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1 A RELAÇÃO DO JORNALISMO ESPORTIVO INTERNACIONAL COM A TV BRASILEIRA: O CASO ESPN BRASIL Fernanda Pessanha de Araujo* RESUMO A ESPN é uma rede de canais muito conhecida pela sua transmissão esportiva 24h ao dia. No entanto, boa parte desta programação trata de jornalismo esportivo internacional, mesmo após a criação da ESPN Brasil, uma das poucas afiliadas fora dos Estados Unidos. Por isso, o presente artigo pretende discutir o papel deste jornalismo internacional na vida dos brasileiros, qual a importância que ele tem para o jornalismo e para a população brasileira, através da observação do site e de programas dos canais ESPN, além um documentário produzido por Paulo Zapellon, baseado em falas de comentaristas e narradores dos esportes americanos. A partir de uma revisão de literatura sobre o assunto, que inclui autores como João Batista Natali, Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel, Alessandra Peres, Murilo Ramos, Pedro Aguiar e Mariana Oselame e Cristiane Costa, pretendemos refletir sobre os motivos da que se dá aos esportes internacionais em canais brasileiros. PALAVRAS-CHAVE: Espn, Espn Brasil, jornalismo esportivo, jornalismo internacional, Tv por assinatura. INTRODUÇÃO Desde a invenção da televisão principalmente da colorida -, é certo que o estilo de vida das pessoas do mundo todo mudou. A TV começara como um serviço de comunicação gratuito, com um ou dois canais, vindo para facilitar a visualização das informações que, até então, só eram transmitidas por rádio e jornais impressos. E o que começou somente como um meio básico de comunicação, de entretenimento e de informação, foi tomando maiores proporções, aumentando o número de canais, crescendo suas possibilidades e interagindo cada vez mais com o telespectador até chegar ao ponto que estamos hoje, em que a Tv é como se fosse uma parte integrante *Graduanda de jornalismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). Email: [email protected]. **Trabalho apresentado para a disciplina documentação gráfica e audiovisual, em 21 de novembro de 2013.

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A RELAÇÃO DO JORNALISMO ESPORTIVO INTERNACIONAL COM A TV

BRASILEIRA: O CASO ESPN BRASIL

Fernanda Pessanha de Araujo*

RESUMO

A ESPN é uma rede de canais muito conhecida pela sua transmissão esportiva

24h ao dia. No entanto, boa parte desta programação trata de jornalismo esportivo

internacional, mesmo após a criação da ESPN Brasil, uma das poucas afiliadas fora dos

Estados Unidos. Por isso, o presente artigo pretende discutir o papel deste jornalismo

internacional na vida dos brasileiros, qual a importância que ele tem para o jornalismo e

para a população brasileira, através da observação do site e de programas dos canais

ESPN, além um documentário produzido por Paulo Zapellon, baseado em falas de

comentaristas e narradores dos esportes americanos. A partir de uma revisão de

literatura sobre o assunto, que inclui autores como João Batista Natali, Heródoto

Barbeiro e Patrícia Rangel, Alessandra Peres, Murilo Ramos, Pedro Aguiar e Mariana

Oselame e Cristiane Costa, pretendemos refletir sobre os motivos da que se dá aos

esportes internacionais em canais brasileiros.

PALAVRAS-CHAVE: Espn, Espn Brasil, jornalismo esportivo, jornalismo

internacional, Tv por assinatura.

INTRODUÇÃO

Desde a invenção da televisão – principalmente da colorida -, é certo que o estilo

de vida das pessoas do mundo todo mudou. A TV começara como um serviço de

comunicação gratuito, com um ou dois canais, vindo para facilitar a visualização das

informações que, até então, só eram transmitidas por rádio e jornais impressos. E o que

começou somente como um meio básico de comunicação, de entretenimento e de

informação, foi tomando maiores proporções, aumentando o número de canais,

crescendo suas possibilidades e interagindo cada vez mais com o telespectador até

chegar ao ponto que estamos hoje, em que a Tv é como se fosse uma parte integrante

*Graduanda de jornalismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). Email: [email protected]. **Trabalho apresentado para a disciplina documentação gráfica e audiovisual, em 21 de novembro de 2013.

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das nossas vidas. Ou alguém se imagina sem o jogo de quarta a noite? Ou o capítulo

final da novela? Ou mesmo o noticiário diário?

