APRESENTAÇÃO - Operação de migração para o novo data ... · - Quem gosta de ouvir histórias?...
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APRESENTAÇÃO
A produção didática aqui apresentada (unidade didática para o professor)
integra o conjunto de atividades desenvolvidas dentro do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE 2010/2011) da Secretaria de Educação do
Estado do Paraná e tem por objetivo subsidiar o professor PDE na implementação
do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, além de oferecer aos colegas
professores uma proposta de trabalho para o desenvolvimento do letramento
literário em nossas escolas.
Eis um questionamento sempre presente entre os professores quando o
assunto é leitura: como desenvolver um trabalho que aproxime efetivamente
nossos alunos do texto literário, expandindo e consolidando a formação do leitor
de literatura? Esta unidade didática pretende apresentar alternativas de resposta
a esse questionamento por meio do desenvolvimento de atividades cujo objetivo é
preparar alunos que compreendam literatura; e que compreendendo apreciem
literatura; e que apreciando literatura leiam espontaneamente e assiduamente,
façam suas escolhas de leitura e, a partir delas, apresentem melhor interação
com todo texto com o qual se deparem em sociedade, não apenas decodificando-
os, mas lendo-os de fato, dialogando com eles e melhor compreendendo o mundo
a sua volta.
As atividades aqui sequenciadas seguem o direcionamento proposto por
COSSON (2006) em sua obra intitulada ―Letramento literário: teoria e prática‖.
Nessa obra, são elencadas como fundamentais no trabalho com leitura literária
quatro etapas: motivação (quando são lançadas aos alunos questões instigantes
e desafiadoras que agucem a curiosidade em relação à leitura do texto),
introdução (quando são apresentados aos leitores autor e obra - apenas
informações básicas sobre o autor, principalmente as ligadas ao texto a ser lido),
leitura (que requer acompanhamento atento do professor para auxílio aos alunos
com dificuldades), e interpretação (quando ocorre o entretecimento dos
enunciados para realização de inferências e construção do sentido do texto, por
meio do diálogo autor/leitor/ comunidade. Constitui-se de dois momentos: o
primeiro (momento interior) é o relacionado à decifração (palavra por palavra,
página por página, e assim por diante até a apreensão global da obra), e o
momento externo em que ocorre a concretização, a materialização da
interpretação como ato de construção de sentido).
Nos encaminhamentos das atividades aqui propostas é previsto o
atendimento a essas quatro etapas do trabalho com leitura a fim de desenvolver o
letramento literário que, segundo COSSON (2006), exige um trabalho que leve os
alunos a se sentirem atraídos para ler literatura e não vejam tal atividade como
obrigação. Para isso, ―não basta mandar os alunos lerem‖. É preciso ler junto com
eles, intervindo quando necessário, apontando caminhos, destacando pontos
positivos e ajudando-os em suas dificuldades, levantando reflexões sobre o que
leram a fim de levá-los ao diálogo com a obra e fazendo-os perceber que ler
envolve captação dos sentidos da obra e não mera decodificação, relacionando o
conteúdo das obras com aspectos do mundo, para que extrapolem os sentidos da
obra e busquem outros sentidos, ampliando a visão de mundo e a imaginação,
promovendo o confronto com outros gêneros para que desenvolvam a capacidade
de perceber efeitos de sentido e ideias implícitas. Enfim, colaborar para que os
alunos tornem-se aptos a ler de forma autônoma e proficiente, sejam realmente
leitores de literatura, façam suas próprias escolhas de leitura e amadureçam
como leitores. Através de um trabalho bem organizado, cuja participação ativa
dos alunos leitores seja o ponto crucial, é possível desenvolver o letramento
literário nas escolas.
Nesta unidade didática, para o trabalho com letramento literário, serão
trabalhadas histórias (contos) que oportunizem o ouvir, o ler e o contar histórias.
UNIDADE DIDÁTICA
1ª ETAPA – AS HISTÓRIAS DE CADA UM...
Objetivos: resgatar a experiência dos alunos com histórias; apresentar as
primeiras histórias selecionadas aos alunos e incentivá-los à leitura e à arte de
contar histórias.
1- Inicie conversando com os alunos sobre:
- Quem gosta de ouvir histórias?
- Tem alguém na família que gosta de contar histórias?
- Alguém se lembra de alguma história que ouviu e ficou marcada em sua
memória? Quer contá-la para a turma?
- Como essas histórias chegaram até vocês?
2- Apresente aos alunos trechos das séries de vídeos ―Como a arte fez o
mundo - Era uma vez (partes 1 a 6)‖ disponíveis em
http://www.youtube.com/watch?v=8wYGY5fva3E&feature=related)
Sugestão: professor(a), nesta etapa, se possível, trabalhe em conjunto com o
professor de História.
3- Em seguida, distribua-lhes cópias do texto abaixo:
A antiga arte de contar histórias
A arte de contar histórias é algo que acompanha o homem desde a pré-
história. Já nessa época nossos antepassados utilizavam várias formas de
linguagem para relatar suas aventuras heróicas e fatos de sua existência. Prova
disso são as inúmeras ilustrações registradas em cavernas e pedras desde
aquela época e que hoje são objeto de estudo dos arqueólogos. O uso de
desenhos, da pintura e de símbolos era a maneira encontrada para transmitir aos
semelhantes acontecimentos que consideravam importantes. Além de ter
IMPORTANTE
Professor(a), nesse momento é importante que o espaço e a disposição da turma
sejam organizados de maneira a favorecer a conversa e estimular o ato de contar
histórias, a troca de experiências, a expressão de emoções.
importância histórica, esses registros evidenciam uma característica natural do
ser humano: a necessidade de contar histórias. Estudos mostram também que
antigamente os homens reuniam-se em torno de fogueiras para a prática de ritos
durante os quais faziam representações cênicas com função mágica e narrativa.
Para isso, fingiam ser outro alguém e representavam situações do cotidiano
utilizando-se de sons, movimentos corporais e pinturas. Assim ―contavam‖ suas
histórias.
