Artiguelhos s barreto ebook

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S. BARRETO

ARTIGUELHOS

VirtualBooksEditora

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© Copyright 2014, S. Barreto.

1ª edição

1ª impressão

(2014)

Todos os direitos reservados, protegidos pela lei 9.610/98. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida, em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa autorização do autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Barreto, S.

ARTIGUELHOS. S. Barreto. Pará de Minas, MG: VirtualBooksEditora, Edição 2014.14x20 cm. 107p.

ISBN: 978-85-434-0321-2

1. Literatura brasileira. Crônicas. Brasil. Título.

CDD 869.812 14

CDU 821.134.3(812.1)-94

_______________ Livro editado pela

VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA.

Rua Porciúncula,118 - São Francisco

Pará de Minas - MG - CEP 35661-177 -

Tel.: (37) 32316653 - e-mail: [email protected]

http://www.virtualbooks.com.br

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En Hommage

JOSÉ CORIOLANO DE SOUZA LIMA (29 de outubro de 1829 - 24 de agosto de 1869)

“Foi Deus, que às flores também deu aroma, Macio e fresco ciciar às brisas,

Sibilos ao tufão, sussurro às folhas, Brandura à fonte, correnteza ao rio; Foi Deus que fez os mares procelosos, Que lhes deu ondas, escarcéus e vagas, Que às campinas deu relvas e matizes, Ao sol fulgores, às estrelas brilho, E à lua doce luz que a mente aplaca;

Foi Deus que deu um pugilo informe, inerte, Fez o homem moral à imagem sua!”

(Trecho do poema Grandeza de Deus)

Também chamado de J. Coriolano. Nasceu na Vila Príncipe Imperial, atual cidade de Crateús no Ceará. Foi político, Presidente da Assembleia

Legislativa do Estado do Piauí, sendo Deputado Provincial por duas legislaturas. Foi, também,

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Juiz de Direito em Pastos Bons/MA e jornalista

tendo suas produções veiculadas na imprensa das capitais Recife/PE e Teresina/PI. É patrono da cadeira Nº 8 da Academia Piauiense de Letras

(APL). Poeta, criador de mais de 250 poesias de altíssimo valor estético, lírico e literário. Autor das obras O Touro Fusco e Impressões e Gemidos.

Fundador-patrono da literatura piauiense, é considerado “Príncipe dos Poetas” naquele estado.

Na Faculdade de Direito de Recife/PE, inspirou o amigo baiano e poeta antiescravagista Castro Alves. Seus restos mortais jazem juntamente com

os da sua amada Maria Cisalpina Correia Lima em urna funerária da Igreja Matriz de Crateús.

Essa é a singela homenagem que faço àquele do qual tenho a honra de pertencer à mesma e frondosa Árvore Genealógica.

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Aos meus pares...

MEUS IRMÃOS DE ALMA, COM QUEM DIVIDO AFINIDADE DE PENSAMENTO E ESTILO DE VIDA...

Dedico este livro a infinita e

deslembrada lista de Excluídos, Marginalizados e Discriminados de toda sorte

e de ambos os sexos; das mais remotas partes da terra, desde as mais longínquas eras (a.C e d.C.), já passadas e vindouras, aos já

falecidos, aos vivos e aos que ainda nascerão.

Primeiramente, aos índios brasileiros de toda etnia Tupi, Guarany, Tupinambá, Tremembé, Krikati, Xavante, Cinta Larga e todas as demais etnias latino americanas, pelos 514 anos de opressão, massacre e extermínios sofridos. O Brasil das Injustiças começou exatamente ali. Aos submetidos a um passado de exploração pelos Estados Dominantes. Aos Maias, Incas, e Astecas por terem suas terras surrupiadas, sofrerem genocídio, riquezas roubadas e cultura subjugada

por colonizadores ibero-espanhóis saqueadores ambiciosos e oportunistas.

Aos negros africanos, integrantes ou não de nobreza tribal, que antes gozavam de paz, felicidade e da afetividade de seus familiares, pelos mesmos 514 anos, que foram sequestrados da África, para construir esse país com sangue e suor, mas que ainda hoje, como recompensa, aqui no Brasil, só sofrem genocídio, preconceitos e as mais terríveis agruras do racismo institucional.

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Aos ditos fora dos padrões materiais, estéticos, comportamentais e morais “toleráveis” pela nossa ilustre sociedade excludente de extrema direita, fisiologista, conservadora e burgo-capitalista-“cristã”.

Dedico, esta humilde junção de folhas, aos focos de Cristo. Aos anônimos, esquecidos e outros infelicitados, herdeiros indefensáveis do pecado original provocado por esse infeliz casal chamado: Adão e Eva.

Aos estereotipados, unilateralmente, como fracos e oprimidos. Aos não adaptados ao atual modelo de “evolução”, baseado no Melhorismo, que nos leva obrigatoriamente ao Competitismo, que move a mola do mundo e que são as raízes de toda nossa desgraça planetária.

As vítimas, diretas e indiretas, das nações imperialistas. Aos mutilados, órfãos, cancerosos e exterminados. Aos que experimentaram o gosto amargo das bombas atômicas e das bestialidades das guerras para manutenção das hegemonias globais pelo uso da força.

Aos trabalhadores honestos, proletariados, vítimas sem saber, da mais-valia marxista. As vítimas do CAPITALISMO selvagem, dos Donos dos Meios de Produção, do mundo material, do patrimonialismo, da acumulação e do Materialismo histórico, dominados pelos, que para deterem mais poder e ganância, esquecem até em ser gente de bem.

As exploradas sexualmente, as prostitutas,

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atrizes pornôs, não por venderem seu corpo, mas por serem vítimas dessa alienação, exploração e utilização do corpo como mercadoria. Pelo preconceito que sofrem por cobrarem pelo sexo, sendo que a maioria faz de graça. As devoradas pelo capital e pela lascívia de indivíduos filhos do mundo, predadores carnívoros, hedonistas, epicuristas, sodomitas, adoradores do deus Baco.

Aos detentos e presidiários, àqueles que cometeram furtos famélicos, pequenos delitos e contravenções. Aos moribundos, presos por engano e aos que já cumpriram a pena, mas ainda permanecem presos. ATENÇÃO! Aqui não se

incluem os sonegadores de pensão alimentícia, estupradores, traficantes, psicopatas, pedófilos, assassinos e corruptos engravatados (ratazanas do erário). A ESTES, A DURA PENA DA LEI!

Aos emigrantes brasileiros - diante da eterna falência múltipla e incapacidade do Estado brasileiro e da corrupção generalizada - preferiram seguir em direção a outros países, forjando casamentos com estrangeiros (as). Tudo isso, para gozar das doces benesses plena do Welfare State, calcados no amontoamento de capital, submetendo-se inclusive ao Big Stick do Tio Sam Americano. Aos que preferiram - e com razão - serem subcidadãos ricos em terras estrangeiras estáveis socialmente, a serem Príncipes pobres em seus países decadentes.

Aos campesinos e lavradores, cada vez mais, com suas terras encolhidas, com o avanço do agronegócio e das pastagens de gado, de plantações de soja, eucalipto, seres, mais valiosos

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do que gente. Aos intimidados e exterminados diariamente por jagunços, pistoleiros e milícias, a mando coronéis sustentados pelos megaempreendimentos agropecuários estrangeiros.

Aos pacientes terminais, internados que abarrotam os corredores e macas das UTI’s dos nossos hospitais, verdadeiros campos de concentração tolerados, matadouro humano e purgatório final para o além. Aos usuários dos SUS, que morrem e agonizam sem atendimento por falta de equipamentos e sobrecarregamento dos médicos. Aos que fenecem sem remédios. Aos que já chegam ao mundo, no Brasil, sem direito a um nascimento digno.

Aos analfabetos e semi-analfabetos, vítimas de um sistema educacional estrategicamente e intencionalmente falido pela elite dominante que controla o Estado brasileiro. Pessoas escolhidas para serem manipuladas e cegas diante das investidas perniciosas de algumas pessoas bem instruídas, mas muito mal intencionadas.

Aos piauienses, maranhenses e alagoanos, que disputam anualmente, os piores índices de IDH, por conta de seus honráveis governantes mais suas corjas. Maior herança dos políticos corruptos, maiores criminosos da terra, dignos de serem julgados no Tribunal Penal Internacional. Peças de um sistema que leva toda uma geração, sonhos e aspirações à bancarrota.

Aos que moram em aluguel, sofrem exploração imobiliária dos coronéis dos imóveis. Aos que não tem garantia de vida vivendo nas

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ruas. Aos que adquirem as coisas pelo financiamento, tornando-se escravos perpétuos de dívidas estatais e particulares. Aos superendividados, com seu nome incluído no SPC e SERASA, expostos de forma vexatória e pública, a pecha de mal pagador, sem levar em conta que, também, geralmente, é um mal recebedor, pois conta com um Salário Mínimo irrisório, bem mínimo mesmo.

As mulheres, sobretudo as brasileiras, indianas e mulçumanas subjugadas a uma cultura machista e exterminadora (o feminocídio), resquícios flagrantes de uma sociedade paternalista. As agredidas, espancadas e humilhadas a cada segundo. As que não têm direitos mínimos de civilidade e ainda são vistas como subalternas. As que têm seus corpos violados por monstrengos psicopatas.

Aos idosos abandonados pelos seus queridos familiares, que mergulhados em fezes, urinas, sangue e pus, entopem os asilos, simplesmente por não oferecerem aos familiares àquilo que mais os uniam (interesse pecuniário). Traídos pelo Estado (apostaram que teriam uma velhice com uma aposentadoria gorda) e pelos familiares (sempre sonhando que a família permaneceria unida e sempre por perto).

Aos ditos “loucos” os legitimados pela sociedade que superlotam os manicômios. Aos portadores de alguma deficiência física ou mental, por não terem um mundo adequado a eles. Aos drogados, toxicômanos e viciados, o maior produto fomentado pelo Estado, para entorpecimento e

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extinção das massas, sem necessariamente ter de utilizar de suas ações diretas.

Aos pobres, paupérrimos, desvalidos e desafortunados, que sofrem, por conta dessa condição, o não desligamento desse pesado estigma, qual seja: ser pobre. E que mesmo sendo detentores de valores superiores como caráter, honradez, honestidade e benignidade, ainda sim, são vistos como bobos, fracos e fracassados. Afinal, o que é ser pobre?

Aos individualistas, que ojerizam o fisiologismo social, não se dobrando as imposições impostas pelas infindáveis facções tribais urbanas, nem de redes de relacionamentos retroalimentadas por trocas de benesses variadas. Estes desgarrados pagarão um caro preço.

Aos cristãos, judeus, pelas perseguições que passaram e ainda passam por preferirem seguir Cristo, alimentar o espírito e não a carne dos mundanos. Por professarem sua fé na Bíblia (a palavra de Deus) e em Cristo.

Aos que caíram nas armadilhas dos estereótipos. Aos feios (os fora dos padrões de beleza). Aos maltrapilhos (os fora de moda). Aos que não carregam em suas roupagens marcas caras, penduricalhos, metais preciosos e outras ostentações de toda sorte.

Aos “deprimidos”, “tímidos”, “autistas” sociais, “esquizofrênicos”, “antissociais” num mundo cada vez mais linguarudo, mal educado, falante em quantidade, mas não em qualidade.

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Nesse mundo onde você tem de ser, obrigatoriamente RPF (rico, perfeito e feliz).

Aos defuntos que abarrotam os cemitérios, sua última morada, tendo suas sepulturas violadas, seus crânios e dentes roubados, perturbados em seus sonos eternos. Aos sem memória, não reconhecidos pelos descendentes (em seus ensinamentos), nem pelo Estado, por sua contribuição desmesurada de impostos.

Aos cachorros, aos jumentos e gatos abandonados pelas ruas, rodovias ou confinados em casas por seus “donos”. A natureza por seus elementos naturais: animais, flora, rios e mares poluídos e destruídos a cada cidadão que vem ao mundo.

Aqueles que acham, que pensando, filósofos populares, debatendo assuntos incomuns em grupelhos, irão encontrar o verdadeiro sentido da vida e do universo. Queimarão bilhões e bilhões de neurônios e não encontrarão. Conhecer esse mistério, só um sabe, GOD.

Enfim, as crianças, filhos de pais irresponsáveis. Aos integrantes de Movimentos Sociais, Black Blocs, Anarquistas e Punks. Aos Hippies, andarilhos, ciganos, mendigos, pedintes, sem tetos e demais irmãos que não consegui incluir. Aos viúvos, órfãos da violência, aos usuários de transportes públicos, etc, etc, etc, e ∞.

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E por último...

