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AS GEOTECNOLOGIAS NA REPRESENTAÇÃOCARTOGRÁFICA DOS PADRÕES DE USO E
OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA MICROBACIADO RIO GRANJEIRO, CRATO/CE
Maria Tayane Bonfim Lima
Universidade Regional do Cariri – URCA
Maria de Lourdes Carvalho Neta
Universidade Regional do Cariri – URCA
INTRODUÇÃO
Este trabalho vincula-se a pesquisa denominada “Evolução Geoambiental da
microbacia do Rio Granjeiro com a utilização de geotecnologias”, que vem sendo
desenvolvida desde julho de 2013, no Departamento de Geociências/Curso de Geografia da
Universidade Regional do Cariri - URCA.
A pesquisa objetiva compreender as mudanças ocorridas nos padrões de uso e
ocupação do solo na área da microbacia do rio Granjeiro, localizada no município do Crato,
Ceará, com o auxílio das geotecnologias. Para o momento, busca-se avaliar a contribuição, e
partilhar resultados, das geotecnologias na elaboração de representações cartográficas dos
padrões de uso e ocupação do solo na área mencionada.
A área de estudo se localiza no extremo sul do Ceará, próximo à divisa desse
estado com o de Pernambuco (ver figura 1), possuindo cerca de 20,96 km² de área. O rio
homônimo nasce na encosta da Chapada do Araripe, a partir de ressurgências do sistema
aquífero superior em contato com o aquiclude Santana e deságua no Rio Batateiras,
próximo à saída para Juazeiro do Norte (FARAJ FILHO, 2005).
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Figura 1: Mapa de Localização da microbacia do Rio Granjeiro, Crato, Ceará.
A microbacia em questão está totalmente inserida na área sedimentar do
município do Crato cortando suas terras e banhando sua sede e o distrito de Belmonte
(FARAJ FILHO, 2005). Segundo Guerra e Sampaio (1996), em seus alto e médio cursos,
percorre áreas predominantemente rurais, passando a cortar a cidade do Crato no
médio-baixo curso, formando uma série de interflúvios, terraços e planícies aluviais,
formando terrenos com declividades que variam de zero a mais de 45% (GUERRA; SAMPAIO,
1996 apud RIBEIRO, 2002).
Ribeiro (2004) aponta que o município do Crato, assim como todo o Cariri
cearense, destaca-se no semiárido nordestino, tanto por suas condições naturais mais
úmidas - decorrentes principalmente do substrato geológico sedimentar que lhe propicia
grande capacidade em armazenar umidade -, quanto pela concentração populacional.
A ocorrência da vegetação está condicionada às características hidroclimáticas,
geomorfológicas e pedológicas. A mata úmida é encontrada a barlavento na escarpa da
Chapada do Araripe, à montante do rio Granjeiro. A mata seca ocupa os níveis inferiores da
escarpa da Chapada do Araripe, nos setores abaixo da Floresta de Mata Úmida. A mata ciliar
ocorre nas margens do rio Granjeiro, destacando-se a carnaúba como uma espécie
dominante entre as demais espécies arbóreas. Ressalta-se que grande parte dessa
vegetação encontra-se antropizada (MAGALHÃES, 2009).
Em relação às características geológicas e pedológicas, a área encontra-se
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totalmente em terrenos da bacia sedimentar do Araripe. A Formação Arajara é composta
por siltitos e arenitos finos argilosos. Do ponto de vista estratigráfico, trata-se da unidade
que encerra a sequência paleomesozóica da Bacia Sedimentar do Araripe, constituindo uma
capa contínua em toda extensão da chapada. A Formação Exu apresenta litologia
constituída predominantemente de um arenito amarelo a avermelhado, de granulometria
média a grosseira, com níveis conglomeráticos, localmente argilosos e com intercalações
caulínicas e sílticas (GOMES et al., 1981; PONTE e APPI, 1990).
