APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO … · Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na...
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CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA
APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES
DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES
Osasco2008
CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA
APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES
DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do
Centro Universitário FIEO, para obtenção do título
de Mestre em Psicologia Educacional, tendo como
área de concentração Ensino-aprendizagem
inserido na linha de pesquisa Ensino-aprendizagem
no contexto social e político, sob orientação da
Profª Dra. Maria de Lourdes Manzini Covre
UNIFIEO – Centro Universitário FIEO
Osasco
2008
CÉLIA REGINA DE CARVALHO ZANATTA
APRENDER BRINCANDO: OS JOGOS COMO FACILITADORES
DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS ESCOLARES
Aprovada em _____/_____/_____
Nota_______________________
Banca Examinadora
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Márcia Siqueira de Andrade
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Cleomar de Azevedo
___________________________________________________________________________
Profª Dra. Nilce da Silva
O Jogo faz o ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e
remotas não correspondem ao interesse da criança.
Dewey
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família, que acreditou na minha busca de crescimento,
me motivando sempre, principalmente meu marido Gerson, meus filhos Aline, Letícia e Vitor
que compreenderam minha ausência e valorizaram cada momento dessa trajetória.
AGRADECIMENTOS
Algumas pessoas foram muito importantes para a realização deste trabalho:
• Prof. Maria de Lourdes – pela transmissão de seus conhecimentos visando o
aprimoramento desta pesquisa
• Prof. Maria Elisa – com sugestões de ajustes necessários para a melhoria literária
• Prof. Márcia – com a confiança depositada e apoio inestimável
• Prof. Paulo – com extrema paciência me fez buscar o melhor; aperfeiçoando e
valorizando minhas habilidades.
• Prof. Sônia e Prof. Andréa – que acreditaram na possibilidade de ensinar brincando,
dando-me votos de confiança
• e, principalmente as crianças da 3ª A que sem saberem, permitiram a comprovação da
importância do lúdico na aprendizagem.
Muito obrigada! ! !
“O jogo pode se tornar uma estratégia didática quando as situações são planejadas e
orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à
criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é
necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de
etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades
que lhe são decorrentes”.
(Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil: conhecimento de mundo. V.3. Brasília,
MEC /SEF, 1998, p.211.)
RESUMO
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as possibilidades de utilização dos jogos no
desenvolvimento do currículo escolar.
Nosso objetivo foi de compreender como os jogos na escola garantem oportunidades para que
o aluno avance de forma dinâmica e prazerosa no entendimento e valorização de seu
aprendizado, investigando como ocorre a participação dos alunos em atividades lúdicas, não
só individuais como coletivas; pesquisando o envolvimento do aluno nessas atividades que
abrangem autonomia, responsabilidade e iniciativa.
Buscamos uma vivência prática para que sejam constatados resultados através de grupo
controle, questionários e entrevistas, observando supostas transformações de atitudes, tanto do
professor como do aluno.
Para compreender a realidade da criança, utilizamos, além da observação, questionários;
entrevistas e avaliações, investigando de forma quantitativa e qualitativa as crianças de dois
grupos de uma mesma realidade escolar. Um grupo chamado de 3ª série A que foi trabalhado
com os jogos e o outro, 3ª série B sem a intervenção dos jogos no desenvolvimento do
currículo escolar.
O estudo apresentado foi elaborado nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática não por
serem as áreas mais importantes, mas por servirem de base para a compreensão de todas as
outras áreas de estudo como a Geografia, Ciências e História de mesma importância para o
desenvolvimento global do ser humano.
Os resultados mostram que o trabalho com jogos pode ser um grande facilitador não só na
aprendizagem de conteúdos estabelecidos no currículo escolar, mas também como agente
integrador da criança ao meio, facilitando a sua relação com o ambiente escolar e com as
pessoas que a rodeiam.
Palavras chave – jogo, vivência prática, transformação, facilitador, agente integrador,
aprendizagem
ABSTRACT
This study presents a reflection about the possibilities of using the games in the development
of school curriculum.
Our objective was to understand how the games at school guarantees opportunities to the
student progress in a dynamic and pleasant way, in the understanding and enhancement of
their learning, investigating how the involvement of students in recreational activities happen,
both individual and collective; researching the involvement of the student in such activities
covering autonomy, responsibility and initiative.
We searched for a practical experience for the results to be noted by the control group,
questionnaires and interviews, noting supposed changes of attitudes by both the teacher and
the student.
To understand the child reality, we used questionnaires, interviews and evaluations, in
addition to the observation, investigating in quantitative and qualitative ways, children of two
groups of the same reality school. A group called the 3 rd grade A that was worked with the
games, and the other, 3 rd grade B without the intervention of the games in the development
of school curriculum.
The presented study was elaborated in the areas of Portuguese language and Mathematics, not
because they are the most important ones, but by providing the basis for the understanding of
all other areas of study such as Geography, Science and History, of the same importance to
the overall development of human being.
The results show that the work with games can be a great facilitator not only on learning the
established contents in the school curriculum, but also as an integrator agent of the child to
this area, facilitating its relationship with the school environment and the people that
surround.
Keywords – game, practical experience, transformation, facilitator, integrator agent, learning.
SUMÁRIOI INTRODUÇÃO......................................................................................................... 11II IDÉIAS TEÓRICAS................................................................................................. 15III A CRIANÇA E O LÚDICO ATRAVÉS DOS TEMPOS..................................... 283.1 O Lúdico na Apropriação de Conhecimento............................................................. 313.2 Habilidades Cognitivas e suas Relações com os Jogos.............................................. 323.3 O Desenvolvimento Integral das Crianças no Exercício da Cidadania...................... 39IV METODOLOGIA..................................................................................................... 44V INVENTÁRIO DE CONTEÚDOS......................................................................... 475.1 Investigação Inicial..................................................................................................... 485.2 Observação após Aplicação........................................................................................ 49VI CONTEXTUAIZAÇÃO DOS JOGOS NA REALIDADE ESCOLAR............... 53VII INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS EMPREGADOS NA
PESQUISA................................................................................................................ 57VIII ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................... 598.1 Língua Portuguesa...................................................................................................... 608.1.1 Análise Comparativa.................................................................................................. 618.1.2 Gráfico Demonstrativo do Percentual da Distribuição das Notas.............................. 638.1.3 Análise do Percentual................................................................................................. 658.2 Matemática.................................................................................................................. 688.2.1 Análise Comparativa................................................................................................... 698.2.2 Gráfico Demonstrativo do Percentual da Distribuição das Notas.............................. 718.2.3 Análise do Percentual................................................................................................. 72IX ANÁLISE QUALITATIVA..................................................................................... 749.1 Questionário................................................................................................................ 749.1.1 Análise Geral dos Questionários................................................................................. 939.1.2 Levantamento de Categorias....................................................................................... 949.1.3 Análise de Categorias................................................................................................. 969.2 Entrevistas................................................................................................................... 989.2.1 Análise Geral das Entrevistas..................................................................................... 1369.2.2 Levantamento das Categorias..................................................................................... 1519.2.3 Análise das Categorias................................................................................................ 152X CONCLUSÃO........................................................................................................... 155XI REFERÊNCIAS........................................................................................................ 160
ANEXOS
A- Conteúdos e atividades trabalhadas através de Jogos da Investigação Inicial B- Jogos desenvolvidos para desenvolvimento do currículo escolar
I- INTRODUÇÃO
Ocupando o cargo de coordenadora pedagógica do Ensino de Educação Infantil de uma escola
particular, sempre questionei de que forma o jogo pode colaborar com o desenvolvimento dos
conteúdos estabelecidos no currículo escolar. Afinal, quais as possibilidades da utilização do
lúdico como elemento facilitador dos conteúdos estabelecidos no currículo escolar? Quais são
os saltos qualitativos e quantitativos na aprendizagem de crianças em relação aos conteúdos
curriculares obtidos por meio da aplicação de atividades pedagógicas pautadas no lúdico?
Essa questão tem sido fonte de preocupação, desde que iniciei como professora de Ensino
Fundamental I em uma escola pública, onde o trabalho desenvolvido era imposto pelas
professoras mais velhas e antigas da escola de forma monótona, desmotivante,
desinteressante, sem a menor preocupação se havia ou não satisfação, alegria em aprender e
nem mesmo se os conteúdos eram significativos. Na maioria das vezes, o resultado era um
quadro de apatia e desinteresse. Em decorrência, o aluno que deveria ser o centro de todo o
processo tornava-se distante.
A prática vivenciada naquela ocasião não era condizente com as teorias desenvolvidas
no Curso Normal que freqüentei. Nele havia uma preocupação muito grande com os
conteúdos a serem trabalhados e não propriamente com o desenvolvimento das crianças
relativo as suas capacidades e potencialidades que eram tão ressaltadas no curso.
Posteriormente, ao começar a trabalhar como professora do Ensino de Educação
Infantil em escola privada, percebi uma dinâmica de trabalho diferente. Comecei então a
acreditar que poderia não ser completa utopia atender às necessidades das crianças de forma
mais prazerosa, o que me deu enorme estímulo. Percebi que na Educação Infantil trabalhava-
se de forma mais próxima do que seria o ideal. Entretanto, os questionamentos não foram
deixados de lado. Novas dúvidas surgiram quanto ao “o que” e “como” trabalhar, o que era
importante para a escola, para o professor e para o aluno. Interessante foi verificar que o aluno
não era o centro de todo o processo de aprendizagem e sim parte dele, como se estivesse à
margem desse processo.
Nessa escola privada, embora existindo um ambiente físico convidativo para
atividades recreativas e lúdicas onde a criança pudesse explorar sua imaginação, criatividade,
relacionamentos, e principalmente o próprio corpo, elas ainda ficavam horas e horas
resolvendo ou executando exercícios em folhas já prontas que tinham como objetivo
desenvolver basicamente a coordenação motora. Diante disso, com o tempo, tornou-se
inevitável fazer questionamentos contundentes que apontaram para mudanças fundamentadas
nas necessidades das crianças e na realidade em que trabalhávamos.
Conforme o tempo foi passando fui me sentindo a vontade para partilhar minhas
experiências anteriores e dessa forma através de estudo e reflexão, o lúdico foi inserido de
forma prazerosa no desenvolvimento dos conteúdos, visando a uma participação ativa, com
interesse, alegria no processo ensino-aprendizagem, estimulando não só as ações físicas, mas
também as mentais. Essas mudanças aos poucos foram valorizadas pelos outros professores e
sendo aceitas me levaram a coordenar o trabalho pedagógico desenvolvido na Educação
Infantil.
De início, tudo que era apresentado era visto com certa desconfiança, mas com o
passar do tempo começamos a partilhar das mesmas idéias, pois todo o grupo começou a
achar que era possível trabalhar de acordo com o desenvolvimento da criança.
As crianças mostraram-se mais interessadas e motivadas e foi gratificante observar os
resultados obtidos pela Educação Infantil. Não só das crianças, mas também das professoras
que com o envolvimento passaram a ter uma visão diferente, ou seja, a de que era possível
fazer um trabalho diferenciado contemplando o prazer e a alegria na execução das atividades
exigidas no plano anual. Era necessária uma adequação, mas era possível. Assim me aquietei
por um tempo.
Por outro lado, verifiquei que no Ensino Fundamental I, seqüência natural da
Educação Infantil, as professoras continuavam a ter grande dificuldade em conciliar o lúdico
com os componentes curriculares. Mesmo conhecendo sua importância, priorizavam o
conteúdo.
Por meio de atividades lúdicas, a escola pode garantir oportunidades para que o aluno
avance de forma dinâmica e prazerosa na compreensão e valorização de seu aprendizado,
visando a um encorajamento quanto à iniciativa, responsabilidade, autonomia e
principalmente lidar com a frustração, naturais em seu desenvolvimento.
Esse passou então a ser meu objeto de estudo e como centro procurei investigar a
participação dos alunos, não só em atividades individuais como também nas coletivas,
realizadas na 3ª série durante o 3º bimestre do ano letivo.
Refletindo sobre a relação professor/ aluno/ conhecimento e motivações inconscientes,
pude perceber que para o desenvolvimento da criança ocorrer de forma natural, é necessário
ressaltar a importância da relação afetiva e aperfeiçoamento da ação educativa, oferecendo
uma melhor forma de contato da criança com a apropriação de conhecimento que pode ser
facilitada através do lúdico. Caso esse processo seja inibido por cobranças e conteúdos sem
significados, corre-se o risco de serem criadas lacunas na compreensão desses conteúdos e
como conseqüência uma falta de motivação, concentração e interesse o que dificulta a
retenção, absorção e construção de conhecimento.
Muitas teorias tratam do desenvolvimento das crianças as quais passam pelas mesmas
fases padrão, porém em circunstâncias diferentes. Surgem assim as diferenças individuais,
estruturando de forma progressiva e própria a tomada de consciência de si mesmo e do outro.
A maneira como uma criança brinca ou desenha reflete sua forma de pensar e sentir,
mostrando-nos como está se organizando frente à realidade, construindo sua história de vida,
conseguindo interagir com as pessoas e situações de modo significativo ou não. A ação da
criança reflete o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional. Crescer é, portanto, lidar
com a frustração, tensão, o prazer e a dor, com o risco de se expor e não ser aceito,
assumindo-se como autora de sua própria história.
Na escola o professor tem um papel essencial, ao dar oportunidade de maior
compreensão, de desenvolvimento de potencialidades e habilidades na capacidade de aprender
do seu aluno. O jogo, como função cognitiva, pode ser considerado como um agente
facilitador para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares no processo ensino-
aprendizagem, no qual se destaca a aprendizagem, a motivação com a valorização do trabalho
intelectual.
O processo educativo deve proporcionar um trabalho conjunto de categorias como a
criatividade, motivação, afeição e outras para o desenvolvimento integrado às potencialidades
da criança. Ele oferece a possibilidade de construir e reconstruir o conhecimento por via de
práticas pedagógicas otimizadas pelo jogo, havendo um envolvimento que beneficiará a
aprendizagem do estudante.
No capítulo I, é apresentado um confronto de idéias que serviu de apoio para refletir
sobre a viabilidade dos questionamentos quanto à utilização do lúdico no conteúdo
programático estabelecido pela escola. Tomei como base o Referencial Curricular Nacional
da Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação das séries iniciais
do Ensino Fundamental I, de forma prática.
O capítulo II demonstra a consideração da criança através dos tempos, apontando para
a importância do lúdico na apropriação do conhecimento e desenvolvimento integral no
exercício da cidadania.
O capítulo III refere-se à Metodologia e inicialmente escolhi a observação para
compreender a realidade das crianças. Utilizei também questionários e entrevistas cujo
objetivo de investigação teve valor não só qualitativo como quantitativo.
No capítulo IV é apresentado um inventário inicial apontando os conteúdos
especificados no plano anual a serem desenvolvidos no 3º bimestre, é descrita a pesquisa
inicial em que me baseei para a montagem dos jogos, refletindo sobre a compreensão e
disposição dos alunos.
O capítulo V, aborda a contextualização os jogos na realidade escolar.
No capítulo VI são descritas as estruturas cognitivas relacionadas aos jogos
desenvolvidos asseguradas pelo processo de assimilação e acomodação.
No capítulo VII são apresentados os meios utilizados tanto para uma análise
quantitativa quanto qualitativa.
Nos capítulos VIII e IX são apresentadas análises quantitativas e qualitativas
elaboradas com os dados colhidos, comprovando a viabilidade dos jogos no desenvolvimento
de conteúdos especificados no currículo escolar.
Finalmente, são expostas as conclusões para demonstrar que existe possibilidade do
professor transformar a maneira de desenvolver os conteúdos, colocando o aluno como eixo
central no processo de aprendizagem, respeitando suas potencialidades e capacidades através
do jogo.
II– IDÉIAS TEÓRICAS
Neste trabalho investigamos o estudo de alguns autores sobre o brincar, que é divertir-
se, gracejar, fazer de conta. A brincadeira1, como ação de brincar e o lúdico, relativo a jogos2
associados ou não à aprendizagem escolar, com o objetivo de compreender as diferentes
possibilidades da sua utilização para facilitar o processo do aprender, tornando-o mais
prazeroso.
Atualmente valoriza-se o atendimento das necessidades da criança. O jogo merece o
mesmo grau de valorização já que envolve o sujeito pela alegria, entusiasmo, espontaneidade
e satisfação, portanto pode ser utilizado pelo professor como um recurso didático.
Chateau em sua obra O Jogo e a criança (1987) ressalta a importância do jogo na
vida da criança desde a busca da auto-afirmação até o amor, a ordem e a regra. Demonstra
através de várias etapas do desenvolvimento da criança que o jogo é importante como
treinamento involuntário por meio da experiência, domínio, o qual pode criar novas regras
diferentes das tradicionais.
Dessa forma, o jogo é tratado como o centro da infância, mas que ocupa também lugar
importante na idade adulta, com outro objetivo que seria de relaxar, de descontrair, de
divertimento e socialização. Já na infância é uma oportunidade de auto-afirmação, de
afirmação de seu “eu”, pois sua personalidade vai se formando através dos diversos papéis
1 Brinquedo é diferente de jogo, pois não há regras, nele a possibilidade de representação é o foco da questão.2 Jogo- possibilita ao sujeito a conquista da sua autonomia, do seu ser. Ë estimulante, tornando o sujeito ativo na busca de soluções através de tentativas para chegar a uma resolução. É uma atividade que além de distrair pode também instruir, desenvolvendo competências e habilidades.
que assume diante dos jogos e brincadeiras e posteriormente na vida adulta nos
relacionamentos entre os indivíduos da sociedade.
Esses jogos estão relacionados com a invenção, a imitação, o trabalho, a disciplina, a
cooperação, o egocentrismo, a instabilidade, repetição e outros aspectos, sempre associados
com as fases do desenvolvimento.
Quanto ao papel pedagógico do jogo, o autor ressalta que ele nasce da vontade, ensina
o que é uma tarefa, e é mais usado nas escolas maternais... O jogo é apenas um substituto do
trabalho. Não convém que esse substituto venha tomar o lugar da realidade. É pelo trabalho
que a escola deve desembocar na vida.(CHATEAU, 1987: p. 135).
É demonstrado pelo autor que o jogo é tratado como um recurso para conduzir a
criança ao trabalho e que nem sempre é associado ao prazer, alegria e satisfação, mas à vida.
Chateau acredita que a criança e o escolar são diferentes, portanto, os conteúdos
devem ser desenvolvidos de forma mais efetiva, ou seja, valorizando conteúdos, sem causar
um desequilíbrio entre o processo de ensino-aprendizagem e a relação que a criança tem com
as atividades desenvolvidas. Não vemos a criança e o escolar como sendo diferentes, pois se
centrarmos nossa atenção no desenvolvimento da criança podemos perceber a importância de
suas experiências escolares; agradáveis ou não para toda sua vida. Desta forma se a criança
for tratada como um sujeito global que está em formação, o resultado será muito mais
satisfatório e proveitoso. É essencial reconhecer que o lúdico pode ser uma necessidade
básica, sendo um aliado da aprendizagem, favorecendo a sistematização e entendimento dos
conteúdos estabelecidos no planejamento anual de acordo com a grade curricular especificada
no regimento escolar elaborado de acordo com o meio social e econômico dos alunos.
...Imagina-se que o homem chega às coisas unicamente pelo trabalho, e que
tem delas um conhecimento direto e empírico. Ora, a ciência procede menos
do trabalho interessado do que de atividades desinteressadas nascidas do jogo
(atividades religiosas em especial em sua origem). Chegamos à existência a
partir do conceito, e não ao conceito a partir da existência. Testemunham isso
amplamente a mentalidade infantil, e, sobretudo o jogo infantil, por seu
caráter autônomo. O jogo prepara o contato com a existência não humana, ele
não fornece esse contato. Só se domina a natureza pela obediência ao
espírito, de início, e depois à própria natureza. Se o jogo fica muito
distanciado dessa existência real, cabe ao trabalho escolar percorrer o resto
do trajeto. Mas esse trabalho escolar, para ser proveitoso, é diferente do
trabalho real. Ele habitua ao esforço penoso do trabalhador, sustentado pelo
peso do arado, pela terra que agarra a seus pés, pelas estações e pela natureza
do grão que é preciso semear na data prescrita pela natureza. É preciso
conhecer as coisas concretas, mas, sobretudo pelos processos intelectuais,
diagramas, palavras, e até pelo uso de um aparelho matemático que não
existe nos nossos campos. Ele forma a moralidade, mas, de uma parte, é uma
moralidade abstrata, anedótica, romanceada, de palavras, e que, por mais
universal que seja, fica fora do universo social.
Repitamos: a escola não é nem jogo, nem trabalho real. É menos e
outra coisa. Não procuremos identificá-la com um nem com outro.O escolar
deve ser mais do que uma criança e menos do que um adulto. O trabalho
escolar deve ser mais do que o jogo e menos do que o trabalho. É uma ponte
lançada do jogo ao trabalho. (CHATEAU, 1987: p. 137).
De acordo com o autor, o escolar é uma criança e deve ser vista como tal. Ela tem um
potencial a ser desenvolvido em relação ao trabalho, a partir da faculdade de abstrair e na
perseverança frente aos desafios, de maneira a observar e vivenciar as múltiplas realizações.
O jogo, então, pode ser visto como uma ponte entre o escolar e o trabalho, sem que possa ser
só entendido como: fadiga, esforço, ocupação e emprego. O jogo está muito distante disso, é
associado a palavras como: alegria, satisfação, entusiasmo, desafio e perseverança, facilitando
o conhecer através do concreto, tão importante ao trabalho escolar. Então temos aqui uma
dicotomia antagônica, mas não é nossa opinião, pois vemos a criança com potencial a ser
desenvolvido e se transformar em um adulto crítico, pensante e responsável. Assim não
podemos tratar a criança como ser que não compreende, não avalia e nem absorve
conhecimentos através de informações que recebe de seu ambiente, como se isso só
acontecesse a partir da adolescência, por exemplo. Devemos tratar a criança como um ser em
desenvolvimento e se for tratada como tal atingirá os objetivos propostos pela educação
formal.
Nessa ótica, o jogo é muito mais uma forma de encarar a realidade do escolar como
criança do que propriamente um instrumento facilitador, muito mais ligado às necessidades de
vida do sujeito, quanto à socialização, cooperação, ou seja, aspectos que dizem respeito às
necessidades internas e habilidades de adaptação ao meio em que vive. A criança muitas
vezes está inserida em um contexto mecanicista, no qual as cópias são valorizadas, como se
levassem à compreensão do que foi apenas copiado sem a mínima reflexão a respeito das
informações. As aulas de forma geral sempre muito monótonas quando estão voltadas para
atender as necessidades da escola, através da burocracia e preenchimento de papéis; do
professor em cumprir o planejamento estabelecido. A criança vai necessitar de um grande
esforço para se adaptar a essa realidade, deixando de lado muitas vezes seu potencial e
necessidades internas.
Outra autora que também trata desse assunto é Kishimoto (2001). Na sua obra Jogo,
Brinquedo, Brincadeira e a Educação (2001), apresenta o tema do jogo, reunindo vários
artigos de outros autores, mostrando sua importância em determinados contextos escolares e
etapas de desenvolvimento. É realçada a importância do jogo na Educação Infantil, como
palavra que possui várias conotações, desde uma brincadeira, recreação, jogos coletivos, até
suas implicações quanto à aquisição de conhecimento.
Dias (2001), em Metáfora e Pensamento: Considerações sobre a Importância do Jogo
na Aquisição do Conhecimento e Implicações para a Educação Pré-escolar trata sobre a
importância de se utilizarem os vários tipos de linguagens na fase do pré-escolar para que haja
uma relação entre pensamento e realidade, abrangendo o simbolismo que envolve a
construção coletiva de conhecimento ligada aos sonhos, à imaginação que deveria ser
efetuada através dos jogos, resultando numa elaboração individual devido a significados
pessoais.
A autora demonstra que normalmente a criança recebe as regras já prontas, tendo
apenas que obedecer-lhes, perdendo assim a compreensão de sua necessidade.
Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras
prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se transformar
num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.
As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.
Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A
força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da
criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.
No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita
quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única
ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:
p. 54).
Concordamos que a criança não precisa receber regras prontas, mas participar de sua
elaboração; que a sua participação inicia-se nessa elaboração e continua durante todo o jogo,
trazendo assim benefícios à autonomia e não só obediência, buscando significações, tornando
seu pensamento ativo, facilitando sua relação com a realidade de maneira plena e rica,
respeitando seu processo de construção de pensamento. Dessa forma, a criança irá respeitar
as regras com maior tranqüilidade, pois entenderá sua importância e a necessidade de sua
existência. Estamos sempre buscando o adulto que se coloque frente à sociedade de acordo
com idéias e valores que esperam dele sem se dar conta que isso só é possível como
resultado de todo um processo de aquisição que se inicia na infância que pode ser adquirido
através dos jogos com suas respectivas ordens e regras.
Bomtempo (2001), em A Brincadeira de Faz-de-Conta: Lugar do Simbolismo, da
Representação, do Imaginário, aborda a importância de desempenhar papéis ao brincar, pois
assim a criança estará dando novos significados aos objetos, construindo uma ponte entre
fantasia e realidade, facilitando a adaptação às diferentes situações. A fantasia é um
componente essencial para o entendimento da realidade muitas vezes conflitante e o jogo
poderá propiciar um conhecimento de atitudes a partir do desempenho de vários papéis que o
jogo pode oferecer através da possibilidade de vivenciar experiências.
Moura (2001), em A Séria Busca no Jogo: do Lúdico na Matemática respaldado em
justificativas dadas por vários teóricos, demonstra as possibilidades dos jogos e brincadeiras,
de grande importância na vida da criança.
Os jogos aproximam a criança do conhecimento através das vivências em situações
que enfrenta e que soluciona em seu cotidiano. Isso faz com que a criança se aproprie do
conhecimento ou saber alcançando a autonomia tão necessária para seu bem estar.
Segundo Ide (2001), em O Jogo e o Fracasso Escolar, existe a possibilidade de
reverter o processo de aprendizagem de crianças que fazem parte de grupos de risco ou
situações de fracasso escolar com a utilização dos jogos.
As crianças nos jogos ficam mais motivadas e esforçam-se para superar obstáculos, o
que estimula e propicia a aprendizagem, respeitando-se o ritmo de cada um. Se os jogos são
apresentados como sendo recursos a serem utilizados para as crianças que fazem parte do
grupo de risco porque não utilizar com todas as crianças e assim facilitar seu aprendizado e
conseqüente realização de atividades dentro e fora da escola?
Mrech (2001), no artigo O Uso de brinquedos e Jogos na Intervenção
Psicopedagógica de Crianças com Necessidades Especiais, apresenta a importância do jogo
como facilitador na construção do conhecimento, pois oportuniza uma forma mais profunda
de envolvimento que reflete o processo interior de cada um, quando a criança demonstra
através de um jogo seu potencial e sua relação com o objeto.
Os jogos são encarados de formas diferentes devido o tempo e à cultura, tanto do
professor como dos alunos, tendo o seu sentido modificado, de acordo com as exigências. ...
enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É
este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem
significações distintas. (KISHIMOTO, 2001: p. 17).
De acordo com a citação acima, devemos analisar a cultura além do tempo, pois com
as cobranças da sociedade e avanços tecnológicos, o conhecimento tornou-se fragmentado.
Atualmente a criança é vista como um ser erotizado. Os adultos valorizam-na por imitar
artistas que são idolatrados única e exclusivamente pela sensualidade. Não está sendo
demonstrado ou percebido que existe uma manipulação da mídia com excessiva
desvalorização do ser enquanto ser que pensa, age e reflete de acordo com suas capacidades.
Olha-se o sujeito não como uma célula indivisível, mas sim sob ângulos diferentes. Dá-se
importância a jogos e brincadeiras a serem desenvolvidos com crianças, somente na Educação
Infantil ou em séries iniciais. Nas séries avançadas os alunos deixam de ser crianças, passando
a trabalhar com conteúdos e informações independentes de suas necessidades, compreensão e
significações de seu dia-a-dia.
O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos
para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e
de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar
aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos
interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade,
corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande
relevância para desenvolvê-la. Ao permitir a ação intencional (afetividade), a
construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e
o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações
(social), o jogo contempla várias formas de representações da criança ou suas
múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o
desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são intencionalmente
criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge
a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do
jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está
potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação
infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições
para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades
do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.
(KISHIMOTO, 2001: p. 36) .
De acordo Kishimoto (2001), o conhecimento através das propriedades do lúdico
pouco a pouco faz com que a criança se transforme, aprendendo a conceder, mandar,
estabelecer, manipular e sentir prazer em participar cada vez mais das atividades
desenvolvidas. Tomando parte na preparação das regras, vai entendendo cada vez mais a
necessidade de respeita-las, e conforme vai amadurecendo, sente-se mais segura diante do
mundo já estruturado do qual faz parte e participa.
Aponta também que o aluno, quando está jogando, usa todo o seu conhecimento para
servir de base para entender a situação, procurando utilizar todo o seu potencial e sua
capacidade, explorando todas as possibilidades de resolução. Assim, quando o professor
utilizar o jogo, poderá despertar no aluno um maior interesse, motivação em participar
ativamente, pois se sentirá desafiado e naturalmente tentará, de diferentes maneiras, resolver o
problema ou situação. Isso poderia ser trabalhado em todas as séries e só mudar a cobrança e
intensidade do que é esperado de acordo com o desenvolvimento das crianças nas séries
correspondentes. Os objetivos seriam alcançados mais rapidamente e prazerosamente gerando
satisfação e rapidez na compreensão e disposição do aluno.
Rizzo, na obra Jogos Inteligentes (1996), apresenta inúmeros jogos para estimular a
aprendizagem da matemática em momentos de alegria, interesse e satisfação para crianças
pré-escolares e da classe de alfabetização, incentivando-as a pensar, refletir e raciocinar.
Ela assinala três tipos de atividades para a construção de esquemas para o raciocínio
lógico-matemático: 1)- as situações cotidianas, 2)- jogos inteligentes para ativar os esquemas
de raciocínio e 3)- adaptação às situações novas. A citação a seguir demonstra a necessidade e
importância da satisfação/prazer na construção do conhecimento por meio da experiência. É
na atividade lúdica que está o estímulo que pode despertar motivos intrínsecos que
direcionarão as ações ao domínio das percepções e operações mentais como medir, relacionar,
ordenar, classificar, memorizar, compreendendo a função e a necessidade de cada experiência,
enriquecendo a construção do conhecimento.
É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar
na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades
criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e
construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de
experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,
exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam
também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e
interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de
proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde
mental. (RIZZO, 1996: p. 32)
O jogo, sendo estimulante, torna o sujeito ativo na busca de soluções através de
tentativas para chegar a sua resolução. O professor acompanha o avanço do aluno
questionando-o para que ele reflita sua ação, favorece sua independência, autonomia e
segurança na resolução dos problemas. Permite um envolvimento e entendimento maior do
mundo que o rodeia.
Dessa forma, o jogo constitui-se em importante recurso para que as crianças aprendam
a conhecer e dominar a realidade. Conquistam de forma gradativa, pela motivação intrínseca,
a interiorização de conhecimentos, e ampliam o vocabulário. Favorece também a habilidade
verbal e a rapidez mental; propiciando o autocontrole, a capacidade de atenção e
concentração. Os professores sempre esperam isso de seus alunos só que trabalham utilizando
recursos que acreditam serem bons, que atingirão objetivos mais rapidamente e que os jogos
podem ser utilizados somente em atividades de lazer. Se esquecem que se o trabalho for
desenvolvido através do que as crianças acham importante e prazeroso mais vão se empenhar
em executar as atividades com atenção, concentração e disposição em aprender sem se dar
conta de que estão absorvendo informações e elaborando conhecimentos. Desta forma o
trabalho do professor estará sendo facilitado, atingindo mais rapidamente os objetivos
traçados.
Diante disso, o jogo estimula a apropriação de conhecimento, favorecendo maior
compreensão das informações, absorvendo-as e despertando maior desejo em aprender. Os
jogos, pelas suas qualidades intrínsecas de desafio à ação voluntária e consciente, devem
estar, obrigatoriamente, incluídos entre as inúmeras opções de trabalho escolar.(RIZZO,
1996: p. 32).
O professor pode estimular a criança para que haja além do crescimento ou progresso
físico, o progresso intelectual, favorecendo o equilíbrio e desenvolvimento global,
preparando-a para explorar todas as possibilidades de conhecimento, se arriscando a ter
pensamentos novos, se preparando para o futuro. Segundo o autor Miranda, no livro Do
Fascínio do Jogo à Alegria do Aprender nas Séries Iniciais (2001), o efeito do jogo nas séries
iniciais demonstra as relações com a aprendizagem em contexto de sala de aula. A criança
deve vivenciar experiências com entusiasmo, prazer e alegria tão presentes no jogo.
Miranda (2001) aponta que a aprendizagem pode ser um processo lúdico que estaria
proporcionando à criança uma melhor compreensão do meio em que vive, assim não só iria
aprender um conteúdo, mas colocá-lo em prática em seu relacionamento social.
