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APLICAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO
PELO EXTERIOR TIPO ETICS
ASSOCIADO A REVESTIMENTO
CERÂMICO
CRISTINA BRITES MOURA
Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS
Orientador: Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas
JUNHO DE 2012
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2011/2012
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-508 1446
Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Rua Dr. Roberto Frias
4200-465 PORTO
Portugal
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mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -
2011/2012 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2012.
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Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
i
AGRADECIMENTOS
Ao longo da execução deste trabalho senti de forma muito lúcida alguns apoios e estímulos que
me levam agora a deixar aqui os meus sinceros agradecimentos, nomeadamente:
Ao Professor Vasco Freitas, pelos conselhos, pelo constante incitamento e por ter acreditado em
mim.
Ao meu namorado, pela ajuda prestada, por todo apoio e amor que me deu para que tivesse a
força de vontade necessária para completar esta jornada.
À minha família, por acreditarem na minha dedicação a este trabalho e compreenderem as
longas ausências.
Ao engenheiro António Pereira, pelo apoio e motivação prestados.
E a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste
trabalho.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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RESUMO
Tem havido uma evolução significativa na forma como se executam as fachadas dos edifícios
em Portugal. Na última década, foi introduzido em Portugal o sistema de isolamento térmico
pelo exterior, ETICS, no sentido de responder às crescentes exigências de conforto
higrotérmico. Este sistema constitui uma ótima solução, tanto do ponto de vista energético como
do ponto de vista construtivo.
Portugal tem também, uma forte tradição no que diz respeito ao revestimento de fachadas com
cerâmica. Na construção portuguesa, os revestimentos cerâmicos colados continuam a ser
amplamente utilizados, pois oferecem elevada durabilidade, bom desempenho técnico e vastas
possibilidades estéticas. Apesar da evolução da indústria e dos métodos de fixação, continua a
ser um revestimento confrontado frequentemente com graves patologias. O facto de este tipo de
revestimento de fachadas ter começado a surgir nos últimos anos, cada vez com maior
frequência, aplicado sobre o sistema ETICS, leva-nos a refletir até que ponto é viável podermos
considerar este sistema válido para a criação de uma ETA.
Avaliou-se desta forma no decorrer deste trabalho o processo para a elaboração de uma ETA,
bem como as suas exigências.
Procedeu-se à caraterização do cerâmico, à classificação das juntas, bem como à identificação
das patologias principais associadas ao sistema. Após esta análise pegou-se numa amostra de
edifícios com as características do sistema de aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo
ETICS associado a revestimento cerâmico, por forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.
Desta forma este trabalho teve o propósito de fazer uma amostra de obras realizadas com este
sistema e tentar perceber através das mesmas a exequibilidade do sistema.
PALAVRAS-CHAVE: ETICS, CERÂMICA, COLAGEM, FACHADA, HOMOLOGAÇÃO.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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ABSTRACT
There has been a significant evolution in the way are executed the facades of buildings in
Portugal. In the last decade, was introduced in Portugal the thermal insulation system from
outside, ETICS, in order to respond to growing requirements for comfort hygrothermal. This
system is a great solution, both from the point of view of energy as the constructive point of
view. Portugal has also, a strong tradition with respect to the cladding with ceramic. In the
construction Portuguese, the ceramic coatings glued still widely used, because they offer high
durability, good technical performance and many aesthetic possibilities. Despite the evolution of
the industry and methods of fixation, continues to be a coating often confronted with severe
pathologies. The fact this type of cladding begun to emerge in recent years, with increasing
frequency, applied to ETICS system, leads us to consider until point is feasible we can consider
this system valid for creating an ETA.
Thus was evaluated during this work the process for developing an ETA and their requirements.
Proceeded to the characterization of the ceramic, the classification of joints, and the
identification of the major pathologies associated with the system. After this analysis, picked up
a sample of buildings, with the characteristics of the application system external thermal
insulation type ETICS associated with ceramic coating, in order to achieve evaluate it on its
performance.
Thus this work aimed to make a sample of the works with this system and trying to understand
through the same, the feasibility of the system.
KEYWORDS: ETICS, CERAMICS, COLLAGE, FACADE, APPROVAL.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT ............................................................................................................................................... v
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA .......................................................................................................... 1
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................................... 2
2. ANÁLISE DA ETAG 004 ........................................................................................... 3
2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS ............................................................................. 3
2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS ........................................................................................... 4
2.2.1. DESCRIÇÃO DOS ETICS ................................................................................................................... 4
2.2.2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA .................................................................................................. 7
2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO. ................................................................. 8
2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE
UM DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO
TÉRMICO PELO EXTERIOR .................................................................................................................... 10
2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS ........................................ 10
2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO
TÉRMICO PELO EXTERIOR ......................................................................................................................... 15
2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA ....................... 25
3. REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS ............................................................................................................................... 27
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27
3.2. SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS .......... 27
3.3. ESTRUTURA DO SISTEMA ............................................................................................................. 28
3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO .............................................................................................................. 28
3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS ............................................................................................................. 31
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
viii
3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO......................................................................................................... 34
3.4. ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –
CLASSIFICAÇÃO GERAL ....................................................................................................................... 36
3.4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 36
3.4.2 DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS .......................................................................................................... 37
3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO ................................................................................................... 39
3.4.4 FISSURAÇÃO .................................................................................................................................... 40
3.5 ANÁLISE CRITICA ........................................................................................................................... 43
4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS ........................................ 45
4.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 45
4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS ................................................................................................................ 45
4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................................................... 47
4.3. ESTRUTURA DA FICHA ................................................................................................................... 48
4.4. FICHAS ............................................................................................................................................ 49
4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................................ 66
4.6. IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS ..................................... 69
4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS .................. 72
4.8. ANÁLISE CRITICA ........................................................................................................................... 72
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 75
6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 77
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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ÍNDICE DE FIGURAS
Fig.1 – Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC) .................................... 4
Fig.2 – Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre
poliestireno expandido (Freitas,2002) ...................................................................................................... 5
Fig.3 – Colagem Contínua ....................................................................................................................... 7
Fig.4 – Fixação Mecânica ........................................................................................................................ 8
Fig.5 – Cantoneira .................................................................................................................................... 8
Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS ............................................................................... 16
Fig.7 – Ficha de visita à fábrica .............................................................................................................. 18
Fig.8 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À
direita: Execução de provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC] ................................... 19
Fig.9 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À
direita: Sistema após ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC] .................. 19
Fig.10 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração
(zona em que não resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca
apropriada para a realização do ensaio de aderência, [LNEC]. ............................................................ 20
Fig.11 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de
base ao isolante; À direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC] ..................... 20
Fig.12 – Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC] ....... 21
Fig.13 – Quadro a preencher pela Empresa requerente ....................................................................... 23
Fig.14 – Ficha a preencher por técnicos do LNEC ................................................................................ 24
Fig.15 – Designação das dimensões dos ladrilhos ................................................................................ 29
Fig.16 – Imagem de peça cerâmica com identificação da junta ............................................................ 33
Fig.17 – Identificação das patologias mais relevantes........................................................................... 67
Fig.18 – Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções .......................................... 68
Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica ..................................................... 69
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição........................................................................ 6
Quadro 2 - Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico .................................................................... 9
Quadro 3 - Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu ................................... 12
Quadro 4 - Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico ......................... 12
Quadro 5 - Características do sistema ETICS exidas para a ER3 ................................................................. 13
Quadro 6 - Resistência mínima do sistema ETICS exigidas para a ER4 ....................................................... 14
Quadro 7 - Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete ..................... 21
Quadro 8 - Exigências definidas para os componentes do sistema ............................................................... 21
Quadro 9 - Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações ................................................................. 30
Quadro 10 - Valores caraterísticos médios ................................................................................................. 31
Quadro 11 - Tipos de juntas de construção (juntas estruturais) .................................................................... 32
Quadro 12 - Tipos de juntas de construção (juntas periféricas) .................................................................... 32
Quadro 13 - Tipos de juntas de construção (juntas intermédias) .................................................................. 32
Quadro 14 - Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou
cimentos - cola .......................................................................................................................................... 33
Quadro 15 - Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra ......................................... 34
Quadro 16 - Especificações para cimento cola e colas ................................................................................ 35
Quadro 17 - Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola ................................................................. 36
Quadro 18 - Patologias dos revestimentos cerâmicos ............................................................................... 37
Quadro 19 - Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas .............................................. 41
Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre
sistema ETICS........................................................................................................................................ 46
Quadro 21 - Identificação da Amostra ....................................................................................................... 48
Quadro 22 - Identificação das patologias ................................................................................................... 66
Quadro 23 - Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados ......... 66
Quadro 24 - Quantificação dos edifícios com determinadas patologias ......................................................... 67
Quadro 25 - Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS ................................... 68
Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS .................... 70
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ETICS - External Thermal Insulation Composite System
ETA - European Technical Approvals
EOTA - European Organisation for Technical Approvals
ETAG 004 – Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation
Composite Systems With Rendering
DEC - Departamento de Engenharia Civil
APFAC - Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção
LNEC – Laboratório de Engenharia Civil
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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01
INTRODUÇÃO
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O revestimento de fachadas cumpre um papel importante no desempenho dos edifícios, não só no que
diz respeito ao aspeto visual e embelezamento proporcionados, como também na durabilidade, na
valorização do imóvel e na eficiência térmica destes.
O sistema tipo ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems) garante a continuidade do
isolamento e a melhoria do conforto resultante do aumento da inércia térmica interior. Os fatores mais
relevantes da não aplicação do sistema, são a fraca resistência ao choque e o aparecimento de
manchas.
Portugal tem uma grande tradição na utilização de revestimentos cerâmicos no revestimento exterior
de fachadas. Assim a associação do revestimento cerâmico ao sistema tipo ETICS além de resolver os
problemas de resistência a choque e aparecimento de manchas, mantém a tradição incorporada em
Portugal de fachadas revestidas a cerâmica.
A integração destes dois elementos vai ser estudada e analisada ao longo desta dissertação.
1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA
É objetivo deste trabalho contribuir para o estudo da aplicação de isolamento térmico pelo exterior
tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, através da análise da metodologia que poderá vir a ser
aplicada, com base na ETAG 004.
A recolha e tratamento de informação relativa a casos de estudo existentes no nosso país, é
imprescindível, de forma a poder definir as preocupações de desempenho deste sistema, identificar as
exigências de aprovação técnicas e poder propor uma metodologia de avaliação do seu desempenho e
durabilidade.
São assim objetivos deste trabalho:
Estudar as exigências de aprovação técnica do sistema;
Fazer a caraterização do sistema cerâmico associado ao ETICS, a avaliação das junta, das
colas e a sua aplicação (tempo de vida útil), bem como as principais patologias associadas;
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
2
Avaliar o desempenho de edifícios nos quais foi aplicada a solução de aplicação de
isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, numa amostra
recolhida.
A metodologia aplicada baseou-se no estudo da ETAG004 [1], como ponto de partida para o estudo
das exigências a ter em conta do sistema em estudo e posteriormente no levantamento e análise de
uma amostra de edifícios nos quais foi aplicado esse mesmo sistema.
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação encontra-se organizada em 6 capítulos, podendo ser divididos em 2 partes
distintas.
Na primeira parte, nos capítulos 2 e 3 avaliou-se informação relativamente ao sistema, sua
caracterização, levantamento das principais normas e regulamentos associados, aplicação de cerâmica
em fachadas e estudo das patologias mais frequentes.
Na segunda parte, nos capítulos 4 e 5, recolheu-se uma amostra demonstrativa do sistema em estudo e
apresentou-se propostas para uma possível aprovação do produto e conclusões finais a retirar.
Nos pontos seguintes, apresenta-se o resumo da informação contida em cada um dos capítulos.
CAPÍTULO 1: Este capítulo constitui a introdução da dissertação, no qual se elaboram
algumas considerações iniciais sobre o âmbito da mesma, se apresenta a justificação da sua
elaboração e se descreve resumidamente a metodologia que se adotou.
CAPÍTULO 2: Neste segundo capítulo, apresenta-se uma caracterização exaustiva do
sistema ETICS. Com este objetivo descrevem-se os diversos constituintes do sistema e as suas
principais caraterísticas. Simultaneamente descreve-se em traços gerais técnicas de aplicação
identificando-se os principais cuidados a ter na sua execução. Por último faz-se apresentação
resumida da ETAG 004.
CAPÍTULO 3: No terceiro capítulo, é descrito o estudo da aplicação de cerâmica colada
sobre ETICS em fachadas, as suas vantagens e desvantagens, as suas características e o seu
comportamento.
CAPÍTULO 4: Neste capítulo, é feito o estudo de obras e seu desempenho onde foi
aplicado o sistema em estudo e é apresentada uma proposta de metodologia como proceder à
homologação do sistema.
CAPÍTULO 5: O último capítulo apresenta as considerações e conclusões gerais
relativamente à dissertação e apresenta sugestões para desenvolvimentos futuros.
CAPÍTULO 6: Na bibliografia são indicados todos os documentos que serviram de
referência à elaboração da presente dissertação.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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02
ANÁLISE DA ETAG 004
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS
Nos anos 40, surgiu na Suécia um sistema de isolamento térmico de fachadas pelo exterior, constituído
por lã mineral revestida com um reboco de cimento e cal. De acordo com alguns autores, Edwin
Horbach, químico suíço, foi o responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de reboco delgado
armado sobre poliestireno expandido. Edwin Horbach testou diversas composições de reboco,
produtos de reforço e materiais de isolamento, num pequeno laboratório, que construiu na sua cave,
tendo posteriormente contactado com um fabricante alemão de poliestireno expandido e foi então que
no final dos anos 50 o seu sistema começou a ser utilizado. [5]
A primeira utilização de um sistema de revestimento e isolamento térmico pelo exterior em grande
escala foi efetuada na Alemanha, em indústria, nos finais da década de 50 e na década seguinte em uso
doméstico.
Os ETICS foram introduzidos nos Estados Unidos da América no final dos anos 60 por Frank Morsilli (1)
. O sistema teve de sofrer algumas alterações para que se adaptasse ao tipo de construção existente e
ao mercado americano.
Inicialmente existiu alguma resistência à utilização do sistema nos Estados Unidos. Foi durante a crise
energética do final dos anos 60 e início dos anos 70, que aumentou o interesse pelo isolamento térmico
pelo exterior, principalmente pela conservação de energia que lhe estava associada. [5]
Só no final do século XX (inicio dos anos 90) é que se verificou a introdução, de uma forma
generalizada, do sistema ETICS no nosso país, quer em construções novas, quer na reabilitação de
edifícios.
A Fig.1 mostra a evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal, onde se pode observar que é
pouco utilizado até 2005,mas com um enorme “boom” a partir desse anos, em que os ETICS crescem
em Portugal de forma explosiva devido a exigências regulamentares ao nível da térmica (Regulamento
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
4
das Caraterísticas de Comportamento Térmico dos Edifícios) e pelas vantagens que o sistema
apresenta.
A oferta é enorme, além dos fabricantes de argamassas, muitas empresas de tintas, face à redução de
atividade, interessaram-se por esta solução com aplicação na construção nova/reabilitação.
Fig.1 - Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC)
(1)
Nos Estados Unidos da América utiliza-se a sigla EIFS (Exterior Insulation and Finish Systems) para designar os ETICS.
2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS
2.2.1 DESCRIÇÃO DOS ETICS
O sistema ETICS é uma solução de isolamento térmico aplicável em paramentos exteriores de
paredes. Este tipo de sistema pode ser aplicado em paredes de alvenaria (por exemplo constituídas por
tijolos, blocos de betão ou blocos de betão celular autoclavado) ou em paredes de betão (betonadas in
situ ou pré-fabricadas).