E como se sabe muito bem que uma história sempre puxa outra, fica fácil
imaginar como essa arte foi evoluindo junto com o ser humano, principalmente
após o surgimento da linguagem verbal. A partir daí, as narrativas orais passaram
a ser a forma mais utilizada para a transmissão de histórias. (adaptado do livro
didático público de Arte – Ensino médio - Secretaria de Estado da Educação)
4- Discuta a respeito das informações presentes nos trechos do
vídeo e no texto informativo.
5- Reflita com os alunos: através dos livros podemos conhecer
histórias de todas as épocas, da pré-história até os dias atuais. São
os livros que nos mostram o mundo, que nos apresentam as mais
incríveis histórias já imaginadas ou vividas por alguém que quis
dividi-las com outras pessoas.
Agora vamos começar a conhecer algumas dessas histórias.
Leia então para os alunos:
“O galo e a raposa” e “A roupa nova do rei’, da autora Ruth Rocha (disponíveis
na obra “Almanaque Ruth Rocha” – Editora Ática)
e também:
O príncipe tatu
Estando uma vez o rei e a rainha à janela do seu palácio, viram passar
um caçador com um tatu às costas. A rainha, até então, não tivera a felicidade de
dar à luz um filho, e por isso disse para o rei:
— Ah! Meu Deus! Vês tu!... Quem me dera ter um filho, mesmo que fosse
como aquele tatu!
Os seus desejos foram satisfeitos; e dentro de menos de um ano a rainha
veio a ter um filho, que era um tatu perfeito.
Apesar de ser assim, foi ele criado com todos os cuidados de um príncipe
e educado e instruído, conforme a sua hierarquia em nascimento. Escravos o
carregavam pela ruas, vestido com as mais caras roupas, sobre uma poltrona
cravejada de pedras preciosas. Quando o viam passando, as pessoas
comentavam:
--- Lá vai o príncipe tatu!
E assim ficou conhecido por todo o reino.
Tendo o Príncipe Tatu crescido e chegado à época própria ao casamento,
demonstrou desejo de desposar uma das filhas de um conde, que tinha três, e em
troca de alguns favores reais, era capaz de atender a qualquer pedido do rei. E
este, para atender ao capricho do filho ―negociou‖ com o conde que impôs o
casamento à filha mais velha.
A moça aceitou o pedido com repugnância e, para demonstrar seu
descontentamento, exigiu que o seu palácio e residência fossem decorados e
guarnecidos como se se tratasse de um luto e o casamento se fizesse de preto. A
condição foi aceita e assim os esponsais foram realizados. À hora de recolherem-
se ao quarto nupcial, o Príncipe Tatu, encontrando a mulher já no leito, disse:
— Ah! Quiseste que o nosso casamento fosse de luto? Pois vais ver!
Morres já e já!
Em seguida, pegou a mulher nos braços e jogou-a escada abaixo. No
outro dia, explicou:
--- Pobre coitada! Levantou no escuro para beber um copo de água,
acabou tropeçando e rolando sem que eu pudesse socorrê-la.
Ao fim de alguns anos, o Príncipe Tatu, que parecia ter esquecido todos
os propósitos matrimoniais, mostrou desejos de casar-se com a segunda filha do
conde. Houve espanto e mesmo sua mãe quis dissuadi-lo dessa intenção. Mas
ele estava decidido e exigiu que seu pedido fosse levado ao conde pelo pai. O rei
foi novamente bem atendido pelo conde que jamais desagradaria à família real.
Da mesma forma que a primeira, a segunda moça, relutante, obedeceu
ao pai, mas exigiu que o casamento fosse feito de luto e as salas do palácio em
que ele se realizasse tivessem aspecto funéreo. E assim foi. Durante a festa, o
príncipe tatu demonstrava alegria pelo enlace, mas quando recolheu-se com a
mulher ao quarto nupcial, chamou-a para tomar a fresca à janela e lá do alto
jogou-a em meio ao jardim.
No outro dia, explicou:
-- Coitadinha, foi tomar a fresca à janela, desequilibrou-se e caiu. Ai, ai.
O príncipe parecia teimar em escolher esposas sempre entre as filhas do
conde. Chegou, portanto, a vez da terceira, e esta, que tinha por madrinha uma
boa fada, foi avisada de que devia desejar que as cerimônias do casamento
fossem as mais festivas possível. Realizaram-se elas, portanto, com muita pompa
e brilho como se fosse o enlace comum de um príncipe normal e uma princesa
qualquer.
Quando o Príncipe Tatu entrou nos aposentos conjugais, encontrou a
mulher com a fisionomia alegre o recebendo como um verdadeiro noivo da
espécie humana. Muito contente com isto, o Príncipe Tatu retirou o casco e veio a
ser o homem bonito que era de nascença, mas que um encantamento fizera
animal. A esposa ficou exuberante de alegria, e, a partir desse momento, viveram
juntos alguns momentos muito felizes.
No entanto, dias depois, a moça, não satisfeita por ter que guardar
sozinha o segredo do Príncipe Tatu, contou-o à mãe também à rainha.
Sabedora que foi do caso, não pôde a mãe conter a curiosidade e veio
ver, certa noite, o príncipe seu filho com a forma humana. Julgando que lhe
fizessem bem e viesse ele a ter sempre a forma da nossa espécie, a mãe e mais
a sua nora lembraram-se de queimar a casca óssea do tatu na persuasão que,
despertando ele e não a encontrando, não pudesse mais retomar as formas do
animal que aparentava a todos ser a sua. Tal, porém, não se deu.
Sentindo o cheiro de osso queimado, o príncipe despertou e falou assim
dolorosamente:
— Ah! Ingrata! Fôste revelar o meu segredo! Faltavam-me só cinco dias
para desencantar pra sempre...
A princesa nada dizia, - só chorava; e o príncipe não a recriminava, mas
continuava a falar com muito queixume na voz:
— Agora, se tu me quiseres ver, tens que ir às terras dos Campos
Verdes.
Dito isso, sem que ela pudesse perceber como, o Príncipe Tatu sumiu-se
dos seus olhos totalmente, completamente.
(adaptado de ―O príncipe tatu‖ – Marginália – Lima Barreto – disponível
em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000158.pdf)
6- Por fim, entregue para cada aluno uma cópia do conto ―O
pescador e o Gênio‖ (que também pode ser encontrado na já
citada obra “Almanaque Ruth Rocha”). Diga que agora é a vez
deles exercerem a atividade de contadores de histórias lendo-a
para os familiares em casa.