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
No que se refere à convivência humana, a socialização da criança é construída a
partir dela própria, e assim vai envolvendo as outras crianças e pessoas adultas que fazem
parte de seu ambiente. A criança então constrói o seu conhecimento a partir das relações que
mantém com o mundo exterior. A escola no sentido geral apresenta-se como uma estrutura
organizada que permite à criança relacionar as informações a todo momento, ampliando assim
as possibilidades de conhecimento e obtenção de resultados positivos no desenvolvimento
intelectual, moral e social. A escola é a grande responsável pela aquisição do conhecimento
formal e sistemático e tem que competir com o meio externo que oferece muitas
possibilidades de agir com prazer através do relacionamento entre as pessoas e dos brinquedos
e brincadeiras que são vivenciados de forma natural, sem cobranças de resultados.
Miranda (2001) enfatiza o uso do lúdico na escola, reconhecendo que a criança
aprende vivendo, experimentando, fazendo descobertas, agindo. Na infância tudo gira em
torno do lúdico, que se torna o epicentro da evolução desse singelo ser. Por isso, a educação
escolar não pode alijar-se, de forma alguma, dessa conjectura cabal.(MIRANDA, 2001: p.
87)
O lúdico então não deve ser visto como algo que aconteça fora da escola e deve sim
ser utilizado como instrumento para que a criança possa explorar para elaborar representações
mentais sobre o significado do conteúdo, facilitando sua compreensão. É trazer o que está lá
fora para dentro da escola, trazer o que chama a atenção da criança e o que a agrada.
A criança, tendo oportunidades de utilizar procedimentos que facilitem sua trajetória
para adquirir habilidades, melhor compreensão e utilização das informações recebidas, terá
favorecido o desenvolvimento de suas aptidões e relações cognitivas, como explicita a citação
a seguir:
As velhas doutrinas da disciplina rígida e formal toleravam o
jogo, desconfiando, porém de seu valor educativo. O progresso
da psicologia nestes últimos anos vem mostrando, no entanto,
que a motivação do jogo pode transferir-se para a motivação do
trabalho e considerável é a importância do jogo pelos benefícios
que proporciona à saúde física e mental da criança, do
adolescente e do adulto. (MIRANDA, 2001: p. 99).
Desde os jesuítas, os jogos passaram a ter uma conotação mais valorizada.
Principalmente na Psicologia, há uma importante transformação do estudo do
comportamento humano, o que implica levar em consideração aspectos que facilitem o
desenvolvimento. O jogo pode ser visto como auxiliar para ampliação e construção de
conceitos, suscitando assim o processo de aprendizagem, ao articular dados, fatos e
informações. Seria tratar criança como criança, respeitando seu desenvolvimento, suas
capacidades e potencialidades.
Almeida, no livro Educação Lúdica (2000), apresenta fundamentos básicos de uma
Educação Lúdica apoiando-se nos pensadores, desde a Grécia Antiga. Revela que o lúdico
está e sempre esteve presente em todos os momentos da vida humana, ressalta a importância
do jogo na formação e desenvolvimento da criança e seu valor pedagógico consubstanciado
em sugestões de experiências vivenciadas.
Todo o conteúdo a ser trabalhado apresenta vários objetivos a serem alcançados, então
se os critérios estabelecidos referentes às estratégias que serão utilizadas derem a
oportunidade de uma maior reflexão e possibilidades de transformação, os alunos ficarão mais
seguros e capazes; construindo assim pensamentos que os levem ao domínio das informações.
Assim o professor também se sentirá recompensado, pois terá alunos muito mais felizes,
satisfeitos e com maior domínio dos conteúdos trabalhados.
O professor sente-se mais feliz quando percebe que em sua classe existe um clima de
entrosamento entre as exigências normativas (da escola) e exigências psicológicas (da criança
referente ao seu desenvolvimento). Sente-se mais seguro, quando observa a participação ativa
e alegria de seus alunos, e capaz quando avalia os resultados obtidos.
Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais
abstrato ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma
boa dose de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo
bem sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente
sem se dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)
Almeida (2000) ressalta que o jogo é um momento que deve ser aproveitado para o
aprendizado e também domínio de conhecimento. Então para que o jogo facilite o alcance dos
objetivos propostos, o professor deverá antes de qualquer coisa acreditar que a utilização
desse recurso irá facilitar o trabalho das crianças e o dele próprio, embora isso requeira uma
conscientização da importância de respeitar as fases de desenvolvimento e conseqüentemente
uma compreensão da associação do lúdico com o ensino-aprendizagem. O professor então
deve planejar suas aulas de modo a contemplar conteúdos, compreensão dos alunos e também
sua própria satisfação em estar gerando prazer em aprender.
O conhecimento deve ser focalizado nas experiências, nas vivências que despertarão
os interesses, facilitando o processo ensino-aprendizagem. Para isso, o educador percebe que
ensinar não é apenas transmissão de conhecimento, mas sim criar condições e situações para
que aconteça a aprendizagem, levando a criança a agir e ter coragem de arriscar-se.
Um clima de segurança e de afetividade na sala de aula é importante para que a
criança sinta-se capaz de participar, propondo alternativas, reagindo aos estímulos propostos
pelos jogos e, dessa forma, ela estará avaliando todo o processo de aprendizagem do qual é
elemento chave.
Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o
desempenho dos alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao próprio
aluno participar do processo de avaliação, avaliando os companheiros e se
auto-avaliando. A auto-avaliação torna sua participação mais responsável,
ajuda-o a assumir a responsabilidade e a decidir quais os critérios mais
importantes para si. No início o aluno se perde devido ao fato de nunca ter
trabalhado com esse sistema, mas aos poucos ele mesmo vai percebendo que,
dia a dia, se renova, melhorando cada vez mais.
Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são
estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade de
observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do próprio
trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)
Segundo Almeida (2000), o jogo é uma atividade rica em estimulação e desafios. Pode
liberar um potencial que já existe, fazendo com que a criança participe da atividade não como
aprendizagem formal e sim como jogo, uma atividade prazerosa, tornando-se assim uma
situação ideal de aprendizagem.
A avaliação deve ser encarada como um instrumento a ser utilizado durante todo o
processo de aquisição e/ou construção de conhecimento, observando suas implicações,
refletindo sobre resultados, verificando a necessidade ou não de mudanças, visando sempre ao
aprimoramento e compreensão dos conteúdos trabalhados. O jogo fornece esse tipo de
avaliação, tornando-a satisfatória, mais agradável aos olhos do aluno. O professor avalia como
diagnóstico para a reformulação do que não foi absorvido, levantando hipóteses para sanar as
dificuldades.
Com a utilização dos jogos o trabalho pode se tornar mais efetivo, pelo fato dos alunos
se envolverem mais profundamente pelos conteúdos e por estarem também envolvidos
afetivamente com o professor que passa a ser uma figura de grande importância não só para o
aprendizado, mas também para a vida de cada um, pois dá a chance de se colocar perante o
outro sem o medo de errar, de ser criticado, pois a jogada é dele e só ele é capaz de explicar
qual foi o seu raciocínio.
Os jogos proporcionam possibilidades de reflexão após seu uso. Ao término, poderá
ser avaliado o resultado, para ampliar as possibilidades dos próprios jogos, discutindo-se as
ações, tornando assim a aprendizagem mais eficaz. Uma avaliação eficaz é a que proporciona
ou possibilita mudanças durante o processo de aprendizagem visando maior e melhor
aproveitamento.
Para Brenelli, em O Jogo como Espaço para Pensar (1996), a intervenção com jogos
é um meio de trabalhar o processo de construção do conhecimento em crianças com
dificuldades de aprendizagem. Utilizando-se jogos de regras como “Cilada e Quilles”
permite-se aos sujeitos criarem estratégias, fazerem antecipações, lidarem com contradições
envolvendo o conhecimento aritmético.
A autora trata o jogo de regras como importante aliado, tanto no trabalho pedagógico,
como psicopedagógico de acordo com vários pensadores, educadores e teóricos que
consideram o jogo como meio de desencadear um processo de equilíbrio entre o que é
interesse das crianças e superação de dificuldades na compreensão de conceitos aritméticos.
A criança muitas vezes, antes de executar uma atividade ou mesmo analisar conteúdos,
avalia e considera a forma como tudo está sendo trabalhado ou apresentado. Diante disso, a
forma com que o professor apresenta essas atividades é de extrema importância. Se o
professor quiser que a criança tenha maior receptividade deve então atender suas
necessidades, criando esquemas geradores de ação e compreensão, utilizando como recurso o
jogo que propiciará uma aproximação através das regras e estratégias, gerando um maior
entendimento, o que favorece um resultado satisfatório. Neste sentido, Brenelli afirma:
Utilizar jogos em contextos educacionais com crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem poderia ser eficaz em dois sentidos: garantir-
lhes-ia, de um lado, o interesse, a motivação, há tanto reclamada pelos seus
professores, e, por outro, estaria atuando a fim de possibilitar-lhes construir
ou aprimorar seus instrumentos cognitivos e favorecer a aprendizagem de
conteúdos. Muitas vezes, pela pobreza de oportunidades, é-lhes imputado um
fracasso que traça para elas um caminho de desesperança, evasão e
repetência. (BRENELLI, 1996: p. 28)
Concordamos com a autora quando aponta que os jogos podem atrair mais atenção e
envolvimento da criança, ampliando em quantidade e qualidade as oportunidades de
participação, facilitando a assimilação de sua realidade social, associada a uma realidade
intelectual, a partir do desafio, instigando a compreensão e construção de conhecimento.
A criança acreditando em sua capacidade, irá se empenhar e participar com maior
envolvimento e comprometimento na construção do conhecimento. Caso contrário, o
conhecimento será visto como uma coleção de fatos isolados, o que acaba dificultando a
compreensão e relação do conhecimento que já possui, não atendendo então à necessidade de
quem aprende, que é a de ser ativo, dinâmico e confiante em sua capacidade.
O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades
segundo suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a
abertura de novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de
interpretações mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)
De acordo com a citação acima, em um contexto escolar o aluno deve sempre
estar envolvido com as atividades, de tal forma que se integre ao objeto de conhecimento;
automatizando suas formas, compreendendo suas possibilidades para que se efetive a
aprendizagem, dando assim abertura e servindo de base para novas aprendizagens. A
interação com o objeto gera no aluno mais segurança para participar ativamente, estruturando
as situações de forma organizada, coerente, interpretando as possibilidades, preenchendo
lacunas, buscando explicações, adaptando-se às dificuldades, enfim tomando consciência de
seus erros e acertos através de reflexão, chegando assim a uma construção cognitiva positiva e
satisfatória.
O professor, ao respeitar as potencialidades e capacidade de compreensão do aluno,
mais chances terá de alcançar os objetivos do processo ensino-aprendizagem. Como
consequencia, o aluno irá canalizar toda sua motivação e interesse. Será um agente de todo
esse processo, coordenando idéias, produzindo, percebendo, expressando, conceituando, e não
como mero receptor de informações.
Com esses autores, pudemos perceber que o lúdico exerce grande influência no
desenvolvimento da criança. Cada autor demonstra isso de acordo com seus pontos de vista;
mas esse não é o ponto que queremos nos aprofundar.
III– A CRIANÇA E O LÚDICO ATRAVÉS DOS TEMPOS
Para que pudessemos entender melhor o trabalho que é desenvolvido atualmente com
as crianças, em escolas ou nas próprias famílias, retomamos algumas questões referentes às
várias concepções da infância.
Antigamente a criança era vista como adulto em miniatura que possuía caracteres tanto
físicos como psíquicos idênticos em qualquer idade. Os educadores preocupavam-se mais em
formular regras do que conhecer a criança, porque a forma de pensar e agir da criança eram
vistas como um erro e como tal deveria ser extinto.
Essa forma de ver a criança era refletida também na vestimenta. Tanto meninos como
meninas imitavam os pais com casacas, cabeleiras e sapatos de salto.
Com o progresso da Psicologia, a concepção da criança era de um ser mau que só se
regeneraria com métodos rígidos, por isso o mestre deveria ocupar um lugar de repressor e
dominador, com o intuito de trilhar o caminho do bem.
Surge com o cristianismo uma concepção realista; a criança não é nem boa nem má,
porém possui tendências boas e más. Assim cabe à educação aperfeiçoar essas tendências
boas e reprimir ou transformar as más.
Segundo Philippe Ariès em sua obra História Social da Criança e da Família (1981),
a infância não era respeitada até por volta do século XII, a arte desconhecia a infância; os
pintores caracterizavam as crianças como sendo adultos em miniatura, ou em representações
com anjos.
Somente a partir do século XIII é que se começou a descobrir a infância, embora esse
movimento tenha se tornado significativo a partir de século XVI. O traje das crianças, nessa
época, não era diferente dos adultos, o que havia era uma diferenciação respeitando uma
hierarquia social.
Depois, para haver distinção entre os trajes de crianças e os de adultos surgiram os
uniformes, nascendo assim à formação do sentimento da infância. Esse sentimento beneficiou
mais os meninos, porque as meninas ficaram um maior tempo no modo de vida tradicional
dos adultos.
Por volta de 1600, as brincadeiras atingiam as crianças de 3 ou 4 anos. Depois iam se
atenuando e desapareciam. A partir dessa idade, a criança participava dos mesmos jogos e
divertimentos dos adultos, tendo como objetivos a união e o bom relacionamento da
sociedade.
A participação das crianças e jovens nas festas era muito grande; era confiada às
mesmas uma função especial nos cerimoniais (século XIV ao XVII). As crianças praticavam a
música e a dança desde cedo. A dança era mais coletiva e impossível de dissociar-se dos jogos
dramáticos.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII, estabeleceu-se uma atitude moderna com relação aos
jogos, pois até então havia dois aspectos contraditórios: de um lado havia uma atitude de
indiferença, os quais eram totalmente aceitos sem ressalvas. Do outro, formado por
moralistas, uma grande intolerância que condenava e denunciava sua imoralidade. Surgiu
assim, o compromisso de preocupação com a infância, havendo uma classificação dos jogos
como maus (os jogos de azar a que as crianças tinham acesso) e bons.
Com os humanistas do Renascimento, durante o século XVII houve uma modificação
quanto às possibilidades educativas dos jogos. Os jesuítas em seus colégios inseriram os
jogos, desde que pudessem escolhê-los, regulamentá-los e controlá-los, assim foram
considerados como estimáveis meios de estudo. A dança, a comédia e o jogo de bola foram
admitidos como necessidade de exercícios físicos, valorizando o movimento do corpo que
causava satisfação e contentamento.
Houve então uma grande evolução, devido à existência dos jogos educativos dos
jesuítas, da ginástica dos médicos e do treinamento dos soldados, visando à necessidade de
patriotismo e demonstrando uma preocupação com a moral, a saúde e o bem comum.
Os jogos de desafios surgiram no fim da idade média (século XIV), sendo originados
nos costumes da corte.
O sentimento da infância tornou-se mais visível entre o século XVII e final do século
XIX com a cerimônia da primeira comunhão.
Em todas as partes do mundo houve sempre atenção para o valor do jogo na formação
do ser humano em todos os seus aspectos como o físico, moral, educativo, social, recreativo,
cognitivo, mas esses jogos no início eram realizados fora do período escolar. Só depois os
educadores admitiram que o jogo era proveitoso à saúde mental, sendo imprescindível para a
evolução humana.
De uns tempos para cá, mais ou menos cinqüenta anos, através da Psicologia mostra-
se a importância do jogo em sua motivação para o trabalho, proporcionando benefícios à
saúde física e mental da criança, do adolescente e do adulto.
Atualmente a criança é considerada como ser que apresenta em cada fase de seu
desenvolvimento características próprias e reações específicas que serão cultivadas pela
educação, proporcionando maior ajustamento às exigências sociais.
Como podemos perceber, a infância demorou séculos para que conseguisse ser
valorizada como um período importante no desenvolvimento humano. Passaram a ser
respeitadas desde vestimentas até brinquedos, incluindo o respeito às capacidades e
potencialidades da criança. E tudo isso foi conseguido através de muitos estudos, pesquisas e
experiências.
Para resguardar nossas crianças foi necessário que existisse um referencial, que é uma
publicação oficial do MEC na qual estivesse especificado o que deveria ser priorizado, ou
seja, oportunizando a formação de um ser global, competente, crítico, autônomo para exercer
seus direitos e deveres de forma a contribuir para a melhoria de seu meio ambiente.
3.1. – O Lúdico na Apropriação de Conhecimento
A psicopedagogia parte do princípio que a aprendizagem é uma tarefa de apropriação
e de domínio do objeto de conhecimento. No caso da criança, este objeto está relacionado
com a herança cultural transmitida pelas gerações, através das instituições educativas; família
com seus valores morais e éticos e escola de acordo com o que considera como sendo
importante para a formação do ser.
Essa noção de aprendizagem supõe um sujeito constituído em identidade e autonomia,
que seja o agente de apropriação do conhecimento e da construção do saber; supõe, também,
que o sujeito só assimila o objeto quando o organiza de forma significativa em termos de
espaço, tempo e causalidade. Para isso é necessário que se dê espaço para o aluno demonstrar
sua autonomia e independência, através de sua participação ativa, demonstrando seu
entendimento de uma determinada situação e não com a repetição de informações sem
entendimento, mas que poderão valer boa nota. Isso não é importante, e o próprio aluno
percebe o quanto é mais importante compreender para poder utilizar no momento que for
necessário.
De acordo com Alicia Fernandéz, (1991), “para aprender, necessita-se das
personagens(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos” (p. 47).
Tanto o professor, como o psicopedagogo lutam para dar voz aos sonhos infantis e à
verdade inconsciente de cada um; pois o saber consciente faz contato com o saber
inconsciente, gerando um saber universal e a possibilidade de desenvolvimento.
Para ensinar, o ensinante precisa conectar-se com a sua posição aprendente e
favorecer que os alunos possam conectar-se com a sua posição ensinante. O
professor não é transmissor de informações, mas um favorecedor da
construção de conhecimentos no espaço “entre”, o qual se cria entre ele e seu
aluno. (FERNANDEZ, 2001: p. 99)
A psicopedagogia aqui se dedica ao estudo da aprendizagem com a finalidade de
prevenir seus problemas, trabalhando com situações cognitivas, com o próprio processo de
pensamento e de solução de problemas. Procura-se antes de tudo o resgate do prazer de
aprender, não só para a escola, mas também para a vida. Está claro que isso pode ser atingido
através do lúdico que resgata o querer aprender. A relação escola e desenvolvimento da
criança têm que estar ligadas pela adequação das atividades didáticas para que os objetivos
propostos sejam alcançados.
O jogo permite observar a dinâmica da aprendizagem e o tipo de atitude do aluno,
podendo identificar se há desvios ou obstáculos prejudicando o processo de ensino –
aprendizagem.
Alicia Fernandéz (2001) afirma que o espaço do jogar e o espaço do aprender são
coincidentes e passam pelos processos de organização e integração.
Sara Pain (1985) também faz referência ao jogo dizendo que a atividade lúdica
fornece-nos informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento em
nível representativo.
A relação entre o jogo e o saber é muito importante; pois a construção do
conhecimento só se caracteriza a partir do momento em que houver apropriação do
conhecimento do outro; e esta construção só se realiza através do jogo. O mundo da criança se
expande tornando-se compreensível e conseqüentemente mais rico internamente.
A maneira como cada um aprende é única e requer ação, requer um jogo com
conhecimento de maneira a incorporar esse saber de acordo com as características daquele
que aprende.
O jogo e a aprendizagem possuem muitos pontos em comum. A criança que aprende
bem é capaz de construir algo e não receber passivamente o que lhe for ensinado. Dando
prosseguimento a essa pesquisa, foi importante verificar quais as habilidades cognitivas
envolvidas nos jogos e também localizar o conceito da infância e sua ligação com um
referencial nacional no qual se valoriza o desenvolvimento integral, o que é demonstrado a
seguir.
3.2– Habilidades Cognitivas
e suas Relações com Os Jogos
Quando se pensa no homem como ser global, capaz de se adaptar ao meio em que
vive, desenvolvendo suas possibilidades e fazendo ajustes em seu comportamento, pensamos
na infância como o início de tudo. Assim, através de desafios, liberdade de participação,
experimentação e vivências, é que vão sendo incorporados a cada um, aspectos essenciais à
formação da personalidade ligados à autonomia, independência, descoberta, disposição de
aprender, participar e transformar. Desta forma, o jogo pode favorecer a percepção do eu em
relação aos outros, facilitar a compreensão do papel a ser desempenhado e permitir a
descoberta de contribuições que poderão ser dadas para a continuidade das atividades.
Dependendo do tipo de contato que a criança tiver com as atividades, sentir-se-á
segura em participar do novo, em construir seu próprio conhecimento, ajustando-se com
maior facilidade às situações novas.
De acordo com os questionamentos iniciais desta pesquisa, quanto às possibilidades da
utilização do lúdico para favorecer o desenvolvimento associado à aprendizagem, é necessário
que se ressalte a importância de dar significado ao mundo que rodeia a criança, integrando
informações novas às já conhecidas, para que haja uma reorganização de idéias que possam ir
se modificando de acordo com o tempo, tomando novas formas.
Desde o nascimento, a criança, através da ação, integra-se a sistemas de compreensão
que facilitam as percepções e atitudes de acordo com o período da evolução do pensamento
ou inteligência. A idade das crianças focalizadas nesta pesquisa refere-se ao terceiro período
ou estágio do desenvolvimento cognitivo que, segundo Piaget, é o período das operações
concretas que abrange dos sete aos onze anos, no qual a criança começa a pensar antes de
agir, tornando-se suscetível a um começo de reflexão; libera-se de seu egocentrismo social e
intelectual, iniciando a construção lógica. Surge também neste período uma moral de
cooperação e de autonomia pessoal, enfim, a criança desenvolve a capacidade de aplicar o
pensamento lógico a problemas concretos no presente.
Para que se possa compreender melhor o resultado desta pesquisa, torna-se necessário
descrever algumas estruturas cognitivas3 que são asseguradas pela assimilação e acomodação
das ações da criança, em seu meio, que resultam no desenvolvimento de esquemas, variando
de acordo com a idade e informações acumuladas e elaboradas.
Pretendemos elencar algumas características desse período, relacionando-as aos jogos
utilizados, pelo fato de existir um processo mental inerente aos mesmos. Essa relação foi
elaborada sem objetivo de aprofundamento, mas de acordo com nosso conhecimento e
observação de modo empírico, não havendo, portanto um instrumento de comprovação.
Poderia problematizar algumas questões tais como: - Quais as lógicas construídas durante o
jogo?
Como ocorre o desenvolvimento das habilidades cognitivas?
Quais relações a criança faz entre o que já sabe e o novo desafio oferecido pelo jogo?
Embora se reconheça a importância de tais questionamentos, vamos fazê-lo apenas
como mera reflexão. Essa seria uma outra vertente da pesquisa, pois o objetivo é abordar as
possibilidades do uso dos jogos no desenvolvimento do currículo escolar, as quais
procuramos comprovar através dos dados coletados, utilizando as notas das provas,
questionário e entrevista.
Vale considerar que, em nossas observações, a socialização é um componente
presente na faixa etária de nove anos (3ª série). A comunicação é utilizada para atender às
necessidades individuais ou do grupo, favorecendo a integração de todos os componentes ou
participantes dos jogos, nos quais as crianças mostram-se mais comunicativas, discutem
3 As estruturas cognitivas serão apresentadas em itálico
resultados, aprimoram estratégias, pensam e comentam suas ações e as dos outros, estreitando
relacionamentos, desempenhando funções ou papéis criados no próprio grupo.
É interessante observar as crianças em atividade com os jogos, porque percebem a
importância de cada uma, que todas as ações provocam reações, mesmo que advindas de
outro componente de sua equipe ou não. Respeitam o espaço, a colaboração e o ritmo de cada
participante.
Isso pode ser observado em alguns jogos como, por exemplo:
- Corrida de bexigas
- Bingo
- Disputa entre equipes
- Jogo do palito
- Jogo dos desenhos
- Meu colega é....
- Anúncio de TV e outros.
Esses são jogos de competição, nos quais pode-se observar várias experiências, com os
intercâmbios que facilitam as organizações e aceitação do ponto de vista do outro, havendo
uma descentração em que a criança, durante a atividade, avalia o outro como ser humano,
interagindo e compreendendo cada vez melhor a si mesmo e o mundo que a cerca, com tudo
que existe nele, adaptando-se com maior facilidade à realidade exterior. Isto pode ser
percebido a partir da aceitação das regras por todos, sem privilégios, ganhando relevante
importância para a continuidade do jogo ou atividade.
Pode-se observar essa característica de descentração nos jogos competitivos por
envolverem regras que devem ser respeitadas por todos da equipe, para que se dê
prosseguimento ao jogo como:
- Descubra o numeral
- Jogo da forca
- Corrida da bexiga
- Jogo da trilha
- Jogo dos símbolos e outros.
Nos jogos, principalmente os de competição, as crianças devem estar atentas à
seqüência dos participantes, ao que efetivamente cada um tem de fazer e respeitar a
capacidade de transformação, ou tomada de novas direções, sempre buscando bons
resultados, porém compreendendo tanto os ganhos como as perdas, de forma natural. Essa
compreensão pode ser adquirida através de conversas ou avaliações, ao final de cada jogo.
Essa é uma forma concreta de avaliar os resultados obtidos pelas equipes. São levantados
todos os aspectos que levaram uma equipe a vencer e outra a perder. Assim a criança entende
e aceita a necessidade de mudança de postura ou participação, aprende a considerar outros
pontos de uma mesma situação que trará benefícios a si ou a sua equipe. Jogos competitivos:
- Corrida da bexiga
- Jogo do palito
- Jogo da forca
- Descubra o numeral
- Pirâmide das operações
- Vamos às compras e outros.
De acordo com o exposto, a criança pode mudar sua forma de pensar,
escolhendo novos caminhos que podem ser utilizados para uma mesma situação. Portanto, o
pensamento operacional concreto é reversível, pois a criança pode deduzir através da inversão
e reciprocidade as ações que internaliza, com o uso de vocabulário e vivências, fazendo-a
organizar seu pensamento, podendo retomar o sentido original. Assim, pode avaliar todas as
possibilidades de solucionar um problema, escolhendo a melhor alternativa. Pode-se encontrar
a reversibilidade nos jogos de:
- Formar palavras
- Caracol dos pronomes
- Jogo de bingo
- Roleta das operações e outros.
Com a reversibilidade do pensamento, as ações são interiorizadas e a
partir daí surgem as operações lógicas, nas quais a criança compreende as informações que
tem em mãos para poder participar ativamente em nível de pensamento, combinando-as até
dar sua contribuição no jogo de forma a poder transformar resultados e organizar o jogo
mentalmente. Para isso, é necessário que a criança possa vivenciar as mais diferentes
situações, pois só assim poderá internalizar as ações. O jogo pode facilitar esse processo por
conter atividades práticas, tornando a criança capaz de uma multiplicidade de ações.
Os jogos que envolvem a lógica são os que exigem raciocínio lógico
como:
- Desafios matemáticos
- Dado das operações
- Roleta das operações
- Vamos às compras
- Pirâmide das operações
- Descobrir palavras e outros.
Pode-se considerar os jogos como um facilitador de ações cognitivas, pois a partir do
interesse e motivação apresentados pelos alunos, é que irão empenhar-se em compreender as
informações que têm em mãos para poderem participar ativamente, dando sua contribuição
como componente do jogo.
Tendo a criança uma multiplicidade de ações, é necessário que tenha capacidade para
organizá-las mentalmente. Isto é conseguido através da seriação, que combina elementos de
acordo com certos atributos, relacionando-os de forma coerente, de acordo com o proposto ou
estabelecido. A criança percebe que há coisas que se seguem a outras e a partir de um
problema pode raciocinar para encontrar a solução, porque trabalha com raciocínio abstrato
dependente do concreto e da lógica.
Os jogos que apresentam a seriação:
- Jogo da bexiga
- Jogo das operações
- Jogo do palito
- Dominó
- Jogos de percurso
- Jogo dos símbolos e outros.
Sendo o desenvolvimento cognitivo seqüencial, a criança passa por etapas
caracterizadas por estruturas mentais de maneira a compreender problemas para solucioná-los.
Para que isso aconteça, é necessário que a criança estabeleça conceitos que são baseados na
classificação, processo no qual a criança agrupa objetos em classes de acordo com seus
atributos, e que através da lógica são relacionados a outros, levando-a a compreender a
situação, pensando, facilitando assim a aprendizagem.
Pode-se classificar através dos seguintes jogos:
- Jogo de caça-palavras
- Disputa entre equipe
- Jogo dos desenhos
- Alfabeto dos adjetivos
- Jogo da forca
- Dado dos transportes
- Animais e suas características e outros.
Classificando, a criança adquire autonomia a partir do momento em que pensa nas
normas já estabelecidas pelo professor, avalia-as, questiona-as e, só depois, aceita-as, ou
propõe mudanças, refletindo sob o ponto de vista do professor.
Todas as habilidades expostas requerem regras a serem respeitadas, pois as crianças
percebem a necessidade delas para que o resultado do jogo seja positivo no sentido de que
todos os componentes ou participantes possam fazer parte dela, com os mesmos direitos, não
havendo privilegiados ou protegidos. Dessa forma, a criança valoriza a regra e segue-a, sente-
se capaz de entrar em acordo e propor mudanças, se assim for decidido pelo grupo. Todos os
jogos apresentados às crianças possuíam sempre regras a serem seguidas.
Os jogos utilizados nesta pesquisa atendem às habilidades ou estruturas cognitivas
que as crianças dessa faixa etária possuem, pois assim elas aprendem melhor, porque atuam
tanto física como mentalmente, individualmente ou em grupo, maximizando as atividades
produtivas, proporcionando maiores períodos de atenção e, conseqüentemente, de
participação ativa. Favorecem a investigação, observação, perseverança, reflexão, auto-
avaliação, disposição e domínio, tão importantes para a participação ativa do sujeito ao meio.
Essa participação pode tornar-se efetiva, consciente, reflexiva, se resgatarmos o sentimento de
alegria e satisfação em relação à escola, atividades e aos conteúdos, propiciando assim maior
envolvimento nas atividades. A escola tem perdido a magia e o encantamento de proporcionar
bons momentos, devido à exaltação de aspectos como a obrigatoriedade, a quantidade
exacerbada de conteúdos, cobranças ostensivas, falta de significado e proximidade dos
conteúdos a serem desenvolvidos. O jogo favorece o desenvolvimento global da criança em
seus aspectos sociais, emocionais, intelectuais, psíquicos, orgânicos, explorados amplamente
através das atividades que requerem da criança aspectos como raciocínio lógico, antecipação,
reflexão e outros para compreender a situação em que se encontra, e prever resultados através
da ação. Assim, haverá contato com vários tipos de situações que servirão para modelar sua
personalidade através de sua participação ativa e autoconhecimento de suas potencialidades
para a formação do cidadão do futuro, ou seja, aquele que é capaz de pensar com autonomia.
O professor, além de ter responsabilidades quanto ao conteúdo a ser desenvolvido,
deverá atender às motivações naturais da criança, às relações afetivas, criando situações para
adequar sua ação educativa. Para tanto, deverá ter conhecimento sobre o desenvolvimento da
criança para melhor atendê-la, e evitar desajustes ou experiências negativas, durante o
processo ensino-aprendizagem. No nosso cotidiano escolar, os envolvidos nesse processo
esperam que o aprender seja satisfatório. De um lado, os professores que valorizam o
aprender, relacionando-o à disciplina, quantidade de conteúdo, e esperando que os alunos
absorvam o maior número de informações cobradas em provas. De outro lado, os alunos com
muita energia para ficar o tempo todo sentados, um atrás do outro, ouvindo muitas vezes
informações muito distantes de sua realidade, não havendo muito interesse em entendê-las.
Para que exista realmente o processo ensino-aprendizagem, é necessário, em um
primeiro momento, que haja uma maior disposição do professor em ensinar de acordo com as
possibilidades de aprender de seus alunos, que a disciplina seja importante para o aprender,
mas que só haverá disciplina se as crianças se envolverem na atividade desenvolvida e isto
pode acontecer com certa facilidade, através do jogo, que proporcionará a todos, o
envolvimento necessário para despertar a motivação e, conseqüentemente, a participação ativa
de cada um.
O ambiente tem grande influência no desenvolvimento da criança, porque ao fazer
relações com o que vive e vê, ela vai internalizando conceitos e experiências para entender
melhor tudo que a rodeia. Assim, de acordo com a individualidade dessas relações, a criança
vai construindo esquemas que facilitarão experiências posteriores, sejam sociais, físicas,
emocionais, intelectuais ou morais. Portanto, quando damos à criança oportunidade de se
sentir capaz, de se envolver de forma efetiva, de modo a sentir que as atividades podem ser
interessantes e que sua participação poderá ser algo agradável, canalizará suas energias para
participar, pois se sentirá mais próxima do entendimento das ordens dadas, dos conteúdos e da
própria atividade, gerando assim aprendizagens significativas.