O sistema tipo ETICS mais frequente no mercado português é constituído por suporte (alvenaria ou
betão), por placas de poliestireno expandido (EPS), coladas ao suporte e revestidas com um reboco
delgado aplicado em várias camadas e armado com uma ou várias redes de fibra de vidro. O conjunto
é geralmente recoberto com um revestimento plástico espesso como acabamento final. (Fig.2).
Relativamente à forma de fixação, os ETICS podem classificar-se em:
• Sistemas colados (incluindo ou não fixações mecânicas complementares);
• Sistemas fixos mecanicamente (incluindo ou não colagem complementar).
Os sistemas colados são os sistemas que iremos ter especial atenção, pois é sobre eles que
desenvolvemos o estudo deste trabalho, mas por sua vez a fixação mecânica é muito importante no
caso se aplicar cerâmica.
Nos sistemas colados, que são os mais comuns, o produto usado como camada de base é em geral
também usado como produto de colagem.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
5
Este sistema está preparado para receber os revestimentos plásticos espessos (RPE) tal como
preconizado na ETAG 004, embora o mercado português esteja neste momento a aplicar outros
materiais, tais como a cerâmica, tema de desenvolvimento deste estudo.
Fig.2 - Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre poliestireno
expandido (Freitas,2002)
2.2.2.1 Suporte
Os suportes sobre os quais se pode aplicar o sistema ETICS deverão ser superfícies planas verticais
exteriores e superfícies horizontais ou inclinadas não expostas à precipitação, tais como:
Alvenaria de blocos de betão, tijolo, pedra;
Alvenaria com reboco de ligantes hidráulicos;
Suportes pintados, desde que convenientemente preparados.
2.2.2.2 Materiais
Os elementos que constituem o sistema, bem como as suas características variam de acordo com o
fabricante, no entanto devem sempre respeitar a respetiva ETA.
O Quadro 1 a seguir representado especifica esses elementos e faz a sua breve descrição nos
parâmetros mais importantes a ter em conta.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
6
Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição
CARATERISTICAS DESCRIÇÃO
1. Colagem / Cola Produto utilizado para a preparação da cola que se destina a fixar,
por aderência, o isolante térmico ao suporte. Geralmente é um
produto pré-doseado, fornecido em:
- Pó e ao qual se adiciona apenas água;
- Pó para mistura com um determinado ligante (resina);
- Pasta, à qual se adiciona 30% em peso de cimento
Portland.
2. ISOLANTE
TÉRMICO -
poliestireno
expandido (EPS)
O poliestireno expandido moldado (EPS) em placas é o material
usado como isolante térmico. Deve ter uma massa volúmica
compreendida entre 15 e 20 kg/m3 e ser ignífugo.
Além disso devem possuir as duas características fundamentais:
• Boa resistência térmica (λ≤0,065 W/m. K) e resistência mecânica
suficiente para o tipo de ações que vai estar sujeito ( ≥0,02N/mm2).
• Baixo módulo de elasticidade transversal (> 1,0 kN/mm2).
3. CAMADA DE BASE
A camada de base é constituída pelo reboco (barramento) de
alguns milímetros de espessura (entre 2 e 5mm), executado em
várias passagens sobre o isolamento, de forma a permitir o
completo recobrimento da armadura. O produto utilizado é
geralmente idêntico ao de colagem
4. ARMADURAS
As armaduras são, geralmente redes de fibra de vidro com
características técnicas devidamente definidas para esse efeito e
com um tratamento antialcalino contra a agressividade dos
cimentos
Distinguem-se dois tipos de armaduras:
• As “armaduras normais” têm como função melhorar a resistência
mecânica do reboco e assegurar a sua continuidade;
• As “armaduras de reforço” são utilizadas como complemento das
armaduras normais para melhorar a resistência aos choques do
reboco.
5. CAMADA DE
PRIMÁRIO
O primário consiste numa pintura opaca à base de resinas em
solução aquosa, que é aplicada sobre a camada de base. É
necessário que o produto seja compatível com a alcalinidade da
camada de base. A função da camada de primário é regular a
absorção e melhorar a aderência da camada de acabamento.
Alguns sistemas não incluem esta camada
6. REVESTIMENTO
FINAL
É neste ponto que nos vamos debruçar um pouco mais, pois é
nesta fase que iremos ter uma camada diferente de acabamento,
nomeadamente o cerâmico, que talvez um pouco pela vertente
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
7
tradicionalista da cerâmica em Portugal, tem vindo a ser opção nas
fachadas de ETICS. No sistema tradicional o revestimento final
normalmente usado é o revestimento plástico espesso.
A camada de acabamento confere aspeto decorativo e contribuiu
para a proteção do sistema contra os agentes climatéricos. Esta
camada é aplicada sobre a camada base ou sobre a camada de
primário (caso exista).
2.2.2 ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA
Para responder às crescentes exigências de conforto higrotérmico, que estão intimamente associadas às
preocupações com o consumo de energia e proteção ambiental, é necessário isolar termicamente a
envolvente dos edifícios, de modo a minimizar as trocas de calor com o exterior.
O sistema ETICS apresenta vantagens no caso de edifícios com isolamento térmico insuficiente,
infiltrações ou aspeto degradado. Além disto, pode diminuir o risco de ocorrência de condensações,
tratando de certo modo as pontes térmicas.
Têm sido desenvolvidos diversos sistemas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior que são de
utilização corrente em diversos países europeus, quer na reabilitação de edifícios cuja envolvente
vertical apresente índices de isolamento térmico insatisfatórios, infiltrações ou aspeto degradado, quer
em novas construções. Estes sistemas constituem uma ótima solução, tanto do ponto de vista
energético como do ponto de vista construtivo.
2.2.2.1 Aplicação do sistema
De um modo geral pode-se descrever e enunciar a aplicação do sistema da seguinte forma:
1. Montagem dos andaimes e proteções individuais;
2. Preparação do suporte, que deve estar limpo e sem grandes irregularidades superficiais, no
caso de reabilitação;
3. Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque (limitam o contorno inferior dos ETICS);
4.Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Temos quatro tipos de colagem, por pontos,
por bandas ou continua, em que todas podem ser associadas a fixação mecânica. A colagem
mais eficaz é a contínua, em conjunto com a fixação mecânica, uma vez que as colagens por
pontos ou bandas originam espaços vazios nas placas, sendo que ao longo do tempo estas têm
maior probabilidade de empenar e tendo nós um peso adicional do cerâmico colado sobre estas
mesmas placas é fundamental que a colagem seja continua, para evitar a maior probabilidade de
haver descolamentos.
Fig.3 - Colagem Contínua
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
8
Fig.4 - Fixação Mecânica
5. Colagem dos perfis de canto, sobre o isolante térmico;
Fig.5 - Cantoneira
6. Aplicação do cimento cola, de forma também continua, número mínimo de 2cm, com recurso
a uma talocha metálica, recobrindo as cantoneiras de proteção;
7. Aplicação da cerâmica escolhida;
8. Para acabamento, é aplicada a massa das juntas, em todas ou na matriz definida pelo sistema;
9. Limpeza do sistema.
NOTA: Importa referir que as várias fases descritas são de carácter particularmente exemplificativo,
devendo para cada sistema a aplicar ser estritamente seguidas as várias fases definidas e detalhadas
nos respetivos manuais técnicos de cada fabricante.
2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO
A solução indicada para o sistema ETICS tradicional, composta por colagem, isolante térmico, camada
de base, armaduras, camada de primário e revestimento final plástico espesso apresenta, contudo,
limitações do ponto de vista de determinadas solicitações mecânicas, especificamente devidas a ação
de perfuração já que a utilização de objetos cortantes facilmente degrada o conjunto do revestimento
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
9
especialmente pela pouca resistência apresentada à perfuração. Os testes efetuados de acordo com a
ETAG 004 [1] raramente conduzem a boas soluções, neste âmbito. O resultado pode significar
degradação por ações de vandalismo ou até degradação por ações naturais, no mínimo insólitas, como
ações de bico de pica-pau.[31]
Desta forma podemos constatar que as duas maiores desvantagens do sistema tradicional ETICS são a
baixa resistência ao impacto, que é particularmente gravosa em zonas acessíveis e que pode acarretar,
além das evidentes consequências estéticas, pontos privilegiados de entrada de água para o interior e a
degradação do aspeto exterior devido ao aparecimento de manchas (algas e fungos). Este problema
apesar de não provocar qualquer alteração no desempenho térmico e mecânico do sistema, tem um
grande impacto visual, conferindo às fachadas um aspeto de acentuada degradação.
A solução para este problema passa, evidentemente, por garantir maior resistência superficial do
material de revestimento associado ao sistema, podendo ao mesmo tempo garantir todas as vantagens
já existentes associadas ao ETICS tradicional. Nesta ótica, no contexto português, não se pode
simplesmente desconsiderar a solução de aplicação de materiais cerâmicos sobre o ETICS, porque por
um lado é uma solução de fachada com forte tradição no nosso país.
De seguida apresentam-se as vantagens do sistema ETICS associado ao cerâmico tendo como
consideração o anteriormente dito no ponto anterior.
Quadro 2 – Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico
VANTAGENS DESCRIÇÃO
1. Aumento da resistência ao
choque
O acabamento final de um material mais resistente vai
diminuir a degradação das fachadas, sujeitas a possíveis
atos de vandalismo, ou mesmo intempéries.
Resistindo melhor aos atos de vandalismo, tem uma
maior durabilidade, assim como a necessidade de pintura
ao longo dos anos não é necessária, sendo mais fácil de
manter um aspeto mais “generoso” ao longo dos anos a
nível estético (isento de manutenção).
2. Tradição
Conjugação da solução de isolamento térmico com os
revestimentos históricos em Portugal (cerâmica).
3. Estética Grande variedade de cores e texturas de acabamento.
Ideal para recuperação de fachadas.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
10
2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE UM
DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO
EXTERIOR
A Diretiva Comunitária 89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, transposta para a ordem jurídica
nacional pelo Decreto-Lei n.º 113/93, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de
Janeiro, é quem conjuga a Marcação CE aos produtos de construção. Essa conjugação é feita
basicamente com a comprovação de conformidade desses produtos, associada a dois tipos de
especificações técnicas: Normas Europeias (Normas EN) harmonizadas e Aprovações Técnicas
Europeias (ETA – European Technical Approvals).
Desta forma, a Aprovação Técnica Europeia aplica-se a produtos ou sistemas inovadores, para os
quais não existe nem está prevista, a médio prazo, a existência de uma norma europeia harmonizada. É
uma apreciação técnica favorável com base em requisitos definidos a nível europeu, concedida por
qualquer organismo membro da EOTA (Organização Europeia para a Aprovação Técnica) e válida em
todo o espaço europeu.
Em Portugal, o LNEC é o organismo nacional membro da EOTA e encontra-se, portanto, em
condições de conceder ETAs, após a verificação dos requisitos estabelecidos em cada caso.
Os Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior, designados pela sigla ETICS, a partir
da terminologia anglo-saxónica (“External Thermal Insulation Composite Systems”), fazem parte
deste conjunto de sistemas considerados inovadores e é objeto do ETAG 004 – “Guideline for
European Technical Approval of External Thermal Insulation Composite System with redering”, em
vigor desde Março de 2000.
A avaliação da aptidão ao uso destes sistemas deixou assim, a partir de Março de 2000, de ser
realizada com base nos Guias da União Europeia para a Aprovação Técnica na Construção até então
adotados no LNEC para dar origem a Homologações nacionais, passando a ser realizada com base no
ETAG 004, originando Aprovações Técnicas Europeias.
Posto isto, o LNEC, perante o pedido de um fabricante de um ETICS propõe ao requerente, em
alternativa, a realização de um estudo com vista à obtenção de uma ETA (e posterior marcação CE) ou
de um Documento de Homologação (DH). O requerente deve ter em conta o facto de o DH ser
essencialmente vocacionado para o mercado português, ao passo que a ETA visa permitir a livre
circulação do produto no Espaço Económico Europeu. [30]
De seguida apresentam-se os passos a seguir para os estudos de concessão de ETAs para ETICS,
descreve-se a organização destes estudos no LNEC e referem-se as ações que devem ser realizadas no
âmbito desses estudos e os critérios aplicados na avaliação dos sistemas, o que com as devidas
adaptações são igualmente válidas para a concessão de DHs a este tipo de produto da construção.
2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS
O ETICS envolve diversas ações, entre as quais a realização de uma campanha experimental, a
avaliação das condições de produção do requerente e a verificação da aplicabilidade em obra, que será
o que mais à frente tentaremos fazer de forma experimental para a colagem de cerâmico sobre ETICS,
nossa base de estudo.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
11
Neste Guia de Aprovação Técnica são descritas as exigências de desempenho aplicáveis ao sistema
ETICS para utilização como isolamento exterior de paredes de edifício. São também definidos
métodos de verificação de variados aspetos de desempenho do sistema, critérios de avaliação que se
devem ter em conta para avaliar o desempenho para o uso pretendido do sistema, assim como
possíveis condições para conceção e execução do sistema ETICS.
Desta forma o guia para Aprovação Técnica ETAG004, em vigor desde Março de 2000, estabelece os
requisitos que este sistema deve ter para que quando incorporado num edifício este cumpra as 6
exigências essenciais definidas na Diretiva de Produtos da Construção:
ER1 – Resistência mecânica e estabilidade;
ER2 – Segurança contra incêndios;
ER3 – Higiene, saúde e ambiente;
ER4 – Segurança na utilização;
ER5 – Proteção contra o ruído;
ER6 – Economia de energia e retenção do calor.
Para o nosso estudo é relevante referir a ER2, a ER3, a ER4 e a ER6, pois são exigências que
influenciam de alguma forma com a aplicação de cerâmica sobre ETICS.
I. ER2 – Segurança Contra Incêndios
As obras devem ser concebidas e realizadas de modo a que, no caso de se declarar um incêndio, a
capacidade das estruturas de suporte de carga possa ser garantida durante um período de tempo
determinado, a deflagração e propagação do fogo e do fumo dentro da obra sejam limitadas, a
propagação do fogo às construções vizinhas seja limitada, os ocupantes possam abandonar a obra ou
ser salvos por outros meios e a segurança das equipas de socorro esteja assegurada.
O aspeto mais relevante na avaliação deste requisito é a Reação ao Fogo. Esta avaliação da
performance do sistema ETICS depende da legislação e regulamentação aplicável ao edifício em geral.
A ETAG 004 recomenda esta classificação de acordo com a norma EN 13501-1. Em Portugal, era
recorrente e aplicável o Regulamento de Segurança contra Incêndio em Edifícios de Habitação para
qualificar os materiais de construção em relação à Reação do Fogo. Segundo essa classificação, as
classes variavam entre M0 (não combustível) e M4 (combustível e facilmente inflamável).
Com as alterações do decreto-lei 220/2008 adotaram-se as sete classes da norma EN13501 referentes
ao desempenho dos produtos em matéria de Reação ao Fogo. Este sistema de classificação distingue 7
Euroclasses: A1, A2, B, C, D, E, e F.
O decreto-lei estabelece equivalência entre esta classificação e a anterior especificada pelo LNEC.
