Arranjos para silêncio e presságio
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Tadeu Sarmento
Arranjos para silncio e
pressgio
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Brrke ke ke kex koax koax. Brrke ke ke kex koax koax. Brrke ke ke kex koax koax
Samuel Rawet.
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4ada de mais !rgil a#uele de%em-ro precipitado, o -rusco da#ueles dias em #ue sem te
conhecer costurava a ossatura do #ue seria teu corpo em todos os o-jetos da mem"ria. 5ma
mem"ria sem passado, uma lem-ran a de voc no lcool -ranco do sonho, onde acordava
aleijado de saudade, saudade cega, sem marca $o no calendrio, vagarosa, dolorida, com
l minas !inas e cont nuas a rasgar o desejo de um tempo #ue n$o vivi, seu nome uma
doen a impressa em meus l-ios, consumindo minhas noites, dentro do meu #uarto
6santurio da dor7, crepitando po as de chagas na minha pele um arrepio de unha, seu nome
uma gl ndula viva, pulsando l #uida dentro de mim, minha geogra!ia estranha, ntima,
como uma irm$ sem consolo chorando sangue nos olhos, deitada so-re uma #ueimadura no
tempo, o tempo.
8i%ia seu nome nesses dias, nessas noites de de%em-ro, so%inho, !erido pela agress$o da
gavetas #ue guardavam tuas !otos, escrevendo vacilante em pap'is a%uis tua crueldade,
imaginando uma linhagem suicida #ue me pertencesse, tua crueldade sendo o nome de
todas as coisas #ue te tocavam antes de mim* ventos, !lores, gua, sangue, vinho, ah, eu
odiava a 8eus por isso, 8eus o animal #uadr)pede, a respira $o hidrulica de todas as
coisas #ue me !eriam antes de voc.
u era, no crisol das horas, o dem0nio da minha pr"pria morte, o rel"gio !antasma e sem
molas, onde nada de mais !rgil da#uele de%em-ro precipitado, do -rusco da#ueles dias em
#ue desejava morrer vagaroso nos teus -ra os, como uma v tima.
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Antes de voc, um lugar #ue n$o e iste, a!ogado em lem-ran as rasas, entre os parnteses
de uma neurose ( era l #ue eu vivia, vitimado.
Sem sonhos, um pavor germinando desde o h)mus da carne, a mente invlida sa-endo o
#ue di%er sem no entanto sa-ercomo. :eu lugar ine istente um museu geogr!ico de ossos.
:astigava o-sess;es, antes do de%em-ro, rememorando um passado sem certe%a de ter
acontecido.
4$o sei* ainda n$o. ra como se morto levitasse so- os espasmos do tempo, so!rendo de
uma melancolia condescendente, tendo pena de mim, macio como um porco o perd$o #ue
n$o me dava. 8esejava ser perdoado, aceito, a-ra ado novamente / in! ncia #ue n$o tive.
:inha voca $o para santo* padecer da mesma doen a de meu pai, meu pai terno, um len o
-ranco en ugando&lhe o suor da testa, os olhos tristes, amargurado, morrendo atrav's de um
conta&gotas seu colgeno de c ncer.
Antes de voc eu era um morrer delicado, uma ausncia, morno e inocente e palpitando
vidros dentro da ins0nia. stava velho, va%io, com dores nas costas e gravatas prontas para
servirem&me de !orca.
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havia um sopro #ue pensava por mim, uma l mpada apagada no corredor / ra%$o do
des!ile das som-ras.
5m centro #ue intu a como pressgio, um hlito de sa-er voc paralela /s horas #ue se
passavam, longe.
>oc o meu espelho, em algum lugar, em algum momento nosso sangue cosido junto,
entrela ado, um ramo de art'rias, !lorescendo. m algum lugar nossos corpos no mesmo
re!le o, movendo&se em !ic ;es alienadas da dist ncia.
era assim, nesse deserto, atrav's da palpita $o som-ria do tempo, #ue algo se unia a n"s,
e o sopro agora um incndio nos pulm;es, a l mpada um !oco de sangue ensurdecido, o
centro des!eito em linhos de retas costuradas. Sem dist ncias, sem espelhos, nossos corpos
leves, imaculados, gmeos dissolvidos.
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Sua vo% um m)ltiplo de gua, e me chegava como nascesse ali, no mesmo instante em #ue
a ouvia, inclinada, a!lorando, um poema conce-ido no sono, na d)vida, !eito tecida em
outras l nguas ancestrais / sua, vo% de h muito, mon"logo no pesadelo !ri ssimo onde uma
lua, de om-ros nus, desenhe mar!ins no c'u, e !osse um verso engolindo -icicletas,
telegramas, janelas acesas na madrugada suicida encerrada em uma !oto ao som de um
clarinete )mido, de umidade surda, colorida, verte-ral.
u entre o nada e o nada, sonhando suas m$os em si -emol.