IMPORTANTE
- Professor(a), isto precisa ocorrer sempre: a cada conto a ser lido para os
alunos ou pelos alunos, apresente-lhes fisicamente o livro de onde o mesmo foi
retirado, a fim de habituar o leitores ao contato com o livro. Apresente-lhes sempre
autor e obra (apenas informações básicas sobre o autor, principalmente as ligadas
ao texto a ser lido). Fale sobre a obra e sua importância para o momento,
justificando a escolha. Chame a atenção para a leitura da capa, orelha e outros
elementos paratextuais que a introduzem, incentivado-os a levantar hipóteses sobre
o conteúdo e a comprová-las ou recusá-las depois, com justificavas sobre as razões
da primeira impressão. Se houver apreciação crítica nas orelhas ou contracapa, leia-
as também, demonstrando ser ela elemento importante para a interpretação.
(elementos paratextuais são aqueles que acompanham os textos e que
ajudam a explicá-los, facilitando sua leitura. Podem ser informações sobre os
autores, notas da edição, glossário, bibliografia, prefácios, notícias de apresentação,
ilustração, dimensões, parágrafos, quadros, legendas, título, subtítulos, resumos,
referências existentes num texto...)
- A cada conto lido, converse com os alunos sobre a história, estimule-los a
opinar, pergunte se conhecem histórias parecidas e se desejam contá-las para a
turma.
2ª ETAPA - O CONTO SE APRESENTA
Objetivo: propiciar a reflexão sobre as especificidades do gênero conto.
1- Inicie conversando sobre a experiência como contadores de
histórias em suas casas.
- O que os ouvintes acharam da história?
- Alguém conhecia alguma história semelhante?
(estimule todos a participarem dessas exposições)
2- Apresente aos alunos alguns trechos do filme ―Pequenas
histórias‖. (disponível nas escolas em DVD - acervo da TV Escola).
3- Converse com os alunos sobre o conteúdo das histórias
assistidas; sobre os recursos utilizados pela narradora para
conduzir as narrativas; sobre a introdução das personagens e o
encaminhamento das ações).
4- Entregue para os alunos cópias do texto ―O conto se apresenta‖
de Moacyr Scliar (disponível na obra ―Era uma vez um conto -
coleção ―Literatura em minha casa). Leia o conto junto com os
alunos.
IMPORTANTE
- Professor(a), lembre-se: nos momentos em que entregar cópias do texto aos alunos
(quando não for possível cada um ter em mãos a obra de onde o mesmo foi extraído), é
importante apresentar fisicamente o livro aos alunos, realizando todos os encaminhamentos
já detalhados anteriormente.
- Em alguns momentos leia para a turma, para que os alunos vão percebendo a importância
de recursos como entonação, ritmo, altura, pontuação, pausas, e assim possam aprimorar
suas habilidades leitoras.
- São importantes também momentos de leitura individual, para que o aluno vá adquirindo
autonomia. Nesses momentos, a leitura do início do conto pode ser realizada de maneira
conjunta entre professor e alunos, e depois eles podem continuar sozinhos.
- Nos momentos de leitura coletiva, é importante variar as maneiras como esta ocorre para
que seja sempre interessante.
- Lembre-se também: a realização do processo de leitura requer acompanhamento atento
do professor para auxílio nas eventuais dificuldades dos alunos (decodificação de palavras,
vocabulário, ritmo, apreensão de sentidos...).
- Sempre que houver leitura individual, o tempo para sua realização deve ser previamente
combinado com os alunos (esse tempo não pode ser nem curto nem longo demais, de
acordo com as especificidades de cada um).
O conto (do latim contare = falar) é uma narrativa breve de
um fato real ou fantasioso, desenrola-se com poucas
personagens, apresenta apenas um drama, tem espaço e tempo
restritos, privilegia o diálogo e possui uma linguagem objetiva.
(revista Na ponta do Lápis – número 12 – ano V/
dezembro de 2009)
5- Conversando sobre o texto:
- Quem fala no texto? Que elementos indicam isso?
- Segundo o texto, quando surgiu o conto? Você já tinha ouvido falar sobre isso?
- Por que o surgimento da escrita foi importante?
- De onde surgem os contos, de acordo com as ideias presentes no texto?
- A partir do texto lido, defina conto. (professor(a), neste momento você pode
sistematizar com a turma algumas especificidades próprias do gênero discursivo
conto).
6- Agora vamos ouvir mais um conto que já foi inventado há algum tempo,
mas por meio da oralidade e registro escrito continua a ser contado e
recontado nos dias de hoje:
Leia para eles ―O caso do espelho‖ (disponível em
http://renatagranagarcia.blogspot.com/2008/06/o-caso-do-espelho-por-ricardo-
azevedo.html)
7- Analise e registre, juntamente com os alunos, os seguintes
elementos:
Personagens
Onde e quando os episódios se sucedem?
Como ocorre a trama?
Qual o conflito central?
Como ocorre o desfecho?
Qual o foco narrativo?
8- Em seguida, solicite que os alunos, em duplas, leiam e analisem
esses mesmos elementos no conto “Uma lição do Rei Salomão”
de Luís da Câmara Cascudo (disponível na obra “Contos
tradicionais do Brasil” – coleção Literatura em minha Casa).
Para realização de atividades de intervalo aqui, sugere-se trabalhar
com o poema de Elias José ―É sempre era uma vez‖ (disponível
em http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/coletaneas/sempre-era-vez-545884.shtml)
Converse com os alunos sobre:
-Por que a brincadeira do autor com a expressão ―Era uma vez...‖?
- Reflita com eles sobre os elementos constitutivos do gênero poema.
- Leve-os a perceber a brincadeira do autor com as rimas.
- Reflita com eles sobre a forma mais tradicional de se iniciar uma história ―Era
uma vez...‖. É preciso iniciar sempre com essa expressão? Quais as outras
IMPORTANTE
- Professor(a), cuide para que cada aluno tenha um dicionário em mãos para
consultas durante as atividades de leitura. Aproveite para orientar os alunos que
apresentarem dificuldades quanto à utilização do mesmo.