AOS PECADORES, ao qual me incluo,

donos de uma natureza adâmica, que mesmo não sendo merecedores da Graça e Misericórdia de DEUS, ainda sim fomos salvo

se remidos pelo Sagrado Sangue, derramado na cruz, do NOSSO SENHOR JESUS CRISTO- aquele que, por nossa causa, trocou a COROA

DE REI por uma COROA DE ESPINHOS. Obrigado Senhor. Aleluias!

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"Η γριάκότα έχειτοζουμί." Tradução: É o velho galo que possui o

conhecimento.

Provérbio Grego

“É melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a

coisa errada...”

Patativa do Assaré

“Bateu de frente é só tiro, porrada e bomba.”

Valesca Popozuda

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“PREFÁCIO”

LUTO!!!

Aqui jazem os Prefacistas

A partir do presente milésimo de segundo, declaro:

MORTE AOS PREFACISTAS!

ARTIGUELHOS terá, desse modo, caríssimo (a) leitor (a), uma função dupla, pois, servirá

também, como CERTIDÃO DE ÓBITO. Um assentamento mortífero dessa corja de ABUTRES,

que por tanto desprezar seus suplicantes, merecem de igual forma, serem EXECRADOS por toda a ETERNIDADE.

MORRAM PREFACISTAS, pois na terra, não

deixarão saudades.

CONHECI, da forma mais PERVERSA, os mais ABOMINÁVEIS seres da face planetária.

Esses ENERGÚMENOS no sentido literal da palavra, não merecem choro, nem velas, nem orações, nem flores, nem lembranças, nem

rumores. Caso, seus parentes não tenham a

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fineza de CREMAREM seus desprezíveis RESTOS

MORTAIS, ainda sim serão incinerados no LAGO DE ENXOFRE do inferno, por serem adoradores da MENTIRA e nutrirem perspectiva falsa no

coração puro dos ESPERANÇOSOS.

P.s.: Se por ventura, estou desinformado e eles (os nossos saudosos PREFACISTAS) só confeccionam tais prefácios mediante PAGA, ou

só o fazem para quem detém PODER - devo dizer e fazer a correção de que se relacionaram com a

PESSOA ERRADA - pois é sabido e real, que desde o princípio do universo até o seu derradeiro dia, o DINHEIRO sempre comprou, compra e

comprará tudo no mundo, com exceção de um único HUMILDE CRISTÃO ANÔNIMO, residente

numa ilha tropical lá pras bandas da América do Sul, chamado... (vide a capa deste livro).

Era só!

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

ão muito distante do meu “livro” inaugural lançado, Artigo XVII: Um livro de quase crônicas - essa pequena resma

encapada, que delirantemente sonha em ser livro, doravante denominada “Artiguelhos” - não passa de uma simples extensão anotada de

artigos do mesmo teor conteudista do seu antecessor. São meros e humildes registros,

embasados, notadamente, na argumentação fulcral dos meus escritos, qual seja: “(...) consequências evidentes de uma mente conturbada pelas incertezas da vida”. A única e imprescindível diferença entre ambos, é que, no

meu humilde e subjetivo ver, o segundo resguarda artigos mais “maduros”, “recentes”,

“evoluídos” e mais “bem trabalhados”. O que pude trazer como experiência e inovação do primeiro lançado-além da amarga

verificação dos inúmeros “Nãos” coligido se das críticas não recebidas (definitivamente, a indiferença é a pior das críticas) - foi o seu estranho efeito contrário, diante dessa repulsa

generalizada e injustificada. Apesar de ser lançado em meio a essa atmosfera nada receptiva, isso tudo acabou servindo para mim, como

motivação, impulso e mola propulsora para querer escrever mais e mais, aleatoriamente, sem motivos plausíveis e/ou convincentes que os

justifiquem. Muitos se enganam pensando, que para ser

aceito por “grupos” e ter meus escritos reconhecidos, bajularei intelectuais, beijando-lhes

N

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as mãos ou lambendo os solados dos seus pés.

Dando uma de “Escritor” não quer dizer que eu queira desvencilhar de minha condição de proletário, de plebeu, de inquilino e frequentador

de cortiços, guetos e quebradas. Dessa raiz, jamais poderei me esquivar. Não significa, de igual modo, que queira paramentar-me com

fardões ostentosos para perambular pelos tapetes púrpuros de veludo dos corredores das academias

e agremiações literárias abarrotadas de seres jurássicos e decrépitos, como os Medalhões já consagrados.

Em face desse tentame contraproducente, resguardei-me o direito de vivenciar um desafio,

um tanto quanto aventuroso. Consiste ele: a cada “Não!” recebido, mais um livro confeccionado. Num país em que pouco ou quase nada se lê, e

consequentemente, lhufas se escreve, nada mais oportuno arvorar mais um combatente, com o fito de contrariar ou pelo menos mitigar, essa lógica

nefasta que aniquila qualquer expectativa de produção literária, subjugando a inesgotável

criatividade e capacidade do nosso querido Povo Brasileiro. No melhor estilo do Velho Lobo Zagallo: “Vocês vão ter que me engolir”, no meu caso, seria:

“Vocês vão ter de me ler” né?! Ei-lo, o escritor Patinho Feio dos círculos

literários, o Gaiato do Navio dessa nau adstrita de intelectóides com moral insuflada, o persona non grata da burguesia intelectualizada, o que incomoda e expõe as entranhas do sistema imposto em andamento, o que não se verga aos

feitiços destilados pelos os que comandam a Indústria Cultural corrompida pelo Poder. Aquele

que insiste em saber o que não lhe deve e ocupa espaços do qual não foi, não é, nem nunca será

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convidado, pois estarão sempre com os “Lugares

Reservados” aos que só podem ser ocupados pelos deles. Outra novidade desse volume, fica por

conta do meu “batismo literário”. As capas dos meus próximos “livros” terão, agora, como inscrição autoral, o codinome S. Barreto. O

porquê desse epíteto, nem eu sei, deixemos pra lá. Daqui em diante as capas, contarão também, com

alguma ilustração, que tanto pode ser uma linda obra de arte ou uma simples provocação. Desse atual, ilustra a nossa capa, uma bela gravura

universal “Mãos desenhando”, elaborada nosso querido gênio Escher. Lendo as páginas que se

seguem, Vossa Excelência caro (a) leitor (a), constatará 15 artigos, crônicas, ensaios, textos ou coisa que o valha. O nome é que menos importa.

Parecem poucos, porém alguns são longos, um grande defeito pessoal meu em querer esgotar assuntos inesgotáveis.

Na dedicatória, uma outra inovação. Chega de ficar rendendo homenagens aos Barões,

familiares e amigos. Barões que não pagam suas contas, familiares que trucidam sua reputação falando mal de você pelas costas e amigos que

torcem e operam para o seu fracasso. Dessa vez, rendo homenagens aos seus opostos, a outra ponta, aquela massa que legitima a superioridade

e sustenta todo o conforto social dessa tríade citada. As razões de ser para a hegemonia

perpétua destes seres mencionados anteriormente, que ninguém ver e se relaciona. Aos estereotipados, fora dos padrões dominantes,

classificados como: “fracos”, “loucos”, “calados”, “feios”, “pobres”, “moribundos” e “prostitutas”.

Peço vênia, a Vossa Excelência, Sr.(a)

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Leitor(a), para incluir ao final, dessa peripécia

literária, um “bônus” que se personifica numa bela crônica, de uma brilhante acadêmica do curso de Letras que tive a honra de conhecer este

ano: minha amiga em Cristo e conselheira Jovenilde Ribeiro ou Nilde, uma Benção de Deus na minha vida. Há, também, visando locupletar

possíveis lacunas substanciais dessa presente brochura, nominada Artiguelhos, breves

gotículas de citações de versículos, máximas, provérbios e adágios universais já conhecidos, é verdade, mas que por sua historicidade, não

custa nada (re) salientar. Na contracapa, pude ter o privilégio de

contar o lúcido comentário do primo e amigo Gilton Barreto (um já tarimbado escritor e memorialista cearense) retentor de uma mente

afiada, que em poucas palavras, tempo e espaço que dispunha, disse o suficiente. Entretanto, contudo, porém, todavia, o que mais me chamou

atenção em Gilton, foi o cumprimento espartano de sua palavra. Disse que iria fazer e assim o fez,

diferentemente dos nossos saudosos Prefacistas. Se Viçosa do Ceará tiver a honra algum dia - e isso não é conjectura - de ainda ter o Sr. Gilton

como um defensor legitimado para proteger as reivindicações de sua terra (algo que já faz) de uma coisa o viçosense pode ter certeza. Tendo sua

palavra empenhada, ele assim, a cumprirá. Pois, comprovadamente fiel a uma causa de somenos

relevância (comentar um reles livro), imagine Gilton prestando juramento e rendendo comprometimento com coisas mais

condescendentes, como os anseios da sua formidável terra.

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Enfim, Vossa Magnificência Sr.(a) Leitor (a),

apresento-lhes mais um livreto abjeto, um devaneio de um tresloucado, um sopro mental de um iludido, um desencargo de inconsciência, uma

alucinação literária... Sinceramente, não tenho como mensurar se com esse livro, em suas mãos, você se tornará um bem aventurado ou um

desventurado, pois isto, só você, o tempo ou nenhum dos dois poderá, ou não, dizer.

Um objeto amorfo de conteúdo facilmente contestável, com forma estética nada atrativa, sem acabamentos refinados, sem texto de

Prefacistas (in memoriam), sem composição em papel pólen e colchê, gráficos luxuosos, capa e

contracapa orelhudas. Desta feita, só me resta contentar-me, então, com a classificação de um “Clássico da Subliteratura” ou talvez, um ilustre

“Literato do Anonimato”. Entretanto, mesmo sendo flagrante sua qualidade parca, caso este

livro, atinja seu objetivo mor e consiga influenciar, formar um (a) leitor (a), ou quiçá, um (a) escritor (a), estarei feliz e realizado, com minha

alma lavada e missão cumprida. Pois assim como eu, você também pode, qualquer um pode.

ESCREVAIS IRMÃS BRASILEIRAS E IRMÃOS BRASILEIROS! POVOS

BRASILEIROS ESCREVAM. BOBAGEM É AQUILO QUE NÃO FOI ESCRITO. VAMOS COLOCAR NOSSA NAÇÃO FORMAL (O BRASIL) E

A NAÇÃO INTERIOR (NOSSA ALMA) NO PAPEL.

Um momento para uma hipocrisia ambiental: Perdão Mãe

Natureza pelas milhares de árvores derrubadas para fazer

este livro!

O AUTOR

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SUMÁRIO

MORALIDADE NA POLÍTICA / 24

DO LIXO PRO MUNDO / 29

SEGUNDA PELE / 33

FENÔMENOS / 41

FALSOS, FALSETAS E FALSÁRIOS / 46

CONVIVENDO COM OS LIMITES / 51

O MACHADO DE ASSIS DA CAIXA / 57

AMAZÔNIA ATRAVÉS DE BELÉM / 60

A VIDA NO CENTRO / 64

TECNOCENTRISMO / 71

ILHA DA CULTURA / 76

PODER PARA O POVO PRETO / 79

REVIVENDO / 85

ENCONTRO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL / 90

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SEMESPAÇO / 96

Bônus

DIVAGAÇÕES SOBRE A FELICIDADE (de

Jovenildes R. da Silva) / 79

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MORALIDADE NA POLÍTICA

e o Projeto de Lei Ficha Limpa for posto em prática na realidade, pode se tornar um divisor de águas na

moralidade e na ética da política brasileira. Aos poucos medidas isoladas de instituições políticas, jurídicas e sociais ao longo do tempo, estão conseguindo fazer uma assepsia minuciosa no meio daqueles que fazem e representam a vida pública deste país. Os políticos perderam, definitiva-mente, suas respeitabilidades, hoje são vistos mais como protagonistas centrais em programas de humor dos mais variados tipos. São motivos de chacota e não mais se importam com isso, agem como se estivessem que ficar dando risadas das presepadas orquestradas por

eles mesmos.

O ambiente vivido por esses aloprados é um tanto quanto eivado de hostilidade. Em meio a uma guerra de vaidades, conspirações são constantemente armadas por esses

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figurões, que só pensam em aumentar seus próprios patrimônios. E o pior de tudo, é que ainda passam uma imagem forjada de representantes do povo, quando

na verdade passam longe disso.

São muitos os motivos que levam essas pessoas a enveredar pelo tortuoso e disputado caminho da política. É uma briga mesquinha para saber quem pode mais, de quem se dá bem, sem medir consequências, passando por cima de tudo, de todos e da lei. Uma fogueira de vaidades, para disputar quem tem maior notoriedade, quem possui mais bens e poder. Mas na realidade não passam de uma corja de egoístas e mesquinhos que só pensam em si, como se isso fizesse alguma diferença no grande juízo final. Esses atos além de demonstrarem um indício de baixa-estima, demonstram também o fato de como o povo brasileiro

está mal representado.