A média pluviométrica da região é de 1000 mm. Ressalta-se ainda que os rios e
riachos são intermitentes e o processo de autodepuração dos materiais carreados para o
vale no período chuvoso é mínimo, ou inexistente, dependendo da quantidade e do tipo de
material (SOUZA et al, 2008). Os mesmos autores escrevem que entre os problemas
existentes na área, aponta-se a retirada indiscriminada da mata ciliar que provoca o
assoreamento dos riachos, rios e açudes, reduzindo o quantitativo de água ao longo dos
vales.
Ressalta-se também a ocupação desordenada das encostas da Chapada do
Araripe, que causa impermeabilização dos terrenos e soterramento das nascentes. Tudo
isso vem provocando perdas das características vitais do solo, e contribuindo para as
enchentes especialmente na microbacia.
Dentro desta diversidade de elementos geoambientais, aponta-se a utilização de
geotecnologias para elaborar representações cartográficas que caracterizem a área, bem
como evidenciem as mudanças ocorridas ao longo dos anos. Geotecnologias entendidas
como o conjunto de técnicas que permitem a coleta, processamento, análise e oferta de
informações com referência geográfica ou espacial. Entre elas, destacam-se: o
sensoriamento remoto e seus produtos; o sistema de posicionamento global – GPS; a
cartografia digital, o sistema de informação geográfica – SIG (ROSA, 2005).
Destacamos aqui o sensoriamento remoto, que representa recurso capaz de
fornecer informações acerca dos diferentes elementos da superfície da terra obtidas à
distância (FLORENZANO, 2012), como importante ferramenta na elaboração de
mapeamentos de análise espaço-temporal em diferentes áreas.
Nesse contexto, aponta-se ainda a contribuição de aplicativos gratuitos que
disponibilizam imagens de satélite de alta resolução, apresentando ferramentas que
permitem identificação e localização de diferentes formas e feições, vetorização dessas
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imagens, organização de planos de informações, entre outras aplicabilidades. Exemplos
desses aplicativos são o Google Earth e o Google Maps Engine Lite.
O Google Earth é um programa desenvolvido e distribuído pela Google, cuja
função é apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de
imagens de fontes diversas. A ferramenta Google Maps Engine Lite, também da Google, cria
mapas personalizados e avançados para compartilhar com os colaboradores e publicar na
Web.
Aponta-se ainda um número bastante considerável sistemas livres de
informação geográfica (SIG), que suportam formatos vetoriais, raster e de base de dados,
como é o caso do Quantum GIS (QGIS), utilizado neste trabalho.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os procedimentos realizados para a efetivação da pesquisa contemplaram:
levantamentos bibliográfico e cartográfico, apropriação das geotecnologias e elaboração de
mapa (etapa de laboratório) e trabalhos de campos.
Nos levantamentos bibliográficos buscaram-se publicações sobre a microbacia
do Rio Granjeiro, sobre evolução da paisagem, aplicação das geotecnologias na análise de
padrões de uso e ocupação do solo, bem como potencialidades e limitações das imagens de
satélites. Esta etapa proporcionou ampliação de olhares sobre a área de pesquisa, bem
como dos temas apresentados e apresenta-se como essencial para o desenvolvimento da
pesquisa.
A coleta de material cartográfico priorizou a busca por imagens de satélite,
fotografias aéreas, mapas pré-existentes e outras informações cartográficas em formato
digital da área em análise. O aplicativo Google Earth permitiu o acesso a imagens de satélite
de alta resolução espacial, do ano de 2013. Localizou-se fotografias aéreas na escala de
1:15000, datadas de 1983, pertencentes ao acervo cartográfico do Laboratório de
Geoprocessamento, da Universidade Regional do Cariri-URCA (para o momento, não foram
consideradas). Analisaram-se também, mapas gerados por pesquisas realizadas
anteriormente na área, bem como as representações disponibilizadas pelo Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.
