Arquivo OEMS/Valentin Manieri Baixo isolamento provoca ...

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A6 Campo Grande-MS | Quinta-feira, 23 de julho de 2020 CIDADES 7.348 casos Em Campo Grande Hoje HRMS Com 928 casos em 24h, município vive momento de descontrole Baixo isolamento provoca “onda” de infectados por COVID na Capital Titular da SES pede medidas mais duras de restrição Exército realiza nova descontaminação no aeroporto Estoque de sedativos para entubação deve durar 20 dias Ainda segundo o boletim da SES (Secretaria de Estado de Saúde), dos 18.889 casos confirmados, 6.258 estão em isolamento domiciliar, 12.008 estão sem sintomas e são considerados recuperados. Cerca de 372 pacientes estão internados, sendo 251 em hospitais públicos e 121 em hospitais privados. Seis pacientes internados são procedentes de fora do Estado. Até o fim da tarde de ontem (22), eram 261 mortos por COVID-19. Separadas por macrorregiões, Campo Grande possui 94% de ocupação dos leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva); Dourados (58%); Três Lagoas (35%), e Corumbá (68%). O número de municípios com registros da COVID-19 representam 96% de todo o Estado, de 79 cidades, 76 possuem casos confirmados da doença. Cerca de 1.535 exames aguardam resultado do Lacen-MS (Laboratório Central de Saúde Pública de MS) e 4.130 casos foram notificados e não foram encerrados pelos municípios. COVID-19 no Estado Rafael Belo Geraldo Resende, secre- tário estadual de Saúde, par- ticipou ontem (22) da live semanal da Comissão Espe- cial em Apoio ao Combate ao COVID-19 e afirmou que me- didas mais duras precisam ser tomadas em razão da baixa adesão ao isolamento social que, de acordo com ele, estava em 43% e depois do lockdown de fim de se- mana só chegou a 49%. O se- cretário também ressaltou o constante aumento de casos confirmados e de mortes em Campo Grande e no Estado. Presentes durante a transmissão ao vivo, os vere- adores Dr. Lívio (presidente da comissão), Eduardo Ro- mero e Delegado Wellington fizeram mediação e per- guntas ao secretário, que não escondeu seu descon- tentamento com o aumento dos casos. “Precisamos de medidas duras que levem a medidas restritivas para que não seja preciso um lockdown completo. Se per- sistir vai acontecer. Mas temos que respeitar as au- toridades e, são os gestores dos municípios que têm que decidir. Estas decisões são reservadas ao ente federa- tivo município. Precisamos analisar cada situação. Aqui em Campo Grande, me pa- rece que o efeito não está sendo o desejado. Nós vamos ter de chegar a medidas mais duras. Desde que te- nhamos de fato a respon- sabilidade de entender que fechar algumas atividades econômicas é melhor que abrir covas”, analisou. O secretário afirmou que tem trabalhado intensa- mente e procurado a unidade em todas as esferas de poder público e privado, e este é o motivo de Mato Grosso do Sul não estar pior. “Faltou esta unidade nacionalmente, que teve dessintonia e nos levou, junto aos Estados Unidos, a estar entre os países que pior conduziram a situação”, pontuou. Mariana Moreira Considerada a maior crise sanitária global já enfrentada, a pandemia provocada pelo novo coronavírus causou um colapso na rede pública de saúde em todo o país. Além da superlo- tação dos leitos de UTI (Uni- dade de Terapia Intensiva), a COVID-19 provocou em diversas unidades da Federação o de- sabastecimento de sedativos utilizados para entubação de pacientes graves da doença. No Estado, o HRMS (Hospital Re- gional de Mato Grosso do Sul) emitiu, ainda no mês de junho, uma nota técnica alertando que a instituição só possuía fár- macos suficientes para mais um mês. Agora, com leitos lo- tados frequentemente, o tempo de duração dos estoques caiu para cerca de 20 dias. A até manhã de ontem (22), a taxa de ocupação era de 97,7%, o que significa que só havia dois leitos livres. De acordo com a adminis- tração, o HRMS, referência no enfrentamento à COVID-19 