[33]
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
12
Quadro 3 – Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu
Classificação de acordo Classificação segundo o sistema europeu
Classificação Complementar
Classes Produção de fumo Queda de gotas/partículas Inflamadas
M0 A1 - -
A2 S1 d0
M1 A2 Não exigível d0
B Não exigível d0
M2 A2 Não exigível d1
B Não exigível d0
C Não exigível d1
M3 D Não exigível d0
d1
M4 A2 Não exigível d2
B Não exigível d2
C Não exigível d2
D Não exigível d2
E - Ausência de classificação d2
Sem classificação F - -
No entanto, com a saída da portaria nº 1532/2008 os sistemas ETICS passaram a ter que cumprir os
seguintes requisitos de reação ao fogo:
Quadro 4 – Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico
Elementos Edifícios de pequena
altura
Edifícios de média
altura
Edifícios com altura
superior a 28 m
Sistema Completo C-s3,d0 B-s3,d0 B-s2,d0
Isolante Térmico E-d2 E-d2 B-s2,d0
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
13
II. ER3 - HIGIENE, SAÚDE E AMBIENTE
Esta exigência pretende assegurar que o sistema ETICS é concebido e executado de modo a não causar
danos à higiene e saúde dos habitantes assim como ao seu meio em redor.
Para o cumprimento desta exigência (ER3) deve ser avaliadas as seguintes características do sistema
ETICS e/ou dos seus componentes: absorção de água, estanquidade à água, resistência aos impactos,
permeabilidade ao vapor de água.
O Quadro 5 [33] a seguir resume a exigências mínimas das características do sistema ETICS para a
ER3.
Quadro 5 – Características do sistema ETICS exigidas para a ER3
CARATERISTICA DESCRIÇÃO
Absorção Água (teste de
capilaridade)
Após uma hora <1.00 kg/m2
Após 24horas <0.5 kg/m2
Estanquidade à água Comporta o estudo do desempenho higrotérmico e gelo-degelo.
No final, nem durante não deve ocorrer:
1- Bolhas ou descascamento da camada de acabamento;
2- Fissuras ou fendas associadas a juntas entre placas de
isolamento térmico e a perfis de montagem do sistema;
3- Descolamento do revestimento (camada base, armadura de
reforço, camada de acabamento);
4- Fissuras que permitam a penetração de água no isolamento
térmico.
Resistência a Impactos Os ensaios são efetuados após os ciclos calor/chuva e calor/frio. É
avaliada a resistência ao impacto (de 3 joules a 10 joules), à
penetração do sistema e ao punçoamento dinâmico
Foram identificados 3 grupos correspondentes ao grau de exposição a
que estão sujeitos:
Categoria I – Zonas ao nível do chão facilmente acessíveis e
vulneráveis a impactos, excecionalmente severos;
Categoria II – Zonas vulneráveis a impactos de objetos arremessados
ou chutados, mas em locais públicos onde a altura do sistema limita a
extensão do impacto ou em pisos inferiores onde o acesso ao edifício
é principalmente para pessoas que têm algum cuidado;
Categoria III – Zonas pouco sujeitas a danos devido a impactos
normais causados por pessoas ou por objetos arremessados ou
chutados.
Permeabilidade ao vapor
de água
A permeabilidade ao vapor de água é avaliada com base no ensaio
descrito na norma EN 12086 – “Thermal insulating products for
buildings application – Determination of water vapour transmission
properties”. A resistência à difusão do vapor de água no sistema
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
14
ETICS não deve exceder os 2 metros se o isolamento térmico for de
origem celular plástica (ex: placas EPS) e no caso de lã mineral como
isolamento, não deve exceder mais de 1 metro.
III. ER4 – SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO
Resistência mecânica e estabilidade são exigências que o sistema tem de ter em conta para garantir a
segurança na utilização, embora não tenha como principal função garantir segurança e estabilidade
estrutural do edifício.
Como caraterísticas do sistema e dos seus componentes que garantam a segurança e estabilidade do
mesmo, é de referir que o sistema deverá suportar o seu peso próprio sem deformações elevadas. Os
movimentos normais da estrutura não deverão dar origem a qualquer tipo de fissura ou perda de
adesão do sistema face ao suporte. O sistema ETICS deve suportar movimentos devido à temperatura
e variações de tensão, exceto nas ligações estruturais que são necessárias precauções especiais. Deve
com margem de segurança suficiente, apresentar resistência mecânica adequada às forças de pressão,
sucção e vibração, devido à ação do vento.
Para avaliar esta capacidade resistente do sistema ETICS é necessário avaliar na situação de
revestimento cerâmico a força de ligação entre a camada base e isolamento térmico, produto de
colagem e substrato e produto de colagem e isolamento térmico, bem como a resistência à ação do
vento.
Para a primeira avaliação é de salientar que qualquer que seja o tipo de fixação usado no sistema
ETICS, a avaliação da força de ligação entre a camada base e o isolamento térmico tem de ser sempre
testada. O Quadro 6 representa a resistência mínima a cumprir para cada uma das situações. [33]
Quadro 6 – Resistência mínima do sistema ETICS exidas para a ER4
SITUAÇÃO RESISTÊNCIA MINIMA (Mpa)
Camada base vs. Isolamento
térmico
0,08 Mpa
Produto de colagem vs.
Substrato
0,25 Mpa (em condições secas);
0,08 Mpa (com influência da ação da água: 2 horas após
a remoção das amostras);
0,25 Mpa (com influência da ação da água: 7 horas após
a remoção das amostras).
Produto de colagem vs.
Isolamento térmico
0,08 Mpa
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
15
IV. ER6 – ECONOMIA DE ENERGIA E RETENÇÃO DE CALOR
O sistema ETICS melhora o isolamento térmico e torna possível reduzir a necessidade de aquecimento
no inverno e o recurso a sistema de arrefecimento no verão.
Assim, a melhoria da resistência térmica da parede induzida pela aplicação do ETICS deve ser
avaliada para que ele possa ser introduzido no cálculo térmico exigido na regulamentação nacional
sobre o consumo de energia.
Interessa pois neste ponto verificar a resistência e transmissão térmica.
A resistência térmica adicional fornecida pelo ETICS (Retics) ao substrato é calculada a partir da
resistência térmica do produto de isolamento (Rd) e do valor Rreboco. Rreboco é um valor tabelado de 0,02
m2·K/W.
Retics = Rd + Rreboco (1)
A resistência térmica do sistema ETICS deverá ser de, pelo menos, 1 m2·K/W.
2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO TÉRMICO
PELO EXTERIOR
O processo para concessão de uma ETA de um Sistema Compósito de Isolamento Térmico pelo
Exterior inicia-se com uma avaliação da viabilidade de realização do estudo, que consiste na análise da
documentação enviada ao LNEC pela empresa produtora, relativa aos sistemas e às condições de
produção. Esta análise permitirá decidir se é possível desenvolver o estudo, ou se, pelo contrário, será
necessário solicitar à empresa informações adicionais, ou a introdução de melhoramentos nos aspetos
do seu funcionamento que condicionam a constância da qualidade do produto, nomeadamente no que
se refere à definição do processo de fabrico, ao planeamento do controlo interno da produção e aos
recursos humanos necessários às tarefas técnicas.
Se os dados recebidos forem considerados suficientes, será elaborado um Plano de Trabalhos do
estudo a desenvolver.
No Plano de Trabalhos são definidos dois sub-estudos distintos, cada um dos quais incluirá duas ações
indicadas distintas, nomeadamente apreciação da viabilidade de Aprovação Técnica Europeia (engloba
duas fases, designadamente ações preliminares e campanha experimental alargada e condições de
aplicação do sistema) e Concessão da Aprovação Técnica Europeia.
Os passos a desenvolver encontram-se a seguir descritos mais a pormenor [30].
2.3.2.1 Passo 1 – Análise da Documentação Técnica
Os documentos que a empresa deverá apresentar são os seguintes:
designação comercial do sistema;
desenhos esquemáticos pormenorizados do sistema;
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
16
características de cada constituinte (designação comercial, tipo/ composição básica,
características principais, espessura / consumo / dimensões, aplicação descrição do modo de
aplicação, incluindo amassadura dos produtos, tempos de secagem entre camadas, etc.);
ensaios já existentes dos vários componentes, declaração de marcação CE e outros estudos;
informação sobre controlo da qualidade em fábrica dos vários componentes;
informação sobre produtos tóxicos ou perigosos na constituição dos componentes.
Esta informação deve ser entregue de forma organizada, clara e completa, de acordo com as fichas que
se incluem na Fig. 6 [30], apresentado a seguir, ou de outro modo igualmente adequado.
Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
17
2.3.2.2 Passo 2 – Visita à Fábrica
Verificação das condições de fabrico
Serão efetuadas visitas às instalações de fabrico do revestimento de modo a analisar as condições
técnicas de instalação e produção, e avaliar a capacidade e a qualidade da produção.
O processo de fabrico deve garantir a constância de características, nomeadamente através de métodos
rigorosos e automatizados de dosagem. É dado um especial relevo às providências tomadas para o
controlo interno da qualidade nas diversas fases do processo de fabrico. Devem estar previstos
procedimentos para aceitação ou rejeição das matérias-primas e para aceitação, reaproveitamento ou
rejeição dos produtos acabados. Os produtos rejeitados devem ter uma localização definida e devem
estar claramente assinalados. Serão também observados os procedimentos para receção e controlo da
qualidade dos componentes do sistema produzidos por outras empresas.
Uma ficha do tipo da apresentada na Fig. 7 Será usada nestas visitas.
No caso de eventuais lacunas ou ambiguidades de informação, estas serão comunicadas à empresa de
modo a serem eliminadas. Se se verificarem falhas no processo de produção ou na organização do
controlo interno da produção ou ainda insuficiência de qualificação do pessoal afeto ao controlo
interno da produção e se se concluir que as deficiências destetadas são suscetíveis de afetar a
confiança na constância de qualidade do produto, dar-se-á conhecimento desse facto à empresa que
será avisada de que o estudo não poderá ter início até que sejam colmatadas as referidas deficiências.
A empresa deverá contar com pelo menos um técnico com formação superior adequada, o qual deve
coordenar o sistema de controlo da qualidade e que deve estar disponível para prestar ao LNEC todas
as informações solicitadas.
Requisitos mínimos para o controlo interno da qualidade
As instalações de fabrico devem estar apetrechadas com um laboratório que permita a realização de
um determinado número de ensaios, visando a verificação da constância do fabrico e das
características dos produtos.
O controlo da qualidade deverá incidir não apenas sobre o produto final mas também sobre as
matérias-primas utilizadas. No caso do controlo sobre as matérias-primas, este poderá ficar a cargo das
empresas fornecedoras, desde que estas, juntamente com cada fornecimento, facultem os resultados do
respetivo controlo interno da qualidade; os referidos resultados devem ser analisados cuidadosamente
pelo detentor do sistema antes de os produtos serem aceites ou rejeitados e devem ser arquivados.
2.3.2.3 Passo 3 – Análise experimental
A análise experimental é, em geral, realizada no LNEC, na sua maior parte no seu Laboratório de
Ensaios de Revestimentos de Paredes (LNEC/LERevPa), mas pode ser também realizada, no todo ou
em parte, noutro laboratório, desde que seja comprovadamente independente e credível, equipado para
os ensaios a realizar e, de preferência, acreditado para esses ensaios. Neste caso, toda a documentação
e informação requerida será fornecida ao LNEC, que, no caso do laboratório de ensaios escolhido não
ser acreditado, poderá aceitar ou não a sua idoneidade. Em qualquer caso, terão que ser cumpridas
todas as regras e procedimentos de ensaio e de registo especificados no ETAG 004.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
18
O estudo engloba ensaios de comportamento realizados sobre o sistema e ensaios de caracterização dos
vários componentes, considerados determinantes para a avaliação da sua adequabilidade ao uso. Prevê
ainda ensaios de identificação dos vários componentes.
Fig.7 – Ficha de Visita à fábrica
Os ensaios do sistema já referidos anteriormente na avaliação da ETAG004, e os quais estão
representados resumidamente no Quadro 7, são realizados sobre um murete de dimensões úteis
aproximadas de 3 m x 2 m, cuja construção, na nave de ensaios do LNEC/LERevPa, é da
responsabilidade da empresa requerente (Fig. 8-direita). No murete deve ser executado um vão de 0,40
m x 0,60 m por cada sistema diferente (variação do isolante). [30]
O sistema aplicado num único murete pode incluir até 4 acabamentos diferentes, desde que não haja
variação do sistema base (colagem, isolante e camada de base); será definida uma zona sem
acabamento, na parte inferior do murete, com uma altura de cerca de 0,80 m, abrangendo os diferentes
acabamentos. É também possível aplicar num único murete um sistema com dois isolantes diferentes,
desde que nenhum dos outros componentes varie (colagem, camada de base e acabamento). Os
restantes ensaios sobre o sistema são realizados sobre provetes de menores dimensões (Fig. 8 -
esquerda).
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
19
Fig.8 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À direita: Execução de
provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC]
Todos os ensaios a seguir enunciados são realizados de acordo com o ETAG 004, que, no caso de
alguns componentes e sempre que aplicável, remete para Normas Europeias em vigor.
Os ensaios de comportamento a realizar sobre o murete, na 1ª fase do estudo, são os seguintes [30]:
a) Ensaio de ciclos higrotérmicos sobre todo o murete revestido, com uma dimensão aproximada a
0,40 m x 0,60 m (Fig. 9 - esquerda).
Fig.9 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À direita: Sistema após
ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC]
b) Ensaio de choque de 3 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 9 - direita).
c) Ensaio de choque de 10 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos.
d) Ensaio de perfuração (Perfotest) (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 10 -
esquerda).
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
20
Fig.10 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração (zona em que não
resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca apropriada para a realização do ensaio de
aderência, [LNEC]
e) Ensaio de aderência do revestimento ao isolante (sobre cada um dos Painéis), após ciclos
higrotérmicos, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10 mm/minuto (Fig. 10 - direita).
Os restantes ensaios de comportamento realizados sobre o sistema, em provetes de menores dimensões
(na 2ª fase do estudo), são os seguintes:
f) Ensaio de determinação da reação ao fogo do sistema completo (com todos os acabamentos ou pelo
menos com o acabamento mais desfavorável);
g) Ensaio de absorção de água por capilaridade do sistema com cada um dos acabamentos, após ciclos
de imersão e secagem, com medições da absorção após 1 h e após 24h de imersão parcial.
h) Ensaio de permeabilidade ao vapor de água do sistema com cada um dos acabamentos (EN 1015-
19).
i) Ensaio de aderência da camada de base ao isolante, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10
mm/minuto (Fig. 11 - esquerda).
j) No caso dos sistemas colados, ensaio de aderência da cola ao isolante e a um suporte de betão, a
seco e após imersão em água durante 2 dias e secagem parcial durante 2 horas e durante 7 dias
(Fig.11- direita).
Fig.1 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de base ao isolante; À
direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC]
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
21
k) Ensaio de resistência ao gelo-degelo (quando aplicável; possível opção “no performance
determined”).
l) Deslocamento do sistema nas arestas (quando aplicável; possível opção “no performance
determined”).
m) No caso de sistemas fixos mecanicamente, avaliação da resistência à sucção do vento (Fig. 12).
Fig.2- Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC]
Os ensaios a realizar sobre os componentes estão representados na ETAG 004, no Anexo C.
2.3.2.4 Passo 4 – Critérios de apreciação
Nos Quadros 7 e 8 sintetizam-se as classificações e os valores limites definidos no ETAG 004 para os
sistemas ETICS e respetivos componentes [30].
