Artigo tratamento
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ESTUDO DO TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS
PROVENIENTES DO CURTUME COMING
Adrielle Pereira Lourenço, Noemi Hernándezde Melo, Railane Castro Pinto, Rowander Alexandre Moura,
Verônica Vale Carvalho
Tratamento de Resíduos Industriais, Professora PhD. Núbia Natália de Brito
Resumo
O resíduo gerado em indústrias de produção de couro é um dos mais tóxicos
conhecidos e de difícil tratamento, sendo a utilização de cromo como conservante das peles e
a alta carga de matéria orgânica os principais problemas desse tipo de resíduos. O tratamento
é feito por uma sequência de processos, sendo eles físicos, químicos e biológicos, todos com o
objetivo de reduzir a toxicidade do efluente gerado na produção do couro. Este trabalho
aborda o funcionamento da ETE do curtume COMING, localizado em Trindade, Goiás. O
tratamento feito por esta empresa é adequado para os tipos de resíduos ali gerados, contando
com reciclo de reagentes, além de contar com uma disposição final apropriada, não
apresentando danos para o meio ambiente, estando tais aspectos comprovados por
monitoramentos feitos periodicamente.
Palavras-chave: Curtume, Tratamento de Resíduos, ETE.
Introdução
Curtume é o nome dado ao local onde se processa o couro cru e tem por finalidade
deixá-lo utilizável para a indústria e o atacado. Os curtimentos mais comumente utilizados são
o vegetal e o mineral, sendo este último o mais utilizado. Atualmente a substância mais
utilizada pelos curtumes, é o cromo III. Esta escolha se dá pela maior agilidade no processo
de curtimento, barateando os custos, e tornando-o comercial.
O efluente gerado na insdutria de curtimento é muito poluente e tóxico. Dentre os
principais poluentes presentes nos despejos destacam-se a DBO, DQO, sólidos em suspensão,
amônia, sulfetos e cromo, todos estes presentes em elevadas concentrações. Os curtumes
sempre foram muito mal vistos e cobrados ambientalmente, devido a essa alta carga poluidora
e odores desagradaveis. Contudo, há uma grande resistencia na instalação de curtumes nas
cidades, forçando assim uma melhoria no processo que minimize os impactos ambientais.
Estas melhorias vêm sendo observadas nos investimentos e aperfeiçoamentos para a estação
de tratamento dos efluentes.
A ETE do curtume COMING, localizado em Trindade, possui tratamento primário e
secundário. O tratamento primário é constituído por gradeamento, remoção de gorduras,
reciclo do caleiro, tanque equalizador, coagulação/floculação e decantador. O tratamento
secundário é constituido por lagoa biologica com aeração e decantadores secundários e
terceários. Há também o reciclo do crômio, formando lodos prensados para reuso em outras
áreas.
Além da produção do couro, a Coming possui uma graxaria que produz sebo e farinha
de carne e ossos, utilizando como matéria prima todos os resíduos gerados na produção do
couro, tais como ossos, gorduras e carnes que são retirados do couro antes do seu processo de
tratamento químico, sendo que os efluentes gerados desta graxaria também são tratados na
ETE.
Dentre o visado no presente trabalhado, destaca-se a apresentação das etapas
detalhadas do tratamento do efluente gerado no curtume COMING
1. Revisão Bibliográfica
A indústria de curtimento de peles é uma das mais importantes ramificações das
agroindústrias, uma vez que agrega grande às peles, um dos subprodutos originados em
frigoríficos e matadouros que, possivelmente, possui nobre destinação no mercado.
Os técnicos e profissionais que atuam nas estações de tratamento, independente da
atividade industrial, têm que ter ao menos um conhecimento básico do processo produtivo
gerador de algum tipo de resíduo.
O tratamento físico-químico de efluentes de diferentes atividades industriais consiste
basicamente nos mesmo procedimentos, que consiste no ajuste de pH do efluente, na adição
de um coagulante e base de alumínio, ferro ou ainda um coagulante orgânico, e de um auxiliar
de floculação, polímero aniônico ou catiônico, que são determinados de acordo com as
mesmas características do efluente.
