Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio
Antropologia- Etnocídio /Genocídio – (Pierre Clasters )
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Antropologia- Etnocídio/Genocídio – Antropologia- Etnocídio/Genocídio – (Pierre Clasters)(Pierre Clasters) O BICHO Vi ontem um bichoVi ontem um bicho Na imundície do pátioNa imundície do pátio Catando comida entre Catando comida entre
os detritos.os detritos. Quando achava Quando achava
alguma coisa,alguma coisa, Não examinava nem Não examinava nem
cheirava:cheirava: Engolia com Engolia com
voracidade.voracidade.
Rio, 27 de dezembro de 1947. Manuel Bandeira. Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993
O bicho não era um O bicho não era um
cão,cão, Não era um gato,Não era um gato, Não era um rato.Não era um rato. O bicho, meu Deus, O bicho, meu Deus,
era um homem.era um homem.
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O que se pode O que se pode dizer diante dizer diante disso? É culpa disso? É culpa da criança?da criança?
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Quem é o mais vulnerável nessa disputa?
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Um sabugo de Um sabugo de milho sacia a milho sacia a sua fome?sua fome?
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Qual o sonho Qual o sonho dessa criança ?dessa criança ?
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A esperança A esperança passa por passa por aqui?aqui?
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A que ponto A que ponto chegou a chegou a humanidade. humanidade. Humanidade?Humanidade?
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EurocentrismoEurocentrismo
Tendência a Tendência a interpretar as interpretar as sociedades não-sociedades não-européias a européias a partir dos partir dos valores e valores e princípios princípios europeus, isto é, europeus, isto é, tomar a tomar a sociedade sociedade européia como européia como modelo e padrãomodelo e padrão
Etnocentrismo: Etnocentrismo:
É o princípio É o princípio igualmente igualmente
tendencioso de tendencioso de considerar uma considerar uma
cultura/raça cultura/raça como padrão e como padrão e modelo, ponto modelo, ponto mais elevado mais elevado atingido pela atingido pela
espécie humanaespécie humana
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Vilões da ciência racista: Karl von Limé – quis demonstrar que a “mistura” é fonte
de decadência da raça superior. Ernest Renan – buscou construir uma oposição entre
semitas e arianos; Artur de Gobineau – Ensaio sobre a Desigualdade das
Raças Humanas ; Gustave Le Bon – classifica as raças, distinguindo
aquelas que são superiores – todas indo-européia, daquelas que são de nível intermediário. Blumenbach
George Vacher de Lapouge – preocupação com a mestiçagem.
Benjamim Kidd Ludwig Gumplowicz Joan Friedric
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Índios no BrasilÍndios no Brasil No início do século XVI seriam cerca
de 6 milhões, atualmente são cerca de 315 mil. Calcula-se, que desde então, tenham desaparecido cerca de 900 etnias. Atualmente existem apenas 206 etnias distribuídas por 562 terras indígenas, contando com cerca de 315.000 índios. Falam perto de 170 línguas. No Amazonas habitam mais de 55 povos isolados.
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ÍNDIOS NO BRASIL Causas de extinção atual dos índios
brasileiros: a. agressões diretas (assassinatos) –
para ocupação de terras; b. destruição do Amazonas; c. Transmissão de doenças dos brancos
(malária, tuberculose, etc.) d. invasões dos garimpeiros,
fazendeiros, madeireiros, Etc.
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HUTUS (BANTOS ) DO BURONDI
Perseguidos desde há muito pelos Tutsis. A primeira grande chacina ocorreu em 1972, quando cerca de 200 mil foram mortos pelos Tutsis.
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TUTSIS - TUTSIS - RUANDARUANDA Radicais hutus que controlavam as
forças armadas, entre Abril e Junho de 1994, massacraram cerca de um milhão de ruandeses Tutsis, Hutos moderados e a minoria Twa do país, constituída por pigmeus.
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CAMBOJA Entre 1975, os Khemers vermelhos,
liderados por Pol Pot, exterminam 2 milhões de habitantes numa população global de sete milhões.
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BIAFRA A Nigéria quando se tornou independente
da Grã-Bretanha em 1960, era uma amalgama de etnias (250), com enormes dificuldades de conviverem entre si. Uma delas (Ibos), em 1967, resolve tornar-se independente,proclamando a República do Biafa. O governo da Nigéria reagiu de imediato. Ao longo de 32 meses de embargos, bloqueios, bombardeamentos, etc, o Biafra torna-se o palco de uma verdadeira carnificina dos Ibos. O terror está longe de ter terminado.
