Arquitetura grega

9

Click here to load reader

Transcript of Arquitetura grega

Page 1: Arquitetura grega

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANAHistória da Cultura e das Artes – 10ºF – 2011/2012

Módulo 1 – A Cultura da ÁgoraFicha formativa – As ordens arquitetónicas

_______________________________________________________________________

A arte grega liga-se à inteligência, pois os reis não eram deuses, mas sim seres

inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. Ao contemplar a

Natureza, o artista entusiasma-se pela vida e tenta, através da arte, exprimir as

suas ideias e, numa busca constante pela perfeição, cria uma arte de elaboração

intelectual.

Aliou estética e ética, politica e religião, técnica e ciência, realismo e idealismo,

beleza e funcionalidade. Esteve ao serviço da vida pública e religiosa.

A arte grega é antropocêntrica, pois os artistas preocupavam-se com o realismo e

também procuravam exaltar a beleza humana, destacando a perfeição das suas

formas. É ainda racionalista, pois reflecte nas obras de arte, as observações

concretas dos elementos que envolvem o Homem.

O objetivo final da arte era a procura da unidade, beleza e harmonia universais

suportadas por uma filosofia que buscava a relação do Homem com o divino, com o

mundo e a sua origem, com a vida e a morte e também com a dimensão interior do

próprio Homem (valores que hoje designamos por Classicismo);

 

  

A ARQUITECTURA GREGA

 

- A arquitectura grega mostra-se como um dos aspetos mais importantes da

civilização grega, dado que os seus colossais monumentos arquitectónicos

provocam uma grande admiração perante os olhos daqueles que os observam e

porque mostram o grande controlo que os gregos exerciam sobre si mesmos,

revelado nas suas obras através da perfeição, do equilíbrio e da harmonia;

- Influências das culturas mesopotâmica, egípcia, cretense e micénica;

- Inicialmente a arquitectura grega utilizou materiais como a madeira, tendo sido

substituída pela pedra calcária (sobretudo o mármore) a partir de finais do séc. VII

a.C.;

- Dividiu-se em três períodos distintos:

» Período Arcaico (séc. VIII ao inicio do séc. V a.C.) - Caracteriza-se pela

procura do inteligível, da ordem, do monumental e da maturidade;

Page 2: Arquitetura grega

» Período Clássico (segunda metade do séc. V ao séc. IV a.C.) - Período

caracterizado pela procura do equilíbrio, da plenitude, do idealismo e do

naturalismo/realismo. É considerado o século de ouro da arquitectura

grega.

» Período Helenístico (séc. III a.C. ao inicio da Era Cristã) - Época de

declínio, do gosto pelo concreto e pelo individual; mistura de culturas;

- Criaram normas e regras construtivas, cânones para a concretização artística,

valores estéticos e modelos duradouros, nos quais todos os detalhes, os aspectos

decorativos e/ou pormenores tinham de se sujeitar á harmonia e ao ritmo do

conjunto. Definiram assim os princípios básicos da geometria plana e espacial e as

primeiras noções de medida, proporção, composição e ritmo através dos quais

qualquer organização plástica de deveria reger. Para isso, os arquitectos gregos

elaboraram projectos nos quais constavam o estudo topográfico do terreno, a

adaptação do edifício ao relevo e a escolha criteriosa da ordem, de acordo com o

tipo de edifício. Depois elaboravam cálculos onde as medidas e as proporções eram

rigorosamente estabelecidas. Criavam ainda maquetas, em madeira ou terracota,

que eram submetidas posteriormente a aprovação final.

 - O templo foi o edifício que despertou maior interesse entre os gregos e a

expressão máxima da arquitectura grega;

- Era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem, à qual os

fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar livre, ao redor do

templo (Os fiéis apenas subiam ao templo para entregarem oferendas e realizarem

sacrifícios). Também por esse motivo havia uma maior preocupação com a

decoração exterior do que com a interior;

- A sua forma e estruturas básicas evoluíram a partir do mégaron micénico, que

era formado por uma sala quadrangular, um vestíbulo ou pórtico suportado por

duas colunas e com telhado de duas águas). Esta estrutura básica tornou-se, a

pouco e pouco, mais complexa, de maiores dimensões e rodeada de colunas;

Page 3: Arquitetura grega

Templo de Ceres, Paestum

 

- Exteriormente era decorado com majestosas esculturas e pintado com azuis,

vermelhos e dourados;