Assim, com a programação da TV aberta, tão presente nas nossas vidas e cada

vez mais diversificada, ela chega a um ponto em que não dá mais vazão ao tanto de

coisas que poderia transmitir. Talvez, por isso, com uma necessidade de ampliação das

opções ou de se ter uma maior especificidade, surge nos Estados Unidos – o que

posteriormente se espalha por todo o mundo - a rede de canais por assinatura, também

conhecida como Tv a cabo ou TV paga, que vem para revolucionar – ainda mais – o

modo de se assistir TV.

A partir de então, surgem os canais específicos, para tratar de um assunto

determinado: quem gosta de novela, assiste canal X, quem gosta de esporte, canal Y,

quem gosta de filmes, canais Z, e por aí vai. Porém, há um fato importante nisso tudo:

como a TV a cabo nasce nos Estados Unidos, como afirma Ramos (1995), a maioria dos

canais criados para a rede de Tv paga é de origem americana e transmitem os filmes

americanos, os seriados – tão famosos – americanos e, finalmente, os esportes

americanos. E qual a influência disso no mundo e no Brasil? A língua inglesa é a 2ª com

mais falantes no planeta; os seriados, nós sabemos que ficam mundialmente conhecidos;

os filmes americanos são os mais famosos e sucesso de bilheteria no mundo todo. E os

esportes? Qual a influência que eles têm? E a notícia internacional? Por que tantos

canais dedicados às notícias internacionais e notícias esportivas internacionais? Qual a

importância dela para a linguagem jornalística do canal por assinatura? Por que em

canais por assinatura a notícia ou programação internacional tem sempre mais destaque

que o que é nacional?

Para tentar responder a esta e outras questões o presente artigo estudará esse

mercado da TV por assinatura com foco nos canais esportivos e, mais especificamente,

da rede ESPN – ESPN Internacional e ESPN Brasil. Para isso, será feita uma revisão da

literatura encontrada sobre o assunto; observação da programação televisiva da ESPN

Brasil e os canais de esportes que tem origem brasileira, como o Bandsports e o Sportv;

uma análise da programação, do “website” e dos meios de comunicação ligados a ESPN

focando principalmente nos programas que tem nomes em inglês e que tratam dos

esportes americanos (beisebol, futebol americano, hóquei e basquete).

Fato é que observando-se a vasta programação esportiva dos canais de TV por

assinatura, é possível perceber que na maioria das vezes eles estão muito voltados para

o jornalismo esportivo internacional – englobando em ‘jornalismo’ todos os eventos de

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transmissão relacionados ao esporte internacional, como o caso de jogos da Liga de

Futebol Americano (NFL), da Liga de Basquete Americana (NBA), do Hóquei no Gelo

(NHL). Assim, foi despertado o interesse em analisar qual seria exatamente a relação - e

a importância - entre o jornalismo internacional e a TV brasileira.

Dentre os canais de Tv aberta, é possível notar que notícias internacionais

ganham um espaço pequeno, sejam elas relacionadas a assuntos gerais do mundo, como

política, ou sejam relacionadas ao esporte, que é o nosso tema de enfoque. Porém,

quando falamos da Tv por assinatura, uma maior presença desse jornalismo

internacional pode ser notada, em todas as áreas e, inclusive, na área esportiva.

No rol de canais da TV paga, é possível encontrar todo o tipo de programação.

Há os canais internacionais como a RTP Portuguesa ou até aqueles que são

exclusivamente voltados para a notícia internacional, com é o caso da CBN; já existem

alguns que são totalmente brasileiros, criados pelas emissoras locais, como é o caso da

GNT e Bandsports; mas também têm aqueles, que serão o objeto de nosso estudo, que

são os canais originariamente americanos, mas que entraram no Brasil com tanta força

que chegaram a ganhar uma versão brasileira, como é o caso da ESPN com o ESPN

Brasil.

