ARTIGO - A EVOLUÇÃO ECÔMICA DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA (BA) DO SÉCULO XVI AO SÉCULO XXI
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EVOLUÇÃO ECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA (BA):
do Século XVI ao Século XXI
Rosali Braga Fernandes
Doutora em Geografia
UNEB
Leila Cristina da Silva Oliveira
Mestra em Políticas Públicas,
Gestão do Conhecimento e
Desenvolvimento Regional
SENAC
RESUMO
A partir do contexto e das principais características do Recôncavo Baiano, o artigo analisa a evolução do município de Cachoeira, desde seu povoamento no século XVI, seu apogeu econômico no século XIX, sua decadência a partir do início do século XX e seu reaquecimento no século XXI. Ainda que o principal enfoque seja o econômico, são abordados também aspectos demográficos, sociais e geográficos para demonstrar a trajetória de referido município.
Palavras-Chave: Cachoeira. Recôncavo Baiano. Desenvolvimento Local.
ABSTRACT
From the context and key features of Recôncavo, this article analyzes the Cachoeira’s town evolution, from its settlement in the XVI century, economic peak in the XIX century, decline from the early XX century and rewarming in XXI century. Although the main focus is the economic aspects, are also addressed demographic, social and geographical order to demonstrate the municipality trajectory.
Key Words: Cachoeira. Recôncavo Baiano. Local Development.
INTRODUÇÃO
O artigo se propõe a avaliar, a trajetória evolutiva de Cachoeira, desde
as suas origens (século XVI) até a chegada da Universidade Federal do
Recôncavo Baiano (UFRB) no século XXI e pertence a uma pesquisa mais
ampla (OLIVEIRA, 2012) onde foram realizados levantamentos bibliográficos,
cartográficos e estatísticos, além de trabalhos de campo com realização de
entrevistas variadas.
CARACTERIZAÇÃO GERAL
Na divisão do Estado da Bahia por Territórios de Identidade, o
Recôncavo congrega 20 municípios: Cachoeira, Cabaceiras do Paraguaçu,
Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macêdo Costa,
Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo
Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, São Francisco do
Conde, São Sebastião do Passé, Sapeaçu, Saubara e Varzedo.
O Recôncavo é definido como a área continental que se apresenta na
forma côncava margeando uma grande cidade ou um grande porto. O
Recôncavo baiano se apropriou dessa nomenclatura, a qual passou a traduzir
sua dimensão socioeconômica. Santos (2009) ressalta que o Recôncavo
baiano é constituído por sub-regiões determinadas pelos tipos de produção
agrícola e pelas relações comerciais estabelecidas.
O Recôncavo baiano, região de topografia baixa - exceção da faixa
entre Muritiba e Cruz das Almas - com altitude média de 200m, está encravado
numa extensão de terra composta por tabuleiros e mangues e sua
denominação tradicional remete diretamente a sua função de periferia de
Salvador e a forma geométrica côncava em torno da Baía de Todos os Santos.
Em termos naturais, os municípios apresentam homogeneidade relativa
de fatores físicos - clima, regime pluviométrico, dentre outros - e o solo tem
baixa fertilidade em sua maior extensão, mas é adequada à pecuária extensiva
e ao cultivo de plantas cítricas, cana-de-açúcar e mandioca, culturas
beneficiadas pela distribuição de chuvas regulares entre 1.100 e 2.000mm,
anualmente. A temperatura média oscila em 23ºc e o relevo é modelado em
tabuleiros (Ilustração 1).
Ilustração 1 – Mapa do Território de Identidade Recôncavo, com destaque para o município de Cachoeira
Fonte: SEI, 2011
O Recôncavo é banhado pelos rios, Subaé, Jiquiriçá e Paraguaçu, este
a principal via fluvial da região, cujo volume d’água, calculado em torno de
4.650.000 m³, viabilizou tecnicamente o projeto da barragem de Pedra do
Cavalo, abrangendo Cachoeira, São Felix, Governador Mangabeira, Muritiba,
Cruz das Almas e Cabaceiras do Paraguaçu, além de Conceição da Feira,
Antônio Cardoso, Santo Estevão e Feira de Santana.
O Recôncavo contrasta com as demais regiões por ser a única com começo, meio e fim, com limites. A identidade cultural da região é a única no Estado da Bahia: o único caso em que as pessoas são conscientes de ser parte de uma região e não de uma localidade ou de um município (PEDRÃO, 2007, p.12).
O município de Cachoeira ocupa 395,21 km², está distante 110 km de
Salvador e 46 km de Feira de Santana. Ele é servido pelas rodovias
BR-324/BA-026 (via Santo Amaro), BR-101/BA-502 (via distrito de Belém), BR-
101/BA-492 (via Muritiba) e BR-101 (Via distrito de Capoeiruçu) e BR-101 (via
São Félix). Possui quatro distritos – Belém, Murutuba, Santiago do Iguape e
Capoeiruçu, Além das vilas: São Francisco do Paraguaçu, Boa Vista, Tupim,
Pinguela, Saco, Alecrim, Formiga, Bela Vista, Opalma, Engenho da Ponte,
dentre outros.