De posse dos materiais cartográficos, percebeu-se a necessidade de apropriar-se
das geotecnologias a serem adotadas no trabalho. Em laboratório realizou-se estudos e
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práticas com os aplicativos Google Earth, Google Maps Engine Lite, gvSIG e QGIS. Posterior
efetuou-se interpretação de visual de imagens de satélite e elaboração de diferentes versões
do mapa dos padrões do uso do solo da microbacia do rio Granjeiro para o ano de 2013. A
interpretação das imagens foi embasada em leituras sobre os critérios de interpretação
(FLORENZANO, 2011). Após os estudos e práticas realizadas, pela facilidade da ferramenta,
optou-se por iniciar a vetorização das imagens no Google Maps Engine Lite. Posteriormente,
os dados foram editados e aprimorados no QGIS.
Concomitante a realização da etapa de laboratório, efetuaram-se levantamentos
de campo (nos meses de dezembro de 2013, janeiro, maio e julho de 2014). O primeiro
levantamento foi realizado ao longo do canal do rio Granjeiro, para identificar, diferentes
formas de ocupação, e a segunda fase dos levantamentos de campo ocorreu nos bairros
Granjeiro e Lameiro, consideradas áreas nobres da cidade do Crato, localizados nas
vertentes da Chapada do Araripe. Os levantamentos mais recentes foram realizados com o
intuito de delimitar e reconhecer as áreas comerciais e as de uso industrial. Nos
levantamentos, foram coletados pontos de controle com um receptor GPS (Garmin – Etrex
20), realizadas observações sobre as formas de uso e ocupação percebidas, bem como,
registros fotográficos representativos dos diferentes usos.
AS GEOTECNOLOGIAS E AS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS DEDIFERENTES FORMAS DE USO DA TERRA
As tecnologias são recursos cada vez mais utilizados nos estudos geográficos.
Exercendo diversas funções, desde o fornecimento de imagens de satélite de todo o globo
terrestre, até o geoprocessamento de informações. De acordo com Rosa (2005), as
geotecnologias são compostas por soluções em hardware, software e peopleware que juntos
constituem poderosas ferramentas para tomada de decisões.
Fazendo menção as geotecnologias que foram utilizadas para a obtenção dos
resultados deste trabalho, Florenzano (2005) destaca que as imagens obtidas através do
sensoriamento remoto proporcionam uma visão de conjunto multitemporal de extensas
áreas da superfície terrestre. “Elas mostram os ambientes e a sua transformação, destacam
os impactos causados por fenômenos naturais como as inundações e a erosão do solo
(frequentemente agravados pela intervenção do homem) e antrópicos, como os
desmatamentos, as queimadas, a expansão urbana, ou outras alterações do uso e da
ocupação da terra”.
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Após as análises auxiliadas pelas geotecnologias, em diferentes áreas e com
diversas finalidades, a maioria dos resultados, geralmente, é apresentada em formas de
mapas, representação cartográfica mais conhecida. Fitz (2008) define a representação
cartográfica como a forma mais simples da representação da superfície terrestre,
permitindo a visualização dos fenômenos nela existentes e os elementos que a constitui.
Os programas de geoprocessamento utilizados (aqui tratados como
geotecnologias) têm suas particularidades e nos auxiliaram na produção de informações. A
elaboração dos mapas é resultante do processo de interpretação e vetorização das imagens.
Como mencionado, neste trabalho efetuou-se interpretação visual das imagens de satélites.
Para Florenzano (2011), interpretar fotografias ou imagens é identificar objetos
nelas representados e dar um significado a eles. Dentre os critérios de interpretação
sugeridos pela autora e por Panizza e Fonseca (2011), destacam-se: tonalidade/cor, textura,
tamanho, forma, sombra, altura, padrão e localização.
Sobre a temática, Rosa (2007 apud AYACH et al, 2012) destaca a importância da
aplicação do Sensoriamento Remoto no monitoramento do uso e ocupação da terra para a
compreensão dos padrões de organização do espaço, uma vez que suas tendências possam
ser analisadas. Este monitoramento consiste em buscar conhecimento de toda a sua
utilização por parte do homem ou, quando não utilizado pelo homem, a caracterização de
tipos de categorias de vegetação natural que reveste o solo, como também suas respectivas
localizações. De maneira sintética, a expressão “uso da terra ou uso do solo” pode ser
entendida como sendo a forma pela qual o espaço está sendo ocupado pelo homem.