Quadro 7 – Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete
ENSAIO CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIO
Ensaio Higrotérmico
Satisfatório Ausência de patologias relevantes no sistema,
nomeadamente dos seguintes tipos: empolamentos,
fendilhação ou perda de aderência.
Não Satisfatório Existência de pelo menos uma das patologias
consideradas relevantes.
Choque de 3 J, choque de
10J e perfuração
Categoria I Sem deterioração após choque de 3 J e de 10 J e sem
perfuração com punção de 6mm.
Categoria II Sem penetração com choque de 10 J, sem fendilhação
com choque de 3 J e sem perfuração com punção de
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
22
12mm.
Categoria III Sem penetração com choque de 3 J e sem perfuração
com punção de 20mm.
Aderência do revestimento
ao isolante
Satisfatório Tensão de aderência ≥0,08 N/mm2
Não satisfatório Tensão de aderência < 0,08 N/mm2 e rotura adesiva ou
rotura coesiva pelo revestimento.
Quadro 8 – Exigências definidas para os componentes do sistema [1]
COMPONENTE ENSAIO EXIGÊNCIA
Aderência do produto de
colagem ao isolante
Estado seco Tensão de aderência ≥ 0.08N/mm2
Após imersão em água
Tensão de aderência ≥ 0.03 N/mm2, 2 horas após a
remoção dos provetes de água
Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm2, 7 dias após a
remoção dos provetes de água
Aderência do produto de
colagem ao betão
Estado seco Tensão de aderência ≥ 0,25 N/mm2
Após imersão em água
Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm2, 2 horas após a
remoção dos provetes de água
Tensão de aderência ≥ 0.25 N/mm2, 7 dias após a
remoção dos provetes de água
Isolante térmico Absorção de água ≤1kg/m2 após 24 horas de imersão parcial
Resistência ao corte ≥0.02 N/mm2
Módulo de elasticidade
transversal
≥1.00 N/mm2
Condutibilidade térmica
(λ=d/R)
Λ=0.065 W/(m.K)
Rede de fibra de vidro Resistência à tração de
redes de fibra de vidro
após envelhecimento
artificial acelerado
≥50% da resistência no estado novo e ≥20N/mm
Ensaio de Absorção de água por capilaridade
Resistência à difusão do vapor de água (espessura da
camada de ar de difusão equivalente) do sistema de
acabamento (camada de base + acabamento) ≤2.00 m
Comportamento ao gelo-degelo
Se a absorção de água da camada de base e do
sistema for inferior a 0,5kg/m2, então o sistema é
considerado resistente ao gelo-degelo sem
necessidade de outras verificações.
d= espessura do isolante (m); R – resistência térmica (m2ºC/W).
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
23
2.3.2.5 Passo 5 – Visitas a obras
Para avaliar as condições de aplicação do sistema realizam-se visitas a obras em curso, selecionadas de
uma lista fornecida pela empresa requerente, organizada de acordo com o modelo constante da Fig. 13
e 14, a seguir apresentado, ou de outro modo igualmente apropriado.
Realizam-se também visitas a obras já executadas e em uso, selecionadas da mesma lista com o
cuidado de incluir algumas das mais antigas, com o objetivo de avaliar o comportamento dos sistemas
no que se refere à manutenção do aspeto e à durabilidade em geral. [30]
Fig.13 - Quadro a preencher pela Empresa requerente
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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Fig.14 - Ficha a preencher por técnicos do LNEC
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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2.2.6 Passo 6 – Elaboração e edição da ETA
Se os resultados das ações realizadas forem considerados satisfatórios, procede-se à elaboração e
edição da ETA.
É elaborada uma versão em inglês, que é posta a circular pelos restantes organismos membros da
EOTA, juntamente com um Relatório de avaliação também em inglês, para recolha de eventuais
comentários e aprovação. A versão em português será então elaborada a partir da versão aprovada em
inglês.
Em seguida, a ETA será publicada, colocada no portal do LNEC e no sítio da EOTA e enviada à
empresa.
Durante o período de validade da ETA poderão ser realizadas visitas às instalações de fabrico do
revestimento e a obras em curso ou já executadas que permitam obter informações sobre a constância
da qualidade de produção e aplicação [30].
2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA
Apesar de existirem cada vez mais diretivas comunitárias, normas homologadas, guias e
especificações técnicas, o estudo de durabilidade do sistema ETICS continua a ser dificultado pela
complexidade que o próprio sistema incorpora. Isso ainda se torna de maior complexidade quando
queremos integrar a colagem de cerâmica no sistema.
A determinação dos fatores e dos subfactores é ainda muito baseada em informação retirada da
experiência empírica de profissionais, assim como da observação de casos em estudos anteriores. Esta
forma de operar traz alguma subjetividade à avaliação feita ao sistema. O facto de em Portugal ainda
não existir esta informação sistematizada e normalizada o suficiente para permitir o seu recurso,
complica mais este estudo.
O desenvolvimento do sistema ETICS em Portugal tem também assistido a um progresso visível nos
últimos anos como solução de revestimento de fachada. Com efeito, existe um conjunto de razões que
justificam este progresso. O conforto térmico acrescido, a capacidade de reabilitação de fachadas com
problemas de fissuração e/ou penetração de água, são exemplo disso. Porém, este sistema apresenta
um inconveniente por apresentar pouca resistência aos choques e, especialmente, à perfuração, o que
limita a sua utilização em zonas públicas até 2m do solo. A cerâmica, por outro lado, apresenta-se em
Portugal como uma solução de revestimento de fachada durável, com forte tradição e com óbvia
valorização ao nível técnico e estético. A conjugação de fatores de carácter cultural e técnico permitem
combinar um conjunto de sinergias entre os dois sistemas.
Não obstante a tudo isto é de concluir, que existe homologação para o sistema ETICS tradicional,
representado pela ETAG 004, a qual impõe exigências de elevado grau de complexidade, necessárias
para o correto funcionamento do sistema, que nos permite iniciar um processo de uma ETA do sistema
em estudo, baseado nos princípios já corretamente homologados.
De seguida o trabalho apresenta um conjunto de resultados de carácter experimental e de observação
“in situ” que apontam a solução combinada de aplicação de cerâmica no sistema ETICS, como que
oferecendo algumas mais-valias no revestimento de fachadas.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
27
03
REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS
3.1 INTRODUÇÃO
Neste Capítulo, pretende-se caracterizar, de uma forma global, os revestimentos cerâmicos colados.
Numa primeira parte, procede-se a uma síntese histórica em Portugal dos cerâmicos, expondo a vasta
utilização deste tipo de revestimento, seguindo-se uma abordagem à classificação, caracterização e
exigências que são impostas aos componentes do sistema ―revestimentos cerâmicos colados, ou seja,
aos ladrilhos, às argamassas para juntas, aos tipos de juntas e aos materiais de assentamento.
È feito um levantamento exaustivo de obras já efetuadas com o sistema em estudo, por forma a avaliar
se é viável se rever o tema e expor à consideração.
3.2 SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS
O uso do material cerâmico como revestimento remonta há, pelo menos, três mil anos atras, devendo
ter ocorrido provavelmente no Medio Oriente.
O desenvolvimento dos cerâmicos em Portugal tem processos marcadamente independentes,
nomeadamente em revestimentos de paredes interiores, de fachadas e de pavimentos.
Existem em Portugal vestígios da utilização de cerâmica que datam do início do século XIII, tais como
a cerâmica pavimentar medieval da abadia cisterciense de Alcobaça. Outro exemplo da aplicação de
expressão medieval, embora esporádica e sem continuidade aparente, é o trecho do pavimento da
capela tumular de Estêvão Domingues e Mor Martins no claustro da Sé de Lisboa (início do século
XIV).
A utilização continuada do azulejo, denunciadora de um mais frequente gosto e tradição, inicia-se no
século XV. Este foi introduzido em soluções ornamentais de edifícios civis e religiosos. Encontram-se
exemplares deste período no Museu de Beja, no Palácio da Quinta da Bacalhoa em Azeitão, no
Convento de Jesus em Setúbal, no Paço de Sintra, no Museu Nacional do Azulejo, no Museu da
Cidade de Lisboa e na Quinta das Torres em Azeitão. O seu uso implicava, até então, um custo
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
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elevado limitando-se, na sua maioria, aos revestimentos interiores em forma de tapete ou a peças
ornamentais. No exterior era apenas utilizado no revestimento de pináculos e cúpulas de igrejas.
O Marquês de Pombal, no século XVIII, implementa em Portugal um projeto de industrialização da
cerâmica. De sóbrio e equilibrado bom gosto, este variado azulejo pombalino constitui um período
expressivamente bem definido que se estende até ao reinado seguinte de D. Maria, em contraponto
com o neoclassicismo da transição para o século XIX [29].
No século XIX a proliferação da produção industrializada, decorrente da Revolução Industrial,
imprime maior simplicidade e economia na produção e utilização do revestimento cerâmico. O azulejo
sai de novo do interior dos edifícios mas, desta vez, para revestir completamente a fachada. Este será o
aspeto que mais nos interessa, pois é nesta área que “cai” o nosso trabalho.
Assim, com influências brasileiras, o revestimento cerâmico traz luz, cor e alegria à fachada, definindo
um novo ambiente urbano. Para além disso, por ser durável e facilmente lavável, a sua aplicação na
fachada, confere salubridade aos edifícios, especialmente nos situados em zonas ribeirinhas.
Com uma criatividade muito própria, os portugueses desenvolveram, diversificaram e trouxeram até
aos nossos dias, tornando-se indispensável na nova arquitetura do presente século, havendo sempre
uma preocupação de racionalização e normalização da técnica. Não é objeto do acaso que os azulejos
portugueses foram fabricados durante séculos na dimensão de 14 x 14 centímetros: porque assim com
sete fiadas de sete peças cada, cobre-se um metro quadrado de parede, sendo para tal aplicadas 49/50
peças [3].
Não é pois de ignorar que este facto histórico tenha incentivado alguns dos nossos “fabricantes” a
associar cerâmica ao sistema ETICS, podendo do seu ponto de vista agregar os dois sistemas.
3.3 ESTRUTURA DO SISTEMA
3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO
Em função da adequação do uso e as características técnicas os materiais cerâmicos enquadram-se em
diferentes tipologias.
Os revestimentos segundo a norma EN 1441 – Ceramic titles – Definitions, classification,
characteristics and marking :2003, são classificados consoante o processo de fabrico e da absorção da
água.
A permanente evolução dos ladrilhos cerâmicos no sentido de melhores desempenhos estéticos e
técnicos e a necessidade de redução de custos de produção tem conduzido também a constantes
alterações na tecnologia de fabrico e na seleção das matérias-primas.
3.3.1.1 Terminologia
A Norma Europeia EN 14411 define uma listagem bastante extensa de termologias, nomeadamente
[3]:
1- Ladrilhos cerâmicos;
2- Ladrilhos extrudidos (tipo A);
3- Ladrilhos prensados a seco (tipo B);
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
29
4- Ladrilhos fabricados por outros processos (tipo C);
5- Ladrilhos vidrados;
6- Ladrilhos não vidrados;
7- Ladrilhos engobados;
8- Absorção de água (E) - percentagem em massa de água absorvida, medida segundo a EN
ISO 10545-3;
9- Dimensão nominal (N) - dimensão usada para designar o produto;
10- Dimensão de fabricação (W) - dimensão de um ladrilho especificada para produção e com
a qual a dimensão atual tem de ser conforme, dentro de tolerâncias admissíveis; Nota:
comprimento, largura e espessura;
11- Dimensão atual: dimensão obtida por medição da face do ladrilho segundo a EN ISO
10545-2;
12- Dimensão de coordenação (C) - dimensão de fabricação adicionada da largura da junta;
13- Dimensão modular (M) - ladrilhos e dimensões baseados em módulos M, 2M, 3M e 5M e
também nos seus múltiplos ou subdivisões, exceto ladrilhos com área superficial inferior a 9000
mm2; Nota: M= 100 mm.
Fig.15 - Designação das dimensões dos ladrilhos
Dimensão de coordenação (C) = dimensão de fabricação ( W ) + largura da junta (J)
Dimensão de fabricação ( W ) = dimensões da face principal (a) e (b)
3.3.1.2 Características
Os ladrilhos cerâmicos poderão ser aplicados no revestimento de fachadas, no exterior dos edifícios,
considerando sempre as características relevantes para o efeito da aplicação.
Existem características específicas, para o assentamento em fachadas, que deverão ser determinadas
nos ladrilhos a aplicar. A seguir estão referenciadas essas características:
a) Caraterísticas específicas para aplicações exteriores:
Resistência ao gelo;
Expansão por humidade;
Dilatação térmica linear.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
30
b) Caraterísticas específicas para ladrilhos vidrados:
Resistência à fendilhagem.
c) Caraterísticas específicas para ladrilhos de cor uniforme:
Pequenas diferenças de cor.
A norma de especificação EN 14411 remete para normas de ensaio da série EN ISO 10545 a
determinação das características dimensionais e das propriedades físicas e químicas, como exposto no
Quadro 9. [3]
Quadro 9 – Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações
Caraterísticas Local aplicação Norma de ensaio
Dim
en
sõ
es
e
qu
ali
dad
e
Comprimento e largura
Fachadas ISSO 10545-2
Espessura
Retilinearidade das arestas
Planariedade (curvatura e empeno)
Qualidade superficial
Pro
pri
ed
ad
es
Fís
ica
s
Absorção de Água Fachadas ISSO 10545-3
Resistência à flexão Fachadas ISSO 10545-4
Módulo de rutura Fachadas ISSO 10545-4
Dilatação térmica linear Locais sujeitos a
temperaturas elevadas*
ISSO 10545-8
Resistência ao choque térmico Locais sujeitos a variações
de temperatura*
ISSO 10545-9
Resistência à fendilhagem Ladrilhos vidrados ISSO 10545-11
Resistência ao gelo Exterior ISSO 10545-12
Expansão por humidade Locais sujeitos a
humidade*
ISSO 10545-10
Pequenas diferenças de cor Ladrilhos de cor uniforme ISSO 10545-16
Pro
p.
Qu
ímic
as
Resistência às manchas Fachadas ISSO 10545-14
* Para produtos colocados nos locais indicados
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
31
Para terminar a caracterização dos ladrilhos cerâmicos, apresenta-se o Quadro 10 a quantificação das
principais características de cada classe de ladrilhos cerâmicos resultantes dos valores médios obtidos
em centenas de ensaios realizados ao longo de vários anos. [3]
Quadro 10 - Valores caraterísticos médios
Grupo Absorção de Água
(%) Flexão (Mpa)
Dilatação térmica
linear (/ºC)x10-6
Expansão por
humidade
(mm/m)*1
A I 0,7 a 3,0 17,60 a 38,8 5,30 -
A IIa 2,3 a 5,5 20,50 a 38,10 5,30 -
A IIb 7,6 a 10,40 10,40 a 15,60 5,30 0,8
A III 11,40 13,5 a 21,50 4,50 1,90
B Ia 0,1 a 0,4 36,20 a 53,0 7,10 -
B Ib 0,7 a 2,80 27,6 a 55,60 5,90 -
B IIa 3,20 a 4,60 30,40 a 45 5,20 -
B III 12,40 a 20,3 13,40 33,10 5,40 -
3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS
3.3.2.1. Introdução
O bom funcionamento de um conjunto só é conseguido desde que seja possível o movimento de
algumas das partes que a constituem, partindo daí a necessidade de definir e instalar juntas em todo o
processo de construção para que o conjunto completo possa ―mexer sem provocar roturas ou
descolamentos. Esses movimentos são, habitualmente, de origem higrotérmica (expansão e contração)
e também devidos a ação de cargas concentradas e distribuídas.