Sua vo% nascida em plos, cativando meus pulm;es silenciosos, t$o calados #ue tanto me
es#ue o deles #uanto de um rel"gio tra-alhando a tra a do tempo, meu cora $o o pr"prio
-al$o #ue se cativa, m#uina dos reservat"rios de gua, com pei es dentro, de-atendo&se,
um so!rimento convulso, !erruginoso, sua vo% um pssaro atrs da cortina. eu t$o
so%inho, amor, e a pr"pria palavraamorme espantando a -oca, meus l-ios con!undidos
nos teus distantes, um n)mero, meu corpo* um estudo do eclipse, sem soma, !lores secas, a
mem"ria um cinema in)til sem voc.
apenas tua vo% conhecia, e tua ausncia, e a saudade um gramo!one repetindo pragas, sua
vo% a nostalgia suja e acorrentada dos !antasmas, serrilhando alpercatas invis veis no
assoalho crescente. apenas teu gesto oculto imaginado, revelando minha perda, minha
morte !ria, estando eu dentro de minhas roupas, /s ve%es nu, sempre so%inho, /s ve%es !eit
de -orracha e inseto. Sua vo% agora um m)ltiplo de sangue.
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retorno / in! ncia, assim como tudo. Pois todas as coisas do mundo j !oram pe#uenas,
!rgeis, mortais, a !ragilidade uma esp'cie de crime, de mcula, n"doa sorrindo na -lusa,
tecido va%io delicado so-re a cadeira. Sim, o pr"prio mundo teve uma in! ncia, um
come o, lugar onde n$o se via gravidade, inaudito, #uando palavras voavam livres sem
o-jetos #ue as aprisionassem. eram vivas e rancorosas, as palavras, !lutuavam nuas um
algod$o #ueimando, livres e p'talas em silncio. eram rel"gios antes do tempo, e !acas
antes da l mina, as palavras, e assim eram pedras, -engalas, rvores, !ogo, sonhos, m#uina
de costura.
:as, antes de voc, !ui pe#ueno e triste, as m$os a-ertas, uma asma comportada / mesa,
segurando os talheres do jeito certo, sem !0lego, uma roupa a%ul me vestindo nostalgias, a
respira $o amarga e lenta, as so-rancelhas presas, os ossos mal se sustentando no acr lico
ine istente do corpo.
u era assim, e tive irm$os. Binco ao todo.
Recordo dois meninos e trs meninas, movendo&se* uma lu% sem peso no ar. Bomigo* s
ao todo, desli%ando no sa-$o da varanda, cinco sem mim, como agora, #ue n$o sei #uantos
desli%ando.
Cavia inspira $o na minha in! ncia, onde vivia as palavras sem sa-er #ue as escreveria
logo, em -reve, em mim apenas um pressgio, a no $o do gnio, as trs irm$s nadando em
um mar per!umado, espantoso, o mar a pai $o !ria das mulheres, os dois irm$os ouvindo
m)sica, correndo atrs da -ola, os ca-elos soltos !eito as palavras #ue viv amos. n$o era a
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in! ncia do mundo, mas a nossa. 4o nosso tempo, o mundo j era velho, a !elicidade gasta,
o pr"prio 8eus uma ideia em desuso. 4a nossa in! ncia, -al;es incendirios, e a lucide%
dolorosa de sa-&la passando rpido, rpido, assim como tudo. Tudo, a velocidade de um
anti#urio inundado no estouro da -arragem.
tive um guarda&chuva em minha in! ncia, e uma doen a nervosa, e um cavalo de pau e
um -alan o, dois pares de -otas #ue andavam so%inhos, tive uma m$e e um av0, um pai
!lcido e idiota, e catapora, tive sarampo, !e-re, discos de vinil e alucina ;es, -onecos de
plstico, livros e loucura. conversava com o dem0nio, e era um mgico, um assassino, e
isso antes de arle#uim, e#uili-rista, !oca amestrada. tive irm$os, cinco ao todo, comigo
seis, mas agora nem sei #uantos, #ue os perdi, e por tanto me culpo, e por tanto detesto
calendrios e rel"gios, al'm de varandas lavadas.
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Ainda a minha in! ncia, onde recordo andar na praia trope ando em maremotos, espelhos
de areia, e ercitando o es#uecimento em um caderno no #ual julgava escrever poemas.
4ada al'm de um pedante, a praia deserta / minha !rente um corpo su-misso so-re o #ual
pisava, a carne calcria das conchas, do mar vo%es de mortos emergindo em sal crescendo
entre os n"s do ar #ue respirava, as guelras telepticas, a-ertas.
:eu caderno de-ai o do -ra o, es#uerdo, as escler"ticas movendo&se so-re a mem-rana de
meus olhos acesos, urinrios, en#uanto seguia pensando pensar as grandes #uest;es da
vida. 4ada al'm de um pedante, de um garoto pouco prtico. nada era escrito por mim,
meu caderno cheio de palavras va%ias, sem sentido, verdades. nada era pensado por mim,
meu c're-ro um est0mago digerindo pesadelos, pois tinha dois est0magos / 'poca.
Sim.
:as ouvia a vo% dos mortos, o eco dela costurando suas veias em meus nervos, a gramtica
imper!eita de sua agonia, semeando em minha mem"ria imagens de nau!rgios,
a!ogamentos, suic dios, tu-ar;es com dentes de mar!im devorando. tive a vis$o de uma
menina e#uili-rando uma gua&viva nas m$os. 5m tecido as!i iado a co-ria, na#uela tarde
completava tre%e anos, os olhos verdes, a pele de leite congelado, o tecido #uase
transparente, a pele idem, #uase di!ana, #uase um sussurro, um gemido #uando me
depositou a gua&viva na palma es#uerda, #ue #ueimou, emS , en#uanto ela sorrindo
des!a%ia&se no vento !eito destecendo&se dos pr"prios linhos, na praia, desaparecendo e
seu aniversrio, a menina do nau!rgio.