no Estado, conseguiu no início da pandemia manter um estoque razoável desses medicamentos, entretanto o aumento no nú- mero de internações já pre- ocupa a administração. Con- forme a diretora-presidente do HRMS, Rosana Leite de Melo, o hospital no momento tem medicamentos para se manter por mais 20 dias. “Temos uma licitação em andamento, ainda temos estoque para mais 20 dias. A licitação empenhada está dentro do prazo de en- trega, conforme o termo de re- ferência”, pontuou. Em audiência pública no mês de junho, o Conass (Con- selho Nacional de Secretários de Saúde) já havia alertado para a falta iminente de medi- camentos para sedação. A enti- dade realizou um levantamento com todas as 27 secretarias estaduais de Saúde. Entre os 25 estados que responderam ao questionário, 24 relataram falta de medicamentos, como bloqueadores musculares. O Mi- nistério da Saúde adquiriu no dia 17 deste mês cerca de 54.867 unidades de medicamentos usados no auxílio da entubação de pacientes em UTI que se encontram em estado grave ou gravíssimo pela COVID-19. Os medicamentos adquiridos no Uruguai foram encami- nhados aos estados em situação de estoque mais crítico, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foram entregues 48.867 unidades de Propofol, cinco mil de Priaxim e mil unidades De- xmedetomidina. A aquisição custou ao Ministério da Saúde US$ 298,5 mil. Para os demais estados, o Ministério da Saúde informou, em nota, que está fazendo “um ‘esforço de guerra’ para equalizar essa demanda no país e salvar vidas”. Câmara mortuária Em razão do número cres- cente de mortes pelo novo co- ronavírus, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) segue com o contêiner que atua como câmara mortuária para corpos, ativado. Segundo o boletim epidemiológico divul- gado pelo Hospital, somente neste mês de julho, foram regis- trados 38 óbitos por COVID-19 na instituição. Conforme a diretora-presi- dente do HRMS, Rosana Leite de Melo, o contêiner foi adqui- rido pelo hospital ainda no início da pandemia para servir como um armazenamento extra para corpos de vítimas de COVID. De acordo com a assessoria do HRMS, a câmara fria mortuária do hospital, com capacidade para dez corpos, está com o seu funcio- namento comprometido há dois anos, e por esta razão apenas 40% de sua capacidade está aten- dendo a instituição. A diretora-presidente do HRMS assegurou que o contê- iner atende todas as normas de biossegurança, prezando pela dignidade do paciente. “Quando registramos muitos óbitos ao mesmo tempo, fica tudo sobre- carregado, e é nestas situações que utilizamos o contêiner que tem capacidade para arma- zenar até 24 corpos ao mesmo tempo condicionados em macas, ele não ficam amontoados de forma alguma”, disse. Rafaela Alves Esta será a segunda vez que o Aeroporto Interna- cional de Campo Grande, localizado na Avenida Duque de Caxias, será higienizado desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil. A ação será reali- zada hoje (23), a partir das 9h, pelo Comando Conjunto do Oeste. A primeira desin- fecção do local também foi feita pelos militares no dia 2 de abril. Com bombas costais, os militares fazem a descon- taminação do utilizando o álcool 70% e álcool iso- propílico. Esta será a se- gunda ação da semana, isso porque na terça-feira (21), com aproximadamente 15 homens, o Comando Con- junto do Oeste realizou a desinfecção do Terminal Ro- doviário Senador Antônio Mendes Canale. O Comando é formado por militares da Aeronáutica, Marinha e Exército Brasi- leiro. Eles vêm desenvol- vendo o trabalho de descon- taminação de locais públicos em combate ao coronavírus desde o dia 20 de março, tanto em Mato Grosso do Sul como no estado vizinho, Mato Grosso. Dayane Medina e Mariana Moreira Campo Grande teve um acréscimo de infectados por COVID-19 assustador como mostrou o boletim epidemio- lógico de ontem (22). Segundo os dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), somente