Artigo_SCHRODER, Peter. Os desafios para uma antropologia do desenvolvimento.pdf
Transcript of Artigo_SCHRODER, Peter. Os desafios para uma antropologia do desenvolvimento.pdf
-
Os desafios para uma antropologia do desenvolvimento
no cenrio atual1
Peter Schrder (UFPE, Pernambuco)
Resumo:
O tema do GT oferece uma boa oportunidade para refletir sobre a situao da
Antropologia e seus posicionamentos atuais com relao ao campo poltico denominado
'desenvolvimento'. Crticas ao conceito de desenvolvimento, a polticas desenvolvimen-
tistas e a suas nomenclaturas especficas tm certa tradio na Antropologia, mas a rea
representa apenas uma voz menor no conjunto do coro dos crticos. A situao
paradoxal e cnica: enquanto a 'indstria de desenvolvimento', geralmente tachada de
cooperao internacional, se retirou de vrios cenrios nacionais e est recuando em
diversos pases de origem, as velhas polticas desenvolvimentistas de dcadas passadas
so continuadas, como se todas as crticas articuladas at agora pudessem ser ignoradas
generosamente. E as profecias dos tericos do ps-desenvolvimento dos anos 90 reve-
laram-se como bastante incuas. A antropologia do desenvolvimento parece ter chegado
a um momento de estagnao, porque, analisando os cenrios atuais, aparentemente
tudo j foi dito e escrito com relao ao campo desenvolvimentista. Enquanto antrop-
logos continuam ser produtivos em denunciar as consequncias de polticas desenvolvi-
mentistas em nveis locais e regionais, no raramente em anlises sofisticadas, voltou a
ser questionvel em que medida suas atuaes profissionais conseguem influenciar
mudanas nos rumos e efeitos de tais polticas, em vez de apenas registr-los para as
geraes atuais e futuras. Em reviso histrica, as relaes dos antroplogos com o
campo desenvolvimentista sempre tm sido variadas (e, s vezes, ambguas). Na situa-
o atual, no entanto, oportuno se perguntar, de novo, qual o diferencial terico e
metodolgico que uma antropologia do desenvolvimento crtica pode oferecer para
contribuir a mudar cenrios que parecem ser reedies de ideologias antigas apenas
maquiadas com nomenclaturas mais novas. Ser que denncias detalhadas, enriquecidas
com novos vocabulrios crticos, so suficientes para manter viva uma antropologia do
1 Trabalho apresentado na 29 Reunio Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN, no GT 082.
-
desenvolvimento? Esta comunicao quer provocar reflexes sobre eventuais rumos de
uma antropologia do desenvolvimento.
Palavras-chave: antropologia do desenvolvimento, conceito de desenvolvimento,
crtica ao desenvolvimento.
I. Introduo
Na Antropologia atual, afirmaes categricas tornaram-se raras e costumam ser feitas
com muita cautela. Isto tambm diz respeito s relaes dos antroplogos com todo o
campo de significados relacionados com o conceito de desenvolvimento. Pelo contrrio,
as posies e ideias dos antroplogos referentes ao conceito, s polticas e aos campos
de atuao profissional relacionados com ele sempre foram heterogneas e diferencia-
das. No h um posicionamento da antropologia relativo ao universo desenvolvimentista
em suas diversas facetas.
No entanto, o conceito de desenvolvimento desempenhou funes importantes nas
trajetrias de diversas antropologias nacionais, seja como campo de atuao profissional
para provar a utilidade prtica de saberes antropolgicos, seja como alvo de crticas para
exerccios simbolicamente purgativos contra um passado de envolvimento colonialista
da prpria rea, seja como tela de projeo para subsidiar, indiretamente, o processo de
construo identitria da rea, para citar apenas trs exemplos. Como bem observou
Soraya Fleischer (2007), no processo de amadurecimento da antropologia brasileira
foram realizados diversos esforos de desnaturalizar o conceito de desenvolvimento,
enquanto ao mesmo tempo no seria possvel negar um envolvimento heterogneo em
diversas polticas e aes atreladas ao conceito, porque a histria da antropologia brasi-
leira no podia ser desvinculada de debates sobre politizao e interveno.
O objetivo deste trabalho uma avaliao crtica das relaes histricas e atuais da
antropologia com o campo poltico denominado desenvolvimento, mostrando, em
comparao internacional, a heterogeneidade das posies assumidas e delineando as
consequncias para intenes de transformar o campo por abordagens antropolgicas.
Neste trabalho, optei por colocar desenvolvimento entre aspas, porque o considero
mais do que apenas um conceito com sua histria especfica. Do ponto de vista onto-
-
lgico, defino desenvolvimento como um campo socialmente estruturado, no sentido
de Bourdieu (1985), porque engloba todo um conjunto de disposies estruturadas e
estruturantes de ideias e aes. Ao mesmo tempo, desenvolvimento tambm um
espao institucional com suas prprias linguagens e modalidades de aes polticas
engendradas. Como o campo heterogneo, com organizaes, agncias e atores dispu-
tando o que desenvolvimento e como ele pode ser alcanado, tambm pertinente
lanar mo do conceito de campo poltico, no sentido de Bailey (1970: 16):
When the same society contains two or more rival political structures, this
constitutes a political field: the criterion being the absence of an agreed set
of rules which could regulate their conflict.
Antroplogos so treinados em sua formao, pelo menos hipoteticamente, de levar em
considerao o nmero maior possvel de aspectos de algum fenmeno estudado e de
olhar para ele a partir de diversos ngulos e pontos de vista para entend-lo em sua
complexidade e integrao sistmica. A viso holstica um dos lados fortes da abor-
dagem antropolgica ao campo desenvolvimento, permitindo repito, hipoteticamente
enxergar diversas facetas, caractersticas e aspectos no percebidos por abordagens de
outras reas. Pode ser citado, por exemplo, a caracterizao das arenas de projetos
locais da cooperao tcnica internacional como campos de batalha de saberes
(battlefields of knowledge), porque se trata de encontros muitas vezes conflituosos de
diversos tipos de saberes dos vrios atores sociais envolvidos no contexto de polticas
de desenvolvimento e suas aes concretas (Long & Long 1992).