Designam-se por juntas todos os sistemas que interrompem a continuidade de uma estrutura ou
sistema construtivo, as juntas têm uma grande importância no desempenho do revestimento cerâmico,
sendo necessário o seu correto dimensionamento. As suas principais funções incluem, proporcionar o
alívio de tensões, otimizar a aderência dos ladrilhos e vedar o revestimento.
3.3.2.2. Classificação das Juntas
Há que considerar diversos tipos de juntas consoante as funções desempenhadas e que incluem: juntas
estruturais ou juntas de dilatação; juntas periféricas; juntas intermédias, de esquartelamento ou
fracionamento; e juntas de assentamento.
Em seguida descrevem-se os diversos tipos de juntas:
Juntas Estruturais ou juntas de dilatação (Quadro 11) – estão localizadas ou sobre as juntas
existentes no suporte ou nas zonas de transição de diferentes materiais de suporte. A sua largura
tem que obrigatoriamente de ser superior à largura das juntas existentes no suporte.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
32
Quadro 11 – Tipos de juntas de construção (juntas estruturais)
Tipos de juntas de
construção Dimensões Posição Construção
Estruturais Largura>junta do
suporte ;
Profundidade – a
adequada para garantir
o prolongamento da
junta de suporte.
Imediatamente sobre e
na continuação das
juntas estruturais do
suporte.
Feitas em obra ou
pré-fabricadas com a
finalidade de absorver
movimentos
estruturais
previsíveis.
Juntas Periféricas (Quadro 12) – são juntas ao longo de todas as fronteiras confinadas do
revestimento que impedem que os elementos adjacentes possam transmitir ou restringir as
deformações dos revestimentos cerâmicos aderentes.
Quadro 12 – Tipos de juntas de construção (juntas periféricas)
Tipos de juntas
de construção Dimensões Posição Construção
Periféricas Largura – mínima de
5mm;
Profundidade – a
adequada para
penetrar a totalidade
da espessura do
reboco se suporte.
Nos limites da
superfície revestida.
Feitas em obra ou
pré-fabricadas com a
finalidade de absorver
movimentos
estruturais
previsíveis.
Juntas Intermédias, juntas de esquartelamento ou juntas de fracionamento (Quadro 13) – têm
o objetivo de evitar a fissuração e o descolamento devidos a tensões originadas por deformações
de natureza higrotérmica do suporte, do material de assentamento e dos ladrilhos.
Quadro13 – Tipos de juntas de construção (juntas intermédias)
Tipos de juntas
de construção Dimensões Posição Construção
Intermédias Largura – mínima de
5mm;
Profundidade – a
adequada para
penetrar a totalidade
da espessura do
reboco se suporte.
As áreas mínimas entre juntas
e/ou a distância entre juntas
devem ser especificadas. Os
valores de referência deverão
ser estabelecidos de acordo
com o tipo de ambiente a que
se destinam (interior,
exterior). As áreas entre
Feitas em obra ou pré-
fabricadas com a
finalidade de absorver
movimentos estruturais
previsíveis.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
33
juntas devem ser
aproximadamente quadradas.
Exemplo: Área max.
40m2;Distância máx. 8 m.
Juntas de assentamento ou juntas entre ladrilhos (Fig. 16).
As juntas entre ladrilhos deverão ser definidas pelo fabricante em função do tipo de aplicação
prevista, atendendo às características dos ladrilhos, nomeadamente, à sua deformabilidade face
às diferentes solicitações, em particular às de carácter higrotérmico. A aplicação com junta não
superior a 1 mm é específica de produtos retificados. Para produtos tradicionais recomendam-se
os valores mínimos definidos no Quadro 14.
Fig.16 - Imagem de peça cerâmica com identificação da junta
Quadro 14 – Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou
cimentos – cola
Superfície a revestir Tipo de ladrilhos
Espessura mínima das
juntas entre ladrilhos
(mm)
Paredes Exteriores Ladrilhos e “plaquetas” de terracota e
ladrilhos extrudidos
6
Restantes materiais 4
3.3.2.3 Caraterísticas dos produtos de junta
As características destes produtos têm em conta as tensões normais resultantes da aplicação de
revestimento de fachadas e o seu uso nas juntas permite atenuar tais tensões (Quadro14).
Muitas das propriedades das argamassas são determinadas pelo tipo de ligante utilizado e pela sua
composição química. Estas argamassas destinam-se a aplicações de refecho de juntas em
revestimentos interiores e exteriores, com a exceção de juntas de construção.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
34
3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO
3.3.3.1. Introdução
Os métodos de aplicação de revestimentos têm evoluído de acordo com o desenvolvimento dos
produtos cerâmicos e dos sistemas de fixação. Atualmente estão disponíveis argamassas e colas que
apresentam propriedades específicas para cada situação de aplicação, em função do tipo de material a
aplicar e do comportamento que se pretende obter do conjunto.
Por sua vez os processos e as tecnologias de fabrico são melhores, permitindo a produção de peças de
dimensões cada vez maiores obrigando a criar alternativas às formas de fixação tradicionais (cimentos
e colas). Recentemente começaram a ser desenvolvidos sistemas de fixação mecânica de materiais,
particularmente para fachadas. Estes novos sistemas são particularmente adequados para edificações
novas, mas também facilitam as obras de recuperação de edificações já existentes e permitem o
cumprimento de exigências de normas de segurança, promovendo o conforto e facilitando a
manutenção. Genericamente consideramos dois grandes processos de fixação:
Por contacto;
Por fixação mecânica.
É ainda de referir que a escolha do sistema de assentamento deve ter em consideração as caraterísticas
do suporte, as condições de trabalho, o ambiente em que o conjunto vai trabalhar e a finalidade do
conjunto. [3]
3.3.3.2. Classificação e Especificações
Os produtos de assentamento são regulados segunda a norma EN 12004, onde são definidos como uma
―mistura de ligantes hidráulicos, inertes e aditivos orgânicos, a qual é misturada com água ou outro
líquido imediatamente antes da aplicação e são classificados em três grupos: C (cimentos-cola); D
(colas em dispersão aquosa) e R (colas de resinas de reação).
Segue-se no Quadro 15 um resumo de designações aplicadas aos materiais para fixação por contacto e
respetivos significados. [1]
Quadro15 – Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra
Designações Definições
Tempo de vida útil Tempo em armazém durante o qual uma argamassa
mantém as suas propriedades.
Tempo de repouso Intervalo de tempo necessário desde a preparação ao uso.
Tempo de vida Máximo intervalo de tempo para acabamento desde a
aplicação.
Tempo aberto Intervalo de tempo a partir do fabrico até começar a
endurecer.
Tempo de presa Tempo necessário para que a argamassa desenvolva a
sua resistência.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
35
É importante considerar regras gerais para adequação ao uso, de forma a garantir que o
comportamento esperado da obra final da colagem do cerâmico sobre o ETICS seja alcançado.
Assim deverá ter-se em conta:
Caraterísticas dos revestimentos cerâmicos, tendo em atenção a porosidade aberta, o desenho
do tardoz do elemento a colar, a espessura da peça, o peso, (particular atenção para o caso do
revestimento de fachadas) e a geometria da peça;
Caraterísticas do suporte a revestir e requisitos funcionais (tensões, cargas mecânicas,
comportamento térmico e higrométrico, enquadramento estético e dureza, porosidade, estado de
conservação e limpeza do suporte (em caso de reabilitação) e ainda a resistência e planaridade
do mesmo);
Condições ambientais adequadas à colagem e posterior endurecimento (temperatura
ambiente, condições de humidade, riscos de gelo e ambientes agressivos);
Posição da superfície a revestir;
Adequação da superfície revestida ao uso previsto.
Relativamente aos materiais que garantem a adesão, cimento-cola e colas de presa rápida, são de
considerar os requisitos essenciais constantes no Quadro 16 para o nosso estudo. [1]
Quadro 16 – Especificações para cimento cola e colas
Especificação para cimentos-cola e colas
Caraterísticas Valores de referência
Tensão de adesão inicial ≥0.5N/mm2 após mais de 24 h
Tensão de adesão: Tempo aberto ≥0.5N/mm2 após mais de 10 min
Determinação à resistência de deslizamento ≤0.5mm
Tensão se adesão após imersão em água
elevada
≥1.00N/mm2
A norma EN 12004 subdivide ainda estes grupos em classes de acordo com as características de
desempenho fundamentais e opcionais correspondendo a:
Classes com características fundamentais:
1 – Adesivo normal;
2 – Adesivo melhorado.
Classes de características opcionais:
E – Adesivo de tempo aberto prolongado;
F – Adesivo de presa rápida;
T – Adesivo com resistência ao deslizamento vertical.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
36
Deste modo, é possível definir quais os produtos mais adequados para cada aplicação. As classes de
cimentos-cola ou adesivos existentes são: C1, C1F,C1T, C1FT, C2, C2E, C2F, C2T, C2TE, C2FT,
D1, D1T, D2, D2T, D2TE, R1, R1T, R2 e R2T. [3]
Segue-se o Quadro 17, onde se resume a aplicação, vantagens e cuidados a ter dos diversos materiais
de assentamento por contato com o sistema ETICS. [3]
Quadro 17 – Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola
CIMENTOS - COLA
Aplicações típicas Vantagens Cuidados
Ligantes
mistos
orgânicos
e
inorgânicos
Recomendado
para revestimentos
de fachadas, com
peças de pequeno
e grande formato
com porosidade
alta e baixa.
Alta flexibilidade;
Aplicação nos
revestimentos de
fachadas.
Aplicação após boa estabilização do
suporte;
Necessidade de controlar a
espessura, que nunca deve
ultrapassar 10mm;
Baixa porosidade do suporte.
Aluminoso
com
ligantes
mistos
Colocação de
peças cerâmicas
pouco absorventes
em todos os tipos
de suporte.
Aplicação em
colagem simples
de peças
60x60x1.5.
Aplicação rápida
das peças;
Colocação em
ambientes frios;
Elevada
rentabilidade de
aplicação.
Remoção de resíduos e produtos de
conservação de anteriores
aplicações;
Eventual necessidade de limpeza
com detergentes no caso de
recuperação;
Aplicação após boa estabilização do
suporte;
Necessidade de controlar a
espessura, que nunca deve
ultrapassar 10mm.
Baixa porosidade do suporte.
3.4 ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –
CLASSIFICAÇÃO GERAL
3.4.1. INTRODUÇÃO
O sistema de revestimento cerâmico colado ao suporte, de forma contínua, com recurso a argamassas
e/ou cimentos-cola, é um dos tipos de revestimento que provoca maior número de patologias correntes
sistemáticas e recorrentes e que levam ao aparecimento de múltiplas patologias de funcionamento,
muitas vezes com custos avultados de reparação.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
37
Neste Capítulo, favorece-se a abordagem das patologias relativas aos sistemas de revestimento,
encarados como o conjunto formado pelo suporte, material cerâmico, juntas, material e técnica de
assentamento dos ladrilhos e de preenchimento das juntas, em detrimento das patologias exclusivas
dos ladrilhos propriamente ditos. Apresenta-se de seguida uma descrição de algumas das patologias
correntes, causas e consequências.
3.4.2. DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS
As patologias mais frequentes dos sistemas de revestimento cerâmico colados ao suporte (fachadas)
são o descolamento e a fissuração.
Em geral, estes defeitos fazem-se sentir com maior intensidade ou maiores consequências funcionais
no exterior dos edifícios. Consequência de muitas das vezes as condições de aplicação serem, em
geral, mais difíceis no exterior e as áreas contínuas de aplicação muito mais extensas, bem como as
condições atmosféricas de aplicação.
Além da fissuração e do descolamento, outros defeitos podem afetar o desempenho destes
revestimentos, nomeadamente os referidos no Quadro 18. [33]
Quadro 18 – Patologias dos revestimentos cerâmicos
TIPO DE PATOLOGIA SINTOMAS CAUSAS
EFLORECÊNCIAS
Manchas
esbranquiçadas à
superfície dos ladrilhos
Presença de sais solúveis nos ladrilhos
que, na sequência duma humidificação
(resultante do assentamento ou do uso
do revestimento), são transportados
para a superfície e aí se depositam, à
medida que a água se vai evaporando.
Os sais podem provir das matérias-
primas ou de posterior contaminação
dos ladrilhos por gases sulfurosos (SO3)
do forno, ou até por cinzas dos
combustíveis, durante a cozedura ou na
secagem, quando para esta se
aproveitam gases do forno.
São, em geral, sulfatos de sódio (Na2
SO4), de potássio (K2 SO4), de
magnésio (Mg SO4) ou de cálcio (Ca
SO4), estes menos solúveis.
FISSURAÇÃO DO
VIDRADO
Coeficiente de dilatação térmica do
vidrado superior, ou não suficientemente
inferior, ao da base cerâmica do ladrilho,
que o coloca em tração, ou
insuficientemente comprimido, durante o
arrefecimento subsequente à cozedura;
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
38
FISSURAÇÃO DO
VIDRADO
Fissuras, afetando
apenas o vidrado, que
se entrecruzam em
forma de rendilhado
Se ocorre expansão da base cerâmica
aquando do assentamento em obra, a
tração no vidrado que daí resulta pode
ser suficiente para o fissurar.
Contração dos produtos cimentícios de
assentamento dos ladrilhos que,
transmitida ao vidrado e adicionada ao
estado natural de pré-tensionamento em
compressão dos ladrilhos
(propositadamente imposto no fabrico),
pode conduzir à ultrapassagem da
resistência à compressão do vidrado;
Choque térmico.
ENODAMENTO
Alteração inestética da
cor das juntas devida
à fixação de sujidade.
Alteração inestética da
cor das juntas devida
à fixação de sujidade.
Textura superficial que favorece a
retenção de sujidade.
Poros abertos à superfície, que
favorecem a retenção de sujidade.
Absorção e retenção, pelo produto de
preenchimento das juntas, de produtos
enodoantes, em forma de pó ou
veiculados pela água
FISSURAÇÃO
Fissuras no seio do
produto, afetando toda
a profundidade da
junta.
Retração de secagem inicial
(irreversível) do produto de
preenchimento da junta ou contrações -
expansões cíclicas devidas a variações
termohigrométricas. Extensões de
rutura, em tração ou compressão,
insuficientes para absorverem os
movimentos transmitidos à junta pelo
revestimento ou pelo suporte.
DESLOCAMENTOS
Abertura duma fissura
entre o produto e os
bordos do ladrilho.
Perda de aderência,
relativamente ao
suporte, com ou sem
empolamento.
Na maior parte dos
casos não é possível
recolocar os ladrilhos
por estes não caberem
no espaço que
anteriormente
Aderência insuficiente do produto de
preenchimento da junta aos bordos dos
ladrilhos, particularmente quando estes
são pouco porosos ou quando são
vidrados e há escorrência do vidrado
para os bordos.
Inadequação da granulometria ou da
consistência do produto à largura ou
profundidade da junta. Relação
inadequada largura/profundidade da
junta.
Movimentos diferenciais suporte
revestimento.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
39
ocupavam. Aderência insuficiente entre camadas do
revestimento.
Falta de juntas elásticas no contorno do
revestimento.
Deficiências do suporte (deficiências de
limpeza, planeza, porosidade).
DESCOLAMENTO
Descolamento do
produto dos bordos
dos ladrilhos e do
fundo da junta,
soltando-se de
seguida
Evolução dos fenómenos que dão
origem aos tipos das patologias
precedentemente descritos.