a Capital contabilizou 928 casos, somando 7.348 casos. Levando em conta o baixo isolamento, que continua mesmo com adoção de me- didas mais duras, a médica infectologista do COE Esta- dual (Centro de Operações de Emergência do COVID-19), Mariana Croda, avaliou que a pandemia saiu do controle e vários fatores contribuíram pra este cenário. “Campo Grande já perdeu o controle da situação. Quando a gente vê uma taxa de ocupação de leitos da forma que está, da capacidade de testes já exau- rida ao ponto de a gente não conseguir mais dar acesso aquelas pessoas que estão dentro dos sete dias para serem testadas, a gente já diz sim que há uma falência, e que não está beirando, ela [falência] já chegou”, disse ao jornal O Estado. Para ela, ampliar o nú- mero de leitos agora é apenas minimizar danos. “Amplia leitos, mas não faz uma res- trição maior da população, então já estamos tomando as medidas que chamamos de mitigação, que é para evitar óbito, fornecendo leitos, mas o que nós queremos é achatar a curva, e a gente só consegue fazendo isolamento social, e não aumentando leitos”, destacou, afirmando que a única medida eficaz cientificamente comprovada é o isolamento, que vem sendo pouco praticado na cidade com taxa bem abaixo dos 70%. O expressivo número de novos casos, segundo a mé- dica, preocupa, mas se deve ao acúmulo de casos, que foi processado de uma vez no sistema de registros de casos. Ainda sim, a infecto- logista alerta que a Capital ainda não atingiu o platô (es- tabilidade em casos) e vamos viver o pico da pandemia. “O Brasil chegou a um platô de mortalidade que é quando a gente chega em um patamar e mantém, a nossa média ainda não mostra esse platô aqui em Campo Grande, então é pro- vável que a gente atinja um número alto e permaneça nesse número por um tempo até a gente conseguir baixar”, co- mentou. A situação da Capital também foi destaque na transmissão on- -line do boletim epidemiológico do Estado. O titular da SES, Geraldo Resende, ressaltou que metade das pessoas que estão ocupando os leitos de UTI em Campo Grande não possui coro- navírus, e que isso significa que a população não está respei- tando os decretos que reduzem a movimentação na Capital. “É importante mostrar que 50% dos leitos de UTI na macrorre- gião de Campo Grande são ocu- pados por pacientes não COVID- 19, principalmente pessoas com politraumas de acidentes de carros e motos. Muitos, apesar dos decretos, estão levando a vida normal, não cumprem o toque de recolher”, afirmou. “[Muitos estão] provocando aci- dentes automobilísticos, e ocu- pando os leitos que deveriam ser destinados ao tratamento do coronavírus”, frisou. Resende destacou ainda a elevação no número de casos confirmados de um dia para o outro. “Os casos confirmados aumentaram 8,6%, e mesmo com o acréscimo [de leitos] que nós construímos com o muni- cípio de Campo Grande nos úl- timos dias, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 94% [na macrorregião], situação muito preocupante”, pontuou. Exposição do público jovem Ainda segundo a infectolo- gista Mariana Croda, a maioria dos infectados da Capital per- tence a uma faixa etária jovem, entre 20 e 39 anos. A explicação disso pode ser justamente a ex- posição inadequada em tempos de pandemia como participar festas e ir a locais com aglo- meração. “A maioria dos con- taminados dentro dessa idade podem acabar se infectando de forma ocasional, tendo que ir trabalhar ou dentro de um su- permercado por exemplo. Mas, muitos desses casos, pode ser por conta de uma exposição ina- dequada, inclusive de pessoas frequentando os bares, fazendo aglomerações.” Os pacientes com COVID que têm entre 30 e 39 anos somam 2.176. Depois desse grupo, a segunda maior parcela de casos tem idades variando entre 40 e 49 anos, totalizando 1.758. O terceiro maior grupo é de pessoas entre 20 e 29 anos, que tem 1.430 in- fectados na Capital. Arquivo OEMS/Valentin Manieri Arquivo OEMS/Valentin Manieri

