ANTIPSICÓTICO & NEUROLÉPTICOS - … · Antipsicóticos ou Neurolépticos Fármacos utilizados no...
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ANTIPSICÓTICO & NEUROLÉPTICOS
Prof Dr Divane de Vargas
ENP/EEUSP
Psicofarmacologia dos transtornos
psicóticos
Conforme a American Psychiatric Association,
na 4ª edição do Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV)
apud. Teng e Demetrio, 2006, psicose é a
perda dos limites do ego ou um amplo prejuízo no teste de realidade.
Psicose
(...) indica a presença de
alucinações, delírios ou de um número
limitado de várias anormalidades de
comportamento, tais como excitação e
hiperatividade grosseiras, retardo
psicomotor marcante e comportamento
catatônico” (WHO, 1993 apud. TENG,
DEMETRIO, 2006.)
Psicose
Delírio: falsas crenças baseadas em inferências distorcidas da realidade, as quais não são compartilháveis pelo seu ambiente sociocultural. Ex: ideias de perseguição, controle ou referência.
Alucinação: percepções sensoriais na ausência de um estímulo externo. As auditivas constituem a modalidade mais frequente.
Psicofarmacologia dos transtornos
psicóticos
O tratamento envolve terapia
medicamentosa (medicamentos
AntiPsicóticos – (APs)/
neurolépticos/tranquilizantes maiores e
abordagens psicossociais.
Transtornos psicóticos
CID-10
F20 – Esquizofrenia
F21 – Transt. esquizotípico
F22 – Transt. delirante persistente
F23 – Transt. psicótico agudos e transitórios
F24 – Transt. delirante induzido
F25 – Transt. Esquizo-afetivo
F28 – Outros transt. psicóticos não-orgânicos
F29 – Psicose não-orgânica, não-especificada
Mecanismo de ação dos APs
Moura e Reyes, 2002.
Antipsicóticos ou
Neurolépticos
Fármacos utilizados no tratamento de psicoses ou
outros distúrbios psiquiátricos caracterizados por
agitação e perda da razão.
Sua indicação específica é para o tratamento das
psicoses, tendo ação paliativa e não curativa
(Korolkovas, 1995 apud. Teng e Demetrio, 2006).
Pode agir na diminuição e cessação dos impulsos
agressivos, da agitação psicomotora, desaparecimento
gradual das alucinações e delírio.
Breve Histórico
1930 - efeitos anti-histamínico e sedativo da prometazina
1940 - prometazina - tratar agitação de pacientes psiquiátricos
1949 - 1950 - Charpentier – clorpromazina; Laborit & cols - clorpromazina - potencializa efeito anestésico, diminui alerta e motilidade, produz sedação - “hibernação artificial”
1951 - Paraore & Sigwald - clopromazina para tratamento de doenças psiquiátricas
1952 - Delay Deniker - efeito antipsicótico da clorpromazina
Indicações
Na esquizofrenia (episódios agudos, tratamento de manutenção, prevenção de recaídas),
Nos transtornos delirantes,
Episódios agudos de mania com sintomas psicóticos ou agitação,
no transtorno bipolar do humor, na depressão psicótica em associação com antidepressivos,
Indicações
Episódios psicóticos breves, em psicoses
induzidas por drogas,
Psicoses cerebrais orgânicas,
Controle da agitação e da agressividade em
pacientes com retardo mental ou demência,
Transtorno de Tourette.
CLASSIFICAÇÃO
De 1ª geração/típicos/ convencionais:
antagonistas do receptor de dopamina (D2) – podem levar ao agravamento de efeitos extrapiramidais
De 2ª geração/atípicos/nova geração: efeitos extrapiramidais mínimos, pouca sedação ou rápida dissociação de receptores D2, bloq. Receptores serotoninérgicos (em sua maioria)
CLASSIFICAÇÃO/GRUPOS
TíPICOS
CLASSIFICAÇÃO/GRUPOS
ATÍPICOS
Vias de administração
Podem ser administrados por via
oral ou injetados, via
intramuscular (ação curta ou
prolongada).
A ação endovenosa deve ser
evitada pelo potencial de riscos
adversos.
APs de depósito (ação lenta e prolongada)
É de ampla aplicabilidade e utilidade
clínica, principalmente para aqueles
pacientes estabilizados em
seguimento ambulatorial (ou em
CAPS) e de difícil aderência.