De acordo com Ribeiro (1997), até meados da década de 1970, as terras do
Município do Crato, e de toda região do Cariri cearense eram ocupadas e utilizadas de
acordo, principalmente, com seu potencial natural. A partir da entrada do capital – tanto na
agroindústria canavieira, quanto na especulação imobiliária que transformou áreas rurais
em urbanas – os fatores naturais tornaram-se secundários. Desde então, em toda sua
extensão, a microbacia do rio Granjeiro vem sendo intensa e agressivamente ocupada.
Na área apresenta-se uma urbanização crescente e desordenada, caracterizada
por desmatamentos, queimadas, ocupações ilegais nas margens e leito fluvial, poluição
hídrica, retirada da mata ciliar, ocorrência de processos erosivos, assoreamentos, enchentes,
inundações, canalização artificial do rio, deposição inadequada de lixo, entre outras. Essas
interferências humanas geram sérias consequências ambientais e socioeconômicas para as
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populações ribeirinhas, que habitam as áreas de riscos no município do Crato (MAGALHÃES,
2009).
Sobre essas interferências, Botelho (2011) explica que na tentativa de obter
novos espaços de ocupação e solução de alguns problemas ambientais, o homem acaba
alterando profundamente os rios, tornando-os urbanos. O meio já bastante modificado
apresenta o surgimento de outros problemas, não novos, já bem conhecidos, e que
agravam ainda mais a situação. Ou seja, as intervenções humanas nos cursos d’água,
canalização dos rios (aberta ou fechada), retificação, alargamento, afundamento, desvio etc,
não impedem e nem solucionam os problemas já enfrentados, podem muitas vezes até a
cooperar para que estes tomem proporções maiores, ao longo do tempo.
OS PADRÕES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA MICROBACIADO RIO GRANJEIRO, CRATO/CE
Na microbacia em análise, em toda sua extensão, percebe-se a presença de
áreas construídas e a interferência humana nos recursos hídricos, no entanto, esta não é
uma exclusividade da área estudada.
Botelho (2011) aponta que as primeiras intervenções do homem nestes recursos
no Brasil, foram registradas no Rio de Janeiro, ainda no século XVII. A autora acrescenta que
muitas das obras que se realizam alterando a formação natural dos rios são tomadas
pensando no melhoramento das cidades, o que é o caso do Rio de Janeiro, quando se
efetuaram as obras de retificação e canalização de alguns rios. No entanto, quando se altera
um trecho de um rio não se estar modificando somente uma parte deste, mas o recurso
como todo, prejudicando também seu equilíbrio dinâmico. Isto também se percebe na
microbacia do rio Granjeiro.
Na apropriação do solo da microbacia o homem o utiliza, em sua maioria, para
sua acomodação permanente, que se distribui desde encosta da Chapada, onde se localiza a
sua nascente, até as áreas mais planas onde o rio deságua.
Para o mapeamento de Padrões de Uso do Solo da microbacia do rio Granjeiro,
Crato/CE (2013), levando em consideração proposta de classificação de Bedê et al (1994
apud BORTOLUZZI; HOCHHEIM, 2004) considerou-se que a paisagem pode ser representada
por um conjunto de biótopos, definidos como unidades homogêneas em termos estruturais,
fundiários e funcionais. Baseada na proposta mencionada, e de acordo com os objetivos
propostos pela pesquisa, inicialmente estabeleceu-se a classificação em duas grandes
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classes: áreas construídas e áreas livres (figura 02).
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Posteriormente, a área construída foi subdividida conforme as formas de uso,
sendo reclassificadas em áreas residenciais e de serviços, áreas com instalações comerciais,
áreas de lazer, área de uso industrial, vias de acesso e as outras áreas. Dessa forma,
totalizaram-se 6 subclasses. As áreas livres foram classificadas como áreas desprovidas de
construções, sendo subdivididas em 3 subclasses, a saber: vegetação densa, vegetação
menos densa e os solos desnudos.
O quadro 1 apresenta a chave de interpretação das imagens, que resume os
critérios seguidos na análise visual das imagens de satélite e consequente identificação dos
elementos, para a geração do mapa de padrões de uso e ocupação da área (figura 3).