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CURDOS O povo curdo é constituído por cerca de 36
milhões de indivíduos, espalhados por quatro países diferentes, a Turquia, o Irão, o Iraque e a Síria. Na Turquia são cerca de 15 milhões. O Curdistão é uma região montanhosa, onde nascem o Tigre e o Eufrates.
Durante a 2ª Guerra mundial, os curdos que estavam sob o domínio do Irã, empreenderam uma luta armada pela independência.
A repressão não se fez esperar onde quer que se encontrassem. O número de curdos exterminados ou deslocados das suas aldeias não pára de aumentar.
Brutalmente perseguidos, centenas de milhares de curdos têm-se refugiado na Europa ocidental, em especial na Alemanha e agora também na Italia.
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Índios na América do norte A matança de índios na América do
Norte começou com a ocupação destes territórios pelos europeus. Tribos inteiras foram exterminadas e outras reduzidas a números insignificantes, como o ramo dos Hakasham, da tribo dos Algonquinos. Das grandes nações índias restam apenas algumas dezenas de milhares de sobreviventes dos Cherokees e Navajos concentrados em reservas.
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Aborígenes na Austrália No século XVIII haviam cerca de
300.000 aborígenes e falavam cerca de 50 línguas diferentes. No princípio dos anos 30 do século XX estavam já reduzido a cerca de 67 mil. Atualmente não ultrapassam os 60 mil e na sua maioria habitam em reservas. Apenas nos anos 70 os aborígenes foram reconhecidos como uma comunidade étnica em extinção pela comunidade internacional.
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Olivença - Espanha O método de etnocídio que a Espanha aqui aplicou ao longo de
todo o século XIX, inspirarão durante o século XX outros Estados, como o alemão durante a II Mundial. O domínio territorial é assente na anulação da identidade cultural de minorias ou povos dominados, o que em última instância pode implicar a prática sistemática de genocídios, deportações, violações de mulheres, etc.
Olivença constituiu a primeira situação na história contemporânea da Europa, em que uma população inteira foi sujeita um processo sistemático de anulação da sua identidade cultural e despojada das suas memórias colectivas, até se tornar sob regimes tirânicos na imagem e semelhança do próprio invasor.
O respeito pelas vítimas deste etnocídio e o seu estudo, permitirão certamente compreender a gênese dos métodos que ao longo de todo o século XX foram aplicados na Europa e noutras partes do mundo para exterminar povos e culturas.
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TIBETE O Tibete foi invadido pela China em 1949. O Tibete foi invadido pela China em 1949.
Dez anos depois, o líder espiritual dos Dez anos depois, o líder espiritual dos budistas, Dalai Lama foge para a budistas, Dalai Lama foge para a Dharamsaia, na Índia, com 15 mil Dharamsaia, na Índia, com 15 mil refugiados. Os chineses haviam refugiados. Os chineses haviam entretanto, destruído cerca de 6000 entretanto, destruído cerca de 6000 mosteiros e feito um número mosteiros e feito um número indeterminado de mortos. A cidade de indeterminado de mortos. A cidade de Dharamsaia tornou-se desde Maio de Dharamsaia tornou-se desde Maio de 196º, a capital do Tibete no exílio. Dalai 196º, a capital do Tibete no exílio. Dalai Lama a 10 de dezembro de 1989 recebeu Lama a 10 de dezembro de 1989 recebeu o Nobel da Paz, em nome da resistência o Nobel da Paz, em nome da resistência de um povo contra seu aniquilamento.de um povo contra seu aniquilamento.
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Bosquimanos do kalahari - botswana Atualmente apenas 7000 bosquimanos
permanecem no Kalahari, a maioria das etnias Gwi e Gana. Esta é sua região ancestral, onde vivem há pelo menos 2 mil anos. Embora a região seja de difícil acesso e tenha poucos recursos naturais, mesmo assim não deixa de ser cobiçada. Desde os anos 60 os bosquimanos são vítimas dos Setswana, a etnia majoritária no Botswana que pretendem expulsar.
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Incas, Astecas, Maias Quando os espanhóis chegaram à
América, viviam neste continente cerca de 70 milhões de indivíduos. Os conquistadores espanhóis não tardaram em iniciar a matança. Hermán Cortez - os AstecasAstecas. Pedro de Azevedo - os Maias. Pizarro – Incas Em ilhas como Cuba, a população local
foi completamente exterminada. Em meados do século XVII calcula-se que
só existissem menos de 7 milhões.
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Bascos
Em Euskadi (País Basco), luta-se há seculos contra a asfixia cultural. O que está em jogo, afirmam os nacionalistas bascos,é a sobrevivência de um povo ameaçado pelo Estado Espanhol. A repressão da população atingiu aqui tais proporções que nos anos 60 acabou por conduzir à formação de um movimento armado que desde então luta pela independência desta região.