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A6 Campo Grande-MS | Quinta-feira, 23 de julho de 2020 cidadES

7.348 casos

Em Campo Grande

Hoje

HRMS

Com 928 casos em 24h, município vive momento de descontrole

Baixo isolamento provoca “onda” de infectados por COVID na Capital

Titular da SES pede medidas mais duras de restrição

Exército realiza nova descontaminação no aeroporto

Estoque de sedativos para entubação deve durar 20 dias

Ainda segundo o boletim da SES (Secretaria de Estado de Saúde), dos 18.889 casos confirmados, 6.258 estão em isolamento domiciliar, 12.008 estão sem sintomas e são considerados recuperados. Cerca de 372 pacientes estão internados, sendo 251 em hospitais públicos e 121 em hospitais privados. Seis pacientes internados são procedentes de fora do Estado. Até o fim da tarde de ontem (22), eram 261 mortos por COVID-19.

Separadas por macrorregiões, Campo Grande possui 94% de ocupação dos leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva); Dourados (58%); Três Lagoas (35%), e Corumbá (68%). O número de municípios com registros da COVID-19 representam 96% de todo o Estado, de 79 cidades, 76 possuem casos confirmados da doença. Cerca de 1.535 exames aguardam resultado do Lacen-MS (Laboratório Central de Saúde Pública de MS) e 4.130 casos foram notificados e não foram encerrados pelos municípios.

COVID-19 no Estado

Rafael Belo

Geraldo Resende, secre-tário estadual de Saúde, par-ticipou ontem (22) da live semanal da Comissão Espe-cial em Apoio ao Combate ao COVID-19 e afirmou que me-didas mais duras precisam ser tomadas em razão da baixa adesão ao isolamento social que, de acordo com ele, estava em 43% e depois do lockdown de fim de se-mana só chegou a 49%. O se-cretário também ressaltou o

constante aumento de casos confirmados e de mortes em Campo Grande e no Estado.

Presentes durante a transmissão ao vivo, os vere-adores Dr. Lívio (presidente da comissão), Eduardo Ro-mero e Delegado Wellington fizeram mediação e per-guntas ao secretário, que não escondeu seu descon-tentamento com o aumento dos casos. “Precisamos de medidas duras que levem a medidas restritivas para que não seja preciso um

lockdown completo. Se per-sistir vai acontecer. Mas temos que respeitar as au-toridades e, são os gestores dos municípios que têm que decidir. Estas decisões são reservadas ao ente federa-tivo município. Precisamos analisar cada situação. Aqui em Campo Grande, me pa-rece que o efeito não está sendo o desejado. Nós vamos ter de chegar a medidas mais duras. Desde que te-nhamos de fato a respon-sabilidade de entender que

fechar algumas atividades econômicas é melhor que abrir covas”, analisou.

O secretário afirmou que tem trabalhado intensa-mente e procurado a unidade em todas as esferas de poder público e privado, e este é o motivo de Mato Grosso do Sul não estar pior. “Faltou esta unidade nacionalmente, que teve dessintonia e nos levou, junto aos Estados Unidos, a estar entre os países que pior conduziram a situação”, pontuou.

Mariana Moreira

Considerada a maior crise sanitária global já enfrentada, a pandemia provocada pelo novo coronavírus causou um colapso na rede pública de saúde em todo o país. Além da superlo-tação dos leitos de UTI (Uni-dade de Terapia Intensiva), a COVID-19 provocou em diversas unidades da Federação o de-sabastecimento de sedativos utilizados para entubação de pacientes graves da doença. No Estado, o HRMS (Hospital Re-gional de Mato Grosso do Sul) emitiu, ainda no mês de junho, uma nota técnica alertando que a instituição só possuía fár-macos suficientes para mais um mês. Agora, com leitos lo-tados frequentemente, o tempo de duração dos estoques caiu para cerca de 20 dias. A até manhã de ontem (22), a taxa de ocupação era de 97,7%, o que significa que só havia dois leitos livres.