O olhar antropolgico, no entanto, no representa uma garantia contra alguns pontos
cegos em anlises crticas do campo. Nos mais de vinte e cinco anos que atuo como pes-
quisador na rea temtica da antropologia do desenvolvimento, conheci numerosos estu-
dos refinados que descrevem e analisam as mais diversas situaes locais com abor-
dagens etnogrficas e microssociolgicas, mas muitos desses trabalhos perdem agudeza
e acerto quando lanam o olhar para o nvel macro poltico ou para o funcionamento e a
lgica de atuao de organismos ou agncias de desenvolvimento.
Neste trabalho vou realizar um balano crtico das diversas relaes da antropologia
com o campo desenvolvimento. Para isso comeo com o prprio conceito de desen-
volvimento, passando pelo envolvimento da antropologia no campo para depois abordar
os principais problemas e questes que se colocam subrea denominada antropologia
do desenvolvimento na atualidade, sempre comparando os cenrios nacional e inter-
nacional. Para antroplogos, os significados mais associados a desenvolvimento
-
podem divergir de acordo com os contextos polticos e institucionais nacionais, o que
tambm influencia as opes temticas e os posicionamentos relativos ao cenrio desen-
volvimentista. Antroplogos at apresentaram propostas alternativas aos significados
convencionais de desenvolvimento ou, ao contrrio disso, tentaram desconstruir o
conceito como mero discurso de dominao.
Meus argumentos principais so:
1) Qualquer esforo desconstrutivista referente ao conceito de desenvolvimento
por parte da antropologia ter impactos apenas muito limitados se ele no incluir
aspectos polticos, econmicos e simblicos em nveis micro e macro, num di-
logo frtil com esforos paralelos em outras reas das cincias sociais (no
sentido mais amplo), porque nesse coro a antropologia representa apenas uma
das vozes.
2) Antroplogos precisam ficar conscientes de que o prprio conceito de desen-
volvimento est sujeito a transformaes e ressignificaes. Ele no um
monlito ahistrico, e isto, por sua vez, tem implicaes para o envolvimento da
antropologia com polticas de desenvolvimento, ou seja, uma histria onde a
rea tem sido mais bem sucedida do que em seus empreendimentos de crticas
radicais ao campo.
3) Na situao atual, oportuno se perguntar, outra vez, qual o diferencial terico
e metodolgico que uma antropologia do desenvolvimento pode oferecer para
contribuir a mudar cenrios que parecem ser reedies de ideologias antigas
apenas maquiadas com nomenclaturas mais novas.
II. O conceito de desenvolvimento e sua historicidade
As origens do atual conceito de desenvolvimento podem ser identificadas nos pensa-
mentos filosficos e econmicos dos sculos XVIII e XIX, em teorias evolucionistas
pr-darwinianas, mas tambm nas filosofias de evoluo social do sculo XIX (Hegel,
Marx, Spencer, etc.) e na economia clssica (Smith, Ricardo, etc.) (Larrain 1989: 1-4;
Peet & Hartwick 2009: 23-52). Na Begriffsgeschichte (histria do conceito)
impossvel desvincular desenvolvimento de conotaes como evoluo, progresso,
complexidade crescente ou avanos e melhoramentos. Desse modo, ele tambm
entrou explicitamente, com o prprio termo desenvolvimento, na histria do pensa-
-
mento antropolgico no sculo XIX, nas teorias de evoluo cultural unilinear, o que
parece ainda conseguir provocar certos incmodos entre uma parte dos antroplogos
(Ferguson 1997).
Na maior parte do sculo XX, desenvolvimento tornou-se indissocivel de outro con-
ceito desfocado e ideologicamente carregado: modernizao. E no ps-guerra, desen-
volvimento virou lema de polticas de transformao econmica e social alimentadas
tanto pelos adversrios da Guerra Fria quanto por governos no alinhados a eles.
Desenvolvimento ganhou feies especficas por meio de organismos e agncias
incumbidas de colocar em prtica, atravs de programas e projetos, os princpios nortea-
dores de polticas de desenvolvimento. Desse modo, desenvolvimento se transformou
historicamente de uma teoria explicativa num campo no sentido de Bourdieu e num
campo poltico no sentido da antropologia poltica.
Contudo, desenvolvimento, nesse sentido historicamente mais recente, j existia antes
da denominao oficial. Tanto as polticas de industrializao tardia da era Vargas
quanto a industrializao forada da Unio Sovitica sob Stalin (Kotkin 1997) podem
ser interpretadas com base no iderio desenvolvimentista das dcadas posteriores. Ainda
que Peet & Hartwick (2009: 143-196) versam sobre o socialismo histrico sob o ttulo
de teorias no convencionais, crticas ao desenvolvimento (capitalista), os regimes
comunistas do Leste europeu, por exemplo, nunca conseguiram se livrar do legado das
teorias evolucionistas do sculo XIX.