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Retorno ao meu #uarto, portanto longe de voc e da in! ncia, novamente, deitado ao centro
escuro desse #uarto, onde som-ras gesticulam uma m)sica estranha, cere-ral, as m$os
tran adas so-re o corpo s$o ra %es, meu corpo, costura enervada de silncio, de sono, so- o
centro a l mpada apagada, muda, escrnio de smen gelado, en#uanto penso os o-jetos
loucos e !rios ( cadeiras, pginas, cadernos ( #ue gravitam diante de mim. 8iante de mim,
a loucura em nu !rontal, acordada comigo.
Rece-i sua carta, minha assassina sim'trica, minha pele suando videiras de "leo, a )car,
vinagre, sorrindo ao sa-er de sua caligra!ia nervosa, dan arina, sinta e de lepra girando
convulsa em saia cigana, oleosa, gramtica v'rte-ra #ue trepida, sangue !lorindo dos vasos.
Gmaginei sua respira $o nos poros da pgina, em cada um deles, sonhei voc entre as linhas
sonhei seu cheiro, sua pele, a con!us$o de seus dedos ao do-rar o envelope, sim, as !otos
vieram, amanh$ colarei na parede* cada uma delas, ao lado da minha cama, para sempre
admir&las, como #uem olhando um campo !lorido, morresse.
H4"s somos loucos, nem nos conhecemos pessoalmenteI, voc escreveu. Sim, loucos,
loucos, -el ssimo isso de ser louco, de viver de ideias !i as, desesperado, ouvindo sinos de
vidro dentro da mem"ria -adalando, clarinetes, carross'is, rdios e multid;es. 4$o importa.
Amanh$ morrerei, olhando o campo !lorido.
>oc, simetria da minha morte, !loresce.
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Gmerso na#uele setem-ro plido, #uando voc me escreveu, di%endo haver lido algo #u
escrevi 6sim, !inalmente, um escritor, depois de tantos cadernos va%ios de-ai o do -ra o
es#uerdo7, suas palavras soando como m)sica, como valsa #ue uma vitrola espargisse entre
espa os verte-rais. Suas m$os a-andonadas de mim escreveram rpidas a#uela !rase curta,
curta, mas de m)sica alta, sim, !eito !ossem uma imensa minoria de pssaros de vidro
revoando no o-sceno espelho do c'u. >oc soprou para dentro de mim um mist'rio lils,
meus pulm;es angustiados se encheram de mgica, de pressgio, e se !i%eram asas sem
cautela #uerendo voar. u estava em pa% antes de sa-er suas palavras, antes de voc me
achar, em pa%, sua imagem um violino a-erto tocando uma escala alucinada, me
enlou#ueceu.
m pa% com meu desespero, minha solid$o, minha lordose do esp rito. m pa% com minha
doen a mental, meus vinis antigos, com minha lepra, deitado e em-e-ido em metros e
metros de descaso. m pa% com meus mortos, em meu hosp cio, com meu salrio m nimo e
minhas contas. m pa% com meus e ames de AG8S, meus v cios, meu desejo da morte,
sereno e calmo o-servando #uil0metros e #uil0metros de cru%es negras da hansen ase. u
estava em pa% de-ai o do meu guarda&chuva, !a%endo testes de malria, desenhando
nuvens, empilhando garra!as so-re a mesa, tramando suic dios. m pa% #uando voc
chegou, tra%endo o o-scuro sonam-ulismo do sonho para minha vida.
voc veio, e criminosa envenenou meus reservat"rios de gua estagnada. >oc com sua
o-scura gramtica devorou meus dicionrios irregulares, meu pensamento agora
!lorescendo apenas para imagin&la. a pa% algo insuportvel agora, a pa% agora um c nce
nos rins do meu rel"gio.
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Recordo seu so-renome aceso como um sol no #uarto escuro, ao centro dele, somando&se
era uma m)sica de cordas surdas tocando dentro do #uarto, a mem"ria de um sonho com
espelhos, suas letras som-rias compondo a pauta de um silncio dentro da noite, em seu
cerne, cavalgando.
Cavia uma v'rte-ra nele, outra ossatura costurada em outro pano, uma imagem pro!unda
como uma pedra, um guarda&chuva, a perda da mem"ria, a prata dentro dos rel"gios
regulares.
*******, disse ao l&lo ( +++++++ ( a repeti&lo, e minha l ngua movendo&se no 'ter, na
noturna leitura do espanto #ue seu so-renome evocava. 5m crime de gua desli%ando, seu
so-renome, circular e estrangeiro, com sete letras duras, speras, estranhas, minerais.
K #ue signi!icava a#uele seteL A#uelas sete l minas !i as !erindo o con!orto dos meus
olhos, j me tomando a -oca em salto s'tuplo da#uele setem-ro velo%L
*******, eu cantava, --ado, enlou#uecendo respira ;es de sangue, reescrevendo suas
letras so-re a pgina va%ia, placa de cer mica no tempo, talve% para entend&lo.