Retornando a mesquinharia desacerbada que envolta esse mundo, verifica-se que muitos estão mais preocupados em se imortalizar. Alguns colocam seus nomes em logradouros públicos, estátuas caríssimas cunhadas de bronze tentando se tornarem objetos de

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adoração, meros pecadores, enquanto que só Deus é digno de tal veneração. Outros encabeçam impérios multifacetados, controlando setores estratégicos propositalmente tais como a mídia, uma arma poderosa na era da informação. Tentam distorcer e manipular, a qualquer custo, mentes humanas, que muitas das vezes são desprovidas de um bom discernimento e educação. Eles detêm estrategicamente jornais, concessões de rádios e Tevês que acaba se tornando um “urubu” dos ovos de ouro de muitos, principalmente pelo retorno eleitoreiro.

Diversos desses “coronéis” já estão com a corda no pescoço, respondendo judicialmente por seus atos e alguns se encontram até presos são, portanto, fichas sujas. O nepotismo ainda existe, mas já está sendo combatido como crime e escândalos pelo mínimo que ocorram, já estão ganhando a devida repercussão. A transparência e a liberdade de imprensa têm contribuído muito para estampar a face de muitos que se escondem atrás dessas máscaras da imoralidade.

O belo da política é poder fazer algo pelo coletivo, ela é, acima de tudo, um instrumento de paz e os detentores de cargos eletivos deveriam ter a mínima

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consciência disso. Ela é a melhor forma de apascentar os anseios de uma sociedade cada vez mais problemática e complexa. Ela deve ser praticada só por quem merece, por quem tem compromisso, por quem anula a si para viver prol de algo bem maior e mais nobre, que é a coletividade. E que bom seria, caso a justiça conseguisse ser completamente imparcial e não tendenciosa, com certeza esse país já teria mudado muito. E como preservar a autonomia de poderes, se muitas das vezes o Executivo e o Legislativo, influenciam de forma direta na formação do alto escalão do Judiciário. E se todo o direito tem que evoluir de acordo com as mudanças sociedade, o mesmo se aplica ao Direito Eleitoral. Esse sim tem o papel fundamental em modernizar suas leis rigorosamente, não deixando brechas que favoreçam manobras judiciais das ratazanas do erário público. E por fim, retornando ao perfil ideal dos homens que devem dirigir este país, devem-se incluir não os perfeitos, mas sim aqueles que repulsam o continuísmo e que possuam passados isentos. Devem possuir também, seriedade, que não sejam omissos aos problemas implícitos e

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gravosos da sociedade, que tenham a bondade impregnada em seus DNA's, que tenham como única ambição o poder de ajudar o próximo, que sejam patriotas e que tenham o bem-estar do povo como única razão de viver do Estado. Devem também, acima de tudo, devolverem a riqueza da Nação ao dono indisponível dela, o povo. Isso se dando lógico, principalmente em forma de prestação de serviços públicos de qualidade para servir de plataforma para o desenvolvimento humano satisfatório e produtivo, para todos e todas indistintamente.

Ilha de São Luís/MA, 03/11/2010

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DO LIXO PRO MUNDO

ais uma vez o Brasil tem as suas chagas abertas para o mundo todo ver através do cinema. A

produção Lixo Extraordinário, vai disputar o Oscar em 2011, na categoria de melhor documentário. Eu adoro documentários, pra mim eles são altamente educativos. Assim como o filme Cidade de Deus, disputou o mesmo prêmio abordando a temática da violência vividas nos morros cariocas, mais uma produção surge no intuito de estampar um outro grave problema vivido em nosso país, que é a famigerada miséria extrema. Além do problema ambiental em relação a destinação inadequada do lixo urbano, o documento mostra uma situação bem mais grave, que é a inércia dos governantes ante os problemas sociais. Muitas das vezes esses assuntos têm que ser expostos a esse nível, só para ver se as autoridades tomam algum tipo de atitude. Algumas cenas do documentário chegam a fazer inveja a qualquer filme de terror. Num dado momento, uma senhora

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prepara dentro de um panelão em meio a um caldo escuro, um misturado de restos de comida retirados do lixão. Alimentos esses, disputados de forma acirrada por insetos, urubus, vermes, ratos e pessoas.

Em meio a essa realidade, os produtores do filme, numa ideia de extrema genialidade, inserem em meio ao caos social, uma nova perspectiva dessa situação. Tentam no decorrer da trama, ou drama, revelar o lado humano de toda essa anomalia social, através da arte. Primeiro eles fotografam personagens reais do filme, para depois reproduzi-los em escala maior numa tela, utilizando-se como matéria-prima os dejetos retirados do próprio lixo. O resultado final é sublime, tanto que depois o trabalho vai a leilão e acaba sendo arrematado por um considerável lance, valor esse, sendo revertido em prol da categoria dos catadores. Mas o que quero frisar é que se explora somente os defeitos brasileiros. Sonho um dia, que ao passo que fossem mostrados nossos problemas, fossem mostrados também, na mesma proporção, os aspectos positivos, por mais que não venha concorrer ao Oscar. O que me chateia é que nós

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mostramos mais coisas ruins que boas. Assim sendo, eu proporia o seguinte: primeiro que sejam mostrados, na mesma quantidade, coisas boas e ruins. Depois, para finalizar, que sejam mostrados sempre mais coisas boas que ruins, pois a intenção, não é esconder nossos defeitos, mas, sobretudo exaltar o lado positivo das coisas que possuímos, e não falo aqui somente do futebol, carnaval e praias. Imagino que sobre o solo dessa pátria, existam uma série de outra coisas e pessoas, que nos dão orgulho de sermos o que somos. Existem aqui, pessoas honestas praticantes do bem e dos bons costumes, que trabalham fortemente para tornar esse torrão um lugar melhor para se viver. Além disso, existem uma série de brasileiros criativos e notáveis que produzem todo tipo de bem artístico e intelectual, contudo esses detalhes, muitas das vezes não recebem a devida atenção que merecem. Exploram-se muito as deficiências sociais no país, mas o que deveria ser atacado frontalmente não se ataca, que é o nascedouro de todo esse mal, a verdadeira raiz do problema. Além da pouca idade e do aspecto histórico de exploração e abandono, que sofremos em nossa colonização temos que mencionar

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outros pontos bem mais graves. A concentração abissal de renda, o déficit quantitativo e qualitativo dos serviços públicos, a educação pública falida, a corrupção crônica, o descaso político e a não punição das ratazanas do erário público são os verdadeiros pilares da miséria instalada. Toda essa sujeira, que é pior que aquela presente no documentário, torna qualquer país num lixão nada extraordinário. Em vista disso um país detentor de um enorme potencial e que teria tudo para ser mais justo, acaba se tornando uma espécie de patinho feio mundial. Mas as coisas estão mudando, aos poucos, mas tão. Enfim, acredito que esse país se tornará um lugar mais justo e cheio de cidadãos orgulhosos em dizer que são brasileiros. Isso é o que queremos, é o que esperamos e é essa, a nossa intenção.

Ilha de Upaon-Açu/MA, 06 de fevereiro de 2011

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SEGUNDA PELE*

uando, efetivamente, a humanidade convencionou que todos teriam que andar de roupas? Dificilmente

alguém terá uma resposta exata, pronta ou cabal. Tudo dependeu de um longo e moroso processo histórico. O fato é que hoje andar coberto por um monte de vestes faz parte da vida de todos, que compõe a sociedade, seja ela em qualquer lugar do mundo, com raras exceções. As roupas nos acompanham desde que nascemos, seja com o primeiro gorrinho de crochê na cabeça, até a indesejável mortalha, quando partimos. A endoderme, derme e epiderme já não mais nos basta.

Biblicamente, depois que Adão e Eva cometeram o maior dos pecados da humanidade, desobedecendo a Deus, ao comerem da fruta da árvore proibida, tudo mudou, alterando todo o curso da história de seus descendentes aqui na terra. Depois da fatídica mordida da fruta, a

Bíblia assevera: “Então, foram abertos os olhos de ambos, e conhecerem que estavam

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nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” (Gênesis 3:7). Assim, Deus percebe o erro perguntando a Adão: “Quem te mostrou que estavas nu?” (Gn3:11). Nisso, foi quebrado o relacionamento deles com Deus, tornando o pecado dali pra frente uma realidade incômoda, para quem até então, levava uma vida perfeita no paraíso, sem malícia e preocupações. Depois disso, outra ideia que se tem é com relação de que no mundo existem regiões habitadas com variações climáticas muito intensas e extremas, além de outras próximas aos pólos muito frias. Então para o homem pré-histórico ou um esquimó da Groelândia andarem mais protegidos, eles tiveram que de alguma forma, criar um mecanismo de defesa, com intuito principal de não deixar dissipar o calor natural de seu corpo, além também de criar o fogo para amenizar essa particularidade. Diferentemente dos povos que vivem abaixo da linha do equador ou de um índio nascido na Amazônia ou na Mata Atlântica Sul-americana que por ter clima tropical, não haveria motivos para se adornar tais vestes. O processo de se andar vestido foi se dando de forma gradual e isso foi se tornando cada vez mais presente e aceitável na sociedade,

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existindo dessa forma um contingente colossal a ser vestido. O algodão, o bicho da seda e a lã das ovelhas se tornaram então, culturas valorizadas e elementos importantes para a economia mundial. Hoje na contemporaneidade, além de suprir a necessidade basilar que é a de encobrir-se, a vestimenta acabou por agregar as mais diversas simbologias e representações, principalmente no âmbito profissional. O Padre tem sua batina, o médico seu jaleco, o juiz sua toga, o mestre-cuca seu avental, o advogado seu blazer, o militar sua farda, o esportista seu uniforme, o mecânico seu macacão, o palhaço sua fantasia, o vaqueiro seu gibão de couro, etc. E aí nessa observação, é preciso tomar muito cuidado. Todos sabem, mas muitos acabam esquecendo. Não devemos julgar os outros pelas aparências até porque elas enganam, e enganam mesmo. É preciso saber discernir que a real função das roupas não é sectarizar os homens. Essa é só mais uma funesta mania do homem em estar querendo se distinguir de tudo e de todos para se hegemonizar como melhor diante dos demais. Ele inventa tudo, nos mais diversos graus de qualidade, desde roupas até moradia, para tentar perpassar a ideia

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de que existem uns que podem mais que outros, criando classes, castas e facções. Existe também a falsa noção de

pluralidade de que: “Ah! Somos livres, podemos ser como quisermos”, não se atentado que isso nos torna mais desiguais e intolerantes com relação a diferença dos outros. Uns enaltecem esse quesito em suas vidas e mais parecem a representação de um frustrado pavão postiço em busca de sua estonteante calda, gastam excessivamente em lojas de shoppings, valorizam demasiadamente tendências da moda, consomem grandes grifes importadas fomentando a indústria de luxo, supervalorizando a marca, uma tremenda bobagem. O dono de um dos mais cobiçados empregos do mundo, o colunista social Amaury Jr. foi longe

dizendo que: “Você só é percebido numa festa, somente se estiver no mínimo, bem vestido”. Não vou entrar no mérito dessa percepção, o mundo dele é totalmente diferente do meu. O poeta Carlos Drummond de Andrade, em seu famoso poema “Eu Etiqueta” já sinalizava a respeito dessa alienação, desse consumismo desenfreado e ilógico. Logo nos trechos exordiais percebemos bem a

crítica do poeta. Ele fala: “Em minha calça

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está grudado um nome/Que não é meu de batismo ou de cartório/Um nome... estranho./Meu blusão traz lembrete de bebida/Que jamais pus na boca, nessa vida,/Em minha camiseta, a marca de cigarro/Que não fumo, até hoje não fumei. (...).”

Por outro lado, existem outros que se descuidam tanto a ponto de ser colocada em xeque até mesmo sua própria autoestima. O mais sensato seria se vestir adequadamente, com roupas específicas para cada ocasião e bem asseadas. O cuidado consigo mesmo. A ideia chave é

essa: “Eu sou importante, pelo menos pra mim mesmo”. Então tratemos da nossa saúde, da nossa higiene e, de certo modo, da nossa aparência, se de forma razoada. Meu alinhado e muito bem quisto avó

materno Antônio Amâncio já dizia: “O pau se conhece é pela casca”. Tempos atrás pude testemunhar uma polêmica envolvendo o imprevisível e brincalhão senador Eduardo Suplicy. Ele, incentivado por humoristas causou polêmica quando se vestiu com uma cueca vermelha em pleno expediente no Senado Federal. Outro fato relacionado a um de seus pares foi com relação a contenção de energia. O então senador Gerson Camata

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propôs que fosse facultado o uso do terno no congresso, para que assim não tivessem os membros e servidores da casa, que utilizarem tanto os refrigeradores de ar. A moda não pegou. Outro ambiente de poder, as multinacionais até já abriram mão de que seus executivos usem obrigatoriamente as lacônicas e formais gravatas.