Os canais ESPN, de uma maneira geral, têm por objetivo, segundo informações

do próprio site, transmitir ao vivo os principais eventos esportivos do mundo e as

melhores informações sobre eles. Isso não se pode negar. Mas e o canal ESPN Brasil

em específico? Pelo que o próprio nome diz não deveria ele ser o responsável por uma

cobertura jornalística mais “abrasileirada” e diversificada, por assim dizer, deixando os

grandes eventos que talvez não interessem tanto aos brasileiros para ESPN+ ou

internacional? O que vemos, até então no ESPN Brasil, é uma programação mista, mas

ainda com muito enfoque no esporte – inclusive futebol - internacional. No entanto,

existem tantos esportes praticados no Brasil que não tem cobertura televisiva, que não

recebem a devida importância, como o handebol, o basquete, o vôlei, até o badminton,

enquanto esportes que talvez nem interessem ao publico espectador estão lá, passando

na telinha, como o caso dos Campeonatos de Pôquer ou dos esportes de inverno - mais

desconhecidos -, como o curling, por exemplo. Então, o que justifica a criação de um

canal brasileiro para divulgar informações internacionais, esportes internacionais? Qual

o ganho disso para o jornalismo brasileiro?

Se o objetivo dos canais pagos é justamente lutar para conquistar o

telespectador, não seria mais interessante para os brasileiros que o canal transmitisse

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mais informações, mais eventos esportivos brasileiros? Ou será que o objetivo seja

justamente ampliar os nossos horizontes através de esportes diferentes? Ou os

brasileiros realmente se interessam mais pela cobertura jornalística internacional e pelos

esportes estrangeiros? São essas e outras questões que este trabalho buscará elucidar.

REVISÃO DE LITERATURA

Pesquisando acerca dos temas de jornalismo esportivo internacional no Brasil,

esportes americanos, Tv por assinatura e a rede de canais ESPN, é possível perceber que

há pouquíssimo conteúdo publicado. Em livros, como é de se esperar, pode-se encontrar

uma abordagem mais generalizada sobre o assunto, como é o caso do jornalismo

esportivo e do jornalismo internacional. No entanto, ainda que Barbeiro e Rangel

(2006), em seu Manual do Jornalismo Esportivo destrinchem bem a história do

jornalismo esportivo, as regras e tendências de alguns esportes, dicas e vícios dos

jornalistas esportivos, ainda há muita coisa a se falar sobre o assunto: falta uma

definição mais clara da expressão jornalismo esportivo, bem como falta relacionar esta

especialização ao que ela é no Brasil, como ela é tratada, e como se dá em seu aspecto

internacional. Nada é mencionado a respeito de jornalismo esportivo internacional nesta

obra, nem sobre futebol. Por isso, para complementar o trabalho, buscamos o livro

Jornalismo Internacional, de João Batista Natali (2004), o que também não foi muito

esclarecedor quanto ao jornalismo esportivo internacional, nem quanto a uma definição

da expressão jornalismo internacional - o que nos fez recorrer a Wikipedia. Porém foi

perfeito contando como tudo começou.

Para complementar o embasamento do trabalho, portanto, muitos artigos e,

inclusive, um documentário foram necessários. Estes sim, traziam temas mais

específicos, questões mais esclarecedoras e, no caso do documentário, depoimentos de

pessoas que viveram as situações e, por isso, elucidaram partes da história que nenhum

livro ou artigo conta. O documentário feito por Paulo Zarpellon (2011), em especial,

traz cada história magnífica quanto ao nascimento da ESPN e ESPN Brasil com sede

nos Estados Unidos e, posteriormente, em São Paulo; além de trazer informações de

como os esportes americanos começaram a ser transmitidos no Brasil por outras TVs e

depois pela ESPN, ao vivo. Quem diria que o primeiro jogo de futebol americano havia

sido transmitido pela tão famosa TV Tupi, nos anos 60? Só ouvindo da boca de quem

trabalha com isso e viveu essa época mesmo para saber. Uma pena que ele só fale de

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futebol americano, pois a curiosidade pelos outros esportes americanos fica no ar. Mas é

a isso que o documentário se propõe; e cumpre!

Ainda, muito esclarecedores na história do jornalismo internacional e esportivo

internacional no Brasil, são os artigos de Pedro Aguiar (2008) - Por uma História do

Jornalismo Internacional no Brasil. – e de Mariana Oselame e Cristiane Costa (2012) -

Entre a Notícia e a Diversão: Um Retrato do Jornalismo Esportivo de Televisão. Com estes foi

possível desenhar o nascimento do jornalismo internacional no Brasil e do jornalismo esportivo,

principalmente na TV. Porém, este último ainda deixou um pouco a desejar no que se trata do

jornalismo esportivo na televisão brasileira. Poderia ter abordado melhor como e quando ele

começou, qual foi o primeiro jogo transmitido, qual a emissora que primeiramente deu foco ao

assunto, entre outras curiosidades, até se chegar ao advento da TV à cabo.