Antipsicóticos
injetáveis
Duração de ação Tempo até o
equilíbrio
Decanoato de
haloperidol
4 semanas 10-12 semanas
Palmitato de
pipotiazina
4 semanas 8-12 semanas
Decanoato de
zuclopentixol
2-4 semanas 10-12 semanas
Enantato de
flufenazina
25 mg a cada 15 dias
Teng; Demetrio, 2006.
APs de depósito
(ação lenta e prolongada)
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Discinesia tardia
Reação distônica aguda
Parkinsonismo medicamentoso
Distonia aguda = sintomas - espasmos musculares - face, pescoço, língua, costas, crises oculogíricas
› risco máximo - 1 - 5 dias
tratamento - fármacos anti-parkinsonianos
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Acatisia = sintomas - sensação subjetiva
de aflição e desconforto, necessidade
de ficar em movimento
› risco máximo - 5 - 60 dias
› tratamento redução da dose
› anti-parkinsonianos, benzodiazepínicos e
propranolol
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Parkinsonismo = sintomas - acinesia,
rigidez muscular, máscara facial, marcha
arrastada
› risco máximo - 5 - 30 dias
› Tratamento ajuste da dose fármacos anti-
parinsonianos
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Síndrome neuroléptica maligna
(10% mortalidade)
Sintomas - catatonia, estupor, febre, pressão arterial instável, aumento da creatininaquinase (tríade principal: rigidez muscular, hipertermia e instabilidade autonômica)
Tratamento suspender o fármaco
tratamento de suporte
dantrolene e bromocriptina
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Amenorréia-galactorréia, infertilidade,
diminuição da libído e ginecomastia,
impotência, dificuldade de ejaculação
Aumento do apetite e obesidade
Boca seca, perda da acomodação visual
e constipação,hipotensão ortostática,
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Discrasias sanguíneas
› Clorpromazina leucopenia (1:10.000 pacientes)
› clozapina agranulocitose (1 - 2% dos pacientes)
Pele
› clorpromazina - urticária e dermatite (5% dos pacientes)
› fotossensibilidade
› Icterícia
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Tremor perioral = variante tardia do
parkinsonismo
› Tratamento fármacos anti-parkinsonianos
Efeitos colaterais e Reações
adversas
Discinesia tardia
› prevalência - 15 - 35%
› incidência anual - 3 - 5%
› sintomas = movimentos coreiformes
rápidos, involuntários e repetitivos da face,
olhos, boca, língua, tronco e extremidades
atetose lenta (movimentos coreoatetóricos da
boca, língua, extremidades e tronco)
posturas distônicas sustentadas
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Controle ponderal semanal, assim como da ingestão alimentar, prevenindo o excessivo ganho ou perda do peso corporal;
Orientar o paciente a não ficar exposto ao sol devido às reações cutâneas como o “rash” cutâneo e as dermatites;
Atentar o aparecimento de icterícia, palidez, febre, náusea, vômito, sialorréia, entre outros sinais, que podem surgir como indício de complicações como por exemplo o comprometimento hepático e as desordens hematológicas
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Observar e anotar as queixas de mal-estar, sinais de
hipertermia, lesões de mucosa bucal e trato respiratório
superior que podem ser sinais de agranulocitose,
principalmente quando o paciente está sendo tratado
com a Clozapina.
Observar os sintomas e sinais da síndrome parkinsoniana (impregnação) que podem surgir a qualquer momento, dependendo do grau de susceptibilidade de cada paciente.
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Orientar o paciente e seus familiares sobre esses sintomas à medida que forem surgindo, explicando-lhes que esses efeitos são passageiros, decorrentes do medicamento e que desaparecerão gradativamente após o término do tratamento.
Supervisionar a freqüência das eliminações urinária e intestinal, prevenindo a retenção urinária e a obstipação intestinal e ainda, registrar o ciclo menstrual das pacientes do sexo feminino lembrando que se a paciente tiver vida sexual ativa, a amenorréia poderá ser também sinal de uma gravidez além do efeito colateral do neuroléptico.