4unca em minha vida nada se chamou +++++++. 4ada so!ria desse peso, dessa soma de
assom-ros dando n"s. u era virgem para a nova palavra #ue nascia, seu so-renome, entre
as h'lices do sonho. Talve% 8eus atendesse por*******, ou o 8em0nio, n$o sei. Talve%
!osse ******* o nome de uma nova cincia, de uma nova cor, laranja ensangJentada
!lorindo no deserto dos vernculos.
MoucoL 4$o, mas sem os o-jetos #ue a correspondessem. >irgemL Sim, para a palavra
+++++++, seu so-renome, #ue nascia. Portanto virgem para voc.
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havia seu nome, sonoro e comum, respirando un ssono na costura do mundo outros
nomes #ue n$o voc, seu nome a-erto em linhos #ue deci!ravam outros tecidos antes dos
teus, todos esgar ados e -elos, so-re o dicionrio das m#uinas, todos di%endo ru dos teus
so-re o poema ainda n$o escrito, n$o !eito, veloc ssimo dentro da noite, versos acima do
silncio aparente das coisas, pairando um vestido va%io em acr lico, oco por#ue te
esperando, desenhando ar a ranger os dentes na -ranca sala de espera.
havia seu nome, dissolvido na mem"ria do mundo, dentro do seu clculo !rio, so-re os
campos onde o vento varria as camisas -rancas, seu nome invadindo as janelas a-ertas em
"pera de insetos e pssaros, gesticulando seu movimento sonoro diante de tudo #ue n$o te
di%ia, o mundo.
ra a -ailarina estudando a !onte dos gestos, seu nome. A !lorista #ue morreu atropelada na
!ai a -ranca ( um cravo de sangue entre os ca-elos. Seu nome a secretria #ue colocou os
#uadros no escrit"rio, a compositora de noturnos, melanc"lica, a escritora #ue alimentava o
gato siams.
Seu nome a prostituta desprotegida da chuva, a louca #ue estrangulou os !ilhos com a corda
do piano. Seu nome a recepcionista, a vendedora de sorvetes na pra a incendiando, a
trape%ista #ue amava o palha o e !lutuava, !lutuava, !lutuava, varando o ar #ue tam-'m n$o
te di%ia, e assim como n$o te di%ia a mulher do !uncionrio p)-lico* a dan arina #ue perdeu
o pai a!ogado.
Pois havia seu nome, sonoro e comum, di%endo so-re o mundo todo o seu contorno. Por#ue
seu nome era la, assim como tudo.
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8esde crian a o espanto pelas palavras, os cotovelos -ai ados so-re a inclina $o da noite.
A casa va%ia, teatral, sempre va%ia, sempre silncio #ue se de-ru a al'm da -ele%a de uma
a-ertura pulmonar sangrando. A casa va%ia, en#uanto o menino pensa a palavra*vrtebra, e
se espanta, um p nico entrela ado / pr"pria linha a do esp rito. K espanta a m)sica da
palavra*vrtebrasoando, indo al'm dos dicionrios. 4a casa va%ia, ele n$o sa-e o o-jeto da
palavra*vrtebra, por isso a v dan ando / sua !rente, em epilepsia sem gramtica. 4a casa
va%ia, h livros vagarosos demais para o seu pensamento. Pginas surdas em algod$o
voltado para dentro, sem #uadris ou olhos, pulm;es ouvrtebra. >olta a enlou#uecer ao
pens&la novamente*vrtebra, vrtebra, a casa va%ia, sem amigos ou gatos, e avrtebral,
-ailarina sem !ace, a pele de salsa o-scura.
Se n$o estivesse so%inho, talve% n$o pensasse nela assim, ecoando*vrtebra, vrtebra,
vrtebra. :as est, ao seu redor um deserto de vernculo e pessoas, nada para aonde
avan ar, encetar conversa, dirigir palavra, a casa va%ia e sem sentido, uma o!icina de
violinos #ue-rados.
A m$e !oi em-ora, o pai n$o e iste, as irm$s -rincam em silncio como se mortas. :$e pai
e irm$s agora apenas palavras, dessas #ue n$o o espantam mais, por#ue j as sa-e o-jetos.
:as n$o vrtebra, ah, ela n$o. K #ue diria avrtebraso-re o mundo, so-re sua triste%aL
4ada, talve%.
Talve%vrtebraseja um lugar para onde ir, um re!)gio. Talve% emvrtebrae ista algu'm
para conversar. Talve%, talve%.
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8esde crian a, imerso no espanto das palavras. Antes do seu nome e so-renome, havia
vrtebra, um cardume delas. 8epois* salsa mercrio n meral! le"ra e cle"si#ra. $ ar#a%
c& va. 8epois,voc', em nome e so-renome, e a casa #ue nunca mais va%ia.
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Ku a* s$o palavras girando convulsas, suspensas, cegas em suas saias, demoradas, sem
o-jetos #ue #ueiram di%&las. S$o varais as palavras suspensas so- as plpe-ras do sono
esticadas, no va%io numeral do sono. est$o antes da pgina em -ranco, antes de seu
min'rio, sementes !i as girando.