Expansão do produto de preenchimento,
de base cimentícia, provocada por
sulfatos contidos em produtos de
limpeza.
ALTERAÇÃO DA COR
Alteração localizada
da cor inicial dos
ladrilhos
Desgaste nas zonas de maior
circulação.
Ataque químico.
DEFICIÊNCIAS DE
PLANEZA
Irregularidades de superfície do suporte
que o produto de assentamento não
pode disfarçar.
Não cumprimento das regras de
qualidade sobre planeza geral ou
localizada da superfície do revestimento.
Empeno dos ladrilhos.
No Quadro 18, são apresentados os tipos de patologias que mais correntemente afetam os
revestimentos cerâmicos ou os seus constituintes e as respetivas causas mais prováveis.
Das patologias com origem nos ladrilhos só se consideram as decorrentes da utilização em obra.
Algumas resultam de deficiências de conceção ou de execução do revestimento e outras têm origem
em defeitos de fabrico, que a utilização força a manifestarem-se.
3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO
No descolamento de revestimentos de paredes, é importante distinguir entre dois tipos de situações:
Descolamentos localizados (pontuais) - em geral, associados a deficiências locais de
aplicação ou do suporte;
Descolamentos generalizados, com ou sem empolamento prévio do revestimento -
frequentemente associados à elevada expansão dos ladrilhos, à falta de qualidade do material de
colagem, a erros sistemáticos de aplicação ou à incompatibilidade entre as várias camadas do
sistema.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
40
O descolamento localizado pode ter origem em:
Pequena fissura local (frequente nos cantos dos vãos);
Zona de concentração de tensões na parede (mudança de secção ou carga concentrada). Se a
resistência da ligação não for muito elevada e a resistência mecânica dos ladrilhos for
média/alta, estes não descolam mas fissuram;
Entradas pontuais de água para o suporte ou zonas de remate de trabalho, com argamassas /
cimentos-cola no limite do seu tempo de abertura, isto é, da sua capacidade para garantir a
colagem. Ocorrem, ainda, descolamentos localizados, com padrão repetitivo, associados ao uso
de argamassas / cimentos-cola para além do seu tempo de abertura, resultantes de amassaduras
não compatíveis com o ritmo de aplicação e, noutros casos, associados à geometria da parede e
da zona de aplicação em relação ao nível do andaime, que podem influenciar, não só o ritmo,
mas também a facilidade de execução.
Se pensarmos numa parede de fachada e nas várias camadas que a constituem, compostas por
diferentes materiais, com coeficientes de expansão-contração distintos e sujeitos a diferentes
solicitações (nomeadamente de carácter higrotérmico), verificamos que existem acentuados
movimentos diferenciais restringidos pelo funcionamento conjunto das várias camadas. Estes
movimentos vão criar tensões de corte elevadas nas interfaces que só poderão ser absorvidas com
ligações de elevada resistência, razoável elasticidade e juntas capazes de acomodar esses movimentos.
O fenómeno é sobejamente conhecido, podendo mesmo calcular-se os espaçamentos e largura de
juntas adequadas a cada caso. Aconselha-se, em geral, que as juntas de esquartelamento não fiquem
sujeitas a movimentos superiores a 20% da sua largura.
Os movimentos diferenciais devidos à ação da humidade (reversíveis ou irreversíveis) podem ser
gravados por eventual falta de estanquidade progressiva do paramento exterior, contribuindo para a
molhagem do suporte.
Embora menos vulgar, uma deformação uniforme acentuada da estrutura ou da parede de suporte pode
conduzir a empolamento e descolamento sem fissuração prévia, como acontece, por exemplo, quando
o assentamento é feito sobre reboco armado ou a ligação entre ladrilhos é muito resistente.
Apesar de geralmente estar identificada a causa principal do descolamento com empolamento, não
deve ignorar-se que os defeitos relativos à falta de resistência do produto de assentamento ou da sua
aderência ao suporte ou aos ladrilhos, constituem sempre um fator de agravamento.
Sem empolamento, os descolamentos generalizados dar-se-ão, geralmente, por deficiência da camada
adesiva, resultante da falta de qualidade do produto, da sua inadequação à função ou da sua má
aplicação. A entrada de água para o tardoz dos revestimentos (através de fissuras, peitoris, platibandas,
etc.), constitui sempre um fator de agravamento.
É oportuno dizer-se que o descolamento pode resultar de rutura adesiva da interface ladrilho-cola, de
rutura coesiva no seio da cola, de rutura adesiva da interface cola-suporte, ou até de rutura coesiva do
próprio suporte. As causas mais prováveis de cada uma dessas tipologias de rutura são basicamente as
apresentadas no Quadro 19.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
41
Quadro 19 – Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas
TIPO DE RUTURA CAUSAS
RUTURA ADESIVA LADRILHO-COLA Aplicação de cola que já tinha ultrapassado o seu tempo
de abertura real, ou de cola que não é adequada para o
grau de porosidade dos ladrilhos.
RUTURA COESIVA DA COLA Utilização prematura do revestimento, antes da cola ter
adquirido o necessário desempenho.
RUTURA ADESIVA DE COLA-
SUPORTE
Contágios do suporte por produtos cobertos de pó, ou
suporte demasiado quente ou seco no momento da
aplicação da cola, ou cola inadequada para o grau de
absorção de água do suporte.
RUTURA COESIVA DO SUPORTE Suporte que não apresenta a devida coesão, sem
condições para receber um revestimento
Contudo a tipologia de rutura predominante em casos de descolamento é a rutura adesiva na interface
ladrilho-cola.
Do conteúdo dos Quadros anteriores decorre ainda que as patologias que mais correntemente afetam
os revestimentos cerâmicos se ficam, fundamentalmente, a dever a deficiências de conceção ou de
execução em obra.
Nos ladrilhos pouco porosos a aderência vem dificultada, pelo que deve haver um maior cuidado com
o tempo de abertura do material de colagem. Aliás, recomenda-se que, no exterior, se utilizem
argamassas / cimentos-cola com maior tempo de abertura e, mesmo aqui, se devem distinguir os
tempos de abertura dos produtos de colagem a utilizar em fachadas em zona de sombra ou fachadas
sujeitas à ação intensa do Sol.
Os revestimentos cerâmicos das fachadas orientadas a Sul e Poente, em geral mais sujeitos a variações
climáticas, apresentam em alguns casos, um agravamento das patologias que, eventualmente se
verifiquem nas restantes fachadas.
Para além dos já referidos, são diversos os fatores que, por si só, ou de forma conjugada, podem
contribuir para o descolamento dos revestimentos cerâmicos de parede:
Reduzida elasticidade do produto de colagem;
Suportes muito jovens;
Áreas de trabalho demasiado extensas;
Contacto incompleto dos ladrilhos com a cola, em particular nos limites periféricos das
zonas de trabalho;
Transição entre suportes distintos;
Suportes irregulares, pouco limpos, pulverulentos ou com porosidade não recomendável;
Falta de pressão adequada dos ladrilhos no ato de assentamento;
Falta de planeamento do trabalho e deficiente qualificação da mão-de-obra.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
42
As principais consequências do descolamento dos revestimentos cerâmicos de paredes são as
seguintes:
Queda, com elevado perigo de danos humanos e materiais, substancialmente agravado em
edifícios com mais de dois pisos;
Criação de condições para a entrada de grandes quantidades de água para o suporte e para a
interface de colagem, com risco de infiltração para o interior e descolagem progressiva e
acelerada do revestimento;
Degradação do aspeto visual e criação da sensação de insegurança para os utentes.
3.4.4 FISSURAÇÃO
A fissuração dos revestimentos cerâmicos de paredes está associada, em geral, a movimentos do
suporte - acompanhados ou não da fissuração do próprio suporte - incompatíveis com a elasticidade do
produto de colagem, com a resistência à tração dos ladrilhos e com a dimensão das juntas e sua
colmatação.
Em teoria, dir-se-ia que, se cada ladrilho funcionasse como um elemento autónomo, desligado dos
restantes por juntas e fosse aplicado com um produto de colagem com capacidade de deformação
transversal ao longo da sua espessura não haveria lugar a fissuração, salvo para grandes movimentos
ou ladrilhos de muito baixa resistência. Tal situação não se verifica, na esmagadora maioria dos casos.
O fator decisivo que determina, na maior parte dos casos, se o revestimento fissura ou descola perante
um movimento acentuado do suporte, é a resistência ao corte do sistema de colagem. Se a aderência é
baixa, há descolamento, se a aderência é elevada, há fissuração.
Há, no entanto, fatores complementares que podem influenciar o processo e que são dificilmente
quantificáveis, entre os quais se incluem o estado de tensão inicial do revestimento, a largura das
juntas e a direção do deslocamento do suporte.
Parece ser comum, embora não confirmado por via estatística, que a fissuração do suporte, por flexão
no plano transversal à parede ou por cisalhamento no seu próprio plano, com afastamento relativo dos
bordos da fissura, conduz a concentrações de tensões elevadas que fazem fissurar, por tração, o
revestimento sem empolamento ou descolamento significativo. Esta situação é comum nos casos de
paredes esbeltas ou mal apoiadas, de assentamentos diferenciais de fundações, de expansão de
coberturas e de deslocamentos diferenciais em cunhais; por vezes é contrariada em alguns casos de
corte em paredes suportadas por consolas. Movimentos de compressão do suporte, sem fenómenos de
cisalhamento, conduzem, em geral, a empolamento e descolamentos prévios.
Noutros tempos, em que o assentamento de revestimentos de paredes se fazia com argamassas
tradicionais, existia o perigo de fissuração por retração da camada de assentamento, o que deixou de
ter relevo, nos dias de hoje.
Cumpre sublinhar que a fissuração do revestimento cerâmico devido aos movimentos do suporte não
permite afirmar que o suporte tem movimentos excessivos, ou que o revestimento é demasiado frágil
ou está mal executado. Pode sim afirmar-se que os dois sistemas têm deformações e capacidade de
deformação incompatíveis, pelo que, em geral, se pode considerar que a causa resulta de um erro de
conceção ou, mais frequentemente, de uma omissão de conceção.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
43
A fissuração dos revestimentos de parede tem como consequências a sua progressiva deterioração e a
uma maior probabilidade de posterior descolamento. Pode, também, ser significativa a entrada de água
através das fissuras, com as consequências já descritas. Em revestimentos de cores claras, a fissuração,
mesmo de largura reduzida, tende a acumular sujidades que degradam o aspeto de forma acentuada.
3.5 ANÁLISE CRITICA
No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas
exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na
medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o
previsto.
Existiram assim algumas preocupações mais relevantes neste capítulo. Foram elas:
Os tipos de cerâmica tendo em conta as suas propriedades físicas, químicas, qualidade e
dimensões;
As juntas (espessuras recomendadas para cerâmicos fixados com cola);
As colas na aplicação (tempo de vida útil);
As principais patologias associadas, nomeadamente o descolamento e a fissuração, com
especial relevância para o descolamento.
Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos
revestimentos cerâmicos de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização
integral dos revestimentos cerâmicos.
Consequentemente, os revestimentos cerâmicos representam ainda uma durabilidade maior em
comparação com os restantes revestimentos de fachada, quando o acabamento dos revestimentos é
cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.
Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A
constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,
com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à
falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras
soluções atuais no mercado.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
45
04 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM
REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS
4.1 INTRODUÇÃO
Na sequência do aparecimento de azulejos cerâmicos no revestimento de paredes sobre o sistema
ETICS achou-se interessante uma análise de obras nestas condições de forma a avaliar o estado das
mesmas e o comportamento ao longo do tempo.
Neste subcapítulo é feita a análise do desempenho “in situ” de edifícios onde se aplica o que foi
apresentado e discutido nos capítulos e subcapítulos anteriores sobre a aplicação de cerâmico sobre o
sistema ETICS.
Para tal foram elaboradas fichas técnicas para cada um dos edifícios, como forma de identificação,
análise e desempenho e possíveis recomendações.
Nos itens seguintes serão apresentadas a metodologia do trabalho, resultados dos trabalhos
desenvolvidos e eventuais causas para a patologia ocorrida.
4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS
A origem de uma patologia pode ser compreendida como o comportamento desajustado, adotado
durante o processo construtivo, que provocou alteração no desempenho esperado de um elemento ou
componente da edificação.
No Quadro 20, aparece dividido pelos grupos seis grupos a classificação das causas das patologias em
revestimentos cerâmicos aderentes
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
46
Os erros de projetos mostram evidência e refletem a falta de compatibilização, dimensionamento e
pormenorização da escolha de materiais e de métodos de aplicação adequados o que reduz a
durabilidade de revestimento.
Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre sistema
ETICS [33]
GRUPOS CAUSAS
Erros de Projeto
Escolha de materiais incompatíveis, omissa, ou não adequada à
utilização;
Estereotomia não conforme com as características do suporte;
Prescrição de colagem simples em vez de dupla
Dimensionamento incorreto das juntas do revestimento cerâmico;
Inexistência de juntas periféricas, de esquartelamento ou
construtivas;
Existência de zonas do revestimento cerâmico inacessíveis para
limpeza;
Deficiente cuidado na pormenorização das zonas singulares do
revestimento cerâmico. Inexistência ou patologia dos elementos
periféricos do revestimento cerâmico;
Deformações excessivas do suporte;
Humidade ascensional do terreno.
Erros de Execução
Utilização de materiais não prescritos e/ou incompatíveis entre si;
Aplicação em condições ambientais extremas;
Desrespeito pelos tempos de espera entre as várias fases de
execução;
Aplicação em suportes sujos, pulverulentos ou não regulares;
Desrespeito pelo tempo aberto do adesivo;
Espessura inadequada do material de assentamento;
Contacto incompleto do ladrilho – material de assentamento;
Assentamento de ladrilhos nas juntas de dilatação do suporte;
Colagem simples em vez de dupla;
Utilização de material de assentamento ou de preenchimento de
juntas de retração elevada;
Preenchimento de juntas sujas;
Execução de juntas com largura ou profundidade inadequada/não
execução;
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
47
Preenchimento incompleto das juntas de assentamento;
Desrespeito pela estereotomia do revestimento cerâmico;
Encastramento de acessórios metálicos não protegidos nas juntas.
Ações de origem
mecânica exterior do
revestimento cerâmico
Choques contra o revestimento cerâmico;
Vandalismo/grafitti;
Concentração de tensões no suporte;
Deformação do suporte.
Ações ambientais
Vento;
Radiação solar;
Exposição solar reduzida;
Choque térmico;
Lixiviação dos materiais do revestimento que contém cimento;
Humidificação do revestimento;
Ação biológica;
Poluição atmosférica;
Criptoflorescências;
Envelhecimento natural.
Falhas de manutenção
Falta de limpeza do revestimento cerâmico ou de zonas
adjacentes;
Limpeza incorreta do revestimento cerâmico.
Alteração das
condições inicialmente
previstas
Aplicação de cargas verticais excessivas em revestimentos de
paredes.