Quadro 1: Chave de interpretação dos padrões de uso e ocupação do solo da bacia do Rio Granjeiro.
CAMADAS SUBCAMADAS CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO
Ocupação Residencial ede serviços
Coloração marrom-avermelhado, textura levemente rugosa, principalmente nas áreas de grandes edifícios, muito sombreada, de tamanho grande e forma regular.
Área de uso Industrial Coloração cinza claro, textura levemente rugosa, poucosombreada, de tamanho mediano e forma regular.
Áreas construídas Área comercial Área reconhecida e delimitada em visita de campo. Na imagem se apresenta com coloração marrom médio, textura levemente rugosa, principalmente nas áreas dos grandes prédios, muito sombreada, de tamanhos medianos a pequenos, porém concentradas em uma determinada área e com forma regular.
Lazer Coloração variável (geralmente bege e verde), textura levemente rugosa, principalmente nas áreas de árvores, pouco sombreada, de tamanho mediano e forma regular.
Vias de acesso Coloração preta, textura lisa, sem sombreamento, de dimensões variáveis e forma regular.
Vegetação densa Cloração verde escuro, textura muito rugosa, muito sombreada, de tamanho grande e forma irregular.
Áreas livres Vegetação menos densa Coloração verde claro, textura pouco rugosa, pouco sombreada, tamanho mediano e forma irregular.
Solo desnudo Coloração vermelho-alaranjado clara, textura lisa, sem sombreamento, de dimensões variáveis, mais presenteem toda a paisagem
A figura 03 apresenta o Mapa de Padrões de uso e ocupação do solo da
microbacia do Rio Granjeiro para o ano de 2014, onde são exibidas as camadas e
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subcamadas identificadas na área em estudo.
Figura 03: Mapa de Padrões de uso e ocupação do solo da microbacia do Rio Granjeiro para o ano de2014
Na reclassificação das áreas construídas, pela dificuldade em diferenciar os
estabelecimentos de serviço dos domicílios optou-se por agrupa-los em uma única
subclasse. Considerou-se áreas de ocupação residencial e de serviço, representada no mapa
na cor vermelha, os domicílios, tanto os que se encontram aglomerados, como os que se
distribuem de forma mais rarefeita ao longo da microbacia e as escolas, bancos, hospitais,
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restaurantes, lanchonetes e postos de gasolina. A subclasse área comercial, na cor rosa, foi
identificada com o auxílio dos levantamentos de campo e estão concentradas no Centro da
cidade. As áreas de lazer, representadas de cor amarela, são constituídas pelas praças,
clubes, quadras e ginásios. A subclasse de uso industrial do solo, na coloração cinza é
composta por fábricas de calçados e plásticos. A subclasse denominada de outras áreas,
representada na cor lilás, incorpora os estacionamentos, o cemitério e estação de energia.
Foram consideradas vias de acesso, ilustradas na cor preta, desde ruas de pequenas
dimensões às grandes avenidas, com ou sem pavimentação.
A classe das áreas livres se subdivide da seguinte forma: a classe de vegetação
densa, de cor verde escuro, é caracterizada pela presença de vegetação de porte arbóreo
que ocupa dimensões variadas. As áreas de vegetação menos densa, ilustradas na cor verde
claro, são distinguidas pelas áreas que apresentam vegetação com porte arbustivo e
vegetação rasteira. Para a classe dos solos desnudos, representada na cor laranja,
incluíram-se as áreas desprovidas de vegetação e de construções, os terrenos baldios de
forma geral e áreas sem nenhum uso perceptível.
Para facilitar a identificação das diferentes formas de uso e ocupação, bem como
sua espacialização, apresenta-se a localização dos pontos visitados nos trabalhos de campo
e das ilustrações, identificados com números, que serão exploradas na sequência (ver figura
04).
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Figura 04 – Imagem de satélite com a localização de alguns pontos visitados nos trabalhos de campoe das fotografias que compõem este trabalho que serão apresentadas na sequência.