Nessa pesquisa vamos um pouco além, metodologicamente saímos do plano da
observação. Empiricamente utilizo o jogo, relacionando-o com todos os conteúdos das áreas
ou disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática estabelecidas no currículo escolar de uma
3ª série, demonstrando que é possível essa forma de trabalho e que os resultados são
extremamente satisfatórios, tanto em termos qualitativos quanto quantitativos.
Cremos que não só as crianças de Educação Infantil, de 1ª ou de 2ª série do Ensino
Fundamental, têm direito a serem respeitadas em seu desenvolvimento no que é sua essência,
ou seja, o que é inerente a todas as crianças que é o brincar.
3.3 -O Desenvolvimento Integral
das Crianças no Exercício da Cidadania
Começamos pelo Referencial Nacional da Educação Infantil por percebermos que
ainda se valoriza o brincar nessa fase.
Esse referencial estabelece pela primeira vez que a Educação Infantil é a primeira
etapa da Educação Básica, apontando metas de qualidade para que as crianças tenham um
desenvolvimento integral, ampliando assim o conhecimento da realidade social e cultural de
modo a promover a socialização para o exercício da cidadania.
Para tanto, a criança tem de ser considerada com todas as suas peculiaridades como as
diferenças individuais, sociais, econômicas e seu acesso a bens sócio-culturais disponíveis. O
direito das crianças de brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e
comunicação infantil. (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998. p 13).
O próprio Referencial contempla a preocupação com o “brincar”, evidenciando que as
brincadeiras fazem com que os alunos pensem e repensem nos acontecimentos a sua volta,
tentando solucionar todos os possíveis problemas que possam surgir de forma prazerosa e
transformando-os em conhecimento.
A criança adquire confiança em si própria sentindo-se competente diante de todas as
atividades, encarando-as como desafios, o que favorece a compreensão do resultado de suas
ações, enriquecendo a internalização de novos conceitos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais consistem em referencial para o Ensino
Fundamental e tem como objetivo a atuação da educação na construção da cidadania para
atingir a igualdade de direitos entre os cidadãos.
Vejamos melhor, inicialmente, essa vinculação de quanto a educação é imprescindível
para que o aprendente se torne cidadão. Pode-se dizer que ser cidadão é ter direitos e deveres,
o que está descrito na Carta de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, e
“sua proposta mais funda de cidadania é a de que todos os homens são iguais ainda que
perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor”.(Manzini-Covre, 2001, p.9)
Em primeiro lugar para estar no que se afirma acima, “todos os homens são iguais” é
preciso que o aprendente tenha direito à educação.
A Educação através da apropriação do conhecimento pretende construir condições
para uma formação permanente de cidadãos competentes e dignos para exercerem seus
direitos e deveres.
Tendo em vista uma formação ampla, o ensino estará respeitando as diferenças
individuais, as capacidades cognitivas, físicas, afetivas, de relação interpessoal e inserção
social, ética e estética para a construção de um ser social e ao mesmo tempo autônomo. Isso
em termos de “ideal”; pois só assim teremos uma participação ativa de todos convergindo
para um só objetivo, que é o bem de todos.
As pessoas tendem a pensar a cidadania apenas em termos dos direitos a receber.
“... negligenciando o fato de que elas próprias podem ser o agente da
existência desses direitos. Acabam por relevar os deveres que lhes cabem,
omitindo-se no sentido de serem também, de alguma forma, parte do
governo. Ou seja, é preciso trabalhar para conquistar esses direitos. (Manzin-
Covre, 2001, p10)”.
Neste sentido, na medida em que é provido de conhecimentos educacionais é que
esse aprendente poderá melhor desenvolver o seu papel de cidadão, agora em sua face de
deveres, particularmente nas pugnas para um maior bem coletivo.Então, ele também deve ter
deveres: “ser o próprio fomentador da existência dos direitos a todos, ter responsabilidade em
conjunto pela coletividade, cumprir as normas” (idem) Esse aprendente deve ter certa
organização pessoal, que se espera que uma boa educação possa lhe dar e estar provido de
conhecimentos que lhe permita reinvidicar ,pois:
Só existe cidadania se houver a prática da reivindicação, da apropriação de
espaços, da pugna para fazer valer os direitos do cidadão... Neste sentido, a
prática da cidadania pode ser a estratégia, por excelência, para a construção
de uma sociedade melhor. Mas o primeiro pressuposto dessa prática é que
esteja assegurado o direito de reivindicar os direitos, e que o conhecimento
deste se estenda cada vez mais a toda a população.(ibidem,p 10-12).
Assim, sempre que existe a necessidade de transformar algo já instalado, praticado e
aceito pelo meio social, para qualquer mudança ou transformação é necessário que exista
além da vontade de alguns, a visão global de toda a situação para que a transformação ocorra
em benefício da maioria dos indivíduos. Grandes transformações de nossa sociedade podem
ocorrer pelo fomento maior da cidadania. Indicamos como a educação pode melhor isso
propiciar. E ainda, podemos ter a escola como o ambiente propício por excelência para se
aprender os direitos e os deveres da cidadania. Segundo Manzini-Covre, (2001) podemos
perceber a necessidade de uma construção coletiva, tendo que:
...cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um
direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do
atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de
existência, incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no
Universo. (p. 11)
É um direito a ser construído no coletivo porque não vivemos sozinhos, precisamos do
outro para viver de forma satisfatória. Diante disso, temos necessidades não só de moradia,
alimentação, enfim as básicas de sobrevivência, mas também as ligadas ao social, nas quais
me relaciono com os outros indivíduos de mesma classe social ou não, dividindo, somando e
partilhando experiências, através da troca, do contato com o outro.
Segundo os preceitos da cidadania (carta da ONU, 1948) cada indivíduo deve ser
respeitado de acordo com suas capacidades, potencialidades e necessidades e, como não vive
só, deve respeitar igualmente os outros, resguardando princípios e valores tão necessários à
vida em sociedade. Assim todos poderão ter consciência de seu papel e, se ninguém faz nada
sozinho deve haver união com cada um desempenhando seu papel e, respeitando o papel do
outro.
Para ser construído o ser social, os Parâmetros Curriculares Nacionais fundamentam-
se nas influências de movimentos educacionais internacionais. A proposta pedagógica que vai
ao encontro das concepções de Educação é a “Pedagogia Renovada”, já que esta:
... é uma concepção que inclui várias correntes que, de uma forma ou
de outra, estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa, tais
correntes, embora admitam divergências, assumem um mesmo principio
norteador de valorização do individuo como ser livre, ativo e social. O centro
da atividade escolar não é o professor nem os conteúdos disciplinares, mas
sim o aluno, como ser ativo e curioso. O mais importante não é o ensino, mas
o processo de aprendizagem. Em oposição à Escola Tradicional, a Escola
Nova destaca o principio da aprendizagem por descoberta e estabelece que a
atitude de aprendizagem parte do interesse dos alunos, que por sua vez,
aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem por si
mesmos.(MEC/SEF, 1997, Introdução. P. 40)
Nessa citação está clara a necessidade de serem oportunizadas experiências e vivências
para o desenvolvimento da capacidade dos alunos. Isso pode ser promovido pelo lúdico
porque o brincar é inerente à infância e o aluno deve ser favorecido por atividades que
despertem seu interesse e vontade em participar ativamente.
Muitas vezes o conteúdo especificado no plano anual está muito distante da realidade
ou do dia-a-dia dos alunos, mas se esse conteúdo for preparado de modo a se ter uma
participação mais ativa, prática, interessante, que desperte a curiosidade, acreditamos que
haverá uma incorporação de conhecimento muito maior e também compreensão do que é
aprendido na escola relacionado à realidade de cada um, favorecendo a competência de
discernir o que acontece a sua volta.
Portanto, para haver êxito no processo de ensino aprendizagem é necessário trabalhar
com significados, para que o aluno relacione-os com os conteúdos a serem desenvolvidos que
podem ser favorecidos pelos jogos.
Para trabalhar com a aprendizagem significativa, o professor deve conciliar as
exigências do plano escolar, através dos conteúdos estabelecidos, com o desejo de aprender
das crianças. Dessa forma haverá uma potencialização da aprendizagem.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma mudança de enfoque
em relação aos conteúdos curriculares: ao invés de um ensino em que o
conteúdo seja visto como fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em
que o conteúdo seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as
capacidades que lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais
e econômicos.(MEC/SEF, 1997, Introdução, p.73).
Se a escola procura o aluno como ser global, desenvolvendo suas capacidades e
potencialidades, não pode priorizar somente o conteúdo, muitas vezes dado de forma
obrigatória, cumprindo apenas o que está estabelecido no currículo escolar. É preciso analisar
os conteúdos de forma a facilitar a compreensão, que acreditamos ser possível através dos
jogos.
A educação é um direito do cidadão, e nela o “bem aprender” é um direito do cidadão.
Isso se estende a todos os aprendizados. É um direito que envolve os três componentes da
cidadania; direito social, civil e político. Esclareçamos a que dizem respeito esses três
direitos:
Os direitos civis: “a todos cabem o domínio sobre seu corpo e sua vida,...
(direito social):” O acesso a um salário condizente para promover a própria
vida, o direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. E mais (direito
político): é direito de todos poder expressar-se livremente, militar em
partidos políticos e sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar por seus
valores. Enfim, o direito de ter uma vida digna, de ser homem Isso tudo diz
mais respeito aos direitos do cidadão.(Manzini-Covre, idem p 12).
Assim a educação e seus aprendizados são classificados como um direito social, mas
para que ele tenha vigência, depende de outros direitos sociais (como o imprescindível
salário), de direitos civis (de poder se locomover, de estar bem no próprio corpo, etc) do
direito político (de poder fazer suas próprias escolhas na vida pública, mas no que está se
enfocando, escolhas referentes ao seu âmbito escolar, pugnar para que todos tenham
expressão da palavra e também dos sentimentos etc) Então, convenhamos, sem saber usar
bem, por exemplo, o Português não podemos bem ensinar, trabalhar, organizarmo-nos em
grupo, lutar pelo coletivo etc.
IV – METODOLOGIA
Dentro de uma concepção histórica de método, sempre houve uma preocupação em
descobrir e explicar os fenômenos da natureza. Nas tentativas de explicar esses fenômenos,
houve a necessidade de se traçarem caminhos para se chegar a um resultado ou objetivo, de
forma a ordenar o pensamento, determinando procedimentos que facilitem a compreensão
desse percurso, avaliando os possíveis erros e auxiliando a tomada de novas direções sem
perder de vista o objetivo a que se pretende chegar.
Para a reflexão do questionamento inicial deste trabalho quanto às possibilidades do
lúdico em favorecer o desenvolvimento da criança, associado ao salto qualitativo e
quantitativo da aprendizagem em relação aos conteúdos curriculares, especificados no plano
anual da escola, buscou-se organizar esses conteúdos para serem desenvolvidos através de
jogos e observar a execução e o resultado final.
Para refletir, descrever, explicar, compreender, sistematizar e organizar o
conhecimento, procurou-se uma vivência prática para constatar os resultados através de grupo
experimental e de controle, questionário e entrevistas, observando a suposta transformação de
atitudes tanto do professor como do aluno que se modifica diante de atividades ou de um
programa de acordo com suas necessidades internas e habilidades de adaptação às exigências.
Neto, na obra Psicologia da Aprendizagem (1987), defende que:
em pesquisas de aprendizagem que envolvem grupos de sujeitos, é
comum contar o pesquisador, além de um grupo experimental (ou vários),
com um grupo de controle...o grupo experimental poderá ser subdividido a
um esquema de aprendizagem.... O emprego do grupo de controle confere
maior rigor ao experimento, pois os resultados desse grupo são comparados
com os do grupo experimental.(p. 43)
Nesta pesquisa, utiliza-se a experimentação por possibilitar a demonstração de dados
coletados de forma a comprovar consistente e criticamente os resultados obtidos, que incidem
diretamente na aprendizagem, podendo ser avaliadas as implicações no comportamento das
crianças.
Para compreender e avaliar como o aluno e o professor vêem a situação de
aprendizagem, ou ainda como se pode construir o conhecimento através da utilização do jogo
ou do lúdico no desenvolvimento de conteúdo, foi escolhido trabalhar com grupo de controle,
no qual a idéia central é comparar os resultados, possibilitando maior compreensão e estudo
da viabilidade de se trabalhar com algo que é inerente à infância, possibilitando assim maiores
e melhores resultados.
Na experimentação implica-se as seguintes noções:
• Variável independente – os jogos que serão utilizados pelo professor para observar e
posteriormente constatar sua viabilidade e efeitos quantitativos e qualitativos através
de avaliação, questionário e entrevista.
• Variável dependente – comportamento das crianças recebendo a ação pedagógica dos
jogos na aprendizagem dos conteúdos do currículo escolar.
• Grupo de controle – Utilização de dois grupos. Um chamado de 3ª A (Grupo
Experimental) que foi submetido ao uso dos jogos composto por vinte meninos e
dezessete meninas, totalizando trinta e sete crianças. O grupo 3ª B (Grupo de
Controle) em que as crianças não foram submetidas a nenhum trabalho diferenciado a
não ser para efeito comparativo é composto por vinte e sete crianças, sendo dez
meninos e dezessete meninas. A idade das crianças nos dois grupos é de
aproximadamente nove anos.
• Amostra significativa – através da investigação inicial com o objetivo de verificar a
reação das crianças (37 crianças da 3ª série A) frente ao trabalho diário de atividades
em relação ao desenvolvimento do conteúdo com o lúdico, para possíveis
reformulações e adequação.
Os jogos foram aplicados pela professora da turma, pois a intenção não era a de fazer
um trabalho com outra pessoa que não fosse a própria professora, não descaracterizando uma
situação escolar, na qual o diferencial foi a forma de desenvolver os conteúdos especificados
no currículo escolar. Nosso papel foi o de orientar, discutir e refletir com a professora
aspectos que pudessem enriquecer o uso dos jogos, facilitar a compreensão e envolver as
crianças, fazendo ajustes necessários durante a sua aplicação.
Antes de iniciar o trabalho, foi necessária uma investigação inicial com jogos para
observar e para fazer ajustes. Ela será apresentada a seguir no anexo 1.
Para uma investigação mais profunda, buscamos uma metodologia que pudesse
demonstrar as diferenças não só quantitativas, mas também qualitativas de um trabalho
escolar proposto para o 3º bimestre do ano letivo, desenvolvido através do lúdico com todos
os conteúdos estabelecidos no currículo escolar de Língua Portuguesa e Matemática.
Nessa pesquisa foram trabalhados dois grupos de uma escola da rede particular de
ensino, que funciona em dois períodos com cinco turmas de 3ª série. A 3ª série A e 3ª série B
foram escolhidas para a pesquisa de forma aleatória. O grupo da 3ªB (Grupo de Controle) é
formado por 10 meninos e 17 meninas com idade aproximada de nove anos. Com esse grupo
não foi feito nenhum tipo de intervenção com aplicação de jogos, porém no final do bimestre
foi aplicado questionário, entrevista e levantamento das notas alcançadas no bimestre.
A 3ª série A (Grupo Experimental) é formada por 20 meninos e 17 meninas com idade
aproximada de nove anos. Nesse grupo foi feita a aplicação dos jogos no desenvolvimento
dos conteúdos especificados no currículo escolar. Ao final também foram efetuados o
questionário, a entrevista e o levantamento de notas.
Com a aplicação dos jogos, pretende-se partir de experiências individuais e em grupo,
construindo um processo de conhecimento e mudanças em diferentes níveis: cognitivo,
emocional, atitudinal e comportamental.
Nesses jogos foram oportunizadas vivências, resolução de problemas, participação,
envolvimento, criatividade, interesse e principalmente, ao final a compreensão dos resultados
obtidos positivos ou negativos.
Foi importante uma avaliação oral com as crianças, ao término de cada jogo, sobre os
resultados. Por exemplo, o que levou cada um a agir da maneira com que elas participaram.
Isso facilitou uma organização de pensamentos para futuras conclusões e para a modificação
ou não de comportamento e atitude.
Enfatizamos a importância da participação ativa da criança que deve ser valorizada
pelo professor, juntamente com a reflexão sobre os resultados. Assim, tanto um como o outro
pode refletir sobre as ações e comportamentos durante os jogos e, o que poderia ser
modificado para haver maior compreensão e/ou mudança de jogada para um melhor resultado
e entendimento do conteúdo desenvolvido.
Houve a necessidade da elaboração de inventário sobre os conteúdos a serem
trabalhados para não haver prejuízo em relação ao planejamento anual.
V – INVENTÁRIO DE CONTEÚDO
O objetivo inicial sempre esteve muito claro, ou seja contemplar o trabalho com os
alunos sem haver nenhum tipo de perda em termos do planejamento anual ou que os alunos
ficassem em defasagem em relação aos outros alunos de mesma série
Foi feito um levantamento do plano anual de conteúdos a serem trabalhados na 3ª série
para a montagem dos jogos. Para que se pudesse ter tempo necessário na formulação e
montagem dos jogos, foram escolhidos os conteúdos do 3º bimestre, os quais estão
especificados a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA
• Artigo definido e indefinido
• Adjetivo
• Escrita por extenso de numerais
• Pronome do caso reto
• Ortografia – SC – XC – GU – QU – trema
MATEMÁTICA
• Operações + - x:
• Nomenclatura
• Sistema monetário
• Desafios matemáticos
Todos os jogos que foram desenvolvidos e aplicados estão apresentados em anexo (2),
com as devidas explicações e regras para se alcançar os objetivos propostos. Queremos
ressaltar ainda que tivemos a preocupação de respeitar os conteúdos especificados no plano
anual para que a professora não se sentisse ameaçada em não cumpri-lo, sendo uma exigência
da escola que todos cumpram o que está especificado como sendo importante e essencial aos
alunos.
5.1 – Investigação Inicial
Na investigação inicial houve a intenção de verificar se realmente os alunos iriam se
interessar por jogos relacionados aos conteúdos antes de montá-los, havendo tempo hábil para
fazer modificações caso fosse necessário. Houve a preocupação para que não houvesse
prejuízo ou perdas para os alunos/ professor / escola.
Num primeiro momento, houve a necessidade de montar alguns jogos para verificar o
interesse e participação das crianças.
Essa investigação inicial foi feita com o objetivo de observar através de uma amostra
se os jogos precisariam de ajustes, portanto procurou-se jogos que fizessem parte da
curiosidade e realidade dessa faixa etária. Jogos estes que dão a liberdade ao aluno escolher as
melhores condutas e/ou jogadas de acordo com o que acredita ou pensa ser correto.
Alguns dos jogos foram elaborados para serem jogados ou desenvolvidos
individualmente para que cada um pudesse escolher as jogadas e também que pudessem ser
jogados em dupla ou em grupo para explorar a socialização, a relação entre os alunos, o
esperar a vez, o respeitar a jogada do outro, pois vivemos em sociedade; portanto temos que
aprender a conviver desde muito cedo e nada melhor do que o lúdico para inserir o sujeito ao
meio.
Para que pudesse verificar se os objetivos seriam alcançados quanto à facilidade de
compreensão dos conteúdos, foram elaborados três tipos de jogos de conteúdos diferentes. Foi
escolhido o jogo da memória, bingo e jogo de percurso por considerar que tais jogos fazem
parte naturalmente da infância, que na grande maioria das brincadeiras e brinquedos das
crianças surgem e agradam a maioria. Isso é percebido através da observação das crianças em
atividades recreativas. Esses jogos são apresentados em anexo 1.
A seguir apresento observações feitas após a aplicação da investigação inicial para
avaliar e fazer os ajustes se necessários.
5.2. – Observações feitas após a aplicação
Os jogos foram apresentados como uma atividade qualquer. A professora distribuiu o
material e explicou como seria a execução da atividade. O conteúdo já havia sido trabalhado
sendo então um conteúdo já dominado. Dessa forma o jogo serviria como recurso de revisão.
Logo de início as crianças mostraram-se muito motivadas e interessadas, aguardando
com certa ansiedade o início da atividade, pois era diferente de todas as outras que estavam
acostumadas a fazer. Parecia até que estavam se arrumando para uma brincadeira de lazer.
Participaram da atividade demonstrando envolvimento, interesse e muita disposição.
Quando as crianças terminaram, sentaram-se e fizeram juntamente com a professora
uma reflexão, avaliando o que aconteceu para que houvesse um ganhador; como ele fez, como
pensou, que estratégia utilizou e assim também com quem perdeu o jogo, estudando as
possibilidades de acertos e de erros nas jogadas.
Quase todas as crianças queriam dar suas opiniões, comentando o jogo e as mais
tímidas, ou que não queriam se expor, ficaram observando atentamente tudo o que estava
sendo falado.
Não foi observado um sentimento acentuado de frustração, de tensão por terem
perdido, mas uma vontade muito grande de explorar toda a situação, para talvez aprenderem
com a experiência. As crianças se mostraram muito a vontade para fazerem os comentários,
discutindo atentamente todas as possibilidades das jogadas que fizeram e as que poderiam ter
feito.
Interessante foi observar o comportamento das crianças procurando avaliar todas as
possibilidades para o jogo, partindo da prática vivenciada, entendendo o resultado obtido não
só seu, mas de seus colegas também.
Todos puderam expor seus sentimentos, emoções e opiniões, havendo assim um bom
relacionamento e respeito entre as crianças.
Dá para perceber o quanto foi positivo trabalhar dessa forma com as crianças, porque
elas conseguem avaliar o que realmente é necessário avaliar, ou seja, não importa quem ganha
ou perde, mas sim o que é feito para se ganhar e o que não é feito para ganhar, assim avalia-se
as possibilidades do jogo, e não o resultado. Quando se pensa no processo existe um ganho
maior, porque o que não foi entendido agora através da reflexão passa a ser, o que foi visto ou
interpretado de uma maneira diferente ou superficial agora é visto em toda sua plenitude.
Pode-se dizer que os educadores de forma geral sempre estão buscando novas
estratégias, tecnologias, metodologias de trabalho e se esquecem de utilizar o que as próprias
crianças fazem e demonstram durante todo o tempo que é o brincar, jogar. Cabe então só
canalizar as atividades para se atingir os devidos objetivos.
Pudemos perceber a validade dessa amostragem a partir de entrevista com a professora
e com alguns alunos que de acordo com os teóricos pesquisados, apontamos RIZZO quando
destaca o lúdico como sendo um desafio ao prazer, associado a atividades criadoras que
conduzem a criança para a organização mental, facilitando seu pensamento a partir da
realidade em que está inserida, absorvendo melhor e mais facilmente todas as regras, normas
e conhecimentos para assim chegar à construção de conhecimento pautada na compreensão,
no domínio de conteúdos especificados no currículo escolar.
A professora ficou muito contente com os resultados que foram muito positivos. Pela
sua avaliação, houve um aumento no número de acertos. Percebeu uma satisfação muito
grande nas crianças quanto à participação nas atividades desenvolvidas, nas quais
demonstram maior empenho e envolvimento, se concentrando e avaliando todas as
possibilidades, levando a um maior resultado não só quantitativo, mas também na qualidade
da aquisição do conhecimento.
É desejo de todos trabalharem, estudarem, o que de certa forma causa prazer, então o
jogo, as brincadeiras e o lúdico podem proporcionar isso não só para as crianças, mas também
para a professora que sente uma grande alegria ao observar que seus alunos estavam mais
felizes, absorvendo melhor os conteúdos, dispensando maior atenção às explicações,
entendendo que naquele momento se brincou, mas também se aprendeu muito. Esse talvez
seja um dos objetivos da grande maioria dos professores que querem desempenhar o seu papel
de forma agradável e envolvendo seu aluno de forma total.
Posteriormente em uma avaliação de coletivos, houve 100% de acertos por parte de
todos os alunos.
Algumas crianças expressaram-se assim:
• Quando a gente tem que aprender às vezes é chato prestar atenção o tempo todo,
então a gente erra e não aprende. Agora desse jeito é muito legal porque para eu
poder me divertir eu não posso esquecer nenhuma regra senão meu amigo passa na
minha frente.
• A gente nem percebe que está estudando.
• Eu perdi porque não pensei para marcar os sons do X.
• Para eu poder ganhar no bingo coloquei sons do X diferentes uns ao lado dos outros,
para aumentar as chances de ganhar.
• É muito legal fazer lição assim.
• Estou gostando desse jeito de aprender.
As crianças só verbalizaram coisas positivas a respeito das atividades vivenciadas através
do jogo, causando até uma certa estranheza com respeito à avaliação que elas fizeram das
estratégias utilizadas, não levando em consideração essa ou aquela criança, mas o que cada
uma fez para ganhar ou perder. Dessa forma levou-se em consideração todo o tempo em que
se jogou e que o resultado foi apenas uma decorrência de todo o jogo.
Gostaríamos de ressaltar que uma criança ao verbalizar “para eu poder me divertir eu não
posso esquecer nenhuma regra” está preocupada em se concentrar, organizar suas idéias,
pensar nas possibilidades e fazer uma avaliação antes de escolher a jogada. Dessa forma a
criança se acostuma a pensar mais profundamente a respeito de tudo que é desenvolvido e que
poderá de certa forma servir de base para levantar hipóteses ou possibilidades de jogadas não
deixando de lado as explicações da professora, a execução de exercícios se concentrando para
atingir objetivos que podem ser estabelecidos tanto por ela como pela professora. Destacamos
novamente palavras de Fernandez, reforçando o quanto é importante valorizar as experiências
e vivências dos alunos.
Para ensinar, o ensinante precisa conectar-se com a sua posição aprendente e
favorecer que os alunos possam conectar-se com a sua posição ensinante. O
professor não é transmissor de informações, mas um favorecedor da
construção de conhecimentos no espaço “entre”, o qual se cria entre ele e seu
aluno. (FERNANDEZ, 2001: p. 99)
A fala das crianças serviu como um termômetro para medir a eficiência das atividades em
atingir os objetivos. Também para avaliar como elas se sentiam, se estavam motivadas, se
estavam percebendo que não era apenas diversão, mas também uma forma de aprender. Assim
a investigação inicial demonstrou qualidade na aplicabilidade, sendo essencial ouvir o que as
crianças tinham a dizer.
É muitas vezes surpreendente ouvir o que a criança verbaliza, pois se pode perceber que é
demonstrado o que a autora Kishimoto (p. 17) nos aponta como sendo importante a
participação nas atividades que geram prazer e satisfação, mesmo quando ela não é a
vencedora, mas sim quando entende o porquê de ter perdido ou ganhado.
A partir dos resultados alcançados, foi realizada a aplicação dos jogos com fim
pedagógico durante todo o 3º bimestre. A seguir, apresentamos a contextualização dos jogos
na realidade escolar.
VI - CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JOGOS
NA REALIDADE ESCOLAR
De acordo com as informações colhidas através da investigação inicial foi considerada
a necessidade de contextualizar os jogos na rotina escolar, juntamente com os conteúdos
especificados no planejamento escolar, objetivando atender o cumprimento do que está
especificado para não haver prejuízo aos alunos, professor ou escola.
Acreditamos que os jogos e a competição são benéficos não só ao desenvolvimento da
criança, mas também quando ela tem de lidar com questões que não dependem só de sua
vontade, mas de todo um grupo. Muitas vezes, por meio de motivações extrínsecas, desperta-
se o prazer e o interesse em participar com o intuito de barganhar nota, e não como agente que
participa, que se envolve, que pode questionar, criticar e avaliar toda a situação e a si mesmo,
tirando proveito do contexto de jogo através da reflexão.
Se assim for, o aluno percebe e não se envolve na maioria das vezes, não dando
importância ao conteúdo, mas à nota. Registramos no jogo aplicado falas como “A gente nem
percebe que está estudando”, demonstrando que estudar não é uma atividade muito agradável.
Após a aplicação e verificação dos resultados obtidos na investigação inicial
começamos a aprofundar-nos no conteúdo já estabelecido no plano anual da 3ª série da escola,
na qual colocaria em prática nosso trabalho ou pesquisa durante o 3º bimestre do ano letivo de
2002. Sentimos a necessidade de pesquisar os assuntos em vários livros didáticos para retirar
o maior número de informações e torná-las interessantes às crianças.
Começamos então a montar os jogos, escolhendo os mais tranqüilos para sala de aula
como: caça-palavra, bingo, jogo da memória, percurso, palavras cruzadas; como também
aqueles em que haveria a necessidade de sair do ambiente da sala de aula, como é o caso da
corrida das bexigas.
Todos os jogos foram adaptados a partir de jogos existentes no mercado a longo
tempo, como jogo da memória, dominó, forca e de percurso. Alguns outros foram adaptados,
como o jogo dos palitos coloridos que é uma variação do jogo “batata quente”.
Durante três meses dedicamo-nos à escolha dos jogos, ao estabelecimento de regras e
à adequação de conteúdos aos jogos. Eles foram reproduzidos em cartolina por ser um
material mais resistente. Todo o material como fichas de desenhos e palavras, jogos de
memória, dominós, foram separados e colocados em envelopes etiquetados com o nome do
jogo e conteúdo a ser atingido.
Foi montada uma caixa de jogos para cada criança contendo além deles, todo o
material necessário para coloca-lo em prática como: dados, fichas coloridas, dinheiro de
papel, palitos coloridos, bexigas.
No final de junho, entramos em contato com a professora da 3ª série A para que
pudéssemos juntas, explorar as possibilidades dos jogos, e também apontar o quanto seria
importante seu envolvimento porque, com este trabalho nosso objetivo não era que apenas nós
conseguíssemos colocá-lo em prática, mas que qualquer professora com envolvimento e
principalmente disposição faria um bom trabalho e poderia também comprovar o quanto o
lúdico pode facilitar o desenvolvimento dos conteúdos.
Em agosto, na volta às aulas, cada criança recebeu sua caixa de jogos e a devida
explicação de como seria utilizada. Todos se mostraram curiosos e animados.
Durante toda a aplicação do trabalho, estivemos em constante contato com a
professora para que se pudesse avaliar o processo. A avaliação sempre foi positiva, tanto em
relação ao entendimento e compreensão dos conteúdos quanto em relação à animação,
interesse e participação nas atividades com jogos.
Os jogos estão relacionados de acordo com as áreas de estudo e seus respectivos
conteúdos.Os jogos de percurso que poderão ser utilizados em todas as áreas de estudo estão aqui
relacionados e posteriormente citaremos o número da figura correspondente ao jogo, para não
se ter de repetir ou demonstrar o mesmo jogo várias vezes.
Jogos de percurso:
• Jogo da tartaruga – Figura 1
• Jogo do sapo – Figura 2
• Jogo do caranguejo – Figura 3
• Vamos atravessar o lago - Figura 4
• Jogo da corrida maluca – Figura 5
Figura 1 Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
VII – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
EMPREGADOS NA PESQUISA
Avaliação
Para que pudesse fazer uma análise dos resultados quantitativos, foi elaborado um
levantamento das notas obtidas nas avaliações bimestrais, tanto pela 3ª série A como pela 3ª
série B, porque4 todas as turmas fizeram as mesmas provas*, que são elaboradas com a
participação de todas as professoras da série, com os conteúdos trabalhados no bimestre.
As provas das áreas de Língua Portuguesa, Matemática, estão em anexo. (Anexo nº 3)
Questionário
Para uma análise quantitativa, foi feito um questionário* com dez perguntas
abrangendo:
o Relacionamento com a professora
o Tipo de atividades
o Forma de ensinar
Aplicamos o questionário a todos os alunos dos dois grupos O grupo da 3ª série A
(Grupo Experimental), que recebeu os jogos para desenvolver o conteúdo estipulado no 3º
4 As provas e questionários estão em anexo – 3 e 4
bimestre, e a 3ª série B (Grupo de Controle), que freqüenta a escola em outro período de
funcionamento. (Anexo 4)
Entrevista
Com o objetivo de analisar qualitativamente os dados, foi feita uma entrevista com 12
crianças tanto do grupo da 3ª série A (Grupo Experimental) como da 3ª série B(Grupo de
Controle). Essa entrevista foi gravada e as perguntas relacionavam-se com a importância de
freqüentar a escola, o que se aprende, qual a forma mais fácil de aprender.
De acordo com as respostas dadas pelas crianças, pudemos ir questionar e nos
aprofundar mais nas idéias apresentadas.
VIII – ANÁLISE DOS DADOS
Para que se pudesse fazer uma análise dos resultados obtidos, foi necessário após a
aplicação das provas, recolher as notas de todos os alunos e posteriormente calcular uma
média geral, tanto a 3ª série A (Grupo Experimental), como 3ª série B, (Grupo de Controle)
exposto a seguir nos gráficos.
Será apresentada uma análise quantitativa dos resultados obtidos pelos dois grupos,
sendo a 3ª série A trabalhada com jogos para o desenvolvimento dos conteúdos especificado
no plano anual ou currículo escolar e o grupo da 3ª série B que não foi trabalhado com jogos,
entretanto os conteúdos foram os mesmos. Frisamos que as avaliações foram às mesmas para
os dois grupos.