1.1. O Processamento do couro
O couro constitui a pele do animal livre da ação de microrganismos, ou seja,
preservada da putrefação por processos químicos denominados de curtimento, tornado-a
macia e flexível, podendo ser utilizada para fabricação de diversos artigos.
A indústria que mais utiliza produtos químicos em suas etapas é a indústria do couro –
transformação de peles em couro. Com isso, contribuem com uma carga muito grande para
seus efluentes, sendo motivo de preocupação de todos os setores envolvidos.
O processamento de curtimento de peles bovinas envolve várias etapas físicas,
químicas e mecânicas. Dentre todas essas etapas encontram-se a salga, o remolho, o
desengraxe, a depilação ou calagem, a desencalagem, a purga e o curtimento.
1.2. Características do efluente bruto
O processo de curtimento de peles bovinas gera resíduos líquidos em elevadas
quantidades, e de composição extremamente complexa que dificulta seu tratamento.
Uma larga variedade de constituintes pode ser encontrada no efluente bruto de um
curtume: sais, bases e ácidos orgânicos, tensoativos, aminas, proteínas, aminoácidos, álcoois,
ácidos carboxílicos, ácidos graxos, lipídios, enzimas, polímeros, solventes orgânicos,
compostos aromáticos, metais (Cr+3
, Mn+2
, Fe+2
, Fe+3
, e Al+3
e outros), e características físico-
químicas de grande diversidade, como pH, potencial de oxi-redução, teor de sólidos, turbidez,
alcalinidade, acidez, condutividade, cor, dureza, DQO e DBO, entre outras.
A caracterização das linhas geradoras de efluentes visa possibilitar o estudo da
reutilização dos banhos no processo produtivo. A outra possibilidade é que se pode
estabelecer condições de tratamento, em separado, para cada banho residual ou grupos de
banhos residuais.
1.3. Tratamento físico-químico de efluentes líquidos
Nos fenômenos da depuração dos efluentes estão envolvidos processo físicos,
químicos e biológicos. Os processos físicos são o gradeamento, a filtração, a sedimentação, a
flutuação e a flotação. Todos os processos físicos alcançam apenas as substâncias que não se
encontram dissolvidas. As substâncias dissolvidas podem ser removidas da água, por
processos que levem as moléculas a se transformar em partículas que sejam atinjidas pela
depuaração física. No limite entre as substâncias dissolvidas e não dissolvidas encontram-se
as supensões coloidais. O tratamento físico-químico é essencial para a obtenção de uma boa
eficiência do tratamento de efluentes de curtumes. O uso de coagulantes químicos e auxiliares
de floculação têm sido amplamento difundidos, podendo ser empregado em pontos da estação
de tratamento.
O tratamento primário constitui a base de todo o processo de tratamento de efluentes
líquidos gerados no processo produtivo de um curtume. O afluente ao tanque de
homogeneização independente da realização ou não de reciclagens, constitui um líquido
extremamente complexo, quanto à percentagem que cada banho ocupa em relação ao volume
total de efluentes gerados diariamente.
A complexidade química que caracteriza um efluente, como o gerado pela indústria
curtidora, desencadeia um grande número de reações que podem ocorrer paralelamente à
reação de precipitação. Os coagulantes e floculantes (auxiliares de floculação) interagem com
as substâncias presentes no efluente, resultando em uma melhor eficiência do tratamento
primário.
1.4. Parâmetros a serem monitorados
Muitos parâmetros são utilizados para caracterizar a contaminação das águas, que
também servem para controlar as diferentes técnicas de tratamento de efluentes.
As características da água e das impurezas presentes conhecidas são determinantes,
para se realizar uma boa coagulação. Os parâmetros como pH, alcalinidade, cor, turbidez,
temperatura, sólidos totais dissolvidos, tamanho e distribuição de tamanhos das partículas em
estado coloidal e em suspensão entre outros, têm grande influência na coagulação/floculação
das águas.
A seleção dos parâmetros a serem monitorados, baseia-se nas características
específicas dos efluentes de curtume. Os vários segmentos da indústria de peles e couros, e as
tecnologias alternativas aos processos convencionais de tratamento, implicam numa diferença
bastante acentuada no que se refere às características dos resíduos líquidos gerados.