- Utilizava o sistema de construção trilítico definido por pilares verticais unidos

por lintéis (arquitrave) horizontais;

 

Templo de Poseídon

 

 

- Possui uma aximetria axial, criando fachadas simétricas, duas a duas;

- Na sua estrutura planimétrica (planta) era constituído por três espaços: a

pronaos (espécie de pórtico); a  naos ou cella (local onde se encontrava a

estátua da divindade) e pelo opistódomos (câmara do tesouro onde eram

guardados os bens preciosos da cidade, assim com as oferendas ao Deus). Esta

estrutura tripartida era rodeada por um peristilo, uma espécie de corredor coberto

e circundante, por onde circulavam os fiéis;

 

Page 4: Arquitetura grega

 

 

- Em alçado era formado por uma base ou envasamento (plataforma que servia

para nivelamento do terreno), por colunas (sistema de elevação e suporte do

tecto), pelo entablamento (elemento superior e de remate, constítuido pela

arquitrave, pelo friso e pela cornija, encimada pelo frontão triangular). O

tecto de duas águas era coberto por telhas em barro;

- As colunas e o entablamento eram construídos segundo estilos arquitectónicos

ou ordens (processo de articulação métrica dos diversos elementos de um todo,

em função da sua harmonia final. Essa articulação, a partir da base, da coluna e do

friso, regula as dimensões do templo em números, características e relações

mútuas):

» Ordem dórica - Nasceu na Grécia Continental por volta de em 600 a.C.; possui

formas geométricas e a sua decoração é quase inexistente; não tem qualquer tipo

de base, assenta directamente no estilóbato (último degrau, superior, onde assenta

o edifício); apresenta um aspecto sóbrio, pesado e maciço, traduzindo assim a

forma do homem; o fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e capitel

formado pelo ábaco e equino ou coxim, extremamente simples e geométrico, com

forma de almofada. Simboliza a imponência e a solidez;

Page 5: Arquitetura grega

Colunas dóricas do Templo do Pártenon, Atenas

 

» Ordem jónica - Nasceu na Jónia no séc. VI a.C.; difere da ordem anterior nas

proporções de todos os elementos e na decoração mais abundante da coluna e do

entablamento e pela coluna assentar numa base; pelas suas dimensões e formas

mais esbeltas, traduz a forma da mulher; possui um fuste mais longo e delgado,

com caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas, e em maior número que na

ordem dórica; o capitel possuía um ábaco simples e o equino em forma de volutas

enroladas em espiral;

Coluna do Templo do Erectéion, Atenas

 

 

Page 6: Arquitetura grega

» Ordem coríntia - Apenas apareceu no final do séc. V a.C. e é uma derivação da

ordem jónica, resultado do seu enriquecimento decorativo; possuía um capitel com

forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto, coroadas por volutas

jónicas; a sua base era mais trabalhada e o fuste mais adelgado; simboliza a

ambição, a riqueza, o poder, o luxo e a ostentação;

Colunas coríntias do Templo de Zeus Olímpico, Atenas

 

Page 7: Arquitetura grega

Estrutura da ordem dórica e jónica, respectivamente

 

 

 - Em alguns templos, a função icónica das colunas adquire antropomorfismo num

dos pórticos, através da sua substituição por estátuas de figuras femininas -

cariátides - ou masculinas - atlantes;

Pórtico das cariátides no Templo do Erectéion, Atenas

  

 - Em todas as suas construções, os arquitectos gregos procuraram uma ilusória

sensação de simplicidade, o que não é inteiramente verdade, pois verificaram-se

em templos dóricos determinadas deformações ópticas que foram corrigidas

matemáticamente (correcções ópticas): os elementos horizontais do templo que,

visualmente, são lidos de forma côncava, são ligeiramente encurvados para cima e

para fora; os elementos verticais inclinados para dentro e para cima segundo um

ponto de fuga; toda a colunata é construída ligeiramente inclinada para dentro do

templo, pois a tendência de leitura era ver o edifício curvado para fora; a distância

entre as colunas, exactamente iguais quando medidas, aparecem ligeiramente

Page 8: Arquitetura grega

distorcidas ao olho humano; o fuste das colunas era ligeiramente engrossado no

primeiro terço da sua altura (êntase) e o intercolúneo era maior entre as colunas

das pontas do que nas do meio;