Demonstra-se ainda a ocorrência de maior disparidade das notas obtidas pela 3ª série
B, enquanto a 3ª série A apresenta maior homogeneidade, evidenciando que o trabalho com os
jogos proporciona além de facilidade na apresentação dos conteúdos, melhor compreensão e
aplicação prática dos conhecimentos por alcançar um maior número de alunos.
Sabe-se que a nota não mede conhecimento de ninguém, mas pode ser vista como o
resultado da aquisição de conhecimento que através do jogo não demonstra a pura repetição e
a pura decoração dos conteúdos ou informações transmitidas aos alunos. As notas
conseguidas aqui são resultado de total compreensão dos alunos, podendo-se considerar como
aprendizagem verdadeira, além do prazer gerado nos alunos, que muitas vezes não se
preocupavam com o resultado final, mas com o caminho que se utilizou até ali.
8.1. – Língua Portuguesa
Com as notas obtidas tanto pela 3ª série A como pela 3ª série B, foram feitas duas
tabelas para facilitar a visualização. Logo abaixo estão indicadas as médias gerais, as quais
foram obtidas pela soma total das notas de todas as crianças e divididas pelo número de
crianças de cada turma.
3ª SÉRIE A
01 - 9.2 08 - 9.9 15 - 9.2 22 - 9.9 29 - 9.602 - 9.4 09 - 9.8 16 - 9.8 23 - 8.9 30 - 7.903 - 9.3 10 - 9.9 17 - 9.3 24 - 9.9 31 - 9.604 - 9.7 11 - 9.6 18 - 8.9 25 - 9.0 32 - 9.605 - 9.8 12 - 9.9 19 - 9.7 26 - 9.2 33 - 9.806 - 9.2 13 - 9.1 20 - 8.9 27 - 9.9 34 - 9.807 - 9.9 14 - 9.8 21 - 9.9 28 - 9.9 35 - 9.3 MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE A - 9.5
3ª SÉRIE B
01 - 9.4 07 - 8.3 13 - 8.6 19 - 7.7 25 - 8.102 - 7.8 08 - 7.7 14 - 9.8 20 - 8.0 26 - 8.503 - 8.1 09 - 8.4 15 - 8.9 21 - 7.5 27 - 8.404 - 8.9 10 - 7.3 16 - 5.1 22 - 6.805 - 8.7 11 - 8.2 17 - 9.3 23 - 8.006 - 6.8 12 - 9.6 18 - 8.6 24 - 7.9
MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE B - 8,15
Pode-se perceber a diferença das notas obtidas pelas médias gerais:- 3ª série A – 9,5 e a 3ª
série B 8,15, sendo a diferença entre as duas turmas de 1,35.
8.1.1. –Análise Comparativa
Observando os resultados, resolveu-se comparar as dez notas mais baixas e as dez
notas mais altas de cada turma.
Embora a média geral da 3ª série A (9,5) tenha sido superior da 3ª série B (8,15),
pudemos notar que individualmente as notas dos alunos da 3ª série A foram destacadamente
superiores às notas dos alunos da 3ª série B. Isso pode ser melhor demonstrado ao se
considerar as dez notas mais baixas de cada série:
3ª série A:
7,9 9,1
8,9 9,2
8,9 9,2
8,9 9,2
9,0 9,2Média: 8,95
3ª série B:
5,1 7,7
6,8 7,7
6,8 7,8
7,3 7,9
7,5 8,0
Média: 7,26
Como pode ser observado, a diferença entre a 3ª série A e a 3ª série B, nas notas mais
baixas, é ainda maior – 1,69 –, demonstrando que os jogos são um diferencial importante
principalmente para com os alunos com maior dificuldade de aprendizagem e assimilação.
Podemos verificar também através do gráfico a seguir que a diferença entre as duas
turmas é considerável.
Dez Piores Notas em Língua Portuguesa
7,98,9 8,9 8,9 9 9,1 9,2 9,2 9,2 9,2
7,9 8
5,1
6,8 6,8 7,3 7,6 7,7 7,7 7,8
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Alunos
Not
as
3ª série A3ª série B
Sentimos a necessidade de verificar a diferença entre os alunos com melhor
rendimento, tomando as dez melhores notas como parâmetros.
Apresentamos a seguir as dez melhores notas de cada série:
3ªsérie A:
9,9 9,9
9,9 9,9
9,9 9,9
9,9 9,9
9,9 9,8Média: 9,9
3ª série B:
9,8 8,9
9,6 8,7
9,4 8,6
9,3 8,6
8,9 8,5
Média: 8,23
Foi comprovada uma diferença de 1,67 nas melhores notas, o que nos leva a concluir
que os jogos são facilitadores da aprendizagem, independentemente dos alunos. Podemos
observar esses resultados no gráfico a seguir.
Dez Melhores Notas em Língua Portuguesa
9,8 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,99,6 9,8
8,5 8,6 8,6 8,7 8,9 8,9 9,3 9,4
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Alunos
Nota
s
3ª série A3ª série B
Considerando-se então os gráficos demonstrativos das dez notas inferiores e das dez
notas superiores, a 3ªsérie A (Grupo Experimental), na qual as crianças trabalharam com
jogos durante todo o 3º bimestre, teve desempenho superior ao da 3ªsérie B (Grupo de
Controle), que não teve contato com os jogos, evidenciando ainda uma regularidade maior em
termos de aproveitamento, que é refletido nas notas obtidas pelos alunos.
8.1.2.-Gráfico Demonstrativo
do Percentual da Distribuição das Notas
Para obter o índice percentual da diferença de notas de Língua Portuguesa, foi feita
uma distribuição, variando em escalas de um ponto a partir da nota cinco uma vez
demonstrado que de 0 (zero) a 4,9 não houve pontuação que justificasse seu apontamento.
NOTAS CORNº DE
ALUNOS %Nº DE
ALUNOS %0 – 4,9 ROSA - - - -
5 – 5,9 VERDE - - 1 3,7
6 – 6,9 LARANJA - - 2 7,4
7 – 7,9 AZUL 1 2,85 6 22,22
8 – 8,9 AMARELO 3 8,57 14 51,85
9 - 10 VERMELHO 31 88,57 4 14,81
Esse índice percentual pode ser melhor visualizado nos gráficos a seguir:
3ª série A - 35 Alunos
2,85 8,57
88,577 – 7,98 – 8,99 - 10
3ª série B - 27 Alunos
3,7 7,4
22,22
51,85
14,81
5 – 5,96 – 6,97 – 7,98 – 8,99 - 10
8.1.3. – Análise do Percentual
O jogo aqui é demonstrado como sendo diferencial no desempenho dos alunos porque
dá oportunidade de pensar ativamente sobre suas opções de jogadas a partir da jogada do
outro. Como diz Almeida (2000), o professor tendo chance de observar seus alunos e dar
oportunidades deles se observarem o que pode aumentar sua capacidade de se perceber
perante o grupo e se esforçar para haver maior entrosamento.
Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o
desempenho dos alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao
próprio aluno participar do processo de avaliação, avaliando os
companheiros e se auto-avaliando. A auto-avaliação torna sua participação
mais responsável, ajuda-o a assumir a responsabilidade e a decidir quais os
critérios mais importantes para si. No início o aluno se perde devido ao fato
de nunca ter trabalhado com esse sistema, mas aos poucos ele mesmo vai
percebendo que, dia a dia, se renova, melhorando cada vez mais.
Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são
estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade
de observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do
próprio trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)
Dos gráficos, depreende-se que a classe da 3ª série A (Grupo Experimental), que
trabalhou com os jogos, obteve significativa melhora no desempenho na área de Língua
Portuguesa em relação à classe da 3ª série B (Grupo de Controle), o que nos leva a pressupor
que os jogos influíram positivamente no aprendizado. Essa melhora é conseqüência da
homogeneidade alcançada pelo grupo da 3ª série A, no qual 88,57% dos alunos obtiveram
notas entre 9 e 10. Esse patamar de notas foi alcançado por apenas 14,81% dos alunos da 3ª
série B, que apresentou uma maior disparidade de notas.
Mesmo estando claros os resultados diferenciados alcançados pelas duas turmas,
apresentamos gráfico conclusivo das notas obtidas pelos alunos, para se ter uma visualização
mais ampla.
Lembramos que a turma da 3ª série A é composta por 35 alunos e da 3ª série B por 27
alunos. Essas notas são apresentadas para termos uma idéia dos resultados de cada aluno
individualmente e também para não se perder a totalidade de alcance dos resultados de todos
os alunos. Ressaltamos que o resultado alcançado pela turma da 3ªsérie A demonstrou uma
homogeneidade muito maior e isso pode facilitar o trabalho do professor quanto ao
desenvolvimento de atividades, porque contempla um número sempre maior de alunos com as
mesmas atividades, sem a necessidade de adaptação a cada grupo de alunos dependendo do
nível de aprendizado ou de entendimento e compreensão.
A seguir é demonstrado o diferencial que é o trabalho com jogos a partir das notas
alcançadas pelos alunos, demonstrando que existe uma homogeneidade maior na 3ª série A
ficando mais fácil para a professora atingir seus objetivos de desenvolvimento dos conteúdos
especificados no planejamento anual, de forma mais rápida pelos alunos.
Notas em Língua Portuguesa
7,98,9 8,9 8,9 9 9,1 9,2 9,2 9,2 9,2 9,3 9,3
5,1
6,8 6,8 7,3 7,5 7,7 7,7 7,8 7,9 8 8 8,1
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Aluno
Nota
s
3ª série A3ª série B
Notas em Língua Portuguesa
9,3 9,4 9,6 9,6 9,6 9,6 9,7 9,7 9,8 9,8 9,8
8,1 8,2 8,3 8,4 8,4 8,5 8,6 8,6 8,7 8,9 8,9
0
2
4
6
8
10
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Aluno
Not
as
3ª série A
3ª série B
Notas em Língua Portuguesa
9,8 9,89,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9 9,9
9,39,4
9,6
9,8
9
9,2
9,4
9,6
9,8
10
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Aluno
Not
as
3ª série A
3ª série B
8.2. –MATEMÁTICA
Na área de Matemática, foi feita a mesma tabela para a visualização de notas, tanto da
3ª série A, como da 3ª série B, sendo que logo abaixo consta a média geral de cada turma que
foi obtida pela soma de todas as notas e dividida pelo número de alunos.
3ª SÉRIE A
01 - 7.3 08 - 9.5 15 - 8.3 22 - 9.7 29 - 9.102 - 9.0 09 - 8.3 16 - 9.7 23 - 8.5 30 - 7.103 - 8.4 10 - 8.9 17 - 7.7 24 - 8.3 31 - 9.204 - 9.2 11 - 8.6 18 - 8.8 25 - 7.9 32 - 8.805 - 9.4 12 - 8.6 19 - 9.2 26 - 7.4 33 - 9.206 - 7.4 13 - 8.0 20 - 8.9 27 - 9.1 34 - 9.007 - 9.7 14 - 8.0 21 - 8.8 28 - 9.3 35 - 8.4
MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE A - 8.64
3ª SÉRIE B
01 - 8.7 07 - 8.6 13 - 8.8 19 - 7.5 25 - 8.902 - 9.0 08 - 6.2 14 - 8.5 20 - 8.1 26 - 8.203 - 7.9 09 - 7.5 15 - 5.5 21 - 6.4 27 - 9.004 - 8.8 10 - 6.0 16 - 5.2 22 - 8.705 - 8.5 11 - 8.8 17 - 8.4 23 - 8.706 - 5.9 12 - 9.5 18 - 9.2 24 - 7.0
MÉDIA GERAL DA 3ª SÉRIE B - 7.36
Pode-se observar que a diferença de notas obtidas pelas duas turmas é considerável,
atingindo 1,28, sendo o total alcançado pela 3ª série A de 8,64 e a 3ª série B 7,36.
8.2.1. – Análise Comparativa
A exemplo do que verificado nos resultados obtidos em Língua Portuguesa, de modo
geral, a média de notas alcançadas pela 3ª série A (Grupo Experimental) foi significantemente
maior do que da 3ª série B (Grupo de Controle). Isto também se observa na média das dez
notas menores. Entretanto, curiosamente, verificamos que a diferença da média das duas
turmas para as dez melhores notas foi muito pequena, o que significa dizer que para os alunos
com maior facilidade de aprendizagem de Matemática, embora mais prazeroso, o fato de
trabalhar com jogos não influiu grandemente. Mas, por outro lado, para aqueles alunos que
obtiveram as notas mais baixas, a diferença entre as duas turmas é realmente significativa,
principalmente entre os alunos com maior grau de dificuldade, com as notas mais baixas e
apresentando maior diferencial.
Apresenta-se abaixo as dez menores notas de cada turma, com a respectiva média
obtida com a soma das notas e dividida por dez.
3ª série A:
7,1 7,9
7,3 8,0
7,4 8,0
7,4 8,3
7,7 8,3Media: 7,74
3ª série B:
5,2 6,4
5,5 7,0
5,9 7,5
6,0 7,5
6,2 7,9
Media: 6,51
A diferença apresentada entre as duas turmas nas menores dez notas foi de 1,23, sendo
que a 3ª série A com 7,74 e a 3ª série B com 6,51.
Para que isso possa ser melhor visualizado, demonstra-se através do gráfico a seguir.
Dez Piores Notas em Matemática
7,1 7,3 7,4 7,4 7,7 7,9 8 8 8,3 8,37,5 7,9
5,2 5,55,9 6 6,2 6,4
7 7,5
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Alunos
Nota
s
3ª série A3ª série B
Seguindo o mesmo mecanismo, apresentamos as dez melhores notas da 3ª série A e da
3ª série B.
3ª série A:
9,7 9,4
9,7 9,3
9,7 9,2
9,5 9,2
9,5 9,2Média: 9,44
3ª série B:
9,5 8,8
9,2 8,8
9,0 8,7
9,0 8,7
8,9 8,7
Média: 8,93
Aqui a diferença entre as duas turmas é de 0,51, sendo que a 3ª série A alcançou média
de 9,44, enquanto a 3ª série B 8,93.
Podemos perceber tais diferenças no gráfico a seguir.
Dez Melhores Notas em Matemática
9,2 9,2 9,2 9,3 9,4 9,5 9,5 9,7 9,7 9,79 9,2 9,58,7 8,7 8,7 8,8 8,8 8,9 9
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Alunos
Nota
s
3ª série A3ª série B
8.2.2. - Gráfico Demonstrativo
do Percentual da Distribuição das Notas
Na tabela a seguir, apresenta-se a distribuição do percentual das notas de Matemática
em escalas de um ponto a partir da nota cinco, sendo que de zero a 4,9 não houve incidência.
Isso é demonstrado no gráfico a seguir para melhor observação.
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
NOTAS CORNº DE
ALUNOS %Nº DE
ALUNOS %0 – 4,9 ROSA - - - -5 – 5,9 VERDE - - 3 11,116 – 6,9 LARANJA - - 3 11,117 – 7,9 AZUL 6 17,14 4 14,818 – 8,9 AMARELO 15 42,85 13 48,149 - 10 VERMELHO 14 40,00 4 14,81
3ª A - 35 ALUNOS
17,14%
40,00%
42,85% 7--7,9
8--8,9
9--10
3ª série B - 27 Alunos
11,11
11,11
14,81
48,14
14,81
5 – 5,96 – 6,97 – 7,98 – 8,99 - 10
8.2.3. – Análise do Percentual
Mais uma vez nota-se que foram apresentadas diferenças significativas entre as
classes. Verifica-se no segmento de notas 9.0 - 10.0, principalmente, melhora substancial na
avaliação de compreensão e retenção de conteúdos pela 3ª série A. Entretanto, observa-se
significativa diferença nas dez piores notas obtidas pelas duas classes. A diferença, por
exemplo, entre as seis menores notas das duas turmas é de 30% a favor da 3ª série A (Grupo
Experimental).
Conclui-se, portanto, que ao menos nesse caso, os jogos facilitam o entendimento e
operacionalização dos conceitos e conteúdos apresentados, em especial para aqueles alunos
com maior dificuldade em Matemática.
Como evidenciado nos gráficos a seguir ocorre superioridade de todas as notas obtidas
em Matemática pela 3ª série A, em relação à 3ª série B.
Notas em Matemática
7,1 7,3 7,4 7,4 7,7 7,9 8 8 8,3 8,3 8,3 8,4
5,2 5,5 5,9 6 6,2 6,4 7 7,5 7,5 8,28,17,9
0
2
4
6
8
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Alunos
Not
as
3ª série A
3ª série B
Notas em Matemática
8,4 8,5 8,6 8,6 8,8 8,8 8,8 8,9 8,9 9 98,4 8,5 8,5 8,6 8,7 8,7 8,7 8,8 8,8 8,8 8,9
0
2
4
6
8
10
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Alunos
Not
as
3ª série A
3ª série B
Notas em Matemática
9,1 9,1 9,2 9,2 9,3 9,4 9,5 9,7 9,7 9,79,2 9,29 9 9,2 9,5
0
2
4
6
8
10
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
Alunos
Not
as 3ª série A
3ª série B
IX – ANÁLISE QUALITATIVA
Para uma análise qualitativa da pesquisa, sente-se a necessidade de avaliar mais
subjetivamente o resultado do trabalho com jogos. Para isso, utilizamos questionários e
entrevistas. Isso para que pudéssemos verificar se o resultado obtido era apenas leitura
subjetiva dos fatos ou se eram verdadeiros de acordo com o que as crianças sentiram.
9.1 – Questionário
Foram feitas análises através de questionários, contendo dez perguntas sobre o que
cada um sente em relação à escola, à professora e às atividades desenvolvidas porque o
importante para o aprender não é só obtenção de nota, mas a afetividade, se a criança gosta do
ambiente e das pessoas que a rodeiam. Isso facilita a aquisição de conhecimento. Esse
questionário foi respondido por todos os alunos das duas turmas.
Para que as crianças pudessem sentir-se mais à vontade, foi solicitado que não se
identificassem.
As perguntas apresentadas foram as seguintes:
1) Como você se sente indo para a escola de sua professora de classe?
2) Como é sua professora?
3) O que você sente pela sua professora?
4) Você gosta da maneira que ela ensina?
5) Como sua professora ensina?
6) Você gosta das atividades que são desenvolvidas nas aulas?
7) Você acha fácil ou difícil aprender com sua professora?
8) Como foi seu relacionamento com as crianças durante as aulas?
9) Como você se sente quando termina a aula?
10) Qual é o momento que você mais gosta na escola?
Todos os questionários respondidos pelos alunos tanto da 3ª série A como da 3ª série
B estão em anexo (4).
Foi feito então um levantamento, selecionando a escolha de algumas frases
significativas, positivas que serão representadas por “+”; as negativas representadas por “-“
e neutras representadas por “#” .
A cada pergunta será apresentada uma tabela que denominamos como tabela
demonstrativa, com o total de respostas positivas, neutras e negativas com as devidas
porcentagens, para se ter uma noção da totalidade das respostas.
Tabela Demonstrativa
Classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+
#
-
As frases serão transcritas como foram escritas pelas crianças, pergunta por pergunta.
Na seqüência das frases, há uma análise de algumas respostas levantadas e será
demonstrada uma tabela que denominamos tabela exemplificativa, na qual especificamos
algumas respostas dadas pelas próprias crianças fazendo uma análise parcial, a cada pergunta.
01 – Como você se sente indo para a escola de sua professora de classe?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 28 85 15 55
# 4 12 7 26
- 1 3 5 19
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Eu me sinto bem porque a professora é
legal, ela gosta de brincar com nós.
+ Eu me sinto muito alegra e bem porque
eu gosto de estudar.
+ Eu me sinto bem. Porque eu estou
aprendendo uma coisa nova.
+ Eu me sinto muito curioza para ver a
meteria que vai ser dada.
# Me sinto ocupado. Por que eu aprendo. # Normal e calmo
# Bem, porque eu não gosto te ficar em
casa assistindo televisão.
# Normal
- Bem mas tem vez que me sinto mal
pois não quero ir ver meus amigos,
minha prof e nem quero aprender.
- Mi sinto mal e chato.
- ...de vez inquando ela é brava mais é
muito legal ela canta, brinca etc.
- Muito chato.
ANÁLISE
Percebe-se através das respostas dadas que o sentimento que as crianças têm em relação
à escola estão associados ao seu bem estar. Existe uma diferença básica com a classe que
trabalhou com os jogos, pois até as “broncas” da professora foram entendidas como sendo
para o bem dos alunos. Falas como: Eu me sinto bem porque a professora é legal, ela gosta
de brincar com nós; ...de vez inquando ela é brava mais é muito legal ela canta, brinca etc.
das crianças que trabalharam com os jogos e : Normal e calmo; Normal; Me sinto mal e
chato.
Miranda aponta que a aprendizagem pode ser um processo lúdico que estaria
proporcionando à criança uma melhor compreensão do meio em que vive, assim não só iria
aprender um conteúdo, mas colocá-lo em prática em seu relacionamento social.
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
Na escola se recebe o conhecimento formal e sistemático, mas também é um local de
socialização da criança que podem ser mais bem aproveitado com o trabalho desenvolvido
pelo lúdico, porque com jogos a criança se envolve relacionando regras e obrigações como
sendo algo necessário para melhor conviver em grupo, não geradoras de desprazer ou
insatisfação. Dessa forma a criança passa a se relacionar melhor com quem exige obediência a
algumas regras, no caso a professora.
02 – Como é sua professora?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 29 88 8 30
# 4 12 10 37
- - - 9 33
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Ela é muito legal, porque ela ensina
brincando.
+ Legal, e ela está de parabéns.
+ A minha professora é muito legal e + Ela é legal. Porque ela também brinca
brinca com nós e gosta de brincar com
todos nós.
com todos nós.
# Eu não sei porque asvezes eu não
reparo.
# As vezes ela é chata, as vezes ela é
legal e as vezes é briguenta.
# As vezes brava as vezes legal. # Minha professora é meia chata e meia
legal.
- A minha professora é legal em alguns
momentos e chata em outros, mas eu
acho que ela briga com a gente só para
o nosso bem.
- Ela é muito chata
# Um pouco chata, porque ela pega no
meu pé e não deixa eu sentar com
meus amigos mas eu reconheço que é
pro meu bem
- Chata e velha.
ANÁLISE
Observando as respostas dadas, percebe-se que a professora da 3ª série A (Grupo
Experimental) é compreendida em todas as suas atitudes até “quando pega no pé”. As próprias
crianças da 3ª série A explicam e entendem o porquê, justificando as palavras utilizadas como
“chata”, “brava”, pois entendem que não dá para ser diferente. As crianças da 3ª série B
(Grupo de Controle) quando utilizam palavras como essas se limitam apenas a usá-las, sem
entender o porquê, já que não as justificam, pois gostam da professora e de certa forma as
palavras utilizadas referem-se ao que sentem em relação às atividades desenvolvidas.
Pode-se concluir que a imagem que as crianças da 3ª série A têm da professora é mais
positiva.
O professor quando trabalha com jogos pode se sentir mais feliz porque percebe que
as crianças entendem com maior naturalidade exigências normativas (da escola) assim
consegue conciliá-las com as necessidades psicológicas próprias da idade.
Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais
abstrato ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma
boa dose de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo
bem sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente
sem se dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)
De acordo com o autor pode-se confirmar que se o professor agir de forma hábil
atingirá mais rápida e eficazmente os objetivos propostos. Esta rapidez fará com que ele sinta
mais satisfação pelos resultados alcançados que através dos jogos irá gerar nas crianças mais
prazer em aprender, maior compreensão e domínio de conteúdos desenvolvidos.
03- O que você sente pela sua professora?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 28 85 19 70
# 5 15 3 11
- - - 5 19
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Eu sinto amor porque ela da energia
positiva.
+ Eu mesinto bem eu gosto muito dela
+ Eu sinto muito carinho e dedicação por
ela pois ela não é o tipo de prof que se
encontra em qualquer lugar.
+ Carinho e amor
# Nada # Nada
# Eu sinto que ela vai ser feliz. # Eu não sinto nada
- ----------------------------------------------- - Nada porque eu não gosto dela
- ----------------------------------------------- - As vezes eu sinto ódio uma vontade de
falar um monte para ela mas as vezes
eu tenho um pouco de pasciente com
ela
ANÁLISE
Constata-se que o sentimento que as crianças têm pela professora é mais expressivo
positivamente pelas crianças da 3ª série A. Na verdade o que as crianças da 3ª série B sentem
pela professora se confunde com o que sentem pela forma de trabalho ou atividades
desenvolvidas, como é apontado por uma criança As vezes eu sinto ódio uma vontade de
falar um monte para ela mas as vezes eu tenho um pouco de pasciente com ela, palavras duras
para uma criança.
Alicia Fernandéz, (1991) afirma que, “para aprender, necessita-se das
personagens(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre
ambos” (p. 47). De acordo com esta citação confirma-se que o sentimento
que a criança sente pela professora estreita e canaliza energias para a
apropriação de conhecimento. A criança confia e permite que aquela pessoa que
está no papel de professora está autorizada a transmitir informações as quais são
aceitas e internalizadas passando então à construção de conhecimento tendo
como base o afeto.
04- Você gosta da maneira que ela ensina?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 33 100 19 70
# - - 3 11
- - - 5 19
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Eu adoro, porque ela ensina brincando + Eu gosto. Porquê ela encina bem.
+ Sim eu gosto porque ela encina
brincando
+ Sim, porque ela esplica bem direitinho
# ----------------------------------------------- # Mais ou menos porque ela deveria
brincar um pouco mais.
# ----------------------------------------------- # Mais ou menos Porque as vezes ela
ensina de uma maneira estranha
- ----------------------------------------------- - Não. Porque ela ensina muito rápido
- ----------------------------------------------- - Não. Por que ela é groça
ANÁLISE
Através da reflexão sobre as respostas dadas, observa-se que, além das crianças
gostarem da maneira como a professora da 3ª série A (Grupo Experimental) ensina, elas não
têm críticas que revelem qualquer desagrado ou indiferença para com a professora. Vejamos o
que dizem as crianças: Eu adoro, porque ela ensina brincando
Na turma da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças demonstraram um pouco de
dificuldade em compreender qual é a maneira de ensinar adotada pela professora, porque
estão em uma fase que valorizam o brincar, o concreto.
Embora as crianças não estejam preocupadas com a metodologia utilizada pela
professora, percebem que existe uma. As crianças da 3ª série A apontam para o brincar como
sendo uma forma de recurso para ensinar que é utilizada pela sua professora, enquanto as
crianças da 3ª série B sentem falta de brincadeiras e não entendem qual a forma de ensinar de
sua professora. Respondendo: Não. Porque ela ensina muito rápido; Mais ou menos Porque
as vezes ela ensina de uma maneira estranha.
Até mesmo as crianças percebem a forma de trabalho desenvolvida pelo professor se
este o faz de acordo com sua capacidade de entendimento como demonstra citação a seguir:
O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a
relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de
desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende
de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos,
envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e
interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância
para desenvolvê-la. Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção
de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o
desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações
(social), o jogo contempla várias formas de representações da criança ou suas
múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o
desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são intencionalmente
criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge
a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do
jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está
potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação
infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições
para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades
do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.
(KISHIMOTO, 2001: p. 36) .
O conhecimento através das propriedades do lúdico faz com que a criança aprenda
estabelecendo e manipulando sua participação nas atividades desenvolvidas. Percebe desta
forma que faz parte de um mundo já estruturado entendendo melhor o que a rodeia e, para se
aumentar sua capacidade de absorção nada melhor que o lúdico porque despertará interesse e
maiores possibilidades de entendimento.
05 – Como sua professora ensina?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 33 100 18 67
# - - 6 22
- - - 3 11
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ A professora ensina as meterias com
jogos super legais
+ Ela encina com muita atenção, amor e
carinho
+ Ela ensina brincando, por que
brincando você brinca e ao mesmo
tempo aprende
+ Ela ensina bem direitinho
# Bem como todas professoras # Ela ensina de patê em patê de lugar a
lugar e assim
# Ela ensina as vezes e eu não intendo ai
pergunto para ela e ela me ensina
# Ensina andando pela classe
- ----------------------------------------------- - Mal porque ela ensina de modo errado
- ----------------------------------------------- - Ela ensina rápido e ela divia ensinar
mais devagar porque se não da para
entender
ANÁLISE
Percebe-se que as crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental) têm claro
qual é a forma utilizada pela professora para ensinar e apontam como sendo muito agradável,
porque aprendem brincando. Não há nenhum ponto de desagrado: Ela ensina brincando, por
que brincando você brinca e ao mesmo tempo aprende; Ela ensina as vezes e eu não intendo
ai pergunto para ela e ela me ensina.
Na classe da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças apontam através das respostas
que não existe uma forma determinada para que elas possam entender, devido o brincar ainda
ocupar um grande espaço em seu desenvolvimento. Talvez porisso foram tão diversificadas
suas falas ao não entenderem a falta do que é importante para elas: Ela ensina rápido e ela
divia ensinar mais devagar porque se não da para entender; Ensina andando pela classe.
Conclui-se que, quando existe uma metodologia de trabalho utilizada com freqüência
pela professora, as crianças ficam mais seguras e satisfeitas. Assim:
É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar
na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades
criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e
construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de
experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,
exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam
também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e
interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de
proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde
mental. (RIZZO, 1996: p. 32)
As crianças gostando da forma que a professora utiliza para ensinar sentem-se mais
seguras na busca de resultados, sem a preocupação em ter que acertar e sim se preocupam em
refletir sobre a melhor atitude a ser tomada, escolhendo qual a alternativa será melhor para
cada questionamento.
06- Você gosta das atividades que são desenvolvidas nas aulas?
Tabela Demonstrativa
Classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 31 94 18 67
# 2 6 5 19
- - - 4 14
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Eu adoro!! Ela até da jogo para
entendermos mais as atividades.
+ Gosto. Por que são legais
+ Sim eu gosto muito por que as vezes
ela da jogos e a jemte aprende
brincando
+ Sim, porque tem ilustrações como
exemplos e fica mais fácil
# As vezes sim as vezes não por que
algumas são legais algumas chatas
# Algumas são legais, outras difíceis,
outras chatas e “bobas”
# As veses. Porque agumas são feses e
outras são difiseis
# Mais ou menos
- ----------------------------------------------- - Não. Por que é chata
- ----------------------------------------------- - Não porque ela só passa coisa fassio
ANÁLISE
Observa-se nas respostas que as crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental)
aprendem de forma mais prazerosa, brincando, porque não houve nenhum ponto de desagrado
como: Sim eu gosto muito por que as vezes ela da jogos e a jemte aprende brincando; Eu
adoro!! Ela até da jogo para entendermos mais as atividades.As crianças da 3ª série B
(Grupo de Controle) não entendem o “como” as atividades são desenvolvidas, já que não
explicam suas respostas com coerência, comprovando que conhecer a metodologia de
trabalho pode influir nos resultados inclusive com alunos dessa faixa etária: Sim, porque tem
ilustrações como exemplos e fica mais fácil; Não. Por que é chata. Assim:
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
Se os professores se utilizassem do lúdico todas as relações que as crianças fariam
seriam ampliadas da família para o social, elas seriam permeadas pelo prazer de se relacionar,
de conviver, de partilhar sem a cobrança de resultados mas sim construindo seu conhecimento
não só pelas informações que recebem mas também pelas trocas quando existe a valorização
da convivência humana.
07- Você acha fácil ou difícil aprender com sua professora?
Tabela Demonstrativa
Classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 30 91 19 70
# 3 9 5 18
- - - 4 12
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Fácil, porque ela da muita brincadeira
leagais e fácil
+ Fácol. Porque a maneira que ela insina
todo mundo aprende
+ Fácil, porque ensinar brincando e
muito mais quando ela da brincadeira
+ Fácil, porque ela tira todas as nossas
dúvidas
# Eu ache meio difícil porque algumas
coisas são difícil
# Fácil e também difícil
# A eu acho difícil as vezes e as vezes
fácil porque ela da muita lição difícil
# Mais ou menos Porque ela e muito,
muito chata, mas aprendo muitas coisas
- ----------------------------------------------- - Bem difícil porque ela toda aila crita
com a gente
- ----------------------------------------------- - Eu acho meio difícil, porque são meio
complicadas
ANÁLISE
Observa-se que existem pontos de divergência nas respostas das crianças das duas
turmas, mas de certa forma muito mais acentuada na 3ª série B (Grupo de Controle).
Na classe da 3ª série A (Grupo Experimental), não há criança que avalie como sendo
muito difícil aprender com sua professora, o que demonstra um ganho tanto quantitativo como
qualitativo no processo de ensino-aprendizagem: Fácil, porque ela da muita brincadeira
leagais e fácil.
Na classe da 3ª série B, 12% das crianças que acham difícil a forma de ensinar da
professora e 18% acham que às vezes é fácil e às vezes é difícil, o que pode comprometer o
trabalho da professora, pois aí temos um número considerável de crianças com dificuldades
em potencial. Isso não significa que as crianças possam não gostar da professora, mas sim
percebem que não é muito fácil aprender: Bem difícil porque ela toda aila crita com a gente;
Eu acho meio difícil, porque são meio complicadas.