Por sua vez, a TV por Assinatura no Brasil: conceito, origens, análise e

perspectivas, é assunto muito bem tratado por Murilo Ramos, em seu artigo publicado

em 1995. Através dele é possível conhecer muito do nascimento e evolução da

Televisão à cabo, desde os Estados Unidos até sua chegada no Brasil, incluindo os

entraves do governo enfrentados por eles, para evitar o desenvolvimento do país neste

aspecto. A partir daí, a TV passa a não ter fronteiras.

Por fim, Alessandra Peres nos traz grande contribuição com seu artigo A ESPN

Brasil na Era New Business (2010), ajudando a compor a história da rede de canais

americanos e explicando sua filosofia atual, de atuar em uma rede multiplataformas.

Este trabalho foi de grande valia para a complementação de pesquisa do presente artigo.

No mais, trata-se de um assunto ainda novo, pouco estudado, principalmente, no

Brasil e ainda que se divida o assunto em vários temas, como TV por assinatura, canais

Espn, canais de esporte, etc. Por isso, é um tema importante para a comunidade

científica, que terá aqui mais uma área da comunicação a ser trabalhada.

O ADVENTO DO JORNALISMO ESPORTIVO

Jornalismo é jornalismo, afirmam Barbeiro e Rangel (2006), seja ele esportivo,

político, econômico, social. "A essência não muda, porque sua natureza é unica e está

intimamente ligada às regras da ética e ao interesse público.", ou pelo menos deveria.

Porém, é somente a partir da década de 1990, segundo o mesmo autor, que vai

haver a preocupação de se colocar o esporte como uma editoria isolada ou parte da

redação jornalística da televisão. E cada veículo passa a fazer da forma que prefere,

fazendo surgir, então, as especificidades do jornalismo esportivo: o tom mais intimista,

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a utilização do jornalista-personagem, o esporte espetáculo, o humor, os bastidores, a

necessidade de velocidade da notícia. E por vezes, nessa “brincadeira”, se perde a ética,

o tom informativo, o verdadeiro jornalismo, principalmente porque, muitas vezes o

jornalismo esportivo acaba se confundindo com entretenimento.

Para nos ajudar a compreender então o que seria considerado o campo do

jornalismo esportivo, Barbeiro e Rangel (2006) buscam o conceito de esporte, que

definem como seus principais componentes: desenvolvimento físico, regras definidas e

competição.

Tanto o esporte de competição quanto a informação esportiva tiveram início na

Antiguidade, com os Jogos Olímpicos gregos. Com o surgimento da imprensa de massa,

já durante a Modernidade, o esporte vai ganhando mais importância na medida em que

o lazer e o tempo livre passam a fazer parte do cotidiano das pessoas. Mais tarde, por

volta dos anos 60, surge o campo do jornalismo esportivo propriamente dito, com foco

na atividade esportiva de competição como parte do show da indústria cultural, contam

Osalame e Costa (2012).

A partir do século XXI, o esporte ganha cada vez mais formato de espetáculo, e

com os jogos Olímpicos de 1984, nos Estados Unidos, vem à tona a possibilidade de se

financiar grandes eventos esportivos através de patrocínios e de direitos de transmissão

para TVs, rádios e, hoje, até para a internet. (OSELAME; COSTA, 2012) A mídia,

através do jornalismo esportivo, passa a ter poderes sobre o esporte - e sobre as pessoas

- e a influência dos meios de comunicação não abrange apenas a questão financeira;

alcança inclusive, as regras do jogo, como no caso do vôlei em que as regras foram

alteradas para adequar-se a programação da televisão.

Hoje, segundo Osalame e Costa (2012), “a concorrência das grandes redes de

televisão pela compra dos direitos exclusivos de transmissão dos eventos esportivos se

justifica pela enorme audiência que eles são capazes de atrair – e, consequentemente,

pelo seu potencial de captação de milionários patrocínios para as emissoras.”. Segundo

estudo realizado pelo Ibope em 2011:

72% dos brasileiros que tem como hábito acompanhar a cobertura esportiva

buscam informações na televisão. É uma vantagem considerável em relação

ao segundo meio de comunicação preferido: a internet, que conta com 21%

da preferência. O rádio, mesmo muito utilizado pelos torcedores nos estádios,

tem menos da metade da audiência da televisão e, como fonte de informação,

aparece atrás dos jornais. (OSALAME; COSTA, 2012, p. 3)