De acordo com a adminis-tração, o HRMS, referência no enfrentamento à COVID-19 no Estado, conseguiu no início da pandemia manter um estoque razoável desses medicamentos, entretanto o aumento no nú-mero de internações já pre-ocupa a administração. Con-forme a diretora-presidente do HRMS, Rosana Leite de Melo, o hospital no momento tem medicamentos para se manter por mais 20 dias. “Temos uma licitação em andamento, ainda temos estoque para mais 20 dias. A licitação empenhada está dentro do prazo de en-trega, conforme o termo de re-ferência”, pontuou.

Em audiência pública no mês de junho, o Conass (Con-selho Nacional de Secretários de Saúde) já havia alertado para a falta iminente de medi-camentos para sedação. A enti-dade realizou um levantamento com todas as 27 secretarias estaduais de Saúde. Entre os 25 estados que responderam ao questionário, 24 relataram falta de medicamentos, como bloqueadores musculares. O Mi-nistério da Saúde adquiriu no dia 17 deste mês cerca de 54.867

unidades de medicamentos usados no auxílio da entubação de pacientes em UTI que se encontram em estado grave ou gravíssimo pela COVID-19.

Os medicamentos adquiridos no Uruguai foram encami-nhados aos estados em situação de estoque mais crítico, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foram entregues 48.867 unidades de Propofol, cinco mil de Priaxim e mil unidades De-xmedetomidina. A aquisição custou ao Ministério da Saúde US$ 298,5 mil. Para os demais estados, o Ministério da Saúde informou, em nota, que está fazendo “um ‘esforço de guerra’ para equalizar essa demanda no país e salvar vidas”.

Câmara mortuáriaEm razão do número cres-

cente de mortes pelo novo co-ronavírus, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) segue com o contêiner que atua como câmara mortuária para corpos, ativado. Segundo o boletim epidemiológico divul-gado pelo Hospital, somente neste mês de julho, foram regis-trados 38 óbitos por COVID-19 na instituição.

Conforme a diretora-presi-dente do HRMS, Rosana Leite de Melo, o contêiner foi adqui-rido pelo hospital ainda no início da pandemia para servir como um armazenamento extra para corpos de vítimas de COVID. De acordo com a assessoria do HRMS, a câmara fria mortuária do hospital, com capacidade para dez corpos, está com o seu funcio-namento comprometido há dois anos, e por esta razão apenas 40% de sua capacidade está aten-dendo a instituição.

A diretora-presidente do HRMS assegurou que o contê-iner atende todas as normas de biossegurança, prezando pela dignidade do paciente. “Quando registramos muitos óbitos ao mesmo tempo, fica tudo sobre-carregado, e é nestas situações que utilizamos o contêiner que tem capacidade para arma-zenar até 24 corpos ao mesmo tempo condicionados em macas, ele não ficam amontoados de forma alguma”, disse.

Rafaela Alves Esta será a segunda vez

que o Aeroporto Interna-cional de Campo Grande, localizado na Avenida Duque de Caxias, será higienizado desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil. A ação será reali-

zada hoje (23), a partir das 9h, pelo Comando Conjunto do Oeste. A primeira desin-fecção do local também foi feita pelos militares no dia 2 de abril.

Com bombas costais, os militares fazem a descon-taminação do utilizando o álcool 70% e álcool iso-

propílico. Esta será a se-gunda ação da semana, isso porque na terça-feira (21), com aproximadamente 15 homens, o Comando Con-junto do Oeste realizou a desinfecção do Terminal Ro-doviário Senador Antônio Mendes Canale.

O Comando é formado por

militares da Aeronáutica, Marinha e Exército Brasi-leiro. Eles vêm desenvol-vendo o trabalho de descon-taminação de locais públicos em combate ao coronavírus desde o dia 20 de março, tanto em Mato Grosso do Sul como no estado vizinho, Mato Grosso.