Seus limites geográficos coincidem com os municípios de Conceição
da Feira ao norte, Santo Amaro e Saubara a leste, São Félix, Maragogipe,
Governador Mangabeira e Muritiba a oeste. O município apresenta temperatura
média anual de 25,4º, seu relevo é caracterizado pela presença de formações
do tipo tabuleiro e sua hidrografia tem como principal curso o Rio Paraguaçu,
que forma a Baía do Iguape.
A cidade de Cachoeira foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional em 1971, por causa da sua arquitetura em estilo
predominantemente barroco e reúne o segundo maior acervo arquitetônico do
Estado da Bahia. Seu casario, igrejas e prédios históricos preservam a imagem
do Brasil Império.
SÉCULOS XVI – XIX: SURGIMENTO E APOGEU
Em 1511 os portugueses expedicionários chegaram ao último ponto
navegável do Rio Paraguaçu, limitados por uma queda d’agua; uma
“cachoeira”. Somente em 1531, com a expedição de Martim Afonso de Souza e
Paulo Dias Adorno foram realizadas as primeiras tentativas de povoamento nas
áreas do Paraguaçu. Na margem esquerda, foi construída a Freguesia, a qual
foi elevada à categoria de “Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da
Cachoeira” em 1698 (grifo nosso).
Santos (2009) destaca que, para evitar e combater a exploração
clandestina das terras recém-descobertas, o governo português iniciou o
povoamento da região concedendo terras aos portugueses com recursos, para
que fossem instalados os primeiros engenhos de cana-de-açúcar, iniciando
assim, a expansão da atividade açucareira. E completa:
A importância de Cachoeira naquele contexto deveu-se ao fato de ter se constituído como pontos de ligação estratégica entre Salvador e os sertões. O território era privilegiado por ser o último ponto navegável do rio Paraguaçu onde se instalou um dos portos comerciais mais movimentados durante vários períodos do desenvolvimento baiano. Ao longo do século XVII ao XIX as rotas comerciais entre o Recôncavo e Salvador intensificaram-se formando uma unidade complexa que abrangia mercados com dimensões internacionais, nacionais e finalmente regionais (SANTOS, 2009, p.57).
Para Brito (2008) o Recôncavo Baiano tornou-se uma extensão do
espaço geográfico diretamente associado aos aspectos econômicos, sociais e
culturais sob as influências da tradição da economia açucareira e de suas
atividades complementares, tais como a produção de alimentos e criação de
animais para o abastecimento da população local e a fumicultura, que
inicialmente servia como meio de troca no tráfico de escravos.
As relações econômicas do Recôncavo foram, durante muito tempo,
representadas pela Vila de Cachoeira, a qual concentrava o centro político
administrativo da localidade (SANTOS, 2009). Sendo composta pela sede e
mais sete Freguesias: Senhor Deus Menino de São Félix; São Pedro de
Muritiba; Nossa Senhora do Desterro do Outeiro Redondo; Nossa Senhora do
Bom Sucesso da Cruz das Almas; São Thiago do Iguape; Nossa Senhora da
Conceição da Feira e Santo Estevam do Jacuípe.
Devido a sua importância político-econômica, Cachoeira teve destaque
nas lutas pela Proclamação da Independência do Brasil, ao dominar um navio
da armada portuguesa, em 25 de junho de 1822, transformando a cidade num
dos principais pontos de resistência. Em 13 de março de 1837, Cachoeira é
elevada à categoria de Município pela Lei Provincial n.º 43, também recebendo
o título de “Cidade Heróica”.
O século XIX é marcado pelo desenvolvimento econômico e social da
cidade, devido à evolução dos meios de transporte. Segundo Bacelar (1975),
em 04 de outubro de 1819, Cachoeira deu início à navegação a vapor no
Brasil, mas, somente em 1839 teve começou o trafego regular de passageiros
e cargas com a criação de uma companhia de navegação a vapor entre os
portos da Baia de Todos os Santos.
As principais lavouras no Recôncavo originavam-se da exploração de
cana-de-açúcar e fumo, utilizando mão-de-obra escrava ou homens livres
contratados. A partir dessas culturas, outras atividades subsidiárias se
desenvolveram no entorno do engenho: a pecuária, a agricultura, o café, o
algodão, entre outros (SANTOS, 2009).
O grande móvel que proporcionava a expansão e/ou a contração da
economia açucareira no Recôncavo Baiano era, sem dúvida, a demanda e os
respectivos preços animadores do açúcar e do fumo no comércio exterior, entre
os séculos XVI - XVIII. Disseminando o cultivo destes e relegando a segundo
plano quaisquer outra cultura agrícola e/ou criação de animais, os quais tinham
somente função acessória (BRITO, 2008)
No entanto, embora o açúcar mantivesse relativa vitalidade, o grande
produto do município era o fumo. Este último, com ampla produção na região
teve grande importância econômica até meados do século XX. Segundo Brito
(2008) a fumicultura foi introduzida nas partes mais periféricas das terras do
Recôncavo Baiano, complementando a economia açucareira.
Santos (2009) observa que o clima e o solo específicos do Recôncavo
Sul, proporcionavam a produção do fumo de melhor qualidade para charutos
nacionais e internacionais.
Cultural e socialmente, a atividade fumageira sempre teve pouco prestígio, era lavoura de pobre e, por isso, as relações sociais e de produção na fumicultura, nesse período, eram menos rígidas que na zona canavieira, mas ainda sob o julgo de relações paternalistas entre patrões e empregados, tais como as que se davam nas usinas (BRITO, 2008, p. 65).