4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA
O trabalho de campo teve como objetivo a inspeção de um total de 8 edifícios com revestimentos
cerâmicos em fachadas sobre ETICS em todo o país especialmente zona Norte, sendo a sua finalidade
registar as patologias visualmente detetáveis. As patologias normalmente não surgem de forma
isolada, no entanto o levantamento destas foi efetuado de forma independente, de maneira a
simplificar e sua caracterização e classificação.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
48
Quadro 21 – Identificação da Amostra
EDIFICIO
1- A Edifício Comercial – Anadia
2- B Edifício Comercial – Marco de Canaveses
3- C Estação de Comboios – Vila Nova de Famalicão
4- D Edifício Multifamiliar Porto
5- E Edifício Comercial – Viana do Castelo
6- F Conjunto Habitacional – Porto
7- G Edifício de Serviços – Anadia
8- H Edifício de Comércio e Habitação – Matosinhos
4.3. ESTRUTURA DA FICHA
A informação recolhida no trabalho de campo foi efetuada, conforme já se referiu através de uma
Ficha de Avaliação e Inspeção para Revestimento de Fachadas em Cerâmicos sobre ETICS e foi
dividida nas seguintes nove partes:
1. Identificação do Edifício;
2. Caracterização do Edifício;
3. Intervenções após construção;
4. Tipo de Obra;
5. Identificação das patologias;
6. Descrição construtiva do elemento;
7. Orientação;
8. Reparações efetuadas;
9. Metodologias das intervenções.
1. Para a identificação do edifício criou-se uma letra para cada ficha de avaliação e indicou-se:
A morada;
Ano de construção do edifício;
Intervenções posteriores.
2. Na caracterização do edifício, indicaram-se os seguintes aspetos:
Opções formais e construtivas;
Identificação fotográfica;
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
49
3.Nas intervenções após construção define-se as intervenções que foram feitas no edifício após a sua
construção.
4.No tipo de obra, indicaram-se os seguintes aspetos:
Habitação Unifamiliar;
Comércio;
Serviços;
Industria;
…
5.Na identificação de patologias, indicaram-se os seguintes aspetos:
Tem patologias;
Não tem patologias;
Avaliação.
6.Na descrição construtiva do elemento define-se a constituição da fachada.
7.Na descrição orientação indicou-se:
Norte;
Sul;
Este;
Oeste (poente);
Nordeste;
Noroeste;
Sudeste;
Sudoeste.
8.Nas reparações efetuadas é descrito as possíveis reparações feitas na fachada do edifico, se aplicação
feita já é ou não uma reabilitação.
9.Nas metodologias de intervenção, são descritas as metodologias usadas nessas reabilitações.
4.4. FICHAS
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
50
Ficha Edifício A
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : A
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO VISTA GERAL
PORMENOR
Edificiode Serviços e Comércio, composto por 2 pisos acima da cota da soleira.
Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes de betão armado, com cobertura
plana.
IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Comércio e Serviços
LOCAL : Anadia
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em ContruçãoANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
APLICAÇÃO DO ISOLAMENTO
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
51
PORMENOR DE ASSENTAMENTO
RE
PA
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ES
EF
ET
UA
DA
S
Não se aplica.
ME
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S
Não se aplica.
TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
D
O
EL
EM
EN
TO
Parede simples de betão armado de 0,30 m,
com reboco de regularização hidrofugado com
placas de poliestireno expandido com 60 mm de
espessura, assente com junta travada,
argamassas, armadura de fibra de vidro e
posterior colagem de cerâmica da "CINCA"
50*210 mm de cor beje.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
Está a ser aplicada em toda a envolvente do
edificio.
TIPO DE OBRA : EDIFICIOS DE SERVIÇOS E COMÉRCIO
FASE DE COLOCAÇÃO DA CERÂMICA
FACHADA REVESTIDA A CERÂMICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
52
Ficha Edifício B
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO ALÇADO POENTE
Edificio Comercial, várias frações de comércio e serviços em Marco de Canaveses.
Desenvolve-se em 4 pisos, um abaixo da cota de soleira e três acima, destinados a
comércio e serviços.
IDENTIFICAÇÃO : EDIFICIO COMERCIAL
LOCAL : Avenida Gago Coutinho - Marco de Canaveses
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: 1990 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2009
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
ALÇADO POENTE e SUL
Sistema de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
53
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADOX
FISSURAS
LOCALIZADASX
MANCHAS DE
HUMIDADEX
DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
X
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO
DAS JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO
DANOS POR AÇÕES
HUMANASX
TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO
PONTUAL
MET
OD
OLO
GIA
DA
S
INTE
RV
ENÇ
ÕES
Até ao momento não há qualquer patologia visivel, não obstante de se proceder à sua manutenção
durante o tempo.
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
DO
ELE
ME
NT
O
Parede dupla de alvenaria de tijolo de 11+11 cm, com caixa de ar
de 3 cm, rebocada interiormente com 2 cm de gesso,
exteriormente aplicação de XPS, com 4 cm e posterior colagem
de cerâmica de 50*210 mm.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o
sistema ETIC's, encontra-se maioritáriamente a poente, havendo
uma pequena fachada também a sul.
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S Não se aplica.
PA
TO
LO
GIA
S
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
54
Ficha Edifício C
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : C
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL
A Estação de Caniços fica localizada na freguesia de Bairro, no concelho de Vila Nova de
Famalicão, junto à estrada EN 310.Foi construída no âmbito das obras para reconversão em via
larga e electrificação da Linha de Guimarães.O edifício da estação está orientado segundo a
direcção Este/Oeste e é composto por dois pisos. O piso inferior (Piso 0) é parcialmente
enterrado e destina-se a zonas técnicas e de serviço(sala de equipamentos de telecomunicações,
“unit power system”, perdidos e achados,posto de transformação, grupo gerador, arrumos e
resíduos sólidos) e áreas reservadas aos funcionários (sala, balneários, vestiários e instalações
sanitárias). No Piso 1, cuja cota de pavimento é idêntica às das plataformas de embarque, ficam
situados os serviços de apoio à estação (gabinete de circulação, arquivo geral, sala de contagem,
divisão de limpeza, bilheteiras, quiosque, bar e cozinha), as áreas de circulação e espera e as
instalações sanitárias públicas. A estabilidade do edifício é garantida por uma estrutura porticada
de betão armado. A fachada Sul do Piso 1 está apoiada sobre lajes em consola.As paredes
exteriores do edifício foram realizadas em betão ou em alvenaria simples de tijolo vazado.
IDENTIFICAÇÃO : ESTAÇÃO DE COMBOIOS
LOCAL :Estação de Caniços da Linha de Guimarães - BAIRRO – VILA NOVA DE FAMALICÃO
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
ALÇADO NASCENTE VISTA SUL
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
55
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADO XFISSURAS
LOCALIZADAS XMANCHAS DE
HUMIDADE XDESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS
JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO X
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS X
TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE SERVIÇOS
NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO
PONTUAL
MET
OD
OLO
GIA
DA
S
INTE
RV
ENÇ
ÕES
Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente enodamento, eflorescências e descolamento
pontual do ladrilho.(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;
.(2) Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento; ☺ - limpeza do
revestimento cerâmico;
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
D
O
EL
EM
EN
TO
Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de 0,20 m, com
reboco de regularização hidrofugado com placas de poliestireno
expandido com 30 mm de espessura (coladas por pontos),
argamassas da gama “COTETERM” da TEXSA MORTEROS,
armadura de fibra de vidro com tratamento de protecção anti-
alcalino, primário e perfis de alumínio e posterior colagem de
cerâmica de 200*200 mm, da série “ARTE NOVA” da PAVIGRÉS.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o
sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio (todas as
orientações).
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S
Este edificio sofreu intervenção após a sua construção, no ano de 2005, a nivel de fachadas
exteriores.METODOLOGIA ADOPTADA: 1- Análise das superfícies por percussão para avaliar a
aderência ao suporte dos ladrilhos e remoção daqueles que se encontrem descolados;2- Limpeza e
eventual regularização do suporte, eliminando todas as partículas desagregadas;3-Criação de junta
estrutural vertical no muro da rampa de acesso à plataforma com configuração adequada;4-
Realização das juntas; 5- Recolocação dos ladrilhos cerâmicos respeitando as recomendações do
documento “Revêtements de murs extérieurs en carreaux céramiques ou analogues collés au moyen
de mortiers colles (Cahiers du CSTB, n.º 3266, octobre 2000)”. Deverá ser utilizado um cimento-cola
da classe C2S;6-Preenchimento das juntas entre ladrilhos com um produto cujo módulo de
elasticidade não superior a 8000 MPa. Estas juntas deverão ter uma espessura não inferior a 4 mm
(a este valor deve ser adicionada a tolerância dimensional dos ladrilhos).
.(3) proceder à lavagem da superfície das juntas.
PA
TO
LO
GIA
S
X (3)
X (1) X
X (2)
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
56
Ficha Edifício D
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : D
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO ALÇADO NORTE
Edificio Multifamiliar, composto por 3 blocos de apartamentos e garagem. Desenvolve-
se em 5 pisos, um abaixo da cota de soleira destinado a garagem e três acima,
destinados a habitação. Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com
cobertura plana.
IDENTIFICAÇÃO : Edifício Multifamiliar
LOCAL :Rua Júlio Dantas - Pedroços – Maia - Porto
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2007 e 2008 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
ALÇADO POENTE
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
PORMENOR DE REMATE NO CUNHAL
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
57
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADO XFISSURAS
LOCALIZADAS XMANCHAS DE
HUMIDADE XDESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
X
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO
DAS JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO XDANOS POR
AÇÕES HUMANAS X
TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS
NÃO TEM TEM
AVALIAÇÃO
PONTUAL
X (1) X
MET
OD
OLO
GIA
DA
S
INTE
RVEN
ÇÕES
Existem atualmente pequenas patologias, nomeadamente pequenas fissuras
pontuais.
(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho
conforme especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
DO
EL
EM
EN
TO
Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de
0,20 m, com reboco de regularização hidrofugado
com placas de poliestireno expandido com 50 mm
de espessura, armadura de fibra de vidro com
tratamento de protecção anti-alcalino, primário e
perfis de alumínio e posterior colagem de cerâmica
de 200*200 mm, grés branco da "cinca".
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
A envolvente do edificio onde foi aplicada a
cerâmica sobre o sistema ETICS, foi na orientação
Norte e Poente, nas restantes tem sistemas ETICS
normal.
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S
Não há reparações feitas até à data.
PA
TO
LO
GIA
S
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
58
Ficha Edifício E
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : E
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL
PORMENOR
O Edifício é constituído por dois Corpos constituido por dois pisos, ambos acima da
cota soleira para comércio e serviços. Ao nível do 1º piso e de parte do R/Chão, as
fachadas opacas são revestidas com “azulejos rústicos” de cor branca, com superfície
quadrada de cerca de 13 × 13 cm². As paredes exteriores são em betão, com 25 a 30
cm de espessura.
IDENTIFICAÇÃO : Edificio Comercial
LOCAL :Praça da Liberdade – Viana do Castelo
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
ALÇADO NORTE
DISTÂNCIA À COSTA: Menos de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
59
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADO XFISSURAS
LOCALIZADAS
MANCHAS DE
HUMIDADE XDESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS
JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS X
TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO
PONTUAL
X (2) X
X (1) X
MET
OD
OLO
GIA
DA
S
INTE
RV
ENÇ
ÕES
Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento pontual do ladrilho
fissuração pontual.
(1) proceder à sua substituição respeitando o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;
(2) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
D
O
EL
EM
EN
TO
Parede simples de betão de 0,25 a 0,30 m, encontrando-se
isoladas termicamente pelo exterior, tendo os ladrilhos sido
colados directamente sobre o sistema ETICS, com cimento-
cola “weber.col flex”, da Weber & Broutin. O sistema ETICS
aplicado é do tipo “Capotto”, da VIERO, sendo constituído por
placas de poliestireno expandido (4 cm), fixadas
mecanicamente ao suporte com buchas “IZP”, da HILTI. Sobre
as placas foi aplicado um reboco delgado do tipo “Adesan
CPS-B”, armado com rede de fibra de vidro (150 g/m2), com
tratamento anti-alcalino e posterior colagem dos cerâmcios de
cor branca de 13*13 cm.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o
sistema ETIC's, foi na globalidade do efificio (todas as
orientações).
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S
Não há reparações feitas até à data.
AN
OM
ALIA
S
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
60
Ficha Edifício F
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : F
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO VISTA INTERIOR DO BAIRRO
PORMENOR DE FACHADA
Este conjunto habitacional é composto por 8 blocos de apartamentos. As paredes exteriores
são em alvenaria de tijolo, com cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes
de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana. Pavimentos em soalho/flutuante, com
exeção das zonas húmidas, cozinha e garagem.
IDENTIFICAÇÃO : Conjunto Habitacional
LOCAL :Rua do Falcão - Porto
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Anterior ao ano 2000 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
VISTA GERAL
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
61
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADOX
FISSURAS
LOCALIZADAS
MANCHAS DE
HUMIDADEX
DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
X
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO
DAS JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS X XENODAMENTO X
DANOS POR
AÇÕES HUMANASX
MET
OD
OLO
GIA
DA
S
INTE
RVEN
ÇÕES
Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento/destacamento
frequente do cerâmico, fissuração pontual, eflorescências gerais, enodamentos frequentes e
danos por ações humanas pontuais.
(1) ☻ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;
(2) ☺ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;
(3) ☻- Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento;
☺ - limpeza do revestimento cerâmico,
(4) ☺- proceder à lavagem da superfície das juntas
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
DO
EL
EM
EN
TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com
reboco de regularização hidrofugado com placas de
poliestireno expandido com 40 mm de espessura,
argamassas, armadura de fibra de vidro e posterior
colagem de cerâmica de 50*210 mm, da CINCA de cor
vermelha.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica
sobre o sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio
(todas as orientações).
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S
Não se aplica
X (3)
X (4)
X (5) X
AN
OM
ALIA
S
X (1) X
X (2)
TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS
NÃO TEM TEM
AVALIAÇÃO
PONTUAL
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
62
Ficha Edifício G
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : G
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE ASSENTAMENTO
VISTA PRINCIPAL
DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Este edificio de serviços é composto por dois pisos e serve as instalações da
Candigrês em Avelãs de Cima. As paredes exteriores são em alvenaria de tijolo, com
cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas,
com cobertura plana.
IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Serviços
LOCAL :Rua 2 de Abril - Candieira - Avelãs de Cima - Anadia
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Meados de 2007 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
63
GERAL FREQUENTE
FISSURAS NO
VIDRADOX
FISSURAS
LOCALIZADASX
MANCHAS DE
HUMIDADEX
DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO
MATERIAL
X
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS
JUNTAS
X
EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO X
DANOS POR AÇÕES
HUMANASX
TIPO DE OBRA : EDIFICIO SERVIÇOS
NÃO TEM TEM
AVALIAÇÃO
PONTUAL
RE
PA
RA
ÇÕ
ES
EF
ET
UA
DA
S
Não há reparações feitas até à data.
PA
TO
LO
GIA
S
DE
SC
RIÇ
ÃO
CO
NS
TR
UT
IVA
DO
EL
EM
EN
TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com
reboco de regularização hidrofugado com placas de
poliestireno extrudido com 50 mm de espessura,com
encaixe macho fêmea, argamassas, armadura de fibra
de vidro e posterior colagem de cerâmica de 50*210
mm, da CINCA de cor vermelha.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica
sobre o sistema ETICS, foi na globalidade do edificio
(todas as orientações).
MET
OD
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GIA
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S
INTE
RV
ENÇ
ÕES
Este edificio tem sido alvo de testes e ensaios para provável homologação da colagem do
cerâmico sobre ETICS.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
64
Ficha Edifício H
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : H
OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:
LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE APLICAÇÃO ISOLAMENTO
Edificio Multifamiliar e comércio, composto por 4 pisos acima da cota da soleira, o rés-
do-chão destinado a comércio e os outros três a habitação unifamiliar. Sistema laminar
de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.
IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Habitação e Comércio
LOCAL : Rua de Almeiriga Norte- Perafita - Matosinhos
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em Contrução ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -
CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :
FASE INICIAL DE CONSTRUÇÃO
DISTÂNCIA À COSTA: Primeira linha da costa
IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
65
RE
PA
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ÇÕ
ES
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ET
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DA
S
Não se aplica.
MET
OD
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GIA
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ÇÕES
Não se aplica.
TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL
DE
SC
RIÇ
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CO
NS
TR
UT
IVA
DO
EL
EM
EN
TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com
reboco de regularização hidrofugado com placas de
poliestireno expandido com 60 mm de espessura,
assente com junta travada, argamassas, armadura de
fibra de vidro e posterior colagem de pastilha da
"cinca" 5*5 cm de cor branca e castanha.
OR
IEN
TA
ÇÃ
O
Está a ser aplicada em toda a envolvente do edificio.
FASE DE COLOCAÇÃO DA PASTILHA
TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS
PORMENOR PASTILHA COLADA
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
66
4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS
Os revestimentos cerâmicos sobre ETICS começa cada vez mais a ser uma escolha nos revestimentos
de fachadas em Portugal.
Para compreender melhor os casos estudados, apresenta-se de seguida um quadro onde se
correlacionam os edifícios inspecionados e as patologias verificadas em cada um deles. Com o intuito
de facilitar a leitura dos dados, a localização das patologias será identificada com um número
sequencial, conforme o Quadro 22, em que cada uma delas pode ser generalizada (G), frequente (F) ou
pontual (P), conforme Quadro 23.
Quadro 22 – Identificação das patologias
PATOLOGIA
1 Fissuras no vidrado
2 Fissuras localizadas
3 Manchas de Humidade
4 Destacamento/Deslocamento do material
5 Perda do material no preenchimento das juntas
6 Eflorescências
7 Enodamento
8 Danos por ações humanas
No Quadro 23 identificaram-se as situações patológicas dos revestimentos cerâmicos nas fachadas dos
edifícios observados.
Quadro 23 – Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados
EDIFICIO PATOLOGIAS EM FACHADAS DE EDIFICIOS REVESTIDOS A CERÂMICO
SOBRE O SISTEMA ETIC’S
1 2 3 4 5 6 7 8
G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P
A
B
C X X X
D X
E X X
F X X X X X
G
H
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
67
O gráfico da Fig.17 resume os resultados do quadro anterior, contemplando todas as patologias
observadas em função da localização da patologia. Foram excluídos deste gráfico as obras do edifício
A e H, pelo facto de à data ainda se encontrar em construção, não podendo servir para análise de
patologias. Serve sim de base para trabalhos futuros, como referência.
Quadro 24 – Quantificação dos edifícios com determinadas patologias
Fissuras
localizadas
3
Destacamento/descolamento do material 3
Perda do material no preenchimento juntas 0
Eflorescências
2
Enodamento
2
Danos por ações humanas
1
Fig.17 - Identificação das patologias mais relevantes
Apesar de a amostra ser reduzida para o nosso estudo, realizou-se uma pequena estatística, por forma a
percebermos quais serão os “maiores” problemas que podemos enfrentar na aplicação deste sistema.
Pode no futuro servir de base de comparação com estudos mais alargados e aprofundados. De certa
forma ainda não passou tempo suficiente para termos uma amostra significativa, da qual possamos ter
resultados fiáveis em maior escala para sustentarmos os estudos feitos até ao momento, devido à
aplicação recente do sistema.
Analisando na perspetiva do total das patologias registadas (Fig.18), verificou-se que as patologias a
ter maior ocorrência são o grupo das fissuras e do destacamento /descolamento do material.
3 3
0
2 2
1
0 0,5
1 1,5
2 2,5
3 3,5
N.º
Pato
logia
s o
bserv
adas
Patologias
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
68
Fig.18 - Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções
O conjunto de revestimentos cerâmicos estudados apresenta várias de épocas de construção (Quadro
25), que se inicia no século 20 e termina nos dias de hoje.
Quadro 25 – Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS
ANOS DE CONSTRUÇÃO N.º EDIFICIOS OBSERVADOS
0-1 2
1-2 0
2-3 1
3-4 2
4-5 2
Mais de 5 3
Através do Quadro 25 e do número de patologias associadas da figura 17 verifica-se que quanto maior
é o número de anos do edifício maior é a incidência de patologias.
Também se pode constatar que quanto maior a dimensão do ladrilho (Fig. 19), maior é a incidência de
patologias.
27,3%
27,3%
0,0%
18,2%
18,2%
9,1%
Fissuras localizadas
Destacamento/descolamento do material
Perda do material no preenchimento juntas
Eflorescências
Enodamento
Danos por acções humanas
Distribuição percentual detalhada das anomalias
Fissuras localizadas
Destacamento/descolamento do material
Perda do material no preenchimento juntas
Eflorescências
Enodamento
Danos por acções humanas
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
69
Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica
4.6 IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS
Para a identificação das patologias da amostra estudada foi necessário definir quais as principais
patologias a registar. A respetiva escolha foi determinada tanto pela gravidade da patologia como pela
frequência de ocorrências e importância na evolução do estado de degradação geral da fachada do
edifico.
Observando as várias classificações e aos critérios já mencionados, considerou-se que as principais
patologias poderiam ser agrupadas em:
Fissuras;
Destacamentos/Descolamentos do material;
Deterioração das juntas;
Patologias estéticas;
Outras Patologias.
O descolamento/destacamento e as fissuras foram escolhidas pela frequência em que estas patologias
ocorrem em fachadas revestidas a cerâmicos e sendo este um dos principais princípios de estudo da
aderência do material ao sistema ETICS.
A opção da escolha da patologia deterioração das juntas foi motivada pela consequência que a mesma
tem no estado de degradação dos cerâmicos em fachada.
Em relação às patologias estéticas decidiu-se por reuni-las, incluindo assim as manchas de humidade,
enodamento e eflorescências sendo que, apesar destas patologias apenas comprometerem a camada
superficial, contribuem para a degradação geral das fachadas.
Considera-se em “Outras Patologias” todas as outras que puderam ser observadas, tais como danos por
ações humanas.
O objetivo desta identificação foi a determinação da patologia mais recorrente na aplicação de
cerâmicos sobre ETICS.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
20*20 5*21 5*5
Pat
olo
gias
Dimensão cerâmica - cm
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
70
Na identificação das patologias pretende-se reconhecer as causas associadas a estas, utilizando o
Quadro 21, indicado abaixo, de forma a classificar as patologias segundo as suas causas presumíveis
(erros de projeto, erros de execução, ações de origem mecânica exterior do revestimento cerâmico,
ações ambientais, falhas de manutenção e alteração das condições inicialmente previstas).
Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS
PATOLOGIAS SINTOMAS CAUSAS EXEMPLO DO CASO DE
ESTUDO
FISSURAÇÃO Fissuras no
seio do
produto,
afetando toda
a profundidade
da junta
Fissuras
afetando
apenas o
vidrado, que
se
entrecruzam
em forma de
rendilhado
- Retração de secagem
inicial (irreversível) do
produto de preenchimento
das juntas ou contrações
– expansões cíclicas
devidas a variações
termo-higrométricas;
- Extensões de rotura, em
tração ou compressão,
insuficientes para
absorverem os
movimentos transmitidos
à junta pelo revestimento
ou pelo suporte.
- Coeficiente de dilatação
térmica do vidrado
superior ou não suficiente
à base cerâmica do
ladrilho, que o coloca em
tração, ou
insuficientemente
comprimido
subsequentemente à
cozedura;
- Choque térmico;
-Contração dos produtos
cimentícios de
assentamento dos
ladrilhos transmitida ao
vidrado.
DESTACAMENTO /
DESCOLAMENTO
Abertura de
uma fissura
entre o
produto e os
bordos do
Aderência insuficiente do
produto de preenchimento
de junta aos bordos dos
ladrilhos, particularmente
quando estes são pouco
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
71
ladrilho.
Descolamento
do produto dos
bordos dos
ladrilhos e no
fundo da junta,
soltando-se
em seguida.
porosos ou quando são
vidrados e há escorrência
do vidrado para os
bordos;
- Inadequação da
granulometria ou na
consistência do produto à
largura ou profundidade
da junta;
- Relação inadequada
largura / profundidade da
junta
- Evolução dos
fenómenos que dão
origem aos tipos de
patologias
precedentemente
descritos;
- Expansão do produto de
preenchimento, de base
cimentícia, provocada por
sulfatos contidos em
produtos de limpeza
EFLORESCÊNCIAS Manchas
esbranquiçada
s dos ladrilhos
Presença de sais solúveis
nos ladrilhos, no material
de assentamento ou no
suporte que, em
consequência de uma
humidificação (resultante
do assentamento ou do
uso do revestimento), são
transportados para a
superfície e aí se
depositam / cristalizam, à
medida que a água se vai
evaporando
ENODAMENTO Alteração
inestética da
cor das juntas
devida à
fixação de
sujidade
Absorção e retenção, pelo
produto de preenchimento
de juntas, de produtos
enodoantes, em forma de
pó ou veiculados pela
água
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
72
4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS
Tal como referido no capítulo 02, a aprovação técnica europeia (ETA) ou o documento de
homologação a sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior associado a cerâmico, ainda
não foi desenvolvida, não havendo até ao momento qualquer documento de homologação ou ETA.
Todavia a cada vez maior procura deste sistema no nosso país, como solução para as “nossas”
fachadas por parte de diversas empresas [36], faz com que os especialistas de diferentes áreas
comecem a ver esta solução como uma aposta de futuro e como tal já começaram a estudar se é viável
a homologação do sistema.
Assim, tal como se disse anteriormente as principais desvantagens do sistema tradicional ETICS são a
resistência ao choque e o aparecimento de manchas. A introdução da cerâmica pode ser vista como
uma solução para essas desvantagens.
Desta forma propõe-se a realização de ensaios de choque e de aderência (comportamento mecânico)
para desenvolver a aprovação deste novo sistema, que inclui novos componentes face ao tradicional
sistema ETICS (a cerâmica, a argamassa de juntas e a cola do cerâmico).
Propõe-se deste modo, estudar o comportamento mecânico deste sistema através da execução do
ensaio de aderência. Aconselha-se que o ensaio de aderência seja adaptado a partir do previsto na
ETAG 004 para ETICS com acabamentos por pintura. Este ensaio tem como objetivo analisar a
aderência da camada base ao isolante e do acabamento cerâmico à camada base. Será sempre um
processo feito em comparação com o sistema ETICS, pois é para o qual está concebida a ETAG 004, a
nossa base de estudo.
No Quadro 7 e 8 encontram-se as exigências neste momento definidas pela ETAG 004 para o sistema
tradicional ETICS.
4.8. ANÁLISE CRITICA
No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas
exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na
medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o
previsto.
Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos
revestimentos cerâmicos, de forma que é essencial a realização de manutenção ou mesmo reabilitação
precoces, de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização integral dos
revestimentos cerâmicos.
Consequentemente, os revestimentos cerâmicos podem apresentar ainda uma durabilidade maior em
comparação com os restantes revestimentos de fachada, só quando o acabamento dos revestimentos é
cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.
Face à desvantagem do sistema ETICS convencional em assegurar um nível de resistência aceitável
em termos de ações de corte, apresenta-se a possibilidade de usar a aplicação de elementos cerâmicos
como revestimento final do sistema.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
73
Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A
constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,
com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à
falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras
soluções atuais no mercado.
Face a tudo isto avaliou-se o processo de elaboração de uma ETA, para podermos responder ou
esclarecer algumas das dúvidas pertinentes sobre o sistema. Procedeu-se à caraterização do cerâmico,
à classificação das juntas, bem como à identificação das patologias principais associadas ao sistema de
aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado ao revestimento cerâmico por
forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.
Por esse facto foi feito um levantamento “in situ” de 8 edifícios para identificação das patologias.
Para o efeito foi elaborada uma ficha de avaliação e inspeção, onde estão identificados os principais
parâmetros ligados a essas mesmas patologias.
Estas fichas foram usadas na observação e deteção de patologias em operações de reabilitação ou
construções novas, por forma a avaliar a qualidade da edificação, onde o aspeto estético tem por
norma ser um parâmetro importante.
Considera-se que os resultados adquiridos possibilitaram a identificação das diversas patologias
existentes nos parâmetros de cerâmicos colados sobre o sistema ETICS inspecionados, são bastantes
demonstrativos da viabilidade do sistema. Em suma ficou demonstrado que com um pouco mais de
conhecimento de causa, cuidado de aplicação e manutenção da aplicação de cerâmica sobre o sistema
ETICS, se trata de um sistema fiável de exploração.
O comportamento dos ETICS com acabamento por pintura é avaliado de acordo com um Guia
designado por ETAG 004, onde se encontram definidas as várias exigências. Para analisar o
comportamento destes acabamentos sobre ETICS é necessário começar a pensar num Guia para o
mesmo. Para isso fez-se um modelo de proposta para esse mesmo guia, que poderá ser estudo e
desenvolvido no sentido de dar resposta às exigências do mercado.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico
75
05 CONCLUSÃO
Os estudos de concessão de Aprovações Técnicas Europeias (ETA) de ETICS destinam-se a
comprovar a aptidão ao uso de cada sistema desse tipo, com base nos requisitos e métodos
estabelecidos na ETAG 004. Desta forma surge a necessidade de criar um documento semelhante que
viabilize a colagem de cerâmica sobre este sistema.
A conjugação de um revestimento tradicional (cerâmica) sobre um isolamento térmico pelo exterior,
apresenta-se com potencial, para se dedicar a um conjunto de avaliações de compatibilidade e
durabilidade por forma a garantir um sistema sustentável de revestimento de fachadas. Considerando-
se que o sistema não está refletido na ETAG 004, torna-se urgente rever o tema e expor à
consideração.
O estudo de observação “in situ” de edifícios em que foi aplicado o sistema é animador, no entanto o
seu tempo de vida é ainda reduzido para validação do sistema.
Para já, verifica-se que, ao nível de solicitações mecânicas puras, o sistema apresentado revela um
grau de confiança aceitável ao nível de compatibilidade de elementos. Por outro lado é prudente
limitar utilizações de cerâmicos em função da sua dimensão, dadas as elevadas deformações
adjacentes ao sistema de suporte, mesmo considerando a utilização de armadura de rede.
PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS
Apesar de já existirem alguns estudos sobre a colagem de cerâmicos sobre sistema ETICS, o tema é
ainda de conhecimento não consolidado. Deste modo, no final desta dissertação é fundamental:
a continuação do desenvolvimento de fichas de avaliação e inspeção, aplicadas em obra e na
fase de exploração, com condições de acesso ao projeto e aos responsáveis, para prevenir de
forma mais abrangente e consequente o aparecimento de patologias ou reduzir os seus efeitos;
a elaboração de estudos sobre a influência do projeto e da execução na durabilidade do
sistema, assim como a identificação dos fatores que contribuem para a dispersão dos
resultados; salienta-se a necessidade dos projetistas procederem sempre à execução de peças
escritas e desenhadas mais detalhadas, nomeadamente no que diz respeito à pormenorização
construtiva (ligações dos cerâmicos na envolvente dos vãos, por exemplo);
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a criação de bases de dados de estudos relacionados com as edificações, que fornecessem toda
a informação relativa ao tipo de soluções, técnicas de construção, e materiais utilizados, entre
outros;
por último e deveras bastante importante um estudo fundamentado para a criação da ETA do
sistema;
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06 BIBLIOGRAFIA
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