Brenelli aponta os jogos como os que envolvem e ampliam as oportunidades:
Utilizar jogos em contextos educacionais com crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem poderia ser eficaz em dois sentidos: garantir-
lhes-ia, de um lado, o interesse, a motivação, há tanto reclamada pelos seus
professores, e, por outro, estaria atuando a fim de possibilitar-lhes construir
ou aprimorar seus instrumentos cognitivos e favorecer a aprendizagem de
conteúdos. Muitas vezes, pela pobreza de oportunidades, é-lhes imputado um
fracasso que traça para elas um caminho de desesperança, evasão e
repetência. (BRENELLI, 1996: p. 28)
Os jogos podem facilitar a construção de conhecimento através da participação ativa e
reflexiva das crianças. Desta forma a criança confia mais em sua capacidade porque assimila
melhor cada participação não só sua, mas também de seus colegas de classe tornando o
trabalho mais ativo e dinâmico.
08- Como foi seu relacionamento com as crianças durante as aulas?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 28 85 15 55
# 5 15 9 33
- - - 4 12
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Foi muito dez, eu converso bastante,
brinco bastante, me divirto bastante
etc.
+ Bem Porque eu gosto de todos
+ Bem, porque todas as crianças daqui se
dão bem com toda a classe
+ Meu relacionamento com meus colegas
foi bom
# Bom as vezes mau as outras vezes # Com algumas bem com outras mal.
# Mais o menos porque algumas são
chatas e outras legais
# Foi legal as vezes e brigo a as vezes eu
converso
- ----------------------------------------------- - Muito chato porque a professora não
deixa nós conversarmos
- ----------------------------------------------- - As crianças bagunçam e ficam
chingando
ANÁLISE
Constata-se a partir das respostas das crianças, que existe um diferencial entre as
turmas. A turma da classe da 3ª série A (Grupo Experimental) apresenta um relacionamento
criança X criança melhor do que as crianças da classe da 3ª série B (Grupo de Controle);
porque não são apresentados pontos negativos ou manifestações de desagrado pela primeira
turma citada. As crianças da 3ª série A verbalizam: Foi muito dez, eu converso bastante,
brinco bastante, me divirto bastante etc.; Bem, porque todas as crianças daqui se dão bem
com toda a classe. E da 3ª série B um número maior de crianças: Muito chato porque a
professora não deixa nós conversarmos; As crianças bagunçam e ficam chingando.
Reforçamos a importância de se manter um bom relacionamento, para que as crianças
sintam-se aceitas e inseridas no grupo, facilitando assim sua participação nas atividades
desenvolvidas, sem a preocupação se vão ou não desagradar o grupo; pois se entendem como
parte dele.
O clima emocional das crianças na classe pode ajudar muito em seu desenvolvimento
global, na formação de sua personalidade. Apenas 55% da classe da 3ª série B demonstrou
sentir-se bem contra 85% da 3ª série A.
O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades segundo
suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a abertura de
novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de interpretações
mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)
Em um contexto escolar é esperado que o aluno se integre ao objeto de conhecimento;
compreendendo suas possibilidades para que se efetive a aprendizagem, ampliando esse
entendimento para outras e novas aprendizagens. Assim o aluno se sentirá mais seguro e
confiante para partilhar suas idéias com os outros, compreendendo o ponto de vista dos outros
independente dos acertos e erros. Ele compreende que o importante é entender os resultados
buscando as devidas explicações O professor desta forma desempenhará seu verdadeiro papel
de mediador e não de mero transmissor de informações.
Pode-se constatar que o jogo pode aproximar as crianças e favorecer maior
entrosamento e comunhão de idéias, propiciando assim um clima amistoso entre todos,
gerando satisfação, segurança e amizade, tão importantes ao desenvolvimento do ser humano.
09- Como você se sente quando termina a aula?
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
+ 20 61 12 44
# 6 18 4 15
- 7 21 11 41
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
+ Felis por ter aprendido + Eu me sinto alegre
+ Mal porque os amigo, a professora
vam embora
+ Legal porque vou para casa brincar
# + ou - .Porque sim # Eu me sinto que amanhã vai ter uma
nova aula e eu acho legal porque
chegando a cãs eu posso brincar na rua.
# Feliz mas ao mesmo tempo triste,
porque eu sinto saudade dos amigos
# Eu me sinto estudada
- Aliviado, porque as lições e as provas
acabam rápido
- Muito aliviada, porque ai eu não
preciso mais me preocupar com a nota
que eu vou tirar
- Mau porque eu quero mais uma aula - Muito bem porque eu paro de ouvi a
professora
ANÁLISE
Observando as respostas, percebemos que as crianças da 3ª série A (Grupo
Experimental) gostam mais da escola, sentindo-se melhor. Isto pode ser percebido quando as
crianças respondem: Felis por ter aprendido ; Mau porque eu quero mais uma aula
enquanto na classe da 3ª série B (Grupo de Controle), as crianças sentem-se felizes por irem
embora para brincar. Isso demonstra que se brincassem mais na escola, gostariam de
permanecer na mesma como é demonstrado: Muito aliviada, porque ai eu não preciso mais
me preocupar com a nota que eu vou tirar; Muito bem porque eu paro de ouvi a professora.
Mesmo quando as crianças da 3ª série A dizem sentir-se mal ao sair da escola, é
devido ao final das aulas e não por alívio, enquanto 41% da classe da 3ª série B ficam felizes
ao terminar a aula e expressam alívio por não terem de se preocupar em tirar nota ou sentem-
se muito bem em não terem de continuar ouvindo a professora. As crianças da 3ª série A
sentem saudade dos amigos e querem mais aula.
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
No que se refere à convivência humana, devemos sempre criar oportunidades para
envolver os participantes no processo ensino-aprendizagem de forma a se relacionarem
baseados na afetividade, prazer em conviver de forma natural sem imposições e/ou
obrigações. Isso pode se dar através do respeito mútuo que se consegue pelo desenvolvimento
de jogos nos quais tem-se que se esperar a vez depois de avaliar a jogada do outro, medindo
qual é o melhor caminho para obter melhores resultados individuais ou coletivos. Desta forma
o relacionamento entre as crianças e professora melhora muito porque o tempo que passam
juntos é cheio de descobertas, desafios e prazer.
10- Qual é o momento que você mais gosta na escola?
Tratando-se de momentos, nos quadros abaixo apresenta-se quais as situações que as
crianças mais gostam, independente do caráter positivo, neutro ou negativo.
Tabela Demonstrativa
classe 3ª série A 3ª série B
33
alunos
% 27
alunos
%
Lanche/Recreio/parque 21 64 25 93
Todos os momentos 4 12 - -
Com a professora 8 24 - -
Saída - - 2 27
Tabela Exemplificativa
3ª SÉRIE A 3ª SÉRIE B
* O momento que eu mais gosto e o
momento que a professora dá jogos,
* Na hora do recreio. Por que a gente brinca
muito
brincadeiras e a continha de dividir por 2
* O momento é a aula que a professora da
porque ela é legal
* É as brincadeira, as aulas que sai fora da
classe
* O momento é quando ela ensina e quando
é o recreio
* A hora do lanche, porque não precisa fazer
lição
* A hora dos jogos, porque a professora ela
deixa a gente brincar com quem a gente quer
Que eu arejo um pouco a cabeça sem gritos. A
hora do recreio e nas aulas que agente sai da
sala de aula
* OBS. Várias crianças colocaram parque,
hora do recreio, lanche e educação física
* OBS. Várias crianças colocaram a hora do
recreio e as aulas dadas fora da classe
ANÁLISE
Percebe-se, observando as respostas das duas turmas, que as crianças gostam muito
das atividades livres como hora do lanche, recreio, entrada e saída, aula de Educação Física,
Música...
O que diferencia uma turma da outra é que nas respostas das crianças da classe da 3ª
série A, (Grupo Experimental) foi apontado como momento de que mais gostam a aula com a
professora devido aos jogos, ou à forma de ela ensinar como : A hora dos jogos, porque a
professora ela deixa a gente brincar com quem a gente quer; O momento é a aula que a
professora da porque ela é legal. Na 3ª série B (Grupo de controle), nenhuma criança apontou
algum momento em que possa ser relacionado ao trabalho que é desenvolvido em sala de aula
referente aos conteúdos estipulados no plano anual ou currículo escolar, exatamente por
brincarem nos momentos apontados como: A hora do lanche, porque não precisa fazer lição;
Que eu arejo um pouco a cabeça sem gritos. A hora do recreio e nas aulas que agente sai da
sala de aula. Os jogos foram apontados como sendo um momento prazeroso e Kishimoto
demonstra que o educador pode potencializar a situação de aprendizagem,
Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações
mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações
sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla
várias formas de representações da criança ou suas múltiplas inteligências,
contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Quando as
situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a
estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde
que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação
intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as
situações de aprendizagem. (KISHIMOTO, 2001: p. 36) .
Os momentos vivenciados com os jogos foram os mais apontados pelas crianças como
sendo os que mais gostaram, isso porque nos jogos existe a criação de vínculos afetivos,
ampliando o contato social através das trocas verbalizadas e também as silenciosas quando se
avalia a jogada do outro para executar sua própria jogada, até mesmo o físico quando se
executa os jogos fora da sala de aula proporcionando momentos de maior descontração e
movimentação do corpo. Assim através dos jogos desenvolvidos percebe-se um ganho
qualitativo na aquisição de conhecimento, favorecendo a aprendizagem de conteúdos
estabelecidos no planejamento escolar.
Isto pode ser percebido se levarmos em conta a verbalização de algumas crianças
como: * O momento que eu mais gosto e o momento que a professora dá jogos,
brincadeiras e a continha de dividir por 2 em contrapartida da série que não utilizou trabalho
com os jogos, ao verbalizar: * A hora do lanche, porque não precisa fazer lição
9.1.1. - Análise Geral dos Questionários
Refletindo sobre as respostas das crianças, percebesse que existe um diferencial
bastante acentuado com a turma que trabalhou com os conteúdos de forma lúdica. Esta
observação não se baseou apenas no resultado, mas também avaliei as respostas, quanto à
coerência, simplicidade, não só em relação aos conteúdos escolares, mas também em relação
ao aprendizado para a vida. O que foi acrescentado.
As crianças da classe da 3ª série A (Grupo Experimental), turma que utilizou os jogos,
expressam-se de uma forma mais completa, explicando suas respostas, o que não foi
observado nas crianças da classe da 3ª série B (Grupo de Controle). Percebe-se também que
desde o momento que foi explicado como eles poderiam ajuda, todo o grupo de crianças da 3ª
série A mostrou-se mais à vontade, sem demonstrar grandes preocupações, o que não foi
percebido pela 3ª série B, que agiu de forma contrária, com as crianças mostrando-se
dispersas, confusas e inseguras.
Na classe da 3ª série A, as crianças manifestaram maior satisfação pela escola, pela
professora e com as atividades desenvolvidas. Até os pontos de desagrado foram
imediatamente justificados pelas próprias crianças, revelando terem entendido que algumas
condutas da professora não condizentes com seus desejos eram necessárias para o bom
andamento das ações pedagógicas.
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
Realmente é observável como o jogo pode ser um diferencial na aprendizagem porque
através de seu uso pode-se incentivar o aluno a melhorar seu desempenho não pela nota mas
pelo interesse que aumenta ao compreender seu rendimento, entender quais as possibilidades
teria de reverter o resultado alcançado.
De acordo com as respostas, verifica-se o quanto é importante atender às necessidades
da criança e que os jogos foram importante diferencial, apontando para uma significativa
diferença entre as turmas, por facilitar a aprendizagem e principalmente o relacionamento
entre criança - criança e criança - professor.
A seguir, tem-se um levantamento de categorias em que foram escolhidas palavras que
surgiram com freqüência nas respostas dadas pelas crianças. Há respostas que apresentam
discrepância acentuada, quer sejam positivas ou negativas, revelando assim maior satisfação
entre as crianças da 3ª série A.
9.1.2. - Levantamento de Categorias
Foi feito um levantamento mostrando o número de vezes em que a categoria apareceu
em todos os questionários e em todas as perguntas.
De acordo com o quadro de categorias exposto abaixo, alguns aspectos são
demonstrados pelas duas turmas com pequena diferença (menos de quatro pontos), não sendo
considerada relevante, e outros com uma diferença maior, a qual deve ser considerada.
CATEGORIAS 3ª A 3ª B PONTOS RELEVANTES
ÓTIMA 03 -
LEGAL 87 39 Diferença de 43 pontos
BRINCAR/ BRINCADEIRA 60 07 Diferença de 53 pontos
JOGOS 25 - Diferença de 25 pontos
FÁCIL 35 24 Diferença de 11 pontos
DIFÍCIL 06 09
CANSADA 06 - Diferença de 06 pontos
DIVERTIDO / ENGRAÇADO 14 04 Diferença de 10 pontos
ALEGRIA / FELIZ 17 12 Diferença de 05 pontos
BRAVA 07 09
GENTIL 01 -
CARINHO / AMIZADE / AMOR 17 13 Diferença de 04 pontos
SINCERIDADE 02 -
ATUALIZADA 01 -
CHATA 06 23 Diferença de 17 pontos
NADA 01 03
ALIVIADA 01 02
DEDICAÇÃO / CONFIÁVEL 03 -
TRANQUILA / CALMA / PACIÊNCIA 05 10 Diferença de 05 pontos
RAIVA / ÓDIO 01 01
GROSSA / BRIGUENTA 01 05 Diferença de 04 pontos
BONITA 02 01
BRONCA 03 -
INTERESSANTE / DIFERENTE 03 02
BAGUNÇA - 03
TRISTE - 05 Diferença de 05 pontos
BOBA / MAL / GORDA - 03
VELHA - 01
GRITA - 01
CURIOSA - 01
COMPREENSÃO - 01
NERVOSA - 04 Diferença de 04 pontos
IGNORANTE - 01
RECREIO / LANCHE 16 24 Diferença de 08 pontos
PARQUE 13 - Diferença de 13 pontos
AULAS EXTRAS 03 10 Diferença de 07 pontos
ENTRADA / SAÍDA 02 02
ARTES 04 03
9.1.3. – Análise das Categorias
Sempre que surgem impressões como ótimo, legal, fácil, divertida, alegria, vê-se no
quadro diferença acentuada entre as duas turmas. O grupo de crianças da 3ª série A (Grupo
Experimental) é o que mais utiliza essa forma para exprimir o que sente em relação à
professora, escola ou atividades. Isso se pode constatar através de falas das próprias crianças
como:
• Em relação à professora
o Ela é super legal
o A professora ensina muito bem
o Minha professora é legal porque ela dá jogo
o Ela é muito legal, mas as vezes ela pega no meu pé, mas é para o nosso bem
• Em relação à escola
o Gosto muito dela
o Eu me sinto bem. Porque estou aprendendo uma coisa nova
o É ótimo nós brincamos e aprendemos
o É divertido ir à escola para estudar e brincar
• Em relação às atividades
o É fácil porque ela (professora) explica bem para saber
o Fácil, muito fácil
o A professora ensina fácil
o Eu acho fácil porque ela ensina bm antes de dar a matéria
Em contrapartida, o grupo de crianças da 3ª série B (Grupo de Controle) é o grupo que
mais utiliza palavras como nervosa, triste, grossa, briguenta e chata. Como pode ser visto a
seguir:
• Em relação à professora
o Ela é muito chata
o Lega mais não brinca muito e algumas vezes chata
o Minha professora é legal e as vezes é brava
o Ela é um pouco chata e brava
• Em relação à escola
o Eu me sinto mais ou menos
o Algumas vezes eu vou empolgada para ir para a classe, mas a maioria das
vezes eu não estou com vontade de ir para a classe
o Normal
o Muito chato
• Em relação às atividades
o É chata
o ...Ela passa lição difícil
o Algumas são legais, outras difíceis, outras chatas e bobas
o É chata
Percebe-se que na classe da 3ª série A, todas as categorias com maior número de
pontos são as ligadas ao prazer, lúdico, satisfação, alegria, o que não acontece com a classe
da 3ª série B que atingiu maior pontuação em aulas extras, recreio, lanche e outras ligadas
mais à insatisfação e desagrado.
Fica, portanto claro que a utilização de jogos para o desenvolvimento de conteúdos
estabelecidos no currículo escolar é importante agente facilitador, proporcionando ao mesmo
tempo motivação e elevado grau de satisfação, levando os alunos a bons resultados nas notas,
concomitantemente a ganhos consideráveis na qualidade da aprendizagem.
É a atividade lúdica que alia desafio ao prazer, que deve predominar
na maioria das atividades oferecidas à infância, seguidas das atividades
criadoras, realizadas através das artes, que estimulam a organização e
construção do pensamento e a expressão das idéias. Ampliam as bases de
experiências psicomotoras, formam hábitos facilitadores na independência,
exercitam a atenção e a autodisciplina, de forma ativa e inteligente, e formam
também valores morais e sociais, frutos de experiências físicas, pessoais e
interpessoais, que aliam desafios à descarga de tensões, além de
proporcionarem satisfação e lazer, indispensáveis à manutenção da saúde
mental. (RIZZO, 1996: p. 32)
Conclui-se que as crianças que foram trabalhadas com jogos desenvolveram um clima
de amistosidade, de proximidade, de convivência o que mostro a seguir favorecendo um bom
relacionamento entre todos seus integrantes. Não percebemos clima de tensão entre as
crianças e nem mesmo em relação à professora, muito pelo contrário, todos apresentaram
grande liberdade em se aproximar para fazer questionamentos ou não, apenas pelo prazer da
aproximação.
• Na 3ª série A pode-se perceber na fala das crianças quanto ao relacionamento:
o Bem, porque todas as crianças daqui se dão bem com toda a classe
o Bem, porque eles são legais
o Eu acho todo mundo da minha classe legal
• E na 3ª série B a fala das crianças foi:
o Foi legal as vezes
o Muito chato porque a professora não deixa nós conversar
o Com algumas bem com outras mal
9.2 – Entrevistas
Para que pudéssemos compreender com mais profundidade os elementos
motivacionais, resolvemos entrevistar doze crianças da 3ª série A (Grupo Experimental),
grupo com o qual desenvolvi o trabalho com jogos e doze crianças da 3ª série B (Grupo de
Controle), o grupo que foi utilizado para fazer a comparação.
A entrevista foi feita com o objetivo de perceber como as crianças estavam se sentindo
diante do trabalho desenvolvido por suas professoras. Apesar das características individuais
dos alunos, buscamos avaliar desse trabalho feito pelas crianças.
Pretendia-se observar se os jogos foram um recurso facilitador ou não no processo de
ensino – aprendizagem; no que se refere à sua aplicação, aos avanços, à motivação com
implicação nos resultados finais, ampliando assim a percepção dos resultados.
As entrevistas foram feitas com a utilização de um gravador. Chamou-se cada criança
individualmente, explicando que iria entrevistá-la, e indagando se ela permitiria ser
gravada.Nenhuma criança recusou-se a ser entrevistada.
As entrevistas foram transcritas de forma literal e todos os nomes das crianças foram
trocados.
Foram entrevistadas doze crianças de cada turma, sendo na classe da 3ª série A seis
meninos e seis meninas. Na classe da 3ª série B doze crianças, sendo sete meninos e cinco
meninas.
As perguntas que serviram de base para a entrevista foram:
• Para que se vai à escola?
• Só se aprende na escola?
• Onde é mais fácil aprender?
• O que você mudaria na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?
• Do que você sente falta quando está na escola?
• Você gosta de brincar?
• É importante?
• Pode-se aprender brincando?
ENTREVISTAS COM A 3ª SÉRIE A
01 - MARIA
* Para que se vai à escola?
Ah,... pra você aprende, pra você estuda, brinca também de vez em quando, assim, essas
coisas.
* Só se aprende na escola?
Não, você aprende, você brinca, se diverte, faz um montão de coisa legal.
* E na escola o que você faz?
Ah, eu estudo, eu brinco, eu corro, ah......eu jogo.
* Em que momento você brinca, joga ou corre?
Na hora do recreio, da saída e da entrada, de vez em quando na classe.
* Como é que você brinca na classe?
Ah! A professora dá jogo pra gente, ela dá um montão de coisa, ela canta, inventa música,
assim, essas coisas.
* Qual é a forma mais fácil de aprender?
Ah! Você tem que aprender se divertindo, que nem a professora, ela ensina pra gente dando
jogo, divertindo a gente.
* O que você mudaria na escola ou na professora para que o aprender ficasse mais fácil?
Ah! Assim, que nem inglês, a professora não devia já falar inglês e falar pra gente escrever,
ela devia fala inglês em montão de vezes, aí depois ensinar a gente a escrever, assim, essas
coisas.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Ah, eu sinto falta da minha cachorra, dos meus animais, a..... vamos ver.....ah um monte de
coisa assim.
* Você gosta de brincar?
Adoro.
* É importante brincar?
É, assim, você aprende brincando, você se diverte, você esquece de algum problema
brincando.
ANÁLISE
Essa criança revelou-se bastante segura em suas respostas, não parando muito para
pensar.
Demonstrou uma felicidade bastante intensa, enfocando a importância de se aprender
brincando e como ela mesmo disse “se divertindo”. Ela acentua que a professora “ensina
dando jogos”, o que torna a aprendizagem mais prazerosa.
Fica claro que essa criança gosta e sente-se bem na escola, pois na pergunta referente a
mudanças que faria na escola ou na professora, verbalizou querer mudar algo não em sua
professora de classe, mas na sua professora de inglês.
02 – FELIPE
* Para que se vai à escola?
Para aprender, é... ah, brincar com os colegas.
* Você só aprende na escola?
Não.
* Em que outros lugares?
É... nos cursos...hum...natação, inglês.
* Onde é mais fácil aprender?
Na escola.
* Por quê?
Porque é legal, a gente aprende brincando também, a professora é legal.
* Você aprende brincando como?
Ah, com os jogos, com folhinhas.
* Nesses jogos você aprende alguma coisa?
Aprendo.
* O quê?
Ah, adjetivo, coletivo.
* O que você mudaria na escola pra ficar mais fácil aprender?
Ah, não sei.
* Não mudaria nada? É fácil aprender?
É.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Ah, da minha mãe, do meu pai.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha importante brincar?
Sim.
* Por quê é importante?
Ah, porque a gente aprende e tem educação.
ANÁLISE
Esse menino demonstrou um pouco de timidez no início da entrevista ao saber que
seria gravada, mas depois passou e respondeu a todas as perguntas prontamente.
Deixou claro que vai à escola para aprender, e que aprende brincando conteúdos como
os da área de Língua Portuguesa (adjetivo, coletivo).
A necessidade do brincar é clara, pois além de achar importante, considera que se
aprende brincando, não querendo ou não achando necessário mudar algo na escola. Isso me
leva a crer que a escola para essa criança é um lugar agradável, pois além de aprender, pode
brincar com os colegas.
03 – ROBERTA
* Para que se vai à escola?
Para aprender.
* É bom aprender?
É.
* Só se aprende na escola?
Não.
* Onde mais se aprende?
Em casa.
* Como?
Ah, os pais ensinando.
* De que forma você aprende na escola?
Prestando atenção, e... fazendo a lição direito.
* O que você mudaria na escola, ou na professora pra ficar mais fácil aprender?
Não sei.
* Não tem outro jeito mais fácil?
Não.
* É fácil para você aprender?
É.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* É importante brincar?
É.
* Por quê?
Porque... a gente faz a lição e também depois tem que se divertir um pouco.
* Você se diverte na escola?
Me divirto.
* Em que momento?
No recreio.
* Só no recreio você brinca?
Na hora da entrada e na hora da saída.
* Você brinca em outro momento na escola?
Não.
ANÁLISE
Nesta entrevista a criança revelou-se bastante direta em suas respostas que foram bem
curtas.
O brincar para ela relaciona-se com atividades livres, não direcionadas, que acontecem
na hora da entrada ou saída e recreio. Ao mesmo tempo que acha importante brincar; tem
claro que deve haver uma separação entre ‘aprender’ que acontece através das lições e
‘brincar’ que deve acontecer após as lições.
04- LAURA
* Para que se vai à escola?
Para aprender....para aprender, me divertir e fazer várias coisas.
* Como você se diverte na escola?
Brincando, conversando, falando com a professora.
* Como você brinca na escola?
Ah, de vários jeitos.... tudo quanto é brincadeira, pega-pega, esconde-esconde.
* Só se aprende na escola?
Não.
* Onde mais se pode aprender?
Na minha casa, com meus familiares.
* Onde é mais fácil aprender, na escola ou com seus familiares?
Ah, depende porque na escola você precisa saber, assim, e em casa você aprende coisas, de
tipo, respeitar os outros, assim.
* O que você aprende na escola?
Aqui, como escrever né. Pra mim não ser analfabeta e depois não te um currículu.
* O que você mudaria na escola, ou na professora pra ficar mais fácil o aprender?
...acho que nada.
* Você aprende fácil?
Aprendo.
* Você gosta de brincar?
Adoro.
* É importante brincar?
Lógico.
* Por quê?
Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se não a gente não tem
ânimo, aí a gente não faz nada.
* Você brinca na escola do quê?
Pega-pega, fico correndo, brincando de esconde-esconde.
* Você acha que dá para a gente aprender alguma coisa através do brinquedo ou do jogo?
Acho que sim.
* Você já aprendeu alguma coisa através do jogo, do brinquedo?
Já.
* O que por exemplo?
Tipo assim, as vezes tem um jogo que a minha amiga tem que a gente joga, e faz umas
perguntas que é...a gente nunca sabia né e a gente aprendeu aquelas perguntas.
ANÁLISE
Constata-se que essa criança associa o aprender com felicidade, caso contrário não se
tem ânimo para fazer nada, dizendo ‘a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se
não a gente não tem ânimo, ai a gente não faz nada’.
Acha que pode sim aprender através de jogos, mas na escola aprende a ‘saber’ e fica
mais fácil já que adora brincar.
05 – FÁBIO
* Para quê se vai à escola?
É... que é pra... que é pra professora ensinar né, a gente, ela ensina muito bem.
* O que é ensinar muito bem?
Ah, ensinar muito bem é... explicar bastante até entender, pra fazer lição com certeza.
* Você aprende só na escola, ou você aprende em outros lugares também?
Ah, eu aprendo nos outros lugares também.
* Que lugares?
Em... livro, é... na minha mãe, né, essas coisas.
* O que você mudaria na escola ou na professora pra ficar mais fácil aprender?
Não, não mudaria nada, porque... ela já é uma boa professora.
* O que é ser boa professora?
Ah, boa é que... é que... é que ela é brincalhona, ela é legal, ela dá jogos, a gente vai para o
parque.
* E ela dá jogos para quê, para se distrair ou para aprender?
Pra aprender.
* Você acha que é mais fácil aprender com jogos?
É, é mais fácil.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* É importante brincar?
Não... não muito mais que os estudos.
* Você acha que se pode aprender brincando?
Acho.
* E isso é bom?
É muito bom.
ANÁLISE
Através de suas respostas pode-se verificar que os jogos são valorizados para aprender
e considera boa sua professora por ser brincalhona. Acha que ela é boa professora por ensinar
com jogos já que fica mais fácil de aprender.
Sabe que é importante fazer a lição e com certeza diz que sua professora explica
bastante até entender; utilizando jogos.
06- CARLOS
* Para quê se vai à escola?
Para aprender!
* Aprender o quê?
Ah, pra ser alguém na vida né, se você não for na escola, ce não vai saber nada, não pode
chegar nada na vida.
* Você acha que só se aprende na escola?
Não, também me divirto.
* Você se diverte como?
Ah, com a professora, a gente tem caixa de jogos, a gente vai no parque toda semana, se não
vai repõe na outra semana, é muito legal.
* O que você tem nessa caixa de jogos?
Ah, um monte de jogo de matéria, assim a gente aprende brincando.
* E dá para aprender brincando?
Ãrrâ, com certeza.
* Você acha importante aprender brincando?
Acho.
* Por quê?
Ah, porque se você aprender brincando, você vai se interessar mais pela matéria, se você
aprender fazendo folha, você não vai, assim, se intusiasmar com a matéria.
* E é importante se entusiasmar?
É. Aí ce... ce faz as coisas com mais interesse.
* Você gosta de brincar?
Com certeza.
* É importante brincar?
Claro!
* Você acha que se pode aprender brincando?
Acho.
* O que você mudaria na escola ou na professora para que o aprender ficasse mais fácil?
....deixa eu ver.... hum.... Ah! Mudar acho que alguns professores né, porque tem alguns
professores que são meio chatos.
* Por que eles são chatos?
Ah, às vezes eles dão muita bronca né, nos alunos, tem alguns professores né, mas a nossa
não.
* A sua professora não é assim?
Não.
* Como ela é?
Ah, ela é bem legal, ela só dá bronca quando precisa né, mas a gente tem um monte de
brincadeiras na classe.
ANÁLISE
Começou de início bastante preocupado, mas depois foi ficando tranqüilo,
respondendo às perguntas com rapidez.
Faz uma relação do aprender com a caixa de jogos, diz que existe maior interesse pela
matéria; já que é importante freqüentar a escola para ser alguém na vida.
Diz que tem alguns professores (especialistas – Inglês, Educação Física, Educação
Musical, etc), mas a relação que tem com sua professora na sala de aula é muito prazerosa, e
em diferentes momentos acentuou que ela brinca e que se aprende muito brincando.
Fica claro uma alegria acentuada nessa criança quando fala do ensinar e do aprender,
demonstrando muita satisfação.
07 – RITA
* Para quê se vai à escola?
Ah, eu vou na escola para aprender, pra.... e também pra quando eu crescer pra, eu.... pra eu
ser uma..... uma boa cidadã.
* Você só aprende na escola?
Não. Com a educação dos pais e família em casa também.
* Onde você acha mais fácil aprender, na escola ou em casa com a família?
Ah, eu acho nos dois lugares, porque nos dois lugares você vai aprender e vai servir pro seu
futuro.
* Tem alguma coisa na escola ou na professora que você gostaria de mudar, para ficar mais
fácil o aprender?
Não. Acho que desse jeito, desse método, ta ótimo para mim.
* Qual é esse método?
É um método legal, interessante e que a gente aprende muito.
* O que é ser legal, interessante? O que acontece?
Ah, a professora faz muitas brincadeiras e do mesmo jeito pega muito no pé, a gente sabe
coisas muito fáceis, mas tem muita coisa a gente aprende muito com a nossa professora e
com a nossa escola.
* Em que momento a professora brinca?
Ah, geralmente quando ela... ela faz brincadeiras, ela faz jogos pra gente aprender, por
exemplo pra gente estudar ela faz um método legal pra gente aprender pra prova, assim é
muito bom.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Ah, geralmente da minha casa.
* Por quê?
Ah, porque eu to com vontade de ficar em casa, de chegar e ficar lá com a minha família,
com a minha mãe.
* Você gosta de brincar?
Adoro.
* Você acha que é importante brincar?
É.
* Por quê?
Porque a vida não é só feita de lição e mais lição, você tem que se divertir também, porque
senão você vai ficar uma pessoa muito introsada e não vai.... não vai adianta nada.
* Você acha que se pode aprender brincando?
Pode.
* Por quê?
A professora, por exemplo, ela faz uns jogos da memória de matemática, português,
pronome, ela faz jogo de bixiga de numerais, ela é super legal, assim.
* Você acha que dá para aprender assim?
Aprendemos muito. É muito interessante, porque assim você vai treinando, e você vai
aprendendo cada vez mais.
ANÁLISE
Uma criança bastante extrovertida com facilidade para transmitir suas idéias. Entende
que a professora usa um “método”, palavra usada por ela para que as crianças aprendam com
maior interesse e satisfação.
Associa e valoriza o papel da professora com a forma de se desenvolver os conteúdos,
“sem deixar de pegar no pé”, mas isso é entendido como necessário, acha inclusive que ‘a
vida não é só feita de lição e mais lição, você tem que se divertir também’.
Deixa claro que se sente muito bem na escola e que é possível aprender de forma mais
prazerosa e não só com lições.
Cita também os jogos que a professora utiliza para desenvolver os conteúdos como
jogos de memória, bexiga, que se aprende muito dessa forma e é muito interessante.
08- DANIEL
* Para que se vai à escola?
...Pra aprender a estudar, ser inteligente.
* O que é ser inteligente?
Uma pessoa.... boa em algumas matérias.
* Você só aprende na escola?
Também como... é... como posso falar..... é....
* De que forma você aprende?
Ou com a professora ou brincando.
* O que é brincando?
É você pegar um jogo e ter algumas contas e algumas perguntas pra você responder, aí você
vai aprendendo.
* Onde são feitos esses jogos?
Na sala, no bosque.
* E você aprende brincando?
Aprendo.
* É fácil aprender brincando?
Fácil.
* Por que você acha que fica mais fácil?
... Porque quando você vai brincar, você fica mais alegre brincando e quando você vai fazer
lição você pode não ter prestado atenção na professora. Agora quando é brincar você presta
atenção.
* O que você mudaria na escola ou na professora para ficar mais fácil o aprender?
O que eu mudaria? Ah, isso eu não sei.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha que é importante brincar?
Acho.
* Por quê?