Bem, essa é só mais uma opinião minha, pessoal. Posso estar sendo completamente reacionário e errado. Mas isso é o que acho hoje. Atualmente é comum os praticantes do naturismo lutarem para se livrar dessa amarra e chocam a sociedade ao buscar seus direitos de andar nu. Desta feita, não mais somente o rei tem o direito de estar nu, mas também todos os seus súditos. Fica aí então uma dica. No dia que lhe olharem dos pés a cabeça, não vos perturbes, mentalmente olhe pra dentro dela, e verás que essa pessoa cultiva algo fútil, supérfluo e sem nenhum valor humano.

Para encerrar deixo a máxima: “Para que um homem mereça estar dentro de um terno, este, antes de tudo, deverá se comportar como o mais terno dos homens.”

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Atenas Brasileira/MA,15/07/2012

*Esse texto alcançou o 7º lugar mais Menção Honrosa no 1° Concurso Internacional de Literatura da ALACIB/Prêmio Lázaro Francisco da Silva – Mariana/MG – 2013.

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“Accipere quam facere praetat injuriam.” Tradução: Antes sofrer o mal que fazê-lo.

Brocardo Latino

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FENÔMENOS

egunda-Feira, 14 de fevereiro de 2011, Ronaldinho, também apelidado de “Fenômeno” pendura as

chuteiras e se despede da sua carreira como jogador, dando uma baixa significativa no futebol mundial. O planeta bola perde um de seus melhores jogadores. Seu perfil, igual a de muitos outros, impressiona. Um garoto pobre, que fez de uma brincadeira de moleque, o pulo do gato para se tornar vencedor na vida. Viveu os dois extremos de não ter nada, para depois ter todo o conforto material que o dinheiro possa proporcionar.

Ronaldinho teve o que teve, de bom ou ruim, porque mereceu. O que somos e o que temos são meras consequências de nossos atos. Em tempos em que emerge uma nova modalidade de gênio, ele é um dos que se destaca como tal, um gênio da bola. No auge da carreira fazia jogadas inimagináveis, aqui e lá fora. Eu, como torcedor contumaz, tive o privilégio de assistir a Seleção Brasileira jogar contra a

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Seleção da Lituânia, no estádio Albertão na capital Teresina no ano de 1996.

Naquele jogo, ainda com cara de menino, o n° 9, gozava de sua melhor forma, ajudando o Brasil a passear em campo. A partida foi 3 a 1, sendo que ele marcou todos os gols brasileiros. Um deles foi uma pintura, tanto que até hoje está gravado na minha mente. Depois de uma bola mal recuada, ele e o goleiro a disputam que resvala e vai para linha de fundo; aí vem o zagueiro mais o goleiro pra cima dele, mas não tem jeito, ele escapa, deixando os dois marcadores abraçando a trave. Sem dúvida foi um dos melhores jogos e um dos melhores gols de sua carreira.

Infelizmente, como o próprio afirmou, perdeu a batalha para seu corpo por conta dos problemas físicos que vinha passando, sendo este o principal motivo de sua aposentadoria precoce. Um atleta necessita 100% da capacidade de seu corpo pra dá o máximo de si numa competição. Apesar de se considerar tímido, a mídia tratou em mostrar algumas desventuras suas na vida pessoal, mas nada que arranhasse sua reputação de fenômeno. Ninguém vê que, pessoas nessas condições, tiveram que, desde

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muito cedo, lidar com grande responsabilidade. Ronaldo não terminou a carreira de forma magistral como Pelé, nem muito menos de forma catastrófica como Maradona. Saiu ao seu modo, como tinha que ser. Um outro fenômeno, que queria chamar atenção e que não tem muito a ver com o primeiro citado, ocorreu aqui em São Luís. Um dia depois do anúncio da despedida aconteceu algo que nunca tinha visto, ou nunca tinha reparado. Uma chuva de 24 horas, de verdade, não houve trégua. Aqui no Maranhão, são seis meses de muito sol e seis meses de muita água. Não dá pra agourar o que vai acontecer, num mesmo dia pode dá muito sol como também muita chuva.

Nesse período de chuvas, a capital e algumas cidades maranhenses ficam em alerta. Não tanto por medo de catástrofes, mas pelos transtornos que elas sempre causam. Por exemplo, quando chove, as ruas da capital ficam esburacadas, e algumas até alagadas. O ludovicense brinca dizendo que só aqui há esse tipo de asfalto, o sorrizal, que é aquele que se dissolve em água. Outro contraste diz respeito a falta de água em alguns bairros da periferia, lógico. Muitas deles nem se

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quer contam com esse serviço básico todos os dias. O Estado todo é cortado por imensos rios caudalosos, sem contar o seu abundante lençol freático e mesmo assim a população sofre com esses tipos de transtornos.

A chuva é maravilhosa e essencial para a natureza. Aqui, no nordeste, deveria chover todos os dias ao meio dia, se isso acontecesse com certeza o nosso povo se refrigerava melhor diante de um clima tão torrencial. Nem me lembro mais a última vez que tomei um refrescante banho de chuva. Digo aquele banho de chuva que você se prepara para tomá-lo e não aquele banho de chuva que tomamos quando estamos na rua ou fazendo outra coisa. Não é a toa que essa cidade é considerada a ilha da magia. Certos fenômenos que têm a capacidade de nos impressionar acontecem com certa facilidade.

Enfim, você deve está se perguntado por que tratar de dois assuntos totalmente diferentes? Antes de não responder, eu lhe replico com uma outra pergunta. Os dois são fenômenos, ou não? Interrogações a parte, o que quero frisar é que ambos, por serem o que são, vêm e vão de forma

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efêmera, nos deixando uma enorme e irremediável saudade.

Ilha do Amor/MA, 19 de fevereiro de 2010

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FALSOS, FALSETAS E FALSÁRIOS

aturalmente, as pessoas têm e devem estar sempre se relacionando e interagindo com a sociedade em

geral, seja no trabalho, na escola ou no seu bairro. Nessa cadeia interativa, muitas correntes sociais e laços de amizade são firmados, sendo a confiança, o principal pilar de sustentação dessas relações. Uma das primeiras certezas que um indivíduo tem na vida, quando alcança a maioridade, é que não se deve confiar em ninguém. Em vista disso, alguns mais radicais, chegam a dizer que não se deve confiar nem na própria sombra, nem muito menos nos próprios pais. Mesmo sabendo disso, muitas das vezes somos compelidos a confiar em alguém ou em algo, em dado momento de nossas vidas. Não há como fugir disso, calma, não fique alarmado, isso está longe de ser o mesmo que ser ingênuo. Contudo, a ordem básica é o seguinte: em regra, não confie em ninguém, porém tendo que confiar, exija garantias, além lógico, de ter a real consciência do risco que estás correndo.

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Assim, não haverão tantas surpresas. Platão foi um dos pioneiros ao tratar desse assunto, ao alegorizar o famoso Mito da Caverna, ele tentou ensinar a humanidade, que não se deve ser só observado aquilo que se apresenta de forma superficial. O ser humano não deve se contentar só com as sombras das imagens embora, elas pareçam serem a mesma coisa. O homem nessa condição, deve ter coragem e ir além, sair da caverna e partir para o encontro da realidade, daquilo que gera a imagem e se distanciar o mais rápido possível dos tentáculos das ilusões. São muitas as variações de falsidade, mas, as que doem mais, com certeza dizem respeito àquelas ocorridas em âmbito interpessoal, seja numa amizade casual, num relacionamento amoroso ou no seio familiar. Descobrir que alguém, do qual você depositou certa confiança, está sendo injusto e muitas das vezes pelas costas, é o mesmo que estar sendo apunhalado por golpes de faca no fundo da alma. Confiança é que nem cristal, uma vez quebrado, jamais pode ser recuperado. Numa amizade, a falsidade é causa ativa para que haja imediata cisão nas relações. Esse tipo de intriga, é mais observado quando se adentra no

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labirintoso universo feminino. As mulheres, são por natureza, mais desconfiadas e sensíveis nas suas relações. Em vista disso, assim como elas podem ser as melhores amigas umas das outras, um simples deslize, na melhor das hipóteses, pode levar à cabo uma amizade de décadas, isso se elas não se tornarem arquirrivais para sempre.

E o que dizer então da infidelidade conjugal, hoje, as novelas têm popularizado essa prática, muitas pessoas chegam a aceitar tal disparate e achar isso absolutamente comum nos dias atuais. Porém, ainda é muito comum observar que muitos casamentos vão por água abaixo, simplesmente por ter ocorrido uma traição. Nesses casos, cabe somente ao traído (a) decidir o que fazer, cada um sabe onde seu sapato aperta mais.

Em matéria criminal, temos expostos

no título X do Código Penal, todos os

dispositivos que tratam dos crimes contra

a fé pública, incluindo os crimes de falso.

Nele, dentre vários outros, existem os

artigos 297 e 298, que tipificam os crimes

de falsidade de documento público e

particular, respectivamente. Há também, o

crime de falsa identidade (307, CP) que é

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aquele do qual o indivíduo atribui para si

ou para outrem uma identidade forjada na

intenção obter vantagem, em proveito

próprio ou alheio.

Vistos essas três variações de

falsidade, imagine a seguinte situação.

Uma certa moça, descobre que sua nova

amiga, fingindo ser outra pessoa, está

tendo um caso com seu casado pai, no

intuito de aplicá-lo um golpe. Estaríamos

aí, diante de uma falsidade triplamente

qualificada.

Porém, ficções aparte, querendo ou

não, as falsetas, os falsos e falsários

sempre farão parte do nosso cotidiano,

seja em produtos pirateados, nas

promessas de governos, nas pessoas más

intencionadas ou em programas de TV. Até

mesmo, nós utilizamos estes artifícios

diariamente quando, por exemplo,

mentimos para não enfrentarmos filas ou

quando inventamos desculpas

esfarrapadas para justificar uma falta no

trabalho. Porém, o ideal é que essas

exceções não se tornem regra e não

ultrapassem os limites socialmente

tolerados. Assim, impediremos que toda

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uma sociedade seja levada a falência,

moralmente falando.

Capital do Reggae/MA, 23 de janeiro de 2011

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CONVIVENDO COM OS LIMITES

e um tempo pra cá, tenho buscado, diante das necessidades que a vida nos impõe, desafiar alguns limites.

Pelo fato de ser jovem, cultivo a ideia de que a hora, é agora. Não devo e nem posso deixar o tempo e as oportunidades passarem. Nessa ânsia, venho tentando extrair o máximo de mim, o fino sumo da minha capacidade, a qualquer custo. De forma incansável, tenho convocado a minha pessoa inúmeras tarefas tais como: acumulação de atribuições diversas, dedicação exclusiva às atividades construtivas e atendimento rigoroso aos bons costumes em geral. Existem vários tipos de limites, dentre eles os mais comuns são: o intelectual, o físico, o da paciência, o sacrifical, o emocional, etc. Porém, o limite mais difícil de ser controlado e que de certa forma, influencia os demais é o psicológico. Esse sim, um intricado desafio a qualquer mente, seja ela, comum ou brilhante. Domando-o tudo fica mais fácil. Se fosse comparado a uma máquina,

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poderia considerar que disponho de peças novas. Partindo dessa premissa, cabe a mim exigir o máximo delas para o bom funcionamento do conjunto. Nossa peça principal é o cérebro, o centro das decisões do corpo e propulsor de nossos atos. Desenvolvê-lo, não é tarefa fácil, requer muito treino e descanso na medida certa.

Vivemos em constante conflito diante das dualidades, do que se deve ou não deve ser feito. Estamos, constantemente, inseridos nesse cenário de possuirmos direitos e divertimentos, como também obrigações e deveres. O problema é que às vezes esses antagonismos não são dosados de maneira correta por alguns. Por conta disso, uma fresta é aberta, e por ela, acabam cavalgando uma série de outros problemas, em diversos graus, tomando e invadindo a vida da pessoa. A meu ver, para esse assunto, não há meio termo, ou se trilha por um caminho, ou por outro. Não dá pra torcer por dois times sendo que eles são fanaticamente rivais.

