABCD Arq Bras Cir Dig.
Campinas – SP, 2015.
LEE, C. RUCINSKI, J. BERNSTEIN, L. A systematized interdisciplinary nutritional care
plan results in improved clinical outcomes. Clin Biochem. 2012 Oct; 45(15): 1145-1149.
LEITE, H. P.; CARVALHO, W. B; MENESES, J. F. S. Atuação da equipe multidisciplinar na
terapia nutricional de indivíduos sob cuidados intensivos. Revista de Nutrição, Campinas, v.
18, n. 6, p. 777-784, nov./dez. 2005.
LEONHARDT, V.K. PALUDO, J. Identificação do risco nutricional em pacientes
hospitalizados através da triagem nutricional. Revista Destaques Academicos. v. 5. nº 3.
Lajeado, RS. 2013.
LIPSCHITZ DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care. 1994; 21: 55-67.
32
LÖSER, C. Malnutrition in hospital: the clinical and economic implications. Dtsch Arztebl
Int. 2010; 107 (51-52):911-7.
MELO, S.PP.S.C. BATISTA FILHO, M. RISSIN, A. Excesso de peso de adultos residentes em
um aglomerado urbano subnormal. Rev Bras Promoç Saúde. 28 (2). p. 257-265. Fortaleza –
CE. 2015.
MIJAC, D.D. JANKOVIC, G.L.J. JORGA, J. Nutritional status in patients with active
inflammatory bowel disease: Prevalence of malnutrition and methods for rutine
nutritional assessment. Eur J of Inter Med, v. 21, p. 315-319. 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Obesidade e desnutrição. Brasília – DF, [s/d].
MONTI, G.R. Desnutrición hospitalaria: una patología subdiagnosticada. Rev Asoc Méd
Argent, 121(4): 25-28. Argentina. 2008.
NYGREN, J. The metabolic effects of fasting and surgery. Best Pract Res Clin Anaesthesiol.
2006 Sep; 20:429-438.
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Obesity: Preventing and management the
global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneve: WHO, 1997.
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS. Physical status: the use and
interpretation of anthropometry. Report of a WHO expert committee. Geneve: WHO, 1995.
(Technical Report Series, 854).
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Programme of Nutrition WHO
Global Database on Child Growth and Malnutrition. Geneva, 1997. Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/63750/1/WHO_NUT_97.4.pdf>.
PROJETO ACERTO. Nutrição Peri Operatória. Disponível em:<
http://projetoacerto.com.br/jejum-pre-operatorio/> Acesso em: jun 2018. Cuiabá - MT, 2016.
REIS, K.S. SANTANA, H.S. SOARES, F.B. MEDEIROS, R.S. SERRANO, H.M.S.
MOREIRA, S.A. Prevalência de desnutrição em indivíduos internados em um hospital geral.
Nutrir gerais. Revista Digital de Nutrição. Ipatinga – MG. v. 3, n. 5, p. 477-488. 2009.
RODRIGUES CC, LEANDRO-MERHI VA, OLIVEIRA MRM, FOGAÇA K P.
Predominância de excesso de peso entre pacientes hospitalizados independente do tempo de
internação. Rev Bras Nutr Clin. 2008;23(4):256-61.
SÁ, N.N.B. MOURA. E.C. Excesso de peso: determinantes sociodemográficos e
comportamentais em adultos, Brasil, 2008. Cad. Saúde Pública. 27(7). p. 1380-1392. Rio de
Janeiro – RJ. 2011.
33
SANTOS, T.M.P. SILVA, A.K.S. ALBUQUERQUE SANTOS, C.B.A. SOUZA, M.S.G.
LACERDAS, D.C. SANTOS JÚNIOR, J.A.S. XAVIER, H.J.S. FERREIRA JUNIOR, C.C.
Desnutrição: uma enfermidade presente no contexto hospitalar. Sci Med.; 25(4). 2015.
SILVA, D.M.M. SANTOS, C.M. MOREIRA, M.A. Perfil nutricional de pacientes
internados em um hospital público de Recife – PE. Destaques Acadêmicos. v. 8, n. 3, p. 97-
108, Lajeado, RS. 2016.
SOUSA, T.A. Associação entre diagnóstico prospectivo e retrospectivo do estado
nutricional e a evolução clínica de indivíduos internados em um hospital universitário. Uberlândia – MG. Dissertação [Mestre em Ciências da Saúde] - Universidade Federal de
Uberlândia, 2010.
TEIXEIRA, V.P. de MIRANDA, R.C. BAPTISTA, D.R. Desnutrição na admissão,
permanência hospitalar e mortalidade de indivíduos internados em um hospital terciário. Demetra: alimentação, nutrição & saúde. Curitiba – PR, 2016.
VELLAS, B. GUIGOZ, Y. GARRY, P.J. NOURHASHEMI, F. BENNAHUM, D. LAUQUE,
S. ALBAREDE. J.L. The Mini Nutritional Assessment (MNA) and Its Use In Grading the
Nutritional State of Elderly Patients. Nutrition. v.15. nº. 2. 1999.