A população de Cachoeira vivia em torno do fumo: o cultivo, a
comercialização, a fabricação de charutos, o transporte, o armazenamento e o
beneficiamento do mesmo. Com o aumento da produção fumageira visando a
exportação, grandes fábricas foram instaladas na região por empresários
europeus interessados no fumo aromático para a produção de charutos. Tal
opção pelo fumo marcou o fim da centralidade da agroindústria açucareira na
região. Já na segunda metade do século XIX a produção de charutos tornou-se
a atividade agroindustrial mais importante de Cachoeira, tendo como destaque
as indústrias Suerdieck (alemã), a Leite & Alves (brasileira) e a Companhia de
Charutos Dannemann (alemã) na Freguesia de São Félix. O Recôncavo então
se tornou o berço da produção fumageira brasileira mantendo-se na liderança
até meados do século XX (SANTOS, 2009).
Segundo Bacelar (1975), ao mesmo tempo em que se desenvolvem as
atividades industriais, relacionadas, com o fumo, Cachoeira dispunha do maior
tráfego comercial da Bahia e, devido ao seu grande raio de influência servindo
regiões de variadas atividades econômicas, era a principal sede da partida e
chegada.
A era ferroviária iniciou-se na segunda metade do século XIX e teve importância decisiva no processo de elaboração urbana do Recôncavo, segundo Santos (1998). As ferrovias partiam dos portos já solidamente estabelecidos, a começar por Salvador, enquanto as demais tinham como estação inicial as cidades de Cachoeira/São Félix, Santo Amaro e Nazaré. As estradas de ferro vieram a favorecer de modo sensível os portos a que serviam, especializando-os ainda mais naquele momento. A construção da Estrada de Ferro Central da Bahia, e partindo de Cachoeira em direção a Feira de Santana em fins de 1880 reafirmou a potencialidade da região, favorecendo, sobretudo, a região fumageira; enquanto a estrada de ferro e porto de Santo Amaro tornava-se quase que exclusivamente responsáveis pela produção açucareira (SANTOS, 2009, p.59).
A década de 1860 é, para Cachoeira, um período básico de sua
evolução socioeconômica. A ferrovia consolidou a posição de Cachoeira como
centro comercial no Recôncavo. Segundo Bacelar (1975), no primeiro ano de
operações a companhia transportou mais de 25 mil passageiros e quase 6 mil
toneladas de carga, especialmente fumo e gêneros alimentícios para os
mercados da capital e das cidades do Recôncavo.
A cidade de Cachoeira dispunha de uma infraestrutura de apoio às atividades comerciais manufatureiras, fábricas e trapiches de fumo, além de serviço a população em geral, como por exemplo: agências bancárias, justiça, serviços de entretenimento e cultura, serviços de saúde, colégio de ensino médio, órgão da administração pública federal e estadual dentre outros (BRITO, 2008, p. 94).
“Na região fumageira, o crescimento da maioria dos núcleos hoje com
funções urbanas ou para-urbanas está relacionado à chegada da ferrovia
paralelo ao crescimento da comercialização do fumo” (SANTOS, 2009, p.78).
Por dispor de um porto fluviomarinho, conectado a uma estrada de
ferro – Central da Bahia – ligando a cidade de Salvador à região Sudeste do
Brasil, partia de Cachoeira um ramal para a cidade de Feira de Santana. Brito
(2008,p. 93) observa que
[...] ao longo do trajeto a ferrovia colocava em comunicação varias localidades e cidades próximas e distantes, especialmente situadas nos municípios fumageiro. Esses dois equipamentos serviam para fazer o transporte de vários tipos de mercadorias provenientes de zonas adjacentes (principalmente o fumo) e do Sertão para o porto exportador em Salvador, ao tempo em que também cumpriam a função de receber e distribuir as mercadorias provenientes desta cidade ou que a ela chegavam como resultado do comércio inter-regional.
Para Santos (2009) a construção da estrada ligando Cachoeira a Feira
de Santana favoreceu uma forte relação comercial entre ambas, principalmente
pela via de acesso para as regiões do norte do Recôncavo e para Salvador. O
porto de Cachoeira continuou sendo ponto de ligação entre a navegação fluvial
e as rotas terrestres até fins do século XX.
SÉCULO XX: DECADÊNCIA
O século XX caracterizou-se pelo declínio e consequente estagnação
econômica do município de Cachoeira. Como fatores cruciais neste processo
destacam-se: as crises do fumo e do açúcar – iniciadas no final do século XIX;
e a chegada da Petrobras (em meados do século XX) na região do Recôncavo
que favoreceu, alguns municípios em detrimento de outros como Cachoeira. A
referida estagnação economia perdurou até o início do século XXI. Os itens a
seguir, analisam tais estágios individualmente.
Desde a primeira grande crise do ciclo econômico da cana-de-açúcar,
na segunda metade do século XVII, a área do cultivo de cana-de-açúcar
passou a diminuir no Recôncavo Baiano, apesar dos subsídios da Coroa
Portuguesa. Para Brito (2008), na primeira metade século XIX, o açúcar
brasileiro, vinha sofrendo com a concorrência dos produtores estabelecidos nas
Antilhas e do açúcar de beterraba, produzido na Europa.