Diante dessas cogitações, algumas perguntas começam a erigirem na mesma proporção. Será que desafiar os nossos limites, a esse ponto, vale a pena? Que tipo de sacrifício temos que fazer para obter sucesso? Sabemos que a sua

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conquista não é uma tarefa das mais simples, ele requer inúmeros outros ingredientes cumulativos e o que não faltam são candidatos. Para tê-lo é como se preparar uma receita, e o sacrifício é só mais um dos ingredientes, sem contar que os resultados só são percebidos depois de expirado um longuíssimo prazo.

Conviver com o limite é por em prática o sacrifício. Este, por sua vez, te desgasta, mas te mantém como uma rocha, além de trazer felicidade e sensação dever cumprido. Ninguém deve se doar aos prazeres e aos pecados, pois eles são armadilhas repletas de grilhões prontos para aprisionarem mais um escravo de forma perpétua. Além disso, deles decorrem outros males, como o sentimento de culpa, frustrações, tristeza imotivada e por fim, o pior deles, o fracasso. Vencer as tentações não é fácil pra nenhum ser vivente, ninguém vence esse obstáculo sozinho. As tentações só satisfazem a carne, não a paz da sua consciência. Viver satisfazendo a carne é o mesmo que agir como um animal de corte, onde todas as regalias são concedidas para depois ser levado ao matadouro e ser abatido de forma impiedosa. Contudo, anime-se você pode remar contra essa

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maré de ilusão, ser forte e lutar contra tudo e todos. Ademais, a lei da natureza de que só os fortes sobrevivem, não se aplica somente ao reino animal. Certa vez ouvi uma ilustração curiosa de um professor, ele disse que nossa sociedade não é muito diferente do reino animal. Ele frisou que:

“Na sociedade humana o homem bem sucedido (macho mais forte) se casa com a mulher mais bonita (melhor fêmea). Juntos, eles conseguem preservar suas espécies dando o melhor conforto e principalmente a melhor educação para sua descendência.” Achei essa comparação um tanto quanto atrasada e machista, mas fique a vontade para tirar suas próprias conclusões. Nada é construído com brincadeira ou desleixo. Se ilude quem acha que pelo fato de está fazendo o que é o certo já é o bastante. Nunca se chega a um ponto máximo achando que já se fez tudo. Não se deve dá espaço para a passividade nem ao erro por omissão. Quanto mais se quer, maior o sacrifício e isso vale para todas as áreas. Se você quer se dá bem na sua vida familiar, você terá que abrir mão de sua vontade própria. Se quiser ter um bom salário terá que ser um profissional diferenciado. Todo sacrifício evolui de forma gradual. Não faça nada que seu corpo e

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sua mente não possam ou não estejam moldados a suportar. Ás vezes a gente tem que fazer o que ninguém faz, para ter o que ninguém tem. Por fim, num futuro bem distante, o senhor do tempo, nos revelará numa reflexão oportuna, se tudo foi, ou não, em vão.

Terra de Josué Montello/MA, 26/02/2010

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“(...) Tente. Basta ser sincero e desejar profundo / Você será capaz de sacudir o mundo, vai... Tente outra vez / Tente / E não diga que a vitória está perdida / Se é de batalhas que se vive a vida /Tenha fé em Deus, tenha fé na vida /Tente outra vez (...)”

Raul Seixas

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O MACHADO DE ASSIS DA CAIXA

á pouco vi uma nota de que o Banco Caixa Econômica Federal (CEF) tirou do ar um dos seus

comerciais que fazia parte de uma campanha sobre a história da instituição. A determinação da remoção partiu depois da sinalização atenta da SEPPIR. A polêmica girou em torno da retratação equivocada que os produtores do vídeo fizeram quanto da inobservância da verdadeira raça do admirável escritor Machado de Assis, protagonista principal do anúncio. Como todos sabem que, além de ser um dos festejados escritores já nascido, Machado teve que ultrapassar diferentes barreiras para se tornar o que foi. Era humilde, epilético, gago e mulato, não que esses predicados o fizessem menos importante, mas todos sabem que esse mundo preconceituoso que vivemos ainda tenta sectarizar certas características. Antes de tudo, vale ressaltar que, se observado a etimologia da palavra mulato, essa sim por si só já é uma afronta, senão

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vejamos. O vocábulo advém do termo em

latim mulus que adaptado para o português se torna mula, aquele animal híbrido gerado do cruzamento do jumento com égua. Além disso, o termo era utilizando pelos escravocratas para tentar estigmatizar e justificar toda a ideologia opressiva que eles sustentavam contra os negros, impondo a raça branca como superior. A superprodução tinha como enredo a passagem que o gênio teve na época como cliente do banco. Retrataram seus depósitos na caderneta de poupança, bem como a sua histórica carta testamentária. A publicidade contava com um cenário de época digno de uma novela das oito. O ator era bem afeiçoado e se esforçou muito para bem representar o nobre escritor. Tudo ia bem se não fosse um detalhe imprescindível. O ator era alvo, o Bruxo do Cosme Velho era negro. Todo esse desconforto não passou de um mal entendido e foi prontamente contornado pela Caixa, até porque se percebe que não houve má-fé, no máximo desleixo e mau preparo por conta da agência de publicidade contratada. Porém, esse fato não deve passar despercebido e nem muito menos eximir os envolvidos pelo erro grosseiro, devendo os mesmos se

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retratarem proporcionalmente ao enfado gerado. Foram omissos, insinuaram uma espécie de racismo velado, não afrontando somente uma raça, bem como toda a identidade de uma nação. No fim a publicidade foi reformulada e veiculada de forma contentável, antecipada por uma breve e tímida nota de desculpas. O que ficou como lição principal é sentir que a cabeça do brasileiro está mudando e deve se modificar rápido, tendo o governo papel fundamental nisso. O brasileiro mais consciente de seus direitos está sabendo, em alguns casos, reclamar e exigir, a palavra certa é exigir, mais respeito por conta do Estado. Não está deixando passar certas coisas, o que nos é muito válido já que este País sonha em ser

forte.

Terra de Aluísio e Artur Azevedo/MA, 28/08/2011

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AMAZÔNIA ATRAVÉS DE BELÉM

á pouco tive o prazer de desfrutar uma semana proveitosa de lazer e passeio na cidade de Belém, capital

do estado do Pará, considerada o berço da Amazônia. Não foi difícil perceber porque a cidade condiz realmente com todos os adjetivos e características a ela atribuídas.

O que pode ser percebido pela curta estadia que passei, é que a cidade em si é bem preenchida, quase sem espaços vazios e de boa mobilidade. Assim como em muitas cidades brasileiras centenárias, ela mescla o antigo e o novo em sua arquitetura. Existem ali, desde palacetes, casarões e palácios a grandes arranhas céus. E já fazendo justiça com o local, tanto a arquitetura antiga como a nova, salvo reservas, estão de parabéns.

Uma figura histórica que, mais me chamou atenção, pela sua importância, foi a figura do engenheiro Antonio Landi, ele era uma espécie de arquiteto oficial do império da época. Ele construiu os mais importantes prédios, e contribuiu de maneira fenomenal para o

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desenvolvimento da cidade na época da colônia. Entre as visitas obrigatórias, a que mais me empolgou foi a longínqua e imponente Praça de República. Ela abriga anfiteatros, monumentos e estátuas de bronze, e ao qual está inserido o Teatro da Paz, um lindo monumento dedicado exclusivamente às artes, erigido com os ganhos voluptuosos da borracha. Sua fachada impressiona com enormes bustos feitos de mármore de algumas figuras de relevância nacional. O Museu do Estado do Pará, antiga sede de governo, demonstra um nobre conjunto mobiliário, com peças ricamente adornadas, dos séculos XIX e XX. Isso leva a ideia de que o material mais importante de uma construção, naquela época, era a arte. O lugar apresenta uma pinacoteca impressionante e uma riqueza de informações históricas. Só mesmo um bloco de notas de grande capacidade seria suficiente para absorver as inúmeras informações fornecidas. O mercado do Ver-o-Peso é constituído por uma feira e dois mercados, é um estratégico centro de abastecimento da cidade. Contém também uma farmácia natural das diversas plantas extraídas da Amazônia. Degustar uma autêntica tigela

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de açaí, antes de sair para o passeio, no mercado é um combustível indispensável.

Outro atrativo forte da cidade é sem dúvida sua culinária, pude provar pratos dos mais variados sabores, o primeiro deles foi a Maniçoba. Ela é preparada com folhas de mandioca junto com carne suínas com uma preparação bem peculiar que demora dias até ficar pronta. Também provei do prato mais caro, e com razão, o delicioso Pato no Tucupi.

Em relação a fauna e a flora do lugar, existem dois locais específicos para visitação que são o Mangal das Garças e o Museu Emílio Goeldi. O primeiro situado a beira-rio é espetacular, possui uma variedade de aves que é impressionante, incluindo também um borboletário, com as mais variadas espécies e um belo farol panorâmico. Já o museu que é a mais relevante instituição científica da região, abriga um universo mesclado de animais exóticos pouco vistos em outras regiões do planeta.

A Estação das Docas, antigos galpões do porto belenense, além de toda a sua sofisticação e modernidade e lugares com os mais diferentes atrativos. Lá ainda se encontra um cardápio de sorvetes com os

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mais variados sabores oriundos de frutas típicas da região.

E por fim, a grande lição que Belém deixou foi a interação entre o homem e a natureza, a cidade rodeada e influenciada pela grande floresta mãe. Sua soberania deve ser respeitada, acabar com ela é

atestar, a posteriori, a destruição humana.

Temos a consciência que somos hipócritas, e que nós fazemos é muito pequeno em comparação ao que já foi destruído. Fingimos que estamos fazendo algo pela preservação, só para alienar a grande massa. Porém existe outra opção, podemos agir com inteligência e mudar o rumo da história, mudar nosso estilo de vida, em prol da existência da natureza e humana a eterno prazo.

Ilha de Upaon-Açu/MA, 13 de julho de 2010

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A VIDA NO CENTRO

ão sei porque, mas o centro sempre despertou em mim, uma curiosidade especial. Digo, o centro

urbano, aquele comum em qualquer cidade, seja ela grande ou pequena. Assim que saí de casa, tinha em mente o seguinte, já que ainda não podia realizar minha obsessão, que é morar perto do mar, nada mais oportuno do que passar uma temporada no centro, no intuito de sugar tudo que ele tem, de bom, para oferecer. Dito e feito, essa vontade já tenho como realizada, estou há quase quatro anos morando no centro de São Luís. Nesse tempo, pude fazer bastante coisa, principalmente no tocante a minha formação cultural e humanística. Hoje, dou-me por satisfeito, já quero mais é sair daqui, do aluguel e ter meu primeiro lar, não importa onde.

Mas, o que quero frisar, é que ele começa a fazer parte de nossas vidas, aos poucos, quando temos que ir ao seu encontro, seja para resolver algum problema, comprar algo de necessidade

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básica ou simplesmente, passear. O centro é a mola propulsora que norteia o crescimento das metrópoles rumo as suas bordas limítrofes, além de funcionar como uma espécie de embrião da sociedade. Pelo menos eu, quando quero conhecer a história de uma cidade inicio pelo seu nascedouro, o seu centro.

Quando tinha menor estatura, porque pequeno ainda sou, sempre que dava, acompanhava minha mãe na ida ao centro de Teresina. Nessas andanças, entrávamos, inevitavelmente, em contato frontal com seu trânsito caótico, comércios abarrotados de gente e instituições sóbrias dos mais variados tipos e estilos arquitetônicos. Em meio a toda essa balbúrdia, percebia, quase que poeticamente, a existência de algumas casas bem antigas e cheias de mistérios. Geralmente, elas eram vistas sempre com suas portas e janelas fechadas. Porém, esse detalhe não era suficiente para encobrir o leve sinal de que alguém, por ali, ainda morava. Como recompensa pelo esforço a gente parava numa dessas lanchonetes para degustar de um delicioso pastel de carne e um caldo de cana (garapa) gelado.

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Em vista disso, sempre munido de boa-fé, ficava intimamente tentando imaginar como era a vida daqueles moradores, nada comuns, para nós que morávamos em bairros. Na melhor das hipóteses, suponho que esses tipos recintos, na sua grande maioria, sejam habitados por singelos velhinhos em busca de descanso, depois de terem dado um duro danado a vida toda. Outra possibilidade que surge nesse tocante, é que esses locais podem ser também habitados por artistas, estudantes universitários, viajantes e até adeptos da sociedade alternativa. Em contrapartida, na pior das hipóteses, nada impede que figuras esquisitas, seres enigmáticos e demais viventes das sombras busquem o local para se esconderem propositalmente da sociedade, por padecerem de algum tipo de anomalia ou distúrbio psicológico. Porém, o que me fascina no centro é seu exagero, sincretismo, confusão e pluralidade de opções. A cada passo dado, um cadinho de raças faz com que a gente se depare com diferentes faces de pessoas vindas das mais variadas partes. Quando a cidade é cosmopolita então, fica mais comum observar esse detalhe. Para as classes B, C e D, não há lugar melhor para se fazer compras, em um pequeno raio, é

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possível transitar por inúmeras lojas em busca do melhor negócio. A maioria das coisas que a gente quer, tá lá e tudo que a gente não quer, tá lá também. Não importa, quase tudo pode ser encontrado pelo centro.