VIGITEL - Vigilância De Fatores De Risco E Proteção Para Doenças Crônicas Por
Inquérito Telefônico. Ministério da Saúde. Brasília – DF, 2016. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/17/Vigitel.pdf> Acesso em: set
2018.
WAITZBERG, D.L. CAIAFFA, W.T. CORREIA, M.I.T.D. Hospital malnutrition: the
Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001.
WAITZBERG, Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na pratica clínica. 4. ed. São
Paulo: Atheneu; 2 vol. 2.628 p. 2009.
WEINSIER, R.L. EDIE, M. HUNKER, R.N. KRUMDIECK, C.L. BUTTERWORTH, C.E.
Hospital malnutrition. A prospective evaluation of general medical patients during the
course of hospitalization. Am J Clin Nutr. v. 32. nº 2. p.418-26. 1979.
34
ANEXOS
ANEXO I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) participante:
Sou Edna Herrera, estudante do curso de graduação na Faculdade de Nutrição da
Universidade Federal de Mato Grosso. Estou realizando uma pesquisa sob supervisão do
professor Wesley Santana Correa de Arruda, cujo objetivo é investigar o perfil
epidemiológico e nutricional de adultos e idosos admitidos em um hospital universitário de
Cuiabá, MT.
Sua participação envolve em uma entrevista, que será gravada se assim você
permitir, e que tem a duração aproximada de _10 minutos.
A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser
desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.
Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais
rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo(a).
Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará
contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento
científico.
Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pela estudante no
seguinte e-mail: [email protected].
Atenciosamente
___________________________
Nome e assinatura do(a) estudante
____________________________
Local e data
__________________________________________________
Nome e assinatura do professor supervisor/orientador
Matrícula:
Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste termo de
consentimento.
_____________________________
Nome e assinatura do participante
______________________________
Local e data
35
ANEXO II
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO
DATA DA APLICAÇÃO: ____/____/_____
DATA DA INTERNAÇÃO: ____/____/_____
1 NOME: ________________________________________________________
2 IDADE: ________________ 3 SEXO ( ) F ( ) M
4 PESO: 5 ALTURA: 6 IMC:
7 PERDA DE PESO (%): QUANTO TEMPO:
8 CLASSIFICAÇÃO PELA NRS (2002): ________________________________________
9 CLASSIFICAÇÃO PELA ASG (1983): ________________________________________
10 RAÇA/COR:
( ) BRANCO ( ) PARDO ( ) NEGRO ( ) AMARELO ( ) INDÍGENA
11 ESTADO CIVIL:
( ) SOLTEIRO ( ) CASADO/ UNIÃO ESTÁVEL
( ) SEPARADO/DIVORCIADO/DESQUITADO ( ) VIÚVO
12 ESCOLARIDADE:
( ) ANALFABETO ( ) SABE LER E ESCREVER
( ) ENS. FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) ENS. FUNDAMENTAL COMPLETO
( ) ENS. MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENS. MÉDIO COMPLETO
( ) ENS. SUPERIOR INCOMPLETO ( ) ENS. SUPERIOR COMPLETO
13 PROCEDÊNCIA:
( ) CAPITAL CUIABÁ
( ) INTERIOR, QUAL: __________
( ) AREA RURAL:
14 QUANTAS PESSOAS MORAM EM SUA CASA: ________
15 QUEM MORA COM VOCÊ:
( ) MORO SOZINHO ( ) PAI/MÃE ( ) ESPOSA/MARIDO/COMPANHEIRO
( ) FILHOS ( ) OUTROS
16 QUAL SUA PROFISSÃO: ___________________________________________
17 QUAL A RENDA MENSAL:
36
( ) NENHUMA
( ) ATÉ 02 SALARIOS MÍNIMOS
( ) MAIOR QUE 03 SALARIOS MÍNIMOS
( ) BENEFÍCIO SOCIAL GOVERNAMENTAL,
QUAL ________________, VALOR ATUAL _________________
18 HISTÓRICO FAMILIAR (DIABETES MELLITUS, HIPERTENSÃO,
OBESIDADE):
( ) NÃO ( ) SIM, GRAU DE PARENTESCO: ___________________________________
19 MOTIVO DA INTERNAÇÃO:_________________________________________
20 DIAGNÓSTICO DA INTERNAÇÃO: ___________________________________
21 TIPO DE DIETA:
( ) NORMAL ( ) BRANDA ( ) PASTOSA ( ) SEMI LÍQUIDA ( ) LIQUIDA
( ) LÍQUIDA RESTRITA
( ) HIPOSSÓDICA ( ) ESPECIAL PARA DIABETES
( ) TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL
( ) TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL
22 FEZ USO DE PREPARO CIRÚRGICO
( ) NÃO ( ) SIM
23 REALIZOU ALGUM PROCEDIMENTO CIRURGICO
( ) NÃO
( ) SIM, QUAL: __________________________________, QUANDO: ____________
37
ANEXO III
Avaliação subjetiva global - ASG
Nome: __________________________________ Idade:______ Sexo:____ Clínico ( ) Cirúrgico ( )
A. História
1. Alteração no peso
Perda total nos últimos 6 meses: total = _________kg; % perda = ____________
Alteração nas últimas duas semanas: _____aumento _____sem alteração _____diminuição.