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E mais.... Saharauis Kosovo Palestinos Judeus Innu (Canadá)
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Qual a problemática do autor? Etnocídio, é um termo que se
apresenta posterior ao fenômeno ou é um termo que substitui o termo Genocídio, tradicionalmente utilizado?
Qual a distinção entre Etnocídio e Genocídio, segundo o autor?
Um termo é suficiente para dar conta da magnitude do fenômeno?
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Problemática central do texto Por que, apesar de todas as sociedades
em geral, possuírem de forma intrínseca o etnocentrismo como um valor, apenas a ocidental é etnocida?
Onde se encontra a raiz desse problema? Como se explica o porquê
delas(sociedades ocidentais) agirem assim?
O que faz com que a civilização ocidental seja etnocida?
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Tese o autor Toda cultura é etnocêntrica, (vocação de vocação de
avaliar as diferenças pelo padrão da avaliar as diferenças pelo padrão da própria cultura),própria cultura), mas nem toda cultura é etnocida. Essa prerrogativa é da(s) sociedade(s) ocidentais. Por que? Porque a construção do ‘Estado’ tal qual
estrutura centralizadora do poder responde a uma configuração específica no Ocidente e a partir da Modernidade.
Porque em conjunto com esse modelo de ‘Estado’ desenvolveu-se a sociedade capitalista, um modo de produção específico do ocidente.
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio Genocídio: sempre existiu – está ligado à
idéia de racismo. O racismo consiste em caracterizar um O racismo consiste em caracterizar um
conjunto humano pelos atributos conjunto humano pelos atributos naturais, eles próprios associados às naturais, eles próprios associados às características intelectuais e morais que características intelectuais e morais que valem para indivíduo dependente desse valem para indivíduo dependente desse conjunto e, a partir disso, pôr conjunto e, a partir disso, pôr eventualmente em execução práticas de eventualmente em execução práticas de extermínio, inferiorização e exclusão.extermínio, inferiorização e exclusão.
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Criado em 1946, no processo de Nuremberg, o conceito jurídico de genocídio é consideração no plano legal de um tipo de criminalidade até então desconhecido. Mais precisamente, ele se refere à primeira manifestação, devidamente registrada pela lei, dessa criminalidade: extermínio sistemático dos judeus europeus pelos nazistas alemães (p. 82);
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio O etnocídio é a destruição sistemática
dos modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que empreendem essa destruição.
O genocídio assassina os povos em seu corpo, o etnocídioetnocídio os mata em espírito.
O espírito, se, se pode dizer, genocida quer pura e simplesmente negá-los. Exterminam-se os outros porque eles são absolutamente maus;
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio
O etnocidaetnocida, em contrapartida, admite a relatividade do mal na diferença: os outros são maus, mas pode-se melhorá-los obrigando-os a se transformar até que tornem, se possível, idênticos ao modelo que lhes é proposto, que lhes é imposto.
A negação etnocidaetnocida do Outro conduz a uma identificação a si. Poder-se-ia opor o genocídio e etnocídioetnocídio como duas formas perversas do pessimismo e do otimismo.
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio
Na América do Sul, os matadores de índios levam ao ponto máximo a posição do outro como diferença: o índio selvagem não é um ser humano, mas um simples animal. O homicídio de um índio não é um ato criminoso, o racismo desse ato é inclusive totalmente evacuado, já que afinal ele implica, para se exercer, o reconhecimento de mínimo de humanidade o Outro.
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio Ele tem em comum com o
genocídio uma visão idêntica ao Outro: o Outro é a diferença, certamente, mas é, sobretudo, a má diferença. Essas duas atitudes distinguem-se quanto à natureza do tratamento reservado à diferença:
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio Em ambos os casos, trata-se
sempre da morte, mas de uma morte diferente: supressão física e imediata não é a opressão cultural com efeitos longamente adiados, segundo a capacidade de resistência da minoria oprimida.
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Diferença entre etnocídio e Diferença entre etnocídio e genocidiogenocidio Aqui não é o caso de escolher entre
dois males o menor: a resposta é muito evidente, mais vale menos barbárie que mais barbárie. Dito isso, é sobre a verdadeira significação do etnocídioetnocídio que convém refletir .
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Sintetizando... Etnocídio: Começa a partir de
etnólogos que estudam os índios americanos: tem um contexto de análise específico
B. Etnocídio é a destruição sistemática os modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que empreendem essa destruição.
Mata os povos em seu “espírito”, sua cultura, sua “alma”.