- Combine com os alunos a organização de uma pasta na qual cada um guardará
os textos recebidos, bem como aqueles que serão ―coletados‖ no decorrer das
atividades. Esses textos farão parte do repertório dos ―contadores de histórias‖.
- Em meio ao acompanhamento das leituras, podem ser realizadas atividades
(chamadas intervalos) como: leitura de outros textos menores que tenham ligação
com o texto central – privilegiando os literários, afinal trata-se de letramento literário
– mas também videoclipes, músicas, cenas de filmes, reportagens, fotos, charges
(o literário dialogando com outros textos), análise de recursos expressivos em
trechos de livros, questionamentos para apreensão de sentidos e percepção das
relações entre o texto central e os textos menores. Os intervalos, segundo
COSSON (2006), oportunizam momentos de compreensão do processo e de
intervenções eficientes na formação do leitor.
(professor(a), são sugeridas aqui algumas atividades de intervalo, mas você
pode intercalar às etapas do trabalho outras que julgar convenientes).
possibilidades? E quanto ao fim das histórias, qual a forma mais utilizada nos
contos tradicionais? Desafie-os a começarem a observar isso nos contos com os
quais tomarem contato daqui em diante.
- Proponha que aceitem o convite que o autor faz nos dois últimos versos e
continuem uma das histórias iniciadas por ele:
9- Entregue aos alunos uma cópia do história ―A lenda do
preguiçoso‖ recontada por Giba Pedroza (disponível em
http://revistaescola.abril.com.br/leitura-literaria/era-uma-vez-
contos.shtml?page=1). Peça que repitam a experiência como
contadores de histórias, lendo-a em casa para familiares ou amigos.
3ª ETAPA – CONHECENDO HISTÓRIAS VIVIDAS
Objetivo: apresentar aos alunos o conceito de verossimilhança nas narrativas.
(Inicie conversando com os alunos sobre a atividade que realizaram em
casa).
Hoje vamos conhecer alguns contos cujos autores retratam histórias
realmente vividas por eles ou que poderiam de fato ter acontecido em seu
cotidiano.
1- Distribua aos alunos uma cópia do conto ―Será o Benedito!‖ de
Mário de Andrade (livro disponível na ―Biblioteca Cidadã‖ de muitos
municípios)
- Combine com eles como será feita a leitura desse conto (de forma individual,
coletiva...).
IMPORTANTE
- Durante as atividades de interpretação, é preciso tomar cuidado com idéias
preconceituosas como: ―é preciso respeitar a opinião do aluno, por isso toda e qualquer
interpretação é possível‖, ou ainda ―há apenas uma interpretação possível‖. (COSSON,
2006)
2- Atividades sobre o texto:
- Discuta com os alunos sobre suas primeiras impressões sobre o conto. Que
emoções são expressas pelo autor?
- Comentem sobre as personagens centrais:
- Qual a relação das atitudes de cada personagem com suas condições sociais e
seu modo de vida?
- O que acharam do desfecho?
- Já ouviram a expressão ―Mas será o Benedito‖? Qual o sentido dela? A partir do
sentido dessa expressão e também pelo enredo apresentado, comentem o título:
3- Apresente aos alunos o conceito de verossimilhança na narrativa:
- Agora reflita com os alunos sobre o foco narrativo utilizado nessa narrativa.
- O fato narrado foi realmente vivido pelo autor? Estimule os alunos a discutirem
sobre isso, levando-os a justificarem suas ideias (inclusive com elementos do
texto):
Verossimilhança – ―Vero‖ significa verdadeiro, ―simil‖ semelhante, assim uma
história é verossímil quando apresenta semelhança com a verdade, com a realidade, é
a impressão de verdade que a ficção consegue provocar no leitor, por meio da lógica
interna da história (coerência narrativa).
Sem essa lógica interna, a história torna-se inverossímil.
Porém, mesmo que uma história apresente fatos inverossímeis do ponto de vista
da realidade concreta, numa narrativa bem elaborada estes adquirem lógica dentro do
contexto, dentro do universo criado pelo autor, então o leitor passa a aceitá-los como
verdadeiros (verossimilhança interna). Por isso as histórias de ficção fazem tanto
sucesso entre nós. (adaptado de A verossimilhança – estudos literários – disponível
em (http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1605540)
As diferentes interpretações devem sim ser consideradas desde que apresentem
coerência e que estejam amparadas pelo contexto.
Ao final das atividades individuais de interpretação, oportunize o momento de
compartilhamento das interpretações. Nesse momento os alunos poderão reiterar ou rever
sua própria interpretação, em confronto com as dos colegas e professor, e com isso
haverá ampliação dos horizontes de leitura de cada leitor.
4- Divida os alunos em pequenos grupos e distribua cópias do conto
“A rã santa Aurora‖, de Sylvia Orthof (do livro ―Os bichos que eu
tive (memórias zoológicas)‖ disponível na ―Biblioteca cidadã‖ de
muitos municípios).
5- Após as leituras, peça que discutam e anotem suas conclusões
acerca das seguintes questões:
- Quais as primeiras impressões sobre o conto. Que emoções são expressas
pela autora?
-O fato narrado foi realmente vivido pela autora? Por que chegaram a essa
conclusão? (justifiquem suas ideias, inclusive com elementos do texto)
Sugestão de atividade de intervalo:
- Distribua aos alunos cópias do poema ―Porquinho-da-índia‖ de
Manuel Bandeira (disponível na obra ―Libertinagem e Estrela da
manhã‖). Após a leitura:
- reflita com os alunos quanto às semelhanças e diferenças entre o poema e o
conto anterior: assunto, elementos estruturais, verossimilhança, nível de
linguagem empregado.
- Proponha aos alunos a elaboração de uma paráfrase do poema de Manuel
Bandeira, a partir de situações por eles vividas.
- Solicite que pesquisem em casa com familiares e amigos sobre situações
marcantes em suas vidas que poderiam ocasionar a produção de um belo conto.
Se quiserem, podem preparar-se para contá-las na próxima aula.