1.5. Coagulação e floculação
A coagulação e a floculação são de grande importância no tratamento de água para
abastecimento e no tratamento de efluentes, porque delas depende a eficiência das unidades
subseqüentes. No tratamento de águas, as etapas de coagulação e floculação, são
principalmente utilizadas para promover a posterior remoção de cor e turbidez de águas
naturais.
O tratamento (físico-químico) de efluente difere do tratamento de água em diversos
aspectos: muito maior concentração de partículas; tamanho médio de partículas é maior; as
partículas contem maior proporção de matéria orgânica, a superfície das partículas é mais
hidrofílica e reagem com o coagulante de modo diferente.
Devido à potencialidade de processos físico-químicos no tratamento de efluentes,
principalmente quando associados a processos biológicos, tem sido difundidos o uso de
coagulantes e alguns polieletrólitos no tratamento de águas residuárias. Nesse sentido, a
coagulação e floculação de efluentes, seguidas de sedimentação ou flotação, podem ser
utilizadas em diversos pontos da estação de tratamento de efluente.
1.5.1 Mecanismos de coagulação
A coagulação é uma técnica baseada na adição de produtos que precipitem os colóides
e as substâncias solúveis que causam a contaminação das águas.
Para que a coagulação seja possível, é preciso entender o seguinte: em torno de cada
partícula forma-se um duplo filme elétrico, com a parte positiva em contato com a solução.
Com isso, as cargas contrárias se repelem e as partículas são impedidas de se unirem
impedindo a formação de partículas maiores, destruindo o duplo filme, as forças de repulsão
não serão atuantes.
A coagulação é realizada através da adição de produtos químicos ao efluente a ser
clarificados, sendo esta a operação que visa a formação de flocos, capazes de serem retidos
através da floculação.
1.5.2 Floculação
A floculação é uma técnica baseada na adição de produtos que facilitam, juntamente
com o processo de agitação, a aglomeração dos colóides desestabilizados previamente por um
coagulante. Entretanto, alguns autores dizem que é a operação complementar da coagulação
que visa agregar as partículas coloidais neutralizadas, tornado-as de maior peso.
A eficiência da unidade de floculação depende do desempenho da unidade de mistura
rápida, a qual é influenciada por fatores como tipo de coagulante, pH de coagulação,
temperatura da água, concentração e tempo de preparo da solução de coagulante, tempo e
gradiente de velocidade, tipo e geometria do equipamento de floculação e qualidade da água
bruta.
1.5.3 Unidades de floculação
A operação de floculação é realizada, normalmente, em tanques de mistura lenta, para
não romper os flocos formados, mas com velocidade suficientemente para adensamento dos
flocos e que não permita a sedimentação dos flocos no fundo do tanque.
A floculação pode ser realizada em unidades hidráulicas como: chicanas com
escoamento vertical ou horizontal, meio granular fixo ou expandido, malhas localizadas em
canais e outras. Pode ser realizada em unidades mecanizadas como: agitadores de eixo
vertical ou horizontal e os rotores de paletas paralelas ou perpendiculares, ou ainda do tipo
turbina.
1.6. Sedimentação
Na sedimentação as partículas suspensas apresentam movimento descendente em meio
líquido de menor massa específica, devido à ação da gravidade. O resultado da operação de
sedimentação é a separação das fases sólida e líquida.
As partículas sólidas que caracterizam um determinado efluente líquido dividem-se
basicamente em dois tipos: os materiais decantáveis - que sedimentam livremente com
velocidade de queda constante e diretamente proporcional ao seu peso específico; e as
partículas floculadas - produto da coagulação do material coloidal e sólidos suspensos
formados naturalmente ou mediante a adição de produtos químicos.
De acordo com a forma como ocorre a sedimentação, esta costuma ser classificada em
três tipos:
Sedimentação discreta - as partículas são ditas individuais, isto é, não floculam
nem se aglomeram umas às outras;
Sedimentação floculenta - as partículas são floculentas em pequenas
concentração, e a velocidade de sedimentação cresce com o tempo;
Sedimentação em massa – as partículas são coesivas, em suspensão em alta
concentração e decantam com uma massa única. À medida que se processa a
sedimentação ocorrer também uma compactação do lodo decantado.