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
A ingestão da medicação deve ser rigorosamente controlada porque o paciente pode acumular as medicações com a eventual finalidade de tentativa de suicídio ou de simplesmente deixar de ingerir as mesmas por não aceitar o tratamento ou para evitar a sensações desagradáveis provocadas pelos efeitos do medicamento;
Tentar manter o paciente desperto, ocupando-o, durante o dia, o maior tempo possível, em atividades recomendadas para ele e que sejam de seu interesse, uma vez que o medicamento o induz a permanecer sonolento e sem iniciativa para qualquer atividade, mesmo as rotineiras.
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Quanto à hipotensão ortostática, cautelas
especiais devem ser tomadas,
principalmente quando se trata de pacientes
idosos que necessitam de orientações e
quanto à necessidade de permanecerem
sentados até que a pressão arterial se
estabilize, antes de caminharem.
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Deve-se orientar o paciente quanto à aderência medicamentosa, explicando as indicações e reforçando a importância, bem como evitar o uso de álcool ou de outros depressores do nível central (pois os APs realçam as ãções de outros depressores do SNC);
Atentar para a administração dos neurolépticos durante ou logo após as refeições para diminuir a irritação gástrica. As soluções orais devem ser diluídas em água, sucos, leites – exceto o haloperidol, que deve ser diluído somente em leite ou água, pois precipita-se quando diluído em café, chá ou sucos de frutas ou xarope de citrato de lítio;
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Manter o usuário por 30 minutos em repouso
após a administração de compostos
fenotiazínicos (flufenazina, trifluoperazina,
perfenazina, clorpromazina, promazina,
levomepromazina, tioridazina) por via
intramuscular (efeito adverso: hipotensão)
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Antiácidos contendo alumínio ou magnésio devem ser ministrados 2 horas antes ou após o uso dos fenotiazídicos, pois podem inibir a ação desses últimos;
Deve-se evitar o contato das formas líquidas fenotiazínicas com a pele, pois pode ocorrer dermatite;
O uso de clorpromazina por via endovenosa só deve ser usada para o quadro de soluções incoercíveis, pois a substância é muito irritante por esta via; o haloperidol por via endovenosa deve ser ministrado numa proporção de 5mg por minuto; por via intramuscular ele deve ser ministrado de forma profunda na região glútea;
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Quanto às interações medicamentosas quando do uso de clozapina e lítio aumentam-se os riscos de convulsões, estado de confusão mental, síndrome neuroléptica maligna e discinesias; o tabagismo tende a diminuir a concentração sérica da clozapina, que por sua vez pode aumentar a concentração da digoxina, fenitoína, heparina e warfarina;
Quando há administração de neurolépticos por via intravenosa, há riscos de se provocar depressão bulbar e hipotensão brusca – deve-se ter material de emergência e administrar o fármaco de forma lenta e um por vez (jamais fazer mistura de fármacos)
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Oferecer ao paciente o medicamento durante as refeições ou com leite para reduzir a irritação gástrica decorrente do efeito da droga;
Observar a incidência da ginecomastia e da galactorréia, tanto nos pacientes do sexo masculino quanto do feminino, pois estas queixas são freqüentes e causam alto grau de ansiedade em ambos os sexos (efeminação e gravidez);
Observação dos sinais e sintomas precoces da discinesia tardia,
Intervenções de enfermagem e aspectos para o
planejamento da assistência
Detecção precoce dos sinais e sintomas da síndrome neuroléptica maligna
Ressaltar a proibição da ingestão de bebidas alcoólicas, reforçando a possibilidade da anulação ou da potencialização da droga
Alertar, também, sobre o perigo do paciente dirigir veículos bem como o de manipular aparelhos, objetos e máquinas que requeiram concentração de atenção e visão acurada
REFERÊNCIAS
Teng CT, Demetrio FN. Psicofarmacologia aplicada:
manejo prático dos transtornos mentais. São Paulo:
Editora Atheneu; 2006.
Moura MRL, Reyes FGR. Interação fármaco-nutriente:
uma revisão. Rev. Nutr. 2002; 15(2).
Marcolan JF, Urasaki MBM. Orientações básicas para
os enfermeiros na ministração de psicofármacos.
Rev. Esc. Enf. USP. 1998; 32(3): 208-17.
Louzã Neto MR, Elkis H. Psiquiatria Básica. Porto
Alegre: Artmed, 2007.