A figura 05 exemplifica área de ocupação residencial, localizada na encosta da
Chapada do Araripe. Observa-se que são construções de alto padrão, característica das
residências do bairro Grangeiro, considerada área nobre da cidade do Crato.
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Figura 05 – Residência luxuosa, localizada entre o cruzamento da Av. Pedro Felício Cavalcante com aRua Virgílio Arrais, no bairro Grangeiro. Ao fundo, percebe-se a Chapada do Araripe.
Em direção ao eixo sul, no bairro Lameiro, se percebe por habitações de classe
média e habitações de alto padrão. A figura 06 mostra o condomínio “Novo Milênio”,
localizado no referido bairro.
Figura 06 – Condomínio Novo Milênio, localizado na Av. José Horácio Pequeno/Rua TeófiloCavalcante, no bairro Lameiro, cidade do Crato.
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Em face da tentativa do Governo do Estado na implantação de uma política
desenvolvimentista, deu-se outra utilidade ao solo da microbacia: o uso industrial. A figura
07 apresenta a indústria calçadista Grendene, localizada no bairro Seminário.
Figura 07 – Indústria calçadista Grendene.
Na área, percebem-se ainda intervenções diretas no rio, como é o caso da
construção do chamado “canal do rio Granjeiro”. No que se refere às ocupações ao longo
deste, trata-se, em sua maioria, de população de classe média e baixa (figura 08), que em
grandes períodos chuvosos são atingidas pelas catástrofes naturais.
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Figura 08 – Canal do rio Granjeiro e as áreas construídas em entorno (Av. José Alves de Figueiredo,no bairro do Pimenta).
Destacando as áreas construídas para fins comerciais, têm-se o bairro Centro
(figura 09), onde se aponta ocupação e uso intensivo do solo.
Figura 09 – Centro da cidade Crato onde se se percebe grande concentração de áreas construídaspara fins comerciais.
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Finalizando a apresentação dos resultados, vale registrar que as ilustrações aqui
apresentadas resultam dos trabalhos de campo, são de autoria própria e ilustram diferentes
padrões de ocupação do solo da microbacia do rio Granjeiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises bibliográficas, das imagens de satélite e em campo, das formas de
uso e ocupação do solo da microbacia do rio Granjeiro permite fazer uma série de
apontamentos, e reforçar outros, citado por outros pesquisadores. Destacam-se os riscos
com as enchentes e inundações em grandes períodos chuvosos, a perda do solo pelos
processos erosivos intensificados pelos homens e a ocupação desordenada nas áreas de
risco.
Como muitas das intervenções na paisagem e das consequências podem ser
identificadas nas imagens de satélites e fotografias aéreas, considera-se importante e eficaz
a utilização das geotecnologias para a análise em questão.
Os programas e ferramentas adotados neste trabalho, todos gratuitos,
apresentaram excelentes respostas, quanto à produção de informações geográficas. As
imagens do Google Earth utilizadas apresentaram boa correlação com os pontos de controle
levantados em campo com receptor GPS.
A técnica de interpretação visual de imagem empregada também rendeu bons
resultados. As imagens interpretadas apresentavam grande resolução espacial, o que
facilitou sobremaneira o processo.
Evidenciando esses bons resultados, temos os padrões identificados ao longo da
microbacia que são divididos em camadas e subcamadas. Classificaram-se as áreas
construídas em áreas de ocupação residencial e de serviços, de uso industrial, de lazer, de
uso comercial e as vias de acesso. As chamadas áreas livres são representadas pelas áreas
de vegetação densa, vegetação menos densa e as áreas de solo desnudo.
Com a produção do mapa, constatam-se em toda a dimensão da microbacia,
que as áreas que foram alteradas são predominantes. Estas modificações não se resumem
somente às áreas construídas, mas englobam também os locais alterados para, por
exemplo, a agricultura e a especulação imobiliária.