Há diversos fatores que reduzem a eficiência da sedimentação, independente do tipo
de unidade de decantação empregado. Devido a esses fatores adversos à sedimentação das
partículas nos decantadores, deve-se relacionar a velocidade de sedimentação (Vs) no ensaio
de jarteste.
1.6.1 Unidades de sedimentação
Decantadores ou sedimentadores são equipamentos utilizados em estações de
tratamento de efluentes, com a finalidade de separar sólidos / líquidos, removendo lodos tanto
do tratamento primário como secundário. Podem ser tipo Dortmund, equipamentos cilíndricos
ou retangulares, de construção metálica ou de concreto, cujo ângulo deve ser no mínimo 60º,
que através de um efeito de dispersão radial que acelera a precipitação das partículas sólidas
em suspensão, separa sólidos e líquidos. E do tipo Periféricos com Braço Raspador ou ponte
giratória, equipamentos cujo arranjo mais comumente adotado é aquele em que o efluente,
através da tubulação de entrada, passa sob o decantador ou sedimentador e se eleva pela
coluna central descarregando o mesmo dentro de um anel defletor.
A modelação matemática para o projeto de decantadores considera que a sedimentação
ocorre sem quaisquer interferências externas ao fenômeno; o escoamento é contínuo; as
partículas são discretas (com mesma velocidade de sedimentação); não há interferência da
sedimentação de uma partícula na sedimentação de outra e não ressuspensão das partículas
depositadas no fundo do tanque.
1.7. Coagulantes
A adição de eletrólitos em um meio reduz o potencial zeta e, conseqüentemente, a
estabilidade dos colóides, especialmente dos colóides hidrofóbicos. O aumentando da força
iônica do meio disperso implica na redução da dupla camada elétrica dos colóides. Quando os
íons de cargas opostas são adsorvidos por um colóide há redução da carga do próprio colóide.
1.8. Auxiliares de coagulação / floculação
Tanto polímeros sintéticos, como naturais têm sido usados como auxiliares de
floculação e filtração. Os polímeros sintéticos aumentam a velocidade de sedimentação dos
flocos, a resistência dos mesmos as força de cisalhamento que podem ocorrer na veiculação
da água floculada e a diminuição da dosagem de coagulante primário.
O termo polieletrólito é usado para denominar os polímeros de peso molecular
elevado, apresentando ou não regiões ionizáveis ao longo de sua cadeia. A quantidade e o tipo
de monômeros que compõem a cadeia dos polímeros são extremamente variáveis, de modo
que pode ser obtida uma grande variedade de polieletrólitos de peso molecular diferentes.
Os polieletrólitos podem ser classificados como aniônicos, catiônicos, anfolíticos e
não-iônicos, dependendo da carga e do grupo funcional que apresentam.
O uso de polieletrólitos associados com coagulantes em estações de tratamento de
efluentes, apresenta algumas vantagens em comparação com o uso exclusivo de coagulantes
primários:
Melhoria na qualidade do efluente tratado;
Redução do consumo de coagulante primário;
Redução do volume de lodo, o que reduz os problemas com disposição final do
lodo;
Possível redução nos gastos com produtos químicos (em relação ao uso
exclusivo de coagulantes metálicos);
Possibilidade de aumento da vazão tratada (ou como solução de emergência em
sobrecargas).
1.9. O curtume e o meio ambiente
Estudos mostram que a otimização do processo de curtimento, na busca de um alto e
melhor esgotamento, diminui a carga poluidora dos efluentes e o custo da produção, sem
comprometer a qualidade final do couro.
Estudos realizados mostram que o aproveitamento de serragem de couros curtidos ao
cromio, nas massas para a fabricação de tijolos, resulta em duas vantagens ambientais: a
reciclagem e a inertização dos resíduos freqüentemente poluentes e de difícil eliminação; e na
economia de matérias primas argilosas.
Foi verificada através dos resíduos obtidos para as propriedades físicas, a possibilidade
da incorporação do lodo de reciclo de cromo na massa cerâmica para fabricação de artefatos
para construção civil.
O desenvolvimento de trabalhos e técnicas para diminuir a carga poluente nos banhos
residuais dos processos de curtimento, é um objetivo prioritário dentro do âmbito da
tecnologia do curtimento de peles bovinas.