Ku a* a pgina em -ranco ' onde cai a noite, a noite, a m$o presa em sua !ace mineral.
ntre as pginas e as palavras* a m$o ( a longa ins0nia dos dedos sestros do autor.
>eja* h um pensamento comum #uerendo norte&las, o pensamento uma pedra so-re a
mem"ria, ou so-re a perda dela, n$o importa* uma pedra. C instinto nesse pensamento, um
semear de p"len na escurid$o de palavras #ue giram. Nus#ue o pensamento, dei e !luir o
sangue so-re a pedra so-re a mem"ria ou sua perda e n$o es#ue a* h um te to se !a%endo,
dos sestros dedos, #uerendo a pgina um campo !lorido de o-jetos un nimes. Ku a. >eja.
4orteie as palavras.
Semeie.
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Pois nunca se sa-e onde ' o te to, sa-e&se outra ve% nascido, apenas, do es#uecimento ou
da lem-ran a, o te to, onde as palavras tornam&se outras, gramticas, apenas seu re!le o
girando, desde as costas ao espelho dos olhos.
K te to* pedra #ue o pensamento poliu, deu medida, !orma, m)sica, soprou dentro um
desespero. K te to !ruto do engenho do o! cio, erguido da pauta seu a )car negro, sua noite
mal&dormida de nau!rgio.
K te to, pesadelo compacto, nomea $o escrita na pgina a -at&la de dentro seu min'rio. K
te to um n)mero de palavras #ue romperam, !i%eram&se.
K te to, poema talve%, tocado por teus dedos, inoculou em sua retina a pedra da noite em
#ue !oi !eito, #uando as palavras assumiram novos o-jetos, novas !ormas, novas inten ;es
de uso.
HOuero pedir mais te tos ao autor #ue o escreveuI voc pensou, e em silncio me disse de
longe sua !rase.
A mim, #ue possu a uma mesa surda, uma caneta, al'm de pginas e pginas e pginas.
mim #ue n$o possu a nada al'm do pressgio.
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Retorno aona#a #e mais (r) il a+ ele #e,embro "reci"ita#o, onde um rel"gio surdo /
minha nervura move&se em resina lenta, lenta, rigorosa, dedicando suas molas arrastadas ao
meu desespero. Pertur-a $o.
K tempo ( alum nio intestinal ( digere a pressa das horas dentro de uma cer mica !i a.
4ada parece mover, e nada move, em tudo um peso de mil p'talas, em tudo o dia j
nascendo pregui oso, complicado, severo, lento, so-re um estacionamento de -ocejos.
Ks ossos do dia n$o passam nunca, voc cindindo !eridas / !or a de lei sancionada, !eridas
em tudo #ue toco, #ue ao meu redor e iste, e dentro de mim ainda, suas escoria ;es de
saudade.
Retorno aona#a #e mais (r) il a+ ele #e,embro "reci"ita#o, #uando minha l ngua
adiantou&se a di%er #ue te ama, estalando uma curva met"dica de m)sica, lepra r gida a
#ueimando peristltica, ao meio, em !lora $o de agonia. HTe amoI ela disse, e o dia esta
entorpecente pregui a, anloga / nostalgia do meu sonho, e contra o avan o #ue desejo para
as horas.
K tempo* um a-ismo deslocando&se, assim como entre n"s a dist ncia um cardume de
corais, respirando mrmore dentro de um oceano intestino, imenso, indi!erente a n"s em
sua hidrulica elo#uente, vasta, perempt"ria. :as irei, / e igncia de ritmo acelerado,
en!orcar meu desespero nesses pndulos, nesse rel"gio surdo e resinoso, e esperar, esperar,
mas de pulm;es em movimento, e art'rias, e veias, e mem"ria ( cora $o suspenso em
sangue.
HQ comprei as passagensI eu disse, na#uele de%em-ro precipitado.
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Retorno aoa casa n-o mais va,ia! recor#a, onde cai a noite, tam-'m severamente, so-re
um pavimento de mem"ria.
H st mortoI, alguns disseram, acerca de mim. HA casa antes era va%ia, agora cheia de
#uLI, outros di%endo, a l ngua solta no h)mus e#uidistante das -ocas.
4$o en ergavam a dan a #ue era para mim seus movimentos, so- a noite #ue ca a, laje do
c"rte cere-ral, caindo. H4$o est morto, mas loucoI outros disseram, em -al' de s !ilis
terciria. H
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1E
A#uilo #ue tocava ( devagar, atonal, lacustre ( estava desde a in! ncia, adormecendo,
costurada / lu% do agouro num'rico das coisas.
4a in! ncia* minha, mas tam-'m do mundo, #uando palavras eram tens;es na escala de
uma m)sica, em silncio.
K #ue tocava ( desde a solid$o das garra!as va%ias aos pre!cios levados pelo vento ( o
!a%ia de um jeito leve de sono, #uerendo acord&la.
8esperta.
le disse* seu nome adormece nas ra %es de tudo, ' para onde convergem todos os
sin0nimos do mundo, a radial de todas as veias, art'rias, ' a#uela #ue toco.