Antes de atacar e desconstruir desenvolvimento, ento, imprescindvel de se dar
conta da historicidade do conceito e das teorias vinculadas a ele. Em lngua portuguesa
no h nenhuma obra semelhante vasta bibliografia sistemtica do cientista poltico
Ulrich Menzel (1993) sobre a histria da teoria do desenvolvimento (Entwicklungs-
theorie). Em sua segunda edio ela j inclua cerca de trs mil ttulos organizados por
perodos e vertentes tericas. Para oferecer uma orientao aos usurios do livro, o autor
apresentou na introduo de 50 pginas uma interpretao para a diversidade: teorias de
desenvolvimento podem ser vistas como modificaes de quatro posies bsicas
(universalismo, nacionalismo, socialismo e racionalismo), os quais, por sua vez, podem
ser encontradas nas obras de quatro pensadores (Ricardo, List, Marx e Weber, respec-
tivamente). Sem querer entrar em detalhes, o que chama a ateno na obra que dos
mais de 2400 autores citados, apenas dois so antroplogos: Clifford Geertz e Darcy
Ribeiro. Descontando um vis hipottico, mas difcil de provar, por se tratar de um
politlogo, a abrangncia e diversidade dos textos levantados que deixa o leitor com a
-
impresso de que a antropologia teve pouco a dizer sobre o assunto em comparao com
outras reas. No caso do livro de Peet & Hartwick (2009), a impresso no muito
diferente.
O prprio campo poltico do desenvolvimento ficou caracterizado, desde meados do
sculo passado, por diversas vertentes tericas que subsidiaram as polticas implemen-
tadas. Uma coletnea interessante que sintetizou novas abordagens teoria do desenvol-
vimento foi organizada por Reinold Thiel (1999). Naquela poca, Thiel era editor-chefe
da conceituada revista E+Z (Entwicklung und Zusammenarbeit, desenvolvimento e
cooperao) e regularmente ofereceu espao para contribuies antropolgicas. Para a
coletnea, dois antroplogos, Thomas Bierschenk, da Universidade de Mainz, e Frank
Bliss, da Universidade de Hamburgo, escreveram artigos, porm uma leitura superficial
permite enxergar imediatamente que as vozes dos economistas, socilogos e cientistas
polticos so predominantes. No contexto das abordagens apresentadas, os antroplogos
chamaram a ateno, como era de esperar, para as dimenses culturais de processos
classificados como desenvolvimento. Neste sentido, segundo o editor, as abordagens
antropolgicas se encaixariam numa tradio terica iniciada por Max Weber ao estudar
a influncia de religies sobre a evoluo do capitalismo.
No jargo desenvolvimentista os princpios polticos e muitas vezes tambm as teorias
que norteiam as polticas so chamados paradigmas (por exemplo, estratgias volta-
das para necessidades bsicas ou combate pobreza). Em suas sequncias histricas
eles parecem ter um significado semelhante quele definido por Kuhn (1996) para as
cincias exatas, mas apenas primeira vista. Trata-se, na realidade, majoritariamente de
chaves e lemas proclamados depois de polticas que no alcanaram os objetivos
declarados, com base em acordos politicamente possveis (Esteva 2000).
Atualmente, como se sabe, o paradigma mais importante desenvolvimento susten-
tvel, e qualquer debate sobre desenvolvimento na atualidade quase inevitavelmente
precisa se referir ao conceito de sustentabilidade em suas diversas facetas. Poucos auto-
res conseguiram sintetizar to bem as discusses em torno de desenvolvimento susten-
tvel quanto o economista Jos Eli da Veiga (2006). O autor optou por separar desen-
volvimento de sustentabilidade e analisar os dois conceitos separadamente, mos-
trando todo o espectro de significados possveis. Com seus comentrios crticos, Veiga
demonstra as dificuldades de desvincular desenvolvimento da noo de crescimento
econmico, apesar da grande diversidade de abordagens apresentadas como pensar o
conceito.
-
Tambm nos debates sobre sustentabilidade, e no apenas desenvolvimento susten-
tvel, as vozes antropolgicas parecem ser perifricas, com poucas contribuies pon-
tuais como, por exemplo, o artigo de Ribeiro (1991) poucos anos depois do lanamento
oficial do conceito ao nvel global (para um debate mais atualizado ver Wiber & Turner
2010). Os debates so dominados por economistas, gegrafos, socilogos e cientistas
polticos. Uma consulta espontnea no portal Scielo refora a impresso.
interessante observar que na dcada de 1990 foi anunciado o fim do desenvolvi-
mento devido ao af crtico de autores ps-estruturalistas e aos fracassos concretos das
mais diversas modalidades de polticas de desenvolvimento. Gardner & Lewis (1996:1),
por exemplo, comearam seu livro com Development in ruins. Em muitos crculos
acadmicos, especialmente em departamentos de cincias sociais, foi proclamado que
estudar desenvolvimento seria alguma coisa superada do passado. Teria chegado a
poca do ps-desenvolvimento. O Dicionrio do Desenvolvimento (2000), organizado
por Wolfgang Sachs, uma obra exemplar neste sentido. No entanto, o campo se reve-
lou muito resistente aos aguados prognsticos desconstrutivistas. Graas ao casa-
mento com sustentabilidade, o conceito de desenvolvimento continua revigorado, e
at grandes esquemas desenvolvimentistas, como a hidreltrica de Belo Monte ou as
obras de transposio do So Francisco, ganharam amplo apoio poltico apesar das mais
diversas crticas articuladas no mbito da sociedade civil, como se todas as crticas aos
mega projetos das dcadas de 1970 e 1980 fossem apenas algum assunto do passado.
Ou seja, desenvolvimento no morreu, mas apenas trocou seus adereos e se adaptou a
novos cenrios nacionais e internacionais.
III. O envolvimento da antropologia com o desenvolvimento
O envolvimento de antroplogos com o campo desenvolvimento comeou na poca do
ps-guerra, embora suas origens, como no caso do prprio conceito de desenvolvi-
mento possam ser identificadas em perodos anteriores. No caso dos antroplogos ame-
ricanos e britnicos, por exemplo, elas so vistas na Antropologia Aplicada antes e
durante a Segunda Guerra Mundial e no contexto colonial (Hoben 1982), embora hoje
em dia todos os antroplogos envolvidos de alguma forma em atividades e polticas
vinculadas a agncias de desenvolvimento faam questo de se distanciar categorica-
mente de tal passado da rea. Na Amrica Latina, por sua vez, tais origens podem ser
-
identificadas com facilidade na participao de antroplogos nas polticas indigenistas
em diversos contextos nacionais e em experincias em projetos de desenvolvimento
comunitrio (Favre 1998: 98-125). No Brasil, como mostram Ribeiro (2004) e Souza
Lima (2004), as formas de praticar uma antropologia comprometida foram acompa-
nhadas por debates sobre aspectos ticos de intervenes em favor de povos indgenas e
outras vtimas de polticas desenvolvimentistas, em particular a partir da dcada de
1970.