Paráfrase – parafrasear um texto
significa recriá-lo com outras
palavras, mas mantendo a ideia
central (essência do texto) e a
estrutura originais.
4ª ETAPA – IMAGINAÇÃO EM AÇÃO
Objetivo: levar os alunos a perceberem elementos constitutivos das narrativas
ficcionais.
1- Inicie oportunizando um momento para que possam falar sobre o
resultado das pesquisas em casa.
Hoje vamos conhecer histórias em que o “ingrediente” principal é a
imaginação.
2- Leia para os alunos ―O homem que enxergava a morte‖ e ―O
último dia na vida do ferreiro‖ (do livro ―Contos de enganar a
morte‖ de Ricardo Azevedo)
- Após a leitura, estimule a oralidade para que transmitam impressões sobre os
contos.
- Discutam sobre a verossimilhança de cada fato narrado.
3- Distribua cópias do conto ―Um encontro fantástico‖ (disponível
em http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/coletaneas/encontro-fantastico-543548.shtml)
4- Após as leituras:
- Conversem sobre os personagens envolvidos no conto. Os alunos já tinham
ouvido falar sobre eles?
- Conversem também sobre a importância da tradição oral na perpetuação de
nossas histórias mais populares.
Contos populares – são aqueles
que passam de geração para
geração por meio da tradição
oral e retratam elementos
próprios do folclore da região.
- Sugira aos alunos que busquem outras histórias com os personagens
destacados no conto.
5ª ETAPA – CONTANDO A REALIDADE
Objetivos: colaborar para o reconhecimento da literatura como arte que dialoga
com a realidade; apresentar aos alunos o conceito de neologismo.
Há contadores de histórias que, por meio de sua arte, falam sobre
problemas que existem em nossa sociedade.
1- Distribua aos alunos cópias do conto “Esta casa é minha” de Ana Maria
Machado (do livro “Nem te conto” – coleção Literatura em minha casa –
volume 2 – 4ª série)
- Terminada a leitura, reflita com os alunos a respeito de suas primeiras
impressões sobre a história.
- Peça para que comentem o título, a partir do contexto apresentado na narrativa:
- Conversem sobre a importante questão social abordada pela autora:
- Quanto à linguagem, apresente aos alunos o conceito de neologismo e depois
reflita com eles sobre neologismos presentes no texto.
Neologismo (=nova palavra) é o processo de criação de palavras
novas. A língua passa por constantes transformações, é ―viva‖ e dinâmica,
por isso ocorrem os neologismos. Alguns surgem e acabam sendo
incorporados ao vocabulário permanente (deletar/ estresse, por exemplo),
outros apenas suprem uma necessidade momentânea do criador.
- Conversem ainda sobre efeitos de sentido de repetições como ―esta casa é
minha‖ e outras similares.
2- Leia para os alunos o conto ―Biruta‖ (disponível na obra ―De conto em
conto‖ da coleção Literatura em minha casa‖ – volume 2 – contos – 8ª
série‖)
- Terminada a audição peça para que, em pequenos grupos: comentem
impressões sobre o conto; caracterizem psicologicamente/socialmente as
personagens; reflitam sobre questões sociais retratadas pela autora.
- Solicite que cada grupo exponha os resultados do trabalho.
6ª ETAPA – VÁRIAS CULTURAS, INFINITOS CONTOS
Objetivo: apresentar contos provenientes de diferentes culturas a fim de ampliar
e estimular o conhecimento de mundo.
1 - Divida os alunos em pequenos grupos e entregue para cada grupo
cópias de um dos seguintes contos: ―A pele nova da mulher velha” de
Daniel Munduruku (conto indígena disponível na obra “Conto com você” da
coleção Literatura em minha casa – volume 2 – contos – 4ª série); “Lenda
celta” (recontada por Ruth Rocha no livro Almanaque Ruth Rocha - editora
Ática); o conto africano “O príncipe medroso” ( do livro “O príncipe
medroso e outros contos africanos” – distribuído às escolas pelo FNDE) e a
narrativa de cordel “Cordel adolescente, ó xente” de Sylvia Orthof ( do
livro de mesmo título – editora Quinteto)
IMPORTANTE
Professor(a), todos os contos aqui citados são sugestões, há muitos outros que
podem desencadear interessantes atividades com os alunos.
2- Após as leituras, leve os alunos, ainda em grupos, a discutirem
principalmente sobre elementos próprios do universo cultural retratado em
cada conto.
- Solicite que cada grupo reconte à turma a história lida, bem como apresente
conclusões a respeito da discussão proposta na questão anterior.
- Estimule os alunos a buscarem, em suas leituras, outros contos provenientes de
diferentes universos culturais.
7ª ETAPA – “MANHAS E ARTIMANHAS”
Objetivo: apresentar aos alunos recursos utilizados na elaboração de contos.
Agora é o momento de estudar um pouquinho sobre os recursos que
os contistas utilizam para elaborar textos que tanto nos encantam.
1- Distribua aos alunos cópias do conto “A moura torta” (recontado por
Ana Maria Machado na obra “Histórias à brasileira – A Moura torta e outras
– Companhia das Letrinhas).
2- Após a leitura e a conversa sobre as primeiras impressões, chame a
atenção dos alunos para:
- Elementos estruturais – parágrafos, como o texto se organiza no papel,
preenche toda a linha, da margem esquerda à direita?
- Marcadores temporais – era uma vez/ quando/ no dia seguinte/ depois de muito
tempo/ o tempo passava/ daí a pouco/ enquanto/ passou mais um tempinho/ na
mesma hora/ depois...
- Peça aos alunos que sinalizem no texto as palavras e expressões que
vão marcando a passagem do tempo na narrativa:
- Trechos descritivos na caracterização do espaço e das personagens
- Analise, junto com os alunos, passagens descritivas, levando-os a
perceberem o efeito do uso dos adjetivos.
- O uso do discurso direto para reproduzir a fala das personagens na narrativa.
(comente que, na maioria das vezes o narrador utiliza o discurso direto, mas
existem outros tipos de discurso: o indireto e o indireto livre).
- Retire do texto, junto com os alunos uma passagem que contenha
discurso direto. Discuta com eles sobre os efeitos de sentido do uso desse tipo de
marcação das falas.