O processo de curtimento de peles bovinas com reciclagem direta de banho de
curtimento, consome menor volume de água, mantendo-se a qualidade do produto final. O
volume de efluente gerado no processo convencional de curtimento de peles bovinas é em
média 205,96 litros por couro produzido, e com a utilização do banho reciclado de cromio
esse volume é em média 179,64 litros por couro produzido.
2. Resultados e Discussões
2.1. Etapas de Produção do Couro.
Durante a visita ao curtume COMING, especificamente à ETE, observou-se os tipos
de tratamento de esgoto que são feitos com o objetivo de minimizar os impactos ambientais
causados pela produção do couro.
O esgoto tratado na ETE supracitada é proveniente de dois tipos de atividades: o
esgoto doméstico, oriundo de banheiros, pias em geral e cozinhas, e o esgoto referente à
produção do couro. Fica claro que o esgoto proveniente da produção de couro é muito mais
tóxico e de difícil tratamento do que o esgoto doméstico, por isso esses são tratados
separadamente.
As etapas básicas do processo de produção do couro são:
Salga: adição de cloreto de sódio para preservação inicial das peles, antes do processamento.
Remolho: as peles e couros crus são reidratados para remoção de sal, impurezas, sangue e
resíduos gordurosos.
Desengraxe: limpeza de resíduos gordurosos com tensoativos e solventes.
Depilação (Calagem): remoção do pêlo e da epiderme do couro cru com sulfeto de sódio.
Desencalagem: neutralização da etapa de calagem.
Purga: eliminação de glicoproteínas e resíduos de outras etapas.
Curtimento: oferta de tanantes (conservantes). No caso da COMING, o conservante utilizado
é o cromo.
2.2. Descrição da estação de tratamento de efluente do curtume
O sistema de tratamento da ETE do curtume é de lodo ativado. Existem divesos
tratamentos, os quais são implantados de acordo com a composição do efluente. O sistema de
tratamento é dividido nas seguintes etapas:
Tratamento preliminar: remoção de sólidos grosseiros, areia e gordura;
Tratamento primário: sedimentação de sólidos, digestão e secagem do lodo;
Tratamento secundário: remoção da matéria orgânica e sedimentação do lodo.
A demanda de produção do curtume é muito alta, e com isso, consequentemente, a
demanda de efluente a ser tratado também é alta. Com a água vem toda a matéria orgânica e
inorgânica residual do curtume.
Para se ter uma idéia melhor do processo de tratamento do efluente, serão descritas
detalhadamente as etapas percorridas pelos efluentes, desde a saída do processo de produção
ate a etapa final do tratamento.
2.2.1 Tratamento Preliminar
Gradeamento e Peneiras
As canaletas por onde passam o efluente bruto a ser tratado no equalizador, reciclo do
caleiro e crômio, possuem grades para a remoção de sólidos grosseiros e limpeza manual.
Após passar pelo gradeamento, o efluente ainda passa pela peneira rotativa para
separação de sólidos, onde os sólidos são arrastados por serdas de nylon, antes de ir para o
tanque equalizador. As grades e peneiras existentes no tratamento do curtume são mostradas
na figua 1.
Figura 1 – Gradeamento, peneira rotativa antes do reciclo do cromo e peneira rotativa antes do tanque
equalizador
Tanque Equalizador
O tanque equalizador, mostrado na figura 2, recebe todos os banhos gerados no processo
produtivo do couro, exceto dos banhos de reciclo do cromo e caleiro. Ocorre a
homogeneização dos efluentes ácidos e alcalinos, ocasionando a neutralização e floculação da
parte sólida presente no efluente. Há a injeção de ar para oxidação do sulfeto. O efluente
liquido sai do tanque equalizador e vai para o tratamento primário.
Figura 2 – Tanque Equalizador
2.2.2 Tratamento Primário
Fisico-químico
Nesta etapa do tratamento, é adicionado ao efluente o coagulante Sulfato de Alumínio e
um polímero aniônico para acelerar a sedimentação dos flocos, figura 3, presentes no efluente.
Em seguida, essa mistura vai para decantadores primários e o efluente líquido vai para lagoa
de tratamento biológico.