Segundo Seithel (2000), em sua histria detalhada das mais diversas formas de
engajamento antropolgico junto aos povos indgenas, o surgimento e a consolidao da
antropologia do desenvolvimento no podem ser analisados desvinculados de experin-
cias no mbito da action anthropology (Schlesier 1980), dos projetos de community
development (Fals Borda 1985) gerenciados por antroplogos (Doughty 1987), de con-
ceitos como antropologia comprometida e de toda a histria da advocacy anthropology
(Seithel 2004).
No faz sentido tentar recapitular aqui toda a trajetria do envolvimento de antrop-
logos com o campo de desenvolvimento, o que feito, por exemplo, nas obras de
Gardner & Lewis (1996), Kievelitz (1988), Nolan (2001) ou Olivier du Sardan (1995).
No Brasil, ainda est faltando um trabalho de envergadura temtica parecida. Mais
importante me parece destacar que o nmero de antroplogos que atuaram no campo
desenvolvimento inicialmente, nas dcadas de 1950 a 1970, era muito pequeno, e suas
atividades geralmente estavam circunscritos a projetos locais onde eles atuaram como
especialistas para problemas culturais (no jargo desenvolvimentista da poca). Uma
mudana nas orientaes profissionais foi observada, nos Estados Unidos, nas dcadas
de 1970 e 1980 e, em alguns contextos nacionais europeus, nos anos 80 e 90 do sculo
passado, com um nmero significativamente maior de antroplogos optando pela
cooperao internacional para o desenvolvimento como mercado profissional. Hoben
(1982) e Gardner & Lewis (1996) explicaram essa mudana com motivos bastante
pragmticos devido diminuio de vagas nos ambientes acadmicos convencionais.
No Brasil, por sua vez, um envolvimento mais abrangente de antroplogos em ativi-
dades relacionadas com o campo desenvolvimento, em particular com projetos e pro-
gramas de cooperao internacional, pode ser constatada, sobretudo, a partir da dcada
de 1990, embora existissem experincias anteriores (por exemplo, no contexto do Pro-
grama Grande Carajs). Diversas experincias antropolgicas com conceituaes alter-
nativas de desenvolvimento, no entanto, j tm sido feitas desde a dcada de 1970,
-
principalmente no cenrio expansivo de organizaes no governamentais, indigenistas,
ambientalistas e de direitos humanos em geral. A maioria dos envolvimentos de antro-
plogos brasileiros com a cooperao internacional pontual e de curta durao, geral-
mente com base em contratos de consultoria. Um trabalho que problematiza bem o
contraste entre as contrataes para consultorias e os cronogramas bastante delimita-
dos para o trabalho antropolgico e a pesquisa de campo convencional o artigo de
Wilson (1998).
Ainda no existe nenhuma avaliao geral dessas atuaes de antroplogos brasileiros
no campo desenvolvimento, e para uma parte das experincias talvez seja precipitado
produzir declaraes generalizantes, mas um incio foi feito com as coletneas de Leite
(2005: 157-212) e Arajo & Verdum (2010) para alguns setores de atuao.
importante frisar que a maioria das atuaes antropolgicas no campo desenvolvi-
mento convencional, financiado por governos nacionais ou organismos internacionais
(como o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento/ PNUD ou o Banco
Mundial), est inserida em modalidades de cooperao internacional ou aquilo que
antigamente era chamado ajuda ao desenvolvimento (development aid), ento em
cenrios institucionais bastante consolidados, porm em transformao constante.
IV. Contribuies antropolgicas aos estudos sobre desenvolvimento
Para elaborar uma pequena lista de temas ligados rea de pesquisa antropologia e
desenvolvimento, a qual tambm inclui a antropologia do desenvolvimento propria-
mente dita, lancei mo de um levantamento bibliogrfico sobre a rea, iniciado em 1992
e atualizado anualmente, sobre toda a produo cientfica sobre antropologia e desen-
volvimento em cinco lnguas (ingls, francs, espanhol, portugus e alemo). As pri-
meiras entradas comeam com ttulos da dcada de 1950. Embora a bibliografia certa-
mente no seja completa, ela j abrange mais de 1.700 ttulos em cerca de 150 pginas.
Entre os temas podem ser citados principalmente:
Discusses sobre o prprio conceito de desenvolvimento em suas diversas face-
tas, incluindo conceitos alternativos;
Os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel do ponto de
vista das cincias humanas;
Teoria e prtica da antropologia do desenvolvimento;
-
Antropologia do desenvolvimento no contexto das antropologias prticas/ apli-
cadas;
O conceito de cultura no contexto de polticas de desenvolvimento;
Atuao de antroplogos no contexto da ajuda humanitria e da ajuda contra
catstrofes (Katastrophenhilfe);
Gnero e desenvolvimento;
Desenvolvimento em reas rurais/ agrodesenvolvimento;
Sade;
Turismo e polticas de fomento ao turismo;
Inovao tecnolgica, tecnologias cultural e socialmente adaptadas;
Microempreendedorismo;
Saberes locais (local knowledge) em suas diversas manifestaes para os mais
variados domnios da vida;
Estudos antropolgicos de agncias e organismos de desenvolvimento;
Participao em seus diversos significados, facetas e prticas;
Grandes projetos e seus impactos sobre a populao local;
Indgenas no contexto de polticas de desenvolvimento;
Mtodos e tcnicas da antropologia no contexto da cooperao internacional;
Microcrdito e saberes da antropologia econmica;
Relatos de experincias antropolgicas em agncias, organismos e projetos de
desenvolvimento.