4o sangue das super! cies.
tocava, pressentia, tentava acordar, !a%endo emergir do p nico a pele do #ue tocava,
como #uisesse mostrar /s coisas son m-ulas dela, a essncia de sua soma, essncia #ue
nela ha-itando ( pressentida, tocada, desperta ( emergia em pavor agora nomeado.
Poema.
Muminosa, dita, urgente, dando nova cor ao cromatismo dos espelhos ( estava nas invers;es
e ningu'm via, no uso genu no do mar!im calcinando os ossos ( de-ru ada so-re as horas,
os a#urios, na delicada melancolia das crian as* era ela a#uilo #ue se tocava ao cerne de
tudo, do metal dos martelos / automo-il stica da !ecundidade.
la, seu nome de vidro aceso.
ra ela* pairando so-re os espasmos, #uando veio e disse ( ' sua.
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Bome ava em segredo* a dist ncia, em conluio com as molas do tempo, dos rel"gios, do
avan ar o tempo em petr"leo, em !i-ra tensa, de cent metros a metros de #uil0metros,
come ava em segredo o avan o ( mastigando.
8o homem* suas horas, o mist'rio !rio de suas e#ua ;es. Bome ava lento a ritmo de
algod$o, depois, mais velo%, velo%, tomado de agonia, desespero, arame circinal tecend
sangue, circunvoluindo.
Bome ava em segredo seu nome de silncio, de posse da morte um cravo / !aca soerguida,
prata progredindo no sono reclinado do merc)rio, em segredo seu nome, respirando nos
pulm;es macios da mem"ria.
Oue pulsava.
A!lorava no n" da noite, sonora noite de halo )mido, vi-rat"rio, seu nome um ramo de !ruta
adocicando a l mina dos l-ios do homem #ue atravessava a dist ncia, velo%, velo%, como
engolisse -icicletas.
8 namos.
>encia o homem a nuvem precipitada, de encontro / tra#ueia gravitacional, a cada palmo
um suspiro entregue aos aros.
s h'lices, girando.
Bome ava em segredo o -ranco dia !uturo, aonde ele ia* avan ando.
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Semear as palavras ao a-andono da pgina. Tecer caligra!ia so-re as convuls;es do mundo.
Romper da reclus$o das ideias uma rosa intacta, sem ntica, e dissolv&la no ar como um
p"len !etal, irrevers vel.
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Retorno aoe &avia m so"ro + e "ensava "or mim! ma l0m"a#a a"a a#a no corre#or 1
ra,-o #o #es(ile #as sombras, onde h sanguessugas ladeando a l mpada, circulares,
lavrando com seus dentes sua lu% escassa, digerindo&a, !a-ricando estios entre as som-ra
arti!iciais. stou s", a solid$o um ar#uip'lago, um guarda&chuva, um par de -otas imerso
em miasmas.
ou o a o!icina dos cr nios* s$o sanguessugas polindo a digest$o teleptica. Tudo o #ue '
sonoro resvala em mim um sangue salpicado, !erruginoso, corre em assoalho de l ngua
rever-erando a m)sica cautelosa das esp'cies som-rias ( sanguessugas, guarda&chuvas, par
de -otas )midas, armrios tocando sonatas.
4oturnos.
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Couve de%em-ro, sua precipita $o, paisagem erguida em vertigem, respirando al'm do
tecido rotativo dos calendrios. 5m ms plido, lento, delicado, como um acr lico entre os
pulm;es, mas, pr"spero em sua pregui a de passar, palpitando de promessas e pressgios,
sua m)sica. 5m cora $o de animal inocente* ele houve, e istiu, em violncia noturna
demonstrada de seus dias, negros.
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Recorda, costurava&se no tempo da#uela tarde, tarde na#uela praia de pulm;es a!ogados,
gesticulando, onde ondas desdi%iam todo o silncio do a!ogamento, dos gestos, na#uela
tarde. la estava l, a dor intolervel de sua presen a, pressentida, antecipando o terror dos
meses j ditos ( era o corpo inclinado so-re a !ome, sendo lido.
K tempo, imensa massa circular, m"vel, cin%enta, esculpida nos instintos originais da terra
( recorda, a pedra em seu discurso es#uecido, a pregui a lacert lia da pedra, pedra /s
avessas, pedra !eita de pluma, sa-$o, a #ual sua m$o lan ou ao mar como um pre!cio
antigo. Recorda, costurava&se no desespero transparente das guas, ao arco descrito da
pedra* seu monumento de sonho.
stava onde ningu'm atrav's da mem"ria esteve. ncenava&se na corros$o da morte, a
lem-ran a a elei $o eterna do !uturo, sendo o passado o c"rte !i o na gramtica o-scura
dos instrumentos.
rguia&se, suspensa e m stica, com seus len os de t'tano a-ertos, so-re a sonolncia dos
solos, das pedras, convocando / e ecu $o toda nostalgia, cada dor especular, as omoplatas
rangendo em sua gravita $o de sangue.
ra ela em orgia larval, pontilhada nos meridionais das horas, elstica para #uem se
despede, no livre del rio de seus movimentos. Pulmonares* ao monumento de sonho #ue se
ergueu, #uando passou.