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O horizonte no qual se destacam os espírito e a prática etnocidaetnocidas é determinado segundo dois axiomas: Hierarquia das culturas – há as que são inferiores e as
que são superiores Superioridade absoluta da cultura ocidental - esta
só pode manter com as outras, e em particular com as culturas primitivas, uma relação de negação. Mas trata-se de uma negação positiva, no sentido de que ela quer suprimir o inferior tanto enquanto inferior para içá-lo ao nível do superior. Suprime-se a indianidade do índio para fazer dele um cidadão brasileiro. Na perspectiva d seus agentes , o etnocídioetnocídio não poderia ser, conseqüentemente, um empreendimento de destruição: ao contrário, é uma tarefa necessária, exigida pelo humanismo inscrito no núcleo da cultura ocidental. (p. 85
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Problemática central do texto Por que, apesar de todas as sociedades
em geral, possuírem de forma intrínseca o etnocentrismo como um valor, apenas a ocidental é etnocida?
Onde se encontra a raiz desse problema?
Como se explica porquê elas agem assim?
O que faz que a civilização ocidental seja etnocida?
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A História das culturas explica muita coisa. 1. primeira variável: é preciso olhar
através da História das culturas ocidentais.
Não é só uma questão de denúncia dos fatos, mas também de compreensão das raízes dos problemas, pois a cultura ocidental não é uma abstração, uma construção atemporal, mas também não é homogênea, ou seja, nem todas podem ser reduzidas a uma só.
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Possíveis respostas A. não seria porque a
civilização ocidental é etnocida em primeiro lugar no interior dela mesma que ela pode sê-lo a seguir no exterior, contra outras culturas também?
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EX. O CASO FRANCES A francização estava completa, o etnocídio
consumado: línguas tradicionais enxotadas enquanto dialetos de indivíduos atrasados, vida aldeã rebaixada à condição de espetáculo folclórico destinado ao consumo de turistas, etc.
...o etnocídio, como supressão mais ou menos autoritária das diferenças sócio-culturais, está inscrito de antemão na natureza e no funcionamento da máquina estatal, a qual procede por uniformização da relação que mantém com os indivíduos: o Estado conhece apenas cidadãos iguais perante a Lei.
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Argumentos do autor que sustentam a sua tese 1. Se o etnocídio implica na supressão da
diferença para redução do outro ao mesmo ( o que domina), ou seja na dissolução do MÚLTIPLO NO UMMÚLTIPLO NO UM, não seria análogo ao princípio do Estado?
A variável ‘Estado’ pode explicar porque o as sociedades primitivas podem ser etnocêntricas sem serem etnocidas, já que elas são sociedades sem Estado, ENTRETANTO, só essa variável é suficiente?
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O que significa agora o O que significa agora o Estado? a força atuante Estado? a força atuante do do UMUM É aceito que o etnocídio é a supressão das
diferenças culturais julgadas inferiores e más; é a aplicação de um princípio de identificação, de um projeto de redução do outro ao mesmo (o índio amazônico suprimido como outro e reduzido ao mesmo como cidadão brasileiro).
Em outras palavras, o etnocídio resulta na dissolução do múltiplo no UM. O que significa agora o Estado?
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O que significa agora o O que significa agora o Estado? a força atuante Estado? a força atuante do do UMUM
Ele é por essência, o emprego de um força centrípeta que tende, quando as circunstâncias o exigem, a esmagar as forças centrífugas inversas. O Estado se quer e se proclama o centro da sociedade, o todo do corpo social, o mestre absoluto dos diversos órgãos desse corpo. Descobre-se assim, no núcleo mesmo da substância do Estado, a força atuante do Um, a vocação da recusa do múltiplo, o temor e o horror da diferença.
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A reflexão sobre o etnocídio passa por uma análise do Estado. mas deve ela deter-se aí, limitar-se à constatação de que o etnocídio é o Estado e que desse ponto de vista, todos os Estados se equivalem?
Seria recair no pecado de abstração que precisamente reprovamos à “escola do etnocídio”, seria uma vez mais desconhecer a história concreta de nosso próprio mundo cultural.
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Onde estão as diferenças dos Estados bárbaros para os civilizados? Primeiro ponto: capacidade etnocida
dos aparelhos estatais. Níveis e diversidade de recursos à disposição. Nos Estados bárbaros. Se o Estado não
corre mais riscos, cessa a a prática. Nos Estados Etnocidas, ao contrário, a
capacidade etnocida se mostra sem limites, ela é desenfreada. Esse fato pode conduzir ao genocídio.