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REFERÊNCIAS
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BORTOLUZZI, S. D; HOCHHEIM, N. Caracterizaçãodas formas de ocupação do solo no centrode Florianópolis-SC como contribuição aoplanejamento urbano e gestão ambiental.In: SEGeT - Simpósio de Excelência em Gestãoe Tecnologia, 2004, Resende - RJ. Anais emcd-rom do SEGeT, 2004. v. 1. p. 1-6.
BOTELHO, R. G. M. Bacias hidrográficas urbanas.In: Guerra, A. J. T. (Org.) GeomorfologiaUrbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011,p.71-115.
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FLORENZANO, T. G. Iniciação em SensoriamentoRemoto. 3ª edição: ampliada e atualizada. SãoPaulo: Oficina de Textos, 2011.
JORGE, M. C. O. Geomorfologia Urbana:Conceitos, Metodologias e Teorias. In:
Guerra, A. J. T. (Org.) Geomorfologia Urbana.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011, p.117-145.
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AS GEOTECNOLOGIAS NA REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA DOS PADRÕES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA MICROBACIA DO RIO GRANJEIRO, CRATO/CEEIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais
RESUMOA microbacia do Rio Granjeiro localizada na cidade do Crato (no sul do território cearense), com
uma área de 20,96 km2, vem sofrendo com as intervenções humanas que alteram suas
características naturais, gerando consequências visíveis, como enchentes e inundações nos
períodos chuvosos e também a perda das características naturais do solo, processo gerado pela
ocupação inadequada e mau uso do solo. Este trabalho vincula-se a pesquisa denominada
“Evolução Geoambiental da microbacia do Rio Granjeiro com a utilização de geotecnologias”, que
vem sendo desenvolvida desde julho de 2013. Diante desta problemática o presente trabalho
preocupa-se em entender como as intervenções humanas, identificadas na área, modificaram a
paisagem natural. Como muitas das intervenções na paisagem podem ser identificadas nas
imagens de satélites, considerou-se importante e eficaz a utilização das geotecnologias para a
análise em questão. O objetivo principal consiste em representar cartograficamente as formas de
uso e ocupação do solo na área microbacia do Rio Granjeiro, partindo da técnica de interpretação
visual de imagens de satélite. Dentre os procedimentos metodológicos realizados para o alcance
dos objetivos do trabalho, destacam-se os levantamentos bibliográficos que priorizam as buscas
em teses, dissertações e artigos que trabalham com a caracterização das formas de uso e
ocupação do solo e a problemática ambiental, além de trabalhos que tratam de possibilidades de
aplicações das geotecnologias; levantamentos cartográficos e trabalhos de campo, para checar as
informações geradas pela interpretação das imagens. Referindo-se aos resultados obtidos
aponta-se a produção do mapa dos padrões de uso e ocupação do solo da microbacia do Rio
Granjeiro para o ano de 2013. Neste mapa, são considerados camadas com informações
setorizadas. Com o apoio de campo, as áreas foram definidas em área de ocupação residencial,
área de comércio, áreas de uso industrial e áreas mistas (lazer, serviços e vias de acesso). Para a
geração do mapa, utilizaram-se os aplicativos Google Maps Engine Lite e Quantum GIS. O
aplicativo Google Maps Engine Lite foi escolhido para o mapeamento da área pela facilidade de
vetorização das imagens de satélite e organização das camadas de informações. Posteriormente,
as informações geradas foram editadas no Quantum GIS. Inicialmente as imagens de satélite do
ano de 2013 disponibilizadas no aplicativo Google Earth, foram utilizadas para traçar os percursos
dos levantamentos de campo e definir, previamente, os pontos de controle a serem coletados.
Posteriormente, outras visitas a campo efetivaram-se para a determinação das áreas a serem
representadas no mapa de acordo com os padrões de uso e ocupação. Vale ressaltar que todos
os programas/ferramentas adotados neste trabalho são gratuitos e apresentaram excelentes
respostas quanto à produção de informações geográficas. O mapa apresenta que as áreas que
foram alteradas são predominantes, seja pela ocupação residencial que se apresenta em quase
toda extensão da microbacia, as práticas agrícolas e a especulação imobiliária.
Palavras-chave: geotecnologias; uso e ocupação do solo; Rio Granjeiro.
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