Dayane Medina e Mariana Moreira

Campo Grande teve um acréscimo de infectados por COVID-19 assustador como mostrou o boletim epidemio-lógico de ontem (22). Segundo os dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), somente a Capital contabilizou 928 casos, somando 7.348 casos. Levando em conta o baixo isolamento, que continua mesmo com adoção de me-didas mais duras, a médica infectologista do COE Esta-dual (Centro de Operações de Emergência do COVID-19), Mariana Croda, avaliou que a pandemia saiu do controle e vários fatores contribuíram pra este cenário. “Campo Grande já perdeu o controle da situação. Quando a gente vê uma taxa de ocupação de leitos da forma que está, da capacidade de testes já exau-rida ao ponto de a gente não conseguir mais dar acesso aquelas pessoas que estão dentro dos sete dias para serem testadas, a gente já diz sim que há uma falência, e que não está beirando, ela [falência] já chegou”, disse ao jornal O Estado.

Para ela, ampliar o nú-mero de leitos agora é apenas minimizar danos. “Amplia leitos, mas não faz uma res-trição maior da população, então já estamos tomando as medidas que chamamos de mitigação, que é para evitar óbito, fornecendo leitos, mas o que nós queremos é achatar a curva, e a gente só consegue fazendo isolamento social, e não aumentando leitos”, destacou, afirmando que a única medida eficaz cientificamente comprovada é o isolamento, que vem sendo pouco praticado na cidade com taxa bem abaixo dos 70%.

O expressivo número de novos casos, segundo a mé-dica, preocupa, mas se deve ao acúmulo de casos, que foi processado de uma vez no sistema de registros de casos. Ainda sim, a infecto-logista alerta que a Capital

ainda não atingiu o platô (es-tabilidade em casos) e vamos viver o pico da pandemia. “O Brasil chegou a um platô de mortalidade que é quando a gente chega em um patamar e mantém, a nossa média ainda não mostra esse platô aqui em Campo Grande, então é pro-vável que a gente atinja um número alto e permaneça nesse número por um tempo até a gente conseguir baixar”, co-mentou.

A situação da Capital também foi destaque na transmissão on--line do boletim epidemiológico do Estado. O titular da SES, Geraldo Resende, ressaltou que metade das pessoas que estão ocupando os leitos de UTI em Campo Grande não possui coro-navírus, e que isso significa que a população não está respei-tando os decretos que reduzem a movimentação na Capital. “É importante mostrar que 50% dos leitos de UTI na macrorre-gião de Campo Grande são ocu-pados por pacientes não COVID-19, principalmente pessoas com politraumas de acidentes de carros e motos. Muitos, apesar dos decretos, estão levando a vida normal, não cumprem o toque de recolher”, afirmou. “[Muitos estão] provocando aci-dentes automobilísticos, e ocu-pando os leitos que deveriam ser destinados ao tratamento do coronavírus”, frisou.

Resende destacou ainda a elevação no número de casos confirmados de um dia para o

outro. “Os casos confirmados aumentaram 8,6%, e mesmo com o acréscimo [de leitos] que nós construímos com o muni-cípio de Campo Grande nos úl-timos dias, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 94% [na macrorregião], situação muito preocupante”, pontuou.

Exposição do público jovemAinda segundo a infectolo-

gista Mariana Croda, a maioria dos infectados da Capital per-tence a uma faixa etária jovem, entre 20 e 39 anos. A explicação disso pode ser justamente a ex-posição inadequada em tempos de pandemia como participar festas e ir a locais com aglo-

meração. “A maioria dos con-taminados dentro dessa idade podem acabar se infectando de forma ocasional, tendo que ir trabalhar ou dentro de um su-permercado por exemplo. Mas, muitos desses casos, pode ser por conta de uma exposição ina-dequada, inclusive de pessoas frequentando os bares, fazendo aglomerações.” Os pacientes com COVID que têm entre 30 e 39 anos somam 2.176. Depois desse grupo, a segunda maior parcela de casos tem idades variando entre 40 e 49 anos, totalizando 1.758. O terceiro maior grupo é de pessoas entre 20 e 29 anos, que tem 1.430 in-fectados na Capital.

Arquivo OEMS/Valentin Manieri

Arquivo OEMS/Valentin Manieri