Os proprietários e a lavoura não suportavam o custo de contratação de
trabalhadores livres, importados constantemente para substituir a mão-de-obra
escrava. Porém, o processo de industrialização favoreceu a produção
fumageira e seu complexo agroindustrial a partir de meados do século XIX,
ensejando a indústria de charutos e ponteando uma trajetória também marcada
pela alternância de períodos de prosperidade e de crise (SANTOS, 2009).
A partir de 1873 abre-se, o ciclo descendente da economia açucareira
no Recôncavo, devido a uma sequência de fatores como: a retomada da
produção de açúcar nas Antilhas; a introdução da beterraba como matéria-
prima principal no processo de fabricação do açúcar europeu; e,
principalmente, a Abolição da Escravatura em 1888.
Segundo Brito (2008) a decadência da atividade açucareira e a
concentração de usinas de açúcar restritas a uma pequena área ocorreu não
só pela existência de grandes distâncias a vencer e pela precariedade do
sistema de transporte no Recôncavo Baiano. Destacam-se, também, aqui as
ações de natureza especulativa determinadas pelo fato da atividade ter se
desenvolvido usufruindo dos subsídios do Estado e pelo lucro fácil ao qual os
grandes comerciantes e financistas que controlavam a atividade açucareira na
Bahia estavam acostumados.
Para Santos (2009) o Recôncavo sofria desde o final do século XIX
com: a diminuição dos negócios da lavoura; o êxodo da mão-de-obra local para
as minas de ouro e diamante na Chapada Diamantina; e a falência das forças
produtivas a partir da extinção do trabalho escravo.
Durante os primeiros quarenta anos do século XX, o Recôncavo presencia a desorganização de seus arranjos de produção e a
redução dos circuitos de tráfego inter-regional, por terra e mar. Mesmo diante dessa reorganização a região continua a manter-se, por mais algum tempo ainda, de certo modo intacta enquanto paisagem, com muito de suas tradições e da dignidade das cidades de antes. A situação muda completamente a partir da segunda metade do século, quando a expansão da rede rodoviária nacional e a integração do mercado interno terminariam por marginalizar os velhos centros de produção regional e por debilitar a impotente rede urbana que envolvia a Baía de Todos os Santos (SANTOS, 2009, p. 75).
Com a Primeira Guerra Mundial, o açúcar brasileiro voltou a ser
valorizado. Porém, em meados de 1923, houve a retomada da produção do
açúcar de beterraba na Europa, levando o Recôncavo açucareiro a mergulhar
numa nova crise. Este mesmo fenômeno se repetiu durante a Segunda Guerra
Mundial, culminando numa crise financeira ainda maior para a economia
açucareira do Recôncavo Baiano, graças à ação especulativa dos usineiros
baianos. Enquanto os usineiros das mais importantes regiões brasileiras
produtoras de açúcar – São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco – ampliavam
o numero e usinas e a capacidade de moagem de cana (BRITO, 2008).
A tradicional cultura do fumo no Recôncavo ocupa lugar de destaque na economia da Bahia até o final da Segunda Guerra Mundial quando mantinha a primazia da produção nacional. O declínio da produção nesse período deu-se pela influência que os americanos exerceram nos hábitos dos fumantes em todo o mundo, que no Brasil induziu os fumantes a trocar os charutos pelos cigarros. Este aspecto exerceu uma influência significativa sobre o futuro dos fumos da Bahia, tanto na produção de charutos como de matérias-primas no momento em que o Sul do Brasil começou a prosperar. Soma-se a isto a incapacidade das manufaturas de charutos do Recôncavo promover a modernização de sua estrutura produtiva; a queda do volume de produção; o aumento da carga tributária; a incapacidade de competir com a indústria sulista na produção de cigarros e a expansão da produção em outras regiões (MESQUITA & OLIVEIRA apud SANTOS, 2009 p.61).
Com grande parte das usinas em estado de “fogo morto”, já na
segunda metade da década de 1940, o capital empregado na atividade
açucareira revelava a agonia de seu processo de reprodução. A atividade
açucareira se mantinha de maneira quase que especulativa (BRITO, 2008).
Como consequência da grave crise que pairava sobre a economia regional,
motivada pela aceleração progressiva da escassez de empregos, somado ao
fato de que quase a totalidade das terras pertencia aos usineiros e fazendeiros,
a população passou, então, a migrar preferencialmente para a capital da Bahia.
A partir dos anos 1950, um novo ciclo econômico reaquece o
Recôncavo Baiano: a exploração de petróleo e outras atividades industriais.
Nas terras desapropriadas pela Petrobrás, brotam florestas de eucaliptos e
pinheiros para produção de carvão vegetal. Plantações de bambu se
expandem para atender a demanda das fábricas de papel. O dendê é cultivado
para abastecer a indústria siderúrgica. Contudo o petróleo não existia em todo
o Recôncavo Baiano, mas apenas em uma parte dele. A paisagem do
Recôncavo se transforma e os canaviais ficam delimitados a pequenas
superfícies.
A criação da Petrobrás, especialmente, com seus campos e refinarias, transformaria definitivamente o cenário do Recôncavo baiano de forma desigual, deixando de fora o alto e o baixo Recôncavo e afetando profundamente a produção do fumo, da cana e a produção ceramista. De fato, o início da exploração petrolífera causou um forte impacto sobre aquela velha região de origem colonial e território de produções fumageira e açucareira de teor mais tradicional (SANTOS, 2009, p.76).