Esta lista no exaustiva e nem implica numa hierarquizao temtica, porque ainda
no realizei uma avaliao quantitativa dos ttulos levantados. No entanto, possvel
afirmar que h certos temas do campo desenvolvimento sobre os quais h mais
conhecimentos antropolgicos acumulados do que sobre outros, a saber: gnero; sade;
temas rurais (agricultura e pastoralismo); saberes locais; conceitos e tcnicas de partici-
pao; e a problematizao do conceito de cultura com relao ao mbito desenvolvi-
mentista. Trata-se de temas sobre os quais a antropologia atualmente possui mais conhe-
cimentos consolidados do que, por exemplo, uma subrea que j produziu, tanto no
contexto nacional quanto internacional, um corpus bibliogrfico maior: a sociologia do
desenvolvimento.
-
Desse modo, podemos constatar que a antropologia tem muito a dizer sobre desenvol-
vimento e, tambm, muito a contribuir devido s experincias acumuladas.
V. As crticas radicais
O questionamento do prprio conceito de desenvolvimento por antroplogos no
representa nenhum fenmeno recente. Ele j pode ser identificado nos textos dos
primeiros antroplogos ativamente envolvidos em polticas e projetos do campo desen-
volvimentista na dcada de 1960 e depois nas crticas dos neomarxistas nos anos 70. Os
pontos centrais dessas crticas tm sido, at hoje, que polticas de desenvolvimento
muitas vezes representam um projeto neocolonial de expanso capitalista global para
reproduzir estruturas de desigualdade criadas no passado.
Na antropologia acadmica dos meios universitrios apareceu um novo tipo de crticas
nas dcadas de 1980 e 1990, embasadas apenas em parte no pensamento marxista, mas
principalmente na virada ps-moderna na rea e em leituras de Foucault. Com seu enfo-
que em discursos e nas relaes entre saberes e poder, esse conjunto de crticas s
vezes chamado crtica ps-moderna ao desenvolvimento ou ps-desenvolvimento.
A anlise de desenvolvimento como discurso e de seu papel na formao daquilo
que definido como realidade em polticas de desenvolvimento levou chamada para
desconstruir todo o campo epistemolgico em torno do conceito e das polticas pautadas
nele.
Algumas das obras mais citadas no contexto das crticas ps-desenvolvimento so
Rahmena & Bawtree (1997), Sachs (2000) e, na antropologia, Escobar (1995) e
Ferguson (1994). Segundo estes autores, discursos de desenvolvimento funcionam
como representaes de cosmovises hegemnicas que bloqueiam, para as pessoas
vtimas de tais polticas, os caminhos para pensar em alternativas para alcanar o bem-
estar.
No entanto, as abordagens ps-modernas tambm receberam crticas por outros autores
crticos do campo desenvolvimento. Fora as crticas do campo marxista mais tradicio-
nal, que reafirmaram o olhar para as bases materiais da expanso capitalista (por exem-
plo, Kiely 1999), tambm surgiram questionamentos contundentes por parte de antrop-
logos: os autores do ps-desenvolvimento representariam o campo de forma equivo-
cada como bastante homogneo, esquecendo as divergncias internas do campo poltico,
-
e teriam prestado pouca ateno a abordagens baseadas em agncia, os quais revelariam
uma enorme heterogeneidade de reaes ao desenvolvimento e reinterpretaes de
modernizao por parte das pessoas nas mais diversas partes do mundo (Arce & Long
2000, Everett 1997).
Apesar das contribuies importantes da vertente ps-moderna para o entendimento do
campo desenvolvimento, por chamar a ateno para sua dimenso discursiva, seus im-
pactos ficaram bastante limitados aos crculos internos dos meios acadmicos. Trata-se
de debates acadmicos bastante incuos que no atingiram um pblico mais amplo e,
ainda menos, os profissionais no formados em antropologia que atuam no campo des-
envolvimento. Como constatou o antroplogo Christoph Antweiler num livro recente:
A realidade social do mundo atual est pouco preocupada com as dvidas e escrpulos
dos cientistas sociais e culturais (2011: 51). E o mesmo autor afirma (2005: 32-33): os
debates sobre representao na antropologia tm um pblico bastante reduzido.
Como um exemplo contrrio, de um livro de impacto profundo no campo desen-
volvimentista, pode ser citado o relato de Brigitte Erler (2003). A ex-consultora da
antiga agncia alem de cooperao tcnica GTZ (atualmente GIZ) narra como projetos
voltados para a reduo de pobreza no s no alcanaram seus objetivos, mas produ-
ziram o contrrio, ou seja, mais pobreza. Por isso, tal ajuda seria mortal (tdliche
Hilfe). At agora, nenhum texto antropolgico crtico a polticas de desenvolvimento
atingiu um pblico to amplo. A vantagem de Erler era ter conhecido os mecanismos
internos de funcionamentos de uma agncia de cooperao internacional.
VI. O que os antroplogos precisam fazer
Chegou o momento de se perguntar, parafraseando Lnin, o que fazer?.
A trajetria do tema antropologia e desenvolvimento mostra que antroplogos tm
relaes heterogneas e ambguas com o campo desenvolvimento. Estas podem ser
descritas em termos de aproximaes, envolvimentos, distanciamentos crticos e rejei-
es categricas, porm o denominador comum de todas um posicionamento crtico
relativo ao prprio conceito de desenvolvimento, embora haja gradaes considerveis
entre as posies. Desenvolvimento est entrelaado com a histria da antropologia,
de modo que Ferguson (1997) o tacha de evil twin, cuja existncia ela preferia negar,
se fosse possvel. Como vimos, negar o envolvimento da antropologia com o campo
-
desenvolvimento no passaria de wishful thinking. Ou seja, os antroplogos precisam
enfrentar uma discusso sistemtica, e no apenas moralizante, sobre questes ticas
relacionadas com aproximaes ao e afastamentos profissionais do campo desenvolvi-
mento, o que implica num confronto com aquilo que Roberto Cardoso de Oliveira
(2000: 170) chamou o fantasma do relativismo.