2. Alteração na ingestão alimentar
_____ sem alteração
_____alterada _____duração = _____semanas.
_____tipo: _____dieta sólida modificada/pastosos _____dieta líquida completa _____líquidos
hipocalóricos _____inanição.
3. Sintomas gastrintestinais (que persistam por > 2 semanas)
_____nenhum _____náusea _____vômitos _____diarréia _____anorexia.
4. Capacidade funcional
_____sem disfunção (capacidade completa)
_____disfunção _____duração = _____semanas.
_____tipo: _____trabalho reduzido _____ambulatório _____acamado.
5. Doença e sua relação com necessidades nutricionais
Diagnóstico: ______________________________________________________________
Demanda metabólica (stress): _____sem stress _____baixo stress _____stress moderado _____stress
elevado.
38
B. Exame Físico (para cada categoria, especificar: 0 = normal, 1+ = leve, 2+ = moderada, 3+ =
grave).
# _____perda de gordura subcutânea (tríceps, tórax)
# _____perda muscular (quadríceps, deltóide)
# _____edema tornozelo
# _____edema sacral
# _____ascite
C. Avaliação subjetiva global (selecione uma)
_____A = bem nutrido
_____B = moderadamente ou suspeita de desnutrição
_____C = gravemente desnutrido
39
ANEXO IV
TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL (NRS 2002)
Tabela 1 triagem inicial
1
IMC < 20,5?
Sim
Não
2 Paciente com perda de peso nos últimos 3 meses?
3 Redução da ingestão dietética na última semana?
4 Paciente gravemente doente? (Ex. em UTI)
Sim: se a resposta foi sim para qualquer questão, a triagem na tabela 2 é indicada.
Não: se a resposta foi não para todas as questões, o paciente deve ser retriado no intervalo de 1 semana. Se o paciente for submetido ex.
a cirurgia de grande porte, um plano nutricional de prevenção deve ser traçado para evitar riscos no estado nutricional.
Tabela 2 triagem final
Ausente
Score 0
Estado nutricional normal Prejuízos no estado
nutricional
Doença grave (aumento dos requerimentos)
Leve Score 1 Perda de peso > 5% em 3 meses ou
ingestão abaixo de 50 a 75% do normal
na semana anterior
Leve Score 1 Trauma de quadril*, paciente crônico com
complicação aguda, cirrose*, DPOC*.
Hemodiálise de longa data, diabetes e
oncológico.
Moderado Score 2 Perda de peso > 5% em 2 meses ou IMC
18,5 – 20,5 kg/m2 + prejuízos na
condição geral ou ingestão entre 25 a
60% do normal na semana anterior
Moderado Score 2 Cirurgia abdominal de grande porte*, AVC*,
pneumonia grave, doença hematológica
maligna.
Grave Score 3 Perda de peso > 5% em 1 mês (> 15%
em 3 meses) ou IMC <18,5 kg/m2 +
prejuízos na condição geral ou ingestão
entre 0 a 25% do normal na semana
anterior
Grave Score 3 TCE*, transplante de medula*, paciente em
UTI (APACHE >10)
Score: + Score: = total score
Idade se > 70 anos: adicionar 1 no total do score acima = idade ajustada score total
Score ≥ 3: paciente em risco e o plano nutricional deve ser iniciado
Score < 3: semanalmente retriar o paciente. Se o paciente Ex. for escalado para cirurgia de grande porte, um plano nutricional
preventivo deve ser planejado para evitar piora do estado nutricional.
TRN – 2002 é baseada na
interpretação de estudos clínicos e
randomizados. *Indicam que o
estudo categoriza indivíduos com
essa doença. Diagnósticos em itálico
são baseados nos protótipos abaixo.
Risco nutricional é definido através
do estado nutricional atual e dos
riscos nesses estado nutricional
devido ao aumento dos
requerimentos causado pelo estresse
metabólico e das condições clínicas.
O plano nutricional é indicado para todos os
indivíduos que estão: (1) desnutrido grave
(Score=3), ou (2) doente grave (Score=3), ou
(3) desnutrido moderado + doença de estresse
leve (Score 2+1), ou (4) desnutrido leve +
doença de estresse moderado (Score 1+2).
Protótipos para doença grave
Score=1: paciente com doença crônica,
admitido no hospital devido a complicações. O
paciente está fraco, mas fica fora da cama
regularmente.
Os requerimentos proteicos estão aumentados, mas pode ser
coberto pela via oral ou através da suplementação oral para a
maioria dos casos.
Score 2: paciente confinado no leito devido a doença, Ex.
Submetido a cirurgia de grande porte do aparelho digestivo.
Requerimento proteico está aumentado, mas pode ser coberto,
entretanto a terapia nutricional está indicada para a maioria dos
casos.
Score 3: indivíduos em cuidados intensivos em ventilação
mecânica etc. O requerimento proteico está aumentado e não
pode ser coberto pela alimentação artificial. A quebra proteica e
a perda de nitrogênio podem ser significativamente atenuadas.
40
ANEXO V
PARECER CONSUBSTANCIAL DO CEP