Como Cachoeira não fazia parte dos municípios produtores de petróleo
nos anos de 1960, caracterizando sua produção decadente entre a cana-de-
açúcar e o fumo, restava-lhe servir de base da força de trabalho que compunha
o exército industrial de reserva à disposição da Petrobras (BRITO, 2008).
Segundo Pedrão (2007) a entrada da Petrobras e a produção petroleira
incentivaram a modernização local. O novo movimento de valorização começa
no período do Estado Novo devido à promoção de políticas de infraestrutura e
de modernização, alterando os papéis das cidades tradicionais. Cachoeira, que
sempre fora a porta de entrada para o Sertão através do vale do Rio
Paraguaçu, cedeu lugar a Santo Antônio de Jesus, onde se iniciou o plano de
transporte rodoviário. O que se verificou nas décadas seguintes foi a imersão
do município num quadro econômico caótico, levando os quadros qualificados
a migrarem para a capital baiana ou para os municípios produtores de petróleo.
O decênio 1930-1940 iniciou no Recôncavo uma fase de grandes
transformações na hierarquia regional. E a revolução dos meios de transporte
foi uma grande indutora da referida mudança. Cachoeira seria afetada
profundamente por esse processo, pois, se o vapor e a ferrovia fortaleceram
sua posição como centro comercializador, a construção das estradas de
rodagem e a extensão da rede ferroviária teria efeito diverso.
Cachoeira traz consigo a ausência do dinamismo econômico desde o
final da década de 1960, fruto do débil fluxo de entrada de capital e também do
movimento emigratório. Por um lado se mantém a riqueza cultural, que é
característica marcante da região, e por outro, paradoxalmente, se generaliza a
pobreza:
A realidade do fenômeno urbano no Recôncavo Baiano era bem mais complexa e a classificação funcional dos núcleos urbanos que se sugere constituir apenas uma aproximação possível dessa realidade com as limitações inerentes as próprias informações históricas. A hierarquia das cidades numa rede urbana não surge como um fato dado, mas das condições de como o capitalismo se reproduz e, por conseguinte, como o mesmo em seu processo de reprodução produz o território em questão (BRITO, 2008, p. 89).
Cachoeira entra progressivamente em declínio econômico e social, o
que tipifica uma economia de apogeus e decadências em que a melhora da
situação de algumas regiões ocorria simultaneamente com o empobrecimento
de outras. Segundo Bacelar (1975) em 1933, Cachoeira se comporia apenas
da sede, de Belém, São Tiago do Iguape e Patos, para em 1938 constituir-se
nos atuais distritos: Belém e Iguape.
Para Santos (2009, p. 77)
[...] o processo de desenvolvimento do sistema viário, a monetarização dos círculos locais da economia popular e o crescimento da população foram alguns dos principais fatores responsáveis por uma redefinição das condições de vida do Recôncavo e pela valorização de outros centros urbanos como Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus e Feira de Santana, tendo esta última se tornado o maior entroncamento rodoviário do Nordeste.
Para Santos (2009) essa ligação entre capital e Feira de Santana
deslocou Cachoeira para fora do eixo de crescimento econômico. Esse vínculo
havia se formado durante muito tempo pelo transporte marítimo-fluvial devido à
localização privilegiada da cidade entre a Baía de Todos os Santos e o Rio
Paraguaçu. A própria evolução do sistema de navegação marítimo-fluvial,
associado ao assoreamento do Paraguaçu, tornou impraticável o trânsito
comercial no porto de Cachoeira.
Efetiva-se nova reorganização do espaço no Recôncavo, deixando Cachoeira de exercer o papel de império comercial que lhe pertencera. Feira de Santana, grande beneficiada, torna-se um dos sítios mais atraentes para os transportes provenientes de outras
regiões e Estados, enquanto Cruz das Almas passa a comandar as relações no Recôncavo fumageiro (BACELAR, 1975, p. 10).
Segundo Brito (2008) no Estado da Bahia subsistiam zonas de
atividades agropecuárias e agroindustriais: açúcar e fumo (Recôncavo Baiano),
cacau (Sul da Bahia), sisal e gado (Sertão), pouco prosperas, autárquicas e
controladas pelos financistas e pelos grandes comerciantes sediados na cidade
do Salvador. Assim a produção de alimentos e a criação de animais de corte e
leite ocorriam de maneira marginal, em pequena escala. Contudo, o Recôncavo
Baiano como um todo, gerava um excedente de alimentos que eram
produzidos como substitutos ao açúcar e fumo – ambos em crise. Vale notar
que o excedente que não se comercializava na cidade do Salvador era
oferecido nas feiras-livres locais.
Como desdobramento de um longo período de decadência econômica, de desvalorização de seu patrimônio e perda secular de seus recursos humanos, o Recôncavo chegou, no começo deste século, junto com o conjunto do Estado da Bahia, a um estado de prostração, do qual não se recuperou. A tentativa do Governador Góes Calmon, por volta de 1920, de recuperar a economia baiana, em torno da combinação da agroindústria do açúcar com a indústria têxtil, que certamente teria beneficiado essa região, não teve sucesso significativo. A região caiu num processo de paulatino esvaziamento. Ficando adiante excluída dos movimentos de urbanização e industrialização que atingiram a Bahia, a partir de Salvador, na década de 1950 (PEDRÃO, 1998, p. 219).