Morar no centro têm inúmeras vantagens: todo mundo sabe onde fica, todos os ônibus passam por lá e quase não falta água, nem energia. Nada mais justo, para um lugar que é considerado a torre de comando das decisões citadinas. Nesse diapasão, não acho que morar no centro seja um defeito, muito pelo contrário, se observados os aspectos positivos anteriormente citados, pode até ser considerado uma virtude.

Porém, da mesma forma que o centro pode angariar encantos de gente como eu, ele pode também ser um local considerado repulsivo para outros. Às vezes me sentia até constrangido em revelar que morava por lá para alguns conhecidos. Muitos têm uma visão negativa em relação ao local. Não posso tirá-los as suas razões, é comum notar que esses locais não têm a devida atenção das autoridades. Muitos prédios, praças, casarões antigos e monumentos históricos estão em completo abandono, sofrendo com uma rápida

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decadência, agravado principalmente pelo seu mau uso.

Outro ponto negativo em relação ao centro acontece na sua noite, quando ela cai, abrem-se as cortinas para as trevas, e ele se torna um antro de perdições. Fecham-se os comércios e trabalhadores dão lugares a uma série de desocupados. Ladrões de toda sorte aproveitam o momento para subtrair, os pertences de algum desavisado, quando não, a vida. Entram em cena os desabrigados, andarilhos, moradores de ruas e viciados em busca de extravasamento. Eles se direcionam ao local para beberem, fumarem e se entorpecerem com os mais variados tipos de substâncias. Por conta disso, o local fica cada vez mal ocupado, poluído e depredado, tanto fisicamente como visualmente. A promiscuidade moral e carnal talvez sejam os seus piores problemas. Prostitutas se posicionam estrategicamente, próximas às pousadas que servem de fachadas para motéis, em busca de clientes, a cena é uma das mais deprimentes. Bem, esse é o lado ruim dos centros, não a sua noite, mas as sujeiras que eles atraem.

Para encerrar o assunto, não posso me dar ao luxo de recusar a realidade que

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a época contemporânea me impõe. Não devo me distanciar da modernidade, do novo, pois agindo diferente, em nada estaria contribuindo para meu futuro. A maioria das coisas modernas não me atrai, porém tenho que aceitá-las. Quero aproveitar o momento para deixar claro que o centro não é o meu mundo, mas é um mundo que não posso ignorar. Ele é senhor de muitas respostas, além de servir como ponto de partida para entendimento de muitas coisas. Portanto, independente de está lá ou não, de uma forma ou de outra, ele sempre fará parte de minha vida e creio que da sua também.

Ilha do Amor/MA, 30 de janeiro de 2010

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“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

João 3:16 (Bíblia Sagrada)

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TECNOCENTRISMO

ntigamente, diante das novas ideologias que surgiam e se organizavam rapidamente, os

pensadores para sustentar suas novas correntes de pensamento, criavam uma espécie de palavra chave para dar ênfase naquilo que acreditavam. O mundo passou pelo Teocentrismo, Antropocentrismo e Geocentrismo, onde essas tendências se tornavam o centro do universo e ditavam regras que marcavam toda uma época. Atualmente, se cogita a ideia de que a sociedade tem como o epicentro das coisas a tecnologia. O mundo, as coisas e o homem circulando em torno dela. Diante dessa nova ordem, que poderia muito bem ser chamada de “Tecnocentrismo”, o planeta subitamente se organiza. A tecnologia, assim como muitas outras coisas, surgiu para beneficiar. Todavia, assim como o homem, ela é também passível erros, e dependendo da situação pode ser utilizada de maneira não muito

proveitosa.

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Desde a Revolução Industrial surgida Inglaterra, o mundo vivenciou uma nova realidade que perduraria até hoje, a mecanização gradual das linhas de produção nas fábricas. Isso ocasionou a inevitável dualidade entre criador e criatura, pois o homem ao mesmo tempo que criou a máquina para auxiliá-lo, também se sentiu ameaçado, haja vista que uma só máquina tomava o trabalho de muitos operários. Essa modernização gerou aumento de produção e lucro de poucos, em paralelo a muito desemprego, flagelo e ira por parte de muitos, que sofreram com as repentinas mudanças. Houve revolta, com a consequente quebra das máquinas, que dava início ao movimento chamado de Ludismo, que foi o levante de operários contra, as máquinas, suas desleais competidoras. Trazendo os fatos para os dias hodiernos sabe-se que a tecnologia, se tornou uma arma poderosa nos mais diversos setores da sociedade, auxiliando no combate do isolamento, desconhecimento e burocracia. Ela atualmente é mais comumente utilizada como ferramenta de pesquisa, lazer, entretenimento, trabalho e comunicação tudo disponível a um só

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clique, portanto devendo, ser vista com bons olhos, principalmente se usada de maneira racional e não de maneira

consumista.

No campo científico quando quer, produz maravilhas, auxilia nas descobertas científicas auxiliam no prolongamento da vida, através do desenvolvimento de vacinas e medicamentos no combate e tratamento de doenças que afligem a humanidade. Ajuda ainda a implantar também meios sustentáveis de energia que contribuem para diminuir danos ambientais que posteriormente garantirá nossa vivencia futura aqui na Terra. Bem mais presente, nessa realidade tem-se o computador, nas suas mais diversas variações, como carro-chefe, dessa invasão tecnológica em nossas vidas. Em pouco tempo o PC tomará conta de todos os lares e passará sintetizar todas as mídias existentes, impulsionando um novo modelo de equipamento minúsculo e portátil, capaz de nos auxiliar nas tarefas diárias, que vão desde um simples pagamento de contas até a regulagem de temperatura de uma casa. Quem vê esse leque de benefícios e da praticidade que a tecnologia proporciona

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principalmente no mundo doméstico, não imagina que numa visão ampla, essa

relação ainda gera sérios conflitos.

Ter domínio tecnológico entre as nações, significa ter poder. Quando mais se desenvolve a tecnologia, mais um país imprimi domínio sobre o outro. Um exemplo na prática disso é o poderio bélico dos EUA, que por ter um exército e armas mais modernas acaba por ser uma nação destemida perante as outras. Isso sem contar dos seus avanços internos, sempre à frente investindo pesado em pesquisas espaciais e mecanização de indústrias, acaba fazendo com que eles alcancem níveis altíssimos de crescimento na

economia.

Essa fórmula exata de investimento em tecnologia e posterior retorno, brota cobiça por parte de alguns líderes políticos que viram nesse modelo uma forma precisa de obterem respaldo perante o mundo. Muitos chefes de estados manuseiam e armazenam clandestinamente elementos nucleares de forma perigosa sob o pretexto de o fazerem unicamente com intuito de energia

alternativa.

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Mas, qual será a real intenção por trás disso? A corrida desenfreada pela construção de usinas nucleares, além de aumentar o risco de contaminação por vazamento, possibilita o uso alternativo e pernicioso em prol da guerra, já que a paz, ainda é muito relativa entre as nações. Vivemos em meio à instabilidade, núcleos de conflitos explodem no mundo todo com grande facilidade. O que preocupa é que essas substâncias radioativas, que podem muito bem serem convertidas em armas de destruição em massa, caiam nas mãos de terroristas com cargo políticos o que geraria enorme tensão. Partindo para retíssima final, fica evidente que por mais, que a humanidade se empenhe para resolver os problemas do mundo com avanços, é salutar ressaltar que, uma ação sempre gera uma reação. E que por mais que essa ação, em princípio, seja feita de boa-fé, nem sempre, ela fará jus ao motivo pela qual foi criada, e aí sua

reação poderá ser a mais diversa possível.

Texto selecionado e publicado na Antologia

Entrelinhas Literárias lançada pela Editora Scortecci -

São Paulo/SP – 2011.

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ILHA DA CULTURA

ão Luís do Maranhão foi eleita, mais do que merecidamente, Capital Brasileira da Cultura do ano de

2009. Nada mais justo para uma cidade que representa um santuário de manifestações das mais variadas raças, das quais se congregam mais fortemente a indígena, europeia e a africana. O reconhecimento, apesar de tardio, é muito justo não só pelo fato de todo conjunto artístico-cultural que a cidade dispõe, mas também principalmente pelo carisma e pela generosidade de seu povo. Esse fato realça ainda mais o valor de seu patrimônio humano, material e imaterial, que lhe acompanha desde o dia de sua fundação pelos franceses há séculos. Não há lugar mais digno para representar esse título do que essa capital, ela reúne em um delimitado espaço que a ilha permite, um vasto campo de opções de entretenimento e lazer para toda uma sociedade. Um mundo à parte, fascinante!

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Costuma-se dizer que para alguém de fora conhecer resumidamente o Brasil, a capital padrão para isso seria São Luís. Cogita-se a ideia de que aqui há um exemplo detalhado de que é o Brasil no

seu todo.

Somos uma ilha, temos mar, chuva, sol, arquitetura antiga e moderna, povos brancos, negros, indígenas e amarelos, dialetos, história, futuro, letras, rio, dança, boi, lendas, enfim tem tudo, que alguém possa procurar.

O Reviver, ponto de referência e berço de nossa sociedade e cultura é o palco perfeito para se deparar com a identidade de São Luís. Seu fervor sua importância entra na mente e no coração de seus visitantes da onde se recusa a sair. Local de fervura cultural abriga entre outras coisas apresentações, seminários, eventos, encontros das mais diversas áreas do conhecimento. Espera-se que desse título surja também incentivos em todos segmentos, através de políticas de preservação. Devemos defender sempre de maneira ferrenha nossos povos em especial os indígenas e quilombolas, nos seus costumes e tradições. O meio-ambiente da ilha precisa de

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atenção especial, sua natureza é peculiar. No tocante ao patrimônio arquitetônico, nossos casarões devem ser reutilizados racionalmente, reformando-os e dando-lhes sustentabilidade de um, ou de outro modo. Um bom começo seria se esses prédios fossem alocados com instituições dirigidas ao ensino cultural, centro de pesquisas histórico-artísticos, bibliotecas, pontos de visitação, museus, e etc., pois assim não ficariam ociosos e possuiriam uma utilidade. E assim sendo, a ilha de Upaon-Açu não passará a ser somente a capital da cultura por um ano, mas sim a eterna capital da cultura o que nos orgulharíamos muito.

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PODER PARA O POVO PRETO

ma nova era se inicia na Roma contemporânea, no país símbolo da democracia e das oportunidades. É

um momento onde todos esperam que a nação que rege o mundo, se transforme e adote uma política assistencialista mais voltada para o bem-estar humano e para os menos favorecidos.

A eleição à presidência de um descendente de mulçumano, negro e órfão para a Casa Branca nos Estados Unidos, veio responsabilizar o Senador democrata recém-eleito Barack Obama em ser o porta-voz defensor de todas essas minorias que de certa forma ele descendeu e representa. Não há somente uma renovação de governo para governo, mas sim, uma mudança radical no perfil de quem detém nas mãos o poder supremo, implantando uma experiência nova, que aparentemente tem tudo para dar certo. Monteiro Lobato sabiamente, já profeciava este valoroso acontecimento, em seu livro intitulado de O Presidente Negro ele retrata quase que fielmente este

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momento, de que num futuro não tão distante, os EUA poderiam ser governados por um presidente negro, dito e feito. Mas ele não era o único a cantar essa pedra,

um conhecido rapper brasileiro já estampava escrito em seu antebraço, em

forma de protesto, um dizer: "poder para o povo preto", o que denotava que somente dando poder as minorias é que realmente seria feito alguma coisa em prol delas

E realmente pelo menos quanto aos negros, depois de muitos anos de exploração, eles têm muito que comemorar, hoje eles se destacam nos mais diversos segmentos da sociedade: na política, na justiça, na música, no esporte e demais searas. Esse é um grande passo para por um fim no preconceito étnico, que cada vez mais ocupa menos espaço na atual conjuntura mundial.