Qualquer convocatria de antroplogos para desconstruir o conceito de desenvolvi-
mento provoca, ao mesmo tempo, questes sobre o peso da antropologia no conjunto
das reas que estudam desenvolvimento, os possveis impactos de sua voz e at o
que primeira vista pode estranhar conhecimentos concretos e consolidados de repre-
sentantes da rea sobre o campo poltico, de maneira que as crticas s vezes acabam
sendo denunciadas como amadorismo ou, pior, diletantismo.
A antropologia goza de uma posio privilegiada para criticar o campo desenvolvi-
mento apenas por causa de suas abordagens especficas e seus conhecimentos acumu-
lados sobre cultura no singular e no plural, mas no por eventuais experincias mais
abrangentes com o campo do que outras cincias. Desse modo, um posicionamento
ingnuo que muitas vezes pode ser lido em trabalhos de antroplogos brasileiros a
ideia de que a inveno da roda das crticas ao desenvolvimento (como conceito e
campo poltico) pode ser credenciada quase exclusivamente s cincias sociais latino-
americanas, como se tais crticas tampouco tivessem surgido nas sociedades dos pases
industrializados antigos e como se no existissem amplos debates de grande divulgao
sobre os rumos de polticas de desenvolvimento nas mesmas sociedades, no raramente
muito acirrados. Nas bibliotecas dos institutos de pesquisa de desenvolvimento (deve-
lopment research Entwicklungsforschung) fcil encontrar nas estantes sees intitu-
ladas crtica ao desenvolvimento (Entwicklungshilfekritik). Livrar-se de alguns pressu-
postos ingnuos um passo fundamental para a antropologia.
H mais de vinte anos, David Gow (1988: 13) comentou com ironia que
[...] development anthropologists studiously avoid defining what they
believe the principal objectives of development or their particular approach
to development to be, unless expressed in general terms that no one can
really take issue with, [...].
O que confirma apenas as observaes da parte anterior deste trabalho. Ou seja, antro-
plogos precisam definir claramente sua posio no grande concerto das vozes sobre
desenvolvimento. Uma retirada para um posicionamento ultra relativista deixa crticas
antropolgicas incuas e, por sua vez, vulnerveis a outras crticas. Se para antro-
-
plogos desenvolvimento no passa de uma ideologia etnocntrica, eles tambm preci-
sam esclarecer suas posies sobre transformaes sociais e culturais e como se relacio-
nar com o desafio que pessoas podem ter vises de um futuro melhor que muitas vezes
entram em choque com os valores dos prprios antroplogos. Um desafio deste tipo foi
analisado por Arce & Long (2000) com relao a uma regio na Bolvia.
Cinco anos depois, Gow (1993) descreveu a posio de antroplogos que estudam
desenvolvimento como estando sob fogo cruzado tanto de outros cientistas quanto de
especialistas que atuam nas agncias de desenvolvimento. Antroplogos teriam srios
receios de debater teorias de desenvolvimento e tambm grandes dificuldades de aban-
donar perspectivas micro e tratar de questes de poder poltico e econmico em am-
bientes macro. Isto permite tirar pelo menos duas concluses: (a) os antroplogos
podem continuar a estudar e criticar desenvolvimento como at agora fizeram majori-
tariamente, expondo se ao risco de serem considerados parceiros menores nos debates,
ou (b) eles optam por esforos interdisciplinares de combinar, como programa bsico,
etnografia, antropologia poltica e politologia para entender polticas, organismos e
agncias de desenvolvimento e suas culturas institucionais, seguindo as sugestes de
Hsken (2006), Lewis et al. (2002) e Wentzel (2004).
Como dois trabalhos que ilustram o caminho da segunda opo podem ser citadas as
teses de doutorado de Maria Barroso Hoffmann (2008) e Renata Curcio Valente (2009,
publicada em 2010) sobre a cooperao internacional norueguesa e alem, respectiva-
mente. Sem querer entrar em detalhes destes trabalhos, nota-se a importncia, como na
prtica etnogrfica, de aprender falar a lngua dos nativos em dois sentidos: a lngua-
gem institucional caracterstica, que s vezes funciona como um cdigo restrito (no
sentido da sociolingustica de Bernstein 1964, 1966), e a lngua do pas de origem da
agncia, porque muitas informaes sobre ela no circulam em documentos traduzidos,
alm do fato de que os funcionrios e cooperantes estrangeiros das agncias de coope-
rao internacional muitas vezes se comunicam entre eles em seus idiomas maternos.
Dois estudos de contedo e envergadura singulares tambm merecem ser citados, por-
que indicam a utilidade da segunda opo. O livro de Robertson (1984) continua ser
uma das melhores introdues antropolgicas ao funcionamento de polticas de desen-
volvimento. Em vez de destacar a diversidade de tais polticas, o autor chama a ateno
para a unicidade do planejamento desenvolvimentista em escala macro. Um dos clous
da obra: uma instruo para criar 38.000 programas de desenvolvimento por combinar
diversos paradigmas, e isto em apenas uma nica pgina (!), por saber usar as palavras
-
certas dos cdigos estabelecidos. Certamente no ser fcil encontrar uma crtica mais
contundente ao universo desenvolvimentista.
O segundo estudo, de Rottenburg (2009), denominado pelo autor uma parbola da
ajuda ao desenvolvimento, uma narrativa ficcional, ou melhor, semi-ficcional, porque
ela possui embasamentos empricos bastante concretos. A histria de um projeto imagi-
nrio elaborado para melhorar o fornecimento de gua numa regio rural da frica
Subsaariana ilustra como funcionam polticas de desenvolvimento, interagem os atores
envolvidos e como problemas, em todos os sentidos, so criados. o que pode ser
chamado um insider story escrito com fundamentos antropolgico.