... Ah,.....Porque assim você pode aprender algumas coisas estudando.
* Do que você sente falta quando está na escola?
... O que eu sinto falta quando eu to na escola?.....é..... ah..... da minha mãe, das coisa lá de
casa, um montão de coisa.
ANÁLISE
Através das respostas dessa entrevista, constata-se que Daniel associa o aprender com
alegria, expressando que com o lúdico presta-se mais atenção do que só a professora falando.
Valoriza o estudo e conseqüentemente a escola, destacando o uso de jogos e
brincadeiras para tornar o aprender mais agradável e satisfatório, já que tudo fica mais fácil.
09- FERNANDA
* Para que se vai à escola?
Ah, pra aprender! Pra muitas vezes... é, você poder brincar com alguém também, que dentro
de casa você não brinca com ninguém
* Em que momentos você brinca na escola?
Na hora do recreio, e as vezes na hora do lanche.
* Você mudaria alguma coisa na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?
Não...nada.
* Você aprende tudo facilmente?
Algumas coisas eu complico um pouco, mas depois a fessora me explica melhor.
* O que é explicar melhor?
...Ah, Entrar assim, mais em detalhes, conversar somente com você, explicar para você.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha que é importante brincar?
Eu acho que a criança tem que brincar mesmo.
* E brincar na escola, o que você acha?
Na hora certa.
* Você acha que se poderia aprender brincando?
A gente aprende brincando, com as caixas de jogos que a professora fez.
* E o que tem nessas caixas de jogos?
Ah, muitos jogos e jogos e jogos, de várias matérias.
* E fica mais fácil para você aprender?
Fica, bem mais fácil.
* E o que você sente quando aprende com esses jogos?
Ah, eu sinto, feliz! Porque é... gostoso... é estudar brincando!
* Você sente falta de alguma coisa quando está na escola?
...As vezes da minha mãe, da minha irmã, do meu cachorro e do meu pai.
ANÁLISE
Ao enunciar que para aprender brincando a professora utiliza a caixa de jogos que fez
com jogos de várias matérias, essa criança sinaliza ter a exata dimensão da utilidade dos jogos
para fins didáticos.
Diz ficar feliz em aprender com a caixa de jogos, que fica bem mais fácil porque é
gostoso estudar brincando.
A escola para ela é um lugar de aprender sempre, e quando não entende, a professora
explica-lhe particularmente. É também um local para encontrar e brincar com outras crianças.
10- JOÃO
* Para quê se vai à escola?
Ah, eu acho que é... pra que que a gente vai ou pra que que serve?
* Para quê se vai à escola?
Ah! Pra gente podê... assim, aprender mais e cada vez que a gente vai vencendo uma etapa e
um dia vai chegar a um ponto tão alto que a gente vai... ter um futuro.
* Só se aprende na escola?
Ah, a maioria das coisas na escola mas tem também muitas coisas que a gente pode, a gente
aprende em casa e em outros lugares.
* Qual é o jeito mais fácil para aprender?
...Ah...estudando...e... fazendo brincadeiras com o que a gente estuda.
* E dá para fazer brincadeiras com o que tem que estudar?
Dá...tipo, jogo da memória, você pega história (do Brasil) aí você pega recorta um monte de
papelzinho e espera, tipo café (conteúdo estudado) aí, ce vai ligando o que faz um e o outro.
* E é mais fácil aprender desse jeito?
...É mais fácil.
* Tem alguma coisa que você mudaria na escola ou na professora para ficar mais fácil o
aprender?
Não.
* Você aprende facilmente?
Depende se eu estudar, facilmente.
* Você gosta de brincar?
...Gosto... como toda criança...gosto.
* É importante brincar?
É, mas tem que ter um limite.
* O que é ter limite?
Hora de brincar é hora de brincar, hora de estudar é hora de estudar.
* E você acha que é possível aprender brincando?
É... É porque...ah,...É só a gente ter um pouquinho de criatividade e formar.
* Formar o quê?
A brincadeira, aí tipo... a brincadeira.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Às vezes... de brincar ou de fazer desenho toda hora, ou às vezes de minha família.
ANÁLISE
Valoriza a escola como sendo um lugar onde se vencem etapas e que prepara para o
futuro.
Diz que é importante brincar e que é só ter criatividade que dá para montar jogos de
qualquer conteúdo, mas reconhece que a professora utiliza-se de jogos para ensinar os
conteúdos, e que essa é a forma mais fácil de aprender.
Percebe que existe hora para tudo; para brincar e para estudar, mas que é possível
aprender brincando, é só ter criatividade.
11- SÉRGIO
* Para que se vai à escola?
Humm... Ah, pra aprender, ser educado, e... ah,...é....só.
* É importante ir para a escola?
É.
* Por quê?
Porque... se você não for pra escola... você não vai ser ninguém na vida, por causa que muita
gente não vai pra escola... não tem....é, não tem vontade de ir,...é... aí quando vai procurar
um trabalho não consegue.
* Só se aprende na escola?
Não porque você pode aprender em casa, pode aprender indo pra igreja com Deus, e
também pode aprender com a sua família te educando.
* Onde você acha mais fácil aprender?
..,.Hum... na igreja.
* Por quê?
Ah, porque Deus ta na frente de tudo,... não é porque sua família inteira morre que você vai
se matar, porque Deus é a coisa mais.. primeiro Deus depois vem sua família.
* Qual a forma que você acha mais fácil aprender na escola?
... Brincando, por causa que brincando não é a mesma coisa que você ficar na sala fazendo
lição, escrevendo, porque brincando você se diverte e ainda dá pra prestar mais atenção.
* Você acha que é importante brincar?
É, por causa que a gente é criança, e, também brincar ajuda na nossa coordenação motora.
* Do que você sente falta quando está na escola?
... sinto falta? ...Ah, não sinto falta de nada, por causa que aqui tenho os meus amigos, tenho
a professora, tenho amigos aí não sinto falta de nada.
* O que você mudaria na escola ou na professora para o aprender ficar mais fácil?
Ah, deixa eu ver...Ah,... não sei, por causa que eu acho que aqui na escola ta bom assim, mas
tem gente que não gosta, mas pra mim ta bom assim, não precisa mudar nada.
ANÁLISE
Valoriza a escola como sendo um trampolim para o futuro, a fim de obter emprego
com mais facilidade.
Associa o aprender com o divertido e brincadeira, proporcionando assim maior
atenção e concentração.
Sente-se tão bem na escola a ponto de não sentir falta de nada e de ninguém e a forma
como a professora conduz as atividades para ele está adequada.
Acentua que o brincar é muito bom para o aprender, utilizando termos como
“atenção, ajuda na coordenação motora”. Engraçada a preocupação dele em dar um caráter
mais “pomposo” a sua fala.
12- BÁRBARA
* Para quê se vai à escola?
Como?
* Para quê se vai à escola?
Pra aprender.
* É bom ir para a escola?
É, muito bom.
* Por quê?
Ah, porque a gente aprende, a gente brinca, a gente faz bastante coisas na escola.
* Em que momentos você brinca na escola?
No recreio, às vezes na sala de aula, quando a gente vai brincar com a caixa de jogos.
* O que é essa caixa de jogos?
Ah, é uma caixa, tem jogos de matemática, português, história, geografia, tem bastante jogos
sobre matérias.
* E esse jogo é bom?
Muito. É muito legal.
* Você acha que fica mais fácil para aprender?
Mais ou menos.
* Ele ajuda?
Ajuda.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
...Ah, na escola, não sei, na professora também não sei. Ta bom do jeito que ta.
* Você sente falta de alguma coisa quando está na escola?
Só sinto falta de meus irmãos e da minha mãe.
* Você acha que é importante criança brincar?
Acho.
* Você gosta de brincar?
Adoro!
* E aprender brincando?
É muito legal fazer isso, porque a professora falando às vezes fica chato.
* Por que fica chato?
Ah, porque ela vai falando, parece que a gente ta com sono, não sei, e ela vai falando, mas a
gente consegue aprender com ela falando também.
* E brincando?
Brincando também.
* Como?
Ah, também é que a gente brincando rápido, é legal, interessante, é...
ANÁLISE
Nessa entrevista sente-se que essa criança assim como as outras é bastante feliz na
escola, atribuindo isso à forma de a professora trabalhar com os conteúdos.
A escola é vista como um lugar para aprender, brincar, visto que a professora utiliza
uma caixa de jogos para ensinar Matemática, Português, o que facilita muito. Infere-se da sua
fala que aulas expositivas oralizadas pela professora tendem a despertar menos interesse do
que as aulas dinamizadas com jogos.
Sente-se tão bem na escola que não vê necessidade de mudanças ou melhorias, pois a
escola é um lugar onde se aprende e se brinca. Demonstra muita satisfação ao falar de sua
escola.
ENTREVISTAS COM A 3ª SÉRIE B
01- TADEU
* Para que se vai à escola?
... porque minha mãe qué.
* Você não gosta de ir para a escola?
Ããã....Não!
* Por quê?
Porque é chato.
* Por que a escola é chata?
Aãã.... porque tem muita lição.
* Você não gosta de fazer lição?
ãã~..Não.
* Você acha que tem algum jeito de aprender mais fácil?
Tem.
* Qual é esse jeito?
...Gravando num CD.
* Você acha que através de um CD dá para aprender?
Dá.
* Sem professor?
....ã.....
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
....Hum..... tudo é chato (deu risada).
* O que você mudaria?
......(risada) A professora.
* Como deveria ser a professora?
Legais (risada).
* O que é ser legal?
Não dar lição ( risada).
* E você ia aprender sem lição?
Ia. Com CD.
* Com o CD não fica um pouco difícil de aprender?
....ã....ã.....
* Do que você sente falta quando está na escola?
... da minha mãe e do meu pai (risada).
* Por quê?
Porque estou acostumado a ficar com eles.
* O que você faz com seu pai e sua mãe que você não faz na escola?
Brinco.
* Brincar é importante?
Para mim é.....
* Por quê?
Porque ajuda a gente desenvolver.
ANÁLISE
Mostrou-se bastante incomodado, e utilizou poucas palavras para exprimir o que
estava sentindo.
Ria muito, fazia muitas pausas, mas mostrou de forma clara seu desagrado pela escola
e professora.
Como ele mesmo diz: - “Tudo é chato!”. Fala da escola como sendo algo de que não
gosta e que é obrigação; não gosta das lições e acha que o que precisa ser mudado é a
professora.
Diante disso, percebe-se que não há vínculos afetivos dessa criança com a escola, com
as outras crianças e com a professora; o que pode dificultar o processo de aprendizagem,
porque é um local visto com desagrado e insatisfação.
02- CRISTINA
* Para que se vai à escola?
à ã sim.
* Você aprende em algum outro lugar?
...Na minha casa.
* Aprender na sua casa é melhor do que aprender na escola?
Bem melhor.
* Por quê?
Porque daí o menino não fica gritando comigo.
ANÁLISE
Apresentou grande dificuldade em se expressar, demonstrando estar bastante
incomodada.
Ficava o tempo todo esfregando as mãos, mexendo-se na cadeira, mostrando-se muito
impaciente e pouco à vontade.
Encerramos a entrevista, pois o que demonstrou pelo pouco que respondeu foi um
sentimento de desagrado e insatisfação, e que talvez não estivesse sentindo-se confortável
para falar sobre esse assunto.
03- ELISABETE
* Para que se vai à escola?
Para estudar.
* É importante estudar?
É.
* Por quê?
A gente aprende várias coisas novas e..... e quando a gente crescer a gente às vezes pode
ser.....é professora..... a gente pode ensinar coisa a eles.
* A gente só aprende na escola?
....hum.....
* Qual é a sua opinião?
.....................
* Você aprende só aqui na escola ou também aprende em outros lugares?
Hum..... Na escola..............em casa e ............
* Onde é mais fácil aprender na escola ou em casa?
Em casa.
* Por quê?
Porque assim é.........................a gente vê a mesma lição toda hora e lê toda hora, e tem os
pais para ajudar a gente.
* Aqui na escola você também não tem o apoio da professora?
...........................
* Você pode perguntar quantas vezes quiser para a professora?
Posso.............
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
.....................
* O que você acha que poderia mudar/
........Hum.......estudando.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Hum......da minha mãe.
* É importante brincar?
Ãã~...
* Você gosta de brincar/
...é....
* Por que é importante brincar?
Porque a gente conhece as brincadeiras, a gente pode.....é...... se ajuntar com os amigos,
e...... pra gente conversar, e fazer brincadeiras, assim....
* Você acha que dá para aprender brincando?
....Hum....Não!
* Não? Por quê?
....................
ANÁLISE
Percebe-se que essa criança preocupou-se muito em responder o que julgou que era
esperado como resposta, tanto que utilizou várias pausas e fugiu do assunto várias vezes,
demonstrando grande dificuldade de se comunicar de forma coerente.
Acha importante ir à escola, mas sua justificativa nem foi tão convincente, parece até
que não sabia o que responder.
Todos os seus lapsos foram interpretados por mim como não saber realmente avaliar
os pontos questionados. Sentiu-se pouco à vontade para responder às questões.
Aprendizagem e lúdico segundo sua opinião não combinam, mas não soube explicar o
porquê.
04- GABRIEL
* Para que se vai à escola?
Pra aprender.
* Aprender o quê?
É..... as boas maneiras, a lição, a ler, a escrever.
* Só se aprende na escola?
Não.
* Onde mais se aprende?
Em casa com meus familiares.
* E onde é mais fácil aprender?
Na escola.
* Por quê?
Porque....a fessora explica mais fácil.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
Nada. Tudo é fácil.
* Você gosta do jeito que é a sua escola?
Gosto.
* O que poderia melhorar?
....Acho que nada.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Do meu pai e da minha mãe.
* Por quê?
Porque a gente fica muito tempo na escola e não vê, meu pai chega tarde do serviço aí eu
quase eu não vejo ele.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* È importante brincar?
......mais ou menos.
* Por que mais ou menos?
Porque ..... o mais importante é aprender.
* Dá para aprender através de brincadeiras?
Depende das brincadeiras.
* Que brincadeira daria para aprender?
É.... Brincar de escolinha, tem alguns jogos também.
* Que tipo de jogos?
Tem alguns jogos também assim que você aprende a ler.
ANÁLISE
Deixou claro que escola é lugar para aprender boas maneiras, lição, ler, escrever e
brincar para aprender só se for de escolinha.
Na sua opinião podem ser utilizados alguns jogos para aprender a ler, talvez devido a
sua própria experiência já que a grande maioria das professoras utilizam esse recurso nessa
fase de alfabetização.
Gosta de brincar, porém isso é mais ou menos importante, já que aprender é muito
mais importante, e acha que é muito fácil aprender na escola.
05- CÉSAR
* Para que se vai à escola?
Faze lição.
* Fazer lição é bom?
Eu acho.
* Você gosta?
Gosto.
* Por quê?
.....a......é legal.
* Você só aprende na escola?
Só.
* Como é mais fácil aprender?
Com a professora.
* O que você mudaria na escola para o aprender ficar mais fácil?
Na escola eu ia mudar....... ah, os alunos.
* Por que os alunos?
Quem briga muito são os alunos.
* E na professora, você mudaria alguma coisa?
Quase nada.
* Quase nada? Tem alguma coisa que você mudaria?
Não.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Meu pai.
* Por quê?
... Porque ele é meu amigo.
* E a professora também é?
Também.
* Você gosta de brincar.
Gosto.
* Você acha que é importante brincar?
Acho.
* Você acha que dá para aprender brincando?
Algumas vezes.
* Que algumas vezes são essas?
....Algumas vezes.... ah, algumas vezes brincando de coisa boa e algumas vezes ruim.
* O que é coisa boa e ruim?
É.... coisa boa futebol, pula corda e ruim nada.
ANÁLISE
Demonstrou ser de poucas palavras. Respondeu às perguntas rapidamente, dando a
impressão de que nem pensava antes de falar, e querendo logo desvencilhar-se da situação em
que se encontrava.
Escola é lugar de “faze lição” como ela mesma diz, que é mais fácil aprender com a
professora e só se aprende na escola.
Confunde-se um pouco quando é interpelado se dá para aprender brincando, pois
responde que ‘algumas vezes brincando de coisa boa e algumas vezes ruim’. Quando
questionada sobre essa expressão disse que coisa boa é futebol e pular corda, e ruim nada;
revelando-se um pouco perdida sem saber o que responder.
06- CARMEM
* Para que se vai à escola?
Pra aprendê.
* E o que mais?
Ah.....
* Você só aprende na escola?
Não.
* Onde mais você aprende?
Ah! Em casa.
* Em casa? Quem te ensina?
Meu pai e minha mãe.
* Onde é mais fácil aprender?
Na escola.
* Por quê?
Ah! Porque se aprende mais.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
Mais brincadeira.
* Mais brincadeira? É importante brincar?
Não.
* Por que não é importante?
Porque ... é... brincar não aprende nada.
* Brincar não aprende nada?
Não.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Brincar e escola são duas coisas diferentes?
Ãrrã.
* Não dá para brincar e aprender ao mesmo tempo?
Dá.
* Que jeito?
Ah, uma brincadeira que... tenha alguma coisa de estudá.
* O que por exemplo?
Ah...
* Do que você sente falta quando está na escola?
...De casa.
* Por quê? O que você faz na sua casa?
Brinco.
ANÁLISE
Essa criança mostrou-se confusa nas respostas apresentadas, ora dizia que brincar é
importante, ora dizia que não é.
Dissocia o aprender de brincar, dizendo que brincando não se aprende nada,
contradizendo-se quando o questionamento é sobre a possibilidade de aprender brincando,
mas quando inquirido sobre quais mudanças faria na escola ou na professora, não pestanejou e
respondeu prontamente ‘mais brincadeira’ e logo depois afirmou que escola e brincar são
duas coisas diferentes, isso demonstra que para ela, escola é obrigação e brincar satisfação.
07- GUSTAVO
* Para que se vai à escola?
Pra aprender... coisas... hum... estudar, aprender muitas coisas como, como você vai
trabalhar, como você vai ensinar as outras pessoas, pra quem você qué ensiná.
* A gente só aprende na escola?
Não, com os pais também.
* E onde é mais fácil aprender, na escola ou com os pais?
Na escola.
* Por quê?
Porque a professora tá aqui na escola pra ensiná mais, e os pais, assim, quando você tem
alguma dúvida, você pergunta.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
É... assim, ela fazendo, é... perguntas fáceis, ensinando mais a lê a escreve, é... muitas coisas
mais.
* Do que você sente falta quando está aqui na escola?
Um pouco de brincadeiras.
* Por que, é importante brincar?
A criança também aprende brincando!
* Como a gente pode aprender brincando?
É, não brincando com coisas más; boas, pulando corda, brincando de pega-pega, não de
arminha, é..., estas coisas, coisas feias.
* Você acha que a gente pode aprender brincando?
Mais ou menos.
* O que é mais ou menos?
É... algumas coisas você vai aprender brincando de polícia e ladrão; às vezes muitas pessoas
qué ser o ladrão, porque talvez essa pessoa pode ser ladrão quando crescer, mas a... coisa
que cê mais aprende é na escola, é brincando com a professora.
ANÁLISE
Percebe-se que essa criança acha importante brincar, mas só se aprende brincando com
atividades relacionadas a espaço livre.
Segundo ele, a escola é para aprender e estudar, dizendo sentir falta na escola de
brincadeiras, demonstra não ter tido contato com brincadeiras associadas aos conteúdos
desenvolvidos, pois não vê ligação entre as duas coisas, mas deixa claro que sente falta do
brincar.
08- ANA
* Para que se vai à escola?
Pra aprender.
* Aprender o quê?
É... aprender o que a professora ensina.
* Você só apreende as coisas na escola?
Não.
* Onde mais você aprende?
Na minha casa.
* Na sua casa, onde mais?
Eu aprendo... eu não lembro, ihi.
* Onde é mais fácil aprender?
...Acho que é na minha casa.
* Por quê?
Porque... porque a mãe dá mais atenção.
* E dar mais atenção é importante para aprender?
É.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
O que eu mudaria, eu queria que a minha professora me dava mais atenção.
* E o que é dar mais atenção?
É... deixa eu vê... i agora...
* Quando você está aqui na escola, você sente falta de alguma coisa?
Não.
* Você não sente falta de nada quando está aqui?
Não.
* Não? Você gosta de brincar?
Gosto!
* Brincar é importante?
Eu acho que não.
* Por quê?
Porque... porque daí, daí, daí você... está...
* Você acha que dá para aprender através de brincadeira?
... Eu acho. Por quê? Háháhá.
* Por quê? Como você pode aprender brincando?
... Ah, você pode fazer uma canção e, ensinar.
* Como?
Ixi, agora não sei, ihi...
ANÁLISE
A escola para essa criança é um lugar onde se aprende. Sinaliza sentir falta de atenção
da professora, mas quando questionada sobre o que está faltando, não sabe responder.
Suas respostas apresentam várias pausas, perdendo-se para concluir seu pensamento,
contradizendo-se no que diz respeito a associar o brincar com o aprender.
09- PEDRO
* Para que se vai à escola?
É, é... para os ensinamentos, e... para a educação.
* Só se aprende na escola?
É! E também se brinca.
* Em que momento você brinca na escola?
No recreio.
* Só no recreio?
É.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha importante brincar?
Acho.
* Você acha que se aprende brincando?
Sim.
* O que se pode aprender brincando?
É, brincadeiras, é... folclore...
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
Não sei.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Da minha família.
* Por quê?
Ah....Porque eles me dão apoio...
* E aqui na escola?
Ah, também tenho, mas da minha família é maior.
* A professora brinca com você?
Brinca.
* Brinca do quê?
Ah...é... ela não brinca não.
* E você sente falta?
Sinto.
ANÁLISE
Verifica-se que para essa criança, brincar só pode no recreio, ou em atividades livres.
Considera importante brincar, mas associando a datas como o folclore.
Sente falta da atenção ou apoio da professora, no que acha que é importante, o brincar,
sente falta dos pais quando está na escola, pois estes lhe dão maior apoio. Com certeza essa
criança não se sente muito segura e acolhida na escola.
Interessante é que quando foi perguntado se sua professora brincava com ele;
respondeu prontamente “brinca” e quando perguntei qual a brincadeira, ele demonstrou um ar
de decepção e disse “Ah...é... ela não brinca não, o que me leva a pensar que ela gosta da
professora como pessoa por isso a defende, mas quando questionada diretamente, volta atrás,
pois num primeiro momento fantasia como gostaria que fosse a professora e quando
questionada cai na realidade. ( A não ser que o garoto entendesse inicialmente a outra acepção
de brincar:”fazer graça” com ele, falar em tom de brincadeira). Na segunda pergunta,
percebeu que se tratava de brincar mesmo.
10 – CLARA
* Para que se vai à escola?
Para estudar, para aprender, aí péra aí, muitas coisas divertidas.
* O que são coisas divertidas?
Coisas divertidas são brincadeiras, é...é... brincadeiras...a aula também é divertida, e etc.
* Como a aula é divertida?
A aula é divertida é... brincando, sem fazer bagunça, deixa eu vê...
* O que é brincar sem fazer bagunça?
É sem gritar, sem... bagunçar a sala né, e... algumas coisas a mais.
* Que brincadeira você faz na sala de aula?
Ah, não tem muitas brincadeiras, assim, só quando chove, a gente brinca de...é...stop, jogo
da velha, forca.
* Você acha que é possível aprender as lições através de brincadeiras?
Não.
* Por quê?
Porque eu acho que a brincadeira leva a mau a criança, e... ela não faz as lições direito.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha que é importante brincar?
Ah, eu acho.
* O que você mudaria na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
Ah, dar lição mais fácil, e explicar...explicar, assim com mais freqüência.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Da minha mãe, da minha casa, da minhas amigas.
* Por quê?
Ah, porque eu gosto da minha casa...eu brinco, faço bagunça, e das minhas amigas eu ando
de bicicleta né, brinco de vôlei, essas coisas né.
ANÁLISE
Para essa criança é divertido ir à escola, pois tem brincadeira, mas quando
questionada, responde que brincadeira só deve ocorrer quando chove, sem fazer bagunça, que
é sem gritar.
Aprender com brincadeiras para ela não é possível, pois as crianças não farão a lição
direito; mas deixa claro que gosta de brincar, que em casa brinca e faz bagunça; o que me leva
a crer que “bagunça” significa mais liberdade, sem se preocupar demais com as ordens e
horários.
11- DAVI
* Para que se vai à escola?
É... para... fazer lição.
* E o que mais?
.....Brinco também.
* Do que você brinca?
....Às vezes de bola, assim de tampinha.
* Onde você brinca?
No pátio.
* Você já brincou na sala de aula?
Já, quando o recreio é na sala de aula, aí eu brinco.
* Do quê?
...Hum... de... é... eu fico sentado ali.
* Você acha que é importante brincar?
Não.
* Por quê?
Porque....não sei responder.
* Você gosta de brincar?
Eu gosto.
* Onde?
Em casa, mais em casa assim.
* Você acha que dá para brincar na escola?
Não.
* Por quê?
Ah... porque os meninos não gostam do que eu gosto de brincar, assim...é diferente.
* E do que você gosta de brincar?
Ah....é....pega-pega, e eles gostam de brincar de tampinha.
* Do que você sente falta quando está na escola?
Nada.
* O que você gostaria que acontecesse na escola?
...Ah....nada.
* Você mudaria alguma coisa na sua professora?
Mudaria. Ela é um pouquinho chata.
* Por quê?
Ah, ela fica em cima, assim toda hora.
* Pode brincar?
Quando tá fazendo lição não pode, mas quando é a hora do lanche, daí pode um pouquinho.
* Qual é a hora que você mais gosta na escola?
Do recreio.
* Por quê?
Porque daí pode brincar.
ANÁLISE
A escola não é vista como sendo um local agradável, pois só podem brincar quando o
recreio é dentro da sala ou durante o lanche que pode um “pouquinho”.
O interessante é notar que o momento de que mais gosta na escola é o recreio, por
poder brincar.
Não demonstra ter muita ligação com sua professora, pois a acha um pouquinho chata
como ela mesma diz “ela ficar em cima, assim toda hora”. Provavelmente, essa criança não
se sente muito à vontade, pois não apresenta vínculos afetivos com a professora quanto a
forma de ensinar. Ela fica cumprindo ordens o tempo todo, não achando importante brincar
embora goste, o que não soube bem explicar.
12- HENRIQUE
* Para que se vai à escola?
Para aprender as coisas...e ficar inteligente.
* Você só aprende na escola?
Não, na minha casa também.
* Onde é melhor aprender?
Na escola.
* Por quê?
Porque na escola tem bastante professoras e na casa só tem a mãe.
* Quem ensina de um jeito mais fácil?
A professora.
* Por quê?
Porque ela já treinou bastante, já fez a faculdade.
* Você mudaria alguma coisa na escola ou na sua professora para o aprender ficar mais fácil?
Não.
* E na sua professora?
Eu gostaria que ela não fosse bastante nervosa, por causa quando... às vezes ela fica
nervosa, porque às vezes se não aprender ela já fica nervosa, e qué, fica nervosa porque a
gente não aprendeu.
* O que você sente quando isso acontece?
Ah, eu fico.... fico triste porque eu não aprendi e ela fica nervosa.
* Você gosta de brincar?
Gosto.
* Você acha importante brincar?
Não.
* Por que não é importante?
Porque a brincadeira só dá coisa errada, mas estudá não, estudá é bom.
* Você acha que dá para estudar brincando?
Não.
* O que mais você gosta de fazer?
Brincar.
ANÁLISE
Valoriza a escola como sendo o lugar do saber, expressando não ser importante
brincar, pois a brincadeira “só dá coisa errada”, enquanto o aprender deixa as crianças
inteligentes.
Para ficar mais fácil aprender, mudaria na professora seu nervosismo, demonstrando
um certo desconforto para explicar como e quando isso acontece. Justificou dizendo que a
professora fica nervosa quando as crianças não aprendem e quando acontece com ela, ela fica
triste, pois gosta da professora e entende a situação.
Embora goste, não acha importante brincar, o que demonstra um conflito do que talvez
faça e o que gostaria de fazer de fato.
9.2.1. - Análise Geral das Entrevistas
Durante as entrevistas as crianças demonstraram disponibilidade, curiosidade e disposição em
participar, o que acabou por facilitar o trabalho de elaborar perguntas que as crianças
entendessem e as respondessem de forma clara.
Nas entrevistas, procurou-se observar as dificuldades apresentadas pelas crianças em
transmitir seus pensamentos, criando condições para que através das respostas verificasse se
poderia haver ou não alterações significativas entre as duas turmas, que levassem à
constatação da importância dos jogos como instrumento de aprendizagem na escola, com
possibilidades de beneficiar as crianças que deveriam obter ganhos significativos em todos os
aspectos social, emocional ou cognitivo.
Coincidência ou não, através das entrevistas constata-se que as crianças da 3ª série A,
(Grupo Experimental) turma trabalhada com os jogos, apresentam segurança e facilidade para
se expressar, não ocorrendo lapsos em suas falas. Nota-se exatamente o contrário na 3ª série B
(Grupo de Controle).
Em todas as entrevistas surgiu o trabalho realizado com jogos para desenvolver os
conteúdos de Matemática, Língua Portuguesa sendo essa forma considerada como essencial
facilitador da aprendizagem por ser agradável e os resultados satisfatórios.
As crianças consideram o brincar como sendo importante para seu desenvolvimento;
pois facilita a atenção.
As crianças da 3ª série A verbalizaram gostar muito da professora e não mudariam
nada nela ou na escola, já que é tão prazeroso seu trabalho, demonstrando grande satisfação
em irem para a escola.
Observando todas as respostas dadas pelas crianças da 3ª série B, não se pode deixar
de comparar com a classe que desenvolveu os conteúdos com jogos, apesar de demonstrarem
gostar da professora como pessoa.
Essa turma apresenta uma dificuldade em se expressar de forma coerente e completa,
ocorrendo vários lapsos em suas falas, dificultando assim a comunicação.
Enxergam a escola como um lugar onde se tem de aprender e que é a professora a
responsável por transmitir as informações, nem sempre da forma esperada.
De forma geral sentem falta do brincar, das brincadeiras, mas não conseguem explicar
se poderia ser conciliada aprendizagem / lúdico. Na grande maioria das vezes, verbalizam
como sendo impossível aprender através de brincadeira.
Não demonstram entusiasmo pela escola a não ser no que se refere ao aprender, por
ser importante para o futuro ou para ficar inteligente.
* Para que se vai à escola?3ª série A 3ª série B
Maria - Ah,... pra você aprende, pra você
estuda, brinca também de vez em quando,
Tadeu - ... porque minha mãe qué.
assim, essas coisas.
Felipe - Para aprender, é... ah, brincar com
os colegas.
Cristina - Para mim é.....ajuda a gente
desenvolver.
Roberta - Para aprender. Elisabete - Para estudar.
Laura - Para aprender....para aprender, me
divertir e fazer várias coisas.
Gabriel - Pra aprender.
Fabio - É... que é pra... que é pra professora
ensinar né, a gente, ela ensina muito bem.
César - Faze lição.
Carlos - Para aprender! Carmem - Pra aprendê.
Rita - Ah, eu vou na escola para aprender,
pra.... e também pra quando eu crescer pra,
eu.... pra eu ser uma..... uma boa cidadã.
Gustavo - Pra aprender... coisas... hum...
estudar, aprender muitas coisas como, como
você vai trabalhar, como você vai ensinar as
outras pessoas, pra quem você qué ensiná.
Daniel - ...Pra aprender a estudar, ser
inteligente.
Ana - Pra aprender.
Fernanda - Ah, pra aprender! Pra muitas
vezes... é, você poder brincar com alguém
também, que dentro de casa você não brinca
com ninguém
Pedro - É, é... para os ensinamentos, e...
para a educação.
João - Ah, eu acho que é... pra que que a
gente vai ou pra que que serve?
Clara - Para estudar, para aprender, aí péra
aí, muitas coisas divertidas.
Sergio - Humm... Ah, pra aprender, ser
educado, e... ah,...é....só.
Davi - É... para... fazer lição.
Bárbara - Pra aprender. Henrique - Para aprender as coisas...e ficar
inteligente
Sobre o tema, a maior parte das crianças entrevistadas demonstraram entender que vão
à escola para aprender, mas também para conviver e se divertir como criança saudável que
provavelmente já tem um bom relacionamento compreendendo o lugar de aprender e brincar
como: Para aprender, é... ah, brincar com os colegas; Para aprender....para aprender, me
divertir e fazer várias coisas. Contudo encontramos crianças com mais dificuldades quando
dizem que: É... para... fazer lição, porque minha mãe qué, Para estudar.Essas crianças
apontam para ‘fazer lição’ como sendo o objetivo final.
De acordo com a citação a seguir reafirmamos que o lúdico é um elemento facilitador
não só na aquisição de conhecimento, mas também no bem viver.
Aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita
com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino deveriam efetivamente
incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e
social e sedimentar a socialização.(MIRANDA, 2001: p. 42)
O jogo então estimula o sujeito a se sentir melhor na escola e a encara como sendo um
lugar não só para fazer lição e aprender, mas também para convivência em grupo. A
socialização da criança é construída a partir dela própria, e assim vai envolvendo as outras
crianças e pessoas adultas que fazem parte de seu ambiente. A criança então constrói o seu
conhecimento a partir das relações que mantém com o mundo exterior. A escola no sentido
geral apresenta-se como uma estrutura organizada que permite à criança relacionar as
informações a todo o momento, ampliando assim as possibilidades de conhecimento e
obtenção de resultados positivos no desenvolvimento intelectual, moral e social. A escola é a
grande responsável pela aquisição do conhecimento formal e sistemático e tem que competir
com o meio externo que oferece muitas possibilidades de agir com prazer através do
relacionamento entre as pessoas e dos brinquedos e brincadeiras que são vivenciados de forma
natural, sem cobranças de resultados.
* Só se aprende na escola?3ª série A 3ª série B
Maria - Não, você aprende, você brinca, se
diverte, faz um montão de coisa legal.
Tadeu – Não - ...Gravando num CD.
Felipe - Não. Cristina - ...Na minha casa.
Roberta - Não. Elisabete - Hum..... Na escola..............em
casa e ............
Laura - Não. Gabriel - Não.
* Onde mais se aprende?
Em casa com meus familiares.
Fabio - Ah, eu aprendo nos outros lugares
também.
César - Só.
Carlos - Não, também me divirto. Carmem - Não.
Rita - Não. Com a educação dos pais e
família em casa também.
Gustavo - Não, com os pais também.
Daniel - Também como... é... como posso
falar..... é....
De que forma você aprende?
Ou com a professora ou brincando.
Ana - Não.
Fernanda - Pedro - É! E também se brinca.
João - Ah, a maioria das coisas na escola
mas tem também muitas coisas que a gente
pode, a gente aprende em casa e em outros
lugares.
Clara -
Sergio - Não porque você pode aprender em
casa, pode aprender indo pra igreja com
Deus, e também pode aprender com a sua
família te educando
Davi -
Bárbara - Ah, porque a gente aprende, a Henrique - Não, na minha casa também.
gente brinca, a gente faz bastante coisas na
escola.
De acordo com o material coletado “Só se aprende na escola?” uma grande parte das
crianças apontam a família como local que se aprende porque elas provavelmente mantém
uma relação saudável com seus familiares. A diferença aqui demonstrada pelas falas das
crianças é que as crianças da 3ª série A se expressam de forma mais clara justificando mais as
respostas. Nesse contexto retomo as idéias de Almeida no que se refere ao domínio de
conhecimento:
Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais abstrato
ministrando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma boa dose
de brincadeira transformaria o trabalho, o aprendizado, num jogo bem
sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente sem se
dar conta disso.(ALMEIDA, 2000: p. 60)
Assim o jogo pode facilitar as experiências despertando interesse em todas as situações
de ensino-aprendizagem e a criança sente e percebe isso. Através de atividades lúdicas a
criança tira um maior proveito não só no que é exigido pelo planejamento ou currículo escolar
como também nas relações que mantém fora da escola ou da família.
* E na escola o que você faz?3ª série A 3ª série B
Maria -Ah, eu estudo, eu brinco, eu corro,
ah......eu jogo.
Tadeu - Lição . É chato
Felipe - a gente aprende brincando também,
a professora é legal.
Cristina -
Roberta - Prestando atenção, e... fazendo a
lição direito.
Elisabete -
Laura - Aqui, como escrever né. Pra mim
não ser analfabeta e depois não te um
currículu.
Gabriel -
Fabio - César -
Carlos - Ah, com a professora, a gente tem
caixa de jogos, a gente vai no parque toda
semana, se não vai repõe na outra semana,
é muito legal.
Carmem -
Rita - Ah, a professora faz muitas
brincadeiras e do mesmo jeito pega muito
no pé, a gente sabe coisas muito fáceis, mas
tem muita coisa a gente aprende muito com
a nossa professora e com a nossa escola.
Gustavo - Porque a professora tá aqui na
escola pra ensiná mais, e os pais, assim,
quando você tem alguma dúvida, você
pergunta.
Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas
contas e algumas perguntas pra você
responder, aí você vai aprendendo.
Ana -
Fernanda - A gente aprende brincando, com
as caixas de jogos que a professora fez.
Pedro -
João - ...Ah...estudando...e... fazendo
brincadeiras com o que a gente estuda.
Clara -
Sergio - Davi -
Bárbara - No recreio, às vezes na sala de
aula, quando a gente vai brincar com a
caixa de jogos.
Henrique - Porque na escola tem bastante
professoras e na casa só tem a mãe.
Com relação ao questionamento “E na escola o que você faz?” o lúdico aparece com
grande diferença entre as turmas trabalhadas com algumas colocações como: a gente aprende
brincando também, a professora é legal, Ah, com a professora, a gente tem caixa de jogos, a
gente vai no parque toda semana, se não vai repõe na outra semana, é muito legal, Ah, a
professora faz muitas brincadeiras e do mesmo jeito pega muito no pé, a gente sabe coisas
muito fáceis, mas tem muita coisa a gente aprende muito com a nossa professora e com a
nossa escola. Enquanto que muitas crianças que não tiveram acesso ao trabalho com os jogos
demonstram respostas como: Lição. É chato, Porque a professora tá aqui na escola pra
ensina.
A escola deve ser um ambiente que cria oportunidades para que a criança entenda que
é necessário adquirir conhecimento, mas que é também um local de ampliação de interação
com o objeto extraindo suas propriedades.
O sujeito, quando interage com o objeto, abstrai suas propriedades segundo
suas possibilidades de interpretação. Esta atividade condiciona a abertura de
novas possibilidades cada vez mais numerosas e seguidas de interpretações
mais ricas.(BRENELLI, 1996: p. 39)
De acordo com Brenelli a interação com o objeto gera no aluno compreensão,
segurança, participação ativa, estruturando as situações de forma organizada, coerente,
interpretando as possibilidades, preenchendo lacunas, buscando explicações, adaptando-se às
dificuldades servindo de base para novas aprendizagens.
3ª série A 3ª série B
* Como é que você brinca na classe?
Maria - Ah! A professora dá jogo pra gente,
ela dá um montão de coisa, ela canta,
Tadeu - ....Hum..... tudo é chato (deu risada).
inventa música, assim, essas coisas.
Felipe - Ah, com os jogos, com folhinhas. Cristina -
Roberta - Na hora da entrada e na hora da
saída.
Elisabete -
Laura - Gabriel -
Fábio - César -
Carlos - Ah, um monte de jogo de matéria,
assim a gente aprende brincando.
Carmem - Não.
Rita - A professora, por exemplo, ela faz uns
jogos da memória de matemática,
português, pronome, ela faz jogo de bixiga
de numerais, ela é super legal, assim.
Gustavo -
Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas
contas e algumas perguntas pra você
responder, aí você vai aprendendo.
Ana -
Fernanda - Ah, muitos jogos e jogos e jogos,
de várias matérias.
Pedro - No recreio.
João - Dá...tipo, jogo da memória, Clara - Ah, não tem muitas brincadeiras,
assim, só quando chove, a gente brinca
de...é...stop, jogo da velha, forca.
Sergio - Davi - Já, quando o recreio é na sala de
aula, aí eu brinco.
Bárbara - Ah, é uma caixa, tem jogos de
matemática, português, história, geografia,
tem bastante jogos sobre matérias.
Henrique -
3ª série A 3ª série B
* Qual é a forma mais fácil de aprender?
Maria - Ah! Você tem que aprender se
divertindo, que nem a professora, ela ensina
pra gente dando jogo, divertindo a gente.
Tadeu - CD
Felipe - Cristina -
Roberta - Prestando atenção, e... fazendo a
lição direito.
Elisabete - Em casa.
* Por quê?
Porque assim é.........................a gente vê a
mesma lição toda hora e lê toda hora, e tem
os pais para ajudar a gente.
Laura - Brincando, conversando, falando
com a professora.
Gabriel - Porque....a fessora explica mais
fácil.
Fabio – Jogos. É, é mais fácil. César -
Carlos - Ah, porque se você aprender
brincando, você vai se interessar mais pela
matéria, se você aprender fazendo folha,
você não vai, assim, se intusiasmar com a
matéria.
Carmem - Na escola.
Rita – Com jogos. Aprendemos muito. É
muito interessante, porque assim você vai
treinando, e você vai aprendendo cada vez
mais.
Gustavo - Um pouco de brincadeiras.
Daniel - É você pegar um jogo e ter algumas
contas e algumas perguntas pra você
responder, aí você vai aprendendo.
Ana - ...Acho que é na minha casa.
Fernanda - A gente aprende brincando, com
as caixas de jogos que a professora fez.
Pedro -
João - ...Ah...estudando...e... fazendo
brincadeiras com o que a gente estuda.
Clara -
Sergio - ... Brincando, por causa que
brincando não é a mesma coisa que você
ficar na sala fazendo lição, escrevendo,
porque brincando você se diverte e ainda dá
pra prestar mais atenção.
Davi -
Bárbara – Jogo. É muito legal fazer isso,
porque a professora falando às vezes fica
chato.
Henrique – Com a professora. Porque ela já
treinou bastante, já fez a faculdade
Sobre o tema “brincar na escola” e “forma mais fácil de aprender” pode-se observar
uma diferença acentuada entre as duas turmas predominando o jogo como forma de
aprendizagem.
Os jogos, por exemplo, possibilitam ao professor observar o desempenho dos
alunos durante o desenvolvimento e possibilitam ao próprio aluno participar
do processo de avaliação, avaliando os companheiros e se auto-avaliando. A
auto-avaliação torna sua participação mais responsável, ajuda-o a assumir a
responsabilidade e a decidir quais os critérios mais importantes para si. No
início o aluno se perde devido ao fato de nunca ter trabalhado com esse
sistema, mas aos poucos ele mesmo vai percebendo que, dia a dia, se renova,
melhorando cada vez mais.
Os jogos, em si, não constituem instrumentos de avaliação, mas são
estratégias que oferecem ao professor e aos próprios alunos a possibilidade de
observar o rendimento da aprendizagem, as atitudes e a eficiência do próprio
trabalho.(ALMEIDA,2000: p.124)
Segundo o autor, o jogo é uma atividade rica em estimulação e desafios. Pode ser uma
situação ideal de aprendizagem por ser mais agradável aos olhos do aluno. Os alunos se
envolvem mais ampliando possibilidades de mudanças internalizando um melhor
aproveitamento das informações transmitidas pela professora não aliando brincar apenas ao
horário de recreio, como por exemplo: ..... quando o recreio é na sala de aula, aí eu brinco
ou Ah, não tem muitas brincadeiras, assim, só quando chove, a gente brinca de...é...stop,
jogo da velha, forca. Diferentemente a 3ª série A verbaliza: A professora, por exemplo, ela
faz uns jogos da memória de matemática, português, pronome, ela faz jogo de bixiga de
numerais, ela é super legal, assim; Ah, muitos jogos e jogos e jogos, de várias matérias. O
trabalho com os jogos pode se tornar não só mais agradável como mais eficiente.
* É importante brincar?
3ª série A 3ª série B
Maria - É, assim, você aprende brincando,
você se diverte, você esquece de algum
problema brincando.
Tadeu - Para mim é.....
* Por quê?
Porque ajuda a gente desenvolver.
Felipe - Sim. Ah, porque a gente aprende e
tem educação.
Cristina -
Roberta – É. Porque... a gente faz a lição e
também depois tem que se divertir um
pouco.
Elisabete - Porque a gente conhece as
brincadeiras, a gente pode.....é...... se
ajuntar com os amigos, e...... pra gente
conversar, e fazer brincadeiras, assim....
Laura – Lógico. Por causa que a gente
precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa
se não a gente não tem ânimo, aí a gente
não faz nada.
Gabriel - ......mais ou menos.
* Por que mais ou menos?
Porque ..... o mais importante é aprender.
Fabio - É muito bom. César - Acho
Carlos – Claro. É. Aí ce... ce faz as coisas
com mais interesse.
Carmem - Não.
* Por que não é importante?
Porque ... é... brincar não aprende nada.
Rita - Porque a vida não é só feita de lição e
mais lição, você tem que se divertir também,
porque senão você vai ficar uma pessoa
muito introsada e não vai.... não vai adianta
nada.
Gustavo - A criança também aprende
brincando!
Daniel - Acho.Por quê? ... Ah,.....Porque
assim você pode aprender algumas coisas
estudando.
Ana - Eu acho que não.
Fernanda - Ah, eu sinto, feliz! Porque é... Pedro - Acho
gostoso... é estudar brincando!
João - É... É porque...ah,...É só a gente ter
um pouquinho de criatividade e formar.
* Formar o quê?
A brincadeira, aí tipo... a brincadeira.
Clara - Ah, eu acho.
Sergio - É, por causa que a gente é criança,
e, também brincar ajuda na nossa
coordenação motora.
Davi - Não.
* Por quê?
Porque....não sei responder.
Bárbara - É muito legal fazer isso, porque a
professora falando às vezes fica chato.
Henrique - Não.
* Por que não é importante?
Porque a brincadeira só dá coisa errada,
mas estudá não, estudá é bom.
Abordando o tema motivação ao brincar percebe-se que as crianças em sua maioria
avaliam como sendo algo de grande importância, como verbalizam as crianças que
trabalharam com jogos: Lógico. Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer
alguma coisa se não a gente não tem ânimo, aí a gente não faz nada, Claro. É. Aí ce... ce faz
as coisas com mais interesse. Poucas crianças consideram como não sendo importante e
verbalizam isso assim : Porque a brincadeira só dá coisa errada, mas estudá não, estudá é
bom, Porque ... é... brincar não aprende nada.
Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem
regras prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se
transformar num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.
As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.
Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A
força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da
criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.
No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita
quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única
ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:
p. 54).
De acordo com Dias independente de a escola permitir ou não o jogo está presente na
vida das crianças por ser inerente a esta fase do desenvolvimento humano trazendo assim
benefícios à autonomia e não só obediência, buscando significações, tornando seu pensamento
ativo, facilitando sua relação com a realidade de maneira plena e rica, respeitando seu
processo de construção de pensamento.
Muitas vezes a transmissão dos conteúdos relacionados no planejamento anual está em
primeiro lugar no trabalho dos professores fazendo com que se esqueçam que seu objetivo
maior está em relação à absorção dos conteúdos de forma prazerosa e duradoura para no
futuro este adulto ter condições de se colocar diante da sociedade e defender seus interesses e
valores, adquirindo o verdadeiro papel de cidadão. Esse papel tem início sem dúvida na
convivência em grupo na escola.
Assim, sempre que existe a necessidade de transformar algo já instalado, praticado e
aceito pelo meio social, para qualquer mudança ou transformação é necessário que exista
além da vontade de alguns, a visão global de toda a situação para que a transformação ocorra
em benefício da maioria dos indivíduos. Grandes transformações de nossa sociedade podem
ocorrer pelo fomento maior da cidadania. Indica-se como a educação pode melhor isso
propiciar. E ainda, pode-se ter a escola como o ambiente propício por excelência para se
aprender os direitos e os deveres da cidadania. Segundo Manzini-Covre, 2001 pode-se
perceber a necessidade de uma construção coletiva, tendo que:
...cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um
direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos do
atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de
existência, incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no
Universo. (p. 11)
É um direito a ser construído no coletivo porque não vivemos sozinhos, precisamos do
outro para viver de forma satisfatória. Diante disso temos necessidades não só de moradia,
alimentação, enfim as básicas de sobrevivência, mas também as ligadas ao social, nas quais
relacionomo-nos com os outros indivíduos de mesma classe social ou não, dividindo,
somando e partilhando experiências, através da troca, do contato com o outro e isso também
pode ser mais vivenciado através dos jogos.
Educar, ensinar pode ser uma tarefa árdua porque nem sempre existe o compromisso
de educar em seu sentido amplo, mas sim a transmissão de informações que não envolvem,
não interessam e não condizem com a realidade do educando em termos de condições físicas,
sociais, motivacionais e ainda, sem perspectiva de se colocar em prática no futuro. Deste
modo, o processo de ensino-aprendizagem fica comprometido e sem chances de inserir o
educando no mundo que o rodeia, pois ele pode achar que não terá condições de se igualar a
outros seres humanos em termos de desenvolver seu potencial para servir a sociedade como
um todo, na qual cada um tem que desempenhar um papel diferente. Como seria uma
sociedade só de doutores? Deve-se perceber que cada um tem sua importância diante do todo.
É necessário, é reconhecido e se reconhece como tal, um indivíduo importante e competente
para desenvolver o seu papel diante da sociedade.
É necessário ressaltar que freqüentar uma escola que não esteja apenas preocupada
com a quantidade de conteúdo, mas com a importância de envolver o sujeito aprendente nesse
processo. Para isso é necessário então que não se priorize o que os pais muitas vezes esperam
em relação à quantidade de informações a serem transmitidas, mas sim também com a
qualidade delas para a sólida construção do conhecimento. Isso pode ser feito a partir de uma
transformação nas estratégias ou metodologias utilizadas pela maioria dos professores, a
sugestão é a utilização do lúdico para desenvolver os conteúdos estabelecidos no
planejamento escolar sem haver nenhum prejuízo na construção de conhecimento do aluno e
nem mesmo em seu desenvolvimento.
O planejamento escolar é fundamental para se atingir o ponto máximo das capacidades
e potencialidades do sujeito aprendente. Gostaria de destacar a Língua Portuguesa como
sendo de fundamental importância para que exista uma maior compreensão interpretativa de
todas as outras áreas. É com o conhecimento da língua que se conhece e utiliza que o sujeito
com o conhecimento adquirido em Língua Portuguesa vai dominar o significado dos símbolos
para a correta interpretação de fatos, acontecimentos, informações, enfim tudo que for
transmitido como sendo parte de um grande quebra-cabeça que só poderá ser montado
mediante o conhecimento. Aquele que detém o conhecimento tem o poder de transformar.
Portanto sem a devida valorização da Língua Portuguesa isso não acontece de forma
significativa e profunda, não gerando disposição, conhecimento e segurança para as
mudanças.
Há modos de aprender por palavras “boas”, pelo tom em que são ditas que toca o
desejo, toca o corpo emocional do aprendente, porque o que é passado não é só cognitivo, mas
está envolto em aspectos emocionais.(Manzini Covre, 2007). Isto é válido igualmente para
pensar o lúdico na forma de passar o conhecimento, pois o brincar é a forma espontânea da
criança de poder ser, o que assegura a incorporação do conhecimento.Sobre essa relação no
processo ensinar e aprender pelo lúdico parece-nos emblemático quando damos voz às
crianças: Quando a gente tem que aprender às vezes é chato prestar atenção o tempo todo,
então a gente erra e não aprende. Agora desse jeito é muito legal porque para eu poder me
divertir eu não posso esquecer nenhuma regra senão meu amigo passa na minha frente, a
gente nem percebe que está estudando, estou gostando desse jeito de aprender. São
manifestações de o que se aprendeu tem vida nessas crianças.
9. 2. 2. - Levantamento das Categorias
Após as entrevistas e refletindo sobre todas as respostas dadas, estabelecemos algumas
categorias que a nosso ver constituem importantes indicadores da diferença do trabalho
desenvolvido pelas professoras.
Nas categorias, foi computado o número de vezes em que ocorreram as palavras
categorizadas em todas as entrevistas, considerando-se como relevantes uma diferença maior
do que quatro pontos.
CATEGORIAS 3ª A 3ª B PONTOS RELEVANTES
ENSINAR 02 -
APRENDER 27 10 Diferença de 17 pontos
ESTUDAR 05 02
BRINCAR NA ESCOLA 28 08 Diferença de 17 pontos
BRINCAR FORA DA ESCOLA - 09 Diferença de 09 pontos
DIVERTE 09 02 Diferença de 07 pontos
JOGO 16 02 Diferença de 14 pontos
MÚSICA 01 -
LEGAL / INTERESSANTE 08 - Diferença de 08 pontos
FOLHAS / LIÇÃO 05 07
RECREIO 03 02
ENTRADA / SAÍDA 01 -
CONVERSA 01 -
RESPEITO 01
FELIZ 02 -
PARQUE 01 -
ENTUSIASMO 01 -
FÁCIL 03 03
CRIATIVIDADE 01 -
CHATA / NERVOSA / TRISTE - 06 Diferença de 06 pontos
LER E ESCREVER - 01
BAGUNÇA - 04 Diferença de 04 pontos
9.2.3. – Análise das Categorias
De acordo com esse levantamento e considerando uma diferença acima de quatro
pontos na comparação dos resultados das categorias, verificamos a ocorrência de alguns
pontos relevantes que chamam muito a atenção.
As vantagens apresentadas pela classe da 3ª série A (Grupo Experimental) puderam
ser notadas devido aos benefícios proporcionados pelos jogos, que implicam um melhor
desempenho em todo o desenvolvimento da criança, integrando-a melhor a seu grupo,
possibilitando a ela lidar melhor com suas próprias dificuldades e estimulando também maior
desejo e disposição para aprender.
Se comparar as entrevistas das duas turmas, teremos de considerar que existe uma
diferença bastante clara na facilidade de comunicação, maior desembaraço e segurança nas
crianças da 3ª série A; enquanto as crianças da 3ª série B (Grupo de Controle) mostraram-se
ansiosas, preocupadas com as respostas que estavam dando, deixando a impressão de que
estavam precisando de alguém para dirigir seus pensamentos e indicar se estavam no caminho
certo ou não.
O que chama a atenção foi que a classe da 3ª série A apresentou grande diferença entre
as categorias: brincar, aprender e jogo. Nessas categorias foi mostrada visível satisfação em
participar das atividades desenvolvidas na escola, e a classe da 3ª série B demonstrou maior
incidência em algumas categorias, como “brincar fora da escola”, “triste” e “bagunça”. Como
é demonstrado a seguir de acordo com a fala das crianças::
• Ah! Você tem que aprender se divertindo, que nem a professora, ela ensina pra gente
dando jogo, divertindo a gente.
• Porque é legal a gente aprende brincando também, a professora é legal
• Por causa que a gente precisa ta feliz pra poder fazer alguma coisa se não a gente
não tem ânimo, aí a gente não faz nada.
• Ah, um monte de jogo da matéria, assim a gente aprende brincando
Se levarmos apenas essas categorias em consideração, percebemos que quando se
trabalha de forma mais próxima da criança, de forma interessante e prazerosa, podemos obter
sucesso não só em conteúdos que normalmente serão cobrados em avaliações, mas também
em termos de comunicação com o outro que é essencial ao ser humano para entender e se
fazer entender, para fazer parte do mundo que o rodeia, podendo expressar seus pensamentos
de forma adequada e coerente.
O mesmo não aconteceu com a 3ª série B. As crianças ao apontar essas categorias,
fizeram-no com desapontamento, uma vez que isso só acontece, via de regra, fora da escola,
independente do que sentem pela professora. Como é apresentado a seguir pela fala das
próprias crianças:
• Ah! Não tem muitas brincadeiras, assim só quando chove,...
• ...Brincar não aprende nada
• Só um pouco de brincadeira
• Tem alguns jogos também assim que você aprende a ler
Concluimos então que a escola não deve ser vista como um local desagradável onde só
o trabalho tem valor. Deve ser vista também como um local agradável onde se desenvolvem
conteúdos, respeitando-se as potencialidades das crianças e levando em conta o que é inerente
a todas elas, almejando ao final um bem viver.
Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras
prontas, não significações. Elas devem aceitá-las para poder se transformar
num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os professores.
As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados.
Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. A
força da manipulação autoritária faz sombra à força da vida instintiva da
criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo.
No entanto, o jogo está presente na escola, quer o professor permita
quer não. Mas é um jogo de regras marcadas predeterminadas, em que a única
ação permitida à criança é a obediência, ou melhor, a submissão.(DIAS, 2001:
p. 54).
O jogo é importante para o desenvolvimento saudável da criança e diferentemente do
que é apresentado pela autora acreditamos ser importante para haver a construção de
conhecimento, é necessário que as crianças sejam ouvidas, que participem ativamente de todo
o processo ensino-aprendizagem para que se efetive a aquisição, apropriação e autoria de
pensamento. Isso pode ser refletido na forma de comunicação utilizada pelas crianças, na qual
a classe da 3ª série A expressa-se com muito mais clareza e coerência, portanto organizam
melhores as idéias.
XI – CONCLUSÃO
Nesta pesquisa, pudemos observar que a criança sente-se mais feliz quando se percebe
integrante de um grupo coeso, amigo. Mais segura quando pode arriscar-se a participar das
atividades, sem a obrigação de acertar ou ganhar e capaz, quando através do jogo encontra
caminhos para executar ou receber ordens, não se preocupando em devolver ao professor
exatamente o que ele lhe transmitiu, muitas vezes sem entendimento pela falta de significado
ou pela falta da relação que este fato tem com seu ambiente.
Nossa preocupação sempre foi com uma Educação que proporcionasse a realização de
um trabalho através do lúdico, do brincar por ser inerente às crianças.
A escola deve ser vista como sendo um lugar agradável, que possa ampliar as
possibilidades do aluno, desenvolvendo habilidades, oportunizando participação, ao mesmo
tempo em que gera independência e principalmente confiança no professor, nos colegas de
classe e em si próprio. Através deste estudo, pudemos perceber que se constroem vínculos
afetivos tanto com o professor como com as outras crianças, nos quais surgem a solidariedade
e a partilha, estimulando e abrindo caminhos para melhor compreensão e participação nas
atividades.
Fomos percebendo que os jogos podem ser um agente transformador em todo o
processo de aprendizagem. Há um ganho qualitativo, havendo maior aprofundamento, com
maior controle da atenção dos alunos, mantendo-se um alto nível de motivação durante a
apresentação dos conteúdos estabelecidos no currículo escolar. Dessa forma, a escola assume
importante papel, não só quanto à informação, mas também de formação, estabelecendo,
através da estimulação do ambiente, a interação, não só com as pessoas, mas também com os
conteúdos.
A criança, através dos jogos, sente-se integrante de todo o processo e
conseqüentemente desenvolve uma auto-imagem positiva, tendo prazer em participar, sem
sentir-se obrigada a vencer, uma vez que em um jogo há também perdedores. E ao perder,
cresce por aprender com seus erros. Portanto, cabe aos adultos não acentuarem a importância
de vencer, mas enfatizar que sempre haverá aquele que vence e aquele que perde e auxiliar a
criança a avaliar por que venceu e por que perdeu.
Os alunos que trabalharam com os jogos participaram a todo momento da avaliação
dos resultados alcançados e não só de seus resultados individuais, mas os de todas as crianças,
possibilitando assim uma maior compreensão e aprendizagem.
A partir das leituras, do contato que tivemos com as crianças, das análises e das
avaliações, dos questionários e das entrevistas, refletimos na validade desta pesquisa e na
viabilidade da proposta, questionando se realmente existe dentro do contexto escolar
possibilidade e condição para que os jogos sejam instrumentos para um trabalho educativo.
Escolher o método experimental teve como objetivo demonstrar de forma concreta que
a partir do momento que nós, professores, nos dispomos a buscar novos caminhos, traçar
procedimentos para alcançar os objetivos, temos de nos preocupar mais em pesquisar novas
formas de trabalho, visando a uma melhoria e não deixar apenas que as coisas aconteçam ou
fazer apenas o que sempre deu certo ou ainda ficar esperando que alguém tenha a coragem e a
audácia de buscar uma renovação nas técnicas de ensino utilizadas.
Os professores as vezes apresentam uma postura de conformismo diante da realidade,
aceitando ou repetindo a cada ano as mesmas técnicas, os mesmos trabalhos, as mesmas aulas
sem inovarem, o que pode tornar suas aulas maçantes não só para os alunos, mas também para
eles próprios.
O ideal seria que os professores tivessem em sua práxis a pesquisa, pois assim não
perderiam de vista a fase de desenvolvimento de seus alunos, atendendo suas necessidades.
A experiência aqui relatada referente ao uso dos jogos no desenvolvimento dos
conteúdos especificados no currículo escolar demonstra sua viabilidade através dos resultados
obtidos pelo grupo experimental, no qual a principal variável é a interferência do próprio jogo
e suas particularidades, porque a idade das crianças dos grupos, a realidade sócio-econômica,
o planejamento, avaliações e conteúdos eram os mesmos.
Não podemos deixar de refletir no papel do professor, que é essencial na articulação
das estratégias ou escolha dos instrumentos que irá utilizar para que seu desempenho como
mediador de toda transmissão de conhecimento seja coerente com o que ele próprio acredita;
com seus valores, suas crenças, seus motivos e principalmente o que lhe é significativo.
A partir do momento em que o professor compreender o quanto seu trabalho irá
tornar-se mais agradável, com perspectiva muito maior de alcançar seus objetivos, buscará
formas mais adequadas de desenvolver conteúdos que não sejam apenas folhas ou exercícios
com diferentes formas de apresentação para a compreensão ou fixação de conteúdos.
Este trabalho vem demonstrar que o professor deve preocupar-se em adequar as
atividades às necessidades psicológicas de seus alunos. Deve buscar elementos que o levem a
pensar e repensar em seus alunos, o que realmente tem significado para eles em suas
necessidades. Assim, conseqüentemente, não exigirá que fiquem absolutamente quietos,
sentados um atrás do outro, gerando, muitas vezes, situações de enfrentamento, dificultando o
controle e a absorção dos conteúdos por parte dos alunos.
É importante que o professor envolva-se e almeje uma aprendizagem com autonomia,
independência, e principalmente satisfação. Que ele inove suas estratégias para a obtenção de
melhores resultados, dando sentido a todas as informações transmitidas.
O professor deve perceber que, atualmente, vivemos em um mundo de cobranças, no
qual se sobressai aquele que melhor se adaptar e não é trabalhando com base na quantidade de
informações, em conhecimentos fragmentados que estaremos dando oportunidade de nosso
aluno adaptar-se a este mundo. Devemos ter claro que esse aluno só se adaptará, se sentir que
faz parte deste mundo e para isso, devemos trabalhar com o que está próximo dele, o que ele
tem condições de compreender naquele momento. Os jogos propiciam o entrosamento da
criança com as situações do cotidiano, não de uma forma obrigatória e distante, mas sim de
uma forma prazerosa, integradora, satisfatória, fazendo com que a criança sinta-se, acima de
tudo, capaz, feliz e passe a compreender a necessidade de entrar em contato com informações
e conhecimentos que lhe trarão benefícios.
Podemos dizer que esses benefícios são da ordem de crescimento intelectual, social,
psicológico, emocional, principalmente nos relacionamentos que terão uns com os outros e
com a professora que, na maioria das vezes, é vista como a “Doutor sabe tudo”, distante.
Favorecendo o relacionamento, estaremos facilitando o desenvolvimento
da personalidade da criança, instigando-a na busca de um saber contextualizado,
um saber necessário para a compreensão do mundo onde está inserida.
De acordo com o exposto o professor ao considerar as experiências de seus alunos,
pode conseguir através do uso de jogos, possibilidades maiores e mais profundas de
participação, compreendendo a situação como um todo, com mais recursos para tomada de
decisão em uma jogada. As crianças demonstrarão maior interesse e entendimento pelos
conteúdos apresentados.
A professora pode perceber que ao transportar o lúdico para as atividades consegue
proporcionar um maior prazer na execução das mesmas.
Podemos dizer que o conhecimento é gerado pela ação, os jogos propiciam o
envolvimento da criança, possibilitando a construção do conhecimento através de interações
de fatores internos e externos.
Acreditamos que a aprendizagem seja um processo que deva envolver o aluno como
um todo, portanto o jogo é de grande importância nos processos interativos do ser humano
quanto à cognição e afetividade. Isso leva a uma ação educativa mais prazerosa, satisfatória,
porque o aluno participa de acordo com suas habilidades e interesses despertados pelo
professor que valorizará cada contribuição e participação de seus alunos, respeitando o
potencial que cada um tem na aquisição de conhecimento.
Enfim, o jogo é um grande integralizador, que só traz benefícios àquele que o utilizar.
Desperta a inventividade, a procura de novas respostas e comunicação, elementos que irão
favorecer o relacionamento de crianças com crianças e de crianças com o professor, tornando
assim a aprendizagem mais satisfatória e eficiente.
Conclui-se que os jogos conduzem à apropriação de conhecimento de forma a
potencializar o desenvolvimento da capacidade de atenção, organização, participação,
compreensão e outros aspectos tão importantes para o desenvolvimento pleno do aluno.
Terminamos com uma reflexão sobre o que escreveu Rubem Alves no livro Estórias
de quem gosta de ensinar:
Conheço um mundo de artifícios de psicologia e de didática para tornar
a aprendizagem mais eficiente. Aprendizagem mais eficiente: mais sucesso
na transformação do corpo infantil brincante no corpo adulto produtor. Mas
para saber se vale a pena seria necessário que comparássemos o riso das
crianças com o riso dos adultos e comparássemos o sono das crianças com o
sono dos adultos. Diz a psicanálise que o projeto inconsciente do ego, o
impulso que vai empurrando a gente pela vida afora, esta infelicidade e
insatisfação indefinível que nos faz lutar para ver se, depois, num momento
do futuro, a gente volta a rir. Sim, diz a psicanálise que este projeto
inconsciente é a recuperação de uma experiência infantil de prazer.