Fazendo uma breve analogia ao Brasil com a ascensão de um nordestino, pobre e "iletrado" ao cargo máximo da Federação e sua boa performance ao longo de seu mandato, dá um crédito a mais para Obama. Isso reforça a ideia de que a pessoa que tenha sofrido na pele injustiças e preconceitos, decorrente do descaso governamental, seja o mais apto ao comando, justamente por conhecer e saber

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como é ruim passar por algum tipo de necessidade. Isso comprova uma tendência nova de pensamento que já se via ao longo dos tempos principalmente na política. Toda esperança foi depositada naquele em que o povo se espelhou para por um fim nessa decadente política ambiciosa, sangrenta, egoísta e aristocrática, onde os potentados governavam para si mesmos, atendendo somente a interesses próprios. Um modelo um tanto quanto simbólico, a beira do precipício que há tempos não demonstra resultados significativos e que hoje incidi nos mais claros sinais agudos de aniquilamento. Mas com certeza não é só isso que lhe aflige, além da enorme responsabilidade em conduzir o país mais ostensivo do planeta, ele possui ainda uma grande missão de desmanchar a péssima imagem construída no governo de seu antecessor. Bush pautado na unilateralidade e em todo seu poderio bélico, adotou uma política sanguinária em seu desastrado mandato, alcançando os mais altos índices de impopularidade em todo globo terrestre. Fora isso, há também a enorme crise financeira que se avança preocupando e pondo em risco a estabilidade de

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instituições monetárias que sustentam a economia universal.

Será necessário que Obama proponha medidas urgentes para direcionar o mundo para um novo horizonte. Buscar equidade social sem recair no populismo, a conquista do poder acima de todas as coisas só trará mais sofrimento e instabilidade aos povos.

É necessário também que não nos contagiemos com esse clima de euforia, pois além de parecer inofensivo, Obama é americano, grato por ter nascido no país capitalista mais potentado do planeta, e como todo bom americano não abrirá mão em deter esse nobre título. Ademais, diante da teoria da balança social desenvolvida pelo prof. John Nash, na lógica capitalista, sempre haverão ricos e pobres. Não tenha dúvida que qualquer presidente americano por mais bem intencionado que seja não tomará decisões que ponha em risco seu poderio, conquistado ao longo do tempo através de muitos esforços e vidas.

Entretanto, apostamos que o novo presidente americano possa sim buscar minimizar os impactos prejudiciais de seus atos que atingem a extremidade mais fraca do sistema: nós, o restante do mundo. Na

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sua primorosa campanha ele bem falava:

“Yes, we can,” (“Sim, nós podemos”),e a verdade eles podem mesmo, podem inclusive nortear o mundo para o caminho da paz é isso que todos nós, ansiosamente, esperamos dele.

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“Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.”

Sócrates (469-399 a.C.) Filósofo Grego

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REVIVENDO

ão sou natural de São Luís, sou teresinense, aliás, sou do mundo, um terráqueo. Sinto-me um pouco

maranhense por ter escolhido essa terra pra viver e por causa de meu nascimento, onde nasci fica à poucos metros da divisa com Maranhão. Até minha adolescência o Maranhão para mim era só um mapa. Com o passar do tempo fui adentrando suas terras até chegar a São Luís.

A primeira experiência foi uma viagem que fiz pra Timon onde um amigo do meu pai tinha um sítio pelo lado maranhense à beira do rio Parnaíba, a outra foi uma viagem numa caçamba de uma F-1000 pra Caxias onde pude banhar em um riacho de águas transparentes. Mas a melhor foi viagem foi para São Luís, já adulto com a companhia de parentes desbravávamos todos os encantos e mistérios que a ilha oferecia. E entre idas e vindas acabei decidindo morar em São

Luís.

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Vários fatores me influenciaram pra que mudasse de capital a busca de novas experiências, os seus atrativos histórico-culturais, a sede por liberdade e uma das principais o seu mar. Como pode ser eu tão apaixonado pelo mar e nascer na única capital sem mar do nordeste. Era como se trocasse São Paulo pelo Rio, o stress pela qualidade de vida. São Luís foi uma atração fatal, meu perfil se encaixa com o da cidade. Ao conhecer melhor o estado pude observar da sua imensa e gigante potencialidade adormecida. Ao chegar à ilha em 2005, fiquei hospedado na casa de parentes, era para passar somente um ano, entretanto devido ao meu curso, acabei passando dois, o que não me incomodava muito já que o local ficava a poucos metros do mar, ia quase que diariamente a praia. Ao sair de lá tinha que buscar um novo lar, suei a testa atrás de um cafofo adequado as minhas necessidade e compatível com minha condição. Não exigia muito a única coisa que prezava era a segurança, um quarto e um banheiro, só. Foi aí que ao passear pelo centro com minha líder-mãe passei em frente a um hotel chamado de Casa Grande, um casarão colonial antigo com uma fachada imensa de três andares. Situado na Rua

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Isaac Martins próximo a Fonte do Ribeirão entrei e avistei uma senhora mais um senhor sentado à mesa e, de forma bem direta, propus mora lá. No diálogo não chegamos a um consenso e sem perder tempo saio em busca de um novo local. É quando, já a alguns metros, a senhora vem me chamar e aceita minha permanência. Tive sorte, pois aquele senhor era dono do hotel e não estava todo dia lá. Logo me adaptei meu quarto era o 308 com vista para os telhados escuros dos casarões, minha companhia eram os pombos que se abrigavam em cima de meu teto fazendo barulho. Logo nas primeiras noites a chuva quase que inunda meu quarto todo, molhando todo meu colchão.

Perto de tudo me vi possibilitado de prospectar diversos outros rumos até então tolhidos por falta de liberdade. Lá era constante um maior número de pessoas de todos os lugares. E é lá onde os poderes se encontram é onde se concentram igrejas, praças, prédios públicos, bibliotecas, tribunais, teatros etc. Por muitas vezes levado por minha curiosidade assisti tanto na Câmara como na Assembleia calorosos discursos de políticos que dificilmente temos acesso. Lá também sempre que podia ia a Academia

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Maranhense de Letras (AML) ver alguma posse, palestra ou solenidade de cunho literário. Vi muitas vezes eventos, shows, peças e apresentações a preços ínfimos e às vezes até de graça. Frequentava todas as segundas-feiras a Biblioteca Benedito Leite ler os volumosos jornais de domingo os meus preferidos. Tentei também me aproximar de turistas das mais variadas partes. Enfim, aproveitei tudo que o centro podia me oferecer, foi minha verdadeira revolução cultural. Ao dia preferia ficar na “Cela da Liberdade” nome que batizei meu minúsculo quarto de 4x2 m lendo, escrevendo ou me dedicando as tarefas da faculdade.

O Reviver foi também palco para boas lembranças, através da Bandida prévias de carnaval, onde se reuniam milhares de foliões de todas as partes, brinquei um dos melhores carnavais da minha vida. À noite aquilo fervia após voltar da universidade sempre dava uma passadinha por lá, para observar o movimento e notar o que se passava, via de tudo: roqueiros, punks, transgêneros tinha até gente comum. Lamento que o local não seja freqüentado por intelectuais, poetas e pensadores já que o local conspira a favor, mesmo pela

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noite pra conversas sobre cultura, economia e ciências afins. Lamento também a condição que se encontram alguns casarões muitos deles estão à beira da perda total. Não podemos deixar isso acontecer, aquilo é um dos maiores patrimônios que o Maranhão tem e que carece de políticas que implementem reformas, uso e conservação para atrairmos maiores investimentos e consequente sustentabilidade que o local precisa.

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ENCONTRO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

os dias 9 e 10 de maio de 2008, em São Luís, assisti um encontro jurídico pré-citado no título desse

texto. Um evento que veio enaltecer um pouco mais o nosso conhecimento acerca de matérias polêmicas que circundam o Direito o Processual Civil. Vários palestrantes de renome nacional deixaram suas marcas nesse valoroso acontecimento. Dentre eles, estavam presentes: Pedro Lenza, Clilton Guimarães, Misael Montenegro, Ney Bello, Bento Herculano entre outros. Foram abordados vários temas, focando uma só preocupação, a consequência da atual reforma do CPC diante da E.C. Nº45/2004, e suas contribuições e efeitos, para a consolidação e preservação da celeridade processual. Autor de vários livros jurídicos, Pedro Lenza foi categórico em afirmar que se deve ponderar o princípio da celeridade, paralela a uma razoável duração do processo, observando lógico, a sua

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qualidade e efetividade na devida prestação jurisdicional, tão resguardada por essa reforma em questão. Pedro aprofundou sua tese falando sobre o tema das súmulas, ressaltando suas espécies e contribuições no sentido de proteger a rápida solução de um conflito judicial. Numa outra conferência, ficou incumbido ao jovem advogado Misael Montenegro, se pronunciar a respeito do novo regime de execução civil à luz da recente reforma do CPC. Ele iniciou sua palestra com um tom meio áspero, afirmando, e com razão, que o CPC está desnudo, e que existe em nosso ordenamento, excesso de leis, que não contribuem em nada para uma boa prestação da ordem jurisdicional. Nessa mesma veia, afirmou também que se o Poder Judiciário fosse uma empresa, já teria tido a muito sua falência decretada. Entrado propriamente no assunto em questão, ele afirma que na jurisdição executiva, o juiz está munido de função substitutiva e que também pode, invadir o patrimônio do devedor para que este quite sua dívida. Misael concluiu dizendo, que hoje, o processo passou a ser dividido em etapas, criaram-se as fases de conhecimento, de instrução e a executiva, onde tais medidas foram cruciais para

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instalar a unicidade processual e resguardar o aceleramento da atividade

processual.

Na sequência, o Dr. Wanner Franco deu uma belíssima palestra expositiva abordando o assunto da relativização da coisa julgada, e começou tecendo seus comentários desmistificando o conceito de lide, que em seu mais comum conceito diz que lide é o interesse do autor diante de uma pretensão resistida pelo réu. Wanner discorda desse conceito, afirmando que é possível que haja um processo sem essa devida “pretensão resistida”, como p.ex. no caso de uma pessoa que contrai, sem saber, matrimônio com um traficante, para haver a separação nesse caso, não há necessidade da concordância da outra parte. Ele ressaltou também de como as crises jurídicas prejudicam o andamento do processo e de qual deve ser o verdadeiro papel do acesso à justiça, não basta somente se ter o acesso de petição, se deve ter também uma satisfação embasada numa resposta bem fundamentada a respeito do que se está litigando. Ainda nessa mesma esteira, afirma que a coisa julgada deve ser pautada na observância dos pressupostos processuais mais as condições da ação, para a preservação da

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segurança e eficácia jurídica. Ele continua ainda explicitando, sobre a colisão entre os princípios constitucionais de acesso a justiça, segurança jurídica e coisa julgada, afirmando que a solução desses três institutos se resolve com a aplicação imediata do princípio da proporcionalidade, onde se deve mitigar um princípio para beneficiar outro, de acordo com a necessidade dos fatos, aplica-se o princípio menos gravoso para

cada caso.

O Procurador Regional da República, Felipe Peixoto, trouxe uma exposição sobre o dano moral no século XXI, sua conferência foi marcada, por inúmeras ilustrações trazidas para melhor compreensão do assunto abordado. Ele iniciou sua fala citando um provérbio oriental que diz: “Só fale quando você puder melhorar o silêncio”. Mais tarde Felipe traça qual o metro, que mensura o tamanho da indenização que deve ser paga, analisando cautelosamente cada caso concreto em específico. Ele ressalta também a função dúplice do dano moral, onde se deve prezar dois aspectos, um deles é quanto a sua compensação, até que ponto aquela indenização proposta pode aliviar o dano sofrido pela vítima, já

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que “dano” tem interpretação relativa, o outro aspecto é a respeito cumprimento da indenização para se desestimular uma outra ação ofensiva por parte do lesante. O procurador explanou também, a respeito da cumulação de danos, afirmando que é possível p.ex. cumular o dano moral e estético, no caso de acidentes provocados

por motoristas imprudentes.

E por último, como não dá pra citar todas as palestras proferidas, vou me encaminhar para a retíssima final, transmitindo um pouco sobre o que disse o Juiz Federal Ney Belo, a respeito da tutela dos interesses coletivos e difusos. Ele deu início a sua ideia, ressaltando que para se chegar a uma verdadeira efetividade de um direito no seu sentido subjetivo, primeiro tem que surgir o interesse simples advindo de algum fato, onde este respaldado em uma norma, faz nascer um interesse jurídico que servirá de subsídio para aplicação do real direito pretendido. Mais tarde ele traça com exatidão, a diferença entre direito individual homogêneo, interesse e direitos individuais, interesse e direitos coletivos e difusos. Ney finaliza dizendo que direito é argumentação, é conseguir provar que algo existe, fundamentado empiricamente, se

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houver o contrário, só haverá interesse. Bom esse é um resumo das notas que tomei durante o encontro. Peço desculpas por possíveis erros principalmente no que tange a real explanação do que foi dito, o que fiz foi somente reproduzir o que vi, posso ter me equivocado em alguma de minhas interpretações. Com certeza a maior finalidade e lição que tiro desse encontro, é quanto ao infindável desafio da nossa justiça em tornar os processos mais rápidos e eficazes, afastando a insatisfação e a morosidade da prestação jurídica, que só reforçam o julgamento negativo da sociedade diante do verdadeiro papel da justiça. Acredito que estamos marchando pelo caminho certo, e que essa caminhada só termine, quando tivermos uma justiça

rápida e eficaz para todos.