Um dos lados mais fortes do pensamento antropolgico sempre tem sido a problema-
tizao do conceito de cultura. Graas ao conjunto de crticas antropolgicas, as dimen-
ses culturais de todo o campo desenvolvimento hoje em dia quase no so mais nega-
das categoricamente, como muitas vezes aconteceu no passado, embora em uma srie de
organismos e agncias cultura ainda goze de um status perifrico, como se fosse algum
fator complementar a ser levado em considerao tambm. A transformao do campo
desenvolvimentista no ser alcanada por se encapsular (ou praticar cocooning) em
retricas ps-estruturalistas.
Bibliografia
ANTWEILER, Christoph. 2005. Ethnologie: Ein Fhrer zu populren Medien. Berlin:
Dietrich Reimer.
__________. 2011. Mensch und Weltkultur: Fr einen realistischen Kosmopolitismus
im Zeitalter der Globalisierung. (Der Mensch im Netz der Kulturen / Humanis-
mus in der Epoche der Globalisierung, 10) Bielefeld: Transcript.
ARAJO, Andr Luis de O. & VERDUM, Ricardo (org.). 2010. Experincias de assis-
tncia tcnica e extenso rural junto aos povos indgenas: o desafio da intercultu-
ralidade. Braslia: Ministrio do Desenvolvimento Agrrio.
ARCE, Alberto & LONG, Norman. 2000. Consuming Modernity: Mutational Processes
of Change. In __________ & __________ (eds.): Anthropology, Development and
-
Modernities: Exploring Discourses, Counter-Tendencies and Violence, pp. 159-
183. London, New York: Routledge.
__________ & __________ (ed.). 2000. Anthropology, Development and Modernities:
Exploring Discourses, Counter-Tendencies and Violence. London, New York:
Routledge.
BAILEY, F.G. 1970. Stratagems and Spoils: A Social Anthropology of Politics. Oxford:
Basil Blackwell.
BARROSO HOFFMANN, Maria. 2008. Fronteiras tnicas, fronteiras de Estado e ima-
ginao da nao: um estudo sobre a cooperao internacional norueguesa junto
aos povos indgenas. Tese de doutorado. PPGAS/ Museu Nacional/ UFRJ.
BERNSTEIN, Basil. 1964. Elaborated and Restricted Codes: Their Social Origins and
Some Consequences. American Anthropologist, 66: 55-69.
__________. 1966. Elaborated and Restricted Codes: An Outline. Sociological Inquiry,
36: 254-261.
BOURDIEU, Pierre. 1985. Sozialer Raum und Klassen. Leon sur la leon. Zwei
Vorlesungen. Frankfurt am Main: Suhrkamp.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. 2000 [1998]. Etnicidade, eticidade e globaliza-
o. In O trabalho do antroplogo, pp. 169-188. 2 edio. Braslia: Paralelo 15;
So Paulo: Editora UNESP.
DOUGHTY, Paul L. 1987. Vicos: Success, Rejection and Rediscovery of a Classic
Program. In EDDY, Elizabeth M. & PARTRIDGE, William L. (eds.): Applied
Anthropology in America, pp. 433-459. Second edition. New York: Columbia
University Press.
ERLER, Brigitte. 2003 [1985]. Tdliche Hilfe: Bericht von meiner letzten Dienstreise in
Sachen Entwicklungshilfe. 14. Auflage. (Hayit Diskurs, 14) Kln: Hayit Medien.
ESCOBAR, Arturo. 1995. Encountering Development: The Making and Unmaking of
the Third World. Princeton: Princeton University Press.
ESTEVA, Gustavo. 2000. Desenvolvimento. In SACHS, Wolfgang (ed.): Dicionrio do
desenvolvimento: guia para o conhecimento como poder, pp. 59-83. Petrpolis:
Vozes.
-
EVERETT, Margaret. 1997. The Ghost in the Machine: Agency in Poststructural
Critiques of Development. Anthropological Quarterly, 70: 137-151.
FALS BORDA, Orlando. 1985. Conocimiento popular: Lecciones con campesinos de
Nicaragua, Mxico, Colombia. Bogot: Punta de Lanza.
FAVRE, Henri. 1998. El indigenismo. Mxico: Fondo de Cultura Econmica.
FERGUSON, James. 1994. The Anti-Politics Machine: Development, depolitici-
zation, and bureaucratic power in Lesotho. Minneapolis: University of Minnesota
Press.
__________. 1997. Anthropology and Its Evil Twin: Development in the Constitution
of a Discipline. In COOPER, Frederick & PACKARD, Randall (eds.): Inter-
national Development and the Social Sciences: Essays on the History and Politics
of Knowledge, pp. 150-175. Berkeley, Los Angeles, London: University of
California Press.
FLEISCHER, Soraya. 2007. Antroplogos anfbios? Alguns comentrios sobre a rela-
o entre antropologia e interveno no Brasil. Revista ANTHROPOLGICAS,
18(1): 37-70. (www.ufpe.br/revistaanthropologicas/internas/volume18-
1/Artigo_2_(Soraya_Fleischer).pdf; acesso em 05/09/2011)
GARDNER, Katy & LEWIS, David. 1996. Anthropology, Development and the Post-
Modern Challenge. (Anthropology, Culture & Society) London, Chicago: Pluto
Press.
GOW, David D. 1988. Development Anthropology: The Quest of a Practical Vision.
IDA Development Anthropology Network (Bulletin of the Institute for Develop-
ment Anthropology), 6(2): 13-17.
__________. 1993. Doubly Damned: Dealing with Power and Praxis in Development
Anthropology. Human Organization, 52(4): 380-397.