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JORNALISMO INTERNACIONAL

Para Natali (2004), “o jornalismo já nasceu internacional” – nos primórdios do

jornalismo, este era o único tipo conhecido. Ele não veio com o capitalismo, no século

XIX, como muitos pensam, mas sim no mercantilismo, que já precisava dele – “folhas

de notícias impressas eram vendidas a quem quisesse comprar”. As newsletter, como

eram conhecidas, traziam informações que tivessem alguma utilidade para os negócios

como, por exemplo, a cotação de determinadas mercadorias nas feiras, conflitos

regionais, as cotações dos pedágios nas alfândegas, acordos e rupturas dentro da Igreja,

coalizões entre nobres menos importantes e seus efeitos no comércio, etc.

Segundo o site Wikipedia, “chama-se Jornalismo Internacional a especialização

da profissão jornalística nos eventos de fora do país onde está sediado o veículo de

imprensa.” Por isso, o que é assunto "doméstico" num determinado país será

"internacional" em todos os demais. “Este fato faz com que o Jornalismo Internacional

seja provavelmente a área do Jornalismo com maior abrangência de temas entre todas,

já que trata de política, economia, cultura, acidentes, natureza e todos os assuntos que

aconteçam fora de seu país de origem.”

NO BRASIL

“Seja qual for o veículo tomado como marco para o nascimento da imprensa

nacional, o fato é que jornalismo brasileiro nasceu em 1808 com os olhos voltados para

fora.” (AGUIAR, 2008, p.1). Tanto a Gazeta do Rio de Janeiro, jornal fundado para dar

voz à corte portuguesa recém-instalada na sede da administração colonial, quanto o

Correio Braziliense, primeiro órgão de imprensa publicado por um brasileiro e

inteiramente produzido no exterior, se dedicavam prioritariamente a informações sobre

fatos ocorridos fora do Brasil. (Idem)

Nas redações do Brasil, só a partir do final dos anos 1950, com a modernização

das técnicas e dos processos jornalísticos, é que se destacam equipes especializadas na

cobertura jornalística internacional - embora o noticiário exterior estivesse presente

desde o início. (Ibidem)

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TELEJORNALISMO

Quanto à televisão, conta Natali (2004), as transmissões foram inauguradas no

Brasil em 18 de setembro de 1950, com a TV Tupi Difusora de São Paulo. “No dia

seguinte, 19 de setembro, foi transmitido o primeiro programa jornalístico da televisão

brasileira, chamado Imagens do Dia.” Nesta época, a maioria das noticias televisionadas

já era de cunho nacional.

Até o início dos anos 60, o jornalismo internacional sofreu os efeitos da falta de

tecnologia. Os filmes eram transportados de avião e estavam sujeitos a uma defasagem

de no mínimo 24 horas antes de serem levados ao ar. (NATALI, 2004)

JORNALISMO ESPORTIVO INTERNACIONAL

Pouco material é encontrado sobre esse assunto no Brasil. Mas quando a

televisão brasileira surgiu, o primeiro esporte por ela transmitido foi provavelmente o

futebol, esporte que já embalava multidões pelas rádios. O que pouquíssima gente sabe,

é que já na década de 60 a TV Tupi transmitira jogos de futebol americano (Videotape).

Em 1968, conta o documentário Touchdown (produzido por Zarpellon, 2011) eles

receberam gratuitamente videotapes da CBS¹. Walter Silva, responsável pela

programação da TV Tupi, então resolveu colocar no ar, mesmo sem saber muita coisa

sobre o esporte. Assim, pediu ajuda no ar: Se alguém souber alguma coisa sobre esse

jogo, entre em contato com a gente. Um funcionário do Citibank entrou em contato e

começou a trabalhar como comentarista por um ano. Após isso, a CBS parou de mandar

as fitas e nem fechou contrato com a Tupi. Talvez esse tenha sido o primeiro suspiro do

jornalismo esportivo internacional no Brasil.

Ainda de acordo com o documentário Touchdown (Zarpellon,2011) na década de

80, a Tv bandeirantes volta a transmitir o Futebol Americano (em V.T.), nas noites de

sexta-feira, em um programa chamado Faixa Nobre de Esportes. E é aí que começam a

surgir os primeiros verdadeiros fãs do esporte americano.