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Retorne aoe retorno 1 in(0ncia! assim como t #o, onde seus irm$os s$o imensos e
assustadores, arteriais movendo&se, ao redor deles palavras ngremes e nuas, livres,
nomeando inclinadas.
ra o dia a-erto ponta a ponta, o primeiro espa o do tempo, argiloso, empurrando as idades
em dire $o ao a-ismo.
Agarre&se / !i-ra t til da mem"ria ( !lor cavada em um canteiro d gua ( e te a o #ue
precisa ser dito acerca do incesto.
Sim, a nervura, o so-ressalto ju-iloso* v al'm disso* to#ue a toalha das imagens, recolha
dos ru dos sua e press$o m ima de so!rimento e indi#ue* ela estava l.
ra ela o a-ismo para onde as idades iam sendo empurradas. K tempo, a resina do tempo
estreito, tecendo a seda devorada de sal, e pandindo&se deglutida, enri#uecendo na des!olha
das rvores sua cloro!ila de ar.
RecordaL Retorne aos irm$os imensos, su-mersos, cinco ao todo, com cravos de suor na
palma das m$os. K-serve as irm$s* eram m#uinas suaves, a !lor do estupro entre as co as,
recorde #ue enlou#ueciam, #ue possu am ostras menstruando dentro, nos ovrios de
cer mica, dentro, coalho coarctado ao a%edo do sangue, germinando, germinando,
enlou#ueciam, sua denti $o de inocncia.
Agora, os irm$os* eram asmas oleosas, sonolentas, a lavratura da s !ilis nos olhos, impressa,
recorde #ue cresciam, #ue lhes do a o smen apodrecendo nas c nulas, no lume oleaginoso,
dentro deles a rai% !incada no esterco hidrulico, grelando, grelando, suas hortali as em
p nico.
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Sim, o !asc culo de !i-ras na placenta, seu rev'r-ero diagonal* v al'm disso* roce com a
l ngua o carpir desses ossos e diga* ela estava l. ra ela a seda. K so!rimento. A ostra. A
s !ilis. K smen.
K pressgio.
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havia a m$e* a m$e acidental, tumular, )nica, nervura costurada em mrmore, deitada
como deita o aneurisma so-re a seda, a lepra contra as cru%es, de ca-elos negros, sul!)ricos,
os seios inclinados e )midos, melanc"licos, a m$e ( encharcada de sono, de loucura,
mortal.
Sem destino ou princ pio, sem a!astar de si seu dem0nio, a m$e* v'rte-ra originria,
geradora do caos das demais v'rte-ras, com ra %es #ue a cincia s" e plica atrav's do
co-alto, dos intestinos. A m$e ttil, sussurrando, nomenclatura da pertur-a $o, m$e original
e em-e-ida na eletr"lise, sua carne a sopa org nica de onde sa ram todos os animais de
#uatro patas ( eu, inclusive.
!icava l* a m$e, imensa lepra im"vel, tumoral, negra nas omoplatas, nos a-ismos,
tentacular, !i a e si!il tica, me chamando.
Sua vo% era o som seco #ue rangia, seu veludo -em tratado, sua pel)cia macia, espessa,
card aca.
Sua vo% o centro para onde convergiam todas as alimrias ( eu, so-retudo.
Oue ia, a #uatro patas, asma #uadr)pede e silenciosa, sem essncia pro!unda, sem
totalidade, com a !ace partida dentro de um espelho cristalogr!ico.
A%ul.
estava l* a m$e imemorial, perp'tua, nua como uma plpe-ra, pulsando, cantando entre
os l-ios a nostalgia suja do meu nome, a se ciliar meu nome desenhado em m mica, mas
dito com pavor e nojo.
8esejo.
H>emI.
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eu ia, e indo como se contra as pedras, como se me / espreita um 8eus gutural, !aminto,
cartilaginoso.
Pornogr!ico.
:as voc estava l, tam-'m* dando !orma e estrutura aos cristais do espelho onde minha
!ace, !ragmentada, se partia.
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Recordar ' estar entre escom-ros* tra a jantando livros de magia. estar ante o rumor alto
e crescente ( de -otas, de a o surdo, !rente ao hlito lacert lio das esperas. 8esesperado,
!erido pela hansen ase, recompondo. Recordar ' erguer da linha a mem"ria em-a ada, sua
imagina $o de nusea, seu va%io de lavat"rio, negro, negro* escor-uto.
reviver novamente* elegendo cansa os, colet neas de chagas, -u#us de -orracha.
Recordaro amor e s a "ervers-o3 a tr plice desse interl)dio, #uando a as!i ia era secreta,
secreta, demon aca, espessa, irritadi a.
Recordar ' estar entre tais visitas indesejadas* sa-er&se animal novamente, de v sceras
voluntariosas, relem-rando. estar !rente ao to#ue urinrio do del rio* derru do, v treo,
assenhoreado.
C epit!ios para as recorda ;es, pesadelos inominveis, velas !a%endo -uracos no escuro.
5m m)sculo #ue cresce / rai% de espasmos, palavra por palavra* retesando&se. dentro do
epit!io* vrias !ormas de se morrer em casa ( na cama onde nasceram suas dores. dentro
do pesadelo* uma denti $o vertical esperando sua nomea $o de retorno ( retorno. so-re a
vela acesa* um cais de som-ras acenando seus m)sculos de l ngua ( l ngua.