HOBEN, Allan. 1982. Anthropologists and Development. Annual Review of Anthropo-
logy, 11: 349-375.
HSKEN, Thomas. 2006. Der Stamm der Experten: Rhetorik und Praxis des Inter-
kulturellen Managements in der deutschen staatlichen Entwicklungszusammen-
arbeit. Bielefeld: Transcript.
-
KIELY, Ray. 1999. The Last Refuge of the Noble Savage? A Critical Assessment of
Postdevelopment Theory. The European Journal of Development Research, 11(1):
30-55.
KIEVELITZ, Uwe. 1988. Kultur, Entwicklung und die Rolle der Ethnologie. (Beitrge
zur Kulturkunde, 11) Bonn: Politischer Arbeitskreis Schulen (PAS).
KOTKIN, Stephen. 1997. Magnetic Mountain: Stalinism as a Civilization. Berkeley,
Los Angeles: University of California Press.
KUHN, Thomas. 1996. The Structure of Scientific Revolutions. Third edition. Chicago:
The University of Chicago Press.
LARRAIN, Jorge. 1989. Theories of Development: Capitalism, Colonialism and
Dependency. Cambridge: Polity Press.
LEITE, Ilka Boaventura (org.).2005. Laudos periciais antropolgicos em debate.
Florianpolis: NUER/ABA.
LEWIS, David et al. 2002. Practice, Power and Meaning: Framework for Studying
Organizational Culture in Multi-Agency Rural Development Projects. (Internatio-
nal Working Paper, 12) London: Center for Civil Society (CCS).
LONG, Norman e Anne LONG (eds.). 1992. Battlefields of Knowledge: The Inter-
locking of Theory and Practice in Social Research and Development. London,
New York: Routledge.
MENZEL, Ulrich. 1993. Geschichte der Entwicklungstheorie: Einfhrung und systema-
tische Bibliographie. 2. berarbeitete, erweiterte und aktualisierte Auflage.
(Schriften des Deutschen bersee-Instituts Hamburg, 18) Hamburg: Deutsches
bersee-Institut.
NOLAN, Riall W. 2001. Development Anthropology: Encounters in the Real World.
Boulder, CO: Westview Press.
OLIVIER DE SARDAN, Jean-Pierre. 1995. Anthropologie et dveloppement: essai en
socio-anthropologie du changement social. (Collection Hommes et Socits)
Marseille: APAD; Paris: Karthala.
PEET, Richard & HARTWICK, Elaine. 2009. Theories of Development: Contentions,
Arguments, Alternatives. Second edition. New York, London: Guilford Press.
-
RAHMENA, Majid & BAWTREE, Victoria (eds.). 1996. The Post Development
Reader. London: Zed Books.
RIBEIRO, Gustavo Lins. 1991. Ambientalismo e desenvolvimento sustentado: nova
ideologia/utopia do desenvolvimento. Revista de Antropologia, 34: 59-101.
__________. 2004. Practicing Anthropology in Brazil: A Retrospective Look at Two
Time Periods. Practicing Anthropology, 26(3): 6-10.
ROBERTSON, Alexander Foster. 1984. People and the State: An Anthropology of
Planned Development. (Cambridge Studies in Social Anthropology, 52) Cam-
bridge: Cambridge University Press.
ROTTENBURG, Richard. 2009. Far-Fetched Facts: A Parable of Development Aid.
Cambridge, MA: The MIT Press.
SACHS, Wolfgang (ed.). 2000 [1992]. Dicionrio do desenvolvimento: guia para o
conhecimento como poder. Petrpolis: Vozes.
SCHLESIER, Karl H. 1980. Zum Weltbild einer neuen Kulturanthropologie. Erkenntnis
und Praxis: Die Rolle der Action Anthropology. Vier Beispiele. Zeitschrift fr
Ethnologie, 105(1): 32-66.
SEITHEL, Friderike. 2000. Von der Kolonialethnologie zur Advocacy Anthropology:
Zur Entwicklung einer kooperativen Forschung und Praxis von EthnologInnen
und indigenen Vlkern. (Interethnische Beziehungen und Kulturwandel, 34)
Hamburg: Lit.
__________. 2004. Advocacy Anthropology: History and Concepts. Revista ANTHRO-
POLGICAS, 15(1): 5-48.
(www.ufpe.br/revistaanthropologicas/internas/volume15(1)/Artigo%201.pdf;
acesso em 05/09/2011)
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. 2004. Anthropology and Indigenous People in
Brazil: Ethical Engagement and Social Intervention. Practicing Anthropology,
26(3): 11-15.
THIEL, Reinold E. (Hg.). 1999. Neue Anstze zur Entwicklungstheorie. (Themendienst
der Zentralen Dokumentation, 10) Bonn: Deutsche Stiftung fr internationale
Entwicklung (DSE).
-
VALENTE, Renata Curcio. 2010. A GTZ no Brasil: uma etnografia da cooperao
alem para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: LACED/ e-papers.
VEIGA, Jos Eli da. 2006. Desenvolvimento sustentvel: o desafio do sculo XXI. 2
edio. Rio de Janeiro: Garamond.
WENTZEL, Sondra. 2004. Complementando perspectivas de for a e de dentro:
observaes antropolgicas sobre os projetos voltados para povos indgenas do
Programa Piloto (PPG7). Revista ANTHROPOLGICAS, 15(2): 47-84.
WIBER, Melanie & TURNER, Bertram. 2010. Moral Talk: The Ontological Politics of
Sustainable Development. (Working Paper, 123) Halle (Saale): Max Planck
Institute for Social Anthropology.
(www.eth.mpg.de/cms/en/publications/working_papers/pdf/mpi-eth-working-
paper-0123.pdf)
WILSON, Ruth P. 1998. The Role of Anthropologists as Short-Term Consultants.
Human Organization, 57(2): 245-252.