- Peça para que localizem no texto outros exemplos:
- O efeito de sentido causado pelo uso de repetições no texto.
- Verifique alguns exemplos disso com os alunos.
- Agora fale com os alunos sobre a utilização de linguagem figurada, da qual
decorrem as figuras de linguagem. Este é um bom momento para apresentar-lhes
algumas delas.
- Desafie os alunos a encontrarem no conto que acabaram de ler
alguns exemplos de uso dessas figuras de linguagem.
No discurso direto a fala do personagem é
reproduzida integralmente e de forma direta, tal
qual foi produzida. Para marcar as falas no
discurso direto são utilizadas algumas marcas: dois
pontos e travessão ou aspas.
Figuras de linguagem – são recursos da língua que o autor utiliza para tornar mais
expressivos, mais poéticos, mais artísticos os textos que produz. Vamos conhecer
algumas muito comuns nos contos:
Metáfora – é a comparação direta entre dois elementos.
Para as mães, os filhos são jóias raras.
Comparação- é a comparação indireta (com o uso de uma palavra comparativa) entre
dois elementos.
Para as mães, os filhos são como jóias raras.
Personificação (ou prosopopéia) – ocorre quando são atribuídas a seres irracionais ou
objetos características ou atitudes próprias dos seres humanos.
O rio viaja, incansável, até o mar.
3- Divida os alunos em pequenos grupos, entregue para eles cópias do
conto “O veado e a onça” (do mesmo livro de “A moura torta”) e peça que
analisem:
- elementos marcadores de tempo.
- O que causa surpresa no conto?
- Em certo momento ocorre a troca da forma de tratamento senhor por você. Qual
o efeito de sentido dessa troca?
- recursos utilizados para enredar (prender a atenção) o leitor:
8ª ETAPA – “MAIS MANHAS E ARTIMANHAS”
Objetivo: apresentar mais recursos utilizados na elaboração de contos.
1- Distribua aos alunos cópias do conto “Um ano novo danado de bom”
de Angela Lago (da obra “Nem te conto” da coleção Literatura em minha
casa – volume 2 – conto – 4ª série)
2- Após a leitura e a troca das primeiras impressões sobre o conto:
- Reflita com os alunos sobre as passagens em que ocorre diálogo com o leitor.
Qual o efeito de sentido decorrente da utilização desse recurso?
- Ao utilizar as palavras em frente/ enfrente a autora joga com as palavras. Por
que ela fez isso?
Alguns recursos utilizados na construção do suspense e
no enredamento do leitor são: pausas, uso de
reticências, indagações, retornos ao passado das
personagens (lembranças), exploração do tempo
psicológico...
Trocadilho- trata-se de uma brincadeira com as palavras por meio da semelhança formal entre elas. Podem ser acidentais (cacofonia) ou intencionais (intenção crítica/ cômica/ estilística...)
- Analise com os alunos a verossimilhança (narrativa fantástica):
- Peça para que os alunos, em duplas, comentem o desfecho dado ao conto e
depois exponham suas ideias para a turma.
3- Agora distribua aos alunos cópias do conto ―Um apólogo” de Machado
de Assis (disponível na obra ―De conto em conto‖ da coleção Literatura em
minha casa‖ – volume 2 – contos – 8ª série‖)
4- Após a leitura e exposição das primeiras impressões a respeito do
conto, explore com os alunos os seguintes recursos:
- Peça para que indiquem as personagens principais. Que recurso já estudado o
autor utilizou para criá-las?
- Quanto à linguagem utilizada chame a atenção para a variação da língua no
tempo. Leve-os a identificarem elementos que exemplificam essa variação.
- Reflitam sobre o sentido da metáfora ―Também os batedores vão à frente do
imperador‖. Qual o efeito de sentido do seu uso no texto?
- Qual o efeito de sentido ocasionado pela repetição de ―Chegou a costureira,
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha...‖:
- Estimule-os a refletir sobre a atitude do alfinete:
- Reflitam também sobre o comentário final do autor:
5- Agora, o trabalho é com o conto “O guizo do gato” recontado por
Pedro Bandeira (no livro “O guizo do gato” da editora Ática).
6- Após a leitura e exposição das primeiras impressões a respeito do
conto, explore com os alunos os seguintes recursos:
- O que diferencia este conto dos demais já estudados – trata-se de um poema
narrativo, por isso aparecem recursos próprios da poesia (rimas, métrica,
estrutura versos/estrofes). Reveja esses elementos com os alunos.
Na introdução (que deve ocorrer sempre) deste conto, professor,
você já deve ter falado sobre a importância de Machado de Assis, bem
como de outros autores clássicos brasileiros. Reforce aqui essas
ideias e sugira que os alunos busquem por outros contos desses
consagrados escritores.
- Reflitam: por que o autor optou por narrar essa história em versos? Levante
hipóteses com os alunos, levando-os a justificarem coerentemente suas
respostas.
- Por fim, sugira que os alunos encontrem outros contos que sigam a estrutura
poética:
9ª ETAPA – CONTOS QUE FAZEM RIR
Objetivo: propiciar a reflexão sobre recursos de humor e de quebra de
expectativa.
Ao contarem e recontarem o mundo através de suas histórias, muitos
autores utilizam o humor e a graça para surpreender o leitor.
1- Apresente algumas informações sobre o personagem Pedro Malasartes:
2- Apresente-lhes também o vídeo “A sopa de pedras do Pedro”
(disponível em http://www.youtube.com/watch?v=ss1SL59nYFA)
3- Em seguida, leia para eles o conto “Uma aventura de Pedro
Malasartes” (recontado por Ruth Rocha no livro “Almanaque Ruth Rocha”
– editora Ática)
4- Depois da audição, estimule a discussão: O que causa o humor nessas
histórias?
5- Em seguida, distribua cópias de parte (sem o último parágrafo do
desfecho) do conto “A morte da tartaruga” de Millôr Fernandes
(disponível no livro “Ciranda de contos” – coleção Literatura em minha casa
– volume 2 – conto – 4ª série) -
6- Terminada a leitura, solicite que realizem as seguintes atividades:
Pedro Malasartes é um personagem muito conhecido na cultura brasileira através de contos populares em que, com muita esperteza e astúcia, engana aos outros sem remorso algum. Cínico e sem escrúpulos, é um personagem bastante antigo de nossa literatura que sempre se sai bem em aventuras que continuam a ser recontadas por muitos autores de nossa época.