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Mas, de onde provém isso? O que a civilização ocidental contém que a torna infinitamente mais etnocida que qualquer outra forma de sociedade? É seu regime de produção econômica., espaço justamente ilimitado, espaço sem lugares por ser recuo constante do limite, espaço infinito da fuga permanente para adiante.
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Segundo ponto: seu modo de produçãoO que diferencia o Ocidente é o capitalismo, enquanto impossibilidade de permanecer no aquém de uma fronteira, enquanto passagem para além de toda fronteira; é o capitalismo como sistema de produção para o qual nada é impossível, exceto não ser para si mesmo seu próprio fim: seja ele aliás, liberal, privado, como na Europa ocidental, ou planificado, de Estado, como na Europa orienta.
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A sociedade industrial: A sociedade industrial: máquina de destruiçãomáquina de destruição
A sociedade industrial, a mais formidável máquina de produzir, é por isso mesmo a mais terrível máquina de destruir. Raças, sociedades, indivíduos; espaço, natureza, mares, florestas, subsolos: tudo é útil, tudo deve ser utilizado, tudo deve ser produtivo; de uma produtividade levada a seu regime máximo de intensidade.
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Conclusão: Conclusão: O Estado é uma instituição a quem O Estado é uma instituição a quem
cabe o controle da sociedade. Para cabe o controle da sociedade. Para maior eficiência nesse controle é maior eficiência nesse controle é preciso maior uniformidade nas preciso maior uniformidade nas formas de pensar, agir, sentir, formas de pensar, agir, sentir, porque isso dá maior previsibilidade porque isso dá maior previsibilidade dos comportamentos e, logo, maior dos comportamentos e, logo, maior garantia de que o controle será garantia de que o controle será eficiente.eficiente.
![Page 67: Antropologia- Etnocídio /Genocídio – (Pierre Clasters )](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022062501/56815c39550346895dca2f1c/html5/thumbnails/67.jpg)
Conclusão: Conclusão: Por isso o Estado transforma Por isso o Estado transforma
o “o “múltiplo no ummúltiplo no um”. Tenta ”. Tenta minimizar a diversidade de minimizar a diversidade de formas de pensar e agir formas de pensar e agir tentando homogeneizar o que tentando homogeneizar o que é diverso por excelência. É é diverso por excelência. É inerente ao Estado esta inerente ao Estado esta tentativa de homogeneização. tentativa de homogeneização.
![Page 68: Antropologia- Etnocídio /Genocídio – (Pierre Clasters )](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022062501/56815c39550346895dca2f1c/html5/thumbnails/68.jpg)
Conclusão: Conclusão: As leis são mecanismos de As leis são mecanismos de
homogeneização; as normas e as regras homogeneização; as normas e as regras sociais (legais ou não) “enquadram” a sociais (legais ou não) “enquadram” a diversidade em padrões. O Estado adota diversidade em padrões. O Estado adota uma vertente cultural que considera uma vertente cultural que considera “normal” e produz o “etnocídio” dos “normal” e produz o “etnocídio” dos grupos que pensam e agem diferentes grupos que pensam e agem diferentes desse padrão cultural adotado pelo Estado, desse padrão cultural adotado pelo Estado, coagindo (das mais variadas formas – coagindo (das mais variadas formas – simbólicas, legais, etc) – para que aprovem simbólicas, legais, etc) – para que aprovem e assimilem o padrão positivamente e assimilem o padrão positivamente sancionado.sancionado.
![Page 69: Antropologia- Etnocídio /Genocídio – (Pierre Clasters )](https://reader036.fdocument.pub/reader036/viewer/2022062501/56815c39550346895dca2f1c/html5/thumbnails/69.jpg)
Conclusão: Conclusão: Quem é partidário da “teoria positiva do Quem é partidário da “teoria positiva do
Estado” vai achar isso muito bom Estado” vai achar isso muito bom (liberais); quem é partidário da “teoria (liberais); quem é partidário da “teoria negativa do Estado” – Marx e Engels e negativa do Estado” – Marx e Engels e seus seguidores, por exemplo, vão achar seus seguidores, por exemplo, vão achar um problema, mas nenhuma das teorias um problema, mas nenhuma das teorias acho que pode discordar que são práticas acho que pode discordar que são práticas inerentes à natureza do Estado. Para isso inerentes à natureza do Estado. Para isso ele foi constituído: para centralizar o ele foi constituído: para centralizar o poder, criar um ordenamento jurídico, ser poder, criar um ordenamento jurídico, ser dotado de força capaz de obrigar a todos dotado de força capaz de obrigar a todos a seguir as normas positivadas...a seguir as normas positivadas...