¹CBS deriva de Columbia Broadcasting System. É uma das maiores redes

de televisão e rádio dos Estados Unidos hoje; e uma das três redes de televisão (junto com

a ABC e NBC) que dominaram a transmissão de TV nos EUA antes da criação da TV a cabo.

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TV POR ASINATURA

“Uma última data relevante no Brasil foi a de 1992. Entra em operações a TVA,

primeira rede de programação paga no Brasil.” (NATALI, 2004) E junto com ela,

chegam diversos canais e programas internacionais, inclusive jornalísticos.

A TV por assinatura surgiu nos Estados Unidos após a década de 40 e só foi chegar

no Brasil nos anos 90, segundo Ramos e Martins (1996). No entanto, teve alguns

entraves para se popularizar no início e só foi se tornar algo mais conhecido e comum

nas casas dos brasileiros no final desta década. Aparentemente, este modo de assistir TV

vinha para se destacar da TV aberta e oferecer uma programação diferenciada àqueles

que a “comprassem”. Como afirmam Ramos e Martins (1996), após o surgimento da Tv

a cabo e da TV por assinatura em vários países, sentiu-se a necessidade de que a

programação fosse cada vez mais segmentada, ressaltando como diferenciais a

diversidade, a originalidade e a identificação com o telespectador, tudo isso para

conquistar o consumidor.

Era uma nova tendência de mercado para consumo do telespectador brasileiro, e

dentro desta tendência encontram-se diversos canais de programação específica, como

Deutsche Welle, CNN, BBC e Fox News, que entram no mercado do noticiário

internacional - enquanto a Rede Globo e a Bandeirantes lançam canais pagos all news

de produção local; Warner, Sony e Fox no mercado de seriados; e também neste

contexto, a rede de canais ESPN, uma televisão voltada só para o esporte, 24h por dia.

A ESPN

A ESPN (Entertainment and Sports Programming Network) é um grande canal

proveniente dos EUA e atualmente ligado as organizações Disney - a ESPN é e 20% da

Hearst Corporation e 80% de propriedade da ABC Television Group (uma subsidiária

indireta da The Walt Disney Company). Ela foi fundada em 1979, nos Estados Unidos,

por Bill Rasmussen e seu filho Scott, como conta Peres (2010, p.3-4):

Tinham como objetivo a transmissão de programas esportivos, reportagens,

notícias e jogos ao vivo das mais variadas modalidades esportivas mundiais,

24 horas por dia. A emissora estreou em 7 de setembro transmitindo um jogo

de softball e poucas horas depois entrou com o SportsCenter. Em 1988

formou-se a ESPN International e foi em 1993 que a programação da rede foi

distribuída para o mundo.

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Ainda segundo Peres (2010), em junho de 1995, é fundada a primeira vertente da

emissora para fora dos Estados Unidos: a ESPN Brasil, cuja filosofia era – e ainda é –

sintetizada no slogan: "Informação é o nosso esporte". Porém, segundo o site de

pesquisa WIKIPEDIA, antes da fundação do canal Brasil, já havia chegado ao Rio de

Janeiro e São Paulo o canal ESPN USA, com áudio original em português. Mas, na

época, transmitindo programas de fitness, pescaria, críquete e ligas pouco populares até

nos Estados Unidos como a de beisebol universitário. Foi aí também que tivemos as

primeiras transmissões ao vivo de Futebol americano, Beisebol e Hóquei.

Hoje, a ESPN conta com 19 afiliadas chegando a mais de 190 países e sendo

transmitida em 21 línguas diferentes. Somente nos Estados Unidos têm mais de 100

milhões de assinantes, conta Peres (2010). Apesar disto, parece ainda não ter largado

suas raízes, pois basta algum tempo assistindo a sua programação, que logo se percebe

as características de um canal americano, com muitos esportes daquele país - apesar de

não se esquecer dos outros. De relação com a cultura brasileira, podemos dizer que há

uma ampla transmisão de futebol (soccer) internacional.