Qual o sentido desse conto para você?
O tom narrativo utilizado transmite que emoções ao leitor?
Pelo contexto, qual a relação do menininho com seu animalzinho de estimação?
Qual a expectativa em relação à atitude do menininho diante da última fala do
pai?
Crie um desfecho:
- Agora, leia para os alunos o final do conto.
- Reflitam sobre:
Qual o recurso utilizado para causar humor?
- Comente com os alunos sobre o recurso da quebra de expectativa.
- Compare o desfecho original do conto com aquele criado por você e pelos
outros colegas.
10ª ETAPA – CONTOS QUE EMOCIONAM
Objetivos: Levar os alunos a refletirem sobre recursos estilísticos já
trabalhados nas etapas anteriores; apresentar os conceitos de denotação e
conotação.
Hoje falaremos sobre contos que emocionam o leitor e, muitas
vezes, despertam lembranças e saudades.
1- entregue aos alunos cópias do conto ―A segunda cartilha”, de João
Anzanello Carrascoza (conto disponível na obra “Os contadores de
histórias” – coleção Literatura em minha casa – volume 2 – conto – 4ª
série)
Ocorre nesse conto o que chamamos “quebra de expectativa” (o surgimento de um acontecimento novo, inesperado) na narrativa.
2- Após a leitura e exposição das primeiras impressões a respeito do conto,
questione:
- Qual o sentido de “ler as pessoas”? Que figura foi utilizada nessa passagem do
texto?
- E “ler noutra cartilha”, pelo contexto do conto, significa o quê?
- Que emoções o autor trabalha nesse conto?
- Peça para que procurem no texto passagens em que o autor utiliza
comparações. Qual o efeito de sentido provocado pela utilização dessa figura de
linguagem?
3- Distribua agora cópias do conto “E vem o Sol‖, de João Anzanello
Carrascoza (disponível em http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-
1/vem-sol-634307.shtml)
4- Após a leitura e exposição, por parte dos alunos, das primeiras
impressões a respeito do conto, trabalhe com eles a respeito de linguagem
conotativa.
- Juntos, explorem o conto a fim de encontrarem trechos conotativos:
- Agora, desafie-os a localizarem mais alguns exemplos de linguagem conotativa.
Nossa linguagem é rica em sentidos. Uma palavra pode ter significados diferentes, dependendo do contexto em que é empregada. Assim, surgem os conceitos de denotação e conotação. Sentido denotativo – é o sentido comum da palavra, o sentido real, o significado do dicionário. Sentido conotativo – é o sentido figurado, diferente do significado comum, o sentido carregado de afetividade, dentro de um contexto especial. A conotação é muito utilizada na literatura, nos textos publicitários, humorísticos...
- Discuta com eles sobre os exemplos encontrados e sobre o efeito de sentido
ocasionado pelo uso de trechos conotativos.
- Questione: o efeito do texto sobre o leitor seria o mesmo se as palavras
tivessem sido utilizadas apenas no sentido denotativo? Por quê?
- Peça para que os alunos comentem: o que o sol representa nesse conto?
11ª ETAPA – CONTOS QUE CONVIDAM A BRINCAR
Objetivo: propiciar o contato com contos lúdicos.
Alguns contos apresentam-se como agradáveis brincadeiras por
meio da exploração de adivinhas, parlendas, trava-línguas, enfim, são os
contadores brincando com as palavras.
1- Entregue aos grupos de alunos cópias do conto “A bolsa, a bolsinha e
a bolsona”, de Rosane Pamplona (do livro “Era uma vez três” disponível
na “Biblioteca cidadã” de muitos municípios)
- Explore com eles, de diferentes maneiras, a leitura desse conto.
- Oportunize a conversa sobre impressões a respeito dessa experiência.
2- Leia para os alunos o livro “Insônia”, de Antonio Skármeta e Alfonso
Ruano (disponível na “Biblioteca Cidadã de muitos municípios)
- Após a audição, explore com os alunos a beleza da linguagem: as figuras
utilizadas, as repetições, as conotações;
- Explore também a beleza das ilustrações;
- Relembre aos alunos o conceito de neologismo. Leve-os a identificarem
neologismos presentes no texto (se necessário, releia a história para eles):
desdormite, nãosonhite, pestanite, bocejite, destermometrado, entermometrar).
Por que o autor utilizou esses neologismos?
- A partir do já explorado conceito de verossimilhança, discutir com os alunos o
que é uma narrativa fantástica.
12ª ETAPA – HISTÓRIAS REINVENTADAS
Objetivos: apresentar aos alunos os recursos de intertextualidade e de releitura;
ampliar as habilidades de leitura dos alunos por meio da percepção desses
recursos.
1- Distribua aos alunos cópias do poema narrativo ―Chapeuzinho
Amarelo‖, de Chico Buarque.
- Após a leitura e discussão sobre as primeiras impressões dos alunos sobre o
conto, questione:
A história contada por Chico Buarque lembra outra muito conhecida. Qual? Que
elementos comprovam isso?
Qual o efeito de sentido ocasionado pela diferença de grafia em lobo/LOBO?
Leia a última linha do conto. Por que há duas sílabas em destaque (negrito)?
Qual era o verdadeiro medo de Chapeuzinho?
Por que a ênfase em ―Era A chapeuzinho amarelo”?
IMPORTANTE Professor, nesse momento, para a compreensão dos textos, o leitor aciona
conhecimentos prévios e experiências de leitura anteriores, conforme a teoria da
Estética da Recepção (de Hans Robert Jauss) e do método recepcional (apresentado
por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar com base na Estética da
Recepção). De acordo com essas teorias, é preciso haver diálogo autor/leitor para que
ocorra a recepção da obra, ou seja, para compreender o ―novo‖ apresentado pela obra,
o leitor aciona as experiências que já possui e estas geram expectativas, suscitam
emoções e o conduzem à compreensão. Após o contato com a obra, o leitor será
conduzido à satisfação ou estranhamento (rompimento do horizonte de expectativas), o
que ocasionará uma nova maneira de perceber a realidade, ou seja, a ampliação do
horizonte de expectativas.