Ao lodo, obtido nos decantadores (figura 4), adiciona-se polimero catiônico para
desidratar, em seguida este vai para as centrífugas, onde o material sólido centrifugado é
desidratado e misturado com o resíduo de pêlo da calagem, e disposto em solo gradeado. O
efluente que sai dos decantadores é encaminhado para o tratamento secundário, lagoa de
tratamento biológico.
Figura 3 – Decantação do floco no cone de imhoff
Figura 4 – Decantadores Primários
2.2.3 Tratamento Secundário
Lagoa de Lodo Ativado
Nesta etapa do tratamento ocorre a depuração biológica da matéria orgânica presente no
efluente por via aeróbia. O processo se desenvolve por via bioquímica em presença de
oxigênio sendo este fornecido através de aeradores, onde uma cultura de microorganismos
adequadamente desenvolvida é adicionada para que ocorra a degradação da matéria orgânica
do efluente transformando-a em massa celular e produtos metabólicos. A lagoa de lodo
ativado e a adição da cultura são mostradas na figura 5.
Figura 5 – Adição da cultura de microorganismos e Lagoa de Lodo Ativado
Decantadores Secundário
È um tanque de formato circular com fundo em forma de cone, com uma ponte
raspadora para a retirada do lodo decantado, representado na figura 6. O efluente líquido
proveniente deste decantador é encaminhado para os decantadores terciários, e o lodo
retirado retorna para a lagoa de tratamento biológico.
Figura 6 – Decantador Secundário
Decantadores Terciários
Nesta etapa do processo ocorre o polimento do efluente, e se necessário, a adição de
coagulante para maior limpeza. Na figura 7 abaixo são representados os decantadores
terciários.
Figura 7 – Decantador Terciário
O efluente final é despejado no Ribeirão Fazendinha. É importante ressaltar que todas
as etapas de tratamento são monitoradas no laboratório físico-químico da ETE COMING.
2.3. Reciclo do Caleiro
O tratamento do efluente que vem da purga é feito da seguinte forma: primeiramente o
efluente passa por uma estrutura gradeada, na qual ficam retidos os resíduos sólidos de maior
tamanho. O efluente vai para um tanque de agitação e em seguida é bombeado para um
flotodecantador, no qual há a passagem de ar para facilitar a sedimentação de resíduos. Logo
após, esse efluente que foi decantado no flotodecantador passar por um filtro, onde o pêlo
presente é retirado. Este efluente, livre de boa parte de seus resíduos sólidos, volta para o
tanque do caleiro, pois o sulfeto de sódio presente no mesmo é contaminante para as bactérias,
não podendo ser misturado ao tratamento biológico. O esquema de reciclo do caleiro é
representado na figura 8.
O resíduo de pêlo que foi retirado no filtro é encaminhado para um tanque, onde é
misturado com lodo e disposto em solo gradeado. Já o resíduo sedimentado no
flotodecantador, rico em sulfeto de sódio, é reciclado para a produção (calagem).
Figura 8 – Esquema de reciclo do caleiro
2.4. Reciclo do Cromo
O efluente que vem do curtimento das peles chega por uma peneira rotativa, onde é
levado para um tanque no qual ocorre a precipitação do cromo. Em seguida, o cromo
sedimentado vai para um filtro prensa, onde o resíduo sólido de cromo obtido nessa etapa é
encaminhado, geralmente, para empresas de produção de cimento. O efluente que é retirado
no filtro prensa, é reciclado para a produção do couro, como curtente. O reciclo do cromo é
esquematizado na figura 9.
Figura 9 – Esquema de reciclo de Cromo
3. Considerações Finais
Dentre o pesquisado e estudado, o tratamento do efluente da ETE COMING é o
tratamento melhor adaptado aos curtumes, uma vez que envolve etapas de reciclos e
tratamentos que fazem com que o efluente final possa ser despejado ou disposto no meio
ambiente. Isso se deve ao fato do efluente não apresentar características tóxicas, que são
verificadas nas análises realizadas durante todas as etapas do tratamento.
4. Referências Bibliográficas
-Souza C. N., Tratamento Primário de Efluentes Brutos de Curtume Quimicamente
Aprimorados por Sedimentação/Carla Nubia de Souza, Campo Grande, 2007. Dissertação de
(Mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2007. Orientador: Prof. Dr. Carlos
Nobuyoshi Ide.
-Fontes próprias.