A cidade perde a vitalidade, tornando-se o esboço degradado de um
dos núcleos mais importantes, na esfera socioeconômica do Recôncavo
Baiano. Com a retração e a extinção de uma imensa rede de serviços,
atividades comerciais e industriais, a oferta no mercado de trabalho local sofre
uma forte retração, aumentando progressivamente o numero de
desempregados na cidade. Com o declínio econômico, a cidade perdeu
importância como centro de fluência migratória ao mesmo tempo em que, sua
população começa a migrar para as cidades economicamente ativas –
Salvador, Feira de Santana, Candeias, Camaçari, entre outras.
A região tornou-se a principal supridora de trabalho não qualificado quase servil para Salvador – empregadas domesticas biscateiros etc. – e em suas cidades passou a depender, cada vez mais, da renda monetária de aposentados (PEDRÃO, 2007, p.16).
Para Pedrão (2007, p. 10) “A inibição do crescimento da população do
Recôncavo acentuou-se desde 1967, quando coincidiu a desativação do porto
de São Roque do Paraguaçu, a inauguração da BR 116 e a implantação do
Centro Industrial de Aratu”.
Outro aspecto importante segundo Bacelar (1975) são as enchentes do
Rio Paraguaçu, que exerciam forte influência psicossocial na população local,
além de deteriorar o acervo arquitetônico.
No ano de 1971, a cidade de Cachoeira tem seu conjunto arquitetônico e paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e a cidade recebe o título de Cidade Monumento Nacional. Esse órgão federal vinculado ao Ministério da Cultura torna-se então o responsável pela vigilância e manutenção da integridade desse patrimônio tombado, isto é, alvo das medidas de proteção. Esse cuidado se estende aos edifícios, imóveis privados e públicos e monumentos de grande importância, herança da colonização portuguesa, o que restou do casario colonial e marcado pela influência do barroco tardio. São cerca de 1.200 imóveis tombados pelo IPHAN num perímetro de 78 hectares (SANTOS, 2009, p.79-80).
Na década de 1980 o Governo da Bahia começa a estruturar a
exploração da atividade turística no litoral baiano e em suas imediações.
Devido ao seu conjunto arquitetônico preservado desde o período colonial e a
sua proximidade de Salvador, Cachoeira torna-se um dos principais roteiros
turísticos do Estado da Bahia. Contudo a cidade sofre com a sazonalidade do
mercado turístico, além da falta de investimentos e políticas públicas voltadas
para a profissionalização e linearidade do turismo local. Assim, economia do
município permanece incipiente durante toda a década de 1990.
A retomada do crescimento econômico iniciou-se no século XXI, com o
início do Programa Monumenta – restaurando o patrimônio arquitetônico do
município, a instalação do pólo de curtimento da Mastrotto Brasil S/A e a
implantação do Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL) da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cachoeira.
SÉCULO XXI: NOVOS RUMOS
Mas, como nada está, de fato, estagnado, o processo de mudança
começa a trazer seus reflexos. É o que podemos observar, por exemplo, no
último Censo Demográfico do município de Cachoeira, efetuado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 (Tabela 1).
Tabela 1 – População Residente, Taxa de Urbanização e Densidade Demográfica – Censo 2000 e 2010
AnoPopulação Residente
Taxa de Urbanização
Densidade Demográfica (Hab/Km²)Total Urbana Rural
2000 30.416 15.831 14.585 52,05 76,332010 32.026 16.387 15.643 51,17 81,06
Fonte: IBGE, 2011.
Uma análise dos dados constantes da Tabela 1, revela que a
população do município aumentou em torno de 5,3% entre 2000 e 2010.
Verificou-se também, um crescimento da população urbana entre 2000 e 2010
aproximadamente 3,5%, se comparado ao crescimento da população rural de
7,2% no mesmo período. A densidade demográfica teve em 10 anos um
aumento de 6,2%, enquanto a taxa de urbanização teve uma redução de
aproximadamente 1,7%, dado o tombamento da sede do município.
De acordo com o mesmo Censo, a população é predominantemente
composta por jovens entre 10 e 29 anos de idade, os quais respondem por
40% da população total do município, seguidos pelos adultos de 30 a 59 anos
de idade, os quais compõem 35% da população local. As crianças de 0 a 9
anos de idade correspondem a 15% da população e, os idosos entre 60 e 99
anos de idade, a 10%, seguidos pelos centenários com 0,04%.
A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)
publicou em 2008 os Índices de Desenvolvimento Econômico e Social dos
Municípios Baianos, onde o município de Cachoeira, dentre os 417 municípios
que compõem Estado da Bahia, foi classificado da seguinte forma: 25º no
Índice de Desenvolvimento Social (IDS)i; 65º no Índice do Nível de Saúde
(INS); 4º no Índice do Nível de Educação (INE); 104º no Índice dos Serviços
Básicos (ISB); 64º no Índice da Renda Média dos Chefes de Família (IRMCH).