São Luís do Maranhão, 20 de maio de 2008

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SEMESPAÇO*

ssavidacontemporânea,apesardasenormesdimensõesterritoriaisbrasileiras,temmedeixadoumtantoquantosuf

ocado,semespaçoatépararespirar.Nãofalo,especificamente,doespaçofísicoemsi,massimdotermoespaço,emmodogeral.Osjaponesessabembemdoqueestoufalando.Alémdassuaslimitaçõesgeográficas,elescondicionadosavidamenteaotrabalho,cadavezmaisseencontramsemespaço,digamosassim,atéparaviver.Detodomodo,nãopodemosnuncaduvidardacapacidadequeosnipônicostêmembemviver,afinaldecontas,sãoosquemaisvivemecommelhorqualidade. Sãotantasasatribuiçõescotidianasquemalconseguimospensardireito,investiremnossobemestar.Nãosobralugarparaquasemaisnada.Osistemaécruelesevacilarmoseleroubaaténossasaúde,nossafelicidade.Quemderasepudéssemosterumapoucomaisdeleparaviverdeformasatisfatória.Nãopornada,masparaobservarascoisasmaissimples,aquelasbobagensquenosfazemmaisfelizes.Nãosobratemponemparaaproveitaravida,vejamsó!Quantomaisagenteoquer,menosagenteotem.Ab

E

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uscapeloespaçoencurtaopróprioespaço.Irôniconão?Essacorreriadesenfreadaem“ganharavida”,acabanostomandoespaçoemvárioscamposdelaprópria. Noespaçofísicoéamesmacoisa.Quemnuncaficouporhorasehorasrodandopelocentroatrásdeumavagadeestacionamento.Enasruasdoscomérciosgenteindo,gentevindo,seesbarrandoedisputandoaquelapeçaderoupanapromoçãodequeimadeestoque.Ah!Quemderaaomenosterumpoucomaisdele,pormaiscurtoqueseja,umpouquinhosóparaqueeupudesessepelomenosmereorganizar.Andosemespaçofísico,paraorganizarminhasbagunçasquemecercam.Meuslivrosentulhadosverticalmenteparecemzombaremdemim,pornãopoderpegá­los,sugá­loseextraí­los.Atémeuinseparávelcomputadortãonovo,mas,jáandadesmemoriado.Amemóriarameromaestãocheias.Partedissotudoéfrutodeminhaindecisão. Dividemessedilemacomigováriosoutroscidadãos.Osrecémformadosquenãoencontramcamponomercadodetrabalhoparamostrarsuashabilidades.Osartistasnãotêmespaçonasmídiasparadivulgaremeexporemseustrabalhos.Osescritoresnãotemespaçoparalançaremseuslivros.Ocantornãotemespaçoparalançarsuascomposições.Osestudantesdeistituiçõespúblicasnãotêmespaçoparaporsuacarteiranasaladeaula.Porfim,casaseapartamentosditospopularescadavezmaispequeno

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srecebendoapertinentealcunhade“apertamentos”paracomportarfamíliasinteirasmaisosseusdramas.Essaéapobrevidadoserhuma

no,cadavezmaistudocadavezmenosele.

IlhadeSãoLuís/MA,29dedezembrode2012

*Esse texto foi ousadamente submetido à publicação numa

revista onde foi, obviamente, recusado por falta de...espaço.

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Bônus

DIVAGAÇÕES SOBRE A FELICIDADE

Jovenildes Ribeiro da Silva*

Certa vez ocorreu-me uma vontade estranha, e em parte compreensível, eu estava

muito feliz, algo bom acontecera, então, comecei a perguntar-me: o que é a felicidade?

E concluí:

A felicidade é uma força que vem de dentro

de cada um de nós. É a felicidade que nos motiva a sorrir para um estranho, mesmo sabendo que ele desaparecerá de nossas vidas em instantes, é

a felicidade que nos motiva a tratar com gentileza uma criança maltrapilha e faminta e a

considerarmos, mas uma vítima desse sistema cruel em vez de julgarmos, logo, como um pivete sem futuro, é a felicidade que nos motiva a

sermos generosos, para com pessoas pouco afortunadas, sem esperarmos sermos recompensados, por um ato de humanidade

qualquer, é a felicidade que nos motiva a ter compaixão do sofrimento da humanidade, mesmo

sabendo que não poderemos resolvê-lo, somos esperançosos e acreditamos que brevemente ele terá fim.

Pessoas infelizes são tristes e arrogantes, são carrancudas e parece-me que não sentem

prazer na vida não veem os milagres que se escancaram as suas portas. Pessoas infelizes vão perdendo a capacidade e a vontade de sorrir a

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cada empurrão que a vida lhes dá, são peritas em

se considerarem sempre vítimas e o resto do mundo, seus algozes. Pessoas infelizes brevemente olharão para trás e verão quantas

oportunidades, perderam de soltar boas gargalhadas, de coisas que deram erradas e foi melhor, do quê se tivessem dado certo.

Acredite a felicidade vai lhe fazer chorar, algumas vezes, mas não significa que você vai ser

infeliz daí em diante concordemos: é melhor chorar de felicidade do que de desespero. Na Bíblia, o livro-texto dos cristãos, encontramos a

seguinte afirmativa, de Jesus Cristo: “Felizes são os que choram porque serão consolados”. (Mateus:

5,4) E que tal o “chorar de felicidade”? E o consolo? - Mais felicidade! A felicidade é simples e natural, como o

amanhecer, nós é que gostamos de complicar as coisas, por exemplo: se eu tivesse um carro, se eu

tivesse um amor novo, se eu fosse rica, se eu tivesse saúde, eu seria feliz. Se sua felicidade depender “do ter,” você nunca será feliz! Certa

vez, em uma conferência para casais, o apresentador se dirigiu a uma das participantes e

fez a seguinte pergunta? Seu marido a faz feliz? A resposta foi: não... (O marido não sabia o que fazer, de tão envergonhado que ficara, se pôs a

lembrar da convivência, que até então tinha sido boa, sua consciência não o acusava de nada, tinha sido. Até aquele momento, um dos melhores

maridos, nunca lhe deixara faltar nada, então porque ele não a fazia feliz?). Seus pensamentos

foram interrompidos, com a continuação da resposta da esposa, ela ainda não terminara, disse ela: ele não me faz feliz, eu sou feliz! O

auditório irrompeu em aplausos e o marido ficou

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aliviado! Pois é, um carro pode bater, um amor

novo pode ficar velho, o rico pode empobrecer, o saudável pode adoecer e no final só vai restar você, feliz ou infeliz? É você quem vai escolher!

*Graduanda do 5º período do curso de Letras/UEMA.

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ARTE DA CAPA

“Mãos desenhando”

1948 litografia. 332 milímetros x 282 milímetros.

M.C. Escher*

MAURITS CORNELIS ESCHER(1898-1972)

é um dos artistas gráficos mais famosos do mundo. Sua arte é apreciada por milhões de

pessoas em todo o mundo, como pode ser visto em muitos sites na internet. Ele é mais famoso por suas chamadas construções impossíveis,

como Ascendente e Descendente, Relatividade, seus Prints de transformação, como Metamorfose

I, Metamorfose II e Metamorfose III, Céu e Água I ou Répteis. Fez também trabalhos maravilhosos, mais

realistas durante o tempo em que viveu e viajou pela Itália. Castrovalva por exemplo, onde já se pode ver o fascínio de Escher em alta e baixa,

perto e longe. A litografia Atrani, uma pequena cidade na Costa Amalfitana foi feito em 1931, mas

volta, por exemplo, em sua obra-prima Metamorfose I e II.

MC Escher, durante sua vida, fez 448

litografias, xilogravuras e gravuras em madeira e mais de 2000 desenhos e esboços. Como alguns

de seus antecessores famosos, - Michelangelo, Leonardo da Vinci, Dürer e Holbein, MC Escher era canhoto.

Além de ser um artista gráfico, MC Escher atuava em livros ilustrados, tapeçarias

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desenhadas, selos postais e murais. Ele nasceu

em Leeuwarden, na Holanda, como o quarto e mais jovem filho de um engenheiro civil. Após 5 anos, a família mudou-se para Arnhem, onde

Escher passou a maior parte de sua juventude. Depois de fracassar nos exames do ensino médio, em última análise, Escher foi matriculado na

Escola de Arquitetura e Artes Decorativas em Haarlem.

(...) Ele jogou com a arquitetura, a perspectiva e os espaços impossíveis. Sua arte continua a surpreender milhões de pessoas em

todo o mundo. Em seu trabalho, reconhecemos sua observação aguçada do mundo que nos

rodeia e as expressões de suas próprias fantasias. MC Escher mostra-nos que a realidade é maravilhosa, compreensível e fascinante.

*Fonte: http://www.mcescher.com/about/biography

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Quem é esse tal “S. Barreto”?

É nada mais nada menos que... SAULO BARRETO LIMA

FERNANDES germinado na capital Teresina, do Estado do

Piauí, no dia 17 de maio de 1983. Filho caçula, tem outros

dois irmãos (Marina e Charles) todos frutos da união dos consortes: Maria Cesarina

Barreto Lima Fernandes (Sobral/CE) e Charles Arnaud Pires Fernandes (Piripiri/PI).

Estudou o primário na escola São Francisco de

Assis e o ginásio na escola CEBRAPI. Desde 2005, encontra-se radicado na ilha de São Luís no Estado do Maranhão. Aos 16 anos passou para o

Curso Técnico de Transporte e Trânsito no antigo CEFET/PI. Bacharel em Direito - Universidade CEUMA e graduando em Ciências Sociais

(Antropologia, Sociologia e Ciência Política) - UEMA. Atua hoje, como Educador Social na

Secretaria Municipal de Educação. Barreto já colaborou com os jornais: O Estado do Maranhão, Jornal Pequeno e o extinto

A Notícia do Maranhão, além de diversos sites. Trabalhou, inicialmente como Monitor na Feira do

Livro de São Luís, chegando a ocupar a função de Logística e Coordenador na mesma. Como hobby, além da escrita e da prática desportiva de corridas

de rua, nutre desde a infância, a paixão pela Numismática. Como empreendedor literário foi um dos

vencedores do I Concurso de Resenhas do

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Sindicato dos Escritores do Distrito Federal;1º

lugar no XV Concurso Literário Internacional de Poesias, Contos e Crônicas; 2º lugar e Menção Honrosa no X Concurso Literário “Prêmio Cleber

Onias Guimarães”; 3º lugar no Concurso Literário Conto, Crônica e Poesia; 4º lugar no Concurso Literário Ebenézer; 6º lugar no XXXI Concurso

Internacional Edições AG e o 7º lugar mais Menção Honrosa no 1° Concurso Internacional de

Literatura da ALACIB. Além disso, foi convidado para participar da obra Prêmio Buriti/2010 e na obra Emoção

Repentina. Ainda em 2010, teve também duas crônicas classificadas e publicadas na Coletânea

de Poemas, Crônicas e Contos, intitulada de Eldorado. Publicado na obra comemorativa “1000 poemas para Gonçalves Dias” e também

publicado na “Coletânea Transparências”. Por fim, participou ativamente na produção da obra: “Um Varão de Plutarco: A saga de Chagas Barreto

Lima” escrito pelo Poeta do Becco, César Barreto Lima e Marcelo Barreto Alves, inclusive

colaborando com a Apresentação mais dois textos: “O dia em que Sobral parou” e “Duas vidas, uma história” – Editora Premius –

Fortaleza/CE – 2014. Ainda em 2014, publicou Artigo XVII: Um livro de quase crônicas, seu primeiro livro solo.

Ainda nesse mesmo ano, juntamente com o escritor César Barreto Lima, foi coautor da biografia O Poeta do Becco: Uma Viagem no Tempo. O Livro Artiguelhos é seu terceiro livro

publicado, também, de forma independente.

Críticas: [email protected]

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Esse projeto só foi possível porque assim desejou o Senhor Jesus.

“(...) sem mim nada podereis fazer” (João 15:5).

Obrigado Senhor! A DEUS TODA HONRA E TODA A GLÓRIA!

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