Mas talvez isso possa ser explicado. Em documentário feito por Paulo André

Zarpellon (2011), narradores e comentaristas da ESPN, como Paulo Antunes e Everaldo

Marques contam que o canal ESPN Brasil só foi ter sua sede em São Paulo no ano de

2006, quando eles foram contratados. Até então, todas as transmissões de esportes eram

feitas por comentaristas brasileiros sediados nos Estados Unidos, como o caso de André

José Adler – in memoriam – e Ivan Zimmerman. “A ESPN foi a primeira TV esportiva

24h por dia, a transmitir para o Brasil – em abril de 1992. Então tinha evento de futebol

americano, do homem mais forte do mundo, de tudo. E eu tinha de narrar”, conta Ivan

Zimmerman (Zarpellon, 2011).

Quando a ESPN decide estabelecer sua filial no Brasil, ela contrata um quadro

totalmente novo de funcionários. Como a programação do canal era primariamente

voltada para os esportes americanos, eles mesmos pouco sabiam sobre muitos daqueles

esportes, que dirá o público telespectador – afirmam comentaristas da ESPN

(ZARPELLON, 2011). Mas, se estavam criando uma sede no Brasil não era à toa.

Provavelmente era um indício de que a audiência brasileira vinha subindo no canal

internacional e de que o público aqui parecia simpatizar por aqueles esportes.

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PROGRAMAÇÃO ATUAL DA ESPN

A ESPN é uma rede de canais que já há algum tempo se preocupa em ter um

conteúdo multimídia e promover sempre a interatividade entre o canal e seus fãs. Como

descrito no próprio site:

A ESPN é a principal provedora de conteúdo esportivo multiplataforma na

mídia brasileira: onde quer que o fã de esportes esteja ele tem acesso ao

melhor da ESPN. A ESPN trás inovação com o ESPN.com.br e sua versão

móbile. Possui diversas plataformas digitais, como o Watch ESPN, que

permite acesso online a conteúdo exclusivo e dos canais para o fã de esporte

assistir, de qualquer lugar, o melhor da ESPN. A Rádio ESPN, que conta com

a equipe que mais entende de jornalismo esportivo e os aplicativos ESPN,

que fornecem inovação e conteúdo. Além de tudo isso, tem presença

marcante nas principais redes sociais (facebook, twitter e instagram). (ESPN)

No Brasil, ela conta com os canais ESPN, ESPN Brasil e ESPN+. O conteúdo da TV

possui alguns programas fixos, voltados para assuntos determinados, mas em sua

maioria é preenchido pela transmissão de jogos e/ou eventos esportivos nacionais e,

principalmente, internacionais. A programação televisiva diária pode ser acompanhada

através do website <espn.com.br>, onde também é possível achar os links para todas as

mídias sociais e para os blogs de seus comentaristas, narradores e jornalistas, por onde é

promovida a interatividade, de acordo com o programa que esteja no ar.

Quanto aos jogos, são transmitidos ao vivo os principais eventos esportivos do

mundo, entre eles as Olimpíadas, a Copa do Mundo da FIFA, UEFA Champions

League, UEFA Europa League, os Campeonatos Espanhol, Inglês e Alemão, Copa do

Brasil, NBA, NFL, NHL, Grand Slams de Tênis (US Open e Australian Open) e os X

Games – descreve o site Espn.com.br. Só pelos nomes já percebemos a grande

quantidade de eventos internacionais e de esportes americanos que são cobertos pela

emissora. Fora estes, é possível encontrar também eventos como a Liga Paulista de

Futsal ou a Liga Petrobrás de Handebol; mas são tão raros que nem anunciados no

website estão.

Já dentre os programas fixos, temos diversos deles que tratam do futebol bretão,

alguns voltados para esportes em geral, outros relacionados especificamente a tênis e

MMA e, por fim, os que falam somente dos esportes americanos (futebol americano,

beisebol, hóquei e basquete), suas famosas Ligas (NFL, MLB, NHL e NBA) e,

inclusive, alguns lances a respeito da prática dos mesmos no Brasil. Dentre os mais

conhecidos estão²:

² A descrição de todos os programas fixos aqui citados foram retiradas do site Espn.com.br.

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BATE-BOLA - em duas edições diárias, o futebol debatido de forma inteligente,

com muita informação, análises, entrevistas e bom humor;

LINHA DE PASSE - Os craques dos canais ESPN entram em campo toda

segunda-feira para debater tudo que aconteceu na rodada do final de semana;

THE BOOK IS ON THE TABLE - NBA, NFL, beisebol, e hóquei. Os principais

fatos que envolveram as ligas dos esportes americanos e a prática destas

modalidades no Brasil. Foi adicionado à grande em 2006, quando estabeleceram

sede em São Paulo.