Redescobrir a vida como brinquedo. Já pensaram no que isto implicaria? E´
difícil. Afinal de contas as escolas são instituições dedicadas à destruição das
crianças. Algumas, de forma brutal. Outras, de forma delicada. Mas em todas
elas se encontra o moto:
A criança que brinca é nada mais que um meio para o adulto que produz
(ALVES,1985: p.8).
O jogo não é só divertimento e passatempo, mas também
contextualizador da criança na realidade.
Célia Zanatta
XI – REFERÊNCIAS
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WEISZ, Telma. O Diálogo entre o Ensino e Aprendizagem. São Paulo: Àtica, 2002.
Anexo AConteúdos e atividades trabalhadas através
Jogos da Investigação Inicial
JOGO DA MEMÓRIA
COLETIVO
• Jogo com 18 pares
O jogo é composto por 18 cartas com palavras escritas que são os coletivos e 18 cartas
com o substantivo correspondente e espaço para as crianças fazerem o desenho respectivo.
Esse jogo é para ser utilizado por duplas ou grupos de mais crianças.
As cartas deverão ser embaralhadas e viradas para baixo; assim cada criança em sua
vez deverá virar duas cartas, buscando formar pares. Conseguindo; pega-as para si, caso
contrário, vira-as novamente e passa a vez para o próximo jogador.
• Ganha quem fizer o maior número de pares.
BINGO
SONS DE “X”
• Distribuir uma cartela para cada criança.
• Cada criança deverá preencher a cartela distribuindo como quiser três vezes cada som
do “X” e depois selecionar por escolha própria mais três e completar a cartela.
• Sons – CH / Z / S / SS / CS /
• A professora irá sortear as palavras e as crianças deverão marcar em sua cartela o som
do “X” correspondente a essa palavra.
• Ganha quem preencher uma coluna, fileira ou cartela toda de acordo com o que a
professora combinar.
Exemplo de palavras:
EXERCÍCIO, CRUCIFIXO, XÍCARA, EXPLICAÇÃO, EXIGIR, EXECUTAR...
JOGO DA FOCA
SUBSTANTIVO SIMPLES E COMPOSTO
● Um jogo para três crianças.
● Cada uma escolhe uma cor de ficha.
● Fazer dois ou um para ver quem começa.
● A criança vai para a casinha número um, sorteia uma frase e diz se o substantivo
destacado é simples ou composto.
● Se estiver certo vai para a casinha número dois, se errar ou não souber, fica parado ou
volta para o início.
● Ganha o jogo quem chegar primeiro ao topo.
Anexo BJogos desenvolvidos para desenvolvimento do
currículo escolar
LÍNGUA PORTUGUESA
ARTIGOS DEFINIDOS E INDEFINIDOS
01 -Jogos de percurso:
• Jogo da tartaruga – Figura 1
• Jogo do sapo – Figura 2
• Jogo do caranguejo – Figura 3
• Vamos atravessar o lago - Figura 4
• Jogo da corrida maluca – Figura 5
Será fornecido um jogo para cada criança e uma ficha colorida para ser deslocada nas
casas de acordo com os acertos.
A professora diz uma palavra ou desenho que será sorteado, pedindo para a criança usar o
artigo corretamente:
- Que artigo definido (ou indefinido) pode ser usado com:
EX: ______bolas
______montanha
Em caso de acerto, andar uma casa, caso contrário, fica no lugar ou volta para o inicio.
Ganha a criança que chegar primeiro ao final do percurso.
02 -Jogos de percurso:
Separar a classe em grupos de 4 crianças. Cada criança deverá ter uma ficha de cor
diferente das demais crianças de seu grupo.
Sortear uma frase que deverá ser completada com os artigos. Se a criança acertar,
vai para a casa adiante. Caso contrário, fica no lugar ou volta ao início.
Observação – No jogo da corrida maluca respeitar a ordem das casas.(ex: volte
duas casas)
EX: Era_____terra quente e _____bichos sofriam.
_____ beija-flor pousou sobre_____flor.
Ganha a criança que terminar o percurso primeiro.
03 - Corrida da bexiga
A professora deverá distribuir entre as crianças bexigas preparadas previamente,
colocando cartõezinhos com artigos definidos e indefinidos dentro.
Depois fazer duas ou três fileiras com as crianças sentadas no chão. Ao sinal da
professora, a primeira criança corre até um local estipulado anteriormente, enche a bexiga até
estourar, pega o cartãozinho de dentro da bexiga e diz uma frase, utilizando o artigo que
estava lá dentro e em seguida volta correndo para o final da fileira a que pertence. A segunda
criança corre ao local, faz a mesma coisa e assim sucessivamente até que todos tenham
participado.
Ganha a fileira que acabar primeiro.
04 – Bingo dos artigos
Será dada a cada criança uma cartela de bingo.
Ex:
Cada criança distribuirá os artigos existentes nos lugares que escolher e colocará nos
outros espaços mais quatro da sua livre escolha.
Conforme a professora sortear palavras ou frases, as crianças marcarão os espaços
com os artigos que combinam.
Ganha quem primeiro fizer uma seqüência horizontal ou vertical ou ainda encher toda
a cartela de acordo com a regra combinada no início do jogo com todos os participantes.
Exemplo de palavras: caixa, pente, almofada, relógio, pipas,...
Exemplo de frases:
– _______ capa da menina está molhada.
– Ana viu_______ desenho de __________ galinha no mural.
– João viu________ pássaro.
– Maria é_________ menina bonita.
– Disputa entre equipes
A professora deverá dividir a classe em duas equipes. Cada equipe deverá preparar
perguntas ou montar frases para a outra completar. A regra é que só poderá ser utilizado o
artigo definido ou indefinido.
Será dado um ponto à equipe que elaborar corretamente a pergunta e à equipe que
responder com acerto. Depois as equipes trocam de tarefa.
Antes de iniciar o jogo, combinar com as duas equipes a quantidade de pontos que se
deve juntar para serem os vencedores.
06 – Corrida do artigo
A professora deverá dividir a classe em duas fileiras, nas quais as crianças deverão
ficar em pé em um local já combinado. Deverá haver várias frases com lacunas.
Ao sinal da professora, a primeira criança corre até o local combinado, pega uma frase
e a completa com um artigo, depois corre para o final da fileira a que pertence.
A segunda criança da fileira faz a mesma coisa e assim sucessivamente, ganhando a
fileira onde todas as crianças participarem e terminarem em primeiro lugar e corretamente.
Exemplo de frases a serem utilizadas:
________canetinha veio em ___________bolsa.
Era___________ terra quente e _________bichos sofriam.
_________ menina ama __________ pássaro.
___________ são de ____________ professor.
07 – Jogo da memória
A professora deverá distribuir para todos os alunos dezoito fichas com os artigos
escritos e dezoito fichas com desenhos.
As fichas deverão estar todas viradas para baixo e embaralhadas.
As crianças, uma de cada vez, deverão ir virando duas cartas por vez e ir montando os
pares, ou seja, uma ficha com desenho e outra com o artigo (de gênero) correspondente.
Esse jogo poderá ser em dupla ou individual, o tempo deverá ser marcado pela
professora ou a regra poderá ser: quem terminar primeiro encontrando todos os pares, será o
vencedor.
08 – Jogo do palito
A professora deverá dividir a classe em quatro grupos que deverão sentar-se em
círculo no chão. Irá distribuir um palito colorido para cada grupo e escreverá quatro frases
com lacunas na lousa, ou seja, uma frase para cada grupo. Para cada rodada, um conjunto
novo de quatro frases.
Ao sinal da professora, o aluno que estiver com o palito deverá completar a frase com
artigos e passar rapidamente ao colega da direita, este ao seguinte, e assim sucessivamente.
Novamente a professora dá o sinal, a criança que estiver com o palito na mão deverá
completar a frase escrita na lousa para seu grupo, utilizando os artigos.
Observação – a regra é que o palito deverá ser segurado com as duas mãos ao passar e
receber.
Ganha um ponto o grupo que completar a frase corretamente. O jogo poderá continuar
até o grupo alcançar o número de pontos determinados antes do inicio do jogo.
Exemplo de frases a serem utilizadas:
- Dei_______flores para __________ professora
- _______roupas servem para___________homem.
- _________caixa de bombom está cheia.
- __________ abacaxi é__________fruta azeda.
09 – Jogo da trilha
Serão distribuídas folhas com o jogo de trilha. Cada criança deverá colocar nos
espaços os artigos definidos ou indefinidos de forma aleatória.
A professora sorteará palavras. As crianças deverão marcar o artigo que corresponde a
cada palavra sorteada.
O primeiro aluno que fizer a trilha, que poderá ser na horizontal, vertical ou na
diagonal será o vencedor.
O jogo poderá ser continuado e ir formando várias trilhas onde a professora poderá ir
classificando, primeiro colocado, segundo...
Figura 6
Exemplo de palavras a serem utilizadas: lápis, cachorrinho, pipoca, senhoras, lixo,
mala, viagens...
10 – Jogo do desenho 1
Distribuir folhas contendo desenhos, uma ficha colorida e um dado.
A criança deverá jogar o dado, andar para a casinha com sua ficha de acordo com a
quantidade e formar uma frase utilizando o artigo correspondente. Se a criança formar a frase
devidamente, fica na casinha que chegou, caso contrário, volta ao início do jogo ou à casa que
estava anteriormente.
Ganha quem chegar ao final em primeiro lugar.
Figura 7
11 – Jogo do desenho 2
Seguir as mesmas orientações do exercício anterior.
Variante – a criança poderá apenas utilizar artigos definidos ou indefinidos
determinados antes do inicio do jogo pela professora.
Figura 8
ADJETIVO
01 – Sorteio de adjetivo
A professora deverá dividir a classe em duas equipes, sortear uma palavra ou desenho,
as crianças deverão em silêncio levantar o braço, quem levantar primeiro deve dizer um
adjetivo para o substantivo que foi sorteado. Se a criança acertar, sua equipe marca um ponto.
Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.
Exemplo de palavras a serem utilizadas:
Sorvete, macaco, sol, autorama, boneca, lixo...
02 – Meu colega é...
A classe deverá ser dividida em três equipes e depois a professora entregará uma tira
de papel para cada criança em que escreverá uma qualidade e um defeito de um colega que
escolher.
Todas as tiras deverão ser recolhidas e embaralhadas. Uma criança por vez pega uma
tira qualquer,lê o que está escrito e tenta adivinhar a que colega se referem as qualidades e os
defeitos.
A criança que conseguir acertar marca um ponto para sua equipe.
Vence a equipe que juntar o maior número de pontos.
03 – Anúncio na TV
A classe deverá ser dividida em equipes. Cada criança receberá uma televisão (de
papel com o centro vazado) que colocará ou à frente de seu rosto e escolherá um objeto ou
desenho para o qual deverá criar cinco adjetivos para fazer anúncio na TV.
EX. Atenção, atenção. Olhem esse produto. Vejam como é...(dizer os adjetivos
escolhidos, como bonito, alto, simpático, etc...)
Ganha um ponto a cada anúncio criativo apresentado por uma criança de cada equipe.
Figura 9
04 – Dominó de adjetivos com palavras e desenhos.
A professora fornecerá a cada duas crianças um jogo de dominó com 24 peças com
desenhos e adjetivos. Deverá ser jogado como um jogo de dominó comum.
05 – Caça adjetivos
A professora entregará para cada criança uma folha com um quadro com as letras
todas embaralhadas, para procurar adjetivos das palavras: chuva, criança e chocolate. As
crianças devem colorir cada palavra ou adjetivo com uma cor de lápis diferente.
06 – Jogo da memória.
Serão entregues para cada duas crianças 18 fichas com desenho e a palavra
correspondente. Em outras 18 fichas, adjetivos das fichas anteriores. As crianças deverão
procurar os pares.
As fichas deverão estar todas embaralhadas viradas com os desenhos e palavras para
baixo.
Cada criança, uma de cada vez, deverá virar duas cartas, uma com o desenho e a outra
com seu respectivo adjetivo. Acertando, guarda para a contagem final. Caso contrário, deve
virá-la novamente para a próxima criança.
Ganha a criança que juntar o maior número de pares.
07 -Jogos de percurso.
A professora distribuirá um jogo de percurso a sua escolha ou das crianças.
A professora sorteará uma palavra ou desenho e uma criança deverá dizer três adjetivos
correspondentes.
Acertando, andará uma casa. Caso contrário, fica parada ou volta para o início. Outra
criança deverá dizer outros três, até esgotarem-se os adjetivos. A professora sorteará outra
palavra ou desenho para dar continuidade ao jogo.
Ganha a criança que chegar ao final primeiro.
Exemplos de palavras ou desenhos a serem utilizados:
Avião, bala, lixo, aquarela, camelo...
08 – Competição de adjetivos
A professora divide a classe em duas ou três fileiras, coloca no alto da lousa duas ou
três palavras (uma para cada equipe).
Ao sinal, a primeira criança de cada fileira deve ir à lousa escrever um adjetivo da
palavra de sua equipe, quando chegar ao seu lugar é a segunda criança que vai até a lousa
escrever adjetivos diferentes, e assim sucessivamente.
Ganha a fileira que fizer mais rápido o maior número de adjetivos.
09 – Jogo de competição
A classe será dividida em duas equipes. Uma equipe diz uma palavra e a outra tem de
dar três adjetivos. Não vale demorar em responder, senão a equipe perde um ponto.
As equipes vão trocando de tarefa até ao sinal dado pela professora.
Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.
10 – Jogo da bexiga
A professora deverá preparar previamente bexigas com cartões dentro com palavras.
Divide a classe em 2 ou 3 fileiras; onde as crianças devem permanecer sentadas no chão. Ao
sinal da professora, a primeira criança corre até o local anteriormente combinado, enche a
bexiga até estourar, pega a palavra que estava dentro e diz um adjetivo correspondente. Volta
correndo para o final da fileira a que pertence, a segunda criança da fileira faz a mesma coisa
e assim sucessivamente.
Ganha a fileira cujas crianças participarem em menor tempo.
11 – Formar adjetivos
Cada criança receberá uma folha com letras soltas em uma nuvem, devendo procurar
com as letras formar adjetivos.
Ganha quem fizer o maior número de adjetivos num menor tempo, ou no tempo
determinado pela professora.
12 – Descubra o adjetivo
A professora deverá prender com uma fita adesiva nas costas de cada criança um
adjetivo, feito pela própria criança em ¼ de papel sulfite.
Depois cada participante ou criança receberá uma folha de papel e um lápis para
anotar o maior número de adjetivos (que estão nas costas dos colegas) e ao mesmo tempo
fazer o máximo para que nenhum participante leia o que está em suas costas.
Ganha quem anotar o maior número de adjetivos.
13 – Alfabeto do adjetivo
Na sala de aula os alunos ficam sentados na carteira. Cada aluno representa uma letra
do alfabeto ou a inicial de seu nome. O professor explica que escolherá um aluno e este
deverá dizer um adjetivo com sua inicial.
A professora dividirá a classe em duas equipes. As crianças deverão permanecer
sentadas em seus lugares ou em um círculo no chão, cada um irá representar uma letra do
alfabeto ou a inicial de seu nome.
Um aluno por vez de cada equipe deverá dizer um ou mais adjetivos com sua letra ou
inicial de seu nome, marcando um ponto.
Ganha a equipe que marcar o maior número de pontos.
14 - Jogo do desenho 1 - Figura 7
- Jogo do desenho 2 - Figura 8
Cada criança receberá o jogo do desenho 1 ou 2 escolhido pela professora ou pelos
alunos. O aluno deve jogar o dado, andar com a ficha colorida e quando chegar na casa
correspondente dar um adjetivo para o desenho. Acertando, fica nesta casa. Caso contrário,
volta para a anterior ou para o início.
Ganha o jogo quem primeiro chegar ao final.
ESCRITA DOS NUMERAIS
01 – Dominó
Será distribuído um jogo de dominó com 24 peças com o símbolo de numerais e a
escrita por extenso para cada grupo de crianças determinado pela professora.
O jogo deve ser feito como o jogo de dominó tradicional.
02 – Jogo da memória
Cada criança receberá 18 fichas com o símbolo dos numerais e 18 fichas da escrita por
extenso, desses mesmos numerais.
As fichas deverão ficar voltadas para baixo e embaralhadas.
Cada criança deverá virar duas cartas para tentar montar pares; se não forem
correspondentes deverá virá-las novamente.
Ganha a criança que conseguir maior número de pares no final.
03 – Competição
A professora divide a classe em duas equipes: uma será chamada de equipe A e a outra
equipe B.
Uma criança de uma equipe escreve em um papel um numeral e a outra equipe
representada por outra criança tem de ler e escrevê-lo por extenso na lousa.Vale também o
contrário, ou seja, escrever por extenso e a outra equipe deve utilizar o símbolo
correspondente.
Acertando, ganha um ponto e passa a vez para a outra equipe fazer a pergunta.
Ganha o jogo a equipe que juntar o maior número de pontos.
04 – Jogo da forca
A professora deverá dividir a classe em duas equipes e fazer o jogo da forca
(tradicional) com a escrita por extenso dos numerais.
Se a equipe acertar antes de ser “enforcada”, ganha um ponto.
Ganha a equipe que alcançar o maior número de pontos.
05 – Escrita de numerais
A professora deverá dividir a classe em duas equipes e dizer um número, uma criança
de cada equipe vai até a lousa e escreve por extenso. Ganha um ponto a equipe que escrever
corretamente.
Ao final conta-se quantos pontos tem cada equipe e ganha a que somar mais pontos.
06 – Descubra o Numeral
A professora deverá prender uma ficha nas costas de cada criança com um numeral
escrito por ela própria em ¼ de papel sulfite. Cada participante ou criança receberá uma folha
de papel e um lápis onde deverá escrever o maior número de numerais por extenso que
copiará das costas das outras crianças e ao mesmo tempo deve esconder suas costas para que
dificulte a leitura pelas outras crianças.
Ganha quem conseguir fazer um maior número de anotações.
07 – Jogos de percurso:
A professora escolhe o jogo que vai ser utilizado pelas crianças.
A professora sorteará ou colocará na lousa a escrita por extenso de alguns numerais e uma
criança deve dizer qual o símbolo. Se houver acerto, deverá andar uma casa, caso contrário
deverá parar ou voltar para o início.
Ganha a criança que chegar em primeiro lugar ao final do percurso.
08 – Bexiga dos numerais
A professora deverá preparar as bexigas anteriormente colocando em cada uma um
cartãozinho com a escrita por extenso de numerais.
Separa a classe em duas ou três fileiras. A primeira criança de cada fileira corre até o
lugar combinado, enche a bexiga até estourar, lê o cartão de dentro da bexiga, executa a
ordem e volta correndo para o final de sua fileira.
A segunda criança de sua fileira faz a mesma coisa e assim sucessivamente.
Ganha a fileira em que todas as crianças participarem.
PRONOME DO CASO RETO
01 – Jogo de percurso:
Poderá ser utilizado qualquer jogo de percurso.
A professora deverá sortear frases para serem completadas com os pronomes do caso
reto.
No acerto, andar uma casa. Caso contrário, ficar parado ou voltar para o início.
A criança que chegar primeiro ao final do percurso ganha o jogo.
Exemplo de frases a serem utilizadas:
- __________jogamos bola
- ___________chegou.
- Ontem__________foi ao cinema.
- _________como verdura.
02 – Jogo do palito
As crianças sentadas em círculo passando um palito colorido. Ao sinal da professora, a
criança com o palito ficará em pé e responderá à pergunta:
“Qual o pronome que deverá ser usado?”.
EX. _____sou bonito e _____são legais.
_____ é bonita.
Quem errar sai da brincadeira. Quem conseguir chegar ao final será o ganhador.
03 – Separando Palavras
Equipes de mais ou menos cinco crianças receberão vários cartões com palavras que
devem separar de acordo com a seguinte divisão – artigos / adjetivos e pronomes.
Ganha quem separar corretamente em menos tempo.
Exemplo de palavras a serem utilizadas:
Bonito, eu, gelado, uma, tu, o, grande, etc...
04 – Bingo dos pronomes
A professora dará para cada criança uma cartela de bingo. Exemplo:
As crianças deverão escrever os pronomes de forma aleatória.
A professora dirá uma frase, onde haja pronomes e as crianças deverão identifica-los,
marcando-os nas cartelas.
Ganha o jogo a criança que preencher a cartela parcialmente ou completa, de acordo
com o que for combinado antes do início.
Exemplo de frases a serem utilizadas:
Ela é namorada do Paulo.
Tu cantas rock?
Nós fomos passear.
Amanhã eu irei ao parque.
05 – Caracol dos pronomes
Será fornecido um jogo, um dado e uma ficha para cada criança.
Após jogar o dado, a criança andará de acordo com o número sorteado e dirá uma
frase, utilizando o pronome da casa que caiu.
Acertando, a criança fica no lugar sorteado. Caso contrário, volta para o início ou casa
anterior.
Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.
06 – Dado dos pronomes
A classe deverá ser dividida em grupos. Cada grupo terá de formar uma frase com o
pronome, após jogar o dado.
A cada acerto, o grupo marcará um ponto.
Ganha o grupo que tiver maior número de pontos.
07 – Bexiga dos pronomes
Preparar previamente bexigas com cartões escritos com os pronomes. A professora
dividirá a classe em duas ou três fileiras com as crianças sentadas no chão. Ao sinal da
professora, a primeira criança das fileiras corre em direção a um ponto combinado, antes de
iniciar o jogo, enche sua bexiga até estourar, pega o pronome que estava dentro e forma uma
frase.
Volta correndo ao final da fila, a segunda criança deverá fazer o mesmo e assim
sucessivamente.
Ganha a fileira que terminar primeiro.
08 – Escutar uma música
A professora coloca uma música para as crianças ouvirem com atenção; em seguida,
coloca novamente a mesma música para as crianças anotarem o maior número de palavras,
distribuindo-as depois em três colunas - artigo - adjetivos - pronomes.
Ao terminarem, receberão a letra da música para conferirem. Para cada acerto marcar
um ponto.
O vencedor será a criança que alcançar o maior número de pontos.
ORTOGRAFIA:
SC – XC
GU – QU
Trema
Com as fichas de palavras, trabalhar separadamente cada grupo de ortografia.
01 – Jogo de percurso:
A professora poderá escolher qualquer jogo de percurso para utilizar nessa atividade.
Será feito um sorteio de fichas com palavras ou desenhos com a ortografia a ser
trabalhada ou treinada. A criança determinada pela professora, ou grupo deverá dizer como é
a escrita correta.
Acertando, a criança deverá andar uma casa com sua ficha colorida. Caso contrário,
permanece parada.
Será vencedora a criança que chegar ao final em primeiro lugar.
Exemplo de palavras a serem utilizadas:
Excesso, banqueiro, guaraná, liquidificador, etc...
02 – Jogo do palito
A professora deverá dividir a classe em grupos e entregar um palito colorido para cada
um.
As crianças sentadas em círculo deverão passar o palito colorido para a criança que
está sentada a sua direita, ao sinal da professora e assim sucessivamente. A um novo sinal a
criança que estiver com o palito ficará em pé e responderá sobre a grafia correta da palavra
que a professora indicar.
Se a criança acertar, marca um ponto para seu grupo.
Ganha o grupo que acumular o maior número de pontos.
Exemplo de palavras a serem utilizadas:
Acrescentar, queimadura, sangue, tranqüilizar, etc....
03 – Competição
A professora deverá dividir a classe em duas equipes.
Cada equipe deverá escolher e organizar palavras com a ortografia escolhida; para
perguntar para a equipe adversária.
Acertando, a equipe questionada marcará um ponto.
Será vencedora a equipe que alcançar o maior número de pontos.
04 – Jogo da forca
Dividir a classe em duas equipes e fazer o jogo da forca tradicional com a grafia
correta das palavras escolhidas pela professora com o objetivo de treinar a ortografia.
Se a equipe acertar antes de ser enforcada, ganha um ponto.
Ganha o jogo a equipe que marcar mais pontos.
Exemplo de palavras a serem utilizadas:
Crescer, cheguei, periquito, seqüência, etc....
05 – Descubra a Palavra
A professora distribuirá algumas fichas com palavras com a ortografia a ser treinada.
Cada criança deverá escolher uma palavra que será fixada em suas costas.
Com papel e lápis na mão, as crianças deverão caminhar e tentar anotar o maior
número de palavras das costas das outras crianças, mas ao mesmo tempo tentar impedir a
leitura da palavra que está em suas costas.
Ganha quem conseguir escrever o maior número de palavras corretamente em um
tempo que será determinado pela professora.
06 – Treinando Ortografia
A professora deverá dividir a classe em duas equipes, dizer uma palavra que deverá
ser escrita por uma criança de cada equipe na lousa. Ganha um ponto se a escrita estiver
correta.
Ganha a equipe que acumular o maior número de pontos.
07 – Bingo da ortografia
A professora antes de iniciar a brincadeira distribui uma cartela de bingo para cada
criança.
EX:
Cada criança deverá preencher sua cartela com grupos de letras estipuladas pela
professora de forma aleatória, para treinar a ortografia. Ex - SC / XC / GU / QU. Depois de
sorteada a palavra, cada criança deverá marcar em sua cartela o grupo de letras.
Ganha a criança que preencher primeiro toda a cartela.
Exemplo de palavras a serem utilizadas: Consciência, freguês, querosene, pingüim,
saguão, etc...
MATEMÁTICA
OPERAÇÕES
01 – Pirâmide das operações.
Cada dupla de crianças recebe uma folha com uma pirâmide com espaços em branco.
A professora escolhe que tipo de operação vai trabalhar e determina a operação com as
crianças. Depois, coloca algumas contas na lousa e a dupla de escolhe o lugar para colocá-las
em sua pirâmide. Com o auxílio de um dado, é só jogar, andar até a casa correspondente,
resolver a conta que deverá ser corrigida pelo seu adversário. Se estiver correta fica em seu
novo lugar, caso contrário volta ao antigo.
Ganha quem chegar primeiro ao topo.
Exemplo de operações a serem utilizadas:
321 x 9 =
129 – 93 =
729 + 803 =
1664: 32 =
02 – Jogo de Percurso
A professora ou as próprias crianças poderão escolher qual o jogo de percurso a ser
utilizado
A professora coloca um número qualquer na lousa e determina qual será a operação (+
/ - / x /-:-), a criança joga dois dados e um será utilizado para a unidade e o outro para a
dezena, e deverá fazer o cálculo com o número colocado na lousa. Acertando, marcará um
ponto, andando uma casa. Caso contrário, fica no lugar.
Ganha quem chegar ao final antes de seu adversário.
OBS:- A professora poderá dividir a classe em duas equipes para trabalhar com toda a
classe.
Nomenclatura
03 - Caça Nomenclatura
Cada criança receberá uma folha em que deverá executar a ordem, procurando as
palavras no quadro de letras misturadas, colorindo da cor determinada.
Vence a criança que conseguir encontrar todas as palavras em primeiro lugar.
04 - Descobrir a palavra I
Cada criança receberá uma folha com charada matemática das operações, para se
descobrir a palavra. Através do resultado das contas, procurar a sílaba e ir montando a
palavra.
Vence a criança que descobrir todas as palavras em menor tempo.
05 – Descobrir a palavra II
Cada criança receberá uma folha com charada matemática das operações; para se
descobrir a palavra escolhida. Através do resultado das contas, procurar a sílaba e ir montando
a palavra.
Ganha a criança que descobrir todas as palavras em menor tempo.
06- Dados das operações
A professora divide a classe em duas equipes, um participante de cada equipe vai à
frente, joga o dado e faz a conta com os números determinados pela professora na lousa.
A cada acerto a equipe ganhará um ponto.
A equipe vencedora será a que alcançar maior número de pontos.
07 - Roleta das operações
Será montada uma roleta com três círculos sobrepostos: dois deles conterão numerais e
no outro, haverá sinais para executar as operações.
As crianças devem girar a roleta e fazer a conta com os numerais e sinal que a flecha
indicar em seu caderno.A cada acerto, marca-se um ponto.
Ganha quem conseguir alcançar maior número de pontos.DESAFIOS MATEMÁTICOS
08 – Jogo de percurso
A professora distribuirá o jogo de percurso escolhido pela classe e a ficha colorida
para dar seqüência à atividade.
A professora faz um sorteio de desafios, a cada acerto andar uma casa. Caso contrário,
ficar onde está.
Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.
Exemplo de desafios matemáticos a serem utilizados:
- Lúcia comprou 193 bolinhas de gude de André e 426 de Beto. Depois deu à
sua irmã 128. Com quantas bolinhas de gude ficou?
- Um fazendeiro vendeu 493 bois dos 987 que tinha. Com quantos ficou?
- Maria tinha 154 pombos. Fugiram 57 e depois foram colocados 85 no viveiro.
- Quantos pombos ficaram no viveiro?
09- Bingo
A classe será dividida em duas equipes para a professora sortear algumas operações e
deixar as crianças resolvê-las. A criança deverá copiá-las como quiser em sua cartela de
bingo.
EX:
Depois a professora copiará em pedaços de papéis o resultado dessas contas para o
sorteio. A lousa será apagada e o jogo iniciado. A professora dará o resultado sorteado e a
criança buscará qual a operação correspondente em sua cartela de bingo.
Ganha a criança que encher uma coluna ou cartela inteira como combinado com a
professora.
10 – Competição de Operações Matemáticas
Dividir a classe em duas equipes, passar na lousa operações com o mesmo grau de
dificuldade, em seguida uma criança de cada equipe fará o cálculo. Marca um ponto a equipe
que acertar a conta. Ir trocando de criança até todos da equipe participarem. Ganha a equipe
que terminar primeiro, executando as operações correspondentes.
11 – Sorteio matemático
Dividir a classe em duas equipes e sortear desafios ou contas. Uma criança de cada
equipe vai à frente e resolve o que foi sorteado, as outras crianças ficarão olhando para
fazerem a correção.
Para cada acerto, ganha-se um ponto.
Ganha a equipe que fizer mais pontos após o tempo determinado pela professora
Exemplo de desafios matemáticos a serem utilizados:
- Um feirante comprou 385 tomates e 329 cebolas. Quantos produtos ele
comprou?
- Tia Zefa fez 142 brigadeiros. As crianças comeram 59. Quantos sobraram?
- Tenho 194 balas para dividir para 12 crianças. Quantas vão sobrar?
Exemplo de contas a serem utilizadas:
- 523 x 14 =
- 321 + 102 =
- 300 – 198 =
- 144: 12 =
12 – Jogo dos símbolos
Joga-se o dado, quando cair na casa no quadrado, sorteia-se um desafio
matemático.
Cada criança receberá um jogo, um dado e uma ficha colorida. Ao jogar o
dado, andar na casa correspondente, sortear um desafio matemático, e seguir a ordem da casa
em que está.
Exemplo de desafios a serem utilizados:
- Vó Maria fez 94 brigadeiros, 293 docinhos de coco e 234 beijinhos. Já vendeu
329 doces. Quantos doces faltam vender?
- Em uma adega havia 520 litros de vinho. Foram consumidos 183 na festa da
cidade. Quantos litros sobraram?
- Em um sítio há 123 galinhas, 94 patos e 13 perus. Quantos são ao todo?
Ganha a criança que chegar ao final em primeiro lugar.
13 – Jogo da roleta
A classe será dividida em duas equipes. Joga-se a roleta com o auxílio de um clips, o
número que cair deverá ser multiplicado, dividido, somado ou subtraído pelo número que a
professora colocar na lousa. A cada acerto a equipe marcará um ponto.
Ganha a equipe que no final tiver o maior número de pontos.
SISTEMA MONETÁRIO
1 -Jogo da memória do sistema monetário
Cada criança receberá 18 fichas com o sistema monetário em símbolos e 18 fichas da
quantia correspondente escrita por extenso.
Todas as cartas deverão ficar viradas para baixo e embaralhadas. A criança deve
desvirar duas cartas com o objetivo de formar pares. Se não conseguir, vira as cartas
novamente e tenta outra vez.
Ganha a criança que tiver o maior número de pares no tempo determinado pela
professora. Esse jogo pode ser feito também em dupla ou em grupo.
2 – Dominó de sistema monetário
Cada grupo de duas ou três crianças receberá um jogo de dominó contendo 24 peças.
Joga-se como o jogo tradicional, no qual as peças contêm a quantia em símbolo
monetário e a quantia por extenso.
Ganha a criança que conseguir terminar em primeiro lugar as peças que tem em mãos.
3 – Vamos ás compras
Cada criança receberá um jogo, um dado e dinheiro de papel.
Será entregue para cada criança:
- 5 notas de $ 100,00
- 5 notas de $ 50,00
- 5 notas de $ 10,00
- 5 notas de $ 5,00
- 5 notas de $ 1,00
Joga-se o dado, a criança anda até a casa correspondente. Ela terá de comprar o
produto e assim por diante.
Ganha o jogo a criança que tiver mais dinheiro em mãos, depois de comprar todos os
produtos e chegar ao final.