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – 2008 (IBGE,
2011), o município de Cachoeira possui 7.433 unidades de economias ativas e
domicílios abastecidos com água. Com um volume de água tratada e
distribuída por dia de 3.123 metros cúbicos. Possuía nas escolas do nível pré-
escolar até o nível superior em 2008 um total de 11.298 alunos matriculados,
93 instituições de ensino e 504 docentes. Em 2009 o município possuía 26
estabelecimentos de saúde, sendo que 22 desses estabelecimentos eram
públicos e geridos pelo município e que 4 deles pertenciam à esfera privada.
A agricultura do município de Cachoeira é composta substancialmente
pelas lavouras de mandioca, cana-de-açúcar, dendê e cítricos. A pecuária local
é composta por bovinos, caprinos, suíno, ovinos, equinos, asininos, muares e
principalmente aves. Vale ressaltar que, apesar da grande concentração de
aviários na zona rural do município, todo o processo de abatimento é realizado
no município de Conceição do Almeida. A apicultura está em franco
desenvolvimento, graças aos incentivos dados à Associação de Apicultores do
Recôncavo.
No setor industrial, destacam-se as indústrias de couro para calçados,
papel reciclado, laticínios e derivados da cana-de-açúcar. Contudo a
participação do setor secundário na economia local é inferior aos serviços.
No setor serviços o município dispõe de um hospital público, farmácias,
lojas de calçados e vestuários, supermercados e lojas de conveniências. Bares
e restaurantes compõem a estrutura de lazer local, além de pousadas, apart-
hotéis e pensões. O turismo cultural é uma das fontes de geração de renda
local, já que a cidade é tombada pelo IPHAN como patrimônio arquitetônico,
além das festas populares e religiosas, com destaque para a festa de São João
em Junho e da Irmandade da Boa Morte em Agosto. O município dispõe ainda
de três bancos, 3 colégios particulares, 2 colégios públicos, uma faculdade
particular e a UFRB como universidade pública.
Ainda de acordo com os Índices de Desenvolvimento Econômico e
Social dos Municípios Baianos, publicados pela SEI em 2008 e, levando em
consideração os 417 municípios que compõem Estado da Bahia, Cachoeira
teve a seguinte classificação: 55º no Índice de Desenvolvimento Econômico
(IDE)ii; 66º no Índice de Infraestrutura (INF); 78º no Índice de Qualificação da
Mão-de-obra (IQM); 62º Índice do Produto Municipal (IPM).
Segundo dados do IBGE, o município de Cachoeira em 2008 acumulou
o PIB a preços correntes de R$ 173.990 milhões, participando com
aproximadamente 0,15% do PIB do Estado da Bahia. A Tabela 2 demonstra a
evolução detalhada do PIB do município entre 2003 e 2008:
Tabela 2 – Valor Adicionado, PIB e PIB Per Capita a preços correntes no município de Cachoeira, no Estado da Bahia – 2004-2008
Ano
Valor Adicionado (R$ milhões) Valor Adicionado
APU (2)
(R$ milhões)
Impostos Sobre
Produtos(R$ milhões)
PIB(R$
milhões)
PIBPer Capita(R$ 1,00)Agropecuária Indústria
Serviços (1)
2004 13,17 36,36 60,35 21,28 12,57 122,45 3.886,422005 10,97 50,09 70,08 26,00 10,17 141,31 4.451,002006 11,82 52,61 80,16 27,56 11,42 156,02 4.878,252007 12,31 49,28 89,21 31,20 11,21 162,00 5.022,942008 14,23 46,25 101,32 N/I 12,17 173,99 5.194,50
Fonte: SEI (2010), IBGE (2010) (1) Inclui APU. (2) Administração Pública (atividades governamentais).
Entre 2004 e 2008, o PIB do município teve um crescimento médio de
8,42%, sendo que o PIB Per Capta, acompanhou esta tendência de
crescimento, na ordem de 6,73%, (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Evolução do PIB do município de Cachoeira, no Estado da Bahia, 2004-2008
Fonte: Oliveira, 2012.
Vale ressaltar, que em 2005 – ano de início das atividades da UFRB no
município – houve o maior índice de crescimento do PIB, 15,40% em relação a
2004, seguido de 10,41% em 2006. O ano de 2007 teve o menor índice de
crescimento do período, 3,83% – um reflexo da crise econômica mundial.
Contudo, em 2008, registra-se um crescimento na ordem de 7,40%. Tais
valores, proporcionaram ao município, de 2004 a 2008, uma taxa de
crecimento médio anual de 9,26%. Nesta tendência de crescimento do PIB no
i IDS- O conceito de Desenvolvimento Social pressupõe que a população dos municípios está sendo atendida por serviços de educação e saúde e tendo acesso aos serviços de água tratada e energia elétrica, além da ideia de que os chefes de família recebem uma remuneração mensal. Para exprimir este conceito, o IDS é construído através dos seguintes Índices:INS- Construído a partir das variáveis doenças de notificação obrigatória e óbitos por sintomas, sinais e afecções mal definidos, pressupõe que, se a população estiver bem assistida na área de saúde e saneamento, os níveis de ocorrência das doenças redutíveis por imunização e saneamento básico tendem a ser baixos. INE- O nível de educação é expresso através de medidas quantitativas do atendimento em serviços de educação, na forma de matrículas do ensino básico regular ao superior.ISB- O Índice dos serviços básicos é expresso através das variáveis de consumo de água tratada e de energia elétrica residencial, considerados serviços essenciais.IRMCH- Este Índice expressa o rendimento médio dos chefes de família, supondo toda unidade familiar com um chefe auferindo rendimento mensal (SEI, 2008).