SPORTSCENTER - o mais antigo de todos. Primeiro telejornal da ESPN, sua

edição brasileira estreou em 2000, como substituto do saudoso programa 30

minutos (ESPN Brasil, 2008): O resumo das principais notícias e imagens do

esporte pelo mundo. Um noticiário com análises dos assuntos mais relevantes,

estatísticas e gráficos ilustrativos.

Em 2012, chega ao Brasil a FOX Sports – canal já amplamente conhecido nos

Estados Unidos. Com isso, a ESPN perde o direito de transmissão de alguns

campeonatos de sua programação e também níveis de audiência. Para combater a

concorrente, então, se vê “obrigada” a reformular toda a sua programação, que teve

estreia em março de 2013. Segundo o site Wikipedia, novos programas surgiram, como

o Duetto nas segundas-feiras, o Segredos do Esporte às terças-feiras e o documentário

O Brasil da Copa do Mundo. O programa Futebol no Mundo teve sua edição de terça-

feira eliminada. Os programas Fora de Jogo e The Book is on the Table – que antes

tinham apenas meia hora de duração – passam a ser exibidos com uma hora de duração

e ao vivo. Por fim, o Sportscenter ganha mais uma edição de segunda a sexta na ESPN.

Ou seja, a atenção dada ao jornalismo esportivo internacional, inclusive aos esportes

americanos, tende a aumentar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A verdade é que, analisando os programas clássicos do canal – e até os nomes

dos mesmos, como Sportscenter, The book is on the table, e outros -, percebemos que a

rede de canais, independente de ter ganhado sua versão brasileira ou não, sempre teve e

continua tendo vínculos com a língua inglesa e com o país da América do Norte. Talvez

até como uma questão de linha editorial, para ser diferente, o canal deu preferência para

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a transmissão de esportes que, até então, não eram comuns no Brasil. E de certa forma

isso não é ruim, pois é só mesmo através do jornalismo esportivo que vamos conhecer

esportes que não são comuns ao nosso cotidiano, como descreve Fortes (2011):

Um aspecto crucial é a contribuição dos meios de comunicação para a

divulgação de modalidades esportivas e seu acompanhamento e prática pelas

pessoas”, acrescentando que “O fato de uma modalidade estar na mídia e

receber cobertura ampla e favorável ajuda bastante a potencializar o público e

seu interesse e curiosidade.

Assim, surgem os esportes americanos praticados pelos brasileiros. E estes sim,

tem alguma cobertura jornalística dos canais de TV por assinatura dentro do rol de seus

programas, os mesmos que tratam dos esportes internacionais, como o The book is on

the table, por exemplo. Neles os jornalistas comentam notícias da NFL (Liga Nacional

de Futebol Americano), mas também fazem reportagens com os times brasileiros que já

praticam o esporte. E o mesmo acontece com o hóquei, com o beisebol e até com o

rúgbi – esporte que será olímpico a partir de 2016, mas que ainda não conseguiu ganhar

a mídia, apesar de sua popularidade hoje – dentre os meios de comunicação e a

população – ser muito maior do que há poucos anos atrás. O que não há realmente são

transmissões de jogos de campeonatos brasileiros ou cobertura jornalística dos esportes

considerados mais “abrasileirados”.

Portanto, não fosse a transmissão de todo e qualquer esporte por emissoras de

televisão ou outros veículos de comunicação, como a ESPN, ficaríamos presos ao

mundo restrito dos esportes “brasileiros” como o futebol, vôlei, basquete, esportes de

praia e só e talvez nunca descobríssemos o que é uma partida de “Lacrosse” ou qual a

diferença entre rúgbi e futebol americano.

Outro ponto a se considerar é que o canal ainda é razoavelmente novo, os

esportes brasileiros são consideravelmente novos e um tanto sem estrutura

organizacional. Assim como o jornalismo, a notícia, o jornal impresso, tudo que foi

mencionado começou com as notícias internacionais, o nosso esporte também tenha que

começar com os parâmetros internacionais para posteriormente criar os nacionais.

Então, talvez estejamos ainda almejando algo difícil de acontecer no presente, porém

possível para um futuro próximo, desde que não nos acomodemos e estruturemos o

nosso esporte de acordo com os moldes apropriados para a TV, para o jornalismo

esportivo de qualidade.

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