2- Agora, peça aos alunos que relembrem o conto original. Estimule-os à
oralidade:
- Comentem sobre as diferenças existentes entre o conto original e esta versão de
Chico Buarque (estrutura, conteúdo, personagens...).
3- Por fim, apresente aos alunos os conceitos de intertextualidade e
releitura e leve-os a perceberem essas estratégias no conto de Chico
Buarque:
4- Em seguida, apresente aos alunos o poema ―A menina e o sapo‖, de
Marcia Paganini Cavéquia (disponível em
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/menina-sapo-634199.shtml)
- Após conhecerem o texto e expressarem ideias sobre ele, em grupos, os alunos
podem trabalhar as seguintes questões:
Que elementos dos contos tradicionais são retomados pela autora?
O conto dialoga com quais contos tradicionais?
O que mais lhe chama a atenção nesse conto?
5- Apresente ainda aos alunos o trailer do filme ―Deu a louca na
Chapeuzinho 2‖ (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=SAF0-
cBOolY)
intertextualidade – é o diálogo entre dois ou mais textos. Ocorre quando um texto retoma
outro já conhecido pelo leitor.
Releitura - consiste na criação de uma nova obra baseada numa outra feita
anteriormente. Na releitura o autor expõe sua percepção, seu modo de ver e sentir a obra
recriada.
13 ª ETAPA – “GARIMPANDO TESOUROS”
Objetivos: ampliar e concretizar o gosto pela leitura de contos; estimular o hábito
de compartilhar histórias lidas.
1- Converse com os alunos sobre os contos conhecidos durante as etapas
do trabalho até aqui. De qual ou quais mais gostaram?
2- Combine com os alunos o seguinte: a partir de agora, através de leituras
individuais (não esqueça, professor(a), de sempre acompanhá-los nessas
leituras, principalmente aqueles que apresentarem maiores dificuldades)
cada um trabalhará na seleção de contos para seu ―repertório‖ como
contador de histórias. Combine também alguns momentos em que, dentre
os contos lidos, escolherão alguns para contar primeiramente para a turma.
Fale para eles que um bom contador de histórias gosta de compartilhar
suas leituras mais interessantes. Lembre-os também de que ―quanto mais
histórias conhecerem, mais condições terão de selecionar histórias que
sejam boas para contar, que sejam ―valiosas‖.
14ª ETAPA – AGORA DEIXA QUE EU CONTO
Objetivo: iniciar os alunos na arte de contar histórias.
De todos os contos conhecidos durante o projeto, selecione, junto com os
alunos, algum ou alguns (dependendo do tamanho da turma) para a ―contação de
histórias‖ na escola, em dia a ser definido.
Sugestão: professor(a), nesta etapa do trabalho, se possível, trabalhe em
conjunto com o(a) professor(a) de Arte na adaptação dos contos a serem
IMPORTANTE
Professor(a), através desse ―jogo‖ de leituras, trocas e exteriorizações está sendo
promovido o letramento literário entre seus alunos.
contados; na organização do cenário, dos figurinos, da sonoplastia; no ensaio das
dramatizações/contações das histórias.
No dia da apresentação, se possível, reúnam toda a comunidade escolar.
O ideal é que a partir daí os alunos continuem tendo oportunidades de exercer a
arte de contar histórias em casa, na escola, na comunidade.
Antes de começarem a preparar as apresentações, repasse aos alunos
algumas informações sobre a arte de contar histórias.
Contar histórias é um meio de resgatar a memória, de transmitir idéias e de expressar-se ao mundo. Todo bom contador de histórias deve ser também um bom ouvinte e leitor e deve gostar de contar.
Um bom contador de histórias:
lê muito e seleciona histórias que terá prazer em contar;
recria a história passando-a para a linguagem oral. Prepara-se para contar a história e não apenas decorá-la;
ensaia com gestos, movimentos e voz adequados. Dirige o olhar para todos os ouvintes; corrige vícios de linguagem (daí, né);
prepara o ambiente antecipadamente;
Algumas qualidades do bom contador de histórias:
é capaz de vivenciar o que está contando, transmitindo a emoção presente na história;
expressa-se bem, valendo-se de recursos que tornem a contação mais atrativa (música, barulhos de objetos, barulhos com o corpo);
sabe improvisar – por isso é tão importante conhecer realmente a história, não apenas decorá-la.
é espontâneo – age com naturalidade, o que ocorre mais facilmente quando se conhece realmente a história.
sabe colocar a voz com altura, volume, ritmo e pausas, adequadamente.
(adaptado de ―A arte de contar histórias‖ -
http://www.evangelizabrasil.com/2009/04/14/a-arte-de-contar-historias/)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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http://www.evangelizabrasil.com/2009/04/14/a-arte-de-contar-historias/. Acesso
em: 12 jul. 2011.
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metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
ANDRADE, M. de. Será O Benedito! Ilustrações Odilon Moraes – 2 ed. São
Paulo: Cosac Naify, 2008.
A ocasião faz o escritor. Caderno do professor: orientação para a produção de
textos (equipe de produção: Maria Aparecida Laginestra, Maria Imaculada
Pereira) – São Paulo: Cenpec, 2010. (Coleção da Olimpíada de Língua
Portuguesa)
ARTE/ vários autores – Curitiba: SEED – PR, 2006.
A sopa de pedras do Pedro. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=ss1SL59nYFA. Acesso em: 27 jul. 2011.
ASSIS, M. de. Um apólogo. Ilustrações Ana Raquel – São Paulo: DCL, 2003. –
(Coleção Ciranda de contos)
AZEVEDO, R. Contos de enganar a morte/ narrativas populares, recolhidas e
recontadas. – 1ed. – São Paulo: Ática, 2003.
___________.O caso do espelho. Disponível em
http://renatagranagarcia.blogspot.com/2008/06/o-caso-do-espelho-por-ricardo-
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MUNDURUKU, D. (et. al.). Conto com você – 1 ed. – São Paulo: Global, 2003. –
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