Recordar ' estar entre os mortos, novamente.
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Poderia retornar aona#a #e mais (r) il a+ ele #e,embro "reci"ita#o, ou aoera toca#a em
t #o! 1 veloci#a#e #e es"el&o, mas* n$o.
Retornaria, se #uisesse. Talve% at' / vagem mineral onde !ora um !eto verte-rado, )mido,
acoplado a signos ainda goros, gorado ele mesmo* #uadr)pede surdo ( alcati!ado aos
intestinos, irregular, s"rdido, ine#u voco, perverso, mas* n$o.
Agora resta avan ar, em m mica raciocinada, e atrav's do gestual das !issuras so-re o
tempo seus acidentes. Avan ar* como avan am os cogulos, o c ncer, o !'retro negro
atrav's do cont nuo cilindro dos espasmos. Avan ar, apenas, a seda son m-ula acenando.
avan ando retornar at' ela, ao seu a%ul agudo, sua olaria num'rica, seu sentido intestinal
de espera. Retornar ao #ue era tocada, em silncio, dentro das lojas do sono. Retornar ao
#ue antes de e istir condenava todos os o-jetos /s #uatro patas.
sem hesita $o, sem a soma dos medos e istente no mundo. Gr ao encontro, !inalmente, do
#ue n$o se poder descrever em palavras, #uando tocado.
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>iver ' reagir /s escoria ;es da vida. Pensou so-re isso en#uanto o avi$o pousava ( canela
soprada no prato ( no cimento !rio do sonho.
Sim, um sonho, seu monumento erguido atrav's do so!rimento dos s'culos, despontando
desde a in! ncia 6sua e do mundo7 uma promessa de !i-ra cont nua.
Respirada.
As escoria ;es da vida se ganha ao galg&la* espelho hori%ontal da l mina a es!olar a
epiderme.
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a #ue era tocada, a #ue come ava em segredo, semeada, a #ue se costurava no tempo das
tardes, a #ue o #ue tocava imprimia em convuls$o todos os sonhos, todos os pesadelos. la,
a #ue n$o poder ser dita #uando tocada, !inalmente, por seus dedos. la, #uando o #ue a
tocava disse* e 8eus ' anal.
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Toc&la em seda o #ue o corpo n$o mais ocultar* o #ue !a-ricava em silncio, o corpo,
desde h muito, duplicando. Toc&la o to#ue em suspenso, sua mediatri% sangu nea, a
carnadura elevada e nua ( o sopro, sopro, tonal. Toc&la a dissolu $o, a v'rte-ra, o #ue n$o
se nomeia #uadro a #uadro ( o acr'scimo caluniado da pr"pria divindade.
Toc&la como tocaria a gramtica se a conhecesse, se as palavras a pudessem di%er, nomea
di%er dela dentro da agress$o dos versos. la assim* a #ue ser tocada, em varivel, e acima
da compreens$o geom'trica do mundo. la* o monumento do sonho* tocar.
Toc&la como um hospedeiro, por dentro, e da#ui a pouco. 5m irm$o duplicado e gmeo,
atuando em sopro intenso, dentro. Toc&la o #ue as palavras n$o poder$o, suas !lores
vaginais. A verdade revelada tocar com a ponta, dos dedos, !eito #uilhas, recortando a gua.
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Atrav's da mem"ria, da m)sica erguida em secre $o acr lica ( de seus ossos ( chegou&se ao
a-ismo alienado dos erros, t midos. >eja* h palavras rami!icadas no negro dele ( do
a-ismo ( cortadas em -issetri% de silncio. 4ada poder di%er, as palavras, nada poder
tocar de original al'm da assepsia surda de suas inutilidades.
4ada di%, nada toca, cogulo so-re cogulo, nada implora um gesto de vida nessas linhas,
desarticuladas, escritas, se#uer.
Partir do tormento, apenas, da ang)stia geradora de todas as demais, como a lem-ran a de
uma cauda s mia movendo&se na -ase em cada!also do c"cci .
Ao menos, a cauda servia para espantar insetos.
Bomo direi#ir) #ue ela estava onde sempre esteve, mel&eesperando, sua simples presen a
#ue-rando a l"gica das alimriasL Ela estava l)! o es"eran#on$o di% nada, nada di%, nada
al'm dos dedos do assassino em terceira pessoa, sangu nea. :as estava, e desde a#uela
tarde imensa da praia, imersa em seu va%io numeral, sua dist ncia in!initiva. Bomo di%er
isso depois de, !inalmente, toc&laL
4$o, nada pode ser acrescentado / super! cie em seu conjunto. rente / rai% %ool"gica do
mundo* cala&se, ou cala&se.
Como #irei + e a ) a%viva me + eima at &o4e5 6 e ( i #ani(ica#o "elo amor + e
"ressentia5 6 e o "ress) io #esvelava%se "ara mim como ma ca sa ( sica "er(eita5 Ao
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( ncionamento #os me s rel7 ios! #e min&a (lora visceral5 6 e De s imenso! s r#o!
elatinoso! mas + e "oss i vrtebras5
8-o! n-o #irei na#a alm #o sil'ncio e se s arran4os.
A#ui aca-a a pgina, onde se inicia a medula do assom-ro.