intervalo de 2004-2008, o setor Serviços destaca-se na avaliação da taxa de
crescimento médio absoluto: 13,58% serviços, seguido pela indústria 5,44% e
agropecuária 1,61% (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Comparação do Valor Adicionado, dos componentes do PIB, no município de Cachoeira, no Estado da Bahia – 2004-2008
ii IDE- Desenvolvimento Econômico é aqui definido como resultante dos níveis de infraestrutura e qualificação da mão-de-obra existente e da renda gerada localmente. Assim, na construção do Índice de Desenvolvimento Econômico estão incluídos os seguintes Índices:INF- Considera um conjunto de informações quantitativas sobre a infraestrutura do município em termos de terminais telefônicos em serviço, consumo de energia elétrica e quantidade de estabelecimentos bancários, comerciais e de serviços.IQM- Considera o nível de escolaridade dos trabalhadores ocupados no setor formal.IPM- Considera o nível aproximado de geração de renda do município em todos os setores da atividade econômica (SEI, 2008).
REFERÊNCIAS
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BRITO, C. A. PETROBRAS e a gestão do território no Recôncavo Baiano. Salvador: EDUFBA, 2008.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010 – Cachoeira, Bahia. Rio de Janeiro: 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?>. Acesso em 04 fev. 12.
OLIVEIRA, L.C.S. Reflexos da Implantação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) na economia de serviços do município de Cachoeira. 2012. 152 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2012.
Fonte: Oliveira, 2012.
CONCLUSÃO
O setor Serviços foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB
brasileiro nos últimos anos. E, a cidade de Cachoeira, após anos de
estagnação econômica retomou o crescimento econômico tendo como carro
chefe, a implantação do campus da UFRB no município, além de outros
fatores, tais com a instalação do pólo de curtimento da Mastrotto Brasil S/A em
PEDRÃO, F. Novos e Velhos Elementos da Formação Social do Recôncavo da Bahia de Todos os Santos. Recôncavos: Revista do Centro de Artes, Humanidades e Letras, vol. 1 (1),2007, p.08 – 22. Disponível em: <http://www.olhando.com.br/reconcavos/n01/pdf/pedrao.pdf>. Acesso em: 13 mai.10.
______. Novos Rumos, Novos Personagens. In: BRANDÃO, M.A. Recôncavo da Bahia. Sociedade e economia em transição. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado; Academia de Letras da Bahia; Universidade Federal da Bahia, 1998.
SANTOS, R.S. da. Cultura política e participação no Recôncavo baiano hoje: uma análise sobre Cachoeira e São Felix. 2009, 165f. Dissertação (Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufba.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2872> Acesso em 24 nov. 10.
SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Estatística dos municípios baianos. Território de Identidade Recôncavo. v. 13. Salvador: SEI, 2010. Disponível em: <http://wi.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=76&Itemid=110>. Acesso em: 10 ago. 11.
______. Índice do Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia 2006. Salvador: SEI, 2008. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=74&Itemid=110>. Acesso em: 11 ago. 11.
2000. As ações do Programa Monumenta no município, com reformas dos
imóveis locais, certamente contribuíram para a arrecadação do ISS, assim
como as ações de empresas privadas para a construção do gasoduto ligando
São Roque do Paraguaçu à cidade de Catu, mas é inegável que somente essa
injeção de capital não foi suficiente para justificar a escala ascendente da
arrecadação municipal.
Na analise do processo evolutivo, foi elucidada a importância do
município para a economia do Brasil colônia, tanto quanto exportador de
açúcar, quanto como ponto estratégico, por ser o último ponto navegável do
Rio Paraguaçu. Contudo, no início do século XX, iniciou-se o processo de
recrudescimento da economia cachoeirana. Tendo como ponto de partida a
crise açucareira e fumageira, seguido da descoberta de petróleo em
determinadas regiões do Recôncavo, a construção das rodovias federais
dentre outros fatores que levaram o município a um estado de estagnação
econômica que perdurou durante todo o século XX e início do século XXI.
A análise da dimensão socioeconômica trouxe dados atualizados pelo
Censo Demográfico 2010, publicado pelo IBGE. Na dimensão econômica
surgiram os primeiros indícios de que a economia cachoeirana havia reagido
positivamente à implantação da UFRB no município. Um dado chama a
atenção: o aumento de mais de 8% no PIB do município entre 2004 e 2008.
A chegada da universidade trouxe novos consumidores para ao
município, impulsionando o comércio local a se atualizar, a contratar novos
empregados e a aumentar sua capacidade de carga, visando atender, da
melhor forma possível, os novos consumidores. Assim, no último período de
análise desse artigo, é possível constatar que Cachoeira vive um novo
momento de ascensão econômica.
É imperativo que se fomente o debate a cerca da exploração das
oportunidades econômicas geradas pela UFRB em Cachoeira, bem como da
relação dessa instituição com os cachoeiranos. Propõe-se a conversão dos
recursos gerados pelo crescimento econômico em melhorias na saúde,
educação e na qualidade de vida dos cachoeiranos e dos novos moradores
trazidos pela universidade, promovendo assim o desenvolvimento
socioeconômico.